You are on page 1of 2

Biografia

Cícero Dias nasceu no Engenho Jundiá, município de Escada, a 50 quilômetros de


Recife (PE), em 5 de março de 1907 e, bem cedo, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Matriculando-se na Escola Nacional de Belas Artes, apresentou-se desde o início


com um temperamento irrequieto e inconstante. Começou estudando escultura e,
em pouco tempo, desistia dessa opção, trocando-a pela pintura, em cujo estudo
também não permaneceu por muito tempo.

Seu grande interesse era experimentar novas tendências, idéia que o colocou
em choque com a orientação severa da Academia. Pedindo, pois, seu desligamento,
a partir de 1928 passou a estudar por conta própria e, nesse mesmo ano, realizou
sua primeira individual, nas circunstâncias que já apontamos acima.

Em 1929, voltou à sua terra, fazendo uma exposição em Recife, onde causou o
mesmo escândalo registrado no Rio de Janeiro. Formou, então, o conceito de que o
problema estava nos grandes centros, que cultivavam preconceitos e, assim,
tinham dificuldade em aceitar ou, pelo menos, testar novas propostas.

Para comprovar essa sua tese, realizou mais três exposições, desta vez no
interior de Pernambuco, onde sua pintura foi aceita com mais facilidade.

«O povo não estranha,» concluiu ele, «quem estranha é o mal instruído, o


burguês, mas o povo não.»

Desvinculado do ensino acadêmico, sua arte ganhou maior liberdade de expressão,


aparentemente sem o fino trato que os pintores ortodoxos, em geral, dispensam
aos seus quadros.

As pinturas de Cícero, no dizer de um crítico, eram formadas por «imagens soltas e


mal construídas (...) através de uma linguagem como a dos primitivos, ou a das
crianças».

Com o início da 2ª República (1930-1945), o arquiteto Lúcio Costa (1902-1999)


assume a direção da Escola Nacional de Belas Artes e inicia um processo de
renovação, não aceito por outros professores, que lhe criaram uma série de
embaraços, resultando em sua demissão pouco tempo depois.

Mas, ao menos naquele ano de 1931, Lúcio Costa era diretor e abriu as inscrições
para o Salão anual, liberando-o a todas as tendências de arte, e não apenas a
acadêmica.

Cícero Dias aproveitou a oportunidade e não deixou por menos. Preparou uma tela
com mais de vinte metros de comprimento e, tal como fazem os grafiteiros de hoje,
pintou nela tudo que lhe ia pela imaginação, de cenas comuns, infantis, até cenas
eróticas.

Não é preciso dizer que o escândalo se repetiu, desta vez, com danos materiais,
pois o grande painel foi destruído em vários pontos, obrigando-o a fazer o restauro.
Expurgadas as cenas mais fortes, o painel ainda ficou com 17 metros de
comprimento.

Morre Cícero Dias


Folha Online 28/01/2003 - 15h52

O artista plástico pernambucano Cícero Dias morreu hoje de manhã, aos 95


anos, em sua casa em Paris, de falência múltipla dos órgãos.

Ele estava acompanhado da mulher, a francesa Raymonde, e da filha, Sylvia. O


pintor teve anemia há cerca de um mês e recebia cuidados médicos em casa. O
enterro será na segunda-feira, no cemitério de Montparnasse, na capital francesa.

O artista é considerado um dos maiores nomes do modernismo brasileiro. Ele


nasceu em 5 de março de 1907 na pequena cidade de Escada, no interior de
Pernambuco.

Em 1920, aos 13 anos, Cícero se mudou para o Rio de Janeiro. Foi interno no
mosteiro de São Bento. Entre 1925 e 1927, teve seu primeiro contato com os
modernistas.

Em 1928, realizou sua primeira exposição, em que expôs o célebre painel "Eu vi
o Mundo", de 15 metros de largura. Em 1931, abriu uma exposição no Salão de
Belas Artes.

No ano de 1937, foi para Paris. Um anos depois, Dias realizou suas primeiras
exposições na cidade. Nessa época, em busca de novos rumos para seu trabalho,
entrou em contato com as obras dos artistas da Escola de Paris.

O encontro causou um impacto muito grande, o que pode ser percebido nos
seus quadros do início dos anos 40, entre eles "Mulher na Praia" e "Mulher Sentada
com Espelho". Há claramente uma inspiração nas obras de Pablo Picasso.

Em 1945, ingressou no grupo Espace. No ano seguinte, mostrou seus trabalhos


na mostra na Exposition Internationale d'Art Moderne, no Museu de Arte Moderna
de Paris.

No início dos anos 60, o artista pintou diversas telas com retratos de mulheres.

Em 2000 inaugurou uma praça projetada por ele mesmo em Recife.

Em fevereiro do ano passado, Dias esteve na capital pernambucana para o


lançamento de um livro sobre sua trajetória artística e fez uma exposição na galeria
Portal, em São Paulo.

You might also like