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Introdução
Nesta breve pesquisa temos como objetivo identificar os traços da educação política
que perpassam ocultos no currículo que direciona os trabalhos pedagógicos e organizacionais
do ensino e da escola. Para isso acessarmos a realidade do chão da escola utilizaremos a
metodologia de entrevista, com 10 questões objetivas de resposta escrita e oral com docente
de sociologia da rede pública. A entrevista é composta por perguntas de livre resposta, que
serão gravadas e aqui transcritas.
Entendemos que o ser social é histórico e o trabalho é central para o desenvolvimento,
reprodução e produção do ser social. Na sociedade atual, o trabalho e a propriedade tomam
um caráter de exploração privada das forças de trabalho e da forma de propriedade tornando
a escola fundamental na reprodução de todos os níveis de ensino,como por exemplo, o
ensino técnico e o científico e nessa organização demonstrando o acesso aos níveis de ensino,
formalizando assim, a divisão social do trabalho no Brasil. Entendendo a hegemonia das
relações capitalistas é possível afirmar que o Estado encarna a vontade do que é público,
porém, nos dias do neoliberalismo, fazendo do público um serviço de rendimentos privados
para algumas famílias detentoras do poder econômico e político.
Afirmamos a importância da educação formal que venha a abranger a
continentalidade brasileira, essa noção da totalidade territorial e suas particularidades
regionais, é fundamental e necessária a produção de um documento com esta proporção para
o desenvolvimento e formação educacional científica da classe trabalhadora, no entanto, as
diretrizes para a educação moral e para o trabalho são dispostas, desde os Pioneiros da
educação (1932) até a (contra)reforma do ensino médio e a Nova BNCC (202…).
Visto assim, desde as origens da educação pública brasileira, o Estado e as entidades
privadas determinam as normas e diretrizes para a educação formal e informal, assim como
as bases nacionais comuns curriculares que dando a linha geral para a educação brasileira
reforçam a desigualdade a divisão intelectual e manual do trabalho. Neste sentido de buscar
compreender o currículo e suas potencialidades e fragilidades é necessário primeiramente
tratar sobre o que entendemos por Currículo escolar.
Há uma diversidade de teorias que tratam do assunto, de forma a explicarem o que é o
currículo. Teorias que se diferenciam desde o caráter ontológico, ou seja, desde a
compreensão do mundo e da relação do sujeito com a sociedade. Estas teorias se diferenciam
desde a afirmação do currículo em voga como as teorias que afirmam ao currículo como
formador de identidade da escola e do estudante e as que a desconstroem, analisam de forma
crítica, pois a formação desta identidade está vinculada a padrões de sociabilidade de
submissão e ao mesmo tempo propositiva.
Trazendo uma historicidade sobre o assunto, o autor indica como início do estudo do
currículo como objeto a década de 1920 nos Estados Unidos, onde há definições precisas em
que é entendido fazendo parte de, conforme Silva (1999) “Um processo de racionalização de
resultados educacionais, cuidadosa e rigorosamente especificados e medidos”. E além disso
continua o autor Silva (1999) “A especificação precisa de objetivos, procedimentos e
métodos para a obtenção de resultados que possam ser precisamente mensurados.”
Nesse sentido quando olhamos a composição das diretrizes curriculares que dirigem
nosso trabalho temos três momentos o do Currículo Prescrito são as bases ontológicas e
práticas que determinam o caráter geral para as diretrizes de ensino e organização escolar em
âmbito nacional/estadual/municipal; o Currículo real é o momento das particularidades e
especificidades do ambiente escolar e o Currículo Oculto são os aspectos implícitos que
expressam a moral, os costumes e investigamos se também a educação política; todos os três
compoẽm o grande projeto político pedagógico da sociedade de classes sob dominação do
modo de produção capitalista.
De imediato ao interpretarmos os textos e termos as narrativas e a vivência docente
nas escolas públicas é possível apontar que existe uma educação política no currículo que se
manifesta de forma oculta, quase subliminarmente, há uma reprodução de comportamento
passivo e obediente na forma escolar desde quando as decisões vêm sempre de cima;
formando identidades convenientes com a sociedade individualista.
As conclusões de uma perspectiva crítica sobre o currículo oculto é de certa forma a
manutenção do status-quo, a reprodução de injustiças e práticas antidemocráticas que se
refletem em atitudes, comportamentos, valores, orientações, conformismo, individualismo e
imobilização social, onde um grupo assume um caráter de subordinação e outro de
dominação.
O currículo oculto, além de interferir em dimensões na relação dos indivíduos na
sociedade, prescreve certas orientações como em questões de gênero e sexualidade, onde
aquilo que é considerado a norma se torna algo imposto, destituindo os sujeitos de
possibilidades da consumação das suas subjetividades e identidades.
De certa forma, no currículo oculto, está prescrito um sujeito de acordo com a
sociedade com a qual ele está destinado, e tendo em mente que vivemos em uma sociedade
marcada por desigualdades sociais, o currículo oculto pode operar no sentido de dar
continuidade a uma agenda conservadora.
A orientação quanto ao que foi discorrido até então, de forma preventiva, e trazer a
luz o caráter oculto, a ideia é a de que com a consciência do que ocorre de forma implícita e
inconsciente, possa mobilizar a agência dos envolvidos no processo educativo no sentido de
uma mudança que torne a produção de sujeitos menos injusta e autoritária. Tendo consciência
dos processos que estão envolvidos na modelação de subjetividades, permite uma
intervenção, e neste aspecto, a noção de currículo oculto vai além de uma ideia explicativa da
realidade, e assume o papel conforme Silva (1999) de “um instrumento analítico de
penetração na opacidade da vida cotidiana da sala de aula.”
identificar o caráter de classe da educação política presente no currículo oculto
e os instrumentos para a sua manutenção no sentido de que são escolhas políticas prescritas e
ocultas o processo pedagógico de ensino e organização escolar ditas desde o Estado e
também o caráter subversivo mesmo combatido tem nas aulas e sociologia, história, geografia
e filosofia as possibilidades de brechas para subverter aspectos político e metodológicos no
dia a diaa da escola e digo que pode ser oculto pois poderá ser que seja necessário ser um
trabalho clandestino, apesar da ironia , a realidade de uma educação política emancipatória é
combatida sendo individualizada deixando assim de lado o seu caráter coletivo de
emancipação do trabalho explorado.
O estado engessa a forma escolar?; ou existem brechas onde se pode buscar elementos
para uma transformação do caráter da educação política presente no currículo? questões que
levantamos como importantes para entendermos esse pequeno recorte da realidade pela
narrativas das professoras que veremos a seguir.
04 - O que o professor entende por currículo oculto. Do que entende, o que identifica?
05 - Pontos positivos do currículo e porque.
06 - Pontos negativos do currículo e porque.
07 - Que tipo de expectativas tem em relação ao conteúdo que ministra e o sujeito que resulta.
08 - Quais são os conteúdos mais importantes dentro do seu campo de atuação e porque.
09 - Já teve conflito em “passar” determinado conteúdo para a turma;
10 - Percebe algum tipo de conteúdo mais aceito entre os alunos;
Resultados analíticos
… aqui podemos trazer a análise da entrevista
Apontamento finais
Conhecida as perspectivas teóricas apresentadas nos textos lidos (SILVA acrescentar
outros/as autoras) essas leituras contribuem para questões que possam nortear uma discussão
crítica e enriquecedora sobre os entendimentos do currículo baseada nos processos históricos
e em questões que problematizam implicações políticas envolvendo o currículo.
Nesse sentido são trazidas questões no âmbito de se pensar o que se objetiva com
determinado currículo, partindo do pressuposto de que os seres humanos são historicamente e
socialmente situados, determinados modelos de currículo tender a produzir diferentes tipos de
pessoas, sujeitos com subjetividades e identidades diversas, que favorecem ou não
determinada agenda política. Neste contexto, o currículo, onde ocorre uma seleção, implica
uma operação de poder, estabelecendo assim uma conexão entre saber, poder e política.
Esclarecendo melhor, há um privilégio na seleção que implica um exercício de poder
que pode ser problematizado com questões como por quê um conteúdo e não outro, o que há
por trás da socialização de determinado conteúdo e não outro, nesse sentido a discussão de
currículo se aproxima do tema deste trabalho, o currículo oculto, onde aspectos ideológicos
estão embrenhados nos conhecimentos trazidos em sala, de forma consciente ou não.
Quando se refere a noção de currículo oculto, propriamente, Thomaz Tadeu da Silva
aborda a ideia por meio de uma perspectiva crítica, apresenta o tema o relacionando a
elaboração do conceito de Ideologia por Althusser, em que aspectos ideológicos assumem um
caráter material e prático. Além disso, situa o currículo oculto em meio a uma pedagogia e
códigos de classe, o que decorre de uma certa determinação estrutural sobre os sujeitos
envolvidos no processo educativo.
Essa influência estrutural envolvido na ideia de currículo oculto por meios não
explícitos no currículo oficial da disciplina, nela estão imbuídas certas características que não
são propriamente planejadas, mas acontecem de forma reprodutiva, nela se incluem relações
de autoridade, organização espacial, distribuição do tempo, padrões de recompensa e castigo.