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AVALIAÇÃO DA MICOFLORA E NÍVEIS DE AFLATOXINAS TOTAIS EM GRÃOS DE


AMENDOIM COMERCIALIZADOS NO DISTRITO DE MOCUBA, MOCAMBIQUE

Thesis · October 2014


DOI: 10.13140/RG.2.2.15689.80487

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Murarene Gabriel
Kyoto University
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UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRONÓMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRONÓMICA

AVALIAÇÃO DA MICOFLORA E NÍVEIS DE AFLATOXINAS TOTAIS EM GRÃOS


DE AMENDOIM COMERCIALIZADOS NO DISTRITO DE MOCUBA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Autor:

Murarene Gabriel

Mocuba, Moçambique

2014
AVALIAÇÃO DA MICOFLORA E NÍVEIS DE AFLATOXINAS TOTAIS EM GRÃOS
DE AMENDOIM COMERCIALIZADOS NO DISTRITO DE MOCUBA

por

Murarene Gabriel

Dissertação submetida à Faculdade de Engenharia


Agronómica e Florestal, Universidade Zambeze,
Mocuba, em parcial cumprimento dos requisitos
para a obtenção do Grau de Mestre em Fitotecnia e
Protecção de Plantas.

Orientadores:

Eng. Dade João Rebocho (M.Sc)

Eng. Daniel Azarias Chongo (PhD.)

Mocuba, Moçambique.

2014
Universidade Zambeze

Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal


Departamento de Engenharia Agronómica

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agronómica

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova a dissertação de Mestrado

AVALIAÇÃO DA MICOFLORA E NÍVEIS DE AFLATOXINAS TOTAIS EM GRÃOS


DE AMENDOIM COMERCIALIZADOS NO DISTRITO DE MOCUBA

elaborada por

Murarene Gabriel

como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Fitotecnia e Protecção de Plantas

COMISSÃO EXAMINADORA:

Mocuba, 2014
DECLARAÇÃO

Eu, Murarene Gabriel declaro que esta dissertação é resultado do meu próprio trabalho e está a
ser submetida para a obtenção do grau de Mestre na Universidade Zambeze, Mocuba. Ela não foi
submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra
Universidade.

_____________________________
(Murarene Gabriel)

Mocuba, _____de ___________________________2014.

i
DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista, em especial,

Aos meus pais, Filipe Gabriel e Rabeca Manuel


pelo incentivo constante, confiança e amor.

Aos meus queridos irmãos Joice, Fredson, Lucimara


e Sheila Gabriel (em especial), que me inspiraram
para que esta conquista fosse uma realidade.

Ao meu querido Avô, Murarene Gabriel

Mamboza (meu chara), que por ter o seu nome

Sempre quis representá-lo da melhor forma

E em função da grandeza que representas a mim.

ii
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Senhor meu Deus primeiramente, por ter me abençoado e protegido, pois acredito
que sem ele em nossas vidas não somos ninguém.

Agradeço aos meus pais, Filipe Gabriel e Rabeca Manuel, que apesar da distância, dos
problemas e dificuldades, conseguiram me dar o devido suporte, carinho e sapiência. E acima de
tudo pela educação rígida que me deram.

Agradeço a minha irmã Joice Sinati Gabriel pelo apoio, pelo incentivo e ajuda nos momentos
mais difíceis de minha jornada.

Agradecimentos estendem-se também aos demais colegas e meus grandes amigos, irmãos da
vida, Vidigal, Dilson, Fortunato e Helton pela força, pela compreensão, pelo entendimento e por
acreditarem e confiarem em mim para sermos parceiros durante toda a jornada de cinco anos.

Aos Engenheiros Dade Rebocho (MSc.) e PhD. Daniel A. Chongo pela ajuda na inicialização do
projecto, pela orientação e supervisão da Dissertação.

A todos os docentes do curso de Engenharia Agronómica, por repassar seus conhecimentos para
a minha formação profissional.

À Universidade Zambeze – Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal pela bolsa de


estudos.

À Direcção Provincial da Agricultura de Manica, Laboratório Regional de Sementes de


Chimoio, representado pelo Eng. Manuel Bacicolo, que me ajudou na realização dos Testes de
Sanidade.

Ao Hospital Central da Beira, repartição Anatomia Patológica pela permissão para


fotografagem de esporos fúngicos.

À Universidade Lúrio, Laboratório de Qualidade e Segurança Alimentar do CEIL, pela


realização dos Teste de Aflatoxinas, onde também agradeço a Eng. Rossana e Eng. Isack Presse.

iii
EPÍGRAFE

Os fungos são elementos microbianos encontrados em todos os lugares, seja na água, ar ou no

solo. Existem milhares de espécies de fungos e, dentre estes milhares, algumas espécies atacam

ou apenas sobrevivem produtos agrícolas. Alguns destes fungos possuem a capacidade de

produzir toxinas, chamadas de micotoxinas (FIB, 2009).

iv
ÍNDICE

DECLARAÇÃO ............................................................................................................................................ i

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................ iii

EPÍGRAFE .................................................................................................................................................. iv

RESUMO ................................................................................................................................................... viii

ABSTRACT................................................................................................................................................. ix

Lista de figuras.............................................................................................................................................. x

Lista de anexos............................................................................................................................................ xii

Lista de abreviaturas ...................................................................................................................................xiii

CAPÍTULO I ................................................................................................................................................ 1

I. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 1

1.1. Problema e Justificativa ......................................................................................................................... 3

1.2. Objectivos .............................................................................................................................................. 4

1.3.1. Objectivo Geral ................................................................................................................................... 4

1.3.2. Objectivos Específicos ........................................................................................................................ 4

CAPÍTULO II ............................................................................................................................................... 5

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................. 5

2.1. Amendoim (Arachis hypogaea L.)......................................................................................................... 5

2.1.1. Produção do Amendoim em Moçambique.......................................................................................... 5

2.1.2. Importância Económica e Social......................................................................................................... 7

2.2. Sementes ou Grão .................................................................................................................................. 8

2.2.1. Atributos de qualidade da semente/grão ............................................................................................. 8

2.2.2. Factores que afectam a qualidade da semente/grão armazenado ...................................................... 10

2.3. Fungos e Micotoxinas .......................................................................................................................... 11

2.3.1. Aflatoxinas ........................................................................................................................................ 13

v
2.3.2. Limites máximos aceitáveis para a presença de Aflatoxinas em Moçambique ................................ 15

2.3.3. Condições favoráveis à contaminação do amendoim por Fungos e Aflatoxinas .............................. 16

2.3.4. Medidas de Profilaxia à contaminação do amendoim por Fungos e Aflatoxinas ............................. 17

2.3.5. Testes para análise de Aflatoxinas .................................................................................................... 18

CAPÍTULO III ............................................................................................................................................ 19

III. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................................. 19

3.1. Materiais .............................................................................................................................................. 19

3.2. Descrição da área de estudo ................................................................................................................. 19

3.3. Metodologia ......................................................................................................................................... 20

3.2.1. Amostragem ...................................................................................................................................... 21

3.2.2. Determinação dos níveis de infecção das sementes/grãos de amendoim por fungos ...................... 22

3.2.3. Determinação dos níveis de aflatoxina nas sementes/grãos de amendoim ....................................... 25

3.2.4. Relação entre o teor de humidade das sementes/grãos de amendoim e a ocorrência de fungos
produtores de aflatoxinas ............................................................................................................................ 26

3.2.5. Determinação da influência dos fungos na germinação das sementes .............................................. 27

3.2.6. Análise estatística.............................................................................................................................. 29

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................................... 30

4.1. RESULTADOS.................................................................................................................................... 30

4.1.1. Determinação dos níveis de infecção de sementes/grãos de amendoim por fungos em ................... 30

4.1.2. Determinação dos níveis aflatoxina nas sementes/grãos de amendoim em função das variedades e
local de proveniência .................................................................................................................................. 37

4.1.3. Determinação da influência do teor de humidade das sementes/grãos na ocorrência das aflatoxinas
.................................................................................................................................................................... 39

4.1.4. Determinação da influência dos fungos na germinação das sementes .............................................. 42

4.2. DISCUSSÃO ....................................................................................................................................... 46

4.2.1. Determinação dos níveis de infecção das sementes/grãos de amendoim por fungos em função das
variedades e local de proveniência.............................................................................................................. 46

vi
4.2.2. Determinação dos níveis de aflatoxina nas sementes/grãos de amendoim em função das variedades
e local de proveniência................................................................................................................................ 49

4.2.3. Determinação da influência do teor de humidade dos grãos/semente na ocorrência das aflatoxinas51

4.2.4. Determinação da influência dos fungos na germinação das sementes .............................................. 52

V. CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 54

VI. RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................................... 55

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 56

ANEXOS .................................................................................................................................................... 61

vii
RESUMO

AVALIAÇÃO DA MICOFLORA E NÍVEIS DE AFLATOXINAS TOTAIS EM GRÃOS


DE AMENDOIM COMERCIALIZADOS NO DISTRITO DE MOCUBA

1Murarene Gabriel
1
Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal, Universidade Zambeze, C.P. 249, Mocuba,
Moçambique, e-mail: murarene92@gmail.com
O presente estudo teve como objectivo principal avaliar a micoflora e os níveis de aflatoxinas
presentes nas sementes/grãos de amendoim armazenados e/ou comercializados em três postos
administrativos do distrito de Mocuba com o fim de se obter conhecimento sobre a real situação
fitossanitária dos grãos de amendoim armazenados. Quarenta e quatro (44) amostras de
diferentes variedades (Bebiano branco, Bebiano vermelho e Nametil) armazenadas por
produtores do sector familiar, resultantes da campanha agrícola 2013/2014, foram analisadas em
componentes de sanidade e contaminação por aflatoxinas. Estudos inerentes a sanidade incluíram
a determinação do teor de humidade, germinação de sementes, inspecção a seco e infecção
fúngica. Da análise da micoflora, pelo método da câmara húmida (Deep-Freeze Blotter method),
foram identificados fungos fitopatogénicos e saprofíticos. Dos fungos fitopatogénicos, Fusarium
moniliforme foi o que mais se evidenciou nos três postos estudados (25.84% - Mocuba; 33.36% -
Namanjavira e 30.06% - Mugeba), enquanto que dos saprofíticos a espécie que mais se destacou
foi Aspergillus flavus (16.07% - Mocuba; 15.83% - Namanjavira e 14.67% - Mugeba). Para
avaliação de níveis de aflatoxinas totais presentes nas amostras colectadas foi utilizado método
Cromatografia Líquida de alta Eficiência (CLAE). Das sub-amostras analisadas, 18 (100%)
apresentaram-se contaminadas por aflatoxina, 17 (94.44%) das quais acima do limite máximo
tolerável e 1 (5.56%) abaixo com 9.2 ppb. Em Mocuba, a variedade que apresentou maior nível
médio de contaminação por aflatoxinas, foi a Bebiano vermelho com 67 ppb, em Namanjavira a
variedade Bebiano branco com 150 ppb enquanto que em Mugeba foi a variedade Nametil que
apresentou um nível médio de contaminação por aflatoxinas de 76 ppb. Amostras de amendoim
com incidência de diversas espécies fúngicas e aflatoxinas constituem indicador de necessidade
de vigilância e monitoria deste alimento para prevenção da contaminação por fungos e
aflatoxinas antes destes chegarem aos consumidores.

Palavras-chaves: Sementes/grãos, amendoim, fungos, micoflora, aflatoxinas


viii
ABSTRACT

This study’s main objective was the assessment of mycoflora and aflatoxins in the seeds / grain
of peanut stored in three administrative posts in the district of Mocuba to obtain knowledge
about the current phytosanitary situation of peanut stored grain. Forty-four (44) samples of
different varieties (Bebiano branco, Bebiano vermelho and Nametil) stored by farmers in the
family sector resulting from the campaign 2013/2014 were analyzed in components of sanity and
aflatoxin contamination. Inherent sanity studies included the determination of moisture content,
seed germination, inspection cleaning and fungal infection. From the analysis of the mycoflora
of the moist chamber method (Deep -Freeze Blotter method, phytopathogenic and saprophytic
fungi were identified. Of phytopathogenic fungi, Fusarium moniliforme was the one most
evident in the three stations studied (25.84 % - Mocuba; 33.36 % - Namanjavira and 30.06 % -
Mugeba) while the saprophytic, the species that is most evident was Aspergillus flavus (16:07 %
- Mocuba; 15.83 % - Namanjavira and 14.67 % - Mugeba). To evaluate levels of total aflatoxins
in samples collected High Performance Liquid Chromatography method was used. Sub- samples,
18 (100%) remained contaminated by aflatoxin, 17 (94.44 %) above the LMT and 1 (5:56 %)
below with 9.2ppb. In Mocuba, the variety with the highest average level of aflatoxin
contamination was Bebiano branco with 67 ppb, in Namanjavira Bebiano branco variety with
150 ppb, while in Mugeba was Nametil variety that showed an average level of aflatoxin
contamination of 76 ppb. Peanut samples with incidence of various fungal species and aflatoxin
are a factor that indicates the need for surveillance and monitoring of this food to prevent
contamination by fungi and aflatoxins before they reach consumers.

Key words: Seeds / grains, peanuts, yeast, mycoflora, aflatoxins.

ix
Lista de figuras

Figura 1: Produção de amendoim em Moçambique, 2000-2008…………………………………6


Figura 2: Produção de amendoim em Mocuba, 2000-2006………………………………………7
Figura 3: Estrutura química das aflatoxinas B1, B2; G1 e G2………………………………….14
Figura 4: Mapa dos Mercados do Distrito de Mocuba………………………………………….20
Figura 5: Anomalias em sementes/grãos de amendoim…………………………………………23
Figura 6: Método da Câmara Húmida de Congelamento; (A) Placas de Petri com sementes de
amendoim antes da incubação pelo Método Câmara Húmida de Congelamento. (B) Placa de
Petri com sementes de amendoim depois da incubação…………………………………………24
Figura 7: Método de câmara húmida. (A) Placas de petri devidamente etiquetadas para a
incubação; (B) Microscópio óptico com placa de petri após a incubação……………………….25
Figura 8: (A) Bomba de pressão com Aflatest Column; (B) Fluorómetro……………………...26
Figura 9: Higrómetro portátil AGROMATIC Digital medindo humidade de grãos de
amendoim………………………………………………………………………………………..27
Figura 10: Método areia para avaliação de plântulas A: Substrato e material necessário para a
sementeira; B: Germinadores devidamente etiquetados e com semente germinada…………….28
Figura 11: Placa de petri com sementes infectadas por diversas espécies de fungos…………...33
Figura 12: Esporos fúngicos observados ao microscópio óptico composto, (A) Aspergillus flavus
e (B) Aspergillus niger…………………………………………………………………………...34
Figura 13: Esporos fúngicos observados ao microscópio óptico composto, (A) Fusarium
moniliforme e (B) Penicellium sp………………………………………………………………..34
Figura 14: Percentagem média de incidência fúngica nas variedades do posto administrativo de
Mocuba…………………………………………………………………………………………..35
Figura 15: Percentagem média de incidência fúngica nas variedades do posto administrativo de
Namanjavira……………………………………………………………………………………...36
Figura 16: Percentagem média de incidência fúngica nas variedades do posto administrativo de
Mugeba…………………………………………………………………………………………..37
Figura 17: Níveis de Aflatoxinas totais nas variedades de Mocuba…………………………….38
Figura 18: Níveis de Aflatoxinas totais nas variedades de Namanjavira……………………….38
Figura 19: Níveis de Aflatoxinas totais nas variedades de Mugeba…………………………….39
x
Lista de tabelas
Tabela 1: Número de amostras por Mercados e Postos Administrativos……………………….21
Tabela 2: Percentagem média dos tipos de anomalias nas variedades no Posto administrativo de
Mocuba…………………………………………………………………………………………..30
Tabela 3: Percentagem média dos tipos de anomalias nas variedades no Posto administrativo de
Namanjavira……………………………………………………………………………………...31
Tabela 4: Percentagem média dos tipos de anomalias nas variedades no Posto administrativo de
Mugeba…………………………………………………………………………………………..32
Tabela 5: Percentagem média de infecção fúngica registada nos três postos administrativos do
distrito de Mocuba……………………………………………………………………………….33
Tabela 6: Percentagem média do teor de humidade das sementes/grãos nas variedades no posto
administrativo de Mocuba………………………………………………………………………..40
Tabela 7: Percentagem média do teor de humidade das sementes/grãos nas variedades no posto
administrativo de Namanjavira…………………………………………………………………..40
Tabela 8: Percentagem média do teor de humidade das sementes/grãos nas variedades no posto
administrativo de Mugeba………………………………………………………………………..41
Tabela 9: Correlação Linear Simples entre o teor de humidade, percentagem de infecção fúngica
e os níveis de aflatoxinas registados……………………………………………………………..41
Tabela 10: Percentagem média de plântulas normais, anormais e sementes mortas registadas nas
variedades do posto administrativo de Mocuba………………………………………………….42
Tabela 11: Percentagem média de plântulas normais, anormais e sementes mortas registadas nas
variedades do posto administrativo de Namanjavira…………………………………………….43
Tabela 12: Percentagem média de plântulas normais, anormais e sementes mortas registadas nas
variedades do posto administrativo de Mugeba…………………………………………………43
Tabela 13: Correlação Linear Simples entre a infecção fúngica e germinação de plântulas
normais, plântulas anormais, sementes mortas…………………………………………………..44
Tabela 14: Correlação Linear Simples entre todas as variáveis de estudo……………………...45

xi
Lista de anexos

Anexo 1: Material de Campo e do Laboratório………………………………………………….61

Anexo 2: Ilustrações……………………………………………………………………………..64

Anexo 3: Ficha de registo da análise da presença de fungos nas amostras……………………...66

Anexo 4: Folha de Teste de Inspecção seca……………………………………………………..67

Anexo 5: Folha de Teste de Pureza……………………………………………………………...68

Anexo 6: Folha de Teste de Germinação………………………………………………………...69

Anexo 7: Guião de amostragem de sementes/grãos de amendoim……………………………...70

Anexo 8: Resumos da ANOVA de Kruskal-Wallis e teste de médias de Mann Whitney………71

xii
Lista de abreviaturas

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

ISTA International Seed Testing Association

MAE Ministério da Administração Estatal - Moçambique

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Brasil

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

HPLC High Performance Liquid Chromatography

CEIL Centro de Estudos Interdisciplinares Lúrio, Universidade Lúrio

HCB Hospital Central de Beira

DPA Direção Provincial da Agricultura, Manica

LMT Limite Máximo Tolerável (10ppb)

ppm Partes por milhão

ppb Parte por bilhão

SNS Serviço Nacional de Sementes


0C Graus Centígrados

xiii
CAPÍTULO I

I. INTRODUÇÃO

Originário da América do Sul, o amendoim (Arachis hipogaea L.) é um grão que possui altos
índices de proteínas e óleos, apresentando aproveitamento em torno de 40 e 50% na extração de
óleo e farelo, respectivamente, que aliados ao agradável sabor, o torna largamente consumido por
adultos e crianças nas mais diversas formas (MSQCA, 2004).

O amendoim é uma das principais oleaginosas cultivada no mundo e é considerada, entre as


leguminosas, uma das mais importantes culturas, juntamente com o feijão e a soja, apresentando
bons conteúdos nutricionais, vitamínicos e, sobretudo protéico (1). Em Moçambique, o
amendoim, tem constituído uma cultura de muita importância para a economia camponesa, por
sua alta demanda nos mercados locais e internacionais, com destaque para União Europeia,
Canadá e Japão, sendo este último de extrema importância para Moçambique. Porém, estes
mercados também são muito exigentes em termos de padrões de qualidade, tanto do produto
como das condições sócio-ambientais em que se produz (Sánchez et al., 2010).

O amendoim, assim como muitos outros produtos é um dos grãos mais susceptíveis à
contaminação por micotoxinas, podendo as mesmas ocorrer praticamente em todas as fases das
várias etapas da sua cadeia produtiva (Suassuna et al., 2008). A contaminação do amendoim por
micotoxinas é decorrente de falhas no controlo da humidade propiciando condições favoráveis
para o desenvolvimento dos fungos toxigénicos no amendoim, principalmente as espécies
Aspergillus flavus e A. parasiticus, no amendoim (MSQCA, 2004).

No caso específico do amendoim, a micotoxina mais importante é a Aflatoxina (dos tipos B e G),
produzida por Aspergillus flavus e A. parasiticus, principalmente em grãos com teor elevado de
humidade (MSQCA, 2004). A aflatoxina é uma substancia tóxica ao homem e animais, muitas
das vezes encontrada em grãos de amendoim com teor de humidade variando entre 9 e 35%, que
favorece o crescimento do fungo Aspergillus flavus sobre as sementes/grãos, responsável pela
sua síntese (Pinto, 2004).
A aflatoxina é considerada substância cancerígena e tem provocado intoxicações que levam à
morte dos animais alimentados com ração de amendoim contaminada. Pode também provocar
intoxicação ao homem quando consumido na forma de grãos in natura, torrados, ou de doces. De
referir que, em grãos de amendoim, no processo de extração de óleo, a aflatoxina é eliminada (1).

Contudo, a contaminação do grão de amendoim, para além de provocar diversas patologias a


animais e ao próprio homem, remete outros efeitos negativos. A título de exemplo, em
Moçambique, existem associações de produtores que fazem exportação do amendoim para a
União Europeia, onde o mercado é extremamente exigente em termos de níveis totais ou parciais
de cada tipo de aflatoxinas. E o que acontece, muitas vezes, é o produto ser rejeitado, e isso
constitui uma grande perda económica para os pequenos agricultores e exportadores do país (2).

O Instituto Nacional de Investigação Veterinária (INIV) e o Laboratório Nacional de Água e


Alimentos do Ministério da Saúde desenvolveram estudos nos quais se comprovaram a
existência da correlação entre a incidência do cancro do fígado e o consumo de alimentos
contaminados por aflatoxina (Freire, 1994 apud Rebocho, 2010).

Segundo a FAO (1997), o elevado índice de incidência do cancro do fígado no país está
associado aos elevados níveis de aflatoxinas nos alimentos destinados ao consumo humano.
Taniwaki e Silva (2001) apud Rebocho (2010) demonstraram em estudos estatísticos realizados
em Moçambique, Uganda, Tailândia, Quénia e Suazilândia haver uma relação entre a aflatoxina
e a elevada incidência de cancro do fígado.

Ainda em Moçambique, concrectamente na província de Inhambane, Rebocho (2010) em seu


estudo, não só verificou a existência de correlações entre níveis infecção fúngicas com a
presença de aflatoxinas, como também demonstrou haver correlações entre os níveis de infecção
fúngica com os níveis de plântulas anormais, sementes mortas e teor de humidade.
1.1. Problema e Justificativa

De acordo com o MSQCA (2004), as contaminações por micotoxinas (aflatoxinas, fumonisinas,


entre outras) revelam efeitos tóxicos e degenerativos no consumidor, sendo nefrotóxicas e
possivelmente carcinogênicas e teratogênicas. A aflatoxina afecta directamente a qualidade do
amendoim e derivados para o consumo alimentar animal e humano, e intoxicações destes pela
ingestão excessiva da toxina do Aspergillus flavus levam à morte (Pereira e Santos, 2011).

Em Moçambique poucos estudos existem sobre situação fitossanitária dos produtos agrícolas
armazenados e/ou comercializados pelo sector familiar, principalmente nas sementes/grãos de
amendoim em relação à contaminação por fungos e aflatoxinas. Sobretudo no Distrito de
Mocuba ainda não se efectuou nenhum estudo relacionado. Portanto, a sua realização será de
fundamental importância para conhecer a actual situação fitossanitária das sementes/grãos de
amendoim comercializados ao nível do distrito, para posteriormente formar-se domínios de
recomendação para reduzir impactos negativos como doenças, redução do poder germinativo das
sementes e perda de sementes/grãos, associados a fungos e aflatoxinas.
1.2. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral

❖ Avaliar a micoflora e os níveis de Aflatoxinas em sementes/grãos de Amendoim


comercializados no distrito de Mocuba.

1.3.2. Objectivos Específicos

❖ Determinar os níveis de infecção das sementes/grãos de amendoim por fungos;


❖ Determinar os níveis de Aflatoxinas presentes nas sementes/grãos de amendoim;
❖ Relacionar o teor de humidade das sementes/grãos de amendoim na ocorrência de fungos
e níveis de Aflatoxinas;
❖ Determinar a influência dos fungos na germinação das sementes.
CAPÍTULO II

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Amendoim (Arachis hypogaea L.)

O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma leguminosa e oleoginosa com processo especial de
frutificação, denominado geocarpia, em que a flor aérea, após ser fecundada, produz um fruto
subterrâneo. Suas flores são amarelas, agrupadas em número variável ao longo do ramo principal
ou também dos ramos secundários, conforme a variedade ou o tipo vegetativo. Todas são
potencialmente férteis e hermafroditas, autógamas, com baixa percentagem de cruzamentos
naturais. Seu período de florescimento é bastante dilatado, havendo épocas de aparecimento de
maior número delas, e seu fruto (vagem), é considerado botanicamente um legume (1).

Estudos botânicos revelam que o amendoim é uma leguminosa pertencente ao grupo das
dicotiledóneas, na qual maior parte do género Arachis é encontrada nas regiões tropicais e
subtropicais em todos continentes, excepto a Antárctida, devido a sua adaptação a diferentes
condições edafoclimáticas nas regiões (Suassuna et al., 2008).

2.1.1. Produção do Amendoim em Moçambique

Devido a sua fácil adaptação a diferentes condições edafoclimáticas nas regiões, o amendoim é
uma oleaginosa largamente cultivada em vários países do mundo. A sua área e produção no
mundo durante anos vêm registando crescimentos significativos. Em África, no ano de 1989 foi
registado cerca de 4.6 milhões de toneladas produzidas numa área de 5.8 hectares (Romain,
2001).

Em Moçambique, o amendoim é cultivado em todo país, principalmente nas províncias


nortenhas de Nampula, Zambézia e Cabo Delgado, no sul nas províncias de Inhambane, Gaza e
Maputo (Sánchez et al., 2010).
Segundo a FAO (2009), a produção do amendoim no país tem vindo a aumentar ao longo dos
últimos anos, como ilustra o gráfico abaixo (Figura 1), e é mais cultivado pelo sector familiar
servindo para a sua subsistência bem como para a venda em caso de excedentes de produção
(Sánchez, 2004).

Figura 1: Produção de amendoim em Moçambique, 2000-2008. Fonte: FAO (2009) apud Rebocho
(2010).

A agricultura é a principal actividade económica do distrito de Mocuba, absorvendo cerca de


39.8 mil camponeses, ou seja, 76% da população economicamente activa, sendo a base de
subsistência da população, pois garante produtos de consumo e de rendimento para os agregados
familiares (PEDDM, 2006/11).

De uma maneira geral, no sector agrário do distrito de Mocuba, no que concerne a produção de
amendoim, registam-se melhorias significativas, como firma-se no gráfico abaixo (Figura 2),
notando-se apenas um declínio de produção na campanha 2004/05 devido ao fenómeno de
estiagem que assolou o país em geral (PEDDM, 2006/11).
Produção de Amendoim
8,000.00

7,000.00

6,000.00
Toneladas

5,000.00

4,000.00

3,000.00

2,000.00

1,000.00

0.00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Figura 2: Produção de amendoim em Mocuba, 2000-2006. Fonte adaptada de PEDDM (2006/11).

2.1.2. Importância Económica e Social

A importância económica do amendoim está relacionada ao facto das sementes possuírem sabor
agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente 50%) e proteína (22 a 30%). Além disso,
contém carbohidratos, sais minerais e vitaminas, constituindo-se num alimento altamente
energético (585 calorias/100 g/sementes) (Suassuna et al., 2008).

O sabor agradável torna o amendoim um produto destinado diversas formas de consumo,


destacando-se em grão in natura, como aperitivos salgados, torrados e preparado de diversas
formas, é usado na indústria de doces, como grãos inteiros com diversas coberturas ou grãos
moídos na forma de pipocas ou substituindo a castanha de caju em cobertura de sorvetes
(MSQCA, 2004). Além do consumo in natura, os grãos também podem ser utilizados para
extracção do óleo, empregado directamente na alimentação humana, na indústria de conservas
(enlatado) e em produtos medicinais (1).
Em Moçambique, o amendoim, tem constituído uma cultura de muita importância para a
alimentação e, sobretudo a economia camponesa, por sua alta demanda nos mercados locais e
internacionais (União Europeia, Canadá e Japão), sendo este último de extrema importância para
Moçambique (Sánchez et al., 2010).

2.2. Sementes ou Grão

Semente: botanicamente, é o resultado da fertilização e maturação de um óvulo, ou seja


fecundação do ovo (Ormond, 2006). É constituída por um embrião, que se desenvolve durante a
germinação dando origem a uma plântula, de um conteúdo nutritivo, na maioria dos casos, e de
um invólucro protector, o tegumento, que envolve as outras duas partes. Por vezes, senão com
frequência, as sementes contêm, também restos de outras estruturas, como, o ovário e,
ocasionalmente, outras partes da flor (ONUAA, 1987).

Grão: denominação genérica dadas às sementes de cereais e de algumas outras plantas,


sobretudo leguminosas (Ormond, 2006).

2.2.1. Atributos de qualidade da semente/grão

De acordo com ISTA (2010c), a qualidade de uma semente/grão é observada mediante os


seguintes atributos principais: pureza genética, pureza física, germinação, vigor, viabilidade,
humidade, ausência de infestantes nocivas, sanidade, e uniformidades no tamanho e peso; os
quais conferem a garantia de um desempenho agronómico no processo de reprodução de plantas.

2.2.1.1. Pureza Genética: consiste na identidade de um material genético, que se caracteriza


pelo conjunto de características fenotípicas e genéticas que a identificam e a distingue das
demais, e devem ser mantidas na multiplicação de sementes (Castro, 2007), o que garante a
manutenção das características de interesse agregadas pelo melhorador de plantas (ISTA, 2010c).
2.2.1.2. Pureza Física: refere-se a toda espécie predominante presente no lote ou amostra da
semente/grão incluindo variedades botânicas e cultivares desta espécie (MAPA, 2009; ISTA,
2010c). Segundo MAPA (2009), análise de pureza física visa determinar a composição
percentual por peso e a identidade das diferentes espécies de sementes e do material inerte da
amostra, por inferência ao lote de sementes.

2.2.1.3. Germinação: é definida como a emergência e desenvolvimento das estruturas essenciais


do embrião, demonstrando sua aptidão para produzir uma planta normal, sob condições
favoráveis (MAPA, 2009; ISTA, 2010c).
A análise da germinação de sementes é feita através de um teste de germinação efectuado em
laboratório, em condições controladas e padronizadas para que se permita determinar o potencial
máximo de germinação de um lote de sementes, o qual pode ser usado para comparar a qualidade
de diferentes lotes e também estimar o valor para sementeira em campo (ISTA, 2010c).

2.2.1.4. Viabilidade: Segundo MAPA (2009) a viabilidade de um lote de sementes é expressa


em termos de percentagem de sementes vivas capazes de germinar. Muitas vezes, ela é
semelhante a germinação, por isto o teste padrão de germinação pode ser utilizado para ambas
determinações. Entretanto, cabe lembrar que nem toda semente viável irá germinar.

2.2.1.5. Teor de Humidade: Segundo ISTA (2010c), o teor de humidade duma semente/grão é
definido como sendo a perda do peso quando esta é submetida a secagem e é expresso como
percentagem de peso da amostra original. Porém, actualmente o teor de Humidade pode ser
determinado através de métodos expeditos, usando os determinadores de humidade (MAPA,
2009; ISTA, 2010c).

2.2.1.6. Sanidade: a sanidade da semente/grão refere-se, primariamente, à presença ou ausência


de agentes patogénicos, tais como fungos, bactérias, vírus, nematóides e insectos (MAPA, 2009;
ISTA, 2010c).
A análise da Sanidade da semente/grão visa determinar o estado sanitário de uma amostra de
sementes e, consequentemente, do lote que representa, obtendo-se, assim, informações que
podem ser usadas para diferentes finalidades, como comparar a qualidade de diferentes lotes de
sementes ou determinar a sua utilização comercial (ISTA, 2010c).

2.2.2. Factores que afectam a qualidade da semente/grão armazenado

Segundo Almeida (2005), a condição de armazenamento visa preservar e conservar a qualidade


das sementes/grãos, por isto estas devem ser armazenadas após beneficiadas com alta qualidade,
ou seja, as sementes devem ser colhidas, secas, beneficiadas e, posteriormente, armazenadas sob
condições que possibilitem a conservação das boas qualidades. Os principais factores que
acarretam as perdas de qualidade das sementes/grãos são:

2.2.2.1. Danos mecânicos durante a colheita e beneficiamento

A máxima qualidade das sementes é atingida no ponto de maturidade fisiológica, mas as


condições apropriadas do ambiente preservarão a viabilidade e o vigor das sementes colhidas
durante o armazenamento, até a época da nova sementeira ou até ao consumidor (Almeida,
2005).
A utilização de sementes danificadas durante a colheita e beneficiamento, acarreta baixa
percentagem de emergência no campo, comprometendo o padrão da cultura, redução na
qualidade fisiológica (Almeida, 2005). As sementes com tegumento lesionado são mais
susceptíveis a penetração por microorganismos e causar perdas durante o armazenamento
(MSQCA, 2004).

2.2.2.2. Danos por insectos

Para MAPA (2009), a sanidade das sementes é indispensável para que se mantenha a qualidade
das mesmas. Portanto, é importante que durante o armazenamento, se evite ao máximo a
ocorrência de microrganismos (fungos, bactérias, vírus, nemátodos) e insectos que causam doenças
ou danos a semente resultando na redução de qualidade intrínseca e extrínseca (Almeida, 2005).
Segundo Almeida (2005) a presença de insectos em armazenamentos altera o funcionamento
fisiológico e a qualidade da semente/grão através dos danos que pode causar a mesma, facilitando
ainda a penetração de patógenos (como fungos).
2.2.2.3. Condições ambientais
Em sementes armazenadas, a temperatura e a humidade do ar constituem os factores principais
no manifesto da qualidade fisiológica da semente. Durante armazenamento, um aumento da
temperatura gera uma aceleração das actividades respiratórias nas sementes/grãos e o
desenvolvimento dos fungos (Rebocho, 2010).

De acordo com Rebocho (2010), a temperatura é um factor menos importante que a humidade
relativa do ar, porém, é também um factor que influi consideravelmente na conservação de
sementes armazenadas. De salientar que enquanto a temperatura afecta a velocidade dos
processos bioquímicos da semente, a humidade relativa do ar controla o teor de humidade da
semente/grão.

2.2.2.4. Teor de Humidade das sementes/grão

A humidade é um factor responsável pela deterioração da semente/grão, pois ela provoca o


aumento da respiração e da quantidade de microrganismos e insectos, diminuindo a germinação e
vigor das sementes (Almeida, 2005). Portanto, para obtermos teores de humidade ideais para a
conservação, a secagem deve ser feita logo após a colheita, e de maneira eficiente. Além disso é
necessário ter cuidado com a embalagem a ser utilizada e com o ambiente em que vai ser feito o
armazenamento do grão (Rebocho, 2010).

Em ambientes com oscilações de humidade, as sementes/grãos desenvolvem propriedades de


absorção ou libertação de água para o ar que as envolve buscando um equilíbrio, ou seja, mesmo
depois de secas, ao entrarem em contacto com o ambiente húmido, elas absorvem água
novamente (Rebocho, 2010). Razão pela qual, as sementes armazenadas em ambiente com
oscilação de humidade estarão sujeitas a deterioração.

2.3. Fungos e Micotoxinas

Fungo é qualquer organismo pertencente ao reino Fungi, destituído de clorofila, folhas, caule
verdadeiro ou raízes e se reproduzem por esporos e que pode existir como célula única, ou
formar um corpo multicelular dito micélio, que consiste em filamentos denominados hifas. Os
fungos geralmente são encontrados em condições terrestres húmidas e, devido à ausência de
clorofila, são ou parasíticos, ou saprofíticos, em relação a outros organismos (Ormond, 2006).
Segundo Rebocho (2010) existem dois grupos de fungos associados a semente/grão, fungos do
campo e do armazenamento. O mesmo autor afirma que os fungos do campo têm capacidade de
invadir as sementes ainda na planta enquanto que os de armazenamento podem desenvolver-se
no campo, mas a sua acção reflecte-se mais no armazenamento onde encontram condições
favoráveis para o seu crescimento. Dos fungos de armazenamento, o género Aspergillus e
Penicillium têm sido os mais destacados por terem capacidade de produzir micotoxinas
(Rebocho, 2010).

Micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos, principalmente por
espécies de Fusaruim, Aspergillus e Penicellium, que frequentemente contaminam os produtos
agrícolas, no campo, na colheita, transporte e sobretudo no armazenamento (Ono et al., 2004).
De acordo com FIB (2009) as micotoxinas mais conhecidas são as aflatoxinas, produzidas
principalmente pelos fungos Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. As aflatoxinas podem
ser encontradas em milho, amendoim, caroço de algodão, bem como em outros grãos e algumas
espécies de nozes. Também são conhecidas as fumonisinas, zearalenona, ocratoxinas, entre
outras. Segundo uma estimativa da FAO (Food and Agriculture Organization) anualmente cerca
de 25% do suprimento alimentar mundial é contaminado por micotoxinas (Ono et al., 2004).

Segundo Ono et al. (2004), as micotoxinas, devido a sua alta toxicidade, elas apresentam uma
ampla gama de efeitos biológicos em várias espécies animais, incluindo o homem, em
concentrações relativamente baixas (i.e., na faixa de mg/kg [ppm] a µg/kg [ppb]).

A ocorrência natural de micotoxinas em grãos de cereais pode, além dos problemas de saúde, ter
implicações económicas importantes para diversos sectores comerciais incluindo produtores de
grãos, criadores de animais e aves, assim como processadores de alimentos e rações (Ono e tal.,
2004). Ainda o mesmo autor realça que as perdas acarretadas podem advir da baixa qualidade
dos grãos, baixa produtividade (animal e agrícola) e baixa performance animal.

O consumo de alimento contaminado por micotoxinas pode levar a problemas agudos de saúde e
até mesmo à morte dos consumidores, ou seja, a ingestão de alimentos contaminados pode
introduzir a teratogênese, carcinogênese, impactos estrogênicos ou imunossupressivos, não
somente em animais, mas também no homem, sendo os animais a sofrerem mais devido ao
consumo de grãos de baixa qualidade (FIB, 2009). Ono et al. (2004) realça que estas substâncias
químicas, que podem afectar muitos órgãos e sistemas, principalmente o fígado, rins e sistemas
nervoso, endócrino e imunitário.

Segundo FIB (2004) as micotoxicoses constituem um problema mundial, podem ocorrer, tanto
em países industrializados como em desenvolvimento, e elevar-se quando combinada com as
condições ambientais, sociais-económicas e com condições meteorológicas (humidade,
temperatura), favorecendo o crescimento e desenvolvimento de fungos. Ainda que o fungo possa
ser retirado durante o processamento e não estar presente no produto manufacturado, as toxinas
podem permanecer viáveis, pois não são facilmente degradáveis. Micotoxinas afectam o
agronegócio de muitos países, interferindo ou até mesmo impedindo a exportação, reduzindo a
produção animal e agrícola e, em alguns países, afectando, também, a saúde humana (Freire et
al., 2007).

Devido a sua alta toxicidade e hepatocarcinogenicidade, as aflatoxinas são frequentemente


apontadas, dentre as micotoxinas existentes, como as que podem causar maiores danos aos seres
humanos e animais (Pinto, 2004).

2.3.1. Aflatoxinas

As aflatoxinas são as micotoxinas mais amplamente estudadas. São conhecidas desde 1960,
quando mais de 100 mil perus morreram na Inglaterra após ingerirem ração contendo amendoim
importado da África e América do Sul. A partir da ração que causou a morte dos animais, foram
isolados Aspergillus flavus e uma toxina produzida por esse fungo, a qual foi designada
AFLATOXINA (toxina do Aspergillus flavus –A-fla-toxina) (FIB, 2009).

Posteriormente, também foi verificado que A. parasiticius, A. nominus e outras espécies de


Aspergillus produzem aflatoxinas. Quimicamente, as aflatoxinas são cumarinas altamente
substituídas e, no mínimo, 18 toxinas intimamente relacionadas são conhecidas (FIB, 2009).

De acordo com Pinto (2004), as aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 são as mais encontradas na
natureza, e são designadas conforme a fluorescência que emitem quando expostas a luz
ultravioleta (360 nm). A fluorescência azul (blue) é representada pelas aflatoxinas B1 e B2 e a
fluorescência verde (green) pelas aflatoxinas G1 e G2. As aflatoxinas em estado puro, são pós
cristalinos que se decompõem ao alcançar ponto de fusão (B1 - 268 à 269º C; B2 - 286 à 289º C;
G1 - 244 à 246º C e G2 - 237 à 240º C) (Rodrigues e Lopes, S/d.).

Rodrigues e Lopes (S/d) afirmam que a aflatoxina B1 é reconhecida como o carcinogénio natural
mais potente, apresentando propriedades hepatotóxicas, teratogênicas e mutagénicas, pode causar
danos como hemorragias, edemas e imonossupressão.

Segundo Pinto (2004), a espécie Aspergillus flavus é um activo produtor de AFB1 e AFB2
enquanto o Aspergillus parasiticus e Aspergillus nomius sintetizam em seu metabolismo
secundário duas aflatoxinas nomeadamente a AFG1 e AFG2. A exposição humana em relação à
aflatoxina pode ocorrer através da ingestão de alimentos directamente contaminados
(principalmente por AFB1), ou também de outros produtos como leite e carne, originários de
animais que consumiram ração contaminada (1).

AFB1 AFB2

AFG1 AFG2

Figura 3: Estrutura química das aflatoxinas B1, B2; G1 e G2. Rodrigues e Lopes (S/d).
Para Rodrigues e Lopes (S/d.), a contaminação dos alimentos não é, na generalidade, visualizada
a olho nu (olho desarmado) e, como tal, os produtos prosseguem para a comercialização,
veiculando desta forma compostos capazes de provocar doenças e, em último caso, morte.

O principal órgão afectado é o fígado, no qual induzem o cancro no fígado, diminuição da


resistência imunológica propiciando febre, convulsões e vómito, porém, o local dos efeitos
hepáticos varia com a espécie afectada. Estão ainda descritos efeitos tóxicos nos pulmões,
miocárdio e rins, podendo ocorrer acumulação de aflatoxinas no cérebro (Rodrigues e Lopes,
S/d)

2.3.2. Limites máximos aceitáveis para a presença de Aflatoxinas em Moçambique

Devido à sua toxicidade, foram estabelecidos limites em diversos países para a presença de
aflatoxinas nos alimentos. Estudos demonstraram que a toxicidade destas segue a ordem: AFB1
> AFG1 > AFB2 > AFG2 (FIB, 2009).

Contudo, não existe a nível mundial uma harmonização dos teores máximos legais de aflatoxinas
presentes nos alimentos. A título de exemplo, os EUA apresentam um limite de 20μg/Kg (ppb)
para a quantidade total de aflatoxinas presente em alimentos como cereais, amendoim e café, ao
passo que na União Europeia esse valor é de 2μg/Kg para a aflatoxina B1 e 4μg/Kg para a
quantidade total de micotoxinas (Rodrigues Lopes, S/d; (3)).

A legislação brasileira, através do Ministério da Saúde, Resolução RDC nº274, de 15 de Outubro


de 2002, estabelece o limite máximo de 20 ppb (soma das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2) em
amendoim e pasta de amendoim (Hoeltz, 2009).

A necessidade de estabelecer limites máximos aceites para a presença de micotoxinas nos


alimentos, é uma preocupação mundial, pois o facto de não existirem teores máximos legais
harmonizados para estes e outros compostos tóxicos, levanta um problema de segurança
alimentar causado pela possível exportação/importação de produtos alimentares que não
obedecem à legislação nacional/comunitária (Rodrigues Lopes, S/d).

Moçambique faz parte dos 15 países africanos que em 2003 apresentaram regulamentos
específicos para micotoxinas, publicados pela FAO. Neste contexto, a nível nacional, o limite
aceitável para os níveis totais de aflatoxinas (B1-2 e G1-2) em produtos destinados ao consumo
humano é de 10 ppb (FAO, 2004; (3)).

Segundo FAO (2004) em alguns países vizinhos como a África do Sul, Malawi e Zimbabwe
estabeleceram limites aceitáveis B1-2 e G1-2 de 10 ppb valores que são aceites para Espanha e
Perú, por outro lado a Suiça, Suécia e Bélgica estabelecem um limite aceitável de 5 ppb para as
aflatoxinas B1-2 e G1-2.

2.3.3. Condições favoráveis à contaminação do amendoim por Fungos e Aflatoxinas

De acordo com Suassuna et al. (2008), vários são os factores que favorecem a contaminação do
amendoim por fungos e aflatoxinas, especialmente devido a sua susceptibilidade natural e
fisiológica. Para o mesmo autor, na etapa pré-colheita, no decorrer da produção, concorrem para
a contaminação das sementes/grãos os seguintes factores:

a) Temperaturas entre 25oC e 30oC;


b) Déficit hídrico durante as últimas seis semanas do ciclo da cultura;
c) Plantio em áreas cultivadas com amendoim anteriormente;
d) Presença de danos causados por insectos nas vagens;
e) Alta incidência de doenças foliares.

Na etapa pós-colheita, o MSQCA (2004) defende que durante a secagem do amendoim, a má


qualidade da secagem deixando a semente/grão com um teor de humidade superior a 9%,
secagem tardia e secagem em solos ou lugares húmidos e/ou em dias chuvosos podem constituir
motivos para a infestação das sementes/grãos por fungos micotoxigénicos produtores de
micotoxinas.

Ainda na mesma etapa, no armazenamento das sementes/grãos do amendoim, temperaturas


próximas de 30º C; armazenamento de grãos com humidade superior a 11%; presença de
impurezas, torrões, parte de plantas junto com as vagens; mistura de materiais com diferentes
humidades; armazenamento de vagens danificadas, quebradas, perfuradas por insectos e períodos
longos de armazenamento inadequado facilitam bastante a contaminação por fungos e produção
de micotoxinas, especialmente a aflatoxina (Castro, 2007; Suassuna et al., 2008).
2.3.4. Medidas de Profilaxia à contaminação do amendoim por Fungos e Aflatoxinas

Evitar a contaminação pelos fungos é frequentemente impossível, visto que os principais fungos
toxigénicos são disseminados pelo ambiente. Portanto, restam estratégias ligadas à utilização de
linhagens de plantas resistentes à colonização fúngica, colheita apropriada, armazenagem
adequada, uso de métodos físicos de descontaminação como separação das sementes/grãos
contaminados dos grãos sadios através de equipamentos de selecção electrónica pela cor, seguida
ou não por selecção manual, destruição química das aflatoxinas com uso de hidróxido de cálcio,
ozónio ou amónia, controle de insectos e roedores, controle de temperatura e humidade, tempo
de armazenagem dentro dos limites de vitalidade das sementes/grãos (FAO, 2004 apud Rebocho,
2010).

Dada existência de limites máximos aceitáveis e pelo facto das aflatoxinas serem estáveis e não
serem facilmente destruídas, significa que os produtos infestados devem ser destruídos ou
incinerados e, o problema não pode ser solucionado misturando o produto contaminado com as
sementes/grãos sadios ou dando-o aos animais, já que as toxinas acumuladas nos seus corpos
passam para o homem em forma de leite ou carne (MSQCA, 2010).

Outras medidas incluem a utilização de extractos de algumas plantas, pois o uso dos mesmos
para controlo de fungos e produção de aflatoxinas em sementes/grãos, especialmente amendoim,
é extremamente promissor, precisando ser verificada sua acção sobre o desenvolvimento do
fungo, se interfere na biossíntese das toxinas e se é possível a neutralização química das mesmas
(Rebocho, 2010).

A título de exemplo, Bilgrami et al. (1992) apud Rebocho (2010) verificou em meio de cultura a
redução do crescimento micelial em até 61,94% com o extracto de alho, entretanto, constatou a
redução da produção de aflatoxina em até 60,44%. O mesmo autor constatou boa eficácia de
extractos de cebola (Allium cepa L.) e de alho (Allium sativum L.) no controle de Aspergillus
flavus em sementes destinadas à alimentação (grãos). Facto também conseguido por Bansal &
Sobti (1990) apud Rebocho (2010) usando extracto de folha de neem (Azadirachta indica A.
Juss) no controle, in vitro, de Aspergillus niger e Aspergillus flavus em sementes de amendoim,
favorecendo também a germinação e a sanidade de plântulas.
2.3.5. Testes para análise de Aflatoxinas

Vários métodos têm sido usados para análises de micotoxinas. As metodologias analíticas para a
determinação de micotoxinas em alimentos geralmente são compostas pelas etapas extração,
limpeza, separação, detecção, quantificação e confirmação. As etapas vão diferir dependendo dos
equipamentos, reagentes disponíveis e dos requerimentos analíticos (sensibilidade, exactidão,
tempo de análise e custo) (Cruz, 2010).

A determinação de aflatoxinas tem sido realizada por várias técnicas, como cromatografia em
camada delgada (CCD), cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e por métodos
imunológicos (ELISA, RIA, IAC) (Amaral e Júnior, 2006; Hoeltz, 2009).

Entre os métodos de análises, a cromatografia ocupa um lugar de destaque devido a sua


facilidade em efectuar a separação e quantificação das espécies, por si mesma ou em conjunto
com outras técnicas instrumentais de análises, com por exemplo, a espectrometria de massa e
fluorimetria. (Cruz, 2010).

A cromatografia é um método físico-químico. Ela está fundamentada na migração diferencial


dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interações entre duas fases
imiscíveis, a fase móvel e a estacionária (Cruz, 2010).

A cromatografia líquida de alta eficiência de fase normal e fase reversa tem sido usada com
detecção por absorção ultravioleta (UV), fluorescência, espectrometria de massas e
amperométrica. O sistema de detecção por fluorescência é, cerca de 30-40 vezes mais sensível
que o sistema de detecção por UV para aflatoxinas. A sensibilidade pode ser aumentada através
da conversão de aflatoxinas em derivados por derivação pré-coluna ou pós-coluna (Amaral e
Júnior, 2006).
CAPÍTULO III

III. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

Para a realização deste trabalho, foram usadas 3 variedades de amendoim: Bebiano branco,
Bebiano vermelho e Nametil; diversos materiais de amostragem, com destaque para cartuchos,
câmara fotográfica, pranchetas e guião de amostragem de sementes/grãos (Anexo 7); também
foram utilizados diversos materiais no campo e laboratório (Anexo 1).

3.2. Descrição da área de estudo

A amostragem foi feita em 11 potenciais mercados das diferentes localidades do distrito de


Mocuba (Figura 4), província da Zambézia. Mocuba tem uma superfície de 8.733 Km2 que
ocupa cerca de 8% do território da Zambézia. O distrito tem três Postos Administrativos:
Mocuba, Mugeba e Namanjavira que, por sua vez, estão subdivididos em 6 localidades, Mocuba
– Sede, Munhiba, Mugeba-Sede, Muaquiua, Namanjavira-Sede e Alto Benfica (MAE, 2005).

O relevo do Distrito de Mocuba segue a forma de escadaria, subindo da planície para os


planaltos e destes às montanhas. Mocuba, segundo a classificação de Thorntwaite, apresenta um
clima do tipo Sub-húmido (Sub-tropical) e uma precipitação média anual entre 850 e 1300 mm
(MAE, 2005).

Quanto aos solos, o distrito é caracterizado pela ocorrência de solos vermelhos argilosos,
moderadamente profundos a profundos, das planícies, solos argilosos pretos dos vales largos
onde eventualmente dominam condições hidromórficas, solos arenosos (invariavelmente) na
planície ou vales em terreno desenvolvido nas rochas ácidas, variando a cor de vermelho (nos
topos e declives), branco (nas partes altas e médias dos vales), amarelos (nos declives onde o
lençol freático se encontra mais perto da superfície) a cinzentos, acinzentados escuros e pretos
(fundo dos vales) (MAE, 2005).
Figura 4: Mapa dos Mercados do Distrito de Mocuba. Fonte: Autor (by Arcmap)

3.3. Metodologia

O arrolamento deste trabalho teve duas componentes, a componente campo e a componente


laboratorial. A componente campo consistiu na colecta de sementes/grãos de amendoim em
distintos mercados, ao longo das localidades do distrito de Mocuba, acompanhado de um mini-
inquérito. O amendoim colhido encontrava-se invaginado, nas prateleiras de venda nos
mercados, embora nalguns encontravam-se no chão. Após a colecta, fez-se o descasque do
amendoim e de seguida reformulou-se as amostras em função das variedades, visto que haviam
misturas de variedades nas amostras iniciais. Na reformulação das amostras, misturou-se, pesou-
se 250g de grão e colocou-se em cartuchos de caqui devidamente etiquetados.

Por outo lado, a componente laboratorial foi feita em Nampula, Chimoio e Beira. Em Nampula,
no Laboratório de Qualidade e Segurança Alimentar, sito no Centro de estudos interdisciplinares
Lúrio (CEIL) da Universidade Lúrio, onde fez-se o Teste de Aflatoxinas, ao passo que em
Chimoio, no Laboratório Regional de Sementes de Chimoio, sito na Direcção Provincial da
Agricultura (DPA) realizaram-se os testes de humidade, germinação, inspecção a seco e o teste
de identificação de fungos. As fotos de esporos fúngicos foram tiradas no Laboratório de
Anatomia Patológica, sito no Hospital Central de Beira (HCB).

3.2.1. Amostragem

Nos finais de Junho de 2014, 44 amostras de sementes/grãos de amendoim (Arachis hypogaea


L.), de diferentes variedades, foram colhidas em onze potenciais mercados das seis localidades
do distrito de Mocuba (Tabela 1 e 2).

As amostras foram colectadas aleatoriamente, nas prateleiras de venda de cada vendedor nos
mercados, ou seja, foram retiradas de várias partes da prateleira pequenas amostras (primárias), e
colocadas em saco de papel caqui, tornando-se assim uma única amostra representativa (ISTA,
2010b), destas reformularam-se, de acordo com as variedades encontradas, em 70 amostras de
trabalho, cada uma com 250g.

Tabela 1: Número de amostras por Mercados e Postos Administrativos.


Posto
Localidade Mercado No Amostras
Administrativo
Central 8
Básica 4
Mocuba - Sede Infantária 4
MOCUBA Massanica 4
Mademo 4
103 4
Munhiba
Munhiba 4
Namanjavira -
Namanjavira 4
NAMANJAVIRA Sede
Alto - Benfica Alto - Benfica 4
Mugeba - Sede Mugeba 4
MUGEBA
Muaquiua Muaquiua 4
3.2.2. Determinação dos níveis de infecção das sementes/grãos de amendoim por fungos

a) Inspecção seca de sementes

Para o efeito, dispôs-se cada amostra em uma mesa de pureza previamente esterilizada com uma
solução de hipocloreto de sódio a 10% e dividiu-se a amostra em 4 sub-amostras. De seguida,
aleatoriamente retirou-se 100 sementes de cada uma das 4 sub - amostras, de modo a perfazer um
total de 400 sementes/grãos para análise, como recomenda o MAPA (2009). Estas
sementes/grãos foram analisadas ao olho nú com o auxílio de lupa à uma resolução de 20X
(MAPA, 2009), de modo a identificar descolorações, danos causados por insectos e grãos
partidos (Figura 5).

Para o cálculo da percentagem de sementes/grãos anormais (descolorações, danos por insectos


ou partidas) utilizou-se aeguinte fórmula (Mathur e Kongsdal, 2003):

Sd
%𝐒𝐚 = ∗ 100%
400

Onde:

%Sa: percentagem de sementes/grãos anormais.


Sd: número de sementes/grãos com descoloração, danificadas por insectos e partidas.

E, para o cálculo da percentagem total de sementes/grãos danificadas na amostra (Mathur e


Kongsdal, 2003):

∑ Sd
%𝐒𝐚 = ∗ 100%
400

Onde:

% Sa: percentagem total de sementes anormais


ΣSd: somatório do número de sementes de cada anomalia (descolorações, danificadas por
insectos ou partidas).
Figura 5: Anomalias em sementes/grãos de amendoim

b) Identificação de espécies fúngicas

A identificação de fungos foi feita pelo método de Câmara húmida com congelamento (Deep-
Freeze Blotter Method) Mathur e Kongsdal (2003), no qual foram usadas 200 sementes de
amendoim por cada amostra. Em cada placa de petri, num total de 8 por amostra, foram
colocados 25 sementes/grãos (Figura 6A), sobre três (3) folhas de papel de filtro previamente
humedecidas com água destilada. De seguida as placas foram colocadas numa incubadora com a
uma temperatura de 22ºC, durante um período de 24 horas (Mathur e Kongsdal, 2003; MAPA,
2009).

Após este período, as amostras foram colocadas em uma câmara incubadora a uma temperatura
de congelamento, -10oC (ISTA, 2010a), durante 24 horas. Posteriormente, foram novamente
incubadas a temperatura ambiente (sob regime luminoso de luz do dia e de escuro noite com
luzes apagadas) por mais 5 dias (Mathur e Kongsdal, 2003; MAPA, 2009).
A B

Figura 6: Método da Câmara Húmida de Congelamento; (A) Placas de Petri com sementes de amendoim
antes da incubação pelo Método Câmara Húmida de Congelamento. (B) Placa de Petri com sementes de
amendoim depois da incubação.

Após o período de incubação, as sementes foram examinadas, uma a uma, em microscópio


óptico (Figura 7B), e a identificação dos fungos foi feita com base em características
morfológicas (esporos) de seu crescimento segundo MAPA (2009).

Foram também fotografadas algumas placas e os esporos de algumas espécies. Os resultados da


contagem foram escritos na ficha de registo elaborada para o efeito (Anexo 3) e para o cálculo da
percentagem de sementes contaminadas por cada espécie de fungo nas amostras analisados foi
usada a seguinte fórmula (Mathur e Kongsdal, 2003):

Onde:

Nx: Nível de infecção de fungo x na amostra


Nsi: Número de sementes infectadas na amostra
Ns: Número de sementes analisadas
A B
Figura 7: Método de câmara húmida. (A) Placas de petri devidamente etiquetadas para a incubação; (B)
Microscópio óptico com placa de petri após a incubação.

3.2.3. Determinação dos níveis de aflatoxina nas sementes/grãos de amendoim

Para análise dos níveis de aflatoxinas usou-se o teste de Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (CLAE) com Fluorômetro.

Foram preparadas 18 sub-amostras em função das variedades de cada localidade e, cada sub-
amostra de semente de amendoim triturado (25 g), foi adicionado 5 g de Cloreto de Sódio e 125
ml de metanol/água (70/30). Em um saco plástico contendo a mistura, foi agitada e
homogeneizada por um homogeneizador electrónico durante 2 minutos.

Após o período de homogeneização, a mistura foi filtrada através de um filtro de Whatman


estéril para outro frasco plásticos devidamente etiquetados e de seguida, este estrato filtrado (25
ml) foi adicionado 50 ml de água destilada e filtrado novamente 30 ml deste estrato com um
filtro de micro fibra 11cm.

De seguida preparou-se o processo cromatográfico na bomba de pressão (Figura 8A), cortando-


se a tampa da coluna (Aflatest column) e colocando-a na seringa, previamente esterilizada com
etanol puro (100%). Colocou-se 3 x10 ml do estrato na seringa deixando pingar por 1–2 s/min
passando pela coluna e recolhendo por um copo graduado. Finda passagem do estrato pela
coluna, retirou-se o copo graduado e colocou-se uma cuvete limpa (previamente esterilizada),
adicionou-se 1ml de metanol puro na seringa e posteriormente 1ml de developer na cuvete, após
recolher o estrato final.

Por fim levou-se a cuvete com estrato final e colocou-se no Fluorómetro (Figura 8B). A leitura
dos níveis de aflatoxinas foi precedida após transcorridos 60 segundos.

A B

Figura 8: (A) Bomba de pressão com Aflatest Column; (B) Fluorómetro.

3.2.4. Relação entre o teor de humidade das sementes/grãos de amendoim e a ocorrência de


fungos produtores de aflatoxinas

A determinação do teor humidade das sementes/grãos é extremamente importante, pois, a


humidade constitui um dos principais factores para a infecção fúngica e posterior produção de
aflatoxinas. Neste contexto, determinou-se os teores de humidade das sementes/grãos para
verificar se estes influenciaram nos níveis de aflatoxina registados nas amostras.

Para a medição do teor de humidade, colocou-se no interior do Higrómetro portátil


AGROMATIC Digital (Figura 9), 25g de grão cada amostra e, o resultado era dado
automaticamente em percentagem.
Figura 9: Higrómetro portátil AGROMATIC Digital medindo humidade de grãos de amendoim.

3.2.5. Determinação da influência dos fungos na germinação das sementes

A avaliação do poder germinativo passa primeiro pelo teste de pureza física cujo mesmo consiste
na separação das sementes puras, sementes de outras culturas e material inerte, evitando-se desta
forma a sementeira de espécies não requeridas para o teste, e posteriormente efectuou-se o teste
de germinação.

a) Teste de Pureza física

Homogeneizou-se cada amostra 3 vezes mecanicamente e de seguida dividiu-se por um divisor


para se obter uma amostra de trabalho. Esta amostra foi levada a capela de exaustão SAFEAIR -
GS 800, na qual foi separada em três fracções: semente pura, matéria inerte e outras sementes
(outras plantas cultivadas ou infestantes). Cada uma destas três fracções foi pesada, registadas na
folha de registo de Pureza Física (Anexo 5) e calculou-se as percentagens por peso de cada
componente em relação ao peso total dos componentes encontrados.

b) Teste de germinação

A semente pura obtida no teste de pureza física foi dividida em quatro partes, e de cada uma das
partes, 100 sementes foram seleccionadas perfazendo 400 sementes, as quais foram usadas no
teste de germinação. A semente foi semeada em substratos de areia extraída do rio Revué. Esta
foi esterilizada após uma previa crivagem, juntou-se água, na razão 160 ml/dm3 de areia (MAPA,
2009; SNS, 2014), e misturou-se com a mão para homogeneizar a humidade. Os germinadores
foram enchidos 2/4 cm (altura) com da areia húmida. Foram semeadas 25 sementes em cada
caixa (16 caixas/amostra) e cobriu-se com mais 2/4 cm de areia húmida.

Os germinadores foram tapados com tampa de plástico transparente para evitar a rápida
evaporação da humidade e marcados com o nome, data, e o número do teste. De seguida foram
incubados na câmara de germinação a temperatura ambiente. Volvidos 10 dias, procedeu-se a
contagem e registo (Anexo 6) das plânulas normais, plântulas anormais e sementes mortas
(Figura 10).

A B

Figura 10: Método areia para avaliação de plântulas (A): Substrato e material necessário para a
sementeira; (B): Germinadores devidamente etiquetados e com semente germinada.

Para o cálculo das percentagens das sementes normais, anormais e sementes mortas, usaram-se
as seguintes fórmulas abaixo:
Onde:

% Pn - Percentagem de plântulas normais


Pn -Número de plântulas normais
%Pan - Percentagem de plântulas anormais
Pan - Número de plântulas anormais
% Sm - Percentagem de sementes mortas
Sm - Número de sementes mortas

3.2.6. Análise estatística

Para a análise de dados foi usado o pacote estatístico ASSISTAT 7.7 (beta) (Asssitente
Estatístico - Universidade Federal de Campina Grande), com o qual foram determinadas as
diferenças existentes nos diferentes parâmetros estatisticamente significativos (P<0.05), através
da análise da variância não paramétrica de Kruskal-Wallis seguida pela comparação de médias
pelo teste de Mann-Whitney nível de 5% de probabilidade. Foram realizadas Correlações de
Spearman entre os diferentes parâmetros estudados para verificar o efeito dum sobre o outro.
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Resultados

4.1.1. Determinação dos níveis de infecção de sementes/grãos de amendoim por fungos em


função das variedades e local de proveniência

I. Inspecção Seca

A inspecção a seco de sementes/grãos permite a observação de possíveis anomalias sofridas


pelas mesmas durante os processos de colheita e beneficiamento, porém, no presente trabalho
foram identificadas as seguintes anomalias: sementes atacadas por insectos, descolorações e
sementes partidas (Tabela 2, 3 e 4). A anomalia denominada por descoloração é resultante da
infestação por fungos, tanto do campo como os do armazenamento (Lazzari, 1997 apud
Rebocho, 2010). Descolorações denominadas por descoloração rosa, na semente/grão de
amendoim, indicam a presença de Fusarium moniliforme (Shetty, 1992 apud Rebocho, 2010),
enquanto a denominada por descoloração preta, é indicadora da presença de Aspergillus flavus
(Lazzari, 1997 apud Rebocho, 2010). O resultado da ANOVA não-paramétrica mostrou haver
diferenças significativas (P<0.05) em relação a percentagem média de sementes anormais nos
três Postos administrativos estudados (Anexo 8).

Tabela 2: Percentagem média dos tipos de anomalias nas variedades do Posto administrativo de
Mocuba.

Tipos de Anomalias (%)


%Sementes
Variedade A. D.
anormais
Insectos D. Preta Castanha D. Branca D. Rosa Partidas
Bebiano Branco 4.69 c 3.85 a 4.23 a 2.15 a 1.69 a 4.69 b 21.31 a
Bebiano Vermelho 22.85 a 10.46 ab 7.50 a 0.71 a 1.14 a 13.29 a 47.93 b
Nametil 10.5 b 9.79 b 2.86 a 1.23 a 0.82 a 7.64 ab 32.84 c
Média 12.68 8.03 4.86 1.36 1.22 8.54 34.03
Desvio padrão ± 2.94 ± 3.06 ± 1.67 ± 0.17 ± 1.97 ± 2.31 ± 1.08
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

No posto administrativo de Mocuba a variedade que teve maior percentagem de anomalias, foi
Bebiano vermelho, apresentado uma percentagem de sementes/grãos atacadas por insectos de
22.85%, descoloração preta 10.46%, descoloração castanha 7.5%, descoloração branca 0.71%,
descoloração rosa 1.14 % e 13.29% de sementes partidas (Tabela 2).

No posto administrativo de Namanjavira, a variedade Bebiano branco apresentou elevada


percentagem de sementes/grãos anormais, cerca de 70.83%, superando os restantes postos.

Tabela 3: Percentagem média dos tipos de anomalias nas variedades do Posto administrativo de
Namanjavira.

Tipos de Anomalias (%)


%Sementes
Variedade A. D. D.
anormais
Insectos D. Preta Castanha Branca D. Rosa Partidas
Bebiano Branco 24.5 a 19.17 a 7.83 a 1.33 a 1.83 a 16.17 a 70.83 a
Bebiano Vermelho 10 b 4.67 b 0.5 a 0.5 a 1.67 a 5.5 b 22.83 b
Nametil 7b 4.83 b 2.50 a 1.17 a 2.33 a 3.5 b 21.17 b
Média 13.83 9.56 3.61 1.00 1.94 8.93 38.27
Desvio padrão ± 2.79 ± 3.2 ± 1.91 ± 1.19 ± 1.95 ± 6.83 ± 2.02
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

Contrariamente aos outros Postos administrativos, no de Mugeba verificou-se maior


percentagem de anomalias na variedade Nametil, com 12.50% de sementes/grãos atacadas por
insectos, 8.5% de descoloração preta, 3.83% de descoloração castanha, 4.00% de descoloração
branca, 1.33% de descoloração rosa e 8.33% de sementes partidas (Tabela 4).
Tabela 4: Percentagem média dos tipos de anomalias nas variedades do Posto administrativo de
Mugeba.

Tipos de Anomalias (%)


%Sementes
Variedade A. D. D.
anormais
Insectos D. Preta Castanha Branca D. Rosa Partidas
Bebiano Branco 5.67 b 5.67 a 2.17 a 0.83 a 2.17 a 6.33 a 22.83 b
Bebiano Vermelho 8.00 a 5.00 a 0.16 a 1.33 a 1.17 a 7.00 a 23.17 b
Nametil 12.50 a 8.5 a 3.83 a 4.00 a 1.33 a 8.33 a 38.50 a
Média 8.72 6.39 2.06 2.06 1.72 7.22 28.17
Desvio padrão ± 2.79 ± 1.2 ± 3.91 ± 1.19 ± 0.95 ± 6.83 ± 6.02
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

II. Identificação de fungos pelo método de câmara húmida com congelamento (Deep-Freeze
Blotter method)

A infecção fúngica ocorreu em todas amostras estudas, porém não se observou diferenças
significativas (P<0.05) entre os três postos administrativos estudados (Anexo 8). A identificação
dos fungos foi sucedida através da observação a lupa (Figura 11) e microscópica dos esporos
fúngicos (Figuras 12 e 13).

Foram detectadas diversas espécies de fungos (Tabela 5), das quais fazem parte dos fungos
saprofíticos apenas os géneros Aspergillus (Figura 12) e Penicillium (Figura 13B), que
compreendem o grupo de fungos de armazenamento. Os restantes pertencem ao grupo dos
fungos fitopatogénicos e do campo; destes, o de maior importância é o Fusarium moniliforme
(Figura 13A), que apresentou maior percentagem média em todos os postos administrativos.

No posto administrativo de Mocuba, os fungos de armazenamento como o Aspergillus flavus


(Figura 12A), Aspergillus niger (Figura 12B), Penicillium sp. (Figura 13B) e Rhizopus sp.,
tiveram uma infecção média variando de 16.07%, 11.62%, 11.21% e 9.28% respectivamente
(Tabela 5). Em Namanjavira, a infecção foi de 15.83%, 13.39%, 10.58% e 10.56%, para
Aspergillus flavus, Aspergillus niger, Penicillium sp. e Rhizopus sp. enquanto que no posto
administrativo de Mugeba a infecção pelos mesmos foi respectivamente 14.67%, 10.03%, 9.47%
e 11.22% (Tabela 5).

No que diz respeito aos fungos do campo, no posto administrativo de Mocuba, os fungos
Fusarium moniliforme (Figura 13A) e Sclerotinia sclerotiorum tiveram uma infecção média de
25.84% e 12.01% respectivamente. Em Namanjavira, a infecção pelos memos fungos foi de
33.36% e 18.19% enquanto que no posto administrativo de Mugeba, a infecção por Fusarium
moniliforme foi de 30.06% e Sclerotinia sclerotiorum foi de 9.03%.

Tabela 5: Percentagem média de infecção fúngica registada nos três postos administrativos do
distrito de Mocuba.

Espécies fúngicas Infecção Fúngica (%) Desvio


Média
registadas Mocuba Namanjavira Mugeba padrão

Aspergillus flavus 16.07 a 15.83 b 14.67 b 15.52 ±3.25


Aspergillus niger 11.62 b 13.39 a 10.03 b 11.68 ±2.20
Fusarium moniliforme 25.84 c 33.36 a 30.06 b 29.75 ±5.36
Sclerotinia sclerotiorum 12.01 b 18.19 a 9.03 c 13.8 ±1.41
Rhizopus sp. 9.28 b 10.56 b 11.22 a 10.35 ±3.25
Penicellium sp. 11.21 a 10.58 b 9.47 b 10.42 ±6.77
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

Figura 11: Placa de petri com sementes infectadas por diversas espécies de fungos.
A B

Figura 12: Esporos fúngicos observados ao microscópio óptico composto, (A) Aspergillus flavus
e (B) Aspergillus niger.

A B

Figura 13: Esporos fúngicos observados ao microscópio óptico composto, (A) Fusarium
moniliforme e (B) Penicellium sp.

Dos fungos registados no presente estudo, no posto administrativo de Mocuba, o mais


predominante foi o fungo do campo Fusrium moniliforme, que em maior percentagem, esteve
presente em todas as variedades estudadas, seguido por outros fungos do campo como
Sclerotinia sclerotiorum, com maior percentagem média de incidência na variedade Nametil. No
que concerne aos fungos do armazenamento, o Aspergillus flavus, principal fungo produtor de
aflatoxinas, teve maior evidência em percentagem de incidência na variedade Nametil (Figura
14).

40

35
Percentagem de incidência (%)

30

25

20

15

10

0
Aspergillus Aspergillus Fusarium Sclerotinia Rhizopus sp. Penicellium
flavus niger moniliforme sclerotiorum sp.

B. Branco B. Vermelho Nametil

Figura 14: Percentagem média de incidência fúngica nas variedades do posto administrativo de Mocuba.

Dos fungos do armazenamento registados no posto de Namanjavira, o mais predominante foi o


Aspergillus flavus na variedade Bebiano branco seguindo o Aspergillus niger, Penicillium sp. e
Rhizopus sp. na mesma variedade; para os fungos de campo, maior evidência foi verificada no
Fusarium moniliforme na variedade Bebiano branco (Figura 15). Sclerotinia sclerotiorum, teve a
sua maior percentagem média de infecção na variedade Bebiano branco (Figura 15).
80

70
Percentagem de incidência

60

50

40
(%)

30

20

10

0
Aspergillus Aspergillus Fusarium Sclerotinia Rhizopus sp. Penicellium
flavus niger moniliforme sclerotiorum sp.
B. Branco B. Vermelho Nametil

Figura 15: Percentagem média de incidência fúngica nas variedades do posto administrativo de Namanjavira.

No posto administrativo de Mugeba, dos fungos do armazenamento, o mais predominante foi o


Aspergillus flavus na variedade Nametil seguindo o Aspergillus niger também na variedade
Nametil; nos casos de Penicillium sp. e Rhizopus sp., estiveram em maior percentagem média
ambos na variedade Nametil (Figura 16). Fusarium moniliforme e Sclerotinia sclerotiorum
tiveram maiores percentagens médias de infecção também na variedade Nametil (Figura 16)
45
Percentagem de incidência (%) 40

35

30

25

20

15

10

0
Aspergillus Aspergillus Fusarium Sclerotinia Rhizopus sp. Penicellium
flavus niger moniliforme sclerotiorum sp.

B. Branco B. Vermelho Nametil

Figura 16: Percentagem média de incidência fúngica nas variedades do posto administrativo de Mugeba.

4.1.2. Determinação dos níveis aflatoxina nas sementes/grãos de amendoim em função das
variedades e local de proveniência

Os níveis de aflatoxinas estiveram presentes em todas amostras de sementes/grãos de amendoim


armazenados, tendo se observado diferenças significativas (P<0.05) entre as variedades nos três
postos administrativos estudados (Anexo 8), sendo que todas variedades apresentaram-se
contaminadas por aflatoxinas.

No posto de Mocuba, o nível de contaminação por aflatoxinas nas diferentes variedades foi
relativamente elevado, estando ambas acima dos limites aceitáveis (10ppb). A variedade que se
apresentou menos contaminada foi a Nametil com um nível médio de 20.5ppb (µg/kg), como
ilustra a Figura 17. A variedade Bebiano vermelho foi a que apresentou maior nível médio de
contaminação por aflatoxinas (67.0 ppb), seguindo a Bebiano branco (36.0 ppb).
90
Aflatoxina
80
70

Niveis em ppb
60
50
40
30
20
10
0
Bebiano Branco Bebiano Nametil
Vermelho

Figura 17: Níveis de Aflatoxinas totais nas variedades de Mocuba.

No posto administrativo, o maior nível médio de contaminação por aflatoxinas verificou-se na


variedade Bebiano branco (150.0ppb), ultrapassando desta forma os limiteis máximos em
contaminação de alimentos por aflatoxinas no país. Seguida da Bebiano branco, surge a
variedade Nametil também com nível de contaminação por aflatoxinas alto (21.6ppb) e acima do
limite máximo aceitável em alimentos consumidos. O mesmo não aconteceu a restante
variedade, Bebiano vermelho, que registou um nível médio de contaminação por aflatoxinas
totais de 17.05ppb. (Figura 18).

250
Aflatoxina

200
Niveis em ppb

150

100

50

0
Bebiano Bebiano Nametil
Branco Vermelho

Figura 18: Níveis de Aflatoxinas totais nas variedades de Namanjavira.


Em Mugeba, duas das variedades apresentaram níveis médios de contaminação por aflatoxina
acima do limite máximo tolerável em alimentos consumidos no país. A variedade Nametil foi a
que apresentou maior nível médio de contaminação por aflatoxina (76.0 ppb), seguindo-se a
Bebiano vermelho (39 ppb) (Figura 19). Também acima do limite máximo tolerável em
alimentos ficou a variedade Bebiano branco, que apresentou um nível de contaminação por
aflatoxinas totais de 18.5ppb.

100
Aflatoxina
90
80
Niveis em ppb

70
60
50
40
30
20
10
0
Bebiano Branco Bebiano Nametil
Vermelho

Figura 19: Níveis de Aflatoxinas totais nas variedades de Mugeba.

4.1.3. Determinação da influência do teor de humidade das sementes/grãos na ocorrência


das aflatoxinas

Em termos do conteúdo de teor de humidade das amostras estudadas, o resultado da ANOVA


não-paramétrica (Anexo 8), revelou existir diferenças significativas (P<0.05) entre as variedades
nos três postos, sendo que quase todas variedades apresentaram valores acima do máximo
recomendado para armazenagem dos sementes/grãos de amendoim, 7% (MSQCA, 2004).

No posto administrativo de Mocuba a variedade Bebiano vermelho foi a que teve maior
percentagem média de teor de humidade, acima de 10% (Tabela 6). Por outro lado, em
Namanjavira e Mugeba, as variedades Bebiano branco e Nametil apresentaram respectivamente
percentagens médias de teor de humidade 12.30% e 9.23% também acima do máximo
recomendado (Tabelas 7 e 8).

Tabela 6: Percentagem média do teor de humidade das sementes/grãos nas variedades no posto
administrativo de Mocuba.

Variedade Teor de Humidade (%)


Bebiano Branco 6.74 c
Bebiano Vermelho 10.54 a
Nametil 7.78 b
Média 8.35
Desvio padrão ± 1.78
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

Tabela 7: Percentagem média do teor de humidade das sementes/grãos nas variedades no posto
administrativo de Namanjavira.

Variedade Teor de Humidade (%)


Bebiano Branco 12.30 a
Bebiano Vermelho 8.33 b
Nametil 6.80 b
Média 9.14
Desvio padrão ± 2.81
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.
Tabela 8: Percentagem média do teor de humidade das sementes/grãos nas variedades no posto
administrativo de Mugeba.

Variedade Teor de Humidade (%)


Bebiano Branco 6.65 c
Bebiano Vermelho 8.67 b
Nametil 9.23 a
Média 8.18
Desvio padrão ± 1.57
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

Para verificar a influência do teor de humidade das sementes/grãos na ocorrência de fungos e


aflatoxinas, foi realizada uma correlação entre o teor de humidade das sementes/grãos,
percentagem de infecção fúngica e os níveis de aflatoxinas registados. O resultado obtido da
correlação de Spearman entre variáveis mostra uma correlação positiva não significativa,
revelando a existência da associação entre o teor de humidade sementes/grãos com a ocorrência
de fungos e os níveis de aflatoxinas registados, ou seja, os níveis de teor de humidade
influenciaram para a ocorrência de fungos que por sua vez originou a formação de aflatoxinas
nas sementes/grãos.

Tabela 9: Correlação de Spearman entre o teor de humidade, percentagem de infecção fúngica e


os níveis de aflatoxinas registados.

VA\VA HUMID INFEC AFLAT

HUMID 1 0.4423 0.7877

INFEC ** 1 0.4994

AFLAT ** ** 1

HUMID: Teor de Humidade; INFEC: Percentagem de infecção fúngica; AFLAT: Níveis de Aflatoxinas
** Correlação significativa a 1% de probabilidade (P < 0.01).
4.1.4. Determinação da influência dos fungos na germinação das sementes

O resultados da ANOVA não-paramétrica, revelaram não existir diferenças significativas


(P<0.05) entre as variedades nos três postos administrativos estudados em termos de plântulas
normais germinadas nas amostras (Anexo 8), sendo que todas as variedades apresentaram
valores de percentagem média de germinação de plântulas normais abaixo do mínimo
recomendado para aprovação de um lote de semente de amendoim, 75% (MAPA, 2009; ISTA,
2010c).

Nos postos administrativos de Mocuba e Mugeba, a variedade Bebiano branco foi a que teve
maior percentagem média de germinação de plântulas normais (Tabelas 10 e 12). Em
Namanjavira, a variedades Nametil é que apresentou valor de percentagem média de germinação
de plântulas normais mais elevado, porém abaixo dos 75% (Tabela 11).

Tabela 10: Percentagem média de plântulas normais, anormais e sementes mortas registadas nas
variedades do posto administrativo de Mocuba.

Variedade Plantas Normais Plantas Anormais Sementes Mortas


Bebiano Branco 69.04 a 17.05 b 13.92 c
Bebiano Vermelho 41.79 b 29.51 a 28.63 b
Nametil 48.36 b 32.99 a 18.65 a
Média 53.06 26.52 20.4
Desvio padrão ± 6.26 ± 2.30 ± 8.81
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.
Tabela 11: Percentagem média de plântulas normais, anormais e sementes mortas registadas nas
variedades do posto administrativo de Namanjavira.

Variedade Plantas Normais Plantas Anormais Sementes Mortas


Bebiano Branco 16.75 b 41.50 a 41.75 a
Bebiano Vermelho 62.83 a 22.58 b 14.58 b
Nametil 71.75 a 15.08 b 13.17 b
Média 50.44 26.39 23.17
Desvio padrão ± 6.86 ± 2.96 ± 2.50
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

Tabela 12: Percentagem média de plântulas normais, anormais e sementes mortas registadas nas
variedades do posto administrativo de Mugeba.

Variedade Plantas Normais Plantas Anormais Sementes Mortas


Bebiano Branco 55.42 a 26.35 b 18.23 a
Bebiano Vermelho 54.58 a 24.83 b 20.58 a
Nametil 37.17 b 39.08 a 23.75 a
Média 49.06 30.09 20.85
Desvio padrão ± 4.59 ± 9.96 ± 3.99
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Mann-Whitney a 5% de
probabilidade.

Foi feita a correlação das variáveis infecção fúngica e germinação de plântulas normais,
plântulas anormais, sementes mortas (Tabela 13). Os resultados obtidos da correlação Linear
Simples revelam uma correlação positiva não significativa (P<0.05) entre as variáveis infecção
fúngica com germinação de plantas anormais e sementes mortas (Tabela 13).
Tabela 13: Correlação de Spearman entre a infecção fúngica e germinação de plântulas normais,
plântulas anormais, sementes mortas.

VA\VA INFEC PNORM PANOR SMORT

INFEC 1 -0.5656 0.4435 0.4659

PNORM ** 1 -0.8232 -0.7808

PANOR ** ** 1 0.2879

SMORT ** ** * 1

INFEC: Infecção fúngica; PNORM: Plântulas normais; PANOR: Plântulas anormais; SMORT:
Sementes mortas.
** Correlação significativa a 1% de probabilidade (P < 0.01).

* Correlação significativa a 5% de probabilidade (P < 0.05).

Num cômputo geral, fez-se uma correlação de Spearman entre as variáveis infecção fúngica,
níveis de aflatoxinas, germinação de plântulas normais, plântulas anormais, sementes mortas,
anomalias das sementes/grãos, teor de humidade e níveis de aflatoxinas. Os resultados obtidos
desta correlação revelam uma correlação positiva não significativa (P<0.05) entre o teor de
humidade com as plântulas anormais, anomalias, infecção fúngica e aflatoxinas. Ainda a mesma
correlação de Spearman revelou correlações positivas não significativas entre as variáveis
infecção fúngica com sementes anormais, mortas e aflatoxinas; as anomalias com plântulas
anormais, infecção fúngica e aflatoxinas; uma correlação positiva não significativa (P<0.05)
entre sementes anormais e sementes mortas. Observou-se também correlação positiva não
significativa entre aflatoxina e germinação de plântulas anormais, infecção fúngica (Tabela 14).

Tabela 14: Correlação de Spearman entre todas as variáveis de estudo.


VA\VA HUMID PNORM PANOR SMOR SANOR INFEC AFLAT

HUMID 1 -0.7367 0.4788 0.7157 0.7580 0.4423 0.7877

PNORM ** 1 -0.8232 -0.7808 -0.6791 -0.5656 -0.7574

PANOR ** ** 1 0.2879 0.3921 0.4435 0.4787

SMOR ** ** * 1 0.7139 0.4659 0.7507

SANOR ** ** ** ** 1 0.4950 0.8021

INFEC ** ** ** ** ** 1 0.4994

AFLAT ** ** ** ** ** ** 1

HUMID: Teor de humidade; PNORM: Plântulas normais; PANOR: Plântulas anormais;


SMORT: Sementes mortas; SANOR: Sementes anormais; INFEC: Infecção fúngica; AFLAT:
Aflatoxinas.
** Correlação significativa a 1% de probabilidade (P < 0.01).

* Correlação significativa a 5% de probabilidade (P < 0.05).


4.2. Discussão

4.2.1. Determinação dos níveis de infecção das sementes/grãos de amendoim por fungos em
função das variedades e local de proveniência

I. Inspecção seca de sementes/grãos

A inspecção seca de sementes/grãos consiste na análise visual ou à lupa estereoscópica das


sementes/grãos para detecção de possíveis anomalias resultantes das actividades pós-colheita,
como a própria colheita, debulha ou descasque e danos causados por insectos. Ainda nesta
análise podem ser detectadas descolorações de sementes/grãos.

No presente estudo, a presença de sementes/grãos atacados por insectos foi a anomalia mais
observada em todos os postos administrativos (Tabela 3, 4 e 5), sobretudo no posto de
Namanjavira. Tal facto, segundo Almeida (2005) conduz a redução da qualidade fisiológica e
nutricional, e aumento da susceptibilidade a penetração de microrganismos (parasitas) que
aceleram deterioração dos mesmos. De uma forma mais generalista, nota-se também nas tabelas
supracitadas que Namanjavira lidera em termos de percentagem média de sementes anormais em
ralação aos restantes postos.

Esta presença de sementes/grãos anormais, provavelmente está associada ao deficiente sistema


de conservação das mesmas, quer nas prateleiras de venda assim como nos locais de
armazenamento, os quais na maioria dos casos permitem um contacto directo com a superfície
do solo. Do apuramento feito através do mini-inquério, efectuado durante a colecta dos grãos,
constatouou-se que ao longo das prateleiras de venda e armazéns, a conservação das
sementes/grãos de amendoim era em condições altamente precárias, como, em celeiros e/ou
recipientes descobertos e no chão (solo).

Provavelmente o posto administrativo de Namanjavira teve maior percentagem sementes


anormais devido a estas condições de armazenamento, pois, predominaram em todos os pontos
de amostragem deste posto.

Almeida et al. (2010) realça ainda que sementes partidas e/ou danificadas por insectos,
favorecem a infecção fúngica e posterior produção de micotoxinas e, Dhinga (1985) apud
Rebocho (2010), afirma que alguns tipos de insectos que infestam as sementes/grãos
armazenados em que o período de larva e pupa desenvolvem-se dentro da semente/grão devido a
presença de sementes partidas, carregam consigo grande número de esporos de fungos do
armazenamento tornando-se transmissores destes para restante massa de sementes/grãos
reduzindo gradualmente a sua qualidade.

A anomalia designada por descoloração é, de acordo com Hoeltz (2009), resultante da infestação
por fungos, tanto saprofíticos (do armazenamento) como os fitopatogénicos (do campo).
Segundo Rebocho (2010), as descolorações denominadas por descoloração rosa, na semente/grão
de amendoim, indicam a presença de Fusarium moniliforme enquanto a descoloração
denominada por preta, é indicadora da presença de Aspergillus flavus.

II. Identificação dos fungos pelo método de câmara húmida

Os fungos Aspergillus flavus, Aspergillus niger, Penicillium sp., Fusarium moniliforme,


Sclerotinia sclerotiorum e Rhizopus sp., foram as espécies registadas no presente trabalho como
as que compõem a micoflora fúngica das sementes/grãos de amendoim comercializados no
distrito de Mocuba.

Estudos feito por Rebocho (2010) em Inhambane revelam que os fungos Aspergillus flavus,
Aspergillus niger, Penicillium sp., Rhizopus sp. e Fusarium moniliforme ocorrem com maior
frequência em sementes/grãos de amendoim armazenadas. Khosravi et al. (2007) realça ainda
que os géneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium são os que mais predominam em grãos nas
regiões tropicais. No presente estudo, dos fungos de armazenamento, ocorreram em maior
frequência o Aspergillus flavus e Aspergillus niger, sendo este primeiro considerado como o
potencial produtor de aflatoxina, enquanto nos do campo o Fusarium moniliforme mostrou-se
mais abundante, seguido do Sclerotinia sclerotiorum.

Neste estudo observou-se maior frequência de contaminação das sementes/grãos pelos fungos do
campo em relação aos do armazenamento, facto que é fortemente associado a teor de humidade
(Tabelas 6, 7 e 8) acima do recomendado (7%) para sementes/grãos armazenados, resultantes da
secagem incompleta, má conservação das sementes/grãos e longo período de armazenamento
(precário). De acordo com Khosravi et al. (2007) a secagem é indispensável para sementes/grãos
destinados ao armazenamento, pois ela contribui para que os fungos do campo permaneçam
dormentes ou morram gradualmente pela disponibilidade de outras condições ambientais.

Relativamente aos fungos do campo, que apresentaram altas percentagens médias de infecção
nas sementes/grãos, salientar que neste estudo, o Fusarium moniliforme foi o fungo com maior
predominância, nas variedades Bebiano vermelho, Bebiano Branco e Nametil, dos respectivos
postos administrativos Mocuba, Namanjavira e Mugeba.

No posto administrativo de Mocuba, a variedade Nametil, em comparação com as outras,


apresentou maior percentagem média de infecção por Aspergillus flavus (Figura 14), facto que
pode ser explicado devido aos níveis de descoloração preta (Tabela 2) que de acordo com
Vicente (2007) e Rebocho (2010) é indicador da presença deste fungo, por sinal produtor de
aflatoxina.

Em Namanjavira a variedade Bebiano branco, apresentou maior percentagem média de infecção


por Aspergillus flavus (Figura 15), alto nível de sementes anormais (Tabela 3) e alto teor de
humidade (Tabela 8) comparativamente as outras, o que espelha uma correlação forte entre estes
parâmetros, e Almeida (2010) defende que os fungos do armazenamento têm alta capacidade de
infecção em sementes/grãos com elevados teores de humidade.

Em Mugeba, a variedade Nametil foi a que apresentou maior percentagem média de infecção por
fungos, incluindo o Aspergillus flavus (Figura 16), em comparação com outras variedades, este
facto deve-se aos níveis elevados de anomalias identificados durante o teste de inspecção seca
(Tabela 4), alta presença de sementes atacadas por insectos e partidas (Tabela 4) que de acordo
com Almeida (2005), favorecem a penetração fúngica e infecção da restante massa de
sementes/grãos, relembrando que a mesma variedade apresentou maior percentagem de
descoloração preta, que é indicadora do fungo supracitado.

Outro facto bastante relevante na contaminação fúngica destas amostras, foi que nalguns pontos
de colheita das amostras de sementes/grãos, concretamente em Mocuba e Namanjavira, estas
encontravam-se espalhadas pelo chão à tenra insolação do dia e, por vezes a respingo de
chuviscos. Portanto, estes factores podem ter desempenhado alguma influência na contaminação
das sementes/grãos, pelo que, Costa (2007) defende que os fungos de armazenagem estão
associados com resíduos culturais e partículas de solo entre os grãos colhidos, principalmente
com alto teor de humidade. Além disto, o fungo Aspergillus flavus, comummente encontrado no
amendoim, tem o solo como sua principal fonte de inóculo primário (Costa, 2007; Santos, 2013).

4.2.2. Determinação dos níveis de aflatoxina nas sementes/grãos de amendoim em função


das variedades e local de proveniência

Das amostras de sementes/grãos analisadas neste estudo, apurou-se uma contaminação por
aflatoxinas na ordem dos 100%. No entanto, a variedade Bebiano vermelho, foi a que teve maior
nível de aflatoxina (67.00ppb) no posto administrativo de Mocuba (Figura 17). Embora tenha
registado baixas percentagens de infecção por Aspergillus flavus (Figura 14) comparativamente
as outras variedades, esta variedade registou maior percentagem média de sementes com
descoloração preta, atacadas por insectos e partidas (Tabela 3).

Este nível de aflatoxinas registado pela variedade Bebiano vermelho no posto de Mocuba, poderá
ser explicada provavelmente, pelo facto desta ter apresentado maior teor de humidade (Tabela 6)
e baixa infecção por Aspergillus niger (Figura 14) que de acordo com Hoeltz (2009) e Recocho
(2010), este fungo tem efeito inibidor sobre o crescimento de Aspergillus flavus e na formação de
aflatoxinas, e o teor de humidade influencia para aumento dos níveis de aflatoxina. Além disso
Khosravi et al. (2007), afirma que não há uma relação directa entre altos níveis de infecção pelo
fungo produtor com os níveis de aflatoxina, pois o fungo pode estar presente a níveis elevados
mas não ter produzido a toxina pela ausência de condições favoráveis para continuação do seu
crescimento exponencial.

Em Namanjavira, o nível de aflatoxina na variedade Bebiano branco foi bastante elevado


(150.00ppb) em detrimento das outras variedades (Figura 18), pois esta apresentou alto nível de
infecção por Aspergillus flavus (Figura 15), alto teor de humidade (Tabela 7), facto que
provavelmente explica este nível de contaminação. Vale lembrar que estes parâmetros estão
correlacionados (Tabela 14) neste trabalho, e que de acordo com Costa (2007) e Silva (2005) alto
teor de humidade possibilita ambiente favorável para crescimento de insectos que servem como
fonte de inóculo para contaminação da massa do grão armazenado.
A variedade Nametil em Mugeba foi a que apresentou maior nível de contaminação por
aflatoxina (Figura 19) comparativamente as outras, embora tenha se registado baixo teor de
humidade. Este facto provavelmente poderá ser explicado por esta apresentar maiores níveis de
infecção de Aspergillus flavus (Figura 16). Além disso a variedade Nametil registou níveis
elevados de sementes partidas (Tabela 4), com descoloração preta e atacadas por insectos, e de
acordo com Hoeltz (2009) os níveis de aflatoxina são mais elevados em grãos acentuadamente
danificados. Ou seja, a presença de insectos em sementes/grãos armazenados favorece o
desenvolvimento de fungos no armazenamento. E estes por sua vez conduzem os esporos no
espaço intergranular da massa das sementes/grãos armazenados, causando danos e facilitando a
penetração desses microrganismos, o que incrementa a infestação e posterior produção de
aflatoxinas (Costa, 2007).

De salientar que em todo o mundo os níveis de contaminação são variáveis, porém em alguns
casos ainda maior que a encontrada neste estudo. Craufurd et al. (2006) apud Hoeltz (2009) em
um estudo sobre aflatoxina em amendoim no Níger, encontraram valores variando entre 34,0-
208,0ppb. Ainda Hoeltz (2009) citando Sabino et al. (1999) numa pesquisa sobre a ocorrência de
aflatoxinas em amendoim e produtos de amendoim consumida no Estado de São Paulo, Brasil,
concluiu que a contaminação por aflatoxinas em amendoim estava a diminuir, porém
continuando ainda sendo um problema, porque o nível máximo de contaminação encontrado foi
de 536,0 ppb. Estudo feito sobre a ocorrência de aflatoxinas em amostras de amendoim sem
casca, em três distritos de Perak, na Malásia, encontrou uma faixa de incidência de somente
AFB1 situada entre 0,85 a 547,51ppb (Sulaiman et al.,2007 apud Hoeltz, 2009).
.
4.2.3. Determinação da influência do teor de humidade dos grãos/semente na ocorrência
das aflatoxinas

O teor de humidade é um dos factores que rege a conservação dos grãos e sementes
armazenadas, portanto, o seu acompanhamento deve ser feito em todas as etapas de produção,
beneficiamento e armazenamento (Costa, 2007). Um teor de humidade superior a um limite
seguro que depende do tipo de semente/grãos, favorece a infestação com fungos e insectos, o que
reduz a duração da conservação do produto influenciando na contaminação por micotoxinas
(Rebocho, 2010).

Estudos feitos por Khosravi et al. (2007) e Rebocho (2010) revelam que percentagens de
infestação fúngica elevadas estão relacionadas com o alto teor de humidade, o que origina uma
progressiva redução da qualidade das sementes/grão. No presente estudo, foram registados
elevados teores de humidade nas variedades, acima de 7% em quase todos os postos
administrativos (Tabelas 6, 7 e 8), e este facto é explicado pela secagem imcompleta,
armazenamento e venda em locais onde há flutuações de temperatura, humidade relativa,
proliferação de insectos e com contacto directo com solo, pois de acordo com Almeida (2005) e
Fassbinder (2010), estes aspectos influenciam para o aumento do teor de humidade na
semente/grão.

Da correlação de Spearman (Tabela 14), verificou-se neste estudo uma correlação positiva não
significativa entre o teor de humidade e os níveis de aflatoxinas registados nas amostras,
permitindo desta forma afirmar que os teores de humidade influenciaram para a produção de
aflatoxinas nas sementes/grãos, facto que também é defendido por Rebocho (2010) que, em seu
estudo, mediante uma correlação de Spearman verificou que os valores elevados de aflatoxinas
estavam associados a teores de humidade elevados.

Além disso, Santos (2013) anuncia que as micotoxinas não só dependem do teor de humidade
para ocorrerem, mas uma série de factores como capacidade do fungo em causar infecção e
produzir a respectiva toxina, níveis de danos dos grãos e presença de fungos competitivos e
dominantes, porém, Costa (2007) afirma que teores de humidade elevados incrementam os níveis
de aflatoxinas ao longo do período de armazenamento.
4.2.4. Determinação da influência dos fungos na germinação das sementes

O resultado do teste de germinação de sementes mostrou baixa percentagem de germinação de


plântulas normais, abaixo de 75% (MAPA, 2009; ISTA, 2010c), em todas as dos respectivos
postos administrativos (Tabela 10, 11 e 12). Tendo se registado, em Mocuba, Namanajavira e
Mugeba, maiores percentagem de plantas normais nas variedades Bebiano branco (69.04%),
Nametil (71.75%) e Bebiano branco (55.42%), respectivamente.

Num cômputo geral, o que provavelmente explica a baixa percentagem de germinação de


plântulas normais é o facto de todas as amostras de sementes testadas terem a proveniência em
camponeses do sector familiar (sementes não certificadas), longo período de armazenamento
inapropriado, pois amostragem ocorreu no mês que coincide com a escassez do amendoim no
distrito de Mocuba.

Ao nível do posto administrativo de Mocuba, as baixas percentagens de germinação de plântulas


normais nas variedades estudadas, poderá estar associada, provavelmente, ao facto destas
apresentar maior percentagem média de sementes partidas e atacadas por insectos (Tabela 10),
principalmente as variedades Bebiano vermelho e Nametil, pois para Costa (2007) e Santos et al.
(2013) as sementes/grãos danificadas são mais susceptíveis a penetração por microrganismos e a
perda de germinação é maior porque pode ter ocorrido destruição do embrião ou consumo do
endosperma. Além disso, estas variedades supracitadas apresentaram elevados níveis de
infestação por Fusarium moniliforme, Aspergillus flavus e A. niger (Figura 14), facto que pode
ter contribuído para baixa percentagem de germinação e que de acordo com Santos et al. (2013)
estas espécies de fungos reduzem significativamente a capacidade de germinação das sementes
pelo facto de matar o embrião e/ou deteriorá-los.

Em Namanjavira, as mais baixas percentagens de germinação foram observadas nas variedades


Bebiano branco e Bebiano vermelho, sobretudo na primeira. Provavelmente estes resultados
estão associados aos níveis elevados de sementes atacadas por insectos (Tabela 10) que de
acordo com Lima et al. (2009) e Santos et al. (2013) os insectos quando atacam as
sementes/grãos armazenados devoram o embrião, reduzindo o poder germinativo da semente.
Além disso, o elevado teor de Humidade verificado na variedade Bebiano branco, pode ter
influenciado na fraca germinação da mesma, pois de acordo com Costa (2007), alto teor de
humidade pode afectar a qualidade da semente.

Lima et al. (2009) anuncia que os fungos dos géneros Rhizopus, Penicillium, Fusarium e
Aspergillus são possíveis causadores de perdas na germinação e, a contaminação por Aspergillus
sp. e Rhizopus sp. influencia a deterioração das sementes. Em Mugeba, as variedades aí
estudadas não se escaparam de infestações por espécies dos géneros supracitados, facto que
provavelmente explica este facto. Ainda neste contexto, os autores Pereira et al. (2009) afirmam
que a ocorrência de podridões de sementes e tombamentos de plântulas é frequente na cultura do
amendoim e, quando isso acontece é porque nessas sementes, mais de 100 espécies de fungos
estão contidas nelas.

Ainda neste estudo, durante as análises de germinação, foram observadas em algumas amostras
testadas, semente mortas cobertas de esporos fúngicos de Fusarium moniliforme, Sclerotinia
sclerotiorum e Rhizopus sp. e, algumas plântulas incompletas e menos vigorosas infestadas pelas
mesmas espécies, facto que presumivelmente associa-se às baixas percentagens de germinação
das sementes.

Os resultados obtidos pelas correlações de Spearman, no presente estudo, demonstraram haver uma
relação (Tabela 13) entre os níveis de infecção fúngica com os níveis de sementes mortas registadas,
demonstrando a influência negativa que os principais fungos de armazenamento e do campo têm na
germinação das sementes. Além disso, as correlações mostram uma correlação positiva entre os
níveis de sementes anormais com os níveis de plântulas anormais e uma correlação positiva
significativas entre os níveis de sementes anormais e níveis de sementes mortas (Tabela 14)
registados, o que permite afirmar que as anomalias registadas contribuíram para a morte das
sementes e germinação de plântulas anormais.

Ainda sobre os resultados das correlações, verificou-se que os elevados teores de humidade
registados contribuíram para a morte de sementes e infecção fúngica nas sementes/grãos. Os
resultados das correlações mostram também que os níveis de aflatoxina registados influenciam
positivamente na germinação de plântulas anormais (Tabela 14).
V. CONCLUSÃO

O presente trabalho demonstrou com os resultados obtidos que existem deficiências na cadeia de
produção de amendoim pelo sector familiar do distrito de Mocuba, no que concerne as
metodologias de secagem, conservação e armazenagem, sobretudo na prevenção a contaminação
fúngica e à ocorrência de aflatoxinas no grão comercializado e consumido.

Em todos os postos administrativos do distrito, foram identificadas espécies fúngicas do campo e


armazenamento, das quais nos do campo, a espécie que se evidenciou em maior percentagem
média de infecção foi Fusarium moniliforme enquanto o Aspergillus flavus e Aspergillus niger,
foram os fungos do armazenamento que maiores médias de infecção registaram.

No que concerne a contaminação por aflatoxinas, todas variedades em todos os postos,


apresentaram-se contaminadas por aflatoxinas, e com níveis acima do limite máximo tolerável
no país. Os níveis mais altos foram verificados em Namanjavira na variedade Bebiano branco
(150 ppb), em Mugeba na variedade Nametil (76 ppb) e em Mocuba na variedade Bebiano
vermelho com 67 ppb, todas acima do limite máximo permitido para consumo do amendoim em
Moçambique (10 ppb).

Os níveis aflatoxinas estiveram correlacionados com os níveis de teor de humidade e a


ocorrência de fungos.

Os níveis de germinação de plântulas anormais e sementes mortas estiveram correlacionados


infecção fúngica e teor de humidade.

Os níveis de infecção fúngica e germinação de plântulas anormais estiveram correlacionados


com os níveis de sementes anormais.
VI. RECOMENDAÇÕES

A presença de diversas anomalias, espécies fúngicas e aflatoxina nas sementes/grãos


provenientes do distrito de Mocuba, pressupõe a existência dum potencial risco a saúde do
homem e dos animais. A ser assim, recomenda-se:

Aos consumidores:

❖ Boa observação das vagens ou amendoim durante a compra de modo a evitar o consumo de
amendoim infestado por fungos e/ou contaminados por aflatoxinas;
❖ Evitar vagens ou amendoim com perfurações e colorações anormais.
Aos produtores:

❖ Controlo eficaz de pragas e doenças durante o ciclo da cultura;


❖ Colheita do amendoim maduro, secagem, limpeza do grão e retirada do amendoim
danificado;
❖ Nunca ensacar o amendoim com mais de 7% de teor de humidade;
❖ Maior cuidado na manipulação do produto nas etapas de limpeza, secagem e armazenamento;
Ao Ministério da Saúde:

❖ Promover campanhas educativas nos centros de produção e comercialização deste alimento


para a melhoria da sua qualidade fitossanitária;
❖ Implementar limite máximo tolerável no país para AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2 e outras
micotoxinas.
Aos investigadores:

Que se realizem estudos do mesmo género, ligado a esta e mais micotoxinas, noutros distritos ou
províncias com vista a obter informação sobre a actual situação sanitária dos grãos de amendoim
armazenados pelo sector familiar para uma posterior reflexão dos mecanismos de qualidade dos
produtos agrícolas que devem ser tomadas para evitar a contaminação destes por fungos e
aflatoxinas.
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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hybrids by ELISA. Food Addit. Contarn. 2004. 18: 719-729p.

❖ ONUAA. Manual para avaliação de plântulas em ensaio de germinação. FAO – ISTA.


Itália.1987. p. 5.

❖ ORMOND, José G. P. Glossário de termos usados em actividades agropecuárias, florestais


e ciências ambientais. Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social – BNDES.
Rio de Janeiro, RJ. 2006. 316p.

❖ PEEDM – Plano de Desenvolvimento do Distrito de Mocuba. Governo do Distrito de


Mocuba. 2006/2011. 58p.

❖ PEREIRA, Eusinia Lousada et al. Contaminação de sementes de amendoim inoculadas por


Aspergillus Secção Flavi, influenciada pelo genótipo, pela área de cultivo e pelos isolados.
In: Ciências agrotécnicas, Lavras, v. 34, n. 4. Anais…, Rio de Janeiro, RJ. 2009. p. 853-859.

❖ PEREIRA, Kelly C. e SANTOS, Carlos F.. Micotoxinas e seu Potencial carcinogênico. In:
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrários e da Saúde. v. 15, No 4. Anais…, Brasil.
2011. p. 147-165.
❖ PINTO, Nicésio F. J. A. Patologia de Grãos de Sorgo. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento; Circular Técnica, 40. Brasil. 2004. 10pp
❖ REBOCHO, Dade João. Avaliação da microflora e níveis de aflatoxina nos grãos/semente de
amendoim armazenados na província de Inhambane. Tese (Licenciatura em Agronomia).
UEM-FAEF. Maputo, Moçambique. 2010. 91p.
❖ RODRIGUES, Jorge e LOPES, Maria R. (S/d.). AFLATOXINAS. Faculdade de Engenharia
de Farmácia – Universidade de Porto. 16pp
❖ ROMAIN, H. R. (2001). Crop production in tropical Africa. New York, 313-317 pp.

❖ SANTOS, Franciele dos. Levantamento da qualidade de sementes de amendoim


armazenadas no Estado de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e
Subtropical). Instituto Agronómico. Campinas. 2013. 113p.

❖ SANTOS, Franciele dos et al. Qualidade de sementes de amendoim armazenados no Estado


de São Paulo. In: Tecnologia de Sementes, v. 72, n. 3. Anais…, Bragantia, Campina. 2013.
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❖ SÁNCHEZ, Carlos et al.. O Amendoim – Uma Cultura de Boa Nutrição e Rendimento. 2010.
p. 19.

❖ SILVA, Jader Oliveira. Ocorrência de aflatoxina B1em arroz consumido por militares do
exército brasileiro por cromatografia em camada delgada e cromatografia líquida de alta
eficiência. Dissertação (Mestrado em Ciências veterinárias). Universidade Federal do Paraná.
Curitiba. 2005. 101p.

❖ SNS – Serviço Nacional de Sementes. 2014.


❖ SUASSUNA, Taís de M. F. et al. Manual de Boas Práticas Agrícolas para a Produção do
Amendoim no Nordeste do Brasil. Embrapa Algodão. Campina Grande, PB. 2008. p. 27.

❖ VICENTE, Eurídice K. M. Avaliação dos níveis de aflatoxinas e fumonisinas no milho (Zea


mays L.) consumido no distrito de Sussundenga, na província de Manica. Tese (Licenciatura
em Ciências Biológicas). UEM-FC. Maputo, Moçambique. 2007.75p.

❖ (1) Cultura de amendoim. Anais electrónicos... Brasil: Disponível em: < http://
www.cooperbio.com.br/materias/amendoim.pdf > Acesso em 28/06/2013.

❖ (2) Moçambique: Arranca projecto para erradicar fungo do milho e do amendoim. Anais
electrónicos... Moçambique: Disponível em:
<http://www.rm.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=8722:mocambique
-arranca-projecto-para-erradicar-fungo-do-milho-e-do-amendoim&catid=99:artigos-ciencia-
a-tecnologia&Itemid=200> Acesso em 29/06/2013.

❖ (3) Legislação – Treinamento intensivo em Análise de Micotoxinas. Anais electrónicos…


Bélgica: Disponível em: <http://www.knowmycotoxins.com/pt/regulations.htm> Acesso em
29/09/2014.
ANEXOS

Anexo 1: Material de Campo e do Laboratório

I. Material comum

❖ Bloco de notas
❖ Esferográficas
❖ Luvas descartáveis
❖ Câmara Fotográfica
❖ Marcador
II. Material do campo (Amostragem)

❖ Agrafador e agrafos
❖ Cartuchos de caqui impermeável
❖ Fita-cola
❖ Balança
❖ Postite
❖ Prancha
III. Material de laboratório
a) Testes de Sanidade:

❖ Água corrente
❖ Água destilada
❖ Javel (Hipoclorito de Sódio)
❖ Lâminas e Lamelas
❖ Mesa de pureza
❖ Capela de exaustão
❖ Lupa Estereoscópica
❖ Máscara
❖ Luvas
❖ Microscópio Óptico
❖ Microscópio Óptico (Olympus Bx51), com máquina fotográfica
❖ Placas de Petri de vidro e plástico
❖ Papel de Filtro Whatman
❖ Papel de Limpeza de lentes
❖ Pinças
❖ Tesoura
❖ Água destilada
❖ Balança Analítica
❖ Bandeja
❖ Câmara fria
❖ Balão de Erlenmeyer
❖ Espatulas
❖ Estufa
❖ Etanol 100%

b) Teste de Humidade:

❖ Medidor de humidade Higrómetro Agromatic digital.

c) Teste de Germinação:

❖ Água corrente
❖ Substrato (areia esterilizada)
❖ Pinça
❖ Germinadores
❖ Luvas e mascaras
❖ Garfo
❖ Postite
❖ Proveta Graduada de 1000ml

d) Teste de Aflatoxinas:

❖ Metanol 100%
❖ Etanol 100%
❖ Cloreto de Sódio
❖ Developer
❖ Provetas graduadas (100 ml e 50 ml)
❖ Cuvetes
❖ Fluorómetro
❖ Bomba de pressão
❖ Aflatest Column
❖ Fluorometer calibration standards
❖ Papel de filtro Whatman
❖ Balança electrónica
❖ Água destilada
❖ Moinho de cereais
❖ Homogeneizador electrónico
❖ Luvas e máscaras
❖ Esguicho
❖ Tesoura
❖ Funil
❖ Colheres
❖ Sacos plásticos
Anexo 2: Ilustrações

I. Condições de prateleira do amendoim nos pontos de Amostragem


Anexo 3: Ficha de registo da análise da presença de fungos nas amostras

ANÁLISE FITIPATOLOGICA DE SEMENTES/GRÃOS


Número de acesso: Cultura: No da Amostra:
Data da Incubação: Data da Leitura:
Análise no: Método:
Número de sementes/grãos por placa: Total de sementes testadas:
No de Placas
Espécies Fúngicas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Observações:
Anexo 4: Folha de Teste de Inspecção seca.

FOLHA DE TESTE DE INSPECÇÃO SECA

CODIGO

1) 2) 3) 4) 5) 6)

Espécie/Variedade (Conforme requerente)

Espécie/Variedade (LATIM)

Anomalias # Semente/Grão %

1.ᵃ ( )/2.ᵃ ( )

Atacadas por
Insectos (1)

Descoloração
Preta (2)

Aprovação do
Descoloração Responsável
Castanha (3)

Descoloração
Branca (4)

Descoloração
Rosa (5)

DATA
Partidas (6)
Anexo 5: Folha de Teste de Pureza
Anexo 6: Folha de Teste de Germinação.
Anexo 7: Guião de amostragem de sementes/grãos de amendoim

GUIÃO DE AMOSTRAGEM DE SEMENTES/GRÃOS DE AMENDOIM

I. DADOS PESSOAIS (O COMERCIANTE):

Nome: Idade: Inquérito No:


Morada: Contacto:
Local de trabalho: Data:

II. DADOS INERENTES AO PRODUTO (SEMENTES/GRÃOS):

A. LOCALIZAÇÃO

Nome do Mercado: Código da amostra:


Posto Administrativo: Localidade:
Coordenadas Geográficas (Gps)
Altitude: Latitude: Longitude:

B. ACONDICIONAMENTO DO PRODUTO

Condições de Armazenamento

Vida de prateleira: Proveniência:


Outras Observações:

C. AMOSTRA

Condições das semente/grãos:


Quantidade(Kg): Variedade:

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