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Formação Social
Formação Social
DE IPATINGA
1
PRÁTICA PEDAGÓGICA
INTERDISCIPLINAR: FORMAÇÃO SOCIAL,
ECONÔMICA E POLÍTICA DO BRASIL
1ª edição
Ipatinga – MG
ANO
2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.
Inclui referências.
ISBN: 978-65-990786-0-6
CDD: 100
CDU: 101
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo apli-
cado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são
para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com
uma função específica, mostradas a seguir:
4
SUMÁRIO
01
1.1 A CHEGADA DOS EUROPEUS ÀS AMÉRICAS...................................................... 8
1.2 PRIMEIROS PASSOS DO BRASIL COLÔNIA: O SISTEMA DE CAPITANIAS
HEREDITÁRIAS E A IMPLEMENTAÇÃO DO GOVERNO GERAL.......................... 13
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 17
O PERÍODO COLONIAL........................................................................... 20
UNIDADE
02
2.1 A MÃO DE OBRA ESCRAVA COMO BASE DO SISTEMA COLONIAL ............... 20
2.2 O CICLO DO OURO ........................................................................................... 23
2.3 AS REVOLTAS DO PERÍODO COLONIAL............................................................ 24
2.4 A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL .......................................................................... 28
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 31
03
3.1 A CRISE ECONÔMICA E A INSTABILIDADE POLÍTICA ...................................... 36
3.1.1 A Constituição Outorgada de 1824.............................................................37
3.2 AS REVOLTAS DO PRIMEIRO REINADO ............................................................. 38
3.3 A ABDICAÇÃO DO TRONO POR DOM PEDRO I............................................... 40
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 41
O PERÍODO REGENCIAL.......................................................................... 45
UNIDADE
04
4.1 REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA ......................................................................... 46
4.2 REGÊNCIA TRINA PERMANENTE ........................................................................ 47
4.3 REGÊNCIA UNA.................................................................................................. 49
4.4 REVOLTAS REGENCIAIS ..................................................................................... 50
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 53
05
5.1 O CENÁRIO POLÍTICO DO SEGUNDO REINADO .............................................. 58
5.2 O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .............................................................. 60
5.3 AS GUERRAS DURANTE O SEGUNDO REINADO................................................ 63
5.4 A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA ...................................................................... 67
5.5 A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA................................................................... 70
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 74
06
6.1 REFLEXOS DA HISTÓRIA NA SOCIEDADE DE HOJE........................................... 79
6.2 REFLEXOS DA HISTÓRIA NA ECONOMIA DE HOJE .......................................... 86
6.3 REFLEXOS DA HISTÓRIA NA POLÍTICA DE HOJE ............................................... 90
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 94
5
CONFIRA NO LIVRO
6
INTRODUÇÃO
7
O PERÍODO PRÉ-COLONIAL E OS UNIDADE
01
PRIMEIROS PASSOS DO BRASIL
COLÔNIA
Embora a História do Brasil seja retratada pelos livros como nascida em 1500, a
verdade é que os motivos do seu descobrimento e os traços do estilo de colonização
que seria imposto possuem suas sementes em momentos anteriores.
Nesse sentido, a Europa Ocidental do séc. XIV vivia um momento de expansão
marítima, no qual alguns dos seus países dedicavam tempo e esforços ao estudo e
desbravamento dos oceanos, em busca de novas terras e mais matérias primas para
fomentar o comércio. Na época, vigorava uma política mercantilista, em que o acú-
mulo de metais (sobretudo o ouro e a prata) era demonstrativo da riqueza nacional.
Além disso, também as especiarias (pimenta, canela, cravo, gengibre, etc.) eram
artigos de luxo e, portanto, visados durante as transações comerciais.
A expansão marítima foi sentida por vários países, tendo sido Portugal um dos
principais pioneiros, em que pese a pequena extensão territorial e a ausência de gi-
gantescos recursos financeiros. O que pode explicar tal pioneirismo é o fato de Por-
tugal ter tornado-se uma monarquia centralizada antes de outras grandes potências,
o que facilitava o proferimento e a execução de ordens. Além disso, as condições
geográficas colocam o pequeno país justamente na ponta esquerda da Europa, o
que propiciava a exploração do Atlântico. A partir disso, o domínio da técnica marí-
tima fez com que as embarcações e ferramentas portuguesas fossem cada vez mais
aprimoradas, permitindo que Portugal chegasse cada vez mais longe.
Uma rota era especialmente importante para os portugueses: a que levava à
Índia, por meio do contorno da África. Anteriormente, os mercadores italianos eram
os responsáveis por trazer as especiarias das Índias para a Europa, por um caminho a
partir do mar mediterrâneo. Entretanto, com os conflitos que passaram a existir na
8
região, os outros países europeus precisaram se reinventar e descobrir novas formas
de chegar às Índias. Portugal, neste cenário, viu a possibilidade de contornar a África
(que na época não possuía seus contornos exatamente conhecidos), e pelo cami-
nho encontrou muita riqueza e mão de obra. Foi justamente no séc. XIV que os pri-
meiros africanos foram escravizados por portugueses, que dominavam suas terras,
extraiam suas riquezas e levavam consigo o seu povo, para torná-los escravos.
A chegada dos portugueses à Índia por este caminho que contornava a África
se deu em 1498, liderada por Vasco da Gama. Antes disso, porém, Cristóvão Co-
lombo, a serviço da Espanha, já havia descoberto terras a oeste da Europa, mais
especificamente na região que hoje conhecemos por América Central. Ao descobrir
tais terras e seu povo, Colombo chamou-lhes "índios", por achar que estava na Índia.
Esta confusão se deu pois, à época, não se sabia com certeza se a Terra era redonda.
Anos depois, Américo Vespúcio corrigiu Colombo e alertou para o fato de que
aquele era um novo continente - nomeado, então, em homenagem a Vespúcio,
como "América".
9
Como Portugal era o país europeu mais próximo da América, Portugal e Espa-
nha assinam em 1494 o Tratado de Tordesilhas, que traçava uma linha a 370 léguas a
oeste da ilha de Cabo Verde e determinava que as terras a oeste estariam sob do-
mínio espanhol e, as que estivessem a leste, sob domínio português. Interessa perce-
ber que o Brasil sequer havia sido descoberto no momento em que esta divisão foi
feita. De qualquer forma, acredita-se que, não coincidentemente, seis anos depois
da assinatura do Tratado, uma frota portuguesa comandada por Pedro Álvares Ca-
bral saiu rumo às Índias e acabou por desembarcar nesta terra nova em em 22 de
abril 1500, a qual, antes de se chamar Brasil, chamou-se Monte Pascoal, Vera Cruz e
Terra de Santa Cruz.
A nova terra era habitada por uma população com hábitos muito diferentes
dos europeus e o choque cultural foi logo sentido. Porém, os tupiniquins encontrados
tratavam-se de indivíduos pacíficos, que apesar de portarem arcos e flechas, não
tiveram comportamento hostil à chegada deste povo tão branco, tão vestido e com
uma língua tão estranha às suas terras.
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Considerando que a nova terra já possuía uma população local, você entende como
correta a utilização da palavra "descobrimento"? De acordo com o dicionário, "descobrir"
pode ter diferentes significados, tais como:
2. Fazer um descobrimento.
3. Chegar a conhecer.
4. Notar.
5. Destapar.
6. Mostrar.
7. Manifestar; revelar.
9. Inventar.
Não existe resposta absolutamente correta para a pergunta anterior, pois ela depende
da forma como cada um interpreta a palavra "descobrir". Realmente, dentre os países
europeus, Portugal foi o primeiro a encontrar o Brasil. Entretanto, também é fato que havia
um povo que já cá estava - e estes sim carregam o gene do povo originariamente brasi-
leiro.
A nova terra estava "descoberta", porém não possuía grande atenção por
parte dos portugueses, que naquele momento estavam mais interessados no recente
descobrimento do caminho às Índias por Vasco da Gama, pois dele iriam provir as
riquezas advindas das especiarias. Portanto, pouco tempo depois de aportarem no
Brasil, a frota de Pedro Álvares Cabral logo seguiu rumo às Índias.
É neste cenário que o período de 1500 a 1530 é chamado de pré-colonial, pois
as expedições à nova terra sequer tinham intuito colonizatório e só ocorriam com o
foco em:
11
Até 1530, portanto, a convivência da população local com os portugueses era
pacífica e baseava-se em escambos: os europeus davam aos índios quinquilharias
como espelhos, canivetes, livros e etc. Em troca, os indígenas extraíam o pau-brasil e
colocavam a madeira nos navios portugueses.
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Figura 4: Representação dos períodos da história brasileira
O período colonial é o mais extenso da história do Brasil até hoje, tendo durado
por 292 anos, de 1530 a 1822. Depois disso, o Brasil ainda experienciou uma época
como Império para, apenas em 1889, constituir-se em República. Essa percepção é
absolutamente importante para que se analisem os problemas enfrentados atual-
mente no cotidiano brasileiro, pois muito disso (para não dizer que tudo isso) é reflexo
de séculos de História. Estudar a história brasileira e a forma como o processo coloni-
zatório se deu é, portanto, essencial. Vamos a isso.
13
O sistema de capitanias hereditárias durou até 1548, quando o poder foi cen-
tralizado e foi implementado o sistema de Governo Geral.
Figura 5: Mapa clássico das Capitanias Hereditárias, de autoria de Luís Teixeira (1586)
O objetivo desse novo sistema era justamente centralizar o poder e, assim, con-
seguir uma melhor defesa do território, garantindo o monopólio e o controle de tudo
que fosse explorado na colônia. Tomé de Souza foi o primeiro governador geral (1549-
1553), seguido de Duarte da Costa (1553-1558) e Mem de Sá (1558-1572).
O Governo Geral durou até 1572, e algumas das principais características e
realizações dessa época foram:
A chegada dos jesuítas e a catequização dos índios (já que a Igreja estava
interessada em novos fieis, diante da expansão do protestantismo na Europa);
A expansão da agricultura e início da pecuária;
A exploração do interior, em busca de riquezas;
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A ampliação e organização da cobrança de impostos;
A invasão e expulsão dos franceses (1555-1567);
A fundação do Rio de Janeiro em 1561 (que posteriormente viria a ser a capital
da colônia);
O início da escravidão no Brasil.
O século XVI ficou conhecido como o século do açúcar, por ser esta a princi-
pal atividade econômica da época. Nesse sentido, durante todo o período das ca-
pitanias hereditárias e do Governo Geral (de 1530 a 1580, mais precisamente), vigo-
rou uma parceria comercial entre Portugal e Holanda, que juntos financiaram o cul-
tivo de monoculturas de cana-de-açúcar nos chamados "Engenhos" brasileiros. A
cana foi escolhida por ser um produto que crescia facilmente em solo brasileiro e que
era vendida rapidamente para o resto da Europa. Assim, grandes latifúndios, basea-
dos na mão de obra escrava, possibilitavam que Portugal produzisse e transportasse
o produto, enquanto a Holanda ficava responsável pelo refinamento e distribuição
para os demais países.
15
Disponível em: https://bit.ly/3aTwAz8 . Acesso em: 10 jul. 2021
16
FIXANDO O CONTEÚDO
2. "O senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser
servido, obedecido e respeitado de muitos." O comentário de Antonil, escrito no
século XVIII, pode ser considerado característico da sociedade colonial brasileira
porque
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3. Em 1534, o governo português concluiu que a única forma de ocupação do Brasil
seria através da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamente, todo o
extenso território brasileiro. Essa colonização dirigida pelo governo português se
deu através da
18
6. No Brasil colônia, a pecuária teve um papel decisivo na
19
O PERÍODO COLONIAL UNIDADE
01
2
2.1 A MÃO DE OBRA ESCRAVA COMO BASE DO SISTEMA COLONIAL
A mão de obra escrava era uma das principais características do Brasil Colô-
nia, e a primeira forma de escravidão em solo brasileiro foi a dos indígenas. A respeito
disso, você pode se perguntar: "mas a relação entre os portugueses e as tribos não
era amigável, baseada em escambos?", e a resposta será: em um primeiro momento,
sim. Porém, a partir do momento que Portugal decidiu colonizar de fato o Brasil, pas-
sou a ter interesse nas terras que já estavam ocupadas pelos habitantes locais - o que
gerou conflito e muito derramamento de sangue ao longo de alguns séculos.
Para que as terras pudessem ser plantadas ou destinadas à criação de ani-
mais, tornou-se necessária a expulsão dos indígenas, que possuíam basicamente três
possíveis destinos diante das forças portuguesas: a fuga, a escravidão ou a morte.
Grande parte das tribos existentes à época tentaram resistir à dominação portuguesa,
mas algumas se aliaram aos colonizadores e passaram a capturar integrantes de ou-
tras tribos e a vendê-los como escravos.
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Um dos problemas, neste ponto, é que o povo indígena não conhecia o con-
ceito de escravidão, o que dificultava muito a interação com os senhores e tornava
o trabalho nos Engenhos mais lento do que o realizado pelos negros (posteriormente
trazidos da África, onde já estavam familiarizados com a ideia de escravidão e tra-
balho exaustivo).
Outro ponto que pesava contra a escravidão indígena era a pressão da Igreja
Católica, que estava interessada na catequização dos indígenas por meio das Esco-
las Jesuítas e era, portanto, favorável a leis abolicionistas (embora fosse defensora da
escravização dos negros). Mesmo assim, a mão de obra escrava indígena só foi ser
proibida (em teoria) muito tempo depois do "descobrimento" do Brasil, apenas na
metade do século XVIII - o que mesmo assim representa mais de 100 anos anteriores
à abolição da escravatura negra.
Antes da abolição indígena, porém, as tribos precisaram resistir por muito
tempo - seja aos ataques violentos e armados da Coroa, por meio das "Guerras Jus-
tas" e das expedições bandeirantes, seja às doenças trazidas pelos portugueses (e
contra as quais os indígenas não possuíam anticorpos). Dentre os principais conflitos
diretos entre indígenas e colonos portugueses, há 3 "Guerras Indígenas" que merecem
especial destaque:
21
Teve início por ordem do governador da época, que buscava
evitar rebeliões futuras e reprimir um episódio ocorrido anos antes,
no qual os indígenas da tribo dos Manaus haviam matado dois
Guerra dos Manaus aliados da Coroa Portuguesa. Desconsiderou-se, porém, que tais
(de 1723 a 1730, no mortes haviam sido uma resposta ao assassinato do filho do líder
Amazonas) indígena, que acontecera enquanto tais colonos luso-brasileiros
tentavam realizar capturas de índios para a escravização (já que
uma epidemia de varíola, ocorrida anos antes, havia dizimado
quase toda a população indígena escrava).
Fonte: Elaborado pelo Autor (2021)
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Figura 8: Zumbi dos Palmares (Reprodução)
O Quilombo dos Palmares foi criado no fim do século XVI e durou por cerca de
100 anos até que, após inúmeras tentativas, a Coroa Portuguesa por fim destruiu o
ajuntamento. Durante o período em que existiu, chegou a abrigar cerca de 20 mil
quilombolas, organizados em mocambos (agrupamentos menores), que eram lidera-
dos pelo mocambo central. Havia organização política e administrativa, além de re-
gras próprias e fortes estratégias de segurança.
Os quilombos, para além de serem uma ponta de esperança para os escravos,
representavam a mais clara forma de resistência do povo negro, que buscava meios
de sobreviver e de resgatar traços da cultura africana, de onde haviam sido retirados
à força. Até os dias de hoje, muito da religião, da tradição e dos costumes ancestrais
conhecidos e preservados devem-se à resistência, força e coragem dos quilombolas.
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passou a ter mais interesse no interior do Brasil, e foi a partir de então que começaram
a ter força as Entradas e as Bandeiras (as primeiras, expedições organizadas pela
própria Coroa Portuguesa; As segundas, organizadas por particulares). Os objetivos
de tais expedições eram a exploração do interior e a busca por metais preciosos,
além da apreensão de índios para a escravização e da destruição de quilombos.
Foi por meio de expedições bandeirantes que, por volta de 1674, foram en-
contradas minas de ouro e o Ciclo do Ouro teve início no Brasil. A notícia logo se
difundiu e não tardou até que centenas de pessoas fossem rumo ao que hoje chama-
se Minas Gerais, o que colaborou bastante para o desenvolvimento econômico, co-
mercial e urbano da região e também do litoral sudeste, pois era por meio destes
portos que o ouro era enviado para Salvador (a capital da época).
Embora a exploração do ouro fosse livre à população, diversas normas foram
criadas no sentido de "taxar" o ouro encontrado, destinando grande parte dos lucros
para a Coroa.
24
Cria a águia ao seu calor!
(Castro Alves)
O Brasil é, desde sempre, um país de dimensões continentais. Isso fez com que
houvesse diversas revoltas, em diferentes localidade e pelos motivos distintos. As Re-
voltas Nativistas são constituídas, basicamente, pelo descontentamento diante de
decisões estatais ou de normas estabelecidas por grupos poderosos. É importante
perceber, entretanto, que não possuem ideais separatistas. Nesse sentido, algumas
das revoltas nativistas mais importantes para o período colonial e que colaboraram
para construir a sociedade da forma como a vemos hoje, são:
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As Revoltas Emancipacionistas, por sua vez, são caracterizadas por serem mo-
vimentos que buscavam dar um ponto final ao colonialismo português, com a inde-
pendência brasileira e, em alguns casos, o fim da escravidão.
Embora fossem movimentos difundidos (em maior ou menor escala) por diver-
sas partes do Brasil, três revoltas especialmente relevantes foram:
26
Foi o último movimento emancipacionista e republicano ocorrido no
Brasil Colônia, motivado pela insatisfação das elites com as
condições vividas em Pernambuco e com a instalação da Coroa
Portuguesa no Rio de Janeiro (que havia acontecido em 1808). A
grande desigualdade social, somada aos impostos cada vez mais
altos (para sustentar os luxos da recém chegada Corte ao Brasil), fez
com que a população aderisse ao movimento revolucionário. Os
separatistas conseguiram tomar Recife e implantar um Governo
Revolução
Provisório em Pernambuco, abolindo alguns impostos e
Pernambucana (em
estabelecendo liberdade de imprensa e de credo (mantendo,
1817, em
porém, a escravidão, haja vista se tratar de um movimento liberal,
Pernambuco)
mas essencialmente elitista). O movimento se espalhou por outros
estados mas, ao final, divergências entre os revoltosos gerou o
enfraquecimento dos ideais, o que permitiu a retomada de todos os
territórios pela Coroa Portuguesa e a prisão e morte de alguns dos
integrantes da Revolução.
Embora não tenha servido ao seu exato propósito, a Revolução
Pernambucana deixou claro que a independência do Brasil era uma
questão de (pouco) tempo.
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Figura 10: Lucas Dantas, Manuel Faustino, Luís Gonzaga e João de Deus (os quatro líderes da
Revolta dos Alfaiates)
27
Disponóvel em: https://bit.ly/3spVM6o . Acesso em: 10 jul. 2021
28
sob o reinado de D. João VI, embarcaram rumo ao Brasil.
A primeira medida tomada pelo rei foi a abertura dos portos e a possibilidade
de que a colônia comercializasse com qualquer país aliado a Portugal (Inglaterra,
principalmente).
Para além dos portos, a instalação da Família Real na capital demandava es-
paço, e por isso foram expulsas centenas de pessoas de suas propriedades, sendo
alocadas em regiões periféricas do Rio de Janeiro (em zonas que, não coincidente-
mente, formam hoje algumas das favelas cariocas tão conhecidas no Séc. XXI). Além
disso, o desenvolvimento urbano e cultural da capital baseou-se também na maior
cobrança de impostos com vistas ao sustento do luxo da Corte, e à abertura de
diversas instituições públicas, tais como o Banco do Brasil, os Tribunais de Justiça, a
Biblioteca Nacional, alguns teatros e etc.
Treze anos após a chegada da Família Real, Dom João VI se viu na necessi-
dade de voltar para a terra natal para conter a revolta de seus conterrâneos. Os por-
tugueses estavam indignados pois, mesmo com o fim das guerras napoleônicas, a
Corte ainda não havia retornado para Portugal. Os ânimos exaltados punham em
risco o trono de Dom João VI e, por isso, o rei voltou para a Europa e deixou seu filho,
Dom Pedro, como príncipe regente do Brasil.
A regência de D. Pedro durou apenas dois anos, 1821 e 1822, pois logo os por-
29
tugueses passaram a exigir também o retorno do príncipe para Portugal, com pres-
sões para que as coisas voltassem a ser como antes e que o Brasil retornasse à con-
dição de colônia.
Dom Pedro, porém, que havia crescido no Brasil e feito muitos contatos e ami-
zades com brasileiros, recebeu o apoio dos latifundiários e da elite local, que juntou
mais de 8 mil assinaturas pedindo pela sua permanência no Brasil. Em 9 de janeiro de
1822, o príncipe anunciou que não retornaria a Portugal - episódio até hoje lembrado
como o "Dia do Fico".
A partir deste momento, os ânimos com Portugal ficaram mais exaltados e as
relações com a Inglaterra foram se estreitando - haja vista ser o país nitidamente mais
interessado na independência brasileira.
Assim, com a pressão da população rica brasileira e com o incentivo dos in-
gleses, em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro dirigiu-se às margens do riacho Ipi-
ranga e ali formalizou a independência do Brasil.
30
FIXANDO O CONTEÚDO
31
1. (Fuvest-SP) Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil que
a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda espécie, que inviabi-
lizaram a mineração.
b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para Portugal.
c) a mineração deu origem a uma classe média urbana que teve papel decisivo na
independência do Brasil.
d) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou sua exploração.
e) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil e foi fator de di-
ferenciação da sociedade.
32
e) por impedir a emigração em massa de trabalhadores livres para o Brasil.
6. A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas
primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como:
33
intenção de se criarem governos republicanos.
b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento naci-
onalista, visando à independência política.
c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam alguns aspectos da po-
lítica econômica de dominação do governo português.
d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites
locais, negando a autoridade do governo metropolitano.
e) manifestações separatistas de ideologia liberal contrárias ao domínio português.
34
a) decorrência da loucura da rainha Dona Maria I, que não conseguia se impor no
contexto político europeu.
b) fruto das derrotas militares sofridas pelos portugueses ante os exércitos britânicos
e de Napoleão Bonaparte.
c) inversão da relação entre metrópole e colônia, já que a sede política do império
passava do centro para a periferia.
d) alteração da relação política entre monarcas e vice-reis, pois estes passaram a
controlar o mando a partir das colônias.
e) imposição do comércio britânico, que precisava do deslocamento do eixo polí-
tico para conseguir isenções alfandegárias.
35
O REINADO DE D. PEDRO I UNIDADE
36
3.1.1 A Constituição Outorgada de 1824
37
No Legislativo, a Câmara dos Deputados tinha eleição temporária, enquanto
no Senado os cargos eram vitalícios.
38
A Confederação do Equador foi um movimento liderado por Manuel de Car-
valho, um antigo governador de Pernambuco, que havia sido retirado do cargo por
Dom Pedro I. O Nordeste vivia tempos econômicos difíceis com a queda da exporta-
ção do açúcar e, diante disso, ficou mais fácil a organização de um grupo separa-
tista. Não tardou até que Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte também aderissem
ao movimento, clamando pela criação de uma República independente e gover-
nada pelo povo, na qual seriam abolidos o tráfico negreiro, a escravidão e o alista-
mento obrigatório.
O movimento tinha o suporte de ricos e pobres, porém, discordâncias internas
fizeram com que a elite agrária deixasse de suportar os separatistas e, assim, o movi-
mento perdeu força.
Aproveitando-se da situação, Dom Pedro I pediu mais dinheiro emprestado à
Inglaterra e formou um exército, que em setembro de 1824 invadiu Pernambuco com
o apoio das elites locais e prendeu os revoltosos. Um dos principais nomes da Confe-
deração, Frei Caneca, foi julgado e condenado à morte por enforcamento. O caso
é até hoje lembrado por conta da recusa de todos os carrascos no sentido de exe-
cutar o enforcamento. Diante disso, Frei Caneca foi morto com o tiro de um fuzil.
A Guerra da Cisplatina, por sua vez, foi o movimento separatista de uma região
ao Sul do Brasil, chamada Cisplatina. Tal pedaço de terra havia sido anexado ao
Brasil anos antes, em 1820, por Dom João VI, mas sua população sequer falava por-
tuguês e seus membros não se sentiam brasileiros. Por isso, com o apoio do que hoje
é a Argentina, organizaram-se e lutaram por 3 anos pela independência da região -
39
o que veio a acontecer em 1828, quando Dom Pedro reconheceu a derrota e assinou
o Tratado de Montevidéu. A respeito desse conflito, Boris Fausto explica que:
"Internamente, a guerra provocou o temido e impopular recrutamento
da população através de métodos de pura força. O rei decidiu con-
tratar tropas no exterior para completar as fileiras do exército. A maio-
ria dessas tropas era formada por pessoas pobres, que nada tinham
de militares profissionais e que se inscreveram na Europa com a pers-
pectiva de se tornarem pequenos proprietários no Brasil. Como seria
de se esperar, em nada contribuíram para fazer a guerra pender em
favor do Império" (FAUSTO, 2006, p. 155).
40
assim permaneceu em todos os anos subsequentes, durou menos de 10 anos (1822 a
1831).
A crise econômica decorrente da queda das exportações e agravada pelos
empréstimos feitos com a Inglaterra acabaram se somando aos gastos de combate
com a Confederação do Equador e a Guerra da Cisplatina, ao ponto de ser neces-
sário o fechamento do Banco no Brasil no ano de 1829.
Muito por conta da crise econômica, em 1830 o Partido Brasileiro conseguiu
eleger a maior parte dos membros da Câmara de Deputados, o que representava
uma derrota para o Imperador. Além disso, a crise política também era fomentada
pelo desgosto quanto ao poder Moderador e pela desconfiança dos brasileiros no
sentido de que Dom Pedro não havia se desligado completamente de Portugal.
Neste contexto, a popularidade do Imperador não parava de cair e as mani-
festações de rua eram constantes. O ápice dos conflitos se deu em um episódio
conhecido como a "Noite das Garrafadas", em 13 de março de 1831. Nesta ocasião,
membros do Partido Português no Rio de Janeiro haviam preparado uma festa de
recepção para o Imperador, que estava regressando de uma viagem política a Mi-
nas Gerais. Os membros do Partido Brasileiro ficaram desagradados com o evento e
começaram um ataque contra os portugueses, o que foi revidado por meio do arre-
messo de garrafas de vidro. A confusão acabou perdurando por 5 dias e, após o seu
fim, não restava muito tempo até que Dom Pedro abdicasse o trono em favor do seu
filho, Pedro II, no 7 de abril seguinte. Pedro II, que na época tinha apenas 5 anos, só
poderia governar a partir da maioridade de forma que, até lá, deveria ser instaurado
um Governo Regente.
FIXANDO O CONTEÚDO
41
1. Por meio da Constituição de 1824, foi instituído o Poder Moderador. Entre as carac-
terísticas desse poder, estava
42
a) ser um movimento contrário às medidas da Corte Portuguesa, que visava favore-
cer o monopólio do comércio.
b) uma oposição a medidas centralizadoras e absolutistas do Primeiro Reinado,
sendo um movimento republicano.
c) garantir a integridade do território brasileiro e a centralização administrativa.
d) ser um movimento contrário à maçonaria, clero e demais associações absolutistas.
e) levar seu principal líder, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, à liderança da
Constituinte de 1824.
Brasileiros do Norte! Pedro de Alcântara, filho de D. João VI, rei de Portugal, a quem
vós, após uma estúpida condescendência com os Brasileiros do Sul, aclamastes
vosso imperador, quer descaradamente escravizar-vos. Que desaforado atrevi-
mento de um europeu no Brasil. Acaso pensará esse estrangeiro ingrato e sem cos-
tumes que tem algum direito à Coroa, por descender da casa de Bragança na
Europa, de quem já somos independentes de fato e de direito? Não há delírio igual
(… ).”
(Brandão, Ulysses de Carvalho. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR. Pernambuco: Publicações
Oficiais, 1924).
O texto dos Confederados de 1824 revela um momento de insatisfação política con-
tra a
43
6. O episódio conhecido como “A Noite das Garrafadas”, briga entre portugueses e
brasileiros, relaciona-se com
Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei muito volun-
tariamente abdicado na pessoa do meu mui amado e prezado filho o Sr. Pedro
de Alcântara. Boa Vista – 7 de abril de 1831, décimo de Independência e do Im-
pério – D. Pedro I.
Mendes Júnior, Antônio et al. Brasil-História, Texto e Consulta. Império. São Paulo: Brasiliense,
1977. p. 200.
44
UNIDADE
e) controle das finanças nacionais, respeito aos constituintes que elaboraram a pri-
04
meira constituição e favorecimento aos comerciantes brasileiros.
O PERÍODO REGENCIAL
45
4.1 REGÊNCIA TRINA PROVISÓRIA
46
4.2 REGÊNCIA TRINA PERMANENTE
47
Por estar com maior poder em suas mãos e no intuito de diminuir a pressão que
estava sendo feita pelo Partido Exaltado, o Partido Moderador adotou duas medidas:
1) Criação do primeiro Código Criminal Brasileiro em 1830, o que dava aos juízes
de paz uma maior liberdade no julgamento e prisão de acusados por peque-
nos delitos (já que os demais crimes eram julgados por uma tribuna de jurados,
no Júri, seguindo o modelo inglês).
48
Imperador) e do Conselho de Estado (órgão que auxiliava o Imperador na to-
mada de decisões e exercício do poder);
Estipulação da Regência Una
O Exército: era visto com descrédito na época, pois muitos dos seus coman-
dantes eram portugueses e grande parte da sua base era formada pela po-
pulação pobre, que diante de salários baixos e péssimas condições de traba-
lho, não raramente acabava por se alinhar a rebeldes ao invés de defender o
Governo.
A Guarda Nacional: foi criada em 1831, com vistas a substituir as chamadas
"milícias" até então existentes. Tratavam-se de grupos armados constituídos por
cidadãos entre 21 e 60 anos, cuja função era defender seus respectivos muni-
cípios, protegendo fronteiras e enfrentando eventuais rebeliões sob o co-
mando do Exército. Sua implementação acabou por desfalcar de vez os car-
gos militares, já que quem se alistava para servir à Guarda Nacional, ficava
dispensado do alistamento obrigatório no Exército.
De acordo com o que havia sido estabelecido pelo Ato Adicional de 1834, a
próxima regência seria una, e assim foi.
A conjuntura política atual podia, neste momento, ser dividida entre os Con-
servadores e os Liberais:
49
Nas primeiras eleições, em 1835, o corpo eleitoral era bastante baixo e apenas
2.826 votos foram o suficiente para eleger o liberal Padre António Diogo Feijó como o
primeiro Regente Uno do Brasil.
De 1837 a 1840, diversas medidas "regressionistas" tomadas pelo novo regente faziam com
que os liberais temessem o futuro do país, que cada vez mais estava voltando a ter políti-
cas centralizadoras do poder e com reforço da autoridade do seu governante.
Diante disso, a pressão no Congresso pela redução da maioridade (para que Pedro II
assumisse o trono brasileiro) veio por parte dos liberais, sobretudo por representantes do
dito Partido Moderado, que já haviam criado, inclusive, o "Clube da Maioridade" (um mo-
vimento que buscava o apoio popular no sentido da assunção do trono por Pedro II).
50
“Às vezes tudo se ilumina de uma intensa irrea-
lidade e é como se agora este pobre, este
único, este efêmero instante do mundo esti-
vesse pintado numa tela, sempre...”(Mário
Quintana)
51
O nome decorre do criador do movimento: Francisco Sabino. Foi uma
revolução com ideais federalistas e republicanos, que visava formar
um Governo Provisório até que Pedro II assumisse o trono. Foi
Sabinada
organizada por pessoas de classe média e comerciantes, que se
(de 1837 a 1838, na
comprometeram a libertar os escravos que participassem da revolta
Bahia)
(mantendo escravizados os demais). O embate com as tropas
enviadas pelo Padre Feijó (e apoiadas pelos grandes latifundiários
locais) resultou em mais de mil mortes.
O período regencial constituiu anos sangrentos, que jamais poderão ser esque-
cidos. Eles são a prova viva de que os movimentos populares podem tomar dimen-
sões significativas, principalmente quando lutam contra os desmandos daqueles que
estão no poder.
52
FIXANDO O CONTEÚDO
53
1. O período de instabilidade durante o Governo Regencial possui sua origem em
tempos anteriores. Alguns dos principais motivos são:
a) uma época conturbada politicamente, embora sem lutas separatistas que com-
prometessem a unidade do país.
b) um período em que as reivindicações populares, como direito de voto, abolição
da escravidão e descentralização política, foram amplamente atendidas.
c) uma transição para o regime republicano que se instalou no país a partir de 1840.
d) uma fase extremamente agitada com crises e revoltas em várias províncias, ge-
radas pelas contradições das elites, classe média e camadas populares.
e) uma etapa marcada pela estabilidade política, já que a oposição ao Imperador
Pedro I aproximou os vários segmentos sociais, facilitando as alianças na Regên-
cia.
54
4. (UEL-PR) “[...] explodiu na província do Grão-Pará o movimento armado mais po-
pular do Brasil [...]. Foi uma das rebeliões brasileiras em que as camadas inferiores
ocuparam o poder.” Ao texto podem-se associar:
a) a Regência e a Cabanagem.
b) o Primeiro Reinado e a Praieira.
c) o Segundo Reinado e a Farroupilha.
d) o Período Joanino e a Sabinada.
e) a abdicação e a Noite das Garrafadas.
6. (Fuvest-SP) “[...] a carne, o couro, o sebo, a graxa, além de pagaram nas alfân-
degas do país o duplo dízimo de que nos propuseram aliviar-nos, exigia mais 15%
em qualquer dos portos do Império. Imprudentes legisladores nos puseram desde
esse momento na linha dos povos estrangeiros, desnacionalizaram a nossa Provín-
cia e de fato a separaram da Comunidade Brasileira.” Esse texto se refere
a) ao problema dos altos impostos que recaiam sobre produtos do Maranhão e que
ocasionaram a Balaiada.
b) aos fatores econômicos que motivaram a Revolução Farroupilha, iniciada du-
rante o Período Regencial.
55
c) às implicações econômicas do movimento de independência da Província Cis-
platina.
d) às dificuldades econômicas do Nordeste, que justificaram a eclosão da Confede-
ração do Equador.
e) aos problemas econômicos do Pará, que deram origem à Cabanagem.
a) Foram anos com algumas revoltas populares, mas nada significativo, se compa-
rado com outros períodos.
b) Passou por três etapas: regência trina provisória, regência trina e regência una.
c) Foi um momento importante, pois durante a regência una é que ocorreu a tão
desejada extinção do Poder Moderador.
d) Foi o momento em que se destituiu a Guarda Nacional.
e) Tratou-se do momento auge de exportação açucareira, sendo conhecido como
o Século do Açúcar.
56
a) I, II e III estão corretas;
b) II e IV estão corretas;
c) I, III e IV estão corretas;
d) Todas estão corretas;
e) II, III e IV estão corretas.
57
O REINADO DE D. PEDRO II UNIDADE
58
Poder Moderador: ao contrário do que pretendiam as elites, o Poder Modera-
dor foi mantido.
Parlamentarismo: foi implementado, mas ficou conhecido como "parlamenta-
rismo às avessas", pois, diferentemente do parlamentarismo inglês (em que
existem eleições parlamentares), o Primeiro Ministro era indicado pelo próprio
Imperador. Continuavam a existir os 4 poderes, portanto, sendo que o poder
Executivo era agora exercido pelo Primeiro Ministro e pelo Conselho de Minis-
tros.
Novas eleições para a Câmara: aconteceram ainda em 1940, e ficaram co-
nhecidas como "eleições do cacete", devido às fraudes realizadas sobretudo
pelos Liberais.
Com a assunção do trono por D. Pedro II, houve conturbação no cenário po-
lítico por conta das medidas "regressistas" adotadas por D. Pedro II, que buscava
cada vez mais explicitamente a centralização do poder:
Todo aparelho administrativo e judiciário voltou às mãos do governo
central, com exceção dos juízes de paz. Mas eles perderam importân-
cia, em favor da polícia. […]. O processo de centralização política e
de reforço do imperador completou-se com a reforma da Guarda Na-
cional. O princípio eletivo, que na prática não funcionara, desapare-
ceu por completo. Os oficiais passaram a ser escolhidos pelo governo
central ou pelos presidentes de província, aumentando-se as exigên-
cias de renda para assumir os postos. A hierarquia ficava reforçada e
se garantia o recrutamento dos oficiais em círculos mais restritos. A par-
tir daí, em vez de concorrência entre a Guarda Nacional e o Exército,
existiria uma divisão de funções. Caberia à Guarda Nacional a manu-
tenção da ordem e a defesa dos grupos dominantes, em nível local,
ficando o Exército encarregado de arbitrar as disputas, garantir as
fronteiras e manter a estabilidade geral do país (FAUSTO, 2006, p. 176)
Além disso, com a adoção do Parlamentarismo (às avessas), D. Pedro II fez uso
do seu poder de nomear ministros e, antes mesmo das eleições de 1940, indicou vá-
rios Liberais para os cargos - o que desagradou os Conservadores.
Pouco tempo mais tarde, porém, logo após as eleições ocorridas naquele
mesmo ano, o imperador aliou-se ao Partido Conservador e retirou os ministros Liberais
dos cargos, entregando-os aos Conservadores. Esse movimento foi visto com maus
olhos e gerou manifestações revoltosas por parte dos Liberais que, anos mais tarde,
acabaram por culminar na Revolução Praieira em Pernambuco de 1948 a 1950 - a
última revolução provincial.
Figura 21: Esquema sobre a Revolução Praieira
59
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Neste cenário, os candidatos eram eleitos com base nas promessas pessoais
que faziam a apoiadores, e não propriamente pelas propostas e projetos de governo
que apresentavam. Após as eleições, portanto, gastavam seus esforços para honrar
quem os havia colocado no poder, e não para beneficiar o povo em si. A prioridade
era agradar pessoas poderosas, que colaborassem para a manutenção do poder -
mesmo que, por vezes, em detrimento dos interesses públicos.
60
"A riqueza de uma nação se mede pela ri-
queza do povo e não pela riqueza dos prínci-
pes."(Adam Smith)
61
Disponível em: https://bit.ly/37QB2Ns . Acesso em: 19 ago. 2020.
62
A partir daí, passou a investir no desenvolvimento do Brasil, sendo o responsável por diver-
sos projetos extremamente importantes, tais como:
1855: fundação do "Mauá, MacGregor e Cia, Instituição Financeira", que em 1867 vi-
rou o "Banco Mauá e Cia";
Para saber maiores detalhes sobre a vida de um nos mais importantes nomes da História
brasileira, acesse: https://bit.ly/3dJ7vJf . Acesso em: 15 ago. 2020.
63
Figura 23: Batalha de Monte Caseros, a mais importante da Guerra do Prata
Anos mais tarde, em 1864, teve início a Guerra do Paraguai, que duraria até
1870. Também conhecido como "Guerra da Tríplice Aliança", este conflito possui mui-
tas divergências de narrativas e de explicação dos motivos.
De um lado estavam Brasil, Argentina e Uruguai (com o apoio e financiamento
de guerra inglês). Do outro, estava o solitário o Paraguai. A respeito da forma como
a História é contada, há quem defenda que o confronto ocorreu por conta da "am-
bição do ditador paraguaio em obter mais terras, tendo sido bravamente refreado
pelas tropas imperiais brasileiras". Para outros, tratou-se da "opressão de três países
poderosos contra um pequeno, no intuito de garantir que o Paraguai assim continu-
asse". Há quem defenda, ainda, a versão de que "a Guerra foi manipulada pela In-
glaterra, devido ao seu interesse de que todos os quatro países continuassem a dela
depender".
64
Hoje em dia, o acesso a maios número de bibliografias faz com que exista um
certo consenso entre os historiadores do sentido de que uma diversidade de fatores
interferiu para a ocorrência do conflito, muito embora ele não fosse, de todo, neces-
sário. Nesse sentido, o Paraguai haveria se sentido ameaçado devido à interferência
do Brasil na política uruguaia em 1862, temendo ser o próximo a sofrer com os des-
mandes do imperador brasileiro. O Paraguai, embora pequeno, era extremamente
militarizado, e isso amedrontava os países vizinhos. Acredita-se que, como forma de
demonstrar sua represália ao Brasil pela interferência uruguaia, os paraguaios tenham
interceptado um navio brasileiro que fazia transporte pelo rio. Além disso, em dezem-
bro de 1864, tropas paraguaias invadiram uma parte do Mato Grosso, o que fez com
que o Brasil declarasse guerra ao país vizinho.
Na sequência da declaração de guerra, Solano López pediu ao governo ar-
gentino a autorização para adentrar a Argentina com sua tropa para invadir o Rio
Grande do Sul. O pedido foi negado, mas o ditador paraguaio invadiu a Argentina
na mesma. Neste cenário, o Paraguai já estava em guerra contra o Brasil e a Argen-
tina, e bastou entrar o Uruguai para que se formasse a Tríplice Aliança.
Por muitos anos, alguns historiadores defenderam piamente a ideia de que a Guerra do
Paraguai havia sido orquestrada pela Inglaterra. Hoje em dia, porém, sabe-se que o Brasil
havia cortado relações diplomáticas com os ingleses por conta de desentendimentos
quanto à escravidão, de forma que o país não teria tido formas de exercer influência
direta sobre D. Pedro II. Fato é, porém, que após a declaração de guerra foram feitos
empréstimos pela Tríplice Aliança para com a Coroa Inglesa, no intuito de estruturar e
fortalecer seus exércitos até então basicamente inexistentes. Sabendo que o Paraguai
era, no início do conflito, uma potência militar muito mais forte que Brasil, Argentina e
Uruguai, você já parou para refletir qual poderia ter sido o desfecho desta guerra se a
Inglaterra não houvesse prestado suporte financeiro à Tríplice Aliança? Como você acha
que seriam as fronteiras nos dias de hoje?
65
desenvolvimento da América Latina como um todo. E o pior: hoje em dia, entende-
se que a guerra sequer precisava ter ocorrido se, desde o princípio, os líderes de cada
país houvessem agido em prol do diálogo e entendimento mútuo.
A respeito destes tristes anos é possível concluir que se, por um lado, há quem
pinte Solano López pura e simplesmente como um ditador sanguinário (o que, dentre
outras coisas, ele foi mesmo), fato é que o imperador brasileiro também contribuiu (e
muito!) para a chacina ocorrida. A maior prova disso foi o fato de a última batalha
do Exército brasileiro ter ocorrido em um momento no qual o Paraguai já estava des-
truído e nitidamente derrotado. Não era necessário mais derramamento de sangue,
mas, mesmo assim, D. Pedro II ordenou que as tropas brasileiras só parassem quando
Solano López estivesse morto, mesmo que isso significasse enfrentar uma tropa para-
guaia composta basicamente por crianças. E foi o que aconteceu.
66
que acreditavam que teriam do Imperador. Não por acaso, é justamente nos basti-
dores do Exército que ganham força os ideais republicanos.
Falar de abolição da escravatura vai muito além de falar sobre a Lei Áurea
assinada em 1888 pela Princesa Isabel, pois as sementes deste movimento começa-
ram séculos antes, sobretudo com a luta e resistência dos quilombos.
Apesar dos movimentos existentes entre os escravos fugidos e até mesmo da
simpatia de alguns brancos ligados à política, a escravidão era absolutamente arrai-
gada à sociedade brasileira. A abolição parecia muito distante, ao ponto de até
mesmo a Constituição de 1824 atribuir aos escravos a condição de objetos dos seus
senhores.
Foi a partir de 1844 que ocorreu, de fato, um pontapé inicial para a abolição.
67
Explica-se: neste ano, foi implementado no Brasil um aumento dos impostos sobre a
importação de produtos estrangeiros (para 30%, quando não houvesse produto na-
cional equiparado, e para 60%, quando houvesse). Tal medida desagradou a Ingla-
terra, haja vista o Brasil ser um dos seus principais mercados exportadores.
1866 Decreto nº 3.725-A, de Concedia a liberdade aos escravos que decidissem servir
6 de Novembro de ao exército brasileiro
1866
1871 Lei do Ventre Livre Decretava a liberdade dos filhos de escravas nascidos a
partir de então
1885 Lei dos Sexagenários Concedia a liberdade aos escravos idosos, com mais de 60
anos de idade
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
68
O fato da abolição no Brasil ter sido feita de forma gradual não foi mero acaso,
mas sim resultado de muitas pressões sofridas por D. Pedro II durante o sue governo.
De um lado, estavam a elite composta por donos de terras, que dependiam da mão-
de-obra escrava para manterem sua produção. Do outro, estavam a Inglaterra e os
abolicionistas. Na tentativa de controlar os ânimos de ambos os lados e não gerar
grandes revoltas, as leis abolicionistas foram elaboradas e promulgadas aos poucos.
Os grandes donos de terra que dependiam da mão de obra escrava estavam
em cada vez menor número (já que o tráfico de novos escravos estava proibido) e a
parcela da população favorável à abolição era cada vez maior. Com a Guerra do
Paraguai, até mesmo o Exército passou a pressionar o imperador para que fosse dada
assinada a alforria coletiva, haja vista muitos oficiais terem lutaram lado a lado com
escravos e ex-escravos. Não parecia correto, portanto, que os (agora) ex-escravos,
ao retornarem para casa depois da Guerra, encontrassem suas famílias ainda escra-
vizadas.
As duas últimas leis (do Ventre Livre e dos Sexagenários) foram publicadas no
intuito de dar uma resposta aos pedidos da população, mas foram vistas com des-
gosto pelos abolicionistas, que se sentiram enganados pelo imperador. Isso porque,
na prática, quase nenhuma criança foi liberta (já que a lei previa a possibilidade de
que o Senhor utilizasse da mão de obra destas crianças até que fizessem 21 anos) e
tampouco havia sexagenários para libertar (tendo em vista que a expectativa de
vida dos escravos raramente chegava aos 40 anos de idade).
Com isso, em 1888 foi finalmente assinada a Lei Áurea - tendo sido o Brasil o
último país das Américas a abolir a escravidão, após lucrar mais de 300 anos com o
tráfico negreiro. A responsável pela assinatura foi Princesa Isabel, filha de D. Pedro II,
já que este estava em viagem para tratamento de saúde.
69
Figura 26: Lei Áurea, assinada em 1888 pela Princesa Isabel
70
apoio destas três camadas poderosíssimas, que passaram a olhar com bons olhos os
ideais republicanos.
Os primeiros a ficarem descontentes com o Império foram os membros da
Igreja, muito por conta da publicação da Bula Papal Sillybus em 1864, que criticava
a interferência dos monarcas na estrutura da Igreja e condenava os cristãos que
eram ligados à maçonaria. No Brasil, ambas as coisas aconteciam: além do impera-
dor ter o poder de indicar bispos e arcebispos (o que representava interferência di-
reta), também possuía muita afinidade com os maçons. Essa bula papal não foi
aceita por Dom Pedro II e, quando o Bispo de Olinda, Dom Vital, expulsou padres
ligados à maçonaria e fechou duas igrejas por este mesmo motivo, foi preso a mando
do imperador. Dom Vital foi solto após diversas negociações diretas de Roma com o
Brasil, mas isso abalou em muito a relação do imperador com Igreja Católica, que
não mais apoiava incondicionalmente o Império.
71
Por fim, o Império deixou de ser interessante para as elites donas de terra
quando, em 1888, a escravidão foi abolida (e sem indenização). Esta parcela da so-
ciedade, dos ricos e com poder político, demorou até embarcar nos ideais republi-
canos sobretudo pelo receio de que a República trouxesse consigo a libertação dos
escravos (que compunham a maior parte da sua mão-de-obra). Por isso, a partir do
momento em que a Lei Áurea foi assinada, esta parcela da população percebeu
que a Monarquia não trazia mais tantas vantagens, e que seu poder poderia ser
muito maior em uma República.
Uma parte considerável da população civil já defendia a ideia de se instaurar
uma República, mas foi apenas após a perda dessas três camadas populacionais
poderosas que um golpe em prol do republicanismo se fez viável. A princípio, a ideia
era esperar pela morte de Dom Pedro II, que já estava doente e com uma certa
idade. Porém, no início de novembro de 1889, em uma reunião entre os líderes civis
e do Exército, ficou decidido que Marechal Deodoro da Fonseca seria a figura central
da proclamação (o que demorou para ser aceite pelo mesmo, já que Deodoro pos-
suía uma relação próxima e de respeito para com o imperador e que não estava de
acordo com o fato de civis estarem participando do golpe, pois defendia que o
mesmo deveria ser estritamente militar).
No dia 15 de novembro de 1889, portanto, as tropas do Exército marcharam
rumo ao Ministério da Guerra sob o comando do Marechal Deodoro, e proclamaram
a República do Brasil com praticamente nenhuma participação civil.
72
absolutamente proibida de retornar ao Brasil (tendo em vista o receio de que conse-
guissem força política para reestabelecer a monarquia).
República instaurada, a participação militar no cenário político brasileiro pas-
sou a ser extremamente significativa, com diversos presidentes militares e, inclusive,
uma ditadura militar implementada anos mais tarde. Foi sobretudo a partir deste 15
de novembro, portanto, que muito da Política e do Exército passou a coabitar nas
mesmas figuras públicas.
73
FIXANDO O CONTEÚDO
a) uma estratégia para manter a unidade nacional, abalada pelas sucessivas rebe-
liões provinciais.
b) o único caminho para que o país alcançasse novo patamar de desenvolvimento
econômico e social.
c) a melhor saída para impedir que o partido Liberal dominasse a política nacional.
d) a forma mais viável para o governo aceitar a proclamação da República e a
abolição da escravatura.
e) uma estratégia para impedir a instalação de um governo ditatorial e simpatizante
do socialismo utópico.
a) ambos colaboraram para suprimir qualquer fraude nas eleições e faziam forte
oposição ao centralismo imperial.
b) as divergências entre ambos impediram períodos de conciliação, gerando acen-
tuada instabilidade no sistema parlamentar.
c) organizado de baixo para cima, o parlamentarismo brasileiro chocou-se com os
partidos Liberal e Conservador de composição elitista.
d) Liberal e Conservador, sem diferenças ideológicas significativas, alternavam-se no
poder, sustentando o parlamentarismo de fachada, manipulado pelo imperador.
e) os partidos tinham sólidas bases populares e o parlamentarismo seguia e prati-
cava rigidamente o modelo inglês.
3. (IFBA 2016) Neste país, que se presume constitucional e onde só deverão ter ação
poderes delegados, responsáveis, acontece, por defeito do sistema, que só há
um poder ativo onímodo, onipotente, perpétuo, superior à lei, e à opinião, e esse
é justamente o poder sagrado, inviolável e irresponsável. (Trecho do Manifesto
Republicano, publicado no Jornal A República, do Rio de Janeiro, em dezembro
74
de 1870.) A crítica apresentada pelo Manifesto Republicano de 1870 pode ser as-
sociada
5. Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes
onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos moti-
vos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da
mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai.
(CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra doParaguai. São Paulo: Brasiliense,
1979 (adaptado).)
75
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refle-
tindo sobre
6. (FATEC) – No século XIX, a Inglaterra pressionou diversos países para acabar com
o protecionismo comercial e com a existência do trabalho compulsório. Esta situ-
ação culminou, em 1845, com o “Bill Aberdeen”. Neste contexto o Brasil sancio-
nou, em 1850, a “Lei Eusébio de Queirós” tratando
76
b) luta pela continuidade da concentração política, mesmo sem a figura do impe-
rador.
c) organização de uma República centralizadora, sendo o Estado de São Paulo a
sede político-administrativa.
d) implantação de um regime militar em que os grandes nomes da guerra da Tríplice
Fronteira tomassem a direção nacional.
e) construção de um parlamentarismo em que o primeiro-ministro seria o responsável
pela manutenção da unidade nacional.
77
UNIDADE
06
78
6.1 REFLEXOS DA HISTÓRIA NA SOCIEDADE DE HOJE
Figura 28: Última pesquisa Datafolha, com 2.878 entrevistas realizadas em 175 municípios de
todo o país, em 29 e 30 de agosto de 2019, a respeito do principal problema enfrentado
79
pelo país atualmente
A origem de tais problemas sociais pode ser considerada tão antiga quanto o
próprio Brasil, e está intimamente ligada ao modelo colonizatório adotado. Nesse sen-
tido, é importante lembrar que a colonização brasileira sempre foi, desde 1500, ex-
ploratória.
Por colonização exploratória entende-se o ato dos países colonizadores que
utilizavam suas Colônias como fonte de recursos a serem explorados e enviados à
Metrópole, no intuito de aumentarem seus lucros.
Figura 29: Sátira à intenção portuguesa para com o Brasil. Charge de César Lobo.
80
No que se refere ao Brasil, especificamente, foram séculos em que o Brasil foi
visto única e exclusivamente como fonte de recursos. Apenas a partir de 1808, com
a instalação da Família Real no Rio de Janeiro, é que esta percepção começou a
mudar.e iniciaram-se alguns incentivos à cultura e ao desenvolvimento local. Tal pro-
cesso, porém, aconteceu de forma absolutamente regionalizada, apenas nos luga-
res que interferiam de alguma forma na vida do Rei e dos seus protegidos. Ou seja:
mais uma vez, o interesse não era de desenvolver o Brasil em si, mas sim de facilitar a
vida dos portugueses, que haviam sido obrigados a se mudar para a Colônia en-
quanto fugiam dos ataques napoleônicos que aconteciam em Portugal.
Embora muitos não parem para refletir a respeito, fato é que esta cultura co-
lonizatória voltada exclusivamente à exploração deixou marcas profundas na socie-
dade brasileira, que até hoje sofre crises identitárias e, por vezes, vangloria outros
países enquanto se autodeprecia. A dificuldade de reconhecer em si mesmo valor
como sociedade é um claro reflexo de um Brasil Colônia que, durante séculos, nunca
foi valorizado como sociedade, mas sim como um mercado no qual Portugal apor-
tava suas frotas, extraía o que houvesse de valioso e enviava tais riquezas para o
exterior.
Além disso, muito se engana quem pensa que apenas a terra e o minério bra-
sileiros geraram lucro a Portugal. Afinal, uma das maiores fontes de lucro da Metrópole
81
advinha da exploração da mão de obra escrava, e tal ponto é especialmente sensí-
vel quanto aos reflexos que gera na sociedade atual.
Neste sentido, a imposição de ideias de inferioridade dos povos indígenas e
sobretudo dos negros, o sequestro de toda a sua humanidade e a sua objetificação
durante praticamente três séculos, foram responsáveis por criar a fundação de um
preconceito racial que hoje em dia está arraigado à sociedade brasileira. A abolição
da escravatura sem qualquer medida de reinserção social foi responsável por colo-
car os pilares. E, ainda hoje, esta estrutura enorme ainda está de pé, atuando de
forma explícita ou velada, consciente ou não, mas diariamente presente.
Faz apenas 132 anos que a Lei Áurea foi assinada e, na sequência, os senhores
de escravos foram definitivamente obrigados a não mais utilizarem esse tipo de mão
de obra nas suas terras. Porém, tal medida foi adotada sem suporte algum, de modo
que, de um dia para o outro, pessoas que haviam sido escravas a vida toda se viram
"livres", mas sem emprego, sem teto, sem comida e sem qualquer tipo de base a partir
da qual a vida pudesse se iniciar de forma digna.
Por isso, na prática, muitos dos ex-escravos continuaram a trabalhar para os
mesmos senhores, ganhando salários ínfimos e se submetendo a condições absurdas
de trabalho, que certamente não seriam aceitas por mais ninguém.
Aqueles que decidiram cortar o vínculo com seus antigos "donos" foram obri-
gados a procurar, sozinhos, algum lugar em que pudessem morar - já que o Estado
não prestou qualquer auxílio neste sentido. Os terrenos ocupados acabaram por ser
aqueles periféricos ou localizados em morros, por se tratarem de locais em que mais
ninguém queria morar (seja pela distância do centro, seja pelo perigo de deslizamen-
tos e acidentes). A partir daí, essa população negra precisou, mais uma vez por si só,
tentar se inserir na sociedade que até ontem os tratava como objetos.
Não foi uma tarefa fácil e as marcas de todo esse processo são, até hoje, níti-
das. Um exemplo claro é o fato de, em pleno século XXI, a cor de pele predominante
dentre os moradores das favelas do Rio de Janeiro ainda ser a negra. Afinal, muitos
dos morros ocupados pelos ex-escravos em 1888 acabaram por formar as favelas
cariocas que hoje em dia são tão conhecidas.
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Quantos professores negros você teve durante a sua vida? Quantos colegas negros
teve/tem durante a graduação? Quantos colegas de trabalho negros? Já teve algum
médico ou dentista negro? O engenheiro que fez o projeto da sua casa, era negro?
Por que é que, em pleno século XXI, ainda são tão poucos os negros em atividades inte-
lectuais e de prestígio social? Qual o papel do Estado dentro disso? Que políticas públicas
podem ser implementadas e quais delas efetivamente o são, no sentido de incluir essa
população que foi por tantos séculos excluída?
Outro claro reflexo da escravidão é o fato de que, até hoje, os cargos ocupa-
dos pela maior parte da população negra ainda estão atrelados às funções que os
negros realizavam enquanto escravos. Nesse sentido, grande parte das mulheres ne-
gras ainda trabalha com serviços domésticos, limpando casas e cuidando dos filhos
alheios, e muitos dos homens ainda são diretamente ligados ao trabalho braçal, de-
pendente de esforço físico.
Para quem nasceu mais de um século após a escravidão, é importante sempre
lembrar que os 132 anos desde a abolição, para a História, são muito pouco. Em um
contexto de milhares de anos de civilização, é como se a escravidão tivesse sido on-
tem. Por isso, negar os seus efeitos até hoje existentes e adotar um discurso de que o
"preconceito está nos olhos de quem vê" pode ser perigoso e, acima de tudo, extre-
mamente desrespeitoso para com a dor de quem efetivamente sofre com esse pre-
conceito todos os dias.
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Figura 30: Referência às raízes profundas do racismo
Em resumo: O povo negro foi sequestrado das suas terras, abarrotado em na-
vios, trazido para um lugar onde não entedia a língua, onde não podia praticar sua
religião e onde era obrigado a trabalhar até a morte. Suas famílias foram separadas,
suas mulheres estupradas, seus filhos morreram de fome. Quem tentou se impor contra
essas atrocidades, foi perseguido, açoitado e morto. Quem aguentou até o fim e teve
a "sorte" de viver até 1888, ganhou um pedaço de papel que garantia a liberdade,
mas não dava nenhuma chance de vida digna. Em um cenário como este, parece
óbvio que muito da pobreza que ainda hoje existe é descendente destes ex-escra-
vos. Parece óbvio que a pobreza não vira riqueza da noite pro dia e que as oportu-
nidades não aparecem facilmente para pessoas que até então eram consideradas
coisas. Parece óbvia a alegria misturada com indignação dos jovens negros que ce-
lebram a entrada em uma universidade pública, mas, ao mesmo tempo, se lembram
dos seus avós, ex-escravos, que morreram sem saber ler ou escrever. Tudo isso parece
e é, de fato, óbvio - mas toda essa obviedade não torna os fatos menos graves ou
absurdos.
Os impactos de uma cultura escravocrata e segregacionista são sentidos até
hoje e podem ser visualizados, por exemplo, na diferença de tratamento por parte
das instituições do Estado que existe entre ricos e pobres, brancos e negros. Se é ver-
dade que a ação policial na favela é mais violenta do que no condomínio de luxo,
também é verdade que existe mais violência contra negros do que contra brancos -
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isso é histórico; isso é real. E, para quem deseja mudar a realidade, não é inteligente
fechar os olhos. A cegueira só beneficia aqueles que, por algum motivo, não querem
ver.
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Tais índices demonstram que, mesmo com um racismo legalmente abolido,
ainda existe algo de errado na forma como a sociedade age materialmente. Afinal,
se de fato o preconceito racial fosse coisa do passado, tais taxas tão discrepantes
não existiriam ainda hoje.
Em comparação, é possível afirmar que: enquanto no passado o extermínio
negro escondia-se por detrás da institucionalização legal da escravidão, hoje em dia
ele esconde-se no mito do Estado Democrático e da sociedade igualitária, que pro-
metem respeito e igualdade de tratamento, mas que não os entregam de fato.
Diante disso, fica claro que conhecer a História e entender os seus desdobra-
mentos é um bom caminho para encontrar a melhor forma de se posicionar e agir.
Não adianta fechar os olhos para o que aconteceu. É necessário, na verdade, ficar
de olhos bem abertos. Só assim é possível evitar que a História se repita e tentar, de
alguma forma, reparar uma parte dos danos por ela causados, interrompendo esse
ciclo de dor e sofrimento há tantos anos causado ao povo negro no Brasil.
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“A economia não trata de coisas ou de obje-
tos materiais tangíveis; trata de homens, de
suas apreciações e das ações que daí deri-
vam." Ludwig von Moses
87
Isso facilitava a instabilidade econômica e, consequentemente, a instabilidade polí-
tica, pois quaisquer imprevistos de produção ou de queda de consumo pelo mer-
cado exterior resultavam em impactos diretos na economia brasileira.
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a mão de obra escrava fazia com que não houvesse trabalhadores assalaria-
dos para comprarem os produtos;
a abertura dos portos possibilitou aos ingleses a exportação de produtos dire-
tamente para o Brasil, sem o intermédio português (o que acabou acomo-
dando ainda mais os brasileiros, que se contentavam em comprar produtos
estrangeiros ao invés de investir na produção local).
Existe aí, portanto, mais um ponto de evidente semelhança entre o Brasil Colô-
nia (dependente de Portugal), o Brasil Império (dependente da Inglaterra) e o Brasil
atual (dependente sobretudo dos EUA e da China).
Por fim, um último fator interessante a ser ressalvado (pois nascido no Brasil Im-
pério e gerador de efeitos até hoje), é a dívida externa brasileira. Seu início se deu
quando do empréstimo feito com a Inglaterra para pagar uma indenização a Portu-
gal por conta da independência. Na sequência, a ocorrência de diversos conflitos
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internos e guerras com países vizinhos fez com que essa dívida crescesse, o que sem-
pre obrigou o Estado a destinar parte dos recursos nacionais ao pagamento de outras
Nações. Com a instauração da República, posteriormente, não foi diferente.
No final de 2019, a dívida externa brasileira chegou a 4,23 trilhões de reais - e
agora você já sabe como ocorreu pelo menos o princípio deste número.
90
Desta forma, é possível concluir que a corrupção existente na política nacio-
nal, responsável por gerar tantas vítimas diretas e indiretas, nada mais é do que um
reflexo de uma sociedade anteriormente corrupta, que criou tais pessoas e colocou-
as no poder.
91
Na teoria, o projeto por trás das capitanias até parecia ser estruturado, com a
previsão da atração de investimentos, da distribuição de terras e da cobrança de
impostos, mas a verdade é que o interesse português pelo Brasil nunca fora suficien-
temente relevante e, por isso, o sistema foi mal pensado, os capitães donatários não
tinham experiência ou empenho suficiente e, logo, praticamente todas as capitanias
hereditárias fracassaram.
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favores).
Infelizmente, tais características perduraram durante os anos do Império e fo-
ram, inclusive, consolidadas (devido à ocorrência das eleições para o Congresso e
o consequente aumento do número de cargos políticos em jogo). Assim, os períodos
eleitorais eram marcados por promessas pessoais e apoios baseados em interesses
secundários, geralmente relacionados ao maior lucro possível das partes envolvidas.
A política estava explícita e escancaradamente desvirtuada: não buscava o melhor
para o país e para o povo, mas sim atingir interesses pessoais.
Além disso, a divisão partidária, presente nos últimos anos de Colônia e durante
todo o Império, também parece ser uma característica do passado que encontra
bastante respaldo na realidade atual. Os atritos, brigas (inclusive físicas) e desenten-
dimentos por conta de partidos eram frequentes, sobretudo na época imperial. Po-
rém, chamava a atenção o fato de pessoas de partidos rivais, com ideologias teori-
camente opostas, formarem parcerias quando lhes era conveniente (não em prol do
povo e de um bom Governo, mas sim no intuito de lucrar).
Não à toa, diversas pessoas alertavam, à época, que as discordâncias entre
os partidos eram muito menos ideológicas e muito mais motivadas pela ganância por
mais poder: afinal, alianças improváveis eram feitas em momentos de necessidade,
desde que esse fosse o caminho mais rápido para a obtenção de cargos e privilégios
pessoais.
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E com isso, diante de todas essas informações, só nos resta constatar que, ao
fim e ao cabo, o passado nem parece estar assim tão longe do presente.
FIXANDO O CONTEÚDO
I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das elites modernas, como diria
Contardo Calligaris, e juntamente com uma espécie de pseudocordialidade se-
riam responsáveis pela manutenção e o aprofundamento das diferenças sociais.
II. O mito do escravo submisso fez com que a sociedade de um modo geral não
encarasse de frente a violência da escravidão, fez com que os ouvidos se ensur-
decessem aos clamores do movimento negro, por direitos e por justiça.
III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros vão desde o Projeto de
Lei que reserva aos negros um percentual fixo de cargos da administração pública,
aos que instituem cotas para negros nas universidades públicas e nos meios de
comunicação.
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organizadas e institucionalizadas, naturalizada e oculta em estruturas sociais”, en-
tão é correto concluir que
a) as pessoas agem de forma violenta porque tem índole má, a qual pode ser rever-
tida se elas forem condenadas a longas penas de prisão.
b) a principal causa da violência é a pobreza, o que se comprova pelo fato de que
a maioria das pessoas que estão presas por crime violento são pobres.
c) não existe uma única causa para a violência e a punição de quem age com
violência não é suficiente para resolver o problema.
d) a violência é causada pela pouca firmeza na educação dos filhos, provocada
especialmente pela proibição do uso, pelos pais, de castigos físicos e surras para
corrigi-los.
e) a tolerância com as diferenças entre as pessoas e com os diferentes modos de
pensar e agir causa a violência porque faz desaparecer da sociedade a noção
do que é certo ou errado.
4. (VUNESP/2016 - Prova para Analista) Embora o Brasil não viva uma situação de
guerra civil ou de atentados terroristas, a violência tem sido um dos temas mais
frequentes no noticiário nacional, uma preocupação política e um tormento para
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o brasileiro comum, independentemente de sua classe social, de seu nível de ins-
trução, de sua religião ou de sua inclinação política. Vive-se atualmente um clima
de medo e insegurança generalizado. Essa sensação é confirmada pelas estatís-
ticas que revelam o aumento crescente da criminalidade e, ao lado dela, da
mortalidade por violência em nosso país, sendo o jovem a vítima preferencial.
(BRYM, Robert [et al.] Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Thomson
Learning, 2006. Adaptado)
5. (Unespar 2016) “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por
sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e
se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”
(Nelson Mandela – citado em: SILVA, Aida M. M. Apresentação. In: SILVA, Aida M. M.; TI-
RIBA, Léa (orgs.). Direito ao ambiente como direito à vida: desafios para a educação em
direitos humanos. São Paulo: Cortez, 2015. p. 08.)
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É nada mais nada menos do que a estupidez se
propagando
Qualquer tipo de racismo não se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse
lixo que é uma herança cultural […].”
(GABRIEL O PENSADOR. Lavagem Cerebral. Álbum: Gabriel O Pensador. Sony Music,
1993. CD.)
Os dois trechos acima fazem menção à discriminação racial. Com base neles
e nas condições históricas do racismo no Brasil, escolha a alternativa CORRETA.
6. O tema da violência tem sido uma constante nas discussões sobre o Brasil em
oposição a um senso comum de que se trata de um povo pacífico, alegre e feliz,
“abençoado por Deus”. A violência assume diferentes formas na vida cotidiana:
física, doméstica, moral. São manifestações dessas formas, respectivamente
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c) pátrio poder; estelionato; perseguição a religiões de matriz africana por funda-
mentalistas.
d) abuso sexual a menores; acidentes de trânsito com eventuais mortes; impunidade
a crimes de corrupção.
e) desrespeito a determinações constitucionais; uso de algemas na prisão de acu-
sados de crimes do colarinho branco; assassinato de homossexuais.
7. (Unesp 2016) Sob o ponto de vista individual, a corrupção pode ser vista como
uma escolha racional, baseada em uma ponderação dos custos e dos benefícios
dos comportamentos honesto e corrupto. No tocante às empresas, punir apenas
as pessoas, ignorando as entidades, implica adotar, nesse âmbito, a teoria da
maçã podre, como se a corrupção fosse um vício dos indivíduos que as pratica-
ram no seio empresarial. O que constatamos é bem diferente disso. A corrupção
era, para as empresas envolvidas na operação Lava Jato, um modelo de negócio
que majorava o lucro em benefício de todos.
(Entrevista com Deltan Martinazzo Dallagnol [procurador público].O Estado de S.Paulo,
18.03.2015. Adaptado.)
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A charge remete à prática política recorrente no Brasil, a qual vem sendo com-
batida pelo Supremo Tribunal Federal. A prática central assinalada na charge é defi-
nida como
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RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 C
UNIDADE 03 UNIDADE 04
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 A
UNIDADE 05 UNIDADE 06
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 D
100
REFERÊNCIAS
AYER, F. [Entrevista de Flávia Ayer com Adriana Romeiro] "Corrupção está enraizada
no Brasil desde o período colonial, revela historiadora". Jornal Estado de Minas, 2017.
Disponível em: https://bit.ly/2DmN4SA. Acesso em: 01 jul. 2020.
BARATTO, R. Uma breve história das favelas, por Luis Kehl. Archdaily, 2018. Disponível
em: https://bit.ly/3gwKjwn. Acesso em: 03 jul. 2020.
CERQUEIRA, D. et al. (Orgs.). Atlas da Violência 2019. Brasília: Instituto de Pesquisa Eco-
nômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2019.
FAUSTO, B. História do Brasil. 12. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
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LUNA, F. V.; KLEIN, H. S. História econômica e social do Brasil: o Brasil desde a república.
São Paulo: Saraiva, 2016.
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MAGALHÃES, J. C. R. Histórico das favelas na cidade do Rio de Janeiro. Desafios do
Desenvolvimento, Brasília, v. 7, n. 63, p. 40, out./nov. 2010. Disponível em:
https://bit.ly/3fw4l8Z. Acesso em: 02 jul. 2020.
PIRES, M. C. (Org.). Economia brasileira: da colônia ao governo Lula. São Paulo: Sa-
raiva, 2010.
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