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A Capelania Escolar

Podemos definir Capelania como: “Um serviço de apoio e assistência espiritual comprometida com a visão
da integralidade do ser humano (corpo, emoções, intelecto, espírito) ” (VIEIRA, 2011, p.13). Sua função é a
de orientar e encorajar nos momentos de crise, reavivando a fé e a esperança de quem necessite, fazendo-
se presente nos momentos de crises da vida, compartilhadas no aconselhamento pastoral, nas visitas aos
hospitais, presídios, escolas, quarteis, velórios, etc, consolando e trazendo alento.

Entende-se por “Capelania escolar” ou “Capelania educacional”, o ramo da Capelania voltada para a ação
pastoral dentro das escolas ou instituições de ensino (creches, educação infantil, ensino fundamental,
ensino médio, cursinhos, EJA e universidades).

A Capelania Escolar é uma atividade religiosa de cunho espiritual que lida com indivíduos em formação
física, mental e espiritual, que frequentam escolas públicas e particulares, procurando dar-lhes orientação
religiosa e espiritual, dentro do respeito à liberdade religiosa de cada pessoa e de cada família.

A Capelania escolar tem a finalidade de proclamar a fé em nosso Senhor Jesus Cristo a todos os alunos e
seus responsáveis, bem como professores, funcionários e respectivos familiares. Para tanto, cada
membro da equipe encarna a ação pastoral e educativa e se dedica a demonstrar o amor de Deus aos
pequeninos das classes menores até aos maiores. Assim sendo, a missão da Capelania é estar à escuta de
todos os que desejam dialogar, bem como levar cada um a sentir necessidade de diálogo com Deus.

A Capelania escolar possui um público-alvo variado, que parte dos alunos e seus familiares ou responsáveis
diretos até os colaboradores do corpo docente e administrativo; enfim, todos os que se envolvem ou são
envolvidos no processo educativo e que estejam passando por conflitos nas esferas pessoal e familiar.

A Missão

A missão específica da Capelania é atuar na área do aconselhamento pastoral e no ministério da consolação.

Nunca se necessitou tanto de ação pastoral nas escolas, via capelania, como nos dias de hoje. Todo o tempo
disponível é pouco para atender os que carecem de apoio espiritual. Tanto por causa das vicissitudes da
vida moderna que abalaram os princípios da moral, da família e consequentemente da sociedade, como
devido à complexidade da adolescência e da própria escola.

O capelão é o pastor da grande grei que envolve seres de vários credos e até mesmo os que negam qualquer
fé. Compete-lhe ser o conselheiro, o orientador, o pastor de alunos, professores, funcionários e seus
familiares.

A atuação mais comum no ambiente escolar desempenhada pela Capelania é:

✓ Cultos com alunos;


✓ Aulas de ensino religioso ou educação cristã;
✓ Aconselhamento pastoral;
✓ Presença nos velórios e sepultamentos;
✓ Cultos especiais, devocionais setoriais e nas formaturas
✓ Visitação a enfermos em hospitais e nos lares;
✓ Avaliação de material didático;
✓ Distribuição de literatura confessional;
✓ Palestras que ofereçam assuntos relevantes com orientação bíblica envolvendo alunos, pais e
professores.
✓ Incentivo e acompanhamento de grupos de oração e devocionais de alunos e de funcionários.
✓ Assistência social e o incentivo aos trabalhos voluntários e filantrópicos.

No Regimento Interno da ONCC, Ordem Nacional de Capelania Cristã tem um código de ética que atende
em geral a todas as capelanias. Aqui, temos o Código específico para a Capelania Escolar.

Particularidades da Capelania Escolar:

✓ Pedir a direção divina para seu trabalho;


✓ Planejar tudo o que vai fazer;
✓ Ter alvos definidos e alcançá-los
✓ Ser pontual;
✓ Esclarecer as próprias dúvidas
✓ Antes de falar aos alunos;
✓ Auto avaliar-se;
✓ Usar linguagem acessível aos juvenis;
✓ Pensar bem antes de prometer algo;
✓ Conhecer a fundo os programas e objetivos da escola;
✓ Dialogar particularmente com cada aluno e sempre que possível orar com ele;
✓ Demonstrar cortesia para com todos;
✓ Ter domínio próprio, firmeza e bondade;
✓ Cuidar da tonalidade da voz: agradável e positiva;
✓ Ter posição definida e coerente (sim, sim; não, não);
✓ Respeitar as diferenças e limitações dos alunos e não esperar deles o impossível;
✓ Orar com os alunos;
✓ Dar sempre atenção aos alunos;
✓ Sorrir com os que se alegram e chorar com os que choram.

O Capelão deve inteirar-se do regimento interno da escola em que atua e das normas disciplinares dos
alunos, professores e funcionários, respeitando-os plenamente (também da LDB, que é a lei de diretrizes e
base da educação nacional 9.394/1996).

A atuação do capelão não deve contrariar o trabalho de professores, pedagogos, psicólogos e diretores,
nem lhes embaraçar os programas, mas sim, cooperar para o bom desempenho dos alunos.

Os programas do capelão devem ser elaborados dentro de uma visão integrada aos programas
educacionais da escola para que possa contribuir para o aproveitamento dos estudantes.

O trabalho do capelão com os alunos não deve contrariar orientações das famílias. Quando alguma família
não permitir que seu filho participe dos programas da Capelania, isto deve ser respeitado.
A área de educação a ser trabalhada pelo capelão é apenas a “educação religiosa” e o “aconselhamento
pastoral”. Não deverá ele entrar na área dos pedagogos nem dos psicólogos da Escola, mesmo que tenha
habilitação profissional na área. Se na sua atividade surgirem casos desta área, ele deverá encaminhar os
alunos para aqueles profissionais.

Assuntos de disciplina não deverão ser acolhidos pelo Capelão, a menos que seja solicitado pela direção da
Escola.

Igualmente, casos de avaliação pedagógica, em que alunos se julguem injustiçados por professores e
educadores, não devem ser acolhidos ou tratados pelo capelão, especialmente quando exercerem suas
atividades em Escola Pública ou Particular não confessional.

Orientações
No contexto de uma escola surgem problemas de droga, de alcoolismo, de gravidez de adolescente e outros
casos especiais. O capelão pode ser a primeira pessoa a detectar tais problemas em crianças, adolescentes
e jovens. Ele não deve se omitir em trabalhar esses problemas, buscando a melhor orientação para a
solução de cada caso.

Ao detectar tais casos, o capelão averiguará primeiro, se pertencem a outras áreas profissionais da Escola,
antes de tomar qualquer atitude.

Ao convencer-se de que o caso pertence à sua área, o capelão iniciará seu trabalho respeitando,
evidentemente, o indivíduo e sua família.

Igualmente, ao tratar de problemas especiais com estudantes, o capelão deverá avaliar o momento certo
de comunicar o fato aos pais. E quando o fizer, deverá ser com bastante cuidado para não criar recuo do
jovem que está sendo ajudado e nem provocar reações extremadas dos pais.

Casos de grande gravidade ocorrida com estudantes maiores de idade, só serão relatados aos pais, caso
eles concordem ou julguem que necessitam daquela ajuda.

Casos de gravidade ocorridos com estudantes menores de idade deverão ser relatados aos pais,
naturalmente dentro dos cuidados que exige cada questão.

A gravidez de adolescente é um caso especial de grande gravidade, porque envolve “corrupção de


menores”. Que exige os seguintes cuidados:

Esperar que o caso lhe venha ao conhecimento, ou pela própria pessoa ou pela direção da escola, ou, ainda,
pelos pais;

Averiguar se os pais estão sabendo do fato e qual a atitude deles; jamais ser drástico com a adolescente,
mas tratá-la como pessoa e com muito cuidado, sem, contudo, aprovar a sua atitude errada; uma vez que
o caso aconteceu, jamais incentivar o aborto, em nenhuma hipótese; levar a adolescente a valorizar a vida
que tem dentro dela e prepará-la para encarar esse desafio; Não procurar resolver o problema do
parceiro, a menos que seja solicitado e principalmente se for também da escola; Manter o equilíbrio de
tratamento: nem privilegiá-la pelo feito, nem menosprezá-la pelo erro.

Todo o procedimento que envolver esses problemas especiais com estudantes deverá ser relatado à
direção da escola, a quem de direito, uma vez que a primeira responsabilidade sobre o aluno é dela.
Respeitar as Diversidades

Todo o trabalho de ensino religioso de capelão e sua equipe devem levar em conta os direitos à consciência
religiosa de cada indivíduo. Isto deve ser feito mesmo em escolas confessionais em que os pais que aceitam
ali matricularem seus filhos já sabem da posição religiosa da instituição.

O capelão fará o seu trabalho religioso e espiritual sem conotação sectária, mesmo porque numa escola
confessional, haverá alunos pertencentes a diversas linhas de doutrina cristã. Este respeito à consciência
religiosa do indivíduo fica mais exigente quando a escola for pública ou particular não confessional.

Os Auxiliares
A Capelania adotará para si uma linha de doutrina e ensinos, bem assim de procedimentos no atendimento
individual de alunos, professores e funcionários da escola.

Os auxiliares não poderão discrepar, em termos de ensino e doutrina, das linhas adotadas pela Capelania;
todos deverão falar uma mesma “língua”.

Capelão e auxiliares, não poderão discordar de doutrina, ensino ou metodologia perto de alunos e
professores. Casos dessa ordem serão tratados em particular pelo capelão-chefe.

Capelães auxiliares não deverão ser chamados à atenção diante de alunos, professores e funcionários. Esses
casos devem ser tratados em particular, na sala da Capelania.

Também a Capelania não poderá discrepar da disciplina geral adotada pela escola. Capelania e direção da
escola deverão, também, falar a mesma língua.

Ética do Sigilo
Ao atender pessoas sejam alunos, funcionários ou professores, o capelão e seus auxiliares manterão
absoluto sigilo dos casos tratados.

Assuntos tratados na sala da Capelania ou mesmo no aconchego dos lares de alunos, jamais serão
mencionados de público, nem mesmo a título de ilustração ou exemplo didático, e nem passados para
outras pessoas. Igualmente se tiver conhecimento de doenças graves de alunos ou familiares, jamais passar
para outros a informação, ou mencionar o fato em público.

O capelão jamais fará qualquer tipo de discriminação ou diferenciação no tratamento de pessoa


que esteja sendo tratada em assunto moral grave.

Nas Escolas Públicas


Em escolas públicas, caso haja permissão para a atividade de Capelania, todo o trabalho do capelão
deve ser posto em prévia programação que será submetida à direção da escola.

A metodologia do ensino religioso deverá ser colocada de modo a não provocar reclamações por parte de
alunos, pois isto significará o fim da oportunidade.

Se tiver de tratar de algum problema especial com algum estudante e com os pais, isto deverá ser feito com
expressa permissão da direção da escola, depois de dar-lhe pleno conhecimento do problema.
Trabalhando Com Sexo Oposto

Um capelão deverá agir com cuidado com pessoas do sexo oposto, evitando aproximação íntima demais
que possa provocar suspeitas diversas.

O capelão não deverá sair para programações especiais a sós com estudantes do sexo oposto, e até mesmo
com professores ou funcionários, quando as circunstâncias possam ser interpretadas para um lado ou
sentido negativo.

Capelães solteiros ou divorciados, não deverão entrar em relação de namoro com pessoas que fazem parte
da sua assistência de Capelania, seja aluno, funcionário ou professor.

Do mesmo modo, capelão não deve entrar em relação de intimidade com membros da família de
estudantes. O capelão não deverá expor sua vida particular diante de alunos, professores ou funcionários,
seja em conversação comum, seja em palestras.

O capelão nunca deverá confessar suas fraquezas ou pecados, nem mesmo a título de ilustração ou
exemplo, em hipótese alguma.

Não deverão também falar de suas dificuldades financeiras a alunos, professores ou mesmo familiares de
estudantes. Igualmente, não deverá reclamar problemas de salários ou vantagens ou desvantagens
empregatícias diante de alunos, professores ou funcionários da escola.

Se tiver problemas em casa, com esposa, esposo, filhos, o capelão jamais deverá mencionar este fato a
alunos, professores ou funcionários da escola, nem mesmo a título de ilustração ou exemplo didático.

Se o capelão for também psicólogo e exercer essa atividade fora da escola, não deverá encaminhar para o
seu consultório particular alunos da escola com problemas da área, para não configurar vantagem
econômica auferida através da sua condição de capelão.

Quanto a Discriminação
O capelão e seus auxiliares jamais tratarão com discriminação racial, estrangeira, de religiões diferentes,
portadores de deficiências ou praticar qualquer outro tipo de discriminação. Igualmente, o capelão e seus
auxiliares jamais tratarão com discriminação alunos de classes sociais mais pobres ou mesmo alunos que
tenham bolsa e não podem pagar a mensalidade ou alunos inadimplentes. Do mesmo modo, o capelão seus
auxiliares, jamais tratarão com discriminação alunos menos dotados, menos inteligentes, em relação aos
mais dotados e mais inteligentes.

Casos Omissos
O capelão-chefe e todos os seus capelães auxiliares em cada Escola formarão o “Conselho de Ética da
Capelania”, sendo o capelão-chefe o seu relator.

Casos éticos não previstos neste Código que surgirem no contexto das atividades de Capelania de uma
Escola serão discutidos e definidos pelo “Conselho”.
A decisão tomada pelo “Conselho” poderá incorporar-se ao Código de Ética daquela Capelania.

Segundo a ABIEE (Associação Brasileira de Instituições educacionais evangélicas), cerca de 60% dos
alunos matriculados nas escolas confessionais evangélicas não são evangélicos. Ao analisar estes dados,
Walmir Vieira afirma:

As famílias estariam buscando nas escolas confessionais, conscientemente ou inconscientemente,


uma ajuda para solucionar problemas que estão acima de suas possiblidades no processo de criação e
formação de seus filhos num tempo de tantas complexidades e crises como este (2011, p. 19).

Para melhor compreensão do que é uma escola de orientação confessional, temos primeiro que entender
o termo “confissão”. Em seu livro, Inez Borges descreve sobre o que é confissão:

O termo “Confissão”, num contexto cristão tradicional ou mesmo no senso comum, pode remeter à
compreensão simples da admissão de algo ou ao reconhecimento da veracidade de determinado fato ao
qual se confessa. É possível ainda que o termo evoque a noção de reconhecimento e declaração de culpa,
sinal de arrependimento e conversão, e assim por diante. Os gregos antigos já utilizavam o termo

Assim podemos declarar que “confessionalidade” é a identidade de uma denominação religiosa, que
mostra por meio da fé a sua maneira de ver o mundo, e a sua “cosmovisão”.

Sendo assim, cabe à Capelania a responsabilidade maior pela preservação e reafirmação da


confessionalidade na escola. E mesmo que haja preceitos legais para que não se faça proselitismo nas
escolas confessionais, não se pode deixar de evangelizar os estudantes e todos que estão envolvidos no
contexto escolar.

No entanto, podemos observar que sua ação estará estritamente interligada com a proximidade da con-
fessionalidade que a instituição desenvolveu durante toda sua história. Quanto mais à escola se aproximava
da igreja mais a Capelania aparecia; por outro lado, o contrário também produzia uma Capelania apática
e em muitos momentos apenas representativa ou meramente nominal.

Procura-se desenvolver de forma sucinta as definições sobre “Capelania” partindo da forma mais
genérica até a enquadrar especificamente na área educacional. Para isso, foi necessária também uma
visão panorâmica da utilização do termo como de sua abordagem histórica até os tempos atuais.

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