You are on page 1of 6

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS - DCEN

SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO: ESPECIALIZAÇÃO E


GENERALIZAÇÃO
ARTIGO: Beija-flores e seus recursos florais em uma área de campo rupestre
da Chapada Diamantina, Bahia

Itapetinga
2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS - DCEN

DISCIPLINA: Ecologia I (DCEN 0210)


CURSO: Biologia 20 Semestre CARGA HORÁRIA: 60h CRÉDITOS: 2.1.0
PROFESSORA: Patrícia Araujo de Abreu Cara

ALUNOS: ALYNE DIAS DA SILVA; NOUIME ALVES MACHADO; PABLO


AUGUSTO GULHÕES DA SILVA; RAYNA SILVA DE CARVALHO

SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO: ESPECIALIZAÇÃO E GENERALIZAÇÃO


ARTIGO: Beija-flores e seus recursos florais em uma área de campo rupestre da
Chapada Diamantina, Bahia

Resumo apresentado ao Programa de


Graduação em Ciências Biológicas da
Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, como requisito da nota da 2° Unidade
na matéria Ecologia I, ministrada pela
professora Patrícia Cara.

Itapetinga
2022
SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO

Síndromes de polinização são um conjunto de características adaptativas que implicam em


uma relação específica entre plantas e polinizadores, geralmente evidenciando o resultado de
um processo coevolutivo. Para a compreensão deste conceito foi necessário potencializar o
conhecimento acerca de diversas estruturas e atividades vegetais. Para ser estabelecido o
conceito de síndrome de polinização, diversos autores se debruçaram para compreender a
importância e funcionalidades anatômicas, fisiológicas e fenológicas de diversas espécies
vegetais. Logo após, foi observado que existe uma relação muito forte entre as adaptações
vegetais florais e os seus agentes polinizadores, resultando em diversas síndromes de
polinização. Tendo em vista isso, as adaptações em prol da polinização podem ser mais
generalistas ou específicas. Os generalistas buscam um grupo de polinizadores maior, e não
desenvolvem estruturas que possam favorecer a apenas uma espécie. Por outro lado, os
especialistas desenvolveram estruturas que atraem e beneficiam uma espécie em particular,
uma vez que compreende que aquele tipo de visitante é um polinizador efetivo. Existem
casos com grau de especialização tão alto que geraram uma interdependência mutualística
entre planta e polinizador, onde uma espécie vegetal só pode ser polinizada por uma espécie
de polinizador devido à estreita relação coevolutiva entre as espécies. Alguns exemplos de
síndrome de polinização são: melitofilia (Polinização por abelhas), ornitofilia (polinização
por aves), esfingofilia (Polinização por mariposas), psicofilia (Polinização por borboletas) e
quiropterofilia (Polinização por morcegos).

Artigo: Beija-flores e seus recursos florais em uma área de campo rupestre da


Chapada Diamantina, Bahia

INTRODUÇÃO

Muitas espécies de plantas necessitam, durante seu ciclo reprodutivo, da contribuição e


interações de animais vertebrados que atuarão como polinizadores. Essas interações se dão
pelas adaptações evolutivas de ambos, tanto nos aspectos florais quanto nas características
morfológicas do polinizador. A síndrome de polinização é justamente a condição de atributos
florais de cada comunidade de plantas associada a um polinizador, conhecida como relação
chave e fechadura. O artigo “Beija-flores e seus recursos florais em uma área de campo
rupestre da Chapada Diamantina, Bahia.” Faz um estudo acerca das espécies de beija-flores
que ocorrem em uma área de campo rupestre da Chapada Diamantina como a comunidade de
plantas utilizada por estas aves. Além de investigar sobre a utilização de plantas ornitófilas,
polinizadas por aves, e as não ornitófilas, que em determinados períodos são utilizadas como
recursos para os beija-flores devido a influência de fatores, disponibilidade de recursos e
sazonalidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo. A Chapada Diamantina é a parte norte da Cadeia do Espinhaço, localizada na


Bahia, Brasil. Ela possui uma prioridade máxima para sua conservação, pois é extremamente
importante pelo grande número de biodiversidade e de espécies vegetais endêmicas, tanto
campestres quanto florestais. O estudo foi realizado no Parque Municipal de Mucugê, situado
a 950 m acima do mar, o PMM tem área de 450 ha. O clima é caracterizado como
semi-úmido, com estações chuvosas e seca, a temperatura média anual é de 20 °C. O campo
rupestre é o tipo vegetacional predominante no parque e em seu entorno, também
caracterizado por ocorrer em áreas com afloramento rochosos em altitudes acima de 900m e
ser formado em estrato herbáceo com arbustos retorcidos, que variam entre 1 a 1,5 m de
altura.

Coleta de dados. Foram realizadas 18 expedições a área que foi estudada, a partir de março
de 2002 a janeiro de 2004, todas as expedições tiveram duração de 5 dias cada, foram
realizadas sessões de observações naturalísticas, usando o método do indivíduo focal a olho
nu ou utilizando binóculos 8X30, juntos as plantas ornitófilas e não ornitófilas que foram
visitadas por beija-flores. Sempre que possível eram monitoradas, ao mesmo tempo, mais de
uma planta, de uma mesma ou de espécies diferentes. As sessões de observação se iniciavam
na aurora e findaram-se no crepúsculo ou quando as flores das plantas monitoradas
fechavam-se. Foram anotadas as espécies de beija-flores avistadas na área e aquelas que
visitavam as flores das plantas monitoradas, observando se realizavam visitas legítimas (em
que a ave investe pela frente da flor) ou ilegítimas (a ave perfura a base da corola pilhando o
néctar sem haver possibilidade de contato com as anteras e estigmas da flor). Também foram
registradas as interações agonísticas inter e intraespecíficas entre os beija-flores, a
identificação dos beija-flores foi efetuada no campo, com auxílio de guia, a nomenclatura
taxonômica seguiu as recomendações do CBRO. Utilizou-se a correlação de Spearman para
relacionar o comprimento do bico de beija-flores e do tubo da corola das plantas. Dados sobre
o comprimento de bicos de beija-flores foram colhidos a partir de animais capturados em
redes de neblina no PMM e de registros disponíveis em literatura. Para definir a fenologia de
floração foi registrada, apenas nas expedições mensais realizadas durante o ano de 2003, a
ocorrência de flores nas espécies de plantas visitadas por beija-flores.

RESULTADOS
Foram registradas onze espécies de troquilídeos no Parque Municipal de Mucugê, sendo
quatro delas não avistadas e apenas duas vistas durante o ano todo. 117 interações
agonísticas, onde intra específicos ocorrem nas duas espécies vistas o ano todo.
A visita de Beija-flores foi realizada em 36 espécies de plantas de 23 famílias diferentes,
divididas em ornitófilas, entomófilas e síndrome mista. Três espécies florescem apenas em
estações chuvas, três em estações de seca e as outras trinta em ambas estações de padrão
contínuo.

DISCUSSÕES

A ocorrência de Chrolostilbon lucidus e Phaethornis pretrei ao longo do ano no PMM


(Parque Municipal de Mucugê) as categorizam como espécies residentes. Pode se observar
que os troquilídeos tendem a ser territorialistas, enquanto que os fetornitíneos são mais
especializados e apresentam estratégia de forrageamento, que seriam suas “rotas de captura”,
onde saem em busca de mais recursos florais. Notou-se também que houve muitas interações
agonísticas por parte dos troquilídeos. Os indivíduos machos de Chlorostilbon lucidus
marcavam e defendem territórios diferentes dos das fêmeas, o que diminuía as interações
intraespecíficas desta espécie. A maioria dos registros de interações agonísticas envolvia duas
espécies de pequeno porte Amazilia láctea e Chlorostilbon lucidus. Todos os troquilídeos
realizaram visitas legítimas às flores que visitaram, isto é, os troquilídeos investem na frente
da flor tendo contato com suas partes férteis. Em relação aos aspectos florais das plantas, a
maioria apresentava corola de cores escuras, como púrpura, vermelha e roxa, e a segunda cor
predominante foi a amarela, e 4 brancas. E 20 de 35 espécies apresentaram formato tubular,
sendo polinizadas não somente por aves, mas também por insetos. O formato menos
predominante foram as flores tipo campânulas, também conhecidas como flores de sino.

As fabáceas, como Camptosema coriaceum, apresentam adaptações à ornitofilia,


principalmente a beija-flores. Periandra mediterranea tende à entomofilia, polinizada por
abelhas, os beija-flores atuam como pilhadores. Verbenácea Stachytarpheta crassifolia são
polinizadas por borboleta (psicofilia) mas os troquilídeos que deveriam ser pilhadores de
néctar se tornaram polinizadores efetivos por conta das visitas contínuas.
Rubiaceae Manettia cordifolia e Palicourea marcgravii tem grande importância, por ser
contínua e floração abundante, para duas espécies residentes de beija-flores, Chlorostilbon
lucidus e Phaethornis petrei.
Asteraceae registrou maior número de espécies na Cadeia do Espinhaço, enquanto no Parque
apenas duas espécies, as quais são entomófilas. No PMM 38,8% das espécies visitadas são
ornitófilas, 52,7% por sua vez são entomófilas e três espécies são de síndrome mista.
Na Cadeia do Espinhaço ocorre também, em 39,6% das espécies não-ornitófilas, visitas de
beija-flores utilizando recursos, que são importantes para a manutenção. Em ambientes secos
cerca de 20% dessas espécies não-ornitófilas são usadas por essas aves, e durante todo o ano
eles utilizam desse recurso graças à sua aptidão à exploração e memorização. O néctar de
espécies não-ornitófilas é esse recurso, importante para o período de escassez, por sua grande
quantidade de suprimento ou de abundância de flores que existem. Isso descreve o quão
importante são os troquilídeos na polinização dessas espécies.
Ambientes tropicais, principalmente por conta dos fatores climáticos benéficos, têm maior
riqueza de espécies de plantas utilizadas por beija-flores. Na seca e/ou em chuvas fora de
época essas plantas têm densidade de indivíduos menor ou recursos rápidos.
No Parque Municipal de Mucugê 16 espécies foram tida como floração contínua, visitada por
beija-flores, onde a alternância de floração sequencial gera vantagem reprodutiva por garantir
a visita contínua e recursos o ano todo.

You might also like