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Copyright © Autores Fontoura Editora Ltda. Tel./Fax: (11) 4587-9610. - Tel.: (11) 4587-9611 ‘www.editorafontoura.com.br e-mail: atendimento@editorafontoura.com.br JOGANDO COM 0 CIRCO 18 edigdo - 2011 - ISBN: 978-85-87114-64-8 Impresso no Brasil: Farbe Druck Grafica e Editora Ltda. Revisto ortogratica e gramatical: lara Andrade de Aradijo. Capa: Felipe Prodécimo Hirama / Pedro Henrique Godoy GandiaPinheiro. llustragdes: Felipe Prodécimo Hirama Supervisao editorial: Ricardo Fontoura. Apoio: Governo do Estado de Sao Paulo, Secretaria de Estado daCultura - Programa de Aco Cultural - 2009”. Todos os direitos reservados. ‘A fotocépia de qualquer parte deste livro € ilegal e configura apropriaca0 dos direitos intelectuais e patrimoniais do autor. Lei Federal n*. 9610, de 19 de fevereiro de 1998. Dados Internacionais de Catalogagao na Publicagao (Ci?) ee Jogando com o circo / Marco Antonio Coelho Bortoleto Pedro Henrique Godoy Gandia Pinheiro, Elaine Prodécimo. - Varzea Paulista, SP : Fontoura, 2011. 160 p. il. Inclui bibliografia ISBN 978.85-87114.64.8 1. Circo. 2. Atividades circenses. 3. Pedagogia. 4. Metodolvgia de ensino. |, Titulo. Il. Bortoleto, Marco Antonio Coelho. II. Pinheiro Pedro Henrique Godoy Gandia. 1V. Prodécimo, Elaine. cpp 71.3 ————— vi Prefacio . Apresentacdo .. Sobre o Circo e sua pedagogia Por que 0 trabalho com jogos papel do professor jogo e as atividades circenses ... Jogos Malabaristicos .. Jogos Funambulescos Jogos Clownescos Jogos Acrobiticos Jogos Circenses diversos .. Referéncias Agradecimentos .. Autores u 1 15, 20 2 25 7 99 127 153 155 157 Preficio Nao ha palavras que traduzam a misica orquestrada que {anunciava 0 espetaculo e instaurava nos presentes a aura magica do. lo esperado circo, desde que ele chegava a cidade. Menino, apos a musica eu era despertado pela voz retumbante do mestre de cerimo- ras, aquele homem de cartola que dizia “Respeitavel pablico...”, uma {galanteria que tornava importantes meninos, meninas, pais e maes, os ppassageiros habituais do circo. Debaixo da lona, a pipoca era ma ada com distracao, enquanto os olhos devoravam as guloseimas que desfilavam no tabuleito levado ao peito pela garota de chapeuzinho rosa. Eu queria ser tanta coisa! Entre elas, artista de circo. Chegando em asa, Com 05 irmaos, tentavamos o equilibrio na corda a dezenas de metros de altura, domavamos tigres e ledes, faziamos contorcionismos © giravamos no globo da morte. A imaginagao disparava, nao tinha limites. No préximo circo a gente ia arranjar uma ocupacao qualquer, dessas de vender pipoca para as criancas e correr 0 mundo debaixo daquela lona, até virar artista. Toda crianga quer ser palhaco, toda ccrianga quer ser trapezista, toda crianca quer ser malabarista. Mas nem toda crianga quer ir para a escola. Quem sabe a gente mudasse isso se a escola se parecesse com 0 circo. Nao da para fazer uma escola ‘que tenha cara de crianga? Que tenha cara de circo? Uma escola que tenha brincadeira? Pronto! Em resumo, é isso que 0 livro “Jogando com 0 circo’ prope. O livro fala pouco e bem, e sugere muitos e bons jogos. O livro sugere que a escola encante 0s alunos, que se transforme naquele lugar aonde todos querem ir, como 0 circo. Simples assim! A receita que os jogos tenham vez, que os jogos sejam o contetido privile- glado das aulas, coisa que, por enquanto, s6 acontece, aqui ¢ ali, nas aulas de Educacao Fisica. Por que s6 nas aulas de Educagao Fisica? ‘As de Portugués, de Matematica, de Ciéncias também nao podem ser divertidas? Claro que podem, e ha muitos professores e professoras fazendo isso. Fiquei encantado com os jogos sugeridos a partir da pagina 23. E louco de vontade de leva-los para as criancas nas aulas que ainda pretendo dar pelos préximos anos. Cada vez que aparece um livro assim, meu apetite por dar aulas aumenta, pois vejo que ha uma nova geracao de professores-autores que sugerem a volta das maravilhosas praticas das brincadeiras para as aulas de Educacao Fisica, mas nao de uma forma que se torne uma mera distragao, Em meio & diversao, ha um método orientando essas praticas, um método que garante saberes, ainda desconhecidos pelas criancas, mas que estdo I4, sen- do potencializados pelo jogo. Se avaliacios em seguida, dificilmente surgirdo, mas, ao longo dos anos, ao longo da vida, mostrar-se-i0 em meio a tantas outras coisas que todos aprendemos por af. Brincar de amarelinha ensina a brincar de amarelinha, mas ha coisas compon- do essa brincadeira que um método adequado pode potencializar e transformar em matéria da consciéncia, generalizavel a muitas outras reas da atividade humana. Como fazer isso? Os autores respondem a0 longo das muitas paginas deste belo livro. Respeitivel piblico, senhoras e senhores, comecemos, por- tanto, a aula. Nada de dores, s6 risos. Crianca pode aprender como crianga. Escola pode ter cara de circo. Joao Batista Freire Apresentacio Caro leitor, propomos nas paginas que compdem este livro uma incursio lidica e pedagégica sobre as atividades circenses, trazendo propostas de jogos pelas mais diferentes tematicas desta ancestral arte corporal, que € 0 circo. jogos aqui apresentados foram elaborados de modo a que possam ser desenvolvidos nos distintos espacos pedagdgicos, mesmo por aqueles que nunca vivenciaram a arte circense. As ilustragdes que seguem cada um dos jogos aparecem como um elemento facilitador e ‘a9 mesmo tempo como um recurso visual que busca a maior interacao entre a Educacao Fisica e as artes do circo. ‘Temos nessa iniciativa o resultado de nossa preocupacao, nao to recente, de pensar pedagogicamente as atividades circenses quando se pretend sua insercao no Ambito educacional, e também enquanto pratica de lazer ou mesmo profissional. Um esforco que pretende, em suma, respeitar 0 contexto sociocultural das artes, em particular das artes do circo, e também da escola e dos espacos onde vemos sua aplicabilidade, bem como dos limites que eventualmente estes locais © 05 profissionais que neles operam possam ter. Nao podemos deixar de dizer que 6 notavel, especialmente na Altima década, 0 aumento dos profissionais que abordam as atividades circenses em suas aulas. Esperamos que estes jogos Ihes sirvam de ins- trumento para alcancar seus objetivos pedagégicos e, a0 mesmo tempo, thes inspirem a criar novas experiéncias lidicas para seus alunos, como um exercicio diario de observa¢ao das intimeras possibilidades que temos ante nossos olhos, e que frequentemente temos dificuldade em ‘executar por conta de um cotidiano pouco propicio a criagao e, por conseguinte, & educagio estética, Itidica e motora No passado também no presente, os saberes das artes do circo conformaram o maior patriménio (ou capital) das familias cit- " en pu o2ioSepad assaioiut Q -Jeiodio> eimjn & {v0 0121409 Ura soUnye so se30}0> jenua> oniialqo ‘0109 opuny ‘eIouaKiA, ap oSedse ofad jaxesuod -591 P91) 18]0959 e>1sy ovSeanpa v “opUEs wHssy 392 1'd ‘Z002) o1@ou0g 2 yedng wewode ‘ow0> sourwiny so10[eA ap a ‘{e10di09 apeplaissaidxa ep “earia|0> 9 Jeossad opSeu0) ap apepiuniodo ewin ‘oa1y;9adse ojauuiajonuasap 3 09]U99) o]WaULIDa4UO> Op Wia|e exed “eI|!qISSOd Sastu9>419 sapepIANE se ovSejou wa steme sepuewiap se 1epuare ‘sowapuiatus anb opSeanpa {9p 04/9U09 0 WoD eIUBUOSUOD WH “esu92HID eoNSME WaBeNBuy| CU sopeiidsut ‘ojuawisayuios ap 2 ovssaidxo ap seuluoy seaou ap eH9q -o2sap ap ‘eI2ugliadxe ap ‘eIougaiA ap apeplunuodo ewin oW1o> seu ‘sejsiue ap opdeuuo} ap apepi|iqissod Eun OWOD ovU as-ejuasaide ‘bJ09s9 v WoD sasuao4I5 sapepiAne sep ovSejai e ‘opoUl a159q ‘aquene onralns auioy as win epe> onb exed sepeipatu ovs ‘nb ‘s1euo 20ura a se>isy sapepijenb a sapepinoup ‘wae109 ‘opSejsnes‘apepasue ‘eisnBue ‘eyUOBION ‘opaus wiessaucdxa anb saiueDuiig soclio3 sop w3n2s9 ep simed P sepe:suania ops ‘aue essap opSeIsayiu PU ap SPIO} SeSIANIP seu se “wYUa ‘OLNSIUOID s4oquo> 0 ‘equieg epi0> v ‘oseyjed o ‘orzaden © ‘ousyeqe|eus 0 ‘P!2eqoI9e e OD119 ,0550U, OU 1(¢6'd ‘900z) 1uo1eg 40d eperejai e owioa sajuessasaiul ogi seysodoud wo ‘sougieio|dxe sopnise 9 sea!So8epad seiouariadxe ep oiny eHO!eW ens Ua ‘Sopeisinbuo> we10j soSuene soinus ‘odwioy oonod ww ‘apepiante aiua2ai eisep e218 -oepad ogSdaoied ewin vied opSeoipap Jofew a sopnisa ap eisugsin © eARNSOW ‘OaNeanpa OSedsa O WOD apepItuxoid essou ‘opmiaiqos ‘9 so10peuuioy ap ‘saiopesinbsad ap ov>1puoo essou ‘0807 *(r00Z) 14an04 a1asns owW0 ‘eo\Bofepad oe5erou! 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03419 08 auaja! as anb ou ajuauijeradsa ‘— 05119 op svistue sop ~ sasua> esti centralizado no dominio técnico dos contet- dos, mas sim no dominio conceitual deles, dentro de um espago humano de convivéncia, no qual ppossam ser vivenciados aqueles valores humanos ‘que aumentem os graus de confianga e de respeito entre os integrantes do grupo. Parte desta formacao acontece em razao do carter expressivo daarte, da arte corporal, das artes circenses, que permitem experiéncias muitas vezes rodeadas de incerteza (estética e poética) e do improviso (dramatico). Vendruscolo (2009) descreve esta possibilidace quando relata sua experiéncia: “(...) 0 inusitado rompe com comportamentos ‘mecanicos e permite que se criem situacdes de liberdade e expressao com expectativas muito otimistas” (p.732). Aqui, partithamos das ideias de Duprat e Bortoleto (2007, p. 179) quando expoem que: de forma geral entendlemos que o papel fundamen- tal da educacaofisica escolar é proporcionar 0 con- tato das criangas com a cultura corporal existente ‘no circo, em um nivel de exigencia elementar, des- tacando as potencialidades expressivas e criativas, além dos aspectos lidicos dessa pratica. Em sintese, nos apoiamos em duas grandes justficativas quando defendemos a insercao das atividades circenses em ambientes educa- a primeira diz respeito a arte do circo, enquanto parte de nossa hist6ria e nossa cultura; e também no potencial Itidico, estético, motor © educativo que essas atividades possuem e que podem contribuir na formacao de nossos alunos. Ambas as preocupacdes devem andar juntas, oferecendo um conhecimento contextual das atividades prati- as vivenciadas, e ndo apenas o fazer pelo fazer. O que converteria as. atividades circenses num mero instrumento pedagogico e quase numa caricatura de uma arte milenar e muito provavelmente universal. Algo que certamente nao desejamos! A respeito da cultura, é enfatizado em muitos estudos produzi dos na drea da Educacao Fisica, o importante papel que esta disciplina possui na transmissdo dos saberes culturais e historicamente constru- idos. Nesta perspectiva, a valorizacao da diversidade cultural, passa pela compreensdo profunda destes fendmenos e de seu valor para a Sociedade em que se vive, para logo buscar seu trato pedagogico para a abordagem na educacao formal e também informal. E por isso que 4 precisamos de longos anos para compreender um pouco melhor as artes do circo, e logo poder esbogar estas primeiras propostas de atividades Circenses para a escola e demais espacos educativos. Foram nestes pressupostos te6ricos € metodolégicos que nos apolamos para compilar, criar e apresentar os Jogos Circenses que so, sem davida, os protagonistas desta obra. jogo € uma atividade amplamente presente em nossa cultura, sendlo muitas vezes atribufda unicamente a infancia, mas seu ambito de ‘ago vai muito além dela. Muitas vezes, por essa estreitaligago com a Infancia, 6 considerado como algo “nao” sério, tratado como supérfluo, como pernicioso ao desenvolvimento, proprio de um periodo da vida no produtivo ~ em termos de trabalho-, portanto, nao sério. Mesmo no ambiente educativo essa ideia prevalece e 0 jogo 6 usado muitas vezes para ocupar tempo ocioso dos alunos, sem ne- nhuma funco pedagégica e sem o reconhecimento de sua natureza formativa (FREIRE, 2002). Muitas vezes 36 € permitido a crianga brincar ‘aps realizar suas tarefas, suas obrigagdes. Também usa-se 0 jogo como forma de controle, para manter as Criangas quietas, criando-se mesmo jogos para tal. Ou ainda, 0 jogo nao é permitido, pois distrai a crianca fe dificulta seu aprendizado ou porque deixa as criancas alvorogadas. Porém, 0 que vemos € 0 contrario disso: esse carater supérfluo nao se revela na pratica. (© jogo tende a torar-se necessidade na vida nao apenas das Criangas, 0 que seria até certo ponto ébvio dado que vemos criangas brincando sempre, mas também, para jovens e adultos, pois tem como uma das caracteristicas a evasio da Vida real (HUIZINGA, 2004), 0 que permite ao jogador abstrair-se das atividades didrias trabalho, estudos ete,), muitas vezes estressantes, para “recompor-se”. Essa interrupgao revela-se importante, pois é durante ela que o sujeito cria. Estando livre das amarras das obrigagées e das press6es o potencial criativo pode ser libertado, Nas palavras de Walter Benjamin (2002, p.85): Nao ha davida que brincar significa sempre li bertacao. Rodeadas por um mundo de gigantes, {as criangas criam para si, brincando, 0 pequeno mundo préprio; mas o adulto, que se vé acossado 15 por uma realidade ameacadora, sem perspectivas ‘de solu, liberta-se dos horrores do real mediante a sua reproducao miniaturizada, A crianga aprende a jogar, pois vive em uma cultura que joga. Desde seu nascimento convive com pessoas que jogam e que a ensinam a jogar, a crianga passa a dominar os elementos da cultura lidica e passa a usé-los também em seu dia a dia. Ainda pautado em Benjamin (2002, p.96) temos: ‘Assim como 0 mundo da percepcao infantil esta impregnado em toda parte pelos vestigios da eragdo mais velha, com os quais as criancas se defrontam, assim também ocorre com os seus jo- 05. (..) O brinquedo, mesmo quando nao imita 05 instrumentos dos adultos, € confronto, e, na vverdade, nao tanto da crianga com os adultos, mas, destes com a cianga. Pois, quem senao 0 adulto fotnece primeiramente crianga os seus brinque- dos (bola, arco, toda de penas, pipal terao sido de certa forma impostos a crianca como objetos de culto, 0s quais 56 mais tarde, e certamente gracas a forca da imaginagao infantil, transformaram-se em brinquedos. Essa cultura do jogo permite a crianga lidar com suas frustra- ‘¢6es, com aquilo que nao compreende do mundo adulto, No jogo a ctianga lida com seus sentimentos e emosées, aprende a fazer 0 que 08 adultos fazem, imitando esses adultos que sao para ela as referén- cias do mundo. jogo permite a crianga realizar agdes que ainda nao domi- ra, pois como Vygotsky afirma, no jogo da crianga, a acao praticada nem sempre € compreendida, mas essa execugdo leva a crianga a essa ‘compreensao esperada. Nas palavras de Benjamin (2002, p.102), Pois 60 jogo, enada mais, que da luz todo habito. Comer, dormir, vestir-se, lavar-se devem ser incul- ccados no pequeno irrequieto de maneira lidica, com 0 acompanhamento de ritmo de versinhos. ‘© habito entra na vida como brincadeira, e nele, ‘mesmo em suas formas mais enrijecidas, sobrevive até o final um restinho da brincadeira, 16 Quando a crianga cresce, passando ja a interagir de forma mais ampla com 0 mundo, seus jogos vao se tornando mais complexos e 0 faz de conta, tao comum na crianca pequena, vai dando lugar a jogos mais regrados, porque também a crianca, ao desenvolver-se busca imitar as atividades dos adultos. O faz de conta j4 nao é tao necessério, pois esse mundo incompreensivel a principio vai ganhando contornos mais nitidos. Também o raciocinio da crianga solicita desafios mais complexos, como pactuar sobre regras e legislar sobre os jogos. Vemos, ainda, no jogo, uma liberdade, um envolvimento, que se nao for dessa forma deixa de ser jogo, mas como alerta Freire (2002), no processo educativo, jogo e trabalho andam lado a lado. Diferen- temente do que ocorre no dia a dia, em que os jogos sao escolhidos livremente pelo grupo ou pelo jogador, na escola, o professor ciente dos seus objetivos, programa as atividades com 0 intuito de atingi-los €, quando professor propde um jogo, os alunos no tém a mesma liber- dade de opgao de escolher participar ou nao do que 6 proposto. Isso, por si proprio poderia ser fator que determinaria o fim do jogo, porém, ‘© que vemos, é que o envolvimento permanece, a entrega ao jogo se mantém, ¢ assim, os objetivos pedagégicos podem ser atingidos. Essa atividade mostra-se, assim, importante para o desenvol- vimento da crianga por maltiplas razGes: = Na questio da socializacao, 0 jogo de faz de conta auxilia a crianga a compreender os diferentes papéis sociais da sociedade em que vive. Como dito, a crianca experimenta esses papéis: ao visitar um dentista, brinca de ser dentista, ao assistir um programa sobre a acao dos bombeiros, imita-os em seu faz de conta e assim, segue assimilando esse mundo tao novo para si. Na pratica das regras, a crianca aprende a controlar seus impulsos em beneficio do jogo. Embora queira, em algumas circunstancias, mudar o jogo para beneficiar-se, entende que, para que ele aconteca, ela deve submeter-se ao cumprimento das regras que permitem a continuidade do jogo. A pritica do jogo também propicia o desenvalvimento cogni tivo, pois no jogo, a incerteza est sempre presente e consiste num de seus aspectos mais destacdveis (PARLEBAS, 2001). Ao jogar, 0 jogador nunca sabe com exatidio 0 rumo que 0 jogo tomard. As respostas dadas pelos adversirios e pelos proprios companheiros sao incertas, ‘mesmo as proprias acdes podem tomar rumos inesperados. Lidar com essas situacdes possibilita ao jogador a resolucao de problemas, quase 7 1S mediates, ulllizando de sua bagagem de conhecimentos. Na busca de solucionar problemas, a pessoa deve, em primeiro lugar, compreender o problema que se coloca, em seguida necesita recrutar de seus conhecimentos prévios o que ¢ preciso para resolvé-lo, deve acionar suas possibilidades de respostas e, entre elas, deve selecionar a mais adequada aquele contexto, e colocar em a¢do sua opcio ¢ finalmente avaliar o resultado. Percebe-se, entao, que ampla gama de ‘mecanismos é acionada nessa operacao, 0 que estimula o potencial cognitivo do jogador. Também aquele que sabe escolher, toma-se mais responsavel or suas escolhas, 0 jogo estimula também, dessa forma, a autono- mia de quem joga, pelo seu cardter decis6rio e por seu estimulo aos valores morais, pois ensina aos jogadores a respeito das regras, de sua elaboracao por parte do grupo que joga (PIAGET, 1994) ~ Ha também, nos jogos mais dinamicos, com maior exigéncia de movimentos, o desenvolvimento motor, pois no jogo, a repeticao também se mostra presente. A mesma agao é praticada por vezes e essa repeti¢ao leva a automatizagao do movimento. Benjamin (2002, p.101) afirma que ha uma (..) grande lei que, acima de todas as regras¢ ritmos particulares, rege a totalidade do mundo dos jogos: a lei da repeticao. Sabemos que para a crianca ela €a alma do jogo; que nada a tora mais feliz do ‘que 0 ‘mais uma vez". - Outro aspecto do jogo que cabe ser destacado € seu potencial Para promover a alegria e 0 prazer. Quando tratado nos ambientes Pedagégicos, muitas das justificativas que se dao para sua realizacao Pautam-se nesse ponto, pois o jogo, quando adequado e vivico em sua plenitude, motiva quem 0 pratica e projeta diversas sensac6es prazerosas estimulando sua continuidade ou repeticdo. O jogo tem, realmente em si, potencial para motivar quem joga, pois envolve o jogador num universo paralelo muitas vezes de forma absorvente profunda, Acreditamos que o jogo vai muito além disso, mas esse ponto nao deve ser descartado. - Oestimulo & criatividade também pode ser destacado. Con- sideramos criatividade a resposta que sai de um padrio esperado pelo préprio individuo ou pelo grupo. Pelo mesmo carster incerto ja 18 descrito, 0 jogo permite a quem joga experimentar novas respostas as diferentes situacées, muitas dessas no proprio improviso e, também pelo seu cardter de fuga do real, leva o jogador a ndo se comportar dentro dos padres considerados sérios, ou seja, ao jogar a pessoa pode tentar ser algo que nao se permitiria na vida real, extravasando seu potencial criativo, nado tendo medo de “parecer ridiculo” ou mesmo de errar, pois no jogo isso “é permitido”. ~ O jogo também permite que as emocdes possam ser manifes- tadas de forma mais livre, & comum ouvir-se dizer que conhecemos verdadeiramente a pessoa quando ela joga. Isso possibilita 0 trabalho com as emogées. O jogo, ao propiciar a sensacao de liberdade das “amartas” sociais, conforme dito anteriormente, permite que também as emogdes, mesmo que reprimidas se libertem, possibilitando opor- tunidade de lidarmos com elas. Dessa forma, podemos entender que 0 jogo, quando bem orientado, pode levar ao autoconhecimento. Freire (2002, p.28) contribui afirmando que “o jogador, entregando-se ao jogo, escapa a realidade e aos seus compromissos imediatos, rompe com o tempo cronometrado e participa do etemo”, ao romper com o real mostra-se como verdadeiramente 6. ~ 0 jogo permite que o que foi aprendido nao seja esqueci- do, pela propria repeticao que a atividade evoca; também permite 0 aperfeigoamento do aprendizado, pois a cada vez que se repete algo, treina-se e melhora-se 0 que foi feito, possibilitando, entio, novas respostas, ainda mais elaboradas. ~ O jogo facilita 0 aprendizado, pois por meio dele atribui-se significado ao que sera aprendido, ha sentido em artemessar uma bola a0 colega no contexto de um jogo, mas nao em executar esse mesmo ‘movimento para atender a uma ordem dada, sem funcao a nao ser a de ser obediente. E sobre esses pontos que justificamos 0 aprendizado das ati vidades circenses por meio do jogo, pois, como afirma Freire sobre 0 Carater educativo do jogo (2002, p.85), “esta presente nele, que é parte constituinte dele e nao um valor agregado apenas para tornar suave a aprendizagem”, ou seja, 0 jogo tem, em si, um carater educativo que pode ser aproveitado no ambito escolar. 19 ‘Ao professor, pedagogo responsavel pela proposicao dos jogos, cabe o oferecimento da atividade, bem como sua mediacao para que a mesma propicie ao aluno a vivéncia daquilo que é esperado. Ou seja, que a atividade seja coerente com seus objetivos educacionais. A mediagao do professor deve ser feita de forma que o aluno tenha que encontrar respostas as diferentes propostas dadas. Deve- se evitar entregar “tudo pronto” ao aluno, para que ele no apenas realize 0 que foi proposto, mas sim, possibilitar ao aluno que pense nas melhores formas de resolver os problemas que a situacdo oferece. Assim, por exemplo, ao sugerir um jogo no qual o aluno deve acertar oalvo com uma das bolas que est manipulanco ao jogar malabares, 0 professor deve dar espago para que o aluno tente responder ao desatio da forma que achar mais adequada, para depois, com dicas e outros recursos didaticos, orienté-lo no caso de nao ter descoberto por si a forma mais utilizada ou mais eficiente de realizar a tarefa. Aeexperiéncia de jogar consiste num estimulo importantissimo para o desenvolvimento do jogador, pelos problemas que possibilita vivenciar, porém, a consciéncia das estratégias utilizadas para reso- lucio desses problemas nem sempre clara ao jogador, cabendo ao professor essa tarefa de auxiliar 0 jogador a organizar suas acdes e refletir sobre elas. Isso pode ser feito apds a realizacao do jogo, ou durante © mesmo, com o professor mediando a retomada dos passos feitos para que o problema fosse resolvido. Essa intencao pedagogica do professor é 0 que faz com que o jogo proposto em ambiente edu- cativo se diferencie do jogo praticado em outros ambientes, como na rua, por exemplo. No jogo, 0 jogador pode ainda experimentar sucessos e fra- casos, cabe a0 professor estimular 0 aluno mantendo-o motivado, ‘mesmo quando 0 resultado nao coincide com o esperado, oferecendo oportunidades para que novas conquistas sejam obtidas em resposta a novos desafios, mesmo que a conquista signifique compreender o. que aconteceu durante o fracasso vivido. No oferecimento de jogos, o professor deve ficar atento questo do grau de dificuldade das tarefas exigidas, € importante que envolva diferentes possibilidades, pois um jogo muito facil pode desestimular 0 jogador, da mesma forma que um jogo muito dificil. 20 interessante que na mesma tarefa possam ocorter diferentes graus de dificuldade. Por exemplo, num jogo de langamento a um alvo, dife- rentes distancias podem ser propostas para que o jogador experimente suas habilidades em dificuldades diversas e para que todos encontrem qual desatio querem enfrentar. Ressaltamos anteriormente que 0 jogo possibilita a expresso de emogdes € sentimentos do jogador enquanto joga, mas essa ex- pressao da totalidade da personalidade, propria a situagao de jogo, precisa ser respeitada e orientada pelo professor, pois, embora seja natural emocionar-se, a manifestacao da emogo precisa respeitar os mites éticos, Por exemplo, ficar nervoso ao perder um jogo ou falhar em um momento importante é natural, porém, bater em um colega ou estragar o material por causa disso nao é, Entdo, o professor pode ajudar o aluno na compreensao de suas emogGes e sentimentos e em como manifesti-los. Finalmente, os jogos ofertados nas propostas educativas po- dem envolver tanto situagdes de competi¢ao (oposicao ou oposigaio- cooperacao) quanto de cooperacao pura, de exploracao de expressao (jogos draméticos). A variedade destas possibilidades permitiré que tanto pessoas que se sentem bem em atividades competitivas quanto quem nao se sente bem nelas, sintam-se contemplados na aula. A competicao pode ser um fator motivador para alguns, mas ndo neces- sariamente para todos. © JOGO Ts sATIVIDSEDS GIROENSES Pelos pontos levantados acreditamos que 0 jogo como estra- tégia metodolégica para 0 ensino da arte circense se faz adequado. As atividades circenses, como parte das praticas motoras expressivas, envolvem criatividade, expressividade e também um repertorio motor que certamente pode ser aprimorado por meio da propria pratica!. | Merece destaque a publicacao do DVD “Jeux d'enfance ~ Jeux de Cirque” pelo Centro Nacional das Artes do Circo (CNAC) da Franga em 2007, no qual se apresenta uma profunda reflexao sobre a importancia do jogo para © desenvolvimento da criatividade e da liberdade de expressao e, portan- to, para o desenvolvimento da arte do citco. http:/arts-du-cirque.asso.ir/ media/documents/DVD%20Contenu%20Internet. pat. pdf a Contudo, nossa grande contribuicdo ser na educagao motora e em sua telacdo com a educacao artistica e estética, num didlogo entre a técnica e a estética, mediados por uma condicao impar: 0 jogo (a ludicidade). A incluso destas praticas nos espacos educativos, formais ou informais, 6 recente se compararmos com outros contetidos préprios da Educacao Fisica (mais tradicionais), e talvez seja esta caracteristica ‘ea busca pela inovagao pedagégica nos contetidos, que venham moti- vando 0 exponencial crescimento das experiéncias pedagégicas, cujos relatos mostram resultados extremamente promissores (CHIQUETTO E FERREIRA, 2008; COSTA, TIAEN, SAMBUGARI, 2008; VENDRUS- COLO, 2009; TAKAMORI et a/ 2010). Ao analisar estas experiéncias notamos que, em geral, buscam facilitar 0 acesso a algumas das mo- dalidades circenses (INVERNO, 2004), especialmente aquelas mai acessiveis ao espago escolar, como 0 malabarismo ou as acrobacias de solo (BORTOLETO e MACHADO, 2003), Contudo, raramente dao conta de oferecer aos alunos uma visio ampla e condizente com a variedade das modalidades que compdem o universo circense. Além disso, poucos foram os relatos da elaboracao de situagoes lidicas (jogos) como meio facilitador deste contato com as artes do circo e, quando existiam, vinham sempre acompanhados de comentarios que reforcam sua importancia. ‘Ao longo de nossa experiéncia pedagégica, seja com criancas, adultos ou mesmo na formagao de formadores, percebemos nitida- mente o potencial que os jogos ofereciam, especialmente por torna- rem certas situagdes absorventes e Itidicas e, portanto, vivenciadas em profundidade. Algo pouco comum quando o objetivo é 0 ensino da técnica pela técnica. Em cada aula, em cada curso, sempre que apresentévamos um jogo, a atividade se prolongava, se tornava mais interessante e novos jogos ou variacdes deles saltavam ante nossos olhos. Nao podiamos ignorar estes acontecimentos. ‘Assim, com a intencao de apresentar os jogos presentes na literatura, cuja tematica se centrava nas artes do circo, e ainda, de sistematizar os jogos confeccionados ao longo de nossas experiéncias pedagogicas iniciamos ha quase uma década a catalogacao destes jogos, sua aplicacao e, logo, sua revisdo em funcao das respostas ofe- recidas pelos alunos que o vivenciavam. Os primeiros resultados deste trabalho foram publicados em Bortoleto (2006), € logo sucederam-se 22 varios textos que traziam os “Jogos Circenses”, como mais um recurso. deste desejo pedagogico de levaras atividades circenses para os espa- Gos educativos (Bortoleto et al 2008; Bortoleto et al 2010). Esta experiéncia nos levou a organizar os diferentes jogos de acordo com a légica das modalidades circenses que serviram de inspi- ragiio para eles, agrupando-os assim, conforme as exigéncias peculiares em termos de habilidades e objetivos: a manipulacao de objetos (jogos ‘malabarismos), 0 equilfbrio (jogos funambulescos),o palhaco, a mimica ea dramaturgia (jogos clownescos), as acrobacias (jogos acrobiiticos). J 0 jogos que se referiam a modalidades circenses diferenciadas {como o atirador de facas, homem bala, etc.) foram colocados num quinto grupo (jogos diversos), cujo dominio conceitual sera nosso ob- jetivo ao vivencia-los, mantendo os alunos um pouco mais distantes da realidade artistica que os inspirou devido ao risco implicito nestas praticas. Vejamos esta classificacdo mais detalhadamente: + Jogos Malabaristicos: situacdes Ididicas que solicitam a manipulacao de objetos (malabares) como fundamento basico, possibilitando assim a vivéncia de diferentes mods ou modalidades de malabarismos, bem como os conceitos pertinentes a elas. + Jogos Clownescos: jogos que envolvem interpretacao e a expressao de contetdos draméticos (sentimentos, historias, imagens, etc.), de preferéncia sem o uso da palavra, util zando especialmente a expressio corporal ea gestualidade. ‘Sao jogos que se aproximam da atuacao do palhaco circense, do mimico e das pantomimas. + Jogos Funambulescos: jogos baseados no equilibrio corporal sobre objetos diversos (arame, bolas, rola-rola, monociclo, pera de pau etc.), caracterizando a aco dos funambulistas de circo. * Jogos Acrobéticos: jogos que envolvem acdes mottizes acrobaticas que, por definicao, consistem em acdes nao naturais (ou pouco naturais), diferentes do andat, car nhar, correr, sentar. Geralmente sdo agdes complexas que exigem especial consciéncia e controle corporal, incluindo movimentos como rolamentos, saltos com giros e inversbes, rotacGes em um ou mais eixos e as vezes varias destas ages combinadas. 23 * Jogos circenses diversos: sao jogos que diferem dos de- mais devido as suas caracteristicas, envolvendo acdes de modalidades circenses que ndo se enquadram nas demais categorias. Por exemplo: atirador de facas, domador, ma- gico, engolidor de espada, homem bala, etc. Os jogos propostos podem ser realizados por pessoas de to- das as faixas etarias, com ou sem experiéncia anterior, sempre que as ‘mesmas se interessarem em conhecer as artes circenses ou levé-las para 0s espacos educativos. Finalmente, entendemos que as atividades circenses devem ser vivenciadas sob este prisma Itidico e nao pautadas nos padrdes técnicos, nem mesmo visando resultados performaticos ou artisticos. Buscamos evidenciar 0 potencial criativo, expressivo e artistico destas, préticas, cativando os praticantes a quererem conhecer ainda mais, este legado cultural que tanto nos pode ensinar, seja no contexto da motricidade, seja no contexto da cultura e da arte. Em suma, olhamos aqui o jogo como facilitador do encontro das atividades circenses com 05 espacos educativos. 24 JOGOS Moalabaristicos Multiplicagao ‘A partir de dos lengos. Lencos (Tules). Espaco grande e plano, livre de obstaculos e fechado (de- vido aos ven- tos). Indeterminada. Este jogo consiste em tentar langar o lengo para cima (0 mais alto possivel) e agarré-lo mais ou menos na altura do abdomen. Gradualmente, os jogadores devem ir acrescentando mais lencos, buscando controlar © maior néimero de len¢os possiveis. © importante é que o agarre e o poste-| rior lancamento seja de apenas um lengo por vez, estando proibido langar ou agarrar dois ou mais. lencos de uma s6 vez. Para os jogadores com maior dominio motriz {coordenacao) se aconselha fazer um pequeno n6 no meio do lenco (dando um formato parecido a uma bola de badminton) diminuindo assim o seu tempo de flutuacao. ‘Atentar para que os alunos tomem certa distancia um do outro, para que evitem acident 27 ‘Multiplicagao dos lengos. plo, livre de obstaculos € Indeterminada. protegido do vento. Este € outro jogo que permite a vivéncia de mani- pulagao de objetos em grandes grupos. Todos os participantes deverdo ter um lengo em maos e se ispor em qualquer lugar do espago estipulado para ‘0 jogo. Ao sinal do professor todos deverdo jogar 6 lenco para o alto e tentar agarrar qualquer outro antes que este caia no chao. jogo podera ser realizado em equipes, em que cada equipe sera identificada com uma cor diferen- tede lenco, Ao sinal do professor cada participante devera langar o seu lengo e agarrar outro lenco de sua equipe. Pode-se realizar também o inverso, a equipe devera agarrar os lencos de outra equipe. ‘Chamar atencao para que os alunosnao se choquem 0 correr, evitando assim que se machuquem. 29 Desafio dos lengos. Exploracao ‘A partir de dos lengos San Lengos (Tule) Minimo de 3. Local grande, plano e livre de obsticu- los, e fechado (para evitar Indeterminada. de jogos de exploracao que proporcio- nam vivéncias com a manipulagao de objetos. Exemplos: a) Cada grupo formaré uma roda, em que cada crianga tera um lengo em maos e, a certo sinal ou contagem, todas langardo o seu lengo ao alto € tentardo pegar qualquer outro lengo. Depois pode-se agrupar os alunos em trios, quartetos, em. todas e, a certo sinal, deverdo jogar seus len¢os para o alto e tentar agarra o lengo do colega a seu lado direito, e assim sucessivamente. O jogo podera variar fazendo com que cada crianga dé um giro antes de pegar o lenco ou pegue 0 lenco. do segundo colega ao seu lado direito, etc. b) O grupo formara uma fila, em que cada crianga, terd um lengo em maos e, ao sinal, lancara seu lenco devendo pegar o lenco do colega a sua frente. A crianga que estiver no primeiro lugar da fila deverd correr para o final da fila a tempo de agarrar o lenco da crianga que ocupava 0 tiltimo lugar, e assim sucessivamente, fazendo com que afila ande, O jogo pode apresentar variacdes tam- bém, como por exemplo, o primeiro da fila deverd passar por baixo das pernas de todos os demais, integrantes que esto na fila a tempo de agarrar 0 lenco do altimo. Jogos como estes podem variar de intimeras formas possiveis a critério do professor e também dos Proprios alunos, que com o tempo podem reali- Zar suas proprias formagdes dentro dos grupos demonstrar para os demais alunos. Deixar explicito para as criangas 0 cuidado que devem ter a0 correr para no se machucarem € nao machucarem outros colegas. Exploragao dos lengos. A pattir de 5 anos. Espaco amplo livre de obsta- culos. Jogo individual inspirado na modalidade de ma- labares denominada “contato”, que consiste em equilibrar e fazer circular uma bola pelo corpo. A. principio o deslizamento da bola deve ocorrer pela mudanca de posicao do corpo, sem que existam golpes ou lancamentos. Pode-se realizar o jogo entre duplas também, fa- zendo com que a bola deslize de um jogador ao outro sem que se realizem langamentos. Utilizar bolas de plastico para maior seguranca dos participantes. A bola imantada. 33 34 A foca equilibr Jornal, bastoes, ete. Espaco am- plo, livre de obstaculos e Indeterminada. de preferéncia fechado. Este jogo nada mais é do que um desafio de se equilibrar diferentes materiais como folhas de jornal, pequenos bastoes, penas e até bolas com a cabeca, De inicio pede-se que os alunos tentem equilibrar © objeto com o nariz ou a testa (como uma foca equilibrista), mas com o tempo ¢ interessante variar, utilizando 0 ombro, cotovelo, joelhos, pés, etc., 0 alterando também o posicionamento do corpo, em pé, sentado, deitado, apoio invertido, etc. Atentar para 0s alunos que mantenham distancia dos outros, pois com a concentragio no objeto podem acabar esbarrando nos demais alunos. A foca equilibrista. Gladiador. ePe 7 anos. pay ee mn | Local amplo, Até que reste plano e livre de apenas um obstaculos. aluno. Trata-se de um dos jogos mais tradicionais no cenario circense. Normalmente os participantes utilizam claves, mas pode-se adaptar qualquer tipo de objeto. Originalmente os participantes devem malabarear trés ou mais objetos e tentar derrubar 05 objetos dos demais participantes, sem que os seus caiam no chao. Porém proporemos aqui um “gladiador” adaptado, no qual as criancas deverdo manipular de inicio apenas um objeto. Primeira- ‘mente faremos com o lengo (tule), cada participante deverd manipular o seu tule em uma das maos (lancando para cima e agarrando) enquanto tenta roubar o tule de outro aluno. $6 podera roubar 0 tule enquanto 0 seu proprio também estiver no ar. Ja com as bolas, a crianga deverd manipular a sua e tentar derrubar, com a outra mao, a dos demais participantes. O contato corporal € terminante- mente proibido, os participantes deverao manter contato apenas com os objetos. aluno que tiver seu objeto roubado ou derrubado deverd sair do jogo e esperar uma nova rodada, assim como a que deixar cair por si mesma seu objeto. De acordo com o nivel malabaristico dos pattici- pantes pode se aumentar o ntimero de objetos a serem manipulados, bem como 0 tipo de objeto. Atentar para que as criangas nao utilizem 0 contato corporal para derrubar as outras criancas, evitando que acabem se machucando de forma bruta. 35

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