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ASSEMBLEIA DA REPUBLICA Sessdo Ordinaria PROVENIENCIA: Conselho de Ministros. ASSUNTO: Proposta de Revisdo da Lei n.° 21/97, de 01 de Outubro, Lei de Electricidade. RESULTADO DA APRECIACAO: AR — IX/Prop.Lei/149/14.12.2021 os osc Soseososcs @ REPUBLICA DE MOGAMBIQUE (12) 292] PRIMEIRO-MINISTR' Anreldone oficion.» 429 pmszrz021 Sxelides; Nos termos da alinéa e) n.° 1 artigo 182, da Constituigao da Republica, conjugado com o n° 5 do artigo 122 da Lei n° 17/2013, de 12 de Agosto, que aprova o Regimento da Assembleia da Reptiblica, alterado e republicado pela Lei n.° 12/2016, de 30 de Dezembro, tenho a honra de submeter, em nome do Conselho de Ministros, para apreciacdo pela Assembleia da Republica, a Proposta de Lei de revisao de Lei n.° 21/97, de 01 de Outubro, Lei de Electricidade, apreciada na 33.* Sessdo Ordinaria do Conselho de Ministros, de 28 de Setembro de 2021, com o respectivo documento do impacto orgamental O Senhor Ministro dos Recursos Minerais e Energia é indigitado para apresentar esta Proposta Apresento-Ihe os meus respeitosos cumprimentos. Maputo, o§ de Dezembro de 2021 Alta Consigeragao © PRIMEIRO-MINISTRO CARLOS AGOST! ROSARIO SUA EXCELENCIA Dra. ESPERANCA BIAS PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA MAPUTO Sectetariado Geral da Assembidla da Repiblica Hore ie, CC. ~ SEXAMRME ~ SEXA MJACR Lumen RUA BELMIRO OBADIAS MUIANGA, TELEFONE N.*21426861/3.E 823186150/20/410, FAX N° 21426881, CAIKA POSTAL N 2604 Lou EP 1518208 REPUBLICA DE MOCAMBIQUE PROPOSTA DE LEI QUE REVE A LEIN.° 21/97, DE 1 DE OUTUBRO, LEI DE ELECTRICIDADE FUNDAMENTAGAO A Lei n° 21/97, de 21 de Outubro (Lei de Electricidade), criou condigdes para a abertura do sector eléctrico iniciativa privada, através do regime juridico das concessdes, ¢ criou a figura de Gestor da Rede Nacional de Transporte de Energia Eléctrica e 0 Conselho Nacional de Electricidade, transformado em Autoridade Reguladora de Energia (ARENE), com uma fungdo na condugao dos processos de atribuigado de concessdes e no estabelecimento e aprovacao de tarifas e precos. Desde a aprovagdo da Lei de Electricidade em 1997, isto é, ha quase 24 anos, o sector energético tem registado uma evolugao consideravel, consubstanciando-se: i. no aumento do acesso a energia, tanto através da rede eléctrica nacional como através de sistemas isolados baseados em sistemas fotovoltaicos, incluindo os sistemas solares residenciais; ii, na celebragdio de mais de dez concessdes de geraclio de energia eléctrica, totalizando a capacidade de producio do equivalente a 3.873 Megawatts, incluindo as de Gigawatt, CTRG, Kuvaninga e Mocuba, ja em produgao; iii, na outorga de duas concessdes de transporte de electricidade sendo uma para MOTRACO, que transporta electricidade para a fabrica de fundido de aluminio da Mozal e outra a Kenmare para a linha de transporte de energia eléctrica para 0 projecto de areias pesadas. De igual modo, a dinamica que caracteriza a economia nacional traduz-se de forma directa no crescimento das necessidades de energia e do seu fomecimento em condigdes seguras. Assim, 0 processo de revisao da Lei de Electricidade, em curso, tem em vista adequar a Lei a dindmica e exigéncias proprias de um sector energético em franco crescimento, nomeadamente: 1) Melhorar o funcionamento eficiente do sector, consistente com as alteragdes em curso a nivel do sector eléctrico no Pais e na regiio, tendo em conta a estratégia global do Governo para o sector de energi 2) Atender o crescimento futuro do sector, considerando os objectivo do acesso universal a electricidade até 2030, incluindo o desenvolvimento de projectos de exportacao de energia, salvaguardando a sua alocacao para atender ao aumento da procura interna; 3) Criar mecanismos que promovam uma maior e efectiva participacao do sector privado no fornecimento de energia eléctrica, incluindo a participago na implementagdo de grandes projectos, altamente intensiva em capital; 4) Identificar alteragdes no processo de atribuigio de concessio para o fornecimento de energia eléctrica necessarias para acelerar uma rapida implementag&io dos mesmos e em particular nas energias novas e renovaveis; 5) Identificar acgdes que concorrem para a transigdo energética. Os desenvolvimentos registados na materializagio_e priorizagio de empreendimentos energéticos, envolvendo investimentos piiblicos e privados, bem como a complexidade das relagdes dai emergentes, requerem o estabelecimento de um Gestor da Rede de Transporte de Energia Eléctrica efectivo e com fungdes do planeamento do sistema. Nestes termos, temos a honra de submeter a presente proposta de revisdo da Lei de Electricidade, a apreciagdo e aprovacio pela Assembleia da Repiblica Maputo, Outubro de 2021 REPUBLICA DE MOCAMBIQUE LEIN® = /2021 Tornando-se necessério adequar 0 quadro legal aos desafios do acesso universal & energia, com qualidade e fiabilidade, com recurso a todas as fontes energéticas, em especial as fontes renovaveis, e promover a redugao de emissdo de gases com efeito de estufa, tendo em vista a transic&o energética o desenvolvimento; ao abrigo do disposto no artigo 178 da Constituigo da Repiiblica, a Assembleia da Repiiblica determina: CAPITULO I DISPOSIGOES GERAIS ARTIGO 1 (Definigdes) O significado dos termos e expressées utilizados constam do glossério, em anexo a presente Lei. ARTIGO 2 (Ambito) 1. A presente Lei aplica-se & produgdo, armazenamento, transporte, distribuigdo e comercializagao de energia eléctrica no territério da Reptiblica de Mogambique, bem como sua importagtio e exportago para ou do territério nacional. 2. Ouso e aproveitamento de fontes energéticas para diferentes fins da producao de energia eléctrica sera objecto de legislagao especifica. ARTIGO 3 (Objectivos) A presente Lei tem como objectivos: a) definir a politica geral da organizagao do Sector ¢ gestdo do fornecimento da energia eléctrica; b) definir o regime juridico geral das actividades de produgdo, armazenamento, transporte, distribuicao e comercializagao de energia eléctrica no territério da Repiblica de Mogambique, bem como a sua importagio e exportacao para ou do territério nacional e o regime da concessao de tais actividades. ©) garantir a universalizacéo do acesso com base no balango entre um fornecimento fidvel e acessivel e um atendimento adequado 4 procura; d) garantir seguranga do fornecimento de energia eléctrica; e) assegurar a melhoria do desempenho operacional do sector e da qualidade de servigo; f) promover a eficiéncia e sustentabilidade financeira do sector e actividades sectoriais, mediante regimes tariffrios baseados em custos e pregos eficientes ou competitivos; g) fortalecer a participagao do sector privado no desenvolvimento de infa- estruturas do Sistema Eléctrico Nacional; h) estimular o uso eficiente da energia eléctrica tendo em vista 0 objectivo da eficiéncia energética e a protecgao social da populagiio vulnerdvel; i) assegurar a sustentabilidade ambiental e 0 aumento e diversificagio da participagdo de energias e renovaveis no fornecimento de energia eléctrica, tendo em vista a transigdo energética. CAPITULO II ESTRUTURA INSTITUCIONAL ARTIGO 4 (Papel do Estado) . O Estado e demais pessoas colectivas de direito publico tém uma acgao determinante na promogao de valorizagao das potencialidades existentes, de forma a permitir um acesso cada vez mais alargado aos beneficios da energia eléctrica e contribuir para o desenvolvimento econémico e social do pais. . O Estado assegura a participagdo da iniciativa privada no servigo piiblico de fornecimento de energia eléctrica, incluindo através de parcerias piiblico- privadas, mediante concessées que garantem 0 direito de uso e aproveitamento do potencial energético, salvaguardando os interesses nacionais. © Estado tem a responsabilidade da formulagao de politicas, estratégias, planeamento, organizagao e definigio do quadro juridico-regulatério do Sistema Eléctrico Nacional. 4. O Estado promove a cooperagio e integrago regional na drea da energia eléctrica, ARTIGO 5 (Competéncias do Conselho de Ministros) Compete ao Conselho de Ministros: a) aprovar empreendimentos de fornecimento de energia eléctrica com uma poténcia instalada igual ou superior a 100 MW; b) definir as competéncias quanto a outorga dos direitos de fornecimento de energia eléctrica para poténcia instalada inferior a 100 MW; ©) definir os procedimentos para a outorga dos direitos de fornecimento de energia eléctrica para as mini-redes; d) definir politicas, estratégias e planos que assegurem a eficiéncia, competitividade e sustentabilidade do sector eléctrico, acesso universal, bem como a seguranca energética nacional. ¢) regulamentar a presente Lei, incluindo as normas complementares sobre saiide, seguranga, higiene no ambito do exercicio das actividades de fornecimento de energia eléctrica; e f) exercer as demais competéncias que Ihe forem atribuidas nos termos da legislagdo aplicavel. ARTIGO 6 (Autoridade Reguladora de Energia) Compete 4 Autoridade Reguladora de Energia (ARENE), a regulaco do Sector Eléctrico Nacional com a finalidade de, entre outros, assegurar a eficiéncia e a racionalidade no desempenho das actividades de fornecimento de energia eléctrica, bem como zelar pela defesa dos direitos dos consumidores e demais intervenientes, de acordo com o estabelecido na Lei n.° 11/2017, de 8 de Setembro. ARTIGO7 (Gestao do Sistema Eléctrico Nacional) 1. A gestio do Sistema Eléctrico Nacional é atribuida a uma pessoa colectiva de direito piblico, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, que garanta a operacionalidade, a expansao do servigo piiblico de fornecimento de energia eléctrica. 2. A entidade gestora do Sistema Eléctrico Nacional exerce as fungdes de Operagao de Sistema e de Operagdo Mercado, com suporte do Centro Nacional de 3 Despacho, incluindo o desempenho das fungdes de planeamento e desenvolvimento do Sistema, competindo-lhe: a) fazer a gestio técnica e de mercado do sistema eléctrico de produgao e de transporte; b) assegurar o balango entre o fornecimento e consumo de electricidade, garantindo a estabilidade e a seguranca do sistema em tempo real; c) garantir que 0 fornecimento de electricidade seja feito 20 menor custo, com qualidade e seguranga, integridade técnica a curto, médio ¢ longo prazos; d) garantir a seguranga, estabilidade e fiabilidade do sistema de interligagdes regionais para assegurar 0 acesso a todos os intervenientes até ao consumidor final; e) assegurar 0 acesso n&o discriminatério a todos os utilizadores da Rede Nacional de Transporte; f) assegurar o funcionamento eficiente do mercado de electricidade, nomeadamente efectuar a medig&o de energia, contagem, facturagao e pagamentos; g) supervisionar a utilizacio da Rede Nacional de Transporte de energia eléctrica e as ligagdes entre esta rede e a rede de transporte dos paises vizinhos; h) garantir a correcta gestao dos transitos de energia eléctrica, acordados ou protocolados, de e para as redes eléctricas dos paises vizinhos; i) coordenare planificar o desenvolvimento da Rede Nacional de Transporte; j) elaborar a previsao global anual, a de médio e a de longo prazo, da procura interna e regional através da avaliagdo agregada e ajustada do consumo e da produgao tendo em consideraco as interrupgdes programadas para a manutengao na produgao, no transporte e na distribuigéo e uma margem para as interrupgdes nao programadas tomando por base a evolugao do historico registado; k) garantir a correcta implementacéo e cumprimento do Cédigo da Rede Eléctrica Nacional, incluindo proposta de sangées a Autoridade Reguladora de Energia, decorrentes do seu incumprimento; 1) celebrar contratos com todos os concessionarios ¢ consumidores ligados & Rede Nacional de Transporte ou requerendo ligagéo 4 Rede Nacional de Transporte; m) celebrar contratos com os concessionarios que proporcionam capacidade de transporte a ser incluida na Rede Nacional de Transporte e servigos de sistema considerados indispensaveis; n) programar e instruir o despacho de todas as instalagdes de produgao ligadas a Rede Nacional de Transporte e as da propria Rede Nacional de Transporte, para o efeito comunicando através de fidveis sistemas de 4 telecomunicagdes e de informatica, mantendo a observabilidade do Sistema Eléctrico Nacional, incluindo a Rede de Distribuigao; 0) determinar os termos e condigées operacionais e técnicas para importagao e exportagdo de energia eléctrica por parte de concessiondrios autorizados, sem prejuizo da seguranga energética e balango energético nacional a curto, médio e longo prazo; 1p) tomar as medidas necessarias para aumentar a eficiéncia operacional e econémica da actividade concessionada por forma a assegurar a qualidade e a fiabilidade dos servigos fornecidos para bem dos concessionarios e consumidores; e q) criar, organizar, manter um cadastro sobre sistemas produtores autonomos ou ligados 4 Rede Nacional de Transporte, gerir os sistemas de informagao de suporte a sua actividade, garantindo a seguranca e a fiabilidade da sua gestio, incluindo a tomada de medidas para a sua ciberseguranga. 3. O Gestor do Sistema Eléctrico Nacional pode dispor de sistemas proprios de produgao e servigos suplementares, geragao de reserva e emergéncia, para poder assegurar uma maior fiabilidade na gestéo do sistema. 4. Cabe ao Conselho de Ministros aprovar o estatuto, definir os poderes, competéncias ¢ estrutura organica do Gestor do Sistema Eléctrico Nacional. ARTIGO 8 (Planeamento Energético) 1. O planeamento do Sistema Eléctrico Nacional deve ser realizado com a regularidade necessaria e tem por finalidade determinar cenérios e preparar o plano de expansio de infraestruturas de maior eficiéncia ¢ relag’o custo - beneficio para o fornecimento de energia eléctrica fidvel e de qualidade aos consumidores. 2. Asactividades de Planeamento previstas no artigo 7, a serem desenvolvidas pelo gestor do Sistema Eléctrico Nacional incluem: a) elaborar e actualizar o Plano Director Integrado de Infra-estruturas de Electricidade, de forma a determinar a expansdo das infraestruturas de produgao, transporte e distribuigdo de energia eléctrica, sempre com a melhor relagdo possivel entre 0 custo e o beneficio; b) assegurar e manter actualizado o mapeamento do potencial energético; c) assegurar e manter actualizado 0 mapeamento das zonas passiveis de desenvolvimento de Mini-redes ou de sistemas residenciais; d) incluir 0 planeamento das reservas energéticas estratégicas para o Pais, considerando a importag&o e exportagao de energia eléctrica; e) realizar estudos de viabilidade técnico-econémico e sécio-ambiental, com vistas a0 aproveitamento eficiente ¢ eficaz das fontes energéticas nacionais disponiveis para a produgdio eléctrica nacional; £) estabelecer parcerias, acordos de cooperacdo técnica com outras instituigdes responséveis por planeamento, para a coordenagao do planeamento eléctrico ao nivel regional, planeamento do Sistema Eléctrico Nacional deve cumprir as directrizes do Conselho de Ministros, ARTIGO 9 (Cadastro Energético) . Aactividade de fornecimento de energia ou de prestagio de servigos energéticos, bem como da respectiva suspensiio, modificagao, prorrogagao e exting’o consta do cadastro energético, mantido pela entidade competente nos termos da legislacdo aplicavel. . Sem prejuizo do estabelecido no numero anterior, o cadastro energético contém os seguintes dados e informagées: a) concessdes e demais actos inerentes as actividades de fornecimento de energia eléctrica, incluindo a localizagéo dos empreendimentos e instalacdes eléctricas; b) base de dados dos operadores e fornecedores de bens e servigos das actividades de fornecimento de energia eléctrica; c) As especificagdes e certificacdes de equipamento e outros bens, componentes € partes acessorias e sobressalentes de instalagdes eléctricas; d) matriz energética nacional; e) balango energético nacional; f) dados hidrolégicos relativos 4 producao hidroeléctrica; g) planos e resultados de contetido local; h) estudos técnicos e financeiros, de impacto ambiental e planos de mitigagao. . Os dados relativos ao cadastro energético sao propriedade do Estado e 0 seu acesso rege-se pela Lei de Acesso a Informacao, CAPITULO IIL CONDICOES E PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUICAO DE CONCESSAO ARTIGO 10 (Exigéncia de concessao) 1. A produgao, armazenagem, transporte, distribuig&o e comercializacao, incluindo a importagdo e exportagdo de energia eléctrica bem como a construgao, operacao e gestiio de instalagGes eléctricas por pessoas singulares ou colectivas, de direito publico e privado carecem de prévia atribuigéio de uma concessdo que pode abranger uma ou mais operagées descritas neste artigo. 2. A atribuigdo de concessao para a exploragao das actividades de fornecimento de energia eléctrica, obedece aos seguintes critérios gerais: a) as vantagens a obter devem ser superiores aos danos ou riscos resultantes, em termos econdémicos, sociais e ambientais; b) a capacidade demonstrada para a mitigacdio e ou compensagao dos custos e dos danos que possa causar a terceiros ou sobre o ambiente; c) consisténcia com o Plano Director Integrado de Infraestruturas de Electricidade e outros documentos estratégicos do Sector de energia eléctrica; d) no caso das actividades de distribuigaio, deve ter a capacidade suficiente para que a demanda planeada dos consumidores seja ligada 4 rede com adequadas reservas, confiabilidade e qualidade dos servigos; e) os pregos, as tarifas e a formula do seu calculo devem ser justos e razoaveis e reflectir os custos de investimento e de operagiio ou para transporte e distribuigao, sujeitos ao regime tarifario definido pela Autoridade Reguladora de Energia; f) equilibrio entre oferta e procura; 2) eficiéncia energética; h) o fornecimento de energia eléctrica deve ser efectuado em condigdes de fiabilidade e qualidade regulamentadas; i) o impacto da implementagao do projecto para efeitos de desenvolvimento social, econémico e sustentével das comunidades locais e do contetido local; j) efeito da tecnologia na utilizagéio e capacitagéio de mao de obra nacional e sua efectiva empregabilidade; k) a idoneidade e capacidade técnica, operacional, juridica, econémica e financeira do requerente A ARTIGO 11 (Estudos técnicos) realizag&o de estudos técnicos e outras investigagées ligadas, directa ou indirectamente, com um projecto de fornecimento de energia eléctrica carece de uma prévia autorizagio pela entidade competente, nos termos a regulamentar. 1. 2. ARTIGO 12 (Dispensa de Concessio) E isenta de concesstio a produgao de energia eléctrica para 0 uso e consumo particular, e que nao se destine a fornecimento de terceiros. Sem prejuizo do disposto no numero anterior, qualquer instalagao eléctrica carece de uma licenca de estabelecimento e de uma licenga de exploragao nos termos da lei aplicavel. ARTIGO 13 (Produgao para uso préprio realizada por terceiros) O titular de uma instalago eléctrica pode, directamente ou através de um terceiro, obter o fornecimento de energia eléctrica, dentro de uma area de concessio, quando o concessionétio: a) ndo tenha condigdes e nao esteja interessado em efectuar os investimentos requeridos para efectuar o fornecimento de energia com a qualidade requerida; b) no tenha condigdes de oferecer termos comerciais que viabilizem o investimento, ‘A produgao de electricidade para 0 uso e consumo particular quando realizada por um terceiro carece de concessio, nos termos da presente Lei. A instalagéio de producdo para uso particular ligada 4 Rede Nacional de Energia pode celebrar um contrato de venda do excedente da electricidade produzida e nao consumida com o Gestor da Rede Nacional, em termos a regulamentar. ARTIGO 14 (Pedido de Concessio) . O pedido de concessao para produgio, transporte, distribuic&o e comercializagao de energia eléctrica, bem como o pedido para importagio e exportagao ¢ dirigido a0 Ministério que superintende a drea da energia e tramitado junto da Autoridade - Reguladora de Energia, devendo conter a identificagao do requerente bem como a designagao dos objectivos do pedido. ‘A entidade competente autoriza ou recusa 0 pedido, dentro do prazo de 180 dias acontar da data da sua recepgao. Os requisitos do pedido de concessfo siio fixados em regulamentos. Os requisitos do pedido de concess&o sao fixados em regulamentos ¢ terdo de ser condicionados pela prévia verificagao de nao conflito com a existéncia de outras concess6es nomeadamente mineiras ou de DUAT’s para outros fins. . Os pedidos de concessio, bem como de prorrogacao ¢ de transmissio, serio objecto de publicagio em termos a regulamentar. ARTIGO 15 (Atribuig&io da Concessio) . A concessao é atribuida por meio de concurso publico organizado sob a responsabilidade da entidade competente e instruido e tramitado pela Autoridade Reguladora de Energia. O regime de concurso piiblico segue as regras estabelecidas pela lei que rege as parcerias piiblico-privadas e respectivo regulamento. .. As concessdes podem ainda ser atribuidas, a titulo excepcional, por via de ajuste directo: a) Como medida de ultimo recurso para contratagdo, em situagdes ponderosas e devidamente fundamentadas pela entidade publica contratante e desde que o empreendimento seja de interesse piiblico; b) Nos casos em que 0 concurso piiblico anteriormente langado tenha ficado deserto ou nos casos em que o vencedor tenha desistido devendo a contratagao correr em termos n&o menos favordveis do que os publicados no respectivo concurso saido deserto ou no concurso publicitado em que se tenha verificado a desisténcia do concorrente vencedor; c) Noa casos de linhas de transporte construfdas para atender um concessionario especifico; d) Produgao de energia eléctrica com recurso a bens que nio sfio de dominio piiblico. ARTIGO 16 (Contetido do Contrato de Concessio) Com a excepgdo dos contratos para concessées de mini-redes, 0 contrato de concessao, deve incluir, pelo menos, os seguintes elementos: a) natureza e objecto da concessao; v b) duragdo; ) tarifas, taxas e impostos aplicaveis; d) responsabilidade social e empresarial; e) responsabilidade civil e seguros; f) garantias de desempenho; g) obrigagdes relativas a satide, seguranca e ambiente; h) fundamentos e procedimentos para transmissao, sequestro, alteragao, extingao e revogaciio do contrato; i) forca maior e alocagtio e mitigaciio de riscos; |) exproptiagaio, sequestro e resgate por parte do Estado e indemnizacées; k) meios de resolugdo de conflitos incluindo recurso a arbitragem internacional quando aplicavel; 1) contetido nacional a formacio e recrutamento de nacionais; m) direitos e obrigacées relativamente ao financiamento do projecto; n) minuta de contrato de vinculag&o com a operadora da Rede Nacional de Transporte de energia eléctrica; ©) utilizagao de recursos hidricos; e p) clausula anticorrupcao. ARTIGO 17 (Exportagao de energia eléctrica) . A exportagtio de energia elétrica deve ser feita sem prejuizo da Seguranca Energética nacional. . O Concessionario de exportago deve Cumprir com os requisitos técnicos e operacionais estabelecidos no Cédigo da Rede Eléctrica Nacional e demais requisitos estabelecidos pelo Gestor do Sistema Eléctrico Nacional. ‘A capacidade disponibilizada exportago poder ser interrompida em caso de forca maior ou de emergéncia nacional conforme determinado pelo Gestor do Sistema Eléctrico Nacional As tarifas de exportagtio nfo podem ser subsidiadas em prejuizo do mercado nacional. ARTIGO 18 (Importagio de energia eléctrica) A importagao de energia eléctrica € feita pelos concessionarios de produgdo, transporte e distribuigdo, quando o respective contrato de concessiio especificamente assim 0 autorize e para assegurar o fornecimento de energia aos respectivos consumidores. 10 nv . O Concessionério deve cumprir com os requisitos técnicos e operacionais estabelecidos no Cédigo da Rede Eléctrica Nacional e os demais requisitos estabelecidos pelo Gestor do Sistema Eléctrico Nacional. ARTIGO 19 (Mini-Redes) O estabelecimento de mini-redes envolvendo a produgao de electricidade com poténcia instalada igual ou inferior a 10 MW, carece de concessao, nos termos da presente Lei. As mini-redes de energia eléctrica esto isentas de taxas de concessio, sem prejuizo do pagamento de quaisquer outros impostos ou taxas devidas por lei. . Os mecanismos de ligagéio Rede Eléctrica Nacional e de compensacao decorrente da expans&io da Rede Eléctrica Nacional ao local onde se encontra instalada a mini-rede serdo definidos por regulamento. ARTIGO 20 (Sistemas de Armazenamento de Energia) . O armazenamento de energia eléctrica pode ter lugar de forma auténoma ou integrada com as actividades de fornecimento de energia incluido, para prestar servigos auxiliares e contribuir para o equilibrio e qualidade do sistema. As regras e normas sobre os Sistemas de Armazenamento de Energia sdo especificadas em regulamentacao prépria. ARTIGO 21 (Eficigncia Energética) Os equipamentos usados no fornecimento de energia electrica, incluindo em sistemas residenciais isolados devem obedecer aos requisitos de eficiéncia energética e aos padrdes minimos de Qualidade universalmente estabelecidos. 1 pi ARTIGO 22 (Prazo da Concessio) . As concessées sio atribuidas por um contrato administrative, por um perfodo nele estabelecidos, nos termos da legislagao sobre as parcerias puiblico-privadas. . 0 pedido de renovagao da concessiio deve ser consistente com os prazos de amortizasao dos investimentos adicionais e com a necessidade de disponibilizar i os recursos utilizados para outros fins que gerantam maiores beneficios econémicos e sociais. ARTIGO 23 (Transmissao da Concessio) A transmissdo, parcial ou total, dos direitos ¢ obrigagdes abrangidos pela concessao a entidades afiliadas ou terceiros, incluindo a transmissao directa ou indirecta de acgdes, quotas ou outras formas de participagdes, que implique o controlo societario do titular da concesso esta sujeita & aprovagao prévia pela entidade competente. A transmissao dos direitos e obrigagdes abrangidos por uma concessao feita sem observancia do disposto no niimero anterior, nao produz efeitos juridicos. . A mudanga do nome do titular da concesséo que nao implica a mudanga do controlo societario esta sujeita a comunicagao prévia & entidade competente. ARTIGO 24 (Servigos Suplementares) . Os Servigos Suplementares siio fungdes técnicamente indispensaveis para que a gestio do Sistema Eléctrico Nacional tenha adequados niveis de seguranga, estabilidade e qualidade de servigo, incluindo a regulagdo de frequéncia, o controlo de tenstio/poténcia reactiva, a compensagao estatica, o funcionamento em ilha, a reserva girante, o balango de fase, o arranque apés apagao, 0 arranque rapido, a redug%o momenténea de poténcia, a resposta rapida de frequéncia, a inércia sincrona e outros. Os Servigos Suplementares so remunerados de modo a compensar os investimentos feitos nos equipamentos como também a descontinuagao provocada pela técnica e tecnologias aplicadas. .. Os servigos suplementares serao regulamentados em instrumento especifico. CAPITULO IV . DIREITOS E OBRIGACOES RELATIVAMENTE AS ACTIVIDADES DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELECTRICA ARTIGO 25 (Wireitos e Obrigacbes Gerais do Consumidor) . Constituem direitos gerais dos consumidores: a) qualidade dos bens e servigos fornecidos, conforme estabelecido nas normas ¢ regulamentos; b) protecgao da satide e seguranga fisica; ©) direito a privacidade e a protegaio de dados d) direito @ informagao, nomeadamente em relagéo aos pregos e as tarifas, seguranga dos equipamentos, facturagio, formas de pagamento, qualidade dos servicos e todas as regras e regulamentagao existente sobre reclamagiio e suspensao do fornecimento do servigo; e) tarifas baseadas nos custos decorrentes do fornecimento do servigo; f) protecgio relativamente a cléusulas ou condigdes abusivas; g) a indemnizagao dos danos que resultem do fornecimento de bens ou prestagées de servigos defeituosos; e h) acesso a mecanismos de resolucao de litigios. Constituem obrigagées gerais dos consumidores: a) pagar as taxas e tarifas devidas; b) permitir a fiscalizagao e inspeceao pela entidade competente e pelo titular da concessio; c) cumprir as exigéncias técnicas ¢ de seguranca com respeito a rede, equipamentos ¢ instalagées eléctricas; d) fornecer informagées para fins de facturagiio; e e) fornecer a informaciio para efeitos de planeamento energético. ARTIGO 26 (Obrigagdes especificas do titular da concessio) O titular da concessao obriga-se especialmente, entre outros deveres a: a) explorar a actividade autorizada de acordo com padrées universalmente estabelecidos e aceites, procurando realizar as suas obrigagdes com boa fé e com 0 nivel de pericia, diligéncia, prudéncia e previsdo que seria de esperar de um operador experiente e perito, com meios financeiros suficientes e em cumprimento das leis, regulamentagao, contrato de concessdio ou licenga e cédigo da rede em vigor; b) qualquer referéncia a padrdes universalmente estabelecidos e¢ accites, considera-se uma referéncia aos niveis de qualidade, rigor, pericia, deligéncia, prudéncia e previstio aqui descritos; c) No caso de uma concessao, providenciar a adequada manutencdo de todos os bens afectos 4 concessao até ao seu termo ficando sujeito a vistorias sem pré- aviso que ndo podem ser recusadas sob risco de sancionamento de acordo com a legislagao em vigor; 13 d) Pagar a indemnizagao devida pelos direitos ou bens expropriados e informar com trinta dias de antecedéncia, o titular dos referidos direitos ou bens, do inicio da realizagio das operagées de desmatagao, desbate, poda ou abate das Arvores e arbustos e remogdo de terra; e) de um modo geral abster-se de todo o cerceamento ou limitagao de direito de propriedade; f) restituir as Aguas utilizadas no fornecimento de energia eléctrica nas condigdes de pureza, temperatura e salubrilidade iniciais conforme os dados registados aquando da captagao das mesmas; g) proceder ao restabelecimento das vias de comunicacio e dos circuitos interrompidos, reduzidos ou desviados pela realizagao de obras de construgio, manutengo, melhoramento e reparacdo de instalagdes eléctricas; h) observar na parte aplicavel, a legislacéio sobre as éguas e as pescas e seus regulamentos; i) observar a legislagdo pertinente sobre questées ambientais; j) dar acesso as pessoas ou entidades devidamente credenciadas, para efeitos da inspeccao das instalages, dos equipamentos, registos contabilisticos e qualquer outra documentacio relativa a actividade para a qual foi atribuida a concessaio; k) fornecer os dados e informagées considerados relevantes para o controlo da actividade do concessionario ao abrigo da concessao atribuida. O concessionario obriga-se ainda a prestar o servigo de forecimento de energia eléctrica de forma a melhor servir os interesses e necessidades dos consumidores ea contribuir para o desenvolvimento econémico e social do pais. 3. As obrigacdes enunciadas nos niimeros antecedentes, bem como demais obrigagées especificas que devem recair sobre o titular da concessao sao objecto de regulamentagio. ARTIGO 27 (Dever de fornecimento de ener; eléctrica) 1. Oconcessionario deve, nos termos estabelecidos na lei e na respectiva concessiio, assegurar 0 fornecimento de energia eléctrica a todos os candidatos a consumidores que estejam em condigées de garantir os pagamentos dos seus consumos e os custos das instalagdes, ramais ou derivagdes bem como dos trabalhos de extensio ou de reforgo necessérios. 2. Em caso de recusa, redugao ou atraso injustificados de fomecimento de energia eléctrica a um candidato ou consumidor, este pode recorrer a Autoridade Reguladora de Energia ou a outra entidade competente, que decide se o 14 concessionério deve efectuar 0 fornecimento, determinado as condigdes em que este deve ter lugar, . Os consumidores de energia eléctrica dentro de uma area de concessio ou de licenga podem obter o fornecimento de energia eléctrica de qualquer concessionério ou titular de licenga, nos termos da lei aplicével © concessiondrio deve cooperar na coordenag&o ¢ articulago com outros fornecedores de energia eléctrica relativamente aos planos nacionais e regionais de fornecimento de energia eléctrica. ARTIGO 28 (Regularidade do fornecimento) O concessiondrio deve assegurar a prestacao de um servigo de fornecimento de energia eléctrica regular e de boa qualidade, por forma a evitar danos e prejuizos as actividades econémicas, aparelhos e equipamentos electricos dos consumidores. O servigo—de fornecimento de energia eléctrica pode ser suspenso ou interrompido momentanea e parcialmente para o titular da concessao assegurar a conservagdo ou a reparagdo das instalagdes e equipamentos ¢ proceder a obras de beneficiagao. O concessionario obriga-se a reduzir, ao minimo possivel, o nimero e a duragaio das interrupgdes e suspensées, assim como a limité-las aos periodos e as horas susceptiveis de causar 0 menor prejuizo e inconveniente possivel ao consumidor, designadamente nos fins de semana, feriados e dias de tolerdincia de ponto. O concessionério deve mediante prévio aviso publico, dar a conhecer aos consumidores as datas e as horas dessas interrupgdes e suspensdes. No caso de ocorréncia de forca maior que exija uma intervengdo urgente, pode excepcionalmente o titular da concessio tomar de imediato as medidas necessrias para a conservagdo e/ou a reparago das instalagdes ou equipamentos, incluindo a suspensao da prestagao do servigo. ARTIGO 29 (Redugio, suspensio ou termo do fornecimento) . O titular da concessao nao pode reduzir ou pér termo ao fornecimento de energia eléctrica, excepto se: a) 0 consumidor for declarado em estado de insolvéncia ou faléncia, sujeito aos termos e procedimentos da lei aplicdvel; b) nos casos em que o consumidor no cumpra com as condigées estabelecidas no contrato de fornecimento de energia eléctrica, incluindo 15 © pagamento pontual das tarifas e encargos devidos pelo consumo e nao sanar 0 incumprimento no prazo de trinta (30) dias apés a recepgio de aviso escrito; c) tiver de assegurar o reforgo da capacidade da Rede Eléctrica Nacional, através de realizagéio de obras de conservacao, beneficiagéio ou reparagdo das instalagdes e equipamentos, mediante pré-aviso minimo de quarenta e oito (48) horas; d) houver motivo de forga maior, nos termos definidos na Lei. . O titular da concessio deve repor o fornecimento de energia eléctrica dentro do prazo de vinte e quatro (24) horas a contar da hora da regularizacio da situag&o que fundamentou a suspensdo ou redug&io do fornecimento de energia eléctrica. . O titular da concessao obriga-se a comunicar, de imediato e periodicamente, & Autoridade Reguladora de Energia 0 nimero de interrupgdes e suspensdes, incluindo a sua duragdo e consequéncias, assim como outras informagées relativas 4 qualidade do fornecimento que a Autoridade Reguladora de Energia venha a solicitar. . Em caso de recusa, redugdio ou atraso injustificados de fornecimento de energia eléctrica a um consumidor, este pode recorrer a Autoridade Reguladora de Energia, que decide se o titular da concessio deve efectuar o fornecimento, determinando as condigdes em que este deve ter lugar. ARTIGO 30 (Acesso as instalagdes do Consumidor) Os concessionarios ou os seus representantes, tém o direito de acesso aos locais que recebem ou tenham recebido energia eléctrica, com 0 objectivo de: a) proceder a manobras ou inspeccionar aparelhos de medicfo e outra aparelhagem e equipamentos técnicos, bem como as obras, linhas, ¢ outras infra-estruturas pertencentes ao titular da concessao; b) realizar a contagem de energia eléctrica fornecida ou aferigdo dos equipamentos de contagem; c) efectuar a remogao do equipamento que lhes pertenga quando se verificar o termo de fornecimento de energia eléctrica; e d) reparar ou repor o equipamento da instalagHo eléctrica sob a sua responsabilidade. . Os concessionarios s&o obrigados a reparar os prejuizos causados em virtude do exercicio dos direitos referidos no numero 1. 16 ARTIGO 31 (TrAnsito de energia eléctrica) . Os concessionarios de transporte e/ou distribuigdo de energia eléctrica nao podem recusar a outro concessionario ou consumidor, havendo disponibilidade técnica e desde que nao afecte negativamente as suas obrigacdes de qualidade de servic¢o, 0 acesso e transito de energia eléctrica na sua instalagdo eléctrica. . Os concessionérios de transporte e/ou distribuigéo de energia eléctrica concedem, sem discriminagao, 0 acesso e transito a outro concessiondrio ou consumidor em condigdes compardveis, em qualidade e tarifas pelo uso de redes reguladas pela Autoridade Reguladora de Energia, ao respectivo servico de transporte e/ou distribuigdio que lhe é directamente prestado. . O transito de energia eléctrica através das instalagdes de um terceiro é feito mediante 0 pagamento de uma tarifa de transito aprovada pela Autoridade Reguladora de Energia. . A atribuig&o de uma concessio para transporte e/ou distribuigdo de energia eléctrica pode ser condicionada ao aumento da capacidade da instalagao proposta para possibilitar 0 acessso de outros consumidores e/ou concessionérios ao transito de energia eléctrica. . As condigées e requisitos técnicos aplicveis ao transito de energia eléctrica, para efeitos das actividades de Transporte e de Distribuigao, séo definidos no respectivo Cédigo da Rede Eléctrica Nacional ou Cédigo de Redes Eléctricas de Distribuigao, ARTIGO 32 (Bens postos a disposigao pelo concessionario) O concessionario obriga-se a afectar a actividade bens méveis e iméveis necessdrios a uma boa gestao e exploragéio de servigo concedido, ainda que nao participem directamente no fornecimento de energia eléctrica, designadamente, veiculos automéveis materiais, utensilios, de matérias-primas, consumiveis e aparelhos de medida e contagem. __ CAPITULO V EXTINGAO DA CONCESSAO E SEU EFEITOS ARTIGO 33 (Extingio da concessio) 1. A concess&o extingue-se por: 17 a) acordo entre as partes; b) decurso do prazo da concessio, incluindo qualquer prorrogasao; ) revogagdo nos termos do numero 3 do presente artigo; ) resolugao por iniciativa do concessionario, nos termos do niimero 7 deste artigo; €) ocorréncia de um evento de forca maior que seja insusceptivel de reparagao ou mitigagaio; ‘A declaragao da extingaio de uma concessao est sujeita a verificagao da continuidade do fornecimento da energia eléctrica aos consumidores. A revogagaio referida na alinea b) do niimero | do presente artigo, est sujeita a comunicagao prévia da entidade competente ao concessionério quando ocorra, dentre outros, qualquer dos seguintes factos: a) desvio do objecto da concessio; b) nao dar inicio, suspender ou abandonar a actividade objecto da concessao, incluindo o no fornecimento de energia eléctrica, que no seja originada por um caso de forca maior; c) incumprimento do cronograma de execug%io do projecto objecto da concessao; d) recusa reiterada de permitir 0 devido exercicio de inspeceao e fiscalizagao; e) declaragdo de faléncia ou insolvéncia e consequente liquidacio do concessionario; f) recusa de proceder a adequada manutengdo, conservagao e reparag&o das instalages eléctricas e bens afectos a elas; g) recusa de proceder necessaria expanstio da rede; h) cobranca dolosa de tarifas a valor superior as fixadas na concessdo ou no regime tarifario aplicavel ou as tarifas aprovadas, consoante o caso; i)transmissdio da concesstio sem a prévia aprovagdo da entidade competente ou outra transmiss&o nao autorizada; j) desobediéncia ou inobservancia sistematica da lei aplicavel; k) violagaio grave das clausulas do contrato da concessao ou das disposigdes desta Lei e seus regulamentos. No caso das mini-redes, se vier a ocorrer a interligag&o da mini-rede 4 Rede Eléctrica Nacional, a extingdo da respectiva concessio fica sujeita ao regime definido em regulamento. A entidade concedente nao revogara a concessao caso 0 concessionario, no prazo que lhe seja fixado na comunicagao referida no numero 3 do presente artigo: a) cumpra integralmente as suas obrigagdes e corrija ou remedeie os factos que deram origem a comunicagao de revogagao; ou b) alternativamente submeta um plano e cronograma para a adequada correcgo desses mesmos factos. 18 6. O contrato de concessio pode prever a notificagao aos principais credores do concessionério para, no prazo que thes seja determinado, proporem uma solugdo que possa obstar a revogaciio. 7. O concessionério pode resolver 0 contrato de concesso com fundamento em incumprimento grave das obrigagdes do Estado, se do mesmo resultarem perturbacdes e/ou prejuizos que ponham em causa o exercicio adequado das actividades objecto da concessao, 8. A resolugao por iniciativa do concessionério esta sujeita: a) a notificagdo prévia a entidade competente, com aviso prévio minimo de vinte e quatro meses, explicitando os factos que fundamentam a resolugao; b) a0 cumprimento das obrigagdes decorrentes da concessao; 9. Sem prejuizo do disposto nos nimeros anteriores, nos doze meses anteriores ao termo da concessao, a entidade competente toma todas as medidas necessarias e liteis para assegurar a continuidade do servigo publico de fornecimento de energia eléctrica concedido e a sua passagem a um novo regime de exploracao. 10.A extingao da concessao nos termos das alineas b), d) e e) do numero 1 do presente artigo é fundamento bastante para a execugdo da garantia de desempenho. 11.0 processo de extingéo da concessio deve ser instruido pela Autoridade Reguladora de Energia e decidido pela entidade que concedeu a concessio, assegurando o direito ao contraditério. ARTIGO 34 (Efeitos da extingfio da concessiio) 1. Ocorrendo a extingdo da concessao nos termos do disposto no artigo anterior, com a excepedio da revogacao referida na alinea b) do ntimero | e no numero 3 do presente artigo, a autoridade competente pode determinar, de acordo com os critérios e procedimentos aplicaveis a atribuig&o de concessao: a) a reverso dos bens méveis e iméveis, activos tangiveis ¢ intangiveis, afectos a actividade objecto da concessao, pelo valor justo do activo auditado, a favor do Estado ou de uma entidade que este vier a designar com capacidade técnica e financeira, que procede a operacdo e exploragao directas; ou b) a implementagao do plano de desmobilizacéio por parte do concessionario, procedendo 0 mesmo a remogéo ou destruic&o das instalagées eléctricas e ou dos bens méveis ¢ iméveis afectos 4 actividade objecto de concessdo e A recuperagao do local da actividade autorizada, assegurando, sempre que tal seja possivel nos termos da legislagao ambiental, a restauragdo das condigées ambientais pré-existentes 4 implementagao do projecto. 19 2. No caso de reversdo, a entidade que, nos termos da alinea a) do n° 1 do presente artigo, passe a operar as instalagdes, deve inventariar o patriménio existente, ficando por ele responsdvel 3. Sem prejuizo do disposto na alinea b) do ntimero 1 do presente artigo: a) 0 Estado goza do direito de preferéncia na aquisicfio dos bens méveis e iméveis, activos tangiveis e intangiveis, afectos 4 actividade objecto da concess&o pelo valor justo do activo auditado, deduzidos os valores que eventualmente sejam devidos ao Estado; b) nos casos em que o Estado niio exerga o seu direito de preferéncia previsto na alinea anterior, o concessionario pode dispor livremente dos seus bens méveis e iméveis, activos tangiveis e intangiveis, desde que o mesmo se encontre em situag&o fiscal regular perante o Estado. 4, No caso de revogagao por incumprimento das obrigagdes da concessio pelo seu titular, ocorre a reversio para o Estado pelo valor contabilistico auditado das instalagdes, bens méveis e iméveis, e activos tangiveis e intangiveis afectos, livre de qualquer Snus ou encargos, sem prejuizo da compensagiio devida ao Estado pelos prejuizos e danos causados, bem como outras obrigagées a que este estiver vinculado. 5. O valor dos bens méveis e iméveis, activos tangiveis ¢ intangiveis, referidos no presente artigo sera determinado por um perito independente, salvaguardados os direitos das partes nos termos da presente Lei. 6. Coma extingao de uma concessao, também se resolve 0 respectivo contrato. ARTIGO 35 (Desmobilizacaio) 1. Nao havendo prorrogacdo da concessdo nem reversiio de bens e direitos para 0 Estado ou uma entidade terceira, o concessionario deve implementar o plano de desmobilizagao recorrendo para tal ao fundo de desmobilizagao. Oconcessiondrio deve elaborar e submeter 4 Autoridade Reguladora de Energia um plano de desmobilizacéo, com a antecedéncia minima de 24 meses relativamente & data prevista para o encerramento das actividades objecto da concessio, reutilizacao ou destruigéo e remogdo das instalagées eléctricas e ou dos bens méveis ¢ iméveis afectos a actividade objecto de concessao. 3. O plano de desmobilizagdo deve ser elaborado em consulta com 0 Ministério que superintende o sector eléctrico, a Autoridade Reguladora de Energia ¢ 0 Ministério que superintende o sector do ambiente. 4. Ocontetido do plano de desmobilizacio ser4 determinado em regulamento. v 20 ARTIGO 36 (Fundo de Desmobilizagaio) . Até a data de inicio da operag&o comercial, a concessionaria deve abrir, num banco localizado em Mogambique, uma conta remunerada a juros, em moeda autorizada pelo Banco de Mogambique, a designar por “Fundo de Desmobilizaco”, na qual serao depositados periodicamente fundos que cubram os custos previstos para a desmobilizagao. . Os cdlculos e os pagamentos da estimativa dos custos de desmobilizagio sio preparados pela concessionéria e submetidos 4 Autoridade Reguladora de Energia, devendo os critérios para os mesmos ser determinados em regulamento. ARTIGO 37 (Indemnizagio) . Sem prejuizo do que vier a ser acordado no contrato de concessao, extinta a concessao e verificada a reversio das instalagdes e bens afectos, 0 concessionario é indemnizado nos termos do disposto no presente artigo, pelo valor contabilistico auditado do investimento patrimonial, livre de qualquer énus ou encargos e sem prejuizo do direito de regresso do Estado sobre o concessionario, pelos prejuizos e danos causados e pelas obrigagdes por ele assumidas que tenham sido contraidas em contraindicagao com a lei ou com o contrato da concessao. No célculo da indemnizagao é considerada a depreciagdo dos bens verificada até a data da transferéncia, o seu estado de conservagao e de funcionamento efectivo, nomeadamente qualquer deterioragao devida a falta de manutengdo ou reparagaio bem como a sua adequagao aos objectivos da instalacfio. Nao so, porém, tidos em conta para efeitos de cdlculo da indemnizagao, nem o facto de se tratar de uma reversao administrativa, nem os proveitos potenciais ou lucros cessantes da instalagao. No caso da transferéncia das instalagdes a um terceiro, a pessoa ou entidade terceira a quem sejam concedidas as instalagdes e respectiva concessio, responsabiliza-se pela indemnizagao nos termos dos nimeros anteriores, ao concessionario inicial pelo valor dos seus bens patrimoniais. . Se os custos dos bens tiverem sido ja parcial ou totalmente amortizados pela receita das tarifas, tal facto é tomado em consideragio por forma a assegurar que os consumidores abrangidos sé sejam responsdveis pelas amortizagdes, sem termos de tarifas a serem aplicadas, pelas partes ainda nao amortizadas. . O valor das indeminizagdes sera aprovado pela autoridade competente que autorizou a respectiva concessio. 21 6. Das decisdes tomadas em matéria de indeminizagdes cabe recurso para os érgios judiciais ou administrativos competentes. ARTIGO 38 (Reversi de bens e direitos) 1. No caso de uma concessiio que envolve instalagées eléctricas cuja construgao foi derivada de fundos piblicos ou nfo tenha resultado de fundos préprios do concessionario, 0 contrato de concessao pode prever que, na data fixada para o termo da concessio ¢ no ocorrendo prorrogagio da concessao, todos os bens afectos A concessao revertem, gratuitamente e sem quaisquer encargos, para o Estado ou para a entidade que este indicar operando-se também e nos mesmos termos, a subroga¢ao e todos os direitos do concessionario. 2. Sem prejuizo de quaisquer outras disposigdes da lei, quando se verifique o decurso do Prazo da Concesséo, os bens e direitos serao devolvido a Autoridade Concedente ou transferido para um terceiro nomeado pela mesma, contra 0 pagamento dos investimentos previamente acordados entre a Autoridade Concedente e a Concessionaria, que tenham sido realizados mas ainda néo amortizados & data da devolug&o do empreendimento. ARTIGO 39 (Responsabilidade do Concessionario) 1. O concessionério é o unico responsavel pela boa operagiio e manutengiio das infraestruturas e do servigo objecto da concessio, que ele gere e explora por sua exclusiva conta e inteira responsabilidade. 2. A responsabilidade a que se refere o nimero | deste artigo compreende simultaneamente: a) a responsabilidade criminal em que incorrer pela falta de cumprimento das leis e regulamentos vigentes; b) a responsabilidade civil pelos danos e prejuizos causados nos termos das leis em vigor. 3. E ressalvada toda a responsabilidade civil: a) nos casos de forga maior, b) nos casos de culpa ou negligencia do lesado, devidamente comprovados, c) nos casos em que 0 acidente seja imputdvel a terceiros, d) em relagao a prejuizos, danos ou desastres resultantes da propria natureza da instalagao. 4. Quando 0s danos ou prejuizos, danos ou desastres resultam de diferentes instalages interdependentes, os concessionérios de cada uma sao por eles 22 responsdveis solidariamente, devendo as respectivas indemnizagées ser igualmente divididas por todos, salvo quando se demonstre que as responsabilidades cabem a uns sem atingir outros. Neste caso as indeminizagées so divididas pelos responsaveis, de modo justo e equitativo. 5. Os concessionarios de instalagées eléctricas sio responsaveis pelos actos praticados pelos seus empregados e dos quais resultem danos, CAPITULO VI TARIFAS, PREGOS, TAXAS Secgao I Sistema de Tarifas e Pregos ARTIGO 40 (Requisitos de fixagio da tarifa) 1. O estabelecimento da tarifas ¢ precos de energia eléctrica deve obedecer aos seguintes principios: a) equilibrio entre o minimo custo possivel e as metas de qualidade do servigo prestado; b) recuperagdio dos custos incluindo da expansiio do acesso e da iluminagio publica, incluindo os custos operacionais, de depreciacéo do capital, pagamentos de dividas, reservas para lidar entre outros, com manutencio, reparagdes e substituigdes de emergéncia e impostos, desde que sejam prudentes, eficientes e razoavelmente incorridos; c) retorno razoavel sobre o capital investido tendo em conta uma estrutura de capital adequada que reflictam os riscos da actividade; 4) reparticfio adequada de ganhos de produtividade com 0 consumidot. 2. As tarifas e precos da energia eléctrica devem ser justos e razoaveis e promover © equilibrio econédmico e financeiro das actividades reguladas na cadeia de fornecimento de energia eléctrica, desde que sejam desenvolvidas com eficiéncia e prudéncia, 3. As tarifas, regras de reajuste ¢ reviséo devem ser suficientes para a adequada prestagdo dos servicos concedidos e a manutengao do equilibrio econémico- financeiro do contrato de concessao, e complementada com protec¢éo social para os consumidores de baixa renda. 4. Nao podem ser cobrados aos consumidores quaisquer outras tarifas, pregos, custos, ou encargos que nao tenham sido previstos na respectiva concessao ou aprovados pela Autoridade Reguladora de Energia. 23 5. As tarifas e precos podem ser diferenciados em fung&o das caracteristicas técnicas e de custos especificos, reflectindo os custos fixos e varidveis incorridos no fornecimento de energia eléctrica, em relagiio a: a) producdo, para o tipo de fonte energética; b) mercado, para os diferentes segmentos de consumidores, incluindo o mercado de exportago e importago. Artigo 41 (Tipologia) O sistema de tarifas e pregos é composto por: a) prego de venda de produgao; b) preco dos Servigos Suplementares; c) tarifas de rede referentes a transporte, incluindo transito para acesso e uso de redes por terceiros, e a distribuigdo; d) tarifa de consumo. Artigo 42 (Estabelecimento de Tarifas e precos) 1. O prego de venda de producto e a tarifa de rede so estabelecidas no respectivo contrato de concessio e sujeitas & aprovagdo pela Autoridade Reguladora de Energia. 2. O prego de venda de produgao e a tarifa de rede serdo calculados de forma a reflectir os custos de capital, custos de operagfo e manuten¢fo e um retorno razoavel do investimento. 3. Opreco de venda é resultado de concorréncia, negociagaio ou aprovagao com base nos principios definidos nesta Lei. 4. A tarifa de consumo ser estabelecida pela Autoridade Reguladora de Energia, a qual devera ter em conta 0 prego de venda de produgao, as tarifas de rede, bem como os custos de capital, custos de operagio e manutengao e um retorno razoavel do investimento. 5. A tarifa de consumo sera revista periodicamente pela Autoridade Reguladora de Energia, alterando-os para mais ou para menos, considerando as alteragdes na estrutura de custos das concessionarias, os estimulos a eficiéncia e 4 modicidade das tarifas. 6. Caso haja alteragées significativas nos custos das empresas concessionarias durante o periodo tarifario, por solicitagdo destas, devidamente comprovadas, a Autoridade Reguladora de Energia poderd, a qualquer altura, proceder a revisio 24

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