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Copyright © 2023 Nina Pimenta

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos, são produtos da imaginação do autor. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Revisão Nina Pimenta
Capa Nina Pimenta
Diagramação Nina Pimenta
Esta obra segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte
dessa obra, através de quaisquer meios – tangível ou intangível – sem o
consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº


9610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Edição Digital/ Criado no Brasil.
Sumário
NOTA DA AUTORA
DEIXAR EU CONTAR UM POUCO DA HISTÓRIA PARA VOCÊ
CÂNDIDA
JOÃO LUIZ
CÂNDIDA
JOÃO LUIZ
CÂNDIDA
JOÃO LUIZ
CÂNDIDA
JOANA
JOÃO LUIZ
CÂNDIDA
JOÃO LUIZ
CÂNDIDA
JOÃO LUIZ
JOÃO LUIZ
CÂNDIDA
JOÃO LUIZ
RECADO DA AUTORA
OUTRAS OBRAS GOSTOSAS DA AUTORA
NOTA DA AUTORA

Querida Leitora,
Primeiro eu devo dizer a você que a linguagem desta novela foi
adaptada para dar mais realidade ao texto, ressaltando o regionalismo e as
gírias. Portanto, como em outros livros meus cujas histórias se passam no
interior, as “falhas gramaticais” foram propositais.

Aviso: contém gatilhos.

Este livro vai contar a história de Cândida, moça simples do interior e


explorada pelo patrão. Cândida é sonhadora, ingênua, mas pela vida que
levava, nunca haveria chance para ela.

Seu caminho cruzou o do fazendeiro mais rico e cobiçado do estado,


conhecido como “o rei do agro”. Divorciado, teimoso e obstinado pelo
trabalho, João Luiz nem sonhava que sua vida mudaria de rumo ao
conhecer aquela morena atraente, que despertou nele o instinto mais forte
que um homem pode sentir.

Mas nem tudo seria fácil como aparentava ser.


*ATENÇÃO ANTES DE LER: Como em todos os meus livros,
aqui há personagens muito próximos da realidade, filhos de Deus,
com defeitos e falhas humanas. Se você faz julgamentos de valor,
peço que não leia este livro.

São pessoas comuns tentando fazer dar certo.

Um beijo e boa leitura!

NINA
SINOPSE

Cândida era uma moça de dezenove anos que morava na roça.


Explorada pelo patrão dono do boteco em que trabalhava, não via nenhuma
chance para o seu futuro. Mas quando um fazendeiro gostoso pra danar
bateu à porta da sua casa querendo comprar o terreno da mãe dela, a menina
viu sua sorte mudar.
Mas nem tudo seria fácil como aparentava ser.
“Sozinha no silêncio do seu quarto, procura a espada do seu salvador.”
Mesmo que seja eu - Roberto Carlos, Erasmo Carlos.
DEIXAR EU CONTAR UM POUCO DA
HISTÓRIA PARA VOCÊ

Oi, meu nome é Joana, e tenho dezenove anos. Eu tenho uma colega
muito legal, a Cândida. Ela tem a minha idade, mas abandonou o colégio
deve ter mais ou menos uns dois anos, para ajudar a mãe em casa com o
irmãozinho mais novo que nasceu, pegando todos de surpresa. E deve ter
quase uns dois anos também que a Cândida começou a trabalhar no bar do
Tião, um boteco copo sujo, mas que é a maior sensação da vila, vive lotado!
Também, acho que um dos motivos é porque não existe muita opção de
passeios por aqui. Aqui tudo é mato, não tem quase nada perto não!

Cândida fazia de tudo nesse bar, ajudava o Tião para caramba, era o
braço direito dele. E como o Tião gostava dessa menina, viu... ela quase
sempre fazia hora extra para ver se aumentava um pouco do salário no final
do mês. Ajudava na cozinha, fritava um torresmo se precisasse, ajeitava as
louças, mas o forte dela mesmo era servir, era onde o Tião gostava que ela
ficasse, servindo as mesas. Ele fazia questão. Ela não percebia, mas eu sei
muito bem o porquê desse sucesso todo, que coincidiu com a fama do bar
atingir as alturas, não havia mais onde enfiar tantas mesas, o Tião acabou
tendo que cimentar o piso ao redor do boteco do lado de fora para colocar
mais mesas. Lá até havia outras garçonetes, mas todos queriam ser
atendidos e servidos por ela.
Minha amiga era muito educada, doce e gentil. Mas não era isso o que
aquele tanto de macho levava em consideração. Ela era linda. Morena cor
de jambo e o corpo cheio de curvas, seus cabelos eram escuros e lisos e
batiam na cintura, fininha, fininha... ela não era alta, daquelas mulheres
parecendo modelo de passarela, mas os seios e o bumbum eram grandes,
empinados, e isso enlouquecia os homens. E os vestidos de verão que ela
usava? Meu Deus...

Mas a Cândida não tinha noção disso, coitada. É sério, não tinha
mesmo. Ela não fazia para provocar, longe disso! Minha amiga era muito
ingênua, muito tímida.

Eu não tinha nada contra, mas ir trabalhar daquele jeito, num lugar
onde parecia o clube do bolinha, só os homens da região é que
frequentavam, isso era um perigo! Pelo menos eu achava, né? Para mim, só
não faziam nada com ela no bar porque aqui é roça, e todo mundo conhece
todo mundo.

A gente vivia nesse marasmo, um calor infernal, tempo seco, sol e


mato. O jeito era tentar estudar e namorar. Eu namorava o Zeca, mas a
Cândida não tinha ninguém, e eu não lembro de ela ter namorado ou ficado
com alguém alguma vez.

Por que estou falando dela?


A situação foi a seguinte...

Eu fiquei muito preocupada. Muito mesmo. Porque eu vi uma coisa


que ninguém viu. Esse fazendeiro que mais parecia um galã de novela - o
rei do agro como meu namorado mesmo me contou - não estava de olho só
no pedaço de terra da mãe da minha amiga. Ele estava de olho na Cândida,
ficou rodeando... rodeando aquela chácara...

Num belo dia, sem querer, eu vi, eu entendi o que ele queria com a
minha amiga. Me deu uma inveja que não sei nem explicar...

Depois disso, agora não sei como vai ser a vida dela mais.
CÂNDIDA

Minha vida era só tristeza, eu não vou mentir. Mais um dia de trabalho
tinha acabado. Eu estava super cansada e desanimada.

Eu sabia que quando chegasse em casa, mãe ainda ia me pedir para eu


adiantar o jantar para nós três. Eu não conheci meu pai, e ela também não
falava quem era o pai do Bernardo. Ela ficava cuidando do meu irmão
pequeno, ele demandava muita atenção, sumia toda hora pelo quintal, mexia
em tudo, subia em todos os lugares que via pela frente. E ela não tinha com
quem deixa-lo, por isso deixou de fazer uns bicos como diarista na casa de
umas madames num condomínio lá perto assim que engravidou, e por isso
mesmo também quem arcava com as contas da casa era só eu mesma.
Minha mãe recebia uma ajuda do governo, mas que no final das contas não
dava para nada.

A chácara que a gente tinha era boa, mãe tinha ganhado esse pedaço de
chão havia dezenove anos, logo quando eu nasci. Tinha pomar, horta, uma
área boa para boi pastar. A casa era simples, fogão de lenha, dois quartos, o
meu e o de mãe; ela dormia junto com o meu irmão.

Nesses últimos dois anos, quando comecei a trabalhar no bar do Tião,


aos poucos eu fui comprando o que não tínhamos ainda, como geladeira,
televisão... mas o meu sonho mesmo que fui deixando para depois era ter
um celular. Eu tentava juntar um dinheiro havia tempos, mas não estava
conseguindo. Como eu não tinha comprovação nenhuma de renda, não
conseguia nenhum cartão de crédito junto ao banco, e nem abrir crediário
em loja nenhuma da região. O Tião dizia que não podia me ajudar com isso,
então o jeito era tentar ir juntando os trocados aos poucos, toda semana,
para ver se inteirava e dava para comprar ao menos um modelo “mais ou
menos”.

Os clientes gostavam muito de mim, elogiavam o meu trabalho e


sempre me pagavam além do valor que dava a conta, mas o Tião no final do
dia vinha e me tirava tudo, isso quando não ficava na boca do caixa
esperando a comanda com os trocados para conferir nota por nota, moeda
por moeda. Ele dizia que eu não tinha direito e que não precisava daquilo,
que o que ele me dava junto com o pagamento, já valia muito mais do que
qualquer cliente jamais poderia me oferecer.

No final do dia, passei nas mesas recolhendo os copos com resto de


cerveja, pinga, migalha de pão pelo chão afora, as toalhas brancas tudo
manchada de molho de pimenta...
Saco. Ainda ia ter que varrer todo aquele cimento sujo. Parei e olhei
para a estrada de terra e as árvores que rodeavam o boteco, uma brisa
gostosa batia no meu rosto, refrescando o suor que brotava na minha face.
Aproveitei para respirar o ar fresco e sentir o cheiro de eucalipto gostoso
que vinha da floresta.

- Deixa isso aí, Cândida! Amanhã eu varro! Abaixa essa porta, já deu
por hoje!

Tião gritou de trás do balcão, já ia apagando as luzes. Era um coroa até


bonito, divorciado, tinha dois rapazes da minha idade, que vira e mexe iam
até o boteco para ajudar, principalmente em final de mês, que era quando o
Tião fechava o caixa e fazia o balanço. Os dois rapazes saíam de lá felizes
da vida, sorrindo de um canto ao outro, já tinham comprado um carrão
desde que eu entrei, a vida deles ia só prosperando.

Eu ficava feliz pelo Tião e pelos dois filhos. Pelo que o meu patrão me
contava, ele sofreu muito quando a esposa pediu a separação, tanto que ele
nunca mais arrumou ninguém. Ele vivia numa solidão de dar pena, e ela
para completar havia levado tudo. De uns tempos para cá é que ele
começou a se reerguer e pagou as dívidas. Os rapazes moravam com ela e
vinham de vez em quando para vê-lo, mas como eu disse coincidia com o
final de mês. Tião ficava numa alegria que até contagiava.

- Adivinhou que estou cansada hoje, Tião? - Eu ri, puxando a barra do


vestido para secar uma gota de suor na minha testa. Deixei a vassoura ao
lado de uma das mesas de dentro, baixei o portão, tranquei, fui direto para a
cozinha com os vasilhames sujos.

Coloquei tudo na pia, comecei a molhar, peguei a bucha, já ia enchendo


de detergente. Ele chegou por trás, me abraçando.

- Está difícil aí, morena? – Fungou meu cangote, me apertando pela


cintura.

- Ai, Tião... não faz isso... – Gemi. Eu sentia gratidão por ele, e é claro
que eu jamais o imaginei como meu namorado ou qualquer outra coisa
parecida, mas esse era o único contato com um homem que eu tinha, e me
dava tesão.

- Quer ganhar um trocadinho hoje? Hein...? – Roçou o quadril na


minha bunda, meu vestido era bem curto e levantou.

Droga. Eu precisava de dinheiro. Ele sabia, já vinha me rodeando.


Agora quase todo dia era isso. Começou uma vez na semana, mas a
frequência só aumentava.

- Vai ser rapidinho, Tião? Mãe está me esperando para fazer o jantar...
Ele não parava de me apertar, de se esfregar em mim. Mordia meu
ombro, arranhava meu pescoço com os dentes, me enchia de beijo nas
costas. Tião era bonitão (eu achava). Era bem mais velho, já grisalho, mas
fogoso demais, não me dava sossego. E me defendia como ninguém no bar.
Quando alguém mexia comigo ele virava bicho! Os clientes o respeitavam
pra caramba.

Larguei a bucha e me virei de frente para ele. Ele desceu as alças


fininhas do meu vestido, meus seios ficaram de fora e ele já veio
abocanhando, chupando um mamilo. Segurei seus cabelos grisalhos,
contorci de tesão.

- De quem é esse bicão gostoso, fala pra mim, fala... – Perguntou


metendo a boca, sugando.

Ele gostava que eu falava, gostava de fingir que era o meu dono. Eu era
falsa com ele, respondia o que ele queria, falava só da boca para fora. Não o
amava, de jeito nenhum. Mas ele cuidava de mim enquanto eu estava no
bar, e ainda me dava dinheiro. Ultimamente, eu e mãe pelo menos tínhamos
o que comer, e o leite do Bernardo estava garantido.

- É seu... todo seu, Tião... sou toda sua...

- Não fala assim não, menina... você me deixa doido... – Chupava,


mordiscava, lambia, sugava, de um para o outro. Ele enfiou a cara no meio
deles, xingou um palavrão. Ele era louco pelos meus seios. Eu deixava
porque me dava uma sensação gostosa, ficava meladinha, principalmente
quando ele mordiscava.

- Ai, Tião...

- Me dá o meu presentinho, dá... dá pra mim essa coisinha linda dentro


da sua calcinha... – Ele estava de bermuda, ficou me esfregando o cacete,
me empurrando contra a pia. A gente ondulava, minha calcinha já estava
grudada, era pequena, fininha.

- Ai... – Gemi baixinho.

- Olha que gostoso o que eu vou te dar agora, minha morena... –


Afastei as pernas e ele me prensou contra a pia, me segurou pela coxa em
volta da sua cintura. Desceu a bermuda e tirou o cacete para fora, estava
duro. Puxei a calcinha para o lado e ele começou a me esfolar.

- Ahhh... já está meladinha, safada... – Ficou me alisando, segurando


minha coxa suspensa. Ele me atiçava, sabia que eu gostava, eu não fingia
prazer e nem me fazia de difícil.

- Aaai...
- Olha que gostoso, morena... – Ia e voltava... ia e voltava... esfregando,
empurrando meu clitóris com a cabeça do pau.

- Ai, Tião...

- Safada... – Começou a enfiar devagarinho. – Ah, delícia... quente


igual o inferno, apertadinha... você me mata desse jeito, morena...

Eu sabia que era errado, mas esse dinheiro me ajudava muito. Ele era
sozinho e muito carente, eu nunca o via com nenhuma namorada.

Enfiou tudo. Começou a movimentar, nos abraçamos, ficou estocando,


entrando e saindo. Ganhar isso dele era gostoso, eu chegava em casa
relaxada.

- Minha morena... você é minha, Cândida... minha... – Seus olhos


ficavam baixos e a boca aberta, parecia que nem raciocinava direito, ficava
em transe.

Eu nunca tinha feito nada com outro homem, foi ele quem tirou a
minha virgindade. Ele foi chegando aos poucos, mês após mês, cantadas,
carícias, presentes. Ele me ajudou a comprar a geladeira e a TV. Eu sentia
gratidão, e era gostoso o que fazia, Tião era carinhoso. Me tratava com
respeito na frente dos clientes, me defendia. Ninguém nunca ficou sabendo
de nós dois, ele me protegia. Quando começamos a transar, não paramos
mais. Ele fazia até atingir seu gozo.

- Fala do jeito que eu gosto, me pede... – Seu corpo grudado no meu,


corpo quente, cheiro de suor misturado com cigarro.

- Me come, tio... me come...

- Fala a palavra, morena...

- Come minha buceta, vem... vem comer buceta, tio...

Ele saía de si. Urrava, me agarrava pela cintura, batia o quadril em


mim, esmagava minha bunda. Meus seios balançavam, empinados, ele
passava a língua, me degustando toda. Quando fazia assim é porque ia
gozar.

- Aaahhh... aaahhh... – Ele tirou correndo, joguei meu quadril para a


frente e ele se aproximou de mim, gozou nos meus pelos. Ele gostava
assim, dizia que era para eu ir embora com uma lembrança dele.

Eu fui correndo pegar um guardanapo de uma das mesas do bar para


me limpar.
- Agora você pode ir embora satisfeita, morena. Vai, meu anjo. Sua
mãe deve estar preocupada. Essa hora já está escuro naquele matagal que
você passa por ele.

Respirei fundo. Fui no banheiro, olhei no caco de espelho que tinha na


parede, passei uma água no rosto, na nuca, fiz um coque no cabelo, estava
toda suada.

- Estou indo, Tião. – Peguei minha bolsa e fui até ele, que estava no
caixa molhando o dedo com a língua e contando as notas de dinheiro.

- Toma aqui, morena. Para te ajudar a comprar o seu celular que está
tanto querendo...

- Obrigada. – Peguei e dobrei a nota, guardei na bolsa. – Até amanhã,


Tião.

- Até amanhã, minha morena... – Me entregou uma sacola de pães que


tinha sobrado do dia. Eu gostava, levava e fazia torrada. Às vezes comia
com sopa, mãe gostava também.

Apagou as luzes e saímos juntos, cada um para o seu rumo de casa.


Cheguei em casa, mãe estava nervosa com meu irmão no colo.

- Cândida, você passou na casa da Joana, Cândida? Eu não te falei que


era para vir embora direto, que era perigoso ficar zanzando por aí de noite
assim?!

- Desculpa, mãe. Cliente agarrou lá no bar, tivemos que esperar.

- Pois fala com o seu patrão para não permitir isso não. Ele tem que
apagar tudo, fechar as portas e largar o sujeito lá sozinho para tomar
vergonha!

- Deus me livre, mãe. Assim eles não voltam mais não. Pega mal...

- Pois o Tião devia saber que você não é escrava dele, Cândida. Você
tem os seus compromissos dentro de casa.
Não respondi mais. Fui andando para a cozinha, olhei as panelas no
fogão. Mãe tinha feito sopa de repolho com tomate outra vez.

- E a carne, mãe?

- Cândida, vou deixar o pedaço de linguiça para o almoço de amanhã.


A hora que você vier você frita.

- Tá bom.

Fui para o meu quarto, tirei o vestido e a calcinha, saí nua para o
banheiro.

Entrei debaixo do chuveiro frio, molhei os cabelos, peguei o sabão e


comecei a passar pelo corpo. Minha consciência pesava. Era uma coisa que
eu fazia, mas eu queria me livrar. Ninguém sabia. Eu tinha prometido a
Deus que era só até eu comprar o celular, que depois disso não ia mais
deixar o Tião encostar a mão em mim.

Eu tinha segredos que ninguém sabia.


Como uma vez em que o Zeca me beijou à força na festa de aniversário
da Joana. Falou que era louco para me levar para a cama, que eu era o
sonho da vida dele. Meti um tapa na cara dele, falei que ele não era homem
para a Joana, e que se ficasse de graça comigo de novo, eu ia contar tudo
para ela. Ele nunca mais mexeu comigo. Mas eu via que ele me olhava. E
eu odiava quando ele estava com ela. Odiava!

Acabei o banho, vesti uma camisola e fui jantar com mãe e o Bernardo.
Todo dia era assim, eu gostava quando conseguia chegar mais cedo, porque
às vezes cozinhava um arroz, picava uma salsicha, pelo menos alguma coisa
para mastigar.

Mãe estava esquisita, calada. Eu sabia que tinha alguma coisa no ar.
Ela estava mais ansiosa do que de costume me esperando, e eu sabia que
não era por causa do horário. Toda semana ao menos umas três vezes o Tião
me prendia lá, e ela já estava se acostumando com isso, era papo dela fingir
que estava achando ruim. Mas ela acabou com o mistério antes que eu
começasse a perguntar.

- Veio um homem aqui hoje... – Soltou, dividindo um pedaço de pão


com a mão.

- Que homem?
- Fazendeiro... Disse que é vizinho nosso aí... mora numa fazenda aqui
perto, um pouco pra lá da ponte...

- E ele queria o quê?

Mãe parou e ficou olhando para a minha cara.

- Falou que quer comprar a chácara. Que passou aqui perto e viu o
nosso terreno, ele cria gado, quer uma área maior para colocar eles para
pastar...

- Nossa... que estranho... é a primeira vez que alguém vem falar isso...
essa chácara nossa, simples do jeito que é...

- Pois é. Mas uma vez o motorista da dona Dalva, não sei se lembra
dela, minha patroa, ele falou que isso aqui valia dinheiro. Aquela vez que
passei mal e ela o mandou me trazer, logo que descobri a gravidez do seu
irmão.

- Lembro. Mas o que é que aquele moço também entende de terra? Sei
não, mãe.

Ela virou para mim, já sem paciência. Mãe era dessas.


- Olha Cândida, você que é mais estudada do que eu, falei com o grã-
fino que ia ver com você.

- Eu?

- Você mesma.

Comecei a rir.

- Eu não tenho ideia dessas coisas não, mãe.

- Olha, eu não sei. Só sei que ele vai voltar amanhã. Falei para vir de
tardezinha que a gente conversa, que você já vai ter saído do seu serviço.

- Ai meu Deus... – Balancei a cabeça, fiz que não.

- Quem sabe que não é coisa boa para a gente, Cândida? O tanto que eu
te escuto rezar de noite...

- Nossa, mãe... mas e ele, como era? A senhora nunca o viu mesmo?
- Eu nunca vi. Parecia um artista! O homem é bonito para danar, viu?
Um olhão azul...

- Ah, é? – Me deu uma coisa esquisita. Meu coração começou a bater


mais forte.

- Ah, Cândida... não é rapaz da sua idade não... é homem feito já,
homem experiente... parece que é montado na grana...

- Nossa... que sonho... – Apoiei a mão no queixo, suspirei.

- Que foi, Cândida? Você acha que um homem desse vai te dar bola?
Você é linda filha, mas a gente não tem onde cair morta. E outra, aposto
como deve ser casado. Homem assim não fica solteiro nem se quiser, ainda
mais na idade dele!

- Não é isso, mãe. Estou pensando é na venda da chácara, eu hein... –


Menti.

- Ah, bom.

É. Falei meio que uma mentira. Fiquei muito curiosa para conhecê-lo,
nem que não fosse bonito. Nem que não fosse rico. Era um homem, e eu
ficava pensando se podia ser o meu namorado, sonhava com isso.
Eu nunca tinha namorado na verdade, sempre fui tímida. E agora
também nem que eu quisesse eu... deixa pra lá. A Joana era muito mais
espevitada do que eu, ficava só me atiçando, falando que eu perdia tempo,
que eu era a mulher mais gostosa do colégio, das redondezas... mas isso
para mim não fazia a menor diferença.

Minha cabeça estava confusa, eu não entendia nada de dinheiro, eu mal


via a cor dele, só contava com os trocados que o Tião me repassava.

Fiquei pensando... pensando...

- Mãe. Já sei. Vou chamar o Tião para vir comigo depois do serviço.
Ele entende tudo de conta, mexe com muito dinheiro lá no bar.

- Será, Cândida?

- É sim.

- Sei não, hein...

Ela mal acabou de falar, nós olhamos lá para fora. Uma luz de farol
bem no rumo da nossa janela, quase nos cegou. Barulho de motor de
caminhonete. Chegou e estacionou, apagou os faróis.

- Uai. Entrando aqui em casa? Você deixou a porteira aberta, Cândida?

- Desculpa, mãe. Cabeça longe.

- Cabeça voada mesmo. É por isso que não arruma namorado.

Ai meu Deus, esse assunto de novo...

- Mãe. Me fala, com quem eu vou namorar? Ahn? Com quem? Nesse
fim de mundo! E que horas eu tenho para sair? E para onde? – Fiquei
irritada.

Gente. Mas foi igual cena de novela. Assim que eu acabei de falar
bateram na porta, e uma voz grossa, imponente, gritou, seguida de palmas.

- Ô de casa!

Mãe levantou da mesa e foi atender.

- É o fazendeiro de novo.
- Ai meu Deus. Mas assim, sem avisar?

Do jeito que eu estava fiquei sentada à mesa. Bernardo acabava de


tomar um mingau de amido de milho com açúcar que mãe tinha feito.

- Pois não? – Mãe perguntou e já foi abrindo a porta.

Eu da mesa consegui vê-lo. E, Jesus.

Meu coração disparou.


JOÃO LUIZ

Eu tinha a vida feita, vida ganha.

Chegar depois dos trinta e cinco e já estar sossegado para mim era
motivo de comemorar, de agradecer a Deus! E tudo mérito meu! Não que
isso fosse um crime, mas nunca fui herdeiro de nada não. Tudo o que
conquistei foi com muito suor, muita luta!

Meu nome é João Luiz, mas a maioria das pessoas me chama de "Rei
do Agro". Sou um homem que aprendeu o valor do trabalho duro e da
determinação desde muito jovem. Cresci nas vastas terras que agora chamo
de minhas, observando meu pai plantar as sementes que se tornariam
colheitas abundantes. A terra era nossa vida, e eu sabia que era meu destino
continuar esse legado.

Desde cedo, aprendi que a terra responde ao cuidado que você lhe dá.
Tornei-me um estudioso da agricultura, absorvendo conhecimento como
uma esponja e testando inovações em minhas próprias terras. Logo, o título
de "Rei do Agro" começou a se espalhar, não por vaidade, mas como um
reconhecimento da minha paixão pela terra e meu compromisso em fazê-la
prosperar.

Mas minha vida não era apenas sobre plantações e gado. Eu era
conhecido por ser autoritário, e minha arrogância frequentemente precedia
minha reputação. Acreditava que tudo na vida poderia ser conquistado com
dinheiro e poder, e estava determinado a expandir minhas terras e meu
domínio a qualquer custo.

Eu tinha tudo, e só o que eu tinha para reclamar era da solidão. A


minha vida amorosa foi um fiasco. Fui casado uma vez, durante muitos
anos, mas o casamento acabou em pedaços, como um quebra-cabeça que se
desfez. Minha ex-esposa, era uma mulher oposta a mim, apaixonada por
aventuras, viagens, grifes e champagne com as amigas. Enquanto eu estava
imerso na busca pela prosperidade, ela queria explorar o mundo, nem que
fosse sem a minha companhia, e foi o que fez. Nossos caminhos se
afastaram, e não conseguimos segurar as mãos para nos manter unidos.

O divórcio foi doloroso, deixando cicatrizes profundas em mim. Ana


Paula e eu não tivemos filhos, um sonho que sempre ardia em meu coração.
Ver meus filhos crescerem como herdeiros das minhas terras era uma
ambição que eu abrigava desde jovem. No entanto, aquele sonho nunca se
realizou.

Eu confesso que a minha busca incansável pela perfeição e minha


natureza autoritária muitas vezes afastavam potenciais parceiras. Eu estava
sempre ocupado, obcecado com negócios e terras, e o amor parecia um
terreno inexplorado na minha vida.

Sempre fui homem namorador, romântico... mas depois da separação


eu nunca mais me apaixonei por ninguém, não quis ninguém. Não teve
mulher nenhuma que mexeu comigo, com meus sentimentos.

Mas uma coisa muito curiosa me aconteceu.

Eu falo que sou muito religioso, confio muito nas mãos de Deus para
me guiar e nem sei explicar, mas nesse dia alguma coisa me encaminhou
para entrar nessa chácara.

Da estradinha de terra dava para ver, um pasto verdinho, um lago no


meio, perfeito para o meu gado. Eu tinha muito dinheiro guardado em
aplicações, dava para comprar aquilo ali à vista, e com folga. Não
importava o valor que o dono pedisse.

Fiz o contorno, dei meia volta, procurando a entrada do sítio. Com


pouco vi a porteira, e ao fundo uma casa pequenininha, devia ser do caseiro,
resolvi parar para perguntar.

Uma mulher bonita me atendeu, era nova mas judiada, cara de sofrida,
carregava uma criança no colo, menino lindo. Gente muito simples, devia
ser esposa do caseiro.

Falei com ela que tinha gostado do terreno, ela me disse que era a dona.
Estava meio ressabiada, conversamos da porta mesmo, nem me convidou
para entrar. Falou da filha, que ia ver com ela, que era para eu voltar no dia
seguinte.

Acontece que mais tarde eu fui num mercado lá perto e a chácara era
caminho meu. E eu não era homem de dia seguinte. E estava para nascer a
mulher que me daria qualquer ordem.

Resolvi passar lá de novo. Alguma coisa me falava para voltar lá de


novo naquele momento. Eu era insistente.

- Ô de casa! – Gritei e bati palma. A luz da casa estava acesa, estavam


na sala.

Não passou nem um minuto, a mulher de mais cedo abriu a porta.

- Pois não?

- Sou eu de novo. – Dei o meu melhor sorriso.

- Esqueci o seu nome.

- É João Luiz. Me chama de João.


- João. Então... Combinamos que o senhor viria amanhã...

- Eu estava passando aqui perto. Posso entrar?

Ela olhou para trás, ressabiada. Limpou a boca com a mão. Parecia que
estava com vergonha, mas não era de mim não, era do lar.

- Pode sim. Não repara...

Assim que eu pisei na sala, tirei o chapéu. Olhei lá para o fundo, o


molequinho estava à mesa comendo, e o que vi vindo na minha direção... eu
nunca tinha visto coisa mais linda.

Devia ser a tal filha da mulher. Chegou sem vergonha nenhuma, e do


jeito que estava vestida continuou, não se preocupou em esconder nada.
Usava uma camisola curtinha, tinha um corpo lindo, muito feminino, cheia
de curvas. Não tinha como não reparar, fiquei babando. Os seios grandes,
redondinhos e bicudos, estava sem sutiã, sem o menor pudor.
- Pode sentar aqui, João. – A mãe dela me apontou o sofá ao lado.
Coloquei o chapéu no rumo da calça, aquela menina me deixou de pau
duro. Muito tempo sem ver mulher, era nisso que dava.

- Oi. Tudo bem? – Veio com a vozinha mansa de menina, toda


charmosa. Apaixonei na hora. Já amansei, baixei a guarda.

- Olá, menina. – Levantei do sofá e estiquei o braço para cumprimentá-


la, sem querer o chapéu caiu e vi quando os olhos dela miraram direto para
onde não devia. Abaixei para pegar, mas não dava para tampar mais. Ela
ficou olhando para o volume da minha calça, olhar de menina curiosa,
ingênua. Se ela soubesse como era gostoso brincar com isso...

- Meu nome é Cândida. Prazer, senhor.

- Não precisa me chamar de senhor. Não me sinto velho para tanto.

- Tá bom.

- Aceita um café, João? – A mãe dela perguntou.

- Ah, mas eu vou aceitar sim.


- Eu passo agora. Cândida, senta para conversar com ele. Enquanto isso
passo lá rapidinho.

- Tá bom.

Ela veio chegando de mansinho e sentou do meu lado. Fiquei igual


bobo perto dela, admirando cada pedacinho do seu corpo. O cabelão escuro,
bonito demais, os pés descalços delicados, boca carnuda, devia ser gostosa
de beijar. Ela tinha um olhar curioso, de quem queria descobrir as coisas.

Ficou um clima tenso entre nós dois. Ela deu um sorrisinho e se


encolheu no sofá.

- Sua mãe te falou sobre a chácara? – Puxei assunto.

- Falou sim.

- E aí, o que acha?

- Eu não entendo muito dessas coisas... a gente vai chamar um amigo


para vir amanhã. Na verdade ele é meu patrão.

- Hum. Sua mãe falou que você trabalha. Faz o quê?


- Sou garçonete. Mas faço mais coisa no bar do Tião, conhece?

- Não.

- Não? Mas é bem famoso aqui. Mãe disse que o senhor mora aqui
perto.

- Uhum.

- Prontinho! – Dona Antônia chegou com duas xícaras de café,


entregou uma para mim.

- Pode passar para a menina. Eu fico com o outro que trouxer.

- Ah não, a Cândida não pode tomar essas coisas à noite, se não custa a
dormir. Amanhã ela tem que acordar cedinho para ir para o bar.
- Nesse caso eu aceito. Fica acordada até tarde, menina? – Perguntei
antes de tomar um gole.

- Essa é ruim pra dormir, viu? Fica rezando, rezando... só escuto ela
rolando na cama até tarde da noite...
- E o namorado? Aposto que não acha ruim de você ficar acordada...
ficam vendo TV...

- Tenho namorado não.

- Namorado? A Cândida?! Iiih meu filho, mais fácil chover pedra!

- Mas por quê? Moça bonita dessa...

- Obrigada.

- Ela nunca namorou não. Difícil também achar rapaz que presta, né
João?

- Mas tem vontade de namorar, Cândida? – Perguntei, morrendo de


curiosidade, já de olho, fantasiando...

- Tenho. Nossa... demais... – Ela falou numa vontade...

- Namorar é muito bom. Também estou solteiro. Separado.

- Uhum. – Dona Antônia franziu a testa, ficou me encarando como


querendo me decifrar, descobrir algum segredo. – E separou por quê?
- Longa história. – Fui simples e prático, olhando-a nos olhos.

- Me desculpa, João. Eu não quis ser intrometida.

- Pois é. Mudando de assunto... falou com ele, Cândida? Do Tião? – A


mãe dela perguntou, séria.

- Falei. Ele vai voltar aqui amanhã. E por que veio hoje, mal lhe
pergunte?

- Para te conhecer.

Vi que ela e a mãe trocaram olhares. A bochecha ficou rosinha.

- Ah.

- E agora que já te conheci e você me conheceu, vou deixar as duas


descansarem. Amanhã têm muito trabalho pela frente. Olhar criança
pequena também não deve ser brincadeira!

- O senhor tem filhos? – Cândida mais do que depressa me perguntou.

- Não. Mas é o meu sonho.


- Legal...

- É muito bom, João. Espero que um dia o senhor ache uma moça para
te dar uma criança linda. O senhor parece que vai ser um bom pai. Gosta de
criança?

- Adoro.

- Pois é.

Dei um sorriso sem graça.

- Bom, vou embora. Obrigada pelo café e pela conversa, dona Antônia.
E Cândida, foi um imenso prazer conhecer você. Amanhã eu volto.

- O prazer foi meu, João.

Gostosa...

Fui embora feliz da vida para casa. Ela era linda, mas maior do que a
sua beleza era a sua simpatia, o jeito doce de menina, meiga, tímida.
Derretia meu coração. Mulher assim era o meu ponto fraco.
Cheguei em casa, fui tomar um banho, e é lógico que eu homenageei
aquela morena. Gozei gostoso no banho, fiquei imaginando ela montada em
mim, me cavalgando, eu ensinando tudo... devia ter o cabacinho ainda.

Vontade de vê-la de novo...

Amanhã era um grande dia.

O dia saiu todo errado.

Não foi nada como planejei. A ida do tal do Tião à chácara atrapalhou
tudo! O cara não entendia nada, só dava pitaco errado, sem noção. Falou
com a dona Antônia para não vender a chácara, que as duas não teriam para
onde ir e que a Cândida não arrumaria outro emprego porque não tinha
estudo. Além de tudo insinuou que eu queria passar a perna na mulher.
Mas o pior não foi isso. O pior foi o que eu vi na cozinha...

Eu tinha ido ao banheiro e a dona Antônia foi conferir como estava o


Bernardo, que tirava uma soneca no quarto dela. Quando voltei de
mansinho para a sala, flagrei uma cena que me despertou uma ira do
caralho!

O vagabundo estava com a mão dentro da calcinha dela, mexendo. E


ela paradinha, apoiada na pia. A boba estava deixando ele aproveitar, seus
olhos quase fechando.

Eu fiquei de cara. Passado. Coroa mais sem vergonha! Eu tinha que dar
um jeito naquilo! Acabar com aquela canalhice!

Tirou a mão depressa quando ouviu a dona Antônia chegar, aproveitei e


chamei a menina num canto.
- Olha, Cândida. Eu preciso falar com você. Mas só nós dois. Vamos ali
fora? Você finge que vai me mostrar aquele pé de goiaba...

- Vamos sim. – Ela me mirou com aquele olhão castanho lindo. Tinha a
voz tão doce, parecia tão ingênua... que vontade de cuidar dela que me deu,
caramba.

Fomos andando, pisando na terra, na folhagem seca, eu de bota de


trilha e ela com os pés descalços, o vestido curtinho voando, mostrando as
coxas grossas e a beiradinha da bunda. Eu agora entendia tudo. Paramos lá
perto.

- O que quer falar comigo, João? Fiquei preocupada...

Comecei a conversar com ela, vi que o cabra estava na porta da casa


vigiando, parecia um cão de guarda.

Levantei o queixo e fechei a cara para ele, fiquei encarando.

- Cândida! – O filho da puta chamou.

Ela virou para ver o que ele queria.


- Eu ainda não terminei com você, Cândida. – Falei bravo.

Ela fez sinal para ele esperar.

Mas não deu nem dois minutos e o merda chamou de novo.

- Será possível que vou ter que te tirar daqui pra ter sossego para
conversar, caramba?! - Saí pisando duro, passei por ele na porta, ele não
afastou, nossos ombros trombaram com força. O dele deve ter doído mais
que o meu, ele era mais baixo, tinha menos corpo.

- Dona Antônia, vou levar sua filha ali no mercado pra comprar umas
coisas aí para a senhora.

- Ah... não carece não, João.

- Faço questão. – Falei com firmeza. Ela ficou sem jeito.

- Tá bom.

Fingiu que não queria mas vi que o olho da mulher brilhou. Parecia que
não tinham quase o que comer. Ontem à noite eu tinha visto, estiquei o
pescoço e em cima da mesa só havia uma panela de sopa, parecia uma água
rala.

A hora que dei as costas vi que o filho da puta tinha ido atrás da
menina. Cheguei da porta, estavam cochichando lá fora e ele já vinha
trazendo-a cá para dentro.

- Vamos comigo ali, já avisei sua mãe. – Peguei ela pelo braço, saí
pisando duro.

- Ei, onde você pensa que vai levar a Cândida?!

Eu não respondi e muito menos ela, só olhou para ele fazendo sinal que
voltava. O cara ficou puto. Quase veio atrás da gente.

Abri a porta da caminhonete, ajudei ela a subir.

- Eu não peguei o meu chinelo... – Falou para mim, esticando as pernas


e olhando os pés.

- Tem problema não. Você vai ganhar um novinho!


Ela abriu um sorriso de menina sapeca, inocente. Meu coração até
revirou.

Bati a porta e dei meia volta, liguei a caminhonete e dei partida.

Quando fomos chegando no mercado, eu parei a caminhonete debaixo


de uma árvore, lugar deserto, para a gente conseguir conversar direito.

- João, está me deixando preocupada...

- Eu é que fiquei preocupado com o que eu vi na sua cozinha.

- O que você viu? – Ela estava apertada, lógico que já sabia.

- Cândida, eu mal te conheço, menina. Você é muito novinha, inocente,


dá vontade de levar pra casa... – Não me contive, falei. Era isso mesmo que
eu sentia, vontade de pegar pra mim.

Ela deu um sorriso bobo e eu também.

- Fala logo, João.

Bufei.

- Aquele sujeito. Seu patrão lá do bar. Cuidado com ele, menina...


homem é bicho maldoso... eu sou homem e sei como é que funciona... você
é novinha, o seio empinadinho, tem um corpo muito bonito, chama a
atenção demais com esses vestidos curtos que você usa, ainda mais que não
bota sutiã... Cuidado com aquele homem, Cândida...

- Não sei do que está falando. – Ela emburrou de uma vez, cruzou os
braços e olhou lá pra fora.

- Sabe sim. Claro que sabe. Cândida, presta atenção: eu quero ser
amigo seu. Estou falando como amigo, sou do bem. Vi ele enfiando a mão
dentro da sua calcinha.

- Foi só essa vez...


- Olha, eu não estou te julgando. Mas o cara é muito mais velho, mais
velho até que eu, tem idade para ser seu pai, avô, se bobear. É seu patrão,
cuidado...

- Vou tomar mais cuidado, João. Agora vamos comprar as coisas?

Fiquei parado olhando para ela. Vontade de chegar perto, saber como
era o seu cheiro, a textura da pele, o gosto do beijo, da língua. Não devia
pensar nisso numa hora dessa, mas eu pensava. Eu estava sendo honesto,
falando a verdade. Mas que tinha desejo demais por ela, isso eu tinha.

- Vamos sim, Cândida. Mas não comenta nada com ele, por favor. Te
peço de verdade. Ele ficou olhando a gente, parece que acha que é o seu
dono.

- Ele não é o meu dono! Ele só...

- Ele só o quê? O que ele fez com você, menina?

Vi que ela ficou vermelha. Baixou os olhos, não teve coragem de me


encarar.
- Olha João, ele cuida de mim. Ele me defende quando alguém mexe,
me dá dinheiro pra eu trabalhar lá.
- Isso não é cuidar, Cândida! Me conta. Tem medo que eu conte para a
sua mãe?

Ela só fez que sim com a cabeça.

- Fica tranquila. Isso não vai acontecer jamais. Vou te perguntar então,
e você responde, tá bom?

- Uhum. – Ela já estava encolhida no banco.

- Você deixa ele passar a mão nos seus seios?

- Sim.

- Na sua bunda também.

- Uhum.

- E no seu tesourinho aí dentro da calcinha? Eu vi o que ele fez,


Cândida. Não minta para mim.

- Sim.
- E outra coisa? Deixou ele colocar dentro?

- Uhum.

- Meu Deus... vocês usaram camisinha, Cândida?

- Não.

- Menina, menina... olha o que você tá fazendo... vai arrumar barriga,


hein, cuidado!

- Ele sempre faz fora.

- Puta merda... foi mais de uma vez?!

- Foi.

Vontade de arrebentar a cara daquele sujeito! Desgraçado!

- Ele te forçou, menina? Te machucou? – Meu coração agora estava


apertado, boca até secou.
- Não.

- Entendi.

Droga. Eu não sabia mais o que falar. Se já tinha feito tantas vezes
assim sem ele forçar nada, talvez fosse porque estivesse gostando. Mas que
essa história estava estranha, estava. Menina nova, linda, com os hormônios
à flor da pele, na fase de descoberta do corpo, do sexo. Era para estar com
namoradinho novo, dando gostoso no sofá enquanto a mãe fazia o jantar na
cozinha.

Mas talvez ela ficasse o dia inteiro nesse boteco sujo cheio de macaco
velho safado. O vagabundo devia estar se aproveitando disso.

- Cândida, você é muito caladinha, menina. Me responde uma última


pergunta...

- Uhum.

- Você gosta?

- De quê?
- De dar pra ele.

A menina ficou vermelha que nem um pimentão, fiquei com pena.


Peguei na mão dela, estava gelada. Enchi de beijo pra esquentar, apertei
com a minha, entrelacei nossos dedos. Ela começou a ofegar.

- Eu...

- É gostoso? Pode falar, meu benzinho. Não é pecado.

- Uhum.

- É?

- Sim.
- É por isso então que você deixa. Porque você acha gostoso. É só por
isso, não é?

- Quero falar disso mais não. Vamos embora?

- Desculpa. Não vou mais chatear você, menina. Mas prometa para
mim, ponha mais juízo nessa cabecinha. – Escorri meus dedos por aquele
cabelão preto macio. Puxei ela para perto, dei um abraço apertado. Ela
deitou a cabeça no meu peito, ficou encolhidinha. Dei um beijo no cabelo
cheiroso de xampu. Fiz que ia soltar mas ela parece que travou em mim.

- Está gostoso ficar abraçadinha comigo? Podemos ficar o tempo que


você quiser, meu anjo. – Apertei-a mais, envolvi suas costas com meus
braços. Ficou roçando os seios macios no meu peito... não devia pensar
sacanagem mas pensei, meu pau já latejava, calça fazia volume. Há tanto
tempo que não sentia uma mulher, o contato pele com pele, a maciez do
cabelo, o cheiro de fêmea, o gosto da língua, e tudo mais que me fascinava,
que eu era louco, alucinado.

- Vamos agora? – Ela afastou de mim, ficou me olhando nos olhos pela
primeira vez.

Não resisti. Segurei seu rosto, cheguei perto, depositei um beijo nele.

- Você é linda. Não deixa homem nenhum abusar de você.

Ela balançou a cabeça respondendo que sim.

- Seu olho é azul? – Me perguntou do nada, passando o polegar na


minha sobrancelha espessa.

- É sim.
- Azul-claro, da cor do céu. – Abriu um sorriso. – É lindo.

- Obrigado.

- Você é lindo. Quero dizer, o senhor é lindo.

- Sei que sou muito mais velho que você, tenho idade para ser seu pai
quase, mas não precisa me chamar de senhor. Prefiro que me chame só de
João. A gente é amigo agora, não é?

- Uhum. – Ela sorriu pra mim, continuou com seu olhar de admiração,
nós dois pertinho um do outro. Parecia era clima de paquera, gostoso
demais.

- Olha, sua mãe daqui a pouco pega o salafrário e vem atrás da gente.
Vamos descer e fazer as compras?

- Vamos.

- Espera aqui que eu te ajudo a descer.

- Tá bom.
Desci e contornei a caminhonete para abrir a porta para ela. Esticou os
braços e se jogou em cima de mim.

Agora sim, pude dar um abraço gostoso nela, sentir seu corpo colado
no meu. Apertei com vontade, minhas mãos contornando sua cinturinha,
espalmadas no comecinho da bunda. Que vontade que deu de alisar... Ela
deu um gritinho com medo de cair.

- Eu te seguro, menina, você está segura comigo. – Coloquei ela no


chão, ficou ajeitando o vestidinho curto enquanto eu fechava a porta e
acionava o alarme.

Entramos na mercearia, seu olhar brilhou para as prateleiras.

- Escuta, Cândida. Deixa eu te pedir uma coisa: compra o que você


quiser, pega o que quiser aqui.

- Eu tenho é medo de mãe me xingar se eu chegar lá com esse tanto de


coisa...

- Uma ova! Você fala que foi presente meu.


- Ela vai perguntar por que você está me dando presentes...

- Pode deixar que eu explico.

Peguei um carrinho e saímos andando. Vontade de dar a mão para ela,


de ficar igual namorado. Vontade de comprar o mundo pra essa menina,
cacete!

Eu precisava era ter calma.

Já falei, tem coisa do destino que a gente não sabe explicar. Parece uma
voz falando na cabeça da gente. Quando eu vi essa morena meu coração
revirou dentro do peito, e juro que não foi só pela beleza dela, pela
sensualidade. Tinha alguma coisa a mais. Não era carência minha, era
sentimento. Vontade de cuidar, de ensinar tudo, mostrar como o mundo era
bonito, como existiam coisas lindas, passear, viajar com ela...

Caramba, que gostoso que era sentir isso! Que vontade doida que eu
estava de viver de novo!

Obrigado meu Deus!


CÂNDIDA

Eu estava até agora sem acreditar no que estava acontecendo comigo.

Sério. Parece que Deus estava ouvindo minhas preces. O tanto que eu
pedia, que eu queria sair dessa situação com o Tião mas não sabia como, e
esse fazendeiro danado de bonito chegou vasculhando minha vida toda.

Meu Deus... que vontade que deu de me entregar para ele... Vontade de
abraçar, fazer amor.

Chegou todo valente, era grandão, forte. O Tião ficou miudinho perto
dele. Homem gostoso, cheiroso demais, já tinha uns fios de cabelo grisalhos
mas era inteiraço, muito mais do que o Tião. Os olhos azuis da cor do céu,
cabelo meio crespo curtinho, uma sombra de barba na cara, queixo lindo.
Fiquei quietinha observando ele botar banca perto do outro, me
arrastou me levando para o seu carro. Vontade que deu de fugir com ele, de
deixar tudo para trás. Que diacho de homem bravo, viu!

Ele tinha me flagrado. Tião falou que queria sentir o cheiro da minha
buceta, enfiou a mão com tudo, ficou esfregando meu botãozinho. Eu me
sentia mal com essa situação, mas ao mesmo tempo era muito gostoso.

Mas eu sabia que não era certo, e queria parar!


João começou a acarinhar minha mão dentro do carro, sua mão era
quente, grande, macia. Me deu um abraço, e nossa, eu nunca senti uma
coisa tão boa... uma paz me invadiu, vontade de ficar ali para sempre
deitada naquele peito duro, cheiro de roupa limpa, perfume de homem
gostoso.
Descemos do carro e foi quando eu tornei a aproveitar, caí em cima
dele, me segurou com força, era grandão, me envolveu todinha, só faltou
me beijar na boca.

Nunca nenhum homem tinha feito isso, de me levar assim no mercado


para eu escolher alguma coisa. Nem com mãe também. Ela tinha os rolos
dela mas nunca me apresentava ninguém, eu não ficava nem sabendo, não
me contava.

A primeira coisa que o João me mandou escolher foi um chinelo. Meus


pés estavam sujos de terra, de poeira, fiquei até com dó de calçar, mas ele
insistiu. Peguei um de dedo bem simples, do mais baratinho, ele trocou e
pegou o mais bonito, com florzinha de plástico colada, caríssimo! Eu
aceitei. Falou que ia explicar tudo para a minha mãe, e eu deixei.

Fizemos as compras, ele ia empurrando o carrinho e perguntando o que


eu queria pegar, me mostrando os produtos. Eu estava com tanta vergonha
que só mexia a cabeça, falando que sim ou não.
Quando colocou as sacolas na carroceria da caminhonete, já estava
escuro e voltamos para casa.

Fomos conversando...

Ele era muito legal, agradável, tentava sempre me deixar à vontade, e


conseguia. Era brincalhão, me contou a vida dele quase toda durante o
nosso trajeto.

- Mas e então, João. Quanto você está querendo pagar pela chácara?

- Vocês que precisam me dizer o preço, Cândida. Aquele filho da puta


nem para isso serviu, ficou enrolando. Quero te falar uma coisa Cândida.
Não quero esse homem na sua casa mais quando eu for lá. Não quero ele
envolvido em nada da nossa negociação, e também não quero que você
conte nada para ele relacionado a valores, você está me entendendo?

Ele falou muito bravo, fiquei até com medo. Parecia que estava com
ódio mortal do Tião.

- Estou sim, João. Pode deixar, não vou falar nada com o Tião não.

Vi que ele ficou calado, pensativo. Depois soltou a pergunta.


- Amanhã você já vai no bar? Você trabalha aos sábados?

- Trabalho sim, até na hora do almoço. Por quê?

- Estou querendo te levar para chupar sorvete.

- Ué, mas onde?

- No centro da vila.

- Ah, tá. Quase não vou lá.

- Te pego então. Você sai uma hora?

- Saio.

- Te pego duas então. Você acha que sua mãe vai importar?

- Acho que não.

- Então está ótimo.


Paramos a caminhonete e ele me ajudou a descer, nos abraçamos de
novo, nossas bocas roçaram de leve, ficou aquele clima gostoso depois que
me colocou no chão.

Não me deixou carregar nenhuma sacola, levou tudo lá para dentro,


Tião já tinha ido embora graças a Deus.

- Minha filha, vocês demoraram muito. Tião estava aqui até agora há
pouco esperando pra ver que horas vocês iam voltar.

Olhei para a cara do João e ele olhou para mim, nosso olhar foi de tanta
cumplicidade que nem precisamos falar nada um com o outro.

Mãe já ia começar a brigar por causa de horário, mas quando viu a


quantidade de sacolas de compras que o João estava descarregando na
cozinha, parou de falar na hora, ficou foi rindo de felicidade.

- Meu Deus, isso tudo é aqui pra casa?! Não precisava não, como vou
te pagar? Não tenho dinheiro pra isso não!

- Dona Antônia, é agrado meu, tá certo? Não tem que pagar nada não.
É pra vocês aí se alimentarem direito. Trouxe iogurte pro moleque.
- Ah meu Deus, olha aqui, Cândida. Igual aquele da propaganda na
televisão! – Mãe ria sem parar.

- Bom. Vou deixar vocês aí. Dona Antônia, hoje nosso papo não
rendeu. Eu vou te ser sincero, quero conversar somente com você e a
Cândida. Nada do Tião.

- Tá certo. – Mãe respondeu mais do que depressa, concordando com a


cabeça. – Podemos marcar outro dia. O dia que ficar melhor pro senhor.
- Certo. Eu só preciso que me falem o valor. Vamos combinar semana
que vem. Vou trazer um advogado com a papelada. Ele ajuda todo mundo,
combinado?

- Combinado.

João ficou sério de repente, fechou a cara.

- Escuta, dona Antônia...

- Pois não.

- Estou querendo levar a Cândida para tomar um sorvete amanhã


depois que ela sair do bar.
Mãe me olhou tão esquisito que senti meu rosto arder.

- Ah, é?

- É sim. Posso?

- Pode sim. Mas vocês não demoram, né? Voltam antes de escurecer...

- Trago sua filha sã e salva. Perfeita, do jeito que ela é.

Ai meu Deus... ele me olhou de um jeito... mãe fez uma cara engraçada
para ele, parece que percebeu na hora.

Eu já começava a desconfiar. Será que queria alguma coisa comigo?


Todo carinhoso, educado, preocupado. Por que queria me levar para chupar
sorvete? Se o Tião soubesse, ia me encher o saco! Não aceitava macho
perto de mim.

- Está bem então. Bom, então eu vou deixar vocês descansarem. Me


desculpem aí por ter tomado o tempo de vocês.
- Mãe, olha o meu chinelo novo... aquele lindo que tem florzinha! –
Mostrei para a mãe, toda alegre.

- Nossa, Cândida, dá até pra ir em festa de aniversário!

- Dá sim!

- Cândida, leva o fazendeiro até a porta. Já agradeceu a ele?

- Já sim. Muito obrigada de novo, João.

- Não há de quê, menina.

Viramos as costas e mãe foi guardar as compras.

Ele abriu a porta e me mandou passar na frente. Fomos andando até a


caminhonete.

- Amanhã às duas então? Te pego aqui, combinado?

- Combinado. – Dei um sorriso bobo para ele.


- E Cândida. Não comenta isso com aquele sujeito. Não conta nada da
sua vida pra ele.

- Tá certo.

Veio para perto de mim, sua mão me segurou no rosto, me deu um


beijo gostoso na bochecha, fechei os olhos, até suspirei.

- Até amanhã, meu benzinho.

- Até amanhã.

Ele despediu de mim e saiu, fiquei parada olhando a caminhonete


arrancar até atravessar a porteira.

Se era um sonho, eu não queria acordar nunca mais.


No dia seguinte, eu já fui trabalhar pensando no nosso encontro.
Cheguei no bar, ainda não tinha cliente, fui para a cozinha ajeitar tudo.

- Bom dia, Tião! – Passei por ele no caixa, estava contando dinheiro.
Não respondeu. Levantou da cadeira e veio atrás de mim.

Chegou, encostou a porta. Ficamos só nós dois lá dentro.

- Hoje é dia da Marilene vir te ajudar, não é? – Comentei, tentando


puxar assunto. E também vi o olhar dele para mim, sabia que estava
querendo alguma coisa já cedo.

- Com autorização de quem você saiu ontem sozinha e entrou em carro


de macho?! – Chegou muito perto, senti o cheiro de cachaça saindo da sua
boca.
- Mãe deixou, a gente só foi ao mercado...

- Vou ter que ter uma conversa séria com a Tonha! – Pegou no meu
maxilar e apertou, minha boca fez um bico.

- Foi só ontem. Não vou mais sair... – Falei com dificuldade. Vontade
de xingar, de dar um soco na cara dele.

- Não quero saber de você encontrando com macho, Cândida.

- Eu já falei que não fiz nada!

- Não grita comigo! Você não manda nada aqui, diabo!

Eu comecei a chorar.

Não aguentava mais, já sentia saudade do João, vontade de sair


correndo e cair no abraço dele de novo.

Tião ficou apertado.

- Para de chorar, desgraça. Daqui a pouco chega cliente e vai perguntar!


Eu não conseguia. Chorava de soluçar. Ele me abraçou, parecia que
nem tinha tomado banho. Cheiro de suor e cigarro.

- Me desculpa, morena... Eu tenho uma coisa que vai te animar...

- O que é? – Perguntei, secando as lágrimas.

- Quer comprar o celular, quer?

Sequei os olhos na barra do vestido.

- Quero.

- Então é hoje que a morena vai comprar... – me deu um beijo de


língua, segurei firme a respiração. Eu estava tomando nojo dele, cada dia
mais.

- Se me der seu presentinho agora, vai ganhar o dinheiro que está


faltando pra completar... Já está lá no caixa, separadinho pra você levar
hoje...

- Mas é muito o que falta!


Merda. Na hora nem pensei. João me falou que era para ter cuidado,
mas eu prometi para mim mesma que ia ser só dessa vez. Tião me daria o
dinheiro que faltava para completar e pronto! Eu não ia querer mais nada!

- Não importa o que falta. Vou te dar um dinheirão hoje! – Ficou rindo,
risada maldosa.

- Tá bom. Mas é a última vez, Tião. Não quero mais ficar fazendo isso,
Tião.

- Por que não?

- Porque não é certo. O senhor é o meu patrão. E eu não quero ficar


fazendo nada a troco de dinheiro. Eu não sou puta.

Tião gargalhou. Seus olhos assumiram um aspecto sombrio, ele estava


vidrado em mim, me segurou pelo pescoço, sua mandíbula estava cerrada
agora.

- Ah, morena... você é minha, morena... minha...


- Eu não quero mais, Tião. Ai... – Respirei com dificuldade - está me
enfor...cando!

Ele me soltou com violência e me empurrou.

- Você quer e você vai. Nós vamos fazer agora.

Aterrorizada, eu me encolhi, abraçando meu próprio corpo para me


proteger. Olhei para sua bermuda, estava muito estufada.

- Vamos fazer agora, Cândida... vem me dar seu presentinho, vem...

Ele me puxou pela cintura e eu gritei, comecei a chorar. Fiquei


lembrando do João, de tudo o que eu já estava sonhando em viver com ele.
Era como se eu estivesse o traindo, e nem tínhamos nenhum compromisso.
Minha consciência já pesava, porque o rei do agro já conseguira invadir o
terreno fechado do meu coração.

Vendo que o Tião não ia me soltar, fechei os olhos e prometi a mim


mesma que seria a última vez. Última! O desgraçado me daria o dinheiro e
nem ver a cara dele eu queria mais. Nunca mais! Nem que eu passasse
fome!
Eu relaxei e ele percebeu. Eu não disse nada. Ele desceu a bermuda e
arrastou minha calcinha para o lado, segurou minha coxa em volta da sua
cintura e ficou esfregando o pau entre meus lábios, gemendo, me
umedecendo. Fechei os olhos tentando imaginar que era o João, mas o
cheiro de cigarro e cachaça eram fortes demais, não teve jeito.

Fiquei parada de olhos fechados, enquanto sentia a penetração me arder


e pressionar, rezando para acabar logo e eu me libertar. Ele desceu meu
vestido e fiquei praticamente nua, com o tecido embolado na cintura. Meus
seios de fora balançavam com as estocadas dele, Tião gemia muito, beijava,
lambia eles, me mandava falar que eu era dele, falar putaria, ficava louco.
Em pensamento eu mandava ele tomar no cú, mas ali eu queria que
terminasse logo, fui tão falsa quanto pude, caprichei. Naquela manhã eu
disse tudo o que ele queria escutar, as palavras mais baixas, sujas, até
resolvi gemer, fingir o orgasmo, que eu nem sabia como era, só ouvia a
Joana me dizer.

E dito e feito, ele gozou muito rápido. Saiu de dentro de mim e eu


joguei meu quadril para a frente, embolei bem o vestido e ele gozou na
minha barriga dessa vez.

- Ah, morena... você me enlouquece, morena... nem dormi ontem de


raiva, de preocupação com você...

Não falei nada. Não ia começar esse assunto de novo. Deixei ele falar o
que bem queria, se gabando por eu ter atingido o prazer.
- Está vendo porque é que não podemos parar com isso? Você faz bem
para mim e eu cuido de você.

Ignorei tudo o que ele falava. Coloquei a mão na barriga e limpei, fui
para o banheiro para me lavar na pia com água e sabão.

Olhei no espelho sentindo a água gelada escorrendo na minha pele


morna, respirei aliviada.

Era a última vez. Eu estava livre! Livre dele!

A manhã passou rápido.

O bar encheu bastante, mas eu já tinha pegado o jeito, num instantinho


já ia catando tudo e lavando entre um pedido e outro.
Depois que o movimento diminuiu, peguei a vassoura e comecei a
varrer; olhei de relance e vi um bolo de dinheiro na mão do Tião, meu
coração revirou de alívio. Desgraçado!

- Deixa a vassoura aí e chega perto, morena! – Me chamou.

Larguei tudo e fui correndo para o balcão.

- Toma. Com isso aqui você vai comprar o modelo mais chique!

- Nossa... é muito dinheiro, Tião...

- Falei que ia te dar, morena... você hoje mereceu.

- Obrigada, Tião! – No calor da emoção e do alívio, corri e dei um


abraço nele.

Ele me apertou e ficou alisando a minha bunda, falando no meu ouvido


que eu tinha feito gostoso, que aquela não era a última vez, que segunda a
gente ia fazer mais... tentei soltar dele mas ele me agarrou com força, não
queria me deixar ir, até que escutou uma voz de homem chamando e quase
caiu da cadeira.
- Pai?!

Olhamos para a entrada do bar, o Zeca estava paradinho nos


observando.

Tião me empurrou, peguei o bolo de dinheiro correndo e enfiei na


calcinha.

- O que os dois estão fazendo? Você estava alisando a bunda da


Cândida, pai?!

Ele veio igual uma onça, eu achei que ia bater no pai, fiquei encolhida.

- Oi Zeca, não é nada disso que você está pensando...

Fiquei pronta para sair correndo. Rezei para o namorado da Joana não
dizer nada a ela, porque se não é certo que mãe saberia.
- Eu vi! – Ele passou por mim e foi para perto dele tirar satisfação.

- Está imaginando coisa nessa cabeça avoada, Zeca... – Ele deu o


sorriso mais safado para ele, com a cara mais limpa! Fiquei abismada.

- Você estava com a mão na bunda dela, pai!

- Vou te explicar o que aconteceu, calma. A Cândida bateu o bumbum


na quina da mesa, e pediu para eu ver o roxo que fez.

Zeca riu com ironia, óbvio que não acreditou. Ainda mais que era
homem, e conhecia o pai.

- Agora eu estou entendendo tudo...

- Está com ciúme, desgraça? Você come é a Joana. E se disser alguma


coisa para ela eu te mato.

Resolvi sair dali porque o clima pesou demais. Antes que saísse alguma
briga, reforcei a fala do Tião.

- É-é... foi isso mesmo. Eu bati, Zeca. Mas já melhorei. Tchau!


Saí correndo e catei minha bolsa, ele ficou me gritando, queria que eu
mostrasse para ele o tal machucado.

- Ela vai perder a hora com a mãe lá, Zeca. Deixa a menina ir! Está
com ciúme, caralho!

Saí correndo e não escutei mais nada. Os dois que se entendessem lá.
Eu queria era que o Tião levasse um bom sermão, e que não sobrasse para
mim depois. Mas isso era difícil de acontecer.

Catei o dinheiro da calcinha e fui contando. Juntei tudo e coloquei


dentro da bolsa.

Estava feliz demais, eu já ia era pedir que o João me levasse na cidade


depois que a gente chupasse sorvete, que me ajudasse a escolher, a comprar
o aparelho.

Tudo corria perfeito, tudo tinha terminado bem. Perdão, meu Deus!

E o João... nossa... eu acho que a vontade de o ver era o que mais


estava me tocando, me deixando alegre. Mas já ouviu falar que tudo o que é
bom dura pouco? Que alegria de pobre dura pouco?
Eu já atravessava o matagal, de dia era tranquilo, não tinha medo,
nunca teve nada por ali, e também era uma estradinha pequena, rápida de
passar. Mas com pouco só senti um puxão na minha bolsa. olhei para o
lado, vi um homem muito estranho, encapuzado.

- Passa essa bolsa pra cá, sua piranha!

- Não! Minha bolsa não! Me dá! – Tentei puxar, mas ele era mais forte,
tirou uma faca do bolso, colocou na minha cintura.

- Passa essa bolsa agora ou eu te mato, vagabunda!

Meus olhos se encheram de lágrimas, minha visão ficou embaçada, um


filme passou pela minha cabeça. Vontade de deixar que me matasse, minha
vida era mesmo uma droga. Mas lembrei de mãe, do Bernardo. Do João.
Até do João eu me lembrei. Devagar soltei a bolsa, deixei que levasse,
puxou com força, me deu um chute na perna e saiu rindo.

Sentei na grama, e ali fiquei chorando de soluçar.


JOÃO LUIZ

Caramba... eu estava numa ansiedade... difícil de explicar, viu. Há


muito tempo não sentia isso.

Queria virar a página, esquecer tudo de ruim que tinha acontecido


comigo, desde que a mulher me deixou, me trocou por uma vida de festas e
viagens. Eu só ia levar os momentos bons que passamos, e não foram
poucos. Muitos anos de casamento, movi céus e terras para ela, fiz tudo! A
gente não tinha tido filhos, ela falava que não queria, apesar de saber que
era o meu sonho. Mas enfim, abri mão disso porque a amava. Pelo visto não
tinha adiantado de nada, e eu tinha minhas desconfianças se não havia outro
homem no meio daquela empolgação toda que ela tinha.

Eu dava duro para manter os luxos da Ana Paula,

Que se fodesse. Eu gostava de pensar em coisa boa, não era homem de


ficar remoendo o passado.

E coisa boa para mim agora envolvia a Cândida!

Já estava sonhando com ela... Levar aquela coisinha linda para chupar
um sorvete bem gostoso... vontade que eu estava era de beijar aquela boca,
sentir o gosto da boca, o gosto dela todinha.
Na parte da manhã eu tive uma conversa por telefone com o Ricardo,
grande amigo meu e advogado, adiantei para ele o assunto da compra da
chácara, resolvi mais uns outros assuntos, manter uma fazenda do porte da
minha não era fácil, era muito empregado, tinha uma empresa de orgânicos
que estava a todo vapor, crescendo mais a cada dia, criação de cavalos,
gado, envolvia muita coisa. E agora eu estava entrando no ramo de venda
de maquinaria agrária.

Almocei, tomei um banho caprichado, queria ficar cheiroso para a


morena. Gostoso para ela. Vesti uma calça jeans, bota de trilha, uma camisa
xadrez nova (estava estreando), borrifei uma gota de colônia importada
(mas bem pouco mesmo) e passei a mão na chave da caminhonete. Já
estava quase na hora, eu era muito pontual, ia ser a conta exata de chegar lá.

Cheguei na chácara, dona Antônia me recebeu muito bem, falou que


era para eu aguardar uns minutos, que a Cândida já estava chegando. Disse
que às vezes um cliente ou outro ficava até mais tarde e a menina tinha que
ajudar o Tião a fechar o bar.
Aquilo me deu um nervoso, pensei logo que era mentira, que ele devia
era comê-la todo final de turno.

Meu sangue ferveu, me inquietei, levantei do sofá de uma vez e falei


com ela que não ia esperar, que pegava a Cândida no caminho, lá na praça
mesmo já levava a menina em algum restaurante para comer alguma coisa.

- Você que sabe, João.

- Eu vou fazer isso. Encontro ela no caminho aí...

Fui saindo, já ia abrindo a porta, escutei o barulho da porteira


destravando.

Era a Cândida. Rapaz... quando essa menina me viu, me deu até um


aperto no peito. Ela veio correndo, abrindo os braços, disparou a chorar.

- Cândida! O que aconteceu, Cândida?

Corri ao encontro dela. Ela me abraçou com força, sua mãe veio lá de
dentro preocupada.

- Cândida! Está chorando por quê?


Ela grudou em mim, não queria me soltar.

- Fala pra mim, meu anjo. O que aconteceu?

Devagarinho ela me soltou.

- Roubaram o meu dinheiro. O dinheiro que eu ia comprar o celular! –


Ela falou chorando, tornou a me abraçar.

- Fizeram alguma coisa com você, Cândida? Você está bem?

- Não. Fizeram não! O meu dinheiro! Na trilha mãe, foi ali na trilha no
matagal!

- Mas logo cedo assim? Você conseguiu ver quem foi?

- Um homem encapuzado! Não deu para ver...

- E você estava com o dinheiro todo do mês? – Perguntei.

- Estava sim. O dinheiro que eu ia comprar meu celular!


- Nossa...

- Isso é o de menos, Cândida. O importante é que não aconteceu nada


com você. – Falei duramente com ela. – Agora vai lá dentro, está toda suja
de terra... toma um banho e eu vou te levar para almoçar.

- Tem almoço pronto aqui para ela, João. Só não vou te oferecer porque
sobrou pouco. – Antônia intrometeu.

- Ah, não preocupa com isso. Eu já almocei em casa. – Respondi.

- Vamos entrar então. – Cândida nos chamou, foi andando na frente,


secando as lágrimas.

Sentei no sofá e Antônia ligou a TV, ficamos assistindo e conversando,


perguntei pelo moleque, ela me disse que ele estava no quarto brincando.

Fiquei à vontade.

Gente simples era muito fácil de conversar, de ter assunto. A verdade é


que eu era assim também. Vim de família pobre, conquistei tudo na marra,
com muito sacrifício.
Antônia me contou muita coisa, se abriu comigo, falou da dificuldade
que passavam. Disse que venderia a chácara se o dinheiro desse para
comprar outra tão boa quanto aquela. E eu estava disposto a ajudar, a dar
até mais do que valia, essa família me comoveu muito. A menina então...

Passados uns minutos meu benzinho chegou na sala, até puxei o ar com
força ao vê-la tão linda...

Colocou um vestido simples de alcinha, bem curto, uns babados na


barra, um decote mostrando quase todo o seio. Cabelão solto que tinha
lavado, nos pés o chinelo novo que eu tinha dado. Veio o cheiro docinho de
mulher de banho tomado - meu pau inchou na hora.

- Estou pronta, vamos?

- Não vai almoçar, Cândida? - A mãe tornou a perguntar.

- Não.

- Eu falei para vocês, vou levar a Cândida para comer alguma coisa.
Pode ficar tranquila Antônia, sua filha comigo está em boas mãos.
- Você é homem direito, maduro. Confio em você, João.

- Pode confiar. – Estendi a mão para a Cândida e ela finalmente me deu


um sorriso. Despedimos da Antônia, ficou escorada na porta olhando a
gente sair de mãos dadas e entrar na caminhonete.

Igual sogra quando vigia a filha sair com namoradinho novo. Sorri em
pensamento.
CÂNDIDA

Quando eu fui chegando em casa e vi aquela caminhonete gigante


estacionada, parece que tudo de ruim apagou da minha mente. Só de
imaginar que eu me encontraria com o João, que ele tinha vindo só para me
ver, era preocupado comigo, queria a minha companhia, me levar para sair...
meu Deus, como isso me fazia bem...

Ele abriu a porta de casa e eu não segurei minha emoção. Saí correndo
para abraçá-lo, aquele homem todo grande, homem determinado, lindo,
charmoso... seus olhos azuis me hipnotizavam, me olhavam com paixão,
com fogo. E ele já ia deixando escapar um sorriso daquela boca linda, mas
me viu chorar e veio correndo, abrindo os braços para me acolher.

Fui com tudo e o abracei, minha cabeça bateu no seu peito, me


aconchegou, duro, cheiroso. Ali me senti tão protegida... vontade de não o
largar nunca mais!

Com ele eu iria para qualquer lugar, até para o fim do mundo! Fiz tudo
o que ele pediu, e depois de tomar um banho e ficar toda bonita para ele,
entrelaçamos nosso dedos e despedimos de mãe, fomos para o seu carro.

A gente não se desgrudou. Sem combinarmos nada, simplesmente


andamos de mãos dadas no centro, ele me segurava pela cintura, pelos
ombros. Parecíamos dois namorados (pelo menos na minha cabeça eu
brincava que sim), estava gostoso demais. Só de ficar pertinho dele,
sentindo o toque quente da sua mão enorme pelo meu corpo, aqui e ali, me
dava um calor gostoso... Se isso era namorar, então era muito bom!

Pegamos os sorvetes e fomos para o carro.

João parou a caminhonete num canto da estrada, saída do centrinho já.


Achamos um banquinho gostoso, lugar sossegado para ficar, para conversar,
bem debaixo de uma árvore.
Entreguei o sorvete dele e fomos andando, sentamos lado a lado.

- Aqui a gente pode ter um momento só nosso, pra conversar...

Dei um sorriso para ele.

- Olha, João. Eu queria te agradecer por tudo. Agradecer por ter me


trazido aqui. Está sendo muito bom... – Dei uma colherada boa. O sorvete
estava uma delícia.

- Não tem que agradecer, menina. Pra mim é um prazer imenso, sabia?

Ele me olhava de um jeito... seu olho brilhava, parecia que me


desvendava, penetrava fundo, querendo descobrir tudo de mim, cada
segredo.
- Eu só queria que você soubesse disso, tá bom? – Finalizei.

Ele percorreu os dedos pelo meu rosto, falou que eu era linda. Depois
mudou de assunto.

- Muito estranho essa história do assalto... aqui é tão tranquilo... morei


aqui a vida toda, nunca ouvi falar. Nem na fazenda. E coincidência demais,
logo no dia que você recebeu a bolada para comprar o celular. Ei, espera
aí...

- O que foi, João?

- Hoje nem é final de mês. Que dinheiro é esse, Cândida?

Droga.

Virei o rosto, fiquei olhando para a estrada de terra.

- Você age igual criança tem hora. Quer fazer o favor de virar para mim
e me responder?

Olhei para ele, estava ficando brava também. Respondi no mesmo tom.
- O Tião que me deu!

- A troco de quê? Hein, Cândida? É o que eu estou pensando, menina?

- É. É isso aí que você está pensando! – Meu olho encheu d’água e ele
percebeu. Pegou o pote de sorvete da minha mão e colocou do lado do dele,
na ponta do banco. Eu já sabia o que ele queria, e era um abraço, um abraço
apertado. E eu também. Vontade de ficar agarrada nele. Nos grudamos de
novo.
- Menina... Eu já tinha te falado, Cândida... foi hoje? Fez hoje de novo?

Só balancei a cabeça que sim.

- Ele te prometeu o dinheiro?

- Uhum. – O abraço dele era tão gostoso, o corpo dele era quente,
cheiroso, ele me envolvia toda, abraçava com vontade.

- Escuta aqui. Olha pra mim. – Segurou meu rosto, me fez olhar para
ele. – Eu vou te dar um celular novo, está me entendendo?

- Não. Não, João. Você não pode ficar gastando dinheiro assim comigo!
- Posso e quero!

- O que vou te dar em troca? Como vou te pagar isso?

- Não vai me dar nada em troca, Cândida. Nada! Presente não é dívida,
caramba!

- Não precisa ficar bravo assim, João.

- Estou bravo mesmo! Estou puto! Esse safado te usa!

Calou a boca, ficou olhando para a minha cara. De repente tornou a


falar.

- Cândida.

- Oi?

- Cândida, eu sei que é muito cedo, que posso estar me precipitando,


mas eu quero te pedir uma coisa, Cândida.

- O que foi?
- Namora comigo.

- O quê?! – Ai meu Deus, eu só podia estar ficando louca. Ele só podia


estar ficando louco...

- Namora comigo, Cândida.

- Mas...

- Eu sei que é cedo. Mas por favor, deixa eu ser seu namorado...

- Eu...

- É o quê? Tem que falar com a sua mãe? Eu falo. A gente vai lá agora,
eu peço para ela.

- Por que quer namorar comigo, João? Eu não tenho nada para te
oferecer, eu não sou nada. – Aquele pedido fez meu coração disparar de
emoção, mas ao mesmo tempo deu tristeza.

- É sim, Cândida. É sim! Você é uma mulher maravilhosa, é um


diamante bruto. Eu quero lapidar esse diamante, quero fazer você brilhar,
Cândida!
- E o Tião? Você vai me querer mesmo assim? Mesmo eu tendo sido...
dele?

- Eu não tenho nada com isso. Quero que você esqueça. Esqueça tudo o
que passou, Cândida. Quero te levar para morar comigo. Você não vai
precisar pisar lá naquele boteco sujo nunca mais!

Meu coração saltitava, parecia que ia sair do peito! Vontade de encher


esse homem de beijo, de pular no colo dele, me entregar toda, deixar fazer o
que quisesse comigo.

- Mas se não quiser namorar, me fala. – Tornou a dizer. - Vou entender.


Sei que é cedo.

Eu não me importei com mais nada, com o que ele iria pensar. Pulei no
seu colo, abri as pernas e contornei sua cintura, me encaixei. João me
abraçou, me puxou pela cintura, ficamos agarrados, juntinhos, meu corpo
sentindo cada parte dele, minha calcinha colada bem em cima da sua parte
mais gostosa, o danado estava duro igual pedra.

- Não é cedo. Eu quero. – Falei baixinho, muito próximo da boca dele.


- Ah, Cândida... você está me deixando doido, menina... me beija... Me
beija por favor, que eu não aguento mais...

Ele pediu com fome, com desespero. E o seu beijo também foi assim. E
foi delicioso. Eu também estava louca para sentir, encostamos nossos
lábios, a vontade de experimentar era tanta que nossas línguas invadiram
nossas bocas numa dança muito gostosa. Seu beijo era quente, me apertou,
suas mãos passearam pelas minhas costas, minha cintura.

- Ah, que beijo gostoso... ah Deus, como eu estava com vontade de


conhecer a sua boca, morena...

- Beijo com gosto de sorvete de chocolate... – Falei rindo.

- Sapeca... – Invadiu meus lábios de novo, sua língua gostosa, safada.


Eu nunca tinha beijado desse jeito.

Ele parou e voltou a falar.

- Eu queria passar a tarde toda com você, mas agora já quero ir embora,
encontrar sua mãe, pedir a permissão dela... você acha que ela vai deixar?

- Acho que vai sim, João. Para te falar a verdade, a mãe é doida para
me arrumar um namorado.
- E você nunca namorou mesmo? Agora que estamos sozinhos, você
pode me contar meu docinho...

- Não.

- Por quê?

- É que... Bom. Agora que a gente vai ser namorado, eu vou te contar
tudo...

- Conta, meu bem. Quero saber tudo sobre você...

- Ele não deixava.

- Ele quem?

- O Tião.

- Não deixava você namorar?!

- Não. Falava que se eu beijasse a boca de alguém, que ele ia ficar


sabendo, que o Zeca, filho dele, ia contar. Ele sempre falou que eu era dele,
que o meu corpo era dele. Que o único que ele deixaria me comer era o
Zeca. Tanto que o Zeca mesmo sendo namorado da minha colega Joana,
queria dormir comigo a todo custo.

- Não estou acreditando nisso, Cândida! Eu vou matar aquele sujeito!

João se levantou do banco e me tirou do colo dele, saiu pisando duro


para a caminhonete.

- Calma, João. Por favor, calma!

- Calma uma ova! Vamos lá na sua casa, vou conversar com sua mãe, e
vai ser uma conversa muito séria!

Saí correndo atrás dele, subi na caminhonete.

- João, você prometeu que não ia falar nada para ninguém, você falou
que eu podia te contar tudo, que você era meu amigo! Você me enganou,
João!

Comecei a chorar. Droga, esse homem ia achar que eu era uma boba
chorona.

- Cacete! – Ele socou o volante. Parou a caminhonete.


- Você está bravo...

- Estou bravo, mas não é com você! É com aquele desgraçado, safado!
É com ele que eu estou bravo. Estou puto por tudo o que ele fez você
passar, você é uma menina indefesa, Cândida, você não tem maldade de
nada!

- Eu sei...

- Pode ficar tranquila, eu não vou contar nada para a sua mãe, eu só
quero tirar você dessa vida, caralho!

Ele desligou a caminhonete, estávamos na beira da estrada. Afastou o


banco do motorista para trás.

- Vem aqui, vem. – Me puxou para o seu colo. Sentei de frente, com as
pernas bem abertas.

Ele estava nervoso e eu também, mas a gente sentia um tesão dos


infernos um pelo outro.

João me abraçou com força, não falou nada. Começamos a nos beijar
gostoso de novo, peguei as mãos dele, coloquei na minha bunda, ele gemeu.
- Ah, morena... você quer me deixar louco, quer?

- Eu quero você, João... – Fiquei me encaixando no colo dele,


procurando a melhor posição para senti-lo junto de mim, e quando percebi
sua ereção uma onda de tesão me percorreu.

- Ah, caralho... que delícia... – ele não conteve um gemido.

- Tira a calça...

- Cândida, Cândida... a gente acabou de se conhecer...

- Só um pouquinho... só abaixa a calça, a gente não vai fazer nada...

- Você vai aguentar ficar sem fazer nada, Cândida?

- Só um pouquinho antes da gente ir embora, João... é rapidinho, a


gente nem ficou nada junto...

- Caralho...
Não sei o que me deu, mas perdi a vergonha daquele homem. Fiquei de
joelhos e ele desafivelou o cinto, desabotoou e desceu o zíper, arriou a calça
até os joelhos. Olhei para baixo, louca para ver. Usava uma cueca branca, e
meu Deus, eu fiquei sem acreditar... Não era possível que aquele formato
todo era o pau dele. Era muito grande, grosso, as bolas enchiam a cueca.
Muito maior que o do Tião. Sentei em cima, fiquei me esfregando nele.

- Ah, que tesão... isso é castigo comigo, morena... isso é maldade...

- Que delícia, João... ai, que delícia... – Minha calcinha estava molhada,
afastei para o lado, desci a cueca dele.

- Cândida, não faz isso, Cândida...

- Só sentir um pouquinho, só... – eu mal conseguia falar.

- Está gostoso é, sapeca?

- Tá... – Eu rebolava sem parar, jogava a cabeça para trás, de tão


gostoso. Ficamos pele com pele, um melando o outro.

- Você é quietinha mas é danada, hein Cândida? Que fogo, morena... –


Ele mal conseguia falar, a voz saía abafada, rouca, atraente demais.
A minha vontade era de fazer amor gostoso com ele, a gente terminar
de se conhecer, se conhecer por completo. Mas ele me freou, estava com
medo por causa de mãe.

- Vamos fazer só um pouquinho antes de ir embora, João... aproveitar


que estamos só nós dois... – Segurei a cabeça melada, esfreguei no meu
botãozinho.

- Ai, delícia... você acaba comigo desse jeito, morena... Olha, a gente
vai ter tempo... vamos... ah... fazer gostoso... ah, tesão... mas me deixa...
deixa ao menos pedir sua mãe pra te namorar, morena...

- Então vamos, meu amor... você fica me olhando assim, com esse olho
azul lindo... – Continuei esfregando, escorregando, rebolando. Estava tudo
melado, a carne de tão dura chegava a me machucar. Coloquei na
entradinha, senti a pressão da cabecinha que começava a me engolir.

- Cândida não faz isso, pelo amor de Deus...

Vi que se continuasse não ia ter volta, preferi respeitá-lo. Saí de cima


dele de uma vez, pulei para o banco do passageiro.
- É para o nosso bem, Cândida. Você vai ver. Não pensa que não te
desejo não, porque eu te quero e muito! Olha aqui o jeito que eu fico perto
de você...

Ele mirou para baixo, ofegando, fiquei olhando. Estava em pezinho,


batia no umbigo dele, a cabeça rosinha toda de fora, coberto de veias, era
grosso, enorme, todo melado.

- Que vontade que dá, João...

- Não fala assim não... Deixa eu guardar porque se não vou fazer uma
besteira! - João ajeitou o pau dentro da cueca, subiu a calça jeans e abotoou,
deixou a camisa para fora.

Respirei fundo.

- Eu sei. Eu te entendo, João. Você quer fazer tudo certo. – Dei um


selinho na boca dele.

Eu estava insatisfeita, mas esperava para ver depois que ele


conversasse com mãe. O homem era sério, homem mais velho. Não era
moleque para fazer as coisas de qualquer maneira.

- Vamos, Cândida. Tenho muita coisa pra conversar com sua mãe.
Ele arrancou em disparada pela estrada adentro, poeira comendo para
trás.

Chegando na chácara vimos que mãe assistia à TV, o Bernardo no


chão, brincando com embalagens vazias dos iogurtes.

- Eu quero ter uma palavra com a senhora, Antônia.

- Só comigo? – Mãe olhou para mim, preocupada. Aposto que achava


que era assunto da venda da chácara.

- Sim. Só eu e você. Sem a Cândida.

- Mas... é a respeito de quê?

- Nada que vai precisar da Cândida. Até vai, mas primeiro quero
conversar em particular com você.
- Tá bom. Cândida, vai pro seu quarto com o Bernardo.

- Vamos ali fora. Pode deixar o menino aqui na sala, está quietinho
brincando.

- Vamos.

- João... – Olhei aflita para ele, com medo de surgir assunto do Tião.
João na hora entendeu meu recado só com o olhar. A nossa sintonia era
incrível.

- Fica tranquila, meu bem. Confia em mim. – Me deu a mão, mãe


arregalou os olhos.

- Vamos, dona Antônia.


JOÃO LUIZ

Era muito sentimento que rolava dentro de mim desde que conheci essa
menina.

Ao mesmo tempo que havia um ódio, uma vontade de matar o Tião, eu


sentia um tesão absurdo por ela, uma atração fulminante, vontade de cuidar,
proteger, levar para casa comigo e acabar de criar.

Eu não podia negar que estava sem sexo há muito tempo, depois que
me divorciei tive um caso ou outro, por pura carência, vontade de ir para a
cama me consumia, eu estava no auge da minha maturidade, tinha minhas
necessidades de homem, e a falta mexia comigo, não havia porra nenhuma
de trabalho que distraísse meus pensamentos e meu sentimento, minhas
vontades.

Agora com a Cândida eu sentia que não era só carência (eu não ia ser
mentiroso de dizer que não estava carente, que não tinha necessidades), mas
era algo muito mais profundo do que isso. Ela havia mexido com algo
dentro de mim que eu ainda não sabia explicar, mas eu queria embarcar, eu
já imaginava, fazia planos que nunca fiz com as outras, com quem estive só
por uma ou duas noites.

Que desespero que me deu para tirar essa menina de casa, de cuidar
dela!
Fomos eu mais a mãe dela para o quintal, sentamos debaixo do pé de
goiaba.

- É o seguinte, dona Antônia. Eu vou ser bem direto com a senhora,


não gosto de enrolação, sou homem decidido. Eu quero namorar a sua filha.

- O quê?!

- É. Isso mesmo. Eu sei que é cedo demais, a gente se conheceu tem


pouco tempo, mas eu quero.

- Oh, meu Pai... Cândida não tem juízo na cabeça não, João. É uma
menina. Você é bem mais velho do que ela...

- Eu sei disso. Mas isso não é problema para mim e nem para ela, te
garanto. A gente vai resolver isso junto.

- João Luiz, você me desculpa o que eu vou falar mas... – Vi que os


olhos dela se encheram de lágrimas. – A gente não tem onde cair morta. A
Cândida não tem nada para te oferecer, nem estudo ela tem, se quer saber.
Saiu da escola para trabalhar, e com todo o respeito, você aí parece galã de
tão bonito, é rico, viajado, vai fazer o que com a minha Cândida? Você pode
ter a mulher que quiser, nesse mundo afora aí tá cheio das madames, você
pode pegar no laço a hora que quiser.

- Eu entendo tudo isso que está me dizendo. Mas a senhora não está me
entendendo, Antônia. Meu encanto é pela Cândida. É a Cândida que eu
quero.

- Mas o que o senhor viu nela?

- Vi tudo o que um homem repara numa mulher. Sua filha tem muitas
qualidades. E sei que a cada dia vou descobrir mais uma.

- Mas em tão pouco tempo assim o senhor já percebeu tudo isso?

- A senhora é muito desconfiada hein, dona Antônia? Mas eu vou te


provar que tudo que estou falando é verdadeiro. Só preciso que me dê uma
chance. Deixa eu namorar a sua filha?

- Depois não vai dizer que eu não avisei, João. E ó: não quero que faça
a Cândida sofrer. Ela é uma menina ainda.

- Não vou. Prometo. Vou cuidar dela com muito amor, dar tudo o que
ela merece. Eu quero levar a Cândida para morar comigo, dona Antônia.
- O quê?!

- É isso mesmo. Olha, eu quero que a Cândida volte a estudar. Sei que a
senhora está preocupada com dinheiro, mas vai ganhar um bom valor nessa
chácara, sou homem de palavra, honesto. E eu prometo ajudar a senhora e o
moleque. Vocês não vão passar necessidade, eu prometo isso.

- A troco de que isso, João? – Cruzou os braços, arqueou uma


sobrancelha e ficou me encarando, muito desconfiada.

- A troco da felicidade da sua filha. De vê-la feliz, livre daquele boteco


cheio de homem mal-encarado e mal-intencionado com ela.

- O Tião cuida dela muito bem para mim, João. Ele é igual um pai para
a Cândida.

- Uhum, cuida sim. A senhora está lá para ver?

- Não. Mas a Cândida me conta.

- Já passou pela cabeça da senhora que a sua filha não quer te ver
sofrer? Que não quer te preocupar, porque o único jeito que ela tem de
ganhar alguma coisa para colocar comida na mesa é naquele boteco copo
sujo?

Antônia ficou calada, mas vi que a havia atingido em cheio. Seus olhos
estavam lacrimejando. Finalmente ela parecia começar a acreditar no que eu
falava.

Mas eu tinha que ter cuidado para não falar besteira. Eu media cada
palavra, engolindo meu orgulho, minha impaciência com ela. A mulher era
turrona, mas eu não tirava a sua razão, se fosse minha filha macho nenhum
ia chegar perto. Hipocrisia para mim era pouco.

Ela respirou fundo, ficou pensativa, mas depois de um tempo chegou a


uma conclusão:

- Olha, João. Deixa eu ver se entendi direito: você quer levar a minha
Cândida para morar com você, é isso?

- É isso mesmo.

- E ela achou o que disso?

- Ela topou.
- Topou de cara assim?

- Sim. E já me aceitou como namorado também. Só falta o aval da


senhora para a gente oficializar isso.

- Bom. Eu confio em você, João Luiz. Se o senhor está querendo


tanto... eu...

- Deixa? A senhora deixa eu namorar sua filha?

- Olha lá hein, João. A Cândida nunca namorou, acho que nunca nem
beijou na boca. É moça virgem, você sabe disso, não sabe?

Mordi o dorso da mão para não falar merda.

- Olha, Antônia. Eu sou homem. Eu tenho minhas necessidades de


homem. Mas acima disso eu tenho respeito. E tudo vai ser no tempo dela,
quando ela quiser.

- Uhum. Tenho medo só de ela arrumar barriga. Ferrar com a vida dela
igual eu ferrei com a minha. Não tive homem para me ajudar, o pai fugiu,
não quis assumir a Cândida. O Bernardo então... bom, deixa para lá.
- Eu sou homem de palavra. Não sou canalha, não vou fazer isso com a
sua filha. Se porventura ela engravidar, vai ter todo o meu apoio, a minha
presença.

- Por favor, João. Cuida dela.

- Eu vou cuidar dela. A Cândida precisa de cuidado, Antônia. Muito


cuidado. É tudo o que eu mais quero nesse momento.

- Eu estou com uma sensação estranha... parece que o senhor está


querendo me contar alguma coisa... você está me escondendo alguma coisa,
João?

- O que eu tenho para te falar, é que eu quero cuidar dela. Que ela não
merece ficar o dia todo naquele bar levando cantada de homem e olhar
maldoso. Quero tirar ela de lá o quanto antes.

- Meu Deus. E como vai fazer isso?

- Com a sua permissão ela leva as coisas dela para a fazenda amanhã
mesmo. Volto aqui e pego tudo. É aqui perto, se a senhora quiser, pode até
levar o moleque, os dois vão junto para conhecer. Amanhã. Combinado,
Antônia?
- Meu Deus, mas e o Tião? Vai ficar na mão, o bar vive cheio! Ele é
muito bom para a Cândida, eu não posso fazer isso com ele.

- Isso aí eu te garanto que não vai ser problema pra ele. Já já ele arruma
outra menina nova para o lugar da Cândida.

- Será?

- Garanto para a senhora.

Olhei para dentro da casa, a morena estava na porta, de olho na gente.


Levou o maior susto quando viu que a flagrei. Fiz sinal para ela chegar
junto.

- Cândida, você vai namorar o João? Vai morar com ele, minha filha?

As bochechas dela coraram. Abriu um sorriso lindo, de menina sapeca.


Deu um suspiro.

- Vou sim, mãe. Eu quero. – Seu olhar cruzou o meu, fazendo meu
coração dar um rodopio.

- Cândida, Cândida... vocês tomem cuidado com barriga...


- Eu vou me cuidar, mãe...

Ficamos nos encarando, sorrindo um pro outro, boca, olhar, tudo junto,
radiante, iluminado. Vontade que deu foi de abraçar ela ali mesmo, tascar
um beijo na boca, provar do gosto, lamber a língua dela.

- Ó. Já conversei tudo com a sua mãe. Agora vou deixar as duas aí,
deixar você despedir, arrumar suas coisas. Amanhã eu te busco, Cândida.

Ela veio para perto, me deu um abraço apertado.

- Vou deixar vocês dois aí à vontade. – Antônia saiu toda sem graça, já
ia entrando na casa mas eu a chamei, a menina agarrada na minha cintura.

- Eu só queria pedir uma coisa pra vocês duas: não contem nada pro
Tião.

- Mas o Tião nem vem aqui... – Antônia retrucou.

- Eu sei. Mas se vier. Se o encontrarem em algum lugar.

- Tá bom.
Depois que a minha sogra saiu, a Cândida me deu um abraço apertado.

- Nem acredito que a gente está namorando! – Falou morrendo de rir.

- Minha linda... estou feliz demais com isso, sabia?

- Uhum. Eu também. Agora a gente vai poder fazer de tudo, não é? –


Falou baixinho, parecendo moleca levada.

- Tudo o que você quiser...

- Você falando assim me dá um fogo, João...

- Fogo onde, morena?

- Você sabe...

- Que delícia... vai me dar ela, vai?

- Vou.
- Você não faz ideia a vontade que eu estou... me abraça pra você
sentir... olha... – Fiquei roçando a calça na barriga dela. Eu já tinha deixado
o meu bom senso para trás, já não estava raciocinando nada direito perto
dela. Misto de felicidade, tesão, ansiedade. Eu me sentia um adolescente
ridiculamente emocionado.

- Nossa, tá grandão... – Ela mordeu o lábio e eu ri.

- Amanhã a gente mata essa vontade, tá bom?

- Uhum. Tá...

Segurei o rosto dela e fiz o que meu corpo pedia, tasquei um beijo de
língua gostoso naquela boca. Cândida ficou na ponta dos pés, seu corpo
grudado no meu. Veio aquele aperto gostoso no pau.

- Não vejo a hora, morena...

- Eu não estou querendo esperar não, João...

- Menina...

- É sério. Estou doida demais pra te dar...


- Amanhã vou te comer gostoso. Prometo pra você.

- Não vou nem dormir.

- Também já estou morrendo de saudade de você, morena... - Abracei


com vontade de olho na porta da casa, apertei a bunda dela, fiquei alisando.
Que gostoso que era namorar, eu nem me lembrava como era isso...

- Não aperta assim não que eu fico com mais vontade...

- É? Gosta que mexe aqui atrás? – Fiquei alisando aquele reguinho


gostoso, meu pau só faltava explodir dentro da calça.

- Eu tenho muita vontade...

- Você tem muito fogo, sua sapeca... não vejo a hora... deixa eu ir
embora, meu docinho... se não vou dar um jeito de te comer escondido em
algum lugar por aqui...

Ela me deu um beijo na boca e ficou rindo. A safada achava graça do


meu desespero. Ela era mulher, acho que conseguia se controlar mais. E eu
não gostava nem de pensar, mas meu benzinho já tinha dado pro filho da
puta mais cedo, estava saciada. Só não sei se gozava, isso ela não falou, não
sei se algum dia já tinha experimentado isso.

E se não tivesse, eu teria o maior prazer em apresentar para ela.


CÂNDIDA

A nossa primeira vez foi aqui em casa mesmo, não teve jeito. Nenhum
dos dois conseguiu esperar.

No dia seguinte, o João chegou cedo para me buscar. Mãe não quis ir
com o Bernardo para conhecer a mansão dele, falou que iria num outro dia
qualquer.

Tomei um banho, lavei meus cabelos e os deixei secar ao ar livre,


coloquei um vestido de alcinha bem fresquinho e bem curto, nos pés os
chinelos que ele tinha me dado. Mesmo cedo, já fazia muito calor.

Ele entrou e cumprimentou minha mãe, Bernardo brincava no quarto


dela enquanto ela passava um café fresco para o meu bem na cozinha.

- João, vem aqui no quarto... me ajudar com bagagem, tem coisa no


armário também que eu não alcanço... – O chamei da porta.

- Estou passando um cafezinho gostoso para a gente, João. Rapidinho


já fica pronto, ajuda a menina lá no que ela precisar...
Ele veio no rumo do meu quarto, e ai Jesus, estava lindo. Grandão,
camisa xadrez, calça jeans e bota. Cheiroso demais, cabelo úmido baixinho.

- Bom dia meu benzinho... está linda... – Chegou me agarrando pela


cintura, um abraço quente, gostoso. Estava cheiroso demais, o cheiro dele
me dava um tesão... Olhei para cima e saqueei sua boca, movendo minha
língua para provar seu sabor. Boca carnuda, macia. Gostinho de pasta de
dente.

- Hum... espera delícia, sua mãe está ali, vai nos ver...
- Vem pra cá... – Puxei ele pela camisa, saímos andando agarrados, ele
quase caiu em cima de mim na cama. Fui guiando ele para um cantinho do
quarto escondido da porta.

Eu era uma moça muito tímida, mas ele conseguiu me deixar tão à
vontade que eu não tinha vergonha de dizer o que estava sentindo, e era um
sentimento muito forte, uma atração que chegava a doer. Era como se eu
tivesse o esperado a minha vida inteira, tivesse que ter passado tudo o que
passei para encontra-lo. Eu já estava apaixonada pelo João. Muito.

- Você me quer um pouquinho antes da gente ir? – Cochichou no meu


ouvido, me prensando contra a parede.

- Quero...
- Sapeca... vai na cama, vira de costas para mim...

- Mas fazer de costas?

- Nunca fez assim?

- Não...

Ele abriu um sorriso tão safado, tão cafajeste, que me fez sentir um
arrepio.

Fiz o que mandou, fiquei de pé com as mãos apoiadas na cama, ela era
alta, minha barriga colou no colchão.

- Gostosa... – Levantou meu vestido, minha calcinha era fininha, bem


pequena, ele só afastou para o lado e me enfiou um dedo grosso.

- Ai... que gostoso, João... – Gemi. Estava com muita vontade de sentir
a penetração.

- Nossa... está meladinha... – Olhei para trás, para a mão dele, um fio
da lubrificação saiu junto.
Não falei nada, só mordi o lábio. Ele abriu a calça rapidinho e desceu a
cueca, levei um susto quando colocou o pau para fora. Esqueci como era
grandão.

- Meu Deus, João... não vai caber...

- Vou fazer com carinho, tá? Mas tem que ser rápido...

Era engraçado ver aquele homem tão grande, a voz grossa, jeito macho,
falar da forma que ele falava comigo. Ele era carinhoso demais, fazia tudo
com muito cuidado, eu sentia sua preocupação comigo em cada gesto. Era
homem à moda antiga, o tipo dele não existia mais, eu tinha certeza.

Mas foi tão gostosa nossa primeira vez que fiquei com gostinho de
quero mais. Eu sabia que ele ia fazer devagarinho só para me acostumar
porque era muito grande, e a gente ainda estava se conhecendo.

João afastou minha calcinha para o lado, me pediu para abrir um


pouquinho as pernas, devagarinho ficou esfregando a cabeça, abrindo meus
lábios, misturando nossos meladinhos, escorregando. Devagarinho a cabeça
do pau dele começou a enfiar, na hora senti uma ardência gostosa, uma
pressão.
- Aaai, João... – Gemi baixinho.

- Estou colocando devagarinho, para você acostumar... é muito


apertadinha... ah, delícia... aaah... aaah... coloquei tudo...

- Cândida e João, o café está pronto!


Mãe gritou da cozinha, na hora ele começou a estocar, abriu minha
bunda e colou o quadril em mim, me montando.

- Ai delícia, só mais um pouquinho meu benzinho, está gostoso


demais... – Me comia sem parar.

- Estou indo, mãe! – Ele meteu mais um pouquinho e me pegou pela


cintura, fomos andando grudados, abri a porta do guarda-roupas para nos
esconder, deitei em cima de um monte de travesseiro lá dentro, apoiei um
pé sobre uma prateleira, fiquei totalmente à mercê dele, com a bunda
arrebitada, arreganhada.

- Ai que tesão Cândida, que delícia... agora foi fundo... – Deitou em


cima de mim, ficou esfolando sem parar. Nosso atrito era grande, ele era
enorme e eu muito apertadinha, o vagabundo do Tião sempre falava que
nunca tinha comido uma assim, que isso o deixava louco. Me veio uma
pressão gostosa como nunca tinha sentido antes, uma sensação inexplicável,
que tomava o meu corpo todo e só aumentava, me deixando zonza, meus
olhos saíam lágrimas de tão gostoso que estava.
- Para, João... estou sentindo...

- Está gostoso? – Colou a boca no meu ouvido e cochichou, suas mãos


massageando os meus seios, pinçando meus mamilos.

- Está... uma coisa... deliciosa... aaah... eu não vou aguentar, está


aumentando muito...

- Então toma mais um pouquinho, mas não grita, por favor não grita...

João tapou minha boca e me deu o que eu precisava para explodir de


prazer. Ficou metendo gostoso, colocando pressão, indo e vindo,
escorregando apertado, batendo o quadril, gemendo “toma gostosa...
toma...”
Eu explodi, comecei a gritar.

- Xiuuu.... – Mordi sua mão enquanto ele acelerava, me fodia sem


parar, urrando baixinho no meu ouvido, até que explodiu também, ficou
‘aaah... aaah... delíciaaa...” no meu ouvido baixinho, deu tesão demais
escutar sua voz grossa gemendo assim.

- Cândida? João?
Mãe entrou no quarto e ele saiu de dentro de mim com tanta rapidez
que eu senti um vácuo. Virou de costas e fingiu estar mexendo nos
travesseiros. Ajeitei a calcinha depressa e baixei o vestido, me sentindo toda
melada no meio das coxas, um líquido quente escorrendo de dentro de mim
e molhando minha calcinha.

- João, esses travesseiros são para quando vem alguma visita... – Falei
ofegante, ajeitando meu cabelo.

- Vocês não arrumaram nada até agora? O café está esfriando!

- Mãe, vem aqui um minutinho... – Saí puxando ela para a cozinha


fingindo que ia conversar alguma coisa.

- O que foi, Cândida? – Começou a falar baixinho comigo. - Vocês dois


estavam aprontando lá no quarto, não estavam? A calça dele estava frouxa
na bunda, e ele é bundudo, parecia aberta.

- Que isso mãe, a senhora ficou doida? Acabei de conhecer o João,


acha que vou fazendo as coisas assim? – Fingi de brava.

- Você sabe que eu rasgo o verbo, e eu vou te falar uma coisa viu,
Cândida, presta bem atenção... se facilitar as coisas para ele assim,
rapidinho ele vai te largar... eu já te expliquei como é que homem é, não
escondo nada de você, não quero que vire mulher boba. A gente é da roça
mas tem que ser esperta, inteligente. Com isso aí que você tem, você
consegue tudo. Mas tem que saber agir.

- Eu não vou entregar, mãe. Não sei por que a senhora está falando
isso.

- Eu sei que vocês dois já estão de fogo, não vai demorar nada para se
deitar com ele, ainda mais indo morar junto. Escuta sua mãe... homem é
bicho traiçoeiro, a tentação é grande... vocês dois ficam aí de abraço,
cuidado...

- Eu sei, mãe. Eu sei.

- O que você quer me falar?

João chegou na hora, carregando um travesseiro bem na frente da


calça. Me abriu um sorriso que me desconcertou.

- E o cafezinho, dona Antônia? – Falou com a voz grossa. - Primeiro


café da sogra a gente nunca esquece!
- Deixa de ser besta, homem. Quantos cafés eu já te servi? – Mãe não
perdeu a chance.

- Mas agora é como sogra, né?

Nós três caímos na risada, paramos foi quando ouvimos uma voz
gritando “ô de casa” lá fora.

- Entra! – Mãe já sabia, era a Joana, colega minha.

Sentamos à mesa, começamos a servir o café.

- Beleza, gente? – Ela entrou já de olho no João. - Quem é esse aí?

- Joana, esse é o João Luiz, namorado da Cândida.

- Namorado?!

- É. Por que o espanto? – Perguntei mesmo. Quem mandou ela fazer


uma cara feia, como se estivesse indignada por eu estar namorando? Me
deu uma raiva...
Essas pessoas invejosas eram assim. Você até poderia estar bem, mas
nunca melhor do que elas.
JOANA

Eu falei com vocês que eu tinha ficado preocupada. E fiquei mesmo.

Quando eu ia visitar a Cândida, eu tinha mania de chamá-la pela janela


do seu quarto, entrava de mansinho na chácara. Às vezes entrava por lá
mesmo, só pulava, ficávamos no quarto dela conversando, eu contava muita
coisa do Zeca, meu namorado. A Cândida não tinha ninguém e eu ficava
com dó, falava para ela das minhas transas, do que o Zeca fazia e como era
uma delícia, ela ficava caladinha escutando tudo, não dava palpite.

Dona Antônia me encontrou esses dias agora quando foi receber o


auxílio, e falou que um fazendeiro estava na área, rodeando as duas para
comprar a chácara, mas não deu detalhes.

Eu fiquei muito preocupada com o que vi agora há pouco. Muito


mesmo. Vi uma coisa que a Antônia não viu. Esse fazendeiro com pinta de
galã não estava de olho no pedaço de terra da mãe da minha amiga. Ele
estava de olho na Cândida.

Como eu sabia?

Eu vi tudo! Nos mínimos detalhes. A Cândida escondida com a porta


do guarda-roupa aberta, com aquela bundona arrebitada para ele,
entregando tudo, uma perna levantada, levando gostoso. E o cara fazia
gostoso viu, devagarinho e constante, colocava e tirava, colocava e tirava...
parecia que era para torturar mesmo, castigar. Também se fizessem barulho
a mãe dela ia escutar. O gemido dos dois estava baixo mas dava um tesão
de ouvir, devia estar muito gostoso mesmo, tanto que eu vi até o final.
Fiquei preocupada quando ele não tirou fora. Quando a dona Antônia
chegou no quarto até eu assustei, achei que ia dar merda.
Fiquei de lado escondida esperando as coisas acalmarem pra eu chama-
las pela porta da cozinha mesmo.

Agora eu tinha sido apresentada oficialmente.

Menina... que homem lindo! O bicho era bonito demais, viu? Alto,
fortão, com aquele ali ninguém mexia, era macho demais. Cândida ficava
pequenininha perto dele, já tinha aquela carinha de menina...

- Prazer, Joana.
- Prazer. – Simpático, estendeu a mão para me cumprimentar. Tinha um
jeito de olhar... seus olhos azuis penetravam fundo na gente, parecia gato.

- Foi bem rápido esse namoro, Cândida. Nem eu que sou sua amiga
fiquei sabendo! – Alfinetei.

- Ah... – Ela me olhou toda sem graça. – Foi rápido mesmo.


Começamos a namorar ontem... eu ia te contar quando a gente se
encontrasse.

- Pois é. Logo hoje que eu vim até aqui para mostrar meu celular novo
pra você... – Tirei o aparelho do bolso e entreguei a ela.

- Nossa... é igualzinho o que eu queria comprar!

- O Zeca que me deu.

- Ele está montado na grana mesmo, hein? – Cândida comentou.

- O pai dele que deu...

- Poxa... o Tião está rico mesmo, hein? Primeiro deu aquele bolo de
dinheiro para a Cândida, se não fosse o assaltante ela também estaria com
um celular desse. – Dona Antônia também entrou no meio da conversa.

- O Tião é pai do Zeca? – A voz grossa perguntou, a cara fechada pra


danar...

- É sim. Meu sogro. Por quê?

- Por nada. – Respondeu seco.

- É bem bonito, Joana. – Os olhos da minha amiga brilharam, fiquei


com pena.

- Também não me contou que foi assaltada...

- Fui, na travessa do matagal. Tião tinha me dado um dinheiro para


comprar o celular, mas veio um homem estranho e roubou a minha bolsa.

- Que azar...

- Pois é.

- Mas ela vai ganhar um novo, Joana. Semana que vem vamos na
cidade, vou levá-la para escolher o modelo mais bonito da loja, vai levar o
modelo que quiser! – O gostoso chegou por trás e deu um abraço apertado
na minha amiga, que ficou me olhando com cara de boba. Ele estava num
fogo com ela, não tirava a mão dela um minuto, sempre dando um jeito de
alisar.

- Que sorte a nossa hein, amiga? Nossos namorados nos dando


presentes caros! – Fiquei rindo.

- Pois é.

- Vamos então, meu bem? – João Luiz parecia apressado.

- Vocês vão aonde?

- Ai Joana, não tive tempo também de falar, mas é que eu estou indo
morar com o João...

- O quê?! Mas e o seu emprego? E sua mãe?

- Vai dar tudo certo, Joana. Agradecemos a sua imensa preocupação,


mas fica tranquila. Ninguém vai ficar desamparado! – O homem parecia
bravo agora, impaciente. Pegou a minha amiga e ficou abraçado, não queria
mais soltar. Ela abriu a boca para falar mas ele não deixou, intrometeu logo.
Eu hein, aquilo estava começando mal, deixando homem falar por ela!

- É isso, amiga. Vai dar tudo certo. – Completou.

Fiquei olhando para os dois, pareciam tão alegres... mas foi tudo tão
rápido, já tinham até trepado gostoso. Minha amiga estava mesmo tirando o
atraso. Foram anos sem beijar e nunca transar, coitadinha.

- Bom. Eu vou nessa então. Estou vendo que o João está te ajudando
com as malas. Depois a gente conversa, quando ganhar seu celular me dá
um toque. Vou deixar o meu número anotado aqui.

- Tá bom.

Escrevi o número e me levantei para me despedir, ninguém me pediu


para ficar, mas eu entendia minha amiga, ela estava muito feliz, realizada.
Ficava feliz por ela também, com uma pontada de inveja lógico, que mulher
não queria uma delícia daquela, que além de tudo era rico e comia gostoso?
Até eu que era mais boba.
JOÃO LUIZ

Depois que a intrusa saiu, pudemos conversar com calma nós três
enquanto tomávamos o café gostoso da dona Antônia, sossegados. Falei
com elas que o advogado já estava com tudo arrumado, falei um valor por
alto para a minha sogra e ela quase se engasgou com o café.

Daí em diante ela ficava só rindo sem parar.

Falei com ela que já queria depositar alguma coisa para elas, mas dona
Antônia disse que só a Cândida tinha conta no banco, e que trabalhava sem
carteira assinada, que o Tião dava para ela o valor de acordo com o
movimento do bar, mas considerava até bom porque conseguiram juntar e
comprar a maioria das coisas que tinha na casa. Televisão, geladeira e sofá.
Pensei logo na origem desse dinheiro; sem querer desmerecer a Cândida,
era trabalho honesto, mas eu sabia muito bem que aquele vagabundo não
molharia a mão dela assim a troco de nada.

E agora pensando bem a história estava muito estranha. À medida que


o tempo passava as peças se encaixavam cada vez mais. O tal do Zeca
namoradinho da Joana era filho do Tião, e era muita coincidência que logo
depois que minha namorada foi assaltada o rapazinho apareceu de celular
novo, e ainda por cima como presente do pai.

Isso não ia ficar assim.


Eu era tinhoso. O vagabundo não sabia com quem estava mexendo,
mexeu com a pessoa errada, meu chapa!

Depois que coloquei tudo na caminhonete (era pouca coisa, só mala


com vestido da menina e seu travesseiro), despedi do molequinho e da mãe
dela, mais uma vez dei minha palavra e fiquei aguardando na caminhonete,
deixei as duas à vontade para conversar.

Passaram cinco minutos e vi a Cândida abraçando a mãe e vindo


correndo, as duas chorando. Só acenei de dentro do carro e dei partida,
saímos estrada afora.

- João, estou preocupada. Amanhã era dia de eu ir trabalhar... e se eu


fosse lá conversar com o Tião, contar para ele que não ia trabalhar para ele
mais?
- Você viu que eu cortei aquela sua amiga, né? Ainda bem que você não
deu com a língua nos dentes, se não rapidinho ele ia ficar sabendo!

- Que nada, ela é conhecida minha de muito tempo.

- Cândida, você tem que ter maldade para as coisas. Em quem você
acha que essa Joana vai confiar mais? No cara que dorme com ela e lhe dá
presentes caros ou na colega que ela vê vez ou outra?

- Não tinha pensado nisso.

- Pois pense, meu benzinho. E eu estou aqui para abrir esses olhinhos
lindos.

Mudamos de assunto ao longo do caminho.

A menina estava acuada, mas era de preocupação. A gente conversou


sobre a nossa primeira vez, perguntei se ela tinha gostado, se tinha sentido
dor... Ela disse que não, mas não sabia o que era a sensação que teve no seu
“botãozinho” como ela gostava de falar do clitóris, que nunca tinha feito tão
gostoso. Expliquei que ela tinha gozado, e que a gente ia fazer sempre, de
todo jeito. Ficou preocupada com gravidez, falei para relaxar, que se fosse
da vontade de Deus ia acontecer. Mas que estávamos juntos nessa, eu estava
junto dela, do lado, protegendo, cuidando, ensinando.
Nossa conversa foi muito gostosa, ela relaxou por completo, ficou
olhando a estrada, deixei o vidro aberto para sentirmos o vento, o cheiro de
mato, seu cabelão escuro voando, os olhos espremidos contra o sol. Linda.
CÂNDIDA

A fazenda dele era enorme. Uma porteira grande, dava para uma
estrada cheia de coqueiros enfileirados um do lado do outro, parecia a
entrada do paraíso. De longe víamos a casa, uma mansão de dois andares,
acho que dava umas dez casas minhas no tamanho.

Meu Deus, eu achei que estava dentro de uma cena de novela, de tão
bonito que era aquele lugar. Parecia mesmo daquelas novelas com fazenda,
com aquelas mansões. Tudo muito bem cuidado, os jardins verdinhos, cada
flor mais linda que a outra, as árvores então... quem passava de fora no
asfalto não tinha noção do tamanho que era lá dentro, e de como era bonito.

O João me surpreendia cada vez mais. Era tão carinhoso comigo que
me dava até medo, desconfiança. Eu ficava pensando no que tinha feito
para merecer um homem assim, e o que ele tinha visto em mim, se podia ter
a mulher que quisesse.

Mas a nossa química era algo inexplicável, talvez fosse isso. Eu nunca
senti por homem nenhum o que senti quando o vi entrar pela porta lá de
casa. E o jeito que ele me olhou... meu Deus... parecia que sentiu a mesma
coisa, me deu um calor, fiquei toda arrepiada...

- Tenho um amigo de confiança que vai me ajudar a cuidar da fazenda


esses dias, vou ficar mais perto de você, te ajudar no que precisar.
- Não quero que mude nada por minha causa, João. Não vim para
atrapalhar nada, por favor...

- Você nunca me atrapalha, Cândida. Você veio para somar, para ser
feliz, me fazer feliz junto, só isso. Agora tira esse pensamento ruim da sua
cabeça. E eu é que te peço por favor!

-Tá bom.

Descemos da caminhonete e já veio um empregado dele perguntando


se precisava de ajuda para levar minhas coisas. Ele respondeu que sim e
mandou colocar tudo na suíte dele. Fiquei morrendo de vergonha, tinha
medo do que as pessoas iam pensar, falar. Era bobeira minha mesmo,
porque ele parecia não estar nem aí para os empregados. Subimos a
escadaria de mãos dadas, sob cochichos de alguns, boas-vindas de outros.
Ele parou e me apresentou como sua namorada, falou que o que eu
precisasse, que poderia pedir-lhes. Eu só acenei que sim e abaixei o rosto,
minha mão apertando a mão dele, rezando para entrarmos logo.
Quando conheci tudo enfim, o dia já havia passado. Ufa, fiquei foi
cansada de tanto andar!

Eu estava no banheiro da suíte do João me aprontando para o jantar,


havia acabado de tomar um banho no chuveiro delicioso dele, nunca vi sair
tanta água e quentinha, o sabonete num perfume como nunca senti.

Eu quis ficar bonita para ele, quis que me desejasse, elogiasse. E não ia
contar para ele que foi o Zeca que tinha me dado a camisola de aniversário
(até porque para mim não tinha nenhuma importância, eu não ia vestir para
ele, como muito me pediu). Era branca, toda transparente em cima e
curtinha, eu nunca tinha usado, boba que eu era guardava para uma ocasião
que achei que nunca fosse chegar.

Fiquei me olhando no espelho que ia até o teto. Me sentia linda vestida


assim, estava descalça, toda nua por baixo.
- Cândida?

Meu amor chegou no quarto me procurando, meu coração sacudia no


peito só de saber que ele sentia minha falta, que se preocupava comigo,
queria minha companhia. Nunca tive isso, e se não fosse esse homem talvez
eu nunca viesse a ter, estaria para sempre presa àquele nojento do Tião.

- Oi João, estou aqui!

- Vamos jantar, meu benzinho? A dona Amélia deixou... – Ele calou a


boca na mesma hora quando cheguei na porta do banheiro. Dei um sorriso
com vergonha para ele. Seu olhar me queimou, seu queixo caiu. Ficou
parado, vidrado.

- O que foi, João? – Mordi o lábio. Só de ser olhada assim eu já sentia


tesão. Aqueles olhos azuis eram muito quentes, safados. O olhar desse
homem prometia tudo a uma mulher.

- Você quer me deixar louco desse jeito, só pode...

- Quer jantar, meu bem? – Fui chegando perto, abracei ele, fiquei na
ponta dos pés, mas antes que meus lábios o tocassem ele me agarrou, me
pegou no colo, dei um gritinho. Passei minhas pernas ao redor da cintura
dele, João apertou minha bunda e me abocanhou gemendo, sua língua
entrou com tudo, me lambendo, devorando. Agarrei seus cabelos macios e
fiquei acarinhando enquanto o lambia, boca macia, cheiroso, tinha tomado
banho e estava todo fresquinho, foi caminhando para a cama e caiu deitado
de costas, comigo em cima dele.

- Gostosa... quer me matar de tesão, sua gostosa... – Ficou esfregando


sua ereção em mim, deitei por cima dele de pernas abertas, passou a mão no
meu reguinho e viu que eu não usava nada por baixo.

- Ai João, que gostoso...

- Puta que pariu... – Tornamos a nos beijar, ele era muito mais maldoso
que o Tião, o outro nunca tinha mexido atrás igual esse fazia. Ficou
alisando o meu reguinho, desceu o dedo e rodeou meu cuzinho, segurei a
mão dele.

- João... - Gemi na boca dele, morrendo de tesão.

- Deixa...

- O que você quer, João...?


- Quero te mostrar como é gostoso... Se não for gostoso você me pede
para parar, combinado?

- Combinado...

Me arrastou para a cabeceira da cama, ficou recostado sobre os


travesseiros comigo no seu colo, voltou a mexer, alisando meu reguinho de
cima a baixo, depois desceu o dedo e ficou rodeando, enfiou a pontinha do
dedo no meu cuzinho e tirou.

- Ai... – Agarrei mais nele, uma sensação deliciosa, de coisa proibida,


safada. Ele era maldoso pra caramba, só agora eu via isso.

- Deixa... deixa, meu benzinho...

Fiquei abraçadinha nele, a cara deitada no seu peito, sentindo a


sensação gostosa, enfiava e tirava, enfiava e tirava...

- Ai... que gostoso...

- Olha que gostoso... agora levanta um pouquinho...


Arrebitei a bunda para cima e ele tirou o short, deitei de novo e agora
foi mais gostoso ainda, porque ficamos totalmente em contato um com o
outro, nossos sexos se beijando.

- Que delícia ficar assim com você, João... – Fechei os olhos e fiquei
paradinha com as pernas abertas, só sentindo o que ele fazia comigo. Seu
pau era grande, grosso, a cabeça muito macia, e estava meladinha também.
Ele segurou e ficou esfregando na minha buceta, escorregando.

- Aaah... eu vou te comer morena...

Ele levantou o quadril e segurou o pau abri minha bunda para ajudá-lo
a enfiar.

De novo aquela queimação gostosa, aquela pressão que a cabeça


grande dele fazia. Enfiou devagarinho até colocar tudo, me encheu toda,
ficamos grudadinhos.

- Eu não aguento não, morena... vontade de ficar enterrado dentro de


você o dia inteiro, delícia...

- Então fica...

Ele me empurrou para trás e me fez sentar, fiquei sentada no colo dele.
- Ai... é muito fundo...

- Levanta um pouquinho... você acostuma, meu amor.

Ficou deitado comigo montada nele, me pediu para tirar a camisola,


fiquei completamente nua, joguei meus cabelos para trás.

- Meu Deus, mas é a visão do paraíso... seus seios são maravilhosos,


Cândida...

- Eu não sei fazer assim...

- Rebola no meu pau, rebola... – Segurou nos meus seios beliscando os


biquinhos. Deu tesão demais. Comecei a rebolar, a subir e descer.

- Isso, cavalga em mim, cavalga... assim morena, assim... isso... vai...


faz assim... assim... aaah... – eu rebolava, subia, descia, colocou minhas
mãos em seu peito para me equilibrar.

- Que gostoso, João... é muito... aaah... gostoso...

- Você é novinha ainda, menina... quero te ensinar muita coisa...


- Eu não ligo para idade... – Falei enquanto deslizava nele.

- Deita aqui, vem...

Voltei a deitar no colo dele sem desgrudarmos, João abraçou minha


cintura e elevou o quadril, começou a meter devagarinho.

- Ai... ai que delícia, ai...

- Toma, morena... toma... toma... toma... – batia e falava, batia e falava,


enfiava tudo e tirava, me torturando, deixando zonza.

- Ai... ai... ai... que delícia... João, está vindo de novo...

Fiquei grudada nele, a pressão no meu grelinho aumentando, tudo


melado lá embaixo, escorregando. O pau dele era grosso, fazia uma pressão
deliciosa dentro de mim, ele comia muito gostoso... meus olhos já saíam
lágrimas de novo, de tanto tesão que eu estava sentindo. E eu não aguentei
mais quando ele voltou a enfiar o dedo todo no meu cuzinho, ficou enfiando
e tirando, me comendo, esfolando seu sexo contra o meu.

- Está vindo... ai que gostoso que é, que delícia...


- Deixa vir... goza, sapeca...

- Aaah.... aaah...

Enquanto eu gozava ele continuava a me comer, me abraçou com mais


força pela cintura, meteu mais rápido, gostoso, eu sabia que ele ia gozar
também, João começou a urrar debaixo de mim.

- Aaah caralho...! Aaah... que tesãaao!

Ficamos grudadinhos até ele parar, acalmar.

Fiquei deitada em cima dele com as pernas abertas, João ficou alisando
minha bunda devagarinho, descia o dedo pelo meu reguinho. Ele não
conseguia ficar sem me tocar, era muito carinhoso.

- Adorei desse jeito que você fez...

- Eu também...

Passou um tempinho e ele tirou de dentro, levantei da cama e fui


correndo para o banheiro. João foi atrás de mim. Tomei outro banho rápido
e descemos para jantar.
JOÃO LUIZ

Já tinha passado uma semana, e eu ainda achava que estava num sonho.

Deitado com a cabeça no travesseiro antes de dormir, observava aquela


menina do meu lado só de camisola (comprei cada uma mais linda que a
outra para ela) e o cabelão solto... parecia um anjo dormindo...

Que doideira que eu tinha feito, fui muito corajoso. Chegar naquela
casa simples, oferecer para comprar a chácara...

Mas isso era o de menos... a loucura maior era pegar essa menina para
criar... fiquei pensando no que meus amigos iam achar, cabra tudo casado e
com filho entrando na adolescência... mas eu tinha o direito de recomeçar a
minha vida, comi o pão que o diabo amassou na mão da minha ex.

E essas coisas de coração, de pele, a gente não explica, explica?

Eu era muito mais velho do que ela, mas tenho certeza que ia cuidar
dela melhor do que muito moleque por aí, e era só o que tinha na roça e nas
redondezas: moleque!
Lembrei do tal do Zeca, era outro que estava na minha mira. Amanhã
cedo já ia atrás do meu advogado, ia deixar meu docinho aqui dormindo e ia
acordar cedo, conversar com a dona Amélia, minha cozinheira, deixar tudo
pronto, pedir aos empregados para darem uma assistência para a Cândida
enquanto eu estivesse fora.

Isso não ia ficar assim, rapaz. Não ia mesmo!

Manhã seguinte até tomei banho na outra suíte para não acordar o meu
benzinho. Me aprontei, tomei um café rápido e passei a mão na chave da
caminhonete, papelada já pronta para levar para o Ricardo na cidade.

No caminho passei na chácara, falei para a dona Antônia avisar ao Tião


que a Cândida estava com uma virose, e que não ia poder trabalhar nessa
semana. Era o tempo que a gente precisava, porque eu mesmo iria até lá dar
o recado a ele, anunciar a saída dela daquela pocilga. Nem a voz da minha
morena ele ia ouvir mais!
Eu e Ricardo nos encontramos numa cafeteria de um shopping na zona
sul.

Mostrei uma foto da Cândida para ele. Numa noite antes de descermos
para jantar, pedi que ela fizesse uma pose com uma das camisolas que eu
tinha dado. Ela juntou o cabelão no alto e fez beicinho, arrebitando os dois
melões deliciosos. Menina mais linda do Universo!

- Rapaz... dezenove anos?! – Ricardo estava inconformado, hipnotizado


pela foto. Eu conhecia a cara dele, o vagabundo tinha ficado com tesão.

Com ele eu não tinha papas na língua, a gente conversava sobre


absolutamente tudo. E era amigo até debaixo d’água. Só com o olhar um já
sabia o que o outro queria, pensava. Era meu cúmplice, entre nós não havia
segredos. Irmão de alma.

- Para com isso, Ricardo. Minha cabeça já fica cheia de minhoca, não
preciso de mais um para me encher o saco.

- Não está mais aqui quem falou...

Nós dois ficamos em silêncio. E eu já esperava a pergunta que não


queria calar.
- Mas e aí, me conta.

Dito e feito.

- Contar o que, caralho?

- Não tem nada para me contar não? Tem certeza?

- Inferno... – Sinalizei de longe mais dois cafés para o garçom. - Rolou,


diacho. O que mais quer saber?

Meu amigo disparou a rir.

- E foi bom?

- Foi gostoso pra caramba. – Ficamos rindo que nem bobos.

- Apertadinha?

- Demais.

Diacho de conversa gostosa.


- Faz inveja não, cacete!

- Você que pediu, caralho! E para de fazer pergunta senão vai continuar
levando!

- Beijo gostoso?

- Ô, se beija...

- Boquinha beiçudinha mesmo, deve chupar gostoso...

- Isso eu ainda não sei.

- Tá louco, cara?

- Calma lá, cara. Estou ensinando aos poucos, se não ela assusta...

- Tirou o cabacinho da morena, seu puto?

- Não, desgraça.
O garçom chegou com as duas xícaras. Esperamos ele sair para
continuar com a putaria.

- Então a danadinha não é tão boba como você pensa, Jão...

- Ela já me contou tudo, cara. É bobinha demais, está aprendendo


agora... só ficava no esfrega-esfrega com o desgraçado... mas no resto ela é
virgem...

- Você deve estar doido pra... você sabe... aquilo que você mais gosta
de fazer... sua tara...

- Estou louco... para porque eu já estou de pau duro.

- Vamos combinar uma tarde naquela piscina gostosa lá, cara. Vê se me


chama...

- A coitadinha não tem nem biquíni. Minha menina... simples demais...


Ei, você não está querendo piscina para ficar secando a Cândida não né,
desgraçado?

O filho da puta só riu, virou um gole do café.


- Vou lá sábado, falou? – Reforçou, o folgado oferecido.

- Tá falado, Rique.

Mudei de assunto, continuamos nosso café e mostrei os documentos da


chácara para ele, Ricardo me falou de umas ideias boas para a Antônia e o
menino para quando se mudassem, estava até empolgado. Meu amigo se
envolvia com tudo, e a minha felicidade parecia que era a dele, e isso era o
que eu achava de mais bonito na nossa amizade. Amigo leal como o
Ricardo era, eu nunca tinha encontrado na minha vida inteirinha.

Depois que nos despedimos eu dei uma volta pelas lojas, saí do
shopping carregado de roupa, biquíni e lingerie para o meu docinho, a
mulherada ficou me olhando tudo curiosa, gastei dinheiro pra caramba, só
loja de grife!

Cheguei em casa cheio de presente para o meu dengo. A menina ficou


numa felicidade sem cabimento, parecia até criança ganhando lembrancinha
de Natal.

Experimentou roupa por roupa. Meu pau já estava duro, inchado, de


tanto ficar olhando. E quando chegou no final, na parte das lingeries, eu não
aguentei. Ela ficou rindo quando colocou um par de meias sete-oitavos e
uma cinta liga preta, perfeita.
Eu só desabotoei a calça jeans e desci a cueca, comi ela vestida daquele
jeito, montada no meu colo, numa poltrona bem grande e macia que havia
na nossa suíte.

Nossa sim. Tudo que era meu já era dela, eu queria dividir tudo. A
sapeca pulou e rebolou de todo jeito, já estava aprendendo direitinho,
ficamos agarrados, fui ao seu encontro levantando meu quadril, batendo
fundo, com pressão, até gozar, meu dedo enterrado no cuzinho. Cândida
gemia alto e eu incentivava aquele espetáculo, e mesmo que tivesse alguém
lá para escutar, eu não estava nem aí.

Dormimos exaustos, abraçados. Cochilo da tarde muito gostoso.

Depois acordamos e fizemos um lanche rápido antes de irmos ao


supermercado, era hora de comprar umas coisas para o nosso dia seguinte,
dia de piscina, como o Ricardo tinha pedido.

E fiquei só pensando se o filho da puta ia aprontar alguma.


CÂNDIDA

O dia estava perfeito para a gente tomar sol, aproveitar a área linda e
enorme da piscina.

Meu amor me comprou um biquíni lindo, branco de lacinho, muito


pequeno, eu mal cabia dentro dele. Minha bunda ficou toda de fora, só os
biquinhos cobertos na parte de cima. Fiquei meio sem graça, mas ele falou
que eu não precisava me preocupar, que ia chegar um amigo mas era amigo
mesmo, gente de casa.

João ficou me esperando na beira da piscina enquanto eu me vestia na


sauna ao lado. Estava todo lindo, short claro, óculos-escuros, no peitoral um
pelo ou outro grisalho, a pele dourada de protetor solar. Tinha um corpo
lindo, porte dele era alto, forte, musculoso.

Cheguei com o biquíni e ele quase babou, ficou de boca aberta. Falou
que só não ia me abraçar porque o celular estava tocando, seu amigo tinha
acabado de chegar e ele ia até lá abrir. Me mandou deitar na espreguiçadeira
para esperá-los. E assim eu fiz. Deitei de costas, fiquei tomando sol. João
tinha dispensado todos os empregados para ficarmos bem à vontade nesse
dia, e eu achei ótimo.

Passou um tempinho e eu estava era quase cochilando, quando ouvi


uma voz masculina me chamando, de pé, bem ao lado da espreguiçadeira.
- Cândida?

Olhei para cima, visão até meio embaçada. Dois homens lindos, um do
lado do outro, me encarando. Levantei depressa para cumprimentar o amigo
do João.

- Oi...

- Olá. A senhorita é a famosa Cândida então... – Estendeu a mão para


me cumprimentar, me deu um beijo no rosto.

Que homem lindo. Era mais novo que o João, menos corpulento.
Moreno, cavanhaque, usava uma regata branca mostrando os braços
torneados e uma tatuagem grande no braço, a cara de um lobo.

- Eu mesma. E você é o famoso Ricardo, o melhor amigo do João...

- Pra você ver o que eu e você temos que aguentar.

Ficamos rindo e o João logo xingou.

- Cala a boca, cacete. Não começa, inferno!


- Ô Jão, que tal ir até o bar e já preparar o meu uísque duplo com gelo?

- Tu é folgado hein, cara? Meu benzinho... – João chegou perto de mim


e apertou minha cintura. Os olhos do seu amigo desceram junto com a mão
do João e subiram até pararem nos meus seios. João raspou a garganta,
sacou na hora. – Deixa eu te falar, Cândida. Fica um pouquinho aqui com o
Ricardo que vou dar um jeito lá no bar, tirar nossos petiscos do forno e da
churrasqueira. Trazer um drinque bem gostosinho pra você... – Me beijou
na boca gostoso, vi que o outro ficou sem graça, parei logo.

- Quer ajuda? – Perguntei.

- Não. – Falou e saiu.

No começo eu fiquei com vergonha, não sabia o que conversar com


aquele homem lindo que veio da capital. Era gente importante, doutor,
advogado. E tinha uma cara de sem-vergonha...
Fomos para a beira da piscina, ficamos sentados com os pés
balançando na água. Passado um tempo, eu finalmente relaxei, me
acostumando com a presença dele.

Meu Deus, como ele parecia com o João, só que mais novo. No jeito de
falar, seus pensamentos, tudo. Fiquei encantada. Muito gentil, um amor. E
fora que era lindo. Não sei como um homem desse ainda estava solteiro...
tirou a camisa e ficou só de short e óculos escuros. Com todo o respeito, eu
não tinha interesse algum, mas qualquer mulher olharia.

Vi que lá de dentro do bar o João ficava de olho em nós dois. Não


demorou muito mais e ele voltou com uma bandeja carregada, o uísque do
Ricardo, uma caipirinha para ele, e para mim, parecia um drinque com
morangos.

- Fiz para você, meu bem.

João chegou junto, sentou do nosso lado. Seu olhar estava um pouco
baixo, parecia que já tinha bebido um pouco lá dentro.

- O que tem aqui? – Tirei o canudinho e fiquei chupando. Os dois


miraram na minha boca.
- Morangos, um pouco de cachaça, leite condensado... está gostoso?

- Uhum, docinho...

- Prova um pouquinho com a colher.

Fiz o que ele pediu. Estava um caldinho grosso, parecendo até uma
sobremesa, só um fundo ardido da pinga. Depois que provei, fiquei
lambendo.

- Cacete... – Ricardo xingou, não entendi o porquê. - Deixa eu provar,


Cândida...

- Deixo. – Dei o copo para ele, mas o homem o afastou.

- Assim não...

João entrou no meio.

- Cacete, Ricardo.

- O que foi, gente? – Olhei de um para o outro, preocupada. Mas a cara


dos dois estava estranha... o João fazia aquela mesma cara quando estava
com tesão.

- Ele quer provar da sua boca. – João falou sem rodeios.

- O quê?!

- É isso mesmo que o Jão falou. Só um pouquinho... posso? Posso, Jão?


– Ricardo deu um sorriso de canto de boca que desconcertava qualquer
mulher.

- Ela é que manda. Essa menina manda na minha vida, eu só obedeço.


– João virou uma golada grande de caipirinha.

Meu coração acelerou, ele me deixava cada vez mais apaixonada com
esse jeito de falar, essas declarações. E cheia de tesão.

O Ricardo era tão lindo, tão gente boa... acho que só um beijo não ia
fazer mal, era um jeito de agradecer as gentilezas dele comigo. E agradecer
pela amizade dele com o meu namorado.

- Não vai ficar chateado, meu amor?

- Não. – Respondeu duro, bebendo mais.


- Põe um pouquinho na boca e me beija. – Ricardo pediu.

Ficamos os três sentados na beira da piscina com os pés na água. Eu no


meio e os dois cada um de um lado. João abraçou minha cintura e colocou
meu cabelo para um lado, ficou mordiscando o meu ombro, esperando
acontecer. Fiquei morrendo de tesão. Peguei uma colherzinha e coloquei na
boca, olhei para o Ricardo. Mal acabei de engolir e ele já veio me
abocanhando. Que boca gostosa, macia... beijo delicioso... segurei seu rosto
e ficamos nos lambendo... gemi de tanto tesão.

- Gostoso? – Perguntou dentro da minha boca, a língua safada, quente,


gostosa.

- Muito...

João estava calado, agarrado em mim. Grudado.

- Pronto, safado? Matou a vontade? Vamos nadar? – Perguntou.

- Ah, não estou querendo nadar não, Jão... estou querendo é outra
coisa... continuar esse beijo em outro lugar...
- Ricardo, Ricardo... – João falou em tom de ameaça.

Meu coração disparou. Tive medo de o João achar ruim comigo, de


brigar com ele, eu tinha pavor de briga, já tinha presenciado umas bem feias
no bar.

- Acho melhor não, Ricardo. – Entrei no meio.

- Por quê? O Jão não liga. Sabe que é só brincadeira... e o safado sabe
que é uma delícia também...

- Você é minha, morena... e ele sabe disso. O limite é seu.

- Ai meu Deus...

- Deixa... sei que está com vontade, você vai adorar ganhar isso. E o
beijo foi gostoso, não foi? – João falou baixinho, entre um beijo e outro no
meu pescoço. Os dois olhavam para mim com expectativa.

- Ai João... não vai ficar com raiva?

- Não... só um ciuminho...
Meu namorado já estava meio zonzo. Aquele jeito de falar era de
quando ele baixava a guarda, não era do homem duro mais. Já estava
rendido a mim, apaixonado, cego de tesão. Nós dois parecíamos almas que
se procuraram a vida inteira.

- Ah, se for para rolar ciúme então eu não quero, João...

- Brincadeira, morena...

- O que quer fazer, Ricardo? – Olhei para ele preocupada, coração na


boca. Uma mistura de sensação proibida com tesão me dominavam.

- Quero te fazer ver estrelas...

- Mas eu não vou sair de perto do João. – Determinei.

Ele riu.

- Pode ficar. Só chega mais na beirada da piscina... – Ele tirou os


óculos e deu um mergulho, veio para perto de mim. João continuou do meu
lado abraçado. Minha cabeça rodava de leve, mas era uma sensação muito
gostosa, de relaxamento. Eu estava morrendo de tesão com aquela
brincadeira dos dois.
Ricardo afastou minhas pernas, olhou dentro dos meus olhos, a cara a
um centímetro da minha calcinha.

- Posso?

- Ai...— Troquei um olhar cúmplice com o João e respondi. – Pode...

Ricardo pegou os dois lacinhos da minha cintura e desamarrou de uma


vez, puxou meu biquíni, jogou no meio da piscina.

- Ricardo!

- Caralho...

- Filho da puta que você é, Ricardo. - João veio por trás e abriu as
pernas, se sentou atrás de mim, colocou as mãos pesadas sobre a minha
barriga. Seu pau estava duro, enorme, cutucando minha bunda.

Eu quase tive um troço a hora que o Ricardo encostou a boca.


Começou a beijar devagarinho, em cima dos pelos, nos grandes lábios, nos
pequenos...
- Ahhh... Ahhh...

Quando ele afastou meus lábios e passou a língua no meio eu gritei de


tesão, me contorci, sem querer fechei as pernas.

- Xiiiu... deixa, amorzinho... – João sussurrou no meu ouvido,


massageando meus seios. – Vamos tirar esse biquíni chato, vamos... –
Puxou o laço que o amarrava nas costas e meus seios ficaram expostos,
estava tanto sol que já tinha feito marquinha. Não tinha reparado, mas na
parte de baixo também.

- Que lindo que ficou, amorzinho... – João ficou fazendo carinho,


massageando, puxando os biquinhos que já estavam durinhos.

- Que tesão de mulher, Jão, puta que pariu...

Eu estava gostando da brincadeira, os dois me elogiando, me dando


prazer... perdi totalmente a vergonha, estava com muito tesão, muita
vontade de fazer amor.

Abri minhas pernas de novo e mostrei tudo para ele, Ricardo


enlouqueceu.
- Ah caralho... – Ele caiu de boca, ficou lambendo de baixo para cima,
me penetrava com a língua depois subia e ficava mexendo no meu grelinho
com a pontinha, movimentando de um lado para o outro, me torturando, já
estava todo inchadinho.

- Ai... aaai...

- Delicia de buceta gostosa... goza na minha boca, menina sapeca...

Me entreguei. Não tinha forças mais. Deitei no peito do João, ele não
tirava as mãos dos meus biquinhos, pinçando com os dedos, puxando de
leve. Eu gemia alto, rebolava, ele sussurrava no meu ouvido que era para eu
deixar o Ricardo chupar, que não era para segurar.

- Aaai... eu vou gozaaar... aaah.... aaah...

- Isso, morena, rebola na cara dele, rebola... – Fiz o que o João


mandou, fiquei esfregando na boca do Ricardo, e veio a explosão, gritei
alto, me debati, os dois ficaram me segurando até eu me acalmar, Ricardo
não tirou a boca, ficou chupando.

- Ai, Deus.... meu Deus... que loucura... – Fiquei cansada, mas relaxada
como nunca estive antes. Suada, entregue aos dois, toda nua com as pernas
na água e o tronco no colo do João.
- Vamos nadar, meu amor?

Balancei a cabeça que sim e fiquei parada, esperando o João me pegar.


Seu pau estava tão duro que até o Ricardo percebeu, ficou rindo do meu
namorado.

- Vou colocar o biquíni, pega pra mim, Ricardo...

- Fica assim, meu bem. Não veste não... – João pediu com tanto jeito
que eu não consegui recusar.

- João, eu não sei nadar...

- Não tem problema, você tem dois homens à sua disposição para o que
você quiser, somos seus escravos, minha morena! – João brincou comigo
me arrancando um beijo na boca.

- Vocês vão ter que me segurar...

- É pra já! – Ricardo veio para perto, eu e o João entramos e os dois


fizeram uma cadeirinha para mim com os braços. – Agora senta que nós
vamos te levar para o raso. Somos seus escravos, você é a nossa rainha,
Cândida.

Eu fiquei rindo. Sentei nos braços deles e fomos para a parte rasa da
piscina que era imensa.

- Jão, nós não vamos ter paz com essa mulher desse jeito... parece uma
sereia, que peixão que você pescou hein, cara... os dois abaixaram um
pouquinho para eu não ficar toda fora da água, ficou batendo na minha
cintura.

- Vamos fazer uma brincadeira? – Ricardo propôs.

- Vamos. O que é? – Arrisquei.

- Esses seios lindos na nossa cara estão merecendo atenção. Eu chupo


um, você chupa outro, Jão. Que tal?

- Ai meu Deus, Ricardo...

- Ricardo, eu não aguento a sua safadeza... – João comentou antes de


passar a língua no meu biquinho.
- Nem eu. – Ele respondeu lambendo também. Nós rimos, meu clitóris
latejava a cada passada de língua quente dos dois na minha pele.

Cada um ficou num seio, chupando, beijando, lambendo,


mordiscando... eu gemia, meus braços em volta do pescoço de cada um,
mãos acariciando nucas, puxando cabelos. Tortura deliciosa.

- Ai, que delícia... – Fiquei olhando os dois me mamarem, uma boca


mais gostosa que a outra.

Ficar ali com os dois se tornou uma tortura para mim. Eu precisava
concretizar o que estava me matando por dentro, eu queria o João, precisava
dele dentro de mim.

- Quero ir para o quarto, João... – Choraminguei. Minha cabeça


rodava, meu sexo pulsava, todas as sensações pareciam estar aumentadas no
meu corpo, eu precisava extravasar.

Os dois pararam de chupar na hora, seus lábios colados nos meus


biquinhos. Continuei falando, fazendo carinho nos dois.

- Por favor... o Ricardo pode ver a gente, eu deixo...

- Tem certeza, meu benzinho? – Ele perguntou.


- Tenho sim.

- Então o seu desejo é uma ordem!

Me colocaram de pé na hora.

- Ricardo vai te levar de cavalinho. Sobe nas costas dele.

- Vem, morena. – Ele se abaixou na água e eu montei, cruzei os pés na


cintura dele, fiquei com medo de cair, dei um gritinho.

- Eu te seguro, meu bem. Vou atrás. – João disse.

Mas eu levei foi um susto quando ele me deu um tapa na bunda.

- Ai!

- Rabo gostoso do caralho... marquinha de fio-dental linda, Cândida...

Fiquei rindo, mas parei na hora quando senti o dedo dele me rodeando,
começou a me penetrar.
- Ai, João...

- O que é que você está fazendo, caralho? – Ricardo perguntou, nós três
andando para a parte funda da piscina onde estava a escada.

- Estou fodendo o cuzinho da minha namorada com o dedo. Por quê?


Não posso?

- Caralho... filho da puta...

- Morra de inveja, filho da puta.

João enfiou tudo, ficou tirando e colocando, aquela sensação deliciosa


de novo, de coisa safada, proibida. Fiquei gemendo de propósito, só para
provocar os dois. Eu estava surpresa com esse meu lado que o João
conseguiu aflorar e eu nem sabia que existia.

- Tortura dos infernos, não estou aguentado te carregar mais menina,


vou te largar aqui e bater uma...

- Não precisa bater...


- Por quê?

- Porque tem um lugar muito mais quentinho pra você esfolar esse pau
gostoso...

- Safada...

João enfiava o dedo sem parar, me agarrei nas costas do Ricardo e


fechei os olhos.

- Ai, João... que delícia...

Ele tirou o dedo e o Ricardo me colocou para subir a escadinha.


Ficaram os dois dentro d’água atrás de mim. Olhei para trás e fiquei parada.

- O que estão olhando?

- Sobe, morena. A gente quer ver. – Ricardo respondeu.

Virei e subi devagarinho, rebolando, abri as pernas para melhorar a


visão. Eu estava no auge daquela safadeza, embarquei bonito na deles.

- Sapeca demais, Jão... olha isso...


- Não é?

- Puta que pariu.

Eu só ria. Homem é bicho bobo, não pode ver mulher. Depois que os
dois subiram, cada um me ofereceu um braço e fomos andando para buscar
nossas toalhas e seguir para dentro da casa.

No quarto eu já sabia o que o João queria. Ele sempre dava indiretas,


ficava abraçado comigo na hora de dormir, toda noite apalpava minha
bunda, alisava o meu reguinho...

Conversávamos sobre tudo, ele falava que o prazer dele era me ensinar,
me mostrar tudo. Dentre outras coisas, falávamos de sexo, ele queria que eu
aprendesse com ele, que sentisse como era gostoso, falava que o corpo era
meu mas que ele queria sentir tudo junto comigo. Eu ficava cada dia mais
apaixonada por esse homem, queria agradá-lo, me fazia bem, eu estava feliz
demais...
João me puxou pela cintura e começamos a nos beijar, eu sentia que era
o momento, estava muito excitada, cheia de coragem, de desejo. E ele não
me dava sossego, era tarado pela minha bunda, sempre que podia estava
mexendo, metendo a mão, alisando...

- João... – Falei baixinho, toda dengosa.

- O que foi, meu benzinho?

- Eu quero...

- Eu sei meu amor. Eu também te quero.

- Mas...

- O quê?

- É outra coisa que eu quero te dar...

Ele até parou o que estava fazendo, ficou sério.


- Porra... é o que eu estou pensando, Cândida?

- É.

- Puta que pariu. Sortudo desgraçado. - Ricardo xingou.

- Que delícia, docinho...

O abracei pelo pescoço e voltamos a nos beijar gostoso. O beijo dele


me matava de tesão. Virei de costas para ele, fomos andando para a cama
abraçados e ele caiu em cima de mim, pesado, gostoso, quentinho.

Cochichou no meu ouvido:

- Vou pegar um gel lubrificante para deslizar bem gostoso. Fica


deitadinha aqui, brincando com o botãozinho do jeito que eu te ensinei...

João saiu e eu fiquei sozinha, encostei na cabeceira e abri as pernas,


fiquei mexendo e olhando para o Ricardo.

- Ah, tesão... – Xingou.


- Vem cá, vem... – Nem eu acreditei no que estava fazendo, me sentia
uma puta.

Ricardo tirou o short e veio correndo de pau duro, era enorme, grosso...
pulou em cima de mim, me agarrou com violência, nossas línguas se
lamberam com fome, seu beijo era gostoso demais. Praga de homem lindo
e delicioso!

Já veio esfregando o pau na minha buceta, me tateando, procurando.

- Põe... Me come gostoso, vem...

- Safada... putinha...

- Delícia...

Parecia que já nos conhecíamos há tempos, nossa química era


insuportável de gostosa. Não perdeu tempo, me penetrou com força,
começou a estocar, entrando e saindo gostoso, deslizando. Batia o quadril
com força, eu sentia sua fome, sua necessidade de liberar. Agarrei seus
cabelos, nossas bocas não desgrudaram. Ele não parava de me elogiar, dizia
que eu era linda, que era a mais gostosa que ele já tinha comido. Abri os
olhos e virei para o lado, vi uma cena que me chocou. João estava nos
olhando, excitado.
- Se gozar dentro eu te mato, filho da puta! – Falou grosso com o
amigo enquanto subia e descia a mão pelo cacete.

- Tá louco, caralho. Eu tenho juízo, porra!

- Deixa eu entrar nessa brincadeira aí. Tira! Anda!

Ricardo rolou para o lado, puto da vida. Ficou deitado na cama,


ofegando, xingando palavrão. João veio e se juntou a nós.

E foi aí que aconteceu a coisa mais gostosa e safada que eu já tinha


feito na vida.
JOÃO LUIZ

Que raio de diabo que passava pela minha cabeça nem eu mesmo sabia.

Mas vivia uma fase de paixão, de tesão, como há muito tempo não
acontecia. Eu estava amando de novo, alucinado por essa menina, doido por
cada pedacinho dela, vontade de provar até o caroço, de cuidá-la, de vê-la
feliz, fazê-la toda minha! Parecia que eu tinha rejuvenescido uns vinte anos,
toda aquela emoção forte que jovem sentia vinha dentro de mim, eu estava
em chamas!

Topei dividir meu tesouro com o Ricardo, melhor amigo meu, ele
parecia minha alma gêmea, alma de irmão. O que ele sentia eu sentia
também.

A menina topou, sentia atração por ele. O filho da puta era bonito
mesmo, mais jovem, viciado em academia, tatuado. Comedor do caralho.
Deixei rolar; ela mandava no meu coração, no meu juízo. E ninguém mais
ia saber, éramos só nós três, e era pura diversão aquilo, eu estava morto de
tesão com essa brincadeira.

E ela sempre me falava que no momento certo iria realizar meu desejo,
ia me dar aquele rabo gostoso.
- Vocês dois podem parar um pouco aí? – Do jeito que ele a fodia com
força, não ia conseguir tirar, ia esporrar dentro. E já estava quase fazendo a
minha menina gozar de novo, ele era foda.

Cortei o mal pela raiz.

Ricardo tirou fora e rolou na cama, puto da vida comigo. Paciência. Eu


também queria, e era a minha vez.

Mas quem disse que o safado me respeitou? Deitou em cima de um


punhado de travesseiro e a sapeca montou nele, não queria sair, tinha
viciado. Ricardo continuou metendo nela. Subi na cama e espremi uma
quantidade boa de lubrificante na cabeça do meu pau, espalhei aquele gel
gelado, de olho naquela bunda deliciosa com marquinha de fio dental, que
subia e descia sem parar engolindo o pau dele, cavalgando do jeitinho que
eu ensinei. Minha morena estava muito excitada, deixava o pau dele todo
melado.

- Goza, Rique, goza, seu gostoso... – Fez um gemido de puta que me


enlouqueceu. Ricardo também ficou louco, batendo o quadril sem parar, os
dois brincavam na cama, ela com aqueles peitões pulando na cara dele, vi
que o meu amigo estava em tempo de enlouquecer.

- Para aí. Quieto! – Falei puto.


Os dois pararam na hora, olharam para mim assustados. Eu estava
bravo, caralho! Mas morto de tesão.

- Vem, Jão. Entra na brincadeira aí, do jeitinho que você gosta... Espera
docinho, fica paradinha... – Ele cochichou no ouvido da Cândida.

Os dois ficaram abraçados na cama, ele enterrado nela. Cândida estava


com a bunda arreganhada, pronta para mim.

- Vou fazer devagarinho, meu bem. Se doer muito, me fala que eu paro.

Fui entrando no seu cuzinho devagar, meu pau esbarrando no do


Ricardo.

- Ai meu Deus... dois? Ai, João... está ardendo...

- Dois, gostosa... você aguenta... olha que delícia o pau do João, olha...
– Ricardo deu um beijo gostoso na boca dela, tentando aliviar a dor.

Quanto mais eu entrava mais ela gemia, contraía. Ricardo gemia junto,
falando que estava apertando o pau dele. Coloquei a cabeça toda e ela
gemeu, falou que estava ardendo, mas me liberou para continuar, disse que
era gostoso. Cuzinho apertado pra caralho, minha porra já estava na porta,
eu não ia aguentar muito tempo.
- Foi tudo, meu amor. Foi tudo...

- Ai, meu Deus...

- Sanduíche com recheio de Cândida... – Ricardo deu uma risada


safada. – Eu estou adorando esse sanduíche, e você, Jão?

- Delícia... – Tirei devagarinho, voltei a enfiar de novo, vi até estrela,


uma pressão deliciosa na cabeça do pau. – Vamos, porra, devagarinho pra
ela não sentir dor.

Ricardo começou a mexer, metendo devagarinho. Nós três ficamos


grudados, combinávamos demais, o trio perfeito. Ficamos metendo nela
devagarinho, Cândida gemia, dizendo que estava gostoso, dando sinal verde
para a gente avançar, estocar mais forte, mais rápido. E depois que pegamos
o ritmo... ah, rapaz...

Foi pura putaria aquilo. A maior doideira que eu e o Ricardo já fizemos


juntos. O cara chovia de mulher na cola dele, mas a morena tinha ganhado o
seu coração, e foi uma flechada só, certeira. Atravessou a cidade só para vê-
la. Deu sorte. A atração entre os dois foi fulminante. Tomar no cú.
A moleca era safada, desde o começo me mostrou isso. Mocinha nova,
flor da idade, tinha fogo, gostava de levar cacetada; e ali ganhava era uma
surra, não podia reclamar, dois dos grandes, entrando e saindo dela,
deslizando gostoso, apertadinho, melado. Ricardo gemia alucinado,
chupava o seio dela, depois saqueava sua boca, aproveitava o que podia,
dava prazer. Eu concentrei nas costas, massageava a bunda, abria, metia
gostoso enquanto mordia seu ombro, puxava seu cabelo, embolando um
rabo de cavalo na minha mão. Os dois falavam sacanagem para ela,
Cândida gemia igual puta, estava louca, escorria lágrima dos olhos. Eu
sabia que aquilo ali era sinal do orgasmo chegando, a sapeca estava na bica.

Acelerei, fiz pressão com carinho. Ricardo sacou logo, era velhaco.
Ficou chupando aquele bicão do seio e gemendo, metendo gostoso,
tentando massagear o clitóris dela. E quando ele mordiscou um mamilo, aí
que ela não aguentou mais.

Cândida explodiu num gozo como eu nunca tinha visto. Ela berrou, foi
uma mistura de gemido com grito, se tivesse empregado em casa eu tenho
certeza que teriam escutado tudo.

Ficou rebolando, presa entre nós dois; apertamos sua cintura juntos,
ficamos metendo, urrando igual bicho, nos esfregando nela, até que nosso
gozo veio junto, de uma vez.

- Ah, caralho!
- Tesão, porra! – Ele tirou correndo, esporrou na barriga.

Meu pau ficou latejando, deixei esvaziar a última gota e tirei fora
devagarinho.

Cândida caiu em cima dele exausta e ficou deitada no peito dele igual
ficava comigo, aninhada, os dois abraçadinhos, se acarinhando.

- Linda... mulher linda... – Falou baixinho para ela.

Cheguei e dei um beijinho nas costas dela, na bunda. O filho da puta


limpou o excesso de porra da cabeça e tornou a enfiar, ficou todo enterrado
nela de novo.

- Vem ficar com a gente, João... – Chamou toda melosa, esticando o


braço.

- Vou tomar um banho. – Larguei os dois abraçados na minha cama e


saí. Eu queria ter ficado com ela, gostava de ficar agarrado depois do sexo
dando carinho, conversando coisa gostosa, mas com outro macho na minha
cama não ia rolar não, desgraça!
Entrei debaixo da ducha esgotado, o corpo todo relaxado. Agora eu ia
dar um descanso pro meu menino, desde que começamos nosso namoro era
esse fogo que não apagava, estávamos na fome de nos conhecer, nosso
tesão atingia o ápice, e hoje então tinha sido o cúmulo!

Porra vida, eu estava apaixonado demais por essa mulher.

E hoje eu tive a certeza de que não tinha volta.


JOÃO LUIZ

Ricardo dormiu num dos quartos de hóspedes ao lado do nosso.

Eu tinha contado a história toda da Cândida, e ele também suspeitava


daquele assalto repentino. Já tinha escutado tudo o que precisava da amiga
da Cândida, a Joana, e agora eu ia era atrás do tal Zeca e do pai dele.

Na manhã seguinte, sentamos os dois para tomar o café da manhã,


clima meio esquisito, mas acho que no fundo era cisma minha. Ricardo veio
puxando assunto do dia anterior, queria ficar relembrando, conversando
putaria.

- Cara, na boa... na hora deu tesão, todo mundo zureta, mas não quero
ficar falando disso não, acabou, morreu o assunto.

- Você que manda, Jão. – Respondeu de boa.


- Vamos lá resolver o lance do celular da morena. E depois ainda temos
que parar na casa da minha sogra para fechar o contrato.

- Beleza.

Entre a gente não existia clima ruim, apesar de saber que no dia
anterior ele tinha fodido a minha menina. Eu concordei, ficar lamentando
isso agora não fazia o menor sentido. Na hora todo mundo aproveitou, eu,
ele, e principalmente a gostosa, ficou igual uma rainha com seus súditos,
gozou gostoso, curtiu demais a nossa brincadeira.

Ficamos conversando outras coisas na mesa de café enquanto a


Cândida terminava de se vestir. E foi só ela apontar no alto da escada que os
dois calaram a boca na hora, dois homens com cara de bobo para ela.
Estava linda, usava um vestido branco curtinho que eu tinha dado de
presente, marcava cada curva. Ficou uma tentação de mulher.

- Vem tomar café, docinho.

Ela veio correndo. Deu um abraço e um beijo no Ricardo depois veio


em mim, sentou no meu colo e trocamos um beijo tão quente que o outro
começou a encher o saco, mandando a gente ir para o quarto.
- Desculpa, Rique... – Ela falou toda meiguinha pra ele. O filho da puta
derretia. Já estavam íntimos.

- Só desculpo se eu ganhar também. – Veio todo cheio de graça.

- Ei! Vamos parar por aqui! – Rosnei.

- Foi mal, Jão. – Ricardo riu. Ele fazia de sacanagem para me provocar.

Cândida ficou sentada no meu colo enquanto se servia, toda sapeca.


Levantei o vestido para ver atrás, usava uma calcinha minúscula. Ricardo
sacou na hora, safado, velhaco. Piscou para mim, mordendo o lábio.
Mostrei o dedo do meio para ele.

- O que vocês dois estão cochichando? – Ela perguntou na maior


inocência.

- Não é nada, meu bem. Toma o seu café para a gente ir.

Ela se levantou para fatiar um pedaço de bolo no meio da mesa. Só vi o


Ricardo vidrado nos seios dela e mais que depressa desci o olho, o rabo
gostoso engolindo a calcinha, era tão pequena que dava para ver a
marquinha do fio dental. A safada gostava do traje, voltou a sentar a bunda
no meu colo na maior ingenuidade, tomando seu café gostoso enquanto nós
dois babávamos, ficamos até sem assunto.

Perguntei baixinho se o cuzinho estava dolorido do sexo, ela respondeu


que não, que achou muito gostoso e olhou para o Ricardo. Meu amigo
comentou “que bom” e esticou o braço na mesa, suas mãos a alcançaram e
ele ficou alisando o braço dela, ela mandando beijo para ele. Maior
palhaçada.

Cândida acabou de tomar seu café, pegou sua bolsa e fomos os três
para o meu carro.

O dia tinha sido longo.

O primeiro lugar que nós fomos foi na cidade, comprei para ela o
aparelho celular mais caro que tinha na loja, e fiquei puto quando o Ricardo
ficou rindo de mim - o vendedor perguntou se eu era pai da Cândida e ele, o
namorado.
Para a minha vingança ela respondeu à altura. Era inocente mas sapeca
pra danar. Virou para ele quando estávamos indo embora e perguntou “ei,
olha se pai e filha se beijam desse jeito”, me puxou pelo pescoço e trocamos
um beijo de língua delicioso, meti a mão na bunda dela. O vendedor e o
Ricardo ficaram rindo e o cara pediu desculpas.

Cândida não cabia em si de tanta felicidade pelo presente, só ficava


falando em me pagar, perguntando como faria... eu fui ficando irritado com
aquilo dentro do carro e o Ricardo percebeu, já estava ciente de tudo, tratou
logo de puxar outro assunto.

Combinei com ele que deixaríamos a menina com a mãe e iríamos os


dois no bar do Tião, ter uma conversinha com aquele desgraçado.

Chegamos na casa da minha sogra, cumprimentei dona Antônia e


apresentei meu amigo. Finalmente depois de uma hora de conversa, nós
assinamos o contrato de compra e venda da chácara. As duas choraram de
emoção.

Falei para ela não contar a ninguém, as duas não tinham parentes ali e
nem amizades próximas, então ninguém precisava saber para onde a dona
Antônia iria com o Bernardo. Ricardo era foda, sabia de uma chácara linda
ao da minha fazenda, e já estava de olho, fazendo toda a tramitação para
mostrar a ela. Nessa nossa reunião ele já introduziu esse assunto; aí que as
lágrimas da minha sogra rolaram de vez.

Combinei com meu docinho que ia deixá-la curtir a família e ia


resolver sobre a saída dela do boteco. Ela pediu que eu tivesse cuidado, que
o Tião era mau-caráter. Falei que eu não era menino, e estava junto de um
dos melhores advogados que eu conhecia.

Chegamos naquela espelunca já próximo da hora do almoço. O lugar


estava lotado, só homem, confusão, música brega e cheiro de cigarro. Uma
senhora servia as mesas e xingava, vi um rapazinho também. Magrinho,
cara de malandro, boné e chiclete na boca. Na hora eu saquei que devia ser
o tal do Zeca. Só não sabia quem era a mulher.

Me deu embrulho no estômago quando imaginei meu docinho com


aqueles vestidos curtinhos e a calcinha pequenininha, sem sutiã no meio
daquele monte de macho. E mais ainda quando imaginei o diabo se
aproveitando dela quase todos os dias, em troca de migalha e chantagem.
O desgraçado estava no caixa, quando me viu se levantou na hora,
fechou a cara e empinou o nariz. Ricardo esticou o paletó do terno e fuzilou
o velho com os olhos, fomos pisando duro até ele.

- Está fazendo o que aqui? – Veio perguntando metido a valentão, mas


de olho na senhora com a cara séria para nós.

- Quem são esses, Tião? – Não deu outra, ela perguntou e veio
chegando junto.

- Amigo da Cândida. João Luiz, não é? Essa é a Marilene, minha


esposa.

A mulher fez questão de nos cumprimentar com um aperto de mãos.

Mulher dele. Tião era casado e não tinha contado à menina. Falava que
haviam se divorciado. E agora estava se borrando de medo dela.

- Vim dar um palavrinha com o senhor. Vamos lá na sua cozinha? A


senhora me dá licença, dona Marilene?

A mulher balançou a cabeça dizendo que sim.


- É por aqui.

Cheguei impaciente, rasgando o verbo. Doido para sair na porrada com


ele.

- É aqui que comia a Cândida?

- Por quê? Está com ciúme? Fica não... é só molhar a mão dela que ela
solta rapidinho!

- Cala essa boca! – Ricardo reagiu antes de mim.

- Quem é esse aí? Acha que vai me intimidar? Tá querendo o quê?


Desembucha! Estou cheio de cliente pra atender, a vagabunda não apareceu
hoje de novo e nem para me avisar. Você deve estar sabendo do paradeiro
dela, né? Está comendo aquela bucetinha pequenininha também?

- Cala a boca pra falar da Cândida seu desgraçado!

- Calma, João Luiz. – Ricardo tentou me segurar com toda a força,


puxei Tião pela camisa e o velho arregalou os olhos, era muito menor do
que eu, o suspendi na ponta dos pés.

- Fala logo o que você quer, desgraça! – Além de tudo era atrevido.

- Eu só vim te dar um recado, presta bem atenção, desgraçado... A


Cândida não trabalha mais para você. Fica longe dela, se quer ficar vivo.
Ou eu vou fazer da sua vida um inferno... você vai perder tudo... Vou abrir o
bico para a sua mulher e contar o que você fazia com a menina aqui nessa
cozinha. Ela tem testemunha. E já tem muita gente da minha confiança
sabendo, peixe grande. Não mexe comigo, não mexe com a minha mulher,
está entendendo? Senão eu acabo com você, acabo com esse boteco, vai
ficar sem nada! Eu estou te dando só uma chance, e é a única. E eu vou
ficar de olho em quem vai vir pro lugar da menina. Esquece a Cândida,
esquece a família dela, eu não vou avisar de novo seu fodido! - Cuspi na
cara dele, Ricardo me puxou pela camisa e eu mandei me soltar.

Coloquei o dedo na cara do vagabundo e falei a última coisa:


- Eu sei muito bem, e logo a Cândida e a mãe também vão saber, que
aquele assalto covarde foi a mando seu! Foi o desgraçado do seu filho quem
roubou a menina. Mas sabe da melhor? Ela não precisa do seu dinheiro
sujo! E se a namorada daquele moleque imbecil for um pouquinho esperta,
logo logo ela vai perceber que vocês dois não valem nada!

Fiz que ia dar um soco nele mas o Ricardo me puxou, me empurrou


para irmos embora. O velho ficou calado, os olhos arregalados de medo.
Era um covarde, bunda mole. Passamos pela porta da cozinha e tal qual a
nossa surpresa seu filho estava lá com um pano de prato no pescoço, branco
igual cera, parecia ter visto uma assombração. Era outro vagabundo,
aprendeu com o pai. Certeza que sabia de tudo que rolava entre a Cândida e
o pai dele.

Quando saímos a mulher dele estava no caixa, nos viu sair lá de dentro
e ficou nos encarando. Ele que se entendesse com ela, queria ver a desculpa
esfarrapada que ia dar para a coitada.

Ricardo assumiu a direção da caminhonete. Minhas mãos tremiam de


ódio, boca estava seca, suava frio. Paramos na beira da estrada e ele me
abraçou, pediu para eu me acalmar. Peguei um cantil no porta-luvas e tomei
o resto de aguardente que estava nele. Virei a cara para a janela e chorei
igual menino, não queria que meu amigo visse, apesar de saber que ele
apenas fingia para não me constranger. Era das poucas coisas que eu tinha
vergonha nessa vida.
Passamos na casa da sogra, pegamos a menina.

Ricardo decidiu tirar uma semana de folga no escritório dele e


prometeu ajudar, ficar por conta de mudança da minha sogra e do moleque,
de compra da chácara e tudo mais.

Um amigo igual a esse era raridade. Nossa amizade não tinha preço.
CÂNDIDA

Hoje faz nove meses que aconteceu isso tudo, e eu só falo uma coisa...

O João foi o meu salvador. Ele me salvou, ele veio e me salvou!

Se não fosse ele, eu viveria aquela vida para sempre, dependendo das
migalhas do Tião, dos abusos dele! Essa praga sumiu da minha vida, nunca
mais nem vi, nem tive notícias, Graças a Deus! Também rompi amizade
com a Joana, achei melhor assim. Da última vez que nos falamos ela ainda
estava com o Zeca, apaixonada que só! Era Deus no céu e o Zeca na Terra.

Não dava. Infelizmente.

Mãe não cabe de felicidade. Comprou a chácara que o Rique mostrou,


pertinho aqui da fazenda, arrumou uma pessoa para cuidar do Bernardo e
voltou a estudar, era o sonho dela terminar os estudos, se alfabetizar. Quer
que eu faça o mesmo, e o João está olhando uma escola para mim.

Ela não quer que eu conte porque morre de vergonha, mas está
namorando um empregado do João aqui da fazenda. Ele é que nos
comunicou, ela ficou caladinha na hora, mas dava para ver na cara dela
como está apaixonada.
E eu tenho que falar sobre o Rique também, porque é um amigo que eu
amo... Não rolou nada entre a gente depois, sexo foi só aquela vez, só de
brincadeira mesmo. Temos um carinho imenso um pelo outro, um grande
respeito. Eu vejo como ele gosta do João, como é um cara companheiro,
amigo mesmo, para todas as horas.

Eu e o João estamos juntos para valer. Ele prometeu casar comigo, quer
marcar a data de todo jeito, mas falei que vamos fazer com calma, depois
que o nosso filho nascer. A barriga já está crescendo, e ele anda rindo à toa,
só fica fazendo carinho...

Estamos construindo a nossa família, e a gente está muito feliz!


JOÃO LUIZ

Rapaz...

Eu vou ser pai!

Eu estou maluco com isso, nem acredito que o meu filho vai nascer
daqui a poucos meses!

Eu só tenho coisa boa para falar da minha namorada, nossa... a Cândida


é tão doce, meiga, carinhosa... ela é incrível. Essa menina me trouxe uma
alegria de viver que eu nem achava mais que pudesse sentir.

Não me arrependo de nada que fiz por ela. Mesmo que não ficássemos
juntos, eu sinto que precisava salvá-la, parece que foi Deus tocando no meu
coração.

Quero dar o mundo para ela e para o nosso filho na sua barriga.
Amanhã mesmo vamos fazer uma viagem... Ela vai andar de avião pela
primeira vez, vou levar para conhecer o mar. Ela fala que é um sonho. Estou
feliz pra burro!
Bom. É isso. E o que eu tenho para dizer é que a gente tem que seguir o
coração, porque eu acho que ele nos leva para o caminho certo!

Um abração pra você, falou?


RECADO DA AUTORA

Se quiser conversar sobre qualquer coisa, elogios, sugestões, algo


sobre você, vou adorar. O meu e-mail é:

autoraninapimenta@gmail.com

Meu Instagram

@autoraninapimenta

Um grande beijo no coração e até a próxima história!

NINA
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