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V SEMINÁRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DAS LICENCIATURAS DA UFPI

ESCOLA E UNIVERSIDADE: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO NA FORMAÇÃO DOCENTE

O ENSINO DE ASL DURANTE O ESTÁGIO OBRIGATÓRIO III: UMA FORMA DE


ATRAIR OS ALUNOS SURDOS PARA O APRENDIZADO DE INGLÊS

Felipe Macedo Carneiro1; João Vitor Fonseca de Sampaio²; Lucas Farias Santos de Sousa³;Cilene
Alves Varela4.

Licenciatura em Língua Inglesa

INTRODUÇÃO

A temática do nosso projeto posta em prática na Instituição de Ensino Matias Olímpio


direciona-se a inserção da Linguagem de Sinais Americana (ASL)com a execução de sinais por
intermédio do alfabeto, de palavras e frases a fim de instigar a curiosidade dos alunos para um
novo conhecimento envolvendo Linguagem de sinais, como também incentivar a prática dos
alunos para um conhecimento que vai de acordo com a sua realidade, sendo o uso de sinais como
linguagem principal, e não menos importante, observar seu comportamento e progresso diante
desse tipo de atividade, como uma formade considerar ou não a continuidade da mesma na escola
alvo. A Instituição Matias Olímpio é muito conhecida pelo ensino dedicado à comunidade surda
na capital, sendo assim, a Instituição torna possível a integração entre alunos surdos e ouvintes.
Infelizmente, não há a presença de uma metodologia adequada para o ensino surdo capaz de
atender as suas necessidades, portanto trazemos atividades para que os alunos surdos, juntamente
com os ouvintes, tenham a oportunidade de conhecer e poder se interessar por uma linguagem de
sinais estrangeira, nesse caso, o Inglês, na tentativa de enfraquecer um paradigma predominante
na Instituição de que alunos surdos são “lentos”, de que linguagem de sinais (LIBRAS) é algo
“besta”, que não desperta interesse. Sendo assim, buscamos por meio da atividade uma tentativa
de amenizar tal preconceito levando em conta pensamentos da Tesedo estudioso surdo Pierre
Desloges, intitulada originalmente Observations d'unsourdetmuèt, suruncourselémentaire
d'educationdessourdsetmuèts(1779), que expressa bem tipos de realidade sobre a interpretação do
sujeito surdo:

"Eu sou invariavelmente questionado sobre o surdo. Mas muito


frequentemente as questões são tão risíveis como absurdas; elas
meramente provam que quase todas as pessoas têm as mais falsas ideias
1
Aluno de Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura de Língua Inglesa.
²Aluno de Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura de Língua Inglesa.
³Aluno de Licenciatura em Língua Inglesa e Literatura de Língua Inglesa.
4Profa. Do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino.
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possíveis sobre nós; poucas pessoas têm uma noção de nossa condição, de
nossas capacidades, ou de nosso modo de comunicação uns com os outros
em língua de sinais.” (DESLOGES, 1779, p. 28)

É uma tarefa difícil, mas a opção mais viável é a aprendizagem ou pelo menos uma
familiarização com a língua de sinais da língua alvo que você pretende ensinar aos alunos, por
exemplo, você pode escrever uma frase em Inglês do tipo “How are you?” e pedir para o/a
intérprete explicar que tal frase significa “Como você está?” em LIBRAS, porém, muito
provavelmente, essa frase vai chamar mais atenção do surdo se você souber como esta é
sinalizada na língua de sinais alvo (ASL), já que o sinal é a sua forma principal de comunicação e
você estará ou mesmo tempo mostrando aos alunos algo que eles provavelmente desconhecem,
os instigando a absorver ou se interessar por este novo conhecimento.

METODOLOGIA

Para a execução da temática, foi preciso pesquisar sobre aspectos relacionados à ASL
(American SignLanguage) que é a Língua de Sinais Americana, que segundo Baker eCokely
(1980, p.48) “são compostos de movimentos específicos e formas das mãos e braços, olhos, rosto,
cabeça e postura corporal. Esses movimentos e formas servem como ‘palavras’ e ‘entonação’ da
língua (...) movimentos corporais ao invés de sons, ‘ouvintes’ (ou ‘recebedores’) usam seus olhos
ao invés de suas orelhas para entender o que está sendo dito.” Os aspectos explorados foram o
alfabeto, palavras e frases aleatórias, e como metodologia, inicialmente foram introduzidas as
diferenças presentes no alfabeto da língua de sinais alvo (ASL) em relação à língua de sinais
predominante (LIBRAS), sendo assim, a apresentação de novos sinais para os surdos tentassem
internalizá-los. Logo após mostrar as diferenças, inserimos palavras soltas que continham as
letras do alfabeto que eram diferentes e requisitamos os alunos a tentarem soletra-las. Após a
prática de “fingerspelling” o sinal da palavra era apresentado e os alunos eram encorajados a
tentar descobrir por meio de dedução, tendo por base as traduções das palavras que eram postas
ao lado, porém agrupadas de forma embaralhada para não tornar a atividade obvia. Por último,
inserimos palavras juntas (frases) e fazíamos a sinalização destas para que eles tentassem deduzir
seu significado, mas também tinham o auxílio de alternativas para não tornar a atividade
complexa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Os alunos de uma forma geral pareciam um pouco desinteressados com a metodologia


tradicional, mas no momento no qual comecei a inserir a atividade proposta, eles começaram a se
empolgar mais pela aula. Os alunos surdos sentiram grande identificação com a sua realidade, e
também a maioria dos ouvintes, por terem curiosidade e por terem contato com os surdos. Outros
aspectos muito interessantes foram o nível de participação, eficiência e empolgação, e por agirem
dessa forma, nos leva a sentir identificação com o que Desloges exemplifica em suas
observações:

"A linguagem que usamos entre nós (...) é singularmente apropriada para fazer
nossas idéias acuradas e, por extensão, nossa compreensão, por nos levar a
formar o hábito de constante observação e análise. Essa linguagem é viva;
carrega sentimentos e desenvolve a imaginação. Nenhuma outra língua é mais
apropriada para expressar grandes e fortes emoções." (Desloges, 1984: 37)

No aspecto de participação, pudemosnotar que eles passaram de passivos à


moderadamente ativos, discutindo a atividade entre si, dedicando esforço à atividade proposta.
No aspecto de eficiência, notei que ter inserido uma realidade da vida dos surdos e da escola os
tornou mais atentos, tanto que, em uma das vezes, fiz a atividade contando pontos e uma aluna
surda conseguiu marcar mais pontos que todos, incluindo ouvintes e outros surdos. No aspecto
empolgação, pude notar a felicidade de alguns alunos surdos durante a prática da atividade,
provavelmente assimilando aquilo como algo significativo. Também puder notar um evento
singular me chamou a atenção, ocorrendo com um aluno do 9º ano, que após ser apresentado as
diferenças do alfabeto entre LIBRAS e ASL passou a praticar e discutir o assunto com um aluno
de outra série, ajudando na propagação do conhecimento e fortalecendo a sua empolgação diante
da atividade. Mas também tivemos alunos desinteressados, parcialmente ou completamente,
sendo por timidez ou por simplesmente não estar dando a devida importância, mas entendo que
faz parte, afinal de contas, não se pode agradar a todos, e talvez não valha a pena botar tanto
esforço em grupos que não querem nem sequer tentar ser participativos de uma forma produtiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade ocorreu de acordo com a forma planejada, talvez tomando um pouco mais do
tempo que estava previsto no horário da aula, porém, foi uma tarefa produtiva tanto para os
ouvintes quanto para os surdos. Foi possível notar que os surdos são alunos interessados e que
tem potencial, mas a forma tradicional de ensinar Inglês não oferece a eles o estímulo adequado,
mas no momento que foram apresentados sinais com alfabeto, palavras e frases, eles passaram a
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dar mais atenção e ficaram curiosos acerca de outros sinais, pois independente da língua que os
sinais são mostrados, eles gostam de estar sempre aprendendo sinais novos, e por isso a atividade
foi produtiva em aspectos gerais.

REFERÊNCIAS

BAKER, Charlotte; SHENK, Cokely. American Sign Language: A Teacher's Resource Text on
Grammar and Culture. Washington: Gallaudet University Press, 1980.

SOUZA, Regina Maria de. Intuições. Delta: Documentação de Estudos em Lingüística


Teórica e Aplicada, v. 19, n. 2, p.329-344, 2003.

BILL VICARS. "100 Basic Signs" (American Sign Language)


(www.lifeprint.com). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=ianCxd71xIo&t=581s>. Acesso em: 07 jun. 2017.

SOUTH-DAKOTA-SCHOOL-FOR-THE-DEAF. First 100 Verbs in ASL with


captions. Disponível em:
<https://www.youtube.com/channel/UCrg6w933BuOQrL7xTtRphmw>. Acesso em: 07 jun.
2017.

SOUZA, Regina Maria de. Intuições. Delta: Documentação de Estudos em Lingüística


Teórica e Aplicada, v. 19, n. 2, p.329-344, 2003.

WIKIPEDIA. Pierre Desloges. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Pierre_Desloges>.


Acesso em: 20 jun. 2017.

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