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N.° 267 — 18-11-1994 DIARIO DA REPUBLICA — 1 SERIE-B __ 6885 MINISTERIO DO EMPREGO E DA SEGURANCA SOCIAL Decreto Regulamentar n.° 66/94 do 18 de Novembro © presente diploma visa regulamentar o exercicio da actividade de formador no ambito da formacéo pro- fissional inserida no mercado de emprego, de acordo com 0 estabelecido nos Decretos-Leis n.* 401/91 ¢ 405/91, ambos de 16 de Outubro, os quais vieram in- troduzir no Pais mecanismos inovadores em matéria de formagio profissional. ‘A matéria objecto deste diploma ndo encontra pre- cedente no ordenamento juridico nacional, pelo que se procurow precisar os conceitos que traduzem quer as orientagdes, quer a realidade conhecida neste dominio no plano nacional, quer as orientagdes que prevalecem na evolucao observavel no espaco comunitario. Neste ido, definiram-se requisitos para o exercicio da ac- tividade de formador, deixando a definicdo de perfi Profissionais especificos de cada tipo de actividade actuagao regulamentadora da comisso permanente de coordenacao do sistema de certificacao. Constatando-se que a qualidade da formacdo deveré ser alicersada na consolidagdo ¢ dignificagdo da fun- 40 de formador, o presente diploma contém um con- junto de disposi¢des que, sendo inovadoras quanto & matéria, garantem uma’ conveniente flexibilidade adaptabilidade 4 evolucdo do tecido econdmico ¢ so- cial ¢ as transformagdes que ocorrem nos métodos ¢ contetidos da formacdo. Ao Instituto do Emprego e Formacdo Profissional, ‘como servigo publico executor das politicas de forma ‘do profissional, compete proceder a certificagao dos formadores, bem como organizar bolsas de formado- res, que deverdo ser colocadas ao dispor dos interessa- dos, 0 que permitira assegurar uma maior transparén- cia no mercado da formacio. © presente diploma foi discutido e mereceu a con- cordancia da Comissao Permanente de Concertagao So- cial do Conselho Econémico e Social. ‘Assim: Ao abrigo do disposto nos artigos 10.° do Decreto- Lei n.° 401/91, de 16 de Outubro, e 13.° e 17.° do Decreto-Lei n.°'405/91, de 16 de Outubro, ¢ nos ter- mos da alinea c) do artigo n.° 202.° da Constituigao, © Governo decreta o seguinte: Artigo 1.° Orjecto presente diploma regulamenta o exercicio da acti- vidade de formador no dominio da formacdo profis- sional inserida no mercado de emprego. Artigo 2.° Concelto de formador 1 — Para efeitos do presente diploma, entende-se por formador o profissional que, na realizaco de uma ac- sao de formacéo, estabelece uma relagao pedagégica com os formandos, favorecendo a aquisicao de conhe- cimentos ¢ competéncias, bem como o desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento, adequados a0 desempenho profissional. 2 — O formador pode ter outras designagdes decor rentes da metodologia ¢ da organizagao da formacdo, nomeadamente instrutor, monitor, animador ¢ tutor de formacao. Artigo 3.° Tipos de formadores 1 — Os tipos de formadores podem distinguir-se em fungdo do regime de ocupacdo, do nivel de formacao que desenvolvem ¢ da componente de formacao que de- senvolvem. 2 — Relativamente ao regime de ocupagio, os for- madores podem ser permanentes ou eventuais, con- soante desempenhem as fungdes de formador como ac- tividade principal ou com cardcter secundério ou ocasional.. 3 — Relativamente a0 vinculo, os formadores podem ser internos, quando tenham vinculo laboral com a en- idade promotora ou beneficidria da accdo de forma- so, ou externos, caso exergam a actividade de forma- dor independentemente do vinculo laboral. 4 — Quanto ao nivel de formacao que desenvolvem, 0s formadores tém o nivel de formacdo correspondente a estrutura dos niveis de formacdo estabelecidos na De- iso n.° 85/368/CEE do Conselho das Comunidades, publicada no Jornal Oficial das Comunidades Euro- peias, de 31 de Julho de 1985. 5 — Relativamente aos componentes da formacao que desenvolvem, os formadores podem ser de forma- so tedrica ou de praticas profissionais. Artigo 4.° Requistos 1 — Constituem requisitos para 0 exercicio da acti- vidade de formador: 4) Aptidio psicossocial, que envolve, designada- mente, o espirito de cooperagao ea facilidade de comunicacdo ¢ relacionamento, a flexil dade, a tolerancia e capacidades de auto ¢ he- terocritica, bem como a assung4o da fungao cultural, social e econémica da formacao; b) Formagao cientifica, técnica, tecnolégica e pra- tica, que implica a posse de qualificagao de ni vel igual ou superior ao nivel da saida dos for- mandos nos dominios em que desenvolve a formagao; ¢) Preparagdo ou formacio pedagdgica, certificada nos termos da lei, adaptada ao nivel e contexto em que se desenvolve a accéo da formacao. 2 — Para efeitos do disposto na alinea 6) do nimero anterior, € exigivel: 4) Habilitagdo académica_adequada, quando se trate de formagao teérica geral; b) Habilitagdo académica adequada acrescida de um ano de experiéncia profissional, quando se trate de formacio teérico-técnica; ©) Habilitagdo académica adequada acrescida de trés anos de experiéncia profissional, quando se trate de formacao de praticas profissionais. 6886 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-B N.© 267 — 18-11-1994 Artigo 5.° Perfis profissionais A estrutura de coordenagdo prevista no artigo 14.° do Decreto-Lei n.° 95/92, de 23 de Maio, submeterd ‘a aprovacdo do Ministro do Emprego e da Seguranca Social, sob proposta das respectivas comissdes técnicas ‘especializadas, normas técnicas relativas aos perfis pro- fissionais especificos dos formadores. Artigo 6.° Reghme excepcionsl A titulo excepcional, as acgdes que, por razdes de natureza pedagégica ou relativas as matérias a tratar, ‘exijam a intervengdo de pessoas nao certificadas como formadores, mas que sejam possuidoras de uma espe- cial qualificagdo académica e ou profissional ou dete- nham formagdo nao disponivel no mercado, podem ser autorizadas por despacho fundamentado do respectivo membro do Governo. Artigo 7.° Direltos do formador 1 — Sao, nomeadamente, direitos do formador: @) Apresentar propostas com vista & melhoria das actividades formativas, nomeadamente através da participagdo no processo de desenvolvimento € nos critérios de avaliacdo da acrao de forma- 40, de acordo com o piano geral institucional- mente definidc b) Obter comprovacao documental, pela entidade promotora da accdo, relativa a actividade de- senvolvida como formador em acgdes por esta promovidas, especificando, designadamente, 0 nivel dos formandos, a qualidade da formago € 0 dominio de intervencdo; ©) Ser integrado em bolsas de formadores. 2 — Para efeito do disposto na alinea b) do nimero anterior, o formador dispord de documento adequado, de modelo a aprovar por portaria do Ministro do Em- prego e da Seguranga Social. Artigo 8.° Deveret do formador Sao, em especial, deveres do formador: 4) Procurar atingir os objectivos da acedo, tendo em consideragdo os destinatérios da mesma; b) Cooperar com as entidades beneficidrias € pro- motoras, bem como com outros intervenientes no processo formativo, no sentido de assegu- rar a eficdcia da acedo de formagio; ©) Preparar, de forma adequada e prévia, cada ac- sao de formagao, prevendo diferentes hipste- ses do seu desenvolvimento, a documentagao pedagégica, os métodos e meios utilizados, bem como os momentos de avaliacdo; @ Assumir padrdes de comportamento que favo- recam a criacdo de um clima de confianga compreensio miitua entre os intervenientes no processo formativo; @) Assegurar a reserva sobre dados ¢ acontecimen- tos relacionados com 0 processo de formacao € seus intervenientes; A) Zelar pelos meios materiais € técnicos postos a sua disposica 2) Ser assiduo e pontual; ‘h) Cumprir a legislacdo € os regulamentos ay veis & formacéo. Artigo 9.° Emissio de eertiicados 1 — Cumpridos 0s requisitos e exigéncias minimas estabelecidos para o acesso a actividade de formador, © correspondent certificado € requerido pelo interes- sado ou pela entidade promotora da acco de forma- do as entidades referidas no artigo 8.° do Decreto-Lei 1° 95/92, de 23 de Maio, sendo valido por um periodo de cinco anos, quando outro nao resulte das normas especificas de certificagdo. 2.— Os requerimentos a solicitar 0 certificado de for- mador deverdo conter ou ser acompanhados dos seguin- tes elementos a) Identificagao do formador; 5) Habilitacdes literdrias; ©) Qualificagées profissionais por area ¢ nivel de formacao; 4d) Preparagio pedagésica; e) Regime de ocupacéo; A) Outros dados cu go ou intervengdo em actividade de cardcter formativo, profissional ou cultural; icados ou de avaliacdes relati- ide profissional ou como for- icado de formador sera renovavel por periodos sucessivos de cinco anos, quando outro nao resulte das normas especificas de certificagdo, a reque- rimento da entidade promotora da accao de formagao ‘ou do préprio interessado, acompanhado dos respecti- vos documentos comprovativos. 4—A renovagio do certificado de formador de- pende da verificagao, durante o periodo de validade do anterior certificado, das seguintes condicdes: a) O desenvolvimento em média de, pelo menos, cento e vinte horas anuais de formacdo; 6) A frequéncia em média de, pelo menos, trinta horas anuais de formagao continua. 5 — Quando nao sejam observadas as condigdes pre- vistas no mimero anterior, a obtengao de novo certifi- cado esta sujeita a frequéncia e aproveitamento, por parte do interessado, de curso de aperfeigoamento técnico-pedagégico, a’ ministrar por qualquer das enti- dades com competéncia para certificar nos termos do artigo 8.° do Decreto-Lei n.° 95/92, de 23 de Maio. Artigo 10.° Bolsas de formadores 1 — Sem prejuizo da criagdo de bolsas de formado- res pelas entidades competentes para a emissio de certificados de formador, sera constituida no mbito N.° 267 — 18-11-1994 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-B 6887 do Instituto do Emprego e Formacao Profissional, nos termos do n.° 3 do artigo 13.° do Decreto-Lei n.° 405/91, de 16 de Outubro, uma bolsa de forma- dores, a nivel nacional, integrando todos os formado- res para os quais foram emitidos certificados. 2— A bolsa de formadores nacional serd su por bolsas de formadores regionais, as quais dispordo de ficheiros actualizados dos profissionais certificados como formadores em cada regio. - 3 — Compete ao Instituto do Emprego ¢ Formacao Profissional a organizacdo, gestdo e divulgacao da bolsa de formadores, & qual terdo acesso todas as entidades promotoras de accSes de formacao. 4 — Para efeitos do disposto no niimero anterior, as entidades com competéncia para certificar, de harmo- nia com o disposto na alinea b) do n.° 1 do artigo 8.° do Decreto-Lei n.° 95/92, de 23 de Maio, fornecerao, trimestralmente, ao Instituto do Emprego e Formagéo. Profissional os elementos referentes aos formadores por elas certificados. Artigo 11.° ‘Aco de formacie de formadores © Instituto do Emprego Formacdo Profissional, através dos seus centros de formacao profissional, ou mediante acordo a celebrar com outras entidades, bem como as instituigdes com competéncia para certificar nos termos do artigo 8.° do Decreto-Lei n.° 95/92, de 23 de Maio, tomara as medidas necessdrias ao langa- mento ¢ efectivacdo de acedes de formagdo de forma- dores que satisfacam as respectivas necessidades de ac- tualizagdo e que facilitem 0 seu acesso a formacao continua. Artigo 12.° Formadores da Administrago Pablica Aos formadores da Administracdo Publica é aplicé- vel 0 disposto no artigo 18.° do Decreto-Lei n.° 9/94, de 13 de Janeiro. Artigo 13.° Disposigées transitérias, 1 — Os profissionais que, a data da entrada em vi- gor do presente diploma, exercam a actividade de for- mador devem encontrar-se certificados nos termos nele previstos, a partir de 1 de Janeiro de 1997. 2 — Os actuais formadores que nao satisfagam os re- quisitos mencionados nas alineas b) e c) do n.° 1 e no 1n.° 2 do artigo 4.° apenas poderdo ser certificados para © exercicio da actividade de formador desde que, até Janeiro de 1997, frequentem, com aproveitamento, curso de formagao pedagdgico-didactica com duragao ‘minima de sessenta horas, ministrado pela entidade com competéncia para certificar, ¢ possuam experiencia comprovada de, pelo menos, cento vinte horas, quando se trate de desenvolver formagao dos niveis 1, Ie Ill, previstos na Decisdo n.° 85/368/CEE. 3 — Quando se trate de formadores que desenvol- vam formacdo dos niveis tv e v, previstos na Decisio n° 85/368/CEE, a exigéncia referida na parte final do numero anterior é alternativa. Artigo 14.° Entrada em vigor O presente diploma entra em vigor 60 dias apés a sua publicagao. Presidéncia do Conselho de Ministros, 5 de Setem- bro de 1994. Anibal Anténio Cavaco Silva — José Bernardo Ve- loso Faledo e Cunha. Promulgado em 31 de Outubro de 1994. Publique-se. © Presidente da Republica, MARIO Soares. Referendado em 3 de Novembro de 1994. O Primeiro-Ministro, Antbal Anténio Cavaco Silva. SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO Anuncio n.° 6/94 Faz-se saber que no dia 11 de Outubro de 1994 foi instaurado no Supremo Tribunal Administrativo, por STAL, Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Ad- ministtagéo Local, Manuel Caetano Bento, Antonio ‘Adriano de Sousa, Lino Marques Pereira, com base na alinea ) do n.°'1 do artigo 26.° do Decreto-Lei n.° 129/84, de 17 de Abril, um proceso de pedido de declaracao de ilegalidade de norma, ao qual foi atri- buido o n.° 35 988 da 1.* Subsecgdo da 1.* Secedo, tendo como objecto a norma constante no n.° 1.° da Portaria n.° 679/94, de 21 de Julho, do Primeiro- -Ministro ¢ Ministro das Finangas, publicada no Did- rio da Repiiblica, |." série, podendo os eventuais inte- ressados intervir nos autos nos termos e nos prazos fixados na lei. Lisboa, 3 de Novembro de 1994. — O Juiz Conse- Iheiro Relator, Carlos Alberto Vaz Serra Lima. — A Escriva-Adjunta, Maria José Metello de Népoles.

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