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VENDA PROIBIDA

A IMPORTÂNCIA DA CRONOLOGIA
PARA OS ESTUDOS BÍBLICOS
-_IÇOES
3ÍBLICAS
Professor | Io Trimestre de 20 24
Comentarista: José Gonçalves

SUMARIO
O Corpo de Cristo
Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo

Lição 1 - A Origem da Igreja 3

Lição 2 - Imagens Bíblicas da Igreja 10

Lição 3 - A Natureza da Igreja 17

Lição 4 - A Igreja e 0 Reino de Deus 24

Lição 5 - A Missão da Igreja de Cristo 31

Lição 6 - Igreja: Organismo e Organização 39

Lição 7 - 0 Ministério da Igreja 47

Lição 8 - A Disciplina na Igreja 54

Lição 9 - 0 Batismo - A Primeira Ordenança da Igreja 61

Lição 10 - A Ceia do Senhor - A Segunda Ordenança da Igreja 68

Lição u - 0 Culto da Igreja Cristã 75

Lição 1 2 - O Papel da Pregação no Culto 83

Lição 1 3 - O Poder de Deus na Missão da Igreja 90


0*0
Presidente da Convenção Geral
das A ssem bléias de Deus no Brasil
José Wellington Costa Junior
Presidente do Conselho Adm inistrativo
José Wellington Bezerra da Costa
3ÍBLICAS
Diretor Executivo Prezado(a) Professor(a),
Ronaldo Rodrigues de Souza
Como Igreja de Cristo, recebem os uma
Gerente de Publicações
grande m issão para ser desempenhada
Alexandre Claudino Coelho
neste mundo. Por isso, precisamos estudar
Consultor Doutrinário e Teológico
Elienai Cabral a origem, a natureza e 0 desenvolvimento
dessa grand e in stitu ição estabelecida
Gerente Financeiro
Josafá Franklin Santos Bomfim pelo Senhor Jesus: a Igreja.

Gerente de Produção Neste trimestre, temos como tema 0 Corpo


Jarbas Ramires Silva
de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da
Gerente Comercial Igreja no Mundo. Analisarem os a M issão
Cícero da Silva
da Igreja, suas ordenanças, a natureza
Gerente da Rede de Lojas das funções m inisterias e muitos outros
João Batista Guilherme da Silva
assuntos relevantes no contexto de v i­
Gerente de TI vência na igreja local.
Rodrigo Sobral Fernandes
Gerente de Comunicação Nosso propósito é que você compreenda e
Leandro Souza da Silva valorize 0 seu lugar como membro do Corpo
Chefe do Setor de Educação Cristã de Cristo. Deus conta com você para que
Marcelo Oliveira o Reino de Deus seja manifestado a cada
Chefe do Setor de Arte & Design pessoa que ainda não o conhece. Portan­
Wagner de Almeida to, veja como privilégio ser participante
Editor da Igreja de Cristo, um povo escolhido e
Marcelo Oliveira chamado por Deus para uma grande obra!
Revisão
Alexandre Coelho Tenha um trimestre abençoado!
Verônica Araújo
José Wellington Bezerra da Costa
Projeto Gráfico P resid en te do C o n selh o
Leonardo Engel I Marlon Soares
A d m in istra tiv o
Diagramação e capa
Leonardo Engel Ronaldo Rodrigues de Souza
D iretor E xecu tivo

Av. Brasil, 34.401 - Bangu


Rio de Janeiro - RJ - Cep 21852-002 Conheça m ais
Tel.: (21) 2406-7373 sobre o Novo Currículo
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de E scola D om inical

o@o®
LIÇÃO 1
7 de Janeiro de 2024

A ORIGEM DA IGREJA

' \ /
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-
vos, e cada um de vós seja A Igreja é a família de Deus,
batizado em nome de Jesus comprada com 0 sangue de
Cristo para perdão dos pecados, Cristo e selada com
e recebereis 0 dom do Espírito 0 Espírito Santo.
Santo.” (At 2.38)

v________ _________ _________ J


L E IT U R A D IÁ R IA

Segunda - Dt 4.10 Quinta - Mt 16.18


0 povo de Deus reunido debaixo A Igreja como propriedade
do Antigo Pacto exclusiva de Deus
Terça - At 20.28 Sexta - At 2.42-47
A Igreja foi comprada com 0 A Igreja como uma comunidade de
sangue de Cristo salvos
Quarta - Ef 1.3-6 Sábado - l Co 12.13
A Igreja idealizada em Deus A Igreja selada com 0 Espírito Santo

L.________________________________ ____________________________________

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 3


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 2 .1,2 ; 37,38


1 - Cumprindo-se 0 dia de Pentecostes, e aos demais apóstolos: Que faremos,
estavam todos reunidos no mesmo lugar; varões irmãos?
2 - e, de repente, veio do céu um som, como 38 - E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos,
de um vento veemente e impetuoso, e encheu e cada um de vós seja batizado em nome
toda a casa em que estavam assentados. de Jesus Cristo para perdão dos pecados,
37 - Ouvindo eles isto, compungiram-se e recebereis 0 dom do Espírito Santo.
em seu coração e perguntaram a Pedro

Hinos Sugeridos: 247, 432, 434 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO B) Motivação: Uma das imagens


O propósito deste trimestre é bíblicas mais interessantes a respei­
estudar a respeito da doutrina da to da Igreja pode ser contemplada a
Igreja segundo a sua origem, natu­ partir desta expressão: “ 0 Corpo de
reza e missão neste mundo. Nesta Cristo” . Tal expressão revela que a
primeira lição, abordaremos o tema Igreja não é uma mera associação,
da origem da Igreja. Procuraremos mas uma instituição orgânica e di­
responder as seguintes questões: vina que foi estabelecida pelo pró­
Como o povo de Deus é formado na prio Deus. Você se sente conscien­
Bíblia? Como a Igreja foi planejada temente parte desse Corpo?
por Deus? O que a Igreja de fato é? C) Sugestão de Método: O pri­
Para tratar desses e outros as­ meiro tópico desta lição apresenta
suntos, contaremos com o pastor 0 desenvolvimento do Povo de Deus
José Gonçalves, líder da Assembléia ao longo da Bíblia. No Antigo Tes­
de Deus em Água Branca (PI), mes­ tamento, ele aparece como a nação
tre em Teologia, graduado em Fi­ de Israel; no Novo, como a Igreja de
losofia, escritor de diversas obras Cristo. Para enfatizar o desenvol­
editadas pela CPAD e membro da vimento do conceito de Igreja, ex­
Comissão de Apologética da CGADB. panda o conteúdo do subtópico “ Na
história cristã” , mostrando como
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
esse conceito foi desenvolvido ao
A) Objetivos da Lição: I) Descre­
longo do tempo. Para isso, consulte
ver a trajetória do povo de Deus na
obras especializadas como “ Deus e
Bíblia e na história; II) Apresentar
0 Seu Povo” , editada pela CPAD, e,
a Igreja como criação divina; III)
a partir do conceito apresentado na
Identificar a Igreja como a comuni­
lição, aprofunde o conceito de Igreja
dade de salvos.

4 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


ao longo da história com a classe. 4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
Você pode apresentar esse concei­ A) Revista Ensinador Cristão.
to expandido da Igreja por meio de Vale a pena conhecer essa revista
projeção digital ou de notas distri­ que traz reportagens, artigos, en­
buídas previamente a cada aluno. trevistas e subsídios de apoio à Li­
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
p.36, você encontrará um subsídio
A) Aplicação: Só faz parte da
especial para esta lição.
Igreja, o Corpo de Cristo, quem é
B) Auxílios Especiais: Ao final do
regenerado, justificado, santifica­
tópico, você encontrará auxílios que
do pelo Senhor Jesus e selado pelo
darão suporte na preparação de sua
Espírito Santo. Aqui, é muito im ­
aula: l) O texto “ O Termo EKKLÊ-
portante afirmar que a natureza da
SIA” , localizado depois do primeiro
Igreja é celestial, pois não nos con­
tópico, aprofunda a compreensão
gregamos a ela por mera vontade
técnica a respeito da origem bíblica
humana, mas pela obra de Cristo na
da Igreja; 2) O texto “ A Origem da
cruz mediante ao arrependimento e
Igreja” , ao final do segundo tópico,
fé, na força do Espírito Santo.
amplia a reflexão a respeito da ori­
gem da concreta da Igreja de Cristo.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO hebraico qahal é usado para se referir


Uma rápida leitura do Novo Testa­a um ajuntamento do povo de Deus
mento é suficiente para percebermos 0debaixo do Antigo Pacto. Nesse aspecto,
que a Igreja é de fato e que impor- __ o seu uso é o de “ uma convocação
tância ela tem. Para os apósto­ para uma assembléia” ou “0 ato
los e os primeiros cristãos a de reunir-se em assembléia”.
Igreja era relevante. Paulo, k Dessa forma, qahal é descri-
por exemplo, a denominou | to como o povo reunido (Dt
de “ coluna e firm eza da 4.10); congregação do povo (Jz
verdade” (1 Tm 3.15); e Pedro 20.2); multidão (l Sm 17.47 -
a chamou de “geração eleita” NAA); congregação (l Rs 8.22);
(1 Pe 2.9). Nesta lição, mos­ congregação de Israel (1 Cr 13.2) e
traremos 0 que a Bíblia, de fato, grande ajuntamento (Ne 5.7). O termo
revela sobre a Igreja de Deus. Veremos
qahal, portanto, no contexto do Antigo
que a ekklesia, a Igreja de Deus, longe
Testamento, se refere ao Israel étnico,
de ser meramente uma associação de
uma nação que se juntava ou reunia
pessoas, é uma instituição divina.
tanto com fins cúlticos ou não.
2. No Novo Testamento. O termo
I - O POVO DE DEUS NA grego ekklesia se refere à igreja cristã.
BÍBLIA E NA HISTÓRIA Contudo, no contexto neotestamentário,
l. No Antigo Testamento. O termo 0 seu sentido diferirá do que lhe é dado

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 5


no Antigo Testamento, tanto na forma nomeações para cumprimento de sua
como na função. Não é apenas uma raça Grande Comissão onde cada crente,
ou nação, mas todos aqueles, de diferen­ nascido do Espírito, é parte integrante
tes raças e nações, que foram comprados da Assembléia Universal e da Igreja dos
pelo sangue de Cristo (Ef 3.6; At 20.28; primogênitos, que estão inscritos no
Ap 5.9). Assim, o seu sentido no Novo Céu” (Ef 1.22,23; 2.22; Hb 12.23).
Testamento é majoritariamente sacro,
isto é, de uma assembléia de crentes que
se juntaram para adorar a Deus (At 12.5;
13.1). Não é apenas um ajuntamento de
pessoas, mas uma assembléia de crentes SINOPSE I
regenerados que se reúnem para adorar a
O desenvolvim ento do povo de
Deus. Jesus, por exemplo, usou o termo
Deus é m ostrado ao longo da
ekklesia com um sentido exclusivo - o
Bíblia e da h istória cristã.
povo adquirido pelo seu sangue (Mt 16.18).
Dessa forma, 0 uso paulino de ekklesia,
nas suas epístolas, designa sempre a
comunidade dos salvos. Assim vemos
Paulo saudando a igreja (1 Co 1.2); ensi­
nando as igrejas (1 Co 7.17); disciplinando
o uso dos dons na adoração da igreja (1 AUXÍLIO TEOLÓGICO
Co 14.4,5,12,19,23,28,33,3435) e dando
diretrizes à igreja (1 Co 16.1). O TERMO EKKLÊSIA
3. Na história cristã. Há quem creia “ Jesus assevera, em Mateus
que a Igreja subsiste governada pelo 16.18: ‘Edificarei a minha igreja’ .
sucessor de Pedro e pelos bispos em Esta é a primeira entre mais de cem
comunhão com ele. Evidentemente, a referências no Novo Testamento que
tradição protestante rejeita esse concei­ empregam a palavra grega primária
to, visto que ele não reflete o contexto para ‘igreja’ : ekklêsia, composta com
do Novo Testamento onde a figura do a preposição ek (“ fora de” ) e o ver­
sucessor de Pedro é totalmente estra­ bo kaleõ (“ chamar” ). Logo, ekklêsia
nha e desconhecida. Após a Reforma denotava originalmente um grupo
do século XVI, a tradição protestante de cidadãos chamados e reunidos,
procurou dar um sentido bíblico e mais visando um propósito específico. O
preciso a respeito do que uma igreja é termo é conhecido desde o século V
de fato. Em uma grande denominação a.C., nos escritos de Heródoto, Xe-
nofontes, Platão e Eurípedes. Este
protestante histórica, a Igreja é de­
conceito de ekklêsia prevalecia espe­
finida como “ uma congregação local
cialmente na capital, Atenas, onde
de pessoas regeneradas e batizadas
os líderes políticos eram convocados
após profissão de fé”. Por outro lado,
como assembléia constituinte até
de acordo com um documento de uma
quarenta vezes por ano.i O uso se­
grande denominação pentecostal ame­
cular do termo também aparece no
ricana, entendemos a Igreja como “ o
Novo Testamento. Em Atos 19.32,41,
corpo de Cristo, a habitação de Deus
por exemplo, ekklêsia refere-se à
através do Espírito Santo, com divinas

6 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


turba enfurecida de cidadãos que se
reuniu em Éfeso para protestar con­
vv
tra os efeitos do ministério de Pau-
I0.2 Na maioria das vezes, porém, o Assim , a Igreja é
termo tem uma aplicação mais sa­
formada por pessoas que
grada e refere-se àqueles que Deus
tem chamado para fora do pecado e estavam no pecado, a
para dentro da comunhão do seu Fi­ caminho da condenação
lho, Jesus Cristo, e que se tornaram eterna, mas que,
“ concidadãos dos santos e da família
de Deus” (Ef 2.19). Ekklêsia é sem­ graças ao Evangelho,
pre empregada às pessoas e também tiveram suas vidas
identifica as reuniões destas para transform adas.”
adorar e servir ao Senhor” (HOR-
TON, Stanley. Teologia Sistemática:
Uma Perspectiva Pentecostal. í.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

plenitude dos tempos: “ mas, vindo a


II - A IGREJA COMO plenitude dos tempos, Deus enviou seu
CRIAÇÃO DIVINA Filho, nascido de mulher, nascido sob
1. A Igreja como um ideal de Deus. a lei” (Gl 4.4). Dessa forma, Deus faz
Desde a eternidade, a Igreja estava no “ congregar em Cristo todas as coisas,
coração de Deus e foi idealizada por na dispensação da plenitude dos tem­
Ele. Em sua essência, ela é um projeto pos” (Ef 1.10). Então, surge a pergunta:
divino: “ Como também nos elegeu nele “ Quando a Igreja passou a existir de
[Cristo] antes da fundação do mundo, fato? Quando ela se estabeleceu na sua
para que fôssemos santos e irrepreen­ forma concreta?” A maioria dos teólo­
síveis diante dele em am or” (Ef 1.4). gos defende que foi no Pentecostes. A
Na sua Carta aos Efésios, 0 apóstolo Igreja, por exemplo, não é citada nos
Paulo fala de um “ mistério” que estava Evangelhos de Marcos, Lucas e João.
oculto (Ef 3.3-6). Esse mistério que fora Mateus fala de sua existência, mas como
revelado era exatamente a Igreja! Na um evento futuro (Mt 16.18).
mente de Deus, portanto, a Igreja já 3. A Igreja no Pentecostes. Depois do
existia. O amor de Deus fez com que Pentecostes, Lucas destaca que “ todos
Ele provesse um plano para salvar o os dias acrescentava o Senhor à igreja
homem caído. Assim , Cristo amou a aqueles que se haviam de salvar” (At
Igreja e se entregou por ela (Ef 5.25). 2.47). Dessa forma, a Igreja, que existia
2. A Igreja como um a realidade apenas no coração e na mente de Deus,
concreta. Como vim os, a Igreja não se tornava uma realidade concreta
ficou apenas na mente de Deus; ela quando o Espírito Santo é derramado
passou a existir de uma forma con­ no Pentecostes após a ressurreição de
creta. O início da Igreja acontece na Jesus (At 2.1,2).

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 7


da presença da Igreja antes do pe­
ríodo abrangido em Atos.8 Im e­
SINOPSE II diatamente após aquele grande dia
A Igreja surgiu como o ideal em que o Espírito Santo foi derra­
de Deus na eternidade e tor- mado sobre os crentes reunidos, a
n o u -se realidade concreta no Igreja começou a propagar pode­
Pentecostes. rosamente o Evangelho, conforme
fora predito pelo Senhor ressurreto
em Atos 1.8. A partir daquele dia,
a Igreja continuou a propagar-se
e a aumentar no mundo intei­
ro, mediante 0 poder e orientação
AUXÍLIO TEOLÓGICO daquele mesmo Espírito Santo”
(HORTON, Stanley. Teologia S is­
A ORIGEM DA IGREJA temática: Uma Perspectiva Pente-
“ Várias são as razões para crer­ costal. í.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
mos que a Igreja teve sua origem, 2023, p .538,39).
ou pelo menos foi publicamente
reconhecida pela primeira vez, no
dia de Pentecostes. Embora na era
pré-cristã Deus certamente se as­
sociasse a uma comunidade pactuai
de fiéis, não há evidências claras de III - A IGREJA COMO A COMU­
que o conceito de Igreja existisse no NIDADE DOS SALVOS
período do Antigo Testamento. Ao 1. Regenerados pelo sangue de Cristo.
citar expressamente ekklêsia pela No Pentecostes, o apóstolo Pedro disse:
primeira vez (Mt 16.18), Jesus fa ­ “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
lava de algo que iniciaria no futuro batizado em nome de Jesus Cristo para
(‘edificarei’ [gr. oikodomêsõ] é um perdão dos pecados” (At 2.38). Com
verbo no futuro simples, não uma essas palavras, 0 apóstolo Pedro estava
expressão de disposição ou deter­ dizendo como se dá 0 ingresso de uma
minação). pessoa na Igreja, ou seja, por meio do
Na condição de corpo de Cris­ arrependimento e do batismo. A Igreja
to, é natural que a Igreja dependa é uma comunidade cristã formada por
integralmente da obra concluída pessoas regeneradas que fizeram uma
por Ele na Terra (sua morte, res­ pública profissão de fé. O ingresso de
surreição e ascensão) e da vinda do alguém à Igreja não se dá por adesão,
Espírito Santo (Jo 16.7; At 20.28; mas pela conversão. É exatamente esse 0
1 Co 12.13). Millard J. Erickson sentido da palavra grega metanoeo, tra­
observa que Lucas não emprega duzida aqui por arrependimento. Significa
ekklêsia no seu evangelho, mas a uma mudança de mente. Assim, a Igreja
palavra aparece 24 vezes em Atos é formada por pessoas que estavam no
dos Apóstolos. Este fato sugere que pecado, a caminho da condenação eterna,
Lucas não tinha nenhum conceito mas que, graças ao Evangelho, tiveram
suas vidas transformadas.

8 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


2. Selados pelo Espírito Santo. Já
foi dito que a Igreja tem sua origem no
SINOPSE III
dia de Pentecostes. Por meio do Espírito
de Deus, somos batizados no Corpo de Como com unidade dos salvos,
Cristo, a Igreja, então, passamos a fazer a Igreja é a reunião dos re g e­
parte dela. É exatamente isso o que o nerados pelo san gue de Cristo
apóstolo Paulo diz aos Coríntios na sua e selados pelo Espírito.
Primeira Carta: “ Pois todos nós fomos
batizados em um Espírito, formando um
corpo, quer judeus, quer gregos, quer CONCLUSÃO
servos, quer livres, e todos temos bebido Nesta lição vimos como surgiu a Igreja
de um Espírito” (1 Co 12.13). fundada por Jesus Cristo. Ela existiu,
3. O Batism o de Cristo e do E s ­ primeiramente, no plano de Deus até se
pírito. O apóstolo Pedro, que exortou estabelecer no Novo Testamento após a
os presentes no dia Pentecostes a se morte, ressurreição de Cristo e a infusão
arrependerem, também disse: “ e re­ dos Cristãos no Corpo de Cristo por meio
cebereis o dom do Espírito Santo” (At do Espírito Santo. A Igreja, portanto,
2.38). Assim, podemos afirmar que Cristo não foi idealizada por homem algum,
batizou os crentes com 0 Espírito Santo nem tampouco está fundada sobre teses
e com fogo, um batismo de capacitação humanas. O seu fundamento é Cristo,
(At 1.4), enquanto o Espírito os batizou que é a cabeça da Igreja. Por isso, é um
no Corpo de Cristo, um batismo de ini­ grande privilégio fazer parte da Igreja,
ciação, formando a Igreja (1 Co 12.13). o Corpo de Cristo.

REVISAND O O CONTEÚDO

1. A que se refere 0 termo hebraico qahal no contexto do Antigo Testamento?


O termo qahal, portanto, no contexto do Antigo Testamento, se refere ao
Israel étnico, uma nação que se juntava ou reunia tanto com fins cúltico
ou não.
2. A que se refere o termo grego ekklesia no sentido do Novo Testamento?
O termo grego ekklesia se refere a igreja cristã.
3. Onde a Igreja estava desde a eternidade?
Desde a eternidade a Igreja estava no coração de Deus e foi idealizada por
Ele.
4. Como se dá 0 ingresso de uma pessoa à Igreja?
O ingresso de alguém à Igreja não se dá por adesão, mas pela conversão.
5. Por meio de quem somos batizados no Corpo de Cristo e passamos a fazer
parte da Igreja?
Por meio do Espírito de Deus somos batizados no Corpo de Cristo, a Igreja,
então, passamos a fazer parte dela.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 9


\ r
TEXTO ÁUREO
“Mas vós sois a geração eleita, VERDADE PRÁTICA
o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido, para Por meio de cada imagem que
que anuncieis as virtudes retrata a Igreja, 0 Espírito Santo
daquele que vos chamou das revela-nos 0 quão gloriosa ela é.
trevas para a sua maravilhosa
luz.” (1 Pe 2.9)
V___________ J

LEITU R A DIÁRIA

Segunda - 2 Co 11.2 Quinta - 1 Co 3.16


A Igreja retratada como A Igreja como 0 santuário de Deus
virgem pura Sexta - 1 Tm 3.15
Terça - 1 Pe 5.2 A Igreja como a Casa de Deus
A Igreja como 0 rebanho de Deus Sábado - l Co 12.12
Quarta - l Pe 2.9 A Igreja constituída como 0 Corpo
A Igreja como 0 sacerdócio real de Cristo

L.________________________________ ___________________________________ ^

10 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

E fésios 5 .2 5 -3 2 ; 1 Pedro 2.9 ,10


Efésios 5 31 - Por isso, deixará 0 homem seu pai e
25 - Vós, maridos, amai vossa mulher, sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão
como também Cristo amou a igreja e a dois numa carne.
si mesmo se entregou por ela, 32 - Grande é este mistério; digo-o,
26 - para a santificar, purificando-a com porém, a respeito de Cristo e da igreja.
a lavagem da água, pela palavra,
27 - para a apresentar a si mesmo igreja 1 Pedro 2
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coi­ 9 - Mas vós sois a geração eleita, 0 sa­
sa semelhante, mas santa e irrepreensível. cerdócio real, a nação santa, 0 povo
28 - Assim devem os maridos amar a sua adquirido, para que anuncieis as virtudes
própria mulher como a seu próprio corpo. daquele que vos chamou das trevas para
Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. a sua maravilhosa luz;
29 - Porque nunca ninguém aborreceu 10 - vós que, em outro tempo, não éreis
a sua própria carne; antes, a alimenta e povo, mas, agora, sois povo de Deus; que
sustenta, como também 0 Senhora igreja; não tínheis alcançado misericórdia, mas,
30 - porque somos membros do seu corpo. agora, alcançastes misericórdia.

F Í J Hinos Sugeridos: 7 5 ,13 1, 400 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO da Igreja; III) Explicar as imagens


A Bíblia apresenta diversas im a­ da Igreja como habitação de Deus.
gens que revelam um determinado B) Motivação: Uma das imagens
aspecto da natureza da Igreja de bíblicas mais gloriosas da Igreja é a
Cristo. Nesta lição, abordaremos as que a apresenta como a habitação
seguintes imagens: A Noiva de Cris­ de Deus. Nesse caso, a Igreja é re­
to; a Esposa de Cristo; o Rebanho conhecida na Bíblia como o Santuá­
de Deus; Geração Eleita, Sacerdócio rio de Deus, a Casa de Deus, ou seja,
Real, Nação Santa e Povo Adquirido; Deus a habita gloriosamente. Ter
Corpo de Cristo; Santuário de Deus; essa consciência teológica a respeito
Casa de Deus. da natureza da Igreja como habita­
ção divina é transformador.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
C) Sugestão de Método: Escreva
A) Objetivos da Lição: I) Elencar
em tiras de papel cada imagem bí­
as imagens que descrevem 0 rela­
blica da Igreja mencionada na lição e
cionamento com Cristo; II) Pontuar
seus respectivos símbolos. Antecipa­
as imagens que descrevem a função
damente, distribua cada tira de papel

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 11


para cada aluno. À medida que você divino participar do Corpo de Cristo é
avançar na exposição dos tópicos, so­ um dos propósitos desta lição.
licite que cada aluno leia respectiva­
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
mente a sua tira de papel. A ideia é
A) Revista Ensinador Cristão.
que você introduza o assunto de cada
Vale a pena conhecer essa revista
tópico com a participação dos alunos.
que traz reportagens, artigos, en­
Você pode ir preenchendo uma tabe­
trevistas e subsídios de apoio à Li­
la na lousa à medida que cada aluno
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
mencione uma imagem e seu respec­
p.37, você encontrará um subsídio
tivo símbolo. Ao final da exposição da
especial para esta lição.
lição, a classe terá um quadro com­
B) Auxílios Especiais: Ao final
pleto das imagens bíblicas da Igreja
do tópico, você encontrará auxílios
na lousa. Esse é um bom exercício
que darão suporte na preparação de
para fixar o conteúdo da lição.
sua aula: 1) O texto “ O Relaciona­
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO mento Santificador da Igreja” , lo­
A) Aplicação: Cada crente que calizado depois do primeiro tópico,
passou pela experiência de salva­ aprofunda a compreensão a respei­
ção, isto é, foi regenerado, justifica­ to do aspecto do relacionamento de
do e santificado, faz parte da Igreja santidade da Igreja com Cristo; 2) O
de Cristo. Nesse sentido, cada crente texto “ O Caráter cooperador do Cor­
exerce uma função sacerdotal diante po de Cristo” , ao final do segundo
de Deus e diante do mundo. Por isso, tópico, amplia a reflexão a respeito
a Igreja é uma instituição em que da origem da concreta da Igreja de
Deus habita. Assim, estimular os alu­ Cristo.
nos para que vejam como privilégio

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO relacionamento, a função e a habitação


A Igreja de Jesus Cristo é retra­ dessa instituição criada por Deus.
tada por uma série de imagens
por meio das páginas do Novo
I - IMAGENS QUE
Testamento. Cada uma delas
DESCREVEM UM RE­
revela um determinado as­
pecto da Igreja de Jesus Cris­
LACIONAMENTO
f l. A Noiva de Cristo. Sem

r
to. Assim, podemos contem­
dúvida alguma, a imagem
plar imagens ou figuras que
da Igreja como a Noiva de
retratam 0 relacionamento; que
Cristo é uma das m ais belas
descrevem a função ou mostram
das Escrituras. Na verdade, a Bíblia
de que forma a Igreja é a habitação de
usa tanto a figura da noiva como a da
Deus. Por isso, nesta lição, estudaremos
esposa para representar a Igreja. Pri-
as principais imagens bíblicas a respeito
meiramente, a Igreja é descrita como
da Igreja de Cristo que comunicam o

12 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


IV 3. Rebanho de Deus. Quando reu­
niu os presbíteros na cidade de Éfeso,
o apóstolo Paulo os exortou (At 20.28).
Essa imagem de Aqui, a Igreja é retratada como um
rebanho de Deus. É uma metáfora que
relacionamento
ilustra a relação existente entre a ovelha
amoroso entre Cristo e o pastor. Paulo deixa claro que esse
e a sua Igreja deve rebanho custou um alto preço - 0 sangue
ser o parâmetro para de Jesus Cristo. Tendo em mente essa
imagem, 0 apóstolo Pedro também põe
o relacionamento isso em evidência (1 Pe 5.2,3). As palavras
de todos os casais de Pedro devem servir de parâmetro
cristãos.” para todo pastor que cuida do rebanho
de Deus. Na verdade, ele mostra 0 que 0
pastor não pode fazer no seu trato com
a igreja, pois ele deve ser um modelo
para o Rebanho de Deus.

uma “ virgem pura” (2 Co 11.2). Convém


destacar que a palavra grega parthenos,
traduzida em 2 Coríntios 11.2 como
SINOPSE I
“ virgem pura” , é usada em relação a Im agens como a Noiva de C ris­
uma donzela que ainda não contraiu to, a Esposa de Cristo e o Re­
núpcias. É uma figura da Igreja como banho de Deus descrevem o
noiva trazendo uma ideia de castidade, relacionam ento da Igreja com
pureza e fidelidade. Cristo.
2. A Esposa de Cristo. Paulo retrata,
também de forma vivida, a imagem da
Igreja como esposa (Ef 5.25,26). Assim
como é destacada a pureza da noiva,
é também a da esposa. Mas devemos
ressaltar que esse relacionamento de AUXÍLIO TEOLÓGICO
Cristo com a Igreja é fundamentado no
amor - “ Cristo amou a igreja” (Ef 5.25). O RELACIONAMENTO
Não é como em um relacionamento frio, SANTIFICADOR DA IGREJA
fundamentado apenas no dever, mas “ O povo de Deus é chamado
retrata um relacionamento fundamen­ ‘eleito’ no Novo Testamento por­
tado, sobretudo, na realidade do amor que Deus tem ‘escolhido’ a Igre­
que se entrega e se sacrifica. Cristo ja para fazer a sua obra nesta era,
cuida da Igreja e zela por ela porque a por meio do Espírito Santo, que
ama. Essa imagem de relacionamento está ativamente operante a san­
amoroso entre Cristo e a sua Igreja deve tificar os crentes e conformá-los
ser 0 parâmetro para 0 relacionamento à imagem de Cristo (Rm 8.28,29).
de todos os casais cristãos.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 13


sistema sacerdotal levítico. Na Antiga
Mais de cem vezes o povo de Deus Aliança, Deus escolheu uma família, a
é chamado os ‘ santos’ (gr. hagioi) de Arão, para oficiar como sacerdotes, da
de Deus, no Novo Testamento. Não mesma forma Ele fez na Nova Aliança.
se entenda as pessoas assim desig­ Contudo, há uma diferença fundamental
nadas como de condição espiritual entre o sacerdócio exercido debaixo da
superior, nem seu comportamento Antiga Aliança e aquele exercido na Nova
perfeito ou ‘santo’ . (As muitas re­ Aliança. Ali, essa função era reservada
ferências à Igreja em Corinto como apenas para uma tribo, a de Levi. Dessa
‘ santos de Deus’ devem servir de
forma, a fam ília escolhida para essa
indício suficiente desse fato.) Pelo
missão foi a de Arão. Por outro lado,
contrário, ressalta-se novamente
debaixo da Nova Aliança todo cristão é
que a Igreja é a criação de Deus e
um sacerdote. Agora todo cristão tem 0
que, pela iniciativa divina, os cren­
privilégio de “ queimar o incenso” , isto
tes são ‘chamados para serem san­
é, de exercer um ministério de oração
tos’ (l Co 1.2)” (HORTON, Stanley.
e intercessão diante de Deus (SI 141.2).
Teologia Sistemática: Uma Pers­
(c) Nação santa e um povo adquirido (1
pectiva Pentecostal. í.ed. Rio de
Pe 2.9). Ambos os termos vêm adjetiva­
Janeiro: CPAD, 2023, p.543).
dos, mostrando 0 que essa nação e esse
povo eram, representavam e deveriam
ser. Não era uma nação ou um povo
qualquer. Era uma nação santa e um
II - IMAGENS QUE povo adquirido para Deus. Essa é uma
DESCREVEM FUNÇÃO figura muito forte para retratar uma
1. Igreja inteiramente consagrada a Cristo.
Geração eleita, sacerdócio real,
nação santa e povo adquirido. Assim 2. Corpo de C risto . E ssa é uma
como havia um povo de Deus debaixo das imagens mais fortes e frequentes
do Antigo Pacto (Êx 19.5,6; Is 43.3), da no Novo Testamento para retratar a
mesma forma Deus possui um povo Igreja. A Igreja é o Corpo de Cristo!
debaixo do Novo Pacto (1 Pe 2.9). Mais do que uma organização, a Igreja
(a) Geração eleita. A palavra grega é um organismo. Um organismo vivo!
genos, traduzida aqui como “ geração” A analogia da Igreja como um corpo é
também possui o sentido de “ raça” . muito significativa. Primeiramente,
O Novo Testamento mostra que, em porque retrata a harmonia e unidade
Cristo, tanto judeus quanto gentios que há no corpo. No corpo humano tudo
fazem parte de uma só geração ou raça está em seu devido lugar (1 Co 12.12).
por causa do que eles têm em comum. Todos os membros cooperam para o
Não há distinção de raça, cor, sexo ou bom funcionam ento do corpo (1 Co
status social. Em Cristo todos formam 12.21,22,25). Logo, nenhum membro faz
a geração eleita. menos parte do corpo que os demais:
(b) Sacerdócio real. Em sua Primeira todos são necessários. A variedade de
Carta, o apóstolo Pedro descreve os órgãos, membros e funções constitui a
crentes que formam a Igreja de Cristo essência da vida física. Nenhum órgão
como os que exercem um sacerdócio real pode estabelecer um monopólio no cor­
(1 Pe 2.9). Essa imagem vem do antigo po, assumindo as funções dos outros.

14 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


Um corpo constituído por um só órgão
citude porque foram todos ‘batiza­
seria uma monstruosidade.
dos em um Espírito, formando um
corpo’ (1 Co 12.13). A presença do
Espírito Santo, habitando em cada
membro do corpo de Cristo, per­
mite a manifestação legítima dessa
SINOPSE II
união” (HORTON, Stanley. Teolo­
Im agens como geração eleita, gia Sistemática: Uma Perspectiva
sacerdócio real, nação s a n ­ Pentecostal. í.ed. Rio de Janeiro:
ta, povo adquirido e Corpo de CPAD, 2023, p .544- 45).
Cristo descrevem a função que
a Igreja exerce diante de Deus
e do mundo.

III - IMAGENS QUE


DESCREVEM HABITAÇÃO
1. Santuário de Deus. Muito embora
seja comum identificar a Igreja a partir
AUXÍLIO TEOLÓGICO de sua estrutura arquitetônica, não é
isso que a Bíblia identifica como sendo
O CARÁTER COOPERADOR uma Igreja. Ela é o templo do Espírito
DO CORPO DE CRISTO Santo (1 Co 3.16). A Igreja é retratada
“ Os escritos de Paulo enfatizam como sendo um santuário, a habitação
a verdadeira união, que é essencial de Deus. Individualmente, cada crente é
na Igreja. Por exemplo: ‘O corpo é um templo do Espírito Santo (1 Co 6.19).
um e tem muitos membros... as­ Mas na sua forma corporativa, a Igreja
sim é Cristo também’ (1 Co 12.12). é retratada como sendo o santuário de
Da mesma forma que o corpo de Deus (1 Co 3.16,17). Isso também sig­
Cristo tem o propósito de funcionar nifica que Deus habita a Igreja. Ela é
eficazmente como uma só unidade, seu templo. Nesse aspecto, o apóstolo
também os dons do Espírito Santo Paulo alerta sobre 0 perigo que há em se
são dados para equipar o corpo ‘pelo profanar 0 santuário de Deus (l Co 3.17).
Espírito Santo... o mesmo Senhor... 2. Casa de Deus. A Igreja é descrita
o mesmo Deus que opera tudo em como sendo a “ Casa de Deus” (1 Tm
todos... para 0 que for útil* (1 Co 3.15). Esse conceito da Igreja, como
12.4-7). Por esta razão, os mem­ sendo a Casa de Deus, é derivado do
bros do corpo de Cristo devem agir Antigo Testamento em que o povo de
com grande cautela “ para que não Deus é retratado como a casa ou família
haja divisão [gr. schisma] no corpo, de Deus. A nação de Israel floresceu a
mas, antes, tenham os membros partir da família de Jacó. Isso nos faz
igual cuidado uns dos outros’ (l Co ver a importância da igreja como uma
12.25; cf. Rm 12.5). Os cristãos po­ instituição social. Na base da sociedade
dem ter essa união e mútua soli­ está a família. Uma igreja forte é for­
mada por fam ílias igualmente fortes.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 15


0 inverso também é verdade - famílias
fracas tornam -se igrejas fracas. Por
trás de muitos problemas sociais está
SINOPSE III
a desestruturação familiar. A recomen­ Im agens como Santuário de
dação de Paulo em l Timóteo revela que Deus e Casa de Deus descrevem a
a Igreja se orienta por um padrão moral Igreja como a habitação de Deus.
que deve nortear seu comportamento
na sociedade.
3. O privilégio de ser Igreja. À luz
do que estudamos nesta lição, podemos
fazer algumas considerações. Primeira, CONCLUSÃO
a Igreja de Cristo é uma instituição for­ Nesta lição aprendemos através de
mada por salvos que se relacionam com imagens bíblicas o que a Igreja é e que
Deus e, por isso, eles fazem parte de seu importância ela tem. São figuras que
rebanho. Segunda, a Igreja de Cristo é nos ajudam a compreender a Igreja
uma instituição formada de salvos que tanto em seu aspecto institucional como
exercem uma função sacerdotal diante funcional. Assim, essas imagens ajudam
de Deus perante 0 mundo. E, finalmente, o crente a descobrir qual o seu lugar na
a Igreja de Cristo é uma instituição em Igreja, o Corpo de Cristo. Dessa forma,
que Deus habita e vive. É um privilégio ele pode melhor cooperar para 0 perfeito
fazer parte da Igreja de Cristo! funcionamento da igreja local.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. De acordo com a lição, como a Igreja é descrita primeiramente?


Primeiramente, a Igreja é descrita como uma “ virgem pura” (2 Co 11.2).
2. O que a metáfora do “ Rebanho de Deus” ilustra?
É uma metáfora que ilustra a relação existente entre a ovelha e o pastor.
3. O que o Novo Testamento mostra a respeito da “ geração eleita” ?
O Novo Testamento mostra que, em Cristo, tanto judeus como gentios fa ­
zem parte de uma só geração ou raça por causa do que eles têm em comum
em Cristo.
4. O que a expressão “ Corpo de Cristo” retrata?
Retrata a Igreja.
5. Como a Igreja é retratada em sua forma corporativa?
Na sua forma corporativa, a Igreja é retratada como sendo 0 santuário de
Deus (l Co 3.16,17).

VOCABULÁRIO
Corporativo: Relativo ou próprio de uma corporação; um conjunto de
pessoas com alguma finalidade.

16 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LIÇÃO 3
2-r de Janeiro de 2024

A NATUREZA DA IGREJA

TEXTO ÁUREO
“Porque, assim como 0 corpo VERDADE PRÁTICA
é u m e tem muitos membros, Conhecendo a Igreja em sua
e todos os membros, sendo natureza nos conscientizamos da
muitos, são um só corpo, assim é importância de fazer parte dela.
Cristo também.” (1 Co 12.12)

v j

LEITU R A DIARIA

Segunda - Jo 1.1 Quinta - Hb 12.23


A Igreja centrada na Palavra A Igreja em seu aspecto invisível
Viva de Deus e universal
Terça - Rm 8.14 Sexta - Ef 4.3
A Igreja na esfera do Espírito A indivisibilidade da Igreja de
Quarta - 1 Co 1.1-3 Cristo
A Igreja como expressão visível Sábado - Fp 2.2
elocal A Igreja em busca da unidade

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR Y ]


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

1 Coríntios 12 .12 - 2 7
12 - Porque, assim como 0 corpo é ume 2 1 - Eo olho não pode dizer à mão: Não
tem muitos membros, e todos os membros, tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça,
sendo muitos, são um só corpo, assim é aos pés: Não tenho necessidade de vós.
Cristo também. 22 - Antes, os membros do corpo que pa­
13 - Pois todos nós fomos batizados em recem ser os mais fracos são necessários.
um Espírito, formando um corpo, quer 23 - £ os que reputamos serem menos
judeus, quer gregos, quer servos, quer honrosos no corpo, a esses honramos
livres, e todos temos bebido de um Espírito. muito mais; e aos que em nós são menos
14 - Porque também 0 corpo não é um só decorosos damos muito mais honra.
membro, mas muitos. 24 - Porque os que em nós são mais ho­
15 - Se 0 pé disser: Porque não sou mão, não nestos não têm necessidade disso, mas
sou do corpo; não será por isso do corpo? Deus assim formou 0 corpo, dando muito
16 -E,sea orelha disser: Porque não sou olho, mais honra ao que tinha falta dela,
não sou do corpo; não será por isso do corpo? 25 - para que não haja divisão no corpo,
17 - Se todo 0 corpo fosse olho, onde mas, antes, tenham os membros igual
estaria 0 ouvido? Se todo fosse ouvido, cuidado uns dos outros.
onde estaria 0 olfato? 26 - De maneira que, se um membro
18 - Mas, agora, Deus colocou os membros padece, todos os membros padecem com
no corpo, cada um deles como quis. ele; e, se um membro é honrado, todos os
19 - E, se todos fossem um só membro, membros se regozijam com ele.
onde estaria 0 corpo? 27 - Ora, vós sois 0 corpo de Cristo e seus
20 - Agora, pois, há muitos membros, membros em particular.
mas um corpo.

Hinos Sugeridos: 14 4 ,175, 375 da Harpa Cristã


$
PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO por fim, sua extensão comunitária no


Prezado(a) professor(a), nesta li­ que tange a sua unidade e comunhão
ção, estamos estudando a Eclesiologia, como estilo de vida.
isto é, 0 estudo sobre a natureza da
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
Igreja, sua essência e dimensões. Para
A) Objetivos da Lição: I) Desta­
tanto, temos como particularidades da
car a natureza bíblica da Igreja, fun­
Igreja a sua extensão confessional, isto
damentada na doutrina dos apósto­
é, sua base doutrinária e ortodoxa; sua
los e conduzida pelo Espírito Santo;
extensão local e espiritual que diz res­
II) Apresentar os aspectos naturais
peito à sua localização e influência na
visíveis e invisíveis da Igreja; III)
sociedade enquanto Corpo de Cristo; e,

18 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


Elencar a unidade da Igreja como até os confins da Terra. Para tanto, ela
aspecto central que revela a sua deve testemunhar aos pecadores que o
identidade cristã neste mundo. Senhor Jesus, mediante a ação do Es­
B) Motivação: A compreensão pírito Santo, continua a curar, salvar,
exata do que é a Igreja está presente batizar no Espírito Santo e conduzir o
nas marcas ou características que a homem ao Reino Celestial.
identificam como sendo cristã. Es­
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
ses aspectos estavam presentes, so­
bretudo, nas relações e estilo de vida A) Revista Ensinador Cristão.
dos crentes do primeiro século. O Vale a pena conhecer essa revista
desafio da igreja atual é desenvolver que traz reportagens, artigos, en­
as práticas das primeiras obras nes­ trevistas e subsídios de apoio à Li­
tes últimos tempos tão trabalhosos. ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
C) Sugestão de Método: Sugeri­ p. 37, você encontrará um subsídio
mos que você estimule os seus alunos especial para esta lição.
a participarem da aula, apontando
B) Auxílios Especiais: Ao final do
os conceitos abordados na lição que,
tópico, você encontrará auxílios que
possivelmente, encontraram dificul­
darão suporte na preparação de sua
dade para compreender. Destaque
aula: 1) O texto “ Definição de Igreja” ,
esses conceitos ao longo da aula e,
localizado depois do primeiro tópico,
sendo possível, consulte um Dicioná­
aprofunda o significado da palavra
rio Teológico e exponha as definições
igreja e os seus diversos sentidos em
aos alunos. Esse método agregará
que é aplicada no texto bíblico; 2) O
novos conhecimentos à aula a partir
texto “ Entendendo 0 Texto” , ao fi­
das dúvidas apresentadas pela classe.
nal do terceiro tópico, apresenta três
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO aspectos que estão intrinsecamente
A) Aplicação: A Igreja foi instituída ligados e ampliam a compreensão da
neste mundo com a incumbência de relação estabelecida entre os crentes
transmitir a mensagem do Evangelho como Corpo de Cristo.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO remos apenas de algumas delas.


O estudo sobre a natureza Por isso, nesta lição, veremos
da Igreja deve analisar aquilo que uma igreja genuinamente
que ela é em essência. O que ( Palavra-Chave ) cristã é confessional, ou
define uma igreja genuina­
mente cristã? Evidentemente V
Natureza | seja, ela se fundamenta na
l Palavra de Deus; tem uma
que há muitas características
que mostram o que é uma
verdadeira igreja. Contudo,
w dimensão local e univer­
sal, ou seja, existe tanto na
forma visível como invisível;
para nosso propósito aqui, trata­ e, finalm ente, a igreja gen uin a-

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 19


mente cristã é una, isto é, não é divi­ no fato de não andarmos na esfera do
dida, pois sem unidade não há Igreja. Espírito (G1 5.16,17)* O Espírito, portanto,
habita 0 crente; capacitando-o (At 1.8).
I - A NATUREZA DA IGREJA Sem a capacitação do Espírito, a igreja é
NA SUA DIMENSÃO inoperante e perde a sua essência.
CONFESSIONAL
1. Fundamentada na Palavra. Uma
igreja verdadeiramente bíblica é firma­
da na Palavra de Deus. Nesse aspecto,
primeiramente, temos Cristo como a
SINOPSE I
Palavra Encarnada, a Palavra Viva. No Uma igreja bíblica é fundam en­
princípio era a Palavra (Jo 1.1). Jesus é a tada na Palavra Inspirada por
Palavra que se humanizou, isto é, Deus Deus, habitada pelo Espírito,
feito homem. A igreja bíblica possui Jesus dirigida e capacitada por Ele.
Cristo como seu fundamento (Ef 2.20).
Uma igreja verdadeiramente bíblica é
centrada em Jesus. Em segundo lugar,
uma igreja bíblica é fundamentada nas
Escrituras Sagradas, a Palavra Inspirada.
Se não existe igreja verdadeira sem Jesus,
AUXÍLIO TEOLÓGICO
da mesma forma não há igreja verdadeira
“ DEFINIÇÃO DE IGREJA
sem fundamentação bíblica (2 Tm 3.15).
Jesus assevera, em Mateus 16.18:
A heterodoxia, o desvio doutrinário e a
‘Edificarei a minha igreja’ . Esta é
apostasia vêm pelo distanciamento e
a primeira entre mais de cem re­
abandono da Palavra de Deus.
ferências no Novo Testamento que
2. Habitada pelo Espírito. A Igreja
empregam a palavra grega primária
é habitada pelo Espírito, dirigida e ca­
para ‘igreja’ : ekklêsia, composta com
pacitada por Ele. O Espírito Santo é a
a preposição ek (‘fora de’) e o verbo
força-motriz da Igreja. Na verdade, a obra
kaleÕ (‘chamar’). Logo, ekklêsia de­
do Espírito começa no seu trabalho de
notava originalmente um grupo de
convencimento do pecador. É o Espírito
cidadãos chamados e reunidos, vi­
quem convence o ser humano do pecado
sando um propósito específico. O ter­
(Jo 16.8-11). É o Espírito Santo quem
mo é conhecido desde o século V a.C.,
produz a obra da regeneração. Quando 0
nos escritos de Heródoto, Xenofontes,
evangelista Lucas diz que 0 Senhor abriu
Platão e Eurípedes. [...] O uso secular
o coração de Lídia (At 16.14), aí vemos
do termo também aparece no Novo
uma obra poderosa do Espírito Santo tra­
Testamento. [...] Na maioria das ve­
zendo 0 convencimento para a salvação.
zes, porém, o termo tem uma aplica­
3. Quem faz parte da Igreja anda
ção mais sagrada e refere-se àqueles
no Espírito. Quando alguém responde à
que Deus tem chamado para fora do
mensagem da cruz, 0 Espírito de Deus
pecado e para dentro da comunhão
produz nele a certeza da salvação (Rm
do seu Filho, Jesus Cristo, e que se
8.16). Agora, regenerado, 0 cristão passa
tornaram ‘concidadãos dos santos e
a andar ou ser dirigido pelo Espírito (Rm
da família de Deus’ (Ef 2.19). Ekklê-
8.14). O fracasso na vida espiritual está

20 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


da igreja local, pois dela fazemos parte.
sia é sempre empregada às pessoas e
Contudo, nem sempre é fácil se dar conta
também identifica as reuniões destas
do aspecto universal da Igreja porque
para adorar servir ao Senhor” (HOR-
nesse sentido, a Igreja não está limitada
TON, Stanley M. Teologia Sistemáti­
ao espaço geográfico ou físico. Assim a
ca: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio
Igreja universal e invisível é formada por
de Janeiro: CPAD, 2023, p. 536).
todos os cristãos regenerados que estão
em todos os lugares e por aqueles que já
estão também na glória (Hb 12.23), não se
limitando somente à dimensão terrena.
Aqui, é importante se diferenciar “Igreja”
II - A NATUREZA DA IGREJA
de “ denominação”. Numa cidade, por
NAS SUAS DIMENSÕES LOCAL
exemplo, pode haver várias denominações;
E UNIVERSAL contudo, somente há uma Igreja. A igreja
1. Local e visível. Biblicamente, po­
é divina, as denominações são humanas.
demos falar da Igreja em relação à sua di­
As denominações podem ser temporárias,
mensão espacial, isto é, em relação ao local
a Igreja não. As denominações podem
ou ao espaço geográfico. Ela pode ser vista
desparecer, mas a Igreja é indestrutível
e sentida. Nesse aspecto, a Igreja existe
(Mt 16.18). Convém dizer que nem todo
localmente. Assim, vemos os apóstolos
grupo que se diz cristão pode ser visto
escrevendo suas cartas a determinadas
como fazendo parte da Igreja Cristã. Há
igrejas, situadas em diferentes locais: “ à
grupos que se autodenominam “ igrejas”,
igreja de Deus que está em Corinto” (1 Co
contudo, são sinagoga de Satanás (Ap 3.9).
1.2); “aos estrangeiros dispersos no Ponto,
Entretanto, 0 que fará com que uma igreja
Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1 Pe
ou denominação seja cristã, é a sua fide­
1.1). Nesses textos vemos as Escrituras
lidade a Cristo e às Escrituras Sagradas.
se referindo à ekklesia, à comunidade
de crentes, situada em diferentes locais.
2. As particularidades das igrejas
locais. Pelo teor das cartas neotesta-
mentárias, observamos que essas igrejas SINOPSE II
locais possuíam suas particularidades. A Igreja de Cristo se reve­
Os problemas encontrados em uma não la num a dim ensão terrena e,
eram necessariamente os mesmos da igualm ente, num a dim ensão
outra (Fp 4.2,3 cf. 2 Ts 3.11,12). De igual
espiritual.
modo, as virtudes. Por outro lado, em­
bora estivessem todas sob a supervisão
apostólica, observamos que eram autô­
nomas uma em relação às outras. Assim
possuíam sua dinâmica própria. Um III - A IGREJA NA SUA
método que funciona em determinada DIMENSÃO COMUNITÁRIA
igreja pode ser inadequado em outra. 1. A igreja é una. Isso significa que
3. Universal e invisível. Assim como a igreja é indivisível. Na analogia onde
a Igreja existe em sua dimensão local, compara a Igreja ao corpo humano,
existe também na sua dimensão uni­ Paulo deixa bem claro que uma igreja
versal. Somos conscientes da existência verdadeiramente cristã é unida porque

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 21


não pode haver divisão no corpo (l Co os teólogos chamam de “ unidade de
12.12). Jesus disse que um reino dividido essência”. Na Trindade, 0 Pai, 0 Filho e 0
não subsistirá (Mt 12.25). Esse princípio Espírito Santo são pessoas diferentes, com
se aplica à Igreja também. O que 0 Diabo uma mesma essência, possuindo a mesma
não consegue contra a Igreja por meio da substância e um só propósito. Da mesma
perseguição, ele consegue por intermédio forma, os cristãos devem buscar esse
da divisão. Devemos evitar, a todo cus­ tipo de unidade. Nesse aspecto, unidade
to, o partidarismo, as preferências e os não é uniformidade. Somos diferentes,
exclusivismos, se quisermos preservar diversos, temos temperamentos distintos
a unidade da igreja local (Ef 4.3). e maneiras diferentes para fazer as coisas;
2. Unidade na Igreja. Paulo escre­ mas, mesmo assim, somos um em Cristo
veu à igreja de Filipos: “ completai o Jesus para perseverar no mesmo alvo.
meu gozo, para que sintais 0 mesmo,
tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo,
sentindo uma mesma coisa” (Fp 2.2).
Esse texto mostra 0 anseio do apóstolo
SINOPSE III
pela unidade da igreja que, como Corpo
de Cristo em sua forma coletiva, deve A igreja como Corpo de Cristo
zelar pela unidade e, da mesma forma, em sua form a coletiva deve zelar
cada crente deve buscar isso. pela unidade e, da m esm a forma,
3. Diversidade na unidade. Isso re- cada crente deve buscar isso.
verbera 0 anseio de Jesus pela unidade
dos seus discípulos (Jo 17). Ali há o que

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

A IGREJA
“A palavra ekklesia se refere a uma
reunião ou congregação de pessoas que
são chamadas ou convocadas e se reúnem
com um propósito. No Novo Testamen­
to, a palavra designa basicamente uma
congregação ou comunidade do povo de
Deus - as pessoas que aceitam a mensa­
gem de Cristo, confiam a Ele suas vidas
e se reúnem como cidadãos do Reino de
Deus (Ef 2.19) com o propósito de ado­
rar e honrar a Deus. A palavra ‘igreja’
pode se referir a uma congregação na
igreja local (Mt 18.17; At 15.4) [...] ou à
igreja universal.” Amplie mais o seu
conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo
Pentecostal, editada pela CPAD, p.1650.

22 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


AUXILIO DEVOCIONAL Cada um depende do outro. Se você
amar e servir os outros, começará a
“ ENTENDENDO O TEXTO: experimentar a unidade do Corpo
'Amai-vos cordialmente uns aos ou­ de Cristo” (RICHARS, Lawrence O.
tros com amorfraternaV. Há três temas Comentário Devocional da Bíblia.
que sempre sãos encontrados juntos Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.787).
em passagens do Novo Testamento.
O Corpo de Cristo, os dons espiritu­
ais e o amor. Há razões importantes
por que esses três temas são insepa­
ráveis. O nosso relacionamento com CONCLUSÃO
outros cristãos é definido pela parti­ Chegamos ao final de mais uma lição
cipação conjunta em um único Corpo. bíblica, a qual aborda a natureza da Igreja.
O nosso serviço aos outros cristãos é Vimos que não é possível nos referir­
definido com o uso de nossos dons mos a uma igreja como sendo cristã se
e capacidades para servi-los. Nos­ determinadas marcas ou características
sa postura para com outros cristãos não estão presentes nela. Destacamos
deve ser de amor ativo e cuidado. aqui que a igreja local deve estar fun­
Unidade, serviço e amor nunca estão damentada na Palavra e habitada pelo
separados na Escritura. Sem unidade, Espírito Santo. A Igreja também existe
não pode haver qualquer experiência tanto local como universalmente. Não
de amor. Sem amor, não pode ha­ está limitada nem pelo tempo nem pelo
ver qualquer experiência de unidade. espaço. Ela existe para a eternidade!

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual é a principal característica de uma igreja verdadeiramente bíblica?


Uma igreja verdadeiramente bíblica é firmada na Palavra de Deus.
2. O que caracteriza uma igreja habitada pelo Espírito?
A Igreja habitada pelo Espírito, dirigida e capacitada por Ele.
3. Como podemos falar da dimensão espacial da Igreja?
A dimensão espacial da igreja diz respeito ao seu local ou ao espaço geo­
gráfico.
4. Como a Igreja universal e invisível é formada?
Assim a Igreja universal e invisível é formada por todos os cristãos regene­
rados que estão em todos os lugares e por aqueles que já estão também na
glória (Hb 12.23).
5. Explique a expressão “ unidade de essência” em relação à Trindade.
Na Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são pessoas diferentes, con­
tudo, com uma mesma essência. Possuem a mesma substância e um só
propósito.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 23


LIÇÃO 4
28 de Janeiro de 2024

A IGREJA E O REINO DE DEUS

\ r ~

TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“ [...] 0 tempo está cumprido, e
Pregar a mensagem do Reino
0 Reino de Deus está próximo.
de Deus é uma importante
Arrependei-vos e crede no
missão da Igreja.
evangelho.” (Mc 1.15)

\____________________________ ____________________________ )

LEITU R A DIARIA

Segunda - SI 47.7 Quinta - l Co 6.9,10


A universalidade do Reino de O Reino de Deus como realidade
Deus futura
Terça - Is 43.15 Sexta - Ef 1.10
O Reino de Deus é de natureza A Igreja como manifestação do
teocrática Reino de Deus
Quarta - Rm 14.17 Sábado - At 19.8
O Reino de Deus como realidade A pregação do Reino como
presente missão da Igreja

24 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

M arcos 1 .14 - 17
14 - E, depois que João foi entregue à 16 - E, andando junto ao mar da Galileia,
prisão, veio Jesus para a Galileia, pre­ viu Simão e André, seu irmão, que lança­
gando 0 evangelho do Reino de Deus vam a rede ao mar, pois eram pescadores.
15 - e dizendo: Otempo está cumprido, e 17 - E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e
0 Reino de Deus está próximo. Arrepen- eu farei que sejais pescadores de homens.
dei-vos e crede no evangelho.

Hinos Sugeridos: 38, 410, 547 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO disse Jesus, está entre vocês (Lc


Professor(a), a lição desta sema­ 17.20, 21). Isso significa que a na­
na tem como finalidade apresentar a tureza do Reino é espiritual. Ele se
natureza universal do Reino de Deus manifesta por meio da justiça, paz
e a Igreja como parte integrante e e alegria do Espírito. A maior vitória
representativa desse Reino no mun­ do Reino de Deus é sobre 0 pecado, a
do. Nesse sentido, a Igreja faz parte morte e Satanás.
da realidade presente do Reino de
C) Sugestão de Método: Nes­
Deus e, por conseguinte, fará parte
ta lição, a classe aprenderá que há
também da realidade vindoura.
uma distinção entre Igreja e Reino
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO de Deus. Ambos possuem caracte­
rísticas específicas que estão pre­
A) Objetivos da Lição: I) Rela­
sentes nas Escrituras Sagradas. Para
cionar a natureza do Reino de Deus
estimular a participação dos alunos,
com a nação de Israel, bem como o
elabore na lousa duas colunas. Em
seu propósito com a existência da
cada uma delas, com a ajuda da clas­
Igreja; II) Apontar as dimensões do
se, relacione as características espe­
Reino de Deus nas realidades pre­
cíficas da Igreja e do Reino de Deus
sente e futura; III) Destacar a Igreja
respectivamente. Ao final, ressalte
como projeto de Deus e expressão de
que, nesta lição, vamos estudar com
seu Reino na plenitude dos tempos.
maiores detalhes que 0 Reino de Deus
B) Motivação: Nosso Senhor é mais abrangente. A Igreja, porém,
afirmou que 0 Reino de Deus não está inserida no Reino de Deus.
tem aparência visível como se es­
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
tivesse localizado em uma posição
A) Aplicação: A Igreja tem a res­
geográfica. Antes, 0 Reino de Deus,
ponsabilidade de transmitir a men­

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 25


sagem do Reino de Deus ao mundo. B) Auxílios Especiais: Ao final
Essa missão só pode ser alcançada a do tópico, você encontrará auxílios
partir do testemunho vivo dos cren­ que darão suporte na preparação
tes, que coadune os ensinamentos da de sua aula: 1) O texto “ O Reino e
Palavra de Deus com um estilo de vida a Vinda do Filho do Homem” , lo­
que expresse a prática de boas obras. calizado depois do primeiro tópi­
co, destaca a qualidade invisível do
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
Reino de Deus, porém, presente no
A) Revista Ensinador Cristão.
que Jesus dizia e fazia; 2) O texto
Vale a pena conhecer essa revista
“ Jesus Voltará” , ao final do tercei­
que traz reportagens, artigos, en­
ro tópico, destaca a importância do
trevistas e subsídios de apoio à Li­
serviço cristão em prol do Reino de
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
Deus enquanto nosso Senhor não
p.38, você encontrará um subsídio
retorna para buscar a sua Igreja.
especial para esta lição.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO Daniel afirma que Deus domina sobre


A Bíblia apresenta Deus como um rei o reino dos homens (Dn 4.25). Assim,
(SI 47.6; 52.7) que exerce 0 seu governoas Escrituras revelam um importante
e domina sobre tudo o que há (SI aspecto da natureza do Reino de Deus:
22.28). Sobre o seu reino, go­ a sua universalidade. Deus é o
verna soberanamente. Nesta Rei universal e, como tal, tem
lição, apresentaremos uma À domínio absoluto sobre sua
compreensão do Reino de criação, sobre reinos e go­
Deus a partir de sua natu­ vernos humanos, bem como
reza e da sua relação com a _____sobre todas as hostes ange-

r
Igreja. Nesse aspecto, mos­ licais (Dn 4.35). Isso significa
que nada nem ninguém está
traremos 0 reino divino na sua
fora do seu domínio (Dn 2.21).
dimensão universal e soberana,
2. A soberania divina e os acon­
bem como sua realidade presente e fu­
tecim entos do mundo. Observamos
tura. A Igreja é vista como parte desse
que, embora 0 mundo siga 0 seu curso,
reino e, por isso, Deus a estabeleceu
Deus não perdeu nem deixou de exercer
para viver, pregar e manifestar a vida
domínio sobre ele, tampouco sobre o
do reino divino.
universo criado. Um Deus que não tivesse
0 controle de tudo não seria Deus. Isso
I - A NATUREZA DO REINO não significa dizer que Ele seja a causa de
DE DEUS tudo 0 que acontece no mundo. Significa
1. O Reino de Deus é universal. O que, embora os homens e, até mesmo o
salmista diz que “ Deus é o Rei de toda Diabo e seus demônios, tenham liberdade
a terra” (SI 47.7) e, da mesma forma, e permissão para agirem neste mundo,

26 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


contudo, essas ações não se sobrepõem à
soberania de Deus. Assim Deus domina visíveis para que ninguém possa pre­
sobre todos (SI 103.19). dizer o tempo exato de sua chegada.
3. 0 Reino de Deus, a nação de Israel As pessoas entendem mal o caráter
e a Igreja. O Antigo Testamento revela do Reino de Deus, quando dizem:
que Deus escolheu um povo, Israel, para ‘Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali!’ Tais pre-
reinar sobre ele e através dele em um dições são arrogantes e mostram-se
governo soberano e teocrático. Quando falsas e decepcionantes as pessoas
Israel estava organizado em um regi­ persuadidas por elas (cf. At 1.6, 7).
me tribal, Deus reinava sobre ele (Nm Jesus afirma que a fase inicial do
23.21), de forma soberana, exercendo 0 Reino não vem desse jeito; de fato,
seu governo teocrático sobre seu antigo já veio (Lc 17.21). Jesus usa a palavra
povo (Is 43.15). Israel, por isso, era um eritos para descrever sua presença —
reino sacerdotal (Êx 19-5,6). Dessa forma, palavra que significa ‘dentro’ de vo­
quando escolheu Israel, Deus tinha 0 cês ou ‘entre, no meio de’ vocês. Je­
propósito de abençoar essa nação e, por sus está falando a fariseus, que sem
meio dela, todos os povos (Gn 12.1-3; Is dúvida o rejeitaram. Ele não diria
45.21,22). Esse propósito se concretizou que o reinado de Deus está dentro
na pessoa de Jesus Cristo, 0 Filho de dos corações deles. Contudo, o Rei­
Davi, que por intermédio de sua morte no é um fato histórico. Jesus quer
e ressurreição estabeleceu a Igreja (Ef dizer que 0 Reino está ‘entre vós’
2.14; Gl 3.14; 4-28; 1 Pe 2.9). — presente no que Ele faz e diz — ,
ainda que os fariseus permaneçam
cegos diante dessa realidade (cf. Lc
11.20). Eles esperam ver sinais da
vinda do Reino algum dia futuro.
SINOPSE I Mas não há necessidade de procurar
sinais futuros da vinda do governo
A s E scritu ras Sagradas reve­ de Deus. Hoje pode-se entrar nele,
lam a universalidade do Reino embora sua consumação final venha
de Deus, bem como o seu p ro ­ depois” (ARRINGTON, French L;
pósito específico para com Is ­ STRONSTAD, Roger (Eds). Comen­
rael e a Igreja. tário Bíblico Pentecostal - Novo
Testamento. Vol. 1 - Mateus-Atos.
Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.432).

AUXÍLIO TEOLÓGICO

“ O REINO E A VINDA DO FILHO II - A IGREJA E AS DIMENSÕES


DO HOMEM (LC 17.20 -37). DO REINO DE DEUS
Jesus explica que 0 Reino de Deus l. O Reino de Deus como realidade
é distinto dos reinos com os quais presente. Nos Evangelhos, vemos Jesus
os fariseus estão familiarizados. Sua chamando a atenção para a dimensão
vinda não corresponderá com sinais presente do Reino de Deus. Por exem­
plo, Mateus registra Jesus libertando

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR T ]


e curando um endemoninhado cego hoje e mesmo sendo possível já ex­
e mudo (Mt 12.22). Esse fato extraor­ perimentá-la agora (Hb 6.5), contudo,
dinário provocou o ciúme e a ira dos ele se manifestará na sua plenitude na
fariseus que o acusaram de fazer isso era vindoura (Mt 13.49). O Milênio, o
pelo poder de Belzebu (Mt 12.24). A reinado de mil anos sobre a Terra, faz
resposta de Jesus foi reveladora: “Mas, parte dessa dimensão futura do Reino
se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus (Ap 20.1-5).
de Deus, é conseguintemente chegado a
vós 0 Reino de Deus” (Mt 12.28). Nessas
palavras do Senhor, vemos um aspecto
importantíssimo na compreensão da
identidade do Reino de Deus: a sua SINOPSE II
realidade presente. Em outras palavras,
O Reino de Deus possui um a
com advento de Jesus, 0 Reino de Deus já
dim ensão presente, m as ele
estava presente entre os homens. Nosso
tam bém possui um a dim ensão
Senhor disse que 0 Reino de Deus havia
futura, ou seja, escatológica.
chegado (Mt 3.2). Logo, esse reino não
é algo subjetivo, mas concreto, real.
2. Onde está o Reino de Deus? O
Reino de Deus como realidade presente
não está relacionado ao espaço geo­
gráfico, mas com a presença de Jesus, III - A IGREJA NO CONTEXTO
pois onde a presença dEle está, o Reino DO REINO DE DEUS
de Deus se manifesta (Lc 17.20,21). Em 1. A distinção entre Igreja e Reino
outras palavras, toda vez que pessoas de Deus. Deve ser destacado que a Igreja
são salvas (At 8.12), curadas e libertadas faz parte do Reino de Deus. Contudo,
do poder do Diabo (At 8.6,7), 0 Reino de ela não é o Reino de Deus em toda a sua
Deus está presente (Rm 14.17; 1 Co 4.20). expressão. O Reino de Deus é mais amplo
Ora, o Reino de Deus estava presente e envolve todo 0 povo de Deus na Antiga
no ministério de Jesus, pois Ele mesmo bem como na Nova Aliança. A Igreja,
era a m anifestação do reino, estava mesmo inserida no contexto do reino, não
presente no ministério apostólico na existia no Antigo Testamento, todavia, 0
Igreja Prim itiva e, finalm ente, está Reino de Deus já existia no Antigo Pacto.
presente por intermédio da Igreja de Assim como debaixo do Antigo Pacto, em
Cristo da presente era. que Israel era a comunidade do reino (Êx
3. O Reino de Deus como realidade 19.5,6), a Igreja é a comunidade do reino
futura. Assim como o Reino de Deus no Novo Pacto (1 Pe 2.9).
possui uma dim ensão presente, ele 2. A Igreja expressa o Reino de Deus.
também possui uma dimensão futura. A Igreja foi idealizada e projetada por
Esse é o aspecto escatológico do Reino Deus para ser a expressão de seu reino na
de Deus. Escrevendo aos coríntios, 0 plenitude dos tempos (G14.4 cf. Ef 1.10).
apóstolo Paulo destaca os tipos de pes­ Ela não é um improviso de Deus nem
soas que ficariam de fora desse reino um remendo que Ele fez na história da
vindouro (l Co 6.9,10). Embora o Reino salvação. Ela foi projetada e planejada, é
de Deus seja uma realidade presente a eleita de Deus (Ef 1.4-6; l Pe 1.2). Isso

28 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


significa que debaixo do Novo Pacto, Deus
AUXÍLIO TEOLÓGICO
deu à Igreja a missão de fazer conhecido
o seu plano e projeto de salvação para
JESUS VOLTARÁ
a humanidade. É por intermédio dela
“ O ensino sobre a Segunda Vinda
que as insondáveis riquezas de Cristo se
de Cristo também estimula 0 servi­
tornaram conhecidas dos principados e
ço cristão. Os crentes que ardente­
potestades (Ef 3.10). Por meio da Igreja que
mente aguardam a volta de Cristo,
o Reino de Deus será conhecido na Terra.
reavaliam constantemente as prio­
3. A Igreja e a mensagem do Reino
ridades que lhes governam a ma­
de Deus. Pregar 0 Reino de Deus é a
neira de viver. Sempre colocam, em
importante missão da Igreja (At 19.8).
primeiro lugar, o Reino de Deus e a
Falando aos presbíteros de Éfeso, Paulo
sua justiça. Não querem ser surpre­
recordou que pregou a eles 0 Reino de
endidos tendo as mãos vazias. Eles
Deus (At 20.25). Quando já prisioneiro
sabem que, um dia, todos teremos
em Roma, vemos Paulo “ pregando 0
de comparecer ante 0 Tribunal de
Reino de Deus” (At 28.31). Os novos na
Cristo. Por isso alertam constante-
fé eram conscientizados da realidade
mente seus parentes, amigos, co­
do Reino de Deus (At 14.22). O Reino
nhecidos e os demais pecadores, a
de Deus é a mensagem de esperança
que estejam preparados à vinda do
feita àqueles que o am am (Tg 2.5).
Senhor (Mt 24.45,46; Lc 19.13 e 2 Co
Portanto, pregar a mensagem do reino
5.10, ll).
é a missão da Igreja. Essa missão só é
Mas como Jesus voltará? Ele vol­
executada quando a igreja local possui
tará pessoalmente (Jo 14.3; 21.20-23;
uma visão de reino. Isso significa que
At 1.11) e de forma inesperada (Mt
a igreja sabe o que o Reino de Deus é
24.32-51; Mc 13.33- 37). Ele volta­
e que im portância ele tem. Quando
rá em glória (Mt 16.27; 19.28 e Lc
esse entendimento não é claro, então,
19.11-27) e de maneira visível como
a igreja local acaba saindo da sua rota
o anunciou o anjo à multidão no
e envereda por outros caminhos que a
monte da Ascensão: ‘Esse Jesus, que
distanciam da sua missão, que é pregar
dentre vós foi recebido em cima no
a mensagem do Reino de Deus. A esse
céu, há de vir assim como para 0 céu
respeito, Jesus foi bem claro em dizer
o vistes ir’ (At 1.11). O retorno real,
que o seu “ Reino não é deste mundo”
visível e literal do Senhor Jesus Cris­
(Jo 18.36).
to a esta terra, exclui qualquer inter­
pretação espiritualizada, como se a
sua vinda tivesse ocorrido quando da
descida do Espírito no Pentecoste, ou
quando da conversão de alguém, ou
SINOPSE III
ainda por ocasião da morte do cren­
O Reino de Deus é m ais amplo e te” (MENZIES, Willian W.; HOR-
envolve todo o povo de Deus em TON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas:
todas as épocas. A Igreja, porém, Os Fundamentos da Fé Pentecos-
está inserida no Reino de Deus. tal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 178).

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 29


CONCLUSÃO presente do reino e herdará o reino (2
Nesta lição aprendemos um pouco Pe 1.11). Assim , o Reino de Deus, em
m ais sobre o Reino de Deus. Como sua plenitude, ou na sua manifestação
disse alguém, a Igreja não é idêntica ao fin al, incluirá todos os crentes que
Reino de Deus, pois este é maior do que professaram e professarão sua fé em
ela; todavia, a Igreja é o instrumento Cristo, o Filho de Deus.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual é o importante aspecto da natureza do Reino de Deus que as Escri­


turas revelam?
A sua universalidade.
2. O que o Antigo Testamento revela quanto ao Reino de Deus em relação
a Israel?
O Antigo Testamento revela que Deus escolheu um povo, Israel, para reinar
sobre ele e através dele.
3. Qual é o aspecto importante destacado na lição, a respeito da identidade
do Reino de Deus?
A sua realidade presente.
4. Além da dimensão presente do Reino de Deus, qual é a outra dimensão
abordada na lição?
O Reino de Deus também possui uma dimensão futura.
5. Explique a distinção entre a Igreja e o Reino de Deus.
A Igreja faz parte do Reino de Deus. Contudo, ela não é o Reino de Deus em
toda a sua expressão. O Reino de Deus é mais amplo e envolve todo o povo
de Deus na Antiga bem como na Nova Aliança.

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VOCABULÁRIO
Advento: Aparecimento, chegada de alguém ou de algo.
Hostes: termo de origem latina que designa uma tropa ou um corpo de
exército.

30 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LIÇÃO 5
4 de Fevereiro de 2024

■ Jfi
A MISSÃO DA IGREJA
DE CRISTO
\
VERDADE PRÁTICA
TEXTO ÁUREO
Como 0 sal fora do saleiro cumpre
“E perseveravam na doutrina dos
a sua função de salgar, assim a
apóstolos, e na comunhão, e no
Igreja quando adora e discípula,
partir do pão, e nas orações.”
testemunha das insondáveis
(At 2.42)
riquezas de Cristo.

V y
L E IT U R A D IA R IA

Segunda - l Co 1.21 Quinta - l Ts 5.11


A Igreja e a proclamação das A Igreja como uma comunidade
Boas-Novas edificadora
Terça - Mt 28.19 Sexta - 1 Jo 1.7
A Igreja e o Discipulado A Igreja vivendo o amor
Quarta - Rm 12.1 fraternal
A Igreja e a verdadeira adoração Sábado - Rm 12.13
ao Deus Trino A Igreja como uma comunidade
solidária

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 31


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

M arcos 16 .14 -2 0 ; Atos 2 .4 2 -4 7


Marcos 16 Senhor e confirmando a palavra com os
14 - Finalmente apareceu aos onze, sinais que se seguiram. Amém!
estando eles assentados juntamente, e
lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e Atos 2
dureza de coração, por não haverem crido 42 - £ perseveravam na doutrina dos
nos que 0 tinham visto já ressuscitado. apóstolos, e na comunhão, e no partir
15 - E disse-lhes: Ide por todo 0 mundo, do pão, e nas orações.
pregai 0 evangelho a toda criatura. 43 - Em cada alma havia temor, e mui­
16 - Quem crer efor batizado será salvo; tas maravilhas e sinais se faziam pelos
mas quem não crer será condenado. apóstolos.
17 - E estes sinais seguirão aos que crerem: 44 - Todos os que criam estavam juntos
em meu nome, expulsarão demônios; e tinham tudo em comum.
falarão novas línguas; 45 - Vendiam suas propriedades e fa ­
18 - pegarão nas serpentes; e, se beberem zendas e repartiam com todos, segundo
alguma coisa mortífera, não lhes fará cada um tinha necessidade.
dano algum; e imporão as mãos sobre 46 - E, perseverando unânimes todos os dias
os enfermos e os curarão. no templo e partindo 0 pão em casa, comiam
19 - Ora, 0 Senhor, depois de lhes ter juntos com alegria e singeleza de coração,
falado, foi recebido no céu e assentou-se 47 - louvando a Deus e caindo na graça de
à direita de Deus. todo 0 povo. E todos os dias acrescentava
20 - E eles, tendo partido, pregaram por 0 Senhor à igreja aqueles que se haviam
todas as partes, cooperando com eles 0 de salvar.

F Í J Hinos Sugeridos: 16 ,12 7 , 224 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO com o próprio exemplo, que os seus


Nesta lição, temos o propósito de discípulos seriam conhecidos pelo
aprofundar o estudo acerca da missão amor, manifesto em ações (Jo 13.35).
deixada por Cristo à sua Igreja. Para Apenas dessa forma, a Igreja cumpre
tal, vamos refletir nas últimas pala­ inteiramente 0 seu papel de ser sal e
vras de Jesus aos seus discípulos, an­ luz num mundo imerso em vazio e
tes da ascensão aos Céus; nas marcas escuridão (Mt 5.13,14).
de uma comunidade de fé legítima
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
e solidamente edifiçada: a genuína
A) Objetivos da Lição: I) Refletir
adoração, como maneira constante de
sobre a principal missão da Igreja de
viver e servir a Deus e ao próximo. O
Cristo na Terra; II) Aprofundar 0 en­
Mestre dos mestres disse, e ensinou
tendimento sobre a adoração a Deus

32 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


e a edificação mútua, como atos 3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
contínuos; III) Pensar a comunhão A) Aplicação: Enquanto Igreja,
fraternal e a atuação social como representamos Cristo na Terra, so­
marca de uma igreja cristã genuína mos peregrinos com uma missão.
B) Motivação: Através dos séculos, Avancemos nela, dia a dia, perse-
a história da Igreja cristã foi marcada verando na doutrina dos apóstolos,
por extraordinários testemunhos de na comunhão, no partir do pão, e
fé, superações e vitórias na procla­ nas orações, até que o Evangelho
mação do Reino de Deus aos perdidos. do Reino seja pregado em todo 0
Entretanto, no Antigo Testamento, mundo, em testemunho a todas as
vemos um rastro de fracassos e falhas gentes, e então venha o fim (Cf. Mt
trágicas de uma nação que se desviava 24.14).
dos propósitos do Altíssimo. Assim,
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
como Asafe, no Salmo 78, conclama
A) Revista Ensinador Cristão.
0 povo escolhido a uma autoanálise, a
Vale a pena conhecer essa revista
fim de manter-se fiel ao Senhor e não
que traz reportagens, artigos, en­
mais desviar-se de seus santos pro­
trevistas e subsídios de apoio à Li­
pósitos, que esta lição seja um convite
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
do Espírito Santo a fazermos o mes­
p.38, você encontrará um subsídio
mo, enquanto Igreja de Cristo.
especial para esta lição.
C) Sugestão de Método: Para esta
B) Auxílios Especiais: Ao final do
lição em especial, propomos como
tópico, você encontrará auxílios que
método pedagógico uma experiência
darão suporte na preparação de sua
para além da teoria. Portanto, suge­
aula: l) O texto “ A Grande Missão
rimos que nesta aula haja um breve,
da Igreja de Cristo” , localizado de­
mas impactante testemunho de al­
pois do primeiro tópico, aprofunda
guém que tenha sido evangelizado (e
a reflexão a respeito da solene obri­
quem sabe até discipulado na igreja
gação de todo discípulo cristão de
local), contando sobre a importância
anunciar o Evangelho em palavras e
de um discípulo de Cristo ter obedeci­
ações. 2) O texto “ O papel social da
do à “ Grande Comissão” , culminan­
Igreja” , ao final do terceiro tópico,
do na salvação de sua vida terrena e
enfatiza que a Grande Comissão não
eterna. Quem sabe, com a autoriza­
invalida o mandamento de amar
ção de sua liderança, a classe possa
ao próximo, integralmente, isto é,
se unir para promover uma saída de
alma, corpo e espírito, portanto, lhe
evangelismo, com ação social e dis­
fazendo 0 bem não só para a eter­
tribuição de cestas básicas em alguma
nidade, mas também aqui e agora.
comunidade carente próxima a igreja.

COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO a Igreja é chamada para proclamar a
Nesta lição, vamos estudar a m is- poderosa mensagem da cruz. Assim,
são da Igreja de Cristo. Veremos que ela cumpre a sua vocação de eleita

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 33


quando participa da Grande Comis­ (At 5.42). Pregar a Jesus Cristo não é
são deixada pelo seu fundador, Jesus pregar uma “ coisa” ou uma mensagem
Cristo (Mt 28.19). Como consequência subjetiva, mas proclam ar ao mundo
dessa realidade, veremos que a igreja caído que Ele está vivo e pronto para
é uma comunidade adoradora, salvar. Pregar a m ensagem da
de comunhão e, finalm en­ cruz é anunciar 0 Evangelho
te, é uma comunidade que ^ do Reino de Deus revelado
exerce um grande papel no Palavras-Chave v em Cristo (At 8.12).
presente século. Portanto, Grande 3. Discipulando
a Igreja de Cristo exerce vertidos. “ Pregar” e “ pro­
uma grande missão neste
Comissão 1 clamar” é levar a Palavra de
mundo. Deus aos que estão do lado
de fora da Igreja, enquanto que
I - PREGAÇÃO E “ discipular” é instruir os que estão
do lado de dentro. O verbo “ discipular”,
INSTRUÇÃO
do grego matheteuo, ocorre somente
1. Proclamando as Boas-Novas. A
quatro vezes no Novo Testam ento,
Igreja foi fundada por Cristo (Mt 16.18)
enquanto 0 substantivo “ discípulo” (gr.
como uma instituição para abençoar 0
mathetés) ocorre 261 vezes. O sentido
mundo. Essa missão é exercida por meio
é o de alguém instruído ou treinado
da pregação do Evangelho: “Aprouve a
em alguma coisa. É o termo usado em
Deus salvar os crentes pela loucura da
Mateus 28.19 para designar a Grande
pregação (1 Co 1.21). Após ressuscitado, o
Comissão: “Ide, ensinai todas as nações”.
Senhor Jesus comissionou os discípulos
Na verdade, Jesus estava dizendo: “ Ide
a pregarem 0 Evangelho (Mc 16.14-20).
e discipulai” . A Igreja não é formada
Referindo-se a essa missão, Marcos usa
apenas por “crentes”, a Igreja é formada
0 verbo grego Keryssó, traduzido como
por discípulos. Alguém pode estar na
“ pregar” , “ proclamar”. O sentido é de
igreja local sem, contudo, ser um dis­
um arauto que proclama algo. Esse verbo
cípulo. Este é alguém que é capaz de
ocorre 61 vezes no Novo Testamento.
reproduzir e passar para outrem o que
É o termo usado para mostrar João, 0
aprendeu e vive por meio de Cristo Jesus.
batista, “ pregando no deserto da Judeia”
(Mt 3.1); e Jesus Cristo quando começou
a pregar (Mt 4.17).
2. O objeto da pregação. Outro
termo usado com muita frequência
no Novo Testamento para se referir à
Grande Comissão da Igreja é euangelizô. SINOPSE I
Esse verbo ocorre 54 vezes no Novo A Igreja fundada por Cristo
Testamento e 0 seu sentido é 0 de trazer
tem o propósito de abençoar o
as Boas-Novas, pregar as Boas-Novas.
mundo, por meio da pregação
Nesse aspecto, 0 objeto das Boas-Novas
do Evangelho e do discipulado,
não se refere a algum a coisa, mas a
em palavras e ações.
alguém, a uma pessoa. Nesse sentido,
os cristãos primitivos “ não cessavam
de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo”

34 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


AUXILIO MISSIOLOGICO os ideais bíblicos” (PETERS, Ge-
orge W. Teologia Bíblica de M is­
A GRANDE MISSÃO sões. Rio de Janeiro: CPAD, 2000,
DA IGREJA DE CRISTO p.260).
“ A igreja cristã tem a solene
obrigação de fazer o seguinte:
1. Apresentar a Cristo de forma
viva, clara, eficaz e persuasiva ao
mundo e ao indivíduo como o Sal­
vador enviado por Deus, o Senhor II - ADORAÇÃO E EDIFICAÇÃO
soberano do Universo e futuro Juiz 1. Uma comunidade adoradora. No
da humanidade. contexto bíblico, a adoração significa
2. Guiar os povos a uma rela­ dar a glória que é devida somente a
ção de fé com Jesus Cristo a fim de Deus. É tirar a atenção de nós mesmos
que possam experimentar perdão para centrarmos unicamente no Senhor
dos pecados e renovação de vida. O (Mt 4.10). A adoração tem a ver com o
homem deve nascer novamente, se nosso serviço a Deus. Não é algo que
quiser herdar vida eterna e amizade se faz apenas no momento do culto
eterna com Deus. público ou privativamente. Tem a ver
3. Separar e congregar os cren­ com nossa maneira de ser, agir e viver.
tes através da realização do batis­ É viver a vida para Deus! Esse é 0 sen­
mo, estabelecendo-os em igrejas tido do termo grego latreia, traduzido
atuantes. O companheirismo cons­ como “ adorar”. 0 apóstolo Paulo roga à
titui uma parte vital da vida cristã. igreja que apresente a Deus 0 seu corpo
4. Firmar os cristãos na dou­ em “ sacrifício vivo, santo e agradável
trina, nos princípios e nas práticas a Deus, que é o vosso culto racional”
da vida, amizade e serviço cristão, (Rm 12.1). A palavra “ culto” nesse texto
ensinando-os a observar todas as traduz 0 termo grego latreia. 0 sentido
coisas. Isso é instrução, a criação de é o de um serviço prestado a Deus de
discípulos cristãos, a cristianização forma consciente e integral. É viver
do indivíduo. totalmente para 0 Senhor.
5. Treiná-los a viver no E s­ 2. Uma comunidade edificadora. A
pírito Santo. Já que a vida cristã igreja é uma comunidade proclamadora,
contém exigências e ideais so­ adoradora e edificadora. A palavra grega
brenaturais, ela só pode ser v ivi­ oikodomé, traduzida como “ edificar”, é
da através de uma confiança ple­ usada no seu sentido literal de cons­
na no Espírito Santo. Se as lições truir um edifício e, metaforicamente,
não forem aprendidas cedo, a vida no sentido de crescimento espiritual.
cristã fica cercada de frustração No primeiro sentido é usada por Jesus
e torpor; a apatia instala-se, ou em referência à casa edificada sobre a
as pessoas acomodam-se a uma rocha (Mt 7.24) e, no segundo sentido,
vida cristã anormal. Essa é a tra­ em Efésios 4 .12. Nessa últim a refe­
gédia de inumeráveis cristãos que rência, o apóstolo Paulo diz que Deus
nem mesmo esperam concretizar pôs na Igreja os apóstolos, os profetas,
os evangelistas, os pastores e mestres

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 35


para a “ edificação do corpo de Cristo”.
Este, por exemplo, é o objetivo dos dons
espirituais: trazer edificação à igreja (1
vv
Co 14.3). Assim, quem fala em línguas Onde não há comunhão
em público, sem interpretação, edifi-
entre os crentes,
ca-se a si mesmo (1 Co 14.4); contudo,
não edifica a igreja, que não entendeu também não há igreja
o que foi dito (1 Co 14.5). Dessa forma, solidamente edificada.
0 apóstolo Paulo exorta os crentes a Não há, portanto, Igreja
buscarem a edificar “ uns aos outros”
(1 Ts 5.11). onde os seus membros
vivem isolados e não
mantêm comunhão uns
com os outros.”
SINOPSE II
A genuína adoração e edifica­
ção mútua é fruto de uma vida
de devoção e serviço a Deus em
contínuo crescimento.
seus membros (1 Jo 1.3). Jesus orou pela
união fraterna de seus discípulos (Jo
17.21). Um dos grandes males da igreja
hodierna está justamente na quebra da
comunhão cristã, 0 que tem provocado
III - COMUNHÃO grande fragmentação no Corpo de Cris­
E SOCIALIZAÇÃO to. Devemos, portanto, nos esforçar por
1. A fé na esfera fraternal. Um dos manter a comunhão cristã em nossas
pilares da Igreja Primitiva estava na igrejas locais (Hb 13.16).
comunhão (At 2.42). A palavra grega 3. A fé na esfera social. A fé cristã
koinonia, traduzida aqui como “ comu­ também precisa ser expressa na esfera
nhão” , ocorre 19 vezes no Novo Testa­ pública. Ela tem o seu lado social.
mento e o seu sentido é literalmente de Se por um lado o substantivo grego
“ parceria”, “ participação” e “comunhão koinonia significa “ com unhão” , por
espiritual”. Se somos cristãos e andamos outro lado, o verbo grego koinoneo
na luz do Evangelho, devemos viver possui também o sentido de “ ajuda
em comunhão (1 Jo 1.7). Onde não há contributiva e partilha” . É usado por
comunhão entre os crentes, também Paulo com esse sentido em Romanos
não há igreja solidamente edificada. Não 12 .13 . O sentido nesse texto é o de
há, portanto, Igreja onde seus membros socorrer os mais pobres em suas ne­
vivem isolados e não mantêm comunhão cessidades. O apóstolo Paulo elogiou
uns com os outros. os Filipenses por serem conscientes
2. Unidade e Fraternidade. A igreja da dimensão social do Evangelho (Fp
do Novo Testamento se expressa por 4.15). Não se trata apenas de matar a
meio da unidade e fraternidade entre fome dos pobres deixando-os vazios

36 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


de Deus. É o exercício da fé cristã na
sico e social Como ser humano, 0
sua integralidade. A igreja, portanto,
nosso próximo pode ser definido
não pode exercer sua fé da maneira
como, um corpo-alma em socieda­
bíblica esquecendo dos mais carentes
de’ . Portanto, a obrigação de amar
ou mais pobres. Jesus ressaltou esse
0 nosso próximo nunca pode ser
fato (Mt 25.35,36). Que modelo de
reduzida para somente uma parte
igreja somos quando poucos têm muito
dele. Se amarmos o nosso próximo
e muitos têm tão pouco? O apóstolo
como Deus o amou (0 que é man­
exorta a igreja para atentar para esse
damento para nós), então, inevita­
fato (Tg 2.15,16).
velmente, estaremos preocupados
com o seu bem -estar total, o bem-
-estar do seu corpo, da sua alma e
da sua sociedade. É verdade que 0
Senhor Jesus ressurreto deixou a
SINOPSE III Grande Comissão para a sua Igreja:
pregar, evangelizar e fazer discípu­
O amor manifesto em ações é
lo. E esta comissão é ainda a obri­
evidenciado na comunhão entre
gação da Igreja. Mas a comissão
os irmãos e contribuição social
não invalida 0 mandamento, como
da Igreja como expressão de fé
se ‘amarás 0 teu próximo’ tives­
na esfera pública.
se sido substituído por, pregarás o
Evangelho’ Nem tampouco reinter-
preta amor ao próximo em termos
exclusivamente evangelísticos”
(STOTT. John R. W. Cristianismo
Equilibrado, l ed. Rio de Janeiro:
AUXÍLIO TEOLÓGICO CPAD. 1995- pp.60,61).

O PAPEL SOCIAL DA IGREJA


“ O nosso próximo é uma pes­
soa, um ser humano, criado por
Deus. E Deus não o criou como uma CONCLUSÃO
alma sem corpo (para que pudésse­ Vimos que a Igreja de Cristo tem
mos amar somente sua alma), nem uma grande m issão aqui na Terra.
como um corpo sem alma (para que Ela foi cham ada para ser sal e luz.
pudéssemos preocupar-nos exclu­ Como sal ela salgará o mundo com a
sivamente com seu bem -estar fí­ mensagem da cruz em uma sociedade
sico), nem tampouco com um cor- que está corrompida pelo engano do
po-alm a em isolamento (para que pecado. Como luz, ela resplandecerá
pudéssemos preocupar-nos com nas densas trevas que cobrem 0 mundo
ele somente como um indivíduo, sem Deus. Ao mostrar Jesus Cristo ao
sem nos preocupar com a socie­ mundo perdido, produzir discípulos e
dade em que ele vive). Não! Deus transformá-los em adoradores, a Igreja
fez o homem um ser espiritual, fí­ cumpre com a missão para a qual foi
chamada.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 37


REVISAND O O CONTEÚDO

1. Como é exercida a missão da Igreja?


Por meio da pregação do Evangelho: “ Aprouve a Deus salvar os crentes pela
loucura da pregação (l Co 1.21).
2. Qual é 0 sentido do substantivo “ discípulo” ?
O sentido é o de alguém instruído ou treinado em alguma coisa.
3. O que é a adoração?
No contexto bíblico, a adoração significa dar a glória que é devida somente
a Deus. É tirar a atenção de nós mesmos para centrarmos unicamente no
Senhor (Mt 4.10).
4. Qual é 0 sentido da palavra “ comunhão” ?
O seu sentido é literalmente de parceria, participação e comunhão espiri­
tual.
5. O que a igreja não pode esquecer para exercer a sua fé de maneira bíblica?
Para exercer sua fé da maneira bíblica, a igreja não pode esquecer dos mais
carentes.

L E IT U R A S P A R A APRO FUND AR

Tornando-se uma A Transformação


Igreja Acolhedora da Igreja
M uitos líderes veem sua igreja
Essa obra nos ajudará a avaliar
como um am biente muito m ais
de form a adequada nossa
agradável e harm onioso do que
congregação, conduzindo-nos
ela realm ente é, porém , a visão
passo a passo por processos que
de quem está visitan do pela
ajudarão os crentes a assum irem a
prim eira vez pode ser muito
form a do Corpo de Cristo.
diferente. Por que isto acontece?

38 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LIÇÃO 6
11 de Fevereiro de 2024

IGREJA: ORGANISMO
E ORGANIZAÇÃO
\
TEXTO ÁUREO
“ Escolhei, pois, irmãos, VERDADE PRÁTICA
dentre vós, sete varões de boa
A Igreja é um organismo vivo.
reputação, cheios do Espírito
Contudo, como toda estrutura
Santo e de sabedoria, aos
viva, precisa ser organizada.
quais constituamos sobre este
importante negócio.” (At 6.3)

V____________ J
LEITU R A DIÁRIA

Segunda - Ef 5.23 Quinta - 1 Co 14.40


Cristo, a cabeça da Igreja Mantendo a decência e a ordem
Terça - l Co 12.12-14 Sexta - At 15.1-6
A Igreja como um organismo Resolvendo problemas de natureza
vivo, 0 Corpo de Cristo doutrinária
Quarta - At 16.4 Sábado - l Co 16.1
A Igreja organizada Cuidando dos santos

L.__________________________ _______________________________ J

JANEIRO • FEVEREIRO •MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 39


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 6 .1 - 7
1 - Ora, naqueles dias, crescendo o número 4 - Mas nós perseveraremos na oração e
dos discípulos, houve uma murmuração no ministério da palavra.
dos gregos contra os hebreus, porque as 5 - E este parecer contentou a toda a
suas viúvas eram desprezadas no minis­ multidão, e elegeram Estêvão, homem
tério cotidiano. cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e
2 - E os doze, convocando a multidão Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas
dos discípulos, disseram: Não é razoável e Nicolau, prosélito deAntioquia;
que nós deixemos a palavra de Deus e 6 -e o s apresentaram ante os apóstolos,
sirvamos às mesas. e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
3 - Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete 7 - £ crescia a palavra de Deus, e em Jeru­
varões de boa reputação, cheios do Espírito salém se multiplicava muito o número dos
Santo e de sabedoria, aos quais consti­ discípulos, e grande parte dos sacerdotes
tuamos sobre este importante negócio. obedecia àfé.

FQS Hinos Sugeridos: 131, 455, 655 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO fundar o entendimento acerca da


Nesta lição, temos o propósito de Igreja, enquanto Corpo de Cristo,
evidenciar a importância da organi­ como um organismo ordenado; II)
zação eclesiástica, diferenciando-a Compreender, por meio do exemplo
do institucionalismo e legalismo. da Igreja Primitiva, a necessida­
Para tal, tomaremos como base de de de organização para uma igreja
estudo o exemplo da Igreja Primitiva viva e saudável; III) Aprender sobre
que, embora possuísse uma estrutu­ as principais formas de governo da
ra organizacional simples e ainda em Igreja, segundo a tradição cristã, e a
desenvolvimento, era visível e eficaz. escolha do modelo de nossa igreja.
Tanto que, como estudaremos, vem B) Motivação: Todo organismo
servindo de inspiração para diferen­ e organização humana necessitam
tes formas de governo eclesiástico ao de ordem que, segundo o dicionário
longo dos séculos de tradição cristã. da língua portuguesa, é “ a relação
Conheceremos os principais modelos inteligível estabelecida entre uma
vigentes nas igrejas evangélicas do pluralidade de elementos; organi­
país, incluindo 0 aderido pela nossa zação; estrutura” . Ou seja, embora,
denominação. nenhuma liturgia ou forma de go­
verno humano seja perfeita, ela é
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
necessária para 0 bem comum, para
A) Objetivos da Lição: I) Apro­
o desenvolvimento e boa convivên­

40 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


cia mútua de um grupo. Como Igreja tucionalismo ou legalismo. De fato,
de Cristo temos a maior das vanta­ precisamos ter vigilância para não
gens: um perfeito manual de con­ incorrer nesses erros. Contudo, não
duta que é a Palavra de Deus, bem é a organização em si que nos incita
como o Espírito Santo, nosso fiel a eles. Na Criação, o Espírito de Deus
Conselheiro. pôs ordem no caos (Gn 1.2). Assim
como, desde o Antigo Testamento,
C) Sugestão de Método: Como
o Senhor já ensinava o seu povo, de
método pedagógico, propomos o uso
maneira detalhada, a organização e
de uma dinâmica, a fim de exem­
ritos necessários na devida adoração
plificar de forma prática as lições
e santificação, em prol de uma ín­
estudadas nesta aula. Previamente,
tima comunhão com Ele e uns com
imprima em tamanho grande o tre­
os outros. Embora ainda em desen­
cho de l Coríntios 12.20-27. Prepa­
volvimento, podemos observar no
re duas cópias, para dividir a classe
Novo Testamento, a importância da
em dois grupos. Recorte cada versí­
organização na Igreja Primitiva para
culo em duas ou três partes, como
uma expressão de fé e convivência
um quebra-cabeças, que deverá ser
harmônica, sadia e frutífera.
igual para ambas as equipes. Ex­
plique que os grupos terão alguns
minutos para juntos desvendarem e 4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
montarem corretamente a passagem
A) Revista Ensinador Cristão.
bíblica, o detalhe é que estarão sem
Vale a pena conhecer essa revista
a sua referência. Por isso, precisa­
que traz reportagens, artigos, entre­
rão se organizar para descobri-la e
vistas e subsídios de apoio à Lições
a colocarem na ordem correta, den­
Bíblicas Adultos. Na edição 96, p.39,
tro do tempo estabelecido. Enquanto
você encontrará um subsídio espe­
mediador, vá anotando alguns com­
cial para esta lição.
portamentos dos integrantes, liga­
B) Auxílios Especiais: Ao final do
dos ao tema da aula: a importância
tópico, você encontrará auxílios que
da organização; de uma liderança; da
darão suporte na preparação de sua
submissão necessária; da boa comu­
aula: 1) O texto “ A organização na
nicação; de cada um desempenhar
Igreja de Cristo” , localizado depois
sua função; e o que mais julgar que
do segundo tópico, elucida que uma
enfatize a forma como um grupo de
estrutura formal e ordenada na igre­
pessoas necessita de alguns critérios
ja visível não secundariza a condição
organizacionais para o seu progres­
espiritual do indivíduo, nem a Igreja
so, tanto individual quanto coletivo,
invisível. 2) O texto “ O modelo de li­
em prol de uma missão em comum.
derança assembleiano” , ao final do
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO tópico três, oferece um breve pano­
A) Aplicação: Muitos cristãos não rama histórico de como e por qual
compreendem a importância do zelo razão se deu a liderança eclesiástica
quanto à doutrina e liturgia eclesi­ adotada pela nossa denominação.
ásticas, confundindo-as com insti-

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 4*


COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO um dos outros (1 Co 12.21). Portanto,


Nesta lição, vam os conh ecer a como Corpo Místico de Cristo, a Igreja
Igreja como um organ ism o e uma existe organicamente.
organização. Veremos que não e x is­ 2. A Igreja como organização. A
te função sem form a nem or­ form a de organização da Igreja
ganism o sem organização. Primitiva era simples, todavia,
Isso nos ajudará a evitar y existia. Por exemplo, a igre­
os extrem os: uma igreja ja seguia a liderança cen­
sem nenhum tipo de li­ f Palavras-Chave ) tralizada dos apostolos
derança visível; ou uma Organização e (At 16.4). Dessa forma, os
ig reja estru tu rad a em apóstolos doutrinavam a
um in s titu c io n a lis m o
{ Organismo I igreja (At 2.42); cuidavam
rígido que acaba por sa­ da parte ad m in istrativa
c r ific á -la . Conhecerem os (At 4.37); instituíam lide­
tam bém os trê s p rin c ip a is ranças locais (At 6.6; At 14.23);
sistem as de governos adotados na reuniam-se em Concilio (At 15.1-6).
trad ição cristã ao longo dos anos Por outro lado, precisamos diferenciar
e em qual, ou quais, deles a nossa uma igreja organizada de uma igreja
igreja se enquadra. Sublinhamos que institucionalizada. A organização é
nenhum desses modelos de governo saudável, o institucionalismo, não. A
eclesiástico é mal em si mesmo. Po­ organização perm ite à igreja, como
rém, como tudo o que é humano, estão e stru tu ra so cia l, se m o vim en tar;
sujeitos a acertos e erros. Portanto, o o in stitu cio n a lism o a en rijece e a
padrão exposto no Novo Testamento n eu traliza. Uma igreja organ izada
deve ser buscado como parâm etro. se mantém viva; uma igreja institu­
cionalizada cam inha para a morte.
3. Organismo e organização. Vimos
I - A ESTRUTURA DA que a Igreja como o Corpo de Cristo é
IGREJA CRISTÃ um organismo vivo e uma organização.
1. A Igreja como organism o. Um Ela existe como organism o e como
organismo é visto como um conjunto organização. Nesse aspecto, podemos
de órgãos que constituem um ser vivo. dizer que não há organismo sem or­
Nesse aspecto, um corpo com as diferen­ ganização. Todo organismo precisa de
tes funções de seus órgãos e membros organização, mesmo as estruturas mais
é entendido como estrutura física de simples. Alguns acreditam que a Igreja
um organismo vivo. Metaforicamente, existe somente na forma de organismo
a Igreja é definida como “ o corpo de e rejeitam toda forma de organização
Cristo” (1 Co 12.27), um organismo vivo, para ela. Então, por exemplo, para es­
cuja cabeça é Cristo (Ef 5.23). Assim sas pessoas, não deve haver liderança
como um corpo funciona pela harmonia ou estrutura alguma. Entretanto, de
de seus membros, da mesma forma acordo com a Bíblia, encontramos a
também a Igreja (1 Co 12.12). Os mem­ Igreja como forma de organismo e de
bros não existem independentemente organização.

42 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


IV atendidas (At 4.35): instituiu o diaconato
(At 6.2-6); elegeu lideranças (At 14.23);
enviou seus prim eiros m issionários
Alguns acreditam que a (At 13.1-4). Todos esses fatos mostram
Igreja existe somente na um organismo vivo agindo de forma
forma de organismo e organizada.
2. No seu aspecto litúrgico e ritual.
rejeitam toda forma de
Toda igreja organizada possui sua litur­
organização para ela. [...] gia e rituais. A organização, portanto,
De acordo com a Bíblia, é necessária para uma igreja viva.
encontramos a Igreja como Uma igreja organizada, por exemplo,
forma de organismo e de mantém a decência e a ordem no culto
(1 Co 14.40). Estabelece costumes que
organização.” devem ser observados (1 Co 11.16). Da
mesma forma, em relação ao aspecto
ritual. Nesse sentido, vemos a Igreja
Primitiva batizando os primeiros crentes
em águas (At 8.38,39) e realizando a
Ceia do Senhor (l Co 11.23).

SINOPSE I
Assim como o corpo humano SINOPSE II
funciona ordenadamente pela Organização é diferente de ins-
harmonia de seus membros, titucionalismo. A Igreja Primi­
da mesma forma é o Corpo de tiva nos exemplifica como a
Cristo. ordem é importante para uma
comunidade de fé sadia e efi­
caz.

II - IGREJA: UM ORGANISMO
VIVO E ORGANIZADO
1. No seu aspecto local. No contexto AUXÍLIO TEOLÓGICO
do Novo Testamento, a Igreja existe
localmente como comunidade organi­ A ORGANIZAÇÃO NA
zada. Dessa forma, havia a igreja que IGREJA DE CRISTO
estava em Roma, Corinto, Éfeso etc. “ A tendência, no curso da histó­
Como um organismo vivo, a igreja do ria da Igreja, tem sido oscilar entre
Novo Testamento era organizada. Por um extremo e outro. Por exemplo:
exemplo, ela se reunia (At 2.42) e orava algumas tradições, como a Católi­
(At At 2.42; 12.12). Contudo, enxergava ca Romana, a Ortodoxa Oriental e a
as demandas sociais que precisavam ser

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 43


modelo é seguido pelo Catolicismo, por
Anglicana, enfatizam a prioridade
algumas denominações protestantes e
da Igreja institucional ou visível.
pentecostais.
Outras, como a dos quacres e dos
2. Presbiteral. 0 ofício de presbí­
Irmãos de Plymouth, ressaltando
tero (gr. presbyteros) é encontrado no
uma fé mais interna e subjetiva,
Novo Testamento (At 11.30; At 15.2).
têm desprezado e até mesmo cri­
Contudo, no atual sistema presbiteral
ticado qualquer tipo de organização
a igreja elege os presbíteros para um
e estrutura formal, e buscam a ver­
dadeira Igreja invisível. Conselho. Dessa form a, o Conselho
Conforme observa Millard Eri- possui autoridade para conduzir a
ckson, as Escrituras certamente igreja local. Há um supremo Conci­
consideram prioridade a condição lio ou Assem bléia Geral que exerce
espiritual do indivíduo e sua posição autoridade sobre as igrejas de uma
na Igreja invisível, mas não a ponto determinada região ou país. É o sis ­
de desconsiderar ou menosprezar tema seguido pelas igrejas reformadas
a importância da organização da e algu m as ig reja s p en teco stais na
Igreja visível. Sugere que, embora América do Norte.
haja distinções entre a Igreja visível 3. C ongregacion al. A prática de
e a invisível, é importante adotar­ eleger os dirigentes da igreja local no
mos uma abordagem abrangente, contexto do Novo Testamento é vista
de maneira que procuremos deixar em Atos 14.23. Nesse atual sistema, o
as duas serem tão idênticas quanto pastor é eleito pela Assembléia Geral da
possível” (HORTON, Stanley (Ed.). igreja local. Assim, as igrejas locais são
Teologia Sistemática: Uma Pers­ autônomas nas suas tomadas de deci­
pectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: sões, não estando sujeitas a nenhuma
CPAD, 2023, P-550). interferência que venha de fora. É o
modelo seguido pelos batistas.
4. O sistem a de governo de nossa
igreja. No contexto norte-americano,
as Assembléias de Deus se aproximam
mais do modelo de governo presbiteral.
III - O GOVERNO DA IGREJA Por outro lado, no contexto brasilei­
NAS DIFERENTES TRADIÇÕES ro, nossa igreja reúne elementos dos
CRISTÃS sistemas episcopal e congregacional.
1. Episcopal. Essa palavra traduzÉ,o portanto, um modelo híbrido. Isso
grego “ episkopos” e aparece algumas porque até 0 início dos anos 1930, a
vezes no Novo Testamento (At 20.28; Assem bléia de Deus, por haver sido
1 Tm 3.2; Tt 1.7). No contexto atual, 0 fundada por batistas, seguia o modelo
episcopalismo defende que Cristo con­ congregacional. Contudo, esse siste­
fiou 0 governo da igreja a uma categoria ma de governo sofreu modificações a
de oficiais denominados de “ bispos” partir da criação da Convenção Geral
ou “ supervisores”. Com o tempo, esse de 1930, quando elementos do modelo
sistema passou a defender a primazia episcopal foram somados a sua e s­
de um bispo sobre o outro e terminou trutura de governo. Assim , no atual
culminando no papado romano. Esse modelo de governo, em sua grande

44 LIÇÕES b í b l ic a s • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


m aioria, embora m antenham certa
aceitam o episcopado formal, senão
autonomia administrativa em relação
o conceito bíblico de que o pastor
as convenções Geral e Estadual, a quem
é o mesmo bispo mencionado no
são filiadas, as igrejas possuem um
Novo Testamento. Admitem, en­
modelo de liderança regional e local
tretanto, o cargo separado de pres­
centralizado. Por exemplo, a autoridade
bítero. O presbítero (anteriormente
de estabelecer lideranças pastorais nas
chamado ‘ancião’ ) é o auxiliar do
igrejas locais pertence às Convenções
pastor. Porém, em algumas regi­
Estaduais. Em alguns casos, essa função
ões, em campo de evangelização
cabe a uma igreja-sed e que preside
das Assembléias de Deus, de certo
sobre um conjunto de congregações
modo, é lhe dado cargo correspon­
locais a ela filiadas.
dente ao de pastor, onde, na ausên­
cia deste, ele desempenha todas as
funções pastorais: unge, ministra a
Ceia e batiza. Entre esses, há os que
possuem a dignidade, capacidade e
verdadeiro dom de pastor.
SINOPSE III
[...] Porém, na Convenção Geral
O modelo de estrutura organi­ de 1937, na AD de São Paulo (SP),
zacional no Novo Testamento foi debatida a questão sobre se os
inspira a tradição cristã ao lon­ anciãos (presbíteros) não pode­
go dos anos a regulamentar seus ríam ser considerados pastores.
ministérios. Os convencionais compreenderam,
citando textos como 1 Pedro 5.1,
Atos 20.28 e 1 Timóteo 5.17, que,
em alguns casos, parece haver uma
diferença entre anciãos e anciãos
com chamada ao ministério, e es­
tabeleceram, assim, a hierarquia
AUXÍLIO HISTÓRICO eclesiástica que até hoje existe nas
Assembléias de Deus: diáconos,
O MODELO DE LIDERANÇA presbíteros e ministros do evange­
ASSEMBLEIANO lho (pastores e evangelistas).
“ As Assembléias de Deus, es­ [...] Nas Assembléias de Deus,
pecialmente no Brasil, certamente embora o trabalho do presbítero
em razão de se constituírem ini­ tenha a sua definição, passou a ser
cialmente de crentes de diversos também visto como 0 penúltimo
grupos evangélicos, atraídos pela cargo a ser exercido pelo obreiro,
crença bíblica do batismo no Es­ na sucessão das ordenações, antes
pírito Santo, do ponto de vista ad­ de ser consagrado a evangelista ou
ministrativo, ministerial, adotaram pastor” (ARAÚJO, Isael. Dicionário
uma posição intermediária mais do Movimento Pentecostal. Rio de
aproximada do sistema presbiteria­ Janeiro: CPAD, 2007, pp.7 15 -16 ).
no. Não admitem hierarquia. Não

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 45


CONCLUSÃO mentária. Embora essa igreja possuísse
Nesta lição, fizemos uma análise da uma estrutura organizacional muito
Igreja como organismo e organização. simples, contudo, ela existia. Por outro
O que ficou claro é que as Escrituras lado, embora não haja nenhuma norma
destacam a Igreja como um organismo específica de como deve ser o governo
vivo e organizado. Nesse aspecto, jun­ da igreja no Novo Testamento, ao longo
tamente com os presbíteros e diáconos, dos anos os cristãos têm procurado se
o colégio apostólico dava corpo e forma inspirar no texto bíblico para regula­
ao ministério local da igreja neotesta- mentar seus ministros e ministérios.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Conceitue “ organismo” .
Um organismo é visto como um conjunto de órgãos que constituem um ser
vivo.
2. Caracterize a organização da Igreja Primitiva.
A forma de organização da Igreja Primitiva era simples, todavia, existia. Por
exemplo, a igreja seguia a liderança centralizada dos apóstolos (At 16.4).
Dessa forma, os apóstolos doutrinavam a igreja (At 2.42); cuidavam da par­
te administrativa (At 4.37); instituíam lideranças locais (At 6.6; At 14.23);
reuniam-se em Concilio (At 15.1-6 ).
3. Quais fatos mostram a Igreja como um organismo vivo agindo de forma
organizada?
Como um organismo vivo, a igreja do Novo Testamento era organizada. Por
exemplo, ela se reunia (At 2.42) e orava (At 2.42; 12.12). Contudo, enxer­
gava as demandas sociais que precisavam ser atendidas (At 4.35). Instituiu
o diaconato (At 6.2-6); elegeu lideranças (At 14.23); enviou seus primeiros
missionários (At 13.1-4 ).
4. Explique 0 sistema de governo episcopal e congregacional.
No contexto atual, 0 episcopalismo defende que Cristo confiou o governo da
igreja a uma categoria de oficiais denominados de “ bispos” ou “ superviso­
res” . Já no sistema congregacional atual, o pastor é eleito pela Assembléia
Geral da igreja local. Assim, as igrejas locais são autônomas nas suas toma­
das de decisões, não estando sujeitas a nenhuma interferência que venha
de fora.
5. Explique 0 sistema de governo de nossa igreja.
No atual modelo de governo de nossas igrejas, a sua grande maioria, em­
bora mantenham certa autonomia administrativa em relação as convenções
Geral e Estadual, a quem são filiadas, possuem um modelo de liderança
regional e local centralizado.

46 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LIÇAO 7
18 de Fevereiro de 20 24

O MINISTÉRIO DA IGREJA

\ r ~
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“E ele mesmo deu uns para
Os dons ministeriais foram dados
apóstolos, e outros para
com 0 objetivo de edificar a Igreja
profetas, e outros para
e promover a maturidade de seus
evangelistas, e outros para
membros.
pastores e doutores.>>(E f4.11)

V J

LEITU R A DIARIA

Segunda - 1 Tm 3.1 Quinta - At 6.1-7


A excelência do chamado A instituição do diaconato
ministerial Sexta - 1 Tm 3.2-7
Terça - 1 Pe 2.9 As qualificações morais do
O sacerdócio universal de todos os ministério
crentes Sábado - Tt 1.7
Quarta - Ef 4.11 Qualificações de natureza social
O ministério quíntuplo da Igreja do ministério

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 47


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

E fésios 4 .11- 16
11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, nos inconstantes, levados em roda por
e outros para profetas, e outros para todo vento de doutrina, pelo engano
evangelistas, e outros para pastores e dos homens que, com astúcia, enganam
doutores, fraudulosamente.
12 - querendo 0 aperfeiçoamento dos 15 - Antes, seguindo a verdade em amor,
santos, para a obra do ministério, para cresçamos em tudo naquele que é a ca­
edificação do corpo de Cristo, beça, Cristo,
13 - até que todos cheguemos à unidade 16 - do qual todo 0 corpo, bem-ajustado
da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, e ligado pelo auxílio de todas as juntas,
a varão perfeito, à medida da estatura segundo ajusta operação de cada parte,
completa de Cristo, faz 0 aumento do corpo, para sua edifi­
14 - para que não sejamos mais meni­ cação em amor.

Hinos Sugeridos: 9 3 ,115 ,13 2 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO Nova Aliança; II) Elencar os cargos


Prezado(o) professor(a), nesta li­ ministeriais instituídos na Igreja
ção, veremos a natureza do ministé­ Primitiva; III) Explicar as qualifica­
rio sacerdotal praticado entre os he- ções de natureza moral e social exi­
breus na Antiga Aliança, bem como gidas para o exercício ministerial.
do exercício ministerial na Nova B) Motivação: O crente foi chama­
Aliança. De modo geral, todo cren­ do por Deus para exercer o sacerdócio
te é chamado a exercer 0 sacerdócio real e, como nação santa, anunciar
universal conforme o propósito divi­ as virtudes do Reino Celestial. Como
no predeterminado para sua Igreja. sacerdote da Nova Aliança, o crente
Em contrapartida, quanto aos ofícios oferece a Deus sacrifícios agradáveis,
ministeriais, 0 Senhor escolheu pes­ isto é, a própria vida em serviço san­
soas específicas para edificar a igreja to e 0 louvor como fruto dos lábios.
por meio dos dons ministeriais, vi­ Além disso, o crente intercede pelos
sando o aperfeiçoamento dos santos. salvos e proclama a salvação aos que
precisam ser alcançados.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
C) Sugestão de Método: Nesta
A) Objetivos da Lição: I) Apre­
lição, a classe estudará a natureza
sentar a doutrina bíblica do m inis­
dos dons ministeriais e suas res­
tério sacerdotal observada na Antiga
pectivas características. Para veri­
Aliança e praticada pelos crentes na
ficar o nível de conhecimento dos

48 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


seus alunos acerca dos dons m inis­ que traz reportagens, artigos, en­
teriais, solicite que a classe registre trevistas e subsídios de apoio à Li­
em uma folha de papel à parte quais ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
são as qualificações exigidas para o p. 39, você encontrará um subsídio
exercício ministerial, conforme es­ especial para esta lição.
tão registradas nas Cartas Pastorais B) Auxílios Especiais: Ao final do
de 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. tópico, você encontrará auxílios que
darão suporte na preparação de sua
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
aula: 1) O texto ‘“ A Geração Eleita, o
A) Aplicação: A multiforme sa­
Sacerdócio Real’ (1 Pe 2.9,10)” , lo­
bedoria de Deus encarregou a cada
calizado depois do primeiro tópico,
crente com qualificações específicas
aponta para a natureza do chama­
para o exercício de dons ministe­
do sacerdotal da Igreja e sua missão
riais e espirituais específicos. Cabe
como anunciadora das virtudes do
ao crente buscar o discernimento
Reino de Deus; 2) O texto “ O cha­
para identificar a natureza do seu
mado para o Ministério” , ao final
chamado espiritual.
do terceiro tópico, destaca a rica
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR diversidade, produzida pela obra do
A) Revista Ensinador Cristão. Espírito Santo, dentro da admirável
Vale a pena conhecer essa revista unidade do Corpo de Cristo.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO I - O MINISTÉRIO SACERDO­


Nesta lição, veremos 0 ministério TAL DE TODO CRENTE
em suas diferentes funções e ofícios, 1. O Sacerdócio no Antigo Testa­
bem como as qualificações que, bi- mento. A prática do sacerdócio é
blicamente, são exigidas para 0 bem antiga entre os hebreus.
seu exercício. Primeiramente, . Ela saiu da esfera fam iliar
mostraremos que, de modo ^ para se tornar uma comple­
bíblico, todo cristão exerce Palavra-Chave xa prática cerimonialista.
um m inistério sacerdotal Ministério Dessa forma, a evolução do
que o habilita a ministrar sacerdócio na Antiga Aliança
diante de Deus. Nesse sen­ é como segue: (1) no princípio,
tido, não há diferença entre quando surgiu a necessidade de
0 membro e a liderança. Todos se oferecer sacrifícios, os cabeças
são sacerdotes de Deus. Por outro lado, das famílias eram seus próprios sacer­
as Escrituras mostram claramente que dotes (Gn 4.3; Jó 1.5); (2) Assim, na era
Deus escolheu determinadas pessoas dos patriarcas, encontramos 0 chefe da
para funções e ofícios específicos. Esses família exercendo essa função (Gn 12.8);
m inistros chamados por Deus têm a (3) Israel, como nação, foi posta como
função de servir à Igreja de Cristo e tra­ sacerdote para outros povos (Êx 19.6);
balhar no aperfeiçoamento dos santos. (4) no Monte Sinai, o Senhor limitou a

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 49


prática sacerdotal à família de Arão e à para os membros da igreja. Nesse caso, 0
tribo de Levi (Êx 28.1; Nm 3.5-9). Papa é considerado o vigário de Cristo na
2. Uma doutrina bíblica confirmada Terra. Por isso, cabe destacar aqui que o
no Novo Testamento. O Novo Testa­ resgate da doutrina bíblica do sacerdócio
mento apresenta 0 sacerdócio da Antiga universal dos crentes, tal qual se encontra
Aliança como um tipo de Cristo (Hb 8.1) no Novo Testamento, foi uma obra da
que operou o derradeiro sacrifício pelos Reforma Luterana do século 16. Para o
pecados do povo. Assim, não mais uma reformador alemão, “ qualquer cristão
família, tribo ou nação é detentora do verdadeiro participa dos benefícios de
sistema sacerdotal. Agora, é a Igreja que Cristo e da Igreja”. A Reforma pregou
constitui 0 sacerdócio universal de todos um retorno radical às Escrituras, como
os crentes (1 Pe 2.5; Ap 5.10; cf. Jr 31.34). bem definiu seu slogan no Sola Scriptura
Logo, se debaixo da Antiga Aliança 0 sa­ (somente a Escritura). Nas páginas das
cerdote era um ministro do culto, agora, Escrituras Sagradas, podemos ver a
sob a Nova Aliança, como sacerdotes, grandeza dessa preciosa doutrina.
oferecemos 0 próprio corpo em sacrifício
vivo (Rm 12.1,2); ministramos 0 louvor
como fruto de nossos lábios (Hb 13.15);
intercedemos pelos outros (1 Tm 2.1; Hb
10.19,20); proclamamos as virtudes daquele SINOPSE I
que nos chamou das trevas para a sua A doutrina bíblica do sacerdó­
maravilhosa luz (1 Pe 2.9); e mantemos cio universal do crente é um
comunhão direta com Deus (2 Co 13.13). fato na Nova Aliança. A Igreja
3. Uma doutrina bíblica resgatada constitui o sacerdócio univer­
na Reforma Protestante. No catolicismo sal de todos os crentes.
romano, o sacerdócio é limitado à figura
dos padres. Não há a função sacerdotal

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

SACERDÓCIO UNIVERSAL DO CRENTE


“A Igreja, no decurso dos séculos, sempre
tendeu a dividir-se em duas categorias gerais:
o clero (gr.klêros - ‘sorte, porção’, isto é, por­
ção que Deus separou para si) e o laicato (gr.
laos - povo). O Novo Testamento, no entanto,
não faz uma distinção tão m arcante. Pelo
contrário, a ‘porção’ ou klêros de Deus, sua
própria possessão, refere-se a todos os crentes
nascidos de novo, e não somente a um grupo
seleto.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo
a obra Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal, Editora CPAD, p.564.

50 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


II - A ESTRUTURA MINISTE­
AUXÍLIO DEVOCIONAL
RIAL DO NOVO TESTAMENTO
1 . 0 ministério quíntuplo. O texto de
‘“ A GERAÇÃO ELEITA,
Efésios 4.11 diz que Deus pôs na Igreja
O SACERDÓCIO REAL’
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
(l PE 2.9,10)
mestres. Essa relação é descrita comumen-
É simplesmente correto que nós
te como “ ministério quíntuplo” da Igreja.
decidamos viver de acordo com os
a) Apóstolo. Alguém enviado em uma
valores de Deus, pois Ele nos es­
missão (Mt 10.2; Lc 22.14; At 13.2). Al­
colheu. No Antigo Testamento, os
guns requisitos podem ser destacados
sacerdotes oficiavam em sacrifícios
para alguém ser um apóstolo: Ter estado
e lideravam a adoração a Deus. Na
com 0 Senhor Jesus (At 1.21,22); ter sido
cultura romana do século I, os sa­
uma testemunha da ressurreição de Jesus
cerdotes pagãos também lideravam
(At 1.22); ter visto o Senhor (At 9.1-5);
os adoradores na oferta de sacrifí­
ter operado sinais e maravilhas (2 Co
cios e louvores aos deuses. Em am ­ 12.1-5). Assim, no Novo Testamento, o
bos os contextos, servir como sa­ apostolado pode ser visto mais como
cerdote era considerado uma grande uma função do que um ofício.
honra. Assim, a imagem de sacer­ b) Profeta. O profeta era alguém inspi­
dócio real cristão era clara e pode­ rado e autorizado para falar em nome de
rosa. Nós, que, por causa do pecado, Deus. Nesse aspecto, ele era um porta-voz
nem mesmo éramos um povo de de Deus. No Novo Testamento, o profeta
Deus, fomos chamados das trevas e exortava e consolava (At 15.32) e trazia
recebemos a posição mais elevada! revelação do futuro (At 11.27-29). Con­
Nos tempos antigos, a pedra de tudo, a Escritura distingue 0 ministério
esquina era a âncora do alicerce de de profeta do dom da profecia. Assim,
um edifício. Os textos de Salmos somente alguns eram chamados para ser
118.22 e Isaías 28.16, que se referem profetas (Ef 4.11) enquanto todos poderiam
a pedras de esquina, foram interpre­ exercer o dom da profecia (1 Co 14.5,31).
tados, por rabinos de Israel, como c) Evangelista. É alguém cujo minis­
tendo implicações messiânicas e são tério é centrado na salvação de almas
aplicados a Jesus nos Evangelhos (Mt (At 8.5; 21.8).
24.4.2; Mc 12.10; Lc 20.17), por Paulo d) Pastores e mestres. 0 pastor possui a
(Rm 9.33; Ef 2.20) e por Pedro. Jesus função de apascentar (Jo 21.16) enquanto
Cristo é o alicerce da nossa fé, como o mestre, a de ensinar (Rm 12.7).
também da igreja; nEle, os crentes 2 .0 serviço de diáconos e presbíteros.
são pedras vivas (l Pe 2.4-7). É sim­ 0 Novo Testamento mostra como 0 diaco-
plesmente apropriados, então, que nato foi instituído (At 6.1-7). O sentido do
sirvamos como sacerdotes e ‘anun­ verbo grego diakoneo é “ servir” e ocorre
ciemos as virtudes’ daquele que nos 37 vezes ao longo do Novo Testamento.
chamou das trevas para a luz” (RI- Esse significado aparece em Atos 6.2.
CHARDS, Lawrence O. Comentário Da mesma forma, o substantivo grego
Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: diakonia, ocorre 34 vezes no texto neo-
CPAD, 2012, p.965). testamentário. Ele também aparece com
esse sentido de “ servir” em Atos 6.1. À luz
do contexto de Atos 6, observamos que 0

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 51


diaconato era um serviço dedicado mais obstinado em sua própria opinião, age
à esfera social da igreja. Por outro lado, o com teimosia e arrogância; 0 aspirante
presbyteros, traduzido como “presbíteros”, também não pode ser irascível (Tt 1.7),
ocorre 66 vezes no texto grego do Novo truculento, violento, aquele que possui um
Testamento. Em Atos 14.23, 0 termo é temperamento mais colérico, uma pessoa
usado para se referir aos anciãos que que não pensa duas vezes antes de agir de
presidiam as igrejas. Esse mesmo sentido forma descontrolada contra outro, des­
é usado por Lucas em Atos 20.17, quando qualificado-o para ser ministro do Senhor.
Paulo se encontra com os presbíteros 3. Qualificados para o ministério.
de Éfeso. Dessa forma, 0 presbítero era De acordo com as cartas pastorais,
alguém que supervisionava, presidia ou podemos afirmar que há qualificações
ainda exercia alguma função pastoral. claras para o exercício do ministério
da Igreja de Cristo. Nesse sentido, os
ministros do Corpo de Cristo têm como
requisitos inegociáveis para 0 exercício
SINOPSE II do ministério as qualificações morais e
Deus pôs na Igreja apóstolos, sociais conforme estudados aqui.
profetas, evangelistas, pasto­
res e mestres.

SINOPSE III
Há qualificações claras para o
III - AS QUALIFICAÇÕES PARA exercício do ministério na Igreja
O MINISTÉRIO de Cristo.
1. Qualificações de natureza moral.
O apóstolo Paulo expõe as qualificações
para o exercício m inisterial nas suas
cartas pastorais (1 Tm 3.1-15; Tt 1.5-9).
Aqui listamos apenas algumas delas: AUXÍLIO TEOLÓGICO
Não apegado ao dinheiro, ou seja, não
avarento (l Tm 3.3); ser irrepreensível (l “ O CHAMADO PARA
Tm 3.2; Tt 1.6), ou seja, alguém que não O MINISTÉRIO
possua nenhuma acusação válida (1 Tm Paulo salientou, com muito cri­
3.10), 0 que não significa ausência de tério, uma importante verdade con­
pecado, mas uma vida pessoal ilibada, cernente à diversidade de ministérios
acima de qualquer acusação legítima e (Rm 12.3-8; 1 Co 12.1-30). Dentro da
de algum escândalo público. admirável unidade do Corpo de Cris­
2. Qualificações de natureza social. to, produzida pela obra do Espírito
Ao longo das cartas pastorais, verificamos Santo, há uma rica diversidade. Nem
também a necessidade de qualificações todos os ministérios têm a mesma
de natureza social, tais como: o aspirante função, o mesmo dom ou o mesmo
ao ministério não pode ser soberbo, isto ofício. Assim como o corpo humano
é, arrogante e orgulhoso (Tt 1.7), uma tem uma grande variedade de órgãos
pessoa de difícil convívio social, alguém a fim de funcionar apropriadamente,
que, devido a sua soberba, mantém-se

52 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


o Corpo de Cristo requer diversidade Fundamentos da Fé Pentecostal.
de ministérios para que a Igreja pos­ Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.153).
sa cumprir com eficiência as ordens
de Cristo. Na ‘diversidade da unida­
de’ , brilha o interesse de Deus pelo CONCLUSÃO
indivíduo. A despeito de função, dom Nesta lição, vimos 0 ministério sob
ou ofício: a despeito de quão atraen­ diferentes aspectos. Vimos que a doutrina
te, ou oculta, seja a tarefa confiada do sacerdócio universal dos crentes é
a alguém, todos, aos olhos de Deus, inteiramente bíblica. Todo crente tem
são importantes. Cada crente será o privilégio de apresentar a si mesmo e
recompensado de acordo com a sua a outros diante de Deus, sem a neces­
fidelidade” sidade de mediadores terrenos. Vimos
(MENZIES, Willian W.; HORTON, também que Deus pôs na Igreja alguns
Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os para 0 exercício de determinadas funções
específicas. Esses ministérios devem
ser vistos como dons de Deus à Igreja.

REVISANDO O CONTEÚDO
1. Como o Novo Testamento apresenta o sacerdócio da Antiga Aliança?
O Novo Testamento apresenta o sacerdócio da Antiga Aliança como um tipo
de Cristo (Hb 8.1) que operou 0 derradeiro sacrifício pelos pecados do povo.
2. Qual movimento histórico fez o resgate da doutrina bíblica do sacerdócio
universal de todos os crentes?
Foi uma obra da Reforma Luterana do século 16.
3. Cite os cinco ministérios de Efésios 4.11.
O texto de Efésios 4.11 diz que Deus pôs na Igreja apóstolos, profetas, evan­
gelistas, pastores e mestres.
4. Segundo a lição, qual é a distinção entre o ministério de Profeta e o dom
da profecia?
A Escritura distingue 0 ministério de profeta do dom da profecia. Assim,
somente alguns eram chamados para ser profetas (Ef 4.11) enquanto todos
poderiam exercer o dom da profecia (1 Co 14.5,31).
5. Quais as naturezas da qualificação ministerial?
São duas: qualificação de natureza moral e qualificação de natureza social.

VOCABULÁRIO
Derradeiro: o último, não é sucedido por nenhum outro.
Veterotestamentário: Relativo ao Antigo Testamento.
Neotestamentário: Relativo ao Novo Testamento.
Vigário: Religioso que, investido de autoridade, exerce em seu nome
suas funções.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 53


LIÇÃO 8
25 de Fevereiro de 2024

A DISCIPLINA NA IGREJA

\ r~
TEXTO ÁUREO
“E já vos esquecestes da VERDADE PRÁTICA
exortação que argumenta A disciplina cristã é uma
convosco como filhos: Filho meu, doutrina bíblica necessária,
não desprezes a correção do pois permite ao crente refletir 0
Senhor e não desmaies quando, caráter de Cristo.
por ele, fores repreendido
(Hb 12.5)
\ ___________ J

LEITU R A DIÁRIA

Segunda - Lv 11.44 Quinta - l Co 5.6


0 Senhor nosso Deus é santo 0 poder contagioso do pecado
Terça - 1 Pe 1.14,15 Sexta - Gl 6.2
0 povo de Deus deve ser santo Levando as cargas uns dos outros
Quarta - Rm 2.22-24 Sábado - Hb 12.7
Deus deve ser honrado na vida Deus corrige a quem ama

L.____________________________________________________________________ ^

54 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

Hebreus 12 .5 -13
5 - E já vos esquecestes da exortação que mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?
argumenta convosco comofilhos: Filho meu, 10 - Porque aqueles, na verdade, por um
não desprezes a correção do Senhor e não pouco de tempo, nos corrigiam como bem
desmaies quando, por ele, fores repreendido; lhes parecia; mas este, para nosso proveito,
6 - porque 0 Senhor corrige 0 que ama para sermos participantes da sua santidade.
e açoita a qualquer que recebe por filho. 1 1 - E, na verdade, toda correção, ao
7 -Se suportais a correção, Deus vos trata presente, não parece ser de gozo, senão
como filhos; porque que filho há a quem de tristeza, mas, depois, produz um fruto
0 pai não corrija? pacífico de justiça nos exercitados por ela.
8 - Mas, se estais sem disciplina, da qual 12 - Portanto, tornai a levantaras mãos
todos são feitos participantes, sois, então, cansadas e os joelhos desconjuntados,
bastardos e não filhos. 13 - e fazei veredas direitas para os vos­
9 - Além do que, tivemos nossos pais se­ sos pés, para que 0 que manqueja se não
gundo a carne, para nos corrigirem, e nós os desvie inteiramente; antes, seja sarado.
reverenciamos; não nos sujeitaremos muito

Hinos Sugeridos: 4, 33 ,15 3 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO III) Apresentar as diferentes formas


Caro professor, prezada profes­ de disciplina elencadas na Bíblia.
sora, esta lição tem como finalidade B) Motivação: A disciplina sem­
apresentar a prática da disciplina na pre existiu entre 0 povo de Deus.
igreja. Haja vista o nosso Deus ser Desde os tempos em que os hebreus
santo, convém que os seus servos o saíram da escravidão no Egito até os
sirvam em santidade. Por essa razão, dias atuais, a disciplina tem sido o
a disciplina é uma prática indis­ método instituído pelo Senhor como
pensável para a igreja, pois tem 0 forma de preservar a santidade e a
propósito de corrigir maus compor­ comunhão com 0 seu povo. Esse
tamentos, afugentar 0 pecado e pre­ processo pode ser compreendido
servar o bom testemunho cristão. pela forma como Deus usou a Lei, os
profetas e, por fim, seu próprio Filho
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
anunciando a mensagem do Reino.
A) Objetivos da Lição: I) Mostrar
C) Sugestão de Método: Nesta
a necessidade de disciplina na igre­
lição, a compreensão do processo
ja; II) Destacar que a disciplina tem
de disciplina é fundamental para
como propósito preservar a honra
que os crentes possam m anter-se
cristã e repelir a prática do pecado;

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 55


compromissados com o Evangelho. 4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
Analise com seus alunos os méto­ A) Revista Ensinador Cristão.
dos de disciplina instruídos na Bí­ Vale a pena conhecer essa revista
blia, especificamente, nas Cartas que traz reportagens, artigos, en­
Pastorais. Em seguida, relacione se trevistas e subsídios de apoio à Li­
tais métodos têm sido adotados com ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
frequência atualmente e converse p. 40, você encontrará um subsídio
com seus alunos sobre o que pode especial para esta lição.
ser feito para estimular a prática da B) Auxílios Especiais: Ao final do
disciplina na igreja. tópico, você encontrará auxílios que
darão suporte na preparação de sua
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
aula: 1) O texto “ Correção” , locali­
A) Aplicação: A prática da discipli­
zado depois do primeiro tópico, traz
na, embora pareça indigesta para al­
a definição do conceito de correção e
guns crentes, não deve ser entendida
o seu propósito na vida cristã; 2) O
como uma punição que tem a preten­
texto “ Deus disciplina seus filhos” ,
são de humilhar o pecador. Antes, a
ao final do terceiro tópico, amplia a
disciplina é a prova mais clara de que
reflexão sobre o bom efeito da disci­
o Senhor repreende e corrige a todos
plina. A forma como os pais corrigem
que Ele ama. Nesse sentido, o crente
seus filhos exemplifica e justifica por
deve aceitar a disciplina como indis­
que Deus também aplica a correção
pensável para melhorar o seu com­
para com os seus filhos por adoção.
portamento e testemunho cristãos.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO I - A NECESSIDADE DA
Nesta lição, estudaremos sobre a DISCIPLINA BÍBLICA
prática da disciplina na igreja. Embora l. Deus é santo. Santidade é um
seja muito necessária, a disciplina dos atributos de Deus e, por isso, é
como prática da Igreja Cristã uma das causas que justificam
vem sendo esquecida e ne­ a necessidade da disciplina na
gligenciada por muitos. Ora, igreja: “ Eu sou santo” (Lv
uma igreja que não corrige 11.45). Deus é santo e como
seus m em bros perdeu a tal deve ser reconhecido.
sua identidade, não pas­ Jesus mostrou na oração
sando de um mero grupo do Pai Nosso a necessidade
social. O resultado disso são de reconhecermos a san ti­
igrejas fracas, anêmicas e sem dade de Deus: “ santificado seja
testemunho cristão. Por isso, o nosso 0 teu nome” (Mt 6.9). Quando Deus se
assunto da disciplina cristã como um faz presente, a nossa pecaminosidade
processo formativo do caráter cristão se evidencia: “ E, vendo isso Simão
nas modalidades corretiva e formativa. Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus,

56 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, II - O PROPÓSITO DA
por que sou um homem pecador” (Lc DISCIPLINA BÍBLICA
5.8). Assim, quando 0 comportamento 1. Manter a honra de Cristo. Quan­
pecaminoso na vida do crente não é do 0 pecado não é tratado na vida do
corrigido, a santidade de Deus deixa crente, Cristo é desonrado: “ o nome de
de ser reconhecida. Deus é blasfemado entre os gentios por
2. A Igreja é santa. Deus é santo e a causa de vós” (Rm 2.24). Se não cor­
igreja também deve ser: “ Sede santos rigido, o comportamento pecaminoso
porque eu sou santo” (l Pe 1.16). Ao for­ compromete 0 testemunho cristão. No
mar seu povo, tanto na Antiga como na caso da igreja de Corinto, onde um dos
Nova Aliança, 0 desejo do Senhor é que seus membros adotou um comporta­
ele fosse um povo separado. Na verdade, mento flagrantemente pecaminoso sem,
a palavra grega hagios, traduzida como contudo, ter uma resposta enérgica da
“ santo”, possui 0 sentido de “ separado” igreja, condenando essa prática, levou
ou “ consagrado”. o apóstolo Paulo a cen su rá-la (l Co
3. Quando a igreja não disciplina.
5.2). Não é possível alguém adotar um
Se a igreja, como Corpo de Cristo deve
comportamento pecaminoso sem que
ser santa (1 Co 3.16), da mesma forma
com isso incorra em julgamento divino
o cristão, como membro desse Corpo, o
(1 Co 11.27-34; Ap 2.14,15).
deve ser também (1 Co 6.19). A santidade
2. Frear o comportamento peca­
faz parte da identidade do cristão (Ef
minoso. Outro propósito da disciplina
1.1). Logo, a falta de disciplina acaba
cristã está no fato de que ela põe um
embotando essa identidade. Surge,
então, a imagem do crente “ mundano” freio no comportamento pecaminoso.
ou “ carnal”. Na verdade, esses adjetivos Isso porque o pecado é algo extraordi­
revelam de fato um crente indisciplina­ nariamente contagioso que tem poder
do. Alguém que não tratou, ou não foi de se alastrar com grande facilidade.
tratado, aquilo que acabou se tornando “ Não sabeis que um pouco de fermento
um hábito pecaminoso. Nesse sentido, faz levedar toda a massa?” (l Co 5.6).
a falta de disciplina acaba destruindo 3. Não tolerar a prática do pecado.
o limite entre o sagrado e 0 profano. Em 1 Coríntios 5, 0 apóstolo Paulo cen­
Portanto, uma igreja que não discipli­ sura os coríntios porque não estavam
na seus membros torna-se mundana adotando medida alguma contra a prá­
(Ap 3.19). tica do pecado por parte de um de seus
membros (1 Co 5.1,2). A consequência
disso é que esse pecado acabaria en­
fraquecendo a igreja, pois uma igreja
que não pratica a disciplina bíblica
SINOPSE I fatalmente fracassará. Nesse sentido,
não se pode tolerar a prática do pecado,
Santidade é um dos atributos
ou o comportamento pecaminoso, na
de Deus e, por isso, é uma das
igreja nem fora dela: “Mas tenho contra
causas que justificam a neces­
ti 0 tolerares que Jezabel, mulher que se
sidade da disciplina na igreja. diz profetisa, ensine e engane os meus
servos, para que se prostituam e comam
dos sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20).

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 57


AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO IV
“ CORREÇÃO [...] A disciplina cumpre
Esta palavra é usada para rege­ o importante papel
nerar, emendar, restaurar, discipli­
nar. A correção é uma função e uma de restaurar o ferido,
responsabilidade do pai para com os conforme a instrução do
seus filhos (Pv 23.13; 29.17; Jr 2.30; apóstolo Paulo à igreja
Hb 12.9) e de Deus para com o seu
de Corinto
povo (Jó 5.17; Pv 3.12; Hb 12.7, 9).
Tanto os termos em hebraico como
em grego sugerem um significado
duplo; instruir, guiar, argumentar;
e, também, punir, castigar, repro­
var. A correção é visível em todo
o processo de criação dos filhos,
III - AS FORMAS DE
como sugere 0 termo grego mais DISCIPLINA BÍBLICA
comum paideuo, ‘educar um filho’ , 1. A disciplina como modo de cor­
envolvendo tanto a orientação po­ reção. As Escrituras mostram a neces­
sitiva, como a disciplina negativa, sidade de sermos corrigidos. A correção
no caso de má conduta. A expressão contribui para o crescimento e formação
que mostra que a Palavra de Deus do caráter cristão: “ Porque que filho há
é útil para a correção (2 Tm 3.16), a quem o pai não corrija?” (Hb 12.7).
ressalta o seu valor na melhoria de Todos os crentes, de algum a forma,
vida e do caráter do crente. O termo tiveram a necessidade de ser corrigidos
grego aqui significa ‘restauração a em algum momento. Se alguém não é
um estado de retidão” ’ (PFEIFFER, corrigido quando erra, então, segundo
Charles F. et al. Dicionário Bíbli­ a Bíblia, trata-se de um bastardo e não
co Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, de filho (Hb 12.8). Pedro, por exemplo,
2006, p.466). teve que ser corrigido por Paulo quando
adotou uma atitude visivelmente erra­
da em relação aos gentios (G1 2.11-14).
Quando o crente comete alguma falta e
não é corrigido, a tendência é que isso
acabe se tornando um comportamento.
O comportamento errado é reforçado.
SINOPSE II Dessa forma, 0 alvo da disciplina é levar
aquele que pecou, ou vive na prática do
O propósito da disciplina cristã
pecado, à restauração e reconciliação
está no fato de que ela mantém
(Gl 6.1).
a honra de Cristo na conduta do
2 . A disciplina como forma de res­
crente e põe um freio no com­
tauração. A palavra grega katartizo,
portamento pecaminoso.
traduzida aqui como “ encam inhai o
tal” significa na verdade “ restaurar”.
É usada em Mateus 4.21 para se referir

58 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


aos “ reparos” (remendos) das redes
de pescas. O sentido, portanto, é fazer AUXÍLIO TEOLÓGICO
com que a pessoa atingida pelo pecado
seja restaurada ao seu anterior estado “ DEUS DISCIPLINA SEUS
de b em -estar com Deus, da mesma FILHOS (HB 12.4 - 15)
form a que uma rede de pesca volta A correção de Deus é dirigi­
à sua utilidade após ser consertada. da à produção de justiça e paz (Hb
Nesse aspecto, dizemos que a disciplina 12.10b, 11). O autor revela 0 fim para
cumpre o importante papel de restau­ o qual se destina a disciplina ou a
rar o ferido, conforme a instrução do correção de Deus. Não importa 0
apóstolo Paulo à igreja de Corinto para quanto possam ser desagradáveis
que restaurasse o faltoso à comunhão as experiências difíceis das nossas
(2 Co 2.5-8). vidas, ou dolorosos os nossos so­
3. A disciplina como modo de ex­frimentos, nós podemos obter con­
clusão. Esse tipo de disciplina é também solo do fato de que ‘mais tarde’ tais
conhecido como “ cirúrgica”. Isto porque experiências produzirão ‘ um fruto
o membro é cortado do Corpo de Cristo: pacífico de justiça’ . O resultado,
“ Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo” (1 entretanto, não é automático. A
Co 5.13). Nesse caso, há um desligamento palavra traduzida como ‘exercita­
e não apenas um afastamento da comu­ dos’ no versículo 11 é gegymnasme-
nhão: “ Em verdade vos digo que tudo 0 nois, que deriva do atletismo, onde
que ligardes na terra será ligado no céu, ela significa um exercício contí­
e tudo 0 que desligardes na terra será nuo. O atleta diz: ‘ sem esforço não
desligado no céu” (Mt 18.18). Assim, o há resultados’ , querendo dizer que
indivíduo perde a condição de membro somente rompendo o tecido mus­
pelo desligamento, já que 0 Senhor disse cular e reconstruindo tecidos mais
que ele passa a ser considerado “ gentio” fortes é que ele pode atingir e seu
e “ publicano” (Mt 18.17). Esse desliga­ objetivo. A correção que Deus im ­
mento corta 0 vínculo da comunhão entre põe nos dá oportunidades cada vez
o membro e a igreja. Não há, portanto, mais novas para nos exercitarmos
mais vínculo entre o crente excluído por espiritualmente, e desta forma nos
esse processo disciplinar e a igreja da aproximarmos mais do objetivo de
qual fazia parte. Deus para nós, de vidas verdadei­
ramente justas e de paz interior”
(RICHARDS, Lawrence O. Comen­
tário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD,
2007, pp.510,11).
SINOPSE III
A disciplina faz com que a pes­
soa atingida pelo pecado seja
restaurada ao seu anterior esta­
do de bem-estar com Deus. CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos 0 valor da disci­
plina cristã sob diferentes aspectos. A
disciplina se mostra necessária quando

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 59


sabemos que Deus é santo e exige que cristão a se conformar com o caráter
seu povo seja santo. Por outro lado, a de Cristo. Uma igreja indisciplinada,
disciplina também cumpre os pro­ portanto, perdeu o bom cheiro de Cristo
pósitos de Deus quando ela conduz o (2 Co 2.14).

ANOTAÇÕES DO PROFESSOR

Clique aqui para fazer sua anotação

REVISAND O O CONTEÚDO

1. Qual é uma das causas que justificam a necessidade da disciplina na


igreja?
Santidade é um dos atributos de Deus e, por isso, é uma das causas que
justificam a necessidade da disciplina na igreja.
2. O que acontece quando o pecado não é tratado na vida do crente?
Quando o pecado não é tratado na vida do crente, Cristo é desonrado.
3. Por que o apóstolo Paulo censura os crentes em 1 Coríntios 5?
Um dos seus membros adotou um comportamento flagrantemente peca­
minoso sem, contudo, ter uma resposta enérgica da igreja. A condenação
dessa prática, levou 0 apóstolo Paulo a censurá-la (1 Co 5.2).
4. Cite três formas de disciplina bíblica de acordo com a lição.
As formas de disciplina são: a disciplina como modo de correção; a disci­
plina como forma de restauração; e a disciplina como modo de exclusão.
5. Com o que a correção contribui?
A correção contribui para o crescimento e formação do caráter cristão.

VOCABULÁRIO
Incorrer: Ficar sujeito; incidir; comprometido; envolvido em.

60 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LIÇÃO 9
3 de M arço de 2024

- f

O BATISMO - A PRIMEIRA
ORDENANÇA DA IGREJA
r

TEXTO ÁUREO VERDADE PRÁTICA


“Portanto, ide, ensinai todas as O batismo é uma ordenança
nações, batizando-as em nome de Jesus Cristo e, por isso,
do Pai, e do Filho, e do Espírito deve ser uma prática
Santo.” (Mt 28.19) obedecida pela igreja.

LEITU R A DIÁRIA

Segunda - At 16.33 Quinta - At 2.38


Uma prática cristã Batizando os verdadeiramente
Terça - Mt 28.19 convertidos
Uma ordenança de Jesus Cristo Sexta - Cl 2.12
Quarta - Mc 16.16 Identificados com Cristo
0 batismo é para quem crê Sábado - At 2.41
verdadeiramente em Cristo Testemunho público da fé

L.________________________________ ____________________________________ ^

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 6l


LEITU RA BÍBLICA EM CLASSE

Rom anos 6 .1 - 1 1
1 - Que diremos, pois? Permaneceremos 6 - sabendo isto: que 0 nosso velho homem
no pecado, para que a graça seja mais foi com ele crucificado, para que 0 corpo
abundante? do pecado seja desfeito, afim de que não
2 - De modo nenhum! Nós que estamos sirvamos mais ao pecado.
mortos para 0 pecado, como viveremos 7 - Porque aquele que está morto está
ainda nele? justificado do pecado.
3 - Ou não sabeis que todos quantos 8 - Ora, se já morremos com Cristo, cremos
fomos batizados em Jesus Cristo fomos que também com ele viveremos;
batizados na sua morte? 9 - sabendo que, havendo Cristo ressus­
4 - De sorte que fomos sepultados com ele citado dos mortos, já não morre; a morte
pelo batismo na morte; para que, como não mais terá domínio sobre ele.
Cristo ressuscitou dos mortos pela glória 10 - Pois, quanto a ter morrido, de uma
do Pai, assim andemos nós também em vez morreu para 0 pecado; mas, quanto
novidade de vida. a viver, vive para Deus.
5 - Porque, se fomos plantados juntamente 11 - Assim também vós considerai-vos
com ele na semelhança da sua morte, como mortos para 0 pecado, mas vivos
também 0 seremos na da sua ressurreição; para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.

4 Hinos Sugeridos: 289, 447, 470 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO os pressupostos bíblico-doutrinários
O Batismo em águas é uma im­ do Batismo; II) Explicar 0 símbolo e
portante prática da Igreja de Cristo. É o propósito do Batismo; III) Esclare­
um rito valorizado pelo nosso Senhor cer a fórmula e o método do Batismo.
Jesus e praticado por toda a Igreja Pri­ B) Motivação: O Batismo é a de­
mitiva. Ao longo dos séculos, esse rito claração pública da alma que abra­
tem sido uma identidade da Igreja de çou a verdade do Evangelho. Por
Cristo. Infelizmente, também ao lon­ isso, o seu símbolo mais eloquente
go dos anos, temos visto desvios tanto é o da alma que foi sepultada para o
no seu propósito quanto em sua for­ mundo e seus valores e ressuscitou
ma. Por isso, esta lição trará uma ex­ para Deus a fim de andar em novi­
posição da doutrina bíblica do Batismo dade de vida.
em águas e, também, lições da histó­ C) Sugestão de Método: Na ex­
ria com 0 objetivo de instruir-nos. posição do primeiro tópico, há uma
palavra que, talvez, algum aluno
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
nunca tenha ouvido falar: sacra­
A) Objetivos da Lição: I) Pontuar
mento. Por isso, aproveite a opor-

62 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


tunidade para explicá-la e refor­ Cristo seja muito mais profundo,
çar a diferença entre sacramento e intenso e edificante.
ordenança. Explique que a palavra
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
“ sacramento” traz uma ideia de um
A) Revista Ensinador Cristão.
ritual ou sinal que tem como re­
Vale a pena conhecer essa revista
sultado uma graça de Deus sendo
que traz reportagens, artigos, en­
transmitida ao indivíduo.Já a pala­
trevistas e subsídios de apoio à Li­
vra ordenança traz a ideia de uma
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
prática ou cerimônia prescrita no
p.40, você encontrará um subsídio
Novo Testamento dentro de uma
especial para esta lição.
perspectiva memorial. Por exemplo,
B) Auxílios Especiais: Ao final
a Ceia do Senhor é um memorial do
do tópico, você encontrará auxílios
sacrifício do Senhor, instituído por
que darão suporte na preparação de
Jesus e, por isso, deve ser celebrada
sua aula: 1) O texto “ A Ordenança do
por seus seguidores.
Batismo” , localizado depois do pri­
meiro tópico, aprofunda a compre­
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO ensão do Batismo em águas como
A) Aplicação: O Batismo é um uma ordenança de Cristo; 2) O texto
símbolo que nos relembra de uma “ O Propósito do Batismo” , ao final
vida integralmente dedicada a Cris­ do segundo tópico, amplia a refle­
to. É uma imagem poderosa para xão a respeito do símbolo e do pro­
que o nosso relacionamento com pósito do Batismo.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO correto para o qual foi instituída essa


Nesta lição, vamos estudar uma importante prática seja observado.
importante prática cristã - 0
Batismo em águas. Veremos I - PRESSUPOSTOS
que 0 rito do Batismo foi BÍBLICO - DOUTRINÁ­
praticado por João Batista, RIOS DO BATISMO
Jesus Cristo e seus apóstolos l. O Batismo visto como
e, posteriorm ente, pelos
cristãos da Igreja Primitiva.
É uma prática, portanto, de
grande importância para a Igreja
r sacramento: a origem de
um erro. A tradição católica
e alguns segmentos do protes­
tantismo histórico veem a prática
de Cristo. Contudo, como toda doutrina do batismo como um sacramento. A
cristã, a prática do Batismo também tem palavra “ sacram ento” vem do latim
sofrido desvios ao longo da história, sacramenntum, significando um sinal
tanto no seu propósito quanto na sua sagrado capaz de conferir graça àquele
forma. Assim, é necessário deixarmos que dele participa. Nesse sentido, Agos­
a Bíblia falar a fim de que o propósito tinho (354-430 d.C), bispo de Hipona, que

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 63


vv ser administrado a eles para anular o
pecado original. Evidentemente que esse
entendimento do bispo de Hipona está
contra o ensino de Cristo, que afirmou
Somente cristãos que as crianças fazem parte do Reino
indecisos rejeitam ser de Deus: “Jesus, porém, disse: Deixai
batizados. Às vezes isso os pequeninos, não os estorveis de vir
a mim, porque dos tais é 0 Reino dos
acontece por ignorância
céus” (Mt 19.14). Logo, não há vestígios
ao sentido do ato.” no Novo Testamento de crianças sendo
batizadas, pois nosso Senhor disse que 0
Batismo deveria ser administrado a quem
cresse (Mc 16.16). Uma criança, que ainda
não chegou à idade da razão não tem
maturidade para crer e fazer escolhas.

introduziu esse desvio na igreja, entendia


que o batismo, como sacramento, é um
rito que transmite graça espiritual inde­
pendentemente da fé de quem o pratica. SINOPSE I
Esse entendimento teológico-doutrinário
O Batismo em águas é uma or­
define um sacramento como sendo um
denança que deve ser ministra­
sinal visível de uma graça invisível. Dessa
da aos adultos.
forma, na visão de algumas tradições
cristãs, o batismo torna-se necessário
para a salvação.
2. O Batismo não é sacramento, mas
ordenança de Cristo. O ensino bíblico
concernente ao Batismo é que ele é uma AUXÍLIO TEOLÓGICO
ordenança e não um sacramento: “ Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as A ORDENANÇA DO BATISMO
nações, batizando-os em nome do Pai, e “A ordenança do batismo nas
do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). águas tem feito parte da prática cris­
Não há, portanto, no Batismo, um poder tã desde o início da Igreja. Era tão
mágico capaz de transmitir graça para a íntima da vida da Igreja Primitiva,
salvação. 0 ensino bíblico é que 0 Batismo que F. F. Bruce comenta: ‘A ideia de
é uma ordenança dada por Cristo a quem um cristão não batizado realmente
já foi alcançado pela graça, e não a quem sequer é contemplada no Novo Tes­
quer obter alguma graça através dele. tamento’ .54 Existiam, na realida­
3. 0 Batismo deve ser administrado de, alguns ritos batismais similares
aos adultos. O mesmo Agostinho que já antes do Cristianismo, inclusive
entendia 0 Batismo como um sacramen­ entre algumas religiões pagãs e a
to, defendeu também que os bebês, por comunidade judaica (para os ‘pro-
haverem nascidos com o pecado original, sélitos’ - gentios convertidos ao Ju­
precisavam ser batizados para serem daísmo). Antes do ministério público
salvos. Nesse caso, o Batismo deveria

64 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


o cristão morreu para a velha vida e
de Jesus, João Batista enfatizava um agora entrou na nova vida em Cristo.
‘batismo de arrependimento’ àqueles 2. O Propósito do Batismo: Teste­
que desejassem entrar no prometido munho público da fé cristã. No contexto
Reino de Deus. A despeito de algumas da fé bíblica, 0 Batismo é uma pública
semelhanças com esses vários batis­ profissão de fé. Isso sign ifica que o
mos, o significado e propósito do ba­ crente, quando desce às águas batismais,
tismo cristão vai além de todos eles. está testemunhando de forma pública
Cristo estabeleceu o modelo para o perante o mundo da sua nova vida em
batismo cristão quando Ele mesmo Cristo (At 2.41). Quem se candidata ao
foi batizado por João, no início de Batismo deve estar convicto e consciente
seu ministério público (Mt 3.13-17). da fé que abraçou. Aqui, não há território
Posteriormente, ordenou que seus neutro (Cl 2.6). Enfim, o batismo é para
seguidores saíssem pelo mundo, fa­ salvos e convertidos que estão dispostos
zendo discípulos, ‘batizando-os em a seguir Jesus (At 8.12; 16.14,15).
[gr. eis - ‘para dentro de’ ] nome do 3. Não há espaço para indecisão.
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo’ Somente cristãos indecisos rejeitam ser
(Mt 28.19). Cristo, portanto, insti­ batizados. Às vezes isso acontece por
tuiu a ordenança do batismo, tanto ignorância ao sentido do ato. Outras
pelo seu exemplo quanto pelo seu vezes é por falta de convicção de fé. No
mandamento” (HORTON, Stanley. primeiro caso, às vezes 0 crente entende
Teologia Sistemática: Uma Perspec­ que após ser batizado não pode mais
tiva Pentecostal. í.ed. Rio de Janeiro: cometer qualquer tipo de falha. Embora
CPAD, 2023, pp.569-70). a Bíblia mostre que 0 crente deve evitar
o pecado (l Jo 2.1), contudo, o Batismo
não pode ser visto como uma vacina que
imuniza o cristão contra o pecado. Este
II - O SÍMBOLO E O PROPÓ­ é vencido quando se anda no Espírito
SITO DO BATISMO (G1 5.16). Por outro lado, há muitos que
1. Símbolo do Batismo: Identi­ rejeitam o Batism o justam ente por
ficação com Cristo. O Batism o por falta de conversão. Estão conscientes
imersão simboliza a união do crente das implicações que esse rito traz e
com Cristo, por meio de sua a morte, não estão dispostos a cortar o cordão
sepultam ento e ressu rreição. Essa umbilical com o mundo.
verdade é afirmada pelo apóstolo Paulo
aos cristãos que estavam em Roma
(Rm 6.3-5). Dessa forma, o apóstolo
mostra que 0 ato de emergir da água,
onde havia sido submerso, retrata com
precisão a identificação do cristão com SINOPSE II
a ressurreição de Cristo. Essa mesma O Batismo em águas simboliza
verdade é afirmada na Carta aos Colos- uma identificação com Cristo e
senses: “ Sepultados com ele no batismo, o testemunho público de fé.
nele também ressuscitastes pela fé no
poder de Deus, que o ressuscitou dos
mortos” (Cl 2.12). Isso simboliza que

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 65


AUXÍLIO TEOLÓGICO III - A FORMULA E O M É­
TODO DO BATISMO
O PROPÓSITO DO BATISMO 1. Fórmula trinitária do Batismo.
“ [...] O batismo indica que o Durante a Grande Comissão, Jesus orien­
crente morreu para o velho modo de tou seus discípulos: “ Portanto ide, fazei
viver e entrou na ‘novidade da vida’ discípulos de todas as nações, batizan­
mediante a redenção em Cristo. O do-os em nome do Pai, e do Filho, e
ato do batismo nas águas não leva a do Espírito Santo” (Mt 28.19). Essa é a
efeito essa identificação com Cristo, fórmula trinitária do batismo cristão. Isso
‘mas a pressupõe e a simboliza’ . O porque esse texto cita as três pessoas
batismo, portanto, simboliza a oca­ da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
sião em que aquele antes inimigo de Um só Deus, três pessoas distintas, com
Cristo faz ‘sua rendição final’ . O ba­ uma só essência. No rito do Batismo,
tismo nas águas também significa portanto, a orientação de Jesus precisa
que os crentes se identificaram com ser seguida pela invocação do nome do
o corpo de Cristo, a Igreja. Os cren­ Pai, do Filho e do Espírito Santo.
tes batizados são admitidos na co­ 2. Fórmula herética do Batismo.
munidade da fé e, com sua atitude, Nem todos os grupos dentro da tradição
testificam publicamente diante do cristã seguem a fórmula trinitariana. Há
mundo sua lealdade a Cristo, jun­ grupos que seguem um tipo de doutrina
tamente com o povo de Deus. Essa modalista. Um exemplo é o unicismo.
parece ser uma das razões princi­ Esse grupo batiza seus membros somente
pais por que os crentes neotesta- em nome de Jesus. O suporte bíblico dele
mentários eram batizados quase é buscado em alguns textos do livro de
imediatamente após a conversão. Atos, onde supostamente se negaria a
Num mundo hostil à fé cristã, era prática trinitariana (At 2.38; 19.5). Con­
importante que os recém-conver- vém dizer que esses textos não negam a
tidos tomassem posição lado a lado fórmula trinitária nem tampouco negam
com os discípulos de Cristo e se en­ a Trindade. Na verdade, o que é dito é
volvessem imediatamente na vida que 0 Batismo era feito na autoridade de
total da comunidade cristã. Talvez Jesus, isto é, naquilo que Ele fez e ensinou.
um dos motivos por que o batismo 3. Imersão: o método bíblico do Ba­
com água não ocupa mais lugar de tismo. Convém dizer que não há vestígios
destaque em muitas igrejas seja por da prática do Batismo por aspersão no
estar tão frequentemente separado Novo Testamento. Esse tipo de Batismo
do ato da conversão. O batismo é se caracteriza por aspersão de água sobre
mais que ser obediente ao manda­ o candidato. Entretanto, 0 contexto do
mento de Cristo. Relaciona-se com Novo Testamento mostra claramente que 0
o ato de se tornar seu discípulo” Batismo nos dias bíblicos era por imersão.
(HORTON, Stanley. Teologia Siste­ A palavra grega baptizo possui o sentido
mática: Uma Perspectiva Pentecos- de “ mergulhar” e “ submergir” tanto na
tal. í.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, Bíblia como fora dela. Vários textos bíblicos
p.570). mostram a prática bíblica do Batismo por
imersão: o povo saía para ser batizado por
João no (dentro de) rio Jordão (Mc 1.5); da

66 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


mesma forma, quando foi batizado, Jesus CONCLUSÃO
“ saiu da água” (Mc 1.10); João batizava Procuramos abordar as questões
onde havia muita água (Jo 3.23). mais relevantes concernentes ao Ba­
tismo em águas. Mostramos que,
embora não tenha a atribuição de
salvação a quem dele participa, o
SINOPSE III Batismo é, sim, uma prática que deve
A fórm ula trin itá ria do Batism o ser levada a sério por todo crente que
é: em nome do Pai, do Filho e do quer seguir as Palavras de Jesus. Por
Espírito Santo. meio do Batismo nos identificamos
com Cristo Jesus e tornamos pública
a nossa profissão de fé.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Explique o significado da palavra “ sacramento” .


A palavra “ sacramento” vem do latim s a c r a m e n n t u m , significando um sinal
sagrado capaz de conferir graça àquele que dele participa.
2. De acordo com a lição, qual é o ensino bíblico sobre o Batismo?
O ensino bíblico concernente ao Batismo é que ele é uma ordenança e não
um sacramento: “ Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, bati­
zando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
3. O que 0 Batismo simboliza?
O Batismo por imersão simboliza a união do crente com Cristo, por meio de
sua morte, sepultamento e ressurreição.
4. Qual é 0 propósito do Batismo?
No contexto da fé bíblica, o Batismo é uma pública profissão de fé.
5. Quais são a fórmula e o método bíblico do Batismo?
A fórmula do batismo é trinitária: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo; 0 método de batismo é por imersão em águas.

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VOCABULÁRIO
Estorvar: importunar, incomodar, embaraçar.
Modalismo: doutrina herética que nega a existência das três pessoas
da Santíssima Trindade na fé cristã.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 67


LIÇAO 10
10 de M arço de 2024

A CEIA DO SENHOR -
A SEGUNDA ORDENANÇA
DA IGREJA
r~
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
“Porque, todas as vezes que
A Ceia do Senhor, como uma
comerdes este pão e beberdes
ordenança, celebra a comunhão
este cálice, anunciais a morte
do crente com 0 Senhor
do Senhor, até que venha.”
ressuscitado.
(1 Co 11.26)
V______________________ ____________________________ )

LEITU R A DIÁRIA

Segunda - Lc 22.19,20 Quinta - At 2.42


Uma ordenança de Jesus Celebrando a comunhão cristã
Terça - 1 Co 11.24 Sexta - l Co 11.27
A Ceia do Senhor como um Mantendo a reverência na Ceia do
memorial Senhor
Quarta - l Co 11.26 Sábado - l Co 5.7,8
Proclamando a morte do Senhor Celebrando de maneira festiva

68 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


L E IT U R A B ÍB L IC A EM C LA SSE

1 Coríntios 11.17 -3 4
17 - Nisto, porém, que vou dizer-vos, não fazei isto, todas as vezes que beberdes,
vos louvo, porquanto vos ajuntais, não em memória de mim.
para melhor, senão para pior. 26 - Porque, todas as vezes que comerdes
18 - Porque, antes de tudo, ouço que, este pão e beberdes este cálice, anunciais
quando vos ajuntais na igreja, há entre a morte do Senhor, até que venha.
vós dissensões; e em parte 0 creio. 27 - Portanto, qualquer que comer este pão
19 - E até importa que haja entre vós ou beber 0 cálice do Senhor, indignamente,
heresias, para que os que são sinceros se será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
manifestem entre vós. 28 - Examine-se, pois, 0 homem a si
20 - De sorte que, quando vos ajuntais num mesmo, e assim coma deste pão, e beba
lugar, não é para comera Ceia do Senhor. deste cálice.
2 1 - Porque, comendo, cada um toma 29 - Porque 0 que come e bebe indig­
antecipadamente a sua própria ceia; e namente come e bebe para sua própria
assim um tem fome, e outro embriaga-se. condenação, não discernindo 0 corpo
22 - Não tendes, porventura, casas para do Senhor.
comer e para beber? Ou desprezais a igreja 30 - Por causa disso, há entre vós muitos
de Deus e envergonhais os que nada têm? fracos e doentes e muitos que dormem.
Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisso não 31 - Porque, se nós nos julgássemos a nós
vos louvo. mesmos, não seríamos julgados.
23 - Porque eu recebi do Senhor 0 que 32 - Mas, quando somos julgados, somos
também vos ensinei: que 0 Senhor Jesus, repreendidos pelo Senhor, para não sermos
na noite em que foi traído, tomou 0 pão; condenados com 0 mundo.
24 - e, tendo dado graças, 0 partiu e disse: 33 - Portanto, meus irmãos, quando vos
Tomai, comei; isto é 0 meu corpo que é par­ ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
tido por vós; fazei isto em memória de mim. 34 - Mas, se algum tiver fome, coma
25 - Semelhantemente também, depois de em casa, para que vos não ajunteis para
cear, tomou 0 cálice, dizendo: Este cálice condenação. Quanto às demais coisas,
é 0 Novo Testamento no meu sangue; ordená-las-ei quando for ter convosco.

4 Hinos Sugeridos: 199, 233, 482 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO perpassou toda a Igreja até a atu­


A Ceia do Senhor é outra impor­ alidade. Ao longo dos séculos, essa
tante ordenança e prática da Igreja celebração também tem sido uma
de Cristo. É um rito que foi insti­ identidade da Igreja. Nesta lição,
tuído pelo próprio Senhor Jesus e procuraremos compreender o pro-

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 6 9


pósito bem como a forma da Ceia e aprofunde a perspectiva da trípli­
do Senhor de acordo com a Bíblia. ce lembrança da Ceia do Senhor de
Por isso, faremos uma exposição da acordo com a leitura que você já fez
doutrina bíblica da Ceia do Senhor na seção “ Motivação” e o “ segundo
e também consideraremos suas im ­ auxílio” .
plicações históricas.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO A) Aplicação: Leve o(a) aluno(a)
A) Objetivos da Lição: I) Apre­ a refletir a respeito do valor e do
sentar a natureza da Ceia do Se­ privilégio de participar da celebra­
nhor na Tradição Cristã; II) Mostrar ção da Ceia do Senhor. De acordo
o propósito da Ceia do Senhor; III) com a natureza, os símbolos e pro­
Refletir a respeito do modo de cele­ pósito dessa grande celebração cris­
bração da Ceia do Senhor. tã, mostre o quanto a Ceia do Se­
B) Motivação: A Ceia do Senhor nhor tem um significado espiritual
traz uma perspectiva passada, pois para a nossa fé.
nos remete ao perdão dos pecados
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
e à obra salvífica de Jesus Cristo;
A) Revista Ensinador Cristão.
ela traz uma perspectiva presente,
Vale a pena conhecer essa revista
pois realça a nossa comunhão com
que traz reportagens, artigos, en­
Cristo com sua Igreja; e, finalmen­
trevistas e subsídios de apoio à Li­
te, aponta para o futuro esperanço­
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
samente, pois somos lembrados da
p.41, você encontrará um subsídio
promessa da vinda de Cristo.
especial para esta lição.
C) Sugestão de Método: Para
B) Auxílios Especiais: Ao final
introduzir o segundo tópico des­
do tópico, você encontrará auxílios
ta lição, sugerimos que você leia
que darão suporte na preparação de
atentamente a seção Motivação e o
sua aula: 1) O texto “ A Ordenança
segundo subsídio com o título “ A
da Ceia do Senhor” , localizado de­
Tríplice Lembrança da Ceia do Se­
pois do primeiro tópico, aprofunda
nhor” . Em seguida, antes de expor
a compreensão da Ceia do Senhor
o segundo tópico, pergunte a clas­
como uma ordenança de Cristo; 2) O
se a respeito do símbolo da Ceia do
texto “ O Tríplice Sentido da Ceia do
Senhor, o que os alunos pensam a
Senhor” , ao final do segundo tópico,
respeito do seu significado. Após
amplia a reflexão a respeito do pro­
ouvir as respostas, exponha o tópico
pósito da Ceia do Senhor.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO história, a Igreja tem a Ceia do Senhor


Assim como o Batismo em águas, a como uma das celebrações mais signi-
Ceia do Senhor também é uma ordenança ficativas. Nesse sentido, o cristão pode
dada por Jesus à sua Igreja. Ao longo da contemplar a Ceia sob três perspectivas.

70 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


Primeira, um olhar para trás, quando con­ presente no pão da Ceia. Esse enten­
templa Cristo entregando-se em sacrifício dimento luterano é denominado de
vicário na cruz; segunda, um olhar para consubstanciação. Como se vê, Lutero
o presente, quando vê sua real condição não conseguiu se desven cilh ar por
diante de Deus e como foi alcançado completo da tradição católica quando
pela graça de Deus; terceira, um dá uma versão modificada da
olhar para o futuro, quando Á v sua antiga crença.
mantém sua expectativa e es­ 3. A posição pentecos-
perança na Segunda Vinda de Palavra-Chave tal. A tradição pentecostal
Cristo. Nesse sentido, a Ceia Comunhão entende que 0 pão e o vinho
do Senhor é uma cerimônia não se convertem fisica ­
que deve ser celebrada com
reverência, júbilo e expectativa.

I - A NATUREZA DA CEIA DO
r mente no corpo de Jesus nem
tampouco Jesus está presente
fisicamente neles. Assim, 0 pão e
o vinho simbolizam 0 corpo e 0 sangue
de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente
SENHOR NA TRADIÇÃO CRISTÃ
espiritualmente nos símbolos da Ceia (Mt
1. Na tradição romana. 0 romanismo
18.20). Essa é a posição da maioria dos
compreende de forma literal as expres­
pentecostais. Também enfatizamos 0
sões ditas por Jesus em referência aos
aspecto memorial na celebração da Ceia do
elementos da Ceia do Senhor: “ isto é o
Senhor. Nesse sentido, a Ceia do Senhor
meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é[...]
é para quem está em comunhão, e não
meu sangue” (Lc 22.20). Assim, segundo
para dar comunhão. Esse entendimento
esse entendimento, durante 0 cerimonial se ajusta ao ensino do Novo Testamento
os elementos da Ceia se convertem no sobre a Ceia do Senhor.
corpo e no sangue de Cristo. Esse ensino
é conhecido como transubstanciação. Há
pelo menos dois problemas com essa
interpretação. O primeiro de natureza
lógica, pois quando Jesus celebrou a SINOPSE I
última Páscoa, Ele estava presente e,
A Ceia do Senhor é celebrada
portanto, não poderia estar fisicamente
em nossa igreja sob uma pers­
no pão e muito menos no cálice, já que
pectiva memorial em que Jesus
fisicamente ele se encontrava lá. Por
está espiritualmente presente.
outro lado, entender essas palavras de
forma literal e, não como metáforas,
cria problemas de natureza exegética.
Jesus disse, por exemplo, que ele era a
porta (Jo 10.9). Evidentemente, Ele não
se referia a uma porta literal.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
2. Na tradição protestante. A tradi­
ção luterana diverge da católica quando
A ORDENANÇA DA
nega que os elementos da Ceia, 0 pão e
CEIA DO SENHOR
o vinho, se tornem ou se convertam no
“ A segunda ordenança da Igre­
corpo e no sangue de Cristo. Contudo,
ja é a Santa Ceia ou Santa Comu­
afirma que o corpo físico de Jesus está

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 71


apóstolo Paulo destacou como propósito
nhão. Assim como o batismo, esta dessa celebração “ anunciar a morte do
ordenança tem feito parte do culto Senhor” (l Co 11.26). Nesse caso, a Ceia
cristão desde o ministério terrestre do Senhor aponta para 0 Calvário. Ela
de Cristo, quando Ele próprio ins­ celebra a vitória de Cristo na cruz sobre
tituiu o rito na refeição da Páscoa, o pecado, a morte e o Diabo (Hb 2.14,15).
na noite em que foi traído. A Ceia Por intermédio da morte de Cristo na
do Senhor tem alguns paralelos cruz, fomos justificados e reconciliados
em outras tradições religiosas (tais com Deus (2 Co 5.21). Portanto, na Ceia
como a Páscoa judaica; outras re­
do Senhor celebramos a vitória de Jesus
ligiões antigas também se valiam
na cruz, que também é a nossa vitória
de refeições sacramentais para se
(Ap 12.11).
identificar com suas deidades), mas
2. Proclam ar a segunda vinda de
ela vai muito além quanto ao seu
Cristo. A Ceia do Senhor proclama a
significado e importância. Seguin­
sua segunda vinda (1 Co 11.26). Logo,
do as instruções dadas por Jesus, os
há um sentido escatológico na cele­
cristãos participam da Comunhão
bração da Ceia do Senhor. Quando essa
em ‘memória’ dEle (Lc 22.19,20;
bendita esperança é perdida, a igreja se
1 Co 11.24,25). O termo traduzido
por ‘lembrança’ (gr. anamnêsis) seculariza. Assim, na Ceia do Senhor,
talvez não signifique exatamen­ a Igreja mantém um olhar no passado,
te o que o leitor está imaginando. quando contempla a vitória de Jesus na
Hoje, lembrar-se de alguma coisa cruz, mas também mantém o seu olhar
é pensar numa ocasião passada. O no futuro, esperando e ansiando por
modo neotestamentário de enten­ sua Segunda Vinda. Ao contemplar o
der anamnêsis é exatamente o in­ retorno de Cristo, a Igreja lembra que é
verso: significava ‘transportar uma peregrina nesta Terra e que a sua pátria
ação enterrada no passado, de tal não é aqui (Fp 3.20,21).
maneira que não se percam a sua 3. C elebrar a com unhão cristã .
potência e a vitalidade originais, Uma das razões que levou o apóstolo
mas sejam trazidas para 0 momen­ Paulo a escrever a sua Primeira Carta
to presente’ . Semelhante conceito é aos C oríntios estava relacionada à
refletido até mesmo no Antigo Tes­ questão de divisões entre os irmãos
tamento (cf. Dt 16.3; l Rs 17.18 )” daquela igreja (1 Co 1.11). Esse era um
(HORTON, Stanley. Teologia S is­ problema recorrente entre os coríntios
temática: Uma Perspectiva Pente- e estava presente também durante a
costal. l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, celebração da Ceia do Senhor. Paulo os
2023, pp.573- 74). reprova por isso (1 Co 11.17). O clima
fraterno e de comunhão deixara de
existir (At 2.42; l Jo 1.7). Nesse sentido,
alguns não esperavam pelos outros
para celebrarem a Ceia juntos (1 Co
II - O PROPÓSITO DA CEIA 11.21). Quando há o espírito de divisão,
DO SENHOR litígios e intrigas entre os crentes, a
1. Celebrar a expiação de Cristo. celebração da Ceia do Senhor perde
Ao escrever sobre a Ceia do Senhor, o todo o seu sentido.

72 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


da Ceia vivendo deliberadamente em
pecado. Se a simples maneira irreverente
SINOPSE II de celebrar a Ceia atrai 0 juízo divino, 0
O propósito da Ceia do Senhor que dizer então de quem participa com
passa pela lembrança da ex- pecados não confessados? Pecado não
piação de Cristo, nossa comu­ confessado atrai 0 juízo divino.
nhão com Ele e a promessa de 3. Celebração festiva. A Ceia do Se­
sua segunda vinda. nhor celebra a morte e ressurreição de
Jesus e não 0 seu funeral. A Ceia celebra
0 Cristo que morreu, mas que ressuscitou
(1 Co 15.1-4). Deve, portanto, ser uma
celebração reverente, contudo, festiva (l
III - O MODO DE CELEBRAÇÃO Co 5.7-8). Nosso Redentor vive e, por isso,
devemos demonstrar isso na Celebração
DA CEIA DO SENHOR
da Ceia do Senhor. Nela, portanto, deve
1. O que é participar “ indignamen­
haver um ambiente de reverência e, ao
te”? Concernente à celebração da Ceia
mesmo tempo, de abundante alegria.
do Senhor, Paulo advertiu sobre o perigo
de participar da Ceia indignamente (l Co
11.27). O termo português “ indigna­
mente” é a tradução do advérbio grego
anaxiós. Um advérbio indica a maneira ou
SINOPSE III
modo como se faz uma coisa enquanto
um adjetivo indica 0 seu estado. Nesse A celebração da Ceia do Senhor
sentido, esse advérbio modifica o verbo deve acontecer de modo reveren­
comer e está relacionado ao modo ou te e, ao mesmo tempo, festivo.
maneira como os coríntios estavam
comendo a Ceia do Senhor - de maneira
desordenada, quando não esperavam um
pelos outros; de maneira indisciplinada,
quando comiam mais do que os outros
AUXÍLIO TEOLÓGICO
e de m aneira irreverente quando se
embriagavam (1 Co 11.18,21,22).
O TRÍPLICE SENTIDO DA LEM­
2. Uma celebração reverente. Se em
BRANÇA DA CEIA DO SENHOR
lugar de um advérbio, que indica modo
“ Na Ceia do Senhor, talvez pos­
ou m aneira, Paulo tivesse usado um
samos sugerir um tríplice sentido
adjetivo, que indica estado, qualidade ou
de lembrança: passado, presente e
natureza, então ninguém poderia parti­
futuro. A Igreja se reúne como um
cipar da Ceia, pelo fato de que ninguém
só corpo à mesa do Senhor, relem­
é digno (1 Co 11.27). Como mostramos,
brando a sua morte. Os próprios
não é esse o caso. É verdade que não
elementos usados de modo sim­
participamos da Ceia do Senhor porque
bólico na Comunhão representam
somos dignos, mas pela graça de Deus.
0 derradeiro sacrifício de Cristo,
Contudo, ninguém seja tentado em
no qual Ele entregou seu corpo e
pensar que, pelo fato de ser um pecador
sangue para redimir os pecados do
alcançado pela graça, pode participar

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 73


mundo. Existe ainda um sentido Stanley. Teologia Sistemática: Uma
bem presente, o convívio espiritu­ Perspectiva Pentecostal. í.ed. Rio
al com Cristo à sua mesa. A Igreja de Janeiro: CPAD, 2023, p.573- 77).
vem proclamar não um herói mor­
to, mas um Salvador ressuscitado
e vencedor. A expressão: “ mesa do
Senhor” sugere estar Ele presente
CONCLUSÃO
Nesta lição, sob diferentes pers­
como o verdadeiro anfitrião, aquele
pectivas, vimos alguns aspectos que
que transmite o sentido de terem os
revelam 0 sentido e propósito da Ceia
crentes, nEle, segurança e paz (ver
do Senhor. Não é um sacramento, que
SI 23.5). Finalmente, há um sentido
de forma mágica concede graça aos que
futuro neste relembrar, sendo que
dela participam nem tampouco uma
a comunhão da qual o crente ago­
vacina para dar comunhão a quem não
ra participa com o Senhor não é o
tem. Na verdade, o direito de celebrar
ponto final. Neste sentido, a Ceia
essa importante ordenança é o resul­
do Senhor tem uma dimensão es-
tado da graça que foi concedida a cada
catológica. Ao participarmos dela,
crente. É necessário ter esse discerni­
antecipamos a alegria pela sua se­
mento quando se participa desse rito
gunda vinda e pela reunião da Igreja
cristão. Trata, pois, de um ato que não
com Ele para toda a eternidade (cf.
pode ser celebrado de qualquer jeito ou
Mc 14.25; 1 Co 11.26)” (HORTON,
maneira, nem tampouco por quem vive
deliberadamente em pecado.

REVISAND O O CONTEÚDO

1. Qual é a posição da maioria dos pentecostais em relação aos elementos da


Ceia do Senhor?
O pão e 0 vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se
faz presente espiritualmente nos símbolos da Ceia (Mt 18.20). E também há
0 aspecto memorial da Ceia do Senhor.
2. Para o que a Ceia do Senhor aponta?
A Ceia do Senhor aponta para o Calvário.
3. Que tipo de sentido está presente na Ceia do Senhor?
A Ceia do Senhor proclama a sua segunda vinda (1 Co 11.26). Logo, há um
sentido escatológico na celebração da Ceia do Senhor.
4. Qual foi a advertência de Paulo em relação à Ceia do Senhor?
Concernente à celebração da Ceia do Senhor, Paulo advertiu sobe 0 perigo de
participar da Ceia indignamente (l Co 11.27).
5. O que a Ceia do Senhor celebra?
A Ceia do Senhor celebra a morte e ressurreição de Jesus e não 0 seu funeral.
A Ceia celebra o Cristo que morreu, mas que ressuscitou (l Co 15.1-4 ).

74 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LIÇAO 11
17 de M arço de 2024

O CULTO DA IGREJA CRISTÃ

TEXTO ÁUREO
“ Que fareis, pois, irmãos? VERDADE PRÁTICA
Quando vos ajuntais, cada um O culto é uma sublime forma de
de vós tem salmo, tem doutrina, nos expressarmos em adoração,
tem revelação, tem língua, tem louvor, gratidão e total rendição
interpretação. Faça-se tudo a Deus.
para edificação.” (1 Co 14.26)

LEITU R A DIÁRIA

Segunda - 1 Co 11.27 Quinta - l Co 14.26


A solenidade do acontecimento O culto deve trazer edificação
do culto Sexta - l Tm 4.13
Terça - Ez 44.9 As Escrituras como base do
A sacralidade do acontecimento verdadeiro culto cristão
do culto Sábado - Ef 5.18-20
Quarta - SI 48.1 Louvando a Deus de maneira
Celebrando a grandeza de Deus sincera e de todo o coração

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 75


L E IT U R A B ÍB L IC A EM C LA SSE

E fésios 5 .1 5 - 2 1
15 - Portanto, vede prudentemente como Espírito,
andais, não como néscios, mas como 19 - falando entre vós com salmos, e
sábios, hinos, e cânticos espirituais, cantando e
16 - remindo 0 tempo, porquanto os dias salmodiando ao Senhor no vosso coração,
são maus. 20 - dando sempre graças por tudo a
17 - Pelo que não sejais insensatos, mas nosso Deus e Pai, em nome de nosso
entendei qual seja a vontade do Senhor. Senhor Jesus Cristo,
18 - E não vos embriagueis com vinho, 21 - sujeitando-vos uns aos outros no
em que há contenda, mas enchei-vos do temor de Deus.

Hinos Sugeridos: 124, 436, 533 da Harpa Cristã

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO zia das Escrituras e a importância


Nesta lição, temos o propósito de da adoração entusiástica na liturgia
estudar os preceitos do culto cris­ pentecostal.
tão. Nos aprofundaremos em sua B) Motivação: Com 0 passar dos
natureza, observando-o como uma anos de caminhada cristã, à medida
forma de servir, obedecer e adorar a que, constantemente nos relaciona­
Deus, que requer, portanto, a reve­ mos com a fé, podemos incorrer no
rência, ordem e santidade devidas. erro de praticar de modo automá­
Através das Sagradas Escrituras, ve­ tico as disciplinas espirituais e, até
remos que tanto o conteúdo como a mesmo, a forma de cultuar a Deus.
maneira de cultuar são importantes, Um antídoto poderoso contra este
0 que é evidenciado na adoração fo­ mal é estudar a sua Palavra, com a
cada exclusivamente no Senhor e na postura de um genuíno discípulo,
edificação da Igreja. E como marca sempre disposto a se deixar norte­
na liturgia pentecostal, veremos a ar, confrontar, corrigir e aperfeiçoar
adoração fervorosa e a exposição da para a glória de Deus, a fim de que
Palavra como primazia. o culto público seja apenas o trans­
bordar de uma vida de adoração le­
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
gítima e agradável a Ele.
A) Objetivos da Lição: I) Identi­
C) Sugestão de Método: Propo­
ficar a natureza do culto a Deus, sua
mos um exercício reflexivo, a fim de
forma e conteúdo; II) Compreender
elucidar a importância que o culto
0 genuíno propósito do culto cris-
tem para Deus, não apenas em sua
tocêntrico; III) Enfatizar a prima­
existência, mas também quanto a

76 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


sua “ forma” e o seu “ conteúdo” . atender aos nossos critérios. Contu­
Para tal, conduza a classe a uma re­ do, como estudamos nesta lição, um
flexão, pedindo que cada um pense culto precisa de fato seguir alguns
num presente, uma demonstração princípios, mas que não são huma­
de afeto, que gostaria de ganhar do nos, e sim divinos. Portanto, antes,
ser amado (filhos, marido, pais...). durante e depois de tal momento
De maneira lúdica, a fim de exem­ solene perante o Senhor, cada um
plificar essa proposta, cite o seu de nós avalie-se a si mesmo, a fim
caso - o que você mesmo gostaria de de que ofereçamos a Deus um cul­
ganhar do seu cônjuge, numa cele­ to racional, como fruto de uma vida
bração de aniversário de casamento, genuína de adoração, santidade e
por exemplo. Permita que alguns serviço a Ele.
comentem e, logo, a seguir indague
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
coisas do tipo: Tal presente teria
A) Revista Ensinador Cristão.
o mesmo valor se você descobris­
Vale a pena conhecer essa revista
se que ele foi roubado pela pessoa
que traz reportagens, artigos, en­
amada? Ou tal demonstração seria
trevistas e subsídios de apoio à Li­
bem recebida se viesse como uma
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96,
‘barganha’ para o outro conseguir
p.41, você encontrará um subsídio
um interesse pessoal? E se fosse um
especial para esta lição.
presente dado por culpa, devido a
B) Auxílios Especiais: Ao final
uma traição, você ainda gostaria de
do tópico, você encontrará auxílios
recebê-lo? Conclua explicando que,
que darão suporte na preparação de
se até mesmo nós, tão limitados
sua aula: l) O texto “ O culto dirigi­
e pecadores, temos critérios para
do pelo Espírito Santo” , localizado
aceitar uma demonstração de afeto,
após 0 primeiro tópico, aprofunda
imagine o nosso Deus Santo. Você
a reflexão a respeito da forma ne­
pode pedir que um voluntário leia l
cessária para o culto ser agradável
Samuel 15.22 e Salmos 51.17.
ao Senhor; 2) O texto “ Os Elemen­
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO tos do Culto” , ao final do terceiro
A) Aplicação: Comumente, ao tópico, enfatiza a importância da
final de um culto, ouvimos comen­ integridade da adoração na liturgia
tários avaliando se ele foi bom ou desde o AT.
ruim, como se 0 propósito de tal
reunião fosse saciar o nosso ego ou

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO Aqui, veremos que 0 culto é santo e, por


Nesta lição vamos estudar 0 culto isso, deve ser solene. Assim, também,
cristão sob diferentes aspectos, pois mostraremos que a glorificação de Deus
precisamos conhecê-lo em sua natureza. e a edificação da igreja são os propósitos

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 77


sublimes do verdadeiro culto cristão. E, ração no contexto do culto cristão (At
por último, mostraremos que todo culto 13.1-4). Enquanto os cristãos “ serviam”
também tem um ritual. No contexto da (gr. leitourgeô), isto é, cultuavam ao
igreja cristã, destacaremos o papel da Senhor, 0 Espírito Santo comissionou os
Bíblia e da adoração entusiástica primeiros missionários da igreja.
na dinâmica pentecostal. 2. O culto deve ser s
Por “ solene” nos referimos ao
I - A NATUREZA DO , que traz respeito e é majes-
CULTO | toso. Isso significa que tanto
l. O culto como serviço 0 conteúdo como a maneira
a Deus. Na Bíblia, o culto é de se cultuar são importantes
m ostrado como um se rv i­ (Ec 5.1; 1 Co 11.27). Por isso,
ço, isto é, uma vida entregue 0 culto não pode ser destituído
e consagrada a Deus (Dt 6.13). Em um de significado nem realizado de qual­
primeiro plano tem a ver com a atitude quer jeito (Lv 10.1,2). Não por acaso, 0
com a qual se cultua 0 Altíssimo e, em apóstolo Paulo expõe princípios que
um segundo plano, com a forma como regulamentaram o culto na igreja de
se cultua. O culto, portanto, expressa Corinto (1 Co 12-14). Isso deixa claro
uma combinação de obediência à Pala­ que há uma ordem a ser observada na
vra de Deus e a forma ritual como essa liturgia cristã. Para isso, temos na Bíblia
adoração acontece. O livro de Atos dos o parâmetro para o bom ordenamento
Apóstolos, por exemplo, mostra a ado­ do culto. Por exemplo, aos coríntios,

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

EXPRESSÕES DA ADORAÇÃO
NO CULTO CRISTÃO
“Dois princípios essenciais ajudam a
dirigir e orientar a adoração cristã, (a) A
adoração genuína acontece em espírito e
em verdade (veja Jo 4.23, nota). Em outras
palavras, a adoração não é apenas uma
atividade física ou mental, mas também
um exercício espiritual - uma resposta
apropriada à maneira como Deus se re­
velou a nós, especificamente por meio do
seu Filho, Jesus Cristo, (cf. Jo 14.6).” A
adoração envolve a interação sincera entre
0 espírito humano e o Santo Espírito de
Deus (l Co 12.7-12).” Amplie mais o seu
conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo
Pentecostal, editada pela CPAD, p.818.

78 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


IV 11.17,18). Nesse caso, tanto a conduta
como o modo de viver são levados em
conta na esfera do culto (1 Co 11.22).
Infelizmente há muitas
reuniões envernizadas
para se parecerem
com um culto, mas, de
fato, não são. Parecem SINOPSE I
reuniões profanas tanto Sendo o culto uma forma de
na sua forma quanto na serviço a Deus, sua prática re­
quer reverência, ordem e san­
sua essência.” tidade.

o apóstolo destacou o seguinte: “Mas AUXÍLIO TEOLÓGICO


faça-se tudo decentemente e com or­
dem” (1 Co 14.40). Nesse texto temos os O CULTO DIRIGIDO
termos gregos euschémonós, traduzido PELO ESPÍRITO SANTO
como “ decentemente” e “ decorosamen- “ Todos sabemos que 0 culto di­
te” ; e taxis, traduzido como ordem. Isso vino deve ser orientado pelo Espí­
nos leva a compreender, portanto, de rito Santo, e consideraríamos uma
acordo com a Bíblia, que o culto precisa temeridade se houvesse nestes es­
ter decoro, decência e ordem. critos a pretensão de tomar para 0
3. O culto é santo. A santidade dehomem prerrogativas que são ex­
Deus é afirmada por toda a Bíblia (Lv clusivas do Senhor. Cabe-nos, no
11.44; Is 433; 1 Pe 1.15,16). Visto que Deus entanto, dizer que 0 Espírito de
é santo (Lv 20.26), 0 culto também deve Deus usa, para todos os atos que se
ser santo. Dessa forma, nada que fosse praticam na igreja, o homem que se
profano deveria fazer parte do culto e coloca à sua disposição. É maravi­
da vida de quem o praticava no Antigo lhoso notar que somos instrumen­
Testamento (Ez 44.9; Am 5.21-27; Is tos do Espírito, e é do agrado do
1.13). Assim , o limite entre o santo e Senhor que seus servos estejam de­
o profano deveria ser m antido (Ez vidamente informados sobre qual­
22.26; 44.23). Por outro lado, 0 Novo quer procedimento nas atividades
Testamento também põe em destaque que a cada um têm sido conferidas.
o viver cristão na esfera do culto, isto A direção de um culto, cabe
é, de uma vida a serviço de Deus (Rm prioritariamente ao Espírito Santo,
15.5). A igreja é 0 espaço sacro onde 0 mas a participação humana é in ­
culto acontece (At 13.2). Assim como dispensável. O elemento humano
no Antigo Testamento, o culto cristão na direção de um culto a Deus pre­
também não deve ser profanado (1 Co

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 79


Não daquela maneira. Infelizmente há
cisa estar primeiramente em sinto­
muitas reuniões envernizadas para se
nia com o Espírito Santo.
parecerem com um culto, mas, de fato,
Dirigir um culto requer muita
não são. Parecem reuniões profanas
responsabilidade, porque, neste ato,
tanto na sua forma quanto na sua es­
se está trabalhando com matéria
sência. Não buscam glorificar a Deus.
prima do Céu, alimento do Céu, que
3. Edificar a igreja. Um dos pro­
se distribui com os famintos espi­
pósitos principais do culto é trazer
rituais. A meta de quem dirige um
edificação à igreja. Assim , na esfera
culto nunca pode ser a de cumprir
do culto, tudo deve buscar a edificação
um anseio humano nem de encon­
(1 Co 14.26). O verbo grego oikodoméo,
trar uma oportunidade para expor os
traduzido como “ edificar” , ocorre 40
frutos do eu e da vaidade, mas, sim,
vezes no Novo Testamento enquanto 0
fazer tudo para glorificar o nome do
substantivo oikodomé, traduzido como
Senhor” (OLIVEIRA, Timóteo. Ra­
“ edificação” , ocorre 18 vezes. O sentido
mos. Manual de cerimônias. Rio de
é de algo que está sendo construído,
Janeiro: CPAD, 2005, p.16).
como na parábola da casa edificada
sobre a rocha (Mt 7.24,26; Lc 6.48). Ele
é usado muitas vezes no contexto do
culto. O fato mais claro de que um dos
propósitos do culto é trazer edificação
II - O PROPÓSITO DO CULTO para a igreja está revelado no capítulo
14 de 1 Coríntios. Nesse capítulo, o
1. Glorificar a Deus. O culto é uma
apóstolo disciplina os usos dos dons na
celebração que se faz a Deus. Celebramos
igreja pelo fato de seu uso não estar
a grandeza de Deus e seus poderosos
trazendo edificação à igreja. Assim ,
feitos (SI 48.1). Assim o culto é uma
aquele que falava línguas na esfera do
celebração pelo que Deus é e pelo que
culto público deveria interpretar para
Ele faz (SI 103.1-5). Nesse aspecto, 0
que a igreja fosse edificada (1 Co 14.5).
culto é sempre cristocêntrico, nunca
Todos os demais dons deveriam seguir
antropocêntrico. Cristo é a esfera ou
esse critério (1 Co 14.12). Da mesma
lugar onde deve acontecer o verdadeiro
forma, os dons m inisteriais (Ef 4.11)
culto (Jo 2.18-22; Mc 14.58). Ele é 0 único
deveriam contribuir para “ edificação
mediador entre Deus e os homens (1
do corpo de Cristo” (Ef 4.12).
Tm 2.5) e 0 Eterno Sumo-Sacerdote (Hb
2.17; 5.5,10). Se Deus não é celebrado,
se Ele não é glorificado, então, o culto
perdeu o seu real sentido.
2. Quando não se cultua a Deus. De
SINOPSE II
fato, há cultos que não cultuam a Deus.
Paulo censurou os coríntios afirmando Embora o alvo do culto seja
que: “ Quando vos ajuntais num lugar, Deus e não o ser humano, um
não é para comer a Ceia do Senhor” (l culto legitimamente cristocên­
Co 11.20). Era como se dissesse: “ o que trico edifica toda a igreja.
vocês estão celebrando não é a Ceia”. Não
era um culto 0 que eles estavam fazendo.

80 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


III - A L IT U R G IA DO CULTO 3. O lugar da adoração no culto pen­
1. A exposição da B íblia. O M o­ tecostal. Um grande teólogo pentecostal,
vim en to P en tecostal tem firm ad o William W. Menzies, destaca 0 lugar que
seu com prom isso com a autoridade a adoração tem entre os pentecostais.
da Bíblia para governar toda crença, De acordo com ele, desde o começo,
experiência e prática. Dessa forma, os pentecostais foram conhecidos no
os pentecostais viram a necessidade mundo todo pelas reuniões de cultos
de ju lg a r o m érito de todo ensino, alegres e ruidosas. Isso era visto nas
manifestações espirituais e conduta à reuniões de oração nas quais todos os
luz da Palavra objetiva e revelada de presentes, coletiva e eloquentemente,
Deus, a Bíblia. Esse fato mostra que a derramavam 0 coração perante Deus em
leitura e a exposição da Bíblia devem oração e louvor. Isso também acontece
ocupar o lugar de primazia na dinâmica no levantar das mãos como resposta a
da liturgia do culto. Nesse aspecto, o percepção de que Deus se faz presente.
pastor que está à frente de uma igreja, e Faz parte também da liturgia pentecostal
responsável pela liturgia do culto, deve louvar a Deus em alta voz e exercitar os
ficar atento ao lugar que as Escrituras dons espirituais durante 0 culto.
têm no culto. O Senhor Jesus, nosso
maior exemplo, fez da exposição das
Escrituras a base de seu ministério (Lc
4.16-18). Escrevendo sobre a liturgia do
culto na igreja de Corinto, o apóstolo SINOPSE III
Paulo pôs a “ doutrina”, “ instrução” (gr. O culto Pentecostal segue o
didaché) como uma das necessidades modelo de litu rgia neotesta-
da igreja (1 Co 14.26). Encontramos m entária, com expressão fe r­
esse mesmo apóstolo, juntamente com vorosa de adoração e prim azia
seu companheiro Barnabé, expondo e ao ensino da Palavra.
ensinando a Palavra de Deus (At 15.35).
Da mesma forma, o apóstolo ficou em
Corinto durante muito tempo expondo
as Escrituras (At 18.11).
2. A adoração entusiástica. A ado­
ração aparece em prim eiro lugar na AUXÍLIO DOUTRINÁRIO
liturgia sugerida pelo apóstolo Paulo à
igreja de Corinto (1 Co 14.26). A palavra “ OS ELEMENTOS DO CULTO
“ salm o” usada nesse texto traduz o Havia diversos elementos na
grego psalmon e é uma referência ao adoração nos tempos do Antigo
hinário usado pelos prim eiros c ris­ Testamento, como oração, sacrifí­
tãos. É possível que o apóstolo esteja cio, oferta, louvor e cântico. Fazia
se referindo aos Salmos de Davi. Não parte da liturgia judaica nas si­
há dúvida de que a adoração na Igreja nagogas do primeiro século d.C. a
Primitiva era entusiástica. Isso porque oração antífona do Shema, ‘ouve’ , a
Paulo se refere a cristãos cheios do confissão de fé dos judeus., a lei­
Espírito que se reuniam para adorar tura bíblica e a exortação. Nossa
(Ef 5.18-20).

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 8l


liturgia é simples e pentecostal, Fé das Assembléias de Deus. Rio de
conforme o modelo do Novo Tes­ Janeiro: CPAD, 2017, p. 145).
tamento: ‘Que fareis, pois, irmãos?
Quando vos ajuntais, cada um de vós
tem salmo, tem doutrina, tem revela­
ção, tem língua, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação’ (l Co CONCLUSÃO
14.26). Ela consiste em oração, lou­ Nesta lição, vimos os princípios que
vor, leitura bíblica, exposição das devem reger um culto cristão. O culto
Escrituras Sagradas ou testemunho não pode ser de qualquer forma, pois
e contribuição financeira, ou sejam ele tem princípios e normas para seguir.
ofertas e dízimos. Entendemos que Como Deus é um Deus de ordem, então,
a adoração está incompleta na falta o culto que se presta a Ele também tem
de pelo menos um desses elemen­ de ser ordenado. Contudo, ordenado não
tos, exceto se as circunstâncias fo­ significa frio e sem vida. O culto deve
rem desfavoráveis ou contrárias” ser um momento de celebração, alegria
(SOARES, Esequias. Declaração de e dinamizado pelo Espírito Santo.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Como a Bíblia mostra o culto a Deus?


Na Bíblia, o culto é mostrado como um serviço, isto é, uma vida entregue e
consagrada a Deus (Dt 6.13).
2. De acordo com a Bíblia, 0 que o culto precisa ter?
De acordo com a Bíblia, o culto precisa ter decoro, decência e ordem.
3. Quando que o culto perde o sentido?
O culto perde o sentido quando Deus não é celebrado, se ele não é glorifi-
cado.
4. Além de glorificar a Deus, qual é o outro propósito do culto de acordo
com a lição?
Um dos propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja. Assim, na
esfera do culto, tudo deve buscar a edificação (l Co 14.26).
5. Qual compromisso o Movimento Pentecostal tem firmado?
O Movimento Pentecostal tem firmado seu compromisso com a autoridade
da Bíblia para governar toda crença, experiência e prática.

VOCABULÁRIO
Envernizar: Aplicar verniz, lustrar, polir, dar brilho.

82 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


LIÇAO 12
24 de M arço de 2024

O PAPEL DA PREGAÇÃO
NO CULTO
\
TEXTO ÁUREO VERDADE PRÁTICA
“ Que pregues a palavra, instes Pregar a Palavra de Deus é a
a tempo e fora de tempo, sublime missão da Igreja. É por
redarguas, repreendas, exortes, intermédio do ministério da
com toda a longanimidade e Palavra que vidas são salvas,
doutrina.” (2 Tm 4.2) transformadas e edifiçadas.

V y

LEITU R A DIARIA

Segunda - Mt 4.23 Quinta - At 8.5


A proclamação da Palavra de Pregando a Cristo em todo tempo
Deus e lugar
Terça - Mt 5.1,2 Sexta - At 2.40
A disposição em ensinar a A pregação como resposta a uma
Palavra de Deus geração sem Deus
Quarta - l Tm 4.13 Sábado - At 8.35
Perseverando em exortar com a As Escrituras como a base da
Palavra de Deus pregação

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 83


L E IT U R A B ÍB L IC A EM C LA SSE

2 Tim óteo 4 .1- 5


1 - Conjuro- te, pois, diante de Deus e do ouvidos, amontoarão para si doutores
Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos conforme as suas próprias concupiscências;
e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, 4 - e desviarão os ouvidos da verdade,
2 - que pregues a palavra, instes a tempo e voltando às fábulas.
fora de tempo, redarguas, repreendas, exor­ 5 - Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as
tes, com toda a longanimidade e doutrina. aflições, faze a obra de um evangelista,
3 - Porque virá tempo em que não sofrerão cumpre 0 teu ministério.
a sã doutrina; mas, tendo comichão nos

Hinos Sugeridos: 499, 505, 559 da Harpa Cristã

PLAN O DE A U LA

1. INTRODUÇÃO crentes a terem vidas mais piedo­


Nesta lição estudaremos a im ­ sas. Por isso, desde os primórdios
portância da pregação da Palavra de da Igreja, o Ministério da Palavra
Deus no culto cristão. Vamos refletir teve primazia no culto cristão.
a respeito do Ministério da Palavra C) Sugestão de Método: Ao ini­
e de seu propósito no culto. Perce­ ciar 0 terceiro tópico, peça aos alu­
beremos que a pregação da Palavra nos exemplos de pregações que não
de Deus traz edificação ao Corpo de seja cristocêntricas nem bíblicas.
Cristo, bem como atua na formação Pergunte a eles que consequências
de valores do povo de Deus. Nesse essas pregações podem trazer para
sentido, veremos que o Ministé­ a vida da igreja. Após ouvi-los aten-
rio da Palavra deve ser exercido de ciosamente, exponha o tópico enfa­
maneira cristocêntrica e, sobretudo, tizando a importância de a pregação
fundamentado na Bíblia. cristã estar fundamentada em Cris­
to e, ao mesmo tempo, ser devida­
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
mente bíblica.
A) Objetivos da Lição: I) Apre­
sentar 0 Ministério da Palavra e seu 3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
propósito; II) Enfatizar a impor­ A) Aplicação: A pregação da Pa­
tância do Ministério da Palavra; III) lavra de Deus tem o propósito de
Explicitar a fundamentação do M i­ edificar a Igreja de Cristo, formar
nistério da Palavra. os valores do crente em Jesus e,
B) Motivação: A pregação da ao mesmo tempo, estabelecer uma
Palavra de Deus é o antídoto divi­ defesa diante de uma cultura sem
no para formar os cristãos, edificar Deus.
a Igreja de Cristo e influenciar os

84 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR que darão suporte na preparação de
A) Revista Ensinador Cristão. sua aula: 1) O texto “ Uma Mensa­
Vale a pena conhecer essa revista gem Pentecostal” , localizado de­
que traz reportagens, artigos, en­ pois do primeiro tópico, aprofunda
trevistas e subsídios de apoio à Li­ a reflexão a respeito do propósito do
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96, Ministério da Palavra; 2) O texto “ O
p.41, você encontrará um subsídio Espírito Santo é a Fonte” , ao final
especial para esta lição. do segundo tópico, amplia a refle­
B) Auxílios Especiais: Ao final xão da importância da pregação.
do tópico, você encontrará auxílios

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO clam ação” . O verbo grego kerysssô,


Nesta lição, veremos a importância da traduzido como “ proclamar” , é usado
pregação bíblica, denominada também nesse sentido em vários textos do Novo
como “Ministério da Palavra”. Nesse Testamento (Mt 3.1; 4.23; Lc 4.18; At
aspecto, para refletir a glória 8.5; Rm 10.8). Nesse aspecto, a
de Deus, a pregação precisa pregação tem 0 propósito de
manter o propósito para a revelar Deus às pessoas (1
qual foi estabelecida: reve- , Co 1.21). Esse fato por si só
lar Deus e educar a igreja. I mostra a grandiosidade da
Por isso, podemos afirmar pregação: trazer o conhe­
que o Ministério da Palavra
é importante, pois assim a
igreja é edificada e moldada
pelos valores do Reino. Uma igreja
2.r cimento de Deus.
O caso emblemático d
Lídia (At 16.14). Enquanto Lídia
ouvia a pregação feita por Paulo, 0 Se­
em que a Palavra de Deus não tem a
primazia, tanto na ação evangelística nhor abriu-lhe o coração. A pregação foi
quanto na discipuladora, é uma igreja o instrumento que Deus usou para se
fraca. Portanto, a natureza da pregaçãorevelar àquela mulher e o resultado disso
foi a sua conversão. Deus é glorificado
precisa ser bíblica e cristocêntrica. Em
outras palavras, deve possuir sólidos na revelação de sua Palavra. Esse fato
fundamentos. é destacado por Paulo na sua Carta aos
Romanos: “ De sorte que a fé é pelo ouvir,
e 0 ouvir pela palavra de Deus” (Rm
I - M IN ISTÉRIO DA PALAVRA E 10.17). Assim, devemos nos conscientizar
SEU PROPÓSITO de que a pregação da Palavra de Deus é
1. A pregação como Proclamação. O mais do que uma simples exposição de
propósito mais sublime do Ministério idéias, mais do que um discurso infla­
da Palavra está no fato de ele revelar
mado; ela é o canal pelo qual Deus se
Deus às pessoas. Frequentemente as
revela ao coração endurecido.
Escrituras se referem a esse aspecto
3. A pregação como instrução. As
da pregação como sendo uma “ pro­
pessoas que foram alcançadas pela pro­
JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 85
clamação da Palavra precisam crescer
e amadurecer no Evangelho, ou seja, lavra de Deus e usado para alcançar
necessitam ser discipuladas, instruídas. este mundo necessitado de Jesus
É significativo o fato de que o ministério Cristo. Desde o nosso começo temos
de Jesus tenha o ensino como um dos sido abençoados com poderosos si­
fundamentos: “ E percorria Jesus toda a nais e maravilhas. Humildemente
Galileia, ensinando nas suas sinagogas” agradecemos a Deus por isso.
(Mt 4.23). No sermão do Monte, Jesus [...] Os primeiros cristãos fo­
também “ ensinava” seus discípulos (Mt ram perseguidos por causa da
5.2). Assim também 0 apóstolo Paulo mensagem que anunciavam e por
gastou grande parte de seu tempo ensi­ aquilo que eram. Também sere­
nando os crentes (At 18.11). Paulo chegou mos perseguidos. Eles foram mal
mesmo a exigir de alguém que tivesse compreendidos pela sociedade em
pretensão ministerial que fosse “apto para que viviam. Também seremos mal
ensinar” (1 Tm 3.2). Tudo isso mostra compreendidos. Os outros grupos
a importância do ministério do ensino religiosos os rejeitaram, por causa
e a responsabilidade de quem o exerce. da posição dogmática de que Jesus
Cristo é o Senhor ressurreto e está
ativamente envolvido nos assun­
tos da igreja. Nós também seremos
rejeitados” (CARLSON, Raymond;
TRASK, Thomas E. et al. O Pas­
SINOPSE I tor Pentecostal: Teologia e Práti­
cas Pastorais. í.ed. Rio de Janeiro:
O Ministério da Palavra exerce
CPAD, 2023, P-99).
um papel de proclamação e, ao
mesmo tempo, de instrução.

II - O M IN ISTÉRIO DA PALA­
VRA E SUA IMPORTÂNCIA
1. A edificação da igreja. A Palavra
AUXÍLIO TEOLÓGICO tem a importante função de edificar a
igreja. Essa edificação vem pelo con­
“ UMA MENSAGEM fronto que o Espírito Santo traz pelo
PENTECOSTAL m inistério da Palavra, que exorta e
A igreja pentecostal conheci­ consola. Às vezes isso pode vir em um
da como Assembléia de Deus é um tom de elogio (1 Co 11.2) ou em uma forte
movimento que começou sobrena­ repreensão (1 Co 11.17). O termo grego
turalmente, em resultado do po­ paraklésis, traduzido como “ exortar”
deroso derramamento do Espírito e “ consolar” , significa um “ chamado
Santo. Desde o seu início, Deus tem para “ ajudar” e “ encorajar”. Ele ocorre
abençoado esse movimento, porque com muita frequência no Novo Testa­
é dependente dEle; é guiado pelo mento, sendo a maioria das vezes no
Espírito Santo, orientado pela Pa­ contexto da igreja. Assim, vemos Paulo
solicitando a Timóteo que persistisse

86 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


em ler, ensinar a Palavra e “ exortar”
(l Tm 4.13) e Lucas destacando que a
SINOPSE II
igreja andava na “ consolação do Espírito
Santo” (At 9.31). Em ambos os textos se O Ministério da Palavra traz
pressupõe o ministério da Palavra como edificação à Igreja, forma os
instrumento de exortação e edificação. valores do crente e levanta
2. Formação de valores. A prega­ uma resistência diante de uma
ção é im portante instrum ento para cultura sem Deus.
formação de uma consciência cristã.
A guerra cultural travada nos últimos
anos contra a fé cristã mostrou a ne­
cessidade de a igreja firm ar cada vez AUXÍLIO TEOLÓGICO
m ais os seus valores. Isso, contudo,
só pode acontecer de forma eficaz por
“ O ESPÍRITO SANTO É A FONTE
meio da formação de uma consciência
Jesus disse: ‘O Espírito é 0 que
cristã fundamentalmente bíblica. Isso
vivifica, a carne para nada aproveita;
significa que a igreja precisa mostrar,
as palavras que eu vos disse são es­
de forma bem didática, sua forma de
pírito e vida’ (Jo 6.63). Essa é a ver­
pensar, crer e agir, ou seja, é preciso
dade poderosa a ser compreendida.
definir sua cosmovisão, isto é, sua visão
Não é minha responsabilidade dar
de mundo. Uma visão que seja diferente
vida. Como pastor, não preciso fazer
à da cultura secular. Esta, por sua vez,
com que algo aconteça em um culto.
sempre se mostrou hostil ao povo de
Como crente, não preciso estar sob a
Deus. Do contrário, não seremos capazes
pressão de ter de realizar algo para
de resistir a inversão de valores por ela
obter resultados espirituais. A má­
disseminada.
gica não está envolvida nos sinais e
3. Resistindo diante de uma cultura
maravilhas de Deus. O Espírito Santo
sem Deus. Jesus censurou seus discípu­
se move quando a Palavra de Deus é
los, chamando-os de “geração perversa”
pregada, e dEle dependemos para os
porque os viu agindo com incredulidade
resultados. A igreja não precisa de
(Mt 17-17)- A influência de uma cultura
demonstrações da carne; precisa de
sem Deus havia atingido negativamente
uma demonstração do Espírito Santo.
os que andavam com Jesus. Por sua vez,
Os crentes se desviam quando a car­
no Pentecostes, Pedro também exortou
ne se manifesta em nossas igrejas.
seus ouvintes a salvarem -se daquela
Há algo poderoso, dinâmico,
“ geração perversa” (At 2.40). Assim
maravilhoso e glorioso, quando as
também Paulo escreveu que Demas,
pessoas chegam à presença de Jesus
um amigo de Ministério, havia amado
Cristo. O Espírito torna o ambien­
aquela presente era e o abandonou (2
te vivo e o enche de poder e expec­
Tm 4.10). Esse mesmo apóstolo exortou
tativa do que Deus está fazendo.
os crentes de Roma a não se conforma­
Quando temos o privilégio de estar
rem com aquela presente era (Rm 12.2).
em tal ambiente, 0 Espírito Santo é
Nas duas últimas referências, a palavra
o agente acelerador. ‘O mesmo Es­
grega aion, traduzida como “ era” ou
pírito Santo que dirigiu os escritores
“ século” , é uma referência clara a uma
da Bíblia também deseja dirigir-nos
cultura sem Deus.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 87


espaços virou um modismo. Parece que
hoje, de modo que venhamos a en­
temos “ pregadores” em demasia, mas 0
tender. Sem o Espírito Santo, a Bíblia
que se passa por pregação na maioria das
é como um oceano que não pode ser
vezes não 0 é. Na verdade são mensagens
sondado, como o céu que não pode
de autoajuda com um verniz de pregação.
ser inspecionado, como uma mina
Esse tipo de mensagem é atraente porque
que não pode ser explorada e como
amacia 0 ego e geralmente consegue
um mistério além da compreensão.
muitos seguidores nas redes sociais para
Devemos — temos de — render-
quem se vale dessa técnica. Contudo, não
-nos à liderança do Espírito Santo’ ”
são pregações de verdade porque não há
(CARLSON, Raymond; TRASK, Tho-
nelas uma exposição de um conteúdo
mas E. et al. O Pastor Pentecostal:
bíblico. A ênfase está na performance,
Teologia e Práticas Pastorais. í.ed.
forma ou modo de se exibir a temática
Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.103).
a ser abordada. O objetivo quase sempre
é financeiro (Fp 3.19; 1 Tm 6.9). A dou­
trina do pecado, o apelo por uma vida
separada do mundo e dedicada a Deus
são esquecidos (2 Co 6.17). Essa modali­
III - O M IN ISTÉRIO DA PALA­ dade de pregação opõe-se ao verdadeiro
VRA E SUA FUNDAMENTAÇÃO Evangelho de Cristo. É uma mensagem
1. Deve ser cristocêntrico. A Bíblia diz sem cruz (G1 6.14-16). Na verdade, esse
que “descendo Filipe à cidade de Samaria, tipo de pregação glorifica os homens que
lhes pregava a Cristo” (At 8.5). A pregação são amantes de si mesmos (2 Tm 3.1-5).
precisa ser cristocêntrica. Cristo é 0 centro
da Bíblia (Lc 24.27), 0 centro da mensagem
dos profetas: “ indagando que tempo ou
que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, SINOPSE III
que estava neles, indicava, anteriormente
O M inistério da Palavra deve ser
testificando os sofrimentos que a Cristo
fundam entalm ente cristocêntri­
haviam de vir e a glória que se lhes havia de
co e, ao mesmo tempo, bíblico.
seguir” (1 Pe 1.11). Assim, 0 alvo da pregação
é revelar Cristo. Apoio, por exemplo, era
conhecido por sua eloquência e capacidade
de mostrar que o Cristo prometido nas
Escrituras hebraicas era Jesus de Nazaré: CONCLUSÃO
“Porque com grande veemência convencia Após a exposição desta lição, consta­
publicamente os judeus, mostrando pelas tamos que a igreja precisa manter-se fiel
Escrituras que Jesus era o Cristo” (At ao ministério da Palavra. Isso só pode ser
18.28). Dizendo isso, precisamos destacar feito por meio de uma pregação genui­
que a forma e os métodos usados para namente bíblica que reflita os valores do
a exposição das Escrituras são impor­ Reino de Deus. Para isso, não há atalhos.
tantes. Contudo, o mais importante é a Numa cultura cada vez mais hostil à fé
revelação do seu conteúdo, Cristo Jesus. cristã, a igreja necessita proclamar as
2. Deve ser bíblico. Vivemos em um verdades do Reino por meio da poderosa
tempo em que a pregação em muitos pregação da Palavra de Deus.

88 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


REVISANDO O CONTEÚDO

1. Em que fato o propósito mais sublime da Igreja está amparado?


O propósito mais sublime do Ministério da Palavra está no fato de ele re­
velar Deus às pessoas.
2. O que as pessoas, que foram alcançadas pelo Evangelho, precisam fazer?
As pessoas que foram alcançadas pela proclamação da Palavra precisam crescer
e amadurecer no Evangelho, ou seja, necessitam ser discipuladas, instruídas.
3. Qual é a função da Palavra na igreja?
A Palavra tem a importante função de edificar a igreja. Essa edificação vem
pelo confronto que o Espírito Santo traz pelo ministério da Palavra, que
exorta e consola.
4. O que a igreja precisa mostrar de forma bem didática?
O que significa que a igreja precisa mostrar, de forma bem didática, sua
forma de pensar, crer e agir, ou seja, é preciso definir sua cosmovisão, isto
é, sua visão de mundo.
5. De acordo com a lição, qual é o alvo da pregação?
O alvo da pregação é revelar Cristo.

L E IT U R A S P A R A APRO FUND AR

Pregação Bíblica Pregação em Crise


O livro aborda os princípios Ventos da pós modernidade
homiléticos da arte da pregação,
assolam a igreja e, em busca
mostra também como diferentes
de adequação, muitos pastores
métodos podem ser adaptados com e pregadores preferem atenuar
sucesso em vários contextos e em
verdades bíblicas para não
todo tipo de mensagem.
ofenderem seus ouvintes.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 8 9


LIÇÃO 13
31 de M arço de 2024

O PODER DE DEUS
NA MISSÃO DA IGREJA
\
TEXTO ÁUREO
“Mas recebereis a virtude do VERDADE PRÁTICA
Espírito Santo, que há de vir sobre O Espírito Santo é a força-motriz
vós; e ser-m e-eis testemunhas que movimenta a Igreja. Sem
tanto em Jerusalém como em 0 poder do Espírito, a Igreja é
toda a Judeia e Samaria e até aos incapaz de cumprir a sua missão.
confins da terra.” (At 1.8)
V____________ ____________________________ )

LEITU R A DIÁRIA

Segunda - At 1.4 Quinta - At 2.47


A necessidade da experiência Uma igreja capacitada pelo Espírito
pentecostal Sexta - At 13.1-3
Terça - At 5.32 0 chamado missionário sob a
A especificidade da experiência direção do Espírito
pentecostal Sábado - At 16.6-10
Quarta - At 2.17 0 Espírito Santo na estratégia
0 derramamento do Espírito missionária

L ________________________________ ____________________________________ J

90 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


L E IT U R A B ÍB L IC A EM C LA SSE

Atos 13 .1-4
1 - Na igreja que estava em Antioquia Barnabé e a Saulo para a obra a que os
havia alguns profetas e doutores, a saber: tenho chamado.
Barnabé, e Simeão, chamado Niger, e 3 - Então, jejuando, e orando, e pondo
Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado sobre eles as mãos, os despediram.
com Herodes, 0 tetrarca, e Saulo. 4 - £ assim estes, enviados pelo Espírito
2 - E, servindo eles ao Senhor ejejuan- Santo, desceram a Selêucia e dali nave­
do, disse 0 Espírito Santo: Apartai-me a garam para Chipre.

Hinos Sugeridos: 05, 553, 6 54 da Harpa Cristã

PLAN O DE A U LA

1. INTRODUÇÃO (Rm 8.9). Contudo, dada a urgên­


Por meio desta lição, refletire­ cia, magnitude da missão, brevidade
mos nas palavras de Jesus Cristo do tempo e caos no mundo, neces­
aos discípulos, de que receberíam a sitamos de mais, necessitamos ser
virtude do Espírito Santo como um cheios do Espírito Santo.
pré-requisito para serem suas tes­ C) Sugestão de Método: Propo­
temunhas até os confins da terra. mos que, ao longo da lição, você en­
A doutrina bíblica do Espírito San­ fatize a obra regeneradora e capaci-
to nos mostra que o revestimento tadora do Espírito Santo na vida do
do poder do Alto é imprescindível à crente e da Igreja. Explique que cada
missão da Igreja, tanto no passado crente precisa passar pela experiên­
quanto no presente. cia salvífica. Além disso, há outra
experiência indispensável ao cren­
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
te que deseja levar outras pessoas a
A) Objetivos da Lição: I) Refletir Cristo: o Batismo no Espírito Santo.
acerca da doutrina bíblica do Espí­ Essas duas experiências serão ates­
rito Santo; II) Analisar as diferentes tadas em nossa sociedade, família,
perspectivas da capacitação do Es­ comunidade na qual a Igreja e cada
pírito Santo a sua Igreja; III) Pensar um de nós está inserido. Ora, tal
no Espírito Santo como 0 principal como os discípulos, precisamos ser
impulsionador da obra missionária. cheios do Espírito para cumprir a
B) Motivação: Compreendemos Grande Comissão, transbordando da
que o Espírito de Cristo está pre­ sua graça e salvação.
sente e atuante em sua Igreja hoje,
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
assim como em todo crente genuíno
A) Aplicação: Como pentecostais,

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 91


nossa doutrina bíblica é evidenciada B) Auxílios Especiais: Ao final do
em nossas vidas e igrejas ao longo tópico, você encontrará auxílios que
dos séculos, provando a contempora- darão suporte na preparação de sua
neidade dos dons espirituais e a for­ aula: 1) O texto “ O que a expressão
ma como o seu revestimento resulta ‘Ser Cheio do Espírito Significa?” ,
em salvação e avivamento espiritual. localizado depois do segundo tópico,
expõe por meio da teologia pente -
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
costal, 0 aprofundamento do signi­
A) Revista Ensinador Cristão. ficado do Batismo no Espírito Santo;
Vale a pena conhecer essa revista 2) O texto “ Espírito Santo: impulso
que traz reportagens, artigos, en­ e força missional da Igreja” , ao final
trevistas e subsídios de apoio à Li­ do terceiro tópico, aprofunda o en­
ções Bíblicas Adultos. Na edição 96, sino acerca da obra regeneradora e
p.42, você encontrará um subsídio capacitadora do Espírito Santo para
especial para esta lição. a vida e missão da Igreja no mundo.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO do Espírito Santo na vida de Jesus e da


Nesta lição focaremos nossa atenção primeira igreja como uma necessidade
no poder do Espírito Santo na missão da imperiosa. Nesse sentido, o evangelista
Igreja de Cristo. Aqui, mostraremos que mostra que sem a ação do Espírito no
o povo de Deus não pode prescindir do ministério de Jesus e na vida da igreja, os
revestimento do poder pentecostal cristãos não estariam qualificados para
para obter êxito na sua missão na ser testemunhas do Senhor. Essa
Terra. Assim, demonstraremos promessa estava associada ao
que a ação do Espírito Santo, revestimento do poder do
e a contemporaneidade de
Palavra-Chave Espírito, conforme descrito
seus dons na Igreja, não se I nas palavras de Jesus como
trata de uma mera opção, Revestimento I 0 “ poder do alto” (Lc 24.49).
mas de algo imprescindível,
a sua maior necessidade. Sem W l 2. 0 enchimento do Espí­
rito como experiência neces­
0 Espírito Santo, a igreja local não sária. O Senhor Jesus só começou
anda nem cumpre sua vocação. 0 seu ministério depois de ser cheio do
Espírito Santo (Lc 3.21,22). Nosso Senhor
fez a obra de Deus e a fez no poder do
I - A DOUTRINA DO ESPÍRITO
Espírito Santo. Ele foi capacitado pelo
SANTO SEGUNDO O EVANGE­ Espírito Santo (Lc 4.18,19) e dependeu
LIS TA LUCAS dEle para exercer 0 ministério (Lc 5.17;
1. Um ensino revelado nos escritos
Mt 12.28). Da mesma forma, a igreja só
de Lucas. Tanto o Evangelho quanto
deveria iniciar 0 trabalho missionário
o Livro de Atos, ambos escritos pelo
quando fosse revestida desse mesmo
evangelista Lucas, revelam o ministério

92 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


poder. Por isso, podemos afirmar que, 4. A doutrina pentecostal clássica.
no contexto literário do evangelista Desde seus primórdios, a doutrina pen­
Lucas, especialmente no Livro dos Atos tecostal clássica afirma que “ o falar em
dos Apóstolos, o Espírito Santo aparece línguas desconhecidas” é a evidência
como uma necessidade, não como opção. física inicial do batismo no Espírito San­
3. O enchimento do Espírito como to. Em três ocasiões no Livro de Atos, a
uma experiência concreta. Se por um lado manifestação das línguas está presente
Lucas apresenta 0 Espírito Santo como uma e, em todas elas, chama a atenção o fato
necessidade na vida da Igreja, por outro, de “ todos” terem experimentado 0 fenô­
ele mostra que o enchimento do Espírito meno de falar em outras línguas (At 2.4;
ocorre como uma experiência concreta 10.44-46; 19.6). Até mesmo a narrativa
na vida do crente. Nesse sentido, 0 Livro de Atos 8.14-25, onde não há menção
de Atos retrata a experiência pentecostal de ocorrência de línguas, o evangelista
como um acontecimento objetivo, não parece deixar subtendido que as línguas
subjetivo. Ela podia ser “vista” e “ouvida” estiveram presentes ali (At 8.18; cf. At
(At 5.32). Havia manifestações físicas que 9.17). Assim, estudiosos dos livros de
se tornavam reais para quem as tinha e Lucas reconhecem que 0 uso que o evan­
visíveis para quem as presenciava. Em gelista faz das expressões “ Batismo no
outras palavras, quem recebeu sabia que Espírito Santo” ou “ ser cheio do Espírito
havia recebido (At 11.15-17). Dentre os Santo” em Atos dos Apóstolos tem a ver
muitos sinais, um se sobressaía sobre os com a experiência do derramamento do
demais - 0 falar em línguas desconhecidas Santo Espírito acompanhada de línguas
(At 2.4; 10.44-46; 19.1-6). desconhecidas como evidência inicial.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

O PROPÓSITO DO PENTECOSTES
“ Lucas argumenta que Deus der­
ramou o Espírito para empoderar seu
povo para evan gelizar tran scu ltu -
ralm ente; mas qual foi 0 resultado
esperado desse evangelism o tran s-
cultural? Deus pretendia criar uma
nova comunidade na qual os crentes
amariam uns aos outros e demons­
trariam para esse tempo a própria
imagem da vida de seu Reino. Podemos
ver esse propósito de evangelização na
estrutura do parágrafo de fechamento
dessa seção introdutória de Atos
Amplie mais 0 seu conhecimento, lendo
a obra Entre a História e o Espírito,
editada pela CPAD, p.252.

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 93


fazer a sua obra. Ele possuía testemu­
nhas capacitadas pelo Espírito Santo.
SINOPSE I 3. Capacitando a igreja. No contexto
A Doutrina bíblica do Espírito literário e doutrinário de Lucas, a igreja
do Novo Testamento é vista como por­
Santo assegura que o seu poder
tadora de uma missão profética. Nela,
é imprescindível ao cristão e à
há um m inistério profético de todos
Igreja.
os crentes (At 2.17). Nesse sentido,
conforme o contexto de Atos, 0 teste­
munho não é apenas individual, como
mostrado nesta lição, mas também de
toda a igreja descrita em Atos. Assim,
II - O ESPÍRITO SANTO CA­ essa comunidade de crentes, capacitada
PACITANDO AS TESTEM UNHAS pelo Espírito Santo, ganhava a confiança
1 . Capacitando as testemunhas. No e a admiração das pessoas ao seu redor
Livro de Atos, é possível perceber o en­ (At 2.47). Portanto, 0 crescimento das
sino da capacitação do Espírito Santo sob igrejas em Atos estava associado ao tes­
diferentes perspectivas. Primeiramente, temunho dado pelos grupos de crentes
o Espírito capacitando líderes para o capacitados pelo Espírito Santo (At 9.31).
desempenho da obra de Deus (At 4.33).
Nesse sentido, vemos o apóstolo Pedro
sendo “ cheio do Espírito Santo” quando
foi confrontado pelos sacerdotes (At
SINOPSE II
4.8); 0 apóstolo Paulo quando é cheio do
Espírito Santo para resistir a Elimas, 0 A capacitação do Espírito Santo
mágico (At 13.9). Depois, vemos também é evidenciada na vida de suas
que não eram só os que faziam parte testemunhas, repercutindo ao
do colégio apostólico que eram cheios seu redor.
do Espírito. Pessoas “ comuns” também
eram revestidas do poder do alto. Na
verdade, o que se observa em Lucas é
que o revestim ento do Espírito veio
sobre “ toda carne” (At 2.17).
2. Pessoas simples capacitadas
AUXÍLIO TEOLÓGICO
pelo Espírito. Vemos isso claramente
O QUE A EXPRESSÃO “ SER
quando Ananias, até então, um ilus­
CHEIO DO ESPÍRITO” SIGNIFICA?
tre desconhecido, é convocado por
“A terminologia ‘cheio do Espí­
Deus para im por as m ãos naquele
rito Santo’ tem o mesmo significa­
que seria 0 maior apóstolo de todos
do nos escritos de Lucas e de Paulo?
os tempos, Paulo (At 19.10,11). Assim
Os teólogos pentecostais respondem
também Estevão e Filipe, que haviam
que não, pois ser ‘cheio do Espíri­
sido escolh idos para “ serv irem as
to Santo’ em Lucas está relaciona­
mesas” , fazendo sinais e prodígios (At
do ao serviço e à mordomia cristã,
6.8; 8.6). Fica patente que Deus não
enquanto que ser ‘cheio do Espírito
tinha uma classe privilegiada para

94 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


ter adotado a estratégia errada na obra
Santo’ em Paulo está implicitamente
missionária quando intentaram pregar na
ligado a questões de caráter e san­
Ásia e Bitínia, mas foram impedidos pelo
tidade. Longe de ser uma contradi­
Espírito Santo (At 16.6,7). Foi o Espírito
ção, há um verdadeiro complemen­
Santo que decidiu quem deveria ouvir
to, pois como servir sem o caráter
o Evangelho naquela circunstância (At
cristão? Como manifestar os traços
16.9). Ponderamos aqui que, muitas vezes,
de Cristo e ainda permanecer iner­
é possível que agências missionárias e
te diante do serviço para o Reino de
igrejas adotem uma estratégia errada no
Deus?” (SIQUEIRA, Gutierres Fer­
envio de missionários. Não basta só 0
nandes. Revestidos de Poder: Uma
desejo de fazer missões, mas é preciso
Introdução à Teologia Pentecostal.
buscar a orientação do Espírito Santo
Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.83).
a respeito de como isso deve ser feito.

III - O ESPIRITO SANTO COMO


FONTE GERADORA DE MISSÕES SINOPSE III
1. O envio missionário. O capítulo O poder do Espírito Santo im -
13 do livro de Atos dos apóstolos narra pulsiona-nos no cumprimento
o envio dos primeiros missionários da da Grande Comissão.
igreja em Antioquia. O que chama a
atenção nessa narrativa é a participação
ativa do Espírito Santo no envio m is­
sionário. Nesse texto, Lucas menciona
que havia alguns profetas na igreja
que estava em Antioquia (13.1). É bem
AUXÍLIO TEOLÓGICO
possível que essa observação do autor
sagrado fosse para explicar como se
ESPÍRITO SANTO: IMPULSO E
deu a participação do Espírito Santo no
FORÇA MISSIONAL DA IGREJA
comissionamento de Paulo e Barnabé
“ [...] Os pentecostais ensina­
para a primeira viagem missionária.
ram que o Espírito Santo não é uma
Lucas mostra que, por intermédio dos
peça calada e meramente simbólica
dons do Espírito, os dois obreiros fo­
de Cristo. Ele é 0 Vicário, ou seja,
ram separados para uma grande obra
Ele veio para substituir a pessoa de
de maneira clara e audível. O foco do
Cristo na terra e na Igreja de manei­
evangelista é que 0 Espírito Santo é a
ra factual. O Espírito Santo é aquele
fonte geradora de missões, pois Ele é
que aviva a Igreja e capacita-a para
quem vocaciona e envia (At 13.2).
o serviço na comunidade e pela co­
2. A estratégia missionária. Em um munidade, bem como no mundo e
mundo multicultural, a questão da es­ pelo mundo. Ele é o impulso e a for­
tratégia missionária deve ser levada em ça missional da Igreja [...] O pen-
conta. Não somente enviar, mas quem tecostalismo lembrou em voz alta
enviar, quando enviar e como enviar. (literalmente) que Ele está aqui e que
Por exemplo, Paulo e Barnabé poderiam

JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR 95


não há substituto à altura de Cris­ Revestidos de Poder: Uma Intro­
to se não a pessoa divina do Espírito dução à Teologia Pentecostal. Rio
Santo, que é também o Espírito de de Janeiro: CPAD, 2018, pp.28-29).
Cristo. E uma igreja com uma pneu-
matologia forte é uma igreja com
uma missão forte. Como escreveu o
alemão Reinhard Bonnke, um típico CONCLUSÃO
evangelista pentecostal: Encerramos esta lição e, consequen­
‘O que recentemente se tem co­ temente, este trimestre, mostrando que
nhecido do Espírito Santo — prin­ o Pentecostes faz toda a diferença no
cipalmente por experiência — ul­ cumprimento da vocação missionária
trapassou todas as barreiras, ligou da Igreja. Sem a ação do Espírito Santo,
crentes de todos os nomes e diver- a igreja local está desabilitada para
sidades por todo o globo, e produziu cumprir sua missão. O Espírito Santo
uma nova paixão evangelística’ ” é a força-m otriz do Corpo de Cristo
(SIQUEIRA, Gutierres Fernandes. em sua dimensão local. Sem o Espírito
Santo, a igreja não vai a lugar algum.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. O que o Evangelho de Lucas e o Livro de Atos revelam?


Revelam o ministério do Espírito Santo na vida de Jesus e da primeira igreja
como uma necessidade imperiosa.
2. O que podemos afirmar de acordo com o contexto literário de Lucas?
Podemos afirmar que, no contexto literário do evangelista Lucas, especial­
mente no Livro dos Atos dos Apóstolos, 0 Espírito Santo aparece como uma
necessidade, não como opção.
3. De acordo com a lição, o que a doutrina pentecostal clássica afirma em
relação às línguas?
Afirma que “ o falar em línguas desconhecidas” é a evidência física inicial do
batismo no Espírito Santo.
4. De acordo com a lição, por que não havia separação entre líderes e mem­
bros na questão da capacitação do Espírito Santo?
Porque pessoas “ comuns” também eram revestidas do poder do alto. Na
verdade, o que se observa em Lucas é que o revestimento do Espírito veio
sobre “ toda carne” (At 2.17). Fica patente que Deus não tinha uma classe
privilegiada para fazer a sua obra. Ele possuía testemunhas capacitadas pelo
Espírito Santo.
5. O que chama atenção na narrativa de Atos 13?
O que chama a atenção nessa narrativa é a participação ativa do Espírito
Santo no envio missionário.

96 LIÇÕES BÍBLICAS • PROFESSOR JANEIRO • FEVEREIRO • MARÇO 2024


NEM TUDO
O QUE RELUZ
ÉOURO
As heresias históricas não morreram ou desapare­
ceram. Cada geração possui sua própria cota delas.
As versões modernas continuam a atormentar as
igrejas e a minar as boas novas de Jesus.
Heresias como pelagianismo, semipelagianismo e
teologia da prosperidade, estão presentes até hoje,
muitas vezes disfarçadas com novas roupagens, tra­
zendo confusão e engando para muitas igrejas.
Para proteger nossas congregações de suas nefas­
tas influências, nada melhor do que educá-las sobre
as verdades bíblicas e teológicas acerca da pessoa
de Jesus, de Deus e acerca da salvação.
Para mais informações

CB4D
VALORES CRISTÃOS,
POLÍTICA E SUAS RELAÇÕES
COM O ES T ADO D E M O C R Á T I C O
DE DI REI TO
Areligiãoestápresentepor meiodasações decidadãos queprofessamsuaféenão
podeser arbitrariamente banidaenemmesmoignorada por imposiçãodegrupos
laicistas eirreligiosos. Énotórioemnossopaís aparticipaçãocadavez maior das
confissões religiosas naesferapública, nospoderes legislativo, executivoejudiciário.
Dentreosevangélicos, ospentecostais possuemomaior índicederepresentatividade
denominacional emnosso País. E, dentrodopentecostalismo, os membros das
AssembléiasdeDeusdeMissãodestacam-seporsuacrescenteparticipação.
Emvirtudedoaumentodavisibilidadepentecostal noespaçopúblico, dascaracterizações
dalaicidadebrasileiraedopluralismocultural, surgeaproblematizaçãodalegalidade
edograudeinfluênciado“ethos” pentecostal naesfera pública.

CPAD

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