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3171072028, 18:16 Decrato n’ 7053 Presidéncia da Republica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juridicos Institui a Politica Nacional para a Populagéo em Situagdo de Rua e seu Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dé outras providéncias. {Vide ADPF 976) © PRESIDENTE DA REPUBLICA, no uso da atribuigao que Ihe confere o art. 84, inciso VI, alinea “a”, da Constituicao, DECRETA: Art. 12. Fica instituida a Politica Nacional para a Populacdo em Situagao de Rua, a ser implementada de acordo com os principios, diretrizes e objetivos previstos neste Decreto. Paragrafo Unico. Para fins deste Decreto, considera-se populacao em situagao de rua o grupo populacional heterogéneo que possui em comum a pobreza extrema, os Vinculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexisténcia de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros piiblicos e as areas degradadas como espago de moradia e de sustento, de forma temporaria ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite tempordrio ou como moradia proviséria, Art. 2° A Politica Nacional para a Populacdo em Situagao de Rua sera implementada de forma descentralizada e articulada entre a Unido e os demais entes federativos que a ela aderirem por meio de instrumento préprio. Paragrafo Unico. O instrumento de adesdo definira as atribuigdes e as responsabilidades a serem compartilhadas. Art, 32 Os entes da Federacao que aderirem a Politica Nacional para a Populagado em Situagéo de Rua deverdo instituir comités gestores intersetoriais, integrados por representantes das Areas relacionadas ao atendimento da populacdo em situacéio de rua, com a participacaio de foruns, movimentos ¢ entidades representativas desse segmento da populagao. Art, 42 O Poder Executivo Federal podera firmar convénios com entidades publicas e privadas, sem fins lucrativos, para 0 desenvolvimento e a execugao de projetos que beneficiem a populagao em situagdo de rua e estejam de acordo com os principios, diretrizes e objetivos que orientam a Politica Nacional para a Populago em Situagao de Rua. Art. 8°. Sao principios da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua, além da igualdade e equidade: | - respeito a dignidade da pessoa humana; Il - direito a convivéncia familiar e comunitaria; Alysson Leonel Bandini ‘Advogado Ill - valorizago e respeito a vida e a cidadania; cause IV - atendimento humanizado e universalizado; € hitpsiwww-planalt.goxbriciil_03/_ato2007-2010/2008/dacreto/s7053.htm 15 31/10/2023, 18:16 Decreto n° 7053 \ - respeito as condigdes sociais e diferengas de origem, raga, idade, nacionalidade, género, orientagao sexual e religiosa, com atengéo especial as pessoas com deficiéncia. Art. 62 Sao diretrizes da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua: | - promogo dos direitos civis, politicos, econdmicos, sociais, culturais e ambientais; Il - responsabilidade do poder publico pela sua elaboragao e financiamento; Il - articulago das politicas publicas federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal; IV - integraco das politicas puiblicas em cada nivel de governo; \V - integragao dos esforgos do poder piiblico e da sociedade civil para sua execugao; VI - participagao da sociedade civil, por meio de entidades, {runs e organizagdes da populagao em situagéo de rua, na elaboracao, acompanhamento e monitoramento das politicas publicas; Vil - incentive e apoio a organizagao da populagao em situagao de rua e a sua participacao nas diversas instncias de formulacao, controle social, monitoramento avaliacao das politicas publica: Vill - respeito as singularidades de cada territério e ao aproveitamento das potencialidades e recursos locais e regionais na elaboraca0, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento das politicas publicas; 1X - implantagao e ampliagao das ages educativas destinadas & superagao do preconceito, e de capacitagao dos servidores publicos para melhoria da qualidade e respeito no atendimento deste grupo populacional; ¢ X - democratizagao do acesso e fruicao dos espagos e servigos publicos. Art. 72. Sao objetivos da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua | - assegurar 0 acesso amplo, simplificado e seguro aos servicos e programas que integram as politicas pilblicas de satide, educacdo, previdéncia, assisténcia social, moradia, seguranca, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda; Il - garantir 2 formagao e capacitagao permanente de profissionais e gestores para atuagao no desenvolvimento de politicas publicas intersetoriais, transversais e intergovernamentais direcionadas as pessoas em situagao de rua; IIL - instituir a contagem oficial da populagao em situagao de rua; IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores socials, econémicos e culturais sobre a rede existente de cobertura de servigos piiblicos & populagdo em situagao de rua; \V - desenvolver agées educativas permanentes que contribuam para a formagéo de cultura de respeito, ética e solidariedade entre a populacéo em situacdo de rua e os demais grupos sociais, de modo a resguardar a observancia aos direitos humanos; VI - incentivar a pesquisa, produgao e divulgagao de conhecimentos sobre a populagéo em situagéo de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de género e geracional, nas diversas areas do conhecimento; VII- implantar centros de defesa dos direitos humanos para a populacao em situagao de rua; hitps:/iwww.planato.goubrlecivi_03/_e162007-2010/2008/decreto/d7053.htm 215 311072028, 18:16 Decroto n? 7053 Vill - incentivar a criagao, divulgagao e disponibilizagéo de canais de comunicagao para o recebimento de dentincias de violéncia contra a populagao em situacdo de rua, bem como de sugestées para o aperfeigoamento e melhoria das politicas publicas voltadas para este segmento; IX - proporcionar 0 acesso das pessoas em situagao de rua aos beneficios previdenciérios assistenciais e aos programas de transferéncia de renda, na forma da legislacao especifica; X-criar meios de articulago entre o Sistema Unico de Assisténcia Social e o Sistema Unico de Satide para qualificar a oferta de servios; XI - adotar padrao basico de qualidade, seguranga e conforto na estruturagdo e reestruturacéo dos servigos de acolhimento tempordrios, de acordo com o disposto no art. 8°; XII - implementar centros de referéncia especializados para atendimento da populagéo em situagéio de rua, no Ambito da protegdo social especial do Sistema Unico de Assisténcia Social; XIII - implementar agdes de seguranca alimentar e nutricional suficientes para proporcionar acesso permanente a alimentacéo pela populacdo em situagéo de rua a alimentacéo, com qualidade; e XIV - disponibilizar programas de qualificagao profissional para as pessoas em situagéio de rua, com 0 objetivo de propiciar 0 seu acesso ao mercado de trabalho. Art. 82 © padrdo basico de qualidade, seguranca e conforto da rede de acolhimento tempordrio deverd observar limite de capacidade, regras de funcionamento e convivéncia, acessibilidade, salubridade e distribuicao geografica das unidades de acolhimento nas areas urbanas, respeitado 0 direito de permanéncia da populagdo em situagéo de rua, preferencialmente nas cidades ou nos centros urbanos. § 12. Os servigos de acolhimento tempordrio serao regulamentados nacionalmente pelas instancias de pactuagao e deliberagdo do Sistema Unico de Assisténcia Social. § 22 Aestruturagao e reestruturacao de servicos de acolhimento devem ter como referéncia a necessidade de cada Municipio, considerando-se os dados das pesquisas de contagem da populagao em situagao de rua. § 32 Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate & Fome, por intermédio da Secretaria Nacional de Assisténcia Social, fomentar e promover a reestruturagao e a ampliagao da rede de acolhimento a partir da transferéncia de recursos aos Municipios, Estados e Distrito Federal. § 4° A rede de acolhimento temporario existente deve ser reestruturada e ampliada para incentivar sua utilizagao pelas pessoas em situacao de rua, inclusive pela sua articulagao com programas de moradia popular promovidos pelos Governos Federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal. Art-9°—Fiee-inatituide—o-Gomitétntersetorial-d oho Monitoramento-da deserite: (Revogado pelo Decreto n° 9.894, de 2019) : oe : Societe Gombate-a-Fome: (Revogado Dew 9, 4 H~Ministérie-de-dustiga: (Revogado pelo Decreto n° 9.894, de 2019) https /ra:planalto.govbriehil_08/_ato2007-2010/2008/docreta/d7053.htm 3is 31/1012023, 18:16 Decreto n° 7053 Fé -HMinistérie-de-Satide; ba rene TTT eee Y—Ministérie-de-Edueacéo; (Revogado pelo Decreto n° 9.894, de 2018) Mi~-Ministério-das-Gidades: (Revoeado ele Decralo n° 86d de2013) é zi (Revogado pelo Decreto n° 9,894, de 2019) inisté - (Revogado pelo Decreto n° 9,894, de 2019) x —Ministérie-da- Cultura: (Revogado pelo Decreto n° 9,894, de 2019) pere-c-atendimente-te-peptilagdie-em-sittagde-detta: (Revogado pelo Decreto n® 9.894, de 2019) : . este Pid p ent Sittragae-de Rua: {Revogado pelo Decreto n° 9,894, de 2019) \i~institeir grupos-de trabatho-temdticos-emrespeciat pare diseutir as deevantagens-seciais: Pare-suerinchisae-e-compensagae-sociat- (Revogado pelo Decreto n° 9.894, de 2019) 2019) hntps:/wwn planato.goubrcivi_03!_s102007-2010/2008/decroto/e7053.htm ais 31/10/2028, 18:16 Decreio n? 7053 ae sito 6 fie-e-Estatisti BOE "i 3 Pott 7 P * i a (Revogado pelo Decreto n° 9.894, de 2019) MY 7h eeerplayia: Eapocint des-Diteltes-iimanes: 66 presidencie-derRepebtce da poe : Sitragdede Re: (Revogado pelo Decreto n° 9.894, de 2019) Art. 15. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidéncia da Republica instituira o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos para a Populacdo em Situagao de Rua, destinado a promover e defender seus direitos, com as seguintes atribuiges: | - divulgar e incentivar a criagao de servigos, programas e canais de comunicacao para dentncias de maus tratos e para o recebimento de sugestées para politicas voltadas a populagao em situagao de rua, garantido 0 anonimato dos denunciantes; ll - apoiar a criagao de centros de defesa dos direitos humanos para populacdo em situagao de rua, em ambito local; Ill - produzir e divulgar conhecimentos sobre o tema da populacao em situagdo de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de género e geracional nas diversas areas; IV - divulgar indicadores sociais, econémicos e culturais sobre a populacao em situacao de rua para subsidiar as politicas piblicas; e \V - pesquisar e acompanhar os processes instaurados, as decisdes e as punigdes aplicadas aos acusados de crimes contra a populacdo em situagdo de rua. Art. 16, Este Decreto entra em vigor na data de sua publicagao. Brasilia, 23 de dezembro de 2009; 188° da Independéncia e 1212 da Republica LUIZ INACIO LULA DA SILVA. Tarso Genro Fernando Haddad André Peixoto Figueiredo Lima José Gomes Temporao Patrus Ananias Joao Luiz Silva Ferreira Orlando Silva de Jesus Junior Marcio Fortes de Almeida Dilma Rousseff Este texto n&o substitui o publicado no DOU de 24.12.2009 hitpesiwew.planato.govibrecii_08/_ato2007-20102008/decretold7053.ntm 55 POPULAGAO EM SITUAGAO DE RUA Diagnostico com base nos dados e informagées disponiveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal POPULAGAO EM SITUACAO DE RUA we Diagnostico com base nos dados e informagées disponiveis em registros administrativos e sistemas do Governo Federal MINISTERIO DOS DIREITOS HUMANOS E DA CIDADANIA - MDHC + SECRETARIA-EXECUTIVA ‘COORDENAGAO-GERAL DE INDICADORES E EVIDENCIAS EM DIREITOS HUMANOS SECRETARIA NACIONAL DE PROMOGAO E DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS DIRETORIA DE PROMOGAO DOS DIREITOS DA POPULAGAO EM SITUAGAO DE RUA Esplanada dos Ministérios, Bloco A, 9° andar, Brasilia, Distrito Federal, CEP 70.054-906 Telefone: (61) 2027-3562 direitoshumanos@mdh.gov.br www.gov.br/mdh/pt-br Brasilia, agosto de 2023. 0s direitos autorais séo reservados ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A reprodugdo do todo ou parte deste documento 6 permitida somente para fins ndo lucrativos e desde que citada a fonte. Projeto grafico e diagramagGo: Daniel Neves Pereira/ASCOM MDHC. Foto da capa: Marcos Santos/USP Imagens vv | a wa Sumario Sumario Executivo 5 Introdugao 7 Bases de dados consultadas 10 Analisando os dados 15 Namero de pessoas em situagao de rua cadastradas no Cadastro Unico 15 Perfil das pessoas em situagdo de rua cadastradas no Cadastro Unico 18 Violéncias contra pessoas em situagdo de rua notificadas no SINAN 20 Servigos de satide voltados a populagao em situagdo de rua 22 Servicos de assisténcia social voltados populagdo em situa¢gdo de rua 27 Apontamentos para as Politicas Publicas 33 Referéncias 36 rapeure talneer te bam Pena MOM neon gue un) ce Bey a s pues ‘nunca ou quase nunca tem ee ena Were ain Sain Gi ine fc em situacao de rua, em dezembro 2022, REC r ke keca cae Cera Re eat nek tend servicos de assisténcia social no pais, SE ere cece en etek a) NC eCURe une OR ca cen tg Centro de Referéncia de Assisténcia Social (COL mesa) Paar sa ne ite meter (tamer tetera cc PCE We etl seca Reese ale SPL Orley Ree en ect mmaca til erat) Em 2022, havia 246 Centros Pop em PeeRe eee gt iclot ie 218 municipios (menos de 7% do total de faMiie esto ec et ues eles rua no pais e 69% do total de municipios com mais de 100.000 habitantes). Na satde, entre dezembro de 2015 e Pele Zelnal gels] ayer NOLO AU A Bec IAT A] Cod Pea eat ieee elton Consult6rios na Rua - eCR, passando de Pye eer ome ater) rele a ee oc aie sete sesso tren EIN Sse rie omit teckel mais de 100.000 habitantes). eer Pe TCS eee We Pea ede eo Parent een ee eevee oo Poe Cet Sea Mere rua err ede ena (eer Ee MO teed Ie Tel 7c eK (Pee Pear aeueek ea on oe Pecnec aie Noe Tuer RCM uricens es Tor? Reser oe Eee OPENER Eee) Pees eA necro mre Rese cMac} SPER isaac Rey treo A ae Ruste SSRs MOU ee Prone Notificagao (SINAN), do Ministério da ee enone alc a condicao de situacao de rua da vitima (48,608 notificacdes), o que representa Tye eRe CM Panatite-testacd toa CaP EL 7 EO) Cra oma eter nen mS Ee eagle Congas er od CT se Se iste col CO Treen EE MCT ctod elge d ea reducao de -27% na Sul. O ano de Cir Tela ag ua ogo M A Neo Selle notificagdes de violéncia no pais foi de POT CPOE AC ELS eee eS geet ec cy Eee ec ee se a nas ruas, foram vitimas de 40% dos casos de violéncia notificados em 2022, ReMen StS rn uy Eee ate SER u ee ceeat CsI Mone Maceo sc Conc Ue eC ee ER ERC etaria mais atingida é de 20 a 29 anos (C2) ev ole eee eek esa rete Nol als tL) Cera rence Pea Ea Me inte Mite ect Oe col ata Peete en Ciacci cet Geese Se ae ERC ERA IETS foram indicadas como provaveis autores da agressdio em 39% dos casos e o local Ore ironies ncn crn BEES et eee Reece een ie cu ke erie seo TCE OU ECE oeS desagregadas por regido, estados e municipios podem ser acessadas pelo Pent 7.__roPuiacAo. sTuscRo De RUA. Dbgréséccom base nos odes formas spats mepsresambsrabvese suas do GoveroFeéert Introdug¢ao Este relatério tem como objetivo apresentar informagées referentes a populacdo em situacao de rua do pais, a partir dos dados disponiveis nos cadastros e sistemas de informagdo do Governo Federal, a fim de subsidiar o diagnéstico e as intervengdes no ambito das politicas publicas voltadas a essa populacao. Desde 2009, esta vigente a Politica Nacional para a Populacao em Situagao de Rua (PNPSR), instituida pelo Decreto n° 7.053, de 23 de dezembro de 2009. Conforme o Decreto, considera- se populagao em situacao de rua o grupo populacional heterogéneo que possui em comum a pobreza extrema, 0s vinculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexist@ncia de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros publicos e as areas degradadas como espaco de moradia e de sustento, de forma tempordria ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite tempordrio ou como moradia provisoria (BRASIL, 2009a) "Os objetivos da PNPSR sao: assegurar 0 acesso amplo, simplificado e seguro aos servicos e programas que integram as diversas politicas pUblicas desenvolvidas pelos rgaos do Governo Federal e seus principios prezam pelo respeito a dignidade da pessoa humana; o direito 4 convivéncia familiar e comunitaria; a valorizagdo e respeito a vida e a cidadania; 0 atendimento humanizado e universalizado; eo respeito as condigées sociais e diferencas de origem, raca, idade, nacionalidade, género, orientacao sexual e religiosa, com aten¢o especial as pessoas com deficiéncia” (idem). A Politica Nacional para a Populacdo em Situacdo de Rua deve ser implementada de forma descentralizada e articulada entre a Unido e os demais entes federativos. Para a elaboracao dos planos, programas e projetos, e a coordenaco e proposi¢ao de medidas que assegurem a articulaco intersetorial das politicas publicas federais para a implementacdo da PNPSR, foi institufda, pelo Decreto 11.341, de 01 de janeiro de 2023, a Diretoria de Promocao dos Direitos da Populacdo em Situacdo de Rua (DDPR), no dmbito da Secretaria Nacional de Promogao e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) (BRASIL, 2023a). Também foi ampliada e revista, em 2023, a composicao do Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagdo em Situacdo de Rua PORULASAO Fu STUAGKO DE RUA- Bagram base nor dare Iformacdes dsenbels mn repos admnsraos estes do Govena Feet (CIAMP-Rua) (BRASIL, 2023b). No entanto, para que se possa implementar de forma efetiva a PNPSR, tanto em Ambito federal, quanto nos estados e municipios, é primordial ter informacées fidedignas sobre essa populacao, a fim de se conhecer quantas pessoas esto em situagao de rua atualmente, qual a sua distribuicao no pais e qual o perfil dessa populac3o, buscando politicas direcionadas e oportunas. Para isso, a politica traz entre seus objetivos: “lI - instituir a contagem oficial da populacdo em situacéo de rua; bel VI - incentivar a pesquisa, producao e divulgacdo de conhecimentos sobre a populagdo em situagao de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de género e geracional, nas diversas Greas do conhecimento”. Porém, essa contagem oficial das pessoas em situagao de rua ea divulgag3o das informagées sobre essa populagao nao se concretizaram até o momento. Em Decisdo Liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguigdo de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 976, de 2023 (BRASIL, 2023d), 0 érgao afirma que: “Nos tiltimos anos, a crise da rua tornou-se cada vez mais evidente na realidade dos brasileiros, seja vivida, seja testemunhada. Essa condi¢do de emergéncia social € conhecida pelo Estado brasileiro, mas a grave escassez de dados estatisticos sobre a populacdo em situacao de rua (PSR) e a auséncia de dados oficiais recentes sobre esse grupo social dificultam a suplantagao desse problema. Com efeito, 05 tiltimos Censos Demograficos realizados ignoraram essa populagao e inclufram somente a populacao domiciliada. 0 Gnico levantamento oficial de que se tem ciéncia foi realizado em 2009. Trata-se da “Pesquisa Nacional sobre Populagdo em Situacdo de Rua", promovida pelo Ministério 8 Foputacho eu sruagio De RUA. Digrésiccom base nos ads formebes dpa regres ambisrabvor semss do GovemoFaéera do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Por essa razéio, 0 STF determinou a formulacao, pelo Poder Executivo Federal, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, do Plano de Acdo e Monitoramento para a efetiva implementagdo da Politica Nacional para a Populagao em Situacao de Rua, devendo conter, entre outros: “1.1) Elaboragdo de um diagnéstico atual da populagdo em situagao de rua, com identificagao do perfil, da procedéncia e de suas principais necessidades, entre outros elementos @ amparar a construgéio de politicas publicas voltadas ao segmento; 1.2) Criagdo de instrumentos de diagnéstico permanente da popula¢Go em situacdo de rua: 1.3) Desenvolvimento de mecanismos para mapear a populagao em situagao de rua no censo realizado pelo IBGI Lo Afim de subsidiar a resposta e a atuaco do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Coordenacao- Geral de Indicadores e Evidéncias da Secretaria-Executiva apresenta o presente relatério, com base na anélise dos dados sobre as pessoas em situagao de rua disponiveis até 0 momento nos principais cadastros e sistemas de informacao do Governo Federal + WwW y D 0 ORULAGAO STUNGKODERUA- Bagnsocombase nos dads Informa dient metro dminitraos ete 10 Bases de dados consultadas Tendo em vista a limitagao de fontes de dados sobre a populagdo em situacao de rua, buscou-se informacdes a partir das bases da Assisténcia Social (Cadastro Unico e Registro Mensal de Atendimentos - RMA) e da Saude (Sistema de Informacao de Agravos de Notificacao - SINAN, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saude - CNES Sistema de Informagao em Satide para a Atencao Basica - SISAB), a fim de identificar 0 quantitativo e perfil das pessoas em situacdo de rua (PSR) e as notificagdes de violéncias atendidas e registradas pelos servicos de satide. Segue uma breve descricdo sobre cada uma dessas bases: * Cadastro Unico: 0 Cadastro Unico para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Unico) foi instituido através da Lein® 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (BRASIL, 1993). Eoinstrumento de coleta, processamento, sistematizagao e disseminacao de informagées para identificacdo e caracterizacdo socioeconémica das familias de baixa renda que residem no territério nacional, sendo utilizado para 0 acesso e a integracao de programas sociais do Governo Federal. Desde 2022, 0 cadastramento das familias tem sido realizado pelos Municipios que tenham aderido ao Cadastro Unico ou pelas familias, por meio eletrénico, na forma estabelecida pelo atual Ministério do Desenvolvimento e Assisténcia Social, Familia e Combate a Fome (MDS). Atualmente, existem trés instrumentos de coleta: Identificacao da Pessoa; Identifica¢ao do Domicilio e da Familia e Identificacao do Agricultor Familiar. Tendo em vista que, até o momento, nao foi realizado um Censo especifico para as PSR contemplando todos os municipios do pats, o Cadastro Unico tem sido utilizado como proxy para uma estimativa da populacao em situagao de rua no pals, o acompanhamento da sua evolucao ao longo do tempo e a compreensio do perfil dessa populagao. No entanto, destaca-se que esses dados sé contabilizam as PSR que efetivamente acessaram a politica de assisténcia social e foram cadastradas, nao contemplando necessariamente toda a populacao em situacao de rua do pais, Para esse relatorio, foram contabilizadas todas as pessoas inscritas no Cadastro Unico em dezembro de 2022, incluindo todas as condi¢6es cadastrais. Link para acesso aos dados: https://www.gov.br/pt-br/servicos/ consultar-dados-do-cadastro-unico-cadunico PoruLscho eustruachooe Dlgréstcocom base nos datos. rarmacter panies em reirt admintratvos sistas do Govern Federal RMA: O Registro Mensal de Atendimentos (RMA) foi criado para atender as determinagdes da Resolucao CIT n°.4, de 24-de maio de 2011, que institui parametros nacionais para o registro das informagées dos servicos ofertados nos centros de referéncia da assisténcia social (BRASIL, 2011), Trata-se de um sistema no qual sao registradas informacées sobre o volume de atendimentos e alguns perfis de familias e individuos atendidos/acompanhados Nos CRAS, CREAS e Centros POP. O sistema gera relatérios sobre o trabalho desenvolvido pelas equipes no decorrer de cada més, permitindo analisar os tipos de servicos ofertados e o volume de atendimentos, com marcacoes especificas para PSR nos atendimentos de CREAS e Centros Pop. Compete a cada municipio regular de forma mais detalhada os fluxos e processos entre seus respectivos servigos e 0 nivel central da gesto. Assim, pode haver sub-registro e variagdes na qualidade dos dados entre diferentes localidades. Link para acesso aos dados: https:// mds.gov.br/: x: Censo SUAS: O Censo do Sistema Unico de Assisténcia Social - Censo SUAS foi regulamentado pelo Decreto n° 7,334, de 19 de outubro de 2010 (BRASIL, 2010), embora seja realizado desde 2007. Tem a finalidade de coletar informagées sobre os servicos, programas e projetos de assisténcia social realizados no Ambito das unidades pUblicas de assisténcia social e das entidades e organizagOes constantes do cadastro de que trata 0 inciso XI do art. 19 da Lei n° 8.742, de 7 de dezembro de 1993, bem como sobre a atua¢ao dos Conselhos de Assisténcia Social. A geracao de dados no émbito do Censo SUAS tem por objetivo proporcionar subsidios para a constru¢3o e manutencao de indicadores de monitoramento e avaliacdo do Sistema Unico de Assisténcia Social - SUAS, bem como de sua gestdo integrada. A realizacao do Censo SUAS é anual, baseada em um processo de coleta de dados por meio de um formulério eletrénico, que é preenchido pelas secretarias e pelos conselhos de assisténcia social dos estados e dos municipios. O levantamento faz um retrato detalhado sobre a estrutura e os servicos prestados Nos equipamentos de assisténcia social de todo o pais, © que contribui para a qualificagao do planejamento, acompanhamento e avaliagdo do SUAS. Link para acesso aos dados: http://aplicacoes,mds.gov, br/sagi/snas/ vigilancia/index2.php FOPULACHO FM SITUAGKODERUA- agnosie combaenes dose formas spaniels emrelsvos mines sisemas do Govens Federal 2 + SINAN: 0 Sistema de Informagao de Agravos de Notificagao (SINAN) é alimentado, principalmente, pela notificacdo e investigagao de casos de doencas e agravos que constam da lista nacional de doencas de notificacdio compulséria, sendo facultada a estados e municipios a inclusdo de outros problemas de satide importantes em sua regido. De acordo com a Portaria de Consolidagao GM/MS n° 4/2017, também so objetos de notificagao compulséria os casos suspeitos ou confirmados de “Violéncia doméstica e/ou outras violéncias” e de notificacao imediata casos de “yioléncia sexual e tentativa de suicidio” (BRASIL, 2017a). O SINAN pode ser operacionalizado nas unidades de satide, seguindo a orientacdo de descentralizacao do SUS ea Ficha Individual de Notificagao (FIN) é preenchida para cada paciente quando da suspeita da ocorréncia de problema de satide de notificagao compulséria ou de interesse nacional, estadual ou municipal. Ha um campo especifico de marcagao na ficha para situacao de rua, no item referente a motivacao da violéncia. Uma limitagao & que se estima que ainda haja uma subnotificacao desta informaco, sobretudo quando hé outras motivagées para a violéncia. Link para acesso aos dados: ftp://ftp. datasus.gov.br/ + CNES: 0 Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Satide (CNES) foi instituido pela Portaria do Ministério da Saude n° 1646/2015 e consiste no sistema de informacao oficial de cadastramento de informacées de estabelecimentos de satide no pais, independentemente de sua natureza juridica ou de integrarem o Sistema Unico de Satide (SUS) (BRASIL, 2017b). € utilizado para cadastrar e atualizar as informagdes sobre os estabelecimentos de satide e suas dimensdes, como recursos fisicos, trabalhadores e servicos. O cadastramento e a manutengao dos dados cadastrais no CNES sdo obrigatérios para que todo e qualquer estabelecimento de satide em funcionamento no territério nacional. No CNES, hd cadastros especfficos para equipes, entre elas as equipes de Consult6rio na Rua {eCR), no Ambito da tengo primaria, Uma limitagao da base é que 0 cadastro ativo no CNES nao necessariamente representa o funcionamento efetivo das equipes nos territorios. Link para acesso aos dados: http://tabnet, : 13 _roputacho i srruscho DE RUA. Dignéstc com bae nos dade formate: ponies om egies aéminsratose stem do Govero sera * SISAB: O Sistema de Informacao em Satide para a Atencao Basica (SISAB) foi institufdo pela Portaria GM/ MS n° 1,412/2013 e é 0 sistema de informacao da Aten¢ao Basica vigente para fins de financiamento e de adeso aos programas e estratégias da Politica Nacional de Atencao Basica (BRASIL, 2017b). Coleta informag6es sobre a situacdo sanitaria e de sade da populagio do territorio por meio de relatorios de satide, bem como de relatorios de indicadores de sade por estado, municipio, regiao de satide e equipes da Estratégia Saude da Familia, dos Nucleos de Apoio a Satie da Familia (NASF), do Consultério na Rua (eCR), de Atencao a Satide Prisional (EABp) e da Atencao Domiciliar (AD), além dos profissionais que realizam acoes No ambito de programas como o Satide na Escola (PSE) e a Academia da Satide. Ainda que a informacao sobre a produco das equipes seja requisito para a manutencao do financiamento, ainda hé problemas com relagao a qualidade dos dados informados, o que representa uma limitacao da base. Além disso, este nao € 0 Unico servico de satide que realiza atendimentos as PSR, porém é 0 mais especifico. Link para acesso aos dados: https://sisab. saude.gov.br/paginas/acessoRestrito/relatorio/federal/ ‘Saude/RelSauProducao.xhtm| Além das limitacdes especificas de cada base, jé apresentadas, cabe destacar a limitacdo apontada em Decisdo do STF: “Enfatize-se, no entanto, a limitagao do levantamento em relagGo a esses numeros, em razdo das principais fontes utilizadas (Cadastro Unico para Programas Sociais do Governo Federal, Registros Mensais de Atendimento socioassistencial e Censo Suas), que ndo incluem a parte mais marginalizada da populagao em situagao de rua, ou seja, aquela que nao se beneficia de qualquer prestacao assistencial do Estado ou, ainda, aquela que sequer tem documentos de identificagao. Nessa conjuntura, néo existe um mapeamento oficial da populagao em situagdo de rua no pais, requisito essencial para o desenvolvimento de politicas publicas. A auséncia de censo oficial atualizado é elemento limitador para 0 desenvolvimento de pesquisas capazes nao sé de mensurar quantitativamente a populagao em situagao de rua, mas também qualitativamente. Isto é, gerar dados suficientes para desenhar o perfil (ou perfis) e as condigées de sobrevivéncia das pessoas em situagdo de rua no pais, indicando as principais vulnerabilidades, as causas mais recorrentes de entrada na rua, os motivos incentivadores de saida das ruas, entre outros fatores. Nao se pode negligenciar que, para o enfrentamento da tematica da populagao em situagéio de rua, é essencial de compreender o cendrio de estado nas ruas, ou oruiacko eM STUACHO DE RUA: Olagnésicocom bse nor dadosenfrmaySexSapensem eros adminaraces sims 6o Govern Federal “ seja, as principais faltas substanciais, como alimentacdo e higiene, os direitos fundamentais violados eo actimulo de vulnerabilidades do heterogéneo grupo social. £ igualmente relevante compreender os motivos que levam o individuo 4s ruas, pois 0 reconhecimento dessa circunsténcia permite desenvolver programas de prevencdo d entrada na rua, a fim de mitigar os numeros jé em aceleracao crescente. Em soma, entende-se essencial delinear fatores psicossociais 7 @ econdmicos que incentivam e impulsionam a saida das - ruas, para a elaboracao de politicas publicas e de medidas assistenciais com essa finalidade”. Assim, destaca-se que a presente andlise é apenas um diagnéstico preliminar e parcial sobre a populagdo em situagao de rua, devendo ser complementado com os dados do Censo Demografico 2022 (ainda nao disponiveis) e por outros instrumentos de diagnéstico permanente da populaco em situacao de rua a serem estabelecidos para co. cumprimento da Medida Cautelar e para a concretizagao da PNPSR. Analisando os dados Numero de pessoas em situacao de rua cadastradas no Cadastro Unico Definida como um grupo populacional heterogéneo, que possui em comum a pobreza extrema, os vinculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexisténcia de moradia convencional regular (BRASIL, 2009a), a populacao em situagao de rua tem aumentado significativamente no pais. Dados obtidos a partir do Cadastro Unico demonstram que, em dezembro de 2022, 236.400 pessoas encontravam-se em situacao de rua no Brasil e cadastradas no Cadastro Unico, ou seja, 1 em cada 1.000 pessoas no Brasil estava vivendo nessa situago. Quanto 4 distribuicao no territério, 3.354 dos municipios brasileiros tinha pelo menos uma pessoa em situaco de rua, o que corresponde a 64% do total de municipios do pais. Tabela 1 - 10 Municipios com maior numero absoluto de pessoas em situacao de rua cadastradas no Cadastro Unico em dezembro de 2022. POPULACAO PSRNO = % DO TOTAL REGIAO = UF_- MUNICIPIO TOTAL CADASTRO = DE PSR DO 2022 UNICO 2022 Pais Sudeste SP Sao Paulo 1.451.245 53.853 22,8 Sudeste RJ Riodejaneiro 6.211.423 13.566 57 Sudeste MG BeloHorizonte 2.315.560 11.826 5,0 Centro-Oeste DF Brasilia 2.817.068 7.924 34 Nordeste BA Salvador 2.418.005 7.909 33 Nordeste CE Fortaleza 2.428.678 6.334 27 Sul PR Curitiba 1,773,733 3.477 15 Sul RS PortoAlegre 1.332.570 3.189 13 Sudeste SP Campinas 1.138.309 2.547 11 sul SC Florianépolis 537.213 2.020 09 Total 10 municipios 32.423.804 112.645 47,7 Fonte: Elaboras80 prépria, apart de dados do Cadastro Unico (Cadastro Unico) edo Censo Demogréfico 2022 (IBGE). PORULAGHO Et STUAGAO DERUA- Dap com base ns dado narqbe ponivelsem egistos adndnliratives existe do Govern Federal 6 Os 10 municipios com maior ntimero de PSR concentram juntos quase 48% da populacdo em situacao de rua do Brasil, conforme verifica-se na tabela 1. Sdo eles: S40 Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brastlia, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Porto Alegre, Campinas e Florianépolis. Destaca-se que, destes, apenas Porto Alegre, Campinas e Floriandpolis nao esto na lista dos 10 maiores municipios do pais em termos de populacao total. S6 a cidade de Sao Paulo concentra uma quantidade de pessoas em situacao de rua maior do que a populacao total de 89% dos municipios brasileiros Em numeros absolutos, 0 Sudeste conta com o maior quantitativo de pessoas em situacdo de rua cadastradas, alcancando 145.689, em dezembro de 2022, o que representa 62% do total do pais. Assim como sua capital, 0 estado de Sao Paulo concentra a maior populacdo em situagdo de rua, com 95.195 pessoas (40%), conforme verifica-se na Tabela 2. Ja o Distrito Federal é a unidade da federacaéo com maior percentual de pessoas em situacao de rua com relaco & populag3o total (0,28%), com quase 3 pessoas em situagao de rua a cada mil habitantes. 6 estados possuem mais de 10.000 PSR cadastradas no Cadastro Unico. Sao eles: Sd Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Parana, Bahia e Rio Grande do Sul. Ja entre os municipios, Belo Horizonte apresenta o maior percentual de pessoas em situac3o de rua com relagdo & populagao total (0,5%), com 5 pessoas em situacao de rua acada mil habitantes. Esses dados apresentam apenas uma face do problema, entretanto. Enquanto cadastro de familias em situagdo de pobreza e extrema pobreza para acesso aos beneficios socioassistenciais, os dados do Cadastro Unico revelam 0 numero de pessoas alcancadas dentro dos limites da a¢ao estatal. Sobre isso, vale destacar que, para a inclusao no Cadastro Unico, 6 necessaria a apresentacao de Cadastro de Pessoa Fisica (CPF) ou certidao de nascimento, e uma das demandas mais recorrentes das pessoas em situagao de rua é de servicos de documentacdo, especialmente a segunda via de documentos pessoais como RG, CPF e certiddes, considerando que é muito comum que esses documentos sejam roubados, extraviados, perdidos ou deteriorados (IPEA, 2023a). Tabela 2 - Numero de Pessoas em Situagao de Rua (PSR) cadastradas no Cadastro Unico em dezembro de 2022, por Unidade da Federacao (UF). ur POPULACAO PSRINO CADASTRO Eorumeze % DO TOTAL DE TOTAL 2022 UNICO 2022 pe PSR DO PAIS 236.400 95.195 203.062.512 44.420.459 0,12 100 0,21 40,3 MG. 0 20 8AE 718 oa ORB Bam el iain Ale 11,0 A) 16.054.524 21.025 0.13 89 PR 11.443.208 13.384 0,12 5,7 BA 14.136.417 0,09 5,3, , [ ; [ RS. 10.880.506 it et SMO ets ! ce 8.791.688 0,10 39 sc 7.609.601 0,12 38 DF 2.817.068 0,28 34 PE 9.058.155 0,05 18 1 Go 7.055.228 0,05 16 ES. 3.833.486 0,09 15 MT 3.658.813 0,08 1,3 MA 6.775.152 0,03 10 PA 8.116.132 0,02 08 RN 3.302.406 0,06 08 MS 2.756.700 0,06 07 [ RR 636.303 0,27 0,7 / AL 3.127.511 0,04 0,6 ; AM 3.941.175 0,03 06 SE 2.209.558 0,06 05 Pl 3.269.200 0,04 05 | PB 3.974.495, 0,02 04 RO. 1.581.016 0,03 0,2 AC 830.026 0,03 01 TO 1.511.459 0,02 0,1 AP 733.508 88 0,01 0,0 Fonte: claborasso propria, partir de dados do Cadastro Unico e do Censo Demogréfico 2022 (IBGE). ‘oruvacdo et sTuAGkO DE RUA- Dlagnsiecom bee nos dade formasbes sponte mrexsvor adminis enemas do Govena Federal 8 No pais, 23% das PSR cadastradas informaram ser registradas em cartério, mas ndo possuir a certiddo de nascimento, Esse percentual foi maior na Regio Sul, com 32%, e menor no Nordeste (17%). Conforme a Decisdo do STF: “além do desafio de se obter informagées e de ter acesso documentos de identificacao e registro, dado que se estima que cerca de trés milh6es de brasileiros ndo possuem certidao de nascimento e em torno de 50 milhées nao tém CPF, muitas das politicas publicas destinadas a essa populagdo nao levam em conta essa vulnerabilidade para seu estabelecimento. Assim, é considerada a questao de como exercer cidadania sem acesso ao registro civil e a consequente invisibilidade diante de um rol de servicos basicos, como a utilizagao do SUS, retirada de auxilio etc.” (BRASIL, 2023d), Diante da auséncia de informagées sobre esse ptiblico nos estudos censitarios do pais, as pesquisas oficiais disponiveis sao baseadas em estimativas. Um exemplo é 0 estudo do Instituto de Pesquisas Econémica Aplicada (Ipea), publicado recentemente, que aponta para um crescimento menos acelerado dessa populacao, de 38% entre 2019 e 2022, analisando os dados do Censo SUAS (IPEA, 2023b). Apesar de optar por outra base de dados, o autor do estudo indica que 0 Cadastro Unico é um bom parametro para estimar 0 numero real de pessoas em situa¢ao de rua, considerando sua crescente correlacdo com os resultados de pesquisas de campo. Perfil das pessoas em situacao de rua cadastradas no Cadastro Unico Os dadbos registrados no referido Cadastro sobre a populagao em situagao de rua no pais, em dezembro de 2022, revelam um perfil majoritariamente masculino (87%), adulto (55% tém entre 30 e 49 anos) e de pessoas negras (pardas - 51%; pretas - 17%). A maioria sabe ler e escrever (90%) e jd teve emprego com carteira assinada (68%). Asituacao em alguns estados contrasta com 0 perfil nacional e merece destaque. A exemplo de Roraima, que apresenta um percentual significativo de mulheres (38%) e criancas adolescentes (19%) entre a populacao em situacao de rua. Cabe ressaltar que 94% do total de pessoas no estado vivendo nesta situagao é de origem estrangeira, majoritariamente 18 _PoPULAGRO AsITUACKODERUA-Disgndstco combate nos datos nlormacie pans em reins admbisratessstamar de Govern Fedral da Venezuela. Estudo realizado pela Céritas Brasileira (2022) aponta que a capital do estado apresentava, em 2009, 0 total de 67 pessoas em situa¢ao de rua, e passou para 5.867 em 2022. No quesito raca ou cor, a populacao negra representa 93% das pessoas em situagdo de rua nos estados da Bahia e do Amazonas. Quando avaliamos apenas 0 segmento das pessoas que se autodeclaram pretas, estas representam menos de 10% da populagao total do pais e 17% das pessoas em situacdo de rua, refletindo aspectos do racismo estrutural e exclusdo que marcam o Brasil. A proporgao de indigenas em situacao de rua é de 0,2% no pais, sendo maior na Regido Norte (0,5%). Entre os estados, a maior propor¢ao € no Para, de 0,9%. Chama aatencdo 0 percentual de pessoas em situacao de rua com deficiéncia (15%). A deficiéncia fisica é a mais frequente (47% entre as pessoas em situaco de rua com deficiéncia), seguida pelos transtornos mentais (ainda que ndo sejam necessariamente deficiéncias, porém contabilizadas dessa forma no Cadastro), com 18%, e as deficiéncias visuais (16%). Quanto ao local de nascimento, 37% nasceram no municipio atual, 59% em outro municipio e 4% em outro pais (9.749 pessoas). Do total de migrantes internacionais, 54% so provenientes da América do Sul, dos quais 43% sdo de origem venezuelana. Na sequéncia, esto os angolanos, representando 23%; e os afegaos, com 11%. O Nordeste é a regidio em que ha mais pessoas em situacao de rua vivendo no mesmo municipio em que nasceram (54%), com destaque para a Bahia, com 61%. Jd a Regiao Norte tem a maior proporcao de PSR que nasceram em ‘outro pais (33%). Conforme o STF, “delinear onde as pessoas esto e quais sao 09 seus movimentos na cidade, ou entre estados, permite elaborar agées de acolhimento focadas, o que evita gastos puiblicos excessivos, dada a maior eficiéncia do servico” (BRASIL, 2023d). Quanto 3 escolaridade, 10% das pessoas em situagdo de rua cadastradas no pais nao sabem ler e escrever, com um percentual maior no Nordeste (19%) e menor no Sul (7%). 2% referem que frequentam atualmente escolas, sendo © dobro no Nordeste (4%), ao passo em que 6% informam que nunca frequentaram a escola. Entre as pessoas em situacao de rua registradas no Cadastro. Unico, 14% informaram ter trabalhado na semana anterior, orULAcKo EA STUAGkODEHUA- lags combasenosdadese formacdes spots mregtes dminisratossistemss do GovemaFederal 20 com maiores percentuais no Norte (25%) e no Nordeste (21%) eo menor na regiao Sul (12%). Entre os que trabalharam, 97% 0 fizeram por conta prépria (bico, auténomo). A principal forma para ganhar dinheiro mencionada foi como catador (17%). Entre os que informaram ja ter trabalhado com carteira assinada, a maior proporgao esté na regiso Sudeste (79%) e a menor no Norte (36%). Os principais motivos apontados para a situacao de rua foram 0s problemas familiares (44%), seguido do desemprego (9%), do alcoolismo e/ou uso de drogas (29%) e da perda de moradia (23%). Quando perguntadas sobre locais para dormir, 55% informaram que dormem na rua, chegando a 70% na regiao Norte. No Sudeste, encontra-se a mais expressiva propor¢ao de pessoas que dormem em albergues (41%). A maior parte das pessoas em situacao de rua nao vive com suas familias na rua (92%) e nunca ou quase nunca tem contato com parentes fora da condicao de rua (61%). Existem servicos especificos para oferta de acolhimento @ assisténcia 4 populacao em situagao de rua, os Centros Pop. Nos 6 meses anteriores ao cadastramento, 52% das pessoas cadastradas informaram terem sido atendidas nesses servicos, variando de 28% na regido Norte a 66% no Nordeste. O Maranhio foi 0 estado com o maior numero de atendimentos (80%). Considerando 0 atendimento em outros servicos de assisténcia social no pais, 19% das pessoas em situacdo de rua informaram terem sido atendidas por CRAS, 24% por CREAS, 33% por outras institui¢des governamentais, 7% por institui¢des ndo governamentais e 9% por hospitais gerais. 12% informaram nao terem sido atendidos em nenhum local no periodo. Violéncias contra pessoas em situacgdo de icadas no SINAN Além de viver submetida a condig6es insalubres e desumanas em vias publicas (BRASIL, 2009b), essa populacdo esta exposta a situacées de maus tratos e violéncia. Entre 2015 e 2022, 2% do total de situagées de violéncia notificadas no Sistema de Informacao de Agravos de Notificag3o (SINAN), do Ministério da Sade, tiveram como motivagao principal a condicao de situacao de rua da vitima (48.608 notificacdes), o que representa uma média de 17 notificacdes por dia. No periodo, houve um aumento de 5% no pais, 21__roPutaghoeM srutgho DE RUA. Diapnisco com base nos dads iformagbsdsponbels em rept ninstatvse temas de GovenoFedert mas a distribuicao das notificag6es entre as regides revela diferencas significativas, como o incremento de 50% na regio Nordeste e a reducao de-27% na Sul. O ano de maior incremento no ntimero total de notificacdes de violéncia no pats foi de 2016 para 2017 (17%). Vale destacar que as notificagdes de violéncia no SINAN sao realizadas quando a pessoa acessa 0 sistema de satide e © agente publico realiza o registro da informacdo sobre a situacdo de rua da vitima. Neste sentido, é muito provavel que esses ntimeros nao representem o total de casos de violéncia contra esta populagao. Os 5 estados com 0 maior numero de notificagées de violéncia contra a populacdo em situagio de rua no periodo sdo: * Sao Paulo: 23% * Minas Gerais: 22% * Bahia: 11% + Parana: 7% + Rio de Janeiro: 4% Homens negros e jovens correspondem as principais vitimas desse tipo de violéncia. Pessoas pretas (14%) e pardas (55%) somam 69% das vitimas e a faixa etdria mais atingida é de 20 a 29 anos (26%), seguida dos 30 a 39 anos (25%). Criancas e adolescentes entre 10 e 19 anos representaram 14% das vitimas, chegando a 22% na Regio Norte, € 0s idosos correspondem a 6%. 14% das vitimas de 2022 possulam alguma deficiéncia ou transtorno. Os dados referentes a 2022, no SINAN, apontam que, apesar de representarem apenas 13% do total de pessoas vivendo nas ruas, as mulheres sao vitimas de 40% dos casos de violéncia notificados. As mulheres transexuais representam aidentidade de género mais frequente entre as vitimas que tiveram esse campo preenchido, Emrelacao ao tipo de violencia, 88% das notificagées naquele ano envolviam violéncia fisica, sendo a violencia psicolégica a segunda mais frequente (14%). Pessoas desconhecidas das vitimas foram indicadas como provaveis autores da agressiio em 39% dos casos e 0 local de agressao mais frequente foram as vias publicas. Casos recorrentes correspondem a 28% das notificagdes. oruiacho ta srTuacoDERUA- blade com bas nor dere nformagbesdlpontelsem reps Servicos de satide voltados 4 populagao em situagao de rua ‘As equipes de Consultério na Rua (eCR) so multiprofissionais ¢ lidam com os diferentes problemas e necessidades de satide da populacao em situacdo de rua. Integram o componente atengao basica da Rede de Atencao Psicossocial e desenvolvem ages de Atengdo Primaria & SaUde. Em sua atuacao, as eCR desempenham atividades in loco, de forma itinerante, desenvolvendo aces compartilhadas e integradas as Unidades Basicas de Satide (UBS) e, quando necessario, também com as equipes dos Centros de Atengao Psicossocial (CAPS), dos servicos de Urgéncia e Emergéncia e de outros pontos de atencdo, de acordo com a necessidade do usuario (BRASIL, 20170). As eCR foram instituidas em 2011 e, em 2018, tiveram os parametros populacionais atualizados para financiamento pelo Ministério da Satide. Ficou estabelecido que: + Ontimero maximo de eCR financiadas pelo Ministério da Satide por municipio e Distrito Federal corresponderd ao resultado da divisdo do namero de pessoas em situacao de rua do ente federativo pelo ntimero quinhentos (populacao de rua/500) (BRASIL, 2017c). +. Olimite minimo de populacao em situagao de rua para que a eCR seja financiada pelo Ministério da Sadde é de 80 pessoas em situa¢ao de rua no munic(pio ou Distrito Federal (BRASIL, 2017c). Isso equivale, em 2022, a 328 municipios. + Osmunicipios ou Distrito Federal com populagao total estimada de mais de 100.000 (cem mil) habitantes tera, no minimo, 1 eCR financiada pelo Ministério da Satide (BRASIL, 20170), Isso equivale, em 2022, a319 municipios. . AGRO EU ITUACAODE RUA-Digndstc com bate ns dao nfermagte panes om egies admire © de Govern Feral Tabela 3. Numero total de equipes e atendimentos dos Consultorios na Rua, em 2022, por regides, estados e capitais do Brasil. ESTADOS E CAPITAIS QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE EQUIPES ATENDIMENTOS REGIAO NORTE at} Para 7 Belém 4 ‘Amazonas 3 Manaus 2 Amapa 2 Macapa 2 Tocantins 2 Palmas 1 Rondénia 1 Porto Velho 1 Acre 1 Rio Branco 1 Roraima 0 Boa Vista 0 REGIAO NORDESTE Ee} Alagoas 6 Maceié. 6 Maranhao 4 Sao Luis 2 Bahia 18 Salvador 8 Ceara 4 Fortaleza 2 Pernambuco 9 Recife 4 Paraiba 5 Jodo Pessoa 4 24 PoPULAghoFAtSTUAGKODE RUA- Olagnén combate nos dade lnormaghes csponivel em egstrs admiisvauiasesiteras do Goveo Federal Sergipe 1 4,225 ‘Aracaju 4 4,225 Rio Grande do Norte 5 4,110 Natal 5 1.923 Piauf i 2.900 Teresina 5 2.900 REGIAO SUDESTE 138 1} -} So Paulo 70 315.646 So Paulo 31 226.175, Rio de Janeiro 35, 164.999 Rio de Janeiro 10 95.007 Minas Gerais 25: 73.677 Belo Horizonte 8 18.256 Espirito Santo 8 15.474 Vitoria 6.544 Rio Grande do Sul 118.103 Porto Alegre 5 75.248 Parana 12 19.180 Curitiba 4 3.431 Santa Catarina = 13.229 Florianopolis 2.758 Distrito Federal - 36.162 Brasflia 5 36.162 Mato Grosso do Sul 4 14.949 ‘Campo Grande 1 6.209 Mato Grosso 3. 12.253 Cuiaba 2 5.420 Goids bal 11.447 Goiania 5 2.332, Biohe 259 979.193 Fonte: Elaboracao propria, a partir de dados do CNES e SISAB. 25 _roPuLachoeusruscKo OE RUA. Disgndstca com bse nos dado inormagies panes om roginosaémlnsratos ser o GoveroFedera eC CO rt am EOL Pee seat CA ORC Tenor eer ss Goreng Ouen vey + Em julho de 2023, havia 281 equipes de Consultério Poteet eee Sued eck Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2022, houve um incremento de 82% no numero de Equipes de Deane tee Cee a ee ieee) tno een eC Nee at Eee nC de 9%, sendo o maior incremento entre 2020 e 2021 (14%). CHEN ge RE a ecu Chart) GON aru ane atu acaat tnt ed equipes (n = 16). A Regiao Sudeste concentra o maior nuimero absoluto de equipes (138), que equivale a 53% eset Or ria Apesar de, em 2022, 319 municipios terem porte Pee eee inete ree eaeer nett quantitativo minimo de pessoas em situacdo de eee ect ee ue ome nui iy ser Cle eM es eas ecu ieks eye lc a metade (n = 73) est no Sudeste. Ce ae COR Ene at Pete Lee GSR een cman iier emcee eto Denee Tuer testa ee wee OPED ee ec te Ret Eee Cai) eet Eee eka eal ee CPP tala Prue ose OR MECN Leta eCenar Eee PONE Oa Secu ieee rete Sa Se ST COCK aCe Menai) Informacao em Satide para a Atencao Basica (SISAB): Se ER ee CC atendimentos pelas eCR. CT Cael eR CULE Dold CRC oR RRL t a eT aE MeCN Re Re ALF Fen NCU Reece Core) 2.508%), assim como o maior numero absoluto de eee eee toe eect COR Cee on tance nac Don Lee Murals variagao foi no Centro-Oeste (422%). © numero de municipios que registraram atendimentos, no periodo, passou de 67 para 139 Cae meee lek ae Cee ECU Cee Ee Ce ee eC Ut ay MCCOMAS ee eee uuu los rte ears Gréfico 1 - Numero total de atendimentos registrados pelas equipes de Consult6rio na Rua, por ano. Brasil, 2015-2022. fom ok ie os ae 0) 1.578% Ano Fonte: Elabora¢o prépria, a partir de dados do Sistema de Informacao em Saude para a Atengao Basica (SISAB). + WwW 27 _roPuacho.esrruscho DE RUA. Digndsa com bzenot dads lormactesdapones mregtrot amiss stem de Govemo Feral Servicos de assisténcia social voltados a populacao em situacao de rua A Politica Nacional para Populacao em Situagao de Rua determinou a implantacao de centros de referéncia especializados para o atendimento a esse segmento no Ambito da politica de assist€ncia social. © Centro de Referéncia Especializado para Populacao em Situagao de Rua (Centro Pop) éuma unidade de referéncia da Protecao Social Especial de Media Complexidade, de carater publico estatal, onde so desenvolvidas agées de assisténcia social, dos orgaos de defesa de direitos e das demais politicas pUblicas - sade, educagao, previdéncia social, trabalho e renda, moradia, cultura, esporte, lazer e seguranca alimentar enutricional - de modo a compor um conjunto de acées de promocdo de direitos, que possam conduzir a impactos mais efetivos no fortalecimento da autonomia e potencialidades da populacao em situacao de rua (BRASIL, 2011b). Os servi¢os so voltados ao atendimento de jovens, adultos, idosos e familias que utilizam as ruas como espaco de moradia e/ou sobrevivéncia, e sao ofertados por demanda espontanea ou por encaminhamentos do Servico Especializado em Abordagem Social, de outros servicos socioassistenciais, das demais politicas puiblicas setoriais e dos demais orgaos do Sistema de Garantia de Direitos (BRASIL, 2014). O numero de centros e de atendimentos realizados durante o ano de 2022 estao apresentados na tabela a seguir. oruiagio te sTuAGkO DE RUA- Dlagntcecom bse ns dado nferagbes eponetzemregieos admins estas de over Tabela 4. Nimero total de Centros POP e de atendimentos no servico especializado para pessoas em situacao de rua em 2022, por regiées, estados e capitais do Brasil. ESTADOSECAPITAIS ——“CENTROS POP. ATENDIMENTOS isc Neus iP 9.799 Para 6 Belém 2 ‘Amazonas: 3 Manaus 1 Rondénia 1 Porto Velho 1 Acre 1 Rio Branco 1 Amapa 1 Macapa 1 Roraima 0 Boa Vista 0 Tocantins 0 Palmas 0 REGIAO NORDESTE 63 125,337 Bahia 19 49.611 Salvador 4 30.124 Ceara 9 33,494 Fortaleza 2 26.090 Pernambuco 9 15.511 Recife 4 10.732 Paraiba 7 7.797 Joao Pessoa 2 3.356 Maranh3o 9 6.235 Sao Luis 2 1.635 Alagoas 5 5.148 Maceié 3 2.438 Sergipe 1 3.415 Aracaju 1 3.415 29 ropuiachoustTuscAooe RUA lento combate os dados formes esonvelsem repre acmincrathor etna do GovernaFeser Piaut 2 2.381 Teresina 1 753 Rio Grande do Norte 2 1.745 Natal 1 1.245, REGIAO SUDESTE ah 295.355 Sao Paulo 58 178.897 Sao Paulo 6 57.083 Minas Gerais at 73.297 Belo Horizonte 4 30.495 Rio de Janeiro 19 31.828 Rio de Janeiro 2 7.384 Espirito Santo 7 11,333 Vitéria 2.370 iisei tek m ca) ata Parana 47.120 Curitiba 3 13.633 Rio Grande do Sul 13 35.249 Porto Alegre 3 17.177 Santa Catarina 9 26.842 Florianépolis 7.525 (isc Res eme Su cE Distrito Federal 2 17939 Brasilia 2 17939 Mato Grosso do Sul 5 7556 Campo Grande 1 3739 Goids 5 6754 Goiania 1 1757 Mato Grosso 3 6267 Cuiaba 3281 TOTAL Bi oPULAGHO fu STUAGAODERUA- Dlagnstice combasenosdadoseinformacbes spent emregtos sminstrotvoscsemos do GavenaFederel 30 Entre 2017 e 2022, houve um aumento de 65% no numero de atendimentos registrados pelos Centros Pop no pais, conforme apresentado no Grafico 2. Entre as regides, a Nordeste apresentou 0 maior aumento, de 135%, e a regido Norte o menor (9%). Grfico 2 - Ndmero total de atendimentos registrados pelos Centros Pop no Censo SUAS, por ano. Brasil, 2017-2022. 7000 % de aumento dos so0000 578218 atendimentos S000 registrados pelos 8 Centros Pop 2017- E somo 202 : 2 300000 380794 9 8 65% ee 100000 0 2017 2018 2019 2020 2021 2022 Ano Além dos Centros POP, os Centro de Referéncia Especializado de Assist€ncia Social (CREAS) também ofertam servicos de atendimento a populacao em situacdo de rua, em contextos especificos de violacdo de direitos. Entre as ofertas, destaca- se o Servico de Protecao e Atendimento Especializado a Familias e Individuos - PAEFI, que compreende agées de atencao e orientacao direcionadas para a promocao de direitos, a preservaco e 0 fortalecimento de vinculos familiares, comunitarios e sociais e para o fortalecimento da funcdo protetiva das familias diante do conjunto de condigdes que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situac6es de risco pessoal e social. A quantidade de CREAS no pais e o ntimero de pessoas que ingressaram no PAEFI ‘em 2022 esto dispostos a seguir: 31__roPutagko‘ sruscho Df RUA. Digntuca com bse nos dads ormagSe depen em repitrotaminsravosesleemat de Geveno Federal Quantidade de CREAS no pais: 2.845 * Norte: 278 (9,8%) * Noreleste: 1.090 (38,3%) * Centro-oeste: 245 (8,6%) * Sudeste: 793 (27,9%) + Sul: 439 (15,4%) 15,4% Quantidade total de pessoas em situacao de rua que ingressaram no PAEFI em 2022: 23.012 * Norte: 1.662 (7,2%) * Nordeste: 3.085 (13,4%) + Centro-oeste: 2.518 (10,9%) © Sudeste: 9.213 (40%) oa WV + © Sul: 6.534 (28,4%) * POPUIAGKO tM STUAGKODERUA- Dagnsten com base esd 1 dsponelsemregvoradminstathosestemesde Govern feders 32 Analisando-se os atendimentos registrados nos Centros POP e CREAS que constam no Censo SUAS e no RMA, destacamos que: 33 _poPULAGRO.siTUAGAO DERUA. Dlugnsticcombare nor dadoinfomacesdsponves em repro adnisratvoseshtemas do GovemaFedeal Apontamentos para as Politicas Publicas Ao analisar-se os dados disponiveis nos sistemas de informagao e cadastros do Governo Federal, verifica-se a necessidade de dados censitarios especificos sobre a populacao em situagao de rua, a fim de obter um dado fidedigno sobre qual é a real populacao em situacao de rua no pais e em cada territério, para além daquelas pessoas que j4 tém acesso as politicas piblicas de assist@ncia social (via Cadastro Unico). E preciso considerar as diferencas regionais para a priorizacao dos esforcos do Governo Federal na articula¢ao inter federativa e cooperagao técnica com estados e municipios. Por exemplo, as acdes no Norte, e especialmente em Roraima, onde uma proporgao considerdvel sao imigrantes internacionais, mulheres e criancas, possivelmente serao distintas daquelas no Sudeste, particularmente na cidade de Sao Paulo, que concentra sozinha quase % da populacao em situacao de rua do pais, com perfil mais prevalente de homens adultos. Recomenda-se uma andlise detalhada do perfil da populacao em situacao de rua de cada estado, visando um apoio técnico do MDHC mais direcionado. Ha que se considerar também que parte do numero de pessoas em situacdo de rua cadastradas no Cadastro Unico se dé pela busca ativa dos servicos de assisténcia social. Entretanto, 6 de se esperar que haja iniquidades nesse acesso entre os territérios e que, em alguns, as pessoas em situagao de rua tenham mais barreiras para acessar os servicos e, por isso, ndo entrem nessa conta. Arealizacao de um Censo da Populaco em Situacao de Rua auxiliard nesse diagnéstico referente 4 proporco das pessoas em situacao de rua que, de fato, esta cadastrada e recebendo beneficios da assisténcia social. Além disso, 0 fortalecimento da busca ativa e a ampliacao de servigos voltados 4 populacdo em situagao de rua seré primordial. POPULAGhO EMSITUNGRO DERUA- Diagn cmbane oa dads informa dgonivevem repos admnstathosesicemasso Govenofederat 9A. Atualmente, os equipamentos e servicos de satide e assisténcia social ainda sao visivelmente insuficientes para atender as necessidades das pessoas em situacao de rua. Por exemplo, em dezembro de 2022, apenas 145 municipios dispunham de equipes de Consultério na Rua, enquanto 3.354 municipios tinham pessoas em situagdo de rua cadastradas no Cadastro Unico, sendo que 328 tinham 80 pessoas ou mais. Ainda que todos os servigos de satide do SUS devam atender pessoas em situagdo de rua, a existéncia de servicos especificos e itinerantes tem maior potencial de favorecer 0 acesso dessa populacao a acées de prevencdo e a atendimentos de saude. Analisar as principais motivagées para a situacdo de rua auxilia nas agdes de prevengdo a situacdo de rua, nos atendimentos a pessoas nessa situa¢ao e nas politicas publicas que possibilitem a superacao da situagao de rua. Observando-se que os principais motivos para a situagdo de rua apontados foram problemas familiares, desemprego, alcoolismo e/ou uso de drogas e perda de moradia, respectivamente, evidencia-se a necessidade de articulacao do MDHC com outros Ministérios, especialmente o Ministério do Desenvolvimento e Assisténcia Social, Familia e Combate a Fome (MDS), 0 Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério da Educacao (MEC), 0 Ministério da Saude (MS), © Ministério da Justica e Seguranga Publica (MJSP) e 0 Ministério das Cidades (MCID). + Considerando a principal motivacdo relacionada a problemas familiares, é primordial fortalecer a atuacao dos CRAS e outros equipamentos, servicos, programas e projetos de assisténcia social basica, visando a prevenir situacdes de vulnerabilidade e risco social e fortalecer vinculos familiares e comunitarios; e a atuacdo dos servigos de protegao especial, como os CREAS e Centros Pop, favorecendo a reconstrucao desses vinculos, a defesa de direitos e 0 enfrentamento das situagées de violagées. Além das instituicdes, a atuacao junto a organizagGes da sociedade civil, movimentos sociais e conselhos de direitos é extremamente importante para co enfrentamento dos problemas que levam a situacao . de rua, mantém as pessoas nessa situacdo e dificultam a sua superagao. 35 rosuLachoemsiuarho BEAU. Dignética om bse nsdadeselformayes spores em restos adminstrathosesstenasdoGovetno Federal + Favorecer 0 acesso a emprego depende tanto de acdes de empregabilidade e renda, quanto a outros direitos bdsicos, como a documenta¢ao e 4 educa¢do. + Aquestio do uso prejudicial de alcool e outras drogas deve ser tratada na perspectiva de problema de satide publica e, para isso, o fortalecimento de equipes de Consultério na Rua, dos Centros de Atencao Psicossocial (CAPS) e outros servicos de atencdo a sade tem grande relevancia. + Aperda de moradia precisa ser enfrentada com uma politica habitacional robusta e equitativa. A existéncia de locais para dormir, como albergues, abrigos e casas de passagem, influencia tanto no local de pernoite, quanto no acesso a outros servicos e politicas publicas, quanto estruturado de forma integrada e intersetorial. Porém, sdo necessarias politicas mais estruturantes, como 0 Programa Moradia Primeiro, que tem sido apontado como estratégia prioritéria pelo MDHC. oP uLaglo eAsrTuAGho OERUA-Diagésticn combos nes des nformaéesdponvesem repos dmnistratvosesiemes do Govern Referéncias BRASIL. Presidéncia da Republica. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Juridicos. Lei n° 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispde sobre a organizacao da Assisténcia Social e da outras providéncias. Brasilia: Diario Oficial da Unido, 1993. Disponivel em: httns://www.planalto.gov.br/ccivil 03/leis/I8742.htm. Acesso em: 09 agosto 2023. BRASIL, Presidéncia da Reptiblica. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Juridicos. Decreto n° 7.053, de 23 de dezembro de 2009. Institui a Politica Nacional para a Populagao em Situacao de Rua e seu Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e da outras providéncias. Brasilia: Didrio Oficial da Uniao, 2009a. Disponivel em: https://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7053.htm. Acesso em: 04 agosto 2023 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate & Fome. Rua: aprendendo a contar: Pesquisa Nacional sobre a Populacao em Situagdo de Rua. Brasilia: MDS, 2009b. Disponivel Aywwmds.gov.b ublicacao/assistencia_social Livros/Rua_aprendendo a _contarpdf. Acesso em: 07 de agosto de 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Tipificagao Nacional de Servicos Socioassistenciais. Brasilia: MDS, 2014. Disponivel em: https://www.mds.gov.br/webarquivos, publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf. Acesso em 10 agosto 2023. BRASIL. Presidéncia da Republica. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Juridicos. Decreto n° 7.334, de 19 de outubro de 2010. Institui o Censo do Sistema Unico de Assisténcia Social - Censo SUAS, e da outras providéncias. Brasilia: Didrio Oficial da Unido, 1993. Disponivel em: httos://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/decreto/d7334.htm. Acesso em: 10 de agosto de 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate & Fome. Secretaria Nacional de Assisténcia Social. Comissao Intergestores Tripartite, Resolugao n° 4, de 24 de maio de 2011 Institui parametros nacionais para o registro das informacées. relativas aos servicos ofertados nos Centros de Referéncia da Assisténcia Social - CRAS e Centros de Referéncia Especializados da Assisténcia Social - CREAS. Disponivel em: htto://www.mds. w.br/webarc legislacao/assistencia_social/resolu 2011, ResolucaoClTn4-2011.pdf. Acesso em: 09 de agosto de 2023. yy a AGO EM STUAGAODERLA- Diagésticocombase os aos Infrmacies aponiveem reir administrator stmt do Govero Federal BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a & Fome. SUAS e Populacao em Situagao de Rua: Orientagées Técnicas: Centro de Referéncia Especializado para Populagao em Situaco de Rua - Centro Pop. Brasilia: MDS, 2011b. Disponivel em: https://www.mds.gov.br/ yarquivos, licacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes_centr pdf, Acesso em: 10 de agosto de 2023. BRASIL. Ministério da Satide. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidagao n° 4, de 28 de setembro de 2017a. Consolidagao das normas sobre os sistemas e os subsistemas do Sistema Unico de Satide. Disponivel em: https://bvsms, saude.gov.br/bvs/saudelegis, /2017/prc0004_03_10 2017. html#ANEXOVCAPI. Acesso em: 09 de agosto de 2023. BRASIL. Ministério da Satide. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidacao n° 1, de 28 de setembro de 2017b. Consolidacao das normas sobre os direitos e deveres dos usuérios da sade, a organizagao e o funcionamento do Sistema Unico de Satide. Disponivel em: https://bvsms.saude, gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0001_03_10_2017.html#ART358. 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Altera o Decreto n° 9,894, de 27 de junho de 2019, que dispde sobre o Comité intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populacao em Situagao de Rua, Brasilia: Diario Oficial da Unido, 2023b. POnuLAGHO CMSITUAGRO DERUA- Dagdstio cmbase nos Cadeselnfomacbs ponies em epstosadmnstathosesicenasdoGovernofaders| «3B BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Medida Cautelar na Argui¢ao de Descumprimento de Preceito Fundamental 976 Distrito Federal. 2023d. CARITAS BRASILEIRA. Populagao em Situacéo de Rua e Populacao Migrante no municipio de Boa Vista/RR: um diagnéstico para a formulacdio e implementacao de polfcas pUblicas. Boa Vista: outubro de 2022. Bisponivel em https:// ValEetexsEdOamOef pdf. Acesso em 04 de agosto de 2023, IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Diretoria de Pesquisas. Coordenacao de Pesquisas por Amostra de Domicilios. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios Continua 2022. IPEA. Instituto de Pesquisas Econémicas Aplicadas. Boletim de Andlise Politico-Institucional: Dossié tematico: classes subalternas ¢ instituigées piblicas. Brasilia, DF: Ipea,n. 35, jul. 20238. ISSN 2237-6208. DOI: 1058/12273, Acesso em 04 de agosto de 2023. IPEA. Instituto de Pesquisa Econémica Aplicada. Nota Técnica n° 103: Estimativa da populacao em situacao de rua no Brasil (2012-2022). Brasilia: |pea, 2023b. Disponivel em: . io.i i NT1 Di ativi 10. . Acesso em 04 de agosto de 2023. MINISTERIO DOS DIREITOS HUMANOS E DA CIDADANIA GOVERNO FEDERAL UNIAO E RECONSTRUGAO PROJETO DE LEI ___ DE 2022 (Da Sta Deputada Erika Hilton) Institui a Politica Nacional de ‘Trabalho Digno ¢ Cidadania para Populagio em Situagio de Rua - PNTC PopRua - ¢ dé outras providénci O CONGRESSO NACIONAL DECRETA: Art. 1° Fica instituida a Politica Nacional de ‘Trabalho Digno ¢ Cidadania para Populacio em Situagio de Rua - PNTC PopRua, com 0 objetivo de promover os direitos humanos de pessoas em situagio de rua ao trabalho, & renda, a qualificagio profissional e 4 elevagiio da escolaridade. § 1° Para fins da presente Lei, considera-se populagio em situacio de rua 0 grupo populacional heterogéneo que possui em comum a inexisténcia de moradia digna, utilizando os logradouros piiblicos as reas degradadas como espago de moradia e de sustento, de forma temporiria, intermitente ou duradoura, bem como as unidades de acolhimento institucional para pernoite eventual ou provisério, podendo interseccionar com esta condicio outras vulnerabilidades como a pobreza extrema, os vinculos familiares interrompidos ou fragilizados, entre outras, § 2° Para fins da presente Lei, considera-se pessoa com trajetéria de vida nas ruas aquela que tenha se encontrado, em algum momento de sua vida, na condigio descrita no § 1° por pelo menos 5 anos de forma continua ou intermitente. Art. 2° Sao principios da Politica Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para Populagio em Situagio de Rua: 1 - respeito a dignidade da pessoa humana; II - valorizagio e respeito A vida e a cidadania; IIL- estabelecimento de condigdes de trabalho decente; TV - articulagio entre trabalho, educagio e desenvolvimento; 0- MESA] ioe) nN So a S w st “ i < a a 55, apresentacio: 28/04/2023 11:39: =) iH Art. 3° Sao diretrizes da Politica Nacional de ‘Trabalho Digno e Populacio em Situacio de Rua: V - sustentabilidade ambiental; VI- atendimento humanizado e universalizado; VII - participagio € controle social; VIII - diteito & convivéncia familiar ¢ busca da insergio comunitaria; IX - transparéncia na execucio dos programas ¢ agdes ¢ na aplicacio dos recursos destinados i PNTC PopRua; X- respeito as condigdes sociais e diferengas de origem, raga, idade, nacionalidade, identidade de género, orientacio sexual ¢ religiosa, com atengio especial as pessoas com deficiéncia, comorbidades ¢ familias monoparentais com criangas. ladania para I— a oferta condigées de autonomia financcira ¢ de enfrentamento a pobreza, por meio de programas redistributivos, de clevagio de escolaridade, qualificacio profissional e promogio do acesso amplo, seguro ¢ simplificado ao trabalho € a renda; II - a consideragio da heterogeneidade da populagio de rua, notadamente quanto ao nivel de escolaridade, condigdes de satide, faixa etétia, origem, relagdes com o trabalho e com a familia; III - 0 fomento de ages de enfrentamento ao preconceito, discriminagio ¢ violencia contra pessoas em situagio de rua no ambiente de trabalho. TV - a garantia, no acesso a0 trabalho © a renda, de transversalidade e de articulacio territorial com outras politicas pablicas setoriais, como satide, assisténcia social ¢ habitagio; V - a indissociabilidade entre o trabalho ¢ a moradia, adotando-se estratégias que tenham como centralidade © acesso imediato da populagio em situagio de rua a moradia como forma de garantir uma insergio sustentivel no mundo do trabalho; VI - 0 respeito as singularidades de cada territério © 20 aproveitamento das potencialidades ¢ recursos locais na elaboragio, execugio, acompanhamento ¢ monitoramento dos instrumentos de_politicas publicas previstos na presente Politica Nacional; VII - 0 fortalecimento e estimulo 20 associativismo, ao cooperativismo ¢ a autogestio de empreendimentos de economia solidria de pessoas em situagio de rua; VIL - 0 trabalho como possivel ferramenta para a redugio de danos, desde que respeitada a autodeterminago das pessoas em situacio de rua; IX - a articulagao de acdes que possibilitem a superagao da situacio de rua. 39:55.6 one ~m nN oO a — w + Nn N c a a apresentacto: ~ a integragio dos esforgos do Poder Publico e da sociedade civil para ~ claboracio, execucio ¢ monitoramento das iniciativas previstas nesta lei; - X1- a responsabilidade do Poder Paiblico pela sua elaboragio e financiamento; Art. 4° Para atingir suas finalidades, a politica de que trata esta lei seri organizada em torno dos seguintes eixos estratégicos: 1 incentivos a geragio de empregos c contratagio de pessoas em situago de rua; TI - iniciativas de fomento ¢ apoio & permanéncia para qualificagio profissional ¢ elevagao da escolatidade; III - facilitagio do acesso A renda, associativismo ¢ empreendedorismo solidatio. Art. 5° Cabe ao Poder Piblico, na garantia dos direitos da populagio em situagio de tua, etiar incentivos A contratagio de pessoas que estejam em situagio de rua e aquelas que tiveram trajetéria de vida nas ruas na forma desta Lei, sem prejuizo de outras legislacoes especificas, Pardgrafo tnico. O Poder Executivo Federal ¢ os demais entes federativos poderio firmar convénios com entidades piblicas € privadas, sem fins luctativos, para o desenvolvimento € a execugio de projetos que beneficiem a populagio em situacio de tua € estejam de acordo com os principios, diretrizes ¢ objetivos que orientam a PNTC PopRua. Art. 6° O Poder Pablico, em todas as esferas federativas que aderirem A PNTC PopRua, deve instituir uma rede de Centros de Apoio ao Trabalhadot em Situagio de Rua (CatRua) com 0 objetivo de prestar atendimento as pessoas em situacio de rua que buscam orientagio profissional ¢ insergiio no mercado de trabalho. § 1° Os Centros de Apoio ao Trabalhador em Situagio de Rua (CatRua) sio as unidades tetritoriais basicas de implementacio da Politica Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para Populagio em Situagio de Rua, responsiveis pot articular as aces de empregabilidade, qualificagio profissional, economia solidatia ¢ integragHo intersetorial com demais politicas piblicas. § 2° Nas unidades federativas onde existirem equipamentos piiblicos que garantam apoio aos trabalhadores, os CatRua deverio ser integrados a sua estrutura, desde que garantidas as diretrizes previstas na presente legislagio. Art. 7° Sio atribuigces dos Centros de Apoio 20 ‘Trabalhador em Situacio de Rua (CatRua), sem prejuizo de regulamentagio posterior: arava negated a /c0252795994700 fis) 28/04/2023 11:39:55,650 mesa] PL n.2245/2023 apresentac | T-- captar, cadastrar e oferecer aos desempregados e trabalhadores em situago de rua vagas para reinser¢io no mercado de trabalho; I~ captar, cadastrar ¢ encaminhar pessoas em situagio de rua ou com trajetdria de vida nas ruas para vagas de qualificacio profissional;, IIT - garantir acesso das pessoas em situagio de rua 20 Programa Nacional de Acesso 20 Ensino Técnico ¢ Emprego (Pronatec) ¢ ao Sistema Nacional de Emprego - SINE. IV - facilitar a emissio de Carteira de Trabalho e Previdéncia Social (CTPS) pata pessoas em situagio de rua; V ~ prestar os setvicos orientagio trabalhista ¢ previdenciaria ao cidadao em situacdo de rua; VI - prestat informacio, assessoria ¢ orientagio aos empregadores sobre as necessidades de apoio ¢ adaptagées do ambiente de trabalho ao teabalhador em situagio de rua; VII - realizar agdes de apoio & pessoa em situacio de rua nos postos de trabalho, seja na formacao ou treinamento, desenvolvimento de habilidades socioemociomais ¢ relacionais, acompanhamento do processo de insergio € continuidade no ambiente de trabalho conforme a necessidade individualizada de cada trabalhador em situagio de rua; VIII - indicat possiveis beneficifrios para o dtgio publico gestor das Bolsas de Qualificacio para o Trabalho ¢ Ensino da Populacio em Situagio de Rua (QualisRua). § 1° Os CatRua serio compostos por equipes multidisciplinares, em condicées, qualificagio ¢ ntimero de trabalhadores suficientes para realizar as agées_previstas nos incisos anteriores. § 2° O acompanhamento ao trabalhador em situagio de rua deve englobar 0 momento prévio A contratagio, a insercio ¢ adaptagio no posto de trabalho, bem como a sua tealocacio em caso de perda do vinculo empregaticio. § 3° Para efetivar um acompanhamento personalizado do trabalhador em situa¢io de rua, os CatRua deverio construir um Plano Individual Profissional que respeite © perfil profissional do trabalhador em situagio de rua responda ao seu grau subjetivo de dil trabalho, modelando a intensidade dos apoios oferecidos. § 4° Os CatRua deverio realizar a busca ativa de trabalhadores em situacio de rua que estio em logradouros piblicos ¢ aqueles que es rede socioassistencial, realizando agdes itinerantes no tertitério © nos equipamentos do SUAS de forma continua. 4) Sempre que possivel, as ages territoriais do CatRua serio integradas com as equipes dos Servicos Especializados de Abordagem Social (SEAS) ¢ Consultérios na Rua (CnR). ruldade de adaptagio 20 mercado de iejam acolhidos na PL n.2245/2023 5 a Ss =. = = § 5° O Poder Publico devera construir fluxos para integrar as bases de dados telativas aos servicos do SUAS ¢ do SUS que atendem pessoas em situagio de rua de forma a subsidiar 0 trabalho dos Centros de Apoio ao Trabalhador em Situagio de Rua. Art. 8° As empresas com mais de cem empregados, que gozam de incentivos fiscais, que participem de licitagio ou que mantenham contrato ou convénio com o Poder Pablico Federal e com os entes federativos aderentes i PNTC PopRua, deverio contratar Pessoas em situagio de rua ou com trajetdria de vida nas ruas na proporcio de, 0 minimo, 3% (trés por cento) do total de seus empregados. § 1° A reserva de vagas de que trata o caput deste artigo também deve ser observada por Organizacgdes da Sociedade Civil que mantenham contrato ou convénio com os entes federados para servigos de prestagio continuada de prazo igual ou superior a 120 dias, cabendo ao Poder Executivo a regulamentagio deste dispositive § 2 A reserva de vagas também deve aleangar 0 quadro de estagifrios eventualmente existente na empresa ou na Organizagio da Sociedade Civil. § 3° Caso no momento da contratagio as empresas ¢ Organizacbes da Sociedade Civil nfio tenham em seu quadro de recursos humanos a reserva de vagas exigida por esta lei, deverdio tomar as seguintes medidas, nesta ordem: 1 - imformar aos Centro de Apoio 20 Trabalhador em Situacio de Rua (CatRua) ¢ a0 ACESSUAS Trabalho a exata quantidade ¢ 0 perfil dos postos de trabalho que serio gerados em cada contrato firmado, de forma a alimentar banco de vagas especifico para pessoas em situagio de rua. TI - aguardar © prazo de 30 (trinta) dias, contados da data de solicitagio teferida no inciso anterior, para que os CatRua e/ou as equipes do ACESSUAS Trabalho encaminhem 4 empresa ou organizagio contratada a telagio de pessoas que atendem os perfis dos postos de trabalho indicados. § 4° A empresa ou otganizacio que precisar desligar colaborador contratado com base nesta Lei deverd informat o desligamento aos Centros de Apoio 20 Trabalhador em Situagio de Rua (CatRua) e as equipes do ACESSUAS Trabalho ¢ solicitar substituicio do profissional. re peas) Eka ton Fara vera aasnarr, sea tpg ted entra camara eg e/COZS27OS394700 PL n.2245/2023 Apresentacéo: 28/04/2023 11:39:55.6 | beat § 5° Caso as empresas ¢ Organizages da Sociedade Civil de que tratam 0 caput descumpram as disposicées desta Iki, ficario sujeitas 4 perda dos incentivos fiscais ou a rescisio do contrato ou convénio. ‘Art. 9° A observincia do percentual de vagas reservadas nos termos desta lei compreenderi todo 0 perfodo em que houver concessio dos incentivos fiscais ou 0 petiodo em que for vigorar o contrato ou convénio com o Poder Puiblico. ‘Art. 10 As empresas que nio se enquadrarem nas condigdes descritas no caput do art. 8° também devem fomentar programas de incentivo ¢/ou contratacio para a inclusio produtiva de pessoas em situacio de rua. ‘Att. 11. Os entes federativos estio autorizados a instituir o Programa Selo Amigo PopRua, para promover as ages afirmativas especificas da iniciativa privada, inclusive da rede conveniada, concessionitia ou contratada do Poder Publico, a fim de estimular a contratagio de pessoas em situagio de rua, ‘Art, 12 As empresas deverio, em colaboragio com a Unio e demais entes que aderirem a pol pessoas em situagio de rua contratadas, seja pot meio de processos formativos direcionados a toda a equipe, capacitacio dos setores de recursos humanos para tratamento adequado, acompanhamento € monitoramento das contratagdes, de modo a evitar abusos, atos de preconceito ¢ discriminagio no ambiente de trabalho. a, implementar medidas que garantam 2 integtacio ¢ inclusio das Pardgrafo ‘nico. Devem ser assegurados treinamentos € cursos voltados & seguranca no trabalho, bem como os uniformes ¢ equipamentos que se fizerem necessarios para as pessoas contratadas nessa condigio. Act. 13 Os equipamentos do Sistema Unico da Assisténcia Social (SUAS) devem fazer as articulagdes necessérias para garantit 0 acesso das pessoas em situacao de rua a0 mercado de trabalho, considerando suas especificidades ¢ diversidade. § 1° As pessoas em situagio de rua devem ser inseridas em oficinas de aces ‘20 mercado de trabalho desenvolvidas no Ambito da Politica de Assisténcia Social, respeitadas suas habilidades, aptidées e autonomia § 2° Os municipios © 0 Distrito Federal podem desenvolver oficinas especificas de acesso ao mercado de trabalho para a populagio em situacio de rua pot meio do ACESSUAS Trabalho. § 3° Os municipios ¢ 0 Distrito Federal devem integrar as agdes dos servigos do SUAS ¢ do ACESSUAS ‘Trabalho com agées de_profissionaliz $0. io, 0 | 1023 11:39:55.6 ~o N oO a mo Ww + CN N < = a capacitagio, ingresso no mercado de trabalho formal, inclusio produtiva ¢ economia solidaria disponiveis no tertit6tio. § 4° Os municipios e 0 Distrito Federal devem integrar as ages dos servigos do SUAS aos Centros de Apoio ao Trabalhador em Situacio de Rua (CatRua), com o objetivo alimentar banco de vagas especifico para pessoas em situagio de rua ¢ ctiar condigdes de permanéncia no trabalho. §5° Os Servicos do SUAS devem se integrar as iniciativas de fomento 20 empreendedorismo ¢ a0 cooperativismo, com acesso a capacitacio, a educacio financeira, 4 consultoria € ao microcrédito para pessoas em situagio de rua, Art. 14 Os entes federativos devem garantir a inclusio de adolescentes ¢ jovens em situagio de rua, nos programas de aprendizagem, qualificacio profissional ¢ insercio segura no mercado de trabalho. § 1° © Poder Publico em todas as esferas federativas deve estimular que as empresas vencedoras de licitagdes piblicas contratem_priositariamente aprendizes adolescentes em situacio de rua, §2° As criangas e adolescentes em situago de rua idenficadas em situagio de trabalho infantil devem ser incluidas no Programa de Erradicacao do Trabalho Infanl — PETI. Art. 15 A Lei 14.133 de 1° de abril de 2021 passa a vigorar com as seguintes alteracées: somata acess “Art, 25 5. Feteslladet des II - trabalhadores em situacio de rua, em percentual nfo inferior a 3% (trés por cento).”(NR) “Art.26, III - bens ¢ servigos produzidos ou prestados por empresas que comprovem cump: wento de reserva de cargos prevista em lei pata pessoas em situago de rua ou com trajetéria de vida nas ruas, cabendo ao Poder Executivo a regulamentacio deste dispositivo, (NR) “Art. 60... st" 2aa79ss94700 2m Ba 4 9 SN 7 £ LG oa 9 sc sa sa Art. V - ptoduzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista cm lei para pessoas em situacio de rua ow com trajetbria de vida nas ruas, cabendo a0 Poder Exccutivo a regulamentagio deste _dispositivo. sess (NR) “Art. 116-A As empresas enquadradas no inciso III, §9° do art, 25, inciso III do artigo 26 ¢ inciso V, §1° do art. 60 desta Lei deveriio cumprir, adicionalmente, durante todo 0 periodo de execugio do contrato, as regtas de inclusio produtiva, qualificagio profissional € apoio socioemocional previstas na legislacdo para pessoas em situago de rua ou com trajet6ria de vida nas ruas. Parigrafo tinico. Cabe a administragio fiscalizar 0 cumprimento dos requisitos de inclusio produtiva, qualificagio profissional ¢ apoio socioemocional nos ambientes de trabalho.” (NR) 16 O Estado deve ofertar permanentemente cursos para a populagio em siuagio de rua com o objetivo promover gradativamente o direito dos trabalhadores em situagio de ua A capacitacio, profissionalizagio, qualificagio e requalificagao profissional. § 1° Os cursos referidos no caput do artigo devem observar: 1-0 trabalho enquanto prineipio educativos TT- os saberes acumulados na vida no trabalho exercidos nas ruas; Ill - a efetividade social ¢ qualidade pedagogica das suas ages; IV - a integracio com politicas de emprego, trabalho, renda, educagio, ciéncia c tecnologia, juventude, inclusio social e desenvolvimento, entre outras. §2” Para efetivar o acesso de pessoas em situaglio de rua aos cursos de qualificagio profissional, o Poder Pablico devera estabelecer cota minima de vagas para pessoas em situagio de rua, a criagio de modalidades especificamente voltadas & capacitacio profissional da populacio em situago de rua ¢ politicas de gratuidade. §3° Para garantit a permanéncia de pessoas em situacio de rua em cursos de qualificacio profissional o poder piblico deverd oferecer auxilios financeitos na forma desta lei, sem prejuizo de outras bolsas ¢ auxilios disponiveis. ‘Art. 17 O Poder Piiblico em todas as esferas federativas que aderirem 4 Politica Nacional de Trabalho Digno ¢ Cidadania para Populaco em Situacio de Rua devert instituir bolsas de incentivo financeiro as pessoas em situacio de rua inseridas em cursos ~ N So a ~ wW + N N < a a de qualificagio profissional ¢ que busquem a clevacio de sua escolaridade, denominadas Bolsas de Qualificaco para o Trabalho ¢ Ensino da Populacio em Situago de Rua (QualisRua). Att. § 1° As Bolsas de Qualificagio pata o Trabalho ¢ Ensino da Populacio em Situaglio de Rua (QualisRua) consistem em uma politica de transferéncia de renda condicionada & realizacio de atividades de qualificagio, capacitagio, formacio profissional ¢ clevagio da escolaridade, cujo objetivo é conceder atensio especial ao trabalhador ¢ estudante em situacio de rua, garantindo condicées para sua permanéncia nos ambientes de aprendizado, § 2° O recebimento das Bolsas QualisRua durante 0 exercicio das atividades descritas no §1° pelos beneficiatios da Politica Nacional de Trabalho Digno, Renda e Cidadania para Populagio em Situagio de Rua é cumulativo ¢ nio impede, nem suspende, o recebimento de outros programas de transferéncia de renda e auxilios de quaisquer entes federativos. § 3° A QualisRua podera ser vinculada ao exercicio, por seus beneficiétios, de atividades € capacitacio ocupacional realizadas ¢ ministradas diretamente pelos Srgios piblicos da Administragio Direta, Indireta ou por entidades conveniadas ou parceiras, vedada toda e qualquer atividade insalubre, nos termos das normas trabalhistas vigentes, § 4° A bolsa deverd possibilitar a permanéncia da pessoa em situagio de rua no ambiente de aprendizado ¢/ou capacitagio profissional, além de subsidiar despesas de alimentagio ¢ deslocamento relacionadas as atividades dos cursos, capacitacdes ¢ ambiente escolar. § 5° Os ctitétios de concessio, vigéncia © interrupgio das bolsas serio estipulados em decreto regulamentar. 18 O Poder Piblico deverd garantit o acesso da populagio em situagio de rua a0 sistema edueacional, seja na modalidade de Educagio Infantil, Fundamental e Mécio, na modalidade Educacio de Jovens ¢ Adultos ou no Ensino Superior, respeitando suas especificidades ¢ visando a superagio da situacio de rua. §1° As pessoas em situagio de rua devem ser incorporadas preferencialmente na rede oficial de educagio, evitando-se segregacio, §2° Deve ser assegurado o direito 4 matricula ¢ a permanéncia nas escolas ¢ instituigdes de ensino superior com a flexibilizagio da exigéncia de documentos pessoais ¢ sem exigéncia de comprovantes de tesidéncia em qualquer época do ano, em atengio A realidade das pessoas em situacio de rua, §3° Os entes federativos deverio realizar campanhas de forma continua nos equipamentos que atencem pessous em situagao de rua sobre as informacdes 35.650 - MES 28/04/2023 11:39, ~ N S a = wo + N N ac 3 Os necessirias ¢ documentos solicitados para a efetivagio de matriculas, 0 calendério letivo, a localizagio das escolas no tertitério © 0 processo de transferéncia escolar. §4° Devem ser viabilizadas formagdes continuas de docentes, gestores, ¢ demais integrantes do corpo técnico-pedagdgico da rede educacional sobre as especificidades da populagio em situagio de rua, as politicas piblicas e os direitos voltados a estas pessoas, §5° Os municipios, estados ¢ Distrito Federal devem dispor de escolas nas regides centrais das cidades que atendam as necessidades educacionais especiais das pessoas em situagio de rua, Art. 19 O Poder Publico deve elaborar Diretrizes Nacionais pasa qualificar a oferta da politica educacional para a populagio em situagio de eua. G12 Os estados, Distrito Federal e municipios devem claborar diretrizes especificas para atendimento da escolarizagio para a Populacio em Situagio de Rua. §2° O Poder Pablico deve garantir a participagio das pessoas em situagio de rua e dos comités intersetoriais de monitoramento de politicas pablicas para populagio em situagio de rua em todas as etapas de formulacio das Diretrizes previstas neste artigo e dos processos educacionais correlatos. ‘Art, 20 © Estado € as Instituicées de Ensino devem prestar acompanhamento pedagégico ¢ assisténcia estudantil 4 pesson em situagio de rua e deverio considerar: I~ a. situagio social, educacional, de trabalho, de moradia ¢ de satide da populacio em situagio de rua; II - o acompanhamento transversal com profissionais de psicologia ¢ servico social; III - a oferta gratuita de espago para a guarda segura de objetos pessoais, material escolar, vestuario, produtos de higiene, espaco adequado para banhos e demais priticas ligadas & higienizagio pessoal, alojamento estudantil, transporte e alimentagio escolar que atenda as necessidades nutticionais dos estudantes em situagio de rua; IV - a adaptagio dos tempos, fitmos, espagos escolares ¢ projetos politicos-pedagégicos, bem como do curriculo a realidade das pessoas em situagio de rua. Parigtafo Unico. A assisténcia estudantil deve ocorter de forma articulada com a rede socioassistencial e as demais politicas piblicas ¢ deve contemplar busca ativa e acompanhamento sistemitico, incluindo as familias das pessoas em situacao de rua. 1:39:55.650- MESS PL 1n.2245/2023 SANTANA Lect = 4m BN 2.0 Art, 21 Os entes federatives devem garantit 0 acesso das pessoas em situagio de | 3 Q tua ao ensino superior, notadamente as universidades piiblicas. ew §1° Devem ser implementados programas de acesso, permanéncia e | © a aa i : 2 2 assisténcia estudantil no ensino superior para as pessoas em situagio de rua, | 2 assegurando meios que permitam a conclusio dos cursos por clas escolhidos. | ¢ §2° As instituigdes de ensino superior devem garantie as pessoas em situagio | = a de rua acesso © permanéncia aos seus cursos extracurriculares ¢ projetos de | # pesquisa ¢ extensio universitaria. = Art. 22 Os equipamentos do SUAS deverio observar na garantia do dircito a educacio da populagao em situagio de rua: 1 - em caso de transferéncia de uma pessoa em situagio de rua pata equipamento socioassistencial de outro tertit6tio, assegurar a sua transferéncia de matricula na instituicio de ensino junto aos dtgios competentes, respcitando a proximidade geogrfica; IT - garantis espaco propicio, inclusio digital ¢ demais subsidios necessitios 20 estudo e 4 adesio escolar da populagio em situagio de rua usuétia dos setvigos ¢ equipamentos. Pardgrafo tinico. Fica vedado aos servigos de acolhimento do SUAS o desligamento ¢ destertitorializagio da pessoa em situacio de rua contratada para postos de trabalho, inserida em curso de qualificagio profissional ou ambiente de ensino sem a garantia de transferéncia para outro equipamento ou safda qualificada da rede socioassistencial. Art, 23 Os municipios, estados ¢ Distrito Federal devem garantir prioridade de vagas nas creches de educacio infantil e nas escolas de tempo integral do ensino fundamental e médio para criangas ¢ adolescentes integrantes de familias em situacio de rua, © acesso de mies adolescentes em situagio de rua a0 ensino, sobretudo ao ensino fundamental e médio e aos programas de extensio educacional ou correlatos voltados para a sua faixa etdria, §1° Os entes federados devem criar mecanismos pata garant §2 Adolescentes em situagio de rua devem set considerados piiblico prtiorititio para fins de inclusio no Programa Nacional de Inclusio de Jovens ~ Projovem. Att. 24 A Unifio, estados, municipios ¢ 0 Distrito Federal devem garantir politicas de inclusio digital para pessoas em situagio de rua, especialmente por meio dos telecentros, além de promover 0 acesso dessa populagio aos espacos e equipamentos piiblicos, aravertarsstnutirs, sos Hps/negatentede ru car ep /EDP32795894700 a i ‘Art. 25 A insercio de pessoas em situagio de rua em postos de trabalho, cursos de quulificacio, instituigdes de ensino, na Bolsa QualisRua ¢ outros instrumentos da PNTC PopRua obriga 0 Poder Pablico a disponibilizar imediatamente e de forma simultinea vagas nas ereches de educagio infantil e mas escolas de tempo integral do ensino fundamental e médio para criangas ¢ adolescentes que compdem o niicleo familiar do beneficiftio, sendo ele o responsivel pelo exercicio da parentalidade. Art. 26 O Poder Pibblico deve garantir 0 acesso imediato dos beneficiitios da PNTC PopRua a moradia, seja através de politic: especificos para populagio em situagio de rua, como o Moradia Primeiro, entre outros, com 0 objetivo de promover a sustentabilidade do acesso a0 trabalho, respeitada a autonomia ¢ autodeterminagio da pessoa em situacio de rua §1° De forma subsidiétia e proviséria, no caso de impossibilidade de atender imediatamente ao disposto no caput, o Poder Pablico deve garantir As pessoas em situagio de rua e seus niicleos familiares vaga fixa na rede socioassistencial, preferencialmente em modalidades mais aut6nomas ¢ ptivativas de acolhimento provisério. §2° © acolhimento provisrio descrito no §1° deve ser vinculado ao atendimento futuro do beneficiario em politicas piblicas de acesso 4 moradia, de habitagio, seja por programas ‘Art. 27 O INSS deve garantir a celeridade e prioridade na anélise dos processos das pessoas em situagio de rua, bem como facilitar 0 acesso dessa populagio a0 requerimento da aposentadoria, pensdes ¢ beneficios. Parégrafo tinico. Para facilitar 0 acesso da populagio em situagio de rua, 0 INSS podera realizar agdes itinerantes nos territérios de grande concentragio de pessoas em situagio de rua. Art. 28 A populagio em situagio de rua seri priorizada no processo de implementagio gradativa de uma renda bisica de cidadania nos termos da Lei n°. 10.835 de 2004. ‘Art. 29 O Poder Piiblico promovera programas de inclusio social e produtiva que tenham a populacio em situagio de rua como publico-alvo prioritirio, incluindo-se modalidade especificamente voltada & populagao em situagao de rua, §1° O Estado deve priorizar a aquisicio de produtos elaborados e servigos produzidos dirctamente pelas pessoas em situagio de rua ¢ incentivat projetos que promovam a aquisigio de produtos claborados pelas pessoas em situacio de rua. | 18/04/2023 11:39:55,650 - MESA| PL 1n.2245/2023 Apresentacs | §2° Os entes federados devem promover 0 acesso de iniciativas de economia solidaria da populagio em situagio de rua a instrumentos de fomento, linhas de microcrédito, a meios de produgio, mercados © a0 conhecimento ¢ formacio nas tecnologias sociais necessitias ao seu desenvolvimento Art. 30 Os entes federativos que aderirem a PNTC PopRua deverio implementar Incubadoras Sociais para Populacio em Situagio de Rua como estratégia para fomentar 0 cooperativismo dos grupos de pessoas em situagio de rua e/ou com trajetdria de vida nas ruas, tendo como base 0 modelo de organizagio da economia solidaria, com foco na autonomia € na autogestio. §1° As Incubadoras Sociais devem garantir as condigdes de trabalho, espago fisico € equipamentos que se fizerem necessirios ao desenvolvimento dos projetos solidarios da populagio em situagio de rua. §2° Serio oferecidas formagées as pessoas em situagio de rua para estimular a organizagio pes © processo de retomada dos vinculos interpessoais, familiares e comunitarios com vistas A geracio de renda. soal ¢ a socializa¢io por meio de atividades coletivas e apoiar §3° As Incubadoras devem propor agdes de formagio e capacitagio em cooperativismo ¢ associativismo social para técnicos ¢ gestores que atuem junto as pessoas em situacio de rua. §3° As Incubadoras devem disponibilizar recursos ¢ formacio para o desenvolvimento de artistas em situagio de rua, facilitando seu acesso 4 renda através da cultura, Art. 31 As Cooperativas Sociais voltadas ou formadas pot pessoas em situacio de rua organizario seu trabalho, especialmente no que diz respeito a instalagSes, hordrios € jornadas, no sentido de minimizar as dificuldades gerais e individuais das pessoas em situagio de rua que nelas trabalharem, e desenvolverdo e executario programas especiais de treinamento com o objetivo de aumentarthes a produtividade ¢ a independéncia econémica e social. Ast. 32 Os entes federados devem promover projetos de incluso de catadoras ¢ catadores de materiais recicliveis, conforme previstos na Politica Nacional de Residuos Solidos, Lei n° 12.305/2010, ¢ na Politica Nacional de Saneamento, Lei n® 11.445/2007. Art. 33 O Poder Pablico, em todas as esferas federativas, deveri promover a Profissionaliza¢io, formacio e fomento de artistas em situagao de rua, garantindo seu acesso a renda por meio das atividades culturais ¢ visibilidade de seu trabalho como porta de safda das ruas. "ra veriica aassnatr, nese Mpeg aunties PL n.2245/2023 Apresentacio: 28/04/2023 11:39:55,650 - MESA| | ‘Art. 34 O Comité Intersetorial de Acompanhamento ¢ Monitoramento da Politica Nacional para Populagio em Situacio de Rua (CIAMP Rua), por meio de Grupo de ‘Trabalho especifico, seri responsavel pelo continuo acompanhamento, construgio de diretrizes para implementacio, monitoramento ¢ aperfeigoamento da Politica Nacional de ‘Trabalho Digno e Cidadania para Populagio em Situagio de Rua Parégrafo tinico, Sera assegurada participacio social nos demais entes federativos que aderirem 4 PNTC PopRua por meio dos comités intersetoriais de monitoramento de politicas pablicas para populagio em situagio de rua locais com participagio direta de pessoas em situagio de rua, Art. 35 Os entes federados devem constituir grupos de trabalho interfederativos, para mapeamento ¢ levantamento das demandas educacionais ¢ de trabalho das pessoas em situagao de rua. Pardgrafo tinico. No aperfeigoamento e avaliagio da Politica Nacional de Trabalho Digno ¢ Cidadania para Populagio em Situagio de Rua serio considerados dados censitérios nacionais ¢ locais periddicos sobre a populagio em situagio de rua, ‘Ast. 36 A Unio, Estados, Municipios ¢ 0 Distrito Federal devem eriar flusos de trabalho espectficos com os érgios de fiscalizagio, a fim de garantir 0 cumprimento dos dispositivos desta legislagio, além de combater as violaces de direitos ¢ promover 0 trabalho decente de pessoas em situacio de rua, em especial com a efetivagio de seus dircitos trabalhistas € previdenciatios. ‘Art. 37 Os entes federados devem fomentar ¢ divulgar pesquisas, projetos de extensio ¢ produgio de conhecimento sobte metodologias ¢ tecnologias de qualificasio social e profissional destinadas a incluso social e produtiva da populagio em sirmagio de ‘ua, nas universidades, redes de ensino ¢ setores que atuam diretamente com a populacio em situagio de rua, com o incentivo a pesquisas participativas integradas por pessoas em situagio de rua, Parigeafo ‘nico. Si0 consideradas iniciativas de inter divulgacio, entre outras: I~ aquelas que abarcam projetos que auxiliem ma identificagio ¢ fo social para fomento € desenvolvimento de metodologias e tecnologias de qualifica profissional da populacio em situagio de rua; Tl - que promovam 0 desenvolvimento de abordagens inovadoras ¢ formulacio de solucdes ctiativas para os problemas priticos da qualificacio social e profissional de pessoas em situagio de rua; TIT - que favoregam 0 desenvolvimento de experiéncias de democratizacio ¢ ampliagio do controle social sobre as Politicas Piblicas de Qualificagto Profissional para pessoas em situagao de rua. ~o XN So a ~~ Ww yr Nn S| c i a apresentacéo: 28/04 Art. 38 Os entes federados devem garantir a producto e divulgagio ampla de indicadores das acdes de inelusio das pessoas em situagio de rua a partir da PNTC PopRua, assegurando a transparéncia dos dados. Art. 39 Os entes federados devem garantir campanhas de sensibilizagio ¢ cngajamento nas agéncias de contratagio € no setor privado para a capacitagio, emprego € inclusio de pessoas com histérico de situagio de rua, adotando medidas como desconsiderar 0 uso do enderego como documento eliminatétio para candidatura do profissional, visando minimizar as barreiras institucionais. Art. 40 A Politica Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para Populagio em Situacdo de Rua devera ser implementada de forma descentralizada e articulada entre a Unitio, Estados, Distrito Federal, Municfpios que dela aderirem por meio de instrumento proprio. §1° O instrumento de adesio definita as atribuigdes ¢ as responsabilidades a serem compartilhadas. §2° Os entes da Federagio que tiverem pessoas em situagio de rua cadastradas no Cadastro Unico da Assisténcia Social - CadUnico deverio aderir i PNTC PopRua no prazo miximo de dois anos da publicagio desta Lei, cabendo regulamentacio do Poder Fixecutivo deste dispositive. Art. 41 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicacio. 50 - MESA ~ N Oo Q N w + N “ e — a Apresentagdo: 28/04/21 JUSTIFICATIVA © ptimeiro € unico Censo Nacional’ sobre a populagio em situagio de rua, realizado em 2009, comprovou que as pessoas em situagio de rua sio trabalhadoras ¢ trabalhadotes que vivem nas ruas do pais, De fato, 70,9% dos recenseados exerciam alguma atividade remunerada e 58,6% afirmaram ter alguma profissio. Esses dados demonstra crencas estabelecidas na sociedade de que a populacio em situagio de rua seria composta por pessoas que pedem dinheiro para sobreviver. Contudo, constatou-se também que a maior parte dos trabalhos realizados situa-se na chamada economia informal, pois apenas 1,9% dos entrevistados afirmaram estar trabalhando com carteira assinada no momento do recenseamento € 47,7% afitmou nunca ter trabalhado com vinculo empregaticio reconhecido formalmente. ‘Apés mais de uma década e mesmo com a vigéncia da Politica Nacional para a Populacio em Situagio de Rua a realidade das ruas agravou-se, estimando-se 281.472 pessoas em situaco de rua no pais, um crescimento de 211% de 2012 a 2022. Na raiz dessa crise humanitdria sem precedentes est a auséncia de politicas publicas cestruturantes, principalmente aquelas que promovam 0 acesso da populagio em situagio de rua 4 motadia € ao trabalho, O pesquisador e referéncia na tematica Luiz Kohara ilustra a questa “Pesquisas revelam que antes de ir para a rua, grande parte dessas pessoas trabalhava cm atividades pouco qualificadas, principalmente na area da construgio civil, servigos domésticos ¢ de limpeza, servicos de reparacio ¢ comércio informal. Vivenciavam intensa mobilidade de trabalho geralmente no setor informal, em fungdes desqualificadas € superexploradas. Com as mudangas do mundo do trabalho, cada vez mais competitivo ¢ exigente em telagio a qualificagio teenolégica, pessoas com baixa qualificagio sio consideradas descartiveis” ‘A relevincia do trabalho como porta de saida das ruas é verbalizado pelas préprias pessoas em situagio de rua, Dados censitarios mais recentes da cidade de Sio Paulo, 0 municipio que sozinho concentra mais pessoas em situagio de rua que todas as outras capitais do pais, revelam que a maioria dos entrevistados, ao serem questionados sobre 0 que mais os ajudaria a sair das ruzs, responderam que seria a obtencio de um emptego fixo® (87,2%). "hups:/ /wwwmds goxbr/webarquivos/ publieacao/assistencia_social/Livtos/Rua_aprendendo._a_contarpaf 2 hispe/ /gaspargarcia.orgbt/ausencia-de-politeas-publieas-efetivas-para-populacadvde-rua/ ‘nups:/ /app.powerbi.com/ view2=cyrljoiOWFmZjhkODYeMDk22Z.CO0OTalLTI]MGIODNjOTRIYWQyMzEm ivid 16tmEDZTA2ZMDVjLWUzOTURNDZ1YS liMmE4LTHINJEINGMSMGUwNyJ9&pageName=ReportSectio sbeSdl1 23336569 1884388 a esatur, cess ps nilepatentde tatu camara ig a/CD23279589470 m N o a se WwW + N N c aa a 50. 39:55.68 Apresentasio 03) i Nesse sentido, 0 Projeto de Lei apresentado, que institui a Politica Nacional de ‘Trabalho Digno, Renda ¢ Cidadania para Populagio em Situagio de Rua, busca responder de forma ampla as dificuldades de acesso ao trabalho ¢ renda por pessoas em situagio de rua, apresentando incentivos 4 geragio de empregos ¢ contratacio de pessoas em situacio de rua, iniciativas de fomento permanéncia para qualificago profissional ¢ elevagio da escolaridade, além de medidas para facilitar © acesso 4 renda, associativismo e empreendedorismo solidério dessa populacio, ‘Trata-se de uma iniciativa legislativa fundada no conceito de Trabalho Decente, formalizado pela Organizagio Internacional do Trabalho - OIT em 1999, entendendo o direito ao trabalho como condigio fundamental para a superagio da pobreza e reducio das desigualdades sociais. Esti alinhada, ainda, com a Constituigio Federal de 1988, principalmente os artigos 6° ¢ 7°, reconhecendo o trabalho como um dircito social que da 4 pessoa a oportunidade de inclusio e traz dignidade a sua vida. Por fim, 0 Projeto de Lei reconhece a importineia da Economia Solidaria para pessoas que estio em situagio de rua, uma vez que tém mais dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho formal. A proposta, ainda, auxilia a promover gradativamente a universalizagio do direito dos trabalhadores em situagio de rua A qualificacio, com 0 objetivo de contribuir para o aumento da probabilidade de obtengio de emprego ¢ trabalho decente. Solicitamos, entio, apoio aos nobres pares para a aprovagao deste Projeto de Lei. Sala das Sessdes, em 28 de abril de 2023. Erika Hilton Deputada Federal - PSOL/SP 0: 28/04/2023 11:39:55,650 - MES PL n.2245/27023 preset = NE' GRANDE ws® Comportamento Agua de graga é gentileza que até assusta na Rua 13 de Maio Solange decidiu disponibilizar galao de agua gelada apés ver gente até passando mal com calor Por Alethaya Aves 21102025 0730 rexine 'Agua gelas fol ea ce Solange ance Na entrada de uma das lojas da Rua 13 de Maio, Solange Andrade ainda nao entende 0 motivo de tanto burburinho. Isso porque hd algumas semnanas decidiu disponibilizer agua de graga no local e, desde entéo, até "assustads’ as pessoas ficam com a gentileza. CAMPO GRANDE NEWS © pubtique > ia “Beba agua @ vontade”, diz 0 anuincio colado no galao de agua para no deixar ninguém com duvida. Mas, apesar disso, a curiosidade e a falta de costume com gestos parecidos tém feito com que os olhares sigam confusos, conta a empresaria. Rindo, Sclange explica que jé tinha se tornado pratica dividir sua Agua corn quem passava pela rua, mas de uma forma diferente, "Eu ficava tomando tereré aqui na frente as pessoas pediam um copo de agua. Claro que nao ia negar, entdo buscava copo plistico e dava' Com as ultimas ondas de calor, 0s pedidos por agua aumentaram, mas ver uma senhora passando mal foi © que gerou a ideia do bebedouro. Ela passou r © filtro ficava na parte det CAMPO GRANDE My, De ajudar no valor da agua até querer comprar copos pldsticos, a empresaria narra que a resposta dos clientes e de quem passa por perte tern sido variada, "Acho que nao estao acostumados mesmo porque uma coisa to simples. Quando comnecou a chamar atengao fiquei até com vergonha porque nao achel ‘que fosse dar isso", diz. Outro ponto destacado por ela € que @ égua realmente ndo tem nenhuma rela¢ao com querer algo das pessoas. “Isso no mudou nada nas minhas vendas, por exemplo. E $6 para as pessoas conseguirem tomar gua, nada mais’, completa Para ela, o ato tambérn pode servir de idele para outras pessoas da cidade no sentido da gentileza. “E algo facil, se mais gente fizesse isso, talvez seria melhor". ‘Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobegoficial, Facebook e Twitter, Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApn (67) 99669-9563 (chame aq. Receba as principais noticias do Estado pelo Whats. Clique agull para entrar na lista VIP de Campo Grande News. Nos siga no i Google News

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