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Na saat Ary sre fi CAMPINHO ana ea (BU a neh: Scanned with CamScanner X * Ho eB AOL SERGIO CAMPINHO FALENCIA E RECUPERAGAO DE EMPRESA saraival, Scanned with CamScanner ‘x00 WTERKAIONAIS DE CATALOGAGK NA PUBLICAGAO (CiP ‘WAGNER RODOLFODA SILVA -cRB/9410 "ise ———Campinta, Séryo ‘Curso de Direito Comercial: Faléncia e Recu- peracid Empesa/ Sérgio Campinho. ~ 13. ed. = Sto Paulo Sarva, 2023 ‘Paulista, 901, Eficio CVX, 2 andar St2p. Bel Vista ~ So Paulo ~ SP ~ CEP 01310-100 Foveacno | soraivafi 5978-65962. 7528 peso) 1. Direio, 2. Dreito Comercial. 3. Faléncia. 4. SAC | sacsets@seraivaeducacao.com br ._Recaperagto de Empresa. Tt. | oe 00 346.07, — | m020-3274 COU 347.7 Diretoiaexecutiva Flvia Aves Brain Anes para cata sistema: : Direlora eral Ana Pau Santos Matos item oat a Geréncia de produgto eprojelos Fernando Penteado 2.Direto Comercial ‘M77 Gerénca editorial Thais Cassol Resto Céar Novos projelos. Aline Dary Flor de Sowa Dalla Costa de Oiveira Etigho_ Jterson Costa da Siva (coord) Estvdo Bua Gongaves Design eprodugdo Darel Debora de Soura coo) Leni Maron dos Sats Camilla Felic Cianeli Chaves: Clasdrene de Moura Sais Siva Deborah Matos Lais Soriano Tago Dea Rosa Data de echamento da edigi: 1-11-2022 Dividas? acess vr saivanducacan com br Planejamentoe projets Chita Aparecida dos Satos Darla Mara Chaves Crvaho _Nenhuna parte desta publicayso poder ser reproduxida por Ferre da Siva _qualuer meio ou forma sem a préva autorzagdo da Saraiva inne oe Le ane ae ‘na Lei n. 9.610/98 e punido pelo art. 184 do Codigo Penal. Diagramagéo Rate! Cancio Padovan aca lataet Revisdo arila Georgeto (Capa TagoDela Rosa ‘Maplin de capa Lai Soiano Produyéogritica Mati Ranpim Serio Lutz Pereira Lopes Impressio acabamento —Grifica Paym a [amar) ox [eae Scanned with CamScanner Gc TULO 10 INSTAURAGAO DO PROCESSO DE RECUPERACAO JUDICIAL 1. LEGITIMACAO ATIVA ‘No sistema institufdo pela Lei n. 11.101/2005{a legitimacao ativa para o pedi- do de recuperacio judicial) diferentemente de outras legislacées', Compete ao deve- renner as Nio se admite, assim, sua implementacao pelos credores, administrador judicial, Ministério Pablico, ou de oficio pelo juiz. A racionalidade na escolha feita pelo legislador assenta-se na propria estrutura do procedimento, que se amolda, apenas, ao pedido formulado pelo devedor?. (A recuperagio judicial, em situacdes especiai, pode também ser requerida pelo cénjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, ou pelo inventariante, no caso do espélio do empresério individual. Esté legitimado, outrossim, o s6éiowentaniescent- t@, nos termos da parte final do § 12 do art. 48. Esse ponto merece reflexio. ' No Direito francés, a abertura do processo de recuperagio judicial pode ser feita por iniciativa do préprio devedor, por um de seus credores, ou pelo Procurador da Repuibli- ca (Ministétio Piblico), O Tribunal de Comércio, competente para processar o feito, ainda pode fazé-lo de oficio, nos termos dos arts. L.631-1 ¢ L.631-5 do Cédigo Comer- cial Francés, com redacao dada pela Lei n. 2005-845, de 26 de julho de 2005 - sur le droit des entreprises en difficulté. Cf. Corinne Saint-Alary-Houin, Droit des Entreprises en Difficulté, 62 ed., 2009, p. 614 e Cf. Francoise Pérochon e Régine Bonhomme, Entrepri- ses en Difficutélinstruments de crédit et de Paiement, 7. ed., Patis: Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, 2006, p. 144). Em Portugal, os sujeitos com legitimidade processual ativa sio 0 devedor, os sécios de responsabilidade ilimitads, qualquer credor ¢ o Ministério Pat {arts. 18, 19 ¢ 20 do Decreto-Lei n. 53/2004, de 18 de marco. CE. Catarina Serra, ob. cit, p. 15). Luiz Roberto Ayoub; Céssio Cavalli. A construgéo jurisprudencial da recuperaséo judicial de empresas. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 22. 2) Ha quem sustente que a expressio “sécio remanescente” deva ser interpretada como “sécio minoritério”. Contudo, nao nos parece acertada a ética defendida. A uma, porque (Qa figura do “sécio remanescente” é dotada de conceito juridico préprio, diverso, como cal, daqulerelativo ao *sclo minorivio"; a duas, porque se. legslador objetvase contemplar a legitimagéo do sécio minoritério teria o dito expressamente € néo empre- aria qualificagéo juridica com perfil distinto e independente daquele (ao se referir a Scanned with CamScanner FALENCIA E RECUPERAGAO DE EMPRESA 126 CURSO DE DIREITO COMERCIAI Na verdade, em se tratando de sociedade empresaria, quem requer a recuperagao judicial € a propri€pesoa juridica> por intermédio do seu érgéo de administracao, Portanto, aregra, ao referir-se a socio remanescente deve ser entendida em um contex- to peculiar, Parece-nos que o objetivo foi o de contemplar aquelas situagdes da unipes- soalidade temporétia das sociedades contratuais, previstas no inciso IV do art. 1.033 do Cédigo Civil, preceito que restou revogado pela Lei n, 14.195/2021. No caso da sociedade limitada unipessoal de constiuicéo derivada, ou seja, daquela em aque se adotou a unipessoaldade quando da sada do outro ou dos outros sécios, por motivo de retrada, exclusio ou falecimento,o requerimento também ser feito pela propria sociedad, 2, REQUERIMENTO CONJUNTO (GRUPO DE SOCIEDADES) A nossa lei concebeu, originariamente, a recuperacio judicial a partir do requeri- mento de um nico devedor empresatio, pessoa natural ou juridica, néo se ocapando com a possibilidade, que a praxis com demonstrado ser frequente, da formulaso con- junta por um grupo de devedores, Olvidou-se a Lei n. 11.101/2005, portanto, de um trago marcante em nosso mer- cado societério: a existencia dos grupos de sociedades — grupos de fato e de direito — em que as atividades de uma sociedade séo dependentes de outra ou de outras sociedades, ou, ainda, em que a existéncia de obrigacées cruzadas ~ quando as sociedades sao ga- rantidoras umas das outras em operagées de crédito - demandam uma reestruturacao. conjunta do passivo das integrantes do grupo em dificuldade. Em um cenétio de concentra¢ao econémica, tem-se a aglutinacéo ou a integracio de diversas empresas isoladamente exploradas por cada sociedade componente do gru- po econdmico. Desse entrelagamento estratégico, pode ser visualizada uma tinica em- psa, realizada a parti da instrumentalizacéo da atividade econdmica fragmentada em distintas sociedades. Vé-se aflorar, pois, um conceito ampliado de empresa, que se tem assentado na esteira do capitalismo contemporineo, no qual proliferam os grupos eco- ndmicos, constituidos para lograr maior eficiéncia empresarial, a partir da racionalizacao de meios ¢ processos de producio ¢ gestio. As sociedades que os integram tém, assim, uma fungéo instrumental, consistente no estabelecimento de uma estrutura juridica que define ¢ resguarda os direitos de propriedade compreendidos na criacao e no funciona- mento de empresa tinica, explorada de forma plurissocietéria. “sécio remanescente” propositalmente visou o legislador a legitimar essa figura juridica, cabendo lembrar que a lei ndo se vale de palavras vis); a trés, porque a recuperacio judi- cial cem natureza contratual e, por certo, a manifestagio de vontade da sociedade deve se realizar nos termos estabelecidos para a validade das deliberagbes dos sécios, sendo, assim, Scanned with CamScanner INSTAURAGAO DO PROCESO DE RECUPERACAO JUDICIAL 127 Diante dessa relidade que o Diteito nio pode desconsiderar, a crise da empresa, na perspectiva de grupo, desafia respostas efetivas e criativas para que possa ser convenien- temente equacionada, As providéncias iio variar segundo a realidade do grupo econé- ico, desafiando medidas individuais e particulares para cada sociedade ou solugdes geraise uniformes para todas aquelas que o integram, sob pena de, a0 se fragmentar 0 grupo, inviabilizar 0 soerguimento de sua atividade econdmica coletivamente explorada. Py siléncio inicial da lei, por néo poder significar a impossibilidade do requerimen- to conjunto da recuperagio judicial pela sociedades — todas ou algumas delas ~ inte- grantes de um mesmo grupo econdmico, foi suprido e contornado pela construgéo pretoriana que teve que enfrentar relevantes questdes, como: (i) a competéncia do juizo da recuperacio judicial; (i) a formacéo do litisconsércio ativo facultativo; e (iii) 0 plano unitirio de recuperacéo judicial, tit A reforma, viabilizada por intermédio dias 14.1 12/2020!nio deixou a questéo da crise grupal passar em branco. Cumpre, a seguity analisar e bem avaliar as suas dis- posigdes (arts. 69-G a 69-L), 2.1, JUIZO COMPETENTE O are. 38 da Len, 11.101/2005, mantendo o curso da tradicdo consagrada no di- rcito falimentar brasileiro, elege £€8¥ como o competente para hontologar o plano de recuperacao extrajudicial, deferir a recuperacio judicial ou decretar a faléncia. Exercendo 0 devedor a atividade em mais de um estabelecimento fisco (assim enten- dido como o local onde se exerce a atividade empresarial), urge aferir, portanto, qual seria © seu principal estabelecimento, a fim de fixar a competéncia. Para os direitos falimentar € recuperacional, a visio de domicflio convencional, contratual ou estatutdrio cede em favor da do domiclio real do devedor empresério, erigido como aquele de maior impor- tncia para orientar a competéncia jurisdicional em matéria de crise da empresa. fia si se confun convendional -,nutrindo um caheito prop pois, com a sede social - domicilio ‘oportuno expressamente legitimar aquele sécio que remanesceu no quadro social; a quatro, porque, no caso especifico da sociedade limitada, a recuperacao judicial vem decidida em assembleia ou reunio de sécios, restando a minoria vencida submetida A vontade da maioria, nos precisos termos do § 52 do art. 1,072 do Cédigo Civil. Esse mesmo princ- pio se aplica as demais sociedades empresérias de natureza contratual, por aplicagéo da inteligéncia que se extrai do art. 1.010 do Cédigo Civil; ¢, a cinco, em razio da evidente inseguranca desse requerimento de recuperagio judicial, formulado pelo sécio minoritétio, para a empresa desenvolvida pela sociedade, porquanto, apds o deferimento do processa- ‘mento, hé o potencial risco de decretagéo da faléncia da sociedade, conforme se verifica ‘nas hipéteses concentradas no art. 73 da Lei n. 11.101/2005. Scanned with CamScanner 128 CURSO DE DIREITO COMERCIAL ~ FALENCIA E RECUPERAGAO DE EMPRESA do emprestio; no local onde so realizadas as operagbes delmaiorvuleo,traduzindo o Croton nworetdlerte " Como originariamente a Lei n. 11.101/2005 néo cuidou do pedido conjunto de recuperacio judicial, surgiu naturalmente a questéo da fixagio da competéncia do juizo, quando os principas estabelecimentos de cada sociedade individualmente considerada estivessem situados em comarcas distintas. ctitério de competéncia para orientar 0 pedido individual de sociedade com pluralidade de estabelecimentos também serviu de norte para a definigéo da competén- cia na hipétese de pedido conjunto, apresentado pelas sociedades integrantes de um mesmo grupamento econdmico. ALi n, 14.112/2020, seguindo os passos delineados pela construgio doutrindria e {) jurisprudencial para a matéria, adotou explicitamenteo critério do juizo do local do »}5 U principal esabelecimento entre as sociedadesintegrantesdo grupo para definir a com- peténcia para processar a recuperacio judicial sob consolidacao processual\ Sera ele, assim, o competente para deferir a recuperacao judicial, bem como para decretar a fa- léncia de uma, algumas ‘ou de todas as litisconsortes, em caso de malogro da iniciativa. No pedido formulado com vista a viabilizar a superacéo da ctise da empresa plu- rissocietéria, o local do principal, do mais relevante estabelecimento em termos de ex- pressio econdmica, conduz a légica a ser seguida para a definicio da comperéncia. Assim, seré competente 0 juizo do ponto central, do ponto principal de negécios do grupo econdmico, a ser conferido em cada caso concreto. gid a A ye 2.2. LITISCONSORCIO ATIVO (GQNSOLIDAGAOPROGESSUAL) — 3.) ¥ << A dimensio da crise econémico-financeira do grupo econémico é que vai orientar co alcance da medida conjunta a ser implementada para a sua reestruturagdo. A solugao conjunta é, em diversos casos, néo apenas uma questio de conveniéncia, mas também um imperativo para se superar a crise grupal. Em fungéo da estruturacio do grupo, os expedientes para ultrapassar as suas dificul- dades econbmico-inanceras podeio vara de solugesindvidulizadas para cada socie- dade integrante do grupo econémico & solugio unig para todas elas. A unificagio do procedimento de recuperacio judicial de cada sociedade, através da formacio do litiscon- s6rcio ativo facultativo‘, permite a viabilizagao tanto de uma quanto de outra. A op¢ao O litisconsércio ativo € sempre facultative, no admitindo 0 ordenamento juridico 0 li- tisconsércio ativo necessirio, porquanto o diteto abstrato de requerer a tutela jurisdicional constitui direito subjetivo. Confiram-se, nesse sentido, por exemplo, Alexandre Freitas Scanned with CamScanner INSTAURAGAO DO PROCESSO DE RECUPERAGAO JUDICIAL 129 pelo método do tratamento da crise ird ser orientada, portanto, em razéo das circunstin- cias de cada caso concreto {Em diversos deles, considerando o grau de interdependéncia entreas sociedades, tem-se a Teal necessidade de adogio de estratégias gerais e comuns para lidar com a crise, as quais io, muitas vezes, demandar um expediente uniforme e con- centrado para todo 0 grupd, sem, excecéo,(Gom umal dagao substancial)\sem o que o projeto de reestruturacéo sucumbird. © requerimento de recuperagio judicial, sob o regime de consolidacéo processual, pressupde que todos os litisconsortes atendam aos requisitos de ordem subjetiva e objeti- va exigidos pela Lei n. 11.101/2005)Cada sociedade deverd individualmente apresentar a documentago necessdria ao processamento da recuperagio judicial (caput e §12 do art. 69-G e art. 51), providencia que garante seguranga ao procedimento, na medida em que poderd o juiz excluir do feito uma ou mais sociedades que nao atendam aos requisitos, por exemplo de legitimagao ativa (art. 48) fem falar )fato de que a consolidacao pto- 1¢ apenas algumas sociedades obtenhaia recuperacio judicial e outras tenthiam a falencia decretadayo que 6casiona o desmembramento dos respectivos processs. Por isso, impée-se que a anilise da documentagio seja realizada individualizadamente, ois 05 efeitos sio, em principio, individuais. Além do aspecto processual, o encaminha- / mento da individualizacao é relevantissimo para a efetividade material da recuperacio judicial, como se pode facilmente verificar em relacao a particularizacao das listagens dos! / credores sujeitos € no sujeitos aos efeitos da recuperacao (incisos III e TV do art. 51), que viabilizam a identificagao do passivo de cada integrante do grupo, titil ndo apenas para a aferigao dos votos dos correspondentes credores nas assembleias gerais, mas também para se ter a adequada visio de conjunto da crise enfrentada pelo grupamento, a partir da 6tica relativa ao endividamento de cada litisconsorte. Estando a pet icial adequadamente instruida, 0 juiz, ao deferir o processamen- to da recuperagio judicial, determinard uma série_de providéncias indispensiveis & formagio ¢ ao desenvolvimento regular do processo| Dentre elas, nomeard 0 adminjs- trador judicial, que serd unico para todas as sociedades integrantes do grupo.) [ consolidagio processual tem por escopo deflagrar-no proceso de recuperaes@l 7, pice de atos processuais para todas as sociedades nele envolvidas\O. ~~ proceso uno atende aos princ{pios da economia processual e da duracdo razoavel do | proceso, além de evitar decisdes contraditérias, Evidente é a utilidade da atuacéo de Lum s6 administrador judicial, da reuniao conjunta de comités de credores, da simplifi- ‘Camara. O novo processo civil brasileiro. 3. ed. Sao Paulo: Atlas, 2017, p. 83 e Humberto Theodoro Junior. Curso de direito processual civil. 594 ed, Rio de Janeiro: Forense, 2018, v. 1, p. 355. 4 Scanned with CamScanner 130 ‘CURSO DE DIREITO COMERCIAL ~ FALENCIA E RECUPERAGAO DE EMPRESA cagio da verificacao dos créditos, da unificacao dos prazos para a apresentacao da rela- \cao de credores e do plano de recuperagéo judicial, bem como para a realizagao da as- sembleia ou das assembleias gerais de credores’. Alinha de principio da consolidacio processual repousa na garantia delindependén- : dbs seus ativos e dos Ses passives. Assim é que cada litisconsorte SY deverd propor.os.msios de recuperacio préprios ¢ apartados para a composigao parti- cularizada de seus débitos. Respeita-se, com a providéncia, a autonomia da personali- dade juridica de cada sociedade integrante do grupo, colhendo-se a individualizagao da extensio e dos efeitos do plano de recuperacao judicial. Com a adogio do litisconsércio ativo facultativo, surgem em relacao a apresenta¢ao do plano trés situagées a serem consideradas: (i) planosiisolados; (i) plano nied; e (ii) planowunitétid. Este dltimo, por traduzir a consolidacéo substancial, serd examinado no itém seguinte. ° ts "No esquema Fae thi cada sociedade apresentard aos seus respectivos credores 0 seu correspondente plano instrumentalizado em documento auténomo. Em outros termos, cada uma delas ird propor os meios de recuperacéo que Ihe séo particu- lars ¢especificos em instrumento préprio. /P "0 >vishy On Ge pe wn O flano dnicd que ali expresamente admite, apenat taduz a apreentagio dos meios de recuperagao independentes e especificos para a composicao do passivo de cada sociedade sob consolidasio processual em um singular instrumento. A instrumentali- zagéo em um tinico documento respeita, portanto, a especializacao das proposicbes de cada sociedade litisconsorte em relacéo a cada universo particular de credores, j4 que inexiste um passivo comum as sociedades integrantes do grupo. plano tinico traz consigo a evidente vantagem de propiciar aos credores a visio global da crise do grupo, melhor orientando as correspondentes deliberagées,) Adote-se modelo do plano tinico ou o figurino dos planos isolados, os credores de cada sociedade “deliberarao em assembleias gerais de credores independentes” (§ 22 do art. 69-1). E possivel inferir-se do preceito, em boa exegese, que a votagio do plano tinico de recuperagio, quando apresentado, far-se-d sob o sistema da votagdo em separado pelo universo de credores de cada sociedade, ainda que em uma s6 assembleia geral. Com o emprego do método fica assegurada a preservagio da autonomia patrimonial de cada + Sheila C. Neder Cerezetti. Grupos de Sociedades e Recuperagio Judicial: O Indispensével Encontro entre Direitos Societirio, Processual e Concursal. In: Flivio Luiz Yarshell; Gui- therme Setoguti J. Pereira (Coord.). Processo Societério, Sio Paulo: Quartier Latin, 2015, v. Il, pp. 751/752. Scanned with CamScanner INSTAURAGAO DO PROCESSO DE RECUPERAGAO JUDICIAL D1 pessoa juridica agrupada. O que verdadeiramente se deve garantir € que a deliberagéo do plano nico, com disposigées distintas para cada sociedade € seus credores, seja resttita a cada um desses conjuntos isoladamente considerados. (A tealizagio de diversas assembleias somente se justifica na apresentagdo de planos isolados.| Nesse regime, ter-se-4 a votagéo de cada plano em assembleias distintas. A providéncia nio é, no entanto, a que melhor se alinha com a racionalidade que deve inspirar os processos recuperacionais, nos quais cumpre sempre prestigiar a economia processual, a duragéo razodvel do processo e a redugo de custos, a fim de que realmen- te se atinja otdo almejado prémio de eficiéncia, Para melhorar esse quadto, ¢ recomen- dével que todas as assembleias se realizem no mesmo local e em horétios sequenciais. E no sistema de votacio em separado, que perfeitamente se amolda 3 realizagao de tum tinico conclave dos credores, que se obtém proveito, sem, por outro lado, desres- peitar ou comprometer os efeitos ¢ as consequéncias individuais da aprovagdo ou rejei- 40 do plano, pois a consolidacéo processual néo impede que algumas sociedades logrem obter a concessio da recuperacio judicial e outras tenham a faléncia decretada, com desmembramento, neste caso, em tantos processos quanto forem necessérios para pro- cessar a quebra, Os quéruns de instalagio e de deliberacao serio verificados no ambito dos blocos de credores de cada sociedade componente do grupo. A teor do que dispée 0 § 32 do art. 69-G, é posstvel, no regime da consolidacéo processual, ocorrer a dispensa ou a realiza¢4o por meio diverso da assembleia geral de credores (§ 4° do art. 39 e art. 45-A), bem assim haver o oferecimento de plano pelos | credores (§§ 42 a 82 do art. 56 ¢ § 42-A do art. 6), re Por derradeiro, ainda no ambito da formacio do litisconsdrcio ativo, cumpre en- frentar 0 que dispoe Kcaput do to de recuperacéo judicial sob co qual, em principio permite o requetimen- gio processual aos devedores que “integrem grupo sob controle societério comum’ O texto normativo no se refere, pois, ao grupo resultante de coligacio. 7 Nos grupos de fato, as ligacdes intersocietdrias formam-se a partir de uma relagdo de controle ou de coligacéo, inexistindo uma convencio formalmente estabelecida e registrada no Registro Publico de el conceitos juridicos de sociedades coli, gadas ¢ de sociedades controladora e controlada sio estabelecidos a partir da existéncia ou nao de controle. Havendo relagéo de controle entre uma e outra sociedade, tém-se as sociedades ditas controladora ¢ controlada. Inexistindo subordinagio de comando, estabelecendo-se o relacionamento em um plano de horizontalidade e néo de verticali- dade, caracteriza-se a coligagio de sociedades. [Entre elas nio hd comando, mas sim um vinculo de coordenagio, A sociedade investidbra vai desfrutar de influéncia significati- Scanned with CamScanner 132 ‘CURSO DE DIREITO COMERCIAL ~ FALENCIA E RECUPERACAO DE EMPRESA va na investida, quando caracterizado 0 efetivo exercicio do poder de participagio nas decisées das politicas financeira ou operacional desta ultima, ou, ainda, pela presuncao decorrente do nivel de participagéo em seu capital votante, sem, contudo, controlé-la’, Da participagéo resulta interferéncia na sociedade coligada, ainda que em menor grau de intensidade de dominacio, préprio & configuracéo do controle. O controle, seguramente, é visto como a ferramenta de maior realce para formacéo dos grupos econdmicos. Mas sempre vai pressupor a utilizacéo concreta e determinan- te desse poder para imprimir ao grupamento uma diregao unitéria. Havendo a unifica- gio de diregao por outros mecanismos que néo a relagao de controle de uma sociedade sobre outras, ter-se-4, do mesmo modo, a formagéo do grupo. Existiré uma empresa comum, Em quaisquer das hipéteses, haveré, em maior ou menor grau, a perda da independéncia econdmica entre as sociedades que 0 compéem. A diferenca é que, nas relag6es grupais derivadas do controle, essa perda é mais aguda. O fator determinant para a caractetizaga6 da empresa plurissocietétia é, pois, 0 elemento de direcao tinica. Mesmo nos gfupos em que inexiste controle, deverd existir uma certa hierarquia identificavel entre a diregio unitéria que se estabelece para o gru- pamento e a dire¢o individual de cada sociedade que o integra, apesar de 0 poder empresarial nio ser concentrado e gravado por verticalizacao das relagées intersocietdrias. se (A interpretacéo literal do caput do artigo sob comento para limitar 0 pedido con- junto de recuperagio judicial apenas as sociedades integrantes de um “grupo sob con- tole societério comum” constitui retrocesso| Deve-se elastecer 0 entendimento, & luz de uma visio racional, teleolégica e sistematica, para também abarcar as sociedades que integrem grupo societario resultante de relagao de coligacio diante da identificagao da influéncia significativa. Apesar de revelar, de um lado, arranjo societério de menor in- tensidade que a ordenagio derivada do controle, traduz, por outro, posigéo considera- velmente superior & de mera participagio societéria. Surgindo da relagao intersocietéria a figura da influéncia significativa, nao se deve, com efeito, diante da presenga da dire- ¢40 unitaria, obstar a consolidacdo processual para tais sociedades componentes do grupo, ainda que inexista controle. 2.3. PLANO UNITARIO DE RECUPERAGAO JUDICIAL (CQNSOLIDAGAO'SUBS- TANCIAL)) O plano de recuperacao judicial, consoante impositiva disposicao do art. 53 da Lei n, 11.101/2005, deverd conter a discriminagéo pormenorizada dos meios de recupera- © Sérgio Campinho. Curso de Direito Comercial: Sociedade Anénima. 5+ ed. Sio Paulo: Sa- raiva, 2020, pp. 424/425. Scanned with CamScanner INSTAURAGAO DO PROCESSO DE RECUPERAGAO JUDICIAL 133 ‘$40 a serem empregados para a superagio da crise econdmico-financeira, bem como a demonstragio de sua viabilidade € consisténcia econémica. E a partir dessa proposta apresentada pelo devedor que os credores poderio inferir a sua higidez. quanto aos meios ¢ efetivos propésitos para a revitalizacao da empresa em dificuldade. A cise da empresa, em sua esséncia, nao é juridica, muito embora medidas dessa natureza devam ser tomadas para subjugé-la. A crise é fundamentalmente econémica e, i mehrelntete Soo sob essa ética, deve ser encarada. A partir dessa percepgao € que o sistema juridico bras leiro atual preconiza, prioritariamente, um modelo negociado para solucion4-la, ampara- do na prevaléncia da vontade dos credores, tendo por fundamento o principio majoritétio. O principio inspirador é 0 da menor intervengo do Estado-Juiz, que atuard, apenas, na garantia da legalidade e da legitimidade do que se processa perante o Tribunal. O juizo de conveniéncia acerca dos métodos a serem implementados para a superagao da crise é soberanamente feito pela assembleia geral de credores. Desse modo, pela sistematica da nossa lei, existem duas érbitas de exame a serem feit uma de legalidade, privativa do érgio jurisdicional, e outra atinente 4s quest6es econdmico- -financeiras consubstanciadas no plano, exclusiva da assembleia geral de credores. Ceaietans noose Erg a cdmpotdendd do jaro para procter 0 pelts de recuperasdo judTcaTormulado por diversas sociedades de um grupo econémico séo macérias afeasXegalidad e, poranto, de avaiagio exclusiva do Poder Judie Mas, uma ver admicia' a sta foriiagio e defihida a compettneta para processélo, a andliseacerea do cbimento do plano unitério também seré de alada do Estado-Juiz ow ficard na exclusiva esfera de deliberagao da assembleia geral de credores? Sobre ele deve ser feito um juizo de legalidade — ainda que prévio — ou esse juizo é de simples conveniéncia, a partir da andlise de vibilidade e consist#ncia econdinico-itafcsita do priprio plano? © plato wii que vem sendo nominado de conslidaiosubstancil, aerial > ou substantiva — afigura-se como um instrumento para a superacéo da crise. Consiste, portanto, em um meio de recuperacéo proposto pelas sociedades litisconsortes aos seus credores. Representa formulagéo em que ocorreré a unio de ativos e passivos; emijex- pediente concenttado, visando ao soerguimento da empresa plurissociecéria, A consolidacio material, consoante o tratamento que lhe foi dispensado pela Lei n, 14,112/2020, apresenta-se como medida excepcional para as sociedades que estejam >, sob consolidagéo processual. Néo traduz um fendmeno natural decorrente da Formagao (9 do ltisconsércio, Diante do texto normativo insculpido no art. 69-J, 0 magistrado esté autorizado, agindo de oficio ou mediante provocacao dos interessados, a permitir, independente- ‘mente de prévia manifestacao da assembleia geral de credores, a consolidagao substancial, Scanned with CamScanner ‘com a apresentagio de plano unitério pelas sociedades do grupo econdmico. Mas a ele niio cabe a decisio final sobre a sua efetiva adogio como ferramenta de recuperagao judicial para a empresa plurissocietiria. Esta permanece privativa do juizo de conve- rnc © opotunidadea ser ead por mio da deliberso do conclave de credores. f€ 0 seu cabimento no caso conereto. A Considerado 0 preceto legal em sua estrita iteridade, 0 juiz somente poderd auto- rizar a consolidagéo substantiva quando constatar a interconex4o'¢a:confusao de ativos , de maneira a nfo ser possivel identificar as respecti- vas itularidades sem excessvo dispéndio de tempo ou de recursos ~ realizagao de pericias, por exemplo - mas desde que, cumulativamente, veifique a ocorréncia de, no minimo, das das seguintes hipGteses dentre apenas quatro conjunto ceitos:(a))existéncia de ga- rans cruadas{(B)relaio de controle ou dedependéncia{(c) dentidade total ou parcial do quadro societirio; ((d)xtuagio conjunta no mercado entre os postulantes. Dessa feita, ter-se-4 imposta ao magistrado a conjugagéo de condicionantes: uma condigio de ocorréncia indispensével - confusio patrimonial, reveladora de desvio ou de anomalia da personalidade juridica das sociedades -e duas outras que a ela necessa- riamente devem se juntar, indicadas em lista fechada. O aprisionamento da tilizagio do recurso jutidico da consolidacao substancial como remédio para a crise da empresa plurssocietiia &s condigbes estritas estampadas no art. 69] nio parece sera melhor resposta& tribulagio empresarial suportada em conjunto. A natureza econémica que assinala a crise da empresa exige soluges de mercado, orientadas pela flexbilidade de meios, sem o que nio serdeficaz para responder & varie- dade de situagbes da dinimica da realidade econémica contemporinea e, assim, propi- ciar a superagio de crises empresariais, prddigas em singularidades e especificidades. Na realidade dos grupos econémicos, o grau de interdependéncia entre as diversas sociedades que o compéem influenciard na proposicéo da solucio para a crise, de modo que uma condugio conjunta da recuperagéo judicial, por meio de um plano consolida- do, apresenta-se como medida nao apenas til, mas muitas vezes indispensdvel & efeti- vidade de todo o processo de reestruturagio das atividades do grupo. Nesta perspectva, ni se pode ou se deve abrir mio, «priori, do possivel emprego do expediente do plano unitiio, pois a superagio das adversidades econdmico-finan- ceiras pode depender de providéncias simetricamente coordenadas para todo o grupo. A independéncia patrimonial de cada sociedade litisconsorte deve ser prestigiada como linha de principio, diante dos cinones da pessoa juriica. Mas a visio dessa au- Scanned with CamScanner INSTAURAGAO DO PROCESSO DE RECUPERACAO JUDICIAL 135 tonomia nao pode ser construida de modo radical e ineléstico para desconsiderar a multiplicidade de férmulas ou meios de recuperagio da empresa que se pode adotar no regime do grupo de sociedades, consideradas as peculiaridades de cada formacio. A consolidagio substancial pode aflorar como ferramenta titile, até mesmo, essen- cial para tratar da crise empresarial e, por isso, nio deve ser encarcerada em modelo inflexivel e deficiente. Encerrar as situagdes que a autorizam em um dispositivo legal é desconsiderar a inventividade prdpria as relagdes empresariais ¢ o dinamismo do mer- cado, que néo comungam com aprisionamentos em formulas herméticas. veniéncia e oportunidade de sua adogdo deve ficar a cargo exclusivo e definitivo da as- sembleia geral de credores. A ela compete privativamente realizar esse juizo(A sua adogao como meio alternativo para solugdo de crises encontra-se em franca com os principios efinalidades decarados pelo art. 47 da Lei n. 11.101/2005.| O rau de difculdade em separarativo e passivo pode ser um dos elementos a jus- tificar a consolidagio substancial. A ele apegar-se como uma necessaria condigao é, contudo, ficar atrelado &s jé superadas origens do insticueo, quando as cortes norte- -americanas adotavam como guia para a sua aplicacio a legislagao relativa a desconsi- deragao da personalidade juridica (veil-piercing law)’. A utilizagéo do plano unitario pode ser mais equitativa para todas as partes envolvidas na recuperagao judicial diante de certascircunstincias. Néo se pode soterraro interesse dos credores na avaliagao das vantagens de sua adogao(Assim, nao se deve confundir a consolidacéo substancial — instrumento utilizivel para solucionar a crise empresarial suportada em conjunto ¢ realizavel exclusivamente no ambiente da recuperagéo judicial, través do método de unido de ativos e passivos das sociedades integrantes de um grupo econdmico ~ com 0 efeitos de certas ¢ determinadas obrigagées socias a sdcios e/ou administradores, em razio do abuso da personalidade juridica, caracterizado pelo desvio de fnalidade ou pela confusio patrimonial (ar. 50 do Cédigo Civil). Os propésitossio claramente diversos. O apego i literalidade do art. 69-J traduz.involucio para a matéria. Nao hi qualquer comprometimento'~ pelo contritio ~ para o idedrio da promogéo da preservagio da empresa, sua fungio social ¢ o estimulo a atividade econdmica (art. 47), nem para 0 7 Judith Elkin. Lifting the Veil and Finding the Pot of Gold: Piercing the Corporate Veil and Substantive Consolidation in the United States in Texas Journal of Business Law. Texas, v. 45, no, 3, Fall 2013, pp. 246/247. Scanned with CamScanner 136 ‘CURSO DE DIREITO COMERCIAL - FALENCIA E RECUPERACAO DE EMPRESA processo de recuperagio judicial, em se permitir que a assembleia geral de credores defina pela adogio ou néo do plano unitério, ainda que fora das hipéteses constantes do aludido preceito em comento. A consolidacio substancial poderé ser utilizada sempre que a solugio paraa crise da empresa plurissocietéria exigir providéncia uniforme, com tratamento unitério do pas- sivo e do ativo do grupo. A racionalidade econdmica para a superacio da crise & que deve orientar a medida mais eficiente para a realizagio das finalidades da recuperagio judicial. Por se tratar de questio econémica, sua avaliagio e decisio sio privativas dos credores{Por isso, mesmo apés a reforma sofrida, parece permanecer lacunosa a Lei n. 11,101/2005 em matéria de crise da empresa plurissocietéria, cumprindo ao intérprete racionalmente suprir as lacunas na lei verficada’) E necessério, ainda, aferir os efeitos da consolidacao substancial sobre as garantias. YX (Kaprovacio pela assembleia geral de credores de plano unitério, com efeito, acar- reta a imediata extingao das garantias pessoais e de créditos detidos por uma sociedade em face de outras sociedades integrantes do grupo econémico (art. 69-K)\Desse modo, as fiangas, os avais ¢ as caugées prestadas, por exemplo, por uma comportente do grupo a obrigagées de outras restario encerradas com a adogio da consolidacao substancial. Como se procederé & reuniéo de ativos ¢ passivos do grupo, a consequéncia légica ¢ natural € a climinagio de todas as dividas solidarias assumidas dentro do grupo em re- lagées cruzadas entre seus participes. Cumpre com nitidez atestar que as garantias fidejussdrias referidas sio aquelas ex- clusivamente verificadas nas relacées internas do grupo, ou seja, no relacionamento de garantias intersocietérias verificadas no grupamento econdmico.\As garantias pessoais prestadas ¢ as obrigagées solidérias assumidas por terceiros permanecem incélumes & consolidacao de ativos e passivos| Para a sua extingio, é indispensavel a renincia do credor beneficidrio, o que é possivel em se tratando de direito patrimonial e disponivel. No que se refere as garantas reais, acertadamente,¢ lei as preserva em favor do credor da obrigagZoysto porque 0 vinculo nao é pessoal, mas real, sto é, recai sobre o bem objeto da garantia. Na garantia real, o titular do crédito tem a garantia do seu re- cebimento atrelada a um ou mais bens especificos do devedor que, assim, ficam vincu- ados 20 cumprimento da obrigago contraida. Na garantia pessoal, é 0 patriménio do devedor ~ enquanto universalidade — que responde. Por isso mesmo, para que ocorra a supressao da garantia real, é indispensavel que 0 credor por ela beneficiado expressa- mente a aprove. Mantém-se, com as prescrig6es, o sistema nutrido pela Lei n. 11.101/2005 desde a sua edigio (cf. $§ 12 ¢ 22 do art. 49 e § 12 do art. 50). Scanned with CamScanner INSTAURAGAO DO PROCESSO DE RECUPERACAO JUDICIAL. 137 (Cplan unio deverd pormenorizadamente disriminar os meios de recuperagioa serem adotados¢ serd submetido & apreciagéo e & deliberagio da assembleia geral de ere- ddores, que reunird todos os credores das sociedades ltsconsortes integrantes do grupo econdmico (caputdo art. 69-L)\Esse ¢ 0 percurso natural apés 0 juizo prévio de admisséo de seu processamento exercido pelo magistrado, porquanto a aprovacio ou rejeicio do plano unitério é de competéncia exclusiva e soberana da assembleiageral de credotes. Aprovado o plano pelo conclave dos credores, a recuperago judicial seré deferida, mediante a sua homologacio judicial, apés a realizagao do controle de legalidade pelo juiz. O plano submetido & avaliacéo dos credores, por certo, pode softer alteragées na assembleia ou antes mesmo de sua realizagao. A medida faz parte do proceso negocial. ‘Assim, pode ser modificado pelo préprio devedor e pelos credores, que poderao proce- der a ajustes pontuais ou apresentar planos alternativos. Logicamente, o plano somente seguiré para deliberacio em assembleia geral de credores se houver objegéo oferecida por qualquer credor. Inexistindo, deverd ser tido como tacitamente aprovado — situagio dificil de na prética se presenciar. Serd sempre possivel ocorrer a dispensa ou a realizagéo por meio diverso do conclave de credores, nos exatos termos preconizados no § 42 do art. 39 e no art. 45-A da Lei de Recuperacio ¢ Faléncia. Nao hé alteragao em relacio 20 regramento legal disposto para a deliberacio dos credores ¢ para a homologacao judicial do plano. A consolidagio substancial nao 0 impacta; nao altera ou afasta a sua incidéncia. ‘Atejeigéo do plano unitério pela assemibleia geral de credores desdgua na cot do pedido de recuperacio judicial em faléncia. A consequéncia é uniforme para as sociedades litisconsortes sob consolidacao substancial (§ 22 do art! 6921). Sem exce- io. A homogeneidade no resultado é um imperativo para todo o grupo. {A decretagio da faléncia apresenta-se como a consequéncia natural da reprovacio. Mas, com efeito, nao estao exclufdas outras providéncias ou alternativas 4 quebra. Nesse diapasio, é perfeitamente factivel que a assembleia geral de credores rejeite 0 plano unitério para determinar o seu desdobramento, com vistas a adotar o tratamento individualizado de ativos ¢ passivos de cada sociedade integrante do grupo. A medida integra o exercicio do juizo de conveniéncia e oportunidade que a ela cabe soberana- mente realizar, inserindo-se na avaliagéo econdmico-financeira do plano, no bojo do processamento de sua negociagao. Sendo a determinagao acatada pelos devedores, Prossegue-se com 0 processamento da recuperagio judicial. Possivel, ainda, em face da nao aprovagio do plano e como meio de se evitar a fa- lencia, que os credores exergam a faculdade de apresentarem platio de rettiperagioyju- icial proprid, nos moldes previstos nos §§ 42 a 82 do art. 56, diante dos induvidosos termos constantes do § 32 do art. 69-G e do § 12 do art. 69-L. c Scanned with CamScanner 138 CURSO DE DIREITO COMERCIAL ~ FALENCIA E RECUPERAGAO DE EMPRESA As providéncias acima referidas melhor asseguram a realizacao do idedrio da preser- vacao da empresa plurissocietéria, 3. CONDIGOES PARA A RECUPERAGAO JUDICIAL Para que possa o devedor veicular o seu pedido de recuperacao judicial , assim, venha ele a ser processado, de modo a assegurar-lhe 0 oferecimento de um plano de recuperagéo a ser submetido ao crivo de seus credotes, precisa atender, cumulativamen- te, algumas condigées de ordem pessoal ou subjetiva relacionadas em lei. O art. 48 se ocupa em exteriorizé-las. Passamos & sua andlise individualizada: Jai Scanned with CamScanner

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