Professional Documents
Culture Documents
Maes Nervosas Um Ensaio Sobre A Raiva e
Maes Nervosas Um Ensaio Sobre A Raiva e
família e infância
no mundo contemporâneo
Apoio:
Organizadoras
Claudia Fonseca
Chantal Medaets
Fernanda Bittencourt Ribeiro
Capa: Cléo Magueta, sobre arte de Lucas Richter; desenhos de Vinícius Fragoso
Projeto gráfico e editoração: Vânia Möller
Revisão: Vânia Möller
Revisão gráfica: Rafael Heidt Martins Trombetta
P474
Pesquisas sobre família e infância no mundo contemporâneo /
organizado por Claudia Fonseca, Chantal Medaets e
Fernanda Bittencourt Ribeiro. -- Porto Alegre: Sulina, 2018.
246 p.; 23 cm.
ISBN: 978-85-205-0827-5
CDU: 316
572.3
CDD: 306.85
570
1
A tese realizada no PPGAS/MN/UFRJ foi intitulada: “Figuras da causação: sexualidade
feminina, reprodução e acusações no discurso popular e nas politicas de estado” e orientada pela
professora Adriana de Resende Barreto Vianna.
215
2
Na tese discuto as representações sobre outras “figuras da causação”, as “novinhas” e as “mães
abandonantes” (2017).
216
217
218
3
No Brasil, ver também os trabalhos de Marta de Luna Freire (2008) e Dagmar Meyer (2005),
que mostram como a maternidade se constituiu como fonte de preocupação política nas últi-
mas décadas.
219
4
Duarte também chama a atenção para a variedade dos fenômenos “negativos”, ja Aurel Kolnai
(2013) enfatiza que o amor e sentimentos positivos são descritos na literatura com maiores
nuances do que o ódio. Segundo este autor, existe uma dificuldade de classificação e de oferecer
descrições com gradações para o ódio: "Esta divergência que acabamos de mencionar se faz
mais visível quando vemos a multiplicidade muito mais ampla das formas de amor. Falam de
amor benevolente, amor concupiscentia e, amor intelectual; mais jamais se tem acometido uma
classificação correspondente para o ódio”.
5
Trakinas é o nome de um biscoito recheado.
220
6
Diaz-Benítez (2015) chama atenção também para “a linguagem do excesso, como uma das
principais chaves na produção da humilhação”, a partir dessa chave podemos entender o uso
de diversos xingamentos e ameaças, “vou te quebrar”, “vou colar sua língua na frigideira”, “vou
torcer seu pescoço”.
221
222
7
A biblioteca foi extinta devido aos confrontos policiais no território. O espaço se situava numa
das ruas principais da comunidade. A empresa avaliou que a “situação de risco” era motivo para
suspender as ações do projeto. Isso mostra como a violência institucional de estado influencia
na mobilidade vivenciada no território. Um lugar fundamental de encontros, empregabilidade,
lazer, estudo e formação foi interditado a partir de uma operação especial do BOPE (Batalhão
de Operações Policiais Especiais).
223
Eu fui falar com uma garota que achava que eu tinha falado mal
dela, fui lá na casa dela, bati no portão, “oh coisinha, você está
achando que eu falei mal de você? Eu não falei não”. Daí essa me-
nina agarrou no meu pescoço e apertou. E ela é adulta tia, quando
eu contei pra minha mãe o que ela tinha feito, minha mãe fez isto.
224
8
Retomo aqui, novamente os achados de Duarte sobre o “afloramento ao nível da pele” (1988,
p. 30), não apenas como algo que aparece nessa superfície, mas como força que tem como alvo
a própria superfície dos outros.
9
O “Reino das Mães” é uma metáfora cunhada por Nise da Silveira a partir das pinturas de
Adelina Gomes, uma das pacientes do Centro Psiquiátrico Nacional do Engenho de Dentro,
no Rio de Janeiro. Segundo as análises da psiquiatra, Adelina, uma moça pobre, viveu uma
relação de intenso apego e repressão com sua mãe, com quem morava no interior do estado e
que censurou a paixão e o envolvimento da filha com um rapaz. Após este episódio, Adelina
se apresentava cada vez mais nervosa, até chegar ao ponto de estrangular sua gata. Este evento
desencadeou sua internação no Centro, onde recebeu o diagnóstico de esquizofrenia e perma-
neceu internada até o fim da sua vida. As pinturas de Adelina são famosas por retratar imagens
225
femininas, tais quais flores, plantas e mulheres. Ao analisar estas pinturas, Nise afirmou que
estas seriam manifestações do inconsciente coletivo a partir de arquétipos. A comunicaçãopor
meio das pinturas e esculturas feitas por Adelina expressa o que é indizível na linguagem fala-
da, remetendo, por sua vez, às informações arquetípicas, relacionadas muitas vezes a situações
de trauma e transformação da subjetividade. Sobre este e outros aspectos da vida de Adelina
Gomes e da trajetória de Nise da Silveira, ver trabalho de Felipe Magaldi (2015). Sobre suas
pinturas, ver o documentário “No reino das mães”, de Leon Hirszman, disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=4ChaFsprUsI>.
226
227
228
229
230
231