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Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais

Campus Barbacena
Disciplina: Patologia da Nutrição e Dietoterapia III

DISLIPIDEMIAS

Anne Danieli Nascimento Soares


Dislipidemias
✓ São alterações no metabolismo lipídico normal que promovem
alterações nos níveis das lipoproteínas

✓ Contribuindo para o desenvolvimento das doenças crônicas


Lipoproteínas

 Os lipídeos não podem ser transportados no sangue livremente,


para que este transporte ocorra e necessário a formação de um
complexo molecular de lipídeos com proteínas específica
chamadas apoproteínas (apo), este complexo é chamado de
lipoproteinas.
Lipoproteínas
 Diferem quanto à composição química e ao tamanho

✓ Quilomicron (QM): São as maiores lipoproteínas. Rica em


colesterol, fosfolipídio, vitaminas lipossolúveis e
principalmente triacilgliceróis; Transporte de lipídeos da
dieta;

✓ Lipoproteína de densidade alta (HDL-c): Retira colesterol


dos tecidos periféricos e os conduz até o fígado (transporte
reverso do colesterol).

✓ Lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL-c): Rica


em TG endógeno, transportando-os do fígado à circulação.
Lipoproteínas
✓ Lipoproteína de densidade intermediária (IDL-c): produto
resultante da remoção de TG do VLDL-c. Possui tanto TG
quanto colesterol.

✓ Lipoproteína de densidade baixa (LDL-c): produto


resultante do IDL-c, rica em colesterol.

84%

9%
48% 4% 15%
48% 55%TG
Lipoproteína (a) − Lp(a): ligação covalente da LDL à Apo (a). A
função fisiológica da Lp(a) não é conhecida, mas, ela tem sido
associada à formação e à progressão da placa aterosclerótica.

As concentrações plasmáticas de Lp(a) são, em grande parte,


determinadas geneticamente

Não existem medicamentos que realmente abaixem a taxa da Lp(a) e


também não existem evidências de que, baixando-a, os problemas do
coração serão prevenidos.
III Diretrizes Brasileira sobre dislipidemia e Diretriz prevenção da aterosclerose.
Dislipidemias
Podem ser classificadas em:

o Hiperlipidemias: níveis elevados de lipoproteínas

➢ O acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no compartimento


plasmático resulta em hipertrigliceridemia

➢ Acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol, como a LDL


resulta em hipercolesterolemia.

o Hipolipidemias: níveis plasmáticos de lipoproteínas baixos

Diretriz Brasileira de 2017


Dislipidemia no Adulto

*Exame em jejum
Dislipidemias

Classificação de acordo com a fração lipídica alterada:

Diretriz Brasileira de 2017


Dislipidemias

Classificação etiológica:

 Causas primárias: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é


de origem genética.

 Causassecundárias: a dislipidemia é decorrente de estilo de


vida inadequado, de certas condições mórbidas, ou de
medicamentos

Diretriz Brasileira de 2017


Dislipidemias Secundárias a Doenças e Estilos de Vida
Inadequados
Dislipidemias Secundárias a IRC
Dislipidemias Secundárias a Medicamentos
Critérios Diagnósticos de Hipercolesterolemia Familiar (HF)
É uma mutação no gene específico do receptor para LDL plasmático
é uma condição que afeta as pálpebras, e
é caracterizada pelo surgimento de uma
bolsinha de gordura e colesterol, que pode
surgir também na região da bolsa dos
olhos.
Hipertrigliceridemias Primárias e seus Fatores Genéticos
Tratamento não
medicamentoso
Intervenções em estilo de
vida:

Terapia Nutricional
Atividade Física
Cessação do Tabagismo
Terapia Nutricional nas Dislipidemias

Padrão alimentar:

 DASH (Dietary Approachs to Stop Hypertension)

 Dieta do Mediterrâneo

➢ Relevância de se manterem quantidades moderadas de gordura na


dieta, eliminar ácidos graxos trans, controlar o consumo de
saturados, priorizar poli-insaturados e monoinsaturados, reduzir
açúcares e incluir carnes magras, frutas, grãos e hortaliças na dieta

Diretriz Brasileira de 2017


Recomendações Dietéticas na Dislipidemia
Terapia Nutricional nas Dislipidemias
Peso

➢ Concentração plasmática de TG é muito sensível a variações do


peso corporal: pode resultar na redução de 20% da concentração
plasmática de TG.

❖ Além do controle de calorias na dieta enfatiza-se a relevância da


qualidade dos nutrientes

➢ alterações na composição da dieta, particularmente quanto à


qualidade e à quantidade de carboidratos e gorduras.

Diretriz Brasileira de 2017


Terapia Nutricional nas Dislipidemias
Gorduras

➢ O tipo de gordura presente em uma dieta moderada em lipídios (25


a 30% VET) é mais importante do que a quantidade ingerida

➢ Discussões atuais tem questionado a recomendação de redução no


consumo de gorduras saturadas, porque indivíduos reduzem este
substituindo-o por carboidratos simples, refinados, já que pode
causar redução do colesterol total, LDL e HDL, aumento de
triglicerídos

Cuppari, 2018
Terapia Nutricional nas Hipertrigliceridemia

❖ Açúcares: máximo de 5% (OMS, 2015)


➢ Atenção: frutose gera AG mais rapidamente que a glicose

Diretriz Brasileira de 2017


Terapia Nutricional nas Dislipidemias
PUFA

ácido linolênico ω-3 ácido linoléico ω-6

➢ Séries ômega 6 e 3 destacam-se por apresentar efeitos benéficos na


prevenção da doença cardiovascular e aterosclerose

➢ Reduz LDL, TG plasmático e aumentam HDL

Diretriz Brasileira de 2017


Terapia Nutricional nas Hipertrigliceridemia

 Hipertrigliceridemia primária grave: redução importante da


gordura na dieta, que deve atingir, no máximo, 10% do valor
calórico total para diminuir o risco de pancreatite

Ômega 3

 AG da série ômega 3 contribuem de forma significativa com a


redução de triglicerídeos: EPA e DHA entre 2 a 4 g ao dia, pode
reduzir a concentração plasmática de TG em até 25 a 30%

 Ômega 3 pode aumentar discretamente a concentração plasmática de


HDL-c (1 a 3%) e aumentar o LDL-c (até 5 a 10%)

Diretriz Brasileira de 2017


Mecanismo de ação
Agregação
Pressão plaquetária
arterial

Melhora da
função Trigliceridemia
endotelial

ÔMEGA 3

Produção de
mediadores Inibe a produção
lipídicos anti- de citocina pro-
inflamatórios Ação inflamatórias
antioxidante

(Diretriz Brasileira de 2017


ANDRADE et al., 2015)
Terapia Nutricional nas Hipertrigliceridemia

 Recomendada a utilização de padrões alimentares saudáveis, que


incluam, no mínimo, duas porções de peixe por semana

 Em prevenção primária, independente do grau de risco


cardiovascular, o consumo diário de 250 mg de EPA e DHA pela
alimentação está relacionado à redução de 35% da morte súbita

Diretriz Brasileira de 2017


Recomendações e Evidências para o Consumo
de Ômega 3
Consumo de ômega 3

• Dietas ocidentais: relação de ácidos graxos omega-6 para


ômega-3 é de 15:1 a 40:1

➢ Recomendado 4:1

Dietary Guidelines for Americans (2010)


Produção de eicosanóides

Ácido α-linolênico
Ácido linoleico (C18:2n-6)
(C18:3n-3)

Ácido Araquidônico EPA ou DHA

Competem pelas mesmas enzimas


na síntese de prostaglandinas,
leucotrienos, tromboxanos

Mediadores inflamatório Mediadores menos inflamatórios ou


anti-inflamatórios
(WALL et al., 2010; CALDER, 2010)
Ações do ômega 3 como sinalizador que influencia na
expressão gênica:

(CALDER, 2012)
Os ômega-3 proporcionados pelos animais são o EPA e DHA, que são as formas ativas do
ômega-3. Ao consumir apenas fontes vegetais de ômega-3, o organismo deverá converter ALA
em EPA ou DHA para realizar as suas funções biológicas.

O excesso do ácido linoléico poderá


impedir por efeito de competição pela
enzima Δ6 dessaturase, a
transformação do ácido alfa-linolênico
em seus derivados de cadeia longa
(EPA e DHA).
Terapia Nutricional nas Hipercolesterolemias

 AG Saturado

< 7% VET para risco CV aumentado e tratamento de


hipercolesterolemia

< 7% VET tratamento de trigliceridemia

➢ Ação pró-inflamatória

❖ saturada tem um impacto até 3 vezes maior do que o colesterol


presente do alimento na elevação do LDL

Diretriz Brasileira de 2017


Terapia Nutricional nas Hipercolesterolemias

 Colesterol na dieta:

➢ Exerce pouca influência sobre a concentração plasmática de


colesterol (~56% do colesterol da alimentação são absorvidos) e
mortalidade cardiovascular: não há evidências suficientes para
estabelecimento de um valor de corte para o consumo de colesterol

➢ Embora há linearidade entre o consumo de colesterol alimentar e a


concentração plasmática de LDL-c

➢ O aumento do consumo de ovos, em um contexto de dieta com


baixo teor de gordura, manteve a relação LDL-c/HDL-c

Cuppari, 2018; Diretriz Brasileira de 2017


ÁCIDOS GRAXOS

 Monoinsaturados

ácido oleico ω-9

➢ MUFA promove um melhor controle dos fatores de risco da DCV,


especialmente quando substituem as gorduras saturadas, reduzindo
concentração de colesterol total, LDL e a relação LDL:HDL

❖ Dieta do Mediterrâneo

➢ Dietas que substituem PUFA por MUFA tornam a LDL menos


susceptível à oxidação
Cuppari, 2018
Ácidos graxos trans CH3 (CH2)7 (CH2)7 COOH
C C
Hidrogenação: H H
Cis

 Processo químico de adição de H às ligações duplas (saturação)


➢ AG insaturados mudam sua forma química – isômero geométrico

➢ Solidificação do óleo para reduzir a instabilidade (sensibilidade à


oxidação e a altas temperaturas): formando uma molécula mais
rígida e com configuração retilínea, assemelhando-se, assim, ao
ácido graxo saturado

CH3 (CH2)7 H

C C
Trans H
(CH2)7 COOH
ÁCIDOS GRAXOS

 Saturados: configuração retilínea

Ácido esteárico C18:0

 Insaturados: 1 ou mais ligações duplas

Ácido oléico C18:1


ÁCIDOS GRAXOS

AG trans

Ácido oléico C18:1(9cis) PF=14°C

Ácido elaídico C18:1(9trans) PF= 44°C

Diferentes PF (aumenta), propriedades biológicas e nutricionais

Aumenta colesterol total, LDL e reduz HDL


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Ácidos graxos trans

Hidrogenação:

• Gorduras de consistência desejadas

❖ sorvetes, margarinas, cremes vegetais, batatas-fritas, salgadinhos de


pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, bem como gorduras
hidrogenadas e margarinas, e os produtos preparados com esses
ingredientes.

• Cria produtos incomuns que não são fabricados pelo organismo e que
ocorrem na natureza de forma limitada (produzidos a partir da
fermentação de bactérias em ruminantes)
Ácidos graxos trans
I Diretriz sobre o
consumo de
Gorduras e Saúde
Cardiovascular, 2013
Terapia Nutricional nas Hipertrigliceridemia
❖ Bebida alcoólica não é recomendado:

➢ Inibição da lipase lipoproteica pelo excesso de etanol e a


consequente redução na hidrólise de quilomícrons

➢ Produto da metabolização do álcool é a Acetilcoenzima A (acetil-


CoA), principal precursora da síntese de ácidos graxos.

Diretriz Brasileira de 2017


Terapia Nutricional nas Hipercolesterolemias
 Fibras solúveis: ingestão recomendada mínima de fibras por dia é
de 25 g para reduzir risco de doença cardiovascular
➢ 3 g/dia betaglucana
Cuppari, 2018; Diretriz Brasileira de 2017
➢ 7 a 15 g/dia de psyllium
Terapia Nutricional nas Hiperlipidemias
 Fitosteróis, fitostanóis e seus ésteres:

➢ Suplementação de 2 g ao dia reduziu:


✓ CT e o LDL-c em 8,2% e 9,3%, bem como em pacientes com HF

✓ TG de 6 a 20%

❖ Com diminuições maiores quando associado a uma dieta pobre em


gorduras saturadas e colesterol
❖ Pode ser utilizada 3 a 4 g /dia

❖ Uma dieta balanceada com quantidades adequadas de vegetais


fornece ~200 a 400 mg de fitoesteróis

❖ Em adição às estatinas, os fitosteróis reduzem em 10 a 15% o LDL-


c, um efeito superior ao dobro da dose da estatina
Diretriz Brasileira de 2017; Cuppari, 2018
Terapia Nutricional nas Hiperlipidemias

 Fitosteróis, fitostanóis e seus ésteres: são componentes naturais


presentes nos óleos vegetais

➢ Possuem estrutura semelhante à do colesterol

➢ São incorporados às micelas, impedindo a entrada do colesterol


colesterol exógeno (proveniente da dieta) continua insolúvel

➢ Devem ser ingeridos preferencialmente nas refeições, podendo ou


não ser fracionados em várias tomadas, sendo seus efeitos
observados a partir de 3 a 4 semanas

❖ Pode haver modesta redução nos níveis de vitaminas lipossolúveis


(carotenoides) Diretriz Brasileira de 2017
Terapia Nutricional nas Hiperlipidemias

 Fitosteróis, fitostanóis e seus ésteres: mais comuns são sitosterol,


campesterol e estigmasterol

➢ Podem ser administrados incorporados a alimentos ou sob a forma


de cápsulas, sendo sua eficácia semelhante

Diretriz Brasileira de 2017


Terapia Nutricional nas Hiperlipidemias

 Proteína de soja:

➢ Consumo diário de 15 a 30 g está associado à:

✓ Redução de 5% de LDL-c

✓ Redução de 11% na concentração de TG

✓ Aumento de 3% de HDL-c

Diretriz Brasileira de 2017


Terapia Nutricional nas Hiperlipidemias

 Probióticos

➢ Estudos mostram ausência de seu efeito ou redução muito modesta


de concentração plasmática de LDL-c

➢ É importante ressaltar que cada cepa possui um efeito clínico


diferente: reduções significativas estão os Lactobacillus acidophilus,
uma mistura de L. acidophilus e Bifidobacterium lactis, e
Lactobacillus plantarum.

➢ Duração do tratamento também pode afetar os resultados: forte


associação foi observada quando o estudo teve duração maior que 8
semanas
Diretriz Brasileira de 2017

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