You are on page 1of 7

MAT016 — Lista 02 de EDB

Equações diferenciais parciais


Equação da onda
Exercício 1
Resolver o problema de valor inicial e de fronteira para a equação da onda

∂ 2 u(x, t) 2
2 ∂ u(x, t)
EDP − α = 0, 0 < x < L, 0 < t;
∂t2 ∂x2
CF u(0, t) = 0, 0 6 t;
CF u(L, t) = 0, 0 6 t;
 

CI u(x, 0) = f (x) = sen x , 0 6 x 6 L;
L
 
3πα 3π
CI ut (x, 0) = g(x) = − sen x , 0 6 x 6 L.
L L

Exercício 2
Resolver o problema de valor inicial

∂ 2 u(x, t) 2
2 ∂ u(x, t)
EDP − a = 0, − ∞ < x < +∞, 0 < t;
∂t2 ∂x2
CI u(x, 0) = f (x) = arctan(x), − ∞ < x < +∞;
a
CI ut (x, 0) = g(x) = , − ∞ < x < +∞.
1 + x2
Mostrar que a solução consiste de apenas uma onda viajante. Para que lado viaja essa onda?
Sugestões:

1. Usar a fórmula de d’Alembert para a solução da equação da onda.


Z
1
2. Primitiva: dx = arctan(x) + c.
1 + x2

Equação de Laplace
Exercício 3
Resolver o problema de valor de fronteira para a equação de Laplace em um quadrado,

∂ 2 u(x, y) ∂ 2 u(x, y)
EDP + = 0, 0 < x < +π, 0 < y < +π;
∂x2 ∂y 2
CF u(0, y) = 0, 0 6 y 6 +π,
CF u(π, y) = 0, 0 6 y 6 +π;
1 1
CF u(x, 0) = sen2 (x) = − cos(2x), 0 6 x 6 +π;
2 2
CF u(x, π) = 0, 0 6 x 6 +π.

1
2

Exercício 4
Resolver o problema de valor de fronteira para a equação de Laplace em um disco de raio unitário,

∂ 2 u(r, θ) 1 ∂u(r, θ) 1 ∂ 2 u(r, θ)


EDP + + = 0, 0 < r < 1, − π < θ < +π;
∂r2 r ∂r( r2 ∂θ2
−10, −π < θ 6 0,
CF u(1, θ) = g(θ) = 0 6 r 6 1.
+10, 0 < θ 6 +π,

Sugestão: Usar a solução formal do problema de valor de fronteira,


+∞
a0 X
u(r, θ) = + [an rn cos(nθ) + bn rn sen(nθ)] .
2 n=1

Respostas e soluções

Solução 1 A solução formal do problema é

+∞
X  nπ    nπα   nπα 
u(x, t) = sen x +an cos t + bn sen t .
n=1
L L L

A escolha dos coeficientes an ∈ N ∪ {0} e bn ∈ N é descrita a seguir.


 nπ    nπα 
n an sen x an cos t
L L
n=0 a0 = 0 0
n=1 a1 = 0 0
n=2 a2 = 0 0    
3π 3πα
n=3 a3 = +1 sen x +1 cos t
L L
n>4 an = 0 0
 nπ    nπα 
n bn sen x bn sen t
L L
n=1 b1 = 0 0
n=2 b2 = 0 0    
3πα L 3π 3πα
n=3 b3 = + = +1 sen x +1 sen t
L 3πα L L
n>4 bn = 0 0

Consequentemente, a solução do problema de valor inicial e de fronteira para a equação da onda é


       
3π 3πα 3π 3πα
u(x, t) = +1 sen x cos t + 1 sen x sen t .
L L L L

Solução 2 A solução desse problema de valor inicial é dada pela fórmula


Z x+at
1 1
u(x, t) = [f (x + at) + f (x − at)] + g(τ ) dτ ,
2 2a x−at

denominada fórmula de d’Alembert.


3

a
Como f (x) = arctan(x) e g(x) = ,
1 + x2
Z x+at
1 1
u(x, t) = [f (x + at) + f (x − at)] + g(τ ) dτ
2 2a x−at
Z x+at
1 1 a
= [arctan (x) + arctan (x)] +  dτ
2
2 2a x−at 1 + τ
Z 
1
dτ = arctan(τ ) + c
1 + τ2
x+at
1 1
= [arctan (x) + arctan (x)] + arctan(τ )
2 2
x−at
1 1
= [arctan (x + at) + arctan (x − at)] + [arctan (x + at) − arctan (x − at)]
2 2
= arctan (x + at)
que consiste de uma única onda viajante que viaja para a esquerda.
Solução 3 A solução formal desse problema é
+∞
X  nπ   nπ 
u(x, y) = an sen x senh (y − π)
n=1
π π
+∞
X
= an sen(nx) senh(n(y − π)).
n=1

Essa função é solução da equação do potencial e também das três condições homogêneas de fronteira. A
única condição de fronteira não homogênea é
f (x) = u(x, 0)
+∞
X
= an sen(nx) senh(n(0 − π))
n=1
+∞
X
= −an sen(nx) senh(nπ).
n=1

Isso significa que, para n ∈ N, os coeficientes an ∈ R multiplicados por − senh(nπ) são exatamente os
coeficientes da série de Fourier de senos da função f : [0, +π] → R. Sendo assim, estendemos a função
f : [−π, +π] → R como função ímpar e, em seguida, estendemos essa nova função à reta real como função
periódica de período 2a. Portanto, a série de Fourier da função f assim estendida possui apenas os termos
em senos pois é uma função ímpar e periódica e os coeficientes dos senos são dados pelas fórmulas
2 +π
Z
−an senh(nπ) = f (x) sen(nx) dx (n ∈ N).
π 0
Os coeficientes da série de senos de Fourier da função f (x) = sen2 (x) = (1/2) − (1/2) cos(2x) estendida
conforme a descrição acima são
2 +π 1 1
Z  
−an senh(nπ) = − cos(2x) sen(nx) dx
π 0 2 2
8
=− .
πn(n2 − 4)
Finalmente, a solução do problema é
+∞
X 8 sen(nx) senh(n(π − y))
u(x, y) = −
n=1
πn(n2 − 4) senh(nπ)
4

Solução 4 A solução desse problema de valor de fronteira é dada pela fórmula

+∞
a0 X
u(r, θ) = + [an rn cos(nθ) + bn rn sen(nθ)] .
2 n=1

De fato, a derivação termo a termo da série acima resulta em


+∞
X
nan rn−1 cos(nθ) + nbn rn−1 sen(nθ) ;
 
ur (r, θ) = +
n=1
+∞
X
n(n − 1)an rn−2 cos(nθ) + n(n − 1)bn rn−2 sen(nθ) ;
 
urr (r, θ) = +
n=1
+∞
X
uθ (r, θ) = + [−nan rn sen(nθ) + nbn rn cos(nθ)]
n=1
+∞
X  2
−n an rn cos(nθ) + n2 bn rn sen(nθ) .

uθθ (r, θ) = +
n=1

Dessa forma, a substituição dessas expressões formais na equação diferencial parcial do potencial em coor-
denadas polares resulta em

+∞
1 1 X
n(n − 1)an rn−2 cos(nθ) + n(n − 1)bn rn−2 sen(nθ)
 
urr (r, θ) + ur (r, θ) + 2 uθθ (r, θ) = +
r r n=1
+∞
1 X
nan rn−1 cos(nθ) + nbn rn−1 sen(nθ)

+
r n=1
+∞
1 X 2
−n an rn cos(nθ) + n2 bn rn sen(nθ)

+ 2
r n=1
+∞
X
n(n − 1)an rn−2 cos(nθ) + n(n − 1)bn rn−2 sen(nθ)
 
=+
n=1
+∞
X
nan rn−2 cos(nθ) + nbn rn−2 sen(nθ)
 
n=1
+∞
X  2
−n an rn−2 cos(nθ) + n2 bn rn−2 sen(nθ)

+
n=1
+∞
X  2
(n − n + n − n2 )an rn−2 cos(nθ) + (n2 − n + n − n2 )bn rn−2 sen(nθ)

=+
n=1
= 0.

Agora devemos determinar os coeficientes an para n ∈ N ∪ {0} e bn para n ∈ N. Pela condição de


fronteira devemos ter

g(θ) = u(1, θ)
+∞
a0 X
= + [an · 1n cos(nθ) + bn · 1n sen(nθ)]
2 n=1
+∞
a0 X
= + [an cos(nθ) + bn sen(nθ)] .
2 n=1
5

Isso significa que devemos obter a série completa de Fourier da função g(θ). Para isso, basta estender a
função g : (−π, +π] → R à reta real g : R → R como função 2π-periódica. Nesse caso os coeficientes da série
de Fourier da função g(θ) assim estendida são dados pelas fórmulas genéricas.

Começamos com o cálculo do coeficiente a0 , dado por

Z +π
1
a0 = g(θ) dθ
π −π
Z 0
1 +π
Z
1
= −10 dθ + +10 dθ
π −π π 0
  0   +π
10θ 10θ
= − + +
π π
−π 0
       
10 · 0 10(−π) 10π 10 · 0
= − − − + + − +
π π π π
= −10 + 10
= 0.

Esse resultado poderia ter sido antecipado pela observação de que o valor médio de g(θ) na circunferência
do disco vale zero.

Para os demais coeficientes an com n ∈ N, temos

Z +π
1
an = g(θ) cos(nθ) dθ
π −π
Z 0
1 +π
Z
1
= −10 cos(nθ) dθ + +10 cos(nθ) dθ
π−π π 0
  0   +π
10 10
= − sen(nθ) + + sen(nθ)
πn πn
−π 0
       
10 10 10 10
= − sen(n · 0) − − sen(n(−π)) + + sen(nπ) − + sen(n · 0)
πn πn πn πn
= 0.

Esse resultado também poderia ter sido antecipado pela observação de que a função g(θ) é ímpar.
6

Para os coeficientes bn com n ∈ N, temos


Z +π
1
bn = g(θ) sen(nθ) dθ
π −π
Z 0
1 +π
Z
1
= −10 sen(nθ) dθ + +10 sen(nθ) dθ
π −π π 0
  0   +π
10 10
= + cos(nθ) + − cos(nθ)
πn πn
−π 0
       
10 10 10 10
= + cos(n · 0) − + cos(n(−π)) + − cos(nπ) − − cos(n · 0)
πn πn πn πn
10(−1)n 10(−1)n
       
10 10
= + − + + − − −
πn πn πn πn
20(−1)n
   
20
= + − +
πn πn
n
 
20[1 − (−1) ]
= +
πn

0, se n for par,
= 40
 , se n for ímpar.
πn

Em resumo, os coeficientes an com n ∈ N ∪ {0} e bn com n ∈ N e as correspondentes soluções un (r, θ)


são apresentados na tabela a seguir,

n an bn un (x, t) = sen(nx)[an cos(nat) + bn sen(nat)]


n=0 a0 = 0 u0 (r, θ) = 0  
40 40
n=1 a1 = 0 b1 = u1 (r, θ) = r1 0 cos(1θ) + sen(1θ)
1π 1π
n=2 a2 = 0 b2 = 0 u2 (r, θ) = 0  
40 3 40
n=3 a3 = 0 b3 = u3 (r, θ) = r 0 cos(1θ) + sen(3θ)
3π 3π
n=4 a4 = 0 b4 = 0 u4 (r, θ) = 0  
40 5 40
n=5 a5 = 0 b5 = u5 (r, θ) = r 0 cos(5θ) + sen(5θ)
5π 5π
n=6 a6 = 0 b6 = 0 u6 (r, θ) = 0
.. .. .. ..
. . . .  
40 2k−1 40
n = 2k − 1 an = 0 b2k−1 = u2k−1 (r, θ) = r 0 cos((2k − 1)θ) + sen((2k − 1)θ)
(2k − 1)π (2k − 1)π
n = 2k a2k = 0 b2k = 0 u2k (r, θ) = 0

Finalmente, a solução do problema de valor de fronteira para a equação de Laplace no disco de raio
unitário é
+∞
40 X r2k−1
u(r, θ) = sen((2k − 1)θ)
π 2k − 1
k=1

A figura da esquerda mostra a vista de topo do gráfico da aproximação de u(r, θ) com somatório de 20
termos,
k=20
40 X r2k−1
u(r, θ) = sen((2k − 1)θ).
π 2k − 1
k=1
7

Se interpretamos o problema de valor inicial para a equação de Laplace como a solução de estado estacioná-
rio da equação do calor em um disco de raio unitário, então as curvas de nível da solução são denominadas
isotermas. É possível mostrar que as isotermas são arcos de circunferências com centros no eixo vertical e
que passam pelas duas extremidades do diâmetro horizontal. Nas proximidades da fronteira do disco há
uma deformação dessas curvas, decorrente da aproximação utilizada. A figura da direita mostra a versão
tridimensional da mesma aproximação da solução. É possível observar que na circunferência do disco a
série converge lentamente mas no interior do disco a convergência é mais rápida; além disso, no interior do
disco a superfície é suave, isto é, possui plano tangente em todos os pontos.

You might also like