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1998 BOREM Bértola Escrita em Lucipherez OPUS 1998
1998 BOREM Bértola Escrita em Lucipherez OPUS 1998
PMS Revisia da
ASSOCnçÃO NACTONALDE PESOUTSAE
Pós-cRADUAçÃo EM MúsrcA - ANPPoM
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780.3 lf€ v AGOSTOde í9S ne5
O7a
1998
v.5
Introdução
LI
I
3
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c.4 l Ítrco
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przz tr5
út tr _:_-
plaqué
c. 93
VV
EX.3- Processo
demudanças detimbre,
efeitoe ritmoemLucípherez
a partirda
experimentaçâo:
depiz emL' paraarcoe pizzl.v.emL.;decompasso
5/4emL,
paracompasso6/4emL"
EX.4 - Refação entre arcadas e crescendosem Lucípherez(veja também EXs.1' 8
e 13 )
Em L., Bértolamostraum maiorreÍinamento e clarezana sua escrita,
incluindodetalhesindicativosda notaçãomusicalque são Íundamentais na
co mp re e n sã d
o e suas intenções.Indicacom s imb o lo g iaa t u a liz a d a 6 Capotastoé umatécnicaem que o polegarda mãoesquerdapressionaa corda
(diferentemente de muitoscompositores)os harmônicosnaturaise, quando comonormalmente
sobreo espelho, acontececomosoutrosdedosdamãoesquerda
nosinstrumentosde cordas.
54
molto preciso,pocoaccentosempre(c.68)e, em diversoslocais,a indicação O Desenvolvimentoda escrita para contrabaixo: de La Visión de los
plaqué(p) paraevitaro arpegiamento de bicordes(c.5, 46-47,93-95etc.). Vencidosa Lucffierez
sutis,muitasmudanças detempoemLucípherezsó foramÍixadasapósampla
experimentação, como,por exemplo,no c.32 (delicatissimo) dos três lmersosno prazerde tocaro instrumento, boa partedos contrabaixistas se
manuscritos:
semínima: 52-56emL,,parasemínima: 48-50emLre,Íinalmente, esquecedecolocarseurepertório nocontextomaisamplodahistóriada música.
semínima: 56 em L. (vejaEx.3acima). Guardadaa importância relativado repertóriode câmarado contrabaixo, temos
A audiçãoduranteo processode composição Íoi importanteparaque que,duranteos séculosXVlle XVlll,nenhumdoscompositores quemarcaram
o compositor tivesseelementose tempopara resolveralgumasdúvidas a históriada músicaescreveuuma obra de câmarasigniÍicativa para o
composicionais. Parachegaraototalde 116compassos em L.,acrescentou instrumento. Se o séculoXIXviu surgirobrascomoo DuetoparaContrabaixo
8 compassos em L, e mais4 em Lr. Estesacréscimos permitiram
Bértola e Violoncelo ou os SerbQuartetosde Cordascomcontrabaixode G. Rossini,o
recapitular
os materiaistemáticosemcordasduplas:2esmaioresemquintina SeptetoOp.20de L. van Beethovenou o Quintetode CordasOp.97de A.
de semicolcheias, 4asjustasem semínimase trítonosemcolcheias.os c.s9- Dvorak,pode-sedizerqueapenaso Quinteto A TrutadeF.Schubert chegoua
61 Íoramexcluídos em L., masreintegrados em L.. A fluênciano desfecho ocuparuma posiçãode destaquecomoobra-prima, lembrada,mesmopelo
da obra é outraquestãoque foi influenciada pela experimentação: uma públicoleigo,comomúsicaqueincluio contrabaixo.
Íermatafoi incluídaem Lr(c.91)e maisduasÍoramacrescentadas em L. O séculoXX chegaao Íinal deixandoapenasduas obras-primas de
(c.106).
câmaraem que o contrabaixorecebeuuma atençãoespecialde grandes
O resultadoacústicode cordasduplasno grave do contrabaixoé primeiro,
compositores: Á HistórÍado Soldadodel.Stravinsky, emqueas cordas
radicalmente diferentedaquelenos registrosmédioou agudo.Se Bqse SeÊ
justasaindaresultamnumaconsonância sãoreduzidasà polarização registraldoviolinoe contrabaixo; depois,Octandre
quepodeserpercebida comotal no de EdgarVarèse,em cujainstrumentação o contrabaixo desvencilha-se
grave,o mesmonãoacontececomos outrosintervalos, das
em maiorou menor outrascordasorquestrais, características que se tornarammaiscomunsna
grau.Ao ouvira opçãodetransÍormar os bicordesde 3Emaior,4sjusta,trítono músicado pós-guerra. A correspondência destasobrasem Bértolaaparece,
e 5ajustaqueaparecem noc.102de L, nosintervaloscompostos de 1@maior, respectivamente, noseptetoCantosa Ho(1994),ondeo duoúolino-contrabaixo
11ajusta,12adiminutae 12ajusta,Bértolanãotevedúvidasem adotaresta
co-habitao espaçodossoprose no septetoLa Visiónde losVencidos(1978),
sugestão emLr.Alémderesultar emintervalos maisdiscerníveis parao ouvinte, em que o contrabaixo comparececomoúnicorepresentante das cordas.A
estaampliação intervalar
enfatizao clímaxpretendido. [EX.S] importância de Octandrena músicade Bértolanãodeveser subestimada. A
orquestraçãode Varèse não passoudespercebidados compositores
interessados nasdireçõestomadaspelamúsicaa partirdosanos20. Podendo
c.l0l em Ll ter inspiradoa inclusãodo contrabaixo emLaVisiónde losVencidos,Octandre
trazoutrascaracterísticasencontráveis no estilobertoliano:
a restriçãode notas
I' em pequenosconjuntosde conteúdocromático,sua espacialização eo
tratamento temáticodo ritmo,dinâmicas e articulação.7 Estaemancipação do
IE
EX.6- Fragmentação
de registrosextremosemLa Visiónde losVencidos EX.7 - Ampliação da tessitura e dos harmônicos naturais do contrabaixo: de
Visión de los Vencidos para Lucípherez
b-'
rl '.-
comoharmônicos artiÍiciais,
cujarealização
estánumníveldediÍiculdade muito . . da inércia e obscurantismopara atingir o mais alto grau de liberdadee
acimado restanteda parte.Já emLa Visiónde losVencidos, Bértolaempregou criatividade."À exceçãodo trio Trópicos(1975),em que ousouuma escrita
a escritaconvencional - masaindaconÍusa- paÍaos harmônicos docontrabaixo, "sob medida"para a técnicapeculiardo violinistaguatemalteco Joaquín
os quais levama indicaçãoarm. suono reali.A utilizaçãodo registrodos Orellana, predomina e a escritaconseruadora
a discrição comquetratao violino
harmônicos naturaisaindaé tímidaemLa VisióndelosVencidos,lembrando a e a viofa nosDuosdosTemperamentos e dasCores(1984),o pardevioloncelos
mesmaÍunção pontualutilizadapor Varèseem Octandre.Em Lucípherez, em Um no Outro(1984)ou o octetode violoncelosem Rituaisdo lmaginário
entretanto, dá-lhesmaisresponsabilidade composicionale passaa anotá-los (1ee2).
comona escritaparaas demaisnotas(evitandoassimconÍusões), cujosom EmLucíphel'eztemos umbomexemplo dodilemavivenciado pelamaioria
realsoaumaoitavaabaixo.Excetopeloharmônico Dóu(sétimamenorda série dos compositores: a manutenção de um estilocomposicional sedimentado
harmônicada cordaRé),cujadinâmicatïé virtualmente impossível mesmo versus o desaÍioe risco de desenvolveruma escritaidiomática.O
emcondiçõesideaisde instrumento e acústica(porserumadasúltimasparciais aproveitamento do potencialde cada instrumento é um Íatorimportantena
úteisda sérieharmônica e porsertocadona ll corda),os harmônicos naturais escolhadosmateriais sonoros.lstoacontece, porexemplo,quandoa seleção
em LaVisiónde losVencidossão bemempregados. Constituindolongospedais, dealturase interualos Íicasubmetida às possibilidades do instrumento.
técnicas
sempreprecedidos e seguidosde pausasou respirações, tornam-sede Íácil Um dos procedimentos composicionais típicosde Bértolaé a conduçãode
realizaçáo [EX.g].Note também, neste exemplo, a sétima maior descendente, vozesparalelas, gerandolongassequências de bicordesde mesmointervalo.
intervalocaracterístico na obrade Bértola. Pode-seobservaristo tantono emparelhamento de instrumentos iguaisou
Umacomparação entreas obrasem que Bértoladeu maisatençãoàs semelhantes (sejana sériede duosou na músicaparaorquestrade câmara
cordasorquestrais permiteumaalusãoà epígraÍede Lucípherez, ou sinfônica)ou, isoladamente, em instrumentos que tenhampossibilidades
escritapelo
compositor (e transcritano iníciodesteartigo).Foio contrabaixo harmônicas. Exemplosde sua preferência por sequênciasde 2q menorou
- o membro
menosconsiderado destafamíliade instrumentos - queo compositor retirou". sequências de 2amaioraparecemno pianode LasDoradasManzanas del Sol
[EX.1 0] ou no violinode Cantos a Ho 1
[EX.1 ].
La Visiónde kts l'encìdos
c.9 - 48 molto lento
o0
contrabaixo
P
arm.suonireali
'l'ranslacìones
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doblcoÍdosdê2r mãiornoviolinooÍ' Cenlí'êa Ho
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e noíãgotede Cártor a Hl,
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L
Ao tomarconhecimentoda grandevariedadede harmônicosnaturais
no contrabaixose da relativaÍacilidadetocá-loscomocordasduplas,Bértola
decidiu,em Lucípherez,utilizareste intervalotemáticode 2aeno registrodos
harmônicosnaturaisdo contrabaixo, acimada regiãosuper-aguda. A natureza
escalarde tons inteirose semitonsdeste registro,entretanto,obrigouo
compositora misturar2ssmenorese maioresnassequênciasde cordasduplas
paraconstruira seçãocentralda obra[EX.12].
Trítonos
):qz -qc
2m - 2M 2m 2m
'r^ 2M z ^' - 2M .ff subito
c.6l
conhabaixo 2m
2rn 2M zm 2m
EX.12 - Sequência
de bicordesde2cmenore 2cmaiornocontrabaixo
emLucípherez
O desenvofvimentodaescritacontrabaixística
atingidaemLucípherez
repercutiu
decisivamente na composiçãodas últimasobras de Bértolapara grupos
I Em relação aos harmônicos do violino, viola ou violoncelo, os harmônicos naturais
maiores:o septetoCantosa Ho, em que homenageiao lídere
instrumentais
do contrabaixosão em maior númeroe permitemum universode notas menostonais, poetavietnamitaHo Chi Mine GrandesTrópicos,paraorquestrasinÍônica,em
devido à sua aÍinação em 4as justas ao invés de 5a9 justas.
62
que,pelaescolhado título,Íaz oposiçãoà perspectiva
antropológicade InbÍes GrandesTrópìcosloidedicadaao NúcleoMúsicaNuevade Montevidéo
Trópicosdo ÍilósoÍoÍrancêsClaudeLévi-Strauss.A escritade Lucípherez e suaestréiadeveráocorrerem BeloHorizontesoba direçãodo compositor
coincidiucomas correções,revisãoe estréiadeCantosa Ho.O entusiamode e colega da UFMG Oiliam Lanna,segundoo desejo de Bértola.A
Bértolacoma escritacontrabaixÍsticanesteperíodoÍicouevidentena maneira instrumentação das cordasÍavoreceos graves:8 contrabaixos, I violas,8
com que concluiuas três versões,apresentadas ao Grupo de Música violoncelos, 10 segundosviolinose 10 primeirosviolinos.O compositor
Contemporânea da UFMG,a quemdedicouestaobra.O finalda primeiraversão, pareceuconscientedo Íato de que paratrataro contrabaixo comoumavoz
emqueo contrabaixolazia umpedalparaa pontuação conclusivadaclarineta independente, desvencilhando-o do naipedevioloncelos,eranecessário uma
e saxofoneem quartasjustas,passoua ter, no últimocompassoda segunda proporção maisadequada do queaquelautilizada emmuitasorquestras (i.e.;
versão,o contrabaixosozinhoem longospizzicatos no grave.Foina terceira 8 contrabaixos, 12violas,12violoncelos,12a1I segundos violinose 12a 18
versão,entretanto,queeledecidiumudarsubstancialmente o Íinalde Cantos primeirosviolinos).
a Ho, ampliando-oem 10compassos,ondeum longosolode contrabaixosem GrandesTrópicos,a últimaobrade Bértola,refleteo amadurecimento
acompanhamento encerraa obra[EX.15]. de uma escritaidiomáticapara contrabaixoatingidaem Lucípherez,como
mostramos exemplosabaixo.Os diwsrdonaipede contrabaixos sãocomuns
e atendemàs necessidades do compositorde obterum controlemaiorde
intensidade, nuancesdearticulação, decondução devozesparalelas, acordes
)= 48 - 52 (ca.) e, até mesmo,estereoÍonia. BértolademonstraumaconÍiançano crescente
nívelda técnicainstrumental doscontrabaixistasde orquestras,ampliandoa
tessituraútil de sua escritaatéo Fâo(c.135).A utilização
do registroagudo
peloscontrabaixos é destacado,comonodlViside 2amaioremquetocamuma
oitavaacimados Íagotes(resultandoem uníssono),cujo objetivoé uma
combinação de timbrese articulação [EX.16].Noteo cuidadodo compositor
em separaro grandesalto de registronos contrabaixoscom uma pausade
semínima.
fg div.
c.
fg
vla, vc
--
ÍÍf
- @iz) pízz
piu arco po pizz
lyu P|LL
64
Emumdosclímaxesem GrandesTrópicos,Bértoladá aoscontrabaixos
umaatençãoespecialem relaçãoaosdemaisinstrumentos pois,
da orquestra
no únicomomentoda obraemqueabandona (c.2481,
a notaçãotradicional éa
no registromaisagudopossível[EX.171.
elesquesolicitanotasindeterminadas
c.248
vl2
cb
vc 1,2,3
4,5,6
EX.17- Notasindeterminadas
no extremo
agudodo contrabaixo
em Grandes
Trópicos
A confiançano potencial
solístico
do contrabaixo
orquestral
transparece
quatropassagens so/leem GrandesTrópicos, quenãotêmcorrespondência sostenuto molto espress
em / poco
entreos outrosmembrosdaÍamíliadoviolino.No primeiroso/r,combinandoas
EX.19 - Soli de contrabaixosem Grandes Trópicos:sequênciade quintas paralelas
articulaçõestenutoetremolidodivisidecontrabaixos, Bértolaapresentaum
non-divisi
motivocromáticonoregistrogravecomumanuançasutildearticulação [EX.18],
motivoqueseráreapresentado noc.272emodiÍicado comampliaçãointervalar
e em quintasparalelasnas cordasduplasdo c.252(vejaEX.21e Ex.26à
frente). Nosegundoso/i(c.157),oscontrabaixos têmumasequência de quintas
paralefas non-divisisostenutomoltoespressivo
no registrograve[EX.19].
t-^ No terceiroso/l(c.186),os contrabaixos sozinhosno registromédio-
,: )õ agudointroduzemuma nova seçãoem que os metaisdialogarãocom as
madeirase as cordas[EX.20].
cb div. J= so
vl a . fl s I e 2 . o b I e 2
orquestra
poco
v c . 1,2 ,3
) = sq
ç.272 vl I e Il, vla, fl I e 2, ob 3 ecl 3
çb.1,2
orquestfa
3,4
cb.5,6
7,8
em GrandesTrópicos:
EX,23- Diviside contrabaixos de clusterde
emulação
semitons
Doisoutrosefeitos,relacionados
à estereofonia do naipeem relaçãoàs
EX.21- So/lde contrabaixos
em GrandesTrópicos:motivocromáticono grave outrascordase do naipeem relaçãoa ele mesmo,merecemser citados.
Primeiro,Bértolapareceretomarum íconeÍirmadonaorquestração romântica
(signiÍicativamente
na músicasinfônicade Beethoven, Berlioz,Lizst,Brahms,
A escritaidiomática
docontrabaixo
emGrandesTrópicosinclui
também Tchaikovsky e Mahler)emquea técnicade arpejosdostecladosé orquestrada
algunseÍeitosdecorrentes dosdrVisidentro queo divisino
do naipe.Enquanto estereoÍonicamentenascordas;nestecasoiniciadae Íinalizadapelocontrabaixo
c.52gerabicordesdissonantes resultantes
docruzamento devozeslEX.22l,o lEX.24l.
divisinoc.243,numarespostaaostrompetes, geraum clusteremdecorrência
do "trinado"Fá#r-Sol#,sobreum pedalde Sol,[EX.231. I ccllol,2,3e4
vlll 1,2,
fe4 vla tutti
c 84 )= 54 pizz pizz piu
c.46 )=
r' 111,2,3e4 .fl
i
pizz
cb div. rJJf,ì
' .Q
cclÌo tutti I f ',r.
I I
"f - cb tutti
cbl,2,3e4
(som real)
(sornreal)
69
68
Segundo, o divisiatrês(c.117)têma Íunçãodeacréscimoda intensidade mudariaa idéiadeÍusãotímbricado uníssono comclarinetas
e Íagotes.Outra
sonora,cujadistribuição acústicanafilade contrabaixos
ocorredosprimeiros idéia,seriadestinarestapassagem o que,poroutrolado,tiraria
aosvioloncelos
paraos últimosinstrumentos, ou seja,daÍrenteparao fundodo palco[EX.2S]. um poucoda tensãoe timbrepretendidos.A melhoropção,entretanto,deverá
surgirnaturalmente à percepção
auditivado maestro,duranteos ensaios.
58
pizz
c b 1,2
c b 5,6
Gonclusão:
EX.25- DÍvisíatrêsem Grandes
Trópicos:
crescendo poradiçãode
estereofônico
contrabaixos O estudodaspráticasde perÍormance em Lucípherezmostra quea linguagem
idiomáticade EduardoBértoladesenvolveu-se emÍunçãode umacompreensão
globaldas particularidades do contrabaixo.Mostratambémque numa
Bértolavolta a conÍiaraos contrabaixosoutrasequênciade Scsjustas colaboraçãoidealentrecompositore instrumentista, a buscade alternativas
non4ivisilEX.26l,
sóquedestavezno registroagudo/super-agudo, escrevendo poderesguardar o estilocomposicional característico
anterior,ao mesmotempo
uma oitavaacimadas clarinetase Íagotes.Cabeaqui observarque, neste emqueabrenovaspossibilidades de ampliá-lo.Umconhecimento melhordas
trecho,Bértolaexcedeuo níveldediÍiculdade máximoesperadode um naipe técnicasde perÍormancedo contrabaixonosseusdiversosregistrospermitiu
de contrabaixos,mesmopara as melhoresorquestrasdo mundo.Em uma novamoldagemde vocabulários pré-existentesna músicade Bértola,
Lucípherez,Bértolatomou conhecimentosobreduasparticularidades datécnica comoporexemplo,a restriçãona seleçãode interualos e suaespacialização,
de cordasduplasdo contrabaixosolista:a relativaÍacilidadede se tocarSss os contrastesde timbre,o tratamentodo ritmoe da articulaçãoenquanto
diminutas(trítonos)
emqualquerregistrodocontrabaíxoe 5€ justasnosregistros essênciado motivomusical.
gravee médio.Êm GrandesTrópicos,o compositordeve ter confundidoos O virtuosismoutilizadoporBértolaemLucípherez resultaprincipalmente
interualos(ou registros)e sua exequibilidade
em trechoscomoeste.Como do desenvolvimento da linguagem idiomáticado contrabaixo, quese iniciaem
sabemosda práticado compositoremexperimentar, ouvire revisarsuasobras La Visiónde los Vencidose terminaem GrandesTrópicos.Na maioriadas
antesde estreá-las(i.e.; Cantosa Ho, Lucípherezl,podemosimaginarque vezes,trechosque parecemser de diÍícilrealização técnico-musical são,na
nãose incomodaria se buscássemos umasoluçãoparaeste"pepino"(= modelo verdade,conduzidos porpontosde apoioe recursosintegrados naturalmente
negativo;vejaa notade rodapé1). Minhasugestãoinicialseriaum divisia2 ao discursomusical.Por istomesmo,nuncasoamcomoeÍeitospirotécnicos
parao naipede contrabaixos, que,aindaassim,deveriaÍazermuitosensaios quedevamsobressair, ou efeitosa partirdosquaisconstruiu-se a música.
separadoda orquestra.Mesmocom o divisi imaginoainda duas outras Com refaçãoao seu papelna harmoniae contrapontode Grandes
possíveissoluções.Umaidéiaseriaoitavarabaixotodaa passagem,o que Trópicos,o contrabaixo transitacom naturalidade entreas vozesinÍeriores,
70
/ô.
internasou superiores da malhaorquestral. Seupotencialéempregado com c. 5, 13, 17,29,36,40, 46-47,49-51, 56,59, 64,87'89,93-95,99-100,102'
grandeversatilidade, alternandoasÍunçõestradicionais davoz do baixo(pedal, 105, 111: inclusãodo símbolop (plaque ou non arpeggiato'1 em L.
pontuagõesharmônicase linhas contrapontísticas) com a de iniciadore evitaarpegiamento de bicordes;
Íinalizadorde efeitosde orquestração(arpegiamento dos naipesde cordas, c.14:indicacãode arcadaparacima(V) em L. implicaem arcadaparabaixo
clustersenotasde alturaindeterminada), de componente de combinações de (?)na últimanotado grupode semicolcheias, Íavorecendo o crescendo
timbree, Íinalmente, comoinstrumento solistatantono registrogravecomono em notacurta;
registromédio-agudo. c.22-25:Íde L' e L, mudadoparamÍem L., valorizasubito lentoe prepara
Umanegociação saudávelentreo compositor e o instrumentistase realiza melhoro crescendoparaf e ít;
no espaçoentrea imaginação e a realidadeou, em últimaanálise,entrea c.28:indicaçâo de cordalílem L. preparamelhoro saltoseguinte;
teoriae a prática.Nestarelaçãodevemosbuscar,simultaneamente, a satisÍação c.29:mudançasde andamento de semínima=52-56em L, parasemínima=
de ambos.Devemosprocurara realização idealde umaidéiamusicalque,se 48-50em L, e parasemínima=56 em Lgi
nãoé representada pelosíconesinicialmente imaginados, deverátraduzir-se c.31: mudança de piz em L' paraaÍco em L, e L.;
por outrossímboloscujacogniçãoaindarepresente a idéiainicialcom uma c,31,43, 52,54,57,58,60,62,65,91 e 113:inclusão do termoI.v' (laissez
expressividade e cargaemotivaequivalentes. vibref em L.;
Se a recentedescobertado contrabaixocomo um instrumentode c.32:indicaçáotastoe corda llsomenteem L.;
insuspeitadas possibilidadespodedarumnovoimpulsoe motivação à criação c.36:compasso8/4em L, corrigidopara714em Lr;indicaçõesíeroceepoco
musical,a aproximação entrecompositores e contrabaixistas é Íundamental (crescendo) em L, retiradasem L, e Lr;
paragarantirumamelhoria, senãoa eficiência,do resultadoÍinaldesteprocesso c.37:indicação delicaÍÍssimoestáfaltandoem L.;
de
de composição. Paradiminuiras disparidades entreo quèse compõee o guê c.38:indicação de arcadase cordalll emL '
se ouve,quadroaindamuitoevidenteno Brasilem relaçãoao repertório do c.40:indicaç de feroceemL, retiraoae#L, e t ;
áo
contrabaixo,é necessárioque os instrumentistas saiamda passividade Írente c.41:indicaçãoúastoe cordalsomenteem L.;
à partiturae queprocuremoscompositores paracolaborarnacriaçãoe tradução c.42:pÍz em L, mudadoparaarco em L' acrescidode talloneem L.;
sonorade seu repertório.Por outro lado,é imperativoque os compositores c.52:mudançade andamentode semínima= 50 em L.,parasemínima= 42-44
percebamque o contrabaixomodernonão é mais aqueleque aindaestá em L, e L.;
estampadonos livrosde orquestração. c.59-61:estbdoiscompassos Íoramexcluídos em L' masreintegrados em L.;
c.68:incfusãoda indicaçâo rigolaree molto preciso,poco accentosempre
e reduçãodo andamentode semínima=56 parasemínima= 54 eÍì Lz
e Lr;
Anexo - DiÍerençasentre L.,,L, e L.: c.82:andãmento de semínima= 56ca.mudadoparasemínima= 63 em t= e L.;
c.83:indicaçãodo símbolode cap-tasÍo ( o) e cordasllíe lll-IVsomenteem L.;
c.85:indicação de arcadaparacima(V)em L.;
A numeração
decompassosutilizadanestacomparação se reÍereà numeração c.91:pize vivo de L' retiradoem L, e Lr;
de compassosde L., porserestaa versãodefinitiva
deLucípherez e possuiro c.92:Íermata ao Íimdo compasso em L, e L.;
incluída
maior númerode compassos.O símbolo"c." equivalea compassoou c.97; senzaacel. finoal Íineem L, simpliÍicado parasenzaaccel.em L, e L.;
compassos. c.102:intervalos de 3amaior,4ajusta,trítonoe 5qjustaem L, transformados
em intervalos compostos (10amaior,11ajusta,12adiminuta e 12ajusta)
c.6e 26:mínimaempizzemL' passaa sermínimaemaÍcoem L, e [=,devido em Lr g L.;
à poucaressonânicado pizzicatona regiãosuper-aguda; c.103:trêsúltimoscompassos porquartozecompassos
de L, substituídos em
c.1'l-12,'14-17,
19-21,28,38-39,43,51,83,91,103-104, 111: indicações
de L, e \, incluindomateriaistemáticosda primeiraseção da obra(quintinas,
harmônicosnaturais( ") somenteem L.; cordasduplase trêmolo);
c.13:indicaçãode arcadaparacima(V) em L. Íavorececrescendoem nota c.103-104: arcadasparacimaacrescentadas em L.;
longa;
72
c.106:duas Íermatas consecutivas
acrescentadas em Lr; Sugestõesde Leitura:
c.107:aumentodo andamenlode semínima= 44-48ca. parasemínima= 56
em L, e L.; ALBRfGHT,PhilipH. Originalsoloconcertosfor the doublebass.Rochester,
c.107-110 e 112:inclusãodo símbolopízz.x (effettodi timpani); EUA:EastmanSchoolof Music,university oÍ Roichester,1969.(tesede
c.113:attaccaacrescidoem Lr; doutorado).
c.114:pochiss.accento,lontanoe subito(pp)acrescidos em L'
BERNARD, Jonathan.TheMusicofVarèse. NewHaven:Yale 1987.
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