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OCORPO | Tinh 30 anos quando fui infernada. Quando comecei a fazer regime, pesava 46. Me achava gorda, me olhava no espelho e me achava horrivel. Achava que tinha que perder uns 10 quilos. Fiz tudo para emagrecer, regime de frutas, regime de tudo. Tomei injegdes para |__ perder coxa e bunda. E horrivel, superdoloroso... Minha vida inteira foi de regime. Com 15 anos jé fazia. Sempre pensando que iria ficar mais, bonita se fosse magra, que iria arranjar namorado, essas coisas... Meu corpo 6 inteiro de ossos. E horrivel. Quero casar e ter filhos. Hoje ndo posso nem pensar em ter filhos com esse peso. Nunca mais sai, nunca mais viajei. Tenho vergonha de colocar um biquini. Nunca mais comprei roupa. Nao tenho mais prazer.” (Folha de $.Paulo, 12/3/95, Caderno Cotidiano, p. 3). lo XXI-E toda a olugao das Ciencias & vrais e detalhadas 8 racmvolvern nossa exis gue em nte desafios como 's. Mas sera que Estamos no inicio do 56 wire 3 extraordinaria das explicasoe dos fendmenos tancia nos colocam suas praticas CF sobre 0 corpo tidiana: a interpretagao do corpo humano e de nha conse sempre foi assim? wot Nas culturas primitivas, 0 individuo ae tos. Nao H um corpo que interage num mundo de corPoe objetiva nao era sobre a individualidade, e, portanto, a cor da em meio a um mundo de corpos objetivos- oma contato com 5:8 Com 0 inicio da atividade reflexiva, oor nagura ‘essa atividade, individualidade por meio da introspecca0- Socal “fiante dos outTOs- Quebra Ievando o homem a identificar-se ¢ @ sua posigae sav mortal. a unidade do ser, dividindo-o em corpo perecivel © vragonicas: a alma é Com Platao, corpo e alma assumem posigoes 3 aro, degradante. eterna, pura, sabia, ao passo que 0 corpo € es rea tac plano ideal corpo é uma verdadeira prisao que impede a ascen: perfeito. O cristianismo retoma a concepgio dualista plat¢ uma visdo de corpo corrupto, pecaminoso, um empech 0 to da alma, uma verdadeira “pedra no meio do caminho”... _ ‘A Idade Moderna, com o advento da ciéncia experimental, inicia 0 estudo direto sobre o corpo como objeto de conhecimento, surgem a anatomia ea medicina cientificas, que buscam as relages de causa ¢ efeito inerentes a0 funcionamento dessa “maquina organica”, como se convencionou chamar o corpo. No entanto, 0 corpo continuou dissociado da alma, jogado no lodo, ao paso que a alma era coroada como portadora da razao, da intelectualidade que tirava o homem da simples condigao animal. jencia de possuir iz havia reflexdo percebi- nica, fazendo imperar Iho ao desenvolvimen- Para Descartes, expoente do pensamento moderno, o homem constitui- se de duas substancias: uma pensante, a alma, razdo de sua existéncia, a0 asso que a segunda substncia, 0 corpo, é simplesmente uma res extensa, uma coisa extensa, a extensa, que no tem nada em comum com a alma. A consciéncia € reflexao filos6fica situam-se no plano da alma, ; n nada tém a ver com corpo. Uma pequenina glandula no cérebro é que assegura a unido da alma com o corpo. Assim, 0 filésofo deixa ponto de vista fisiol6 bito reflexivo da alm. a ae ws a -encargo do cientista 0 exame do corpo do quanto se preocupa exclusivamente com o Am- 7 ; e quea inteligibi , mas um ser g ilstas. Diziam que 0 corpo ili i aaa; 7 l, mas um rie : fas éimanente a matér; ensibilidade, emocoes, le “forcas que resistem la. O principio vital nao 6 e2 a morte”, Por quase dois milénios 0 corpo foi, entio, como que “uma pedra no meio do caminho” da existéncia do homem, sem que se percebesse que ele era a propria manifestagao dessa existéncia, Mas, pouco a pouco, parece que o corpo foi sendo reabilitado. Lentamente tirado do lodo desprezivel em que se encontrava, mas quase nunca chegando a igualdade de posigdo com a alma, Hoje parece que temos um homem um pouco mais preocupado com "1 COrpO, pois o carster materialista de nossa civilizagao ensina que devemos Ros preocupar mais com essa vida mundana presente, Mas essa preocupagao nao € integral: por ter feito um pouco de gindstica pela manha, o homem acha que seu corpo j& ests em “forma”, e sobrecarrega-o no restante do dia, ndona 0 corpo, limitando-se a “rolar a pedra pelo cami- alimenta-se mal, ab, nho” em diregio ao por do sol de sua existéncia. O pensador francés Georges Gusdorf nos mostra em seu livro A agonia de nossa civilizagio um homem moderno profundamente negligente com seu corpo. Um homem que controla suas emogies e tenses, geradas pela violenta izagao que criou, por meio de pilulas calmantes ou excitantes, fornecidas aos quilos por sua modema e avangada medicina, que aprendeu a controlar quase todo 0 corpo com venenos quimicos ou aparelhos eletrénicos. Existencialismo Uma corrente filoséfica do século XX, 0 e corporeidade existencialismo, 6 a responsével por uma — mudanga radical na forma de a filosofia perceber a corporeidade. Ela tenta ir além do dualismo que marcou toda a histéria da filosofia e que colocava 0 corpo apenas como um vefculo para a alma, tentando mostrar que um s6 pode existir pelo outro. Isto 6, nao da para falar em corpo sem falar em consciéncia (ou alma, espirito) e vice-versa. Segundo 0 existencialismo, o tinico meio que temos de conhecer 0 corpo é vivencié-lo. E confundir-se com ele, viver seus dramas e paixdes, captare fluir com ele em sua existéncia que se levanta diante do mundo. E muito dificil captar a relagao corpo-consciéneia (corpo-alma), que nao fica muito clara em virtude do fato de considerarmos 0 corpo como uma “coisa exterior”, dotada de leis préprias, ao passo que a consciéncia s6 pode ser percebida pela intuicao intima que lhe é particular. Mas 0 corpo nao é uma resultante de leis definidas, e, sim, um né de relagdes vivas que interagem e transcendem a si mesmas continuamente. Se o tinico meio de estar em contato com o mundo é ser do mundo, estar no mundo e viver 0 mundo, dizer que “vim a0 mundo” e que tenho um corpo 6a mesma coisa, pois meu meio de relagdes com o mundo é esse corpo que existe. Se eu fosse consciéncia pura, apenas espirito, no poderia me relacio- nar com 0 mundo eas coisas: vagaria feito alma penada. san-Paul Sartre, coloca fos existencaisias, Fant que ctamos 2 Cs ilizado pelo proximo”- ido © ull i, de objeto. Nosso ara ou, corpo do proximo sem meio a Outros to que nao Um dos principais filéso trés dimensdes ontoligicas que primeira, Poderiamos formulé-la fue AA segunda & que “meu corpo ¢ cohen Isso coloca 0 corpo numa dimensio de “SF Par clo proximo, assi orpo é um objeto utilizado pelo pr m coment tim objeto fe 5s utilizado, O corpo & ee men petrurien 1 cerisas, $6 que cof instrumentos no mundo das coi ee podemos utilizar por meio de outro instrumen meamoconhecido “exist param ve ran nt We reflexao sobre 0 qe te. ao nivel Aterceira dimensto ontolig por outro como corpo”, que nos reme corpo para cada um de nds, ece em meio ao mundo € ‘ara nés, ele € muito mais e nunca aparece NO ‘ 0 que apar Numa primeira andlise, 0 corpo ae ps sempre um corpo-para-outro, pois em prine!pioy Pate uma propriedade de nosso ser do que 0 prop! mundo de relagdes. Mas somos nosso corpo na medida em que sof aa existimos. E ele é sempre aquilo que somos imediatamentes transcendido, por ser resultado final de um relacio no continuo transcender que é a existéncia. / O corpo nio ¢,entao, uma simples adigao contingente 8 alma, M&A tuma estrutura permanente de nosso ser condligao necesséria para a &S TT cia da consciéncia, como consciéncia de mundo. Sem corpo, nao podemos viver no mundo, e no podemos ter consciéncia do mundo nem de nds mesmos. O corpo nao deve ser visto como uma barreira entre nés e as coisas, ele apenas manifesta nossa individualidade perante elas e a contingéncia de nossa relagdo com elas. mos, na medida em que sendo sempre 0 estar engajado te 4 alma, mas, sim, ‘Vemos assim que os existencialistas nos apresentam 0 corpo como um “ser de relagées no mundo e com o mundo”. Uma das formas de relacao do home com os outros e com o mundo é a fala. As linguas nao sao resultantes de uma simples convengao para expresso do pensamento, mas nascem das v4nas maneiras de o homem, como corpo, vivenciar e celebrar 0 mundo. é me ——- eae) Por meio da fala, nao traduz um pensamento, ele Prime na exata medida em que 0 &. O corpo assegura a transformacao das ideias em coi a oisas e, se simboliza a existncia, é Porque a realiza e ésua atualidade. A fala 6 aS existincia, ¢ est ligada& existncia junto ap outro, PMNS do corpo que mais Falar de existéncia junto ao relagOes como proximo,o meio afet Per ee cUlae das vemos no nivel Numa relagao de Ser visto pelo outro Te procuro ser visto tivo. Da Perspectiva di onto de vista, ey Esperamos que tenha ficado claro que nosso corp? jé nao pode ser. cee como apenas a “sede dos cinco sentidos”, funcionando somen\e come PEEP ‘go, mas que é também o instrumento e a meta de nossas acées. ea aa mundo é ser um corpo, e ser um corpo € relacionar-se nesse mundo, é sentir, falar, pensar, amar, agir. - JA nao podemos dissociar 0 corpo da alma, ou da consciéncis. O ser humano deve ser visto como uma unidade. Somos corpo fisico, agente de nossa relagdo com 0 mundo, razdo de nossa existéncia, e um espirito, cons- ciéncia de mundo, reflexio, mas nunca dissociada dese corpo, pois ele € @ propria estrutura dessa cons O corpo total ‘A ciéncia busca uma explicagao racional € particular para entender 0 corpo dentro Ga concepgao biolégica, na qual o interes- se geral é um entendimento cientifico da realidade, preconizando um conhecimen- to materializado no avango tecnolégico do corpo humano. As ciéncias man- tém um poder sobre o corpo, que se torna objeto postado submissamente diante das instituigdes médicas (médicos e cientistas), em que ele nao é percebido dentro da dinamica da afetividade nem no contexto das situacdes sociais e culturais. Jaa filosofia procura compreender 0 corpo humano como fendmeno corporal, uma abordagem concreta que explicita o aspecto contraditorio do corpo na sua relagéo de manifestagao com o mundo exterior. Entender 0 corpo € colocé-lo em uma perspectiva dialética, em que sentimentos, percep- 40, afetividade, emocao, razao e comportamentos estdo inseridos no comple- xo horizonte da existéncia, nao se preocupando apenas em buscar definicdes para as coisas que acontecem com o corpo. Como falar entéo em corpo, senéo em corpo total? Como podemos separar as instancias psicol6gicas, biolégicas, neurolégicas e sociolégicas do processo evolutivo do homem? O corpo nao é coisa e nem é separado de nosso eu, nao é uma coisa que temos, mas aquilo que somos Sendo corpo, relacionamo-nos, comunicamo-nos, convivemos e produ- zimos nossas organizagées e conhecimentos. Ao manter contato com outras pessoas, revelamo-nos pelos gestos, pelas atitudes, pela mimica, pelo olhar, pelos movimentos que expressam nossas manifestagdes corporais. O movi- mento nao é um simples mecanismo, mas um gesto expressivo de significa- dos, que transmite ao outro nossa interioridade, tudo aquilo por que passamos: alegria, saudade, dor, medo, ansiedade, desejos, afetividades etc. Cada corpo se completa com outros corpos. Ele se faz presente em todos 08 aspectos emocionais, afetivos, sociais e culturais com base nas caracteristi- cas individuais e coletivas que envolvem os individuos dentro de uma socie- 65 mo corpo pro- a. © corpo, come dade estratificada ideologicamente come 4 nossa. 0 Ado, ganhando € as instalamos prio ou vivido, éa maneita pela qual nes 1 t doando significados. Maurice Merleau-Ponty, ou a mais contribu neste sécilo para a COMPLET Teac partida para 0 conhecimento filesstica € ° tiie eOPaBA como fonte de descoberta do corpe come experi€ . outros. Jaco com 08 0 repete na relagao.com “ vatisica cart critica ame! eee »; busca uma wl foi o filésofo We talvez a como ponto de Jo a percepsao 0, que se 9 existencialista rae jo do corpo esiana e nidade ascoisase na rel 1-Ponty um Opensamento de Merle a toda fea que dividia o homem em OPA G mnundo ate entio aenninand ites bammen como un sernosmunda AWS TT @ vista ndo $6 0 ho a, em qui Concebida, contrapds uma viedo somatica, em come Fazio, mas camo sentiments € EMEC é er undo forma de uma relagao dialetice entre mur . erioridade e exterio- eit movimento constante de Essa somaticidade se dé na do corpo c mundo do expirito, entre natureza e cultura, nu! nade, sujcito € objeto, 1 fa vida e da historia humana- superagio e negagio da pripri ‘Agentendermos 0 corpo concreto, locali- saio.e inserido cotidianamente, € preciso tomar cuidado com certos discursos e propagandas que procuram induzir as pessoas a uma visio de “corpo belo e saudavel”, cuja meta é sempre o lucro & custa da alienacao de todos. Vivemos uma sociedade que procura induzir os comportamentos corporais na busca ae a ue mas na verdad, as pessoas estio ficando cada dismos fticos e gestuaisalienados que nos = este caret Delcam instituigdes, escolas... Basta due mos 40 passados por academias, prestar atencdo nos meios d sae verificar certas aberragdes quee sao feitas c er cacee aeacao paral documentérios, propagandas ¢ outras i fae © corpo: filmes, fotos, novelas, um objeto de Uso, um utensil, uma ferraments a coe ono COrPO COMO a erramenta a ser usada conforme os interesses econdmicos, i » Politicos e ideoldgi 108 m a i Ps lOgicos grup qi mé nip poder na busca de sua Saifagio mereadologica “SEPes que manipulam o Esse “culto ao corpo” as academias, telefone produ O corpo concreto e 0 corpo saudével enchem 0s parques > milagrosos anunei corpo fique igual ao dos a letas dos Para corter e ¢, iados na te] ¢caminhar,compram pelo Pe fazer com que seu ais, S do que fazer com que formar a “pedra bruta” que ¢ lo e nossa talhadeira sao os de exercicios, as dietas a cada dia. Como escultores, queremos trans! nosso corpo numa obra de arte; nosso martel anabolizantes, as vitaminas importadas, os aparelhos € 0s produtos para emagrecer.. Mas, mais do que tornar 0 corpo belo e saudével, estamos envenenan- do-0 e violentando-o, muitas vezes com exercicios que esto além de nossas capacidades. Nessa busca de uma beleza impossivel, porque fabricada pela propaganda, ficamos mais feios ¢ perdemos a satide. A filosofia procura nos: mostrar que outra deve ser a relagio que devemos ter com 0 corpo, e qual sua importanei O corpo humano ¢ 0 corpo que sente, percebe, fala, chama a atengao Para 0 corpo que somos e vivemos. O corpo é presenga concreta no mundo, Porque veicula gestos, expresses e comportamentos das ages individuais e coletivas de um grupo, comunidade ou sociedade. Assim, vivemos um con- texto histdrico que busca fazer dos corpos maquinas de competicao, voltadas para o lucro de uma sociedade pragmatista. Precisamos fazer do corpo um elemento de resisténcia, que nos liberte do negativismo e do pragmatismo. Um corpo que nos coloque em frente a nossa realidade, confrontando-nos com problemas e situagdes. Um corpo que nos coloque no mundo e que seja capaz de “aventurar-se” para vivenciarmos novas e impensadas perspecti- em nossas vidas. vas para a vida. Texto complementar 0 CORPO (Paulinho Moska) ‘meu corpo tem cinguenta bragos e ninguém ve porque s6 usa dois olhos ‘meu corpo 6 um grande grito e ninguém ouve porque nao dé ouvidos ‘meu corpo sabe que ni é dele tudo aquito que no pode tocar ‘mas meu corpo quer ser igual aquele que por sua vez também jd estd cansado de no mudar ‘meu corpo vai quebrar as formas se libertar dos muros da pristo ‘meu corpo vai queimar as normas e fliutuar nos espacos sem razio ‘meu corpo vive e depois morre «¢tudo isso & culpa de um coragio ras mew corpo mio pode mais ser assim do jeito que ficou apés sua educagio (CD Pensar é fazer mtisica) 67 68 . Proposta de atividades contando ome ¥O" sta a0 Sev COMPO: 1. Carta 20 Corpo — escreva ums C2 percebe a si mesmo. letra da misica 0 2. Anal oPuLsO (Tita) fo pulso ainda pulse fopulso ainda pulse peste bulxinncn eincer pnewmontit rate rulsolafubereulose anemtit rancor estacersose canis difteria encefalitefaringite gripe leucemia co pulso ainda pul fo pulso ainda pulsa hepatite escarlatina estupides paral toxoplasmose sarampo esquizofrenia uilcera trombose coqueluche hipocondria iia rfique elementos 02° Pe puis dent po total aba as nogies de corpo petprio, corpo concrelo ° COP. Of . is ciximes asia cle orpo ainda é pouce nda € pouco cay i quis cite si ream toe tea Wipers ee eee tide arteriole miopia eran cpa cri cima Pe afasia opus ainda pus corpo ainda € Pouco (D0 CD O Blésq Blom) sf Indicagées de leitura R Sugestoes publicado na coleta- ‘© "O corpo”, conto de Clarice Lispector da Editora Francisco nea intitulada A via crucis do corpo, Alves. a colegéo Primeiros Passos da Editora Brasiliense: + Oque 6 corpo, de José A. Gaiarsa; + Oque é existencialismo, de Jodo da Penha; ‘© Oque écorpo(atria), de Wanderley Codo e Wilson A. Senne. de trabalho complementar MUSICAS: ‘+ Pavimentagao, dos Titds (no Cl , D + Euveves eu, dos Tités ee . to CD Tudo ao mesmo tempo agora) verso do meu corpo, de Taiquara FILMES; * 0 compo. Um: . Uma deliciosa comédi omédia nacio nal sobre as 0 @ a ditadura dos modismos. @ “beleza inter ‘as; acaba co ior” ndenad Garota muito as pessoas @ se fe aver apenas "epresentacse Boa reflexdo sobre ow Por uma Corpo e suas

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