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Copyright © 2022 Linda Evangelista

Capa: VIC DESIGNER


Revisão: Leticia Tagliatelli

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.

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qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
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autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.2018.
SINOPSE
Os passos de Aline Jones seguem um destino traçado pela sua
família desde seu nascimento, devido um compromisso selado com a
família Parker.
Um casamento entre ela e o herdeiro dos Parker, Ethan.
E, apesar de ter sido um compromisso determinado quando ainda
eram duas crianças por seus pais, Aline cresceu almejando e amando o seu
prometido.
Ethan cresceu e se tornou um homem de opinião formada, lindo,
temido e poderoso. Embora, ele carregasse a obrigação de um casamento,
ainda muito jovem se permitiu amar outra mulher.
Enquanto ele pensava ter conhecido o amor, Aline o observava de
longe, ao mesmo tempo, em que sangrava por dentro de dor, sabendo que
estava lutando por um coração que não era seu.
Dois corações se tornaram feridos...
Ele pela perda e uma traição, já ela pela dor da rejeição.
A quebra de uma aliança será capaz de derrubar a indiferença e
Ethan perceberá que seu verdadeiro amor andou lado a lado com ele desde
criança.
A saída será stalkear sua menina para continuar respirando, já que
ela não o quer mais por perto.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
BÔNUS
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
EPÍLOGO
CAPÍTULO 1
ETHAN PARKER
Aline Jones, a pedra no meu sapato desde o dia em que nasceu. A
única pessoa que tem a capacidade de me afrontar, mesmo sem dizer uma
única palavra.
Mas dessa vez ela passou dos limites e agora vai ter volta.
Desde os meus quinze anos sou obrigado a participar de um jantar
na casa da família Jones, um dia antes do aniversário da malcriada.
Tudo tramado por nossas famílias com a intenção absurda de que
um dia possamos vir a nos casar, o que não vai acontecer nunca.
Só que nos últimos três anos, a maldita infeliz conseguiu escapar da
família e fugiu do jantar, me deixando em uma situação constrangedora.
Coisa que não vai mais acontecer, pois, me nego a participar dessa
palhaçada novamente.
— Andreza, Dylan me perdoem, não sei como Aline conseguiu sair
de casa sem que ninguém percebesse. Eu jurava que aquela garota estava no
quarto.
Coitados do senhor e senhora Jones, não têm controle da filha.
— Não se preocupe com isso, Emily, sabemos bem como são os
jovens, já passamos por essa fase. Uma hora tudo se ajeita, você sabe muito
bem como é.
Mamãe sempre com suas ideias absurdas, outra que não controla a
filha já que minha irmã faz o que quer e não duvido nada ela está envolvida
na fuga de Aline.
— Ethan, sinto muito por isso, Aline será castigada tenha certeza
disso. Essa menina já está passando de todos os limites — Anthony diz
como se realmente tivesse coragem de fazer o que diz.
— Não se preocupe com isso, senhor Jones, mas acho que jantares
como esse não serão mais preciso, acho que ficou claro que nem Aline e
muito menos eu, queremos entrar em um relacionamento um com o outro.
— Ethan! — papai chama minha atenção em um sinal claro de
advertência.
— Não vamos dizer disso agora, vamos jantar, a comida está
deliciosa.
Como sempre, tentam mudar de assunto, mas dessa vez não deixar
barato.
Todos saem na frente, se dirigindo à sala de jantar quando Adrian se
aproxima.
Ele é meu amigo e cúmplice da irmã, sempre foi assim.
— Quer saber onde ela está?
Olho para ele sem acreditar no que ele diz.
— Que belo amigo você é, hein? Deve ter ajudado a sua irmã a fugir
mais uma vez.
Ele ajudou nas últimas duas vezes só para ficar fazendo pouco da
minha cara depois.
— Dessa vez sou inocente, cara. Também acho que Aline já está
passando dos limites com isso, mas ela é mimada assim como a peste da sua
irmã e não duvido nada que as duas estejam juntas.
— Você sabe onde elas estão? — Estou interessado no que ele sabe
e não é porque me importo, mas é que hoje Aline Jones me paga essa
afronta.
— Tudo o que sei é que ela está em um dos hotéis de luxo do Grupo
Smith. Louise ligou para ela mais cedo e as duas estavam cheias de
segredinhos. As gêmeas também estão envolvidas nisso, tenho certeza, elas
são inseparáveis.
Eu não entendo como minhas primas, mesmo sendo mais velhas,
fizeram amizade com Aline desse jeito.
— Vamos deixar esse assunto pra lá, eu não me importo com o que
elas fazem. Agora me diga como estão indo às coisas no grupo Jones.
— Um verdadeiro inferno como já deve imaginar, meu pai só me
entrega a empresa no dia que me casar e tiver um filho. Ele está fazendo a
mesma coisa que o meu avô fez com ele, o que é um absurdo. A minha
sorte é que não me compraram uma noiva.
— Deixa a sua mãe te ouvir dizer isso que ela te dá uns tapas.
Todos conhecem a história de como Anthony e Emily ficaram
juntos.
— Nem brinca com uma coisa dessas. E, você, como anda na Shield
Security?
— Minha situação não é muito diferente da sua, sou o presidente,
mas quem ainda manda na porra toda é o meu pa. Só que diferente dos seus
pais, os meus já tem uma noiva em vista.
— A minha irmã — ele diz sorrindo da situação.
— Vai sorrindo da minha desgraça vai, o seu dia vai chegar também.
— Você tem um grande problema, porque a minha irmã nunca vai se
casar com você.
Todos parecem saber disso, menos os nossos pais.
— Eu também nunca me casaria com ela, então pelo menos nisso
estamos de acordo.
Chegamos na sala de jantar e logo tudo é servido.
Como em silêncio, doido para essa palhaçada acabar, porque tenho
uma Ratinha para caçar e pelo que já estou prevendo ela está no lugar
perfeito para que consiga pegá-la.
Hoje, ensino uma lição a Aline.
Depois de intermináveis minutos, o jantar finalmente acaba e nos
despedimos da família Jones, mas quando já estou entrando dentro do meu
carro, papai me para, segurando no meu braço.
— Você vai para onde agora?
O velho me olha desconfiado, como se estivesse prevendo o que vou
fazer.
— Vou para uma das boates, depois de hoje preciso de uma mulher
muito gostosa para tirar a porra do meu estresse.
— Vê se não faz besteiras, Ethan, senão sua mãe te mata, sabe
muito bem como ela é.
— Eu não sou mais nenhuma criança, pai, e a maneira como vocês
dois me tratam já está me deixando de saco cheio.
Eu nem sei o motivo de ainda permitir que me controlem desse jeito,
me dando ordens como se eu fosse uma criança.
— Olha o respeito, garoto, tudo o que fazemos é para o seu bem.
— Pois já está na hora de pararem de fazer isso e me deixarem viver
a minha vida. — Nem espero ele responde e entro no carro, saindo em alta
velocidade.
Chegando a uma das nossas boates, vou direto para o escritório, ligo
o computador e dou ordens para que ninguém me incomode.
Eu tenho uma caça para fazer.
Se o meu pai se achava bom, sou dez vezes melhor do que ele, tanto
que consegui criar uma tecnologia que triplicou a fortuna do velho.
Como é a nossa empresa que faz toda a segurança de todos os hotéis
do grupo Smith, não demora muito até eu localizar a Ratinha. Segundo os
registros, ela está na suíte presidência com as minhas primas e com certeza
estão enchendo a cara, escondidas.
— Olha, olha o que temos aqui. Isso foi fácil demais, Aline. Está
facilitando muito, assim o jogo fica chato — digo sorrindo ao ver a Ratinha
entrando na minha armadilha.
A miserável até que é bonita, mas é uma peste e uma dor de cabeça
que não estou mais disposto a sentir.
Ela está entrando sozinha no elevador privado da suíte presidencial
e isso é tudo o que preciso, então sem pensar duas vezes com apenas um
click, paro o elevador e sorrio ao ver o susto que ela leva.
— Te peguei, Ratinha!
Vejo o desespero com que ela aperta o botão de emergência,
inutilmente, porque para todos os efeitos o elevador está funcionado
perfeitamente.
Pego o celular e resolvo fazer uma ligação para ver se ela está bem,
afinal de contas ela é minha quase prometida e amanhã será o aniversário
dela.
Não sou tão desalmado assim, eu me preocupo.
Faço a ligação e vejo através da câmera do elevador a supressa dela
em ver a minha ligação. Ela olha para a tela por alguns segundos antes de
resolver atender a ligação.
— O que você quer?
Um poço de educação, como sempre.
— Boa noite para você também, liguei para saber como está hoje já
que fugiu mais uma vez da porra do seu jantar. — Eu a vejo sorrir através
da câmera.
— Tudo o que lamento é não ter visto a sua cara de raiva, mais uma
vez fui mais esperta do que você, esse ponto é meu, Ethanzinho.
Ela sabe que eu odeio a porra desse apelido que ela me deu.
— Será mesmo? Não sou eu que estou trancado dentro do elevador.
Nessa hora ela se dá conta de que está nas minhas mãos.
— Ethan Parker, é você que está segurando o elevador? — pergunta
olhando para os lados.
— Acho que agora fui eu quem marcou o ponto e você vai ficar aí
até a minha raiva passar. Já vou logo avisando que ela não é pouca.
Ela está vermelha de raiva.
— Ethan, me deixa sair agora mesmo daqui.
— Nem pensar, você vai ficar aí e a partir de hoje vai pensar duas
vezes antes de querer cruzar o meu caminho novamente.
— Eu não quero nem ver o seu caminho, quanto mais cruzar com
ele. Por mim, nem ouvia dizer no seu nome. Eu não gosto de você, não amo
você e me casar com você vai ser a última coisa que vou fazer nesse
mundo.
— Nisso estamos de acordo, Ratinha.
Ela bufa de raiva e sorrio da cara que ela faz.
— Ratinha!? Quero ver você ser homem de me chamar de Ratinha
cara a cara, seu idiota. Agora me deixa sair daqui, tenho um encontro hoje.
Mas que porra essa mulher está falando?
— Você está no hotel com minhas primas, que história de encontro é
essa?
O que essa menina está aprontando agora?
— Eu não devo satisfação da minha vida a você, Ethan. Não é nada
para mim, apenas uma mísera poeira que vou limpar do meu caminho.
Você é insignificante.
— Você fugiu do maldito jantar para se encontrar com outro
homem? — Eu a deixo presa até amanhã se abrir a boca para dizer merda.
— Larga de ser babaca, Ethan, você faz muito pior do que eu,
comendo uma puta diferente a cada dia. Eu tenho as minhas necessidades,
meu querido, assim como você.
— Seus pais sabem disso? Sabem que a filha deles é...
— Olha lá o que você vai dizer, Ethan. Você não tem que se
importar com isso, em que século vive? Agora me deixa sair desse elevador,
já teve a sua chance e como sempre se comportou como um merda. Tenho
um cara muito mais homem do que você me esperando.
Se essa maldita queria me tirar do sério, ela conseguiu.
Ela botou pra cima de mim, quando fez dezoito anos e, é claro, que
eu a rejeite. Tudo o que ela queria era me usar para perder a virgindade, mas
a via ainda como uma adolescente teimosa e não como uma mulher.
— Eu vou foder uma mulher bem gostosa para tirar todo o estresse
que você me causou e só quando terminar, vou até aí tirar você do elevador
para te mostrar o homem que eu sou. Depois disso, não quero ver você nem
pintada de ouro na minha frente. Hoje acaba para nós dois.
— Não pode acabar algo que nunca nem começou, Ethan. Eu não
suporto você e nunca suportei. AGORA ME TIRA DAQUI.
— Pode gritar e espernear o quanto quiser que ninguém vai te
escutar, então poupe seus esforços. Até daqui duas horas. — Desligo o
telefone e a vejo gritar de raiva.
É claro que não vou deixá-la presa todo esse tempo, pois tudo o que
quero é dar um bom susto nela.
Daqui uns dez minutinhos, libero o elevador.
Sei que essa história de encontro ela só inventou para me irritar,
como sempre faz.
Mas hoje ensinei uma lição a essa garota mimada e espero que ela
tenha aprendido.
Eu a vejo andando de um lado para o outro e quando dá exatamente
dez minutos, libero o elevador para a surpresa dela.
Ela olha para a câmera de segurança e me mostra o dedo do meio,
ousada como sempre.
Mas a cena que se segue quando ela sai do elevador falta me fazer
cair da cadeira.
Eu a sigo pelas câmeras de segurança e vejo o exato momento em
que ela se joga nos braços de ninguém mais, ninguém menos do que meu
primo, Mateo.
A infeliz diz alguma coisa para ele, se aninhado em seus braços, em
seguida a leva para dentro do carro.
Mas não antes dele olhar para uma das câmeras.
Ele sabe que estou de olho.
Porém, o que eu não sabia era que esses dois se davam tão bem
assim e que meus problemas com Aline Jones, a minha quase noiva,
estavam apenas começando.
CAPÍTULO 2
ETHAN PARKER
Anos atrás...
Quando somos crianças tudo o que queremos é ser um super-herói,
ter o poder de voar, de se teletransportar de um lugar para o outro e era
exatamente esse o poder que queria ter nesse momento...
Um dos momentos mais desesperadores da minha vida, o momento
em que meu coração está prestes a morrer...
O momento em que a minha vida está à beira de um grande
precipício...
O momento em que mudaria todo o meu futuro e me quebraria de
uma maneira que seria impossível de ser reconstruída novamente...
O momento do meu fim.
Paro o carro em frente a uma clínica que parece ser abandonada,
desativada há muito tempo e desço correndo, desesperando para tentar
impedir que uma loucura seja cometia.
Mas ao entrar e ver a maneira que um dos meus homens me olha, sei
que já é tarde demais e o pior já aconteceu.
— Onde ela está? — pergunto indo até ele.
— Sinto muito, senhor...
— Onde aquela desgraçada está? Eu mesmo vou matá-la com as
minhas mãos.
— Quando chegamos aqui, ela já tinha conseguido escapar e o
aborto já tinha sido feito. Chegamos tarde demais, senhor. Ela simplesmente
sumiu, sem deixar rastros.
Dou um passo para trás como se estivesse sido atingindo com força
no estômago.
— Eu quero ver. — Olho para ele que arregala os olhos e me encara
como se eu fosse um louco.
— Senhor, é melhor não passar por isso.
— Eu não estou pedindo a porra da sua opinião. Quero ver os restos
mortais do meu filho e o médico filho da puta que ajudou aquela vadia
desgraçada a matar o meu bebê.
Ele sabe que não adianta me questionar mais, pois não vou mudar de
posição.
— Me siga.
Faço o que ele diz e o acompanho até uma sala.
Quando ele abre a porta, vejo o médico sentado em uma cadeira ao
lado de uma maca. Assim que me aproximo, vejo o que era para ser o meu
filho e sinto o meu peito se rasgar.
— Sinto muito, não tive escolha — o médico diz sem olhar para
trás, sabendo o que vai acontecer com ele.
— Sempre se tem uma escolha.
— No meu caso, eu não tinha. Eles estavam com a minha filha, com
uma arma apontada para a cabeça dela. Escolhi a vida da minha filha em
vez da vida dos seus filhos.
Eu vou para o lado dele e só assim, ele me encara.
— Você disse filhos? — pergunto querendo não acreditar no que
escutei.
— Eram gêmeos, senhor Parker, e se quiser me matar agora sinta-se
à vontade. Eu prefiro morrer agora a viver com o que eu fiz, mas escolhi a
vida da minha filha.
Pela primeira vez, em muitos anos, choro.
Choro sentindo uma dor no peito que não imaginei ser possível
sentir, é como se o meu coração estivesse sendo arrancado do meu corpo.
— Eu não vou te matar, não vai ser preciso. Você mesmo vai fazer
isso, se não quiser mais viver com essa dor na consciência que vai te
consumir a cada dia da sua vida, que vai te sufocar todas as vezes que você
olhar para o rosto da sua linda e preciosa filha, sabendo que matou os meus
filhos em troca do sorriso dela. Não existe castigo pior do que esse. — Eu
tiro a arma da cintura e a coloco em sua mão.
Em seguida, vou até à maca ensanguentada com os pedaços dos
meus filhos e dobro o lençol, os tirando de lá.
Pelo menos, um enterro digno vou poder dar a eles.
Quando me viro para sair, olho para o médico uma última vez e
digo:
— A sua vida agora está nas suas mãos. Saiba que você também
acabou de destruir a vida de um homem. — Eu me viro e saio da sala sem
olhar para trás.
Quando chego na saída, escuto o som de um tiro.
— O velho desgraçado tirou a própria vida — um dos meus homens
diz como isso fosse o suficiente.
— Tirou, mas isso não vai trazer a vida dos meus filhos de volta.
— Eu sinto muito mesmo, senhor, que esteja passando por isso.
Eu sei que suas palavras são verdadeiras.
Enquanto tudo é providenciado para o enterro dos meus filhos, um
exame de DNA é feito em tempo recorde.
Eu nem sabia que isso era capaz de ser feito tão rápido assim, mas
com dinheiro se consegue tudo e dinheiro é o que a minha família tem de
sobra.
Agora, eles já estão cientes da minha desgraça e não sairão do meu
lado, principalmente, a minha mãe que nesse momento me nina em seu colo
como se eu fosse uma criança desamparada.
E é exatamente assim que me sinto, desamparado pela vida.
Fui traído da pior maneira possível pela mulher que achava que me
amava de verdade, mas eu não passava de mais uma missão para a
desgraçada que me enganou direitinho.
Estou me sentindo o pior de todos os homens, fraco e enganado,
mas isso nunca mais vai acontecer, porque não entregarei o meu coração a
uma mulher novamente.
— O exame deu positivo, eles eram mesmo seus filhos, sinto muito,
Ethan. Eu imagino a dor que está sentindo nesse momento. — Meu pai
entra no quarto em que estou deitado no colo da minha mãe.
— Um dia vou encontrá-la e a matarei, papai — digo com o ódio
ardendo por cada fibra do meu ser.
— A morte vai ser muito pouco para uma mulher que tem coragem
de fazer o que ela fez, meu filho. Achei que tinha te ensinado direito. A
verdade, é dois vamos fazê-la implorar pela morte no dia em que
colocarmos as nossas mãos nela.
As palavras do meu pai me dão força para não desistir de caçar a
desgraçada por cada canto do mundo.
Ela vai ter que dormir o resto da vida com os dois olhos bem
abertos.
Os meus pais não sabiam que estava me envolvendo com uma
mulher, não a esse ponto. Eu sabia que eles nunca iriam aceitar nenhum
relacionamento meu por causa do maldito acordo que eles tem com a
família Jones.
Mas, no meu momento de dor, eles ficam ao meu lado, afinal eram
seus netos que foram mortos de uma forma cruel.
— Eu não quero mais ouvir dizer no nome dessa mulher, e você,
Ethan, vai voltar para casa hoje mesmo — minha mãe diz sem me dar
chance de recusar.
Mas eu não vou questioná-la, não agora, pois preciso de paz para
conseguir me levantar novamente.
— Temos que ir para o cemitério, está na hora.
Eu não precisava fazer isso, os médicos consideravam os restos
mortais dos meus filhos como material biológico que podiam ser
descartados, mas eu não ia fazer isso.
Eu era a porra do pai deles e eles vão ser enterrados como meus
filhos, afinal é o mínimo que posso fazer já que não consegui salvá-los.
Se eu tivesse conseguido encontrar a desagrada antes dela fazer isso,
a teria deixado amarrada os noves meses até que eles nascessem saudáveis e
depois eu mesmo a mataria.
Mas um dia eu ainda vou colocar as minhas mãos nela novamente.
— Vamos acabar logo com isso. — É tudo o que a minha mãe diz,
me fazendo levantar.
***
Depois do que parece uma eternidade, finalmente cheguei em casa,
no meu antigo quarto que está exatamente do jeito que deixei.
Tiro a roupa, entro no banheiro e vou para embaixo da ducha que sai
água gelada.
É isso que preciso para fazer o meu corpo reagir, fazer a minha
cabeça pensar, tentar colocar a minha vida nos eixos novamente.
Depois que termino de tomar banho, visto um roupão e saio do
banheiro, dando de cara com uma pessoa dentro do meu quarto, sentada na
cama.
Isso é a última coisa que preciso no momento, afinal não tenho
tempo e nem paciência para tratar com ela no momento.
— O que está fazendo aqui, Aline?
Ela se levanta e me encara.
— Amaya me contou o que aconteceu e sinto muito mesmo. Se
tivesse me falado teria ido com vocês ao cemitério.
Eu acabo sorrido, porque isso só pode ser mesmo uma piada de
muito mau gosto.
Aline Jones é uma das poucas pessoas que sabiam do meu caso, ela
descobriu por que teve a brilhante ideia de me seguir um dia e não percebi
nada.
Ela ficou puta de raiva nesse dia.
— Será que dá para você sair do meu quarto, ou melhor, sair da
minha vida e me deixar em paz de uma vez por todas, garota? Eu não
suporto mais você atrás de mim, não quero essa porra de compromisso, não
quero esse casamento. Olha para você... Será que não se enxerga? É uma
criança e sempre vai ser a porra de uma criança aos meus olhos. Agora cai
fora daqui e não apareça nunca mais na minha frente.
Eu não queria que ela presenciasse a minha destruição, o quanto
estou acabado. Preciso afastar essa menina da minha vida de uma vez por
todas, ou ela será tomada pela mesma escuridão que me domina agora.
Eu nunca vou poder ser o homem que ela merece, o homem que ela
espera que eu seja, o marido que a faça feliz.
Não sei quando foi que ela viu que poderia ter isso tudo de mim, já
que nunca dei esperanças nenhuma a ela.
— Eu posso ser uma criança ainda, Ethan, mas um dia eu vou
crescer, vou me tornar uma mulher e você vai implorar para estar comigo...
Aí, será a minha vez de te expulsar da minha vida.
Eu acabo sorrindo.
— É melhor esperar sentada, criança. Isso não vai acontecer.
Ela se aproxima da porta e me olha uma última vez antes de sair.
— Um dia, ainda vou ter forças o suficiente para desistir de você,
Ethan, e aí será você que irá correr atrás de mim. Guarde bem a porra das
minhas palavras. Mas no dia que isso acontecer, vai ser tarde demais para
nós dois.
— Não espere nunca isso de mim, Aline. Agora, fora daqui.
Ela sai batendo a porta com força, então vou até à mesinha de
cabeceira e pego a abajur, o jogando na parede, furiosos.
Será que essa menina não entende que estou a afastando da minha
vida para o bem dela?
Eu tenho que arrumar uma maneira de acabar com isso antes que ela
se iluda mais com a possibilidade de um casamento no futuro.
Eu nunca mais vou me envolver com uma mulher e não vou poder
dar a ela a vida que sonha.
Aline é uma garota mimada que sempre teve tudo o que quis na
vida.
Mas ela está enganada se pensa que sou o príncipe encantado dos
seus sonhos.
Eu sou agora um homem machucado, com uma ferida aberta que
dificilmente irá cicatrizar um dia.
Ela não pode ficar perto de mim...
Ela merece muito mais.
CAPÍTULO 3
ALINE JONES
Sair escondida do meu jantar antecipado de aniversário é
molezinha, pois meus pais sabem muito bem que não conseguem me
segurar mesmo que tentem.
Eu já sou adulta o suficiente para tomar as minhas decisões.
A quem eu quero enganar?
Essa é a pergunta que está sem resposta na minha vida desde que
aquele desgraçado passou a me rejeitar na maior cara de pau. Na verdade,
ele sempre fez isso e eu fingia que não via.
Mas isso vai mudar, ou não me chamo Aline Jones.
— Johnzinho... — digo chegando perto do segurança da mansão.
— Lá vem você de novo. Tenho até medo quando você me chama
assim, menina.
Que mania todo mundo tem de me chamar de menina.
— Eu não sou uma menina. Será que não consegue perceber isso?
Ele me encara e aperta o meu nariz, como se eu fosse uma criança,
apenas para me irritar.
— Sempre será uma menina aos meus olhos, agora diga o que você
quer?
Eu não vou nem discutir porque não adianta, afinal esse velho é um
caso perdido.
— Você vai me ajudar a sair sem que ninguém perceba.
Ele me encara e balança a cabeça.
— E o seu jantar de aniversário? O seu noivo já deve estar chegando
aí. Vai fugir dele de novo?
— Eu não tenho noivo nenhum. Por algum acaso, está vendo um
anel de noivado no meu dedo? Não, né? Agora você vai ter que me ajudar a
sair dessa casa para evitar mais um ano de constrangimento. Porque é isso
que sinto a cada ano dessa loucura, constrangimento por ter que jantar e
comemorar o meu aniversário com um homem que claramente não me quer
como sua esposa e nem como companheira. — Termino de dizer de cabeça
baixa, mas quando levanto as vistas, John está me encarando com uma
sobrancelha levantada.
— Você fica melhor a cada ano que passa, deveria ter estudado para
ser atriz e não para artista plástica como a sua mãe.
Eu acabo rindo.
— E não é que estou ficando boa mesmo. Eu treinei a semana toda
na frente do espelho.
— Vai usar esse discurso com quem dessa vez? Seu pai, sua mãe ou
com a sua madrinha para que ela venha interceder por você.
— Eu não sei ainda, tenho que analisar com cuidado as partes. A
minha madrinha está a um pequeno passo de ser corrompida, o meu
padrinho é o único que está cem por cento do meu lado. Ele sim, é um
homem sábio.
— Fazer tudo o que você quer, é ser um homem sábio? — ele
pergunta querendo rir.
Meus padrinhos não tiveram filhas, apenas dois filhos insuportáveis,
então eu me dei muito bem.
— Mas é claro. Agora me ajuda, John, estou pedindo por favor.
— Tem certeza de que quer mesmo fazer isso?
Abro o meu sorriso para o meu fiel ajudante de fugas.
— Não quero participar disso. Eu não vou mais ser obrigada a isso,
depois desse ano eles desistem, afinal vai ser vergonhoso eu sumir pelo
terceiro ano consecutivo.
John respira fundo e volta a me encarar.
— É o seu aniversário, deveria comemorar.
— E eu vou fazer isso. Só não vou fazer na companhia desagradável
de Ethan Parker.
— Para onde você vai dessa vez?
Ele sempre me enche de perguntas antes de me ajudar com as
minhas loucuras.
— Não se preocupe, vou me encontrar rapidamente com algumas
amigas no hotel Smith e depois vou sair com o Mateo. Você o conhece,
somos amigos.
Ele me encara por alguns segundo até que diz:
— Você tem cinco minutos para sumir da minha frente e finjo que
você nem passou por aqui.
Eu pulo no pescoço dele e beijo a sua bochecha.
— Obrigada, John, você é o melhor de todos.
Ele sorri.
— É claro que eu sou, afinal sou o único que te ajuda nas suas
loucuras, menina. Agora cai fora antes que o seu pai apareça e tome
cuidado, qualquer coisa me liga.
— Pode deixar. E, John, nem tudo o que falei faz parte só do meu
discurso e encenação, também tem verdades naquelas palavras.
Ele bagunça o meu cabelo.
— Eu sei disso, menina, é claro que eu sei disso. Mas ainda acho
que essa sua atitude não é a melhor forma de resolver o problema. Agora
vá.
Sem esperar mais para ser pega pela minha família, saio, mas não no
meu carro que tem rastreador e para o meu pai me encontrar seria questão
de minutos.
Peço um táxi e aguardo.
***
Quando chego ao meu destino, vou direito para a suíte presidencial
onde as minhas amigas já esperam por mim e fazemos a maior bagunça.
Eu me sinto feliz na presença delas, mais do que me sinto em casa
com toda aquela pressão em cima de mim.
— Como você conseguiu dessa vez? O seu irmão te ajudou? —
Alice, uma das minhas amiga, pergunta.
— Não, dessa vez deixei o meu irmão fora dessa. Hoje o John foi o
escolhido.
Elas sorriem.
— O meu irmão vai ficar possesso de raiva. Eu daria tudo para ver a
cara dele — Amaya, que teoricamente é para ser a minha futura cunhada,
diz se divertindo.
— Eu sinceramente não entendo essa do Ethan. Ele não quer o
casamento, mas também não faz nada para acabar com esse compromisso
— Alisha, que é irmã gêmea de Alice, comenta enchendo a minha taça de
champanhe.
— Vai entender a cabeça dos homens, são todos uns idiotas —
Louise, a responsável pela nossa pequena comemoração, comenta bebendo
de uma vez o líquido espumante.
Ela é filha dos donos do hotel e o irmão dela é o meu melhor amigo
da vida inteira.
— Nem tudo nessa vida é perfeito, meninas, tinha que existir uma
raça para nos dar dor de cabeça — Alice diz.
— E como eles dão dor de cabeça. A vontade e de exterminá-los da
face da Terra — Amaya diz apertando a taça em sua mão e eu começo a rir,
afinal já percebi alguma coisa entre ela e o meu irmão.
— O que o meu irmão fez dessa vez para te deixar tão amarga e com
raiva da raça masculina?
Todas nós olhamos para ela, aguardando a resposta.
— Ele nasceu, Aline, ele nasceu.
Caímos na gargalhada.
— Pelo menos as nossas famílias não inventaram um compromisso
para vocês dois, essa maldição recaiu sobre mim.
— Aí, Aline, não diz assim, desse jeito parece que o meu irmão é
um demônio — Amaya completa.
— O seu irmão está mais para um diabo, demônio é pouco para ele.
— Ainda bem que estou livre disso, meu pai diz em me deixar livre
para ser solteira o resto da vida se eu quiser — Louise diz satisfeita,
tomando champanhe.
— Sorte essa que eu não tive, já nasci comprometida com Ethan
Parker. Mas isso vai mudar... Ah, mas vai.
— O que você vai fazer, Aline? — Amaya pergunta com receio.
— Vou fazer com que Ethan Parker acabe com esse compromisso.
CAPÍTULO 4
ALINE JONES
Depois de algumas horas com as minhas amigas no hotel e de
inúmeras ligações não atendidas dos meus pais e do meu irmão, resolvo ir
embora para receber o meu amigo que me mandou uma mensagem dizendo
que tem um presente de aniversário para me dar.
E é claro que não penso duas vezes antes de ir até ele...
Mateo Smith.
Somos amigos desde sempre e vamos dizer que sou boa em
convencê-lo a fazer algumas coisinhas.
Ele é o herdeiro da fortuna da família Smith, irmão de Louise e
primo das gêmeas, mas isso, para nós, nunca importou.
Dinheiro nunca foi um problema para as nossas famílias e o que nos
interessa mesmo é a nossa amizade verdadeira, já que muitas pessoas se
aproximam de nós, por completo interesse.
Mas isso é um fato com o qual aprendemos a conviver com o passar
dos anos.
Me despeço das meninas e vou para o elevador privado da suíte
onde estamos.
Assim que ele começa a descer para de repente, me assustando.
Eu já assisti muito filme de terror para saber como uma pessoa
morre presa dentro de um elevador.
Meu Deus, eu vou morrer!
Começo a apertar o botão com desespero, mas nada funciona.
É como se o elevador estivesse parado e sido desligado, mas como
isso aconteceu eu não sei.
Já estou prestes a gritar quando meu celular toca e ao tirá-lo do
bolso vejo o nome de Ethan Parker brilhando na tela, fazendo o meu
coração traidor do meu cérebro bater acelerado. Então, antes que o meu
coração saia pela boca, atendo a ligação no estilo Aline Jones, criado
especialmente para ele.
— O que você quer? — Esse é o estilo Aline Jones, direto e sem
educação.
— Boa noite para você também. Liguei para saber como você está
hoje, já que fugiu mais uma vez da porra do seu jantar.
O sorriso que saí dos meus lábios é de pura satisfação.
— Tudo o que lamento é não ter visto a sua cara de raiva, afinal
mais uma vez fui mais esperta do que você. Esse ponto é meu, Ethanzinho.
— Eu o chamo pelo apelido que coloquei quando era criança e que ele
odeia mais que tudo nesse mundo, porque na época todos começaram a
chamá-lo assim, pois achavam bonitinho a maneira como o apelido saia dos
meus lábios.
— Será mesmo? Não sou eu que estou trancado dentro do elevador.
Mas que desgraçado, filho da pu...
A tia Andreza não merece ser xingada desse jeito.
— Ethan Parker, é você que está segurando o elevador? — pergunto
sem paciência nenhuma, olhando para os lados, tentando achar uma solução
para sair daqui.
É claro que é ele que está fazendo isso.
— Acho que agora fui eu quem marcou o ponto e você vai ficar aí
até a minha raiva passar. Já vou logo avisando que ela não é pouca.
Eu vou matá-lo com as minhas mãos, desgraçado, cretino.
Como ele ousa me prender dentro da porra de um elevador?
— ETHAN, ME DEIXA SAIR AGORA MESMO DAQUI — grito
no telefone, já sem paciência para as gracinhas dele.
— Nem pensar, você vai ficar aí e a partir de hoje vai pensar duas
vezes antes de querer cruzar o meu caminho novamente.
Esse desgraçado não perde por esperar.
Eu queria pegar leve com ele, conversar como dois adultos
civilizados, mas ele já começa a porra do jogo pegando pesando, pois, que
aguente as consequências então.
— Eu não quero nem ver o seu caminho, quanto mais cruzar com
ele. Por mim, eu nem ouvia mais dizer no seu nome. Eu não gosto de você,
eu não amo você e me casar com você vai ser a última coisa que vou fazer
nesse mundo. — Despejo todas as minhas meias verdades na cara dele, sem
nem respirar direito.
— Nisso estamos de acordo, Ratinha.
Mas que filho da mãe, idiota!
Como ele se atreve a me chamar de Ratinha?
— Ratinha!? Quero ver você ser homem de me chamar de Ratinha
cara a cara, seu idiota. Agora me deixa sair daqui, tenho um encontro hoje.
De onde foi que eu tirei isso, meu Deus?
Mas esse homem tem o poder de me deixar louca.
— Você está no hotel com as minhas primas, que história de
encontro é essa?
Eu chego a olhar para a tela do celular, apenas para ter certeza de
que estou realmente falando com o Ethanzinho.
Será que eu senti mesmo uma pitadinha de ciúmes nessa pergunta
dele?
— Eu não devo satisfação da minha vida a você, Ethan. Você não é
nada para mim, apenas uma mísera poeira que vou limpar do meu caminho.
Você é insignificante. — Agora consegui irritá-lo, tenho certeza disso.
Homem nenhum gosta de se sentir menosprezado.
— Você fugiu do maldito jantar para se encontrar com outro
homem? —
A minha vontade é de fazer a dancinha da vitória, afinal o idiota está
com ciúmes.
Ethan nunca sente ciúmes, ele é como se fosse um robô sem alma e
sem coração.
— Larga de ser babaca, Ethan. Você faz muito pior do que eu,
comendo uma puta diferente a cada dia. Eu tenho as minhas necessidades,
meu querido, assim como você.
Jesus, eu sou louca, mas ele não vai saber que sou virgem de jeito
nenhum. Ele teve a chance dele e desperdiçou, idiota.
Ainda tem coragem de se envolver com outras mulheres e nem faz
questão de esconder.
— Seus pais sabem disso? Sabem que a filha deles é...
— Olha lá o que você vai dizer, Ethan. Você não tem que se
importar com isso. Em que século você vive? Agora me deixa sair desse
elevador, já teve a sua chance e como sempre se comportou como um
merda. Tenho um cara muito mais homem do que você me esperando. —
Foi mal Mateo, mas tive que envolver você para me salvar do elevador
amaldiçoado.
— Eu vou foder uma mulher bem gostosa para tirar todo o estresse
que você me causo. Só quando eu terminar, vou até aí tirar você do
elevador e te mostrar o homem que eu sou. Depois disso, não quero ver
você nem pintada de ouro na minha frente. Hoje acaba para nós dois.
Desgraçado, ele sabe exatamente o que dizer para me ferir. Tenho
que encontrar um jeito de tirar esse homem da minha vida e do meu
coração, afinal a dor de amá-lo eu já não suporto mais e está me matando
um pouquinho a cada dia.
— Não pode acabar algo que nunca começou, Ethan. Eu não suporto
você e nunca suportei. AGORA ME TIRA DAQUI — grito para ver se ele
entende de uma vez que tem que me deixar sair.
— Pode gritar e espernear o quanto quiser que ninguém vai te
escutar, então, poupe seus esforços. Até daqui umas duas horas.
O infeliz desliga o telefone na minha cara, sem nem me deixar
xingá-lo novamente.
Eu fico andando de um lado para o outro contando os minutos.
Se ele me deixar presa aqui por duas horas, vou até à mansão Parker
chorar por duas horas nos braços da mãe dele, assim o idiota se lasca de
vez.
Eu sei que ele está me vendo pelas câmeras de segurança do
elevador, afinal ele é o melhor nessa coisa de hackear e por isso estou nessa
situação lastimável.
Encaro a câmera e mostro o dedo do meio, como se fosse uma
pirralha mimada, exatamente como ele me enxerga.
Os minutos passam e quando já estou entrando em desespero, o
elevador começa a entrar em movimento para o meu alívio.
Essa gracinha vai custar muito cara para Ethan Parker...
Ah, mas vai!
Ele que me aguarde.
Saio do elevador já quase sem folego, é como se estivesse presa
dentro de uma lata apertada.
Quando vejo Mateo me esperando me jogo nos braços dele, me
sentindo protegida.
— Ethan me trancou dentro do elevador e fiquei apavorada, Mateo.
Ele levanta o rosto, olhando para algo que não vejo e passa as mãos
nas minhas costas.
— Vamos jantar, já sei que fugiu de novo e encher a cara com a
minha irmã e primas não vai resolver o seu problema. Seu presente de
aniversário está no carro.
Olho para ele que beija a minha testa e nos conduz até o carro.
— Abre o porta-luvas — Mateo diz assim que coloca o carro em
movimento.
Eu faço o que ele diz e vejo uma sacolinha linda.
— O que é isso? — pergunto pegando a sacolinha.
— Abra, espero que você goste. Mandei fazer especialmente para
você, baixinha.
Eu abro e dentro tem um estojo de veludo.
— Mateo o que você fez?
— Abre logo o estojo de uma vez, desde quando você faz tanta
cerimônia?
Acabo sorrindo e abro o estojo, encontrando uma linda gargantilha
com um pingente com a letra A cravejada de diamantes.
É uma joia linda e fico emocionada, porque ele mesmo sendo um
homem importante e muito ocupado tirou um tempo para mandar fazer um
presente que teria um significado especial.
— Obrigada, Mateo. — Engulo o choro para ele não ficar fazendo
pouco de mim e depois ficar me chamando de chorona.
— O que ele te deu de presente?
Eu sei muito bem a quem ele está se referindo.
— Nada, Ethan nunca me deu nada, Mateo. A única coisa que ele
me dá é dor de cabeça e muita raiva.
— Como assim, ele nunca te deu nada, Aline? É a prometida dele.
Respiro fundo e balanço a cabeça.
— Os presentes que já ganhei foram a senhora Parker que me deu
em nome dele. A última vez em que participei do meu jantar de aniversário,
o escutei no telefone falando com alguém, dizendo que obrigá-lo a
participar daquilo era uma perda de tempo e que os presentes que eu
ganhava era a mãe dele que comprava, que ele é um homem ocupado
demais para esse tipo de banalidade. Desde então, eu...
Ele me interrompe.
— Você foge dos jantares de aniversário.
Eu balanço a cabeça, concordando.
— Isso mesmo, eu fujo.
Ficamos em silêncio e tudo o que faço é acariciar a joia em minhas
mãos, já Mateo está com uma cara de quem quer matar alguém.
CAPÍTULO 5
ETHAN PARKER
“Não pode acabar algo que nunca começou, Ethan. Eu não
suporto você e nunca suportei.”
Essas palavras ecoam na minha cabeça repetidamente, sem me
deixar concentrar na porra do meu trabalho que já não é pouco.
O que passa na cabeça dessa menina?
Ela vem mudando muito ultimamente e vem ser mostrando pior do
que já era antes.
Mas que porra!
Como assim, ela não me suporta se sempre esteve atrás de mim?
Tem alguma coisa errada com...
— Chefe!
Sou tirado dos meus pensamentos com um dos seguranças da boate
batendo à porta do meu escritório e entrando.
— O que aconteceu?
— O seu primo, Mateo, está aí fora. Ele quer vê-lo.
— Pode deixá-lo entrar.
— Sim, senhor. — Ele balança a cabeça e sai.
Segundos depois, Mateo entra.
— Ethan.
— Mateo, o que te atrás aqui a essa hora da noite? — Levanto e vou
até o bar que tem na sala, então nos sirvo de um excelente uísque.
Entrego o copo para ele que logo em seguida se senta no sofá e eu
me encosto na minha mesa.
— Acho que sabe muito bem com quem eu estava — ele diz me
encarado, tomando um gole do uísque, enquanto eu apenas sorrio.
— O que estava fazendo com ela? — pergunto bebendo também.
Ele me encara como se estivesse surpreso com a minha pergunta.
— Estava fazendo um papel que era para você fazer, levando a sua
garota para jantar.
Essa conversa não vai acabar bem.
— Ela fugiu do nosso jantar, Mateo, de novo, pelo terceiro ano
consecutivo. Eu não vou mais me prestar a esse papel, Aline foi longe
demais — digo lembrado da raiva que senti quando soube que a infeliz
tinha escapado de novo.
— E por algum acaso você já perguntou a ela o porquê diabos ela
vem fazendo isso nos últimos anos?
— Eu não preciso perguntar, sei muito bem o porquê. Ela faz isso
para me enlouquecer. Mas vou acabar com essa palhaçada de jantares de
aniversário, esse foi o último que me prestei a isso e já ensinei uma lição a
ela. — Lembro da expressão dela trancada dentro do elevador.
— Acha mesmo que Aline Jones aprendeu a lição só porque você a
trancou no elevador? Ethan, achei realmente que você fosse mais esperto já
que tem a cabeça de um gênio. Você apenas a deixou mais chateada do que
já estava com você.
— Eu não me importo, Mateo. Sinceramente, não entendo o que se
passa pela cabeça da Aline. Eu nunca dei nenhuma abertura para que ela
pudesse vir a desenvolver sentimentos por mim, nunca fiz isso, cara, e ela...
— Eu paro de dizer sem saber como explicar a porra da situação a ele.
— Você deixou isso ir longe demais, Ethan — ele diz como se essa
merda toda fosse ideia minha.
— Eu, Mateo? Sabe muito bem que isso é ideia dos nossos pais,
essa menina já nasceu comprometida comigo. Aline Jones nasceu para ser a
minha esposa. — Mas que merda é essa que estou falando?
— Mas você não quer isso.
— Não, Mateo, eu não quero isso. Eu não quero esse compromisso.
Não quero esse noivado e muito menos o casamento.
— Você, como homem, e como o mais experiente nessa relação de
ódio de vocês dois deveria já ter colocado um ponto final nisso. Aline vive
para te provocar apenas para chamar a sua atenção, porque só fazendo isso
para você olhar para ela. Esse foi o meio que ela encontrou de ter você por
perto.
— Acha mesmo que eu já não queria ter acabado com isso? Eu tento
me livrar desse compromisso há anos, mas parece que os meus pais não me
escutam e os dela também não.
Mateo apenas sorri e termina de beber o líquido que tem no copo
que ele segura.
— Eu não queria estar na sua pele, primo. Entendo o seu lado, mas
também entendo o lado de Aline. Ela é minha amiga e tenho um apreço
muito grande por ela.
— Então já que gosta tanto dela assim, por que não se casa com ela
e me livra desse problema de uma vez?
Ele coloca o copo na mesinha que tem ao lado do sofá e se levanta
vindo até mim. Quando estamos próximos o suficiente, ele limpa uma
sujeira invisível do meu terno.
— Porque ela não nasceu para ser minha, mas para ser sua. Sua
mulher, sua responsabilidade e sua esposa. Agora, se você não quer isso, aja
como um homem de verdade e termine esse compromisso de uma vez.
Deixe a Aline livre para viver a vida dela, assim como você vive a porra da
sua.
Eu entendo muito bem o que ele diz.
Aline viver a vida dela, como eu vivo a minha, eu não seu porquê,
mas não gostei muito dessa ideia.
— Eu nunca a proibi de viver, nunca fui empecilho para ela fazer
nada que quisesse. — O que eu digo é verdade, nunca fui empecilho para
Aline fazer o bem quisesse da sua vida.
Agora, se ela não viveu foi porque não quis.
— Você pode não ter impedido e nem ter sido empecilho para que
ela vivesse e fizesse o que bem entendesse, mas o compromisso que vocês
dois tem, a palavra dada entre as famílias a impediu de fazer muita coisa, de
ter experiências que ela precisava viver para amadurecer. Então, Ethan, se
você realmente não quer nada disso, faça um favor para si mesmo e para
ela, termine com tudo, acabe com tudo e coloque um ponto final nessa
história.
Essa é a primeira vez que Mateo conversa comigo sobre Aline e a
nossa história de ódio, e eu realmente não estou entendendo onde ele quer
chegar.
— Foi ela quem te mandou vir até aqui para dizer isso tudo? Ela não
grita para os quatro ventos que já é adulta o suficiente para ter uma opinião
própria. Então, por que ela não veio aqui dizer comigo pessoalmente? Ela
não é mulher o suficiente para fazer isso?
Mateo acaba sorrindo do que eu digo.
— Tem certeza de que quer Aline vindo aqui na sua boate para
conversar com você? Sabe muito bem o caminho que ela iria ter que fazer
até aqui no seu escritório.
Porra!
Esse babaca tem razão, essa não é uma boa ideia.
— O que é então, Mateo? Veio aqui para quê?
Ele se aproxima mais ainda de mim, me segura pela lapela do terno
e me encara de um jeito que nunca tinha feito antes.
— Eu vim aqui apenas para dar uma ordem a você. Escute bem,
Ethan, é uma ordem e não um pedido e tenho certeza de que você não vai
querer ir contra mim.
— Que porra é essa, Mateo? — Tento me soltar, mas ele não
permite.
— Você vai comprar todos os presentes de aniversários que Aline
Jones merece ganhar, todos os presentes que você nunca teve coragem de
dar a ela em todos esses anos e não é qualquer presentinho não. Você vai
comprar o que tiver de melhor e vai dar a ela amanhã. Eu vou saber se fez
isso ou não. Eu te garanto que você não vai me querer amanhã à noite na
sua sala acompanhado dos seus pais.
Mas que desgraçado, filho de uma mãe!
— Mateo, você não ousaria fazer isso?
Ele me solta e se afasta.
— Devemos respeito e obediência aos nossos pais, Ethan, ou você
tem a ilusão de achar que a minha vida é perfeita?
“Eu tenho que baixar a cabeça para todas as decisões que o meu pai
toma e ainda dizer: “sim, senhor”, porque assim como você, sou apenas o
presidente de uma grande empresa, que faz todo o trabalho pesado, mas a
ordem final é do CEO, o meu pai.
“Mas você, Ethan, tem mais liberdade do que eu, então tente fazer
as coisas diferentes.
“Você está a um passo de se tornar o CEO da Shield Security, já
manda e desmanda em tudo.
“Você triplicou a fortuna do tio Dylan, ele confia em você.”
— Você tem razão, primo, meu pai confia em mim, para fazer tudo,
exceto tomar a decisão de romper com a porra desse compromisso de
casamento.
— Então, você tem um grande problema. Porque pelo que entendi
você joga a bomba da decisão para Aline, assim como ela joga para você.
Estão os dois um esperando pelo outro e assim os anos vão passado.
Mais uma vez ele tem razão no que diz.
— Eu não vou comprar presente nenhum, a minha mãe já deve ter
feito isso.
Mateo me encara e sorri.
— Você vai sim. Vai comprar e vai comprar muitos presentes, todos
os que você deveria ter comprado em todos esses anos. E não me faça ter
que vir aqui amanhã para ter que arrastá-lo apenas para fazer isso. Eu tenho
trabalho demais na empresa e se eu me estressar com a porra do seu
problema, vai dar muito ruim para o seu lado, Ethan.
— Por que está fazendo isso, Mateo? — pergunto e nos encaramos.
— Porque a baixinha merece muito mais do que você dá a ela,
Ethan. E, no fundo, você sabe disso. Ela estava lá para você quando
ninguém mais estava e mesmo contra a sua vontade, ela ficou do seu lado
quando precisou dela.
Ele deveria ter começado por isso desde a hora que chegou, assim já
teria me convencido e economizado tempo.
CAPÍTULO 6
ALINE JONES
Chego em casa tarde da noite e entro na pontinha do pé, já que está
tudo escuro e com certeza os meus pais já estão dormindo, assim só vou
levar mais uma bronca amanhã.
O dia de hoje para mim, já deu o que tinha que dar.
Subo cada degrau da escada, satisfeita com o meu feito de ter
escapado mais uma vez e não ter sido pega.
Chego no meu quarto, sorridente com o presente que o Mateo me
deu nas mãos, então, assim que entro no quarto e acendo as luzes...
— Porra, pai, assim me mata de susto! — digo colocando a mão no
peito tentado acalmar o meu coração, mas o olhar que recebo me faz ficar
arrepiada.
— Aline Jones! — ele diz de forma seria, me encarando.
— Anthony Jones, já não era para o senhor ter tomado o seu
remedinho e ter ido dormir? — Faço a pergunta sabendo que acabei de me
ferrar mais ainda.
— Eu não tomo remedinho nenhum, sua garota mimada, o que foi
que passou pela sua...
Eu o interrompo antes que continue falando.
— Nem começa, papai, a minha cabeça já está cheia da mesma
conversa de sempre. Eu já sei de trás para frente tudo o que o senhor vai
dizer, porque o discurso não muda nunca, é a sempre a mesma merda.
Ele se remexe na poltrona rosa onde está sentado e me olha
atentamente guardar o presente que ganhei.
— Quem te deu isso, Aline? Só de olhar dar para saber que é uma
joia exclusiva e cara pela quantidade de diamantes que tem — ele pergunta
mais sério do que deveria.
— Mateo, ele meu deu esse presente e eu amei.
Ele respira fundo e passa a mão pelo cabelo.
— Por que fugiu de novo?
É sempre a mesma pergunta.
— Porque não estava a fim de participar desse circo de novo, e já
fique avisado que ano que vem vou fazer a mesma coisa se insistirem nisso.
— Ethan não gostou nadinha de você...
— Eu quero que o Ethan vá para o inferno, papai. Para o inferno —
digo com raiva, lembrando que o idiota me prendeu no elevador.
— Aline!
— Pai, por favor — digo o encarando parada na frente dele que se
levanta e me abraça.
— Meu coração, o que está acontecendo com você? — Ele me
aperta em seus braços e o abraço me sentindo protegida pelo meu pai.
— Eu não sei, pai, eu só estou me cansando de tudo isso — digo a
verdade sendo sincera com o meu pai.
— Você sempre o amou, Aline. O que mudou? O que aconteceu que
você não me conta?
Eu acabo derramando uma lágrima traidora que escorre pelo meu
rosto.
— Eu apenas me iludi com algo que nunca vai acontecer, pai. E, no
fundo, o senhor sabe disso.
Ele acaricia o meu cabelo e beija a minha testa.
— Você é a minha garotinha mimada, mas eu dei a minha palavra ao
Dylan, porque você não escondia de ninguém que gostava do Ethan. Agora
terá que ter paciência para que eu encontre uma solução para isso.
Eu entendo a posição que coloquei a minha família.
— Ele não me ama, papai, nós sabemos disso. Todos sabem, até
mesmo os pais dele.
Ele acaricia a minha bochecha.
— Você ainda gosta dele? Você ama o Ethan Parker, minha filha?
Paro alguns segundo para pensar na resposta para a pergunta que ele
me fez.
— Só o meu amor não é o suficiente, papai, e o senhor sabe disso.
Ele sorri sem querer e me abraça novamente.
— Não faça nenhuma besteira e se comporte pelo amor de Deus,
Aline. Você é a cópia perfeita da sua madrinha misturada com a teimosia da
sua mãe.
Eu acabo sorrindo do que ele diz.
— Meu padrinho sempre diz que eu deveria ter nascido filha dele.
Sabe, o senhor também não é um santo, não é mesmo? Sei muito bem a
vida que tinha antes da mamãe.
— Por Deus, menina, quem te contou mentiras ao meu respeito? —
ele diz tão sério que até parece mesmo que era um santo.
— A mamãe, a vovó, o vovô, o meu padrinho, a minha...
— Tá bom, já entendi. A minha fama não era uma das melhores,
mas a sua mãe me colocou na linha e hoje eu sou um santo.
— Você está longe de ser um santo, Anthony, agora já para o quarto.
— Minha mãe entra no cômodo assim que papai termina de dizer.
É tão lindo a maneira como eles se amam, era isso que eu queria
para mim, um amor como o deles.
— Achei que já estava dormindo, amor? — ele diz cheio de carinho.
— E eu estava, mas acordei e não vi você na cama, então me
levantei para ver se você estava bem e te encontrei aqui. — Minha mãe vai
até ele e os dois se beijam.
— Acho bom saírem do meu quarto antes que resolvam se pegar na
minha cama — digo me sentando no colchão, mas o sorriso safado que o
meu pai dá para a minha mãe me dá certeza de que eles já fizeram isso.
— Não me digam que vocês dois já se pegaram na minha cama? —
pergunto sem acreditar.
— Mais de uma vez — minha mãe responde.
— Diz sério, mãe.
— Já fizemos no quarto do seu irmão também, então não está
sozinha nessa. Agora onde diabos você estava, menina? Tem noção do
tamanho da vergonha que seu pai e eu sentimos? O Ethan...
— Eu não quero saber do Ethan, mamãe, e já conversei com o meu
pai sobre isso.
Ela olha para o meu pai que balança a cabeça.
— Tudo bem, mas pelo menos ligue para a Andreza e se desculpe.
Ela gosta muito de você, independente se você e o Ethan vão ficar juntos ou
não.
— Tudo bem, amanhã eu ligo para ela. Mas agora quero saber se
vão romper o compromisso entre as famílias ou não? Quando pretendem
fazer isso?
Meu pai sorri, vem até mim e beija o topo da minha cabeça.
— Como você mesma disse, nós já conversamos, Aline, e o que eu
disse foi que você deveria ter paciência. Esse é um compromisso de anos
que até pouco tempo atrás você aceitava de muito bom grado.
— Papai, esse é o terceiro ano que eu fujo do meu jantar de
aniversário, então já não faz tão pouco tempo assim. Eu já não quero mais
isso há anos, mas vocês pareciam não me escutar.
Eles dois me olham e sei o que esse olhar significa.
— Paciência é uma virtude e você terá que ter, pelo menos por
enquanto, até que eu converse com o Dylan para resolver essa situação.
— Promete? — pergunto e meu pai respira fundo.
— Prometo, Aline, só não fique me pressionado. Estamos falando
de Dylan Parker e aquele homem sonha com esse casamento desde o dia em
que você nasceu.
— Eu também, papai, o problema é que o filho dele não tem esse
mesmo sonho e não vou ficar presa nisso.
— Aline, olha o respeito, garota. O seu pai disse que vai conversar
com o Dylan, então você vai esperar. Enquanto isso vida que segue.
Eu me jogo para trás na cama.
— Que saco de vida!
— É um saco, mas é a sua vida. E a sua vida vai piorar muito se não
me mostrar a evolução da tela que está pintando. Não vai trabalhar na
minha Galeria de arte sem antes me mostrar o seu talento.
Eu me sento novamente na cama e olho para a mulher que se diz ser
a minha mãe, sem acreditar no que ela diz.
— Eu fui a melhor da minha turma, mamãe. Como pode dizer isso?
Ela sorri e o meu pai se encosta na porta, esperando pela esposa.
— Ser a melhor da turma não quer dizer que você é boa, mas que foi
a mais esforçada de todos. E ser a minha filha não te dará prioridade, então
se esforce e me mostre do que é realmente capaz. Faça isso e Nova York
será sua no momento certo.
Isso sim, que é um grande estímulo e um sonho.
Quando eu finalmente puder ir para Nova York vou fazer também o
meu curso de fotografia que eu adoro.
— Vou surpreender a senhora — digo com convicção e ela sorri.
— Não espero menos de você. Sei do que é capaz de realizar,
porque fui eu que te criei e te ensinei tudo o que eu sei. Você, minha filha,
tem tudo para ser muito maior do que eu sou. O meu sonho é que você me
supere e assim herdará tudo o que é meu, incluindo as ações do grupo Jones
que me pertencem e as minhas Galerias de arte.
Esse também é o meu sonho, sou apaixonada por tintas e telas assim
como a minha mãe, mas não faço muita questão das ações da empresa do
meu pai, elas podem ficar todas para o meu irmão, ele sim, ama esse mundo
empresarial.
— Eu não vou decepcioná-la, mamãe.
— Eu sei que não, minha querida, agora vá dormir e o seu presente
de aniversário está no seu closet.
— Presente de quem?
— Do Ethan, Andreza me entregou assim que eles chegaram. Boa
noite, querida — ela diz me beijando.
— Boa noite, mãe.
Ela sai do meu junto com o meu pai e me levanto indo para o meu
closet.
Quando entro, vejo o embrulho em cima da minha penteadeira.
Abro o pacote e vejo uma linda bolsa de luxo, edição limitada de uma
famosa marca, um presente que Ethan nunca perderia seu preciso tempo
para comprar pra mim, mas sei que a senhora Parker comprou de coração,
então é a ela que vou agradecer amanhã.
Já o cretino do filho dela que me aguarde, ele vai pagar muito caro
pelo que me fez hoje.
Ah, mas vai.
Se prepare, Ethan Parker, Aline Jones está chegando.
Se não vou me livrar desse compromisso por bem, vai ser por mal e
vai ser você que irá terminar tudo, então finalmente ficarei livre.
O plano perfeito.
CAPÍTULO 7
ALINE JONES
— Parabéns, pirralha, acorda logo, ou não vai ganhar presente.
Estou atrasado para ir à empresa.
Sou acordada pelo meu irmão invadindo o meu quarto, como ele faz
todos os anos.
— Cai fora, Adrian — digo me virando para o outro lado.
— Que pena, como não tive tempo de ir comprar o seu presente eu
ia te entregar o meu cartão de crédito.
Agora sim, eu acordo.
— Acordei, estou acordada. Eu te amo, maninho.
Ele ri quando digo tudo de uma vez, me sentando na cama.
— Agora você me ama, não é mesmo?
— Eu sempre te amei, o seu problema foi que escolheu o lado
errado se juntando ao inimigo.
Ele gargalha e se senta do meu lado, então nos abraçamos e ele me
beija na testa, como sempre faz.
Eu adoro o meu irmão.
— Sabe que isso não é verdade, já te ajudei muito, esqueceu? Não é
porque Ethan e eu somos amigos que deixei você de lado.
— Ele me trancou dentro do elevador. Aquele idiota!
Ele respira fundo.
Meu irmão sabe que não vou deixar isso barato.
— Creio que já deve ter um plano em mente.
— É claro que sim, mas você não vai dizer nada pra ele, ou eu gasto
todo o limite do seu cartão.
— Meu cartão não tem limite, Aline. — Ele coloca a mão dentro do
terno e retira o cartão, me entregando.
— Feliz aniversário, baixinha, eu te amo.
Eu abraço o meu irmão forte.
— Também te amo, Adrian.
— Eu queria que as coisas fossem diferentes, Aline, queria mesmo.
Eu balanço a cabeça, pois sei que as palavras dele são verdadeiras.
Adrian e Ethan são amigos e ele fica em uma situação complicada
entre nós dois.
— Eu sei que sim, Adrian, agora vai logo, ou o papai vem atrás de
você — digo brincado.
— Quem me dera se fosse assim mesmo, é mais fácil eu correr atrás
dele do que ele atrás de mim — ela diz se levantando.
— Obrigada pelo presente, prometo que vou fazer bom proveito
dele.
Ele sorri.
— Eu sei que vai, disso eu tenho certeza. — Ele sai do meu quarto.
Tudo o que me resta fazer é me levantar, trocar de roupa, tomar meu
café da manhã e me trancar no meu estúdio.
Tenho muito o que provar para a minha mãe até que ela decida me
deixar assumir a Galeria de arte.
Quando chego na cozinha me deparo com um imenso café da manhã
me aguardando e meus pais na mesa me esperando. Tomamos café da
manhã juntos, como sempre fazemos na maioria das vezes.
Depois de quase uma hora de conversa, finalmente, vou para o meu
estúdio onde me perco em meio a tintas, telas e pincéis, fazendo com que as
horas passem sem que eu perceba.
Esse é o meu mundo, o mundo onde me perco em meio as cores, me
fazendo esquecer de todos os meus problemas.
— Aline. — Minha mãe entra me chamando e levo um susto, pois
estava concentrada demais e não percebi que ela estava chegando.
— Mãe, eu achava que a senhora estava na Galeria de arte.
— Eu já fui e já voltei. São três horas da tarde, você passou esse
tempo todo aqui e nem mesmo se deu ao trabalho de ir almoçar.
Eu não acredito que já é tão tarde assim.
— Eu não percebi que já tinha passado da hora do almoço, vou
comer alguma ciosa.
— É claro que vai, já mandei esquentarem a sua comida, mas agora
tem outra coisa que eu quero te dizer.
— O que foi?
— Chegaram algumas coisas para você e mandei colocarem no seu
quarto. Foi o Ethan que mandou.
Eu fico tão impressionada com o que ela diz que derrubo os pincéis
no chão.
— Ethan!?
— Sim, eu também achei estranho, mas ele comprou para você e
mandei colocar tudo no seu quarto. Agora vá lá ver o que é.
Ela não precisa mandar duas vezes, corro para o meu quarto e
quando entro a minha boca se abre em choque.
— Aquele idiota pirou de vez — digo para mim mesma, sem
acreditar na quantidade de embrulhos de presente que tem espalhados pelo
meu quarto.
Entro e vejo que junto com as coisas que tem em cima da minha
cama tem um cartão, então eu pego e abro.
“Feliz Aniversário,
Ethan Parker.”
Nossa, que romântico, deve ter doido na alma dele escrever essas
quatro palavras.
Procuro pelo celular e quando acho, procuro o contato dele. O
número de telefone que salvei na minha agenda há anos, mas que nunca
liguei. Assim como nunca recebi uma ligação dele, quer dizer até ontem
quando me trancou no elevador.
Então, tomando coragem e respirando fundo, ligo para ele.
— Alô. — Ele atende no quarto toque e meu coração traidor acelera
quando escuto a sua voz grossa.
— O que significa tudo isso? O que são todas essas coisas que você
mandou entregar na minha casa?
Ele fica mudo por alguns segundo e quando penso que a ligação
possa ter caído, ele responde:
— Por quê? Não gostou? Deu muito trabalho comprar isso tudo.
Ainda perdi uma manhã inteira de trabalho e tive que desmarcar duas
reuniões importantes.
— Eu não pedi nada disso. Na verdade, eu nunca quis nada de você.
A sua mãe já tinha deixado um presente em seu nome, assim como ela faz
todos os anos.
Ethan só pode ter batido com a cabeça, afinal não pedi nada disso e
ele ainda reclama de ter perdido um dia de trabalho.
— Aline, você sempre quis de mim, muito mais do que estava
disposto a te dar, apenas aceite os presentes e pronto.
Ele vai com o dedo certinho na ferida, mas eu não sou mais a
mesma Aline iludida que eu era antes.
— Eu era apenas uma iludida, Ethan, mas isso mudou.
— Se iludiu sozinha, eu não tive nada a ver com isso. Nunca te
prometi nada e nunca te dei abertura para que desenvolvesse esses seus
sentimentos, Aline. Fez isso sozinha.
A verdade jogada na minha cara faz o meu coração doer.
Eu me apaixonei por esse idiota, sozinha, iludida, na esperança de
que um dia ele fosse aceitar de uma vez o compromisso entre as nossas
famílias.
Ethan foi o meu primeiro amor e a minha primeira decepção.
— Tem razão, Ethan, você nunca me prometeu nada, mas eu era
uma menina, uma menina que nasceu prometida em casamento a você.
“Um casamento e um compromisso que você não nunca quis.
“Eu cresci e amadureci o suficiente para saber que mereço ser livre,
mereço viver a minha vida sem o peso de um compromisso de casamento
que as nossas famílias fizeram sem se importar com o que nós queríamos.
“Eu cansei, cansei de esperar por você.
“Agora sou eu que não quero mais.”
Digo para ele tudo o que nunca tive coragem de dizer, mas só
consigo porque não estamos cara a cara.
Ele sempre me deixa nervosa quando está perto de mim e eu fico
burra na frente dele. Essa minha coragem toda é só por telefone, porque nas
poucas vezes em que ficamos juntos, um perto do outro, ficava
desconcertada, sem saber como agir.
Mas isso vai mudar, tem que mudar.
— Seus pais vão romper o nosso compromisso!? — ele pergunta
surpreso.
Até parece que ele se importa com isso.
— Não existe o nosso compromisso, Ethan, existe o compromisso
entre as famílias, um compromisso que você nunca ligou e nem se
importou.
“Sempre teve todas as mulheres que quis, já até viveu como marido
e mulher com uma vadia de quinta categoria que só te fez sofrer, enquanto
eu ficava aqui chorando pelos cantos, feito uma menina abandonada.
“Você me fez sentir abandonada, mesmo nunca tendo sido meu, e
eu, idiota como era, ainda fui ficar com você, porque estava precisando de
apoio.
“Deve se lembrar muito bem de como me expulsou e depois eu
ainda tive que engolir você na minha casa com a maior cara de pau, como
se nada tivesse acontecido.
“Tudo na vida tem um limite, Ethan, e o meu está chegando ao fim.”
Agora fui eu quem meteu o dedo na sua ferida que é bem mais
profunda do que a minha, mas nesse nosso jogo não existe mais regras.
— Você não vai querer ir por esse caminho, Aline, eu garanto que
não.
— Eu quero que você vá para o inferno, Ethan Parker, é a minha vez
de viver agora.
— Eu nunca te impedi de viver a sua vida, Aline, nunca te cobrei
nada. —
Não ele nunca fez isso, mas era o que o meu coração gritava para
que ele fizesse.
— Eu sei disso, Ethan. Sei que nunca me pediu nada, que nunca me
cobrou nada, mas eu te amava demais para suportar a ideia de ter outro
homem na minha vida que não fosse você.
— Amava? Não ama mais, Aline? — ele pergunta de forma branda,
como se de um jeito estranho temesse a minha resposta.
— Não, eu não te amo mais e você vai romper com a porra desse
compromisso para que eu possa ficar livre para viver a minha vida. Então,
seja homem e acabe de uma vez por todas com isso, assim nós dois ficamos
livres um do outro — digo com a mesma calma que ele demonstra, mas
diferente de mim, a reação dele pelas minhas palavras são outras.
— Não conte com essa porra. Se acha que vou fazer isso está muito
enganada, Aline. Eu não vou contra o meu pai apenas para que você se sinta
livre. Se quer viver, por mim, tudo bem, mas você vai ter que dar um jeito
de romper esse compromisso antes. Por que enquanto o seu nome estiver
vinculado ao meu nesse compromisso, você vai andar na linha e se
comportar, me entendeu bem?
Mas que idiota!
Ele que não tente me segurar.
— Mas nem fodendo, cretino. Eu quero me livrar de você para
poder viajar, conhecer o mundo, viver como se o amanhã não existisse, livre
como um pássaro sem ter que ser arrastada de volta para uma realidade que
não quero mais. Eu quero viver e ser amada, ser livre para amar alguém que
vá me corresponder.
Eu tive que suportar a cara de pena de todos os nossos amigos e da
nossa família enquanto ele brincava escondido de casinha com a vadia.
Mas agora é a minha vez de fazer o que eu quero.
— Aline, não brinca com isso, porra.
— Eu não estou brincando. Eu nunca falei tão sério em toda a minha
vida. Eu não vou viver feito uma freira enquanto você pode ter a mulher
que quiser. Acabou, Ethan.
— Eu não vou romper esse compromisso, Aline.
— Ah, é? Vamos ver se não vai.
— Aline Jones... Sabe muito bem que o meu pai não vai querer
fazer isso.
— Pois é bom você começar a pensar em um jeito de mudar isso,
porque a partir de hoje, Ethan, você não significa mais nada para mim. —
Desligo a ligação na cara dele e fecho os olhos respirando fundo, tentado
me acalmar.
Quando eu abro, dou de cara com a minha mãe na porta, me
encarando.
— Por Deus, mamãe, a senhora parece um fantasma. Como pode ser
tão silenciosa e a quanto tempo está aí?
A minha mãe tem a mania de aparecer nos lugares como se fosse
uma assombração, é como se ela estivesse em todos os lugres ao mesmo
tempo.
— Eu cheguei na parte em que você disse que era uma iludida.
Deus, ela escutou tudo então.
— Então a senhora escutou tudo?
— Sim, e olha você é boa, Ethan deve estar furioso. Eu adorava
deixar o seu pai furioso, a satisfação de fazer isso era maravilhosa.
Eu acabo sorrindo mesmo sem querer, afinal minha mãe é a pessoa
que mais deve me entender nessa história toda.
— Ele não me ama e não se importa ao ponto de ficar furioso
comigo, por causa disso.
— Você tem certeza disso, Aline?
— É claro que sim, mamãe. Ethan nunca se importou com nada que
tenha a ver comigo, para ele não passo de um empecilho na vida dele, um
estorvo que agora ele vai se livrar. —
Ela respira fundo e abre a boca como se fosse dizer alguma coisa,
mas se cala.
— O que foi, mãe?
— Nada, minha filha, não foi nada. Decida o que vai fazer com isso
tudo. Você achando ruim, ou não, ele se deu ao trabalho de comprar esses
presentes para você. Eu não me meto mais nessa história, se você não quer
mais, por mim, tudo bem, faça o que achar que deve fazer.
Eu a encaro e ela arregala os olhos se dando conta do que falou.
— Aline Jones, olha lá o que você vai fazer.
— Mas eu não falei nada, mãe.
— E nem precisa dizer, conheço muito bem esse seu olhar. Você
quando quer, minha filha, consegue deixar até mesmo o Diabo de cabelo em
pé.
— Pelo amor de Deus, mamãe, eu não sou tão...
— Aline, Ethan não é um homem de brincadeiras, você sabe disso e
sabe muito bem o poder e influência que ele tem. Ele não é mais um garoto,
Aline, é um homem feito e um homem poderoso que tem tudo o que quer
em um estalar de dedos. Olha lá o que você vai fazer — ela diz séria até
demais, como se eu não soubesse como funcionam as coisas nesse nosso
mundo.
Sei muito bem o que Ethan pode fazer.
— O problema, mamãe, é que ele não me quer. Eu vou apenas
obrigá-lo a tomar uma decisão que ele já deveria ter tomado há muito
tempo.
— Dylan quer você como nora, ele sempre quis isso muito antes de
você nascer. Não vai ser nada fácil convencê-lo do contrário. Ele gosta
muito de você.
— Para o que o tio Dylan quer, o filho dele é que deveria gostar de
mim, mas não gosta, então ele vai ter que aceitar.
Mamãe respira fundo.
— Só tenha cuidado, Aline. Para todos os efeitos, você ainda é a
prometida de Ethan Parker.
— Por pouco tempo, mamãe, por pouco tempo.
CAPÍTULO 8
ALINE JONES
Assim que mamãe sai do meu quarto e estou prestes a olhar tudo o
que o idiota me mandou, meu celular toca e vejo que é Louise me ligando.
E uma ligação da Louise significa festa na certa.
— Louise!
— Se prepara que hoje a gente vai sair. Evelin chegou e vamos
comemorar.
Eu acabo sorrindo porque Evelin é uma de nossas amigas, mas
pouco nos vemos, já que a carreira dela é a melhor de todas.
Ela é modelo e vive viajando pelo mundo.
— É só dizer a hora e o local — digo animada em encontrar a nossa
amiga.
— Hoje à noite, na boate do tio Dylan.
A minha empolgação diminui vinte por cento por causa do lugar.
— Não tem outro lugar não, Louise?
— Acha mesmo que os nossos pais iriam permitir que fossemos a
uma boate que não fosse a do tio Dylan?
Bufo irritada, porque ela tem razão.
— Tudo bem, nos vemos lá então. Quem mais você chamou?
— As meninas de sempre, as gêmeas e Amaya. Chamei também o
seu irmão e Ryan, depois vou convencer o Mateo a ir também.
— Boa sorte em tentar convencer o Mateo.
Meu amigo e Evelin nunca se deram muito bem, então não sei se ele
aceitaria ir.
— Com o meu irmão, eu me entendo.
— Você sabe me dizer se o Ethan por algum acaso vai estar lá
também?
Ela acaba sorrindo da minha pergunta e finjo ser inocente.
— Muito provavelmente, Aline, afinal ele também é o dono de lá.
Mas você sabe muito bem como agir com Ethan Parker.
— Tem razão, nos vemos à noite então.
— Excelente, até mais.
Nos despedimos e desligamos.
Olho para todos os presentes que Ethan me mandou e tomo uma
decisão.
Eu não vou ficar com nada, ele não tem esse direito me brincar com
os meus sentimentos.
Peço para que o motorista leve tudo de voltar e entregue no
apartamento dele.
Ele que dê para outra se quiser.
Para fechar com chave de ouro, escrevo um bilhete tão curto quanto
o que ele me mandou.
“Talvez a Aline de anos atrás teria gostado.”
Mamãe vê tudo o que eu faço, mas não diz nada.
Ela é assim e sabe pelo que estou passando.
Mas quando Emily Jones resolver abrir a boca, não vai ter ninguém
que a segure.
O restante da tarde passa e fico no meu quarto, perdida em meus
pensamentos até que chega a hora de começar a me arrumar para sair com
as meninas.
Tenho que tirar Ethan da minha cabeça e ele vai sair nem que seja a
base de uísque.
Tomo um banho relaxante e depois escolho o vestido, o mais lindo e
sexy que tenho.
Com uma maquiagem caprichada e um salto alto, finalmente, fico
pronta e gosto da mulher que vejo no espelho.
Saio do meu quarto e desço a escada com cuidado.
Assim que passo pela sala, vejo o meu pai sentado no sofá que
assovia pra mim.
— Nossa, que gata! Será que eu posso saber para onde a senhorita
vai sair assim toda arrumada?
Eu acabo sorrindo.
— Vou sair com as meninas. Eve chegou e vamos comemorar a
volta dela na boate do tio Dylan.
Agora é ele que sorri e balança a cabeça.
O meu pai me conhece o suficiente para saber o que tenho em
mente.
— Entendi. Vai lá então matar o Ethan do coração, porque você está
vestida para matar — ele diz e ainda faz o sinal da arma.
O meu pai é demais, apenas o meu irmão tem a capacidade de tirá-lo
do sério por causa da empresa.
— Eu me arrumei para mim mesma e não para provocar o Ethan,
que isso fique bem claro, Anthony Jones.
Ele balança a cabeça.
— Certo, entendi. Você sabia que esse ano o Coelhinho da Páscoa
vai ajudar o Papai Noel na entrega dos presentes?
Meu pai sempre cheio de gracinhas.
— Diz sério, pai.
— Você é minha filha, Aline, o meu sangue corre nas suas veias e
sei o que se passa nessa sua cabecinha, porque eu faria a mesma coisa. Só
não pega pesado com o homem, Aline, pois se ele te pegar de jeito, talvez
você não dê conta.
— Papai!
— Não me venha com essa de papai que eu sei que você não tem
mais nada de inocente faz tempo. Só tenha cuidado e não queira brincar de
médico com qualquer um. Volte para casa sóbria de preferência, ou a sua
mãe te mata.
— Eu vou no seu carro.
— De jeito nenhum, o meu carro precioso apenas eu o dirijo. Você
vai com o motorista e quando terminar a sua festinha ligue que ele vai te
buscar.
— Negativo, eu não...
— Não te dei opções Aline Jones. Ou vai com o motorista, ou pode
levar esse seu look da hora de volta para o seu quarto.
Como ele pode ir do legal para o chato em menos de um minuto?
— A sua sorte é que eu te amo, papai.
— É claro que ama, eu sou o melhor. Agora cai fora daqui, antes
que a sua mãe te veja e te diga o horário que tem que voltar para casa. Por
mim, desde que não chegue de manhã, está tudo bem.
Eu vou até o meu pai e o beijo.
— O senhor é o melhor.
— Eu sei disso, agora tenha juízo.
— Vou tentar. — Pisco e me afasto dele, saído da sala.
Quando chego na garagem, peço para que o motorista me deixe na
boate.
Quando chego na boate já entro direto e logo encontro as gêmeas.
Evelin e Amaya, minhas amigas, esperam por mim, no bar ao lado da pista
de dança.
— CHEGOU QUEM ESTAVA FALTANDO! — Evelin grita
quando me vê e nos abraçamos forte.
— Estava com saudade, Eve, me diga que vai ficar mais tempo
dessa vez?
— É claro que eu vou, tenho um trabalho importante na cidade, mas
depois conversamos sobre isso. Hoje vamos nos divertir.
— É isso aí, Ethan já separou uma sala vip apenas para a nossa
festinha particular — Amaya, irmã de Ethan, diz animada e o meu coração
acelera só de escutar o nome do cretino.
— Ele vai participar da nossa festinha? — pergunto mesmo sabendo
que a resposta provavelmente é um sim.
— É claro que vai — Alice responde sorrindo.
— E seja lá o que você tenha feito deu certo, ele está furioso e a cara
dele não está nada boa. — Dessa vez é Alisha que diz.
Elas conhecem Ethan muito bem, já que são primos.
— Eu não fiz nada. E, sinceramente, eu não sei o que está se
passando pela cabeça do Ethan ultimamente.
— Vamos deixar isso pra lá, viemos aqui para nos divertir e mais
tarde Louise chega. Ela disse que ia tentar convencer o Mateo a vir.
Pelo menos isso, com Mateo junto, eu me sinto mais protegida.
— Sabe me dizer se o seu irmão vem, Aline? — Amaya pergunta
toda interessada.
— Louise disse que o chamou, mas eu não o vi o dia todo. Não sei
se...
— Cheguei, meninas.
Eu me calo quando escuto a voz do meu irmão atrás de mim.
— Chegamos, você quer dizer — Ryan, que também é meu amigo e
filho dos meus padrinhos, chega falando logo atrás do meu irmão.
— Parece que a turma todas já está reunida, já podemos ir para a
sala privada. Quando Louise chegar ela vai direto — Amaya diz e só de
imaginar que Ethan pode estar dentro da sala privada me faz ficar nervosa.
— Vocês podem ir na frente que vou ficar um pouquinho aqui.
Quero dançar para aquecer o corpo, passei o dia trancada no meu estúdio.
Mamãe está pegando no meu pé e preciso relaxar dançando.
Acho que consigo convencê-los, já que todos concordam e saem
logo em seguida.
— Não demora, Aline — Evelin diz fazendo sinal de que está de
olho em mim e acabo sorrindo.
Quando todos somem das minhas vistas, eu me viro para o bar e
peço uma dose caprichada de The Macallan.
Esse uísque é forte e, segundo o meu pai, fui gerada sob o efeito
dele no organismo da mamãe.
— Vai com calma, garotinha, essa bebida não é para meninas fracas,
como você — o barman diz todo engraçadinho quando me entrega o copo.
— Quero ver se você é homem de vir até aqui para que possa te
mostrar quem é a garotinha — digo virando a bebida de uma vez e me
arrependo no mesmo instante.
O líquido desce queimando na minha garganta, mas já tira cinquenta
por cento da minha tensão.
— Todos aqui sabem que você é a noiva do chefe, ninguém é louco
de chegar perto de você.
Eu fico puta só de escutar a palavra noiva, afinal não tenho a porra
desse título.
— Fica só olhando e veja do que sou capaz. Aí depois você corre e
diz para o seu chefe que ele está levando um belíssimo par de chifres.
Quero só descobrir quem foi que inventou essa porra de história de
noivado.
— Acho bom a senhorita acompanhar seus amigos e ficar quietinha
na sala vip como deve ser.
Eu nem espero para não ouvir mais asneiras e me afasto do bar, indo
para a pista de dança.
Antes de entrar na multidão de pessoas, olho para o lado e vejo
Ethan de longe conversando com uma mulher, cheio de sorrisos, segurando
na cintura dela.
Um sorriso que eu nunca tinha visto nos lábios dele, me mostrando
que ele vive a vida como tem que ser vivida, que ele é feliz e que eu mereço
o mesmo.
Só me dou conta de estar olhando tempo demais para ele quando os
nossos olhares se cruzam e o sorriso dele morre nos lábios.
Eu desvio o olhar, entro na multidão de pessoas e agarro o primeiro
homem que vejo dançado desacompanhado.
— Dança comigo?
O homem me olha dos pés à cabeça e sorri.
— Com toda certeza, moça. — Ele me puxa e logo segura na minha
cintura.
Passo as mãos no pescoço do homem que é bonito, forte, alto, bem-
vestido e muito, mais muito cheiroso.
— Você vem sempre aqui? — pergunto alto perto do seu ouvido
para que possa me escutar.
— Venho sempre que preciso relaxar. E hoje foi um dia estressante
no trabalho, então aqui estou eu. Mas nunca tinha visto você por aqui.
— Eu venho pouco, mas hoje uma amiga chegou de viagem e
marcamos de nos encontrar aqui.
Com a conversa nos aproximamos mais, grudando nossos corpos.
— E onde está a sua amiga?
— Em uma das salas vips. Mas eu quis começar a noite pela pista de
dança.
— Ainda bem que tomou essa decisão. — Ele me segura pela nuca e
me encara nos olhos.
Sei exatamente o que ele quer fazer.
Quando aproxima o seu rosto do meu e acho que vai me beijar, ele
para e pergunta:
— Posso fazer isso?
Meu Deus de onde esse homem surgiu?
Já o quero pra mim.
— Obrigada por perguntar. É claro que você pode.
Ele sorri, desvia o seu olhar para os meus lábios e me beija.
E, nossa, mas que beijo é esse?
O homem além de ser um deus grego sabe beijar muito bem, tão
bem que me agarro nele, o abraçando e ele faz o mesmo comigo, me
deixando arrepiada.
— Você beija muito bem. Será que posso saber o seu nome? — ele
pergunta desfazendo o nosso beijo quando estou a ponto de perder o fôlego.
— Aline, e o seu é?
Ele sorri e me dá um selinho demorado nos lábios.
— Marcus Lennox.
Esse nome não me é estranho, mas não estou com cabeça para isso
agora.
— Jones.
Ele não entende o que digo.
— Como?
— Aline Jones. Você falou o seu sobrenome, mas eu não falei o
meu, achei justo você saber.
Ele sorri e balança a cabeça.
— Você é filha de Anthony Jones?
Eu não sei se fico feliz ou triste por ele conhecer o meu pai.
— Eu não acredito que você conhece o meu pai — digo tentando me
soltar dele, mas ele não permite e me segura em seus braços.
Nesse momento nem dançando estamos mais.
— Ei! O que foi? Tem algum problema eu saber quem é o seu pai?
— Tem quando pretendia passar a noite com você.
Ele sorri e passa o polegar no meu rosto.
— Então vamos esquecer esse pequeno detalhe, porque eu pretendo
te beijar muito ainda essa noite.
Ele nem espera eu dizer nada e toma meus lábios em outro beijo de
tirar o folego.
Será que ele fez algum tipo de curso para saber beijar tão bem
assim?
Sua língua é deliciosa, com um gosto de menta e gostosa de ser
chupada.
Eu já me vicie na boca do homem no primeiro beijo.
— Lennox! Vejo que já conheceu a minha noiva prometida.
Eu só não caio porque Marcus está me segurando, mas a maneira
que ele desfaz o nosso beijo e se afasta de mim, me faz sentir mais raiva
ainda do Ethan.
De onde diabos esse homem tirou essa porra de noiva prometida?
CAPÍTULO 9
Aline Jones
Eu vou arrancar a língua do Ethan se ele abrir a boca para fazer
merda apenas para acabar com a minha noite.
— Você é noiva? É noiva dele? — Marcus pergunta me olhando.
Encaro o cretino que está ao nosso lado, com vontade de esganá-lo,
então levanto a minha mão direita.
— Você está vendo algum anel de noivado no meu dedo? — Encaro
Marcus e ele sorri.
— Boa tentativa, Parker. Você quase me enganou, mas dessa vez
não vai roubar a minha companhia da noite como fez na semana passada,
está me devendo uma, então cai fora.
Eu só consigo sentir mais raiva do Ethan a cada minuto que passa.
— Diz a verdade Aline, você pode ser tudo menos mentirosa —
Ethan diz.
Marcus me encara e vejo nos olhos dele que espera que eu diga a
verdade. Em consideração ao melhor beijo da minha vida, resolvo dizer a
verdade a ele.
— Eu sou prometida a ele em casamento, um compromisso entre as
nossas famílias, mas ele não quer isso e estamos tentando encontrar uma
solução para romper de uma vez por todas com essa merda. — Consigo ver
decepção na expressão de Marcus e eu estranhamente me sinto mal por isso.
— Um problema de família grande e complicado demais para eu me
envolver. Sinto muito gatinha, eu realmente queria não só passar a noite
com você como também te conhecer muito melhor, mas infelizmente isso
não vai acontecer — ele diz com pesar.
Um bolo se forma na minha garganta.
Ele me dá um beijo na minha bochecha e sussurra logo em seguida
no meu ouvido:
— Nos poucos minutos em que passamos juntos pude sentir que
você é uma mulher que realmente vale a pena, teria sido uma honra passar a
noite com você. — Beija a minha bochecha mais uma vez e se afasta. —
Está me devendo mais uma, Parker. — Ele aponta para o Ethan e logo
depois some na multidão.
Viro as costas para sair da pista de dança, mas não vou muito longe
já que sinto Ethan segurar no meu braço com força e sair me puxando.
— Me solta, Ethan. — Tento puxar o meu braço do seu aperto.
— Vamos conversar.
Mas que idiota.
— Eu não tenho nada para conversar com você, Demônio.
— Eu sou muito pior do que um demônio, Aline, e você não vai
querer me ver com raiva.
— Está me levando pra onde?
— Para o meu escritório.
Eu tento me soltar porque não quero ficar em um cômodo sozinha
com ele.
— Me solta, eu já falei, Ethan.
— Cala a porra da boca, Aline, mas que merda. — Ele praticamente
me arrasta por um corredor até que abre uma porta e me joga dentro,
entrando logo em seguida e fechando a porta atrás de nós.
Olho ao redor a decoração da sala que é tudo em preto com detalhes
em vermelho, parece coisa de filme.
Mas percebo que é tudo muito luxuoso e de muito bom gosto.
Ethan vai até um bar que tem ao lado na sala e se serve de uma dose
generosa de uísque, em seguida vira de uma vez, respirando fundo.
Ainda de costas para mim, pergunta:
— Que porra de roupa é essa que você está vestida? E, por que
diabos você mandou entregar todos os presentes que comprei pra você no
meu apartamento?
Não, não e não, eu me recuso z sentir esse maldito frio na barriga
com essas perguntas.
Ethan nunca se importou comigo e não será agora que isso vai
começar.
— Expliquei no bilhete.
Ele se vira na minha direção e me encara olhando bem dentro dos
meus olhos.
Engulo em seco, porque esse olhar é demais pra mim, mas não
posso fraquejar, não agora.
— Aquilo não era uma explicação, mas a porra de uma provocação.
Eu nunca tinha te dado nada e no dia em que resolvo fazer isso, você dá
uma de menina mimada e manda devolver tudo no meu apartamento.
Eu acabo sorrindo mesmo sem querer com o que ele diz.
— É isso mesmo, Ethan, você nunca me deu nada, nem sequer um
feliz aniversário. O que se passou pela sua cabeça quando resolveu me
encher de presentes de uma hora para outra?
Ele desvia o olhar e encara a garrafa de uísque, fazendo com que eu
me dê conta de que com certeza me dar presentes não foi coisa da sua
cabeça, então, mais uma vez a decepção me acerta em cheio.
— Não foi você. — Não é uma pergunta, mas uma afirmação.
— Sim, fui eu quem comprou tudo. — Ele enche o copo novamente.
— Obrigado por quem? A sua mãe ou o seu pai?
— Ninguém me obriga a nada, Aline, se eu comprei foi porque no
final eu quis.
Eu sorrio balançando a cabeça.
— O que você quer, Ethan? Eu, sinceramente, não estou entendo
você. Nunca quis esse casamento e agora que eu também abri mão você não
está fazendo o mínimo esforço para me ajudar a convencer os nossos pais a
romper o compromisso.
— De onde você conhece o Marcus? — Ele finge ignorar o que
digo, mudando de assunto.
— ETHAN! — grito frustrada por ele ignorar o que eu digo.
— DE ONDE VOCÊ CONHECE O MARCUS? EU NÃO VOU
PERGUNTAR DE NOVO, ALINE.
A minha vontade é de quebrar o escritório inteiro.
— Eu o conheci hoje, quando cheguei aqui. Satisfeito agora?
Ele se vira e dá um passo na minha direção, mas eu não me movo do
lugar.
— Você o conheceu quando chegou aqui e já estava se agarrando
com ele? Na minha boate? Na minha cara?
Pronto, agora foi ele que enlouqueceu.
— E o que tem isso? Por algum acaso quando você vai para cama
com alguma mulher, a convida para jantar primeiro para que possam se
conhecer melhor?
Ele me olha como se eu fosse um ser de outro mundo.
— Você ia para cama com ele então?
— Sem sombra de dúvidas, meu querido. Caso não tenha percebido,
ele é bem gostoso e beija maravilhosamente bem, sem contar que é um
verdadeiro cavalheiro. Tudo o que você não é.
Ele vem pra cima de mim e me segura com força pelos braços.
— O que falei para você hoje, quando me ligou?
Eu me lembro muito bem o que ele falou, mas me recuso a repetir.
— Solta o meu braço, Ethan, você não tem esse direito.
— Eu disse que enquanto o seu nome estiver vinculado ao meu
nesse compromisso, você deveria se comportar, foi isso que eu disse caso
não se lembre.
Eu acabo sorrindo de novo, pois esse uísque que ele bebeu deve ser
muito forte mesmo.
— Ethan, você está se escutando? Você tem noção da porra que está
falando? Que merda é essa agora? Deveria estar feliz, fazendo festa por eu
não querer mais também. Você deveria estar do meu lado, me ajudando,
assim ficaríamos os dois livres. Olha só que maravilha.
— Eu já disse que não vou contra o meu pai e ele não vai aceitar
isso assim tão fácil. — Ele me soltando e se afasta.
Fico com raiva porque ele parece não querer fazer esforço nenhum.
— E o meu pai ainda acha que você é um homem poderoso, o
temido, Ethan Parker, o sonho de homem para qualquer mulher. Mas olha
só pra você... Não tem coragem de enfrentar o seu papai?
Ele se vira na minha direção com um olhar mortal.
— Você não faz ideia de quem eu sou, menina, não tem noção do
que já fiz ou sou capaz de fazer. Mas vou te dizer uma coisinha, não vou
contra o meu pai porque preciso que ele me passe a porra do cargo de CEO
da Shield Security e o que menos quero no momento é irritar Dylan Parker.
Então, está sozinha nessa, querida. É incrível como o meu pai adora você,
não sei como ele te suporta.
Eu vou pra cima dele com tudo e começo a bater no cretino.
Ele tenta segurar as minhas mãos até que consegue.
— Idiota, eu odeio você! Odeio, odeio, odeio com todas as minhas
forças.
Ele me segura com força e me faz encará-lo, segurando o meu
queixo, aproximando o rosto do meu, deixando a sua boca a centímetros da
minha enquanto a minha respiração está ofegante.
— Nós dois sabemos que isso não é verdade, Ratinha. Você não me
odeia e sabe disso. Nunca mais venha na minha boate vestida desse jeito.
Eu tento fazer força para me soltar, mas ele não permite, o que ele
faz é baixar o olhar para o meu decote.
— Eu vou arrancar os seus olhos se continuar olhando para os meus
seios, seu cretino.
Ele solta o sorrisinho mais safado do mundo, me fazendo suspirar.
— Eu sei muito bem que se vestiu assim pra mim. Então, por que
não posso olhar para algo que claramente você queria que eu olhasse?
Além de ser cretino é convencido, mas eu não vou ficar por baixo.
— Acho que está enganado, querido. Não era a sua boca que estava
beijando e nem as suas mãos que estavam nos meus seios. O mundo não
gira ao seu redor, Ethanzinho. Eu não sou as vadias que você está
acostumando a comer. Saiba que nesse corpinho aqui você nunca vai tocar,
teve a sua oportunidade de me ter por completo e não quis. A fila andou,
bebê. — Sorrio quando vejo na cara dele o resultado esperado das minhas
palavras.
Eu sou demais, nunca imaginei que fosse ter coragem de enfrentá-lo
desse jeito, porque sempre travava na sua presença.
Mas o jogo virou.
Agora é briga de cachorro grande, estamos no mesmo patamar.
— Você não entra mais na minha boate sem a minha autorização,
não importa com quem venha acompanhada.
Eu o empurro com força e ele me solta com uma cara que bota medo
em qualquer um, mas eu não me assusto, não mais.
— Não existe só a sua boate na cidade, Ethanzinho, e eu não sou
mais uma menina, isso você pode confirmar com o Marcus. Eu sou uma
mulher agora, bem gostosa por sinal e não existe só você de homem no
mundo.
— Será que dá para parar de me chamar assim? Eu odeio esse
apelido ridículo que você colocou em mim, quando era apenas uma
pentelha irritante.
Consegui tirá-lo do sério, isso é bom demais.
— Bem, acho que não temos mais nada para conversar. Você não vai
me ajudar, mas garanto que irei te dar bons incentivos para que tome uma
atitude de homem. Agora se me der licença, vou voltar para a pista de
dança, vai que acho outro gostoso por lá dando mole. — Eu me viro para
sair da sala o mais rápido que consigo, mas o idiota me alcança.
— Você vai, mas é pra porra da sala privada e eu vou junto com
você para que não faça nenhuma besteira. Hoje, você já passou dos limites,
de todos eles.
Saio da sala com ele me segurando pelo braço, como se eu fosse
uma criança, e nem tento me soltar, porque sei que não vou conseguir.
Mas só de saber que ele está puto de raiva já me faz ganhar não só o
meu dia, como a minha semana inteira.
CAPÍTULO 10
ETHAN PARKER
Mas que diabos aconteceu com essa menina?
Essa é a pergunta de milhões que há dois dias não sai da minha
cabeça.
Mas que porra!
Primeiro, ela foge mais uma vez da merda daquele jantar ridículo,
depois o Mateo vem infernizar a minha vida por conta de presentes que
nunca dei para a queridinha dele. Mas quando perco a porra do meu tempo,
comprando os malditos presentes, ela simplesmente manda devolver tudo
no meu apartamento.
Aline mudou de tática, ela só pode estar querendo chamar a porra da
minha atenção com essa história de romper o compromisso entre as nossas
famílias e está conseguindo, porque nas últimas quarenta e oito horas esse
problema chamado Aline Jones não sai da minha cabeça.
— Será que dá para soltar o meu braço. Ethan? — Aline pergunta
tentando se soltar.
Mas ela é um ser perigoso demais para andar solta pela minha boate,
ainda mais vestida desse jeito.
— Não, eu não vou soltar. Você é escorregadia demais mulher.
Ela gargalha do que eu digo e não entendo o motivo dessa risada
toda.
— Eu, escorregadia? Você nem imagina o quanto, meu querido,
ainda mais quando estou excitada.
Desgraçada!
Ao dizer isso, ela consegue me levar ao extremo e eu nem mesmo
entendo o porquê. Então em vez de ir para a sala vip, abro a porta mais
próxima e a empurro para dentro do banheiro.
— Repete essa porra se você tiver coragem, Aline.
Ela me olha sem acreditar no local onde estamos e quanto tranco a
porta, ela parece voltar a si.
Ninguém vai entrar nesse banheiro porque ele pertence à área vip,
mais especificamente a minha sala vip.
— O que pensa que está fazendo, Ethan? Abre já essa porta e me
deixe sair daqui.
— Repete, Aline. Repete o que você disse.
— Ethan, por que se importa com isso? Eu não devo satisfações da
minha vida a você, assim como você claramente nunca se importou com
nada que se refere a minha vida. Eu sou uma mulher, uma mulher linda e
gostosa que fica excitada quando é estimulada. É claro que fico
escorregadia. Idiota! Você é homem e é experiente. Pelo amor de Deus,
Ethan, deve saber muito bem como isso funciona, não preciso explicar.
É com essa mulher mesmo que os meus pais querem que me case?
Ela me mataria de raiva na nossa primeira semana de casados,
porque a filha da mãe tem uma resposta na ponta da língua para tudo.
Mas já entendi o seu jogo...
Essa menina não vai me vencer.
Se ela quer acabar com isso, então que a família dela tome uma
atitude e rompa o compromisso.
— Vingança.
Ela cruza os braços na altura dos seios, fazendo com que eles
fiquem maiores apenas para me provocar.
Eu tenho certeza disso.
— Que vingança o quê, Ethan? Ficou louco de vez?
Eu vou até ela e quando estamos bem próximos, a encaro.
— Vingança, sim. Você está querendo se vingar de mim, por nunca
ter olhado para você dá forma como queria.
Aline sorri do que eu digo e isso era tudo o que não esperava dela.
Então, ela segura a minha camisa com uma mão e me puxa para mais perto
dela, me olhando bem fundo dos meus olhos.
— Não é vingança, Ethanzinho, é a lei de Newton, querido. Para
toda ação existe uma reação, agora aguenta. Estou apenas reagindo as suas
ações de anos, afinal não é você que é o homem todo poderoso? Pois, agora
aguente feito homem. — Ela solta a minha camisa e me empurra quando
passa por mim para sair do banheiro.
Mas eu a seguro pelo braço e a puxo de volta para mim, em seguida
a empurro para a parede, imprensando o seu corpo.
Desgraçada, ela conseguiu o que queria.
— Pois essa aqui é a reação para a sua ação de agora, menina. —
Coloco uma mão na sua nuca e sinto seu cabelo macio entre os meus dedos,
com o cheiro doce do seu perfume invadindo as minhas narinas.
— Ethan Parker, você não ouse me... Hummmm...
Eu nem espero que ela termine de dizer e devoro sua boca em um
beijo intenso e desesperado.
Ela não tem nem tempo de reagir e percebo que tenta resistir, mas
não por muito tempo, já que insisto em fazê-la abrir a boca para me aceitar.
Aline acaba correspondendo, me fazendo provar os seus lábios de
uma maneira que nunca tinha acontecido.
Nosso beijo tem gosto de uísque com menta já que eu estava
bebendo.
É selvagem, luxurioso.
É como se eu quisesse puni-la de alguma forma a beijando dessa
maneira, mas no fim a punição maior é para mim, pois sei que com ela eu
nunca vou poder passar dos limites e esse beijo não era nem mesmo para
estar acontecendo.
Mas não sei o que aconteceu, não consegui resistir a toda a
petulância dessa menina.
Com uma mão em volta da sua nuca, a outra vai para a sua cintura e
para não cair, ela acaba passando os braços em volta do seu pescoço, me
deixando mais louco ainda, porque isso que estou fazendo só pode ser uma
loucura.
Eu não resisto e a mão que estava em sua cintura logo vai para
dentro do seu vestido curto. Aperto forte sua bunda e ela geme em minha
boca.
Ao sentir a porra da calcinha fio dental que ela está usando, minha
ereção potente dá sinal de vida, pressionando sua barriga.
Antes que eu tente fazer algo que não deva, ela me empurra, mas eu
não a solto, apenas a seguro mais forte e aprofundo mais ainda o beijo
devasso.
Quando percebo que ela já está quase sem fôlego, interrompo o
nosso beijo com leves selinhos pelo seu pescoço até que chegam ao seu
ouvido e digo:
— Não tente jogar comigo, menina, nesse jogo eu já sou veterano e
você está apenas começando. A bola está com você agora, quero só ver qual
vai ser a sua próxima jogada.
Ela respira fundo e me encara com os olhos ardendo de desejo.
Eu não estou muito diferente dela, mas não vai rolar...
Nunca.
— Você até que beija bem, Ethanzinho, mas tenho que confessar
que o beijo do Marcus foi muito melhor. Você fica com a nota quatro
enquanto ele fica com um belíssimo dez.
Mas que filha da mãe!
Essa menina está brincando com fogo.
— Aline, você é a pessoa mais... — Eu nem termino de dizer e ela
me dá um tapa forte na cara, me empurrando. — Mas que porra, Aline!
— Nunca mais ouse me beijar desse jeito, não te dei permissão. O
Marcus foi mais educado do que você, sabia? Ele pediu permissão antes de
me beijar, seu ogro mal-educado.
— Você estava gostando, sua... — Eu me calo para não dizer uma
besteira que a senhora Emily não merece.
— É claro que estava gostando, Ethan, meu corpo é cheio de
hormônios, assim como o seu e eu estou a um tempo sem... Você sabe. O
pior que ainda atrapalhou o meu caso de uma noite e eu te odeio mais ainda
por isso.
— Sexo, Aline? Desde quando você faz sexo?
— Que pergunta idiota é essa, Ethan? Eu não vou te responder isso,
é a minha vida íntima. Estar trancada dentro desse banheiro com você é
uma intimidade muito grande que eu não quero mais ter com você, então,
por favor, seja educado pelo menos uma vez na sua desprezável vida e abra
a porra dessa porta. Eu quero ir me encontrar com as nossas amigas.
A infeliz é boa com as palavras e melhor ainda em me tirar do sério.
Mas que porra está acontecendo comigo?
Sem saber direito no que estou pensado, vou até à porta e abro
sinalizando para que ela saia, mas quando vai passar, a seguro pelo braço
novamente e saímos juntos.
Eu não vou deixá-la solta por aqui.
— Estamos empatados, Ethan. Vamos ver quem vai marcar o
próximo ponto — ela diz assim que paramos na porta da sala vip.
— Você não vai querer entrar nesse jogo comigo, Aline.
— Você não toma uma atitude e está me obrigando a isso, não
podemos passar o resto da vida desse jeito. Eu tenho muito o que viver e
não quero fazer isso com a sombra de um compromisso que você não quer.
— Que inferno, Aline. Por que isso agora? Justo agora que não
tenho tempo para as suas brincadeiras.
— Porque eu cansei de esperar por um homem que não me quer e eu
também não quero mais. Se você não vai fazer nada, vou obrigá-lo a fazer,
ou não me chamo Aline Jones.
Essa menina resolve me dar trabalho justo agora que estou com um
projeto extremamente importante na empresa e não tenho tempo e nem
disposição para isso.
— Boa sorte tentando fazer isso — digo abrindo a porta para que ela
entre, o que ela faz de cara feia.
Que Deus me ajude a passar por esse furacão chamado Aline. Essa
menina tem uma fama que a precede e acho que é por isso a minha mãe
gosta tanto dela.
CAPÍTULO 11
ETHAN PARKER
Diferente do que achava, Aline não vai ficar com as meninas
quando entramos na sala vip, ela, simplesmente, se joga em um canto no
sofá de cara feia, perdida em seus pensamentos. Então, resolvo deixá-la
quieta por um momento e vou até o bar da sala vip.
Eu me sirvo de uma dose uísque e aproveito para dizer com Adrian
e Ryan que já estão aqui.
— O que aconteceu dessa vez? Por que a minha irmã esta daquele
jeito? — Adrian pergunta me encarando.
Somos amigos e, às vezes, acho que é difícil para ele escolher um
lado, apesar de que a irmã sempre vai se prioridade para ele, não importa o
que aconteça.
Mas não queria perder a nossa amizade por isso.
— Tivemos uma conversa difícil, é tudo o que precisa saber.
Ele está prestes a dizer algo quando Mateo entra na sala
acompanhado por Louise.
— Começaram a diversão sem mim, meninas? — Louise entra toda
animada falando com Evelin, as gêmeas e a minha irmã.
Mas vejo que nem mesmo a empolgação de Louise serve para
animar Aline sentada no canto do sofá. Depois que Mateo troca farpa com a
Evelin, o vejo se aproximando de Aline.
Encho um copo de uísque para Mateo, em seguida chamo Adrian e
Ryan para irmos onde Mateo e Aline estão sentados.
— Que bicho te mordeu, pirralha?
Consigo escutar Mateo perguntando para Aline que só se mexe no
sofá, insatisfeita, e muito provavelmente foi pelo que aconteceu, entre nós
dois, pouco tempo atrás.
— Eu odeio o seu primo. Será que a sua tia ficaria muito zangada se
eu matasse o único herdeiro que o seu tio tem? Amaya é esperta o suficiente
para assumir os negócios da família Parker.
Imaginação fértil ela tem.
A minha irmã administrando os negócios da família, isso seria
interessante de se ver.
— Sabe que não é assim que as coisas funcionam. Por que não
conversa com os seus pais?
Mateo sempre querendo ser sensato, mas Aline não usa de sensatez
para nada.
— Porque eles não me escutam, Mateo...
Eu a interrompo antes que fale besteiras.
— Mateo não dá ouvidos para o que ela diz. Hoje, ela não está de
bom humor. — Entrego o copo de uísque para ele e me sento no sofá
acompanhado por Adrian e Ryan.
— Será que ela está assim por você ter a trancado dentro de um
elevador na noite passada? — Mateo pergunta enquanto Adrian, Ryan e eu
acabamos sorrindo, o que deixa Aline mais chateada ainda.
— Isso é para ela aprender a nunca mais me fazer de idiota — digo
tomando um gole da minha bebida.
— Mas você é um idiota e dos grandes! É por isso que nunca vou
me casar com você, prefiro virar freira — ela diz afrontosa, me olhando.
Uma coisa eu tenho que admitir, essa menina tem coragem.
— Coitado dos padres, é capaz de você colocar fogo no convento —
digo.
Se um olhar pudesse matar, eu morreria agora.
— Parem de irritar a garota. Vem, Aline, vamos beber e Ethan
respeite a sua futura esposa. — Evelin se mete na conversa e Aline se
levanta, indo até ela.
Isso não vai dar certo e ainda vai acabar sobrando pra mim.
— Nem que ela fosse a última mulher do mundo — digo assim que
as duas se afastam.
— Já tentou dar uma chance para a garota? — Mateo pergunta de
forma séria.
Não sou eu que responde à pergunta, mas Adrian.
— Não sei o motivo dos nossos pais ainda insistirem nessa loucura,
minha irmã é capaz de se casar com qualquer homem que não seja o Ethan.
Escutar isso me incomoda um pouco, coisa que não era para
acontecer.
— Eu bem que me casava com ela, Aline é a maior gata — Ryan
comenta e olho para o idiota que não daria conta da Aline nem por uma
semana.
— Vocês não foram criados como irmão? — questiono só para ver a
cara dele.
Ryan é filho da madrinha da Aline, os dois foram praticamente
criados juntos.
— Não temos o mesmo sangue, cara. Se você não quiser, eu coloco
pra cima.
Eu não respondo essa provocação barata, mas esse é um ponto
importante a se pensar.
Será que Aline se casaria com Ryan?
Os pais dela ficariam felizes com essa união?
Passamos a noite bebendo e conversando, mas não passamos dos
limites já que parece que todas as mulheres da sala resolveram encher a
cara.
Temos certeza de que a festa acaba quando Eve e Aline resolvem
começar a dançar em cima da mesa e as outra gritam histéricas animando as
duas loucas.
Eu sabia que Aline e Eve juntas bebendo não ia dar certo, ainda
mais que elas resolveram acabar com o meu estoque de The Macallan.
— É, parece que a festa acabou — Ryan comenta.
— Quem leva quem pra casa?
— Ethan você leva Aline para casa, não vou levar bronca por causa
dela. Pode deixar que eu levo a Amaya. —
Olho para Adrian sem acreditar no que ele diz.
Eu levar Aline para casa ainda mais bêbada?
— Então prefere levar bronca dos meus pais ao invés dos seus?
Ele sorri e se levanta.
— E quem disse que eu vou levá-la para a sua casa? — O idiota
pisca e Mateo gargalha da minha cara.
Ele que não se atreva a mexer com a minha irmãzinha.
— Nem pense em tocar na minha irmã, seu bastardo.
Adrian finge não escutar, vai até à minha irmã e a joga por cima do
ombro sem nem perguntar nada a ela, a deixando furiosa.
Ele não sabe com quem está mexendo, mas vou deixá-lo descobrir
sozinho.
— Se você não levar a Aline eu levo. — Ryan provoca mais uma
vez e eu o encaro.
— Fica na sua, cara. — Levanto do sofá e vou até onde a mais
bêbada de todas se encontra.
— Vamos embora — digo segurando o braço dela, mas ela se solta.
— A minha noite só está começando e não tenho hora de voltar para
casa.
Ela sóbria já dá trabalho, bêbada então nem se diz.
— A sua noite acabou quando resolveu encher a cara de The
Macallan, amanhã vai se arrepender com toda certeza. — Uma ressaca das
boas a aguarda amanhã.
— Eu não vou embora com você, seu cretino. Vou procurar o
Marcus, pedir para ele me levar para casa e vou apresentá-lo ao meu pai
como o seu futuro genro.
“Ela está bêbada, ela está bêbada, ela está bêbada”, repito isso na
minha cabeça como um mantra para não perder a paciência.
— Vamos embora e fica caladinha, você diz muita besteira. — Eu a
seguro pelos ombros, a puxando para o meu corpo e a tiro da sala vip.
Ela ainda tenta se soltar, mas dessa vez não consegue.
— Me solta, Ethan, posso ir para casa sozinha.
— Não, não pode. Olha só como você está? Nem mesmo consegue
se equilibrar direito nesses saltos altos. — Acabo a pegando no colo e saio
por uma saída lateral que dá direto no estacionamento, assim evito a
multidão da boate.
— Eu acho que estou voando — ela diz rindo e abrindo os braços.
— Você não está voado, Aline, eu estou com você no colo porque
bebeu tanto ao ponto de não conseguir andar direito.
Ela começa a rir.
— Ethan, eu sei que você me odeia, mas bem que poderíamos ser
amigos, assim você me apresentaria ao Marcus e falaria coisas boas ao meu
respeito para ele. O que você acha?
De novo esse assunto?
Será que ela gostou mesmo do Marcus?
— Esqueça o Marcus, Aline, você é comprometida e não se esqueça
disso — digo abrindo a porta do carro, a colocando dentro e logo vou para o
lado do motorista.
Quando entro, a vejo tentando colocar o cinto de segurança e como
ela não consegue, faço isso por ela.
Assim que termino de ajeitá-la, coloco o cinto e coloco o carro em
movimento.
— Você disse que eu sou comprometida, Ethan, mas eu,
sinceramente, não sei com quem tenho esse compromisso.
Eu acabo respirando fundo, pois não estou acostumado a lidar com
mulheres bêbadas.
— Você é comprometida com a minha família. — É o que eu
consigo responder e ela sorri.
— Então eu sou comprometida com a sua família, mas você não
respeita o seu compromisso com a minha. Como a vida é injusta. — Ela se
encolhe no banco e apoia a cabeça em uma das mãos, olhando pela janela.
— Eu nunca faltei com respeito a sua família, Aline, tenho muita
consideração pelos seus pais e pelo seu irmão.
Ela balança a cabeça, como se não concordasse com o que digo.
— A porra da sua consideração deveria ser comigo e não com eles.
Você nunca me respeitou e nunca foi fiel ao compromisso das nossas
famílias. Já eu sempre fui fiel a tudo o que esse acordo entre os nossos pais
representava, fui fiel a você mesmo não me querendo, mas isso acabou
quando eu perdi a minha...
— Você perdeu o quê, Aline? A sua fidelidade a mim, acabou
quando você perdeu a porra do quê?
Essa menina até mesmo bêbada consegue me tirar do sério e tudo
piora quando ela começa a sorrir da minha cara.
— Você não me deixou terminar de dizer, então nunca vai saber o
que eu perdi, apesar de não ser muito difícil adivinhar o que é.
— Aline, admito que as coisas entre nós dois nunca foi fácil.
Admito que nunca cogitei a possibilidade de te dar uma chance. Eu não te
amo e não te vejo como uma mulher, mas como uma menina minada que
nasceu para ser a minha prometida. Sinto muito, mas no momento eu não
posso... — Paro de dizer quando olho para ela e a vejo dormindo com a
cabeça apoiada na janela do carro. — O que eu faço com você, Aline
Jones? — pergunto para mim mesmo, olhando para ela que dorme
tranquilamente.
Como não posso levá-la nessa situação lastimável para a casa dela,
resolvo levá-la para o meu apartamento.
O apartamento que jurei que ela nunca colocaria os pés.
Estaciono o carro na garagem, pego novamente a mulher
adormecida nos braços e vou até o meu elevador privado.
Em poucos minutos, as portas se abrem na minha sala onde as luzes
se acendem com o meu movimento entrando no ambiente.
É nesse momento que me arrependo de ter deixado apenas um
quarto nessa cobertura enorme depois da reforma que mandei fazer.
Como não posso deixá-la dormir no sofá, começo a subir as escadas
com ela no colo.
Mas no meio do caminho, ela começa a se mexer.
— Aline, não se mexe assim, você...
— Me coloca no chão, Marcus, eu quero tirar a sua roupa.
Mas que desgraçada!
A minha vontade é de jogá-la escada abaixo.
— Aline, sou eu, o Ethan, e não o Lennox.
Essa menina está sonhando com outro homem enquanto está nos
meus braços, na minha casa?
— Lennox, seu nome é tão excitante.
Abro a porta do quarto e entro a colocando no chão, já que ela não
para de se mexer.
Mas é pior quando faço isso.
— O que está fazendo, Aline? — pergunto engolindo em seco
quando ela tira os sapatos e depois começa a abrir o vestido.
— Tirando a roupa. Como vamos dormir juntos se ficarmos
vestidos, a não ser que você queira vir tirar.
Desgraçada, filha da mãe!
Ela tira o vestido e fica só de calcinha fio dental na minha frente já
que está sem sutiã, me provando que ela de menina não tem nada.
Ela já é a porra de uma mulher feita e gostosa pra caralho.
Puta que pariu, deveria tê-la levado para a casa dela e ter deixado
que se virasse com o senhor Jones.
— Aline, vou pegar uma camisa minha para você vestir.
— Eu não quero roupas, Marcus, eu quero é tirar a sua. Vem aqui,
vem, me mostra o que você pode fazer gostoso.
Eu vou matar o Marcus por ter entrado na cabeça dessa mulher
desse jeito.
— Aline, você está na minha casa, eu sou o Ethan, a porra do seu...
— Eu me calo a tempo, me dando conta do que estava prestes a dizer.
— Ethan, você é o Ethan, a minha maior decepção. — Ela vai até a
cama e se joga sobre o colchão.
Pela primeira vez na minha vida, tento me colocar no lugar dela.
— Eu nunca quis isso, Aline.
— Nunca quis, mas também nunca fez nada para mudar a situação.
E como o mundo nunca é justo, você poder ter as mulheres que quis, já eu
estou com a minha vida amarrada a sua, quer dizer, estava porque vou dar
um jeito de acabar com tudo isso.
— Eu também não tive muita opção, Aline, ou acha mesmo que
nunca tentei me livrar de você.
Ela se vira na cama e me encara.
— Eu sei que sim, e você fez um péssimo trabalho tentando se livrar
de mim, porque aqui estou eu, não só na sua vida como também na sua
cama, completamente bêbada e sem roupas. Você, seu cretino, não vai
poder nem mesmo me tocar, porque se fizer isso corto a sua mão. Agora
não me acorde mais, porque quero ter um sonho erótico de sexo bem quente
com o Marcus.
A filha da mãe se mexe na minha cama, se acomodando.
Antes que eu tenha um ataque cardíaco, vou até ela e puxo o
edredom para cobrir o seu corpo nu.
Desgraçada, estou completamente duro e isso nunca tinha
acontecido, não com ela.
Aline Jones não é mais a menina que eu imaginei ser.
CAPÍTULO 12
Ethan Parker
Nunca na minha vida tinha tomado um banho gelado e só essa
noite já tomei dois. Eu nunca, na minha vida inteira, tinha dormido de roupa
e hoje estou completamente vestido, tudo por causa da mulher que está
dormindo na minha cama, usando apenas uma maldita calcinha fio dental.
O pior é que ainda sou obrigado a dormir do lado dela, porque eu
tive a genial ideal de mandar reformar a minha cobertura ao meu estilo,
deixando apenas o meu quarto.
E dormir no sofá, está fora de cogitação.
— Ai que calor...
A infeliz se mexe do meu lado, se levanta tirando a calcinha e vai
para o banheiro.
Eu já tinha conseguido me acalmar, mas agora...
— Estava apertada e estou morrendo de calor. Quem me cobriu com
esse edredom grosso? — Ela sai do banheiro completamente nua e não
consigo nem mesmo piscar.
Hoje, posso dizer com todas as letras que sou um homem muito
forte e com um autocontrole invejável.
— Você está nua — Digo mais para mim mesmo do que para ela
que parece não escutar o que eu digo e se deita na cama novamente, como
se nada estivesse acontecendo.
Essa filha da mãe está fazendo tudo isso dormindo ainda, é a única
explicação.
— Eu gosto de dormir nua quando estou com calor. — Ela se vira e
joga uma perna por cima de mim, me fazendo prender a respiração com o
que eu vejo.
— Aline, você sabe onde está e com quem está? — pergunto só para
ter certeza que ela está dormindo mesmo ou se está apenas querendo me
matar para se livrar de mim.
— Não faço ideia, agora fica caladinho, fica.
Ela joga a mão na minha cara e então presto atenção pela primeira
vez em seus dedos finos, imaginando um anel de noivando em seu dedo.
Mexo a cabeça de um lado para o outro para tirar esses pensamentos
da minha mente e tiro sua mão do meu rosto.
Quando vou tirar a perna da infeliz de cima de mim, fecho os olhos
e me viro de costas para a tentação de mulher ao meu lado.
Aline Jones vai me pagar por essa noite, ela vai pagar, porque
enquanto está dormindo feito um anjo, estou de pau duro por causa dela.
Essa noite vai entrar para a história de uma das piores que já passei
na minha vida.
***
— Eu só posso estar sonhando... Estou dormindo ainda... Isso só
pode ser um pesadelo e me recuso a abrir os olhos novamente. É um
pesadelo, é um pesadelo terrível.
Sou acordado escutando essas palavras.
Quando abro os olhos devagarinho, percebo a posição que Aline e
eu estamos, e chego a sorrir porque ela vai ficar louca da vida com isso.
— Bom dia, Ratinha, espero que tenha dormido bem, porque eu não
dormi quase nada por sua culpa.
Estamos deitados de conchinha e não sei como isso aconteceu.
A infeliz ainda está completamente pelada e a minha mão está no
seu seio.
Eu mereço ganhar um prêmio por ter passado por isso.
— Eu vou cortar a sua mão e depois eu vou te matar, Ethan. Você
vai morrer devagarinho por ter tido a coragem de tirar a minha roupa.
Aline se afasta e vira o rosto para me olhar, cobrindo o corpo com o
maldito edredom que passou a noite toda dizendo que era grosso e que
estava morrendo de calor.
— Acha mesmo que tirei a sua roupa? Olha pra mim e veja como
foi que eu dormi, Aline. Por sua culpa eu tive uma noite infeliz. E que porra
do calor dos infernos é esse que você sente durante a noite que precisa tirar
até mesmo a calcinha? Não estava quente e eu mesmo de roupas estava
sentindo frio enquanto você estava toda pelada.
Ela me olha e coloca a mão na cabeça.
— Eu não lembro de nada.
— Não lembra porque está com um belíssimo porre de The
Macallan, mas eu vou te lembrar o que você fez, sua peste — digo me
sentando na cama.
— Você se aproveitou de mim, estava com a mão no meu seio.
A minha vontade é de gargalhar, mas é de raiva, afinal ela me fez ter
uma noite dos infernos e ainda me acusa.
— Eu não me aproveitei de você coisa nenhuma e nem sei como foi
que acabamos acordando assim. Eu te trouxe para a minha casa porque a
senhorita estava bêbada demais para conseguir chegar onde mora. Eu te fiz
um favor, mas em agradecimento você tira a roupa na minha frente, se joga
na minha cama completamente nua e me mandou calar a boca porque
queria ter um sonho erótico e quente de sexo com o Lennox.
A desgraçada me encara por alguns segundos e depois começa a rir,
então a minha raiva aumenta.
— Caramba, eu tive mesmo um sonho erótico com o Marcus! Se ele
for tão bom pessoalmente como é nos meus sonhos, olha eu vou querer me
casar com ele. Mas é sério, eu não em lembro de nada do que você diz que
eu fiz.
Eu me levanto ficando de pé e encaro a mulher na minha frente.
— Não lembra de nada, mas do sonho lembra?
Ela tenta segurar o sorriso.
— Quem não lembraria de um sonho daquele. Você tem o número
dele, Ethan? Eu preciso ligar para ele e esclarecer o mal-entendido que você
causou, quem sabe assim não tenho uma chance...
— Calada, Aline! Cala a boca porque no momento não sei quem eu
odeio mais, você ou o Lennox.
Ela se levanta com uma cara de quem está satisfeita com a noite que
teve e isso me deixa mais irritado ainda, então sai pegando o vestido e a
calcinha que estão no chão e entra no banheiro, batendo a porta.
— PRECISO DE UMA ESCOVA — grita do banheiro.
— Eu não tenho uma escova reserva.
— Beleza, vou usar a sua então.
Respira, Ethan, ela é apenas uma menina, uma menina que foi feita
e veio ao mundo com uma única finalidade que foi me enlouquecer.
Que porra de menina o que, ela já é uma mulher, uma mulher feita e
gostosa demais por sinal.
— Sua pasta de dente tem um gosto bom — comenta me dando
certeza de que está usando a minha escova.
— Você não está usando a minha escova de verdade, está?
— Você acabou de dizer que não tinha uma escova reserva então
queria que eu fizesse o quê? Queria que eu ficasse sem escovar os dentes?
De jeito nenhum... Porra, Ethan, que tanto de preservativo é esse? Posso
pegar uns para mim?
Eu vou matar essa mulher é agora mesmo.
— Aline, abre já a porra dessa porta — digo socando a porta.
— Estou em um momento íntimo... Huuuu... Ethanzinho, que
negócio cumprindo é esse? Caramba, é um vibrador. Por que você tem um
vibrador no banheiro? Nossa, eu não acredito, o seu piupiuzinho não
funciona direito e por isso precisa de um vibrador para quando traz alguma
vadia para a sua casa.
Desgraçada!
Ela me fez ter uma noite terrível, agora está mexendo nas minhas
coisas e ainda duvidando da minha capacidade de homem.
— Aline, se não abrir a porra dessa porta agora mesmo, eu derrubo
na base do chute.
— O problema vai ser todo seu, afinal a casa é sua e o prejuízo vai
ser todinho seu. Nossa, você tem umas coisinhas interessantes aqui,
Ethanzinho.
Se ela me chamar de Ethanzinho mais uma vez, a afogo na banheira.
— Cinco minutos, Aline, esse é o tempo que você tem para sair de
dentro do meu banheiro e não mexe nas minhas coisas. Você deveria estar
de ressaca, com uma dor de cabeça infeliz e não mexendo nas minhas
coisas.
— Tá, que estressado você é, sempre acorda assim de mau humor?
— Você me deixa de mau humor, Aline. você não é normal, não é
normal de jeito nenhum.
— Por que está dizendo que não sou normal? — pergunta como se
não entendesse o que quero dizer.
— Porque uma pessoa que bebeu como você bebeu ontem à noite
não acorda com essa disposição toda para perturbar o juízo de uma pessoa
inocente.
Ela gargalha de dentro do banheiro.
— Você não é inocente nem no inferno, Ethan. E só para você saber,
estou com uma dorzinha de cabeça, nada que vá atrapalhar o meu diaaaaa...
Meu Deus, eu vou morrer.
Ela abre a porta do banheiro e me encara.
— Será que dá pra você se vestir?
Essa mulher está testando todos os meus limites.
— O meu pai vai me matar, Ethan. Regra número um do senhor
Anthony Jones, não durma fora de casa sem permissão ou será morte na
certa.
Ela deveria ter pensado nisso antes de resolver encher a cara de
uísque.
— Veste a porra da roupa, pelo amor de Deus. E você não vai
morrer porque vou te fazer mais um favorzinho e te levar para casa, assim
ele não te mata.
— Não, você não poder fazer isso, Ethan. Ontem mesmo eu estava
gritando para os quatro ventos que queria me livrar de você e aí hoje chego
em casa com a roupa de ontem, com ninguém mais, ninguém menos do que
Ethan Parker. O meu pai vai pensar que estou brincando com coisa séria e
não vai querer romper o nosso compromisso com o seu pai. Ele já tinha me
prometido que iria arrumar um jeito de conversar com o senhor Dylan.
Agora sou eu que sorrio, pois, vou marcar um ponto e empatar esse
jogo que até o momento ela está ganhando.
— Estivesse pensando nisso antes, Ratinha. Ponto para o
Ethanzinho e veste logo essa roupa.
Ela me olha furiosa e bate a porta do banheiro na minha cara,
enquanto gargalho.
— Eu te odeio, idiota!
— Eu também, querida, eu também.
CAPÍTULO 13
ALINE JONES
Mas que droga!
Estou trancada dentro do banheiro do Ethan, me encarando no
espelho, olhando para o meu estado deplorável.
A minha maquiagem de ontem está borrada no rosto, por isso acabo
lavando com sabonete mesmo, já que não tem outra coisa por aqui.
Deus, o que eu fiz?
Eu bebi todas ontem e eu realmente estava muito bêbada e
infelizmente consciente de muitas coisas.
Juro que não me lembro de ter tirado a roupa, agora a parte do sonho
é verdade e sonhar com o Marcus até que foi muito bom.
Eu nem acredito que tive coragem de enfrentar Ethan desse jeito e
tirá-lo do sério como eu fiz.
Só a base mesmo de muito The Macallan.
Mas essa droga de bebida não causa o efeito esperado em mim,
afinal, segundo a teoria do meu pai, mamãe estava muito louca sob o efeito
dessa bebida quando eu fui feita, o que é uma grande besteira.
Não é possível que eu seja a única pessoa da Terra que não consiga
perder os sentidos bebendo The Macallan, seria muito azar.
— Acabou o seu tempo, cai fora do meu banheiro.
Eu não vou mais perder toda a coragem que ganhei ontem, por isso
aa partir de gora vai ser assim, Ethan e eu vamos estar no mesmo patamar.
— Quer que eu saia pelada do banheiro de novo? Porque ainda não
terminei de me vestir e se quiser derrubar a porta fique à vontade, idiota.
Eu só escuto o soco na porta e nem me importo.
Eu me visto na maior calma do mundo e depois de quase vinte
minutos abro a porta dando de cara com o cretino só de cueca na minha
frente.
— Mas que pouca vergonha é essa, Ethan? — Ele me olha
levantando uma sobrancelha.
— Acho que mesmo sem querer já passamos da fase da pouca
vergonha, não acha? Agora me espera lá embaixo que vou tomar um banho
e te levo para casa. Nem adianta tentar fugir, o elevador não vai abrir sem
que o destrave e você não vai ter coragem de pular a janela, estamos no
último andar.
Ethan passa por mim e bagunça o meu cabelo como se eu fosse uma
criança. A minha vontade é de jogá-lo pela janela sabendo que ele não
escaparia da morte com a queda.
Ele entra no banheiro e pela primeira vez desde que cheguei aqui
olho direito a decoração do quarto. É tudo muito bonito e elegante,
simplesmente a cara dele.
A cama enorme no meio do quarto, cabeceira preta, jogo de cama
marrom, piso branco e percebo que a porta do closet é de vidro, então quem
está no quarto consegue ver quem está no closet e pelo que vejo o closet
dele é enorme.
— O que ainda está fazendo aqui? — Olho para a porta do banheiro
e arregalo os olhos com o que vejo.
Meu Jesus Cristo.
— Não tem toalha no seu banheiro não, seu depravado? — Viro de
costas e escuto a sua risada.
— O que foi? Se assustou com o que viu?
Que cretino!
Então, reunindo toda a minha coragem, me viro novamente para ele
e o encaro.
— Não, eu não me assustei, até que ele é bonitinho assim todo
encolhidinho com frio, mas já vi melhores.
Ele fica vermelho de raiva e vem na minha direção querendo me
pegar, mas eu não sou besta de ficar e corro saindo do quarto, batendo a
porta.
— Sua filha da pu...
— Se xingar a minha mãe, conto para ela.
Ele bate na porta do quarto fechada.
— Sua infeliz, você vai me pagar por tudo o que me fez passar
desde ontem, Aline, vai me pagar.
Percebo que ele está com raiva, muita raiva.
— Pensei que fosse dar mais trabalho te tirar do sério, até que você
é muito bom em se controlar.
Não fico para escutar o que ele diz e desço a escada rapidamente,
me deparando com uma sala enorme e com uma cozinha maravilhosa em
um conceito totalmente aberto e lindo.
A minha mãe ia adorar tentar matar alguém nessa cozinha com as
comidas que ela faz.
Ethan tem muito bom gosto, isso tenho que admitir.
***
— Vamos embora.
Viro vendo Ethan se aproximar enquanto estou sentada no sofá da
sala, terminado de comer uma maçã.
— Espero que não se incomode. — Mostro a maçã para ele.
— Vamos logo.
Ele não está mais de bom humor.
— Podemos esperar mais um pouco, se formos agora vamos pegar
os meus pais tomando café da manhã.
Ele se vira na minha direção e me encara.
Nossa, esse homem está lindo todo de terno e gravata, um
verdadeiro espécime abençoado por Deus.
— Eu não tenho todo o tempo do mundo, Aline. Vamos logo que
ainda tenho que ir para a Shield Security.
— Você chega a ser tão chato quanto o meu irmão.
— Responsabilidades e compromisso. Sabe o que é isso por algum
acaso?
Eu queria ficar quieta, mas com essa eu não consigo.
— É claro que eu sei, foi tudo o que eu tive com você a minha vida
toda e não tive o mesmo retorno da sua parte. Agora vamos. — Levanto
sem olhar para a expressão que ele faz, indo até à cozinha jogar o que
sobrou da maçã no lixo.
Quando volto, ele está no elevador me olhando de um jeito estranho.
Entro e vamos até à garagem em silêncio.
— Você pode ir para a empresa, eu vou de táxi para casa. — Saio de
dentro do elevador me afastando dele, mas ele me segura pelo braço.
— Vestida desse jeito? Mas nem pensar, levo você para casa.
— E, por que se importa?
— Não faço isso por você, mas pelo seu pai. Agora vamos e não me
cause mais problemas do que já me causou nas últimas vinte e quarto horas.
Ethan não espera a minha resposta, me leva até o carro e entro no
lado do passageiro. Ele vai para o lado do motorista e logo coloca o carro
em movimento.
— Você não anda com seguranças? Até o Mateo tem segurança, por
que você não?
Ele apenas sorri prestando atenção no trânsito.
— Eu não preciso disso.
— E, por que não?
— Porque eu sou a segurança, Aline, agora fica quieta.
Resolvo fazer o que ele diz apenas para não causar um acidente,
porque nós dois nos alfinetando não costuma ficar muito bonito no final.
— Pode me deixar aqui. Não precisa entrar para me deixar na porta
de casa... Eu disse que não precisa entrar, Ethan... Idiota — digo e ele não
me escuta, passando pela guarita dos seguranças que quando veem que é ele
abre os portões e com toda certeza avisam o meu pai da nossa chegada.
— Eu não suporto você, sabia? — digo entredentes, doida pra rodar
a mão na cara do cretino.
— Nisso estamos de acordo, pois também não vou muito com a sua
cara. Já me deu mais problemas em dois dias do que na sua vida inteira. —
Ele para o carro bem na porta da minha casa e os meus pais saem
exatamente no mesmo instante de dentro de casa.
A cara do meu pai não é nada boa, nada mesmo.
— Eu vou descer e você vai embora.
Ele sorri me confirmando que vai fazer exatamente o contrário do
que eu digo.
— Está na hora de te agradecer pela belíssima noite que você me
deu.
— Ethan, não se atreva a sair desse carro... Ethan...
Filho da mãe!
Ele desce do carro e não consigo abrir a porta que está travada, mas
ele consegue abrir a porta por fora como se fosse um cavalheiro.
— Está entregue, querida, a nossa noite foi incrível.
Eu sinto vontade de chorar, porque o meu pai arregala os olhos na
minha direção e mamãe sorri balançado a cabeça.
— Os dois entrem agora mesmo — meu pai diz mais sério do que
deveria.
— Ele não pode, pai, tem que ir para a empresa dele agora mesmo, e
o senhor deve estar nos entendo mal... — Eu paro de dizer quando o cretino
segura a minha mão.
— Eu tenho tempo, Aline, vamos entrar e ver o que o seu pai quer.
Mamãe sorri de novo nos chamando com as mãos.
— Vamos, entrem e nos acompanhem no café da manhã.
Meu pai me dá uma última olhada e se vira para entrar, então encaro
o homem que está com os dias contados sobre essa Terra.
— Eu vou acabar com você, Ethan Parker.
— Estou ansioso para ver isso. Parece que marquei mais um
pontinho.
— Ethan, não...
— Foi você quem começou esse jogo, Aline, agora aguenta. — Ele
me puxa para dentro de casa.
Entro tropeçando e só não caio porque ele me segura pela cintura e o
movimento da sua mão não passa desapercebido pelo meu pai.
— Sentem-se aqui. — Mamãe indica os nossos lugares e nos
sentamos um ao lado do outro.
— Aqui, Ethan, coma um pedaço de bolo, fui eu que fiz.
Agora ele morre.
— A cara está muito boa, senhora Jones, deve estar delicioso.
A minha mãe abre um sorriso grande, o cretino come o bolo e faz
uma cara de satisfeito.
— Delicioso.
— Tem certeza disso, Ethan? — Dessa vez é o meu pai que
pergunta.
— Eu gostei e muito, o senhor já provou?
— Não, Ethan, o meu marido não é muito fã da minha culinária —
mamãe diz encarando o meu pai e eu grito por dentro.
— Deveria provar, senhor Jones, o bolo da sua esposa está muito
bom.
O idiota ganhou todos os pontos que precisava com a minha mãe.
— Ethan, tome suco, está bem geladinho.
— Mãe está na hora do Ethan ir embora...
— Onde passou a noite, Aline? — Meu pai nem mesmo me deixa
terminar de dizer e faz a pergunta de milhões.
— Pai, eu, eu...
— Na minha casa.
Até mamãe se engasga com o que escuta.
— Desculpem, é que eu não estava esperando por essa informação.
É hoje que eu vou ser presar, porque esse homem não sai hoje vivo
daqui.
— Aline, qual é a regra da casa? — meu pai pergunta, me
encarando.
— Não dormir fora de casa sem permissão. Me desculpa, papai.
— Eu aceito muito coisa de você, Aline, mas desobedecer às minhas
regras não. Não é mais uma criança para agir com imprudência, então sabe
que vai ter que arcar com as...
— Ela dormiu na minha casa, qual o problema disso? — Ethan se
ajeita na cadeira e encara o meu pai, o enfrentando, e isso não é nada bom.
— Está me dizendo que vocês dois passaram a noite juntos?
Eles parecem dois touros se encarando.
— Pai, eu bebi demais e o Ethan...
— No mesmo quarto e na mesma cama.
Olho para o Ethan com o coração acelerado, mas ele e o meu pai
não param de se encarar.
— Papai, não é nada do que o senhor está pensando, não fizemos
nada.
— Deixa o Ethan dizer, quero escutar a explicação da boca dele.
Eu me viro para o Ethan e seguro seu braço dele e ele me encara.
— Ethan, fala a verdade, a verdade, por favor.
Ficamos nos encarando por uns segundos e ele voltar a olhar para o
meu pai.
— Estávamos na boate ontem comemorando a chegada da Evelin,
Aline e as meninas passaram um pouquinho só do limite e pelo horário que
já era achei melhor levá-la para a minha casa. Ela já chegou lá dormindo e
como a minha cobertura só tem um quarto, a coloquei na minha cama e
dormi do lado dela, já que a cama é grande o suficiente para duas pessoas
dormirem bem longe uma da outra.
Eu fecho os olhos, respirando aliviada.
— Isso é verdade, Aline?
— Sim, papai.
— E aquela nossa conversa de ontem? Muda alguma coisa com esse
acontecimento único? — Ele se refere a conversa que tivemos sobre romper
com o compromisso.
— Não, não muda nada, papai.
— Obrigada por cuidar da nossa filha e Ethan... — minha mãe diz e
ele balança a cabeça.
— É bom ela não beber mais como fez na noite passada. Agora, se
me derem licença, vou me retirar, tenho que ir para a empresa — ele diz se
levantando e eu também.
— Acompanhe o Ethan até a porta, Aline — papai diz, eu obedeço e
saímos juntos.
— Obrigada, Ethan, por...
— Olha aqui, Aline — ele diz me segurando pelo braço, me
puxando para a lateral do carro.
— Ethan...
— Nunca mais me faça passar por uma situação como essa que
aconteceu ontem e hoje, não tenho nem um tipo de obrigação com você.
— Eu não te pedi para fazer exatamente nada do que fez, e falei
mais de uma vez que não precisa me trazer para casa, fez isso tudo porque
quis — digo chegando perto dele para encará-lo, fervendo de raiva por
dentro.
— Eu fiz porque eu quis — ele repete o que eu digo, me encarando.
— É, fez porque você quis.
Ele aperta os meus braços.
— Eu não posso deixar isso acontecer, se me mantive afastado todo
esse tempo foi porque sabia que não iria conseguir atender as suas
expectativas, Aline. Não sei se consigo passar por aquilo tudo de novo.
Você era apenas uma menina e eu um homem estraçalhado, não tenho mais
alma e enterrei o meu coração junto com os meus filhos. Se conseguir fazer
com que o seu pai rompa o nosso compromisso, eu aceito, mas não me peça
para fazer isso. No momento, estou trabalhando em um projeto muito
grande e não posso ir contra o meu pai. Eu não tenho nada a oferecer a
você, Ratinha, e me manter afastado é a forma de te mostrar que me
importo com você.
Eu sinto vontade de chorar, mas consigo segurar as lágrimas.
Eu amo esse desgraçado, mas preciso tirá-lo da minha vida para
esquecê-lo de uma vez.
— Pelo menos tente, Ethan, eu sozinha posso não conseguir, ainda
mais depois do que o meu pai viu hoje.
Ele passa o polegar pelo meu rosto, me fazendo um carinho que
nunca tinha recebido da parte dele e isso acaba com o meu coração.
— Sinto muito, Ratinha, está sozinha nessa. Preciso de pelo menos
mais um ano para terminar o meu projeto, depois disso o meu pai não me
segura mais e aí sim, posso fazer o que você quer.
— Eu não tenho um ano, não posso perder mais um ano da minha
vida, Ethan.
Ele se aproxima e me beija na testa.
— A bola está com você, então agora é a sua vez de marcar o ponto,
vamos ver se consegue.
— Não me obrigue a fazer isso, Ethan.
— Acredite quando digo que sinto muito mesmo. — Ele se afasta de
mim e dá a volta no carro.
— Eu vou te obrigar a fazer isso, vou pegar pesado, Ethan.
Ele sorri.
— Você é apenas uma Ratinha, não conseguiria pegar pesado nem
mesmo se tentasse. — Entra no carro sorrindo e volto a sentir raiva.
Quando ele sai em alta velocidade, digo para mim mesma.
— Você não vai saber nem mesmo o que te atingiu, Ethan Parker,
isso é uma promessa, me aguarde.
CAPÍTULO 14
ALINE JONES
Dois dias já se passaram desde a gracinha do Ethan e ainda não
consegui falar com o meu pai direito, o que é perigoso, muito perigoso para
o meu plano de me livrar do Ethan.
Meu pai não gritou, não berrou e nem brigou, e geralmente tudo isso
acontece quando durmo fora de casa sem avisar e a minha mãe sempre fica
do lado dele.
Só que ela também está muito quieta.
Emily Jones não costuma ficar quieta, isso vai contra os seus
princípios.
Minha mãe é uma mulher sagaz e sabe ser assustadora quando quer,
é assim que ela mantem o meu pai e o meu irmão na linha.
— Você vai fazer uma entrega hoje.
Sou tirada dos meus pensamentos com a minha mãe entrando no
escritório, estamos na Galeria de arte.
— Eu!?
— Sim, você. Vai levar um quadro que a Andreza mandou para
manutenção e limpeza. Ela foi uma das minhas primeiras clientes quando
inaugurei essa galeria junto com a sua madrinha, então esse serviço
oferecemos a ela.
Eu não acredito nisso.
— Nós temos uma equipe de entrega especializada. Por que tenho
que ir? — questiono tentando me livrar.
Eu gosto muito da senhora e do senhor Parker, mas evitar tentar de
cara com o Ethan é a minha prioridade no momento.
— Você vai porque estou mandando, Aline. Acha o quê? Que vai
herdar tudo o que é meu sem conhecer todas as etapas do trabalho?
Ela sempre vem com essa conversa.
— Mãe, eu não...
— Sem discussão, Aline, o motorista já está te esperando. Ele vai te
levar e dê um abraço na Andreza por mim. Ah, e se prepare que ela quer
muito conhecer uma obra sua. Essa família é muito importante e gosta
muito de você, então capriche, Aline. Se você se sair bem, quem sabe não
permita que vá passar uns dias em Nova York para fazer o curso de
fotografia que você tanto quer.
Agora sim, eu me animei com a ideia.
— A senhora está falando sério mesmo?
Ela me encara.
— Aline, você é minha filha, eu te amo e quero apenas o seu bem.
Se pego no seu pé é porque quero que seja muito melhor do que eu sou.
Você carrega o sobrenome Jones e eu com o meu trabalho elevei e muito o
status dessa família. A família Jones não é mais conhecida apenas no
mundo empresarial, mas no mundo da arte também e tudo isso foi esforço
do meu trabalho. Um dia todo esse status vai pertencer a você e ao seu
irmão. Você será uma rainha no mundo das artes e o seu irmão um tubarão
no mundo dos negócios, isso sim, é uma responsabilidade muito grande.
Agora a pergunta é, você está preparada para isso?
Essa é a Emily Jones que eu estava falando.
— É tudo o que eu mais quero, mamãe. Quero que a senhora e o
papai tenham orgulho de mim, assim como tem do meu irmão.
Ela sorri e se aproxima, me abraçando.
— Garota boba, é claro que temos orgulho de você, é o nosso raio
de sol, que veio para iluminar a nossa vida.
Eu devolvo o abraço da minha mãe e me lembro de uma coisa.
— Mãe, a senhora tem muitas ações da empresa do papai no seu
nome, é uma das acionistas, foi a vovó que deu para a senhora quando se
casou com o papai, por que ela fez isso?
Mamãe sorri e se afasta de mim.
— Uma coisa que a sua avó costumava a me dizer quando eu estava
noiva do seu pai, o poder da família Jones está nas mãos das mulheres e
esse foi o presente dela para mim, assim o poder que ela tinha nas mãos
passou a me pertencer. Podemos dizer que isso é um presente das sogras
para as noras Jones.
Encaro a minha mãe me dando conta do que ela está falando.
— Então quer dizer que a mulher que se casar com o meu irmão vai
ganhar as suas ações de presente? Porra! Isso sim, é um presente.
— Você se importa com isso, Aline? Se importa se eu passar as
minhas ações para uma futura nora e não para você? — pergunta
interessada demais na resposta.
— Nem um pouquinho, mamãe, a senhora pode doar as suas ações
para quem quiser. Tudo o que eu quero é herdar as galerias de artes, a
minha grande paixão.
Ela respira como se sentisse um alívio.
— Isso me deixa mais calma, afinal quando se casar vai ter a outra
família e vai carregar o sobrenome do seu marido, mas não se preocupe, a
galeria de arte vai ser sua se merecer. Agora se ficar aí, enrolando para fazer
uma simples entrega...
— Já estou indo, não precisa dizer de novo. — Levanto e quando
estou chegando na porta, ela diz:
— Cinquenta e seis milhões de dólares, Aline.
Eu paro na porta e olho para ela.
— A senhora vai me dar esse dinheiro todo para fazer uma entrega?
— Meu coraçãozinho se enche de alegria.
— Mas nem em sonho, Aline, esse é o valor da tela que a senhorita
vai fazer a entrega, então já sabe que se alguma coisa acontecer...
— Não termina de dizer, mamãe, que pode dar azar. Eu vou ter
cuidado, prometo.
— É bom mesmo, agora vá que a motorista está te esperando.
Respiro fundo e saio do escritório indo para garagem onde o carro
de entrega especializada da galeia já me aguarda.
Entro no carro e vou conversando com o motorista até que
chegamos na grandiosa mansão Parker.
A minha entrada é liberada assim que a enorme equipe de segurança
percebe que sou eu, afinal já vim nessa casa várias vezes.
Amaya e eu somos amigas, apesar do ódio em comum entre o irmão
dela e eu.
— Tenha muito cuidado com a retirada da tela de dentro do carro,
senhorita Jones, e coloque as luvas, não toque diretamente na tela, isso
prejudica o...
— Eu sei de tudo isso, não se preocupe que vai dar tudo certo.
O motorista me olha como se duvidasse da minha capacidade de
fazer isso.
Parece que tenho mesmo muito o que provar.
Cada entrega é diferente dependendo do valor da tela e as peças
devem ser transportadas com medidas preventivas para evitar prejuízos. Por
isso, é essencial que seja elaborado um planejamento minucioso para
garantir a segurança dos objetos.
Todas as etapas são previstas com máxima cautela, desde a escolha
da embalagem até a entrega ao destino. Fazemos uma análise preventiva
acerca de todo o procedimento para verificar as condições da peça e dos
locais de entrada e saída. O peso e o material do objeto são averiguados,
assim como o local por onde o material vai sair do ponto de origem e
chegar ao destino.
Não é só pegar de qualquer jeito uma tela com um valor milionário e
entregar na casa do cliente, tem todo um trabalho por trás.
Assim que retiro a tela de dentro do carro, a senhora Andreza
aparece na porta junto com o senhor Parker e eles sorriem ao me ver.
— Meu Deus, querida, sua mãe está colocando você para trabalhar
tão pesado assim? Venha, deixe eu te ajudar.
A senhora Parker se aproxima, querendo tirar a telas das minhas
mãos, mas ela está sem luva.
— Não, senhora Parker, não toque na tela, não se preocupe que não
está pesado apenas me mostre onde devo colocá-la.
Ela para no lugar e me encara.
— Andreza, amor, não se pode tocar em uma obra de artes desse
jeito, não vê que ela está usando até mesmo luvas para segurar o quadro?
Eu me sinto aliviada quando o senhor Parker explica para ela.
— Se danificar, eu compro outra tela dessa.
Até eu acabo sorrindo da cara que o senhor Parker faz.
— É claro que compra, querida.
— Onde eu posso colocar? — pergunto e ela sai na minha frente
mostrando o lugar.
Nossa, não me canso de me impressionar com o luxo dessa casa.
Ela me leva até um corredor, onde está cheio de várias telas e muitas
delas reconheço por serem de grandes artistas.
— Na última reforma da mansão, criei esse corredor com espaço
mais do que suficiente para as minhas obras de artes, com iluminação e
ambientação adequadas para as telas.
A minha boca se abre com a beleza do local.
— Coloque essa tela ali. — O senhor Parker me mostra o local.
Com muito cuidado, coloco a tela no lugar, tirando a proteção.
— Emily não cansa de me surpreender, ela é perfeita — a senhora
Parker comenta e sinto orgulho da minha mãe.
— A minha mãe é a melhor.
— Sim, ela é, querida, e você será melhor do que ela, tanto que já
separei um lugar especial para o seu primeiro trabalho. Já conversei com a
sua mãe e o seu primeiro trabalho oficial será meu.
Então era disso que mamãe estava falando.
— Eu prometo que que vou decepcionar a senhora.
— Por Deus, minha querida, não me chame de senhora, me chame
de Andreza, ou de sogra.
Meu coração acelera e eu arregalo os olhos, já o senhor Parker sorri
de mim.
— Ela não é nossa nora ainda, mas vai ser nem que eu tenha que
levar o Ethan amarrado até o altar.
— Eu não quero isso — digo sem pensar e os dois me olham ao
mesmo tempo.
— O que o Ethan fez dessa vez? — o senhor Parker pergunta mais
sério do que deveria e fico sem jeito.
— Ele não fez nada, senhor Parker, mas não quero me casar com um
homem que seja levado ao altar amarrado. Ethan nunca mostrou interesse
nesse nosso compromisso em todos esses anos e não creio que isso vai
mudar agora.
Andreza respira fundo e o marido dela diz:
— Ele vai mostrar interesse por você quando souber que para herdar
as minhas empresas vai ter que se casar com você primeiro. Eu já permiti
que ele brincasse de casinha uma vez, o que terminou em uma tragédia e
um roubo bilionário. Não vou permitir que isso aconteça de novo e ele não
vai se casar com qualquer uma, você será a esposa dele.
Agora sou eu que respiro fundo, pois não tenho coragem de
responder ao senhor Parker. Definitivamente, me livrar desse compromisso
vai ser mais difícil do que eu pensava.
As minhas únicas opções é o meu pai, ou obrigar o Ethan a acabar
com tudo enfrentando o pai dele, coisa que ele já disse que não vai fazer.
— Senhor Parker, o Ethan...
— Não vamos falar sobre isso agora, esse é um assunto para ser
tradado em um outro momento, então... Você gosta dele, Aline? Ainda ama
o meu filho?
Agora eu me ferrei de vez.
Por que ele tinha que perguntar justo isso, me encarando da maneira
que faz?
Dylan Parker é um homem experiente e não conseguiria mentir nem
mesmo se quisesse.
— Eu, eu... Senhor Parker, eu...
— Não precisa mais responder, eu já sei a resposta.
Aí caramba, ele sai andando sorrindo.
— Não, senhor Parker, a minha resposta é não, eu odeio o Ethan.
Não podemos ficar um minuto sequer na presença um do outro que já
queremos nos pegar... Não, não, não, nos matar, nós queremos nos matar, eu
não o suporto.
Andreza gargalha do meu embaraço.
— Minha querida, o meu filho é um grande idiota, puxou o pai dele.
Eu gosto de você cada vez mais e acho que devemos marcar um dia para
conversarmos, assim eu posso te ensinar umas coisinhas.
— Não ensine nada a essa menina, Andreza, se juntar a sabedoria
dela com a sua é capaz dela colocar fogo no mundo com o meu único
herdeiro homem amarrado em uma tora.
— E mesmo assim o senhor quer que eu seja a sua nora? —
pergunto com a esperança dele dizer não.
— Com toda certeza.
— Mas, senhor Parker...
Ele para de andar de uma vez e diz, me encarado:
— Aline, eu conheço o meu filho e acredite quando eu digo que ele
gosta de você.
— Então o senhor deve ter outro filho por aí, porque Ethan Parker já
deixou bem claro que não quer se casar comigo, e seria muito bom mesmo
se as famílias rompessem com esse compromisso. Olha que ideia genial,
assim ele se livra de mim e eu me livro dele — digo bem animada, mas
quando olho para a senhora Andreza eu me dou conta do que falei na
primeira parte da conversa.
— Para o bem das duas cabeças do meu marido, é muito bom
mesmo que ele não tenha outro filho por aí.
— Ele não tem, senhora Parker, eu falei isso sem querer.
— É amor, ela falou isso sem pensar, você sabe que é a única
mulher da minha vida.
— É muito bom que seja mesmo, Dylan Parker.
— Me desculpem, é que essa história sempre me deixa nervosa.
— Não se preocupe, querida, agora vamos tomar um suco que essa
tarde está quente.
Eu os acompanho e quando pergunto por Amaya, ela me responde
que ela está na empresa com o Ethan.
Amaya também sabe fazer coisinhas interessantes.
Passamos um tempo conversando, mas não tocamos mais no assunto
do casamento e nem no nome do Ethan.
Porém, a conversa agradável acaba quando a senhora Andreza
precisa se retirar para resolver um assunto, então, me despeço do senhor
Parker, mas quando saio da casa não vejo mais o motorista.
— Parece que vou ter que voltar de táxi ou de ônibus — digo para
mim mesma.
— Você não vai andar de táxi e muito menos de ônibus, pegue um
carro na garagem e depois quando Andreza chegar com o motorista o
mando ir buscar na sua casa.
Levo um susto com a voz do Dylan atrás de mim.
Meu Deus, por que ele foi dizer isso?
O diabinho na minha cabeça já está em discussão com o anjinho que
sempre perde, tadinho.
— Sério, senhor Parker? Como o senhor é generoso.
Ele sorri e me abraça.
— Pegue o carro que quiser, só tenha cuidado com...
O celular dele toca e ele para de falar. Quando atende, faz sinal para
que eu vá para a garagem e ele entra dentro de casa.
Por que eu tenho que ter essas ideias tão irresistíveis?
Eu sou uma dama muito bem-educada pelos meus pais e uma
menina séria de família, não posso...
Mas que porra!
O Ethan também não facilita, tinha que guardar o carro dele,
precioso, vencedor de corridas, guardado na casa dos pais dele, se
esfregando na minha cara, implorando para ir para uma corrida de racha?
Não, ele não deveria deixar esse carro exposto assim para que todo
mundo possa ver, é uma tentação muito grande e amo carro e corridas.
Segura essa, Ethanzinho, que esse ponto vai valer por dois, foi você
quem disse que eu não conseguiria pegar pesado, nem mesmo se tentasse.
Eu avisei, queridinho...
E agora vou te dar uma pequena amostra grátis do que Aline Jones é
capaz de fazer.
CAPÍTULO 15
ALINE JONES
Vou até o carro precioso de Ethan Parker e não penso duas vezes
antes de entrar dentro dele.
Meu Deus, Ethan, você facilita demais.
A chave na ignição implora para que eu ligue o carro e como sou
uma pessoa obediente, faço o que ela me pede.
O som do motor ronca alto, me fazendo vibrar por dentro.
Saio da garagem e por incrível que pareça, quando passo pelos
portões da mansão ninguém me para, apenas acenam.
Gostei desses seguranças.
Como eu já tenho um lugar em mente para ir, pego o celular e pela
conexão bluetooth ligo para um velho conhecido que atende no terceiro
toque.
— Aline Jones! A que devo essa honra?
Engraçadinho como sempre.
— Miguel, estou com uma máquina em meu poder, só me diga que
tem corrida hoje.
Ele sorri do outro lado da linha.
— Aline, o que você está aprontando dessa vez?
Por que todo mundo sempre pergunta isso?
Eu não faço nada de mais para ter essa fama toda.
— Eu não estou aprontando nada, estou no carro do meu prometido
noivo, futuro marido.
Ele sorri de novo e mais alto dessa vez.
— Aquele que você odeia?
— Esse mesmo, agora me diga se tem corrida hoje ou não?
Ele respira fundo.
— Tem, mas você não tem experiência para dirigir sozinha.
— E quem disse que vou estar sozinha? Você vai estar do meu lado
— digo tentando convencê-lo.
— Aline, isso não é brincadeira e a aposta hoje é de um milhão de
dólares.
Sempre rola dinheiro nessas coisas.
— Um milhão não é nada, Miguel.
Eu ainda estou com o cartão do meu irmão, então se perdermos lá se
vai um milhão da conta dele.
— Não é nada para você, Aline, mas para pessoas, como nós, é
muita coisa, muito dinheiro, uma quantia que eu nunca conseguiria juntar.
Miguel é um imigrante mexicano que vive aos arredores de Olvera
Street. Esse lugar é como se fosse um pedaço do México dentro de Los
Angeles e o meu amigo é um dos melhores mecânicos que existe, o único
problema é o preconceito que ele sofre.
— Como você está, Miguel? Como está a sua família?
Ele respira fundo.
— Na mesma de sempre, Aline, consegui pegar alguns trabalhos,
mas você sabe como é... Por eu ser mexicano, ninguém quer me pagar o
que realmente cobro e como preciso colocar comida em casa, acabo
aceitando qualquer coisa que queriam me pagar.
Isso é muito injusto, ele é excelente no que faz e as pessoas se
aproveitam da situação que ele vive, mas isso vai mudar com a ideia que
acabei de ter.
— Vamos participar da corrida e se ganharmos o dinheiro é seu.
Agora se perdermos, eu pago um milhão de dólares.
— ESTÁ LOUCA!? — grita do outro lado da linha.
— Não, nós temos chances, Miguel, o carro do Ethan é top de linha,
um dos melhores fabricados no mundo. Vai ser fácil ganhar com esse carro
já que não é qualquer um que tem uma conta bancária com capacidade para
comprar uma máquina dessas.
Vou usar o carro do Ethan para uma boa causa, se bem que eu
poderia apenas dar o dinheiro para o Miguel, mas aí não teria graça
nenhuma e ele também não iria aceitar, agora se for na corrida, ele aceita.
— Porra, Aline, não sei o que dizer.
— Diga que sim. Vamos ganhar, Miguel, e você poderá abrir a sua
oficina. Eu já tenho um excelente cliente para indicar os seus serviços, ele
gosta de corridas tanto quanto eu, e tem uma belíssima máquina precisando
de um belo trato das suas mãos.
Mateo ama corridas e o Miguel vai ser um achado para ele que com
certeza vai ajudá-lo também, caso faça um bom trabalho no carro dele.
— O que você ganha com isso, Aline? E não tente me enrolar.
— Eu ganho o prazer de enlouquecer Ethan Parker. Ele me desafiou,
Miguel, e eu preciso me livrar desse compromisso, mas parece que ninguém
me escuta. Eu quero ir para Nova York para tentar esquecê-lo de vez, para
conseguir viver sem esse peso nos meus ombros.
Ele respira fundo.
— E se ele te pegar ou descobrir onde você está? Um carro desses
deve ter rastreador, Aline. Esse homem é um deus da tecnologia e você sabe
disso.
— Quando ele achar o preciso carro dele já vai estar abandonado em
Olvera Street e eu já vou estar longe.
Ele sorri baixinho.
— Olha, vou te dizer uma coisa, se esse homem não acabar com
você dessa vez, ele não acaba mais nunca.
— Eu quero que ele acabe é com a porra desse compromisso e ainda
estou apenas aquecendo. Hoje, declarei guerra a Ethan Parker e ele também
não joga para perder. — Elevei o jogo pegando o carro do Ethan.
O Miguel tem razão, se ele não acabar com a minha raça dessa vez,
não acaba mais.
— Porra! Você roubou o carro dele, Aline?
Nossa, como ele é dramático.
— Não, o pai dele me emprestou, então eu não roubei.
— Você é louca mesmo.
— Só um pouquinho, mas a minha loucura vai te dar condições de
abrir a sua oficina e eu vou te apresentar uma pessoa muito importante.
Você vai poder mudar de vida, Miguel, e isso é o que realmente importa.
Você vai poder dar uma vida digna para os seus pais e sua irmã.
Ele fica calado como se estivesse pensando na proposta, até que ele
diz:
— Você sabe para onde ir, vou te esperar na entrada e já vou acetar
tudo. Já vamos entrar para correr e você não vai sair de dentro do carro para
nada, eu faço tudo. Não quero ninguém daquele lugar te olhando e nem
quero que saibam que é uma mulher que está no volante, pode ser perigoso.
— Que porra de preconceito é esse, Miguel?
— Não é preconceito, Aline, é cuidado. Você pertence a uma família
muito rica e não vou arriscar a sua segurança. Eu sei que está fazendo isso
para me ajudar, mas essas são as minhas condições. É pegar ou largar.
Ele chega a ser tão chato quanto o meu irmão.
— Tudo bem, entendi. Espere por mim, que eu já estou chegando.
— Que Deus nos ajude.
Nos despedimos e desligo a ligação.
Piso o pé no acelerador e, em poucos minutos, chego ao meu
destino. De longe, avisto Miguel nervoso, andando de um lado para o outro,
então paro o carro perto dele e o chamo piscando os faróis.
Ele vem na minha direção e entra no carro, do lado do passageiro.
— E aí? Está tudo certo?
— Você é louca e sou mais louco ainda de estar te ajudando nessa
loucura.
— Você é bem dramático para um homem, deveria ter nascido
mulher.
— Três milhões, Aline, eles aumentaram e em muito a aposta. Eles
querem arrancar dinheiro do playboy, filhinho de papai que vai dirigir um
carro desses, porque é isso que se passa pela cabeça dessa gente.
Três milhões, acho que não passa desapercebido do meu irmão, mas
eu não pretendo perder.
— Que bom que vamos ganhar, então, é mais dinheiro para você —
digo tranquilamente.
— Três milhões, Aline, está surda agora?
Respiro fundo e resolvo pegar pesado com ele para parar de tanto
drama.
— Miguel, eu gasto um milhão em um sapato, três milhões em uma
bolsa e cinco milhões em um vestido de marca. Eu não vou nem entrar no
quesito joias, então, sossega aí.
Ele me olha como se não acreditasse no que eu digo.
— Você gastou um milhão em um par sapato? Tinha ouro nesse
sapato era?
— E diamantes também, agora vamos que estou ansiosa.
Ele me olha em choque.
— O que foi agora, Miguel?
— Quem usa um sapato com diamantes, Aline?
— Eu uso e não me olha com essa cara que você vai ter dinheiro
suficiente para poder comprar uma coisa assim para a sua namorada quando
quiser... Ah, me lembrei, você não tem namorada porque é um chato que
nem o meu irmão.
Ele faz uma careta.
— Eu não tenho condições nem de sustentar a minha família direito,
acha mesmo que posso bancar uma namorada?
— Fala sério, Miguel, se for uma mulher direita não vai se importar
se você tem dinheiro ou não. Agora vamos, por onde eu entro?
— Ali. — Ele aponta para a entrada central e assim que passamos já
saímos na pista de corrida.
— Aperta o cinto, Miguelzinho, vamos fazer esse idiota comer
poeira.
— Virgem Santíssima, Nossa Senhora de Guadalupe! Nós vos
pedimos, ó Mãe do céu, me proteja dessa louca...
Olho para o idiota sem acreditar.
— Miguel, o que pensa que está fazendo?
— Rezando, eu não quero morrer.
Dou um soco no ombro dele com força.
— Aline!
— Não vamos morrer, idiota, vamos ganhar três milhões para você,
mal-agradecido. Agora segura aí e reza para ganharmos. Eu não quero
morrer. Mas que idiotia, eu dirijo super bem.
— Eu lembro bem como você dirige...
— Xiu, calado, aquilo ficou no passado. Foi um acidente de
percurso. — Bati o carro dele uma vez e ele ficou furioso comigo.
— Vamos lá, Aline, presta atenção no sinal, você lembra de tudo o
que te ensinei, em cada curva você...
— Quieto, lembro de tudo. Vamos ganhar, Miguel, e você vai ter a
melhor oficina de todos os tempos.
Ele sorri e me encara.
— Obrigado, Aline.
Seguro na mão dele e o encaro.
— Somos amigos e você vai ficar me devendo pelo resta da vida —
digo a última parte sorrindo e ele sorri também.
— Vou começar a rezar para Nossa Senhora de Guadalupe manter
você bem longe de mim.
Gargalho.
O sinal toca e piso no acelerador, arrancando na frente.
— Porra, Aline, o que tem nesse carro? — pergunta impressionado.
— Eu te falei que esse carro era bom.
— Isso não é um carro, mas uma máquina, chamar essa beleza de
carro é uma ofensa.
— O meu amigo que eu te falei tem um melhor do que esse e você
vai melhorar o que já é perfeito.
Ele me olha com os olhos brilhando e sei que ele vai conseguir
impressionar o Mateo.
— Se você terminar essa segunda volta na frente com essa potência,
o nosso concorrente não te ultrapassa maisssssss... Alineeeee...
— Você grita feito uma donzela, cuidado para não mijar no banco de
couro do Ethan. Isso ele não perdoa. — Piso o pé no acelerador e o motor
ronca lindo nos meus ouvidos.
Como Miguel falou, o nosso concorrente não consegue nos
ultrapassar e vencemos com uma folga grande de distância.
— Porra! Nós vencemos, nós vencemos, Aline.
Ele está eletrizante ao meu lado.
— E você me chamado de louca. Sou uma louca que sabe correr,
meu querido, a gente bem que podia ir mais uma... — Paro de dizer quando
percebo o meu celular tocando na conexão bluetooth.
— Acho que você foi descoberta.
— Vai lá buscar o seu dinheiro, Miguel, a gente tem pouco tempo
até que o Ethan apareça aqui com um batalhão de brutamontes.
— O que você vai fazer com esse carro?
— Eu vou abandoná-lo aqui por perto, ele vai ficar furioso.
Agora sim, Miguel vai achar que sou louca.
— Você está brincado, né?
— Não, Miguel, vai logo pegar o dinheiro, vai, vai, vai...
Ele sai do carro balançado a cabeça e logo é rodeado de pessoas. O
cara que perdeu para nós parece estar indignado, mas a vitória foi justa e ele
sabia muito bem contra que carro estaria correndo, então paga fazendo uma
transferência para o Miguel.
Essa gente sabe que se não pagar as dívidas das corridas, a coisa não
acaba bem, por isso é ilegal.
— Pronto, agora vamos embora daqui — Miguel diz entrando no
carro e saio o mais rápido possível enquanto o meu celular não para de
tocar.
— Aline, ele vai nos achar e vamos estar perdidos, nós dois. —
Miguel parece estar nervoso.
— Onde posso abandonar esse carro?
Ele me olha com os olhos arregalados.
— Você vai fazer isso mesmo? — pergunta como se eu não tivesse
coragem.
— É claro que vou. Em questão de minutos o Ethan vai encontrá-lo,
agora diz logo.
Ele respira fundo.
— Na praça, vire à esquerda e logo vai avistar uma pracinha.
Faço o que ele diz e quando chegamos na pracinha, desligo o carro e
pego meu celular.
— O que você vai fazer agora?
— Limpar a minha barra é claro. O Ethan não queria jogar? Então,
ele que aguente.
— Meu Deus, vocês dois um dia...
Eu faço sinal e ele se cala, então ligo para ninguém mais ninguém
menos que Dylan Parker e ele logo atende.
— Aline, o que aconteceu? — pergunta como se estivesse
preocupado, pois, sabe que sai em um dos carros da casa dele.
— Senhor Parker, eu peguei um dos carros do Ethan. Ele deve ter
descoberto pelo rastreador e pelas câmeras de segurança da mansão. Aquele
idiota brincou comigo, coloquei o endereço de um cliente no GPS e ele me
mandando para outro lugar, um bairro que não conheço nada. Agora estou
morrendo de medo.
Olho para Miguel que está imóvel, me encarando.
— Eu não acredito que o Ethan teve coragem de fazer isso com
você. Ele passou de todos os limites.
— Pois ele fez, senhor Parker, eu vou sair desse carro e vou para
casa de táxi. Ele sabe muito bem para onde me mandou, então ele que
venha buscar o carro maldito dele.
— Me diga onde você está que eu mesmo vou te buscar.
— Eu não sei onde estou, senhor Parker, mas aqui perto tem uma
pracinha e vou conseguir pegar um táxi. Não se preocupe comigo, assim
que eu chegar em casa, aviso o senhor que cheguei bem.
Ele respira fundo.
— Tem certeza, Aline, tem certeza de que está bem?
— Tenho sim, não se preocupe. Eu aviso o senhor assim que chegar
em casa, mas o carro dele vai ficar aqui.
— Tudo bem, vá para casa e me avise quando chegar, eu vou
resolver isso com o Ethan.
— Obrigada, senhor Parker, eu agradeço a preocupação do senhor
comigo, vou ficar bem.
— Eu peço desculpas pelo meu filho, Aline, e tenha certeza de que
isso não vai ficar assim.
— Se fizer alguma coisa, ele vai ficar com mais raiva de mim...
— Não se preocupe com isso, vá para casa em segurança e me avise
quando chegar, não esqueça.
— Tudo bem, até mais, senhor Parker. — Desligo a ligação e
quando olho para o Miguel, ele começa a bater palmas, sorrindo.
— O que foi?
— Você não pensa em mudar de profissão, não? Seria uma excelente
atriz, talento você tem de sobra.
Eu começo a rir.
— Vamos sair logo daqui.
Saímos juntos, a passos rápidos até o outro lado da praça, deixando
o carro para trás.
— Como eu saio daqui, Miguel? Preciso ir embora, o Ethan com
toda certeza vai mandar os homens dele vasculhar tudo aqui.
Ele me para segurando no meu braço e eu o encaro.
— O dinheiro, Aline, ele é seu, foi você quem ganhou a corrida.
Será que essa criatura não entende o que já cansei de dizer?
— Esse dinheiro é seu, Miguel, eu não preciso dele. Realize a porra
do seu sonho e não permita que mais ninguém pise em você. Nos próximos
dias irá receber a ligação de Mateo Smith e só pelo sobrenome já deve ter
noção de quem ele é. Chegou a sua vez de dar a volta por cima, você
merece, meu amigo.
Ele me encara intensamente e me puxa para um abraço apertado.
— Muito obrigado, Aline.
Eu retribuo o abraço do meu amigo.
— Agradece me tirando daqui antes que o Ethan chegue.
Ele sorri e desfaz o nosso baraço.
— Está com medo agora, é?
— Eu não tenho medo de nada, mas estou com preguiça de bater
boca com ele hoje. Eu tenho que manter um perfil baixo pelos próximos
dias e tentar evitá-lo a todo custo.
— Isso não é sentir medo?
— Não, é apenas precaução, ele que…
— Vamos embora, entendi. — Miguel me puxa pelo braço e quando
olho para trás, vejo vários carros chegando na pracinha.
— Ele até que foi rápido.
— Você brinca com a sorte, Aline. — Ele faz sinal para um táxi que
está passando e graças a Deus está vazio.
— Vá para casa e vê se fica pelo menos uma semana sem aprontar.
— Ele beija a minha testa e me empurra para dentro do carro.
— Obrigada pela ajuda hoje, Miguel.
— Eu que agradeço. — Ele pisca.
O táxi entra em movimento e quando passamos pela pracinha, vejo
Ethan descendo de outro carro, indo até o dele com uma cara assustadora e
linda de se ver.
Durante o percurso até em casa o meu celular toca algumas vezes,
mas eu nem mesmo o pego para olhar quem está ligando, afinal já tenho
uma pequena noção de quem seja.
Mas quando o táxi para em frente à minha casa, sou obrigada a abrir
a bolsa para pagar o motorista e vejo uma notificação de mensagem na tela
do meu celular.
— Muito obrigada moço. — Entrego o dinheiro ao motorista e ele
agradece.
Saio do carro e abro a mensagem passando pelos portões da minha
casa. Vejo que é do Ethan e sinto vontade de rir quando leio.
“Eu vou te pegar, Aline Jones, e quando colocar as minhas mãos
em você, vai me pagar muito caro, sua Ratinha.
Você mexeu com o meu carro e não se mexe com o carro de
homem, é sagrado.
Estou furioso, louco para te pegar pelo pescoço.
Essa jogada foi boa, mas me aguarde, sua peste.”
A vontade de responder é grande, mas ele já passou raiva o
suficiente por um dia.
Agora tenho que ficar atenta, porque ele realmente não vai querer
deixar isso barato.
Mas eu me diverti e como me diverti, ainda tive o prazer de ver a
cara dele de raiva e estou satisfeita pelo menos por enquanto.
CAPÍTULO 16
ETHAN PARKER
Quando o GPS do meu carro foi acionado, assim que ele foi posto
em movimento, quase não acreditei.
Quando puxei as imagens das câmeras de segurança da mansão dos
meus pais e vi a causa dos meus problemas saindo no meu precioso carro,
senti uma tremenda dor de cabeça.
Estava em uma reunião, acertado detalhes do meu novo projeto
quando o sistema de rastreamento apitou no meu celular.
Sempre que um dos meus carros é posto em movimento isso
acontece.
Imagina a surpresa que eu tive quando vi que justamente o meu
carro de corrida estava saindo da garagem da mansão.
Aline Jones vai pagar caro por essa gracinha, muito caro mesmo.
A infeliz pegou o meu carro, participou de uma corrida ilegal e o
abandonou em uma praça qualquer.
Ela está brincando com a minha cara e com a minha paciência.
Não foi difícil descobrir por onde ela estava andando com o sistema
de rastreamento ativado.
Não sou idiota, conheço muitos pontos de corridas ilegais e a infeliz
estava no mais conhecido de todos.
— Chefe, nem sinal da senhorita Jones pelas redondezas — um dos
meus homens diz se aproximando.
Estamos na praça, onde o meu carro foi abandonado por ela.
— Como ela conseguiu desaparecer desse jeito e tão rápido? —
pergunto mais para mim mesmo do que para ele.
— Ela deve ter tido ajuda de alguém, alguma amiga ou quem sabe
até mesmo do algum namoradinho. Ela é jovem e deve ter...
— Cala a boca, Aline Jones é minha prometida, ela não tem
namorado. O que ela tem é muita coragem de me enfrentar desse jeito.
Ele balança a cabeça, concordando.
— Pelo menos, ela ganhou a corrida, um feito que o senhor pouco
consegue fazer. Se o seu carro conseguisse falar, ele estaria gritando de
felicidade.
Encaro o infeliz que está implorando para ser demitido, sem
acreditar no que ele diz.
— Some da minha frente antes que eu faça com você o que estou
pensando.
Ele não me espera falar de novo e sai quase que correndo, então
chamo outro dos meus homens.
— Pode falar, chefe.
— Leve o meu carro para a oficina, quero saber se essa gracinha da
minha noiva vai me dar algum prejuízo. — Só depois que termino de falar é
que me dou conta de que chamei Aline de minha noiva, e essa porra nunca
tinha acontecido antes, mas saiu de forma involuntária.
— Noiva, chefe?
— Some você também da minha frente e faça o que eu mandei.
— Sim, senhor. — Ele sai e eu dou uma última olhada no meu carro.
Fico imaginando como foi que Aline conseguiu ganhar uma corrida
de racha e quem foi que a ensinou dirigir assim.
Aparentemente o meu carro está intacto e depois que ele é levado
para a oficina, vou para uma das minhas boates.
Eu tive um dia de cão na empresa hoje, Aline apronta uma dessas
comigo e ainda tenho que trabalhar na boate.
Estou morto de cansado e tudo o que queria no momento era um
pouco de paz.
— Chefe, o seu pai ligou e está esperando o senhor na boate, ele
parecia estar com raiva, com muita raiva mesmo.
Era só o que me faltava agora.
— Vamos. — Dou a ordem.
Saímos do local e nos encaminhamos para a boate onde o meu velho
pai me espera.
Algo me diz que ainda vou ter mais problemas hoje.
Chegando na boate, primeiro passo no bar e bebo duas doses
caprichadas de uísque, só depois vou para o escritório.
Quando entro, vejo o meu pai sentado na minha cadeira, me
lembrando e passando na minha cara que ele ainda é o dono de tudo, que
sou apenas a pessoa que administra e cuida de tudo para ele.
— Não tem uma esposa em casa esperando pelo senhor? —
pergunto entrando e me sentando na poltrona em frente à mesa.
— Não se preocupe com a minha mulher, ela é da minha conta e não
é da sua.
Eu acabo sorrindo.
— A sua mulher é a minha mãe, então também é da minha conta.
Agora o que o senhor que quer aqui e o que tem de tão importante para falar
comigo?
Ele se ajeita na cadeira e cruza os braços em cima da mesa, me
encarando.
— Eu vim até aqui para saber, por que diabos em vez de você estar
cuidando da sua noiva, está brincando de gato e rato com ela? Ela pegou o
carro com a minha permissão e você ficou brincando com ela, a mandando
para Deus sabe onde pelo GPS. A menina estava trabalhando, Ethan, e você
a fez perder praticamente a tarde de trabalho.
Agora é a minha vez de encarar o meu pai, sem entender porra
nenhuma do que ele está falando.
— Como é que é a história?
— Não se faça se desentendido, a pobrezinha da Aline me ligou
morrendo de medo, dizendo que você percebeu que ela tinha pegado o seu
carro e para brincar com ela, a mandou para um lugar totalmente
desconhecido pelo GPS. Ela me disse que iria deixar o carro em uma praça
e iria para casa de táxi. Graças a Deus, ela é esperta e conseguiu se virar.
Eu acabo sorrindo e balançando a cabeça.
Aline é muito mais esperta do que eu pensava, é uma jogadora à
altura e vai me dar muito trabalho ainda.
— Pobrezinha? E ela não é minha noiva.
Meu pai bate na mesa irritado, mas há muito tempo ele não me
assusta mais.
— Aline não é um objeto para você ficar brincando com ela dessa
maneira, Ethan. Já é um homem feito, o que passou pela sua cabeça?
— Pai, eu não fiz porra nenhuma, estava na empresa, em reunião,
acertando os detalhes do meu projeto. Aline é o único pensamento do dia
que eu não tenho, tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar me
preocupando com essa menina. Agora, ela pegou o meu carro, participou de
uma corrida ilegal e o abandou literalmente em plena praça pública, isso
não vai ficar assim.
Meu pai sorri.
— Aline não faria isso. Ela é uma boa menina e foi educada para ser
sua esposa. Ela é uma artista, tem sensibilidade.
Meu Deus, meu pai está completamente cego pela Aline e a minha
mãe é pior.
— Aline uma boa menina educada e sensível? Acho que não
estamos falando da mesma pessoa. Como o senhor mesmo falou, já sou um
homem feito e tenho direito de tomar as minhas decisões. Eu não vou me...
— Você vai se casar com ela. Dei minha palavra ao Anthony que a
filha dele teria um excelente marido e seria muito bem cuidada pela nossa
família. Eu já dei a você uma vez a chance de ficar com quem queria e
acabou em um desastre. Não vou permitir que nada daquilo aconteça de
novo. Aline Jones será sua esposa, ela é a porra da sua prometida, então seja
homem, vá até à família Jones e oficialize as coisas.
Eu travo o maxilar tentando me controlar para não explodir com o
meu pai, o homem que mais admiro nessa vida, mas me obrigar a isso, não
vou permitir que ele faça.
— Será que não percebe que eu não posso dar a vida que essa
menina merece? Eu sou um homem destruído, pai, e tudo o que vai
acontecer com esse casamento será Aline ter uma vida sofrida. Eu não
quero isso pra ela.
— Acha mesmo que eu não tinha traumas?
“A mulher que eu amava engravidou de outro homem e disse que o
filho era meu, quando descobri a verdade de ter sido traído ainda tive o
desprazer de vê-la morrer em um trágico acidente de carro.
“As suas últimas palavras quando tentei socorrê-la foi, “me perdoa,
eu te amo”.
“Eu fiz a sua mãe sofrer demais porque também não a aceitava na
minha vida, eu tinha esse mesmo medo que você carrega.
“Andreza era uma luz muito grande na minha escuridão e mantê-la
afastada de mim, era mantê-la segura de mim mesmo.
“Não foi fácil admitir para mim mesmo que eu precisava dela, que a
amava.
“Foi a sua mãe que colou os meus cacos, Ethan, foi a mulher que me
libertou.
“Depois que eu decidi que ela era minha, tirei todos os que a
queriam do meu caminho, exceto Anthony Jones.
“No final, entendi que ele teve um papel crucial para me fazer
enxergar a verdade, a verdade que estava estampada na minha cara.”
Eu sei o que o meu pai está falando, vi os registros de todos os
homens que ele deu fim porque queriam propor casamento a família da
minha mãe.
— Quantos matou?
Ele sorri e se encosta na cadeira.
— Eu não matei todos, alguns eu fiz com que falissem, assim não
teriam dinheiro e o velho James nunca aceitaria alguém que não desse uma
vida de princesa para a filhinha amada dele.
Agora sou eu que acabo sorrindo.
— Mamãe nem sonha com isso.
— Não, eu era obcecado pela sua mãe, na verdade, eu sou. Ela é a
minha vida. Eu destruía os desgraçados antes que eles chegassem nos
portões da família Smith.
“Sua mãe e seu avô nunca nem sequer souberam do interesse de
outros homens no meu passarinho, ela sempre foi minha e ponto final.
“Hoje, somos felizes e construímos uma família linda. Você e sua
irmã são tudo o que temos de mais valioso e sagrado nessa vida.
“Eu seria capaz de morrer por vocês, seria capaz de morrer para
manter a minha família segura e protegida.
“Eu quero que tenha um amor, meu filho, quero que você viva a
intensidade de um verdadeiro amor. Quero que sinta o gosto de fazer amor
com a mulher que você realmente ame e deseje.
“Quando isso acontecer, Ethan, você será capaz de ir ao limite e de
fazer loucuras para ter o amor da mulher que você quer.”
— Como sabe que Aline é essa mulher?
Ele sorri novamente.
— Todo mundo enxerga isso, meu filho, menos você porque ainda
está amarrado a um trauma do passado e eu entendo.
— Não vou me casar com ela.
Meu pai pega um documento e me entrega.
— Vai mudar de ideia quando ler isso.
Eu começo a ler o que está escrito no papel e me recuso a acreditar
no que os meus olhos veem.
— O senhor não vai ter coragem de fazer isso?
— Eu já fiz, Ethan. Você se tornará o CEO da Shield Security, mas
só irá herdar tudo quando se casar com Aline Jones, a não ser que o pai dela
rompa com o compromisso e pelas conversas que tive com o Anthony, ele
não pretende fazer isso.
— Vai ter coragem de me deserdar se eu não me casar com ela?
— Não vamos olhar por esse lado, meu filho. Você já é um homem
muito rico, tem muito poder nas mãos, poder esse que eu dei a você e se
tornará o CEO da minha empresa. Tenho certeza de que a sua irmã cuidará
bem de você sendo a minha única herdeira. Sua irmã te ama.
Eu nunca tinha sentido raiva do meu pai como estou sentindo agora.
— Tudo isso por um casamento, pai?
Ele se levanta e apoia as mãos na mesa, me encarando.
— Aline Jones vai ser a minha nora, o plano é esse até que o pai
dela resolva mudar o nosso combinado.
Agora, eu me levanto e faço o mesmo que ele, o encarando.
— Tenho medo de não ser homem o suficiente para ela, pai, de fazê-
la sofrer. Será que é cego ao... — Eu não termino de dizer, porque ele me
interrompe com um tapa na cara.
— Idiota! Você a ama e não tem coragem de admitir, você gosta
dela. Eu não criei você e te ensinei tudo o que sei para se tornar um homem
fraco. Supere a porra do seu trauma, do seu passado e se case com ela.
— Eu não a amo. Não sei se consigo amar novamente.
— Olha aqui, Ethan, eu posso ter me precipitado em ter tomado a
decisão que tomei em relação à empresa e a sua herança, mas o seu destino
está selado ao dessa menina. Sua mãe e eu conseguimos ver coisas que você
idiota não consegue ver.
— O que o senhor quer dizer com tudo isso?
— Um ano, Ethan, daqui exatamente um ano vamos voltar a ter essa
mesma conversa. Se você me disser que ainda não a ama, rompo o
compromisso com a família Jones, liberando Aline para ter o homem que
ela quiser, para namorar quem quiser, para se entregar ao homem que ela
quiser, para que se case com quem o pai dela achar melhor e você estará
livre para viver a sua vida do jeito que tanto gosta.
As palavras do meu pai ecoam pela minha cabeça e sinto um aperto
no peito, como se doesse.
— Combinado.
Apertamos as mãos, selado o nosso acordo.
— Espero que não se arrependa, Ethan, pois a partir do momento
que esse compromisso acabar, você será proibido de chegar perto dessa
menina. Ela passará a ser de outro e não sua. E se caso ousar me
desobedecer, conhecerá um Dylan Parker que apenas a sua mãe conheceu e
ele não é nada bom. — Ele dá dois tapinha na minha cara, pega o
documento que eu deixei em cima da mesa e o rasga no meio.
— Um ano, Ethan, um ano passa rápido demais. — Ele aperta o
meu ombro e logo depois se retira do escritório.
Eu respiro fundo, vou até a minha cadeira e pego um belíssimo
charuto da minha coleção, então o acendo sentindo o seu gosto único, me
encostando na minha cadeira de direito.
Um ano, Ratinha, em um ano você estará livre de mim e poderá
viver como deseja, mas até lá vamos levando o nosso joguinho.
Quem sabe o senhor Jones não tome uma decisão primeiro com a
sua insistência.
Mas amanhã eu te pego e vamos acertar as regras do nosso jogo.
Não vou esquecer tão cedo o que você fez hoje comigo.
Aquela peste elevou e muito o jogo.
Nunca imaginei que ela teria coragem de fazer o que fez, e eu vou
descobrir quem foi que a ajudou, pois, tenho certeza de que ela não se
meteu em uma corrida ilegal sozinha.
CAPÍTULO 17
ALINE JONES
Acordei de muito bom humor hoje, abracei os meus pais, tomei
café da manhã com eles e fui para a Galeria de arte com a minha mãe, me
elogiando pela excelente entrega que eu realizei na mansão Parker.
Ela disse que eu fui muito bem elogiada pela senhora Andreza e isso
deixou o meu dia melhor ainda.
Eu achei que o Ethan fossem surtar comigo ontem mesmo,
sinceramente, pensei que ele fosse ir até a minha casa e me entregar para os
meus pais.
O senhor Parker pode até ter acreditado na minha conversar, mas o
meu pai não, ele conhece muito bem a filha que tem em casa.
Se o Ethan abrir a boca, o meu pai vai acreditar e estou ferrada.
Mas se ele não fez isso até agora que já é final de tarde, não vai
fazer mais.
Ele deve estar dando um tempo para a raiva passar e eu também não
vou mexer com ele por esses dias.
— Está pensando em que, Aline, a aula já acabou e você nem
mesmo percebeu. Passou o tempo todo perdida em pensamentos — uma das
minhas amigas do curso que estou fazendo chama a minha atenção.
— Eu já sei o conteúdo dessa aula de trás para frente, aprendi tudo
isso na faculdade e o professor está apenas dando uma revisão geral do
conteúdo.
Ela sorri.
— Nem todas tem a sua inteligência, Aline Jones, agora vamos.
Guardo o material, coloco tudo na minha bolsa e saímos juntas da
sala de aula.
— Hoje é sexta feira, que tal saímos para beber alguma coisa? —
Ela convida e me lembro do que aconteceu da última vez que eu bebi, então
é bom passar o final de semana sóbria.
— Hoje não vai dar, o meu pai está de olho em mim, então eu...
— Puta merda, olha só aquele gato. — Ela interrompe o que estou
falando, impressionada com a beleza de algum homem muito bonito.
— Que gato? — pergunto olhando para ela.
— Aquele miau ali, já estou até imaginando tudo o que ele pode
fazer comigo na cama.
Sorrio do que ela diz e olho para onde ela está olhando.
— Porra, estou muito ferrada.
Sinto o meu coração acelerado quando vejo Ethan Parker encostado
em um carro em frente ao prédio do meu curso, lindo de morrer, me
encarando.
— Você o conhece? — ela pergunta interessada.
— Conheço sim, infelizmente.
— Senhorita Jones, o chefe está aguardando a senhorita.
Eu me assusto com um homem todo de terno e gravata falando ao
meu lado.
— Por Deus de onde você surgiu? — pergunto com a mão no peito.
— Por favor, senhorita, vamos.
— Eu não vou para lugar nenhum, vou sair com a minha amiga,
pode avisar ao seu chefe.
— A senhorita não vai poder ir para lugar nenhum a não ser com o
chefe. Temos homens espalhados por todo o quarteirão, então não tem para
onde ir.
Que ódio!
— Aline, quem é esse homem e o que ele quer com você? — ela
pergunta preocupada pelo que o idiota do segurança diz.
— Ele é um conhecido da família, não se preocupe vou ficar bem.
Ele late muito, mas não morde.
— Eu queria que ele me mordesse.
Eu a encaro.
— Ele é o meu futuro noivo. Quer mesmo que ele te morda?
Ela arregala os olhos e eu arrependo do que falei, mas saiu sem
querer.
— Aí caramba, é sério isso mesmo? — pergunta sem acreditar.
— A senhorita Jones e o senhor Parker são prometidos em
casamento — o segurança responde primeiro do que eu, a pergunta dela.
— Desculpa, eu não sabia que você era...
— Não se preocupe com isso, eu vou lá me livrar dele já que não
tenho para onde fugir.
— Sábia escolha, senhorita Jones.
Eu me despeço da minha amiga e atravesso a rua indo em direção ao
Ethan. Quando me aproximo, ele segura no meu braço e me puxa dando a
volta no carro, abrindo a porta do passageiro.
— Me solta, Ethan, o que você quer? Eu vou para casa com o meu
motorista.
— Eu já o dispensei e você vai para casa comigo, peste. — Ele me
joga dentro do carro e bate a porta.
Quando tento abri-la, percebo que a porta já está travada.
— Ethan Parker, me deixa sair agora mesmo.
— De jeito nenhum, vamos ter uma conversinha, Ratinha. Você
roubou o meu carro. — Ele coloca o cinto de segurança e eu faço o mesmo,
então o carro entra em movimento.
— Eu não roubei nada, o seu pai disse que eu poderia pegar o carro
que quisesse.
— Aí você resolveu pegar um carro de corrida. Ficou louca, Aline?
E ainda por cima participou de uma corrida de racha. O que foi que passou
pela sua cabeça oca?
Eu fico furiosa pela maneira que ele fala comigo.
— Para esse carro agora mesmo que eu quero descer.
— Não vai descer porra nenhuma, vai ficar caladinha e vai escutar
toda a minha frustração por você.
— Frustração!? A única frustrada nessa história toda sou eu, Ethan.
Você claramente não me suporta e nem mesmo esconde isso de ninguém,
nunca escondeu.
— Você não sabe a merda que está falando.
Agora eu fico com mais raiva ainda e começo a bater nele.
— Fica quieta, estou dirigindo.
— PARA ESSE CARRO, ETHAN — grito e ele grita junto.
— NÃO, EU NÃO VOU PARAR!
— Você é um cretino, idiota.
— Você é a errada aqui, Aline, e está querendo mudar a situação ao
seu favor.
Eu me ajeito no banco do carro, olhando pela janela.
— Eu sou a errada, sempre fiz tudo errado desde que entendi o que
significava a palavra dos nossos pais. Eu admito que realmente sou muito
burra e idiota. Agora você pode parar o carro que vou para casa de táxi. —
Percebo que ele aperta o volante com força e trava o maxilar.
— Dessa vez não vai me enganar com essa conversinha fiada de
menina apaixonada. Para cima de mim, não cola mais, Aline. Você poderia
ter se machucado, poderia ter morrido, porra. — Ele não tira os olhos do
trânsito e eu não digo nada pensado nas palavras que ele acabou de dizer.
— Assim você teria ficado livre de mim e eu de você, então estaria
livre para viver sem a cobrança de um casamento dos seus pais em cima de
você e eu teria morrido sem saber o que é viver de verdade. — Eu mal paro
de dizer e ele vira o volante do carro de uma vez.
Eu me assusto, me dando conta do que ele está fazendo e fico
aliviada quando percebo que estamos praticamente na rua da minha casa.
Ethan para o carro embaixo de uma árvore grande que tem na
esquina. Ele tira o cinto de segurança e afasta o banco do carro de uma vez
para trás, então praticamente arranca o meu cinto de segurança, me puxando
para o seu colo.
Ele faz isso tudo tão rápido que não consigo reagir para impedi-lo.
— Que porra pensa que está fazendo, Ethan?
Maldita a hora que resolvi ir para o meu curso de vestido.
— Eu vou te ensinar a nunca mais desejar a morte para se livrar de
mim.
— Ethan, por favor, não...
Ele não me espera terminar de dizer e me puxa para um beijo. Um
beijo que sonhei por anos.
Como sou fraca, acabo me rendendo a ele nesse momento, me
permitindo sentir todas as sensações que esse beijo maravilho me permite
sentir.
Ethan me aperta e me abraça forte, passando as mãos pelas minhas
costas. Logo uma das suas mãos entra no vestido, enquanto a outra aperta a
minha bunda com força.
Chego a gemer dentro da sua boca de tão boa que é a sensação que
estou sentindo no meu corpo.
Ele me ajeita em seu colo e fico encaixada nele, com uma perna em
cada lado do seu corpo.
Involuntariamente, me remexo no seu colo e quando faço isso é a
sua vez de gemer.
— Desgraçada... — Ele chupa a minha língua e meus lábios de uma
maneira que achei que não fosse possível.
Passo as mãos pelo seu cabelo, o puxando cada vez mais pra mim.
É como se quiséssemos nos fundir um no outro.
Quando já estou quase sem fôlego, ele desce o beijo pelo meu
pescoço, mordiscando a minha pele e sua mão sobe para os meus seios, os
apertando, acariciando e isso faz com que minha intimidade pulse, porque o
desejo que estou sentindo no momento é quase que incontrolável.
Eu abro a sua camisa, passando as mãos por seu abdômen sarado,
cheio de gominhos, e mais uma vez rebolo em seu colo, voltando a beijá-lo.
O calor do momento faz o meu coração acelerar, ao mesmo tempo,
em que seu toque faz com que a região entre as minhas coxas pulse.
Ethan sabe despertar o meu interesse e meus desejos como nenhum
outro homem foi capaz de fazer.
— Ethan, não podemos... — Eu tento dizer, mas ele não permite.
Ele me segura com mais força em seus braços, voltando toda a sua
atenção para a minha boca, chupando meus lábios.
Sinto sua ereção encaixada na minha intimidade, fazendo com que
eu fique mais excitada ainda com a fricção dos nossos corpos quando eu
rebolo nele.
— Porra, Aline, o que você está fazendo comigo, menina. — Ele
desfaz o beijo apenas para dizer isso e volta a me beijar novamente.
Quando ele levanta de vez o meu vestido e suas mãos vão para
dentro da minha calcinha, querendo acariciar a minha intimidade, volto aos
meus sentindo, me dando conta do que vai acontecer dentro desse carro se
não o parar.
Ele não me quer, nunca quis, ele quer apenas sexo, é só isso que ele
quer das mulheres e eu já ouvi isso da boca dele.
— Não... Não, Ethan, para agora mesmo.
Ele bufa frustrado e aperta a minha cintura, encostando sua testa na
minha.
— Aline, por favor.
Eu sinto vontade de chorar me lembrando do que aconteceu anos
atrás, quando ele me disse não.
— Não! Você um dia me disse não e não me quis quando eu estava
disposta a me entregar a você. Hoje sou eu quem diz o não, Ethan, eu não
quero você. Eu não te quero mais. — Cada palavra que sai dos meus lábios
faz o meu coração doer, porque eu o amo e o quero.
Mas não assim.
Eu mereço muito mais do que isso, mereço muito mais do que só
apenas tesão.
CAPÍTULO 18
ETHAN PARKER
Descobrir onde Aline fazia o curso foi fácil, então decidi pegar a
Ratinha em um lugar onde ela não teria para onde correr.
Ela estava cercada pelos meus homens e a minha intenção era fazê-
la pagar pela afronta de ter pegado o meu carro.
Mas o que não esperava, era o rumo que a nossa discussão levaria.
Escutar da sua boca que desejava a morte, fez algo dentro de mim,
doer e gritar ao ponto de me deixar desnorteado.
E tudo o que queria no momento era fazer com que esse pensamento
maldito saísse da cabeça dela.
Eu nem mesmo sabia o motivo da necessidade que eu sentia em
fazer isso.
Puxá-la para o meu colo e beijá-la da maneira que eu fiz, foi um ato
impulsivo que tomou de conta do meu corpo e nem eu mesmo tinha noção
do que estava fazendo até a hora que ela me parou, me deixando
embriagado pelo seu beijo e seu cheiro doce.
Pela primeira vez, me dei conta do quanto ela era cheirosa e me
viciar em seu cheiro seria fácil, mas a recusa dela, me trazendo a memória
um momento do passado me fez suspirar.
— Não! Você um dia me disse não e não me quis quando eu estava
disposta a me entregar a você. Hoje sou eu quem diz o não, Ethan, eu não
quero você. Eu não te quero mais.
Ao escutar suas palavras, um lado meu compreendia o que ela
queria dizer, já o meu outro lado, o lado que ela não conhecia e que eu
rezava para que ela não conhecesse, se recusava a aceitar.
Eu, nesse momento, sou um emaranhado de confusão e não consigo
me compreender.
Não sou capaz de dizer mais nada, a proximidade, seu cheiro e o
tesão que sinto, se misturaram a ponto de se tornarem a única coisa em
penso.
Ela tenta sair do meu colo, mas não permito, pois, preciso ir além
para tentar clarear os meus pensamentos.
Eu a puxo pela nuca, engolindo seu grito surpreso com o beijo que
me neguei em todos esses malditos anos.
Um choque de prazer dispara por cada terminação nervosa do meu
corpo e ela também deve sentir, pois depois de tentar resistir, me agarra,
gemendo.
Aline não é uma mulher tímida, isso não seria um problema.
Seguro seu rosto com uma mão, pressionando meu corpo no seu.
— Ethan... — ofega, quando puxo o seu lábio inferior, antes de
mergulhar em sua boca gostosa.
Minha língua busca a dela, de modo lento e fácil, entrando e saindo,
a incentivando a retribuir, a me receber.
A cada gemido que ela dá, sinto meu pau latejar, dolorido.
A proximidade e o nível de intimidade que nunca compartilhamos,
causam reações virais em mim.
Era um simples beijo, mas que tirou o meu juízo.
Meus dedos enredaram-se em seu cabelo e a seguro firme, a
dominando.
Aline me dá o que eu queria, retribui o beijo, me explorando,
sentindo.
Eu não quero soltá-la, e de fato não sei se conseguirei.
Quero mais dela, quero tudo.
Ela morde meu lábio e solto um gemido, excitado.
É ela quem desfaz o beijo e ainda não estou pronto para soltá-la.
— Você é um pecado, garota! — Seguro seu rosto, não deixando
que fuja de mim.

Ela está vermelha, com os olhos enevoados de paixão.


— Um maldito pecado que quero cometer. — Dou uma lambida em
seu lábio inferior, provocando-a.
Ela deixou com que a fera entrasse, agora, teria que lidar com tudo o
que isso significava.
— Eu preciso respirar, Ethan. — Ela tenta fugir, mas está presa, sob
meu domínio, como gosto que esteja.
Eu a beijo de novo, agora mais bruto e menos paciente. Quero mais
dela, mais da sua boca gostosa e doce.
Não consigo pensar em nenhum motivo para me afastar, essa mulher
se tornará um vício em minha vida se eu não tiver cuidado.
O seu beijo me pega como nenhum outro foi capaz.
— Não há para onde ir, Aline. — Ouço o toque do meu celular, sei
que é importante, mas nada no mundo me tirará daqui agora.
Estou totalmente preso, ela conseguiu de algum modo, a mulher nos
meus braços conseguiu se infiltrar em minha pele e em meus pensamentos.
Tenho muita coisa para fazer na empresa, na boate, mas estou aqui,
com ela.
— Quero você. — Mordo seu lábio como uma punição por ela ser a
responsável por abalar meu mundo.
O mundo que passei anos para construir e conseguir viver ao meu
modo.
Tomo seus lábios com urgência e desta vez o gemido é meu. O
toque da sua língua em minha boca me deixa ainda mais excitado, então a
acaricio, exigindo que explore mais.
Quando o faz, eu a capturo, chupando gostoso como farei com sua
boceta quando tiver a mínima chance.
Engulo cada um dos seus gritos e gemidos, satisfeito em como me
recebe.
Aline puxa meu cabelo, querendo me prender a ela.
Não há outro lugar para onde eu queira ir.
— Ethan — chama meu nome ofegante e olho para ela.
Nesse breve instante, veja a minha ruína.
— Aline, isso aqui é só uma pequena prova, nada vai acontecer. —
Tento me convencer, erroneamente, acreditando que tenho poder para me
controlar.
Perto de Aline é como se eu não fosse Ethan Parker.
— Você é tão linda. — Acaricio sua boca carnuda com o polegar e
ela fecha os olhos.
Lambo seus lábios, antes de beijá-la outra vez, quero consumi-la,
diminuir o tormento que se iniciou desde que ela resolveu que seria uma
boa ideia me enlouquecer.
A mulher em meus braços estremece e a quero nua para mim. Estou
louco para lamber cada pedacinho da perfeição que ela é e eu tão idiota
nunca percebi a linda mulher que me queria.
Sinto o toque suave da sua língua, ela está tomando sua parte, me
beijando com igual desespero.
Nunca tinha sentido isso por ela e aceito a justiça desse ato como
um direito meu.
— Ethan, pare… — Ela me empurra e a beijo outra vez.
Aline morde meu lábio, depois o suga forte.
A breve dor da sua mordida, me incendia de uma maneira que não
deveria acontecer.
Beijo seus lábios de novo e de novo, mordendo e chupando,
brincando com sua língua macia.
Estou me afogando nela, tomando tudo que me privei desde o
começo de tudo.
— Ethan...
Quando sinto um empurrão mais forte, me obrigo a parar de beijá-la.
— Preciso respirar, assim você vai me matar.
Eu me afasto um pouco, preso na névoa que me engole, não
percebei que ela respirava forte e parecia estar tonta.
Gosto de vê-la assim.
— Respira na minha boca. — Eu me inclino sobre ela, antes de
tomar seus lábios, mordisco de leve, avisando o que fará.
Desta vez, sou mais moderado e deixo que dite o seu ritmo. Mais
lento, suave, gostoso.
A reação do meu corpo à proximidade, ao calor que se desprende
dela, é suficiente para me enlouquecer.
Ela arqueia o corpo quando distribuo beijos por seu queixo e
pescoço, sua pele delicada, avermelhada de paixão, me instigando a
descobrir mais.
Minhas mãos descem e invado seu vestido, satisfeito por encontrar
os mamilos duros, implorando por minha boca.
— Ethan…
O jeito com que diz meu nome, chama minha atenção.
Vejo tanto sentimento em seus olhos, tanta entrega que talvez nem
ela compreenda a profundidade de tudo isso.
Mas, agora, ela está despida para mim e eu vejo.
Está lá, estampando em seu rosto, todo o sentimento que eu não
queria que ela tivesse. Isso me apavora e não tenho vergonha de admitir.
Pior, se eu continuar vindo para ela, mudando tudo, a colocando como
prioridade sempre que apronta alguma, não demorará muito para que eu
esteja em suas pequenas mãos.
Eu jamais permitirei isso, não de novo.
Não entregarei tanto poder a uma mulher novamente, por mais
incrível que ela seja.
Seria um erro fazer isso novamente, um erro que não estou disposto
a cometer novamente e essa certeza é como um chute no meu estômago.
Eu me afasto, sentindo a força do golpe que a revelação me causa.
Com o desejo, posso lidar, mas não com esses sentimentos que nem
ouso mais citar.
— Você sempre faz isso, de novo e de novo. Eu sou mesmo muito
burra e idiota por pensar que um dia poderia...
— Aline...
A mulher bate com tanta força na minha face que chego a virar o
rosto. Em seguida, sai do meu colo e volta para o banco do passageiro,
ajeitando o vestido.
— Espero que tenha gostado, porque isso é tudo o que vai ter de
mim. — Ela tentava abrir a porta do carro.
— Para com isso, Aline, me escuta...
— NÃO... Eu não escuto mais, não vou mais escutar ninguém.
CHEGA, ETHAN... Chega pelo amor de Deus, chega de me iludir desse
jeito, eu não mereço isso. Por Deus, eu não mereço, eu quero paz, tudo o
que quero é me livrar de você para que eu possar ter paz.
Eu me sinto mal em escutar isso.
— Eu conversei com o meu pai, ele disse que se dentro de um ano
eu não tomasse uma decisão acerca de nós dois, ele aceitaria que
rompêssemos com o compromisso.
Ela sorri e me olha, é então que vejo dor e tristeza em seu olhar.
— Eu não tenho mais todo esse tempo disponível, Ethan. Esperei
por você a minha vida toda, desde o dia que eu nasci. Eu vivi um dia após o
outro esperando por você e não vou mais fazer isso. Se essa porra de
compromisso não romper por bem, vai ser por mal, mas uma coisa é certa,
não espero mais um ano. Agora abre o caralho dessa porta.
Pela primeira vez, percebo o quanto ela está decidida no que estava
falando, mas eu não tenho o poder de romper o compromisso antes que esse
um ano se passe e se ela conseguir fazer isso, eu aceitarei.
— Boa sorte tentado então. — Destravo a porta do carro e ela desce
sem nem mesmo me olhar.
Só permito que ela faça isso porque já estamos na rua da casa dela.
Fico a observando de longe até que passe pelos portões da mansão
Jones, então ligo o carro e saio.
Nunca foi tão difícil ir embora sem olhar para trás.
Sinto como se algo me prendesse e isso, por mais estranho que
pareça, apenas me dá a certeza de que me afastar é o melhor a fazer.
Eu acreditei erroneamente que conseguiria controlar minhas reações
a Aline, que poderia ser o mesmo Ethan e ser indiferente a tudo o que ela
fazia.
Outro erro, mais um em meio a tantos.
Sabia desde o começo que jamais poderia me envolver e mesmo
indo tão devagar quanto eu consegui ir, não fez a menor diferença. Eu não
podia mais me envolver com uma mulher da maneira que ela esperava de
mim.
Aline não merece apenas os meus cacos, ela merece ter alguém por
inteiro e eu não deveria me importar com a certeza de que isso é o certo a se
fazer. E imaginá-la nos braços de outro homem é algo que devo evitar
pensar a qualquer custo.
CAPÍTULO 19
ETHAN PARKER
“A água gelada escorre por meu corpo como uma carícia dolorosa.
As alfinetadas do frio não me permitem relaxar completamente, mas
é bom e gosto.
Aqui, me permito voltar no tempo e relembrar coisas que deveria
lutar para esquecer, mas não, pareço gostar da dor física e às vezes
emocional.
O que vivi e o que fui obrigado a ver, tirou todas as minhas chances
de apenas superar o passado e seguir em frente.
A vida me ensinou o que um homem de verdade faz o que precisa ser
feito, sem questionar o que isso trará para si mesmo.
Mas o que eu não sabia era o quão cansativo ter tanta
responsabilidade em cima dos ombros.
Gosto de governar meus desejos, impulsos e necessidades. Minha
mente é o que rege meu corpo e eu não aceitarei nada menos que isso.
Por um instante, paro em frente ao espelho embaçado, limpando
apenas uma pequena parte para que possa ver minha imagem, só então
encaro o meu reflexo.
E o homem que me encara de volta não parece tão emocionalmente
complicado.
Essa é a imagem que todos veem, um Ethan Parker que para muitos
tem uma vida perfeita, mas eu sei o inferno e a escuridão que vive dentro de
mim.
Hoje, tenho um evento da empresa para ir e sempre levo uma boa
companhia.
No geral, as mulheres que me acompanham a esses irritantes
eventos já sabem que teremos uma noite de sexo e que depois irei embora,
deixando para trás um presente valioso.
Sem emoções envolvidas, sem cobranças ou ilusões.
Não que alguma vez tenha precisado me preocupar.
As coisas sempre foram muito claras e não tenho um pingo de
remorso em frisar que é apenas isso, sexo.
Enrolo uma toalha na cintura e saio do banheiro.
Quando passo pela porta, me assusto com quem vejo deitada na
minha cama.
— O que está fazendo aqui? — pergunto sério, olhando para a
menina enrolada nos meus lençóis.
— Eu vim ver você. Amaya me disse que estaria aqui se preparando
para ir ao evento da empresa.
O que essa menina pretende?
— Por que está deitada na minha cama, Aline?
Ela responde tirando o lençol do seu corpo, me mostrando estar
vestida apenas com uma camisola preta transparente.
Eu chego a rir porque não é possível que ela esteja querendo o que
estou pensando.
— O que significa isso?
Ela se senta e me encara.
— Fiz dezoito anos hoje, Ethan, e eu quero que você me dê o meu
presente de aniversário.
— Minha mãe já fez isso, Aline, já lhe deu um presente.
— Aquele foi o dela, eu quero o que você pode me dar. — Ela se
levanta e vem até mim, passando os braços pelo meu pescoço e admito que
pelo menos um cheiro bom ela tem.
— E o que seria esse presente que você tanto quer?
Ela sorri e beija o meu pescoço, ficando nas pontas dos pés,
tentando me seduzir.
Uma adolescente tentando me seduzir.
Isso só pode ser brincadeira.
— Quero que tire a minha virgindade, Ethan, você me deve pelo
menos isso. — Ela tenta me beijar e eu seguro em suas mãos, a afastando
de mim, antes que eu caia em seu feitiço.
Admito que a infeliz é boa no que está fazendo.
— Você procurou a pessoa errada para isso, menina. Olha para
você e depois olha para mim. Não passa de uma criança querendo brincar
de entrar na vida adulta.
Ela parece não gostar do que escuta.
— Você é meu, meu noivo.
— Não sou e você sabe muito bem disso.
— Ethan, você não vai...
— Aline, chega! Pare com isso e não se humilhe mais. Eu não a vejo
como uma mulher, para mim, você é apenas uma menina que acabou de
completar dezoito anos e está querendo se tornar mulher de uma maneira
totalmente errada. Não faça isso com você mesma. Vai se arrepender,
menina.
Seus lindos olhos começam a ficar vermelhos.
— É assim que me vê? Apenas como uma menina?
Ela parece estar decepcionada com a minha recusa.
— Uma criança, Aline, uma criança que até ontem tinha dezessete
anos. Não é um número a mais em sua idade que vai te tornar uma mulher.
Agora sai do meu quarto e volte para o quarto de Amaya. Troque de roupa
que vou mandar o motorista te levar para casa e tenha muito cuidado com
os seus pensamentos infantis. Não se entregue para qualquer um.
— E você se importa com isso? Claro que não, você tem mulheres
demais para se importar comigo.
— Aline...
— Acha que eu não vejo, Ethan? Você sai em notícias sempre com
uma mulher diferente ao seu lado.
— Aline, não devo satisfações da minha vida a você, assim como
não deve nada para mim. Eu já sou um homem e você é uma menina que
não sabe de nada, coloque-se no seu lugar e viva a sua fase de menina. É o
mais seguro a se fazer. E, por favor, não invada mais o meu quarto, se o
meu pai ou a minha mãe entrar aqui agora, poderiam interpretar mal a
situação.
Ela se aproxima de mim e me encara afrontosa com seus lindos
olhos.
— Vai se arrepender — diz com a cabeça levantada, me encarado e
com o nariz empinado.
— E do que eu me arrependeria necessariamente?
Ela se aproxima mais e encosta os nossos corpos um no outro. O
calor que emana dela de alguma maneira me aquece e tudo fica mais tenso
com o selinho rápido que ela dá em meus lábios.
— Vai se arrepender desse dia, o dia em que eu seria sua de corpo e
alma, é disso que vai se arrepender. E isso é uma promessa, meu amor. —
Ela sorri como se debochasse da minha cara e se vira para sair do quarto.
Mas eu seguro em seu braço, a puxando de volta e ela se choca
contra o meu corpo.
— Não me provoque, menina, você não aguentaria nem mesmo
cinco minutos na cama comigo.
Ela não se assusta e sorri novamente, me encarando.
— Talvez tenha razão, mas nunca vamos saber, não é mesmo?
Afinal de contas, sou apenas uma menina brincando de entrar na vida
adulta. — Puxa o braço do meu agarre de uma vez e depois de me dá uma
última encarada se afastando.
Quando vai passar pela porta do quarto, se vira me olhando uma
última vez.
— Acho que você não é tudo isso que dizem ser, é apenas um homem
com medo de sair do passado e encarar a realidade. Você usa uma
máscara, Ethan, e isso um dia vai acabar com você.
Eu vou até ela a passos rápidos, mas a infeliz bate a porta do
quarto, e tudo o que faço é socar a porta com força.
— Desgraçada!”
— Ethan, meu filho, acorda.
Eu me assusto com a voz da minha mãe falando comigo e me sento
na cama, me dando conta de que mais uma vez sonhei com essa maldita
lembrança que invade os meus sonhos há dois dias.
— Mãe, o que a senhora está fazendo aqui? — pergunto meio
zonzo, já que acabei de acordar.
Dormi na casa dos meus pais nos últimos dias.
— Estava sonhando com a Aline de novo — ela responde a minha
pergunta, fazendo uma afirmação dos meus sonhos.
— Sabe ler mentes agora, mãe?
Ela sorri.
— Ela sempre é a desgraçada dos seus sonhos, meu filho. Sempre.
— Mãe...
— Eu não gosto disso, não quero mais que se refira a ela desse jeito
nem mesmo em sonho. Aline é uma boa menina, ela é inocente e pura, vai
ser uma excelente esposa para você.
Olho para a minha mãe sem acreditar no que ela diz.
— A senhora não é tola, mamãe, é bem espertinha, muito mais do
que deveria ser e já deve ter investigado o que aconteceu com o meu carro,
então sabe que de inocente e pura Aline não tem nada.
Ela sorri.
— Ela fez aquilo para chamar a sua atenção e parece que conseguiu.
Você cai nas armadilhas dela como um patinho.
“É incrível como ela tem a facilidade de te tirar do sério, aquela
menina é de uma mente brilhante. Ela me faz parecer pequena na frente
dela.
“Aline sabe como fazer as coisas da maneira certa.
“Ela tem todas as cartas na manga e as pessoas que precisa ao seu
lado.
“Ela elevou o jogo a um nível que nem mesmo eu seria capaz de
fazer, e olha que já aprontei poucas e boas nessa vida.
“Eu a quero como nora, Ethan, quero um neto brilhante vindo dela.
“Já imaginou meu filho o que sairia de vocês dois?
“A sua inteligência com o gênio da Aline.
“Um filho de vocês dois seria uma perfeição.”
Eu chego a engolir em seco com tudo o que acabo de escutar.
— É assim que a senhora quer me convencer a me casar com ela?
Se esse for o seu plano está dando muito errado, mamãe.
— Vocês dois juntos teriam uma vida brilhante, meu filho. Porque
você tem que ser tão burrinho como o seu pai, dificultando as coisas. Por
um lado, você é magnifico, já por outro é um completo desastre.
— A senhora tem certeza de que eu sou mesmo seu filho?
Ela sorri.
— É claro que eu tenho, por isso é tão bonito. — Ela me abraça e eu
retribuo.
Minha mãe sempre esteve ao meu lado em todas as vezes que eu
precisei dela, é a única mulher que tem o meu amor incondicional.
— Eu te amo, meu filho. Não estrague a sua vida por um erro do
passado.
— Não vamos voltar a esse assunto, mamãe, já sabe o que eu penso
a respeito de tudo isso.
Ela suspira e me encara.
— Você vai sofrer, meu filho, e a culpa vai ser toda sua. Mas dessa
vez eu não vou te ajudar, vai perder o amor da Aline e quando isso
acontecer vai ser tarde demais para você. Agora se levante, já estamos nos
atrasando para ir para o clube. Vamos jogar golfe com alguns amigos e o
seu pai precisa de você do lado dele.
CAPÍTULO 20
ETHAN PARKER
Depois que a minha mãe sai do meu quarto praticamente me
chamando de idiota, me levanto e tomo um banho, me arrumando logo em
seguida.
Minha família tem o costume de algumas vezes ir ao clube jogar
golfe e o meu pai sempre faz questão de me ter ao seu lado, sempre foi
assim desde que eu era criança.
— Sabe muito bem que não consegue ganhar se eu não estiver com
o senhor, por isso faz tanta questão de me ter ao seu lado — digo chegando
na sala, provocando o velho Parker.
— Você só ganha porque eu te ensinei bem, não seja esnobe.
Eu acabo sorrindo, pois, Dylan Parker não aceita perder para mim.
— Vamos, estou pronta.
Olho para a escada e vejo minha irmã descendo com uma minissaia
que não cobre nada.
— Volte e troque de roupa.
Ela para no lugar e me encara.
— Não. — Cruza os braços, afrontosa.
— Eu não vou dizer de novo, Amaya, volte e vista uma calça ou
algo que cubra a sua bunda.
Ao escutar minhas palavras, meu pai resolve olhar para ela.
— Que diabos é isso, Amaya? Mas de jeito nenhum que você sai
assim.
Minha irmã fica vermelha de raiva.
— Mas, pai...
— Amaya, vá logo trocar de roupa que já estamos atrasados, não
discuta e apenas obedeça — digo olhando para ela que se pudesse me partia
a cara.
— Você é incrivelmente insuportável, Ethan, insuportável.
— Eu sei disso, agora suba e vista algo decente.
Ela vira as costas e sobe novamente encontrando com mamãe que já
vinha descendo.
— O que aconteceu, Amaya?
— Seu filho querido, me mandou trocar de roupa e o papai como
sempre deu razão a ele.
Minha mãe olha para nós dois de cima da escada.
— O que tem de errado com a roupa dela?
— Curta demais — papai e eu dizemos juntos e mamãe olha para a
saia de Amaya.
— Obedeça ao seu pai e irmão, querida.
Minha irmã fica sem acreditar no que escuta.
— Mas, mãe...
— Amaya se fosse apenas o Ethan eu ficaria do seu lado, mas não
posso tirar a autoridade do seu pai quanto a criação de vocês. Se ele deu
uma ordem, obedeça.
— Mãe, eu não sou mais uma criança e o Ethan também não. Já
somos adultos e tomamos as nossas decisões.
Minha mãe a encara e cruza os braços.
— Se case, tenha filhos e venha ter essa conversa comigo quando
meus netos estiverem na vida adulta. Vai entender o que estou dizendo.
Agora se apresse.
Minha irmã sai batendo o pé, morrendo de raiva. Mamãe desce a
escada, para bem na minha frente e papai está do meu lado.
— Vocês são dois ogros, homens da caverna, onde já se viu implicar
com a roupa da menina? Parem com isso, os dois.
— A senhora viu o tamanho da saia dela?
— Eu não quero saber, Ethan, se preocupe com a sua vida, porque
ultimamente anda fazendo muita besteira, mais do que o normal. Agora
vamos esperar a Amaya no carro. — Ela faz um sinal de que está de olho no
meu pai e nós dois nos encaramos.
— Eu amo mais essa mulher a cada dia que passa.
— Como o senhor aguentou tudo o que ela fazia quando eram
jovens? — pergunto por que conheço bem a fama que a minha mãe tinha,
na verdade, que ela tem.
— Está aí uma boa pergunta, meu filho. Eu apenas vivia um dia de
cada vez, mas com a certeza de que, no fim, valeria a pena. Sua mãe é uma
mulher que vale muito a pena, apesar da dor de cabeça que ela me dá até
hoje. Andreza é uma lenda, mas algo me diz que ela vai perder esse posto
mais cedo ou mais tarde.
Entendo muito bem as meias palavras do meu pai, mas quando vou
responder sinto um tapa na minha nuca.
— Vamos, idiota, já vesti uma roupa de freira.
Olho para a minha irmã e a vejo vestida em uma calça de cor creme,
colada ao corpo e ela...
— Você está sem calcinha? Pai, ela...
— Nem começa, Ethan, eu já tirei a saia, vamos logo. — Ela me
interrompe e sai na frente.
— Vocês devem ter feito uma aposta, uma aposta de quem vai me
matar primeiro. Essa menina tem a personalidade da sua avó e isso não é
nada bom, nada bom — meu pai diz saindo da sala e eu o sigo.
Preciso visitar a minha avó na fazenda, ela é muito sábia em dar
conselho e acho que estou precisando de alguns.
Minha irmã e meus pais vão em carro e eu vou em outro sozinho, já
que do clube vou voltar para o meu apartamento, afinal amanhã preciso
estar cedo na empresa e a noite ainda tenho que passar na boate.
Não demora muito e chegamos no clube.
Como sempre, somos bem recebidos, afinal a nossa família faz
doações generosas para manter o lugar, assim como outras famílias também
fazem o mesmo. Já que é agradável passar um tempo jogando golfe e aqui
tem de tudo, desde a excelentes restaurantes, a área de piscinas e academia
completa.
Um excelente lugar.
— Eu não acredito? Olha quem está ali — minha irmã diz animada
e olho para onde ela aponta.
A cena que eu vejo faz algo dentro de mim, queimar.
Aline pimenta Jones, o meu tormento das últimas noites, abraçada a
um homem e o pai dela está do lado e não faz nada, simplesmente deixa ela
agarrada ao cara e ainda sorri para os dois.
— Mas que porra é aquela? O Anthony é cego por algum acaso? Ele
não vê onde a mão daquele cara está na filha dele. — Eu não consigo
desviar o olhar dois.
Como se Aline sentisse a minha presença, olha na nossa direção e,
por alguns segundos, o sorriso em seus lábios morre, mas não demora muito
tempo e ela logo volta a sorrir, se agarrando mais ainda ao cara. sussurrando
algo no ouvido dele, o fazendo rir também.
— Ciúmes, meu filho? Muita gente sabe do compromisso de nossas
famílias, mas já que você não se importa com isso quando sai em notícias
com mulheres diferentes, eu também não vou me importar de Aline
conhecer outras companhias masculinas. Afinal, ela é jovem e deve provar
outros sabores antes do casamento. Assim ela consegue adquirir experiência
— Minha mãe diz.
Amaya dá uma gargalhada e olho para a minha mãe, com uma
resposta entalada na minha garganta.
— A senhora sabia que a família Jones também estaria aqui?
Quem responde não é a minha mãe, mas o meu pai.
— Eu convidei o Anthony, mas ele não tinha me confirmado que
viria. Fico feliz que ela tenha vindo, assim podemos conversar.
Acertamos os últimos detalhes da nossa entrada e logo vamos de
encontro a família Jones.
Quando nos aproximamos, me surpreende ver um velho conhecido
da família.
— Parece que o jogo hoje vai estar à altura — meu pai diz animado.
— Olha só quem veio reforçar o time, Parker, ninguém mais,
ninguém menos do que o velho Lennox.
O velho barrigudo sorri, e isso é estranho, pois ele não sorri, nunca.
— Eu quero ficar com o senhor Lennox — Aline diz toda animada,
saindo dos braços do cara que não conheço e indo para o lado do velho
Lennox.
O pio é que ele parece satisfeito com a aproximação.
— Senhor Lennox, como vai? — digo me aproximando dos dois e
apertamos as mãos.
Enquanto isso, meu pai começa a conversar com Anthony e a minha
mãe sai com a senhora, Emily. Minha irmã já sumiu de vista, deve ter ido
procurar por Adrian que com certeza deve estar por aí.
— Ethan, estou bem. Meu neto comentou que encontrou com você
um dia desses.
Aline olha de mim para o velho como se estivesse se dando conta de
alguma coisa.
— Lennox... É claro, como eu sou burra. Como é o nome do seu
neto senhor?
— Você conhece o meu neto, criança? O nome dele é Marcus, meu
neto amado. Ele é tudo o que eu tenho nessa vida.
Eu não sei o motivo, mas não gosto da cara que Aline faz.
— Meu Deus, como esse mundo é pequeno. Claro que conheço o
seu neto, Marcus Lennox. Nos conhecemos na boate do senhor Parker há
alguns dias.
O velho olha para ela com satisfação.
— Então você e o meu neto já se conhecem? Espero que tenha
gostado dele?
Aline gargalha da maneira que ele diz.
— Sim, senhor, e o seu neto é um excelente homem. Parabéns!
O velho sorri e segura as mãos delas.
— Fico feliz em escutar isso. Gosto muito de você, menina, e da sua
família também. O meu neto está precisando de uma bela moça assim como
você.
É a hora de acabar com a empolgação desse velho.
Ele não é assim e hoje está com essa felicidade toda, querendo jogar
Aline para cima do Marcus.
— Aline é prometida a mim, em casamento pela família dela.
Os dois me olham, chocados, mas o olhar de Aline tem algo a mais,
chamado raiva.
— Isso é uma pena.
— Não se preocupe. senhor Lennox. Esse compromisso vai durar
pouco tempo, já que nem eu e nem o senhor Ethan queremos esse
casamento. Estamos tentando encontrar uma solução para rompermos com
o compromisso, mas esse pequeno detalhe não nos impede de conhecermos
outras pessoas e a prova disso é o senhor Ethan sempre aparecer em uma
notícia ou outra acompanhado de uma bela mulher. Podemos dizer que o
senhor, Ethan Parker, não é bem o meu tipo de homem — diz cada palavra
me encarando e o velho parece se animar novamente.
— É qual seria o seu tipo de homem, Aline? Espero que o meu neto
esteja dentro das suas expectativas, seria um prazer tê-la na minha família.
Perdi os pais do Marcus em um trágico acidente e hoje só tenho meu neto
para dar continuidade ao nome da nossa família. Eu ficaria muito satisfeito
em ter você como neta.
Aline sorri e o abraça.
— O senhor não tem ideia do quanto o seu neto está dentro das
minhas expectativas, senhor Lennox. E quem sabe o que pode acontecer no
futuro, não é mesmo? Se tem uma coisa que eu aprendi é que o futuro é
uma carta em branco e tudo pode acontecer.
— Tem razão, conversarei com a sua família no futuro, tenho
certeza de que o Marcus gostaria muito de ter você como esposa. — Ele
alisa o cabelo dela e se afasta.
Quando ela vai sair do lugar, me ignorando completamente, eu a
puxo pelo braço.
— Ethan... Solta o meu braço agora mesmo — ela diz como se me
desse uma ordem.
— Você está brincando com fogo, Aline.
Ela levanta as vistas, me encarando e vejo determinação em seus
olhos.
— Não deveria se importar com a minha vida, esse compromisso é
algo que nenhum de nós dois quer.
— Você queria até a muito pouco tempo atrás.
— Tem razão, queria, no passado. A sua chance passou, a fila anda,
Ethanzinho, perdeu a sua vez.
Essa infeliz está me subestimando.
Posso fazê-la ficar presa a mim, por mais um ano, assim como o
meu pai quer.
— Me subestime, Aline, faça isso, garanto que vai ser muito
divertido! — Beijo seu rosto, a cheirando logo em seguida e a solto de uma
vez.
Ela se afasta bufando de raiva, me deixando excitado.
Porra de mulher!
Eu preciso ir ao banheiro passar uma água no rosto para me acalmar,
porque é assim que Aline me deixa todas as vezes em que nos encontramos,
nervoso e fora de controle.
CAPÍTULO 21
ETHAN PARKER
Saio pisando firme até o banheiro, passando pela minha mãe e pela
senhora Jones, sem nem mesmo olhar para as duas.
A minha mãe deve estar se divertindo e muito com a minha
situação.
Entro no banheiro, vou até à pia mais afastada que tem, mais
consigo escutar o que os outros dois homens estão conversando.
Quando tocam no nome de Aline, me dou conta de que é o mesmo
cara que estava agarrado a ela.
— Porra, cara, desde quando Aline ficou tão gostosa? Já fazia um
tempo que não a via.
O que estava agarrado a ela responde o que provavelmente vai fazer
sua conta bancária zerar hoje.
Filho da puta.
— Aline cresceu, não é mais nenhuma menina. Ela é gostosa e tem a
capacidade de levar qualquer homem a loucura como já fez algumas vezes.
Engulo em seco com o que escuto.
Onde diabos essa menina anda que leva um homem à loucura?
— Ela é amiga da sua irmã, bem que você poderia facilitar para o
meu lado. — O outro idiota sorri.
— Ela não é só amiga da minha irmã, é minha amiga também e se
fosse para ela ficar com alguém, seria comigo e não com você. Aline não é
uma mulher qualquer, ela é especial e delicada, você não vai colocar as suas
mãos nela.
— Não vai me deixar colocar as mãos nela, porque você mesmo
quer fazer isso, esperto da sua parte.
— Isso não é esperteza, é cuidado.
— Vocês já ficaram alguma vez pelo menos?
Dependendo da resposta dele, mando trancar Aline em um convento
pelo próximo ano.
Deus mais no que estou pensando?
Eu não posso simplesmente exigir dela uma coisa que nem eu
mesmo faço.
Ela tem o direito de ser livre.
— Já ficamos umas duas vezes.
Acabei de mudar de ideia.
Eu nem consigo disfarçar e olho para os dois homens a minha
frente.
— Porra, cara, pelo menos me diz que vocês foram até o fim.
— O que eu e ela fazemos não é da sua conta.
— Grande amigo você é, grande amigo.
— Não sou seu amigo, sou amigo dela e, por favor, se mantenha
afastado, te garanto que não daria conta de uma mulher como Aline Jones.
— E você dá conta dela? — O idiota sorri.
— Aline é como uma garrafa de uísque do malte único, mais
precisamente a garrafa Lalique Cire Perdue, referente ao Macallan clássico,
um dos melhores uísques já lançados pelo mundo. O sabor dela é
inconfundível e combina com várias ocasiões. Ela tem um sabor intenso e
que te causa sensações que te levam ao céu em questões de minutos, é único
e forte...
— Para de dizer ou é capaz de eu ir pedi-la em casamento hoje
mesmo, eu adoro um bom uísque.
Os dois começam a rir.
— Boa sorte tentando, Aline foge de compromisso. Eu mesmo já
tentei e levei um belo não na cara todas as vezes.
“Tudo o que ela quer é se divertir e ir embora daqui, mas o mundo
não está preparado para receber Aline Jones.
“Agora vamos para a piscina, a chamei para nos encontrarmos lá
daqui a pouco.
“Você terá a visão do paraíso, meu amigo, Aline é a visão do
paraíso.”
Sem que os idiotas percebam, tiro uma foto dos dois e daqui a um
pouquinho o meu programa vai começar a trabalhar.
Uísque de malte único?
Isso só pode ser brincadeira.
Aline é uma bela de uma tequila que te deixa com uma ressaca de
dois dias, sem conseguir sair da cama, tamanha que é a dor de cabeça.
Malte único, era só o que me faltava agora.
Saio do banheiro, colocando o meu programa para trabalhar no
reconhecimento dos dois babacas.
Eu preciso saber com quem essa menina anda e por onde.
Como assim esse idiota conhece o sabor que ela tem?
Nem eu mesmo conheço o sabor que ela tem.
Tudo o que conheço é o sabor dos beijos dela e gostei muito do
pouco que provei.
Ninguém mais vai provar o que é meu.
— Ethan, recebi um alerta do programa de reconhecimento. Foi
você que ativou? Porque a sua mãe, tenho certeza que não foi.
Porra, esqueci do meu pai, ele tem acesso a programa.
Esse programa foi desenvolvido por ele quando a minha mãe fugiu
estando grávida de mim, mas a atualização é minha e transformei o que era
bom em excelente.
— Apenas uma pequena pesquisa, nada mais do que isso.
Meu pai se aproxima, me encarando.
— Quando você deu entrada nesse mundo, eu já estava nele há
muito tempo. Eu te conheço, o meu sangue corre nas suas veias, Ethan. Eu
conheço muito bem os dois garotos que o programa está pesquisando e por
incrível que pareça um deles é amigo da Aline. Eles parecem se dar muito
bem. Você é o tipo de homem que não a quer e não permite que ninguém a
tenha.
Eu acabo sorrindo da besteira que acabei de escutar.
— Está ficando velho, Dylan Parker? — Tento sair e dar as costas
para ele, mas o meu pai não permite e me pega pelo pescoço, me jogando
na parede do banheiro.
— Olha aqui, Ethan, eu não vou permitir que faça com essa menina
o que eu fiz com a sua mãe. Se gosta dela assuma isso, porra. Eu te criei
para ser um homem e não um moleque. Olhe para você.
Eu me solto dele e encaro o meu pai.
— Por que ela, pai? Por que escolheu a Aline para ser a minha
mulher? O que passou pela sua cabeça quando decidiu isso?
Ele apenas ri da minha cara.
— Aline nem mesmo tinha sido gerada e eu já sabia que ela seria a
mulher perfeita para você. E a cada reação sua, como essa que eu acabei de
presenciar, tenho mais certeza de que tomei a decisão certa.
“Aline Jones vai te ensinar a ser um homem de verdade, ela vai te
mostrar o que é ser amando de verdade.
“Ela vai te mostrar como é ter uma família para amar, meu filho.
“Ela vai dar a você tudo o que a sua primeira escolha não te deu.
“Aquela mulher foi uma ilusão na sua vida e tudo o que conseguiu
foi se enterrar em um poço de desgraça e decepção.
“Agora as coisas vão ser do meu jeito.”
— Ficar passando isso na minha cara não vai me fazer mudar de
ideia, papai.
Ele sorri novamente e dá dois tapinhas no meu rosto.
— Eu não vou fazer você mudar de ideia. Aline já está
desempenhando esse papel muito bem. Como eu disse, ela é a escolha
perfeita. — Ele termina de dizer e me dá as costas.
Tudo o que me resta é segui-lo com suas palavras ecoando na minha
mente.
Chegamos no campo e vejo Aline posicionada para acertar a bola.
A tacada dela é surpreendente e o velho Lennox chega a vibrar.
— Vamos competir conta o time deles — meu pai diz e eu me
animo.
— Que comece o jogo então — digo satisfeito.
Hoje, derrubo essa Ratinha.
— Ethan, olha lá o que você vai fazer. — É tudo o que o meu pai
diz.
Logo damos início a partida oficialmente.
O golfe não é necessariamente um jogo muito difícil, o objetivo
consiste em sair de um local determinado, em campo aberto, e embocar a
bola no menor número de tacadas possível, em buracos estrategicamente
colocados em distâncias variadas.
O meu problema nessa partida em específico é que a infeliz da Aline
não erra uma tacada, e isso é um feito quase impossível de se fazer.
— Isso aí, filhota, você é o orgulho do papai. — O senhor Jones
comemora a cada tacada que a peste acerta.
— Acho que mereço trocar de carro, não é mesmo, papai?
— Minha filha, depois de hoje, compro até dois carros se você
quiser.
— Minha vez — digo de cara fechada tomando o meu lugar.
— Acho que alguém não está se sentindo bem em perder.
Ainda é debochada.
— O jogo ainda não acabou, Ratinha.
Ela me encara com raiva, pois odeia quando a chamo de Ratinha.
— Vai acabar quando você errar essa tacada, Ethanzinho.
— Eu não vou errar.
— Vamos ver se não vai.
— Fica quieta que preciso me concentrar. — Eu tomo a minha
posição, encaro a bola e visualizo o buraco.
Quando levanto o taco para acertar a bola...
— Que calor, os meus seios estão suados a minha calcinha está
encharcada...
— Porra, Ethan, como é que você erra uma tacada dessas? — meu
pai questiona, indignado.
Estou indignado comigo mesmo e tudo culpa dessa peste ao meu
lado.
— Infeliz, você vai me pagar — digo entredentes para que só ela
possa escutar.
— Eu não fiz nada, nem mesmo me mexi do lugar. Dessa vez eu sou
inocente.
— Você não tem nada de inocente, falou de proposito para me
desconcentrar.
— O que ela falou de tão grave que tirou a sua concentração, Ethan?
— o senhor Jones se aproxima, me questionando.
— É, Ethanzinho, diz para o meu pai o que falei para que perdesse a
sua concentração.
A bicha é debochada e pra frente, mas eu a pego hoje.
— Aline só não sabe ficar quieta, senhor Jones, mas aceito a minha
derrota.
— Eu sou melhor do que você, admita, senhor Ethan.
— Aline, não provoque — o senhor Jones a adverte e tudo o que ela
faz é sorrir.
— Tudo bem, papai, o senhor me ensinou a nunca zombar dos
perdedores.
Quando ela está quase virando as costas, me dou conta de uma
coisa. Eu sei para onde ela pretende ir, mas ela não vai chegar perto daquela
piscina, isso posso garantir.
Ninguém vai colocar os olhos no paraíso, não hoje.
CAPÍTULO 22
ALINE JONES
Fazer o Ethan errar a última tacada, foi prazeroso, gostoso, lindo de
se ver. E a cara dele de raiva foi melhor que eu esperava.
Eu só não tinha muita certeza de que as minhas palavras o afetariam
tanto e que o faria errar.
— Senhor Jones, será que o senhor me permite levar a sua filha para
almoçar? — o idiota diz assim que eu me viro para sair.
Estanco no lugar e volto a minha atenção a ele.
— Como é que é? — pergunto sem acreditar.
Tudo o que quero agora é a piscina desse clube, afinal combinei
com o Nicolas de me encontrar com ele lá logo após a partida.
— Quer levar a minha filha para almoçar? — meu pai pergunta
surpreso, mas a cara que ele também faz não é muito boa, não para os meus
planos.
— Isso mesmo, senhor Jones, Aline e eu nunca tivemos esse tipo de
oportunidade.
Mas que cretino!
A minha língua coça para não dizer que ele estava ocupado demais
comendo vagabundas para sequer se lembrar que eu existia.
— Eu acho isso muito bom.
É claro que o senhor Parker acha isso, ele é o santo casamenteiro
agora.
— Realmente isso pode ser mesmo muito bom, por mim, não tem
problemas e a mãe dela com certeza concordaria também.
Belíssima hora que a minha mãe resolveu ir para a sauna com a
senhora Parker, se bem que com ela aqui não mudaria nada.
— Eu não estou a fim de ir almoçar, vou comer na piscina, mas
obrigada pelo convite, senhor Ethan, uma pena que resolveu fazê-lo tarde
demais. — As palavras saem duras e amargas da minha boca e ninguém diz
nada.
— Vamos deixar os dois se resolverem aí, mas já tem a minha
permissão, Ethan — meu pai diz e o senhor Parker concorda.
Todos saem, nos deixando sozinhos, mas eu não pretendo ficar aqui,
então me viro para sair também.
— Volta aqui, Ratinha, você não vai não. — Ele me puxa pelo braço
e sai me arrastando para dentro do campo.
— Ficou louco? Me solta agora...
— Quieta.
— Não pode me mandar ficar quieta.
Ele só para de me puxar quando chegamos a uma parte fechada do
campo, onde tem a sombra de algumas partes.
— Você não vai para aquela piscina.
Eu não acredito.
— Senhor Ethan, não pode...
— Que porra é essa de senhor Ethan agora? Eu já percebi que me
chamou várias vezes hoje desse jeito. O que pretende, Aline? Quais são os
seus planos maléficos dessa vez? Será que roubar o meu carro não foi o
suficiente?
Que vontade de rodar a mão na cara dele.
— O meu plano é me livrar de você, Ethan. Será que não percebe
isso? Você está dificultando a minha vida de propósito. Quando estou a um
passo do meu objetivo, você joga o seu charme de bom moço para cima do
meu pai e eu volto à estaca zero. Então sou eu quem pergunto a você, o que
pretende fazer? Me enlouquecer por acaso?
Ele me olha e não sei decifrar o que vejo em seus olhos.
Ethan é um homem difícil de se desvendar, é uma caixa muito bem
fechada e forjada pela dor e decepção.
— Quer ir para a piscina para se encontrar com Nicolas Barker, quer
mostrar o paraíso a ele?
Mas o que ele está falando?
— Ethan, que paraíso o quê? Você bebeu por algum acaso? Se bem
que lá deve ser realmente a visão do paraíso, deve ter um homem mais gato
do que o outro. E como é que você conhece o Nicolas?
Ele se aproxima e o único passo que eu dou para trás minhas costas
batem na árvore atrás de mim.
O sorriso no rosto dele faz o meu coração acelerar.
— Eu sei até mesmo o que ele tomou de café da manhã, onde mora,
que faculdade estudou, o tipo de carro que prefere dirigir, que horário
costuma dormir, que tipo de mulher ele gosta de levar para cama. E o mais
importante, Ratinha, eu sei quantos zeros ele tem na conta bancária. Não só
dele, mas como de toda família dele e da sua amiguinha também, que é
irmã do idiota.
Arregalo os olhos me dando conta de quem é Ethan Parker. Sei que
ele tem poder o suficiente para realmente saber tudo, sobre quem quer que
seja.
Ele é Ethan Parker, o hacker mais procurado no mundo inteiro, tirou
o pai da lista de mais procurados com apenas treze anos e tomou o lugar
dele como senhor das sombras.
E como eu sei de tudo isso?
Amaya me contou.
Para o mundo, ele é apenas um empresário de muito sucesso no
ramo da tecnologia, herdeiro de uma das principais empresas que presta
serviço para diversos governos do mundo, o prodígio que elevou a fortuna
do pai, mas por trás disso tudo, ele é um hacker.
— Você não teria coragem de fazer isso — digo com a respiração
ofegante.
— Você sabe muito bem que eu teria coragem e não perderia um
minuto do meu sono com isso.
Eu só posso ser louca por ter me apaixonado por um homem desses,
mas ele é o meu amor.
— E, por que você faria isso, Ethan? Eu nunca signifiquei nada para
você. Por que não pode simplesmente me deixar ir?
Como estamos muito próximos um do outro, acabo passando a mão
pelo seu rosto, sentindo sua pele, sua barba em minha palma.
Um carinho que desejei fazer a anos e só agora tenho a
oportunidade.
— A resposta para todas as suas perguntas é somente uma, eu não
sei, Aline, eu juro que não sei.
Fecho os olhos e ele coloca sua mão por cima da minha, em seu
rosto.
— Por Deus, Ethan, você vai acabar comigo. Você quer me destruir,
tirar a possibilidade de liberdade que eu tanto almejo. Eu tenho sonhos,
Ethan. Eu tenho uma vida e quero vivê-la. Quero terminar o meu curso de
especialização, quero fazer o meu curso de fotografia, quero ir embora para
Nova York e assumir a galeria de artes da mamãe. Eu quero viver, quero
sentir o gosto da liberdade, a liberdade que você sempre teve e que eu
nunca tive — digo tudo de uma vez com uma dor no coração.
Ele aperta com força a minha mão e beija a palma.
— Aline, não...
— Eu estava lá pra você, eu sempre estive, Ethan. Sempre estive por
perto, mesmo você não percebendo a minha existência. Fiz isso por anos,
tentando ser notada e você...
— Eu sempre te vi, Aline. Eu sempre te notei, mas você era uma
menina, porra. Uma criança aos meus olhos. Eu não deveria ter te
expulsado naquele dia. Você foi prestar suas condolências e sua
solidariedade, mas naquele momento estava com a alma rasgada. Aline. Eu
perdi tudo, eu tinha acabado de perder tudo o que mais amava na vida.
Nesse momento, não consigo me segurar e choro na frente dele,
mostrando a dor que por anos guardei só para mim.
— Eu fui prestar as minhas condolências a você pela perda dos seus
filhos, pela perda da mulher que você amava. Eu fui dizer que sentia muito
pela sua dor e fui enxotada por você.
“Mas e a minha dor, Ethan?
“Ninguém nunca se compadeceu da minha dor...
“Dor de ver o homem que eu amava com outra mulher, a dor de ver
o homem que era para ser meu, destruído por ter perdido os filhos de outra
mulher.
“Era eu que deveria ser a sua amada e não ela.
“EU SEMPRE ESTIVE LÁ PRA VOCÊ, SEU DESGRAÇADO, E
VOCÊ NUNCA ME NOTOU...”
Eu o empurro e ele tenta me segurar.
— Aline, calma, me perdoe...
— Não se atreva a me pedir perdão porque eu não te perdoo, não
vou perdoar nunca — digo enxugando as lágrimas, voltando a erguer a
cabeça.
— Aline, não diz isso...
— Você tinha que ver com os seus olhos como era a Aline que
sofreu por você durante todos esses anos.
“Você não me conhece e nunca se importou em me conhecer.
“E, sabe o que é pior nessa história toda, Ethan?
“É que eu consigo entender a situação em que você foi colocado.
“Nossa família não fez nada isso por mal, eles se gostam e querem
nos unir em um casamento que nunca vai acontecer, porque você nunca quis
e com o passar do tempo a sua rejeição me fez tomar uma decisão.
“Eu matei a Aline apaixonada, a Aline que sonhava com um
casamento feliz ao seu lado, a Aline que você vê agora é uma mulher
determinada a lutar pela liberdade e eu vou conseguir nem que para isso
tenha que passar por cima de você.”
Digo cada palavra com convicção.
Eu ainda o amo, amo mais do que deveria, mas ele não precisa saber
disso.
Quando eu finalmente conseguir me livrar desse compromisso, vou
poder ir embora e matar o amor que sinto dentro de mim.
— Eu nunca quis fazer você sofrer desse jeito, nunca foi a minha
intenção.
— Eu acredito em você, o pior é que eu acredito nisso. Então, não
vamos mais complicar as coisas, não se meta na minha vida que eu não me
meto na sua. Não se importe com que eu saio ou deixo de sair porque eu
não vou mais me importar com você. — Eu me aproximo novamente, o
seguro pela camisa e olho em seus olhos. — Agora eu vou te dizer uma
coisa, Ethan Parker. No nosso jogo, estou ganhando, agora se você se meter
na minha vida, vou fazer da sua um inferno.
“Você pode ser o Diabo em pessoa, mas eu garanto que sou um
demônio pronto para dar uma tremenda dor de cabeça ao Diabo.
“Vamos ver quem vai marcar o próximo ponto agora.”
Bato no rosto dele e me afasto virando as costas.
Dessa vez, ele não me impede de ir embora.
Pra mim, esse clube já deu o que tinha que dar por hoje.
Tudo o que quero é a banheira do meu quarto, a minha cama para
dormir e esquecer esse dia.
CAPÍTULO 23
ALINE JONES
Depois do meu último encontro com o Ethan, não soube mais dele,
e o meu coração dói só de imaginar que ele pode estar com alguma outra
mulher.
Mas não devo me importar com isso, afinal ele nunca realmente foi
meu, e tem uma vida.
Estou tentando seguir em frente, mesmo sendo difícil, mas eu vou
conseguir.
Só que as vezes se precisa dar um tempo.
Lidar com o Ethan requer muito esforço psicológico, porque a
vontade de matá-lo e beijá-lo, ao mesmo tempo, é muito grande.
— Você está quieta demais esses dias. O que você fez? — Meu
irmão invade o meu quarto, como sempre faz desde que me entendo por
gente.
— Não sabe bater antes de entrar não?
Ele sorri.
— Você sabe que não. Agora desembucha de uma vez, você está
assim desde que foi para o clube e olha que ganhou de lavada do Ethan, isso
deveria ser motivo de comemoração.
Respiro fundo.
— Nem me lembre disso.
— O que aconteceu, Aline? Fala comigo.
Encaro o meu irmão e resolvo contar a verdade.
— Eu permitir que o Ethan visse o meu lado vulnerável e isso não
poderia ter acontecido.
Ele passa a mão no meu cabelo.
— Você não precisa ser forte sempre, Pimentinha. Ele tinha que
saber como você se sente em relação a tudo isso.
— Eu não queria, Adrian, mas quando dei por mim, já tinha
desabado.
Ele se senta na cama, ao meu lado e apoio a cabeça no ombro dele.
— Ainda está com o meu cartão.
Sorrio.
— Estou.
— Então, porque não levanta dessa cama e vai fazer compras. Você
dormiu o dia inteiro. Vim almoçar e a mamãe falou que ainda estava
deitada. — Ele parece estar preocupado.
— Eu estudei até tarde, por isso dormi demais. E tenho que ir para a
galeria de arte agora a tarde.
— Não precisa ir, vá se divertir fazendo compras. Digo a mamãe
que você está precisando. Passou os últimos dias enfurnada na sala de
criações, Aline, assim você não vai conseguir produzir nada que agrade à
mamãe. Precisa relaxar para ter inspiração.
Em partes ele está certo, eu ando tensa e nada que faço fica bom.
— Depois não reclama que gastei demais no seu cartão.
Ele beija o topo da minha cabeça.
— Compre o shopping inteiro se quiser, irmãzinha, e mande me
entregar a conta.
Eu acabo sorrindo.
— Nossa, você tem tanto dinheiro assim, irmão?
Ele me olha achando graça do que eu digo.
— Um pouco mais do que você pensa.
Eu me dou conta de uma coisa.
— Adrian, mamãe disse que sua futura esposa vai herdar as ações
dela no grupo Jones.
Meu irmão fecha a cara.
— Isso não vai acontecer, essas ações são suas por direito, você é a
herdeira direta da mamãe.
Acho estranho o jeito que ele diz isso.
— Eu não me importo, irmão, a vovó deu as ações para a mamãe.
Tudo o que quero é a galeria de arte. Sua esposa pode ficar com as ações,
não vejo problema nenhum nisso.
— Não vamos falar sobre isso, esse assunto vai te deixar estressada.
— Não, irmão, esse assunto parece que está deixando você
estressado.
Ele se levanta e me encara.
— Vá fazer compras, aproveite.
Ele parece querer mudar de assunto.
— Vamos voltar a falar sobre isso?
— Não! — Ele me dá uma última olhada e sai do meu quarto.
Eu me levanto, olho as horas no relógio, vejo que realmente já é
bem tarde e já passa e muito do horário do almoço.
Levanto, vou até o banheiro, faço minha higiene pessoal e depois
tomo um bom banho. Saio enrolada no roupão e entro no closet, escolhendo
uma roupa bonita e, ao mesmo tempo, confortável para passar uma tarde
incrível de compras no shopping.
Depois de pronta, desço a escada e vou direto para a cozinha, onde
encontro com a mamãe e a nossa empregada conversando animadamente.
Ela reclama comigo por ter passado o dia dormindo, então, depois
serve o meu almoço.
Depois de comer e conversar um pouco com minha mãe, aviso a ela
que vou ao shopping fazer compras.
Dona Emily até se anima em ir comigo, mas uma ligação da galeria
de Arte a faz mudar ideia, então eu vou sozinha.
Chegando na garagem, entro no meu carro novo que papai me deu
pela minha vitória contra o Ethan.
Fazia tempo que ele queria derrotar a família Parker em um jogo de
golfe, mas nunca tinha conseguido até eu entrar no jogo e isso me fez
ganhar muitos pontos com meu pai.
Não demora muito e chego no shopping. Estaciono o carro e logo
em seguida entro no elevador, indo rumo ao complexo de excelentes lojas
que estão implorando pelo cartão do meu irmão.
Espero que ele não se arrependa de ter me dado do cartão dele.
Passando entre as lojas, uma vitrine incomum me chama atenção.
Tenho quase certeza que essa loja não estava aqui na última vez em
que vim fazer compras. Eu paro na frente da vitrine e fico a encarando
como se fosse uma coisa de outro mundo.
É algo que realmente me chamou atenção, apesar de não entender
como tudo isso funciona.
Nunca tive oportunidade de usar nada parecido com isso.
— Por que não entra na loja, em vez de ficar apenas admirando a
vitrine pelo lado de fora?
Escuto um homem falando bem atrás de mim e quando me viro para
ver quem é, dou de cara com ninguém, mais ninguém menos que Marcus
Lennox.
— Olha só, isso sim, é uma grande surpresa. Conheci o seu avô,
sabia?
Ele sorri me deixando sem fôlego.
O homem é realmente um excelente pedaço de mau caminho.
— É, estou sabendo que vocês dois se conheceram, parece que o dia
de vocês no clube foi bem animado.
Acabo sorrindo do que ele diz, então ele se aproxima e me abraça,
me dando um beijo no rosto.
— Podemos dizer que mostrei ao seu avô como se joga golfe de
verdade, o deixei perplexo com as minhas excelentes habilidades com a
bola e o taco.
O Sorriso dele se abre mais ainda e então ele estende a mão para
mim.
— Seu celular.
— Posso saber o que você quer com o meu celular?
— Eu quero gravar o número do meu telefone no seu celular. No
nosso último encontro não tivemos oportunidade de trocar nossos números.
Coloco a mão dentro da bolsa, pego meu aparelho, desbloqueio e
entrego a ele que rapidamente salva o seu número e dá um toque no seu
telefone.
— Prontinho, agora podemos entrar na loja.
Ele segura meu braço e me faz entrar no sex shop que eu estava
admirando a vitrine.
— Marcus, eu nunca entrei em uma loja assim.
— Inocente você. não é menina? Alguma coisa nessa loja chamou a
sua atenção, agora só resta saber o que foi.
Ele me chamando de menina me lembra o Ethan, pois é assim que
ele sempre se refere a mim, como se eu fosse uma criança, uma menina que
nunca cresceu.
— Não me chame de menina, afinal não sou mais uma.
Ele me olha por alguns segundos e sorri.
— Tem razão, de menina você realmente não tem mais nada, agora
me diga o que você quer experimentar primeiro.
Eu sinto como se Marcus estivesse em provocando, é como se ele
percebesse alguma coisa.
— Marcus, apenas fiquei surpresa com essa loja. Ela não estava aqui
na última vez em que vim ao shopping, foi só isso. Eu não quero comprar
nada que tem aqui.
Seu sorriso se alarga mais ainda da minha conversa sem sentido,
então ele passa a mão pela minha cintura, por trás de mim, e sai me
puxando para uma sessão de tirar o fôlego.
Eu nunca tinha visto essas coisas de borracha tão enormes. Acho
que mulher nenhuma daria conta de receber isso tudo.
— Marcus, isso é biologicamente impossível, mulher nenhuma
receberia uma coisa dessa.
Ele gargalha no meu ouvido, me deixando completamente arrepiada.
— Bom, é aí que se engana, pequena Aline, tudo isso que você está
vendo é cem por cento biologicamente possível. Mas como estou
percebendo que você não tem muita experiência nesse campo, vou te
indicar algo menor e mais prazeroso.
Ele se aproxima da vitrine e pega algo realmente pequeno.
— O que é isso?
— Esse é um vibrador Bullets, você vai gostar.
Engulo em seco me dando conta do que ele está falando.
— Gostar como? Em qual sentindo?
Ele me olha, levanta uma sobrancelha e me arrependo de ter aberto a
boca.
— Esse é um vibrador de clitóris, Aline. Não se preocupe com nada
além do seu prazer quando for usar essa belezinha aqui. — Ele pega a
minha mão e coloca o vibrador na minha palma.
— Você já usou algo parecido com isso? — Ele sorri novamente.
— Eu não, mas garanto que nas mulheres que coloquei essa
maravilha, amaram a sensação. Vamos, vou pagar para você, considere um
presente meu e me ligue quando estiver usando. Quero saber como se sente,
que descreva para mim, as sensações que o seu corpo vai sentir.
Respiro fundo com o que escuto.
Marcus é bem mais intenso do que eu pensava e prova disso é o que
ele acabou de dizer.
— Eu posso pagar. Estou com o cartão do meu irmão.
— Quer mesmo que o seu irmão receba uma notificação informando
a ele que sua irmãzinha querida está em um sex shop?
— Tem razão, ele me mataria.
Ele sorri.
— Foi o que pensei. Aprenda que nunca se deve recusar o presente
de um amigo.
— Somos amigos agora?
Ele se aproxima de mim e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da
minha orelha.
— Vamos dizer que esse é o começo da nossa amizade. Agora
vamos pagar por essa belezinha, preciso voltar para a empresa, já você
precisa terminar de fazer as suas comprar e voltar para casa. — Pisca um
olho pra mim, e juntos vamos pagar pelo vibrador.
Ele não sente constrangimento nenhum em fazer isso.
— Não esqueça, me ligue, vou aguardar a sua ligação, ansioso.
Tudo o que consigo fazer é balançar a cabeça concordado, então ele
se aproxima e me dá um selinho demorado nos lábios.
— Você é muito gostosa. — Ele me beija novamente e se afasta, me
deixando de pernas bambas.
— Porra, Aline, até eu trocaria o Ethan por um homem desses.
Olho para o lado e vejo uma das minhas amigas me olhando
perplexa.
O problema é que Alisha é prima do Ethan.
CAPÍTULO 24
ALINE JONES
— Alisha, que surpresa! — digo me sentindo totalmente
embaraçada.
Apesar de Ethan e eu não termos nada um com o outro, e ele nunca
ter respeitado o nosso compromisso, eu nunca tinha sido vista assim com
outro homem.
— Pode mudar essa cara. Por mim, você já estaria casada com outro
homem há muito tempo. E esse, minha amiga, é um excelente espécime
masculino.
Acabo sorrindo do que ela diz.
— Não é nada do que você está pensando.
— Ótimo, que seja então, se você não quiser eu quero. É só me
apresentar que do resto eu cuido. — Ela se aproxima e cruza seu braço no
meu.
— Nossa, Alisha, você não tem mesmo jeito.
Ela sorri e me puxa, então juntas começamos a andar pelas lojas,
fazendo nossas compras.
Isso dura a tarde inteira.
Fazia tempo que não saiamos juntas.
Depois de já termos andado bastante, nos despedimos no
estacionamento e cada uma segue seu rumo.
Durante todo o percurso do shopping até a minha casa, o vibrador
que Marcus deu não sai dos meus pensamentos. Na verdade, ele não saiu
dos meus pensamentos um só minuto durante a tarde.
Chego em casa e não encontro ninguém.
Quando pergunto pelos meus pais aos seguranças, tudo que o eles
me dizem é que saíram para jantar e o meu irmão só Deus sabe por onde
anda.
Subo a escada cheia de sacolas, até chegar ao meu quarto. Abro a
porta, jogo tudo dentro do meu closet, vou para o banheiro tomar banho
com o maldito vibrador ainda em minha mente.
De banho tomado, enrolada apenas em uma toalha, vou até o closet,
pego o pequeno vibrador que está dentro da minha bolsa e fico muito tempo
olhando para o objeto na minha mão, ansiosa, tentando tomar coragem para
experimentar as sensações que Marcus tanto falou.
— Eu só posso ser louca, isso é uma verdadeira loucura — digo
para mim mesma.
Sento na cama com o coração batendo acelerado, mas a curiosidade
e a ansiedade falam mais alto. Então, por que não tentar algo diferente?
Acho que também mereço sentir um pouco de prazer depois de um
dia cheio como o de hoje.
Abro a caixinha do vibrador e depois de ler atentamente o manual
de instruções, faço exatamente a mesma maneira que eu li.
Meu Deus, existe manual de instruções até mesmo para isso.
Coloco o celular do meu lado, me deito na cama me posicionado da
maneira correta, respiro fundo e faço exatamente como eu li.
Bom, em um primeiro instante as vibrações incomodam um pouco e
não tem nada de prazer, mais depois de alguns segundos, o negócio começa
a ficar bom e meu coração começa a acelerar, batendo rápido dentro do
peito.
— Nossa, isso está começando a ficar bom, muito bom. — Respiro
fundo e olho para a porta do meu quarto apenas para ter certeza que eu
realmente a tranquei.
Seria constrangedor demais ser pega fazendo isso.
Os segundos passam, fecho os olhos e me lembro de todas as
sensações que senti quando Ethan e eu nos pegamos dentro do carro dele.
Isso faz com o que estou sentindo na minha intimidade sendo estimulada,
aumente mais ainda.
Eu preciso ligar para o Marcus, isso é coisa dele.
Passo a mão pela cama, sem olhar direito, pego o celular e procuro
pelo número dele na agenda.
Eu já estou ofegante.
Faço a ligação e quando percebo que foi atendida...
— Marcussss... Hammm.
Deus, eu não consigo mais nem formular uma frase.
— ALINE JONES!
Puta que pariu, liguei para o gostoso errado!
***
ETHAN PARKER
Tinha acabado de guardar os últimos documentos que estava
analisando quando meu celular toca, mas o que não imaginava era que ao
decidir atender, escutaria Aline gemendo o nome de outro homem.
— Onde você está? — pergunto sério.
Como essa menina me liga gemendo o nome de outro homem?
O nome do Lennox.
— Desculpa, eu liguei erradooooo... Jesus Cristo.
Eu chego a fechar os olhos só de imaginar o que ela pode estar
fazendo.
— Aline, porra! O que você está fazendo, caralho?
Essa menina vai me matar, uma hora ela consegue o que quer e
acaba comigo de uma vez.
— É um Bullets — diz ofegante e as minhas suspeitas se
confirmam.
— O quê!? ALINE...
— Um Bullets, Ethan. Vai me dizer que você não sabe o que é isso?
— É claro que eu sei o que é um Bullets. Mas o que eu realmente
quero saber, é o que você está fazendo um vibrador. Um vibrador, Aline!
— Sentindo prazer, o Marcus me deu de presente e agora eu preciso
desligar. Eu tenho que ligar para ele e descrever as sensações... Ahhmmmm.
Eu falto cair da cadeira escutando esse absurdo.
Estava quieto na minha, pois depois do nosso último encontro Aline
ficou na dela e estava até estranhando o fato dela não ter aprontado outra
pra cima de mim, mas ela mais uma vez vem com tudo, jogando para
ganhar.
— Você não vai ligar para ninguém, escutou bem? Ninguém.
— Mas eu prometi... Puta que pariu! Ethan, eu acho que vou, vou...
Aí eu vou, Ethan.
Essa desgraçada me paga, pois, já estou duro só de escutar seus
gemidos.
A ereção que se forma dentro da minha calça chega a ser dolorida.
— Respira fundo, Aline, o Bullets costuma provocar um orgasmo
intenso porque ele estimula o clitóris. Você vai me pagar, Aline, vai me
pagar caro por isso. — Passo a mão em cima do meu pau completamente
duro, louco para se aliviar.
— Ethannnn...
Meu Deus, como é que uma mulher pode gemer tão gostoso assim.
— Aline, diga o que está sentindo e não se atreva a gemer o nome
de outro homem que vou até aí onde você está. Agora diga o que sente.
— Estou sentindo como se levasse pequenos choques em algumas
partes do meu corpo.
Maldição de mulher!
— O que mais? Diga, querida.
Eu não consigo me controlar e acabo me tocando, sentado na minha
cadeira, abrindo apenas o zíper calça, começando a me estimular.
— A minha respiração está mais acelerada, estou ofegante e sinto
ondas de calor da ponta dos pés à cabeça, é uma sensação maravilhosa.
Porra, ela está perto de chegar ao orgasmo, então eu me apresso nos
movimentos.
— Continue... — digo com a voz mais grossa do que deveria.
— Ethan, você...
— Só continue. — Fecho os olhos e me concentro na respiração
dela, em seus pequenos gemidos e começo a sentir o meu prazer se
aproximar.
— Os bicos dos meus seios estão totalmente enrijecidos, é como se
estivesse sentindo arrepios de frio.
— Porra, Aline! Você está nua?
— Sim, na minha cama.
Eu chego a imaginar seu corpo nu deitado na minha cama, porque
essa visão eu já tive e ela é realmente a visão do paraíso.
— Caralho! — Sinto o meu corpo estremecer.
— Ethannnnn... Estou quase lá.
— Eu sei que sim, dá para perceber pela sua voz. O pior é que você
vai gostar e depois vai querer fazer de novo, mas não faça, jogue esse
Bullets fora.
— Então é melhor eu procurar por um homem mesmo, eu acho que
o...
— Você não vai procurar porra nenhuma, Aline. Não pode fazer
isso. — Eu nem mesmo sei o motivo de dizer isso, mas é como se esse
momento fosse nosso.
É com esse pensamento que chego ao meu limite.
— Alineeee... — É a minha vez de gemer o nome dela.
— Ethannnn... Eu, eu, eu... Hammmm...
Eu paro de me tocar, olho para a minha mão suja e me preocupo
com ela.
— Aline! Aline diz alguma coisa, porra.
Escuto sua respiração do outro lado da linha, pelo menos eu sei que
está viva.
— Ethan, o céu está tão bonito e as estrelas brilhantes, estou vendo
pela janela do meu quarto.
Respiro aliviado e pego vários lenços de papel para me limpar a
minha bagunça.
— Você gozou — digo fechando a porra do meu zíper, frustrado por
ter feito o que fiz, mas foi muito mais forte do que eu.
Essa filha da mãe só pode ter feito isso de propósito.
— Eu gozei e agora estou muito relaxada. O Marcus tinha razão,
isso é muito bom. Você precisava ver os de borracha, Ethan, eram enormes
e lindos.
Mas onde foi que o Marcus levou essa menina para ela estar desse
jeito?
— Onde diabos você viu o Marcus? — Eu achava que esse filho da
puta estivesse viajando.
— Não te interessa, agora eu vou desligar, preciso ligar para ele e
contar como foi a minha experiência com o Bullets. Ele tem muito para me
ensinar e olha que estamos apenas começando a nossa amizade.
— Aline Jones — chamo o seu nome em forma de advertência, mas
ela parece não gostar.
— O que é, Ethan? Você parece um velho repetindo o meu nome a
todo instante. Me desculpe se te incomodei, eu, sinceramente, achei que
estivesse ligando para o Marcus.
— Você não vai ligar para ele, escutou bem? Não vai. — O que
diabos está acontecendo comigo?
— Tchau, Ethanzinho.
Antes que eu consiga dizer alguma coisa, a infeliz desliga a ligação
na minha cara.
Ela não vai ligar o Lennox e isso eu posso garantir.
CAPÍTULO 25
ETHAN PARKER
Quando eu digo que Aline Jones não vai ligar para o Lennox é
porque ela não vai ligar, mas de jeito nenhum.
Pego o notebook, o ligo novamente e em menos de dois minutos
estou dentro do sistema do celular da infeliz que me estimulou a gozar
apenas gemendo.
Essa vai ter volta.
Aline já marcou pontos demais e está passando da hora de eu marcar
alguns.
Como eu sou um bom homem, não excluo o número do telefone de
Lennox do celular dela, apenas troco os números.
Se um dia ela conseguir fazer uma ligação para esse número, com
toda certeza algum bom velhinho chinês vai atender, porque nem aqui e
nem na China Marcus Lennox vai falar com ela por telefone.
Nunca.
Eu me encosto na minha cadeira confortável, admirando o trabalho
que eu faço no celular da peste pimenta Jones.
Algo me chama atenção no sistema do celular dela, a quantidade de
fotos que ela tem é imensa.
Movido pela curiosidade, acabo abrindo a pasta e me deparo com a
mais bela criatura de todos os tempos.
Puta que pariu!
Tem fotos da Aline de todo jeito.
Na Galeria de arte com a mãe dela, dela de biquíni na piscina, na
faculdade e com alguns amigos, além de muitas fotos com o tal de Nicolas.
Estava o poupando, mas agora eu fiquei mais inspirado para saber
mais sobre esses dois.
Mas que porra!
Quando não é o Lennox, é esse tal de Nicolas, era só o que me
faltava.
“Porque se importa com isso, Ethan?”
A minha mente grita, mas essa é uma pergunta que não tenho
resposta no momento. Enquanto não descubro a resposta, continuo
investigando esses dois.
Nada melhor do que invadir as redes sociais dela para descobrir
mais coisas e é isso que eu vou fazer.
Com apenas poucos cliques, já tenho acesso a todas as redes sociais
da Aline. Vejo que ela é bem ativa e parece gostar muito de fazer
publicações.
A última atualização dela foi no shopping fazendo compras e na
legenda ela diz que ganhou um presente maravilhoso de um amigo especial.
“Preciso ligar para o Marcus e contar como foi a minha
experiência com o Bullets. Ele tem muito para me ensinar e olha que
estamos apenas começando a nossa amizade.”
Na hora isso vem na minha cabeça.
Mas que filho da puta!
Só pode ter sido ele que deu esse maldito Bullets para a Aline.
Eu tenho quase certeza que foi ele.
Mas isso é fácil de descobrir e se eu estiver certo, hoje mesmo ele
faz uma belíssima doação para alguma obra de caridade pelo mundo.
Abro os botões da minha camisa social e me concentro na tela do
meu computador.
Invadir sistemas bancários é um pouquinho mais complicado e
geralmente demandam tempo, nada mais do que cinco minutos.
Para mim, isso é muito tempo.
— Se deu muito mal agora, Lennox — digo alto, vendo que foi ele
mesmo que comprou o tal vibrador para Aline.
Está estampado na minha cara a transação bancária da compra no
sex shopping, exatamente no mesmo shopping que Aline estava hoje.
Está na hora de Marcus Lennox receber uma ligação minha.
Pego o celular e ligo para o infeliz que atende no quarto toque.
— Parker! A que devo essa honra? Afinal não é sempre que recebo
a ligação de alguém tão importante. Ethan Parker me ligando pessoalmente,
a sua família resolveu finalmente...
— Corta a puxação de saco, Marcus. O que estava fazendo com
Aline Jones hoje no shopping? — Eu vou direto ao ponto.
— Sempre direto, não é mesmo, Parker?
— Fique longe dela, esse vai ser o meu único e último aviso.
Ele sorri do outro lado da linha.
— Aline Jones é um excelente partido, Ethan. Partido esse que você
não quer, mas eu quero. Deixe o caminho livre para mim. Investiguei vocês
dois e esse compromisso entre a família Jones e Parker.
Eu sinto algo dentro de mim, queimar de raiva.
— Não se meta em uma história que não é sua — digo com os
dentes cerrados para que ele perceba que está começando a me tirar do
sério.
— Você não a ama.
— E você em duas vezes que a viu e se apaixonou por ela? Corta
essa, Lennox.
— Eu posso não a amar, ainda, mas com certeza eu iria respeitá-la,
coisa que você nunca fez.
Desgraçado!
— Você não vai querer entrar no meu caminho, Marcus. Aline não é
como as mulheres que costumamos disputar na boate.
Ele sorri.
— Mas com toda certeza ela não é, Ethan. Aline é de uma excelente
família, herdeira de uma verdadeira fortuna, além de ser linda e o meu avô
gostou muito dela.
“Ele está planejando ir fazer uma visita à família Jones muito em
breve.
“Eu preciso de uma esposa, Ethan, não estamos na idade de brincar.
“Eu gostei da Aline.
“Meu avô vai propor um acordo de casamento ao Anthony que vai
deixá-lo mais rico do que ele já é, e assim todos saem ganhando.
“Você se livra de um compromisso que nunca quis, eu ganho uma
esposa linda e maravilhosa e Aline ganhará respeito e o meu amor no
futuro.
“Vida que segue e todo mundo fica feliz.”
Explodo quando ele diz em dar amor a minha Aline.
Levanto de uma vez e soco a mesa a minha frente.
— Ouse chegar perto dela novamente e faço o maldito grupo
Lennox cair na miséria. Eu sei em que vocês são envolvidos, Marcus, sei do
que vocês fazem parte. Anthony Jones nunca permitiria que Aline entrasse
em uma família como a sua. Eu posso fazer com que ele descubra muitas
coisas interessantes a respeito de vocês.
— Diga, Ethan!
“Diga que você a quer que me afastarei. Diga que vai torná-la sua
mulher que eu desisto agora mesmo.
“Mas não vou fazer por causa das suas ameaças.
“Apesar de tudo, somos amigos e você não traí os amigos, não
quando eu te ajudei um dia.
“Sabe muito bem que o grupo Lennox faz parte de uma coisa muito
maior do que as pessoas pensam e não vai conseguir nos derrubar.
“No máximo, vai me dar uma boa dor de cabeça.”
respiro fundo, engulo em seco e volto a me sentar.
— Porra, Marcus! Com tanta mulher no mundo você quer
justamente a minha.
Ele sorri alto do outro lado da linha.
— Você se deu conta do que acabou de dizer, Ethan? É
inacreditável.
fecho os olhos.
— Eu tenho um ano para decidir o que vou fazer. Se em um ano eu
não tomar a decisão de me casar com ela, a minha família rompe o
compromisso.
— Então vai fazê-la sofrer por mais um ano?
— Eu não tenho muita opção e não quero que ela sofra, mas sabe
muito bem que Dylan Parker não muda de ideia assim tão fácil.
— Está colocando desculpa no seu pai de novo.
Agora sou eu que sorrio da situação.
— Olha só quem diz.
— Você é um idiota.
— E você é um cretino. Somos farinha do mesmo saco, meu amigo.
— Ethan, escuta bem o que eu vou te dizer, Aline é uma boa mulher,
literalmente em todos os sentidos.
“Eu vou ficar de olho.
“Se Anthony Jones desistir do compromisso entre as famílias de
vocês, vou entrar no jogo e vou fazer isso com a consciência limpa, porque
se isso acontecer é porque você não foi homem de assumi-la.
“E aí, meu amigo, vai ser a minha vez de dizer para você não entrar
no meu caminho.”
— Essa decisão será tomada por mim, e não pelo Anthony — digo
com convicção, pois Anthony não faria isso.
— Tem certeza mesmo disso? Certeza absoluta? Aline está fazendo
um ótimo trabalho em tentar convencer o pai dela.
Ele consegue chamar a minha atenção com isso.
— De que porra você está falando?
Ele sorri.
— Você nunca, nunca, Ethan, prestou atenção na mulher que até
poucos minutos atrás intitulou ser sua.
“Nunca se preocupou com nada que tenha a ver com a segurança e o
bem esta dela.
“Você sempre agiu como se ela não existisse na sua vida, enquanto
você era tudo na vida dela.
“Não foi nem um pouco difícil descobrir tudo sobre vocês, não
quando ela faz questão de dizer para todos que conhecem vocês dois, que é
questão de tempo até ela estar livre de você e ir embora.
“Ethan, ela vai conseguir, ela está disposta a tudo.
“Quando isso acontecer, eu vou dar a ela apenas o tempo de sentir a
perda, e aí vai ser a minha vez.”
O desgraçado nem me dá tempo de digerir as merdas que ele diz e
desliga a ligação na minha cara.
Eu preciso descobrir que merda Aline está fazendo, e se o que
Marcus falou é verdade.
É, Ratinha, parece que você finalmente conseguiu o que queria,
chamou a minha atenção.
CAPÍTULO 26
ETHAN PARKER
Ultimamente tenho ficado de olho na minha Ratinha, mas ela anda
incrivelmente quieta, o que é preocupante, muito preocupante.
Eu tenho que tirar essa menina da minha cabeça, coisa que até tento,
mas não consigo, pois é mais forte do que eu.
Estou cheio de trabalho e pensar nela não está ajudando muito na
minha concentração, tanto que...
— Ethan, porra!
Sou tirado dos meus pensamentos pelo meu pai gritando o meu
nome.
— Eu não sou surdo, pai.
Ele cruza os braços e me encara.
No momento estamos na casa do meu avô, em mais um encontro de
família, e ele achou que era uma boa ideia me pegar para falar de negócios.
— Em qual mulher estão os seus pensamentos no momento?
Porque, ultimamente, você tem se superado. E a minha vontade foi de
deserdar você com a última notícia que saiu sua com mais uma mulher.
Se ele soubesse o que eu tenho tentado fazer ultimamente, não
estaria falando isso.
— A mulher que está na minha cabeça nesse momento é a que o
senhor quer para mim. Satisfeito agora? E aquela notícia só ficou no ar por
pouco mais de quinze minutos.
O sorriso que ele abre me dá nos nervos.
— Fale com o Anthony e marque o casamento. E quinze minutos foi
o suficiente para me causar uma dor de cabeça.
Será que o meu pai só pensa na porra desse casamento?
— Não, papai, ela não está na minha cabeça nesse sentindo. Aquela
menina é uma peste, um demônio de mulher. Eu... — Não termino de dizer,
apenas respiro fundo passando as mãos pelo cabelo e o meu pai cruza os
braços.
— Ethan, meu filho, o tempo está passando e você vai se arrepender
disso, então nem eu e nem a sua mãe vamos te ajudar. Vou deixar você
quebrar a cara.
— Por que ela, pai? O que o senhor viu nessa família para ter a
genial ideia de me obrigar a isso? Eu não entendo. Será que o senhor não
consegue perceber que não vou me casar? Não vou me envolver
amorosamente com uma mulher novamente.
Meu pai se levanta, vermelho de raiva e quando ele vai dizer, sinto
uma bengala bater bem no meio das minhas costas.
— É assim que fala com o seu pai, moleque? A culpa desse menino
ser assim é sua, Dylan, se ele tivesse ficado comigo, seria homem de
verdade e aceitaria o que é imposto a ele para o bem da família.
Eu travo o maxilar chateado com a merda que escuto.
— Vovô, eu sou homem o suficiente para ter triplicado a fortuna do
papai e da nossa família, o senhor não... — Eu me calo quando ele me
acerta com a maldita bengala novamente.
— Não me responda, Ethan. Eu te amo, meu neto, mas bato em você
se continuar agindo desse jeito. Você vai se casar com quem o seu pai
escolheu para você, já que a sua escolha não foi a certa.
— Eu não a amo, vovô.
Ele se aproxima de mim e eu me preparo para ser acertado
novamente, mas ele não faz.
— Casamento não se trata somente de amor, mas de respeito, Ethan.
O amor vem com o tempo, com a convivência e acredite, meu neto, eu
aprendi isso da pior maneira possível — meu avô diz sério.
— Se Anthony Jones romper com o compromisso eu aceito. A
decisão está nas mãos da família Jones.
Meu pai consegue chamar a minha atenção.
— O senhor disse um ano, se em um ano eu...
— Disse, assim como também disse que se o Anthony romper, eu
aceito. Eu não vou mais bater cabeça com você, Ethan. — Meu pai sai do
escritório batendo a porta, chateado.
Olho para o meu avô que me olha intensamente.
— Isso só pode ser uma maldição que eu carrego comigo. Uma
maldição em que sou obrigado a ver todos os homens da minha
descendência sofrer por amor. Homens que agem como crianças. Ethan,
meu filho, acorde. Será que não percebe que está jogando a sua felicidade
pela janela?
Eu balanço a cabeça.
— Eu não a amo, vovô.
— Será que não ama mesmo, Ethan? Porque você saindo todo dia
com uma mulher diferente só me mostra que está apaixonado pela mulher
que insiste em chamar de menina.
“Está apaixonado, seu idiota, e nem mesmo consegue perceber isso.
“Não vai conseguir tirá-la dá sua cabeça comendo uma vagabunda
diferente a cada dia.”
Ele sai do escritório, me deixando sozinho e me sento de uma vez na
poltrona, pensando no que o meu avô falou e em tudo o que tenho vivido
ultimamente.
A minha cabeça está uma confusão de sentimentos.
É o meu coração guerreando contra a minha razão, são os traumas e
medos lutando para me dominar novamente, as lembranças me acertado
com tudo em minha mente. O meu peito apertando como se estivesse
voltando no tempo, tudo isso porque um dia entreguei o meu coração a uma
mulher que não cuidou dele.
O meu coração era a sua missão e ela cumpriu o seu dever de me
destruir, sem se importar com o estrago que iria fazer.
Ela destruiu o homem que Aline merecia e agora sou apenas a
carcaça do homem que fui anos atrás.
O meu erro foi ter amado a mulher errada, ter entregado o meu
coração a mulher errada, mas agora é tarde demais, o estrago já foi feito.
— Ethan!
Olho para frente e vejo a minha irmã.
Ela percebendo a situação em que me encontro, tranca a porta do
escritório e sinto que vou sufocar a qualquer momento.
— Amaya, irmã.
— Você tem cinco minutos antes que alguém venha atrás de você.
Vamos para a piscina. Cinco minutos, Ethan.
— Eu não consigo...
Ela me interrompe antes que eu consiga terminar de dizer.
— Você não precisa ser forte sempre, irmão, pode chorar também,
eu choro com você, porque é meu sangue e minha carne, a sua dor é a
minha dor também. — Ela corre em minha direção e me abraça.
Quando sinto o seu aperto, me derramo nos braços da minha irmã.
É como se a minha alma gritasse dentro do meu corpo.
— A sala é a prova de som, ninguém vai escutar.
É como se a minha irmã soubesse o que preciso e sem força caio de
joelhos, mas em momento algum ela me solta e fica abraçada a mim, de
joelhos também.
— HAAAAAAAA... — O grito sai rasgando a garganta, é como se
a dor que estou sentido nesse momento fosse colocada para fora.
— Pode chorar, irmão, estou com você e ninguém precisa saber.
— Eu vou encontrá-la um dia, Amaya, e vou matá-la. — Essa foi
uma promessa que fiz no túmulo dos meus filhos, que eu mataria a mulher
que tirou a vida deles.
— Ethan...
— Eu não posso amar a minha menina por causa dela, Amaya.
Minha irmã chora junto comigo.
— Sinto muito, irmão, eu sinto tanto.
— Aline não merece um homem como eu, se a afasto é para o bem
dela, mas ninguém parece perceber isso.
— Não pode passar a vida inteira vivendo assim, Ethan, Aline te
ama e saberia curar as suas feridas.
— Não... Eu não posso arriscar, Amaya.
— Ethan! — Minha irmã segura meu rosto e me obriga a olhar para
ela.
— Ou você fica com a Aline, ou a deixa em paz. Eu sei que vocês
dois andaram se pegando.
Eu consigo entender o que minha irmã quer dizer.
— Estou descobrindo quem é Aline Jones agora.
— Está descobrindo tarde demais. Ela está disposta a acabar com
tudo e ir embora para Nova York. Seu tempo está acabando, Ethan, tome
uma decisão. Aline é forte o suficiente para curar a sua alma — ela diz e
nos levantamos juntos.
— Não vou correr o risco de magoá-la mais ainda, Amaya. Não sei
se o que sinto é amor, nem sei se sou capaz de amar ainda, eu tenho uma
pedra no lugar do coração agora, Amaya.
Nesse momento, estou mais calmo e ela aponta para o banheiro.
Depois de me recompor e voltar para o escritório, ela me olha.
— Seus cinco minutos acabaram, já pode voltar a ser o meu irmão
idiota que só faz merda. E você não tem uma pedra no lugar do seu coração,
Ethan, não repita essa besteira nunca mais.
Eu acabo sorrindo.
— Obrigado, Amaya.
— Faria o mesmo por mim.
— Não eu não faria, porque eu mataria o cretino que ousasse
quebrar o seu coração ao ponto de te fazer gritar de dor. É insuportável,
Amaya, eu não quero nunca que passe por isso.
Ela sorri meio sem vontade e algo na minha mente acende.
— Amaya Parker!
— Ninguém está livre de sofrer por amor, irmão. As vezes apenas
nos apaixonamos pela pessoa errada e tudo bem. É a vida...
— Quem é o desgraçado? Se for quem eu estou pensando... Amy, eu
acabo com ele.
— Você não vai fazer nada e nem vai acabar com ninguém. Agora
vamos ou o vovô vem aqui e te bate de novo. Ele saiu resmungando daqui
de dentro. Nossas primas estão nos esperando na piscina. — Ela me pega
pela mão e sai me puxando.
Respiro fundo e volto a ser o mesmo Ethan de minutos atrás, o
Ethan que todos conhecem.
CAPÍTULO 27
ETHAN PARKER
Estou na piscina cercado de mulher.
Amo minhas primas, mas elas as vezes me tiram do sério. Uma das
coisas que elas costumam fazer é fugir dos seguranças delas, achando que
conseguem se virar sozinhas andando por aí, desprotegidas.
E como sempre foi, a empresa do meu pai faz a segurança da família
da minha mãe, uma mistura da família Parker com a família Smith.
— Meninas, esse é o Alex, um amigo da Eve — Louise, uma de
minhas primas chega falando, apresentando um amigo de Evelin que é
afilhada do meu tio Ivan. — E, Alex, essas são minhas primas, Alice,
Alisha e Amaya e aquele ali é o nosso segurança, Ethan.
Como ela é minha prima e não perde a oportunidade de me irritar,
acaba me chamando de segurança, já que sou eu que fico de olho nas
espertinhas e sempre coloco os melhores homens da empresa ao lado delas,
por isso a raiva.
— Se soubesse se comportar não precisaria que eu perdesse meu
tempo vigiando você. — Eu me aproximo dela e a empurro dentro da
piscina, a deixando furiosa.
— Prazer em conhecê-lo, cara. Você trabalha com a Eve, não é
mesmo? — pergunto de forma educada ao homem que é amigo das duas
recém-chegadas.
— Estamos fazendo a campanha do grupo Smith juntos.
Essa é a empresa da família por parte da minha mãe. Foi uma briga
entre o meu avô e o meu pai, ele insistia que eu usasse o sobrenome Smith,
mas papai nunca aceitaria isso, já que ele tinha a sua empresa e precisava de
um herdeiro para a Shield Security.
— Verdade a campanha, esse lançamento é muito importante para o
meu primo, ele... — Não termino de dizer e sou interrompido por Louise.
— Não vamos falar sobre trabalho, Ethan, estamos aqui para nos
divertir.
A filha da mãe me empurra na piscina da mesma maneira que fiz
com ela.
— Bem-feito, irmão, Louise tem a coragem que nós não temos —
Amaya diz enquanto as gêmeas gargalham.
Então, aí começa a guerra, porque todo mundo começa a se
empurrar dentro da piscina, assim como fazíamos quando éramos crianças.
— Eu já estava sentindo falta disso. Se o vovô não obrigar, ninguém
mais vem passar o domingo aqui — Alice diz com um tom de tristeza na
voz.
Ela mora nessa casa, mas sei que sente a nossa falta.
Depois que crescemos as coisas mudaram e dificilmente eu venho
dormir aqui.
— O vovô sempre diz que crescemos e agora estamos abandonando
a vovó e ele. Vocês deveriam criar vergonha na cara e vir mais vezes para a
mansão Smith. — Agora é Alisha que diz, mas ninguém tem coragem de
abrir a boca.
Alice e Alisha são gêmeas, filhas do meu tio Carlos e da tia Olivia,
eles moram na mansão e sei que sentem a nossa falta.
— As gêmeas têm razão, o vovô, James, e a vovó, Amelia, estão
velhos, temos que passar o máximo de tempo na companhia deles, pois não
vão durar para sempre — Evelin diz e todos nós olhamos para ela.
Ela pode não ter o nosso sangue, mas como afilhada do meu tio, ela
foi criada praticamente junto com a gente e sei que ela realmente se importa
com os meus avós.
— Pela primeira vez as pirralhas têm razão — concordo com o que
ela diz e Louise joga água em mim.
— Vocês têm uma família bonita e que apoia vocês em tudo o que
querem fazer, preservem isso, nem todos tem essa sorte.
Agora todos nós olhamos para o Alex.
— História difícil com a família, cara? — pergunto e Alex balança a
cabeça.
— Você nem imagina o quanto, é como se eu estivesse deixado de
existir para eles. Só tenho contato com a minha mãe e é bem pouco.
— Sinto muito por você — Alice diz sentada na beira da piscina.
— Obrigado, mas nem tudo na vida é perfeito.
— Realmente não é, a família é muito importante na vida de uma
pessoa, mas as vezes nos colocam em cada situação — digo me lembrado
no problema que a minha família me colocou.
— Ethan, por dizer em família, onde está a sua jovem namorada? —
Evelin pergunta e sei que faz isso para me provocar.
— Verdade, por que Aline não está aqui? — Agora é Louise.
Essa é outra que adora me irritar.
— Aline é jovem, tem um espírito livre além de ser linda. Ela é
areia demais para o caminhão quebrado do Ethan. — Alice não perde a
oportunidade, é a que se acha mais esperta de todas.
— É verdade, eu a vi com um tremendo gato no shopping. Acho que
ela não faz muita questão de você não, primo, ela está em outra, tudo o que
você queria.
Quando Alisha diz isso, me lembro que Aline se encontrou com
Marcus no shopping e deve ser dele que ela está falando.
Aquele desgraçado quer colocar as patas imundas dele na Aline.
— Eu acho que as quatro estão com tempo livre demais para
estarem se importando com a minha vida. Acho que vou dar uma ideia para
o tio Ivan, a proteção de vocês está um pouco falha, são herdeiras Smith,
então segurança redobrada em primeiro lugar. — Toco em um ponto fraco
delas.
— Eu te afogo nessa piscina agora mesmo e Amaya assume o seu
lugar na empresa do tio Dylan. Ela é mais do que capacitada para fazer isso.
— Louise vem para cima de mim e acabo sorrindo segurando os braços
dela.
— Calma aí, furacão Smith.
Ela odeia ser chamada assim, pois esse foi um apelido que eu e o
irmão dela, Mateo, colocamos.
— Que porra é essa aqui? — meu primo chega perguntando, vendo
o que está acontecendo.
— Eu vou afogar o nosso primo, irmão, ele merece a morte. Amaya
vai ficar no lugar dele.
As meninas se divertem com a cena e eu imobilizo Louise dentro da
água.
— Calma aí, furação, prometo que a sua equipe não vai passar de
dez seguranças.
— Ethan Parker, se Aline já não tiver um namorado eu vou arrumar
um para ela, ninguém merece se casar com você, é um destino triste demais.
— Faça isso e não vai mais conseguir nem ir ao banheiro a não ser
acompanhada por um segurança.
— Mas você vive abrindo a boca para dizer que nunca vai se casar
com ela. Por que se importa com isso agora? — Louise pergunta e eu a
solto de uma vez.
Esse não é um assunto para ela estar se metendo.
— Fica na sua, furacão Smith, e não se meta nessa história.
Ela vem para cima de mim e começamos com a brincadeira de novo.
Às vezes é bom passar um tempo com a família, nos faz esquecer
dos problemas.
Depois de um tempo na piscina, entramos para almoçar e o almoço
não foi muito como prevíamos. Meu avô cismou que quer conhecer a
próxima geração de herdeiros antes de morrer e resolve praticamente
obrigar todos os netos a se casarem o mais rápido possível, o que deixa
minhas primas bem chateadas.
Resolvemos ficar todos na mansão e Mateo e eu resolvemos chamar
alguns de nossos amigos para nos fazer companhia.
Já quase no fim da tarde, eles chegam e vou recebê-los, os levando
logo em seguida para a área externa da casa.
— Mateo. Ryan, Dener e Adrian acabaram de chegar.
— Por que mesmo estamos nos encontrando aqui? — Dener
pergunta se sentando e uma das poltronas e Ryan se senta na outra enquanto
Adrian se senta na que está na frente do Mateo.
— A vovó anda se sentindo sozinha, então vamos todos dormir aqui
hoje para deixá-la feliz — Mateo responde e eles sorriem.
— Como nos velhos tempos? — Ryan diz animado.
Eles três, como nossos amigos, já passaram algumas noites aqui
também, e bagunça que fazíamos era generalizada.
— Meninos, não sabia que vocês viriam também — tia Olivia diz se
aproximando de nós com uma bandeja de frutas, a colocando na mesa a
nossa frente.
Ela sempre foi assim, preocupada se estávamos comendo ou não, ela
adora nos fazer comer.
— Ethan nos ligou, mas não vamos passar a noite, amanhã eu tenho
uma reunião logo cedo no grupo Thompson — Dener comenta.
— Nem me fale em reunião, amanhã o meu dia está cheio delas no
grupo Jones — Adrian diz parecendo estar chateado.
— E o meu pai resolveu pegar um caso impossível e jogar em cima
de mim, dizendo ele que está me testando para jogar a responsabilidade da
empresa de advocacia nas minhas costas — Ryan resmunga e tia Olivia
acaba rindo dos três que reclamam um atrás do outro.
— Vocês nasceram para ser quem são, herdeiros das suas
respectivas famílias, mas não trabalhem tanto, meninos, dentre alguns dias
terá um feriado e deveriam fazer uma viagem juntos. Acampar, quem sabe?
Aproveitem que Eve está na cidade, ela poucas vezes teve a oportunidade
de passar um tempo com todos vocês. Organizem as coisas e levem as
meninas.
A minha tia só pode estar de brincadeira com a nossa cara.
— Tem certeza disso, tia? Essas meninas juntas significa problema
na certa.
— Ethan tem razão — Mateo, Adrian, Dener e Ryan falam juntos e
tia Olivia faz uma cara, pois já sei do que ela se lembrou.
— Diz os quatro que resolveram se juntar com Bryan, pegaram o
avião do Wiliams e foram para Las Vegas comemorar o aniversário do
Dener sem avisar pra ninguém.
A gente começa a rir.
Fizemos isso dois anos atrás em um momento de loucura,
aproveitamos o avião do Williams, um amigo da família, que Bryan, filho
dele e nosso amigo, também usou para vir para à Califórnia e partimos
rumo a grande Las Vegas, uma das nossas melhores viagens.
— Essa viagem foi incrível — relembro sorrindo.
— A gente bebeu todas — Adrian comenta.
— E o Dener fez uma tatuagem — agora é o Mateo que diz.
— Eu pensei que o meu pai fosse me matar nesse dia, mas escapei
devido a mamãe. Bruna Thompson é a minha salvação.
— Vocês quase mataram a Rayla do coração e nos também.
Rayla é a mãe de Bryan e esposa do Williams.
A tia Olivia deu uma bela de uma bronca na gente quando voltamos,
mas foi uma das poucas vezes que agimos sem pensar direito.
CAPÍTULO 28
ETHAN PARKER
Como se não pensasse antes de dizer, Adrian abre a boca.
— A gente bem que podia ir para Las Vegas no feriado.
Então nos entreolhamos, pois, Adrian deve ter bebido algo muito
forte para dizer uma besteira dessas.
— Você que ir para Las Vegas rodeado de mulher, nossas primas e
irmãs? Essa ideia não é a mais inteligente, imagina só elas dentro de um
cassino. — Mateo como sempre é a voz da razão.
— Tem razão, não é uma ideia muito inteligente, Deus me livre.
— Vocês deveriam acampar, sentir o ar fresco de alguma montanha.
Sair um pouco dessa rotina agitada. Temos propriedades em várias partes do
mundo, escolham alguma e façam uma viagem para relaxarem.
Até parece que a minha tia não sabe do que essas meninas são
capazes, elas puxaram o lado rebelde das mulheres da nossa família.
— Levando as meninas junto, a gente não relaxa, tia, a gente só se
estressa.
— Ethan!
Ela chama a minha atenção.
— Desculpa, tia, vamos pensar no assunto.
Ela fecha a cara e nos olha.
— Comam as frutas — diz e sai logo em seguida.
— Quando foi que Eve chegou? Eu quero vê-la — Dener pergunta
interessado e a cara que Mateo faz é a melhor.
Ele bem que gosta da menina e não tem coragem de admitir, só
porque Eve é afilhada do pai dele e foram praticamente criados como
irmãos, mas eles não têm o mesmo sangue.
— A pouco menos de um mês, comemoramos a chegada dela, mas
você não estava na cidade — Adrian comenta.
— Ela deve estar mais linda do que nunca, Eve sempre foi muito
linda...
— Que interesse é esse todo agora na Eve?
Dener está provocando o Mateo e o idiota não percebe.
— Calma, poderoso, Mateo Smith — ele diz levantando as mãos e a
minha vontade é de gargalhar da cara dos dois.
— Mateo anda um pouco sensível quando o assunto é a Eve — digo
indo na onda do Dener.
— Isso não tem nada a ver. Só acho que Eve não é uma mulher
adequada para o rei do petróleo. — Mateo nunca deixa uma provocação
passar batida.
Sei que ele já está apaixonado e morrendo de ciúmes da Eve.
— Acho que isso eu teria que decidir, Eve sempre foi um bom
partido.
Eu, Adrian e Ryan sorrimos, porque sabemos que Mateo vai morrer
de raiva.
— Aline também é um excelente partido e pelo que sei, ela não quer
o noivo que a família decidiu para ela — Dener diz.
Agora o infeliz resolveu mexer com o que estava quieto.
— Deixe a Aline fora disso vocês dois — digo de cara feia.
Eles não vão envolver ela nessa conversa.
— Você também não quer esse noivado, Ethan, e gostei da ideia de
ter Dener como cunhado em vez de você.
Olho para o Adrian com vontade de afogá-lo na piscina.
— Sabia que o vovô quer que as meninas se casem e gerem
herdeiros, Adrian? Acho que já tenho até um bom partido para a minha
irmãzinha.
Esse infeliz acha que eu já não percebi o interesse dele na minha
irmã, e que Deus ajude a alma dele, porque se ele for o responsável pela
tristeza da minha irmãzinha, acabo com ele.
— Muito engraçado você, Ethan — Adrian diz desgostoso com a
informação.
Esse é outro que vai entrar na lista.
— Estou falando sério, tudo isso é culpa do Mateo.
Meu avô jogou a bomba do casamento para o colo das meninas,
porque Mateo está se recusando a entrar em um casamento.
— No fim, sempre sobra pra você, Mateo — Dener comenta
pegando alguns pedaços de frutas.
— Meu pai cismou que tenho que me casar, isso é ridículo.
— Será que eles combinam esses absurdos, porque Anthony Jones
me inferniza dia e noite para me casar. A ladainha no meu ouvido não muda
nunca — Adrian reclama.
— Bem-vindo ao clube, o meu avô também está me deixando louco
com essa história de casamento. O papai concorda e a mamãe não se mete,
ela era a minha esperança — Dener parece estar no mesmo barco que eu e
Adrian.
— A minha mãe também está gostando da ideia, já as minhas
primas e minha irmã estão formando um motim contra mim. — Mateo
parece estar preocupado com a atual situação dele.
Se as minhas primas decidirem que ele vai se casar, ele vai se casar.
Elas são terríveis.
— Vocês são herdeiros principais, é compreensível a família querer
que se casem e formem família antes de assumir de vez os negócios —
Ryan diz como se ele não fosse passar por isso algum dia.
— Como se você também não fosse, a sua sorte é que o tio Colin faz
tudo o que a tia Amanda diz, então você ainda vai ter mais tempo do que a
gente — digo.
Mateo e Dener concordamos comigo, afinal Ryan por enquanto
ainda está livre.
— Quando chegar a vez dele... — Mateo começa a dizer, mas é
interrompido pelo toque do celular.
Ele olha para a tela do aparelho e depois para mim, logo em seguida
atende.
— Diz baixinha.
Puta que pariu, é a Aline!
Eles são amigos e ela sempre recorre a ele quando quer alguma
coisa mais séria.
— Para que você quer um quarto de hotel, Aline? Onde você está?
Adrian sorri quando Mateo diz isso para a irmã dele do outro lado
da linha, já eu fico incomodado com essa história de hotel.
— Aline, você não me engana, está me pedindo um quarto do hotel
para um amigo. Quantos anos você tem mesmo?
— O quê!? Me dá esse telefone aqui.
Que porra essa peste está aprontando agora?
Eu me levanto e arranco o celular das mãos do Mateo, enquanto
Dener e Ryan sorriem da minha atitude.
— Aline vá para casa agora mesmo — digo furioso para a razão dos
meus problemas.
— Ethan!? Devolva o celular para o Mateo, o meu assunto é com
ele e não com você.
Como sempre afrontosa.
— Eu não quero saber, Aline, se não for para casa, vou te achar e
sabe disso.
— Você não manda em mim, Ethan, e nunca vai mandar. Não se
meta na minha vida que eu já desisti de você. Vai ligar para aquela modelo
ridícula que você saiu nas capas das revistas nos últimos dias, com ela sim,
você pode se meter, porque eu não vou ser sua nunca, nunquinha. Eu não
me caso mais com você, nem se me implorasse de joelhos, idiota. Chega,
acabou se vez. Eu deletei você da minha vida seu cretino. Não preciso de
você atrás de mim.
Caralho, ela está furiosa.
— Eu também não vou me casar com você e se faço isso é por
consideração ao seu pai e sua mãe.
É nessa hora que Ryan e Adrian gargalham.
— Me devolve o meu celular aqui. — Mateo tira o celular das
minhas mãos.
— Mateo...
— Eu vou falar com ela.
Balanço a cabeça chateado e presto atenção na conversa deles.
— Aline! — ele diz o nome dela e escuta o que ela diz.
— Estamos na mansão Smith, vamos dormir aqui. Agora vá para o
hotel que vou avisar o gerente e não faça besteiras.
Eu vou matar o meu primo.
Como ele pode ser manipulado assim por uma menina?
— Faça isso, até logo. — Ele desliga a ligação.
— Mas que porra foi que deu na sua cabeça, Mateo? Eu não
acredito que você...
— Ethan, que merda é essa? Você grita para os sete ventos que não
quer a Aline, que nunca vai se casar com ela e fica nessa. Deixe a garota
viver a vida dela em paz e viva a sua. Uma hora as famílias vão desistir de
querer casar vocês dois.
Tudo o que eu faço e bufar de raiva.
— A minha mãe já andou falando isso e Anthony Jones faz tudo que
a dona Emily quer — Adrian diz para me irritar.
— Os meus pais já estão sabendo disso? — pergunto.
— Está preocupado, Parker? Se a família Jones desiste do
casamento é o fim dos seus problemas. Aline tem um espírito livre e você é
um chato — Ryan diz colocando mais lenha na fogueira.
— Vocês não sabem do que estão falando, agora vou ter que sair.
Porra, agora vou ter que ir ver o que aquela peste está aprontando.
Ela estava quieta demais nos últimos dias e com as notícias que saiu de
sobre mim, ela deve estar a ponto de querer me matar.
— Leve a minha irmã para casa e não para o seu apartamento. E
nem adianta negar que a gente sabe que você vai atrás dela. Agora, se quer
um conselho, não tente obrigá-la a nada, Aline adora um desafio e te irritar
é o preferido dela.
O idiota do Adrian tem razão.
Aline Jones ama me irritar.
Passo pela sala para chegar na garagem mais rápido e quando estou
passando pela porta, meu pai me para.
Quando olho para ele, vejo minha mãe subindo a escada e assim que
ela some das vistas, meu pai diz:
— Para onde pensa que vai? Prometeu dormir na mansão hoje, seu
avô não está muito feliz com você, Ethan, e quando ele está com raiva,
inferniza a minha vida.
— Vou sair para resolver um problema.
— Que problema, Ethan? Que problema você vai resolver a essa
hora?
— Um problema que o senhor trouxe para minha vida. Um
problema chamado Aline Jones.
Meu pai sorri se dando conta do que eu estou falando.
— O que ela fez dessa vez?
Respiro fundo e resolvo contar, porque se ele quiser descobrir o que
é, ele vai descobrir.
— Ela acabou de ligar para o Mateo pedindo um quarto no hotel
Smith.
Meu pai me olha sério e depois começa a rir.
— Essa menina definitivamente supera a sua mãe em tudo, ela é
perfeita.
— Pai...
— E, por que se importa se ela está no hotel? Ela pelo menos está
sendo cuidadosa, já você não é nada disso. Deixe a menina aproveitar a
vida, meu filho, você mesmo insiste em dizer que não quer nada com ela.
Olho para o engraçadinho do meu pai e me aproximo, o encarando.
— Por algum acaso o senhor deixou a minha mãe aproveitar a vida?
Que eu saiba não. Fez questão de deixá-la sob os seus cuidados mesmo não
querendo nada com ela.
Ele não gosta nada do que escuta.
— Não vai querer ir por esse caminho, Ethan...
— Aline é minha responsabilidade até que eu decida o que vou fazer
com ela.
— Pois se decida de uma vez que o seu tempo está acabado, Ethan.
Aline já é uma mulher e o pai dela não vai esperar para sempre você tomar
uma decisão. — Ele dá um tapinha no meu rosto e diz antes de se afastar
completamente. — Não cometa os mesmos erros que eu cometi, meu filho.
Eu paguei caro por eles. Sua mãe me fez pagar e Aline Jones é muito pior
do que a sua mãe. Perto dela, sua mãe é amadora.
— Eu vou atrás dela, antes que algum engraçadinho a fotografe
entrando em um hotel com um homem.
Meu pai sorri novamente.
— E você se importa com isso? Garanto que ela não se envolveria
com um homem que não fosse do mesmo círculo dela. Se isso realmente
acontecesse, Ethan, poderia facilitar as coisas para você. Quem sabe se
Anthony souber que a filha dele está apaixonado por outro homem, ele não
rompa o compromisso? Assim você estaria livre como sempre quis.
— O senhor acha isso engraçado, papai?
— O quê, Ethan? Você pode humilhar a garota saindo em notícias
no mundo todo com outra mulher e ela não pode fazer o mesmo? Se olhe no
espelho antes de querer cobrar alguma coisa daquela menina.
— Ela não...
Ele levanta o dedo para que eu pare de dizer.
— Eu vou te dizer pela última vez, meu filho. Você vai se
arrepender e quando isso acontecer vai ser tarde demais. Mas você vai
passar pela decepção sozinho porque por falta de aviso não foi. — Ele se
vira e sai da minha frente.
Respiro fundo e saio da mansão com sangue nos olhos para ir atrás
de Aline Jones que deveria estar na casa dela, quietinha, e não em um
quarto de hotel com um homem.
Que Deus ajude o infeliz que está com ela.
CAPÍTULO 29
ALINE JONES
Quando saí de casa com a intenção de ir para uma boate que não
fosse a do Ethan e me agarrar com o primeiro homem que aparecesse na
minha frente, não imaginava vir parar no hotel de luxo Smith.
O que queria mesmo era me expor, mas me expor tanto que sairia
em tudo o que era notícia, uma foto minha com outro homem e assim o
papai romperia o meu compromisso ridículo. Claro que depois ele me
mataria, mas morreria livre do desgraçado do Ethan.
— Aline, estou vendo duas de você.
Esse é outro idiota.
— Isso é porque você resolveu entrar em uma competição para ver
quem bebia mais, idiota.
Nicolas gargalha.
— Mas eu ganhei e pude te beijar.
Por que os homens são tão burros?
Eu teria o beijado mesmo sem aposta. Na verdade, pretendia ficar
com ele quando o encontrei na boate.
Mas o idiota quis mostrar para todo mundo que era o macho
dominante.
— E agora olha só onde estamos? Você não se aguenta em pé e se a
sua mãe não te matar, o seu pai te mata.
— Você me protegeu, meu amor. Casa comigo, Aline.
Ele já me pediu em casamento umas cinco vezes da boate até o
hotel.
— Eu já disse que não. Agora vamos para o banheiro, vou te ajudar
a tomar um banho gelado.
— Eu não quero um banho gelado, meu amor, eu quero você. Eu
quero me casar com você.
Era só o que me faltava agora.
— Eu não vou me casar nem com você e nem com ninguém, estou
com trauma dessa história de casamento. Acho que nunca na minha vou
conseguir me casar. — Eu tento levantá-lo da cama, mas o que acontece é
que ele me puxa pelo braço e eu acabo caindo em cima dele.
— Ele te machucou tanto assim, Aline? Ao ponto de dizer que
nunca vai se casar com ninguém. — Ele passa uma das mãos pela minha
nuca.
— Machucou sim, mas agora vamos para o banheiro.
Em vez de tentar se levantar, ele me prende mais em seus braços, me
segurando.
— Sinto muito, Aline. Obrigado por me ajudar hoje e ter ligado para
o seu amigo. Se eu tivesse entrado nesse hotel pela porta da frente com uma
mulher, amanhã eu estaria em tudo quanto fosse página de notícia. Seria
uma tragédia e aí sim, teríamos que nos casar.
Puta que pariu, por que eu não entrei pela porta da frente?
Mas conhecendo o Mateo, ele nunca permitiria que isso acontecesse,
tanto que quando cheguei aqui já tinha um dos homens dele me esperando.
— Somos amigos, Nicolas, é claro que eu te ajudaria e você está
bêbado.
— Eu não estou tão bêbado assim, Aline, estou acostumado a beber,
mas hoje eu queria passar dos limites. Não pense que a minha vida é um
mar de rosas. — Eu sei do que ele está falando.
Nicolas também é herdeiro e tem a porra da tal responsabilidade.
— Será que é egoísmos a gente odiar tudo isso? Afinal nossos pais
batalharam e trabalharam muito para que tivéssemos uma vida boa. Nem
todo mundo tem o privilégio de nascer herdeiro, mas... — Eu me calo já
sem saber o que vou dizer.
— Eu não diria egoísmo, Aline, e entendo o seu ponto de visto. O
nosso problema são as situações que os nossos pais nos colocam, é isso que
odiamos, e não o fato de que temos que dar continuidade ao legado deles.
Olho para o Nicolas e ele passa uma das mãos pela minha cintura,
me fazendo carinho.
— É exatamente isso.
Ele sorri e aperta a minha bunda.
— Eu disse que não estava tão bêbado assim.
— Então quer dizer que eu posso te chutar por ter me pedido em
casamento? Só não te chutei porque achei que estava morto de bêbado.
Ele sorri novamente.
— O pedido ainda está de pé. A gente se casa e nos livramos dos
nossos problemas.
— Não, Nicolas, a gente saí de um problema e entra em outro.
— Mas pelo menos seria um problema nosso, meu e seu, sem a
nossa família apontando o dedo na nossa cara, dizendo o que temos que
fazer.
“Seríamos donos das nossas vidas e não precisaríamos ficar casados
por muito tempo, só o suficiente para dizermos que não deu certo e por isso
o divórcio.
“Aí cada um vai para o seu lado, você poderia ficar com quem
quisesse e eu, finalmente, iria poder me casar com a mulher eu realmente
amo, livre da minha família se metendo.”
Encaro o homem abaixo de mim, com a proposta mais tentadora que
já recebi, sem saber o que responder e ele sorri colocando uma mecha do
meu cabelo, atrás da minha orelha.
— Seria bom demais não seria, Aline? Ficar livre.
— Seria um sonho, se o caminho até ele não fosse ter que passar por
um casamento.
Ele dá um sorrisinho sem vontade.
— Nem tudo na vida é perfeito, mas fazer o quê, não é mesmo?
Sinto que ele está com as duas mãos na minha cintura, me
acariciando.
— Você vai ficar aqui ou vai para a sua casa?
— Vou ficar aqui, não quero ouvir reclamações no meu ouvido hoje.
Estou a um passo de jogar a porra toda para o alto e mandar o mundo ir se
foder.
Chego a sentir pena dele, já que é herdeiro de uma verdadeira
fortuna no ramo de joias preciosas.
— Tadinho dele — digo e em resposta ganho um tapa na bunda.
— Tadinha dela. — Ele bate de novo.
— Se me bater de novo vai ter que me dar o maior anel de noivado
do mundo e aquele conjunto de diamantes de coração e os brincos de safira.
Ele gargalha e me vira na cama, ficando por cima de mim,
segurando as minhas mãos.
— Desisto, você vai me extorquir todo dia uma joia. Vai ser uma
péssima esposa, vou procurar outra.
— Não, o que vou ser é uma esposa esperta, é o dever do marido
encher a mulher de joias dos pés à cabeça.
Ele sorri e cheira o meu pescoço, em seguida, sussurra no meu
ouvido:
— Espertinha você não esposa.
Fecho os olhos sentindo como soa essas palavras. Tudo o que eu
mais queria nesse mundo era ser chamada de esposa, mas não por ele...
— Mas que porra é essa, Aline Jones?
Esse homem só pode ser o Diabo que é invocado pelo pensamento.
O pior é a maneira como ele arranca o Nicolas de cima de mim e ainda o
acerta com um soco no nariz.
Como Nicolas está meio bêbado, não consegue se defender.
Eu me levanto da cama e vou até eles, antes que o Ethan o mate.
— Ethan, para com isso. — Seguro seu braço e me coloco na frente
dele.
— O que esse desgraçado estava fazendo em cima de você, Aline?
— Ele parece estar transtornado de raiva e fico com mais raiva ainda.
— A mesma coisa que você faz quando fica em cima de outra
mulher.
Nicolas mesmo caído no chão sorri do que eu digo e Ethan muda de
cor.
— Os nossos planos ainda estão de pé, Aline, é só... — Nicolas nem
termina de dizer e Ethan tenta ir pra cima dele de novo, mas eu não permito.
— Para com isso, Ethan, e vai embora daqui.
Ele segura no meu pulso.
— Eu vou embora sim, mas você vai comigo.
— Eu não vou porra nenhuma, Ethan, isso é invasão de privacidade.
Eu nunca fui atrás de você quando está na cama com outra mulher.
Ele trava o maxilar de raiva.
— Se não vier comigo por bem, vai ser por mal.
— Quero só ver você ter... Aaaa... Ethan, seu cretino, me coloque no
chão agora mesmo.
— Não, você é terrível, demônio de mulher.
— Me coloca no chão, Ethan... Aaaa... Nicolas, liga para a polícia e
diz que eu fui sequestrada pelo Diabo.
Nicolas se senta no chão e me olha.
— Você sabe que ele manda na polícia, não sabe?
— O quê? Ninguém manda na polícia, Nicolas. Você está mesmo
bêbado?
— Ele manda.
É tudo o que escuto antes do desgraçado que está me carregando por
cima do ombro, bater a porta do quarto.
— Me solta, Ethan, eu vou matar você.
— Fica quieta, Aline, que estou me controlando com você.
— Não tem que se controlar, o que tem que fazer é me colocar no
chão e parar de se meter na minha vida. — Tento me soltar, me mexendo e
esperneando sem parar, até que ele entra dentro do elevador e praticamente
me larga no chão.
Eu vou pra cima dele com tudo, querendo acertá-lo, mas ele não
permite segurando as minhas mãos.
— Deus, mulher, você parece um pinscher, pequena e demoníaca.
Mas que filho da mãe!
— E ainda tem coragem de me chamar de cachorro.
— Cachorro não, chamei você de pinscher. Nunca vi uma pessoa tão
pequena e tão raivosa quanto você.
— Você me deixa raivosa, Ethan. Você é a porra todinha dos meus
problemas. Estava quieta na minha e você aparece no meu quarto de hotel,
sem mais, nem menos.
— ESTAVA COM OUTRO HOMEM — grita perdendo a paciência.
— E o que você quer se metendo nisso? Seria mais fácil me ver na
cama com outra mulher?
Ele vem pra cima de mim e me segura pelo braço, me imprensando
na parede fria do elevador, deixando seu rosto a centímetros do meu.
— Estava na cama com outro homem. É assim que você diz que me
ama, indo para cama com outro homem?
Agora sim, eu vou virar um pinscher, porque vou acabar com a raça
de pitbull dele. Então, começo tentar bater nele de todo jeito, mas o cretino
é bom em me segurar.
Só que a minha língua ele não segura.
— Você me envergonha, Ethan, me dá nojo, indo todo dia para a
cama com uma mulher diferente. Teve coragem de se deixar ser
fotografado, saindo de um restaurante com outra, com aquela modelo azeda
que eu odeio mais que tudo nessa vida e você sabe disso. Teve coragem de
levá-la para o lugar onde seria a nossa casa, a casa que o tio Dylan comprou
para nós dois. Eu não sei o que diabos vocês dois fizeram lá dentro e nem
quero saber, mas eu sei que você a levou pra lá e não adianta tentar negar. E
só de saber que ela colocou os pés na nossa casa, me fez odiar você a um
nível que eu achava que não seria possível.
— Aline, calma e me escuta. Eu não fiz nada...
— EU DISSE QUE NÃO QUERO SABER, PORRA.
— Aline...
— Não, Ethan, chega. Eu desisti de você, desisti de vez, e nada que
você faça ou fale vai me fazer mudar de ideia. Você em uma jogada marcou
todos os pontos. Eu tinha algumas coisas naquela casa com a esperança de
que um dia fossemos nos casar, mas como agora eu tenho certeza de que
isso não vai acontecer, vou mandar alguém lá para ir buscar. Você pode
fazer com a casa o que quiser, afinal foi o seu pai que comprou.
Ele segura com força os meus braços e olha bem dentro dos meus
olhos.
— Eu não fiz nada com ela na nossa casa, Aline.
Nossa casa?
Escutar isso faz apenas meu coração doer mais ainda.
— Eu disse que não quero saber. Será que agora também é surdo?
— Ela passou mal no carro a caminho da casa dela e, por incrível
que parece, ela mora no mesmo bairro, então eu parei na nossa casa para
ajudá-la a se recompor e depois de uns minutos, fomos para a casa dela.
Olho para o homem a minha frente e, por alguns segundos, analiso a
possibilidade dele ser louco, porque não é possível que tudo isso seja
apenas burrice.
— Ethan, quanto mais você tenta se explicar, mais você se
complica. E, por que diabos esse elevador não chega nunca? — Olho para
lado e o Ethan me solta.
— Tem razão. O elevador está parado e pelo painel está preso entre
o entre dois andares. — Ele começa a mexer no painel e nada funciona, fica
pior porque tudo se apaga e apenas a lâmpada de emergência fica acessa.
— Ethan, foi você que fez isso?
— Claro que não. Estava segurando você, como eu conseguiria
parar um elevador.
— Você já fez isso antes, Ethan, ou já esqueceu?
— Não fui eu, estou falando sério. — Ele tira o celular do bolso da
calça e sorri.
— O que foi?
— Está descarregado, mas o problema e que esse celular não
descarrega, nunca.
BÔNUS

DYLAN PARKER
— Dylan Parker! O que tanto você faz nesse computador?
Minha esposa entra no quarto perguntando.
— Olha isso aqui, Andreza.
Ela se aproxima da cama e se senta ao meu lado.
— Onde eles estão? — ela pergunta olhando para a tela do
computar.
— Brigando dentro do elevador do hotel Smith. Eu não sei para
quem esse menino puxou, tão cabeça dura.
— Para você, querido, ou já esqueceu de todas as burradas que fez?
Agora que tal a gente deixá-los presos por alguns minutos para ver no que
vai dar?
Olho para a minha esposa e ela sorri.
— Você é diabólica, mulher.
— Nosso filho está perdendo uma mulher maravilhosa. Pelos menos
a gente vai ficar com a consciência tranquila, sabendo que fez alguma coisa
para ajudar.
Em apenas alguns cliques o elevador para e os dois que estão
brigando, nem mesmo se dão conta.
— Não tem como escutar o que eles estão falando? Achei que a
segurança do hotel usasse tecnologia de ponta.
— Virou fofoqueira agora foi? É claro que tem como escutar, mas a
gente não vai fazer isso.
Ela soca o meu braço.
— Eu não sou fofoqueira, mas olha para a cara de culpado do Ethan.
Eu quero saber o que foi que ele fez para deixar essa menina tão furiosa,
olha para cara dela. Ela vai matar o nosso filho, amor.
— O idiota levou aquela modelo que a Aline odeia para a casa que
eu comprei para eles, a modelo da notícia.
Andreza faz uma cara não muito boa e se levanta de uma vez, mas
eu a seguro pela mão.
— Onde você pensa que vai?
— Ajudar Aline a matar o idiota do nosso filho.
— Volta aqui que você não vai para lugar nenhum. Eles não fizeram
nada na casa, parece que a menina passou mal no caminho para casa dela e
o nosso filho apenas quis ajudar a moça. — Olho para a minha esposa e ela
me encara como se eu estivesse falando uma besteira.
— O que foi agora?
— Acabei de constatar que na nossa família, o gene da idiotice é
passado de pai para filho, é uma herança genética.
— Andreza!
— O quê? Fica quieto ou vai sobrar pra você. Agora programa esse
negócio aí para liberar o elevador daqui uns dez minutinhos. É tempo o
suficiente para Aline ensinar uma lição ao Ethan.
Eu acabo sorrindo, faço o que a minha esposa diz e logo depois
desligo o computador.
— Eu bloqueei o celular do Ethan também, assim ele não consegue
destravar o elevador.
Ela sorri.
— Até que você sabe usar a cabeça de vez em quando.
— Vem aqui que eu vou te mostrar como é que eu uso as duas
cabeças que eu tenho. — Eu a jogo em cima da cama e ela gargalha.
— Está se tornado um velho muito pra frente, Dylan Parker.
— Eu vou te mostrar se eu estou velho ou não, mulher.
CAPÍTULO 30
ALINE JONES
O meu coração acelera, mas é de raiva. Estar presa dentro de um
elevador com Ethan Parker é perigoso demais para a minha sanidade.
— Ethan, já pode parar com isso. Faça esse elevador voltar a
funcionar.
Ele respira fundo e me encara.
— Dessa vez eu não fiz nada, juro.
Eu não acredito nisso.
— E quem em nome de Deus faria isso, Ethan? A sua empresa é
responsável pela segurança desse lugar.
— Não fui eu, Aline. Será que é tão difícil acreditar em mim, assim?
Ele só pode estar brincando.
— Eu não acredito em nada que sai da sua boca, Ethan, nada. Pra
mim, você não passa de uma pessoa desconhecida, afinal tivemos mais
contato nas últimas semanas do que na minha vida inteira e isso só
aconteceu porque resolvi colocar um ponto final nessa palhaçada que é a
nossa vida, assim eu me livro de você de vez e posso ir embora.
Ele se aproxima e me segura pelo braço, como se ele realmente se
importasse se vou embora ou não.
— E para onde você pensa que vai embora? O seu pai não está nem
um pouquinho a fim de romper o nosso compromisso, então...
— Então o quê? É sério, eu não te entendo, Ethan. Por que só você
pode fazer o que quer e eu não posso? Não acha isso um pouquinho injusto
não? Ethan, por Deus, se coloque no meu lugar por um minuto, eu não peço
mais do que isso. Eu cresci escutando que me casaria com um homem
lindo, maravilhoso, que cuidaria de mim, eu escutava isso de cada maldita
pessoa que nos conhecia.
— Aline...
— Você tem noção do que senti a primeira vez que segurou na
minha mão? Eu olhei para você e idealizei a nossa vida juntos. Poxa vida,
você era realmente o homem lindo que todos falavam e ia ser o meu marido
um dia. Foda-se que você nem sequer me olhou e segurou na minha mão
porque o seu pai mandou para que tirássemos uma foto. Foto essa que até
alguns dias atrás estava na minha mesinha de cabeceira. Você sabe que foto
é essa, Ethan? Se lembra de ter tirado essa foto comigo? Responda!
— Eu não lembro disso — ele diz e abaixa a cabeça, a balançando.
— Você não tem essas lembranças, porque nunca significaram nada
para você. Eu nunca signifiquei nada para você, Ethan, e mais, eu já sabia
disso.
“Descobri quando me dei conta o que significava você sempre
aparecer em revistas participando de eventos importantes com uma bela
mulher ao seu lado, enquanto eu estava em casa, indo dormir, olhando para
a nossa foto apenas para conseguir sonhar com você. Tudo porque nos meus
sonhos eu tinha a sua atenção. Nos meus sonhos, você era o homem que
todos diziam ser.
“Uma droga que eu cresci e amadureci, não é mesmo?
“Acho que a sua vida estava bem mais fácil antes de eu tentar me
livrar do peso que você é em cima de mim.”
— Aline, não...
— Não o quê, Ethan? Não chame o meu nome. Se você pode sair
com outras mulheres, eu posso ter outros homens também. Se você não se
preocupa com o constrangimento que eu sinto, eu também não vou mais me
importar se você vai ser envergonhado ou não. E, por favor, para de se
importar com quem eu vou para cama ou não, isso não é da sua conta, na
verdade, nunca foi.”
Ele aproxima o corpo do meu, voltando a me imprensar na parede
do elevador, me fazendo respirar fundo.
— Você é a porra de um tormento na minha vida. É como se fosse
uma maldição que fui obrigado a carregar desde o dia em que você nasceu.
— Ele encosta a testa na minha e engulo em seco, sem reação, porque é
assim que fico quando estou perto dele.
Burra!
— Eu não quero mais essa vida, Ethan, carregar esse peso que é só
meu. Você nunca se importou em dividir a carga comigo.
“Estou cansada demais.
“Cedo ou tarde isso iria acontecer, só não imaginei que você me
daria tanto trabalho.
“Achei que era isso que você também queria, já que tem uma vida,
uma vida que não está ligada a minha.”
Ele trava o maxilar e fecha os olhos, então diz algo que me dói o
coração, mas ele não tem coragem de olhar nos meus olhos, como sempre
faz.
— Eu quero. Também quero isso. Acabar de uma vez por todas com
esse compromisso.
— Diga isso olhando nos meus olhos, Ethan.
Ele me olha, coloca a mão na minha nuca e se aproxima demais.
Eu sei o que ele pretende fazer.
— Não, Ethan. Será que não percebe que me magoa mais ainda
fazendo isso? — Viro o rosto.
— Eu sei que você também quer. É tudo o que sempre quis, os meus
beijos em você, no seu corpo.
É mais fácil ceder do que lutar no momento.
Ethan encosta seus lábios quentes nos meus e sua boca começa a se
movimentar por cima dos meus lábios. De repente, um dos seus braços me
puxa para si, com força, possessividade, e, por algum maldito motivo, me
esqueço de onde estamos.
Não consigo deixar de pensar no que estamos fazendo.
Sua língua lambe meu lábio inferior e abro minha boca, deixando
que ela entre para encontrar a minha. Seu cheiro de perfume amadeirado
invade as minhas narinas e estou bem consciente que é o Ethan, o homem
que eu deveria manter longe de mim, o homem que eu deveria repugnar,
mas que por um azar dos infernos, sabe como beijar.
Eu não sei se sou sortuda ou apenas uma infeliz que não resiste a
esse homem.
Um calor desce até o meio das minhas pernas e por pouco não me
esfrego nele para tentar encontrar o alívio.
— Céus! — Separo nossos lábios imediatamente ao perceber o tipo
de pensamento que cruzou a minha cabeça.
— Vamos para o meu apartamento, ou para a nossa casa — diz com
a voz mais rouca do que o normal.
Mas que desgraçado, agora ele me deseja.
Seus olhos me fitam de maneira intensa e sua respiração está
tranquila, mesmo que seu maxilar esteja travado.
— Eu quero que se afaste de mim.
Ele balança a cabeça, não concordando com o que eu digo.
— Não, você não quer. — Ele me puxa pela cintura, me encaixando
no meio das suas pernas, me segurando.
— Isso não se trata de um jogo de sedução, Aline. Você vem me
enlouquecendo de uma maneira que eu... — Ele para de dizer e seus dedos
começam a percorrer meus braços de forma lenta e cuidadosa.
— Ethan, por favor, isso não se faz...
Ele me interrompe, colocando um dedo nos meus lábios.
— Sabe o que andei pensando? — pergunta bem próximo ao meu
ouvido.
— Não tenho poder de ler mentes, Ethan.
Ele sorri e abaixa a cabeça, agora seus lábios percorrem meu
maxilar.
— Em como seria o seu gosto — diz sem pudor nenhum, me
fazendo respirar fundo.
Ele quer acabar comigo.
— Se a sua boca é tão doce, só consigo imaginar como é o gosto da
sua boceta.
Nunca um homem ousou dizer essas coisas para mim, era para
estapeá-lo e me afastar, mas por algum motivo que desconheço, estou
começando a gostar de ouvi-lo dizer essas coisas para mim.
— Ethan...
Sua boca encosta em meu pescoço e ele lambe até perto da minha
orelha.
— Hummm... Por que está fazendo isso comigo? Me odeia tanto
assim? — pergunto, arrepiada, de olhos fechados.
Por algum instinto, minhas mãos param em seus ombros largos e os
seguro com força.
— Porque eu posso e quero fazer isso. E não odeio você, Aline, eu
nunca te odiei.
Eu deveria empurrá-lo, mas estou enfeitiçada por suas palavras.
Ethan despeja alguns beijos em meu pescoço e depois em meu
maxilar. Suas mãos se fecham em minha cintura e fazem um pouco de
pressão enquanto sua boca desce pelo meu colo.
E algo que nunca senti se apossa de mim. Um desejo violento de
conhecer o que ele tem a me oferecer. De sentir seu corpo contra o meu, de
ser mulher em todas as suas formas.
Meu corpo está quente, algo no meio das minhas pernas está
latejando, pedindo por atenção e eu só quero mais.
Quero a atenção do Ethan, quero que ele me guie por esse caminho.
Mesmo quando deveria odiá-lo.
Ethan começa a me beijar, me aperta e me abraça forte, passando as
mãos pelas minhas costas.
Logo uma de suas mãos entra no vestido que uso, enquanto a outra
aperta a minha bunda com força.
Chego a gemer dentro da sua boca de tão boa que é a sensação que
estou sentindo no meu corpo.
O calor do momento faz o meu coração acelerar, ao mesmo tempo,
em que seu toque faz com que a região entre as minhas coxas pulse mais
ainda.
Ethan sabe despertar o meu interesse, meus desejos e o pior é que
ele sabe disso.
É como se ele gostasse de me torturar.
Segurando sua nuca, o puxo para mim, fazendo seu corpo alto e
forte se curvar, me cobrir.
O seu calor atravessa o meu vestido quando suas mãos passam por
minhas costas e desce até a bunda.
Eu gostaria de não estar vestida nesse momento.
Ele suga meus lábios, mordendo e voluntariamente deixo escapar
um gemido, me entregando ao seu beijo.
Não tenho forças para me afastar dele, mas sei que é errado ceder
tão voluntariamente a esse homem que só me machucou ao longo dos anos.
Eu me derreto toda nos braços do cretino, nos braços do homem que
eu deveria odiar, mas não consigo resistir porque é ele que eu quero.
Ethan me arranca o fôlego, me beijando, devorando minha boca
com a sua. Ele me agarra mais ainda pela nuca, aprofundando o beijo,
parecendo que quer me devorar.
Não consigo me controlar e levo as mãos até seu cabelo,
correspondendo na mesma intensidade, matando a minha fome dos seus
lábios macios e...
Meu Deus!
Esse homem é realmente a porra de uma perfeição.
Meu coração bate tão forte por estar em seus braços.
Foram tantos dias desejando isso, anos.
Acaricio seu couro cabeludo virando meu rosto para o lado oposto
do seu enquanto ele ainda me beija.
Ethan me domina e estou em suas mãos em todos os sentidos.
Ele tem total poder sobre mim, e é claro que sabe disso.
Mas eu não posso mais permitir que isso aconteça, então quando
vou empurrá-lo, as portas do elevador se abrem e ele se afasta de mim.
Eu viro de costas para que ele não veja como me deixou.
— Senhor Parker, sinto muito pelo ocorrido, foi uma pequena falha
no sistema, mas parece que o seu...
— Fora daqui. — É tudo o que ele diz para o homem que nos recebe
quando a porta do elevador se abre.
Mas que droga, nem percebemos quando o elevador entrou em
movimento.
— Vamos pra casa, tenho que te mostrar algo que coloquei lá, para
que não tenha uma surpresa quando resolver passar pela casa.
Eu travo no lugar e olho para ele sem acreditar, pois, só posso ter
entendido errado.
— Está se referindo...
— Sim, Aline, a nossa casa, agora vamos.
Como ele pode se referir a essa casa dessa maneira?
É como se realmente um dia fossemos morar nela.
— Não, Ethan, aquela não é a nossa casa, nunca vai ser e se afaste
de mim. É a última vez que eu vou pedir isso. O que aconteceu aqui não
muda em nada a minha decisão. Na verdade, a nossa decisão, não é mesmo?
Afinal você também não tem pretensão de se casar comigo e de realmente
tornar aquela casa nossa.
Ele tenta se aproximar, mas desvio e saio do elevador.
— Eu vim no meu carro e é nele que vou voltar para a minha casa, a
casa dos meus pais. Mais uma vez se mantenha afastado de mim, como
sempre fez em todos esses anos. Você é bom em fazer isso, não terá
dificuldade nenhuma. — Viro as costas e saio do hotel sem olhar para trás.
O que aconteceu no elevador só me dá mais certeza de que Ethan
Parker vai ser a minha destruição se eu não conseguir acabar logo com esse
compromisso.
CAPÍTULO 31
ALINE JONES
— Se demorar, mas cinco minutos te deixo para trás. Último aviso!
— Meu irmão coloca a cabeça para dentro do meu quarto e diz chateado
com a minha demora.
Eu o deixei me convencer a ir passar o feriado em uma casa de praia
com os nossos amigos em La Jolla e até agora me pergunto o que foi que
deu na minha cabeça para ter aceitado isso, já que com toda certeza Ethan
Parker vai estar lá também.
A casa de praia onde vamos ficar pertence à tia dele.
Vamos dizer que a família do Ethan é poderosa o suficiente para
terem o que quiserem sem nem precisarem fazer esforço, e ele é um dos
cabeças da família.
Pego a mala, saio do quarto e desço a escada com dificuldade.
Quando finalmente chego na sala, olho para o meu irmão que está
no telefone.
— Há quanto tempo não faz sexo para estar tão estressado assim?
Ele me olha e desliga a ligação, vindo até mim, tirando a mala da
minha mão.
— Como estão as coisas entre você e o Ethan? — Ele responde a
minha pergunta com outra, mas o que eu não gosto muito é o tom e a cara
com que ele me pergunta isso.
— O que foi, Adrian? O que aconteceu?
— Responda a minha pergunta, Aline? Como estão as coisas entre
você e o Ethan?
Meu irmão não costuma ser assim.
— Na mesma de sempre. Por que está me perguntando isso, Adrian?
— Não é nada.
Ele se vira para sair e seguro o seu braço.
— Irmão!
Ele respira fundo e passa uma das mãos pelo meu cabelo.
— Estou cansado de ver o Ethan te magoar ano após ano, de vê-lo
envergonhando o seu nome irmã.
Meu coração acelera, pois, com o meu irmão do meu lado as minhas
chances aumentam significativamente.
— O que ele fez dessa vez? E não precisa me esconder nada, sei do
que ele é capaz.
— Madison deu uma entrevista e disse que está entrando em um
relacionamento com o Ethan.
Eu sinto o chão sumir dos meus pés, o meu coração parece que vai
sair pela boca e o ar parece faltar nos meus pulmões.
— Aline, irmã, fica calma. — Ele solta a minha mala no chão e me
abraça forte.
— Me ajude a romper esse compromisso entre as famílias e me
mande para Nova York, Adrian. Você pode fazer isso. Vai ficar no lugar do
papai no comando da família e da empresa, assim como ele ficou no lugar
do vovô. — Eu praticamente imploro para o meu irmão.
— Aline, não é tão fácil assim...
— Por favor, Adrian, eu imploro. Posso fazer o meu curso de
fotografia e transferir a minha especialização pra lá. Vou poder trabalhar na
filial da Galeria de Arte. Se você não me ajudar, vou ligar para a minha
madrinha e vou envolver até o tio Oliver, afinal ele sempre ficou do meu
lado nessa história.
Oliver é o melhor amigo da mamãe, foi ele quem a ajudou quando
ela tinha apenas um sonho de abrir uma galeria de arte.
— Você não envolva o Oliver nisso, o papai não vai gostar nada.
Sabe muito bem a maneira que o Oliver resolve os problemas.
— Então me ajude e me liberte desse inferno, você é meu irmão e
sua obrigação é cuidar de mim, me proteger. — Começo a tentar bater nele,
mas ele me segura.
— Calma. — Ele segura as minhas mãos.
— Como é que eu vou ficar calma, Adrian, eu só quero ir embora e
começar a viver a minha vida de verdade.
— Tem certeza de que é isso que você realmente quer, Aline?
A esperança dele me ajudar aumenta com essa pergunta.
— Eu nunca tive tanta certeza na minha vida.
Ele me puxa e me abraça.
— Eu vou mandar organizarem a casa de Nova York para você e
assim que voltarmos da casa de praia, vou falar com o papai. Resolva as
coisas da transferência da sua especialização e uma equipe de segurança vai
com você também, porque nem fodendo que eu te deixo solta em Nova
York. Mas na primeira que aprontar, Aline, você volta.
Eu sinto vontade de chorar, ao mesmo tempo, de tristeza e alegria.
— E o Ethan? — pergunto olhando para ele.
— Eu vou conversar com o papai assim que voltarmos e acabar de
uma vez por todas com essa palhaçada.
Agora fique quieta e não comente disso com ninguém.
— Tudo bem, obrigada, Adrian.
— Só não faça com que eu me arrepende disso, Aline. Estou
entrando em uma guerra com o meu melhor amigo por você.
— Ethan nunca me quis, irmão, ele vai ficar aliviado de se livrar de
mim.
Ele sorri e beija o topo da minha cabeça.
— Você realmente não conhece o Ethan Parker.
— Não, ele nunca permitiu que eu o conhecesse.
Ele pega a minha mala e saímos de casa juntos, já que havia me
despedido dos meus pais.
Eles saíram primeiro que a gente porque também foram viajar com
os amigos.
Quando chegamos na pista de pouso particular e descemos do carro,
avistamos a turma toda nos pés da escada do avião, conversando e rindo
alegremente, e isso me deixa feliz.
Nosso feriado vai ser mesmo incrível e fico alegre em ver a Mia e a
Callie, pois já fazia muito tempo que não nos víamos.
E não me passa desapercebido o Ethan, mais afastado conversando
com um homem.
— Chegou quem estava faltando — digo alto e elas vêm até mim,
então nos abraçamos forte.
— Agora só falta a Louise e a Evelin pra fechar o time das loucas —
Tyler diz reclamando.
A nossa viagem já está atrasada.
— De mau humor a essa hora, Tyler?
Ele é o filho caçula dos meus padrinhos e fomos criados
praticamente como irmãos.
— Por que é tão difícil para vocês, mulheres, chegarem na hora?
— Fica quieto, Tyler. Sei bem o motivo de estar assim de mau
humor — Callie, uma de nossas amigas diz e Tyler olha pra ela de cara feia.
— Fique quietinha, será que consegue?
— Não me irrite que penso no seu caso.
— Esse feriado promete... Muito estresse é isso que ele promete.
— Não liga pra ele, Aline, me diga como você está? — Mia
pergunta e nos abraçamos.
Estava com muita saudade dela também, afinal ela mora no Canadá
então nos vemos mais nesses encontros.
— Estou bem, na verdade, estou na mesma de sempre, você sabe.
Mas as coisas estão prestes a mudar.
— Isso significa que vem coisa grande pela frente — Callie comenta
e nos olhamos.
— É, parece que vem.
— Até que enfim chegaram, como sempre as duas estão atrasadas
— Tyler diz e então percebemos que Louise e Evelin chegaram.
— Tyler, como vai? — Evelin chega cumprimentando o mal-
humorado que a abraça.
— Estou melhor agora que você chegou, minha querida e linda,
Eve.
Mas que idiota!
Ele estava reclamando poucos minutos atrás que ela estava atrasada.
— E você continua conquistador como sempre.
— Por que não? Vai que você um dia diz sim, para o meu pedido de
casamento.
Essa brincadeira deles dois dura a vida toda.
— Ele gosta de ouvir um não da sua boca, Eve, repetidamente —
Callie se aproxima de Eve e se abraçam.
— Estava com saudade.
— Eu também, mas passo mais tempo em Nova York aturando o
Tyler do que aqui na Califórnia. Fiquei muito feliz quando Ethan me ligou,
me chamando para a viagem.
Tyler e Callie moram em Nova York e serão uma boa companhia
quando eu finalmente me mudar.
— A viagem seria perfeita se ele não estivesse presente, mas nem
tudo pode ser perfeito, não é mesmo? — digo me aproximando da Eve e
nos abraçamos.
— Vocês dois ainda continuam nessa?
Mia se aproxima e pulamos em cima dela, assim eu não preciso
responder essa pergunta.
Todos conhecem bem a minha situação.
— Pipoquinha, que saudade de você.
Mia odeia esse apelido que Louise deu a ela, pois quando éramos
pequenas tudo que ela queria era saber de comer pipoca.
— Eu sei que vocês me amam, mas vou chutar a bunda de vocês se
me chamarem de Pipoquinha de novo.
Sorrimos e Ethan chama a nossa atenção, nos mandando entrar no
avião.
— Está na hora, vamos — ele diz parando atrás de mim e finjo não
perceber a presença dele.
Eu me viro subindo a escada, mas o perfume do infeliz parece me
acompanhar.
Isso só pode ser um castigo.
CAPÍTULO 32
ALINE JONES
Depois de um pequeno desentendimento entre o mais novo
provável casal Mateo e Evelin, finalmente, levantamos voo.
Eve não gostou muito que Mateo trouxe uma nova convidada, mas
depois de uma pequena conversa esclarecedora tudo se resolveu.
Ver todos os meus amigos em seus devidos lugares conversando, me
faz ter um sentimento de que vou sentir saudade deles quando finalmente eu
for embora.
Somos uma turma grande de amigos e sempre estamos juntos, mas
eles podem ir me visitar assim como posso voltar para os nossos encontros.
— Cai fora, Dener, preciso conversar com a Aline.
Ethan chega falando e seguro bem forte a mão do Dener que é filho
do tio Oliver e irmão da Callie.
Ele mais do que ninguém conhece a minha situação com o Ethan.
— Parece que ela não quer falar com você.
— Eu não me lembro de ter dado nenhuma opção de escolha.
Aperto a mão do Dener mais ainda e ele sabe o que isso significa.
— Ethan, dá um tempo cara. Estamos viajando para nos divertir e
relaxar, não cause um problema desnecessário.
Em momento nenhum, digo nada ou sequer levanto a cabeça.
— Sabe que em algum momento vamos ficar sozinhos, Aline, e aí
sim, vamos conversar. Temos que resolver de uma vez por todas a porra da
nossa situação. — Ele sai, então respiro fundo e encosto a cabeça no ombro
do Dener.
— Que situação, Aline.
— Pra você ver, mas estou a um passo de me livrar disso. Cansei de
passar vergonha.
Ele segura a minha mão.
— Está falando da reportagem, Madison? Aline você sabe que
aquela mulher é uma cobra.
— Eu sei disso, nos odiar é natural, mas foi justamente com essa
cobra que o Ethan foi se enrolar. Pra mim, essa foi a última gota d’água.
Chega, Dener, pra mim essa história já deu o que tinha que dar, e já passou
da hora de colocar um ponto final nisso tudo, assim cada um vai para o seu
lado.
Ele beija meu cabelo e inclina a poltrona.
— Durma, quando chegarmos, eu te chamo.
Eu balanço a cabeça concordando e me ajeito em uma posição
confortável, virada para ele e ficamos nos encarando.
— Como é ser poderoso, Dener? Como é poder ter as rédeas da
vida? — pergunto sabendo muito bem do grande poder que a família dele
tem.
Todos os chamam de o herdeiro do petróleo, mas eu sei que já tem
um tempo que ele assumiu os negócios do tio Oliver e segundo Callie, o
irmão dela chega a ser pior do que o pai.
— Podemos dizer que todo esse poder tem um preço, Aline. Um
preço muito alto. Se preocupe em apenas viver feliz, fazer compras e
estudar, o resto, Adrian e eu cuidamos de tudo. Você é como uma irmã para
mim, se precisar de ajuda me ligue que posso muito bem ensinar uma lição
no Ethan que ele nunca mais vai esquecer.
Eu acabo sorrindo do que ele diz.
— Achei que fossem amigos, você, o Ethan e o meu irmão.
— E somos, mas ele é um idiota que não soube dar o valor que você
merecia, então como amigo dele, posso ensiná-lo uma lição, é só você
pedir.
— Tudo bem, vou ter em mente as suas palavras.
Ele sorri.
— Não chore mais por ele. Agora durma que a viagem é um pouco
longa. Vou ficar de olho em você para que ele não se aproxime do seu sono.
Eu acabo sorrindo novamente.
Dener pode até velar o meu sono, mas quem garante que Ethan não
entre em meus sonhos como ele sempre faz?
Mesmo assim, fecho os olhos e em pouco tempo caio no sono.
***
— Pode deixar que eu levo a minha irmã.
Escuto a voz do meu irmão.
— O Ethan também já passou por aqui querendo levá-la — Dener
diz.
— Eu já acordei e posso ir sozinha, seja lá pra onde vocês querem
que eu vá.
— Nós já chegamos, Aline.
Abro os olhos e vejo todos saindo do avião.
— Tão rápido?
— Não foi rápido, é que você dormiu a viagem toda assim como as
outras meninas, agora vamos.
Eu me levanto e vejo que só restam nós três dentro do avião. Mateo
e Evelin também, mas ao fundo.
— Não se preocupe com a Eve, o Mateo vai fazer uma surpresa para
ela, agora vamos.
Levanto e quando olho para o Mateo, faço um sinal de que estou de
olho nele que sorri em resposta.
Espero que esses dois se acertem de vez.
— Quando estamos descendo do avião, vejo vários carros saindo
com os outros, já é tarde da noite e todo mundo está cansado.
— Vamos — meu irmão diz abrindo a porta de um carro para que eu
entre, e logo em seguida Dener entra também.
— Cadê a Callie?
— Ela já foi no outro carro.
Eu concordo e logo o carro é posto em movimento.
— E as nossas malas?
— Uma equipe já as levou para a casa de praia, quando chegar no
seu quarto sua mala já vai estar lá.
— Tudo bem.
Eu só espero ficar em um quarto bem longe do de Ethan.
Eu já estou quase cochilando de novo quando chegamos na casa de
praia, e caramba, essa casa é mais linda do que eu imaginava.
— A senhora Smith realmente tem muito bom gosto — digo
admirada.
— Aqui tem o melhor que o dinheiro pode comprar. Quando se trata
da mamãe, o meu pai não economiza — Louise diz e me chama.
Então dou um beijo no meu irmão, no Dener e a acompanho.
— Você vai ficar nesse quarto, todos são iguais não se preocupe.
— Onde é o quarto dele?
— De quem?
— Não se faça de inocente, Louise, sabe muito bem de quem estou
falando.
Ela sorri.
— Bem longe do seu, não se preocupe.
— Longe quanto?
Ela bufa irritada.
— Porra, vocês dois também não facilitam a minha vida. Ele está
três quartos do seu, satisfeita agora?
— Não, ainda é muito perto.
— É só trancar a porta que ele não entra.
Cruzo os braços e a encaro.
— Tudo bem, se ele quiser é claro que ele entra, mas ele não vai
fazer isso, não se preocupe.
— Quem me garante isso?
— É só dar um chute nas partes dele e pronto, Aline. Eu sei que
você é capaz, agora boa noite. — Ela beija o meu rosto e se afasta entrando
em outro quarto.
Eu me viro e abro a porta do quarto onde vou ficar.
Assim que entro, encosto a porta e quando me afasto para ligar a
luz, escuto apenas a fechadura da porta sendo trancada. Então fico quieta,
imóvel, e apenas sinto quando ele fica parado atrás de mim, tão perto que
consigo sentir o calor do seu corpo.
— O que você quer aqui?
— Conversar com você.
— Não temos nada para conversar. — Eu me afasto, vou até o
abajur ao lado da cama e o acendo.
— Eu sei que você viu a reportagem da Madison...
— Eu não quero saber, Ethan.
— É mentira o que ela falou.
— Eu já disse que não me importo — digo já perdendo a paciência.
— Porra, Aline. E desde quando parou de se importar?
Eu me viro na direção dele e o encaro.
— Desde o dia em que decidi não te querer mais. Então, eu não me
importo.
Ele vem na minha direção, mas eu me afasto e não permito que ele
chegue muito perto.
— O que foi, Aline? Vai fugir de mim, agora? Você nunca fez isso,
nunca fugiu, muito pelo contrário, sempre passou a vida inteira me
perseguindo.
— Qual foi a parte de quero me livrar de você que não entendeu,
Ethan? O que aconteceu com a Madison só fez eu ter mais certeza ainda de
que quero você longe de mim. Pode fazer o que quiser com ela, se casar, ter
filhos o que quiser.
— Eu não tenho nada com ela, Aline. Tudo o que aquela mulher
falou é mentira...
— E, por que essa notícia ainda está no ar, circulando, Ethan? Se é
realmente mentira, por que você já não deu um jeito nisso?
Ele respira fundo, passa a mão no cabelo e volta a me olhar.
— Ela precisava da atenção da mídia em cima dela, então eu...
— Cala boca, Ethan porque isso só faz com que eu te odeie mais
ainda.
— Aline, você não me deixa falar, porra.
— Desde quando você ficou tão benevolente assim, Ethan?
— Aline...
— Você foi pra cama com ela na nossa casa?
— De novo esse assunto?
— VOCÊ FOI PRA CAMA COM ELA NA NOSSA CASA? —
grito pra ver se ele entende a pergunta.
— Não. Eu não fui pra cama com ela na nossa casa, eu já falei isso
mais de uma vez.
— Então foi na casa dela?
— Aline, pelo amor de Deus...
— Foi na casa dela?
— Aline!
— Foi na casa dela?
— Diabo de mulher teimosa. Aline!
— Foi na casa dela? — pergunto novamente e vou continuar
perguntando até ele responder.
— Foi inferno, eu fui pra cama com ela na casa dela.
Tudo o que faço é baixar a cabeça, respirando fundo para engolir o
choro.
— Não doeu dizer a verdade, ou doeu?
— As coisas não aconteceram como você está pensado.
Eu acabo sorrindo.
— E como foi que as coisas aconteceram, Ethan? Não, não
responda, sei muito bem como é que um homem e uma mulher fazem sexo,
e tudo bem, Ethan. Você é homem, tem as suas necessidades para satisfazer
e tudo bem. Nós dois de fato nunca tivemos um compromisso nosso de
verdade, eu sempre fui a iludida da história. Mas isso acabou e eu...
— Eu não consegui ir até o fim com ela. — Ele me interrompe.
— O quê?
— Isso mesmo que você escutou, eu não consegui ir até o fim do ato
com ela. Fiquei feliz com isso, porque a culpa foi sua.
Olho para ele sem acreditar.
— Você broxa e a culpa é minha?
— Eu não broxei sua língua grande. Você fala demais, sabia?
— Pra mim, isso é broxar. Parece que eu realmente tomei uma
excelente decisão em querer me livrar de você, o seu negocinho está com
defeito.
Ele me olha com um olhar mortal e tenta me pegar.
— Vem aqui, desgraçada. — Ele me pega quando vou tentar passar
por cima da cama.
— Me solta, vai que o que você tem é contagioso.
— Aline, não me faça perder a paciência, sua peste.
— Me solta, Ethan, e não coloque a culpa em mim, de você...
— Se dizer que eu broxei mais uma vez, vou ter que te provar que
sou muito homem.
Engulo em seco com essa promessa, mas a curiosidade do que pode
ter acontecido está me corroendo por dentro.
— O que aconteceu, Ethan? Porque você não, você sabe, pode
confiar em mim.
Ele fica me olhando como se tentasse procurar as palavras, depois
de uns minutos nos encarando, ele resolve dizer.
— Você não sai da porra da minha cabeça, sua infeliz, então eu fui
tentar te tirar na marra da minha cabeça, mas o problema é que na hora do
sexo era o seu nome que eu chamava. Mas a vagabunda não se importava
com isso, já a... — Ele para de falar.
Isso é muito sério, mas a vontade de rir me consome e então eu
começo a rir.
— Aline Jones. — Ele aperta os meus braços com força.
— Está me dizendo que foi para cama com a Madison e chamou o
meu nome quanto estava transando com ela? Meu Deus, ela deve me odiar
mais ainda agora. Bem feito para aquela infeliz.
— Você acha isso engraçado? Você deve ter jogado uma maldição
em mim.
— Não me envolva nos seus problemas sexuais e pare de ter
fantasias comigo, porque não vai rolar, querido. A fila andou. Espera,
Ethan? — Eu me dou conta de uma coisa e então olho para ele.
— O que é?
— Você broxou com ela e é por isso que ainda não tirou a notícia da
internet. Ela está usado a sua broxada contra você, já que todos viram vocês
dois juntos saindo do restaurante. Até que a Madison é bem inteligente,
uma belíssima jogada de marketing para a carreira dela, afinal quem não
quer o Ethan Parker.
Ele me solta e me joga em cima da cama.
Por um minuto, penso que ele vai fazer alguma coisa.
— O que você vai fazer, Ethan?
— Abra a boca mais uma vez e diga que eu broxei?
Eu só balanço a cabeça dizendo que não.
— Boa garota. — Ele se vira e vai em direção a porta e a abre,
tirando a chave.
— O que você vai fazer, Ethan?
— Vou trancar você aqui dentro para não me causar mais nenhum
problema pelo restante da noite.
Eu me levanto da cama e corro até ele, mas já é tarde demais.
— Ethan, abre essa porta.
— Quando acordar de manhã ela já vai estar aberta, eu garanto.
Eu bato na porta.
— Idiota! Eu vou dormir muito bem, sabendo que você bruxou com
a Madison vadia.
Eu só o escuto socando a porta e então eu me afasto, mas ele não a
abre.
É muito bom mesmo saber que é por mim, que ele chama quando
está comendo as vagabundas.
Esse é só o começo do seu inferno, Ethanzinho, porque eu vou até o
fim e não vou mais mudar de ideia.
Não agora que estou a um passo de ter a minha liberdade.
CAPÍTULO 33
ETHAN PARKER
Praticamente não consegui dormir a noite, pensando nas palavras
de Aline que está muito segura de si.
É como se ela realmente tivesse certeza de que o Anthony fosse ter
coragem de romper o compromisso entre as nossas famílias.
Ela está louca de raiva desde que eu tive a infeliz ideia de sair com a
Madison. Sei que elas se odeiam desde sempre, pois Madison sempre quis
ficar comigo e por esse motivo as duas nunca se deram bem.
Quando me levantei pela manhã, abri a porta do quarto onde ela está
e depois me sentei na varanda, para pensar.
— Não está muito cedo para você estar bebendo e fumando? São
nove da manhã, cara. — Tyler chega falando e se sentando ao meu lado, na
varanda da casa.
Eu apenas o encaro.
— Estou precisando.
Ele sorri e balança a cabeça.
— O que ela fez dessa vez? Somente a Aline, a famosa pimenta
Jones tem esse poder sobre você.
Dou uma longa tragada no cigarro antes de responder, afinal não
adianta esconder, todos sabem da minha situação com Aline.
— Você é bem próximo da família Jones, já ouviu Anthony
comentar alguma coisa sobre romper o compromisso entre as famílias? —
Eu acabo fazendo outra pergunta a ele.
Tyler é filho dos padrinhos de Aline e eles foram praticamente
criados juntos.
— Você sabe que eu moro em Nova York, não sabe?
— É claro que eu sei, e sei que você sempre sabe de tudo.
Ele respira fundo e coça o rosto.
— A minha família cuida dos negócios jurídicos e imóveis da
família Jones. Mas ontem antes do nosso embarque, Adrian deu uma ordem
para preparem a casa deles em Nova York. Uma equipe de segurança
também foi mobilizada e não é uma equipe qualquer, Ethan, são homens de
Oliver Thompson.
Eu sinto o sangue gelar no meu corpo.
Oliver é um grande amigo da família Jones e ele simplesmente apoia
tudo o que o Adrian faz, especialmente se tiver alguma coisa a ver com a
Aline.
— Qual deles vai para Nova York?
Ele sorri de novo.
— Você não é idiota, Ethan? Perdeu, meu amigo.
Eu tomo a minha bebida em um só gole.
— O jogo não acaba até que eu decida isso.
— Aline também é uma jogadora importante do seu jogo e ela já
decidiu, não entre no caminho dela, não faça mais isso. Se não a quer, a
deixe livre, ela já sofreu demais, Ethan. Você não estava lá, caralho, mas eu
estava, vi com os meus olhos o quanto ela sofreu.
Eu travo o maxilar e o encaro.
— Eu nunca quis que ela sofresse, Tyler, nunca.
Ele toma o copo da minha mão e coloca em cima de uma mesa que
tem ao lado dele.
— Eu te conheço, Ethan, o conheço a tempo o suficiente para saber
que diz a verdade, mas infelizmente Aline nunca teve voz nesse assunto.
Ela era apenas uma menina que cresceu iludida com a possibilidade de um
casamento com o homem dos seus sonhos, um verdadeiro príncipe
encantado.
“Será que você consegue se colocar no lugar dela e imaginar, como
ela se sentiu quando descobriu que estava vivendo uma mentira?
“Que o príncipe que ela tanto queria não tinha nada de encantado?
“O quanto ela sofreu ao saber que o amor da vida dela, vivia um
amor com outra mulher?
“Porra, Ethan, até eu que sou muito macho chorei.
“O grito que ela deu quando viu você vivendo com outra mulher foi
de partir o coração de qualquer um.”
Eu o encaro sem entender muito a última parte.
— Como assim ela viu?
Ele respira fundo e passa as mãos pelo cabelo.
— Eu a levei até o lugar onde você vivia com aquela mulher.
Eu me levanto de uma vez e o agarro, o imobilizando na parede.
— Você fez o quê?
— Que porra é essa, Ethan? Me solta, caralho.
Ele me empurra e ficamos nos encarando.
— Eu deveria arrebentar a sua cara — digo apontado o dedo na cara
dele.
— Quero só ver você tentar, idiota. Será que não entende que se eu
não a tivesse levado, ela iria arrumar um jeito de ir sozinha?
“Ela tinha que ver com os olhos dela, Ethan.
“Ela tinha que acabar com aquela ilusão que tinha sobre você e
acabou.
“Ela apenas teve a paciência de esperar o momento certo para
colocar o ponto final.
“Ela permitiu que você se enrolasse sozinho, para ter voz quando
resolvesse se livrar de você.
“Aline não é mais uma menina, Ethan, ela cresceu e se tornou uma
mulher do caralho.
“Ninguém segura ela, não mais.
“Se ela disse que acabou, é porque acabou e você, meu amigo, é um
puta infeliz por ter perdido uma mulher como ela.
“Agora sente-se e assista a Aline ser de outro.”
Ele dá dois tapinhas no meu rosto e se afasta saindo da varanda.
Tudo o que faço é socar a parede, cheio de raiva.
— Destruir a casa com seus socos não vai resolver o seu problema
— minha irmã chega falando.
A possibilidade dela ter escutado toda a conversa é muito grande.
— Não começa, Amaya.
Ela se senta onde eu estava sentado e me olha.
— Eu dei o endereço de onde você vivia com a vadia para a Aline.
— Você o quê? — Isso só confirma que ela estava escutando a
conversa.
— Isso mesmo que você escutou. Vai fazer o que agora? Vai me
colocar de castigo e controlar os meus gastos? Huuuuu... Estou morrendo
de medo, olha como estou tremendo.
— AMAYA!
— Eu sei que o meu nome é lindo e o adora, realmente mamãe tem
muito bom gosto para nomes.
Eu vou acabar com essa marra dela.
— Sabe aquele seu projeto na empresa? Aquele que você tanto...
— Ethan Parker!
— Não deveria ter feito o que fez.
— Você não deveria ter se envolvido com aquela mulher sabendo
que estava comprometido com outra. Seu safado. Olha, Ethan, eu te amo, te
amo muito, mas, sinceramente, olha pra você, está apaixonado pela Aline e
não tem coragem de admitir. Vai perdê-la por isso.
Eu acabo sorrindo alto, mas é de desespero.
— Não sabe do que está falando, irmã.
Ela se levanta e para bem na minha frente.
— Sabe muito bem onde fica o meu quarto na casa dos nossos pais.
Vou estar esperando por você quando perder a Aline de vez e cair em si de
que está louquinho de amor por ela. — Ela beija a minha bochecha e sai me
deixando sozinho com os meus pensamentos.
Já próximo do horário do almoço, todos vamos para o iate onde
Mateo está vivendo uma verdadeira lua de mel com Eve.
Finalmente, esses dois se acertaram.
Chego na área da piscina e tudo já está pronto, mas não vejo Aline
em lugar nenhum.
— Ela não está aqui, foi com as outras meninas acordar a minha
mulher — o idiota diz com um sorriso grande no rosto.
— Não sabia que já tinha se casado com ela, primo.
Ele volta a sorrir.
— Isso é apenas uma formalidade. Evelin Miller já é minha.
Estou prestes a responder quando vejo as meninas chegando.
Quando os meus olhos encontram o corpo de Aline, engulo em seco.
— Porra!
Mateo sorri do meu lado, pois sabe muito bem o motivo do meu
xingamento.
— Elas fazem isso de propósito, apenas para nos provocar —
Adrian diz atrás de mim e eu nem mesmo tinha o visto.
— É o que elas sempre fazem.
Vamos todos para a mesa e nos sentamos em nossos lugares, mas
não consigo tirar os olhos de Aline que conversa animadamente com as
amigas e age como se eu não estivesse presente.
Passados alguns minutos, Evelin chega com Louise e depois que
Mateo a recebe, ela também se senta com a gente, só então começamos a
nos servir.
— Já disse que sou sua fã hoje — Isabela, amiga do Mateo diz
assim que Evelin se senta, admirada porque Evelin encarou Mateo por
causa do minúsculo biquíni que usa.
Tenho certeza de que elas combinaram isso.
— Ela não precisa de você puxando o saco dela — Bryan diz se
aproximando da gente.
Ele e Isabela já andaram se estranhando e olha que não tem nem
vinte e quarto horas que chegamos.
— Eu não sabia que na praia tinha mosquito, se soubesse teria
trazido um repelente. Estão escutando esse zumbido, meninas?
Não tem como não sorrir do que Isabela diz.
— Agora, Isabela faz oficialmente parte do nosso time, concordam,
meninas? — Aline diz alto e todas as outras meninas comemoram.
Ela parece estar feliz, percebo que me ignorar a deixa feliz.
— Obrigada mesmo, Mateo, você trouxe mais uma para dar trabalho
— Bryan diz com a cara feia.
Não entendo o motivo dessa implicação dele com a Isabela.
— Disponha, meu amigo, precisando é só dizer que estou as ordens
— Mateo responde, sendo sarcástico como sempre.
Com uma grande variedade de comida nos servimos e nos sentamos
juntos ao redor de uma mesa redonda.
É incrível como o idiota do meu primo não para de mimar a
namorada, chega a ser ridículo. Ele nem come direito apenas a servindo,
enquanto as outras meninas suspiram encantadas com o comportamento do
idiota.
— Olha que lindo eles dois, eu quero um namorado — Aline diz
chamando a minha atenção.
Que porra é essa de namorado agora?
— Aline, tenho alguns bons pretendentes para apresentar a você,
alguns são modelos, outros são filhos de amigos próximos do papai e do
meu padrinho, mas garanto que serão excelentes namorados — Evelin
Miller tinha que abrir a boca.
— Aline, também posso te apresentar um bom partido — Alice diz
empolgada, mas com ela eu me acerto depois.
— Se os pretendentes forem do porte do gostosão do Alex estou
dentro, ou quem sabe em algum deles eu não entre dentro — Aline diz
sorrindo e Adrian se engasga com o suco que estava tomando.
Até mesmo eu fico sem reação dela dizer uma coisa dessas.
— Irmã, qualquer dia desses você mata o papai ou eu. Isso é coisa
que se fale na frente do seu noivo?
Todos voltam a atenção para mim e a minha vontade é de pegar a
Eve e jogá-la no mar.
— Se continuar olhando assim para minha namorada vou arrancar
os seus olhos. — Mateo me encara.
— Seria bom você manter a sua namorada com a boca ocupada,
assim ela não diz besteira.
Evelin levanta uma sobrancelha e quando ela faz isso, é porque vem
coisa.
— Isso é para você aprender a nunca mais se meter a besta comigo.
Não sei o motivo você se importa tanto com quem a Aline sai ou deixa de
sair, você grita aos quatro ventos que nunca vai se casar com ela. Uma hora
ela vai ter que se envolver com alguém, isso se já não estiver envolvida —
Evelin diz e Aline arregala os olhos enquanto volto a minha atenção para
ela.
Será que Aline realmente já tem outra pessoa e por isso está tão
determinada a tentar romper com esse nosso compromisso?
— Até segunda ordem, os dois são noivos, prometidos, sei lá o que
são, só sei que nem os meus pais e nem os dele desistiram dessa ideia, mas
a mamãe já está pensando em outras possibilidades.
Estou prestes a abrir a boca para responder o que Adrian diz quando
Aline me interrompe.
— Eu não sou noiva de ninguém, estão vendo algum anel de
noivado no meu dedo? Não, né? Isso significa que sou livre para fazer o que
eu quiser da minha vida. E vamos voltar para conversa de antes.
— Então é isso que falta, Aline? Um anel de noivado no seu dedo.
— O questionamento sai da minha boca sem que eu mesmo me dê conta,
mas foi mais forte do que eu.
Estou a ponto de colocar a porra de um anel no dedo dela, só para
que ela fique quieta e me deixe em paz.
— Exatamente, mas como você não foi homem o suficiente para me
levar para a cama, também não vai ser para colocar um anel de noivado no
meu dedo. De você eu já desisti faz tempo, só me iludi e perdi o meu
tempo.
Mas, por que diabos essa menina foi tocar nesse assunto na frente
dos nossos amigos?
É uma coisa íntima nossa.
— Aline... — Evelin tenta falar com ela que parece chateada.
Eu também estou muito puto com o que acabou de acontecer.
— Eu vou voltar para a casa de praia, já terminei de comer, vou
dormir um pouco, nos vemos mais tarde, meninas. — Ela se levanta e
ninguém a para, então me levanto para ir atrás dela.
Adrian fica de pé na minha frente e a cara dele não está nada boa.
— Deixe-a ir, Ethan, você é o meu melhor amigo, mas não vou
permitir que magoe a minha irmã, já chega desse jogo. Assim que
voltarmos para casa vou acabar com essa palhaçada e vou mandá-la para
Nova York, assim como ela quer.
Então era disso que o Tyler estava falando, Aline conseguiu o apoio
do irmão e ele vai fazer o que ela quer.
— Por que não se mete na sua vida, Adrian?
— Porque a minha irmã é a minha vida. Ela é esperta, inteligente,
brincalhona, mimada e perfeita demais para você. Não vou permitir que
nem mesmo você a magoe, mesmo sendo meu amigo. Ou toma uma decisão
de vez, ou a deixe viver em paz. Ou você se casa com ela, ou eu a caso com
outro.
Adrian nunca tinha falado comigo assim, na verdade, ele nunca
tinha escolhido um lado nessa história, mas parece que isso mudou.
Assim que ele vira as costas, saindo atrás de Aline, escuto Mia
falando:
— Vai escorrer a baba, Amaya, fecha a boca.
— Eu não estou babando coisa nenhuma.
Olho para a minha irmã sabendo muito bem por quem ela está
babando.
— É muito bom você ficar na sua, Amaya. — Dou um aviso a ela.
— Nem começa, Ethan, me deixa fora dos seus problemas tá bom.
Ela serve uma dose de uísque, se levanta vindo até mim, me
entregando e sussurra no meu ouvido:
— Vou atrás da Aline, ela deve estar precisando conversar.
— Tem certeza que é atrás dela que você está indo?
— Larga de ser idiota, Ethan. — Ela se afasta e sai.
Volto a me sentar pensado em Aline Jones.
É, Ratinha, parece que vamos ter um noivado logo, logo.
CAPÍTULO 34
ALINE JONES
Saio do iate, vou para a praia e percebo que meu irmão vem logo
atrás de mim.
A minha vontade é de gritar alto e colocar pra fora tudo o que estou
sentindo.
— Aline! — meu irmão me chama e tudo o que faço é andar mais
rápido.
Eu não quero que ele me veja desse jeito.
— Aline! Estou chamando você. — Ele corre, me pega pelo braço e
me faz encará-lo. — Aline, irmã.
Era isso que não queria que ele fizesse, todas as vezes que o meu
irmão fala assim, eu desabo.
— Eu o amo, Adrian, mas eu não quero mais amar. Dói demais
amá-lo.
Meu irmão me abraça forte e me agarro a ele como se ele fosse a
minha salvação.
— Aguenta só mais um pouquinho, Aline, só um pouquinho.
— Ele quer acabar comigo, me enlouquecer. Ele não tem o direito
de me perguntar se o que falta é um anel de noivado no meu dedo. Adrian,
me ajuda, pelo amor de Deus, me ajude.
Meu irmão me aperta mais em seus braços.
— Eu já mandei prepararem a casa de Nova York, assim que
voltarmos para casa eu vou falar com o papai e você viaja logo em seguida.
Levanto a cabeça e encaro o meu irmão.
— Mas o papai pode não...
— Ele vai fazer, Aline, pode confiar em mim.
Eu o seguro pela camisa e o faço me olhar nos olhos.
— O que você vai fazer, Adrian? Você não assumiu a família ainda
para ter esse poder todo sobre o papai.
— Eu vou fazer o que é preciso, está na hora de me tornar o homem
que eu tenho que ser.
Eu arregalo os olhos, me dando conta do que isso significa.
— Aí caramba, você vai se casar!?
— Você vai se casar!?
Escutamos outra pessoa falando e quando olhamos para trás vemos
Amaya paralisada, encarando o meu irmão como se não acreditasse no que
acabou de escutar.
— Foi mal, Adrian — digo me afastando.
— Então você vai se casar — Amaya repete e se vira para sair, na
verdade, ela sai correndo.
— Amaya, volta aqui, Amaya, porra!
— Vai atrás dela, Adrian, e espero sinceramente que ela seja a
esposa que você tenha em vista.
— Não começa você também. — Ele sai atrás dela e eu me sento na
areia, olhando para o mar, deixando as ondas acalmarem o meu coração.
Depois de passar muito tempo na praia, resolvo voltar para casa,
Mateo já tinha me dito que iriamos para o autódromo hoje, e pelo horário é
bom eu já começar a me arrumar.
— Deus, onde você estava, Aline? — Louise pergunta preocupada
assim que entro na casa.
— Estava esfriando a cabeça, está tudo certo para irmos ao
autódromo?
— Está, estou indo me arrumar e depois vamos acordar a Eve que
parece estar desmaiada. Ela e o meu irmão estão querendo bater os recordes
dos coelhos.
Eu acabo sorrindo do que ela diz.
— Só você mesmo, Louise, para dizer essas coisas.
— Mas é verdade, meu irmão transformou a Eve em uma safada.
Cheguei a escutar os gemidos dela, sabia? Foi constrangedor. Eu quero sexo
também.
— Ah, minha amiga, então somos duas, entra na fila.
— Será que é tão difícil conseguir um homem só pra transar?
— Eu bem que queria um homem só para transar e depois mandá-lo
ir embora.
— Que porra de conversa é essa?
Isso só pode ser uma provação divina!
— A gente quer um homem só para transar, Ethan. Vamos fazer
assim como vocês homens fazem, é só sexo e pronto, depois do prazer cada
um segue o seu rumo. — Louise chega a ser pior do que eu e está falando
isso apenas para provocar o Ethan.
— É isso aí, Louise, quem sabe a gente não encontra um...
— Não vão encontrar nada, porra nenhuma. Eu vou ficar de olho em
vocês duas, principalmente em você, Aline.
Ai que cretino!
— Sai pra lá, carrapato, fica longe de mim, o máximo que
conseguir, por favor.
Eu nem espero para escutar mais nada e vou para o meu quarto. Só o
escuto resmungar alguma coisa com a Louise e faço questão de trancar a
porta só para não ter surpresas quando eu sair do banheiro.
***
— ALINEEEEE... ESTÁ VIVA OU MORREU DENTRO DESSE
QUARTO?
Escuto Amaya gritando e batendo na porta, então eu vou abrir.
— Que escândalo é esse?
— Já está pronta?
Olho bem para a cara dela e observo que tem alguma coisa
diferente.
— Conversou com o meu irmão?
Ela engole em seco e fica vermelha.
— Não tínhamos nada para conversar, Aline.
— Tem razão, meu irmão é mais de ação e não de conversa.
— Aline!
— Você ficou vermelha, sua safada. O meu irmão deve ter te pegado
de jeito.
— Não é nada disso que a sua cabeça está pensando.
— Eu não estou pensado, minha querida Amaya, eu tenho certeza.
Parece que as duas famílias finalmente vão ficar juntas, mas com um
casamento diferente.
— Não, Aline, o Adrian não...
— O meu irmão é um idiota assim como todos os da raça dele,
Amaya, só não permita que ele machuque o seu coração. Eu não o perdoaria
se ele fizesse isso.
Ela respira fundo como se quisesse dizer alguma coisa, mas não tem
coragem.
— É complicado, Aline, mais do que você pensa.
Estou prestes à perguntar que merda foi que o meu irmão fez,
quando Louise passa por nós.
— Vamos derrubar a Bela Adormecida da cama.
Como já estou pronta, fecho a porta do quarto e vamos nós três para
o quarto do Mateo, onde Evelin está.
— É sério que o meu irmão é tão bom de cama assim que te deixa
exausta? — Louise pergunta olhando para Eve apagada na cama e acabo
sorrindo.
— Ela nem se mexe, Mateo deve ter sugado a alma dela — Amaya
diz.
Eve pega um travesseiro e joga nela.
— Ainda é violenta — comento sendo sarcástica.
— Eu quero dormir. — É tudo o que ela diz.
— Vamos para o autódromo. Tem certeza de que vai ficar aí jogada
nessa cama?
Evelin gosta de corridas tanto quanto a gente.
— Fora as três, vão se arrumar ou vão ficar.
Será que ele é cego e não percebe que já estamos prontas?
A namorada dele é que está atrasada.
— Já estamos de saída. — Amaya nem discute e sai puxando Louise
e eu de dentro do quarto.
Vamos para a sala e encontramos as outras meninas prontas,
sentadas no sofá, conversando alegremente. Nos juntamos a elas e depois de
um tempo perdemos a paciência.
Levantamos para ir atrás da Evelin.
Como pode uma pessoa demorar tanto apenas para se arrumar?
Bom a gente demora, mas ela bate todos os recordes.
— Vocês vão aonde? — Adrian pergunta.
— Atrás da Eve — respondo.
— Vamos esperar vocês nos carros — meu irmão completa.
Concordamos e vamos para o quarto do Mateo.
— Eve já está pronta? Os meninos estão esperando por nós na
garagem.
Entramos no quarto e chamo por ela.
— Estou saindo.
Segundos depois, ela sai de dentro do closet.
— Gostaram? — pergunta rodando para que possamos admirar o
lindo vestido que ela usa.
— Eita, porra. Será que a gente consegue sair de casa hoje vestidas
desse jeito? — Mia comenta olhando para as outras.
Nós meio que combinamos em nos vestir de forma provocadora.
— Eu aposto que lá vai ter mulheres com roupas mais curtas do que
as nossas, um prato cheio para os olhos dos meninos.
— Eu arranco os do Mateo se ele olhar para a bunda de alguma
mulher.
Sorrimos do que ela diz.
— É melhor a gente ir, Ethan já está impaciente nos esperando e ele
não está de muito bom humor hoje — Amaya comenta e me olha.
— O seu irmão nunca está de bom humor, Amaya, mas isso vai
mudar logo que voltarmos para casa.
— Aline, o que diabos você vai fazer? — Agora é a Louise que
questiona.
— Decidi que vou para Nova York. Vou terminar meu curso lá e vou
trabalhar na galeria da mamãe — digo, mas a minha empolgação não é uma
das melhores.
— Obaaaa, vou ter companhia e não vou ter que aguentar o chato do
Tyler sozinha. — Callie parece ficar feliz com a notícia de que vou morar
em Nova York.
— O Ethan não vai gostar disso — Alice comenta.
— O Ethan não gosta de nada, Alice. Ele finalmente vai se ver livre
de mim, meu irmão vai dar um basta nessa loucura e vou ficar livre de um
compromisso que o Ethan nunca quis.
— Então você quer? — Alisha pergunta desvio o olhar do dela.
— Eu só quero ir embora para Nova York e esquecer que o Ethan
existe, é tudo o que eu quero.
— Isso é bom, mais um lugar para nos reunir, assim visitarmos a
Aline e a Callie — Mia diz para aliviar o clima e Evelin concorda com ela.
— Meninas, como vocês conseguem aguentar esse tal de Bryan? —
Isabela entra no quarto perguntando em uma ótima hora, já que Mia cai na
gargalhada.
— Às vezes, me pergunto a mesma coisa. A mamãe diz que ele é
igualzinho ao meu pai.
Isabela arregala os olhos, se dando conta do que falou.
— Me desculpa, eu sempre esqueço que ele é seu irmão. — Ela
parece ter ficado com vergonha.
— Não se desculpe, ele é insuportável mesmo, principalmente,
quando quer alguma coisa.
— Uhmmmmm... O que será que o Bryan quer, hein, Isabela? —
Louise diz nos fazendo rir.
Ela sempre faz alguma piada.
— Ele que não se meta a besta comigo, agora vamos. — Ela sai do
quarto e a acompanhamos.
Descemos a escada conversando e sorrindo até que chegamos na
garagem.
— Vocês estão de brincadeira com a nossa cara, só pode ser. Que
porra de roupas são essas? — meu irmão pergunta indignado olhando para
as pernas de Amaya.
Tem alguma coisa acontecendo entre esses dois e eu vou descobrir.
— O que tem de errado com as nossas roupas? — Amaya pergunta
olhando para o meu irmão.
— Será que pode subir e vesti uma calça, Aline? — Ethan diz, mas
eu finjo não escutar.
Ele só pode estar louco se acha que vou trocar de roupa porque ele
mandou.
— Adrian! Posso ir vestida assim? — Olho para o meu irmão e
pergunto com a vez melosa.
Ele me conhece muito bem.
— Pode, Aline, está perfeita assim, aliás todas estão lindas — ele
diz derrotado, pois sabe que não vamos trocar de roupas.
— Como eu disse, elas só trariam dor de cabeça, mas ninguém me
escutou, agora vamos — Ethan diz entrando dentro de um carro, sem nem
sequer me olhar.
— Onde conseguiram esses carros? Eles não estavam aqui — Evelin
pergunta curiosa olhando para o Mateo que sorri.
Só que não é ele que responde, mas Isabela.
— Chegaram agora à tarde enquanto você estava no seu ninho de
amor.
— Um carro é meu, o outro é do Dener, um do Ethan, aquele ali é
do Bryan e o outro é do Ryan e Tyler. O do Adrian não chegou a tempo,
então ele vai com algum de nós. Por isso vamos para o autódromo, vamos
correr.
O carro do Ethan eu conheço muito bem e o do Mateo passou por
uma belíssima transformação.
Tadinhos, os outros vão comer poeira de asfalto.
— Ainda não perderam esse costume? — Mia comenta.
— Não e nem vamos perder. Agora vamos de uma vez, alugamos o
autódromo por uma hora e meia, estamos perdendo tempo aqui — Tyler diz
indo até um dos carros e nos dividimos.
Eu com toda certeza vou no carro que meu irmão vai.
CAPÍTULO 35
ALINE JONES
Assim que chegamos no autódromo, me impressiono com a
quantidade de pessoas presentes.
— Vocês não alugaram esse lugar?
— Alugamos, mas as pessoas nos amam.
Tinha que ser o Tyler.
— Cinco milhões como da última vez ou vamos dobrar essa aposta,
Mateo? Quem vencer leva tudo — Dener é o primeiro a falar assim que
Mateo se aproxima de nós.
— Vocês apostam? — Evelin pergunta como se não acreditasse.
Ela queria o quê?
— Que graça teria se não tivesse uma boa aposta, meu amor —
Mateo responde passando a mão no rosto dela.
— Estamos curtindo o feriado, dez milhões é aposta para dia de
semana — Ethan diz todo empolgado.
Quem já está por perto começa a gritar, afinal são cinco carros
lindos sendo pilotados por homens mais lindos ainda. E eu tenho que
admitir que o desgraçado do Ethan está de tirar o folego.
— Eu vou arrancar o cabelo daquela vadia. Olha como ela está
comendo o Adrian com os olhos — Amaya diz para Evelin, mas como
estou perto acabo escutando e a minha vontade é de rir dela.
— Você se importa com isso, Amaya? — Evelin pergunta a ela.
— Claro que não, mas se ele devolver o olhar o cabelo arrancado
será o dele. — Ela se afasta e fica do lado de Louise que está ao lado do
meu irmão.
— Vinte milhões pra cada, quem ganhar leva tudo — Ryan diz
animando o pessoal.
— Uma bolada de cem milhões para o vendedor. Todos concordam?
— Mateo diz perguntando alto e as pessoas que estão próximas vão à
loucura.
Porra, é muito dinheiro.
— Agora falou feito homem, Mateo, vamos lá. — Tyler bate o
martelo e vai até um dos carros, sendo acompanhado por Ryan.
Eles sempre correm juntos.
— Mateo, quem ganhou da última vez? — Evelin pergunta nervosa
e não entendo o motivo dela estar assim.
O Mateo com certeza vai levar essa.
— Dener ganhou nas últimas três vezes, mas hoje eu tenho uma
surpresinha para ele. — E que surpresa! Se prepara, amor, que hoje cem
milhões de dólares vão ser depositados na sua conta.
— Onde eu arrumo um namorado desse? — Isabela pergunta e
sorrimos.
— Graças a Deus, mamãe só teve um único filho homem, mas se
quiser eu te apresento alguns amigos — Louise diz piscando para Isabela,
que sorri dela.
— Fica na sua, Louise — Dener diz assim que passa por nós, indo
para o carro dele.
— O que deu nele?
— Nada, não liguem para o meu irmão. Agora vamos torcer para os
meninos e gritar muito, eu já tenho o meu preferido — Callie diz
empolgada.
— Torcer para o seu irmão não vale, Callie — Mateo diz pra ela.
— E quem disse que vou torcer para ele?
Essa menina está aprontando alguma.
— Você vai torcer por mim, não vai, amor? — Mateo pergunta para
Eve e a abraça por trás.
— É claro que ela vai, afinal são cem milhões na conta dela — Mia
diz se aproximando dela.
— VAMOS LÁ, MATEO, ESTÁ COM MEDO DE PERDER
NOVAMENTE? — Dener grita provocando o Mateo.
— Coitado, mal sabe que vai perder vinte milhões. Eu vou lá amor,
grite por mim.
— Mas com toda certeza.
— Quem são eles, Mateo? — Alisha pergunta já fechando a cara e
já sei do que ela está falando.
Mateo nunca nos traria para cá sem segurança.
— Seguranças e você sabe disso. Eles vão ficar de olho em vocês
enquanto corremos. Nem vão notar a presença deles e saiam da pista.
— Mateo! — Evelin chama por ele. — Lembre-se da nossa
conversinha, meu amor.
Ele levanta a cabeça e sorri.
— Eu nunca vou esquecer da nossa conversa, amor, principalmente
pela maneira como você estava.
— Como você estava? — Alice pergunta.
— Pelada — Evelin responde e caímos na gargalhada.
— Então tenha certeza de que ele não esquecerá nunca — digo e
então nos afastamos da pista.
Ficamos em um lugar afastado da pista e logo o sinal é dado,
indicando que a corrida vai começar.
Gritamos junto com as outras pessoas que vieram para assistir à
corrida.
— Vamos torcer para o Mateo ganhar, meninas, e a Eve paga nossas
compras da próxima vez que sairmos — digo alto, estimulando as meninas.
— Tadinha da Eve, não vamos fazê-la gastar tanto assim. Ela pode
nos recompensar, nos acompanhando a uma viagem a Paris. Aí sim, ela
paga a conta dos melhores restaurantes para os nossos encontros.
Os pais da Eve moram em Paris e já fomos algumas vezes passar
férias com eles.
— Aí sim, eu concordo. Conheço os melhore restaurantes.
— Fechado então. — Agora é Callie que concorda.
Escutamos a terceira buzina e a largada é dada.
— Eu nunca tinha ficado nervosa assim em uma corrida deles.
Antigamente era mais simples e não sabia que eles já estavam nesse nível,
Louise — Evelin diz.
— Eles não são mais adolescentes correndo escondidos, Eve, são
homens com suas responsabilidades. As coisas mudaram e mudaram muito,
nossos pais os transformaram no que são hoje. Homens criados para
administrar grandes fortunas e proteger a família, quem estiver fora disso,
só pode pedir por misericórdia.
Ninguém diz nada porque Louise está certa.
— O MATEO VAI GANHAR... OLHA, ELE VAI GANHAR. —
Isabela grita.
Corremos, encostamos na grade de proteção e começamos a gritar,
porque ele realmente está na frente.
— ELE VAI GANHAR, ELE VAI GANHAR — Callie grita
enlouquecida.
Ah, se o irmão dela sonha com uma coisa dessas.
— VAI LÁ, MANINHO, FAZ OS OUTROS COMEREM PÓ DE
ASFALTO! — Louise falta pular a grade gritando, torcendo pelo irmão.
— VAI, MATEOOOO... — Evelin agora grita que nem uma louca.
Na verdade, todas estamos gritando, torcendo por ele.
— É ISSO AÍ, PORRA, VAMOS JANTAR NA TORRE EIFFEL.
Não tem como não rir do que Alice diz.
Quando os carros param, corremos até os meninos e Eve pula no
colo do Mateo.
— Você é o melhor, meu amor — ela diz e o beija.
Pela primeira vez na minha vida, sinto inveja dela, porque eu
também queria um amor assim.
— Essa vitória foi pra você.
— Porra, Mateo, que diabos você fez com esse carro? — Dener se
aproxima de nós, indignado por ter perdido.
Tudo o que eu faço é sorrir, pois sei muito bem o que foi feito nesse
carro.
— Eu também estou me fazendo a mesma pergunta. Que diabos
você fez com esse carro? — Agora Tyler é quem questiona.
— O segredo é que o piloto é muito bom — Mateo diz tirando onda
com a cara deles.
— Porra, nenhuma, você perdeu nas últimas três vezes — Bryan
diz.
— Por isso mesmo, cansei de perder e dei uma repaginada nessa
máquina.
— Onde você fez isso? — Ethan pergunta, chateado em ter perdido.
— Mais nem fodendo que vou entregar o meu ouro. Agora já podem
transferir o dinheiro para a conta da Eve.
— Você está de brincadeira? São cem milhões de dólares, Mateo —
meu irmão diz.
— Isso mesmo, transfiram para a conta dela.
— Puta que pariu! Eu não acredito que você ganhou. — Dener é o
mais indignado, mas tira o celular do bolso da bermuda.
— Vocês sigam o exemplo, cada um transfere vinte milhões para a
conta da minha garota e sem reclamar, foi uma vitória justa. Eu sempre
pago sem dizer nada quando perco.
— Vocês já sabem o número da minha conta ou precisam que eu
fale. — Evelin está feliz com a vitória do namorado.
Quem não ficaria feliz com cem milhões.
— Coloca aqui — Dener diz entregando o celular dele para ela.
— Eu vou descobrir onde foi a porra de lugar que você levou esse
carro — Ethan diz e os outros concordam.
— Pode tentar, mas garanto que não vai descobrir. — Mateo faz
pouco da cara dele.
— Vamos ver se eu descubro ou não — Ethan devolve.
— Você levou naquele cara lá, Mateo? — pergunto e todos me
olham.
— Nele mesmo, mas bico fechado, Baixinha, ou nunca mais te
ajudo com nada.
Eu acabo sorrindo e dou um tapinha no ombro dele.
— Sou fiel a quem merece, Mateo, não se preocupe.
Ethan me olha como se quisesse me arrastar ela dali, mas eu nem
me importo, não mais.
— Olha, olha quem está aqui... Se não são os herdeiros.
Escutamos uma voz e nós viramos para ver quem é.
Mas que porra!
Eu abro a boca quando vejo uma turma de homens se aproximando
e na frente deles, um que parece ser o chefe de todos.
— Puta que pariu, esse homem é o que podemos chamar de deus
grego — Alisha comenta mais alto do que deveria e o cara parece gostar do
que escuta.
— Estou à disposição, gatinha, se quiser.
É nesse momento que os garotos tomam a nossa frente como se
quisessem nos proteger dos olhos dele, o que é estranho.
Mas Bryan se posiciona ao lado de Mateo e diz ao homem.
— Pietro, como vai?
O tal gato chamado Pietro nem tem tempo de responder, porque
parece que o Mateo está com vontade de pular, metendo chute no homem.
— O que vocês estão fazendo na pista? — Mateo pergunta
encarando o homem.
Era eu que queria encarar esse homem.
— Agora é a nossa vez, Mateo. E que belo show esse que você deu,
realmente é um excelente piloto. No dia em que você quiser apostar
dinheiro de verdade, é só me ligar — o tal de Pietro diz e os outros quatro
homens atrás dele sorriem.
— Pietro, como está a família? Não sabia que você estava na cidade
— Bryan diz querendo mudar o foco do assunto, já que a cara que Mateo
fez não foi nada boa.
— A família está indo muito bem, logo todos vamos nos reunir,
mamãe está com saudade. Agora, quero saber onde está a il mio piccolo
(meu bebê)? — ele pergunta tentando olhar sobre os ombros da parede de
homens que os garotos fizeram na nossa frente e só escuto Mia resmungar
ao nosso lado.
— Fala sério! Quando é que ele vai para de me chamar assim? —
Mia parece estar chateada.
— Eu já cresci, Pietro, não sou mais piccolo. — Mia fica na frente
dele e logo é abraçada.
Eles parecem ser bem íntimos.
— Sarai sempre il mio piccolo, sempre il mio tesoro (Você sempre
será meu bebê, sempre, minha querida).
Mia sorri com o que ele diz e recebe um beijo no topo da cabeça.
— Estava com saudade.
— Eu também estava, querida, mande um abraço para a sua mãe.
— Ela vai ficar feliz em saber que encontramos você.
O cara balança a cabeça, concordando.
Estou certa que ele deve ser algum conhecido da família dela.
— E como vai o Willians?
— Está em Las Vesgas, foi aproveitar o feriado com os amigos. —
Dessa vez é Bryan quem responde.
— Eles se conhecem? Como Mia nunca falou que conhece um
homem tão lindo desses? — Amaya cochicha no nosso ouvido enquanto
Bryan conversa com o tal de Pietro.
Mia fica abraçada ao homem.
— Eu não sei, mas eles parecem se conhecer bem, já que ela
pareceu entender o que ele diz — digo.
— Vocês parem de cochichar assim, esse homem não é para o bico
de nenhuma de vocês — Adrian diz se colando a frente de Amaya e olho
para o meu irmão.
— Sai do meio, Adrian, eu quero vê-lo — Amaya diz.
— Fica quieta, Amaya, melhor ainda, fica de boca fechada para o
seu bem — meu irmão diz.
— E o que você vai fazer? — Amaya pergunta encarando o meu
irmão e ele sorri.
— Você não vai querer saber, querida, apenas vai amar a sensação
que vai sentir.
Alguma coisa aconteceu entre esses dois e agora eu tenho certeza.
— Mas que safado. Você é um safado, Adrian!
— Nunca disse que não era.
Eu fico de boca aberta com a safadeza do meu irmão.
Tenho que ensinar algumas coisinhas para a Amaya.
— Foi um prazer encontrar com você, Pietro, nos vemos em breve
— Bryan diz oferecendo a mão que o homem pega e aperta.
— O prazer foi todo meu, ainda mais porque pude ver tantas
mulheres lindas juntas, ao mesmo tempo, e uma em especial chamou muita
a minha atenção — ele diz com o olhar cravado em Alisha e isso faz o
Mateo ir pra cima dele, mas Ethan o segura pelo braço.
— Mantenha os seus olhos longe da minha prima, ela não é mulher
adequada para a sua raça.
— Isso, nós veremos. Vamos lá pessoal, a pista é toda nossa agora.
— Ele se afasta dando uma última olhada em nós e vai para a moto dele.
— Porra, eu quero um homem desses — digo sem prensar.
— Fica quieta.
É tudo o que eu escuto.
Entramos nos carros e vamos para o restaurante que Dener reservou
apenas para nós.
Depois de ficarmos o que parecer ser uma eternidade esperando por
Mateo e Evelin, eles resolvem aparecer.
— Até que enfim resolveram aparecer — Louise diz e sorrimos.
— Eles estavam no estacionamento no maior amasso e a gente aqui
esperando — Ryan diz me parecendo estar indignado.
— Vamos, sentem-se e vamos fazer os nossos pedidos, estou
morrendo de fome — Isabela comenta e Callie concorda com ela.
— E aí, Eve, como está se sentindo ao ganhar cem milhões hoje da
gente? — Tyler pergunta e parece que ele ainda não está conformado com a
derrota.
— Nem me lembre disse — Dener comenta e rimos dele.
— Que eu saiba ganhei cem milhões do meu namorado e não de
vocês.
As meninas caem na gargalhada.
— Eu quero um namorado assim, que ganhe cem milhões pra mim,
em uma corrida — digo olhando e sorrindo para Evelin.
— E quem não quer isso, Aline? Toda mulher sonha em ter um
namorado carinhoso assim. Os cem milhões devem apenas fazer parte do
pacote. Eu já estou até com alguns pretendentes em vista. Preciso de um
homem para satisfazer as minhas vontades, se é que vocês me entendem —
Mia diz toda sorridente, piscando e é impossível não rir dela.
— Os seus pais sabem disso, Mia? E você, Bryan, vê a sua irmã
falando isso e não diz nada? — Ryan questiona zangado, olhando para
Bryan, sério.
— Mia já é maior de idade e sabe o que faz. Só não esqueça o
preservativo, irmã. O papai te mata se engravidar antes de se casar.
— Não se preocupe, irmão, sou uma mulher prevenida. Esse
pequeno detalhe não sai da minha bolsa.
— Eu também não vacilo, homem nenhum me engana com essa de
que esqueci o preservativo — Isabela diz e olhamos para ela.
— Mas esse é o certo, já passou o tempo que essa responsabilidade
era apenas dos homens, eu também sempre estou prevenida — Louise diz e
Mateo a encara.
— Que história é essa, Louise? Deixa o papai saber dessa sua
prevenção toda.
Louise sorri.
— Até parece que ele não gosta de fazer sexo. De virgem aqui só
tem a Aline.
Nesse momento, eu gargalho alto.
— Vai achando, Louise, vai achando. — É tudo o que respondo.
— É isso aí, garota, mas já sabe, não esqueça o preservativo.
— Que porra de história é essa, Aline? — Ethan pergunta, me
encarando.
— Ah, vai começar! Sai do meu pé, cara, desencana. Fala sério.
— Me parece que finalmente alguém tomou uma decisão, assim
acabam as brigas e cada um segue o seu caminho, livres e desimpedidos —
Bryan diz e eu concordo com ele.
— É o que mais quero. Mas não vamos falar disso, vamos falar da
Eve que vai bancar a nossa viagem para Paris.
Ficamos conversando e logo Eve parece estar passando mal, mas ela
garante está bem.
Depois de tentarem me comprar, querendo arrancar de mim, a
informação de quem mexeu no carro do Mateo, ela se levanta e vai para o
banheiro.
Mas quando Mateo a acompanha, mesmo ela dizendo que não
precisa, sei o que os dois vão fazer.
Mas que safados!
Vão transar no banheiro do restaurante.
Como Mateo e Evelin demoram para volta, começo a brincar com o
garfo.
— O que você está fazendo, Aline? — Ethan me questiona, já que é
para ele que estava olhando.
— Estou te olhando através do garfo.
— E, por que está fazendo isso?
— Só para ter certeza de que a vida na prisão não é para mim, assim
eu não te mato, seu chato.
A mesa inteira cai na gargalhada e Ethan me olha de cara feia.
— Aline, eu mal posso esperar para ter você em Nova York, a gente
vai se divertir muito, não é mesmo, Tyler? — Callie comenta.
— Mas com toda certeza, Nova York vai ser pequena para nós três.
— Eu também não vejo a hora — respondo continuando olhando
para o Ethan através do garfo e tudo o que ele faz é me encarar.
CAPÍTULO 36
ETHAN PARKER
Mais uma noite em que eu não consigo dormir direito, então
levanto, tomo banho, escovo os dentes, troco de roupa e desço a escada.
A casa está silenciosa e todos devem estar dormindo, já que
chegamos tarde ontem.
Vou para a cozinha e faço um café forte.
É tudo o que estou precisando no momento.
— Caiu da cama foi?
Escuto a voz de Mateo entrando na cozinha, então o sirvo uma
xícara de café.
Ele se senta ao meu lado.
— Bom dia pra você também. Não consegui dormir direito, a minha
cabeça está uma confusão.
— A minha também estava assim. É difícil lutar contra um
sentimento que quer sair a todo custo, mas agora me sinto leve. Você vai
perdê-la, Ethan.
Eu acabo sorrindo do que ele diz.
— Será que é possível perder o que nunca se teve, Mateo?
Ele se ajeita na cadeira e me encara.
— Será que nunca teve mesmo, Ethan? Estão nessa há quanto
tempo?
— Há tempo demais, Mateo... A nossa vida toda. Tempo demais
para justamente... — Eu não consigo nem mesmo terminar de dizer.
— A vida toda, mas isso não te impediu de viver, de conhecer outras
mulheres, de ter experiências com outras mulheres. Está me dizendo que
viveu isso a vida toda, mas isso também não te impediu de se apaixonar por
quem não deveria e de quebrar a cara.
“Por que Aline não pode viver também?
“Isso é injusto com ela.
“Ficar presa a vida toda a um homem, em um compromisso sem
sentido só porque as famílias querem.
“E não adianta me olhar com essa cara que, no fundo, sabe que
tenho razão.
Eu não sei o que dizer, por isso apenas bebo mais um gole do meu
café.
— Gostou das notícias? Vocês dois estão rodando pelo mundo como
o casal do ano. — Acabo mudando de assunto.
Ele é Evelin viraram notícia, com a minha ajuda é claro.
Mateo quer que todos saibam a quem Evelin Miller pertence agora.
— Eu adorei as notícias, assim ninguém mais vai pensar que aquele
tal de Alex tem algum relacionamento com a minha mulher. Aquele
desgraçado teve a ousadia de sair em uma foto com a mão na bunda dela.
Eu acabo sorrindo, porque Mateo não esquece o fato do melhor
amigo da namorada dele ter saído em uma foto com a mão na bunda dela.
— Eles são amigos, assim como você e a Isabela. Vai ter que aceitá-
lo na vida de vocês.
— Uma coisa de cada vez, Ethan, uma coisa de cada vez.
— É bom, Mateo? — pergunto o encarando.
— O quê?
— Isso que você está vivendo com a Eve... É bom?
— Que tal você experimentar para saber?
— Eu não sei se consigo, é tanta coisa em cima de mim, tantas
responsabilidades. A empresa, a segurança da família, os negócios...
Ele me interrompe.
— Essas aí são as mesmas desculpas que eu usava e já sei delas de
frente para trás. As suas responsabilidades não são diferentes das minhas,
Ethan. Você também é o herdeiro principal do tio Dylan, uma empresa tão
grande quanto o Grupo Smith, eu sei exatamente como você se sente.
Ele não sabe, porque nunca passou pelo que eu passei.
— Você não tem medo de fazer alguma coisa que a machuque,
afinal Eve não é uma mulher qualquer, ela faz parte da família, Mateo. Se
não der certo isso entre vocês é muita coisa que tem em jogo e você sabe
bem do que eu estou falando.
— Eu sei sim, e tenho medo, claro que tenho medo. Mas tenho mais
medo ainda de perdê-la, só que não vou permitir que isso aconteça.
Acabo sorrindo do que ele diz.
— Então não dê um de Ivan Smith.
— E você não dê um de Dylan Parker.
Respiro fundo e voltamos a nos encarar.
— Parece que, no fim, o sangue que corre nas nossas veias sempre
fala mais alto.
— Nem me lembre disso, pois se eu fizer merda a minha mãe me
mata. Ela já me deu a porra desse aviso.
— Bem-vindo ao clube, Andreza Parker me deu um tapa na cara e
disse que cortaria a minha cabeça se eu fizesse merda.
Minha mãe fez isso um tempo atrás.
Andreza Parker sabe ser assustadora quando quer.
— Ela não vai te matar, o tio Dylan precisa de você.
— Não foi essa cabeça aqui que ela disse que cortaria, Mateo, foi
essa. — Aponto para baixo e ele entendo de que cabeça estou falando.
— Porra, me deu até um calafrio. Fica esperto, irmão.
— Eu me mudei para o meu apartamento depois disso, não posso
correr riscos.
Agora nos dois sorrimos juntos.
O celular dele toca no bolso e então ele me mostra quem está
ligando.
— Isso vai ser interessante, seu padrinho que te considera um filho,
vai ser o seu sogro, sem dizer que os seus pais consideram Eve como filha.
Anda na linha, Mateo, são muitos no time dela e poucos no seu.
— Nem me fale. — Ele se levanta e vai para a varanda atender a
ligação, me deixando sozinha novamente.
Para que ninguém morra de fome, resolvo fazer o café da manhã de
todos. Eu me viro muito bem na cozinha, aprendi a cozinhar quando vivia
iludido na minha maior decepção da vida.
Aquela desgraçada dizia gostar quando eu cozinhava para ela.
Depois de uns minutos, Mateo volta para a cozinha e quando vê o
que estou fazendo, começa a me ajudar.
— Como foi a conversa?
— A minha madrinha um dia ainda vai fazer o meu padrinho
infartar de vez.
Acabo sorrindo dele.
— Fico feliz por você, irmão. Espero ser padrinho desse casamento.
— Não teria como ser outra pessoa. E espero a mesma consideração
da sua parte.
— Se estiver esperando que eu me case, é bom esperar sentado. Eu
não sei se consigo viver com outra mulher de novo.
Mateo sorri e toma a massa do bolo que eu estava batendo das
minhas mãos.
— Eu vou me sentar e assistir o seu sofrimento tomando um bom
uísque.
Eu não digo mais nada e ele também não, então juntos fazemos o
café da manhã.
— Agora eu vou subir e levar comida na cama para a minha
namorada. Vou acordá-la de um jeito especial. Uma pena você não poder
fazer o mesmo, nunca vai saber o gosto da mulher que durante a vida inteira
foi sua — ele diz assim que termina de arrumar uma bandeja de café da
manhã.
— Some da minha frente.
Ele sai da cozinha, sorrindo.
Depois de pensar um pouco, pego outra bandeja e a arrumo com um
pouco de cada coisa que preparamos, já que eu não sei nada sobre o que
Aline gosta de comer.
Vou deixar o café da manhã no quarto para ela e depois sair sem que
ela perceba.
Subo a escada com a bandeja em mãos e paro em frente a porta do
quarto dela. Quando abro, a vejo dormindo, deitada na cama apenas de
calcinha, tão tentadora quanto um demônio.
Coloco a bandeja de café da manhã em cima da mesa que tem no
quarto e fico alguns minutos admirando a mulher que parece dormir
profundamente. Quando percebo que ela se mexe na cama, viro as costas
para sair do quarto, mas quando coloco a mão na maçaneta, escuto a voz
dela.
— O que está fazendo no meu quarto? Está me olhando dormir?
Você é assustador, sabia? E extremamente irritante.
Sorrio e me viro em sua direção.
Eu a vejo se sentando na cama, pegando um robe transparente e o
vestindo como se fosse cobrir muita coisa.
— Eu só vim trazer o seu café da manhã.
Ela amarra o laço do robe e me encara.
— Você é a pessoa mais contraditória que existe nesse mundo. Eu
simplesmente não consigo te entender, mas também não vou mais fazer
questão e nem esforço para isso. — Ela respira fundo e mexe no cabelo
amarrando um rabo de cavalo.
Mais linda do que nunca.
— Diga que me odeia e nunca mais apareço na sua frente.
Ela levanta a vista e me encara.
— Eu queria te odiar, Ethan, mas não consigo. Vamos dizer que o
que sinto por você é uma mágoa muito grande, mas eu vivi com ela a minha
vida toda, não me incomoda mais.
— Então você ainda me ama?
— Ethan, sai daqui e obrigada pelo café da manhã. — Ela se levanta
e eu vou até ela.
— Não chegue perto, sai do meu...
— Responda a minha pergunta, Aline. — Eu a seguro pelo braço,
puxando para mim.
— Eu não te amo mais.
Eu acabo sorrindo porque ela está mentindo, pois, sei quando uma
pessoa mente.
— Fala isso olhando nos meus olhos, Aline. — Seguro no seu
queixo fino, a fazendo me encarar.
***
ALINE JONES
— Sai do quarto.
Tudo o que ele faz é enlaçar a minha cintura e me puxando mais
para si.
Fecho os olhos quando ele segura minha cabeça e enterra o rosto em
meu pescoço.
Ele respira fundo, me deixando saber o que sentia.
Não há como resistir, ou pensar.
Estou presa à sensação de ter seu corpo grande e forte abraçado o
meu.
— Deus, como é cheirosa — diz me apertando em seus braços e não
posso evitar de estremecer. — Adoro sua pele.
Sinto sua boca em mim e não me importo em gemer baixinho.
Ele deveria saber o que sinto, quão gostoso é tudo isso para mim.
Ethan lambe meu pescoço, criando um rastro de fogo que me deixa
queimando.
Não quero parecer tão carente de seu toque, mas é assim que me
sinto.
Ele nunca me deu nada disso e agora sempre que faz, eu quero mais
e mais.
Quero sentir todas as sensações que me foram negadas por ele.
— Não pare — digo em um gemido, dando o acesso que ele quer.
Ele lambe minha orelha e preciso respirar fundo.
Eu me sinto ofegante, sem ao menos ter corrido.
Sua barba me arranha, ao mesmo tempo, que aumenta a sensação de
prazer que começo a sentir.
Deixo que ele prolongue o doce tormento, que faça meu corpo arder
pelo seu toque.
Foram tantos anos desejando estar em seus braços, com ele por
perto.
— Eu vou te beijar.
Ele me encarou por um momento, com a boca perto da minha,
respirando o mesmo ar.
É como se me dissesse que agora seria diferente, que quando desse
esse passo, seria definitivo.
Mas eu não estou mias dispostas, é tarde demais para nós dois.
Ethan toma a minha boca sem gentileza. Eu me sinto derreter,
consumida pelos seus lábios exigentes.
Ele não é delicado, me devora, não me deixando respirar.
Enfio as mãos em seu cabelo, tentando saber se é minha realidade, a
certeza de que não estou sonhando.
Ethan ajusta o nosso ângulo, melhorando o encaixe para nós.
Ele chupa minha língua e faço o mesmo com a dele.
Eu o puxo para mim, preciso de algo mais, pois me sinto
estranhamente vazia.
— Ethan... — Eu me afasto, mas ele não me deixa ir longe.
Ele me beija outra vez, me deixando provar o delicado sabor de café
em sua boca.
É gostoso, decadente e me enlouquece.
Solto um gemido, retribuindo ansiosa o que ele faz comigo.
Há algo selvagem nele que me segura com força, me dominando.
— Aline! — Ele segura meu rosto e há tanta necessidade em seus
olhos. — Quero tanto você que chega doer.
Sem me deixar reagir as suas palavras, ele me beija de novo e de
novo, mais lento agora.
É como se saboreasse algo delicioso.
Ethan degusta minha boca, mordiscando meus lábios, me deixando
sentir adorada.
Eu me sinto tonta, mas não quero que acabe nunca.
Ele mordisca meu lábio, descendo pelo pescoço, me fazendo arfar
com as sensações que me arrebatam.
— Não pare.
Ele beija entre os meus seios, acariciando por cima do tecido do
robe, prendendo os mamilos entre os dedos, puxando.
— Meu Deus! — Arqueio, jogando a cabeça para trás, com a mente
apagando com a sensação.
Não esperava que fosse tão forte o que sinto.
Ethan abre o meu robe e sinto o vento acariciar meus seios.
Eu não posso deixar isso acontecer, não agora, já é tarde demais e
ele não tem esse direto.
— Não, não, não... Se afaste e sai do quarto. — Eu o empurro e viro
de costas, ajeitado o robe no meu corpo.
— Aline, vamos conversar, por favor.
Eu apenas balanço a cabeça.
— Você nunca me deu a oportunidade de conversar, Ethan. Eu não
quero mais nada disso, vou para Nova York e você vai ficar livre de mim,
como sempre quis — digo de cabeça baixa, de costas para ele e tudo o que
escuto é a porta do quarto sendo batida com força, tanta força que me
assusto.
— Estou abrindo mão de você, porque já te amei demais. Agora
chegou a hora de me amar e cada um seguir o seu caminho — digo para
mim mesma, sentindo um aperto no peito e, ao mesmo tempo, um alívio em
saber que a minha liberdade está a um passo de chegar.
CAPÍTULO 37
ADRIAN JONES
— Por que está tão pensativa assim? — pergunto para a minha irmã
que está ao meu lado, no banco do passageiro no carro.
— Eu gostei da nossa viagem, me diverti muito com as meninas,
principalmente, no nosso último dia, já que não desgrudei delas nem por um
minuto, só para não correr o risco de ficar sozinha com o Ethan.
Porra!
A minha vontade é de socar o Ethan por deixar a minha irmã assim.
— Vou conversar com o papai hoje mesmo.
Ela me olha como se não acreditasse.
— Hoje!? Eles já chegaram?
— Sim, então quando chegarmos em casa suba para o seu quarto e
não sai até que eu mande.
Ela apenas balança a cabeça, concordando, e volta a olhar pela
janela do carro, se perdendo em pensamentos.
Assim que passamos pelos portões da mansão e estaciono o carro na
garagem, Aline sai e corre para o quarto, sem nem mesmo pegar a mala.
Então, dou ordem a um segurança para que retire as malas do carro e
coloque na sala.
Eu vou direto para o escritório do meu pai.
— Porra! Vocês não cansam de fazer isso não?
Minha mãe pula do colo do meu pai, vermelha.
— Não sabe bater à porta não, garoto?
— Façam isso no quarto e não no escritório.
— O que você quer, Adrian?
— Não fale assim com o meu filho, Anthony — mamãe diz olhando
para o marido.
— Ele nos atrapalhou, querida.
Mamãe balança a cabeça.
— Eu vou fazer um suco pra vocês dois. — Ela vem até mim e me
beija, saindo logo em seguida.
— Pode dizer. Como foi a viagem? — Papai aponta para a poltrona
em frente à mesa e eu me sento.
— A viagem foi esclarecedora.
Ele me olha sem entender.
— Esclarecedora?
— O senhor vai acabar hoje mesmo com o compromisso entre as
famílias Jones e Parker. Ainda essa semana Aline se muda para Nova York.
Meu pai respira fundo e passa as mãos pelo cabelo.
— Como a sua irmã está?
— Desesperada ao ponto de me implorar por ajuda, é assim que ela
está. Isso acaba hoje.
Meu pai balança a cabeça.
— Eu só queria que ela fosse feliz, ela sempre dizia que o amava e
que...
— Isso não aconteceu, papai. Não obrigue mais Aline a passar por
isso, o senhor está fazendo praticamente a mesma coisa que o vovô fez com
a mamãe.
Meu pai me encara.
— Eu jamais venderia a minha filha — ele diz mais alto do que
deveria.
— Mas estar obrigando Aline a um casamento que ela não quer
mais, é a mesma coisa. Ela esperou pelo Ethan a vida inteira, pai, e ele
nunca se importou com isso. Está na hora de libertar a Aline e deixá-la
viver, ela merece. Ethan é meu amigo, mas a minha irmã na minha vida é
mais importante.
Meu pai fica me encarando por alguns segundos, antes de dizer.
— Vou romper o compromisso, sua mãe já está me enchendo o saco
com isso desde a última notícia que surgiu do Ethan com aquela modelo.
— É o certo a se fazer, pai.
Ele concorda.
— E você vai assumir a empresa.
Nessa hora o meu coração gela quando ele diz isso.
— Pai, eu...
— Preciso de você a frente dos negócios, já é um homem feito,
Adrian.
— Eu já estou à frente dos negócios, pai.
— Mas não como CEO, não como o chefe da família. Você vai se
casar e vai assumir a porra do seu lugar.
— Por que eu tenho que me casar para isso pode acontecer?
— Acha mesmo que eu queria me casar? Não, meu filho, não queria
e quem sofreu com isso foi a sua mãe. Não sou eu quem faz as regras,
Adrian, e o seu avô fez questão de colocar nas normas da empresa que para
um novo CEO herdeiro assumir a cadeira da presidência, teria que ser
casado e fiquei feliz com isso.
— Quer que eu fique feliz?
— Seu avô fez isso antes de me passar o poder e não pude fazer
nada. Quando assumi a empresa e a família, a porra da regra já estava lá.
Tudo o que eu pude fazer para facilitar a sua vida foi alterar tirando a parte
de que você já deveria ter um herdeiro para assumir tudo, seu avô tem um
pensamento arcaico, Adrian.
— O senhor deveria ser um excelente filho para obrigá-lo a fazer
isso.
Meu pai se ajeita na cadeira e me encara.
— Você não é muito diferente de mim, não é? Tenha cuidado com o
Dylan, ele vai cortar o seu saco se souber que anda passando a mão na
filhinha dele. Decida qual mulher vai querer e se case com uma delas, não
me obrigue a ter que escolher uma esposa para você assim como o seu avô
fez comigo, garanto que não vai gostar.
Porra, eu não acredito que chegou o fim da linha pra mim.
Mas então eu resolvo voltar o foco novamente para a minha irmã.
— E a Aline?
— Ligue para o Dylan e diga que estamos indo agora mesmo na
mansão Parker.
— Não!
— Como assim não, Adrian?
— Dylan Parker vai vir até nós, foi o filho dele que fez merda e não
a nossa menina. — Levanto e pego o celular fazendo a ligação que logo é
atendida por Dylan Parker.
Depois de dizer que queremos conversar, ele logo se prontifica a vir
até a nossa casa.
Percebo que o meu pai fica um pouco apreensivo com o passar do
tempo, afinal ele queria muito esse casamento entre as famílias pela
amizade que tem com o senhor Parker, mas nem sempre as coisas são como
queremos.
— O Dylan está aqui. — Minha mãe abre a porta do escritório e o
Dylan entra logo em seguida.
— Nos deixe a sós, Emily — meu pai diz e mamãe não discute,
fechando a porta.
— Senhor Parker, sente-se, por favor. — Mostro a poltrona e ele se
senta.
— Já devo imaginar o motivo da conversa.
— Vamos romper o compromisso entre a minha irmã e o Ethan.
Ele respira fundo e balança a cabeça.
— Eu já estava esperando por isso e não vou me opor, não mais.
— A minha filha está sofrendo, Dylan, espero que entenda. O Ethan
nunca demostrou muito interesse nesse relacionamento e aceitei muita coisa
em nome da nossa amizade, mas agora chega. A partir de hoje a minha filha
está livre desse compromisso. Aline vai para Nova York nos próximos dias
e espero, sinceramente, que mantenha o seu filho longe da minha menina.
Ethan Parker está livre, finalmente, para fazer o que quiser da vida, apesar
de que esse compromisso nunca o impediu de fazer nada.
Eu consigo perceber pela cara do Dylan que ele está envergonhado
com essa situação, mas uma hora isso ia ter que acabar.
— Eu entendo, Anthony, e não se preocupe que vou ficar de olho no
meu filho. Sinto muito mesmo por tudo ter acabado desse jeito, mas eu já
tinha avisado ao Ethan que se você rompesse o compromisso eu aceitaria.
Eu gosto muito da Aline, ela é a esposa que eu e minha esposa queríamos
para o nosso filho, mas parece que isso infelizmente não vai acontecer.
— E não vai. Também queria essa união, mas não depende somente
da nossa vontade.
— Tem razão e me desculpo com você em nome do meu filho.
— Você não fez nada, meu amigo, quem fez foi ele. Nossa amizade
não vai acabar por isso.
Dylan se levanta e ele e meu pai se despedem.
Enquanto fazem isso, vou até Aline que está no quarto.
Quando abro a porta, ela se levanta de uma vez, vindo até mim.
— E aí? Diz alguma coisa, Adrian!
Percebo que ela está nervosa.
— Arrume suas malas, você vai para Nova York.
Ela mudar de cor e a seguro quando cai no chão de joelhos.
— Acabou, finalmente acabou. — Ela começa a chorar como se
fosse uma criança.
— Acabou, minha irmã, está livre.
Ela chora mais ainda e quando já estou sem saber o que fazer, a
minha mãe entra no quarto.
— Meu bebê. — Ela vem até mim, tira Aline dos meus braços e a
aninha nos dela. — Minha filha querida.
— Mãe eu não consigo parar de chorar, está doendo aqui. — Minha
irmã aperta o peito como se realmente sentisse dor.
— Mãe, não é bom levarmos a Aline para o hospital?
— Não, meu filho, a dor que ela sente médico nenhum pode curar,
apenas o tempo faz isso. Providencie tudo para a viagem dela, quero que
sua irmã viaje o mais rápido possível.
Eu concordo e saio do quarto deixando as duas sozinhas.
***
DYLAN PARKER
Assim que saio da casa de Anthony, vou direto para o apartamento
do meu filho.
Quando chego, ele não está, então resolvo esperar sentado no sofá
da sala, tomando um dos melhores uísques que ele tem.
Não demora muito para que ele chegue, então quando acende a luz
da sala dá de cara comigo.
— Isso é invasão, sabia? — ele diz tirando o casaco, jogando as
chaves em cima da mesinha de centro.
— Eu invadi o seu apartamento para fazer um comunicado.
Ele me olha.
— Que comunicado?
— A partir de hoje o compromisso de casamento entre a família
Jones e a família Parker não existe mais.
Ele me encara e por um momento vejo surpresa em sua face.
— Como assim não existe mais? Nós praticamente acabamos de
chegar de viagem.
— Pois é, Adrian me ligou dizendo que o pai dele queria conversar
comigo, então fui até eles. Anthony Jones rompeu o compromisso entre as
famílias, e como eu já tinha avisado, aceitei. Agora está finalmente está
livre, meu filho. — Eu me levanto e me aproximo dele. — Fique o mais
longe possível de Aline Jones. Ela não é mais sua prometida e a casa que eu
comprei para vocês dois pode fazer o que quiser com ela.
Ele está prestes a abrir a boca para dizer alguma coisa, quando com
muita dor no coração, dou um tapa forte na cara do meu filho que sangra no
canto da boca dele.
— Isso é pela vergonha que você me fez passar. Hoje, pela primeira
vez, eu senti vergonha de você, meu filho. Nunca imaginei que poderia me
envergonhar da maneira como fez. Se concentre agora apenas na empresa e
na porra do projeto principal. Pode comer a vagabunda e prostituta que
quiser, mas se você aparecer com qualquer mulher que seja perante a mídia,
eu tiro tudo de você, entendeu bem?
Ethan trava o maxilar e apenas me encara.
— Eu perguntei se entendeu, caralho, ou quer levar outro tapa na
cara?
— Entendi, sim, senhor.
— Que bom que entendeu. E se um dia resolver se casar, espero que
seja com uma mulher tão boa quanto Aline Jones é, ou eu não aceito. Eu
não aceito qualquer uma como nora, Ethan, e é bom que guarde as minhas
palavras. — Viro as costas e saio do apartamento, sem olhar para trás.
O inferno desse idiota acabou de começar, porque agora ele perdeu a
mulher que ama e vai perceber tarde demais.
CAPÍTULO 38
ETHAN PARKER
Aline, Aline, Aline...
Essa mulher não sai da minha cabeça, não importa o que eu faça.
Ela conseguiu o que queria, ganhou o jogo e agora vai embora, mas
o que não entendo é o motivo de estar com isso entalado na minha garganta.
— Senhor Parker, espero realmente poder fazer negócio com o
senhor aqui hoje, o seu projeto interessa e muito o nosso governo e o senhor
ficará mais rico do que já é, o seu sistema...
— Acha que eu sou idiota?
O velho barrigudo me encara de olhos arregalados.
Os meus pensamentos estavam muito mais interessantes do que essa
conversa fiada dele.
— Senhor Parker...
Levanto a mão e ele se cala.
Eu deveria estar correndo com os meus cães, como faço sempre
quando tenho tempo, mas não, estou preso em um jantar com um idiota que
pensa que vai me convencer puxando o meu saco.
— Eu tenho uma tecnologia de ponta que poderá ser usada com
louvor por qualquer exército de qualquer parte do mundo. O meu projeto
não vai cair nas mãos de terroristas, como você, eu não sou idiota, muito
menos burro. — Escuto a arma ser destrava por baixo da mesa e acabo
sorrindo.
— O senhor tem muita coragem de falar comigo assim, não sou um
homem de brincadeiras. Poderia simplesmente roubar essa tecnologia, mas
em vez disso estou aqui te oferecendo uma verdadeira fortuna, seu moleque.
— A arma que está usando é pistola Airgun KL93, silenciador
BlowBack Metal, mas ela tem um diferencial que armas desse porte não
têm. Ela funciona apenas com a sua digital.
A porra desse restaurante foi reservado apenas para esse jantar e
esse idiota pensa que vai sair daqui com alguma coisa.
— Então é espertinho também, deve saber o estrago que vou fazer
na sua cara, se não fizer o que estou mandando.
Eu bebo o meu uísque tranquilamente e o encaro.
— Puxe o gatilho se for homem o suficiente para isso.
O velho levanta a arma e aponta para a minha cara.
— Eu não tenho medo da sua família, moleque, e muito menos do
seu pai.
— Eu também não tenho, e o meu pai me irritou bastante dois dias
atrás, tanto que não quero ver a cara dele na minha frente. Acredita que ele
teve coragem de aceitar o rompimento do meu compromisso com a minha
Ratinha? Agora ela está solta por aí, achando que pode fazer o que quiser.
— Do que você está falando? Estou com uma arma apontada para a
sua cara e você está falando de uma rata nojenta.
Eu bato o copo na mesa e ele me encara.
— Olha lá como fala da minha Ratinha, posso cortar a sua língua
por isso. Por muito menos fiz homens implorarem pela vida.
Ele gargalha.
— Eu vou estourar a sua cabeça e vou roubar a sua tecnologia,
Parker. Vou mandar os seus restos mortais em uma caixa de presente para o
seu pai maldito. Eu odeio o Dylan Parker.
— No momento eu também estou odiando o meu pai e como já
havia dito antes, puxe o gatilho. Quero só ver se é homem de verdade como
dizem por aí. Mas depois não se arrependa.
O idiota fica vermelho de raiva, aperta a arma em sua mão, puxa o
gatinho e tudo acontece em uma fração de segundos.
A arma explode na mão dele, respingando sangue na mesa e na
comida enquanto ele cai no chão gritando de dor.
— Porra, cara, eu ainda não tinha terminado de comer.
— Desgraçado... Aaaa...
Faço sinal e um dos meus homens que está disfarçado de garçom se
aproxima.
— Senhor!
— Corte a outra mão dele e envie ao chefe dele, com os
cumprimentos de Ethan Parker. Corte a língua também e arranque todos os
dentes, ele chamou a minha Ratinha de nojenta e isso eu não admito.
— Quem você pensa que é para fazer isso?
Eu me levanto e me aproximo do homem que está de joelhos,
segurando o que sobrou da sua mão.
— Eu sou o pesadelo de homens, como você. O seu governo não
passa de uma organização criminosa repugnante e não negócio com
bandidos da sua laia.
— Mas negocia com o alto escalão, colarinho branco.
Eu arrumo a gravata e o encaro.
— Pelo menos, eles têm classe. É sempre bom ter gente importante
puxando o seu saco, mas você não tem nada que me interessa. Foi um
desprazer jantar com você. — Faço sinal e os meus homens entram no
restaurante.
Eles pegam o desgraçado que sai gritando e se mijando que nem
uma mulherzinha.
— Como o senhor fez aquilo? — um novato pergunta interessado.
— Hackeando o sistema da arma dele. O modelo da arma que ele
usava fui eu que desenvolvi quando tinha quinze anos, está ultrapassada.
Ele sorri e eu pego o meu celular.
— Os seus cães já estão esperando no carro.
— Obrigado, vou levá-los para casa.
— A senhora Parker não vai gostar.
Minha mãe chama os meus cães de monstros e implica com os dois.
— Não vou para a mansão Parker, disse que vou para a minha casa.
Ele balança a cabeça entendendo a que casa eu me refiro.
Desde que os peguei quando eram filhotes que eles vivem entre a
casa dos meus pais e a casa que o meu pai comprou para Aline e eu.
— Sim, senhor.
Saio do restaurante, vou direito para o carro e quando entro as duas
feras pulam em cima de mim, me lambendo.
Dois lindos rottweilers.
— E aí, rapazes? Como estão hoje? Vamos para casa. — Faço
carinho neles e assim que o motorista entra no carro, os dois rosnam para
ele.
— Quietos! — digo alto e, no mesmo instante, eles se deitam no
banco do carro.
— O senhor vai se mudar para a casa?
Essa é a pergunta que também estou me fazendo nos últimos dias.
— Por enquanto não, estou indo lá para saber o que tem da minha
noiva na casa.
Ele olha pra mim e levanta uma sobrancelha.
— Está falando da senhorita Jones?
— E qual outra noiva eu teria, idiota?
— Desculpa, senhor, mas é que...
— Calado! É melhor para você.
Ele se cala e não diz mais nada.
Fazemos a viagem até a casa em silêncio, enquanto me concentro
em responder alguns e-mails importantes no celular.
— Chefe, tem alguém na casa.
Levanto a vista e me dou conta de que chegamos.
— Como assim tem alguém na casa? Onde está a equipe de
segurança?
— Na guarita da entrada, chefe, como sempre.
A sorte dele é que esse idiota é novato e não entende como as coisas
funcionam.
Ele para o carro na guarita e eu abaixo o vidro.
— Quem está na casa? E, por que não fui informado que tinha
alguém aqui? — pergunto assustadoramente, irritado.
— Desculpe, chefe, mas a senhorita Jones disse que o senhor não
precisava ser avisado de nada e que ela veio apenas buscar algumas coisas,
mas já estava saindo.
A porra do meu coração acelera e isso nunca tinha acontecido antes.
Pelo que fiquei sabendo, Aline viaja amanhã para Nova York.
— Aline está em casa — digo mais para mim mesmo do que para
ele, e um sentimento diferente percorre o meu corpo.
Seria assim se eu me cassasse com ela?
Minha Ratinha sempre estaria em casa esperando por mim?
— Chefe!
— Tudo bem, vou entrar, mas hoje ninguém entra mais nessa casa,
entenderam?
— Sim, senhor.
O carro entra e é estacionado na garagem.
Desço abrindo a porta e então Duke e Lester descem juntos comigo,
ficando ao meu lado.
— Pode sair, se eu precisar de você, mando chamar.
— Sim, senhor. — Me viro para entrar em casa, mas não vou pela
porta da frente, vou pela porta lateral.
— Quietos, não queremos assustar a mamãe. — Abro a porta com
cuidado e entro fazendo silêncio.
Quando chego na sala, vejo Aline encarando algumas caixas
grandes no chão e uma mala grande.
Ela está lindamente arrumada, usando um vestido verde de seda que
se agarra ao seu corpo, como se já pertencesse a ele.
— Onde estava com a cabeça quando resolvi trazer isso para cá? É
loucura. Estava me preparando feito uma virgem para se casar com o seu
amado. Essa casa nunca foi minha e nunca vai ser.
“Eu vou doar tudo isso, na verdade, vou colocar fogo em tudo. Vai
que dá azar para a pessoa que receber isso e não quero ser culpada pela
desgraça do casamento de ninguém.
“Já basta o meu ter sido arruinado antes mesmo de conseguir sequer
ficar noiva.
“Deus, eu devo ser mesmo deprimente, o noivo não me quis nem
mesmo quando fiquei nua na cama dele.”
Cada palavra que sai da sua boca é um soco no meu estômago.
Devo ser mesmo um desgraçado, fiz de tudo para não a magoar e foi
exatamente isso o que aconteceu.
— Deixe essas coisas aí.
Ela leva um susto e grita se virando na minha direção, isso assusta
os cachorros que latem pra ela.
— Meu Deus, você vai me matar e essas feras vão devorar o meu
corpo.
— Duke, Lester, quietos. — Dou a ordem e eles se calam, se
sentando ao meu lado.
— Como dizem, raças iguais se entende.
Ela está a me chamando de cachorro?
— Aline!
A infeliz empina o nariz e cruza os braços, me encarando.
— O que você está fazendo aqui, Ethan? Não era para está comendo
alguma vagabunda por aí, já que está finalmente livre de mim? Ah, me
lembrei, o seu compromisso comigo nunca te impediu de fazer isso.
Ela sempre vai jogar isso na minha cara?
Mas hoje não vou entrar nessa provocação.
— Por que está vestida assim? Onde estava?
— Não te interessa.
Ela se vira para o sofá, como se estivesse procurando alguma coisa.
— É claro que interessa, responda a minha pergunta. — Dou a
ordem aos cachorros para que eles saiam da sala.
— Nunca se interessou por isso, por que agora se interessaria? —
Ela acha a bolsa, checa o celular como se estivesse lendo uma mensagem,
sorrindo e logo em seguida, digita alguma coisa.
— Está falando com quem?
Ela guarda o celular de volta na bolsa e olha para mim.
— Achei que fosse conseguir levar isso tudo, mas claramente eu não
vou, não me lembrava que tinha trazido tanta coisa. Amanhã antes de
embarcar, peço para o motorista do papai vir pegar tudo. Adeus, Ethan. —
Ela aperta a bolsa nas mãos e tenta passar por mim.
Mas a seguro pelo braço, a parando, então seu perfume invade as
minhas narinas, me deixando extasiado.
— Não vai a lugar nenhum. — Percebo como a respiração dela fica.
— Eu saí da sua vida, está livre do compromisso que tinha com a
minha família.
Eu a puxo para os meus braços e a seguro por trás.
— As coisas não deveriam ter terminado desse jeito.
— Não se pode terminar o que nunca começou, Ethan. Esse
compromisso não foi uma escolha nossa. Eu te libertei, libertei a nós dois.
Sinto um aperto no peito, e ao cheirar seu cabelo deixo a emoção
falar mais alto que a razão.
— Eu não sei se queria ser libertado, Aline.
Ela tenta se soltar, mas não deixo.
— Não, você não vai fazer isso, não agora depois de tanto tempo, de
tantos anos, de tantas lágrimas que derrubei por você. Acabou, Ethan.
ACABOU.
Eu a viro de frente pra mim e a empurro até a parede, a
imprensando.
— Está apenas começando, Aline, está começando agora. — Eu a
seguro pelo cabelo e a beijo com força para que ela entenda que a nossa
história de verdade vai começar agora.
Ela tenta resistir, mas já sei como ela gosta de ser beijada. Eu já
mapeei a sua boca nas poucas vezes em que tive o prazer de degustá-la.
— Seja minha — sussurro em seus lábios.
— Por que está fazendo isso comigo? Me odeia tanto assim?
— Não, não odeio, muito pelo contrário... Eu quero você que me
pertence antes mesmo de ter nascido.
Ela balança a cabeça e segura firme no meu terno.
— Eu te amei a vida inteira e você nunca quis o meu amor. Agora,
não te amo mais, não quero mais.
— Aline...
— Eu não te amo, não amo. Será que não consegue entender isso?
— Eu presto atenção em ações e não em palavras. Eu ouvi o que
você disse, mas vejo como você age. Sua boca diz uma coisa, mas suas
ações e seu corpo dizem outra.
— Eu não vou...
Não permito que ela complete a frase e a tomo novamente em um
beijo tão ardente que faz o meu corpo pegar fogo e logo o dela pega
também.
Somos uma confusão de mãos e línguas, tão desesperados um pelo
outro que chega a ser difícil respirar.
Eu a seguro pela cintura e a faço pular, passando as pernas ao redor
da minha cintura.
Eu a seguro pela bunda, indo até o sofá, me sentando com ela
montada em mim.
— Gostosa do caralho.
Sua expressão decai e ela me olha com uma cara de desejo tão
grande que a vontade que tenho é de mandar tudo à merda e fazer amor aqui
mesmo.
— Aline, eu nunca...
Ela não me deixou terminar de falar e me beija com intensidade.
Aline sabe o que quer, me dominando como nenhuma outra foi
capaz de chegar nem perto.
Meu coração sofre um solavanco, enredo as mãos em seu cabelo, a
afastando da minha boca.
Por um instante, encaro seus olhos, nem um pouco surpreso quando
vejo um brilho especial.
É puro amor.
E, pela primeira vez, me sinto um filho da puta sortudo do caralho.
Esse olhar eu nunca tinha recebido de mulher nenhuma, nem mesmo
daquela que quebrou o meu coração.
Mas Aline esse tempo todo me deu amor, só que nunca dei valor.
Esse olhar é a minha total ruína.
Tomo seus lábios devagar, apenas provando, mordiscando. Minha
língua brinca com a dela e quando geme, aprofundo o beijo, angulando
nossas cabeças, devorando-a como quero.
Esse é um beijo que entrega tudo, é minha forma de dizer a ela que
também estou desesperado, necessitado dela, mais que qualquer outra coisa.
— Preciso de você, Ethan. — Mordisca meu lábio, puxando.
— Quero sua boca em mim, eu te desejo.
Como se para comprovar suas palavras, ela começa a rebolar
devagar, molhando minha calça com sua excitação.
Com o vestido embolado na cintura, sinto o calor me queimando,
me sentindo dolorido por ela.
— Me beija. — Eu me inclino, tonto de prazer.
Ela me encara e vai descendo o olhar até a minha boca, depois sobe
de novo, provocando inocentemente, deixando a minha respiração mais
pesada.
Aline se aproxima e vou para ela. Em vez de me beijar, ela mordisca
meu lábio outra vez.
— Não provoque! — digo, sentindo o pau meu sacudir. — Não me
provoque, porra! — Agarro sua bunda, a pressionando contra mim.
— Ethan — ofega, arqueando o corpo.
Puxo a alça do seu vestido, expondo seus seios para mim.
Aline me olhou, com a respiração acelerada, os olhos pesados,
escuros de paixão.
Prendo seus olhos nos meus, enquanto me inclino e lambo o mamilo
direito.
Quero fazê-la enlouquecer de tesão e prazer.
— Você gosta disso? — Lambo outra vez, soprando, só para vê-la se
arrepiar.
— Gosto muito. — Sua voz é um mero sussurro. — Ethan...
— Ofereça para mim. Coloca aqui na minha boca.
Aline geme, ofegando, enquanto empurra o seio em minha direção.
Sugo o mamilo e ela grita, enfiando as mãos em meu cabelo, rebolando
mais forte contra meu pau.
Ela segura minha cabeça, dizendo com o gesto que não quer parar.
— Ethan, isso… Ahh, não pare. — Joga cabeça para trás, rebolando
no meu pau.
— Deliciosa...
— Eu nunca fiz isso antes.
Busco pelos seus olhos.
— Isso o quê, Aline? Seja mais específica. — Se for o que estou
pensado, não irei deixar a segunda oportunidade passar.
— Sexo.
Porra de mulher!
— Desgraçada, me fez pensar esse tempo todo que não era mais
virgem.
— Eu, eu, eu...
Beijo seus lábios novamente, sem deixar que fale qualquer coisa.
Ela vai ser minha hoje e eu serei o único dono do seu corpo.
O que estamos fazendo é intenso demais.
Pelos sons que faz e pelo quanto se aperta contra mim, percebo que
está perto de gozar. Eu a instigo, a levando até a borda do prazer. Ela
implora para que eu a deixe ir, mas, em vez de dar o que ela quer, me
afasto.
— Não faz isso.
Dou um beijo suave nela, um mero roçar de lábios.
Não teremos pressa.
Hoje quero que seu prazer se torne quase tão intenso e insuportável
que, quando tomar sua virgindade, a dor não seja tão ruim.
Ela vai chorar, mas de tesão com meu pau todo enterrado na sua
boceta pequena e quente.
— Desgraçado, infeliz!
Acabo sorrindo dela.
— Se eu te deixar gozar agora... — Deslizo o dedo entre o vale de
seus seios. — Todo esse fogo vai diminuir e não quero isso, nem você.
Ela fecha os olhos.
— Eu só queria que…
Com ela em meu colo, me levanto, a beijando.
— Calma. — Acaricio sua bunda por baixo do vestido.
Ela suspira quando rasgo sua calcinha e deslizo os dedos por sua
boceta, espalhando sua umidade.
— Tão molhada.
Ela esconde o rosto em meu ombro, gemendo quando esfrego seu
clitóris.
— Por favor, Ethan, isso é tortura — lamenta quando paro de
acariciá-la.
Eu me apresso subindo a escada, em direção ao nosso quarto,
porque esse será o nosso quarto.
Aline começa a mordiscar meu pescoço, fazendo o mesmo que faço
com ela.
O silêncio da casa é quebrado apenas pelo som das nossas
respirações.
Eu não a solto, não encontro forças para isso, então apenas caímos
na cama assim que entro no quarto.
Embolados, felizes e muito apaixonados.
Aline não me deixa pensar um segundo, nem para saber por onde
começar. Ela somente me puxa, me beijando do seu jeito.
Mas, então, não demora muito para que a minha natureza assuma o
controle e eu a devore. Tomando o controle, a dominando.
— Adoro você.
Beijo seu rosto.
— Caralho, eu te quero demais. Porra! — Lambo sua boca.
Ela captura minha língua, chupando gostoso e gemendo. Meu pau
dói dentro da calça e me sentia a ponto de explodir.
— Eu, eu... Eu te...
“Você me ama!”, digo em minha mente o que Aline não quer dizer
em palavras.
— Onde você me quer? — pergunto massageando o seio direito por
cima da roupa.
— Não sei, por todo lugar — geme, arqueando o corpo e o
esfregando em mim. — Por todo lugar, Ethan.
Devagar, começo a descer, beijando seu pescoço, arranhando a pele
sensível com a barba.
Tiro o vestido do meu caminho, eu ergo sobre ela e puxo a minha
camisa.
Nem mesmo sei por onde o meu terno ficou.
— Você é perfeita. — Balanço a cabeça, admirando a mulher que
será minha, nua na nossa cama.
Os seios pequenos, com mamilos que imploram pela minha boca.
Corro os olhos por ela, me prendendo alguns instantes na boceta inchada,
brilhando de tesão.
— Você está bem? — pergunto com gentileza, começando a
acariciar suas pernas.
Ela balança a cabeça, confirmando que está bem.
Aline está ofegante, prestando atenção em cada gesto, então lambe
os lábios quando começo a beijar sua perna.
CAPÍTULO 39
ETHAN PARKER
Lentamente, esfrego os lábios, passando a língua nas suas pernas
até chegar a sua intimidade e ela não tira os olhos dos meus.
Seus gemidos parecem ser deliciosos para mim.
Tomo meu tempo a estimulando ainda mais, indo e voltando, não
dando o que ela quer.
Sinto seu corpo quente sob minhas mãos, satisfeito por cada reação
que recebo ao toque da minha língua.
Seu peito sobe e desce, com a respiração acelerada.
Aline parece embriagada de paixão, implorando com os olhos para
que eu a tome de uma vez.
Encaixo suas coxas em meus ombros, usando as mãos para expor
toda a sua boceta para mim.
Olho para ela e noto que sua respiração trava, então dou uma
lambida em toda a sua intimidade.
— ETHAN! — grita, puxando meu cabelo.
Ela tenta fechar as pernas, mas não consegue.
Não sou gentil, golpeio duramente o clitóris durinho, chupando
gostoso.
Admito que gosto de sexo oral, mas fazer isso com Aline está sendo
diferente de tudo.
O fato de ter sentimento envolvido torna tudo mais eletrizante,
visceral.
Cada grito que ela dá é como alimento para mim.
Ela palpita na minha língua, desesperada para gozar.
— Por favor, por favor. Não pare, Ethan, não pare ou eu te mato! —
implora, segurando firme meu cabelo, enquanto pressiona a boceta na
minha cara.
Esfrego o rosto, usando a barba para provocar a carne sensível,
enquanto ela grita de prazer, balançando a cabeça de um lado para outro
como se fosse muito e, ao mesmo tempo, pouco.
— Ohhh... — Arqueja, gemendo. — Ohhh, Ethan, continue assim.
Desço um pouco, lambendo sua entrada, provocando com a língua,
entrando e saindo devagar.
Estou louco para sentir meu pau todo enterrado nela e sei que não
vai durar muito.
Estou com tesão demais, somando ao fato de que estou sem sexo há
alguns dias, o que piora a minha situação.
— Não pare… Eu vou gozar, não pare.
Devagar, introduzo um dedo e depois outro, tendo cuidado com sua
virgindade.
Aline geme, abrindo ainda mais as pernas para mim.
Brinco com ela, entrando e saindo, alargando sua vulva para receber
meu pau.
Volto a golpear o clitóris com a língua enrijecida, enquanto a fodo
superficialmente com os dedos.
Eu a senti me apertar, ficar mais úmida a ponto de escorrer
excitação. Por dentro, é como veludo quente e ela está pertinho de gozar.
Entre gemidos, ela se contrai, então chupo com forçar o clitóris,
sabendo que ela não suportará muito mais.
— Ahhh, por favor, não pare, não pare.
Continuo chupando, brincando com ela até sentir o seu corpo tenso.
Um gemido foi o único aviso, antes dela gritar, gozando na minha boca.
— Ethan... Ahh, por favor, por favor… — geme, soluçando,
chorando de prazer.
— Goza gostoso para mim. — Enfio a língua na sua entrada, usando
a umidade para massagear o clitóris, prolongando seu prazer.
Aline balança a cabeça de um lado para o outro, com o corpo
tremendo devido os espasmos deliciosos.
— Ethan…
Ergo a cabeça e a observo por um instante.
Seus olhos estão fechados, os seios subindo e descendo, os mamilos
duros, arrepiados e a pele avermelhada, brilhando de suor.
— Isso foi incrível. — Sua voz soa rouca, então lambe os lábios,
sorrindo o que, pra mim, é um convite.
— Sinta o gosto do seu prazer. — Tomo seus lábios, beijando com
ardor, enquanto luto para me livrar da calça e da cueca.
Aline tateia as mãos por minhas costas, me puxando para si, me
abraçando com as pernas.
Ela esfrega os seios em meu peito, me deixando saber que ainda não
está saciada.
— Me faça sua.
— Isso você já é. — Dou um beijo gostoso em seus lábios doces.
Nossas línguas brincam, enquanto nossas bocas engolem os gemidos
de necessidade.
Seguro seu queixo, a encarando por um momento.
Por um instante, me perco na paixão refletida em sua íris, na
confiança com que se entrega para mim.
Beijo seus lábios inchados outra vez, saboreando. Devagar, pincelo
meu pau em sua umidade e ela geme em minha boca, me deixando tonto de
prazer.
É como se todo controle que possuo deixasse de existir, mesmo
sabendo que agora preciso ter muito cuidado para não a machucar.
Quero que esse momento seja especial, mesmo que haja dor.
— Vem, Ethan.
— Calma! — Sei que sou grande e, agora, titubeio por receio de
machucá-la. — Caralho!
Eu me ergo um pouco, então, olho para o meu pau na entrada da sua
boceta.
Uma visão fodida, deliciosa.
Estou prestes a trilhar o caminho sem volta, já estou viciado nessa
mulher, agora então…
— Quero sentir você de verdade — sussurra.
Começo a penetrá-la devagar, cuidadoso, mas a resistência da sua
boceta em me aceitar é delicioso, ao ponto de me sentir estrangulado.
— Porra! — digo tenso, dolorido demais.
— Não pare.
Ela não sabe o que está falando, pois, se ela soubesse que esse é um
caminho sem volta para ela...
Sinto meu pau abrindo caminho, alargando a boceta virgem, me
matando aos poucos.
— Oh, Deus… — Ela morde o lábio, arfando.
— Um instante, por favor. — Paro, achando que vou morrer ao
sentir a barreira de sua virgindade.
Aline luta para ficar relaxada, mas não é fácil.
Olho para onde estamos unidos, constatando que mal a penetrei.
Estou dolorido demais, o pau com as veias saltadas, louco para me
enterrar até as bolas.
Deus, ela não vai aguentar.
Preciso a todo momento me lembrar de ter cuidado, ir devagar.
— Brinque com o seu clitóris — digo perto de enlouquecer, se não a
fodesse logo.
Aline obedece e, aos poucos, relaxa, ficando mais molhada.
Começo a entrar e sair, apenas superficialmente, atento às suas
reações.
É um inferno me conter e esperar, mas seguro o desejo de explodir
como um jovenzinho.
Quero que ela esteja na borda outra vez, pois isso amenizará um
pouco a dor.
Ela para de se masturbar e tomo seu lugar, aplicando a pressão certa,
acariciando o clitóris durinho. Os gemidos voltam, ela agarra o lençol com
força e sinto sua boceta contrair.
Seu prazer vai se construindo de novo, não vai demorar muito.
Observo como se agita, se desesperando em busca ar, gemendo, arfando.
— Eu sinto, dentro de mim — geme, as palavras soando rasgadas.
— PRECISO SENTIR… AGORA… AHH, VOU GOZAR… — grita e
empurro com força.
O prazer se mescla com a dor e Aline grita de novo, arqueando, com
lágrimas saltando dos olhos enquanto eu me sinto enterrado até o fim em
sua boceta virgem que agora mais do que nunca me pertence.
— Porra! — Solto um gemido, atormentado.
Parece que um punho aperta meu pau inteiro.
Nunca senti nada igual, roubou o meu fôlego, me deixou paralisado.
Olho para onde nossos corpos se conectam e a visão me deixa tão
excitado que sinto um arrepio subir.
Respiro fundo, me deitando em cima dela.
Nossas peles estão quentes, úmidas.
— Dói demais. Mas eu quero isso, Ethan.
Ela deve ter percebido meu tormento, pois segura meu rosto, me
puxando para si.
Aline me beija e começo a me mover, fácil e suave, pelo que parece
uma eternidade.
Seguro cada maldito impulso de fodê-la com força, como estou
acostumado.
Entre nós, as coisas estão sendo diferentes e hoje, não é sobre mim,
mas sobre a primeira vez da minha menina.
Pensar nisso, de algum modo, me deixa ainda mais excitado.
Aline dita o ritmo e, aos poucos, volta a gemer.
— Olha para mim — pede baixinho e faço. — Eu sinto você. — Ela
sorri e há algo em seus olhos que não sei interpretar.
Ela me encara de um jeito tão intenso, sem desvia o olhar, enquanto
a penetro, escorregando cada vez mais fácil em sua umidade.
— Eu também te sinto — digo me despindo de todas as formas para
que ela me enxergue.
Nunca me preocupei se iria ferir os sentimentos de alguém, mas,
com Aline, isso se derrama sobre mim, afinal nunca quis magoá-la.
Não é só sexo, é a primeira vez que faço amor de verdade.
Porra, estou fazendo amor de verdade pela primeira vez e é com ela.
— Não me deixe, Ratinha, não vá embora, vamos tentar de novo. —
Coloco para fora o que o meu coração sente no momento e se ela disser que
ficará, eu a farei feliz.
— Vem para mim, Ethan. — É a resposta que ela me dá, porém, não
era o que eu queria escutar.
Mas sua voz me enfeitiça com suas palavras doces.
Ela quer mais e dou isso a ela.
Eu me perco no prazer, em seus gemidos, na forma como me aperta
e exige.
— Assim, isso. — Ela geme, me puxando.
— Caralho, mulher, você vai ser a minha morte! — Empurro com
força e ela fecha os olhos, com a boceta me apertando.
Gosto de ver o corpo pequeno sacudindo com cada golpe duro.
— Você pediu por isso.
— Sim, eu pedi.
— Eu te quero assim, recebendo meu pau, exigindo que eu te foda.
— Me fode.
Ahh, caralho!
Por que ela tinha que ser assim?
Ergo meu corpo outra vez, segurando seu quadril. Eu começo a
fodê-la duro, com força.
Aline grita, gemendo, com a boceta me apertando, puxando de volta
cada maldita vez que eu saio.
Meu pau entra com esforço e sai mais fácil, cada vez melhor, mais
torturante.
A visão de nossa união acaba com o restante do meu controle.
— Porra! — Sinto as bolas apertando e um arrepio sobe por todo o
meu corpo.
Estoco mais rápido, exigente, perdido nessa visão do caralho. A
boceta engolindo meu pau inteiro, em um encaixe muito apertado, é fodido
de tão perfeito.
Por um instante, penso que vou explodir.
Aline abre mais as pernas e quase enlouqueço, não aguentando
mais.
— Ah, caralho de boceta gostosa! — Gozo tão forte que, por um
momento, meu cérebro desliga.
Desabo em cima dela, aliviando o peso apenas porque sinto o corpo
relaxado de um jeito que nunca fiquei após o sexo.
É surreal.
Não sei quanto tempo fico parado, assimilando tudo que acabou de
acontecer.
Não desejo sair de dentro de Aline, parece que encontrei o meu
lugar no mundo.
Idiota!
Balanço a cabeça, tentando respirar melhor.
— Querida. — Dou nela um beijo suave. — Eu te machuquei? —
pergunto preocupado.
— Eu me sinto incrível — geme baixinho, me encarando quando
começo a deslizar para fora.
Meu cérebro trava quando vejo minha porra e sangue escorrerem da
sua boceta.
Olho para o meu pau e a respiração congela.
Eu não usei proteção.
Caralho!
Eu não usei proteção.
Eu me descuidei, caralho.
— Aí merda, a gente não... — Ela para de dizer e olha para o meu
pau, que ainda está duro e parece estar inchado, a cabeça brilhando com
nossos fluidos.
— Tudo bem, vai ficar tudo bem. Você pode tomar a pílula do dia
seguinte e vai ficar tudo bem. — Deito ao seu lado, a puxando para mim. —
Descansa um pouco, estamos apenas começando.
Ela suspira, jogando uma perna por cima da minha.
Ter seu corpo junto ao meu é tão bom que me faz sentir
ridiculamente feliz.
Estou segurando a minha a minha menina, a mulher que era minha
em meus braços.
O quão idiota isso me torna?
Não paro de me questionar, tendo a certeza de que se soubesse que
terminaria assim, teria feito tudo diferente.
Aline vale a pena, assim como ser feliz com ela e tentar esquecer o
passado.
Mas será que conseguirei superar o meu trauma?
Será que ela me perdoará ao ponto de ficar?
— No que está pensado, Ethan? Está arrependido de ter ficado
comigo?
Sinto seu corpo tenso ao me fazer essas perguntas e tudo o que dou a
ela é um carinho em sua coxa que está por cima de mim, sentindo sua pele
de seda macia.
Seu corpo perfeito se encaixa perfeitamente ao meu.
— Eu nunca vou me arrepender do que aconteceu aqui, hoje.
Amanhã mesmo vou na sua casa formalizar as coisas com o seu pai.
Ela levanta a cabeça, me encarando e antes que consiga abrir a boca
para dizer alguma coisa, eu a calo com um beijo.
Como eu já havia dito, a nossa noite estava apenas começando.
CAPÍTULO 40
ALINE JONES
Abro os olhos devagarinho, sentindo um peso na minha cintura.
Quando tento me mexer, vem em minha mente tudo o que aconteceu poucas
horas atrás.
Estar nos braços desse homem, assim como estou agora foi tudo o
que eu sempre quis a minha inteira.
Eu me entreguei a ele de corpo e alma, me tornei sua da maneira
mais íntima e profunda que se possa existir, mas não vou ficar como ele
pediu para que eu fizesse.
É tarde demais para isso.
Esse nosso momento foi o ponto final que faltava na nossa história.
É como se agora, finalmente, o livro fosse finalizado e fechado.
Amanhã outro começará a ser escrito com o recomeço da minha
vida.
Me viro de frente para o Ethan e faço carinho, tentado gravar cada
centímetro do seu rosto. Meu coração se aperta e dói demais, mas eu
preciso me afastar, preciso ir embora.
Ele teve opções e fez a escolha dele, não sei se foi a certa, mas ele
escolheu se manter afastado. Escolheu ignorar a minha existência sempre
me enxotando da sua vida.
O amor quando é vivido apenas por uma das partes não consegue
suportar, ele murcha e morre.
O meu amor já murchou e agora eu indo para longe, espero que ele
morra.
Com cuidado, tiro sua mão da minha cintura para que não acorde e
me levanto. Quando olho para o pequeno relógio que tem na mesinha de
cabeceira, vejo que são quatro horas da manhã, hora de ir embora.
Pego o vestido e quando vou vesti-lo, sinto meu corpo dolorido.
Pelo amor de Deus, esse homem me virou do avesso.
Ele literalmente me comeu como um animal, mas eu era a presa
sendo devorada mais feliz do mundo.
Balaço a cabeça afastando esses pensamentos e me visto, então me
dou conta de que o safado, sem paciência, rasgou a minha calcinha. Pego
minhas sandálias e quando estou saindo do quarto de fininho, olho para a
cama mais uma vez e meu coração chora. Então, com esse sentimento,
resolvo fazer uma coisa, escrever uma carta para ele, a primeira e única
carta que ele vai ter de mim.
Procuro por um bloco de anotações pelo quarto e encontro dentro da
gaveta da mesinha. Sento na poltrona e olho para o homem dormindo
profundamente na cama, buscando pelas palavras certas. Respiro fundo e
começo a escrever tudo o que o meu coração sente.
Depois de uns minutos, com lágrimas nos olhos, beijo o papel e
coloco a carta ao lado dele na cama.
É isso que ele vai ter de mim, quando acordar, uma carta de
despedida.
— Adeus, Ethanzinho.
***
Ethan Parker
Acordo sentindo uma sensação boa passando pelo meu corpo, uma
satisfação que há muito tempo eu não sentia.
Mas ao passar a mão pela cama, sinto que ela está gelada assim
como acontece todos os dias quando acordo.
Sento de uma vez na cama e não encontro ao meu lado a mulher que
dormiu em meus braços.
— Aline! — chamo por ela enquanto levanto, pegando a cueca no
chão e me vestindo. — Ratinha! — chamo novamente entrando no banheiro
e nada dela. — Aline! Onde você está? — Vou ao closet e continua vazio
como sempre. — Porra Aline! — Respiro fundo, olhando pelo quarto até
que percebo um papel dobrado em cima da cama e no mesmo instante me
vem à mente o que pode ser.
Eu me aproximo, sento na beirada da cama e pego o papel. Respiro
fundo várias vezes antes de finalmente criar coragem de abri-lo para ler o
que está escrito.
E quando faço, logo nas primeiras linhas o meu coração aperta.
“Ethan Parker,
sonhei tanto com o dia em que finalmente iria carregar o seu
sobrenome, mas esse é infelizmente um sonho que nunca vai se realizado,
e tudo bem por isso...
Afinal, nem sempre conseguimos realizar os nossos sonhos.
Essa não é uma carta de amor, eu te escrevo uma carta de até
logo, porque me despedir de você me dói tanto.
Dói, pois nossas almas estão ligadas, talvez sempre tenham sido e
sempre serão. Talvez, nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada
uma delas nos encontramos. Talvez, a cada uma delas tenhamos sido
forçados a nos separar pelos mesmos motivos.
Isso significa que este é, ao mesmo tempo, um adeus pelas últimas
dez mil vidas e um prelúdio do que virá pelas próximas.
Pensei muito sobre tudo o que aconteceu com a gente e me dei
conta de que não tenho espaço na sua vida.
Você fez suas escolhas, e eu preciso aceitar…
Preciso começar a traçar o meu caminho.
E nesse caminho terei que aprender a sonhar sem ser com você.
Vou ter que me acostumar a caminhar sozinha de novo…
Mesmo que fosse apenas sonhos e projetos de uma vida…
Eu projetei momentos com você, imaginei traçar com você
qualquer caminho que a vida nos impusesse a percorrer e terei que
abandoná-los na história.
Você nunca me enganou ou me prometeu nada, por isso digo que
hoje eu consigo entender o porquê me afastou da sua vida. Você estava
magoado, ferido e não queria que ninguém olhasse o seu lado fragilizado
a não ser a sua família.
E eu era apenas uma menina iludida que queria te dar pelo menos
pouquinho de conforto.
Não mandamos no coração, Ethan.
Você se apaixonou e se permitiu viver um amor, era um direito seu
e hoje, depois de tudo, depois da nossa noite de amor juntos, eu
finalmente consegui entender.
Você não estava errado em querer aquilo para a sua vida, assim
como eu também não estava errada em querer você apenas para mim.
Eu entendi tudo e te perdoo.
Eu te perdoo por tudo.
Sinto muito, Ethan, mas eu não vou poder ficar, meu amor.
Sim, você é o meu amor e seria hipocrisia da minha parte dizer
agora que eu não te amo mais. Isso seria mentira e não quero mais
mentiras e meias verdades na minha vida.
Mas o meu amor por você está murcho, está morrendo e isso é
bom para nós dois.
Chegou a minha vez de ser livre.
Eu sou livre agora, Ethan, e é bom ser livre.
Agora eu entendo o porquê você não querer o casamento, afinal a
liberdade é doce.
Eu vou poder viver tudo o que eu sempre quis e quero que você
faça o mesmo. Seja livre e viva a sua vida intensamente sem se importar
com o que aconteceu no passado, se liberte disso.
Ethan, se liberte desse trauma que só atrasa a sua vida, encontre
uma mulher que você goste e se apaixone por ela, então se case, tenha
filhos e seja feliz.
Quem sabe no futuro não podemos ser amigos.
Não precisa se sentir na obrigação de querer se casar comigo,
formalizando as coisas com o meu pai apenas porque tirou a minha
virgindade, pois se não fosse você, seria outro.
Hoje nossas vidas tomam rumos diferentes.
Seja feliz, que eu vou procurar ser feliz também.
Quero te pedir um favor, olha estou pedindo, por favor, com
jeitinho para você e eu nunca tinha feito isso.
O que eu quero te pedir é muito simples, não me procure, não me
ligue, não fale comigo e se topar comigo em algum lugar, finja que não
me conhece, simplesmente faça o que você fez durante a sua vida toda,
ignore a minha existência.
Não vai ser difícil para você fazer isso.
No dia em que eu tomar a iniciativa de falar com você, tenha
certeza de que vai ser com um sorriso no rosto, porque ai sim, eu vou
estar bem para poder voltar a conviver no mesmo ambiente que você.
Até lá, cada um vive sua vida da maneira mais normal possível.
Obrigada pela noite, você me fez mulher, fez eu me sentir amada
pelo menos uma vez na vida.
Foi maravilhoso e perfeito em tudo, não esperava menos de você
que foi incrível.
Não se preocupe, vou tomar o remédio, pois, o meu pai me mata se
eu engravidar sem estar casada e não quero ter que bater à sua porta
grávida depois de ter escrito tudo isso para você.
Seja feliz, Ethan, que vou procurar ser também.
Sua Ratinha...”
Eu sinto como se o mundo estive desabando abaixo dos meus pés, é
um sentimento de perda que eu só senti quando...
Porra!
Eu me levanto, pego o abajur e jogo na parede com força. Junto com
ele, vai tudo o que eu encontro pela frente.
Quebro e destruo o quarto todo.
Quando vou para cama jogar todos os lençóis no chão, vejo a marca
da virgindade da Aline.
Essa desgraçada não vai se livrar tão fácil de mim, assim, mas não
vai mesmo.
Ela é minha, sempre foi e que se exploda se eu estiver sendo egoísta.
Ela me ama, eu sou o homem dela e quero que se foda todo o resto.
Pego o celular em meio ao caos do quarto e faço uma ligação que
logo é atendida.
— Chefe!
— Aline Jones, onde ela está?
— Só um minuto, chefe, vou acessar o sistema.
Porra!
Eu sempre ando com o meu outro celular, mas justo ontem esqueci
em casa e estou sem o meu notebook.
— Chefe, a senhorita Jones está bloqueada no sistema.
— Como assim bloqueada no sistema? Eu desenvolvi essa porra de
sistema para encontrar uma formiga em Marte se for preciso.
— Chefe, acabei de perder o acesso ao sistema, tem alguém nos
hackeando.
Só tem uma pessoa nesse mundo capaz de fazer isso.
— Rastreie o IP do desgraçado que está fazendo isso. AGORA!
Não demora um minuto para ele responder o que eu já sabia.
— Mansão Parker.
— Porra, pai! — Desligo a ligação e ligo para o meu querido papai
que atendo logo no primeiro toque.
— Ethan!
— Por que não se mete na porra da sua vida e não cuida apenas da
sua mulher e da sua filha? — Estou com tanta raiva que esqueci até o
respeito que tenho pelo meu pai.
Mas o velho não se irrita comigo, apenas gargalha alto do outro lado
da linha.
— Eu te avisei, infeliz, te avisei, caralho, e você não me escutou.
Porra!
“É assim que você que agir, então que seja, meu filho.
“Você está muito fodido agora.
“Eu fiz questão de espalhar para todo mundo que o compromisso
entre a família Parker e a família Jones não existe mais, e a conversa
começou no salão de beleza onde sua mãe frequenta.
“Isso já se espalhou pela alta sociedade, porque mulher sabe ser
fofoqueira.
“E adivinha só?
“Já tem gente fazendo fila na porta de Anthony Jones, seu idiota.
“Achava o quê?
“Que ninguém queria a Aline porque ela era uma menina?
“Acreditava mesmo nisso?
“Não, Ethan.
“Ninguém se aproximava dela porque sabia que ela era sua.
“Só que agora que esse compromisso não existe mais, Aline Jones
vai poder escolher a dedo com quem ela quer se casar.”
Mas que droga!
O meu pai vai ser uma pedra no meu sapato.
— Desbloqueie o meu sistema.
— Não mesmo.
— Sabe que vou conseguir desbloqueá-lo.
— Sei, é claro que eu sei. Mas até que consiga fazer isso, Aline
Jones já vai estar em Nova York. Você é meu filho, sei exatamente cada
passo que vai dar e acredite, vou estar no seu caminho em todos eles.”
Ele nem me deixa falar mais nada e desliga o telefone na minha
cara.
Parece que vamos começar um novo jogo, Ratinha, e eu vou
começar a jogada deixando você experimentar um pouquinho só da sua
liberdade, agora vigiada por mim.
CAPÍTULO 41
ETHAN PARKER
Vários dias já se passaram desde que Aline foi para Nova York e
quando o meu pai falou que estaria no meu caminho, ele não estava
brincando.
E para dificultar a minha vida ainda mais, ele passou oficialmente o
cargo de CEO da Shield Security, coisa que ele jurou que faria apenas
quando eu me cassasse.
O plano dele é não me dar tempo para pensar em nada e não fazer
nada, já que a empresa toma toda a porra do meu tempo.
Só para conseguir desbloquear o meu sistema, levei quatro dias, mas
não poderia usá-lo para saber como a minha Ratinha estava, pois o meu pai
estava de olho em mim. Então, o que me restou fazer foi infiltrar um dos
meus homens de confiança na equipe de segurança dela, o que foi muito
fácil de fazer. Além de desenvolver algo especial para a minha Ratinha, sem
que ninguém soubesse, algo que passou despercebido até mesmo aos olhos
de águia de Dylan Parker.
Acho que o meu pai ainda não entendeu o significado de que eu sou
muito melhor do que ele.
Eu tenho acesso a tudo o que ela faz, consegui vê-la até mesmo
dentro de casa, já que o segurança infiltrado espalhou microcâmeras por
toda a casa.
Só que vê-la sofrer me partiu o coração.
Ser livre era tudo o que ela queria, mas estava tão ligada a mim, a
uma história nunca vivida que quando finalmente se libertou, ela sentiu a
dor da perda, e isso me fez voltar à estaca zero.
Será que ela realmente merece um homem com um passado como o
meu?
Eu mesmo não entendo os meus sentimentos.
Eu a observei dia após dia, a vi chorar até pegar no sono, e quando
acordava chorava de novo. Via Tyler levando comida pra ela, a carregando
no colo e a colocando na cama. Vi Callie tentando animá-la sem sucesso,
mas com o passar dos dias ela foi aos poucos se recuperando e voltando ao
normal.
Mas tudo o que podia fazer era observar de longe, sem interferir,
afinal ainda não era o momento.
Pego meu notebook e abro o programa que desenvolvi apenas para
ela. Quando o coloco para funcionar, tenho acesso a todas as câmeras que
estão espalhas pela casa.
— Onde você está, Ratinha? — Vou procurando cômodo por
cômodo e nada.
Quando passo pela garagem, vejo um carro ao lado do dela e no
mesmo instante investigo a placa para saber a quem o carro pertence e...
— Mas que merda! — Bato na minha mesa com força. — Aline
Jones, espero que não esteja fazendo nada de errado. — Volto a procurá-la
pela casa até que acho na cozinha.
Deus, vou trancar essa menina em casa e vou matar esse desgraçado
que está a abraçando por trás enquanto ela lava a louça.
Eu ligo o áudio da câmera para escutar tudo o que os dois
conversam e falto cair da cadeira já na primeira frase.
— Quando nos casarmos, você não vai precisar cozinhar.
Ela sorri do que o futuro morto diz.
— Eu gosto de cozinhar, o papai até tentou me convencer a contratar
uma cozinheira, mas eu não aceitei. Consigo sobreviver sozinha. Acho que
puxei para a mamãe nisso, mas ela é terrível na cozinha.
O cretino gargalha.
— Preciso provar a comida da minha sogrinha, então.
Aline se vira para ele e o beija. Ela beija outro homem na boca e ele
aperta a bunda dela, a bunda que eu apertei.
— Para de dizer que vamos nos casar, isso não tem graça. — Ela se
vira novamente para a pia e quando vai voltar a lavar as louças, o infeliz a
parar.
— Me dê um motivo para isso não acontecer. Já tínhamos
conversado sobre isso naquele dia no hotel.
Eu acho que naquele dia eu bati pouco nele.
— Você estava bêbado, Nicolas, e não quero me casar, não agora.
— Você tem que esquecer o Ethan para poder viver feliz. Ele não te
ama e não mereceu nenhuma das lágrimas que você derramou por ele.
— Você também não me ama.
Ele a puxa pela cintura.
— Eu te respeito e jamais faria você chorar. Eu já até providenciei
aquele anel de noivado que você queria e os brincos de safira.
Aline gargalha do que ele diz.
— Nossa, a tentação é muito grande, mas vamos jantar primeiro,
depois eu te dou um não como resposta. — Ela fica na ponta dos pés e o
beija novamente.
O idiota a abraça forte, mas aí percebo uma coisa.
Dou um zoom na câmera e constato o que eu mais temia, a
desgraçada está vestida em um shortinho de malha sem calcinha.
— Você é gostosa, sabia? Por que nos dois nunca tínhamos ficado
mesmo?
Aline sorri.
— Porque eu era uma iludida, sendo fiel a um homem que nem
mesmo era meu.
Mais um tapa na minha cara.
— Ah, sim, o famoso idiota, Ethan Parker. Fico feliz que finalmente
tenha se livrado desse compromisso ridículo.
Ela respira fundo.
— Eu também fico, já passei pela fossa dos primeiros dias, mas
agora já estou bem e vida que segue.
— Quer dormir no meu apartamento? A gente pode continuar o que
começamos na sala. — Ele beija o pescoço dela.
— Não mesmo, eu vou dormir sozinha na minha cama e você vai
para o seu apartamento.
— Nossa que namorada malvada.
Namorada!?
Mas que porra, Aline pensa que está fazendo?
— Se decida, você quer namorar ou se casar comigo? — ela
pergunta sorrindo.
— Os dois pode ser? Estou cem por cento disponível.
— Não, podemos continuar assim como estamos, ficamos só nos
beijinhos e amassos sem compromisso nenhum. Eu acabei de sair de um
compromisso da vida inteira e quero distância disso agora.
— Ponto pra você. Eu entendo o que quis dizer, vamos apenas ficar
então.
— Melhor assim. — Ela concorda e ele se senta na cabeceira da
mesa, como se fosse o dono da casa e ela o serve.
Eu não fazia ideia de que Aline sabia cozinhar.
— Como está a galeria de arte?
Ela sorri para ele, feliz com a pergunta que o cretino faz.
O idiota sabe fazer exatamente as perguntas certas.
— Está indo tudo ótimo e nunca estive tão feliz na minha vida
inteira. Acredita que a mamãe vai permitir que eu finalmente crie a minha
primeira coleção? Eu nem terminei a minha especialização ainda, então esse
é um grande passo, mostra que a minha mãe confia em mim.
— E, por que ela não confiaria, Aline? Você é perfeita, sempre fez
tudo direito, merece essa confiança e muito mais do que isso.
— Eu era insegura e não...
— O seu relacionamento com o Ethan te deixava insegura. Na sua
cabeça por ele não te querer, te fazia pensar que não era boa o suficiente e
isso te deixava insegura em relação às outras coisas, sempre achando que
merecia...
— Eu entendi, não precisa continuar.
— Que bom que entendeu. Se não tirou esse homem do seu coração
trate de tirar o mais rápido possível, estou falando isso como seu amigo. Em
primeiro lugar sempre vou ser seu amigo e no dia em que eu passar dos
limites com as minhas brincadeiras, fale.
Ela se aproxima dele e se senta em seu colo passando as mãos pelo
pescoço dele.
— Acho que vou dormir no seu apartamento. Vamos jantar primeiro
e depois vamos.
Ele aperta a cintura dela.
— Aline... Tem certeza disso? Sabe que no meu apartamento não
vamos ficar apenas nos beijos e amassos.
Ela respira fundo e o encara.
— Eu sei.
Mas nem fodendo que isso vai acontecer.
Nunca!
Foi você quem pediu, Nicolas, não vou pegar leve.
CAPÍTULO 42
ALINE JONES
Meus primeiros dias em Nova York não foram muito fáceis, mas eu
sobrevivi e não morri de fome graças ao Tyler e a Callie.
Eles se mostraram ser bons amigos e hoje estou bem, bem ao ponto
de ter me agarrado ao Nicolas quando o encontrei na galeria de arte.
Ele veio até Nova York em uma viagem de negócios e foi me ver,
então como é ele um safado, foi logo querendo me agarrar, já que sabia que
não existia mais compromisso entre Ethan e eu.
Aceitei ficar com ele e viemos para na minha casa.
Eu queria me testar, saber se conseguiria ficar com outro homem e
até o momento tudo ocorria para que isso acontecesse.
Nós dois meio que já aquecemos no sofá da minha sala e logo
depois do jantar que eu preparei, vamos terminar o que começamos no
apartamento dele.
— Sua comida é deliciosa — ele diz limpando os lábios no
guardanapo.
— Obrigada pelo elogio, senhor.
— De nada, minha senhora. Vou te ajudar com as louças e podemos
ir.
Sinto o meu coração acelerar em ansiedade do que vai acontecer,
mas eu vou até o fim.
— Não precisa, eu lavo rapidinho, são apenas dois pratos.
— Então eu lavo, você já cozinhou. — Ele se levanta da mesa,
pegando o meu prato e levando para a pia.
Por que não consigo me apaixonar por ele?
Seria tão mais fácil, ele vive me pedindo em casamento e mesmo
dizendo que é apenas brincadeira, bem, no fundo, eu sei que tem uma pitada
de verdade, afinal a família dele o pressiona com esse assunto.
— Por que está me olhando assim?
— Você já se apaixonou alguma vez? — Sou direta.
— Porra! Certeira feito uma bala.
— Responde logo.
— Sabe que sim. Mas não quero falar disso, assim como sei que
você não quer dizer do falecido.
Acabo sorrindo.
— O falecido que está falando é o Ethan?
Ele sorri também.
— Ele mesmo, Ethan, o falecido.
Eu gargalho alto, pois Nicolas sabe como me divertir.
— Gosto de como sorri.
— Você é demais, sempre me faz sorrir.
Ele volta a atenção para a louça, mas logo para, enxuga as mãos e
tira o celular do bolso, mas a cara dele não é muito boa.
— O que foi, Nicolas?
— Porra, isso não é nada bom. Droga! — Ele parece estar nervoso.
— O que foi, Nicolas? Por Deus, diz de uma vez.
— Porra, a minha empresa foi hackeada e a merda da notícia já se
espalhou fazendo as ações caírem, isso é a porra de uma boa dor de cabeça.
Deus, fico chocada com isso, afinal sei o quanto as ações em queda
pode prejudicar uma empresa, ainda mais no ramo que é a empresa da
família dele.
— Mas é de noite, como isso pode ter acontecido, o mercado de
ações...
— Isso não tem hora para acontecer, Aline. Desculpa, mas eu tenho
que ir, a gente termina o que começamos depois. — Ele vem até mim e me
beija.
— Claro, não se preocupe com isso, nos falamos depois.
Ele pega as chaves do carro dele, o terno e sai indo para a garagem.
Quando passa pela porta, vejo que a carteira dele ficou em cima do
sofá, então pego e saio correndo, indo atrás dele, mas quando me aproximo
da garagem, escuto uma coisa que me deixa paralisada, então me escondo
no cantinho.
— O senhor Parker mandou seus cumprimentos. Fique longe da
senhorita Jones.
Nicolas sorri e balança a cabeça como se não acreditasse no que
escuta e ainda não entendo bem o que está acontecendo.
— É claro, isso é coisa dele, só pode ser ele.
— O recado foi dado. Na próxima vez o meu chefe não será tão
benevolente.
— O seu chefe é um filho da puta, desgraçado.
O segurança sorri e logo depois dá um soco no Nicolas, tanto que eu
me assusto.
— Filho da puta! Ela não é a senhora Parker, é uma dama
respeitável.
— Agora um desgraçado o meu chefe é e, com toda certeza, ele
gosta de ser um. Você sabe muito bem o poder que ele tem nas mãos para
entender o recado que foi dado.
Eu vou matar o Ethan, vou acabar com ele.
Aquele infeliz infiltrou alguém na minha segurança.
— Nicolas, sua carteira. — Saio do canto, indo até eles como se
estivesse chegando naquele momento.
— Obrigado. — Ele pega a carteira da minha mão e mal me olha.
— Nicolas...
— Entre na casa e tenha cuidado, Aline. Você está sendo vigiada
pelo falecido, depois conversamos. — Ele entra no carro e sai, então volto a
minha atenção para o traidor a minha frente.
— A senhorita deseja alguma coisa?
Vou começar por esse aqui.
— Tem uma barata bem no meio da sala, acredita nisso? Quero que
vá matá-la.
Ele me encara como se eu fosse louca.
— Uma barata!?
— É, uma baratona, daquelas que voam. Vá matar a desgraçada
agora mesmo. Não me diga que tem medo de baratas.
— Não senhorita, vamos lá. — Ele passa na minha frente, então
entro na garagem e pego o que preciso.
Uma corda bem grande, uma fita poderosa que arranca a pele se for
puxada de uma vez e um alicate para o último caso.
O tio Oliver me ensinou umas coisinhas interessantes para a minha
proteção, entre elas, amarrar um garoto que quisesse brincar de médico
comigo e chutar o saco.
Entro na sala e vejo o traidor abaixado, procurando a barata. Pego o
abajur, me aproximo dele com cuidado e o acerto com tudo na cabeça, o
que faz o homem cair tonto. Eu aproveito esse momento e coloco o método
Oliver em ação.
Tio Oliver vai ficar orgulhoso de mim, e de quebra ainda vou ganhar
uma viagem com certeza.
— Abre o bico, está aqui a mando de quem? Do Ethan ou do Dylan?
— pergunto, mas já sei a resposta.
— O que está fazendo, senhorita? E como sabe fazer esse nó?
— Resposta errada. E eu sei fazer muito mais do que isso, por isso
me chamam de Aline pimenta Jones. Agora diz quem infiltrou você aqui? E
nem adianta que não vai conseguir se soltar. — Eu pego a fita e a abro de
uma vez bem na cara dele que engole em seco.
— A senhorita deve estar enganada.
— Resposta errada de novo. — Coloco um pedaço grande da fita na
boca bigoduda dele. — Isso vai doer quando eu puxar, mas antes disso eu
vou refrescar você. — Eu me levanto.
Ele começa a se debater no chão da sala, então como sou
misericordiosa vou até ele e o ajudo a se sentar no chão com as costas
apoiadas no sofá.
— Olha, vamos fazer um acordo. Você me diz o que eu quero saber
e nada vai acontecer, no máximo vai perder o bigode, e isso é bom porque
bigode está totalmente fora de moda. Você até que é bonitinho e acho que
dá até um caldinho. Agora, se não dizer...
O homem balança a cabeça e puxo a fita de uma vez. Ele grita, já
que sai o bigode com tudo.
— Haaaa... Sua peste.
— Olha, vejo que sabe o meu apelido.
— Me desamarre, menina, agora mesmo.
— Não e não. Vai ficar aí amarrado até me dizer o que eu quero
saber, apesar da resposta ser óbvia. Mas eu quero escutar da sua boca. Vai
ser vergonhoso os seus colegas saberem que te derrubei e te amarrei desse
jeito, então responda o que eu quero saber. Quem te mandou aqui? Quem te
infiltrou na minha equipe? Eu quero gravar a sua confissão para fazer o
filho da mãe engolir o celular.
— Está louca, garota? Eu sou da equipe do seu pai, foi ele quem me
mandou.
Olho bem para a cara dele e nunca o tinha visto antes. Eu não sou
louca, conheço todos os seguranças do meu pai, todos comem na minha
mão e esse eu nunca tinha visto. Então, pego a fita de novo e a abro bem na
frente dele de novo.
— Você não vai... Hummmm...
— Resposta errada de novo. Vamos ver quanto tempo você vai
durar. — Dessa vez eu capricho no tamanho da fita, então me aproximo do
ouvido dele e sussurro: — Já ouviu dizer que gelo queima? Eu tenho um
montão de gelo ali. — Olho para a cara dele que me olha sem acreditar no
que eu falei. — Você vai falar... Ah, mas vai. E aí depois eu vou fazer uma
viagem rápida a Califórnia para ver os meus pais, pegar uns materiais que
esqueci de trazer e fazer uma visita ao falecido.
CAPÍTULO 43
ALINE JONES
Esse segurança é durão, por isso vou ter que aumentar o nível da
tortura.
Para que eu consiga fazer isso nada melhor do que recorrer a um
especialista, então pego o celular e faço uma ligação sob o olhar atento do
segurança amarrado no chão.
— Querida!
Sorrio ao escutar a voz do tio Oliver que é o melhor amigo da minha
mãe e disputou o posto de padrinho, mas perdeu para o meu padrinho,
Colin.
— Tio Oliver.
Quando digo o nome do meu tio, o segurança arregala os olhos.
Certamente, ele conhece Oliver Thompson, afinal quem não
conhece?
— Como está, querida, precisa de alguma coisa?
— Preciso sim, tio. Preciso saber como eu faço um segurança
traidor abrir o bico.
O segurança a minha frente parece ficar nervoso pela primeira vez.
— Aline Jones! O que você fez? — Ele muda o tom de voz, mas
comigo não cola.
— Eu não fiz nada, tio, quem fez foi ele.
— Aline!
— Ele é um infiltrado, tio, um traidor e mesmo eu já sabendo da
verdade, preciso da confissão.
Ele respira fundo do outro lado da linha e depois diz:
— Deus, você chega a ser pior do que a sua madrinha. Como o
homem está?
— Amarrado como o senhor me ensinou.
Ele sorri.
— Essa é a minha garota. Agora o que ele fez para você estar desse
jeito?
— Ele é do time inimigo, tio, um infiltrado na minha equipe de
segurança.
— Ethan Parker!
— Exatamente.
— Como ele conseguiu infiltrar um segurança na sua equipe? Isso é
impossível.
— É isso que eu quero saber.
— Qual método está usando?
Agora sim, a conversa está ficando boa.
— A do gelo.
Ele sorri.
— Gelo, Aline!? Eu achei que tinha te ensinado melhor. Gelo é
coisa de amador. Esse homem é treinado por Ethan Parker e tenho que
admitir que aquele moleque é bom, bom demais.
— Mas, tio...
— Não tem nenhum alicate por aí não?
— Tenho, mas eu não sei se teria coragem, tio.
— A Callie teve.
Caramba, ela fez mesmo isso!
Um cara passou a mão nela, então ela foi lá e decepou a mão do
homem com a ajuda do gostosão do chefe dos seguranças do tio Oliver.
— Eu não vou arrancar a mão dele, tio.
— Arranque os dedos então.
— Tio...
— Você quer que ele fale ou não?
— Quero, mas a mamãe vai ter um ataque se eu sujar o tapete caro
dela de sangue. — Olho para o segurança e ele já está quase chorando.
Será que ele tá com medo?
— Verdade, a sua mãe gosta dessas coisas. Vamos fazer uma pressão
psicológica nele, talvez funcione, coloca o celular no viva voz.
Faço o que ele manda.
— Pronto, tio.
— Tem maçarico aí?
Eu faço esforço para não sorrir da cara que o segurança faz.
— Tenho, na cozinha.
— Pois bem, pegue o alicate, corte o dedo dele e cauterize com a
chama máxima do maçarico.
— Não é muito duro partir o osso? Com a faca não seria melhor?
— Vai na juntinha do dedo dele, você não vai nem fazer força. Mas
pode pegar a tesoura de poda do jardim também, aí você corta logo é a mão
de uma vez e passa na frente da Callie. A cauterização com o maçarico vai
te dar pontos que ela não teve.
Eu acabo sorrindo, mas é da cara do segurança.
— Eu consigo fazer isso, tio. O senhor é o melhor...
— Hummm...
— É com você agora, querida.
— Obrigada, tio.
— Estou sempre aqui para você, querida. Se não conseguir arrancar
o que quer ouvir com isso, me ligue novamente que tenho alguns homens aí
em Nova York que pode finalizar o serviço para você.
Olho para o segurança e ele balança a cabeça.
— Qualquer coisa eu ligo, tio. — Me despeço dele e desligo a
ligação.
— Hummm... — O segurança se sacode todo.
— Vai dizer ou não? Eu vou arrancar a sua mão e se mesmo assim
não dizer, ligo para o meu tio de novo. Você deve conhecer a fama de
Oliver Thompson e sabe que ele nunca brinca.
Ele balança a cabeça.
— Eu vou tirar a fita e você diz, ou já sabe o que vai acontecer.
Ele balança a cabeça novamente e eu puxo a fita. Dessa vez, vem o
que sobrou do bigode e algo mais.
Tadinho, a pele da boca dele veio junto.
Mas do que é feito essa fita?
Vou pesquisar sobre ela depois, talvez eu possa usar no falecido.
— Haaaa... Sua vadia desgraçada!
Eu o encaro e a minha vontade é de fazer exatamente o que o tio
Oliver mandou.
— Abre o bico que eu já estou sem paciência. Não vou perguntar de
novo, diz logo porra.
Ele respira fundo, deve estar sentindo dor.
— Eu sou um dos homens de Ethan Parker. Ele me mandou aqui
para cuidar da senhorita.
Eu pego a fita e a abro de novo na frente dele.
— Não, não, não... Eu vou dizer tudo.
— Assim é melhor.
— Ele me mandou para ficar de olho na senhorita.
Eu vou matar o Ethan.
— O que mais? Porque eu sei que tem mais coisas, eu conheço o
Ethan e ele não ia ficar só com a sua palavra.
Ele balança a cabeça.
— Câmeras!
— O quê!? — Eu não acredito.
— A equipe do seu pai fez uma vistoria na casa antes da senhorita
chegar e estava tudo limpo. Depois que fizeram uma varredura e não
encontraram nada suspeito, deram o sinal de okay. A senhorita foi
autorizada a viajar, então eu vim junto como um segurança recém-
contratado. O senhor Parker e o senhor Jones são amigos, não foi difícil eu
me infiltrar e o senhor Ethan tem muitas cartas na manga.
— Continue.
— Quando a senhorita chegou, entrei na casa e...
— Nem precisa terminar, já entendi.
— Estou apenas seguindo ordens e agora estou muito fodido por ter
entregado tudo. Mas a senhorita é louca. E eu achando que Amaya dava
trabalho, ela é uma santa perto da senhorita.
Parece que ele não conhece a Amaya direito, mais isso é história
para outra hora.
— O Ethan não vai fazer nada com você.
— Ele vai sim, pode ter certeza disso.
— Ele não vai não, porque mortos não fazem nada e eu vou matá-lo.
— A senhorita não pode com ele.
— Vamos ver se eu posso ou não. Aquele desgraçado! Ergui a
bandeira branca e ele faz isso. Você vai fazer parte dos meus homens agora.
— Como é que é? — ele pergunta sem entender.
— Fique do meu lado e nada acontecerá com você. Vou falar com o
meu irmão e você fará parte oficialmente da minha equipe de segurança,
não vai voltar para o Ethan. Eu sou muito melhor do que ele, garanto.
Ele fica me olhando por uns segundos e diz:
— Quer saber onde estão as câmeras?
Eu sorrio.
— Isso é um sim!? Não tente me trair ou te jogo nas mãos de Oliver
Thompson.
— Eu jamais faria isso, a senhorita com certeza é mais benevolente
do que o chefe.
— Eu sou a sua chefe agora.
— Tudo bem, chefe. Agora me desamarre que digo onde estão as
câmeras.
— Vou te desamarrar, mas as câmeras ficam para depois. Não era
um show que o Ethan queria? Pois, é um show de nudismo que ele vai ter.
Aquele idiota vai dormir de pau duro hoje. Isso mesmo que escutou,
Ethan... Eu trouxe o meu Bullet, SABIA, IDIOTA? — grito porque tenho
quase certeza de que ele está vendo tudo isso. — Ele escutou e viu? —
pergunto para o segurança quando estou o desamarrando só para ter certeza.
— Com certeza, chefa.
— Onde elas estão? — pergunto me referindo as câmeras.
— Em todos os cômodos da casa, exceto nos banheiros e nos
closets.
Pelo menos isso.
— Vai cuidar dessa sua boca pelada. Foi mal, mas você me obrigou.
Ele se levanta e antes de sair, o chamo de novo:
— Espere!
— Sim?
— O que ele fez com o Nicolas?
— Não se preocupe, foi só um susto para que ele fosse embora
daqui. Ele vai ficar bem.
Balanço a cabeça e depois ele sai da sala, me jogo no sofá pensando
em tudo.
Então começo a falar alto, porque sei que ele pode escutar.
— Por quê, Ethan? Poque diabos está fazendo isso? Porra, não era
isso que você sempre quis? Estamos livres, então cuide da sua vida. Você
não me ama e nunca amou, então me deixa em paz de uma vez por todas.
Eu me assusto com uma notificação de mensagem no meu celular,
então quando eu desbloqueio o aparelho, vejo uma mensagem dele.
“Não consigo.”
— Pois, trate de conseguir e não se meta na minha vida, Ethan.
Acabou... ACABOUUUUUU! — grito a última parte bem alto.
“Só acaba quando eu decidir que acaba.”
— Mas que cretino, filho da mãe! Eu vou te matar sufocado, Ethan,
para que morra devagarinho, seu desgraçado.
Meu celular toca de novo.
“Eu sei uma ótima maneira de você me matar sufocado, é só
sentar na minha cara.”
Eu arregalo os olhos, sem acreditar no que acabei de ler.
— Mas que sem-vergonha! Não pode ter esses tipos de pensamentos
comigo, Ethan Parker. Você é um cretino.
Meu celular toca novamente.
“Eu tenho todos os tipos de pensamentos impróprios com você.
Não queria ser minha?
Não era isso que sempre quis?
Pois bem, conseguiu o que queria, Ratinha, estou de olho em
você.”
Meu coração bate acelerado no peito, mas é de raiva.
Sinto muito, senhora Parker, a senhora vai perder um filho, porque
eu vou para a Califórnia destruir o mundo na cabeça dele.
Eu me levanto do sofá de uma vez e tiro a blusa. Vou provocar esse
idiota a um ponto que ele não vai suportar me vigiar.
— Não era isso que queria, Ethanzinho? Ficar de olho em mim?
Divirta-se então, vamos ver se aguenta.
Eu começo a arrumar a minha bagunça de sutiã e micro short,
deixando bem evidente que estou sem calcinha.
Eu coloco uma música alta e começo a dançar, rebolando e
arrumando tudo.
O meu celular não para de tocar e chegar notificações de
mensagens.
— Que porra é essa, Aline? Está surda?
Eu me assusto com Callie entrando na sala, abaixando o som.
— Dá um oi para o Ethanzinho.
— O quê? Enlouqueceu de vez?
— Ele infiltrou um segurança na minha equipe e encheu a casa de
câmeras.
Ela abre a boca e me encara.
— Está de brincadeira comigo?
— Não mesmo, o que me consola é que ele me viu no maior amasso
com o Nicolas no sofá da sala. BEM FEITO, IDIOTA! — grito à última
parte.
— Mas, por que ele faria isso?
— É o que eu também quero saber. Amanhã vou para casa e vou
destruir o mundo na cabeça dele. ESCUTOU, ETHAN? VOU DESTRUIR
O MUNDO NA SUA CABEÇA.
Callie sorri e vem até mim.
— Vamos juntas então. Eu vim te dizer justamente isso, amanhã à
tarde vou para casa também, mas só vamos chegar a noite.
— Não tem problema, dá tempo de arrumar algumas coisas na
galeria antes de irmos então.
— Combinado. Vai dormir aqui ou quer ir dormir comigo? Ou
podemos ir tirar o Tyler do sério. Estou entediada hoje.
— Fico com a terceira opção, vou só trocar de roupa e saímos.
— Te espero aqui.
Eu vou para o meu quarto e quando estou prestes a entrar no closet,
me lembro do idiota, então pego uma roupa e faço questão de me trocar no
quarto.
Ele já viu tudo o que tinha de ver mesmo, o máximo que vai
acontecer é ficar excitado, vendo o corpinho que nunca mais vai ter.
CAPÍTULO 44
ETHAN PARKER
Excitado!
Foi assim que fiquei quando vi a minha Ratinha sendo uma menina
má.
Aquela desgraçada me surpreende cada vez mais.
Ela foi capaz de derrubar um homem extremamente treinado por
mim, usando o golpe mais velho do mundo e depois ainda levou o infeliz
para o lado dela.
Um gênio, é isso que ela é.
Quem resiste a uma mulher pedindo para matar uma barata?
Ninguém.
E para esse tipo de situação os meus homens não são treinados.
Então, ela foi lá de deu um verdadeiro show de pressão psicológica.
Simplesmente a mulher, mais perfeita do mundo.
Agora, estou aqui no meu apartamento, esperando por ela.
Eu sei que ela está vindo, sei cada passo que ela dá, estou a
rastreando pelo celular e sei que o avião do Oliver já pousou com ela e
Callie.
Estou preparado para tudo o que vai vir dela, até um jantarzinho eu
preparei com um bom vinho.
Ela vai chegar aqui feroz como um pinscher, mas agora eu já sei
como acalmá-la, porque mapeei em uma noite cada parte de prazer do seu
corpo, partes de prazer que nem mesmo ela sabe que possui.
Agora, estou na cozinha, Duke e Lester estão na sala e preciso
prendê-los antes que Aline chegue no apartamento.
Eles não a conhecem e são cães ferozes, dois rottweiler monstros
que podem machucá-la, caso eles achem que ela é uma ameaça.
Com esse pensamento, termino de arrumar a cozinha e vou para a
sala, mas quando chego lá...
— Mas que porra é essa? — pergunto olhando para a mulher
ajoelhada no chão, sendo lambida pelos meus cães como se ela fosse uma
deusa da raça canina.
Eles são rottweiler ferozes, por isso a minha mãe os odeia.
— Olá, Ethanzinho. Achava mesmo que os colocando na sua sala
iria impedir que eu fosse entrar aqui?
Eu realmente achei, mas ela está calma demais.
Não vou provocá-la que pode ativar o modo pinscher e sair do modo
Ratinha.
— Aline, eles podem te machucar. Olha o tamanho deles e olha o
seu tamanho, querida. Levante-se e afaste-se com cuidado, sem fazer muito
movimento.
Ela me olha cerrado e se levanta de uma vez, fazendo o meu coração
acelerar.
Aline parece não temer o perigo que está correndo.
— Duke e Lester, do lado da mamãe.
Os dois traidores se sentam do lado dela e acabo sorrindo, porque só
pode ser brincadeira isso.
Primero o meu segurança e agora os meus cães.
— Qual vai ser o próximo passo agora? Colocá-los contra mim.
Ela sorri e passa as mãos nos dois traidores.
— Duke, Lester, vão para a cozinha, meus queridos, podem
começar a destruição por lá que a mamãe começa por aqui.
Como se realmente entendessem o que ela diz, os dois vão para a
cozinha correndo.
— Aline o que... Ficou louca!?
Ela nem me deixa falar e joga um vaso caríssimo em mim, que por
pouco não me acerta.
— Segurança! — Pega o abajur que é uma antiguidade rara, pois
gosto dessas coisas.
— Não, Aline, é uma antiguidade que...
Ela joga em mim, mas não consigo segurar e cai no chão, se
quebrando.
— Segurança infiltrado, Ethan! — Ela começa a pegar tudo o que
consegue quebrar e joga em mim.
Graças a Deus tenho bons reflexos ou ela já tinha me acertado.
— Aline, para com isso.
— Eu ainda nem comecei, cretino.
Ela é uma máquina destruidora.
— Aline, não! Esse quadro foi a sua mãe que me deu de presente de
aniversário uns anos atrás.
Ela olha para o quadro na parede sem piscar. Esse quadro estava no
meu escritório e só ontem o trouxe para cá.
— A mamãe te deu essa tela? — ela pergunta com a voz baixa e
triste.
— Foi ela sim. Você pode quebrar o que quiser dentro desse
apartamento, menos o presente que a sua mãe me deu.
Ela balança a cabeça e tira a tela da parede.
— Você sabe quem pintou essa tela?
Mas que pergunta é essa agora?
— Sua mãe muito provavelmente.
Ela se vira na minha direção e vem até mim, com o quadro nas
mãos.
— Observe a assinatura, a porra da assinatura escondida nesse
canto.
Olho para onde ela aponta e...
Porra, eu nunca tinha prestado atenção nesse pequeno detalhe.
— Foi você quem fez.
— Fiz esse quadro pra você, próximo do meu aniversário de dezoito
anos. Eu nem tinha entrado na faculdade ainda, mas eu já sabia de tudo o
que precisava para criar uma tela dessas. A minha mãe assim que percebeu
o meu talento para a arte começou a me ensinar, por isso fui a primeira da
minha turma e me formei com honras na faculdade. Na minha cabeça, você
iria formalizar as coisas assim que eu fizesse aniversário, então eu te daria
essa tela como presente de noivado. Como isso não aconteceu, dei a tela
para a mamãe jogar fora, pois não queria mais vê-la na minha frente.
Eu sou um filho da puta muito cretino mesmo.
— Não, você não vai destruir essa tela.
Eu tomo da mão dela assim que ela tenta forçar para quebrar, e isso
a deixa mais furiosa e fora de controle.
— Você destruiu a minha vida. Eu te amei demais, desgraçado.
Amei por muitos anos e você não deu a mínima para os meus sentimentos...
Aline vai até a minha televisão de setenta e cinco polegadas e a joga
no chão.
Tudo o que faço, é proteger a tela dentro de um armário.
— Eu fiz o que você não teve coragem de fazer. Dei um jeito de
acabar com o nosso compromisso e depois fui embora levantando a
bandeira branca, Ethan. Eu queria paz, eu te dei a liberdade, eu me libertei
de você.
— Aline, porra! — Eu me aproximo, mas ela não permite que eu me
aproxime e vira a mesa de vidro no chão.
— Eu vou te matar, seu desgraçado! Mandou colocar câmeras na
minha casa, se divertiu vendo o Nicolas excitado passando a mão no meu
corpo, no corpo virgem que você comeu?
Agora ela me deixou puto, porque a porra do corpo dela me pertence
agora.
***
ALINE JONES
Eu me arrependo do que digo quando vejo a cara que o Ethan faz.
É como se ele quisesse me matar e isso me assusta.
Quando ele vem na minha direção, tento fugir dele, afinal já quebrei
tudo mesmo, é hora de ir embora.
— Nem pense que vai fugir de mim, Ratinha. — Ele consegue me
pegar assim que começo a correr, me agarrando pela cintura.
— Me solta. O que vai fazer, seu monstro?
— Que bom que sabe que eu sou um monstro. Já deveria saber que
não pode me provocar, Aline. Você tem o dom de me fazer perder a
paciência, porra.
— Ahhhh... Me solta, Ethan!
Ele me segura com força, me prendendo entre o aparador e o
espelho que tem em uma das paredes da sala.
— Vou te ensinar uma lição para que saiba a quem pertence a porra
do seu corpo. Eu acho que não deixei bem claro da última vez.
Meu corpo todo se agita e respiro fundo, porque adorei o que ele fez
da última vez, resultando nele dentro de mim, me fazendo ver estrelas.
Gostei da visão de nós dois no espelho, do contraste de tamanhos.
Então, Ethan sorri, erguendo a minha blusa.
— Olhos no espelho. — Beija meu pescoço, esfregando o rosto
devagar.
Esqueço o meu nome, totalmente presa nos braços dele.
— Vai gozar olhando para mim.
Deus, ele é rápido demais com as palavras e me deixa desnorteada.
— As coisas vão funcionar assim agora, Aline, suas ações terão uma
reação. E pela maneira como você gosta de aprontar, vou acabar gostando
de te corrigir, vai ser prazeroso. — Ele sorri e me encara.
Como estou com uma calça folgada, é fácil dele enfiar a mão dentro
da minha calcinha, com os dedos já acariciando meu clitóris.
— Ethan. — Respiro fundo, buscando uma concentração, mas está
difícil.
Só que não vou permitir que ele pense que estou cedendo fácil.
— Eu não me importo, pode me tocar onde quiser. Meu corpo vai
apenas reagir aos estímulos que você está provocando.
Ele não gosta do que escuta, percebo isso pela maneira que ele me
olha através do espelho e pela pressão que faz no meu clitóris, me fazendo
desviar o olhar.
— Olhos no espelho!
Obedeço com a vergonha queimando meu rosto, enquanto fico mais
excitada.
Ethan sorri de lado, os olhos brilhando com intenções perversas
enquanto massageia meu clitóris. Em seguida, começa a brincar com meus
mamilos por cima da blusa.
— Por favor. Não dá, para… Ficar olhando, eu quero... — Respiro
fundo, me recostando nele.
Ele empurra um dedo dentro de mim, arrancando um gemido dos
meus lábios.
— Dá, sim. — Ethan se afasta um pouco, abaixa minha calça e
rasga minha calcinha de novo.
Desgraçado!
Na hora, minhas pernas bambeiam e a respiração acelera, enquanto
sinto a umidade escorrendo entre as minhas coxas.
É vergonhoso e delicioso, ao mesmo tempo.
Esse infeliz sabe muito bem o que está fazendo.
— Você vai aprender o que é prazer. Eu vou te mostrar e o seu corpo
nunca mais vai querer outro homem que não seja eu. Agora, olhos no
espelho.
Mordo o lábio quando ele beija meu pescoço, me arrepiando inteira,
enquanto suas mãos serpenteiam pelo meu corpo.
Ethan acaricia minha intimidade, brincando superficialmente, sem
intenção de ir mais fundo.
— Abre mais as pernas para mim — sussurra e eu quase gozo. —
Isso, agora sente como vai ser gostoso gozar assim, Ratinha.
— Ethan…
— Vamos começar o seu castigo por ter permitido que outro homem
tocasse no que me pertence. — Ele me penetra com os dedos, atingindo
aquele ponto que me faz ver estrelas. — Vamos começar assim, devagar, e,
por favor, não grite. Não quero que os cães se assustem com os seus
gemidos.
Mordo o lábio, engolindo o grito quando ele pressiona o local outra
vez.
— Isso, bem assim, boa garota — incentiva, fodendo devagar,
entrando e saindo, me enlouquecendo. — Imagine quando eu estiver com o
meu pau todo enterrado aqui.
Minhas paredes internas contraem.
— Isso, me aperta, gostosa.
— Mais rápido — digo sem nem mesmo pensar direito, pois tudo o
que quero no momento é gozar na mão dele.
Ethan sorri satisfeito com a minha entrega e faz como eu pedi,
enquanto aperta meus seios com a mão livre, então beija e chupa o meu
pescoço.
De repente, sou virada para outra direção.
Ethan me senta no aparador, então se ajoelha na minha frente, agarra
minhas coxas, colocando-as em seus ombros e se aproxima.
Ele me expõe e, sem aviso, chupa meu clitóris, me fazendo gritar de
prazer.
Jogo a cabeça para trás quando ele começa a me chupar de novo e
de novo.
O prazer vai me consumindo rápido.
Ele me penetra com um dedo, sincronizando a chupada com o
movimento dele.
Solto um gemido alto, agarrando seu cabelo.
Estou perto de gozar, quando ele pressiona aquele ponto dentro de
mim e me fode mais forte.
— Ethan… — Mordo o lábio com força, quando o prazer dispara
por meu corpo.
Sinto algo explodir dentro de mim e gozo que nem uma louca,
desesperada por um orgasmo.
Porra, ele era muito bom nisso.
— Eu conheço o seu corpo, sei tudo que pode me dar. — Ele sorri
com os olhos acesos de calor e luxúria.
Preciso assumir o controle outra vez, então começo a respirar fundo
para clarear as ideias.
Ele me olha como um animal faminto, doido para foder até o dia
amanhecer com a presa.
E a presa está mais do que disposta a ser devorada...
Não, não posso ceder, ele vai dormir de pau duro para me pagar toda
a raiva que me fez.
— Obrigada, Ethanzinho! — Eu o empurrei e ele me olha sem
entender muito bem o que está acontecendo.
— Você é muito bom com a língua e os dedos. — Eu me abaixo
ainda tonta e levanto as calças.
Deus que situação, preciso ser rápida e aproveitar que ele parece
estar sem saber o que fazer.
— O quê? Acha mesmo que vai embora.
Eu me afasto rápido do predador, pego a bolsa e a abro.
— Pega aqui, cem dólares pelo serviço de hoje. É muito mais do que
merece. Adeus. — Corro para porta que sei que está aberta.
— Eu vou te pegar, Aline...
— Me avise antes de fazer isso, pois, às vezes, ando sem dinheiro. A
não ser que você aceite cartão de crédito.
Quando ele vem na minha direção eu corro de novo.
— Eu vou te pegar, infeliz.
— Me esqueça, Ethan, vai atrás de outra trouxa, que essa aqui não
está mais disponível. Fique longe de mim ou da próxima vez não vai ser só
o seu apartamento que eu vou quebrar.
Ele para e nos encaramos por uns segundos, então viro as costas e
vou embora sentindo o meio das minhas pernas meladas, já que estou sem
calcinha.
Nossas contas de hoje foram acertadas e espero não ter que passar
por isso de novo.
CAPÍTULO 45
ETHAN PARKER
Fico parado no meio da minha sala destruída, olhando Aline ir
embora, me sentindo tonto.
Só não sei se é de raiva ou é de tesão acumulado.
Desgraçada, me deixou literalmente de pau duro e foi embora.
Ainda teve coragem de me dar cem dólares como se eu fosse um
prostituto que ela pagou para dar prazer a ela.
Essa mulher cada dia que passa me surpreende mais.
Será que ela foi sempre assim ou essa Aline que estou conhecendo é
uma versão aprimorada para me tirar do sério?
Respiro fundo e olho ao meu redor até que escuto algo caindo na
cozinha, então me lembro dos cachorros.
Vou até lá e paro na porta sem acreditar no que eu vejo.
— É sério mesmo isso? O que ela deu pra vocês dois? Uma porção
do amor para se tornarem assim tão obedientes a ela em tempo recorde?
Os dois destruidores de cozinha me olham como se buscasse
entender as minhas palavras.
Eles destruíram a minha cozinha inteira.
— Ratinha, você me paga...
Eles rosnam pra mim, quando eu me refiro a Aline.
— O que foi agora? Ela é a minha Ratinha e não de vocês. Eu
cheguei primeiro. Agora os dois aqui do meu lado.
Eles vêm até mim, mas não param do meu lado, vão para a sala e se
deitam no sofá.
Eu fico sem acreditar.
Eles foram treinados para obedecerem aos meus comandos.
Aline deve ter feito alguma coisa com eles, é a única explicação.
Ela é boa, no segundo contato que teve com os meus cães já os
levou para o lado dela.
Primeiro o meu segurança e agora os meus cachorros.
— Dois traidores, é isso que são! Agora vamos, não podemos ficar
aqui, vamos para casa. — Chamo por eles e saímos.
Vou para a casa que seria minha e de Aline, não vou me desfazer da
propriedade, pois algo me diz que vou precisar dela no futuro.
Quando eu chego em casa, vou direto para o quarto. Entro no
banheiro tirando a roupa e me jogo debaixo da ducha quente, sentindo a
água relaxar o meu corpo, colocando os meus pensamentos em ordem.
Eu me lembro das últimas palavras que Aline disse antes de sair do
meu apartamento.
Ela sempre pede para que eu a deixe em paz, para que me afaste
dela, para que a deixe viver, talvez isso seja o melhor para ela.
Eu não sei se consigo ser o homem que ela quer, o homem que ela
merece.
Durante todos esses anos, eu nunca me importei em conhecê-la de
verdade e agora que finalmente ela conseguiu fazer o que sempre quis, aqui
estou eu, divido entre a razão e o coração.
Mas será que o meu coração é capaz de amar novamente?
Ou será que em vez de fazê-la feliz, vou fazer com que ela sofra
ainda mais?
São questionamentos que vem na minha cabeça desde a nossa
primeira noite juntos.
Eu não a quero com outro homem, não quero nem imaginar outro
homem ter o que somente eu tive...
Os seus gemidos de prazer, seus suspiros.
Mas eu também não sei se consigo ser tudo o que ela precisa no
momento.
— O que você está fazendo com a minha vida, Ratinha? Eu não
tenho tempo para isso agora — digo para mim mesmo, passando a mão pelo
rosto, frustrado com essa situação toda.
Saio do banheiro com a toalha enrolada na cintura e vejo a tela do
meu celular brilhar em cima da cama. No momento, penso em ligar para
alguma das mulheres da minha agenda, para que possam tirar o meu
estresse, mas no mesmo instante me lembro de como Aline ficou furiosa
quando soube que eu trouxe a Madison aqui e olha que nem fizemos nada.
É bom não arriscar ou ela pode vir aqui destruir a casa e mandar os
meus cães me devorarem.
Ela já mostrou ter coragem para fazer isso.
Eu me aproximo da cama, pego o celular e quando o destravo vejo
que é uma mensagem de um amigo me convidando para uma festa a
fantasia.
Acho a ideia ridícula, mas quem sabe não é disso que estou
precisando para tirar Aline um pouco da minha cabeça.
Ela é um tormento gostoso demais que está me tirando o foco das
coisas ultimamente.
Porra!
Eu preciso transar ou vou enlouquecer.
***
Depois de mais uma noite maldormida, levanto com uma puta dor
de cabeça, mas tudo o que posso fazer é tomar um remédio e ir para a
empresa.
Porém, hoje eu vou fazer a minha sexta-feira render, com ou sem
dor de cabeça.
Chegando na empresa, já entro direto para uma reunião e a primeira
cara que vejo é a do meu pai, me olhando com um sorrisinho ridículo.
Ele com certeza já está sabendo o que aconteceu e não sei com que
diabos ele consegue saber tudo o que faço.
— Bom dia filho, está com uma cara ótima, sinal de que dormiu
muito mal.
A minha vontade é de dar uma resposta à altura de Dylan Parker,
mas a diretoria da empresa não merece ouvir isso.
— Bom dia, papai. Bom dia, a todos. Vamos começar a reunião,
porque o meu tempo é dinheiro.
Meu pai apenas sorri novamente e então damos início a reunião
anual da diretoria que leva a porra do dia inteiro.
Fizemos uma pausa apenas para o almoço e engatamos na reunião
novamente, que só acabou próximo das sete da noite.
— Fiquei sabendo que recebeu uma visita interessante ontem —
meu pai diz assim que a última pessoa sai da sala de reuniões.
Eu tinha certeza de que ele ia tocar nesse assunto.
— Não é da sua conta.
— Eu fiquei sabendo também que ela fez tortura psicológica com
um dos seus homens. — Ele se encosta na cadeira e me encara, enquanto
mantenho a minha resposta.
— Já disse que não é da sua conta.
— Câmeras de segurança, Ethan? Espalhadas pela casa de Anthony
Jones em Nova York, a minha vontade é de socar a sua cara e quebrar a sua
cabeça já que Aline não foi capaz de fazer isso.
Eu travo o maxilar e olho para o meu pai com uma cara não muito
boa.
— Já disse que nada disso é da porra da sua conta.
Ele bate na mesa com força e se levanta.
— Passa a ser da minha conta quando você resolve stalkear uma
mulher que não é mais sua, idiota!
“Passa a ser da minha conta quando você começa a hackear e burlar
sistemas de segurança da protegida de Oliver Thompson. Passa a ser da
minha conta quando você resolver fazer merda com a afilhada de Colin
Lewis, um dos maiores advogados empresariais do mundo. Passa a ser da
minha conta, Ethan, quando você resolve brincar com o coração da filha de
um amigo querido.
“Eu não quero Anthony Jones na minha porta reclamando que você
em anos não quis saber da filha dele e agora está fazendo essa porra toda.
“Será que pode compartilhar comigo que merda você tem na
cabeça?
“Porque a sua mãe está só esperando você aparecer na frente dela
para te acertar uma vassoura que ela escondeu atrás da porta.
“Você apronta e sou que escuto.
“A sua mãe está demoníaca e possessa de raiva por sua causa,
Ethan.”
Tudo o que eu faço é me sentar de uma vez na minha cadeira,
respirando fundo, passando as mãos pelo cabelo.
— Caralho, você está totalmente perdido, não sabe o que fazer —
diz como se já não fosse obvio demais.
— Acertou, papai. E algo me diz que o senhor já passou por isso. —
Eu conheço bem a história dele com a minha mãe.
Dona Andreza costumava dizer que eu sou igualzinho ao meu pai, o
que é ridículo, pois não me pareço com ele nas atitudes, pelo menos, eu não
acho.
— Passei, mas você não precisa passar, Ethan.
Olho para ele.
— Um conselho, por favor, sábio, Dylan Parker — digo fazendo
pouco do meu pai.
— Case-se com ela.
Eu acabo sorrindo.
— Isso é o que o senhor tenta fazer desde que ela nasceu e nunca
perguntou se era o que eu queria.
— Está na cara que você quer, o que você não quer é admitir. Por
sua causa, não consegui casar os dois. Eu nem acredito que perdi uma nora
como Aline Jones. — Ele parece estar indignado.
— Sabe que ela chega a ser pior do que a mamãe, não sabe?
— Por isso ela é perfeita para você, Ethan.
Meu pai deve estar ficando velho mesmo.
— O senhor só pode estar brincando.
— Você ama a sua mãe, Ethan?
— É claro que eu amo, pai, que pergunta mais sem cabimento é
essa?
— A sua mãe é a criatura mais humana e de coração grande que
existe nesse mundo.
“Ela é parceria, esteve ao meu lado me apoiando em cada decisão
que tomei em todos esses anos, é uma mãe incrível, uma leoa que dá a vida
pela família. Ela cuida de todo mundo sem pedir nada em troca, é feliz,
alegre...
“A sua mãe é incrível, Ethan, perfeita.
“Uma mulher incrível na cama e todinha minha.
“Se está falando que Aline chegar a ser pior do que a sua mãe é
porque ela é mais do que perfeita.
“Você perdeu simplesmente a perfeição, meu filho, e eu mais do que
ninguém nesse mundo sinto muito por você.
“Fique longe de Aline Jones, deixe a perfeição para outro homem
agora, esse é o último aviso que dou a você.”
Meu pai sai da sala e dá um tapa na minha cabeça.
Fico pensado em tudo o que ele falou por alguns segundo até que o
meu celular toca com uma notificação de mensagem, um lembrete da festa a
fantasia.
— Porra, a festa! Tinha me esquecido. — Levanto, tomo uma água e
vou para a festa fantasiado de CEO.
Pronto, fantasia mais do que perfeita.
Eu não tenho tempo para essa porra de ir comprar fantasia, vou
vestido como estou mesmo.
Eu preciso urgentemente de uma foda casual ou vou ficar louco com
Aline na minha cabeça e agora o meu pai com essa história de perfeição.
Entro no meu carro e dirijo até o clube onde está sendo realizada a
festa.
Como não fica muito longe da Shield Security, levo apenas vinte
minutos para chegar.
Estaciono o carro e quando dou meu nome na entrada, logo tenho a
minha passagem liberada.
Assim que entro, vejo o local lotado, com uma música alta e muita
gente dançando em uma pista de dança que tem mais ao lado do salão.
Dou uma volta pelo local e vejo algumas pessoas conhecidas que me
cumprimentam.
Depois de alguns minutos socializando, vejo alguém muito
interessante no bar e chego a sorrir com a satisfação que vou ter em tirar
mais uma mulher dos braços de Marcus Lennox.
Ele está aos beijos com uma loira muito gostosa por sinal.
Ela está em um vestido tão curto que ele consegue apalpar bem a
bumba dela sem nem mesmo precisar levantar o vestido, uma tremenda
gostosa que vai ser minha essa noite.
Ajeito o pau dentro da calça e vou até eles.
— Boa noite, Lennox, que tal dividir? — digo sorrindo.
Os dois param de se beijar, então percebo a mulher respirar fundo e
quando ela se vira na minha direção, com o Marcus segurando firme na
cintura dela, chego a ficar ofegante.
— Porra! Ethan, você é literalmente um verdadeiro empata foda.
Mas que desgraçada!
— Aline Jones! Que porra é que você pensa que está fazendo? E
você não é loira.
CAPÍTULO 46
ALINE JONES
Quando resolvi adiar a minha volta para Nova York, apenas para
participar dessa festa, realmente achei que seria uma boa ideia.
Quando encontrei Marcus assim que cheguei, fiquei animada e
quando começamos a nos pegar no bar, eu já estava no céu.
Tudo estava perfeito demais.
Mas o idiota tinha que aparecer para estragar tudo.
— Aline! Estou falando com você. Na verdade, eu te fiz uma
pergunta, porra.
Será que ele ficou louco, ou já está bêbado?
— Estou te ignorando, agora cai fora. — Eu me viro novamente na
direção do Marcus, quando sinto um puxão no meu braço.
— Ficou louco, Parker? Solta a Aline agora mesmo — Marcus diz e
os dois se encaram.
— Fica na sua, Marcus, Aline não é da sua conta.
— E, por algum acaso ela é da sua? Que eu saiba, vocês dois não
estão mais prometidos um ao outro e eu te avisei, Ethan. Eu respeitei o
compromisso de vocês dois, mas agora já era.
— Parem já os dois, mas que inferno!
— Aline!
— Querida!
Os dois falam praticamente juntos, então olho para o Ethan.
— Não me chame de querida. Aline...
— E para de chamar o meu nome também, que porra, Ethan. O que
você quer de mim? Será que é tão difícil assim me deixar em paz? Que
inferno!
— Solta o braço dela, Ethan! — Marcus diz encarando Ethan que
não abaixa a cabeça.
— Ela vem comigo, vou levá-la para casa.
Ele só pode estar brincando.
— Eu não vou com você e estou longe de ir para casa ainda.
Ele passa a mão pelo meu rosto e sorri.
— Isso é o que nós vamos ver. — Ele coloca a mão no bolso e pega
o celular.
— O que vai fazer?
Nessa hora, Marcus sorri, se dando conta de uma coisa que nem
mesmo eu sei.
— Você não vai fazer isso, Ethan. É ridículo.
— Ridículo é a Aline estar em uma festa como essa, vestida desse
jeito. O pai dela não vai gostar.
Agora sim, entendo o que esse cretino vai fazer.
— Não se atreva, Ethan Parker.
Tudo o que ele faz é discar um número e eu sei que é o do meu pai.
— Última chance. Ou vem comigo, ou eu ligo para o seu pai e conto
o que a filhinha querida dele está fazendo. Ou melhor ainda, ligo para o seu
irmão.
Eu travo o maxilar e respiro fundo para não avançar na cara dele.
— Eu vou te matar, vou te dar uma morte lenta, sabia? Tudo para
você sentir que está morrendo.
Ele sorri.
— Eu já te falei como você pode fazer isso... Eu morreria com
prazer, minha querida, agora vamos embora daqui.
Eu ainda penso em reclamar, mas Marcus diz.
— Vai com ele, Aline, nos falamos depois. Agora já sei onde te
encontrar.
Eu vou até Marcus e o beijo na frente do Ethan, para que ele sinta
tudo o que senti ao vê-lo com outras mulheres todos esses anos.
Não é vingança, mas ele pediu por isso.
— Te vejo em Nova York.
— Com toda certeza.
— Vamos embora.
Com muito ódio no coração, vou com o idiota.
Dar um show aqui também não é muito sábio, essas festas
costumam sair na mídia e não posso correr o risco do meu pai querer me
trancar em casa.
Quando passamos pela porta, ele segura no meu braço e
praticamente me arrasta para o carro dele.
— Ethan, devagar estou de salto caso não tenha percebido seu...
Aaaaaaa... Ethan, me coloca no chão agora mesmo.
O infeliz me tira do chão e me joga por cima do ombro.
— Cala boca, cala boca, Aline, que eu estou muito puto com você.
— Comigo!? Eu não fiz nada para você, Ethan, nada.
Ele abre a porta do passageiro, me joga dentro do carro de qualquer
jeito e bate a porta do carro com força.
— Você é um cretino, sabia? — digo assim que ele entra no carro.
— Sou mesmo e não nego. Mas é da porra desse cretino aqui que
você gosta, que você ama.
Eu me calo, ele liga o carro e sai do estacionamento.
— Está enganado. Eu não amo, não mais.
Ele sorri sem querer.
— Não pode ter deixado de me amar tão rápido assim, ou não seria
amor.
— Você não sabe de nada, nem mesmo sabe o que é amor. Pensa
que sabe, mas, no fundo, é apenas um iludido que não entende porra
nenhuma do que é o amor.
— Então me diz, Aline, me explica o que é o amor, porque parece
que nesse assunto você é especialista e eu sou o filho da puta que te
enganou por todos esses anos.
— Não se faça de vítima nessa história, Ethan, porque você não é.
— Ah, claro, você é a vítima e eu sou o idiota que nunca deu valor a
noiva recém-nascida que foi colocada no meu colo. Eu sou tão vítima na
porra dessa história quanto você, a diferença é que eu nunca quis nada disso
e você cresceu com a ilusão de um casamento que nunca vai acontecer.
Eu fecho os olhos sentindo cada palavra que ele diz.
— Eu nunca fui sua noiva e nunca vou ser. Você tem razão, Ethan,
em tudo o que diz.
Ficamos em silêncio e ele segura firme o volante do carro, como se
buscasse controle.
Eu fico o observando até que me dou conta de uma coisa.
— Esse não é o caminho da minha casa.
— Não, não é, esse é o caminho da nossa casa.
Mas que inferno!
Ele só pode estar querendo me enlouquecer.
— Ethan, me leva para casa agora mesmo!
— Estou fazendo isso... Eu te avisei Aline, eu avisei.
— O quê, Ethan? Do que está falando? Mas que droga!
— Eu avisei que toda vez que deixasse um homem colocar as mãos
em você, eu te ensinaria uma lição e eu vou ensinar.
“Só não me pergunte o motivo de estar fazendo isso, porque eu não
sei. Eu não sei, porra.
“A única coisa que sei é que você consegue me desestabilizar a um
ponto que ninguém nunca tinha conseguido.”
Só de imaginar a lição que ele vai me dar, sinto a minha intimidade
pulsar.
Mas que infeliz, filho da mãe.
— Não vai chegar perto de mim.
Ele sorri.
— É o que nós vamos ver.
Respiro fundo e passamos pelos portões da nossa suposta casa, mas
ele para na guarita de segurança e diz:
— Ninguém entra nessa casa e se permitirem que ela saia, todos vão
estar no olho da rua, entenderam bem?
— Sim, chefe!
Eu abro a boca ao escutar esse absurdo.
— Não pode fazer isso, Ethan.
— Eu posso sim. Dessa vez você não vai embora deixando apenas a
porra de uma carta para trás. — Ele para o carro na garagem.
Eu logo abro a porta e desço, mas não consigo ir muito longe já que
dois monstros pulam em cima de mim.
— Duke, Lester estavam com saudade da mamãe? Vem aqui, bebê,
vem aqui. — Eu abraço os dois que não conseguem ficar quietos, me
cheirando.
— Eu juro que queria saber o que você fez com eles, isso não é
possível.
— Eu apenas fui gentil com eles, Ethan, mas você não sabe o que é
gentileza.
— São dois rottweilers, Aline, treinados para acabar com qualquer
invasor, mas olha o que você fez com eles.
Eu vou mostrar uma coisinha para ele.
— Duke, Lester, senta.
Na mesma hora os cães fazem o que mando.
— Eles continuam sendo cães treinados, Ethan, apenas a fidelidade
deles mudou.
Ele sorri, se aproxima e me segura pela cintura. Tento me afastar,
mas não consigo.
— Vão brincar, Duke e Lester — Ethan diz e os dois saem na
mesmo instante.
— Então, não... — Eu nem consigo terminar de falar e ele me toma
em um beijo de tirar o folego.
Seus lábios me dominam e quase choro por sentir suas mãos se
enredarem em meu cabelo.
Ele me beija até eu ficar tonta.
Meu corpo inteiro dói por ele, por querer senti-lo dentro de mim,
novamente, como na nossa primeira vez juntos.
Dou um gemido em sua boca e quando faço isso, ele me ergue em
seus braços e me leva para o quarto sem desconectar as nossas bocas.
Nem mesmo percebo o caminho que ele faz, só me dou conta
quando ele me coloca no chão ao lado da cama.
Nesse momento, eu nem mesmo sei mais o meu nome.
Irei fazer um sexo suado agora e irei aproveitar.
— Você é tão linda. — Acaricia minha pele com a ponta dos dedos,
tirando o vestido do meu corpo, o que não dá muito trabalho porque é
praticamente um pedaço de pano. — Será minha de novo hoje. — Ele se
inclina, lambendo o meu mamilo.
Todo o meu corpo reage, palpitando, doendo, pois, sua língua parece
fogo.
Minha cabeça pende para trás e a respiração acelera quando o prazer
dispara pelas minhas terminações nervosas.
Antes que eu me dê conta, ele rasga a minha calcinha de novo e
escuto quando abre o cinto, tirando a calça com a cueca junto, sem o
mínimo de pudor.
Ethan é um homem grande e lindo de se admirar.
Ele volta a me beijar e como já estou nas garras do predador, me
deixo ser devorada.
Tiro a sua camisa enquanto o sinto entre as minhas pernas, quente,
pesado.
— Dentro de mim. — Arfo, o puxando novamente para um beijo.
Ethan geme na minha boca, retribuindo com fervor.
— Quero você dentro de mim, agora.
— Sou seu. — Seus olhos incendeiam quando se deita. — Sou todo
seu.
O modo como diz isso me deixa tonta.
Respiro fundo, o admirando.
Ethan é lindo demais, cada parte sua é e eu nunca me cansarei de
admirá-lo.
Noto sua respiração acelerando, os olhos escurecendo, enquanto ele
acompanha cada movimento que faço com as mãos pelo seu corpo.
Começo a beijá-lo como ele fez comigo na primeira vez, primeiro os
lábios roçando a pele, então a língua passeando por caminhos invisíveis.
Ethan geme baixinho, aceitando o meu toque.
Beijo seu pescoço, mordiscando sua orelha e em resposta seu corpo
estremece.
Ele coloca as mãos na minha bunda, conduzindo o rebolado sutil
dos meus quadris.
— Eu quero você. — Beijo seus lábios, engolindo o gemido que ele
dá.
Parece que ouvir isso, o instiga.
Beijo seu peito e vou descendo devagar. Seus gemidos me deixam
empolgada, e sei que ele vai gostar.
— Vai, chupa meu pau.
Olho para ele e lambo os lábios.
Eu nunca fiz isso, mas para tudo tinha uma primeira vez e essa vai
ser a minha.
Ethan sorri meio de lado, me observando.
Primeiro passo as mãos por suas coxas, usarei seus gemidos como
um meio de medida. Ele senta quando dou uma lambida apenas
superficialmente em sua ereção.
— Sem brincadeira, Aline — sussurra, fazendo minha intimidade se
contrair.
— Não posso fazer isso? — Eu o massageio e ele geme, sem tirar os
olhos de mim.
— Você pode, com a boca.
Eu o chupo, mas apenas a parte superior e Ethan geme
profundamente.
Ele enreda as mãos em meu cabelo, me contendo.
— Se você chupar assim, não vou aguentar sentir você sentada no
meu pau.
— Ethan, eu quero.
— Claro que quer, estou apenas pensando no que eu desejo mais.
Sua boca ou sua boceta.
— Os dois?
— Ah, com certeza. — Ele me guia para baixo.
— Chupa, eu deixo.
Não consigo fechar a mão ao seu redor e só de imaginar que logo
ele estará dentro de mim, me sinto contrair de tanto tesão, com o clitóris
pulsando. Dou um gemido com ele na boca.
Ethan estremece.
Com a mão livre, seguro suas bolas, massageando com cuidado.
Fazer isso é intuitivo.
Seus gemidos aumentam e ele pulsa na minha boca, endurecendo
mais.
Seu prazer é o meu e suas reações me causam um frenesi entre as
pernas. Ofego, levando-o o mais longe que consigo.
— Fode o meu pau com a boca. — O tom de comando está aí.
Faço como ele pede.
Nunca imaginei que fosse gostar disso, mas estou gostando.
— Boca gostosa do caralho.
Aumento a fricção, sugando com mais força.
— Ahh, porra! Isso, com força, chupa assim.
Eu quase me engasgo, com a boca cheia demais.
— Respira pelo nariz. Olhos em mim.
Obedeço e ele me olha de cima, com os olhos acesos de paixão.
— Que visão do caralho!
Não tiro os olhos dele enquanto chupo seu pau.
Seus gemidos se mesclam com os meus, enquanto sinto minha
excitação, o clitóris formigando só precisa de um toque e eu explodirei.
Devagar, começo a descer a mão, e vou me acariciando enquanto o
chupo.
— Não.
Paro o que estava fazendo.
— Você vai gozar no meu pau, enquanto estiver te enchendo de
porra. Agora vem.
Ele me puxa pelo cabelo, beijando minha boca, provando seu gosto
em mim.
— Vem, senta aqui, hoje você conduz. — Ele se deitou outra vez
com os olhos presos no meu.
Eu me ergo sobre ele, me sentindo a ponto de pegar fogo.
Eu nunca fiquei por cima, na verdade, nunca fiz assim, afinal essa é
a minha segunda vez com um homem.
Com ele.
— Vem, senta no meu pau, eu quero sentir você.
Eu o encaixo na minha entrada e começo a descer.
— Ethan, ahhh... — Dou um gemido alto, sentindo-o me abrindo
toda para acomodá-lo.
A sensação é quase demais.
— Devagar. — Ele aperta as minhas coxas. — Porra, devagar ou irá
se machucar. Meu pau vai rasgar a sua boceta e gosto muito dela para
permitir que isso aconteça.
Eu quase desmaio quando ele começa a brincar com meu clitóris.
Se ele queria que eu fosse devagar, não pude fazer, afinal o prazer
foi tanto que me sentei com força, gritando pela invasão deliciosamente
apertada.
— Caralho! — Ele arqueia, dando um tapa na minha bunda. —
Boceta gulosa! Apenas comece a brincadeira. Quero ver se você pode
montar como uma boa amazona.
Subo e desço devagar, com os dois gemendo.
Assim eu posso senti-lo indo bem fundo, tocando todos os lugares.
Cada vez que me mexo, ele esfrega naquele ponto lá dentro que me
enlouquece.
— Rebola com meu pau todo dentro de você — rosna, segurando
com força minha bunda. — Isso, caralho, rebola gostoso.
Apoiando as mãos em seu peito, acho o encaixe certo e faço como
ele pediu, rebolando, então subindo e descendo.
Eu me perco em meio às sensações loucas, meu corpo se arrepia e
ofego, me sentindo pronta para gozar.
Isso me faz perder o controle.
— Eu vou gozar — Ethan grunhe e sinto que também vou.
Quando meu corpo explode, perco o ritmo.
Apressado, ele se levanta, ficando por cima de mim.
— Não esperou por mim, safada. — Ele me beija, me fodendo duro
e rápido.
Meu prazer se constrói outra vez e grito em meio ao beijo, gozando
de novo, só que, desta vez, junto com ele.
Eu o sinto pulsar dentro de mim, me esquentando.
Penso que vou morrer, mas ele sai de dentro de mim e simplesmente
começa a chupar meu clitóris com força, sem nenhuma gentileza.
— ETHAN! — grito, puxando seu cabelo.
Uma parte quer afastá-lo e a outra, segurá-lo no lugar.
Ele me causa um misto louco de sensações.
É quente, suave e muito forte.
Acho que meu coração vai parar a qualquer momento, nessa tortura
maravilhosa.
Ele empurra dois dedos dentro de mim, atingindo um ponto que me
faz gritar outra vez, então sinto uma onda crescente, algo que parece vir do
lugar mais profundo do meu ser.
Ele pressiona por dentro e gozo de novo, só que, desta vez, parece
que eu vou morrer.
Minhas forças acabam, mas ele continua, até que eu não aguento
mais.
— Por favor. — Arfo, sentindo a garganta arranhar, cansada.
Ethan dá uma lambida longa demais para minha paz, então sobe
devagar, brincando com meus mamilos e depois devorado a minha boca
num beijo sedento, que leva o que resto do meu fôlego e sanidade.
— Da próxima vez que você me deixar tão puto como fez hoje, vou
te fazer gozar até que desmaie.
Engulo em seco, não sabendo se isso é bom ou ruim.
Mas olha lá se eu não pagar para ver.
CAPÍTULO 47
ETHAN PARKER
Já tem uma semana desde que Aline misteriosamente conseguiu sair de
casa sem que ninguém percebesse.
Eu a castiguei até tarde da noite e quando peguei no sono a infeliz fugiu.
Da próxima vez, vou deixá-la tão exausta que nem mesmo vai conseguir
levantar para ir ao banheiro.
Mas de que porra eu estou falando?
Próxima vez?
Será que terá uma próxima vez?
Eu não posso correr esse risco, não agora com a minha família sendo
ameaçada.
Estou tão puto com tudo o que está acontecendo que não estou nem
mesmo tendo tempo de olhar como a minha Ratinha está. Tenho que me
manter afastado, pelo menos por enquanto, ou podem tentar usá-la contra
mim, já que para todos não temos mais nenhum compromisso.
Longe de mim, ela está segura, segura de tudo o que a minha
aproximação pode acarretar a ela.
A minha cabeça é uma confusão de sentimentos, a quero perto, da
mesma maneira que a quero longe e isso é enlouquecedor.
Sou tirando dos meus pensamentos com uma mensagem do meu primo,
marcando uma reunião de emergência na empresa da família.
Ele está um poço de nervos, é um homem poderoso, mas com ele
nervoso não dá coisa boa.
Ameaçar minhas primas e irmã surtiu o efeito esperado, seja lá de quem
está fazendo isso.
As mulheres da nossa família são o nosso ponto fraco e com o Mateo é
pior ainda, já que ameaçaram além da irmã dele, a namorada também.
Chego na garagem da empresa praticamente junto com o meu primo e
quando Mateo me vê, vem logo em minha direção.
Ele quer respostas que no momento eu não tenho e isso vai deixá-lo
furioso.
— Não conseguiram achar nada? — pergunta ao se aproximar de mim,
como eu já previa.
— Seja lá quem diabos está fazendo isso. Ele sabe como o nosso
sistema funciona, sabe como a segurança da família funciona e, porra, foi
muito bem planejada.
Ele fica nervoso com a minha resposta, mas tudo o que falei é verdade.
Alguém muito bom está fazendo isso e conhece bem a rotina da família.
— Ache quem está fazendo essa merda toda, Ethan. Você sempre foi
muito melhor do que o tio Dylan.
Respiro fundo e o encaro, estamos conversando em um canto do
estacionamento.
Eu sou muito melhor do que o meu pai, como ele falou, mas não tenho o
poder de operar milagres.
— E você acha que não estou tentando? A minha irmã foi ameaçada
também, Mateo. Não é mais só a sua querida, Eve, que está envolvida nisso.
Recebemos cartas ameaçando nossas primas e irmãs, e estou tão puto
com essa história quanto ele.
Mesmo assim o idiota me segura pela gola da camisa e me imprensa no
carro, com o antebraço no meu pescoço.
— Mateo, porra... — Tento me soltar, mas não consigo.
— Você não está fazendo a porra do seu trabalho direito. Sabe que te
quero do meu lado, Ethan, você é o CEO da Shield Security, a maior
empresa de tecnologia do mundo todo.
“Você triplicou o poder daquela porra, criou um sistema de segurança
que deixou o tio Dylan de cabelo em pé.
“Os governos do mundo todo faltam entrar em guerra uns com os outro,
só para ver quem vai ter acesso aos seus brinquedinhos primeiro.
“Você é muito mais do que bom, é excelente, mas no momento está sem
foco porque fez merda.
“Eu te avisei, caralho, e você não me ouviu.
“Deixe aquela menina em paz.
“Eu quero você aqui, quero a sua cabeça aqui, quero a porra do seu
cérebro trabalhando a todo vapor para me ajudar a resolver essa merda,
Ethan.
“A família está contando com nós dois, então tenha foco, entendeu
bem?”
A última parte ele diz com os dentes cerrados e é uma porra ele estar
tocando nesse assunto.
— Sim, senhor.
Ele me solta de uma vez e então eu arrumo a minha camisa.
— Não me olhe desse jeito, tomou a sua decisão.
Eu sei muito bem do que ele está falando, mas admitir isso não é muito
fácil.
— Eu não tomei decisão nenhuma, tomaram no meu lugar.
— E você queria o quê, Ethan? Passar a vida toda vivendo desse jeito?
— ele pergunta, me encarando de frente.
— Eu não...
Ele não me deixa nem mesmo terminar de dizer.
— Não tente justificar, Ethan. Estava muito bom para você do jeito que
estava.
“Não queria, mas também não permitia que outros quisessem.
“Você vivia como queria, mas não a permitia viver.
“Você se apaixonou por outra, mas não permitia que ela se apaixonasse.
“Você quebrou a cara bonito e se deu muito mal.
“Agora, está na hora de deixá-la quebrar a cara também e ter suas
próprias experiências de vida.
“Está na hora de deixá-la se apaixonar por quem realmente a ame de
verdade.
“Está na hora de deixá-la viver sem a sombra de um relacionamento,
onde a parte principal do jogo não a queria.
“Você a perdeu, aceite isso e se concentre na porra da crise que estamos
vivendo.
“Ela não é mais sua responsabilidade.
“Ela tem família, é muito bem protegida pelos pais dela e tem o apoio
de gente muito grande que gosta muito dela.”
Eu respiro fundo escutando essa porra toda que ele está falando e dou
um passo em sua direção.
— O que está querendo dizer com isso, Mateo? Ela te falou alguma
coisa?
Mateo e Aline são muito amigos, e eu não pude mais vigiá-la em casa,
porque o traidor do meu segurança infiltrado retirou as câmeras.
Agora só tenho acesso a ela pelo celular.
— Vamos dizer que ela está muito bem onde está, por isso a deixe
quieta e não se meta mais na vida dela, não tem esse direito.
Deus!
O que ele está querendo dizer com isso?
— Mateo!
— Você a ama? Gosta dela, Ethan? Teria coragem de ir até ela e se
declarar?
Malditas perguntas que nem eu mesmo sei responder.
— Eu, eu... Eu — Eu não consigo formular uma única frase, então
apenas fecho os olhos.
— Foi o que pensei — ele diz sorrindo e me encosto no carro.
— Estou cansado dessa porra toda, estou cansado de tudo. Tem noção
do tamanho da responsabilidade que jogaram nas minhas costas quando eu
nasci?
“Decidiram a minha vida toda por mim e nunca me perguntaram se eu
queria isso tudo.
“Simplesmente, foram lá e decidiram, não me deram a porra da escolha,
Mateo, e não estou falando da empresa, a Shield Security é o meu refúgio.
“Foi difícil no começo, mas aprendi tudo e me tornei muito melhor do
que o meu pai.”
— Ela também não teve muita escolha, decidiram por ela antes mesmo
dela nascer, idiota. Sabe que fez merda — diz cada palavra apontando o
dedo na minha cara.
— E fácil apontar o dedo na minha cara e gritar que eu fiz merda.
“Eu fiz a merda, admito isso.
“Eu fui idiota e me deixei ser enganado, mas eu...
“Eu achei que aquilo era de verdade, Mateo, mas não era.
“Ela era treinada para dizer cada uma daquelas malditas palavras. Foi
treinada para fazer amor comigo. Foi treinada para dizer que me amava. Foi
treinada para fazer tudo o que eu gostava. Foi treinada para prepara o meu
prato favorito. Foi treinada como amansar os meus cães. Foi treinada como
preparar o meu banho. Foi treinada para ser a mulher perfeita. Foi treinada
para conseguir a minha confiança. Foi treinada para me amar...
“Me amar não, fingir que me amava.
“E quando conseguiu o que queria, foi embora sem olhar para trás e
matou os meus filhos.
“Ela os tirou, sem nem mesmo sentir remorso.
“O meu coração morreu junto com os deles.”
Esse é a porra do meu trauma que não me deixa viver.
Na época, a desgraçada também amansou os meus cães, por isso, dessa
vez optei por uma raça mais feroz.
Mas Aline vai lá e faz a mesma coisa.
Só com Aline é diferente, os cachorros parecem gostar dela, já com
aquela desgraçada, eles pareciam ter medo.
— Eu sinto muito mesmo, Ethan, que tenha passado por tudo isso, mas
a baixinha não tem nada a ver com isso.
“Ela também sofreu, porque viu o homem que era prometido a ela, amar
outra mulher.
“Você foi muito bom em esconder isso da gente e só ficamos sabendo
de tudo quando a merda já estava feita.
“Mas falhou em esconder dela.
“Quando ela foi te dar apoio, mesmo sem você merecer, ainda teve
coragem de expulsá-la.”
Eu abaixo a cabeça sentindo cada palavra que sai da boca dele.
Mas, naquele momento, eu não queria que Aline visse o homem que eu
tinha me tornado, afinal em nada era o homem que ela achava conhecer.
— Eu sou um homem fragmentado, Mateo. Eu não entendo a porra dos
meus sentimentos. Aquela menina é teimosa e, aos poucos, com toda aquela
marra, ela foi conseguindo entrar... — Eu me calo antes que fazer merda.
— Ela conseguiu entrar no seu coração e te transformou nessa bagunça
que está hoje.
Eu acabo sorrindo com o que escuto.
— É bem a cara dela fazer mesmo isso. Aquela menina consegue me
tirar dos eixos. Ela está me fazendo sentir tudo o que jurei que nunca mais
sentiria.
“Ela quebrou o meu apartamento inteiro acredita nisso?
“E o pior, colocou os meus cães contra mim.
“Dois traidores!
“Eu tenho medo de destruí-la e a quero o mais longe de mim, assim
como a quero perto.
“Está sendo difícil abrir mão dela.”
— Ela já abriu mão de você, primo, e quem sabe não é melhor assim.
Aline abrir mão de mim?
Disso eu não tenho muita certeza, mas assim que resolver essa merda
toda que está acontecendo com a minha família, vou resolver a porra dos
meus problemas.
Ela abriu a porta do meu coração, pois agora que aguente as
consequências disso.
CAPÍTULO 48
ETHAN PARKER
Mais de um mês e meio já se passaram desde que toquei na minha
Ratinha pela última vez e durante esse tempo pude pensar em muitas coisas.
Eu até fui para Nova York disposto a conversar com ela, mas quando a
vi de longe tão feliz, na galeia de arte, não tive coragem de me aproximar e
voltei para a Califórnia.
Só que agora não dá mais.
Ver o meu primo se casando e sendo feliz com a mulher que ele ama,
me fez enxergar que estou apaixonado por aquela desgraçada.
Completamente louco por aquela mulher demoníaca.
Não me aproximar dela no casamento foi o meu limite.
Ela não me deu abertura e agiu como se eu nunca tivesse existido na
vida dela, como se eu fosse uma pessoa completamente desconhecida para
ela.
E o pior, foi que a infeliz estava divinamente linda.
Ela dançou e se divertiu com os nossos amigos e eu ali, assistindo tudo,
feito um idiota.
Mas isso acaba hoje!
As ameaças contra a minha família já foram literalmente mortas, eu
mesmo garanti isso, e agora posso ir até a minha Ratinha para torná-la
finalmente minha, assim como ela sempre quis.
Aline Jones me pertence.
— Chefe, o avião está pronto, mas o seu pai proibiu a decolagem.
Mas que porra!
O meu pai é uma pedra que incomoda no meu sapato.
Pego o celular no bolso e faço a ligação para ele que é atendida no
primeiro toque.
Ele já estava esperando que eu ligasse, com toda certeza.
— O senhor não manda mais na porra da minha vida e nem na empresa.
— Ethan Parker!
“Eu arranco todos os seus dentes, moleque.
“Isso lá é jeito de falar com o seu pai?
“Não foi essa a educação que eu te dei, Ethan.
“Eu e a sua tia Stela te criamos para ser um príncipe e te dei todo o meu
amor.
“Sua tia deve morrer de vergonha em saber que o sobrinho querido dela,
é um ogro.
“Meu Deus, onde errei na criação desse menino?
“Eu sou uma mulher infeliz...
“Dylan, amor, pode preparar o meu funeral que eu vou morrer de
desgosto.
“O seu filho ingrato vai me matar.
“Rápido, se apresse que eu já sinto o meu coração...”
— Mamãe, pelo amor de Deus.
Andreza Parker, a mulher que meu deu a vida, a mesma que deveria ser
atriz.
Ela é ótima fazendo esse tipo de drama e o pior é que funciona.
Agora a grande pergunta é, o que ela está fazendo com o celular do meu
pai?
— Pelo amor de Deus, nada, seu ingrato. Onde pensa que vai?
Eu chego a respirar fundo, porque passar a perna nessa mulher não é
nada fácil.
— Fazer uma visita à filial da empresa em Nova York.
Escuto a risadinha dela do outro lado da linha.
— Eu vou perguntar de novo, porque acho que não entendeu. Onde
você pensa que vai?
— Mãe, por que a senhora está com o celular do papai?
— Porque eu posso, Ethan. Ele é meu marido e eu faço o que eu
quero. Ainda tem dúvidas disso?
— Não, mãe, mas...
— Chega de enrolação, Ethan. Ou me diz o que vai fazer
exatamente em Nova York, ou esse avião não decola.
— A senhora não estava agorinha pouco à beira da morte? Já
melhorou?
Ela deve estar furiosa e, certamente, não teria coragem de dizer uma
coisa dessas na cara dela nunca.
— Então, é por esse caminho que você quer ir? Por mim, tudo bem,
mas depois não diga que não avisei e não lhe dei uma oportunidade.
Isso soa como uma ameaça.
— Mãe, o que a senhora vai fazer?
Ela sorri e isso me deixa nervoso.
— Arrumar um gato para comer a sua Ratinha.
Ela só pode estar ficando louca.
— Mãe!
— Não me venha com essa de mãe, Ethan. Não vou permitir que
brinque com os sentimentos dessa menina de novo.
“Emily me falou que a família Lennox está interessada em uma
união e Aline parece que anda se dando muito bem com o herdeiro deles.
“Apesar de tudo, somos amigas.
“Ela pediu a minha opinião e achei uma excelente ideia, tanto que
vou ajudá-la a juntar os dois.”
— A senhora ficou louca? Sabe muito bem de onde a família deles
vem e o que fazem.
Minha mãe perdeu o juízo de vez e a família Jones também.
— Não somos muito diferentes deles, Ethan? Ou somos? Temos a
nossa maneira de resolver as coisas e matamos também quando é preciso.
Você faz isso muito bem, meu filho, tanto que tem praticamente um exército
de homens ao seu dispor.
“Prova disso foi todo o poder de fogo que mostrou ter quando
resgatou a esposa do seu primo.
“Somos iguais, Ethan, só atuamos em mundos diferentes, mas no
final das contas, não somos melhores do que eles.”
— Mãe é diferente, nós...
— Ethan Parker, vai responder a minha pergunta, ou vou ter que ir
atrás do gato? Última chance.
Ela é terrível e eu a amo, mas ela é terrível.
— Vou atrás da Aline. Satisfeita agora, senhora Parker?
— Por que agora? O que mudou?
Ela não vai parar.
— Mãe, tenho que embarcar.
— Não vai, não enquanto não me convencer. Você é burro, meu
filho, igualzinho ao seu pai e seus tios. Tem uma tendência gigante para
fazer merdas. Então me convença de que quer aquela menina e eu permito
que você embarque...
— Isso aí, amor, o coloca na linha. O Ivan vai ter um neto e quero
um também...
Escuto o meu pai, o que significa que os dois estão juntos.
— Vocês dois estão juntos contra a mim, é isso mesmo?
— Ethan, querido, você não tem muito tempo, então começa a falar
de uma vez, ou o avião vai voltar para o hangar.
Merda, é agora ou nunca.
Então, respiro fundo, tomo coragem e digo o que achei que nunca
mais na vida fosse dizer.
— Eu a amo — digo de uma vez e espero o grito que não vem. —
Mãe!
Ela continua muda.
— Mamãe!
Ela não diz nada.
— MÃE!
— Quando isso aconteceu?
— Eu não sei, mãe. Não seu como aconteceu, simplesmente
aconteceu. Ela é terrível, diabólica, gostosa pra caralho, é desobediente, faz
exatamente tudo o que eu digo para não fazer e é teimosa como o inferno.
“Aquela desgraçada virou a minha cabeça e não consigo mais ficar
com ninguém, porque eu só quero ela.
“Até os meus cães, aquela infeliz corrompeu.
“Então eu não sei, mamãe, quando foi que me apaixonei por ela, o
que sei é que a amo e ela vai ser minha de qualquer jeito.
“Satisfeita, ou quer que eu continue.”
Eu digo tudo de uma vez conforme as palavras vêm na minha
mente.
— Meu Deus, você é igualzinho ao seu pai.
— Não começa, mãe.
— Você vai ficar com ela, se ela quiser você, Ethan, o que eu acho
difícil.
— Ela me ama, eu sei que ainda me ama, mamãe.
— Ela pode amar, mas o amor é como uma planta, Ethan, quando
não é regado e cuidado, ele morre.
— O dela não morreu, ela se entregou para mim. Nos entregamos
um ao outro e foi especial, mãe. Foi especial para nós dois.
— Meu Deus, vocês dois foram para cama? — ela pergunta surpresa
e quando vou responder, o meu pai diz:
— Qual a possibilidade dela já estar grávida, Ethan?
Eu acabo sorrindo da empolgação dele.
— Cem por cento se ela não estiver tomando remédio, ficamos
juntos duas vezes.
— Porra! Esse é o meu garoto, se for tão bom como eu, acertou na
veia de primeira.
— Ai, como podem ser tão idiotas?
— Mãe, libera a porra do avião.
— Estou com medo do que você vai fazer, Ethan.
— Não vou fazer nada, mãe. Vou reconquistá-la e me casar com ela
como a senhora sempre quis.
Ela respira fundo e diz:
— Se fizer merda, Ethan, vai se ver comigo e sabe que não brinco
com essas coisas.
— Eu sei, mãe. Eu vou conquistar a minha Ratinha de novo.
— Pelo amor de Deus, a chame de outra coisa. E se você conseguir
se acertar com ela, a leve para a fazenda, ou a sua avó vai enlouquecer.
— Pode deixar, vou levá-la para conhecer a vovó.
— Tudo bem, vou liberar a decolagem e lembre-se das minhas
palavras.
— Eu nunca as esqueço.
— Disso eu tenho as minhas dúvidas.
Ela nem espera responder e desliga a ligação.
Me aguarde, Ratinha, que estou chegando.
CAPÍTULO 49
ETHAN PARKER
Chego em Nova York perto do horário do almoço, passo no meu
apartamento apenas para tomar um banho rápido e trocar de roupa.
Estou ansioso e não sei qual vai ser a reação de Aline ao me ver
depois de tanto tempo.
Já no meu carro, ainda no estacionamento do meu prédio, pego o
celular para hackear o celular da Aline.
Preciso saber onde ela está no momento.
Não demoro muito para descobrir que ela está na galeria de arte,
então sigo para lá.
Mas antes passo em uma floricultura e compro um buquê lindo de
flores.
Toda mulher gosta de flores, não tem erro.
Estaciono o carro em frente a galeria e quando desço com o buquê,
chamo atenção de algumas pessoas, então entro confiante de que vai dar
certo.
Assim que entro, uma recepcionista me recebe e ela sabe quem eu
sou.
Minha mãe é uma amante de gastar dinheiro e obras de artes é o
gasto preferido dela.
— Senhor Parker, é um prazer...
— Onde ela está? — interrompo a recepcionista.
— O senhor poderia ser mais específico, por favor?
— Deixa que eu resolvo isso, Bela. — Aline surge atrás dela
falando, linda é maravilhosa.
— Sim, senhorita Jones, com licença.
A mulher se retira e Aline me encara com uma confiança que nunca
tinha visto nela.
— O que você quer? — Direta como sempre.
— Falar com você. — Sou direto também.
— Não temos nada para falar, Ethan, então vá embora que estava
saindo para almoçar.
— Aline, eu não quero brigar, quero conversar, por favor. Podemos
almoçar juntos.
Ela fica me encarando.
— Aline, estou pedindo por favor.
Ela respira fundo.
— Tudo bem, vamos almoçar, mas é só isso, Ethan, um almoço.
— É tudo o que preciso. Comprei essas flores para você. — Entrego
o buquê a ela que segura.
— Você comprou?
— Pessoalmente.
Ela sorri.
— Eu não gosto de flores, mas é claro que você não sabia disso.
Mais uma vez ela consegue me impressionar.
— Como assim não gosta de flores? Quem não gosta de flores?
— Eu não gosto de flores. O destino delas é muito triste. Um dia
elas estão lindas e belas, mas no outro, murchas e mortas, um completo
desperdício.
Nossa, essa é uma Aline que eu não conheço.
— Na sua casa tem um jardim imenso de fazer inveja, cheguei a ver
você brincando nele, porque você não...
— Isso não vem ao caso agora, mesmo assim muito obrigada.
Ela chama a recepcionista e entrega o buquê a mulher.
— Vamos, não tenho muito tempo, preciso encontrar um cliente
importante a tarde. — Ela passa na minha frente e a seguro pelo braço.
Essa não é a minha Aline.
— Aline! O que aconteceu com você? — pergunto sério, a olhando
nos olhos e ela não desvia o olhar.
— Você. Foi isso o que aconteceu comigo. — Ela puxa o braço e sai
andando na frente.
Eu a sigo, mas quando vejo que ela está indo para o carro dela, a
puxo e a colocou dentro do meu.
Ela não questiona e isso é estranho.
— Quero pedir desculpas por ter destruído o seu apartamento. Vou
pagar o seu prejuízo, estava fora de mim.
Aline Jones pedindo desculpas?
— Sabe que não precisa fazer isso.
— Preciso sim, é o certo a se fazer. Agora me diga como está o
Mateo? Eu não conseguir falar com ele direito depois do casamento.
— Ele está muito bem.
— Estou trabalhando em uma tela para dar de presente para ele.
Evelin gosta de arte e a tela vai ficar linda na sala deles.
Mas que porra é essa?
Ela está falando comigo como se eu fosse um conhecido dela?
Uma pessoa qualquer.
— Você está bem, Aline?
Ela sorri sem querer.
— Ótima, por que não estaria? Tirar você da minha vida foi
libertador. Você sabia que as gêmeas...
— Porra, Aline! — Eu viro o carro de uma vez e entro em
estacionamento privado.
Ela engole em seco.
— Ethan, não vou fazer, não vou por esse caminho, de novo não. Eu
já coloquei uma pedra em tudo o que vivemos.
— Até mesmo nos nossos momentos juntos? Até nisso?
— Em tudo, Ethan, e não podemos ser amigos como eu disse
naquela carta, infelizmente não podemos.
— Eu não aceito isso, não aceito — digo elevando o tom de voz.
— Você não tem que aceitar nada, Ethan, é a minha decisão. Não sei
nem o que você está fazendo aqui e o que quer comigo. Estou bem e estou
mito feliz longe de você e de tudo o que representa.
— Não, você não está feliz, você está apagada, sem vida. Em nada
parece a mesma Aline de meses atrás. Não se parece em nada com a Aline
que roubou o meu carro e participou de uma corrida de racha, da Aline
que...
— Eu não sou mais essa, Aline, Ethan, ela não existe mais. Você se
encarregou direitinho de matá-la. Essa que você está vendo é a nova Aline
agora. Eu apenas te dei o que você sempre quis.
Eu apenas balanço a cabeça.
— Não, não, não e não. Não pode ter esquecido de tudo, porque eu
não esqueci. Eu não aceito essa Aline fria que você se tornou — digo
irritado e ela perde a cabeça.
— E, por que não, Ethan? O que mudou? Por que não aceita?
— Porque eu te amo. Eu te amo, porra, te amo. Era isso que você
queria não era? Então pode ficar feliz, porque você conseguiu, fez com que
eu amasse você, exatamente demoníaca como você é.
Ela me encara e coloca as mãos na boca.
— Não! Você não pode fazer isso, não agora depois de tudo.
— Eu te amo.
— NÃO... — Ela grita e eu grito também.
— EU TE AMO.
— Não, não você não pode amar — diz já em lágrimas.
— Mas eu amo. Não sei quando aconteceu, mas aconteceu. Hoje eu
sei que o que eu senti no passado não era amor de verdade, era apenas uma
ilusão. Eu fui tolo, me deixei enganar e paguei um preço alto demais pela
minha estupidez. Te perder me fez perceber que te amava. Você sempre
esteve lá pra mim e eu nunca dei valor. Eu te peço perdão por isso. Mas não
me impeça de te amar, porque eu não vou fazer isso.
Ela escuta tudo chorando.
— Não pode ser.
— Mas é, eu te amo e não vou abrir mão do nosso amor.
— Nunca existiu o nosso amor, era apenas o meu amor, o amor que
você não quis. Não tem o direito de vir até mim e dizer agora que me ama.
Estou seguindo em frente, Ethan, sozinha, sem você, sem a sobra do que
você representa.
— Sinto muito, mas eu não posso fazer nada.
— Você é um cretino, um cretino de merda. — Ela tira o cinto e
vem pra cima de mim, com tudo, me batendo.
Eu deixo que ela desconte toda a sua raiva em mim.
— Sou um cretino de merda sim, mas sou um cretino que te ama —
digo segurando seus braços para que me olhe.
— Não.
— O jogo mudou, meu amor. Agora sou eu que vou correr atrás de
você, o gato que quer pegar a Ratinha. A Ratinha que eu amo e demorei
demais para descobrir isso.
— Demorou, demorou muito, porque a Ratinha não está mais
disponível.
— Não tem importância, vou conquistar a Ratinha de novo.
Ela começa me bater novamente, então a puxo e a beijo a força até
que ela se acalma e retribui o beijo.
— Eu te amo, Aline. Você é a luz que entrou na minha vida depois
de anos de escuridão. Eu quero só você, hoje e sempre.
“Quero ser melhor todos os dias, realizar os seus sonhos e me doar.
“Se eu pudesse, grudaria o meu coração ao seu para sermos apenas
um, pois ao seu lado eu sei que serei feliz.
“Não importa o que virá, conheci o amor e agora não abro mão dele.
“Desejo vivê-lo em toda sua forma, para todo o sempre com você,
meu amor.
“Eu quero viver para sempre com você, porque eu te amo.
“Quero ser feliz ao seu lado, te dar o meu melhor todos os dias e
alcançar os meus e os seus sonhos com você, ao seu lado.
“Eu quero viver para ser eternamente feliz com você, construir a
nossa linda casa, ter os nossos filhos e tudo isso sem jamais faltar amor.
“Fica comigo, me aceita na sua vida, case-se comigo.”
Ela me encara chorando, desolada.
Não era essa a reação que eu estava esperando.
— Eu sinto muito, Ethan, mas eu não posso. Eu não posso, não
posso — diz tentando abrir a porta do carro.
— Aline, por favor.
— Não, não diz mais nada e abre a porra da porta.
— Amor, por favor.
— Não me chame de amor e abre a porra da porta. Eu vou destruir
esse carro todo e você sabe muito bem que eu faço isso.
Eu destravo as portas.
— Eu não vou desistir de você. Nunca! Escutou bem, Aline? Nunca.
Agora sou eu quem vai perturbar a sua vida até que me diga sim e eu não
desisto.
Ela sai do carro sem olhar para trás, mas escuta tudo o que eu digo.
Eu não vou desistir dessa mulher.
Ela foi a melhor coisa que já me aconteceu na vida, só que agora os
papéis se inverteram e é questão de tempo ela ser minha novamente.
Aline Jones Parker, minha futura esposa.
CAPÍTULO 50
ALINE JONES
Desço do carro do Ethan e entro no primeiro táxi que encontro.
Tudo o que queria era estar na minha casa, no colo da minha mãe,
mas infelizmente, no momento, eu não a tenho perto de mim.
Então, tudo o que me resta é mostrar a minha fragilidade e derramar
as minhas lágrimas apenas na minha cama.
Quando chego em casa, a primeira coisa que faço é correr para o
meu quarto e me jogar na cama.
Estou despedaçada por dentro.
Por anos esperei ouvir tudo isso do Ethan e justo agora ele faz isso,
justo agora que não estou mais disponível para ele.
Agora estou finalmente livre, começando a viver sem o peso de um
compromisso que ele não queria.
Aquele desgraçado não tinha esse direito, não tinha o direito de
dizer que me ama para me deixar desse jeito.
Não agora que eu estou bem.
Não foi fácil abrir mão da minha casa na California, ficar longe dos
meus pais, mas fiz isso para manter distância, para que conseguisse viver,
seguir em frente.
E estou conseguindo fazer isso.
Estou indo muito bem no meu curso de fotografia, estou finalmente
trabalhando como eu queria na filial da galeria de arte, tudo indo bem.
Mas agora ele aparece com essa história de eu te amo.
Eu passei dias terríveis quando cheguei a Nova York, superando um
término de compromisso que nunca existiu.
Eu não vou voltar no tempo, vou continuar seguindo em frente e o
Ethan que volte para Califórnia.
Ele que me deixe em paz como estava fazendo nas últimas semanas.
Como não estou mais com cabeça para voltar para a galeria de arte,
decido ficar em casa e faço uma comida rápida para o almoço. Tento me
concentrar em estudar durante a tarde, mas não dá muito certo porque
aquele infeliz e suas palavras não saem da minha cabeça.
— Desculpa, senhorita Jones, mas a sua mãe está ao telefone
querendo falar com a senhorita.
Levo um susto com um dos seguranças entrando no meu quarto com
o telefone na mão.
— Me dê aqui, obrigada.
Ele balança a cabeça e sai do quarto, então respiro fundo e atendo a
chamada.
— Mamãe!
— Seu celular, Aline. Eu já te liguei mil vezes. Quer me matar do
coração ou quer que eu mande trazerem você de volta pra casa?
Droga!
Ela sempre fica assim quando não atendo o celular, mas eu nem sei
por onde anda o meu telefone, deve estar na minha bolsa.
— Desculpa, mãe, meu celular está na bolsa e esqueci de tirar.
— Não foi esse o nosso combinado, Aline. Se eu ligo e você não
atende, penso que aconteceu alguma coisa.
— O que poderia acontecer, mamãe? Estou com os seguranças,
esqueceu?
— Não estava com eles hoje e eu sei que o Ethan está aí.
Merda!
Como ela soube disso?
— Não o vi, então não me interessa.
Ela sorri baixinho.
— Aline, eu sou sua mãe, te coloquei no mundo, te amamentei e
troquei suas fraldas, nem tente me enganar que não vai conseguir. Nenhum
dos meus filhos conseguem me enganar, eu apenas deixo vocês acreditarem
que conseguem fazer isso.
— Mãe!
— Você e o seu irmão vieram ao mundo para me dar dor de cabeça.
O seu irmão é cabeça dura igualzinho ao seu pai e você puxou a sua
madrinha, mesmo não sendo filha dela.
— Papai diz que sou igualzinha a senhora.
— A mim!? Eu sou um anjo, uma santa.
Eu acabo sorrindo do que ela fala.
— Estou com saudade, mamãe.
Ela respira fundo.
— Eu sei, querida, também estou. E não me esconda as coisas,
Aline, sou sua mãe e estou sempre aqui para você.
— Eu sei, mamãe, mas não estou escondendo nada. E não se
preocupe que nada vai acontecer entre o Ethan e eu, não de novo.
— Está tomando o remédio direitinho?
Ela sabe que o Ethan e eu transamos, eu mesma contei e ela me
levou a um ginecologista de sua confiança.
— Estou sim.
— Já ficou com outro homem depois do Ethan?
— Mamãe!
— Responda e não minta para mim.
— Não, mãe, eu não fiquei com nenhum outro homem, só com o
cretino mesmo.
— Continue tomando o remédio e use preservativo, caso vá... Você
sabe.
— Tá, mãe, já entendi.
— Tudo bem, eu te liguei para dizer que vai encontrar um cliente
hoje.
Péssimo dia para ela inventar isso.
— Aí, mãe. Não tem como cancelar?
— E amigo do seu tio Oliver e um excelente cliente da galeria de
arte. Quer mesmo que eu cancele? Seu tio não iria gostar, o homem está em
Nova York e está interessado em uma das telas. Você vai encontrar com ele
e vai tratá-lo muito bem — diz séria.
— Eu tenho outra opção?
— Não!
— Tudo bem.
— Esteja elegante e use o seu colar de diamante azul.
Isso é estranho.
— Para que isso, mamãe? Esse diamante é raríssimo e nem sei o
motivo da senhora mandá-lo nas minhas malas.
— Quero você linda e radiante. Use o colar de diamante azul e não
teime. Aquele idiota vai ficar de boca aberta.
— Quem vai ficar de boca aberta, mamãe? O cliente?
— Não, não ligue para o que eu falei, querida, estou ficando velha e
falando sozinha.
— A senhora não é velha, mamãe.
— Eu sei, meu amor.
— Mamãe!
— Capricha no visual, minha filha. Você tem que impressionar o
cretino... Não, o cliente, o cliente, minha filha. Seja educada, uma dama
assim como a mamãe ensinou.
— Mãe, a senhora está estranha.
— É culpa do seu irmão, ele está me deixando assim. Aquele
moleque ingrato não me escuta. Mas eu cuido dele depois. Agora se apresse
e não se atrase. O motorista vai te buscar, ele sabe onde vai ser o encontro.
— Certo, vou me apressar então, mas da próxima que eu tiver que
sair com um cliente, me avise com antecedência, mamãe.
— Tudo bem, querida. Agora tchau.
Ela desliga a ligação e olho para o telefone.
A minha mãe está muito estranha.
Como já é quase noite, deixo o telefone em cima da cama e entro no
meu closet, pegando o colar de diamante azul e um vestido elegante que
combine com a joia.
Um vestido justo e decotado que vai destacar a joia no meu pescoço.
Tomo banho, faço um penteado no meu cabelo, uma maquiagem à
altura do look de hoje e, finalmente o vestido e o colar de diamante azul,
além de um salto alto e...
Uauuuu, estou realmente linda.
— Senhorita, o motorista já está a sua espera — me avisam no
quarto.
— Já estou descendo. — Pego uma bolsa de mão e coloco o celular
dentro.
Mamãe pode me ligar de novo para saber como estão indo as coisas.
Depois que saio de casa, não demora muito para que eu chegue ao
restaurante, um dos melhores de Nova York.
Seja lá quem é esse cliente, deve ter muito dinheiro.
— Por aqui, senhorita. — Uma recepciona me guia pelo restaurante
assim que dou meu nome. — Essa é a sua mesa. — Ela indica.
Um homem muito lindo e gato se levanta para me receber.
Estava esperando ver um velho, mas esse aqui é um deus grego.
— Senhorita Jones.
— Você não é velho.
O homem sorri e me dou conta do que falei.
— Eu não sou, mas o meu pai eu garanto que é.
— Me desculpe, eu, eu, eu... É que eu esperava...
— Ver um velho. Já entendi.
Eu acabo sorrindo.
— Me desculpe, por favor.
— Estava esperando encontrar o meu pai, mas como ele não pode
vir, me mandou no lugar dele. — Ele se aproxima de mim e eu respiro
fundo, então puxa a cadeira para que me sente, ficando atrás de mim.
— E que bom que eu aceitei vir no lugar dele.
Eu sorrio meio sem graça e me sento, então ele toma o assento dela
a minha frente.
— Minha mãe falou que seu pai tem interesse em uma de nossas
telas.
— Sim, ele quer dar de presente para a minha mãe no aniversário de
casamento deles. Minha mãe é uma fã da sua.
Eu sorrio.
— Fico feliz que apreciem o nosso trabalho.
— É claro que sim. — Ele me serve uma taça de vinho.
— Então você é a portadora do precioso diamante azul.
— Sim, ganhei do meu pai de presente de aniversário.
— Que belo presente. Essa joia estava em um leilão e seu pai me
venceu.
— Sério!?
— Seríssimo, quando Anthony Jones quer uma coisa, ele consegue.
Mas vendo a dona dele agora, estou satisfeito em ter perdido para ele. A
joia ficou melhor no seu pescoço do que ficaria no meu.
Eu acabo sorrindo e brindamos.
— Seu sorriso é lindo, sabia?
Estou prestes a responder, quando...
— Eu também acho.
Eu não acredito, isso só pode ser perseguição.
— Ethan Parker! Que prazer revê-lo.
Olho para o Ethan que me encara e responde sem tirar os olhos de
mim.
— Uma pena que não posso dizer o mesmo. É sempre um desprazer
encontrar com você.
CAPÍTULO 51
ALINE JONES
Meu Deus, o que o Ethan está fazendo aqui?
Eu me recuso aceitar que ele está me seguindo, e o pior, está
tratando mal um possível cliente da galeria.
— Ethan, estou em um jantar de negócios, será que pode nos dar
licença? — digo de forma educada, mas o filho da mãe apenas sorri.
— Não sabia que para vender quadros tinha que flertar com os
clientes.
Eu respiro fundo para não jogar a taça de vinho na cara dele.
— Acho que está passando um pouquinho só dos limites, Parker.
Está ofendendo a senhorita Jones.
— Ele não se preocupa com isso. Afinal me ofender foi o que ele
sempre fez a vida toda, isso não vai mudar agora.
Ethan engole em seco.
— Isso não é verdade, Aline, eu nunca...
— Ethan, por favor, não estou flertando com um possível cliente,
isso é importante para a minha mãe e para o tio Oliver, então se puder nos
deixar a sós, eu agradeço.
Ele trava o maxilar e olho para o homem a minha frente.
— Se tocar um dedo sequer nela, corto a sua mão, Jackson, e você
sabe muito bem que não faço ameaças inválidas. Não toque em nenhum fio
de cabelo dela.
— Chega, Ethan! Sai daqui. — digo me levantando e o encaro.
O infeliz que está lindo de morrer se aproxima e toca no meu
queixo.
— Vou deixar você fechar o seu negócio com ele. Não se preocupe
que ele vai comprar a tela, não é mesmo, Jackson? — Ethan diz e olha para
o homem que parece mudar de cor.
— É claro que sim — ele responde como se estivesse com medo.
— Não pode intimidar meus clientes assim.
— Não estou intimidando, meu amor, afinal ele veio encontrar você
para isso. Foi uma coincidência ter nos encontrado aqui hoje, pois também
tenho um jantar de negócios nesse restaurante.
Eu retiro na mão dele que solta o meu queixo.
— Não pense que me engana, Ethan.
— Não preciso disso. Enganar você é a última coisa que quero fazer,
meu amor. O meu jantar aqui é coisa rápida. Termine o seu que vou te levar
para outro lugar.
Estou prestes a abrir a boca quando ele diz novamente:
— Não, nem adianta dizer que não que te retiro daqui por cima do
ombro e sabe muito bem que tenho coragem para fazer isso.
— Eu te odeio, sabia?
Ele sorri.
— Pode odiar a vontade, querida, posso muito bem amar por nós
dois. Você fez isso a vida inteira, agora é a minha vez. — Ele beija a minha
bochecha e se retira indo para uma mesa mais ao fundo do restaurante.
Volto a me sentar.
— Me desculpa mesmo por isso, estou muito envergonhada.
O homem que agora sei que se chama Jackson sorri meio sem jeito e
diz:
— Não se preocupe com isso, conheço muito bem a família Parker e
a fama que eles têm.
— Eu sinto muito mesmo por esse inconveniente.
Ele balança a cabeça.
— Então quer dizer que os rumores são verdadeiros? Eu achei que
romperam o compromisso entre a família de vocês.
Eu o encaro sem entender o que ele quer dizer com isso.
— Rumores!? Mas que rumores?
— Que vocês dois estão juntos agora.
Estou tomando um gole de vinho quando ele diz isso e, literalmente,
me engasgo. Ele me entrega um lenço tocando na minha mão, me ajudando.
— Obrigada, é que eu... Que história é essa? Não estamos juntos.
Ele se ajeita na cadeira, pega o celular dele e abre em um noticiário
da internet.
Quando leio a notícia, falto me engasgar de novo.
“A princesinha Jones e o herdeiro da família Parker estão
finalmente juntos.
Os dois estão curtindo em Nova York a nova fase na vida da jovem
artista.
Depois de anos, os dois resolveram se entregar ao amor.”
A notícia está bem acima de duas fotos de hoje cedo, em uma estou
recebendo o buquê de flores das mãos dele e a outra, estou entrando no
carro do desgraçado.
— Mas que porra é essa? — digo alto e Jackson sorri.
— Você e o Ethan juntos.
Agora ele resolve ser engraçado.
— Quando isso saiu na mídia?
— No meio da tarde, mas depois da cena que presencie agora...
— Não, não estamos juntos, isso não vai acontecer, nunca.
Ele sorri.
— Você gosta muito dele, senhorita Jones, está estampado na sua
cara. E essa nossa interação aqui vai me trazer problemas, uma dor de
cabeça que eu não quero ter. Ninguém ousa chegar perto de uma mulher
que pertence a Ethan Parker.
— Eu não pertenço a ninguém — digo entredentes já começando a
ficar com raiva dessa conversa.
— Sempre pertenceu desde que nasceu, Aline. Você pode não me
conhecer, mas toda a alta sociedade conhece a história de vocês dois. E,
hoje, com essa notícia, Ethan Parker deixou claro para todas as famílias que
o que aconteceu meses atrás eram apenas rumores, que vocês dois nunca se
separam, estão juntos.
Eu fico sem querer acreditar nessa merda toda.
— Eu vou matar o Ethan Parker.
— Não, não vai. Agora se me der licença, já vou indo. E não se
preocupe, a tela será comprada. Mande os meus cumprimentos para a
senhora Jones. Foi um prazer conhecê-la, Aline, uma pena ser nessas
circunstâncias.
— Mas e o jantar?
— Sei que estou sendo mal-educado e peço perdão por isso, mas
quero manter todas as partes do meu corpo no lugar, pode aproveitar o
jantar. Tudo já está pago. — Ele se levanta, faz uma pequena reverência
com a cabeça e se retira, me deixando morta de vergonha e de ódio.
Mas entendo o lado dele.
Ainda na mesa, encho a minha taça de vinho e tomo de uma vez.
Logo em seguida faço de novo.
Quando vou encher a taça pela terceira vez, ela é arrancada da
minha mão.
— Vai ficar bêbada desse jeito e ainda não comeu nada.
O desgraçado se senta na cadeira que até uns minutos atrás Jackson
a ocupava.
— Eu vou te matar, vou te matar afogado com o seu sangue. Não sei
ainda como vou fazer isso, mas tenha certeza de que eu vou fazer.
Ele sorri.
— Adoro quando você diz essas coisas, fica muito sexy sendo uma
menina má, meu amor.
— Não me chame de meu amor.
— Vou fazer o nosso pedido.
— Eu não vou jantar com você, vim jantar com o Jackson e ele foi
embora por sua causa.
Ele sorri de novo.
— Você irá jantar comigo e não se preocupe, querida, que o Jackson
vai perder apenas as unhas, elas crescem novamente.
Arregalo os olhos e o encaro.
— O que você fez?
— Eu avisei para ele não tocar em você e ele tocou.
Meu coração acelera no peito.
— Você é doente seu desgraçado. Ele não me tocou em momento
nenhum.
— É claro que tocou.
Lembro de quando me engasguei.
— Ele estava me ajudando, me engasguei por sua culpa, por culpa
daquela notícia mentirosa que você vai tirar da internet.
— Que ajudasse sem tocar. E a notícia ficará na internet.
Antes que eu fale alguma coisa, ele chama o garçom e faz o nosso
pedido.
A minha vontade é de fazer um escândalo, mas não posso, ou isso
mancharia a imagem da galeria de arte.
— Ethan, não faça nenhum mal ao Jackson, eu nem mesmo o
conhecia e ele só estava me ajudando.
Ethan me encara.
— Por favor. — Resolvo pedir com jeitinho e parece que funciona,
porque ele pega o celular e manda uma mensagem.
Vejo que logo ele recebe uma resposta, então sorri.
— Ele teve apenas três unhas arrancadas, mas agora está livre. Fiz
isso porque você me pediu e gosto de fazer tudo o que você quer, meu amor.
Você manda e eu faço. Segundo os meus homens, ele borrou as calças na
primeira unha. Que molenga, não honra as calças que veste — diz com
tanta naturalidade que me assusta.
Mas sei do que homens como Ethan são capazes de fazer, pois, a
minha família não é muito diferente da dele.
— Por que está fazendo isso, Ethan? Por que está fazendo isso
comigo?
Ele tenta tocar a minha mão que está sobre a mesa, mas eu não
permito e a tiro.
— Já disse que te amo.
— Não, Ethan. Eu já disse que não.
— Eu também disse não muitas vezes, na verdade, disse por muitos
anos e você nunca desistiu de mim.
— Eu desisti, desisti de você. Fiz com que o meu pai rompesse o
nosso compromisso e depois fui embora, eu desisti vim embora.
Ele me encara.
— Eu não vou desistir. E já vou logo adiantando que as armas que
tenho, para lutar por você, são mais eficazes do que as que você tinha para
lutar por mim.
— Você não vai fazer isso?
— Eu vou sim. Opa, parece que uma notícia acabou de ser
atualizada na internet.
Eu pego o celular quase que desesperada, olho as notícias e vejo
uma em que nós dois estamos sentados, em tempo real, na mesa do
restaurante, conversando como se fossemos dois namorados, inclusive uma
das fotos ele segura o meu queixo, o que aconteceu minutos atrás.
— Você é como o Diabo, seu desgraçado.
— Sou sim, meu amor, e tenho a porra do inferno inteiro a minha
disposição. Você vai ser minha de novo, sua demônia, porque somos iguais.
“Eu te amo, amo mais do que queria admitir.
“A única mulher que eu realmente amei, desde que você nasceu.
“Apenas fui idiota e demorei demais para perceber isso.
“Vou lutar por você com todas as armas que tenho, porque eu te
amo, Aline Jones Parker.”
Eu fecho os olhos e respiro fundo escutando tudo isso.
Não posso ceder agora, seria fácil demais para ele.
Ethan Parker tem muito o que provar ainda.
CAPÍTULO 52
ALINE JONES
— Coma, querida!
Respiro fundo para tentar manter o mínimo de classe e elegância
possível, já que parece que estamos sendo observados o tempo todo, desde
que esse novo Ethan chegou aqui em Nova York.
— Você me fez perder o apetite.
Ele para de comer e me olha.
— Coma, Aline. Você não gostou da comida? Posso pedir outra pra
você se for o caso. Bebeu praticamente três taças de vinho e nem tocou na
sua comida. Eu garanto que não vai sair daqui sem jantar.
Jesus, me ajuda a não cometer uma loucura sangrenta.
— Se eu comer vai me deixar em paz?
Ele sorri.
— Não, mas coma.
Pego os talheres e começo a comer, mas a minha vontade é de jogar
o prato na cara dele.
— Aline, será...
— Calado, shiii! Não fale comigo.
— O que tenho que fazer para você me perdoar?
— Nada, eu já te perdoei.
— E, por que está agindo assim já que me perdoou?
— Porque a nossa história faz parte do passado. Eu te perdoei, mas
isso não significa que eu queira ter você perto de mim. Te dei a liberdade
que tanto queria.
Ele respira fundo.
— Você também desejou essa liberdade.
— E eu fui a única capaz de consegui-la para nós dois, fim de papo.
— Agora eu entendo tudo o que você passou.
— Tarde demais para isso, não acha?
— Será que pode falar comigo direito, por favor?
— Terminei. Obrigada pelo jantar — digo limpando a boca e me
levantando da cadeira.
Quando estou saindo, ele segura o meu braço.
— Volte para o seu lugar agora mesmo.
— Me solta, Ethan, não faça uma cena aqui.
— Faça o que eu mandei, Aline. Agora!
Eu tento puxar o braço.
— Eu já disse que não.
— Aline larga de ser teimosa e sente-se novamente. Seu vestido está
sujo, senta de uma vez.
— Sujo como? — Olho para o meu vestido e não vejo nada de mais.
— Na parte de trás.
Quando ele diz isso, meu coração acelera.
— Mas que droga!
Eu volto para o meu lugar e me sento.
— Eu também acho isso a porra de uma droga. Foi mal, pai, eu não
acertei na veia.
Olho para o infeliz a minha frente sabendo muito bem o que essas
palavras significam.
— Vai sonhado, Ethanzinho. Eu podia ser virgem, mas não sou
burra. Não vai fazer um mini Parker em mim.
Ele sorri.
— Isso é o que veremos.
Eu balando a cabeça.
Acho que ele bebeu vinho demais.
— A sua autoconfiança é admirável, Ethan. Mas agora tenho que
dar um jeito de sair daqui, preciso ir para casa rápido.
— Eu levo você.
— Não precisa.
— Não perguntei se precisava, meu amor, eu cuidarei de você —
Ele se levanta, tira o terno e fica do meu lado.
— Levanta, vou colocar o meu terno em você, assim ninguém verá
nada.
Eu o encaro e meu coração traidor começa a bater forte.
— Obrigada — digo assim que fico de pé e ele coloca o terno em
meus ombros, com seu perfume invadindo as minhas narinas, me fazendo
sentir sensações que não deveria.
— O seu perfume é horrível.
Ele sorri.
Eu jamais vou admitir que o perfume dele é incrível.
— Eu sabia que você ia gostar dele.
— Idiota.
— Eu também te amo.
Acabo revirando os olhos com o que ele acaba de dizer.
Ethan coloca a mão em minha cintura e me guia para fora do
restaurante até chegarmos ao estacionamento.
— Onde está o meu motorista.
— Que pena, parece que ele foi embora.
— Você é inacreditável, Ethan, inacreditável.
— Já disse que te levo para casa.
Eu não vou questionar dessa vez e nem fazer confusão, pois preciso
chegar em casa o mais rápido possível.
— Então vamos e rápido.
Seguimos até o carro dele e quando ele abre a porta do passageiro
para que eu possa entrar, me dou conta de uma coisa.
— Vou sujar o banco de seu carro caro.
— Não tem problema, amor, eu mando limpar depois.
Por que ele não pode voltar a ser um ogro?
Por quê?
— Ethan...
— Se está preocupada com o banco do carro, sente-se em cima do
terno.
— Do seu terno caro, de alta costura, feito sob medida,
exclusivamente para você? Desse terno aqui.
— Entra logo nesse carro, Aline.
Ele praticamente me empurra para dentro do veículo e vai para o
lado do motorista.
— Da forma como me empurrou aqui dentro, é muito provável que
eu tenha sujado o terno e o banco do carro.
— Eu não me importo nem um pouquinho com isso. Não mesmo.
— Ele liga o carro e saímos do estacionamento.
A viagem até a minha casa é feita em absoluto silêncio.
— Pode parar o carro aqui em frente... — Paro de falar quando os
portões se abrem para que ele entre.
— É claro que eles abririam o portão para você.
— O nosso compromisso pode ter acabado, Aline, mas ainda sou
amigo da sua família. Nunca tive nada contra vocês.
— É, eu sei disso, o seu problema era comigo mesmo.
Ele não diz nada e estaciona o carro na garagem.
— O problema não era você, Aline, nunca foi. O problema era eu
mesmo.
— Uma pena! Uma pena mesmo que você descobriu isso tarde
demais.
Ele abre a porta do carro e quando vou pensar em sair, ele vem e me
faz isso.
— O que pensa que está fazendo? — pergunto assim que ele tenta
me pegar no colo.
— Vou levar você para dentro de casa.
— Não. Nem... Ahhh... Seu louco.
— Aqui você pode gritar, berrar, espernear, sinta-se à vontade.
Ele sai andando, me carregando no colo como se eu estivesse
doente.
— Ethan, me coloca no chão.
— Não. Vou preparar um banho quente pra você.
— Mas de jeito nenhum. Você vai embora agora mesmo.
Ele finge não escutar e começa a andar em direção ao meu quarto,
que ele claramente sabe onde é, já que até um tempo atrás havia inúmeras
câmeras espalhadas pela minha casa, coisa dele.
— Precisa de um banho quente para não sentir cólica.
Eu acabo sorrindo do que ele diz.
— E o que você entende disso?
— Muito mais do que você, pelo que estou vendo.
— Ethan, vai embora, por favor. Eu sei me virar sozinha.
— Não. — Ele entra no quarto.
— Vou preparar o seu banho enquanto você tira a roupa e cuidado
com esse colar.
Ele me coloca no chão.
— Não vou ficar nua na sua frente.
Ele sorri.
— Não tem uma parte sequer do seu lindo corpo por onde os meus
lábios já não tenham passado. Ficar nua na minha frente é o de menos. Não
sou um maníaco por sexo, sei separar as coisas.
Eu fico de boca aberta e ele entra no meu banheiro como se
estivesse em casa.
Que se exploda tudo, eu quero é um banho quente.
Tiro a roupa no closet e visto o roupão.
Quando entro no banheiro, vejo Ethan com as mangas da camisa
dobradas até a altura do cotovelo.
Uma tentação em forma de homem.
— Vou deixar você a vontade para tomar o seu banho. A água está
bem quente, vai ajudar você. — Ele passa por mim e me beija na testa.
Confesso que isso me impressiona.
Mas sai logo em seguida.
Ethan precisa voltar a agir feito o idiota cretino que ele era antes,
pois essa nova versão de Ethan Parker é perigosa demais e com ela eu não
sei lidar.
CAPÍTULO 53
ALINE JONES
Não demorei muito no banho, até porque Ethan está estranho
demais e quero saber o que ele está fazendo perambulando pela minha casa,
sozinho, porque ir embora, tenho certeza que ele não foi.
Ainda dentro do banheiro, faço tudo que preciso fazer para ficar
confortável e saio logo em seguida entrando no closet.
Visto um conjunto de moletom e quando vou para o quarto, respiro
fundo, começando a sentir um leve desconforto na região abdominal, mas
para esse período isso é normal.
— O que você está sentindo?
Levo um susto com ele entrando no quarto de uma vez.
— Você não espalhou câmeras pela minha casa de novo não, né?
Ele fica me encarando, como se estivesse me analisando.
— Não, eu não fiz isso.
— Não sei o motivo, mas eu não acredito em você. Vou mandar o
meu mais novo homem de confiança fazer uma vistoria, soube que ele foi
muito bem treinado, mas agora ele tem um novo chefe.
Ele sorri.
— Você corrompeu o meu segurança.
— Não, Ethanzinho, ele só escolheu o lado vencedor... Que droga!
Ele vem até mim e segura o meu braço.
— Você está com cólica, não é mesmo?
— O que você entende disso, Ethan? Nada, você não sabe de nada
— digo me afastando dele.
— Minha irmã, ela sente muito isso e sempre fica mal. Eu ajudava a
mamãe a cuidar dela quando eu estava em casa.
Amaya sofre mesmo com isso, mas o Ethan saber cuidar dela, isso
sim, me impressiona.
— Por que está fazendo isso, Ethan? Sério, não consigo te entender.
— Só quero cuidar de você. Não vou te deixar sozinha sabendo que
está assim. Deita um pouco, vou preparar um chá para você, vai te ajudar
com a dor.
Ele sai do quarto tão rápido que me deixa sem ação.
Eu devo estar sonhando, mas por via da dúvida vou me deitar
mesmo, pois quero dormir e acordar só amanhã.
Com esse pensamento, me deito encolhida na cama, sentindo a
droga da dor aumentar.
O médico me garantiu que as minhas cólicas diminuiriam com o uso
do anticoncepcional, mas parece que nada vai mudar.
Eu preciso dormir para não sentir isso.
***
— Aline... Aline, amor, acorda.
Abro os olhos e não consigo evitar o gemido.
— Ela está assim, doutor, gemendo, dormindo.
Eu não acredito, eu não estava sonhando, o Ethan está mesmo na
minha casa e ainda chamou um médico.
— Ethan, o que você fez?
— Chamei um médico de confiança, querida. Consegue se sentar na
cama?
Eu me mexo e ele me ajuda a me sentar, me encostando na cabeceira
da cama.
— Senhorita Jones, você toma algum tipo de contraceptivo? — o
médico pergunta apalpando a minha barriga e solto um gemido novamente.
— Sim, eu comecei a tomar recentemente. Estou no intervalo do
remédio, mas o meu ginecologista me garantiu que eu iria melhorar em
relação às cólicas.
O médico escuta com atenção tudo o que digo.
— Geralmente é isso mesmo que tem que acontecer. Os
anticoncepcionais orais diminuem a produção de prostaglandinas,
substâncias que são liberadas durante a menstruação para estimularem as
contrações uterinas que causam as terríveis cólicas.
“Esse método é frequentemente indicado para esta finalidade.
“Ao suspender a menstruação, a cólica também sai de cena, já que o
sangramento que ocorre no intervalo entre uma cartela e outra é apenas um
sangramento de escape, não a menstruação em si.
“Mas nem todo método e cem por cento eficaz, todos tem suas
porcentagens de falhas.
“A senhorita começou o uso do anticoncepcional para alívio das
cólicas ou para evitar uma possível gravidez?
Nesse momento, Ethan me olha como se quisesse me matar.
— Gravidez, a diminuição das cólicas seria um bônus.
O médico sorri do que eu digo e o Ethan se afasta um pouco,
passando as mãos pelo cabelo.
— Você vai parar de tomar essa porcaria. Olha só como ficou, meu
amor? O que teria acontecido com você se eu não insistisse em ficar?
— Sou obrigado a concordar com o seu namorado. Há outras formas
da senhorita evitar uma gravidez indesejada. Pelo que estou constatando, o
contraceptivo piorou suas dores.
“Procure o seu ginecologista e converse com ele sobre o que
aconteceu, ele pode receitar outra coisa.
“Vou apenas aplicar uma injeção para dor que vai fazer efeito mais
rapidamente no seu organismo e irá sentir uma melhora em poucos
minutos.”
— Obrigada, Doutor — agradeço e ele me aplica a injeção, me
explicando várias coisas que podem causar cólicas.
— Prontinho, senhor Parker, o senhor pode me ligar a qualquer
momento se precisar, estou à sua disposição.
— Ótimo, eu vou acompanhar o senhor até a porta.
— Não precisa, fique com a sua namorada, eu acho a saída,
obrigado.
— Um dos meus homens irá acompanhar o senhor.
— Tudo bem.
Ethan vai até à porta do quarto com o médico e assim que o homem
saí, ele se vira em minha direção.
— Precisa de alguma coisa? — ele pergunta como se estivesse com
raiva de alguma coisa, como se estivesse com raiva de mim.
— Não, mas você claramente está chateado.
— Estou sim, mas isso não vem ao caso agora, o que interessa é a
sua saúde.
— Fala, Ethan.
Ele balança a cabeça.
— Você que um chá, um suco, água, qualquer coisa.
— Fala, por favor.
Ele anda até o meio do quarto e me olha.
— Por favor. — Eu quero saber pela primeira vez o que se passa
pela cabeça dele em uma situação como essa.
Uma situação que nunca imaginávamos que iriamos passar juntos.
— Eu perdi dois filhos, Aline, a mãe os matou sem piedade
nenhuma. Então, ver você maltratando o seu corpo apenas para evita uma
gravidez, evitar engravidar de mim, me trouxe lembranças que são
doloridas.
Ele consegue me deixar sem palavras, porque ele tem razão.
Eu comecei a tomar o remédio para evitar engravidar dele, porque
eu sei que se ele tentar me seduzir, vou acabar cedendo e eu sempre termino
a noite fugindo.
— Eu, eu, eu... Eu não sei o que dizer, Ethan.
— Segundo a biópsia que mandei realizar nos restos fetais deles,
hoje seria o aniversário deles. Os médicos calcularam pela idade fetal uma
data prevista para o parto, caso eles...
Meu Deus, aquela mulher é um mostro.
Eu me levanto de uma vez da cama, vou até ele e o abraço forte.
— Ethan, eu sinto muito, muito mesmo pelos seus filhos.
— A culpa foi minha, eu sou o culpado pela morte deles.
— Não, não diga isso, nunca mais repita uma besteira dessas.
— Eu não cheguei a tempo de salvá-los, Aline. Você tem toda razão
em não querer ter um filho meu.
— Não, Ethan, isso não tem nada a ver, é uma situação
completamente diferente. Você teria sido um ótimo pai, eu tenho certeza
disso.
— Não, Aline, eu não...
— Não diz mais nada, Ethan. Me deixe confortar você como eu
queria ter feito naquele dia em que me expulsou.
Ele me olha.
— Me perdoa, Aline.
— Eu já disse que perdoei, agora vem aqui. Vou fazer cafune em
você, mas vou logo avisando que se dormir na minha cama, eu te derrubo
dela e te chuto para fora da minha casa. Nada mudou, Ethan, estou apenas
sendo um ser humano melhor, consolando um pobre coitado em um
momento triste.
Ele sorri sem vontade.
— Você não é muito boa nisso. Era isso que ia fazer naquele dia?
Porque se era, ainda bem que eu te expulsei.
— Cala boca, vem. — Eu me sento na cama na mesma posição de
antes e ele se deita, colocando a cabeça em meu colo. Então, começo a fazer
carinho no cabelo macio dele.
— Será que um dia você ainda vai me dar uma chance, Aline? Me
daria uma chance de fazer tudo diferente?
CAPÍTULO 54
ETHAN PARKER
Aline me encara tão profundamente e seu olhar me mostra que está
levando tudo em consideração.
É como se estivesse colocando cada engrenagem da sua cabeça para
pensar.
Por um momento, chego a ter esperança, esperança de uma resposta
positiva vindo da sua parte.
Se ela aceitar farei tudo diferente, a amarei como ela sempre
mereceu ser amada. Na verdade, eu já amo, mas farei questão de provar o
meu amor por ela todos os dias.
Estou disposto a lutar com um passado dolorido demais para ter um
futuro ao seu lado.
— Ethan, eu...
— Aline, estou disposto a tudo por você.
Ela continua a me encarar.
— Eu...
— Eu te amo.
— Ethan...
— Te amo, Aline, eu sei...
— Pelo amor de Deus, cala a boca e me deixa falar. Como eu vou
dizer que te dou mais uma chance, se você não me deixa dizer?
Nesse momento, chego a pensar que escutei errado.
— Você vai me dar mais uma chance?
Ela sorri gentilmente, passa as mãos pelo meu cabelo novamente e
continuo deitado no seu colo.
— Ethan, você não terá uma terceira chance. Se magoar o meu
coração de novo eu...
Eu a puxo para mim e a beijo com todo o amor que sinto por ela.
— Prefiro morrer a ter que fazer isso. — Eu a beijo e Aline geme
em minha boca, retribuindo, sem pressa.
É fácil me perder nela, todos os meus pensamentos pertencem a ela,
mesmo eu sabendo que temos muita coisa para fazer, para conversar e
acertar.
Mas não me imagino em outro lugar, senão aqui, com ela, em paz,
cicatrizando as feridas, arrancando nossos traumas, dando início a um novo
ciclo.
Nosso ciclo de eternidade.
— Eu tentei não te amar mais...
Começo a beijá-la para que se cale, então ajeito nossas posições na
cama, a colocando por cima de mim.
— Vou te fazer a mulher mais feliz do mundo, meu amor. Nunca
mais vai se livrar de mim.
— Eu te amo. — Ela sorri, suspirando quando mordisco seu lábio
inferior.
— Eu te amo demais. Obrigado por me aceitar na sua vida e agora
de verdade. Nunca mais vou me afastar. — Pisco um olho e acaricio suas
costas.
Gosto de tê-la em cima de mim, nessa posição.
Mas Aline não fica assim por muito tempo, ela escorrega para o
lado, se encaixando para que sua cabeça descanse em meu ombro.
— Vamos começar do zero, Ethan, da linha de partida. Novo jogo e
novas regras.
— Eu aceito qualquer coisa, meu amor, pode começar.
Ela sorri, começando a falar sem parar e tudo o que consigo fazer é
olhar para ela admirado.
Eu quase perdi essa mulher, mas nunca mais eu cometerei essa
loucura novamente.
— Você é linda.
Ela para de falar e me encara.
— E você não escutou nada do que eu falei.
Sorrio da sua carinha de zangada e a beijo.
— Vamos ter muito tempo para acertarmos tudo, para conversamos
e decidirmos como faremos as coisas. Mas agora eu quero namorar você um
pouquinho.
O sorriso que a safada dá, deixa claro que ela também quer isso, mas
sei que não vamos passar dos beijos pelo estado em que ela se encontra no
momento.
Só que vou aproveitar cada minuto ao lado da mulher que eu amo.
— Nossos pais vão surtar quando souberem que estamos juntos de
verdade — ela diz levantado a cabeça para me olhar.
— Meu pai vai querer marcar o nosso casamento para a semana que
vem, disso eu tenho certeza.
Ela se remexe na cama e consigo sentir a tensão emanado de seu
corpo.
— O que foi, Aline? Não é isso que você quer?
Ela se senta na cama e me olha profundamente.
— Não, Ethan, sinto muito, mas eu não quero me casar. Vamos nos
conhecer primeiro. Você não sabe nada sobre mim, assim como sei que tem
várias coisas que não sei sobre você. Casamento não está mais nos meus
planos.
Ela está certa.
— Eu entendo, vamos voltar a falar nesse assunto quando o
momento chegar.
— Talvez demore um pouco.
— Eu espero, sei ser um homem paciente. — Seguro sua mão e ela
se deita novamente com a cabeça no meu peito.
Há muito tempo eu não conseguia relaxar como estou fazendo
agora.
***
Seis meses depois...
O prazer dispara por meu corpo enquanto Aline rebola no meu pau,
perdidamente, na busca por seu orgasmo.
Seus gemidos se mesclam com os meus e o ritmo alucinante que ela
dita me enlouquece, porque não consigo controlar a sensação de tê-la em
cima de mim, tomando meu pau avidamente.
Apertando a cintura fina, tento diminuir seu ritmo, mas ela não
permite, sorrindo, mordendo o lábio e eu me rendo.
— Porra! — Tento segurar, mas está impossível.
Essa mulher sabe como me enlouquecer.
No começo somente provoca, mas quando ela está naquele ponto
sem volta, eu não posso fazer nada, a não ser aproveitar cada segundo.
Suas mãos estão apoiadas em meu peito, enquanto ela fode com
força.
Sua boceta engole meu pau como se eu não fosse um filho da puta
grande.
Os seios pequenos balançam enquanto os mamilos estão inchados da
chupada gostosa que eu dei.
— Ethan... — Ela arqueja, sem perder o ritmo. — Vou gozar.
Estou no limite, sentindo sua boceta contraindo.
É quase demais para suportar.
— Fode o meu pau, gostosa — rosno, incentivando que ela seja
mais rápida. — Isso, gostosa do caralho.
Ela gosta de palavras sujas, da pegada mais bruta, mas também ama
quando sou lento e suave.
Hoje, minha mulher queria algo mais áspero e meu lábio latejando
da sua mordida, foi o aviso único.
Planejei algo romântico para essa minha última noite aqui, mas ela
não.
— Ahhh... Que delícia. — Joga a cabeça para trás, rebolando,
comigo todo enterrado nela.
— Ethan...
— Não pare! — Dou um tapa em sua bunda e ela sorri, mordendo o
lábio, voltando a apoiar as mãos em meu peito, subindo e descendo mais
rápido, rebolando, me enlouquecendo.
— Vou gozar, ohhh... Que delícia... — Arqueja e sinto sua boceta
me esmagando, a respiração acelerando. — Ethan... — Ela joga a cabeça
para trás, gemendo alto, cavalgando em seu prazer de um jeito,
deliciosamente, arrebatador.
O suor brilha em sua pele e ela parece uma deusa, já eu sou a porra
do homem mais sortudo do mundo.
Quando Aline desaba no meu peito, mudo nossas posições, ficando
por cima dela.
— Minha vez, amor. — Tomo seus lábios num beijo carregado de
luxúria.
O prazer dispara por meu corpo, sentindo a boceta molhada, o
encaixe quase impossível e insano.
Amo o som de seu prazer, é gostoso e perverso demais.
— Pede — rosno, segurando seu pescoço, apertando-o levemente.
— Pede para eu encher essa boceta linda de porra.
Ela sorri, com os olhos brilhando, vidrados de paixão.
— Enche, a minha boceta de porra.
— Caralho! — Beijo sua boca outra vez, louco de amor e tesão.
Aline é perfeita para mim, em todos os sentidos.
Ao longo desses meses todos, entre idas e vindas da Califórnia para
Nova York, fomos descobrindo que na cama o céu era o limite.
Eu não temia ser um bruto porque ela sabia que jamais a
machucaria.
Buscávamos prazer, ela queria tudo de mim e eu tudo dela.
Somo perfeitos juntos.
— Porra, que boceta gostosa. — Seguro seu cabelo e ela geme
aceitando cada uma das minhas demandas.
O prazer rouba meu fôlego e ela me puxa pela nuca, pois também
reconhece quando estou perto de gozar.
Seu beijo é a minha perdição.
Uma sensação eletrizante dispara por meu corpo, solto um gemido
em sua boca com o mesmo desespero que me agarro nos breves instantes
antes do mundo explodir.
— Aline, caralho... — Gozo tão forte que fico tonto.
São necessários alguns instantes para que eu possa recuperar o
fôlego.
Ergo o corpo um pouco, ainda ofegante, mas tão satisfeito que não
cogito a possibilidade de sair de onde estava.
— Talvez eu precise melhorar os meus exercícios, você é insaciável
mulher — brinco, a beijando suavemente.
— Por que, senhor Parker? Você está perdendo o ritmo? — A
diversão brilha em seus olhos.
— Não me provoque que eu posso começar tudo de novo, agora
mesmo, e farei você pagar pela língua sua safada.
Ela passa a língua pelos lábios.
— Então, por que não começa? — O sorriso travesso aquece meu
coração.
Nesses últimos meses, Aline se tornou uma mulher confiante de si
mesma na cama. Ainda que sua personalidade seja pacífica para a maioria
das pessoas, ela não se intimida comigo.
— Você precisa mesmo ir embora? — ela pergunta toda manhosa.
— Sabe que sim, já estou aqui há duas semanas. Por mais que
consiga trabalhar bem da filial, também preciso estar na sede da empresa, já
estou na parte final de testes do meu mais novo brinquedinho. Mas você
bem que podia voltar comigo.
Ela balança a cabeça e me encara logo em seguida.
— Não mesmo, a sua mãe e a minha querem nos casar.
Me recordo do que aconteceu dois meses atrás, quando a pedi em
casamento na frente das nossas famílias e ela disse não. Ainda me lembro
das palavras que ela usou:
“Eu te amo, Ethan, amo muito, mas não vou me casar com você, não
agora.”
— Elas ficaram empolgadas com o pedido de casamento fracassado.
Ela sai dos meus braços e se senta na cama.
— Não vamos voltar a esse assunto de novo.
— Não, não vamos. Eu preciso ir embora, você já me expulsou da
sua casa umas dez vezes só essa semana. Ainda bem que sou um namorado
bem compreensivo. — Dessa vez sou eu que me levanto e vou para o
banheiro.
Eu entendo os motivos de Aline, mas aceitá-los não está sendo
muito fácil.
Só que eu a amo e não vou deixá-la porque ela recusou o meu
pedido de casamento.
Após tomar banho, volto para o quarto e me troco sob o olhar atento
dela em mim.
Aline parece me admirar.
— Quando você volta?
— Eu ainda nem fui embora e já está com saudade?
Ela sorri.
— Eu sempre estou com saudade. Mas não posso voltar com você
agora, nem que eu quisesse. Sabe que estou trabalhando na organização da
exposição e...
— Entendo, Aline. Não se preocupe com isso, volto assim que
puder. Enquanto isso vamos nos falando por telefone. — Termino de me
vestir, vou até ela e a beijo.
— Está chateado. — Afirma uma coisa que não é verdade.
— Com você nunca, meu amor. Mas eu tenho mesmo que ir,
amanhã de manhã cedinho tenho uma reunião da diretoria.
Ela balança a cabeça.
— Só não demora para voltar para mim.
Eu a beijo na testa e ela fecha os olhos.
— Não saí de casa sem os seguranças e use o carro que eu comprei
pra você, ele é blindado. Sempre me ligue pelo celular que eu te dei, ele é
seguro. E, pelo amor de Deus, use as joias que eu comprei para você,
sempre use uma delas, assim posso saber sempre onde está e se corre algum
perigo.
Ela escuta tudo com atenção e balança a cabeça concordando.
Depois do que aconteceu com a esposa do meu primo, não quero
correr riscos.
Não escondi nada do que aconteceu da Aline, sem contar que nosso
relacionamento agora é público para o mundo e ela sabe o que isso
significa.
— Tudo bem.
— Você entendeu, Aline?
— Entendi, farei tudo o que falou, só volta logo, tá bom.
Dessa vez é ela que me beija.
— Vou voltar o mais rápido possível.
— Eu te amo.
— Também te amo, amor.
***
Quando chego na pista de decolagem, o meu avião já está a minha
espera, pronto para decolar.
Confiro as horas no relógio e constato que vou chegar de madrugada
em casa, afinal são mais de seis horas fodidas de voo, e isso é um saco.
Entro na aeronave e logo em seguida decolamos. Pego o celular e
vejo uma mensagem de Aline.
“Boa viagem.
Volta logo que já estou com saudade.
Prometo que não vou te expulsar dez vezes, apenas oito.
Te amo muito.
Sua Ratinha.”
Eu acabo sorrindo da mensagem.
Quem olha assim nem imagina que ela literalmente me derrubou da
cama hoje.
— Precisa de alguma coisa, chefe? — um dos meus homens
pergunta.
— De um uísque puro para suportar essa viagem.
— Sim, senhor.
Estar longe da minha mulher me deixar estressado, só fico bem
perto dela, em seus braços, sentindo seu cheiro que me acalma.
***
Como previa, chegamos já de madrugada.
Quando desço do avião, o meu carro já está esperando.
Entro e quando estou prestes a dar partida no carro, meu telefone
toca, mas o estranho é que é meu telefone pessoal, o telefone que apenas a
minha família liga.
O problema é que não reconheço o número e isso me deixa em
alerta.
Mesmo assim resolvo atender, vai que alguma das minhas primas
resolveu se meter em problemas ou até mesmo a minha irmã.
— Alô. — Atendo e escuto uma respiração profunda do outro lado
da linha. — Quem está falando? — pergunto com o meu tom mais
assustador.
— Olá, querido, quanto tempo.
CAPÍTULO 55
ETHAN PARKER
Essa voz...
A merda da voz que durante muito tempo eu adorava ouvir dizer
que me amava.
A voz traidora da mulher que quebrou o meu coração, que partiu a
minha alma, que me jogou no fundo do poço, que me deixou na lama, que
me fez magoar aquela que nasceu para mim, a pessoa mais pura e inocente
desse mundo.
A voz maldita da mulher que matou os meus filhos.
Escutar essa voz de novo depois de tantos anos me deixa por alguns
minutos paralisado, trazendo de volta a minha mente, lembranças de
momentos que passamos juntos.
Mas que tudo não passou de uma farsa, de uma missão em que ela
estava cumprindo e muito bem, a tal ponto de conseguir de mim, o que
queria.
Só que no processo matou duas vidas inocentes.
Ela matou nossos filhos, ou melhor, os meus filhos!
— Eu vou te matar. O processo da sua morte será tão lento que vai
implorar por um tiro na cabeça. Eu vou arrancar a sua pele e vou ter prazer
em escutar os seus gritos. Eles serão como músicas para os meus ouvidos.
Vou te manter viva durante todo o processo, pois quero te ver agonizar de
dor antes de morrer, sua desgraçada, filha de uma puta.
Ela sorri levemente, percebo isso através da ligação.
— Eu também senti a sua falta, Ethan, e acho que de algum modo
você também sentiu a minha, já que não parou de me perseguir durante todo
esse tempo.
“Os anos passaram e você não desiste, Ethan?
“Não me esquece?
“Fugir de você está se tornando cansativo demais para mim, da
última vez os seus cães imundos quase me pegaram.”
Ela diz a última parte com raiva.
— E eles pagaram caro por isso. A missão era te pegar e trazer até a
mim, com vida para que eu te matasse, coisa que não fizeram. Bando de
inúteis, incompetentes, mas agora quem eu coloquei atrás de você, usa um
método diferente. Ele vai te achar e eu vou te matar.
— Eu sei disso. Eles não conseguiram, mas foi por muito pouco
mesmo.
“Só que agora o rato que você colocou atrás de mim, está me
causando problemas, e não estou muito disposta a resolver.
“Eu não sei como consegue fazer isso, Ethan, é como se você fosse
alimentado pelo ódio.
“Eu realmente achei que se você se acertasse com a sua
mulherzinha, me deixaria em paz.”
Grande engano, eu só vou deixá-la em paz no dia em que você
morrer.
— Você sabe que um dia eu vou te encontrar e vou te fazer pagar
por tudo, sua desgraçada.
Ela respira fundo.
— Nós dois já estivemos juntos no mesmo ambiente, Ethan. Foi
bonitinho ver você morrendo de ciúme da sua mulherzinha alguns meses
atrás naquele restaurante.
“Mas mandar arrancar as unhas do pobre rapaz, só porque ele
ajudou sua querida, Aline, foi demais.
“Você a trata como se ela fosse de porcelana, o que chega a ser
ridículo.”
Eu não sei nem o que sinto nesse momento.
Como essa infeliz fez isso?
— Sua desgraçada, maldita filha da puta! Eu vou te encontrar e
vou...
— Não, Ethan, não vai não. Eu cansei de fugir de você. Chega,
Ethan, chega. Você tem que parar.
— Eu não vou parar nunca e você não está em condições de me
exigir nada, Lavínia. É questão de tempo para que eu te encontre, ainda
mais depois dessa ligação. Sabe muito bem que depois desse seu erro, vou
conseguir rastrear o seu sinal.
— Sim, eu sei e aceitei esse risco. Você vai me encontrar, mas não
vai me matar. Não vai poder fazer isso.
— E o que te faz ter tanta certeza disso, infeliz? — pergunto já
tomado pela raiva.
Se ainda não desliguei a ligação é porque sei que tem uma pessoa
especial nesse momento tentando rastrear essa ligação.
— Não posso dizer por telefone, Ethan, mas Aline está correndo
perigo. Proteja a mulher que você diz amar a todo custo.
“Faça por ela o que nunca foi capaz de fazer por mim.
“Eu nunca tive ninguém nessa vida, nem mesmo você era meu de
verdade, sempre foi dela.
“Era estampado na sua face que se importava muito com ela, Ethan.
“Eu sempre soube da importância que aquela mulher tinha na sua
vida.
“Você estava apenas iludido pela sensação de amor que eu
transmitia para você.
“Mas, Aline Jones tem uma família que a ama.
“Ela precisa que você a proteja agora, antes que seja tarde demais.”
Essa mulher só pode estar querendo terminar de acabar comigo.
— Eu te amei, desgraçada, e olha o que você fez? Deveria ter aberto
o jogo comigo, mas a sua missão de acabar comigo, para me roubar era
mais importante.
— Você me amava, Ethan, e eu gritava por socorro, mas estava tão
apaixonado e envolvido em toda aquela encenação que nunca percebeu
nada. Eu deixava sinais, deixei várias vezes, mas você estava cego.
“Você era a minha missão sim, Ethan, mas, no fim, as coisas
mudaram e eu, eu me...”
Eu a interrompo antes que continue tentando me manipular, como
fez da primeira vez.
— Não fale mentiras. Cala a porra da sua boca, você não tem um
coração capaz de amar ninguém. Teve coragem de matar seus filhos, os
nossos filhos, Lavínia. Como teve coragem de fazer aquilo com duas vidas
inocentes? Eu vou te fazer pagar por isso da pior maneira que existe, a
caçada não terminou.
Ela se cala por alguns segundos.
— Tem razão, sou um monstro, não é mesmo? Mas não te liguei
para falar do passado, querido, mas para negociar a minha liberdade. Cansei
de fugir de você.
— Eu vou te achar e você vai morrer, esse é o seu destino, não há
como fugir dele.
— Não quando eu tenho um trunfo, uma carta na manga. Está
criando uma coisa muito grande, Ethan, e já tem gente muito importante de
olho na sua criação.
“Um dispositivo de energia poderoso que é controlado por um
sistema mais poderoso ainda.
“Você enlouqueceu de vez?
“Há anos quando me contou seus planos, suas ideias, eu disse que
seria uma loucura, falei para nunca produzir uma coisa como essa, pois ali
eu já sabia que daria uma merda muito grande e deu, Ethan.
“E o destino não conformando em te fazer o homem mais inteligente
do mundo, te juntou com a única pessoa nessa Terra, capaz de tirar essa
desgraça do país sem que ninguém perceba.”
Essa mulher só pode estar louca.
O que Aline tem a ver com isso?
— Do que está falando?
— A galeria de arte é famosa e manda obras para o mundo todo.
Aline Jones cuida de tudo isso agora e eles vão sequestrar a sua mulher.
“Eles vão usá-la para conseguir o seu brinquedinho, depois vão usá-
la para tirá-lo do país junto com o transporte das obras de artes, assim
ninguém desconfia de nada.
“E quando você, no auge do seu desespero para salvá-la, achar que a
terá de novo em suas mãos, eles irão tirá-la de você.
“Pontas soltas nunca foram permitidas, nós dois sabemos disso,
Ethan.
“Sabe o que vai acontecer com ela?”
Eu começo a sentir um ódio tão grande que chega a doer nos ossos.
Meus filhos eram essas pontas soltas e agora Aline, segundo os
planos deles, também é uma.
— E, por que eu deveria acreditar em uma pessoa como você?
— Porque estou cansada de fugir. Estou fora, Ethan, e quero sumir
no mundo, mas você não deixa.
“Sei que o ódio que sente por mim, é grande demais, mas você vai
colocá-lo no bolso e esquecer as nossas diferenças um pouquinho.
“Eu te conto tudo o que sei, te ajudo, e em troca você me deixa em
paz para sempre.
“A escolha é simples, a vida da sua mulher, em troca da minha
liberdade.
“Não vai poder encostar um dedo em mim, nunca!
Nunca, entendeu bem?”
Eu fecho os olhos e, pela primeira vez, começo a sentir o medo
começar a dominar o meu corpo, o que é perigoso demais.
— Eu te odeio tanto que não consigo mencionar a proporção do meu
ódio. Você vai me dizer tudo o que sabe dessa merda toda.
— Seria estranho se não me odiasse, amor. De você, eu não espero
nada diferente do que ódio, mas, no momento, sou a única pessoa que pode
te ajudar e será obrigado a confiar em mim. Seus homens já devem estar
chegando para me pagar, dê a ordem para que recuem e venha me encontrar.
Nós temos um acordo, Ethan?
Infeliz, desgraçada, eu não posso arriscar a segurança de Aline.
— Temos um acordo. E se me chamar de amor mais uma vez, corto
sua língua. — As palavras saem amargas da minha boca.
Fazer esse acordo com ela está me fazendo passar por cima de muita
coisa, por cima de sentimentos que até hoje machucam a minha alma.
— Excelente! A essa altura o seu rato de computador já está
sabendo a minha localização. Você tem dez minutos para chegar até aqui,
não posso mais ficar muito tempo onde estou, venha me pegar. Dez
minutos, Ethan.
Ela desliga o telefone sem nem mesmo me dar tempo de responder
nada, então jogo o telefone no banco do passageiro e soco com toda força
que tenho o volante do carro, extravasando a minha raiva.
— DESGRAÇADA, FILHA DA PUTA!
CAPÍTULO 56
ETHAN PARKER
Tento me recompor o máximo que consigo, então pego o celular e
ligo para o único homem que no momento eu confio.
Ele está na minha equipe há pouco tempo, mas conseguiu ganhar a
minha confiança e a confiança da nossa família ajudando a resgatar a
esposa do meu primo. Sem contar que ele tem dado muito bem conta do
recardo, se tornando o meu homem de confiança.
Eu faço a ligação e no primeiro toque ela é atendida.
— Chefe, eu já tenho a localização, vamos pegá-la.
— Recue, mande todos recuarem.
— Chefe!?
— Me mande a localização, Álvaro, e ordene que a equipe recue. Só
você vai comigo para me impedir de matá-la, estou confiando em você para
me impedir de fazer isso.
— O que aconteceu, Ethan?
Ele é o único que eu permito que me trate pelo primeiro nome, pois
de certo modo acabamos nos tornando amigos e ele sabe de tudo o que
aconteceu comigo e aquela maldita.
— Aline corre perigo e essa desgraçada é a única que pode me
ajudar nesse momento.
— Puta que pariu, de novo não.
— Eu não posso arriscar, Álvaro. Aline é a minha vida todinha.
— Não precisa se explicar, Ethan, a segurança dela em primeiro
lugar. A família é mais importante — ele diz e me sinto um filho da mãe
egoísta, pois passa das três horas da madrugada e ele está trabalhando em
vez de estar com família dele.
— E a sua família, Álvaro?
— Está segura e você precisa de mim.
Ele tem esposa e filhos, e sempre está a minha disposição.
— Aumente a segurança da Laura e das crianças, você trabalhando
para mim, também pode se tornar um alvo. Você é um de nós agora.
— Pode deixar, já te mandei a localização, nos vemos lá. — Ele
desliga a ligação.
Vejo a localização da desgraçada na tela do celular e saio em alta
velocidade da pista de pouso para ir encontrá-la.
***
Chegando na porra do endereço, vejo Álvaro já me esperando a
postos como sempre.
— Ela está lá dentro — ele diz assim que desço do carro.
— Você vem comigo.
— Tem certeza disso?
— Se você não vier junto eu vou matá-la, é uma promessa.
Ele segura no meu ombro e me encara.
— Vai dar tudo certo.
Balanço a cabeça e juntos seguimos até a porta.
Assim que toco a campainha, a porta é aberta por ela.
Ficamos nos encarando por alguns minutos, durante muito tempo.
Como pude ser manipulado por essa mulher, pelas palavras bonitas
que ela dizia ao meu ouvido, pelos carinhos mentirosos que ela fazia em
mim?
Tudo para ela era um jogo enquanto, para mim, era real.
— Ethan... Ahhhh... Ethannn...
— Sua desgraçada, infeliz, você merece morrer. — Eu não consigo
me controlar e pego em seu pescoço, afinal foram muitos anos alimentando
um ódio para agora, simplesmente, ignorá-lo como se nada estivesse
acontecido.
— Você pode apertar o pescoço dela por pelo menos cinquenta
segundos com força, isso não vai matá-la. Eu aviso quando terminar o
tempo — Álvaro diz tranquilo, encostado na porta que ele já tratou de
fechar.
— Nós tínhamos um acordo — ela diz com dificuldade devido o
aperto em seu pescoço.
Confesso que a minha vontade é de quebrar o pescoço dela.
— O acordo era eu não te matar, desgraçada.
— Ethannn... — Ela tenta se soltar sem sucesso e vejo que está
começando a ficar vermelha e sem fôlego.
— Solta, Ethan, ou ela vai morrer — Álvaro diz.
Buscando um autocontrole que no momento eu não tenho, a solto de
uma vez e ela cai no chão, tossindo.
— Pode começar a dizer, ou o deixo te matar. Estou aqui para
garantir que isso não aconteça, mas não tente dificultar as coisas — Álvaro
diz e puxa uma cadeira, se sentado.
— Então você é o rato que obedece às ordens dele.
Álvaro sorri.
— Isso mesmo, muito prazer, seu lixo — ele diz tranquilamente e
cruza os braços.
— Vocês são dois loucos.
— O que você achava, Lavínia, que eu ia chegar aqui e iriamos para
a cama matar a saudade?
Ela se levanta e me olha.
— Não seria uma má ideia.
— Se não começar a falar, ele vai me deixar matar você.
— Nós temos que sair daqui primeiro, essa casa não é mais segura.
Ela não vai me enganar, não dessa vez.
— Eu não sou o mesmo idiota que você manipulava, Lavínia, não
mais. Você pode muito bem ter se metido em um problema dos grandes e
agora está me usando para se manter segura, usando Aline que é o meu
único ponto fraco.
— Para fazer o que você faz deveria ser um homem sem pontos
fracos, Ethan, assim você facilita a vida de muita gente. No fim, acho que te
fiz um favor... — Ela não terminar de falar a merda, porque o tapa que dou
na cara dela é tão grande que a faz cair no chão novamente.
— Quer mesmo dizer falar sobre isso, Lavínia?
— Quando foi que passou a bater em mulheres? Sua querida, Aline,
já sabe disso?
— Eu não bato em mulheres, só bato em lixos, feito você. Agora se
não começar a dizer...
— Eles têm um infiltrado na Shield Security. Você tem que cancelar
a reunião da diretoria amanhã e parar imediatamente com os testes do
dispositivo. Pelo amor de Deus, desative o sistema. — Ela se levanta
limpando o sangue que escorre pelo canto da boca.
Olho para o Álvaro que imediatamente começa a mexer no tablet
que ele nunca larga. Dei a ele o poder de deligar o mundo com esse tablet
em apenas um clico.
— Nomes, Lavínia, eu trabalho com nomes.
Ela sorri e se joga no sofá, se sentado.
— Para quê? Para mandar o seu rato matar a pessoa e entregar de
bandeja para o inimigo que você já sabe dos planos deles? Não, Ethan, sem
nomes por enquanto.
— Darlan Duncan — Álvaro diz e Lavínia arregala os olhos.
— Mas como? Como você...
— Eu sou um rato, querida, esqueceu, eu sei farejar o lixo. Como
acha que encontrei você?
— Se fizerem alguma coisa com ele agora, vão desconfiar.
— Qual é o plano, Lavínia? Abre logo o jogo de uma vez ou não
vamos sair daqui.
— Nós temos que sair daqui agora, Ethan.
— Então é bom começar a dizer de uma vez.
Ela respira fundo e me encara com raiva.
— Depois dos testes de amanhã, o Duncan iria usar o acesso dele
para roubar o protótipo do dispositivo.
— O dispositivo não funciona sem o sistema, apenas o Ethan tem
esse acesso — Álvaro diz.
— É aí que entra a sua queridinha, Aline. Quando Duncan desse o
sinal, eles iriam sequestrá-la, o Ethan iria ficar louco e liberaria o acesso do
sistema a ele.
— Então eles iriam usar o controle de saída de obras de arte da
galeria para tirar o dispositivo do país — digo entendo o plano deles que
provavelmente funcionaria.
— Exatamente. Agora será que a gente pode ir embora daqui?
— Porque está realmente fazendo isso, Lavínia?
— Meu Deus, Ethan, eu já falei.
— Não me convenceu.
— Eu já provei que estou falando a verdade.
Ela fica nervosa e conheço bem essa desgraçada.
— Não me convenceu.
— ETHAN...
— NÃO ME CONVENCEU — grito com ela, para que entenda que
não vamos sair daqui até que me fale toda a verdade.
— Eu estou gravida!
Ouvir isso dela é como se eu levasse um soco no estômago.
— Puta que pariu! Essa porra fica mais estranha a cada minuto. —
Álvaro está tão surpreso quanto eu.
— Está me usando, sua infeliz, para salvar o seu filho? Não teve a
mesma benevolência com os meus. — O meu ódio agora trasborda.
Eu me aproximo dela e Álvaro percebendo isso, segura meu ombro.
— Calma aí, calma, Ethan, segura a onda. Esse bebê é tão inocente
quanto os seus eram, cara.
— Não estou te usando para salvar o meu bebê, fizemos um acordo,
onde eu ajudo você e em troca você me deixa livre, para de me perseguir
que eu sumo no mundo com o meu filho.
— Onde está o pai dessa criança?
— Morto. Eles o mataram e foi por isso que eu fugi de você, senão
teria tido o mesmo destino que ele.
— E no processo resolveu matar os meus filhos?
— Você não sabe de nada, não sabe de porra nenhuma. Nem todos
tem a sua vida perfeita.
— Ele também era a sua missão?
— Não te interessa. Agora vamos embora daqui ou todos nós
morreremos. E, por favor, evite tentar me estrangular, eu não estou
mentindo sobre a gravidez e gosto muito de respirar.
— Você é mais louca do que ele falou. Vamos embora daqui, ela tem
razão quando diz que morreremos se ficarmos aqui — Álvaro diz.
— Vamos para a mansão Smith.
Lavínia muda de cor.
— De jeito nenhum. Seu avô vai me matar sem nem pensar duas
vezes.
— Agora você tem medo?
— O mundo tem medo de James Smith. Você não conhece o seu avô
e nem o seu tio, Ivan, eles são dois...
— Monstros? Eu sei disso, os dois se encarregaram muito bem de
transformar meu primo e eu em homens muito piores do que eles foram.
— Foram não, Ethan. Eles são, você não conhece a história da sua
família, não a verdadeira história. Eu não vou para a mansão Smith.
— Então, vamos para a sede de treinamento, lá é o lugar mais
seguro e de lá podemos armar um plano para resolver isso tudo — Álvaro
diz.
— Concordo com o rato — Lavínia concorda.
Resolvo então aceitar a sugestão do Álvaro.
— Vamos. Álvaro cancele a reunião da diretoria e os últimos testes
do dispositivo, invente uma desculpa que os convença.
— Pode deixar, chefe!
CAPÍTULO 57
ETHAN PARKER
Ao chegarmos na sede de treinamentos, a primeira coisa que mando
Álvaro fazer é trancar a infeliz da Lavínia em um dos quartos.
Eu não a quero solta por aqui, tendo acesso a coisas importantes.
Essa mulher é uma víbora e não confio nela.
Todo cuidado ainda é pouco.
— Ela gosta de gritar. Como foi que conseguiu morar junto com
essa mulher por tanto tempo? — Álvaro chega falando, entrando em meu
escritório.
— Me faço a mesma pergunta até hoje. Onde eu estava com a
cabeça? Estava cego, só pode! — Não tem como não voltar para as
lembranças.
— Você realmente a amava, Ethan?
Essa é uma boa pergunta.
Sempre achei que sim, afinal vivíamos uma vida juntos, como se
fossemos marido e mulher.
— Durante muito tempo pensei sobre o que sentia por ela, se era
amor e talvez até fosse mesmo.
“Mas depois que Aline realmente entrou na minha vida as coisas
mudaram e o sentimento é mais intenso, sabe?
“Hoje, entendo muitas coisas que antigamente eu não entendia.
“Tudo o que sei é que eu amo a minha mulher, minha Ratinha e não
vou permitir que nada e nem ninguém faça algo de ruim a ela. Nem que
para isso eu tenha que dar a minha vida pela dela, ou afundar o mundo.”
Ele balança a cabeça, concordando.
— Ethan! você vai contar a Aline o que está acontecendo aqui?
Paro para pensar alguns segundos e então tomo uma decisão.
— Sim, Álvaro, vou contar tudo a ela. É a vida dela que está em
jogo e a segurança também, não vou arriscar.
“Não vou cometer o mesmo erro que o meu primo cometeu de não
contar e, no final, não adiantou de nada.
“Tudo o que ele conseguiu foi juntar problemas e está aí algo que
não quero ter.
“A última coisa que eu não posso ter com Aline, é problemas.”
Ele parece surpreso com o que digo.
— Cara, ela vai surtar quando souber que essa mulher está aqui com
você.
— Eu sei que vai e é por isso que vou mandar buscá-la agora
mesmo. Quero Aline perto de mim, ao meu lado, só assim vou ter certeza
que ela estará bem.
— Se vai fazer isso, faça logo, o inimigo não sabe que temos essas
informações e, Ethan, Lavínia não está mentindo.
“Eu andei investigando Darlan Duncan e o meu contato no mercado
obscuro me passou as informações de que algo muito grande irá ser levado
a leilão nos próximos dias.
“Pelas características é o dispositivo de energia.
“O maior lance levará tudo.
“Tem noção do que é isso, Ethan?
“O dispositivo depende do sistema para funcionar, mas o sistema
não depende do dispositivo.”
— Quem comprar o dispositivo leva praticamente duas armas.
A minha intenção em criar esse dispositivo não era para essa
finalidade, mas de boas intenções o inferno está cheio.
— Isso mesmo. E a última chave para ligar uma das armas anda por
aí no pescoço da sua mulher.
Fecho os olhos, me lembrando da porra do diamante.
— O diamante azul.
— Exatamente.
Bato a mão com força sobre mesa, muito puto de raiva.
— Quando eu desenvolvi essa porra não fazia ideia de que Aline
possuía esse diamante. Essa é a mais pura e infeliz coincidência.
— Antigamente, você não prestava muito atenção nela. Aline Jones
tem esse diamante há algum tempo, ela ganhou de presente do pai que
arrematou a peça em um leilão.
Eu sou muito idiota!
Álvaro sabe mais coisas a respeito da minha namorada, coisa que
nem eu mesmo sabia.
— Mande a equipe de segurança ir buscá-la na casa dela agora
mesmo. E Álvaro, se um fio de cabelo dela cair, mate o culpado por isso.
São cinco horas da manhã e quero a minha mulher aqui para almoçar
comigo. Ligue também para o meu pai, peça que venha para cá. Ele saberá
quem chamar e vamos resolver essa porra ainda hoje.
— Vou fazer o que me pediu, mas ligue para a Aline e avise que um
exército de seguranças irá buscá-la. A sua Ratinha parece mais um cachorro
bravo. Ela intimida os seguranças, sabia? Só não me pergunte como ela faz
isso. Ela é pior do que a senhora Andreza.
Eu acabo sorrindo do jeito que ele fala.
— Ligarei agora mesmo para ela, cara. Agora vá e faça o que eu
mandei.
— Sim, senhor, chefe. — Ele sai do escritório.
Eu me sirvo de uma dose generosa de uísque, pego o celular, me
sento no sofá abrindo os primeiros botões da camisa e faço a ligação.
— Ethan, amor por que está me acordando tão cedo? — Ela atende
à ligação no quarto toque com a voz sonolenta.
Minha doce e inocente namorada, dormindo tranquilamente
enquanto o mundo quer usá-la para me roubar.
— Desculpa, meu amor, me perdoe te acordar.
Ela sorri baixinho.
— Só te perdoo se você voltar agora mesmo, não quero mais ficar
longe de você. Seu cheiro está em minha cama e estou me sentindo sozinha.
Agora sou eu quem sorri.
— Você estava me expulsando da sua casa três dias atrás.
— Só faço isso quando me faz raiva. Pensa que não sei que você
anda stalkeando as minhas redes sociais?
— Só faço isso quando não estou perto de você.
— Ainda admite, cretino!
— Eu sou o cretino que você ama, meu amor.
— Sorte sua.
— Sabe que eu te amo também, né? Por você, eu moveria o mundo,
faria e faço tudo para te manter segura.
Ela se cala por alguns segundo.
— O que aconteceu, ou está acontecendo, Ethan? Você me liga a
essa hora da manhã e agora está falando em segurança.
Eu preciso abrir o jogo com ela.
— Preciso que venha agora mesmo para a Califórnia, amor. Já está a
caminho uma equipe dos meus melhores homens para te acompanhar, são
seguranças armados e atiradores de elite. — Escuto a respiração ofegante
dela do outro lado da linha e sinto que ela deve estar com medo agora. —
Amor, estão querendo te usar para me afetar. É algo muito grande, mas já
estou resolvendo isso, querida. Porém, preciso que venha ficar comigo, só
assim vou ter foco para resolver essa merda toda, porque saberei que está
aqui ao meu lado.
— Tem algo a ver com o dispositivo que você está criando?
Aline é esperta, sempre foi e é claro que ela ia ligar os pontos.
— Sim, meu bem.
Ela se cala como se estivesse pensado.
— Como ficou sabendo dessa ameaça? Quem te informou sobre
isso? Até ontem quando saiu daqui estava tudo bem, o que significa que
seja lá o que está acontecendo. você ficou sabendo no pouco tempo em que
está aí.
Porra, essa é a parte difícil, mas não vou mentir para ela, ou vai ser
pior e ela vai acabar descobrindo de qualquer jeito mesmo.
— Lavínia! — Escuto que se mexe na cama, como se estivesse
fazendo um movimento brusco de repente. — Aline! Meu amor, diz alguma
coisa. — Digo já ficando aflito.
— Ela voltou pra você? Ela voltou pra tirar você de mim?
— Não, não e não. Eu pertenço a você, amor, e te quero aqui do meu
lado. Não sinto nada além de ódio, desprezo por essa mulher e você bem
sabe. Eu quero você e amo apenas você, minha Ratinha.
Ela fica calada de novo por alguns segundos.
— Onde ela está agora, Ethan Parker? E não minta pra mim, se fizer
isso não vou te perdoar.
— Ela está aqui na sede de treinamento.
Ela respirando fundo.
— Isso significa que vocês dois estão juntos na sede de
treinamento?
— Não, meu amor, não foi isso que eu disse. Ela está trancada em
um quarto e eu estou no meu escritório, esperando por você.
— Ethan Parker!
— Eu juro, amor, juro, ouviu bem? — Eu imagino como deve estar
a cabeça dela nesse momento, afinal foram muitas informações juntas de
uma vez.
— Tudo bem, quanto tempo eu tenho até a equipe de segurança
chegar até aqui?
— Quinze minutos no máximo.
— Vou estar pronta e você não ouse chegar perto dessa mulher sem
que eu esteja presente, ouviu bem, senhor Parker? E não tente me enganar,
Ethan.
— Eu jamais farei isso, meu amor. Mas tem mais uma coisinha.
— Mais, Ethan?
— Traga o seu diamante azul.
— O quê? Mas pra que isso? — ela pergunta surpresa e já esperava
por isso.
— O diamante azul é o último componente que falta para o meu
dispositivo funcionar, usamos a pureza do mineral...
— Você quer usar o meu diamante azul no seu dispositivo? Não
estou querendo ser egoísta, Ethan, mas foi o papai que meu esse diamante
de presente. Duzentos e cinquenta milhões de dólares é um excelente
presente e não existem muitos diamantes azuis pelo mundo.
Eu acabo sorrindo dela, que está pensando que quero usar o
diamante dela no meu dispositivo.
Acabei me expressando mal.
— Meu amor, não vou usar o seu diamante azul. Eu tenho o meu
para essa finalidade, mas o seu não pode ficar aí desprotegido, traga-o com
você e vamos guardá-lo no meu cofre. Só irá usá-lo quando for em algum
evento importante comigo ao seu lado, só para garantir a sua segurança.
— Está bem, entendi o ponto em que quer chegar. Vou me arrumar e
chego em breve. Não se aproxime daquela cobra que corto a sua cobrinha
que anda pendurada no meio das suas pernas.
Eu chego a ficar arrepiado com a ameaça.
— Aline, nem brinque com uma coisa dessas. E quando chegar aqui
vou te mostrar a cobrinha que eu tenho, acho que o que fizemos ontem não
foi o suficiente para você.
— Não é brincadeira e não estou sendo infantil, mas estou insegura
e não sinto vergonha em ter que admitir isso para você. Essa mulher foi o
amor da sua vida por muito tempo, enquanto eu...
— Você é o amor da minha vida e nunca mais repita isso que está
insegura por causa daquela mulher. Venha para mim, o mais rápido
possível, amor, mostre para aquela vagabunda que sou todinho seu agora.
— Talvez não goste da minha maneira de mostrar isso a ela.
— Ela está grávida, então desde que não a mate, não me importo
nem um pouco, faça da forma que quiser, quem manda é você.
— Grávida!?
— Sim, grávida. É uma história muito longa, conto tudo quando
chegar. Agora se apresse e venha ficar comigo, os seguranças vão te trazer
diretamente para mim.
— Tudo bem, senhor Parker, até mais. Eu te amo.
— Eu te amo mais. — Desligamos a ligação e então viro em um só
gole o restante da bebida que ainda estava no meu copo.
Eu me encosto no sofá e fico pensado em como vou fazer para
resolver essa merda toda.
CAPÍTULO 58
ETHAN PARKER
— Seu pai e seus tios chegaram. O seu avô também veio. O poder
em família de uma geração inteira. — Álvaro entra no quarto em que estou.
— A minha mulher? É dela que eu quero saber.
Aline já era para ter chegado e até agora nada.
— Ela chegará logo, não se preocupe, ela está bem, cara.
— Álvaro!
— Aline está bem, Ethan, houve apenas um pequeno atraso, mas
logo ela estará aqui. Eu mesmo estou no monitoramento de tudo e em
tempo real.
Enquanto não ver a minha mulher com os meus olhos, não vou ficar
tranquilo.
Passo as mãos no cabelo, ansioso demais com toda essa merda.
— Tudo bem, onde eles estão?
— Na sala de reuniões, à sua espera.
Aqui nesse complexo de treinamento, tenho de tudo um pouco.
— Pegue a Lavínia e a leve para lá também, quero resolver essa
porra o mais rápido possível.
— E se ela não quiser, se recusar a ir?
— Ela não tem opção e muito menos escolha. Leve aquele lixo para
a sala de reuniões nem que seja arrastada pelo cabelo.
Álvaro sorri e sai, em seguida vou para a sala de reuniões.
Quando chego, vejo os precursores, meu tio Carlos, tio Ivan, meu
pai e o meu avô.
— Ethan! — meu avô diz e eu vou até ele, o abraçando.
— Por que essa mulher ainda não está morta? — tio Carlos pergunta
assim que me sento em meu lugar.
Aqui sou eu quem manda e não eles.
— Essa é a pergunta que também me faço — tio Ivan diz.
Meu tio é muito parecido com o meu avô e se não fosse a minha tia
Stela ter entrado em sua vida, ele seria muito pior do que é.
— Onde ela está, Ethan? — meu pai pergunta com fogo nos olhos.
— A pergunta principal não é essa. O que mais importa nesse
momento e sabermos se a sua mulher está segura — meu avô diz se
ajeitando na cadeira e então olho para ele.
— Ela está a caminho, a qualquer momento deve estar chegando.
— Mande-a diretamente para a mansão Smith, aquele lugar é uma
fortaleza e ninguém em sã consciência sonha em se aproximar de lá.
— Aline fica comigo!
— Está desobedecendo uma ordem do seu avô, Ethan? — tio Ivan
pergunta me encarando e tenho quase certeza de que isso é um teste.
— Minha mulher ficará comigo, ao meu lado. Se querem que eu
resolva isso, preciso dela aqui, só assim ficarei tranquilo sabendo que ela
está bem.
Tio Ivan sorri.
— Apaixonado, do jeitinho que eu queria. Parece que aprendeu com
os erros do seu primo.
— Que eu saiba todos vocês concordaram com os erros dele. Eu não
vou perder a minha mulher de jeito nenhum e ela vai ficar sabendo de tudo
o que acontecer aqui hoje. É a vida dela que está em risco por minha causa.
— Desde quando esse moleque se tornou tão ousado? — tio Carlos
comenta.
— Desde quando resolvi não cometer os mesmos erros de vocês. Eu
já fiz muita merda e tive muita sorte da minha Ratinha me dar mais uma
chance.
— Case-se com ela, meu neto, o mais rápido possível. Faça sua
mulher carregar o sobrenome Smith e tenha um herdeiro.
Meu avô só pode estar querendo matar o meu pai do coração, pois
eles vivem em uma guerra eterna por causa do sobrenome.
— Aline irá carregar o meu sobrenome. Ela é a minha nora, se
conforme com isso, seu velhote.
— Dylan Parker! Isso não é jeito, nem modos de dizer com o papai.
— Minha mãe surge do nada e até eu me assusto com a presença dela aqui.
— Minha filha querida, o seu marido está me intimidando, um pobre
velho indefeso, como eu.
Meu pai olha para o meu avô com uma cara impagável, enquanto
meus tios só sabem rir.
— O que estás fazendo aqui, Andreza? Porque não pode ficar longe
de assuntos que não te interessam — tio Ivan diz e mamãe não gosta
nadinha do jeito que ele falou.
— Você tentou me controlar a vida inteira, Ivan, e nunca conseguiu.
Acha mesmo que agora depois de velho conseguiria fazer isso? É o meu
filho, a minha família, a minha nora, os negócios do meu marido e filho, e
se eu me meto, ou não, isso não é da sua conta.
A sala entra em um silêncio mortal que ninguém tem coragem de
quebrar, enquanto meu tio e minha mãe se encaram como se fossem se
matar.
Mamãe nunca baixou a cabeça para ninguém e agora, com essa
situação, não seria diferente.
— Olha, estou vendo que a família Smith não é tão perfeita e unida
como eu imaginei que fossem. — Lavínia entra na sala falando cheia de
deboche e o que consegue é um tapa na cara da minha mãe.
— Fica caladinha, sua puta, desgraçada. Somente eu, Andreza,
posso falar com Ivan assim. Se outra pessoa fizer isso, eu arranco a língua e
eu sou boa em arrancar línguas.
Lavínia passa a mão no rosto e mamãe vai até o meu tio, o
abraçando, beijando sua cabeça, então sussurra algo no ouvido dele que o
faz sorrir.
— Você é terrível, Andreza, por isso nunca consegui te controlar —
tio Ivan diz.
— Se não fosse eu, a vida de vocês seria um tremendo tédio —
mamãe diz se sentando ao lado do meu pai. — Começa a dizer, vagabunda,
agora eu permito. E vê se não enrola, não estou com muita paciência hoje.
Lavínia me olha como se quisesse que eu interferisse em alguma
coisa.
— Ethan, nós dois tínhamos um acordo e estou grávida.
Tio Carlos me olha espantado.
— Não é meu, tio, isso eu garanto.
— Graças a Deus — ele diz aliviado.
— Lavínia, o acordo seria eu não te matar e você ainda está
respirando.
— O acordo era você não me matar e não me agredir.
— Mas não fui eu que te agrediu, foi ela. — Aponto para a minha
mãe que sorri muito com um ar de satisfação.
— Essa cachorra não viu nada ainda. Tem um furacão furioso
chegando aqui.
Quando minha mãe diz isso, o meu coração gela e o meu avô sorri,
me analisando.
— Resolveremos primeiro o problema do furacão e depois esse
aqui. Se tem uma coisa que aprendi durante todos esses meus anos é que
temos que manter as mulheres felizes e satisfeitas, só assim conseguimos
ter paz para resolver os verdadeiros problemas — meu avô diz.
— Mas de que furacão é esse que vocês estão falando? — Lavínia
pergunta, ficando nervosa.
— Olá, vadia, eu sou o furacão, prazer. — Aline entra na sala cheia
de confiança e me encara, com uma cara tão raivosa, zangada e eu nem sei
o que eu fiz.
— Amor... — Ela levanta o dedo e eu me calo.
— Eu falei para você, Parker, não ficar no mesmo ambiente que essa
mulher sem que eu estivesse presente. Eu me atraso uns minutinhos e você
desobedece.
Eu amo tanto essa mulher.
Como eu fui idiota e demorei tanto tempo para perceber isso.
— Essa é a minha nora! Que linda e preciosa — minha mãe diz toda
feliz, orgulhosa.
Algo me alerta que dona Andreza já sabia que Aline estava para
chegar.
— É? Eles nem se casaram ainda — meu pai comenta.
— Eu não farei isso, tínhamos um acordo, Ethan, e isso aqui não
fazia parte do acordo. Eu já falei para você tudo o que sabia.
Quando Lavínia se vira para sair da sala, Aline a segura pelo cabelo.
— ME SOLTA, SUA VADIA. — Lavínia grita e eu me levanto
enquanto os outros ficam sentados, confortavelmente observando.
— Eu sou mesmo uma vadia, uma puta, mas sou de um homem só.
Na cama com ele, com o Ethan, eu posso ser o que eu quiser.
Meus tios sorriem e o meu avô abaixa a cabeça como se não
acreditasse no que escuta.
— Me solta, sua louca, estou grávida.
— Pois estou sabendo e é justamente por isso que fiz questão de
comprar uma coisinha no caminho. — Aline tira um teste de gravidez da
bolsa e a maldita muda de cor.
Mas que desgraçada, filha da puta!
— Eu não vou fazer isso.
— Ah, vai, e como vai. E a aconselho que faça de boa vontade ou
mandarei espremer você até que mije a quantidade todinha de xixi para
fazer a droga desse teste.
— Ethan, me ajuda, essa mulher é louca.
— Você ainda não sabe o que é loucura, vagabunda, e pare de
chamar o nome do meu homem, ou deixarei a tia Andreza me ensinar a
arrancar línguas. Faço questão ainda de temperar, assar e dar aos meus cães.
“E nem ouse pensar em se soltar, sei que você tem treinamento para
isso.
“Mas se tentar encostar um dedo em mim, garanto que não sai daqui
viva.
“Agora vamos lá no banheiro fazer a porra do teste.”
Meu Deus, Aline é a cópia da minha mãe.
— Eu não vou fazer isso com você me olhando.
— Ah, mas vai sim. Você pode enrolar o idiota do Ethan, mas a
mim, você não engana — Aline diz cheia de si e o meu coração transborda,
só não sei se é de alegria ou de medo.
— Dylan, quero o divórcio, vou me casar com a Aline. Ela é
perfeita, inteligente. Que orgulho da minha nora.
Tudo o que o meu pai faz é balançar a cabeça.
— Vamos logo, vagabunda.
Lavínia é literalmente arrastada pelo cabelo até o banheiro, onde as
duas se trancam.
— É, Andreza, tinha que ter uma para ocupar o seu lugar — tio Ivan
diz e mamãe parece estar muito feliz.
— Mas é claro, Aline é uma versão minha aprimorada. Quando ela
me ligou e me falou do teste de gravidez, eu nem acreditei.
— Foi ela quem teve essa ideia? — pergunto olhando para mamãe.
— Óbvio, nós temos que pensar, já que os nossos homens não
pensam. Lavínia pode estar falando a verdade sobre tudo, menos sobre essa
gravidez, ela falou isso para te manipula.
“Sabe que é o seu ponto fraco e ela é uma profissional, assim você
não encostaria um dedo nela. Depois que tudo isso acabasse, ela sairia ilesa
e iria viver a vida dela como se não tivesse matado, assassinado os meus
netos.
“Ela sabia que você estava fechando o cerco ao redor dela e com
tudo isso que está para acontecer, ela viu a oportunidade perfeita para se
livrar de você de uma vez por todas.”
Mas que porra!
Não demora muito, Aline sai do banheiro com aquela maldita
mulher, e então joga o teste em cima da mesa para que todos vejam.
— Negativo! Agora resolvam essa merda, porque eu vou para a
minha casa, o que eu tinha que fazer aqui eu já fiz.
“E, parabéns, Ethan, parece que você não será obrigado a criar o
filho de outro homem, porque pelo que vi aqui, ela iria fazer com que você
me deixasse para assumir o filho dela. E não duvido nada que conseguisse,
já que até cedeu o seu quarto aqui para ela passar melhor a noite, mais
confortável.
“Tudo isso com a mentira de uma gravidez.”
Caralho, agora me dei mal.
— Aline, amor, você entendeu tudo errado.
— Não entendi não, Ethan. Eu posso até parecer, mas não sou burra.
Eu vou para a casa dos meus pais agora.
— Não vai porra nenhuma, vai ficar aqui comigo, foi pra isso que
mandei irem te buscar. Se não quiser ficar aqui na reunião, vá para o
escritório, ou para o meu quarto e me espere lá.
— O quarto que ela dormiu? Sério mesmo, Ethan?
— Não, Aline, não é o quarto que ela dormiu, mas o nosso quarto.
— Pego uma chave e coloco na mão dela.
— O quarto que ela passou o restante da noite era um quarto
qualquer, igual aos outros que os meus homens usam para dormir.
“Você pode me esperar no nosso quarto.
“Você tem a escolha de ficar aqui e participar de tudo ao meu lado,
ou pode ir descansar e quando isso aqui terminar vou ficar com você para
contar exatamente tudo o que foi decidido aqui nessa sala.”
Ela me olha com intensidade, como se estivesse confusa e não tiro a
razão dela de estar assim.
Se nem mesmo eu estou sabendo lidar direito com essa situação,
imagino como está a cabeça dela nesse momento.
— Eu amo você, sabe disso, meu amor. Minha vida todinha.
— Você é meu e tenho medo de...
— Não tenha medo de nada, você é minha, entendeu? Minha mulher
e pode fazer o que quiser, sem ter medo das consequências. Eu sempre
estarei aqui para consertar a bagunça que você quiser fazer.
Ela sorri e me abraça, então a aperto forte em meus braços.
— Não me deixe.
— Prefiro morrer antes que isso possa acontecer. Vou passar cada
dia da minha vida mostrando a você que é a única que ocupa o meu
coração.
Ela balança a cabeça concordando e beijo seu cabelo, mas a vontade
é de beijá-la toda.
— Vamos acabar logo com isso — meu avô ordena.
Quando nós viramos, vejo uma Lavínia com os olhos cravados em
mim e Aline, é como se ela estivesse paralisada, perdida em seus
pensamentos.
CAPÍTULO 59
ETHAN PARKER
Decidido a resolver toda a merda instaurada por nossos inimigos e
com a minha Ratinha ao meu lado, aqui estou eu, sentado, bufando de raiva,
olhando para o meu avô com vontade de socar a cara velha dele e dos
demais lendários da família.
— Não, não e não. — É tudo o que consigo responder toda vez que
ele diz.
Não tem mais nem menos, aqui quem manda sou eu.
— Eu quero fazer isso, Ethan?
— Você não quer nada. Nunca vou aceitar isso, não vai sair daqui
em hipótese alguma.
— Olha que não é uma má ideia a sua mulherzinha servir de isca, é
uma excelente ideia, Ethan — Lavínia diz, me encarando.
— Quero ver você concordando com ele quando resolver te matar.
Você gosta de respirar?
Silêncio, sábia escolha.
— Certamente, essa não seria a ideia mais inteligente, mas pode ser
a melhor — tio Ivan diz e olho para ele sem acreditar.
— Aceitaria isso se estivesse no meu lugar, tio? Qualquer um de
vocês aceitariam isso se estivessem na porra do meu lugar? — Olho para
cada um deles que não falam nada.
— Foi o que eu imaginei, então a minha resposta continuará sendo
não. Aline não irá para a linha de frente como a droga de uma isca.
— Eu quero fazer isso!!!
— VOCÊ NÃO QUER PORRA NENHUMA. — Perco a cabeça e
grito com Aline que me olha assustada.
Eu me recrimino por dentro, por assustar minha Ratinha, mas não
voltarei atrás de uma ideia descabida como dessa.
— Não grite com ela, Ethan.
— Mãe, por favor, a senhora também não...
— Não importa mais, senhores, já estamos sendo atacados por um
verdadeiro exército. — Álvaro entra rápido na sala falando, com várias
armas em suas mãos, distribuindo entre nós.
— Sabe atirar, gatinha? — ele pergunta para Aline que sorri
empolgada.
Quando ela está prestes a pegar a arma, como se fosse um doce, eu a
tiro de suas mãos.
— Ela não sabe não e nem vai aprender.
— Ethan...
— Não e não. Você vai se abrigar junto com a mamãe, lá eu tenho
certeza de que ninguém entrará.
— Sonha, filhinho, que vai me deixar fora da melhor parte.
Olho para a minha mãe pasmo, vendo-a com uma arma enorme
empunhada, carregada até os dentes.
— É isso aí, meu amor, mostra para eles tudo o que eu te ensinei.
Eu não acredito que o meu pai fez isso, que deu aulas de tiro a ela.
A minha mãe já é perigosa o suficiente sem uma arma, então ele
para piorar tudo ainda a ensina.
— Por que a tia Andreza pode e eu não posso?
Por Deus, será que essa mulher é surda e não escutou todos os nãos
que eu já disse para ela hoje?
— Se você não a ensinar, eu ensino. Deixa, minha querida, você
será uma autêntica senhora Parker. Andreza será patinha perto de você —
meu pai diz.
Ele que nem tente.
— É o senhor fica quieto, pai.
Quando ele vai responder, escutamos um estrondo, como se o
mundo estivesse desabando.
— Como eles conseguiram chegar até aqui? Estamos afastados o
suficiente da cidade, no meio do nada. Ninguém sabe desse lugar, a
localização é oculta em bancos de dados. Esse complexo é um verdadeiro
fantasma aos olhos do mundo. Ninguém conseguiria entrar ou chegar aqui
sem... — tio Ivan se cala, olhando para Lavínia e aí tudo se encaixa.
— Sua filha da puta, desgraçada! Agora eu te mando para os quintos
dos infernos. — Parto para cima dela e Álvaro entra na frente. — O que é
Álvaro?
— Eu não fiz nada, não falei nada e passei o tempo todo com algum
de vocês. — Ela tenta se explicar.
— Não foi ela, Ethan. Não diretamente.
— Eles estão se aproximando daqui — tio Carlos diz.
— Desembucha logo de uma vez, Álvaro.
Álvaro não diz, mas tira uma pequena faca do bolso, pega Lavínia
pelo cabelo e a faz se ajoelhar enquanto ela grita desesperada. Ele finge não
a escutar e faz uma pequena incisão na nuca dela.
— Filhos de uma puta mesmo!!
— Um rastreador muito, mais muito velho mesmo. Nem mesmo ela
saberia que estava ali.
— Meu Deus, isso estava em mim — ela diz passando a mão pelo
pescoço.
— Estava. Você foi descoberta e então para te encontrarem,
reativaram o rastreador. Achei estranho um sinal que não era nosso no
sistema de segurança e quando me dei conta do que realmente, corri para
avisar, mas eles já estavam quase chegando.
— Nós vamos morrer, vamos todos morrer agora — Lavínia diz.
— Diga quem eles realmente são — meu avô diz em tom de ordem
e Lavínia me encara.
— São eles, Ethan, o MNT.
Puta que pariu!
— Eles virão com tudo para cima de nós. Quantos homens temos
agora aqui disponíveis? — Lavínia pergunta.
Caralho, não estava esperando ser atacado, não agora.
— Não muitos, a maioria está nas mansões e ou outros locais,
reforçando a segurança dos demais membros da família. PORRA, MIL
VEZES PORRA!
— Ethan, não fazia ideia de que tinha isso em mim.
— Como você foi se envolver com isso, Lavínia? Como?
— Eu não tive escolha, nunca tenho a porra da escolha.
— SEMPRE SE TEM UMA ESCOLHA, CARALHO.
— EU NUNCA TIVE! — ela grita de volta.
O barulho de tiros é infernal do lado de fora.
— Vamos lá e você fica aqui, ouviu? Não saia daqui por nada nesse
mundo, meu amor. Se você morrer, eu morro junto — digo para Aline.
— Mas, Ethan...
— Escuta, Aline, e entenda que não vivo mais em mundo sem você,
um mundo em que você não faça parte. Fique aqui em segurança.
— E se você morrer, como eu fico, seu desgraçado? Jurou nunca
mais me deixar, Ethan Parker. Eu não te dou a opção de morrer, não ouse
morrer senão eu te mato.
Eu a abraço e beijo, vendo seus olhos marejados. Em apenas um
olhar, fazemos nossa mais profunda declaração de amor e a mais dolorosa
súplica de que não vivemos mais um sem o outro.
— Se algo acontecer comigo, será para te salvar. Se eu morrer, viva
o luto por mim e depois siga em frente com a sua vida.
— Não, não... — Ela começa a chorar e saio da sala sem olhar para
trás.
Quando vejo o cenário a minha frente percebo que não temos a
mínima chance de sairmos ilesos disso, não sem os meus homens.
Começo atirando nos filhos da puta e não erro um, mas são muitos e
nós estamos em menor número. Olho para o lado e vejo a minha mãe
acertando todos na cabeça.
Ela comemora e o meu pai sorrir todo orgulhoso.
Eles são literalmente a dupla da morte.
Só que mesmo com toda essa ação deles e nosso armamento pesado
não teremos chances.
— Álvaro, tire Aline daqui e a proteja — digo para o homem que é
meu braço direito e está ao meu lado.
Estamos abaixados atrás de um palete de proteção.
— Não será preciso.
— Álvaro, jure para mim, que vai cuidar e proteger a minha mulher.
Tire a Aline daqui pelos fundos, a arraste porque ela não irá de boa vontade
e se escondam nos túneis até tudo isso acabar.
— ELA ESTÁ SEGURA NA SALA DE REUNIÕES — grita, em
meio aos estrondos e tiros vindos de todos os lados.
— Aquela sala é blindada, ninguém entrará lá.
Percebo que ele está calmo demais e isso está me deixando mais
puto do que já estou.
— Álvaro, faça a porra que estou mandando.
— Calma, priminho, estou chegando. Isso tudo é medo de ficar sem
a baixinha?
Olho para o Álvaro e depois para o rádio na cintura dele.
— Porra, Álvaro, que caralho — digo aliviado.
— Corre, Mateo, está difícil segurar o Ethan nervosinho — Álvaro
diz debochado.
— Ainda me lembro das palavras dele, eu nunca, nunca vou me
casar com Aline Jones. — Mateo gargalha pelo rádio.
— Ele não só a pediu em casamento como recebeu um NÃO bem
grande na cara, da Ratinha, ainda tenho gravado a reação dele.
O desgraçado do Álvaro gravou tudo.
— Estamos no meio de uma crise.
— Vamos encurralá-los, Ethan. Estou chegado com os seus homens
e os meus. Sabe muito bem que os treinamos juntos para se completarem
em uma situação como essa.
— A família ficou desprotegida? — pergunto com medo da
resposta.
— Usei os homens do tio Dylan. — Mateo foi rápido em fazer isso.
Os homens do meu pai servem apenas de apoio agora, mas são tão
bons quanto os nossos.
Família como a nossa, em que o poder se extravasou, tanto que não
digo que somos poderosos, mas uma potência mundial, não podem ficar
desprotegidas.
Nunca!
— Eu não completo ninguém, sou único — Álvaro comenta.
— Vou passar o seu comentário para a Laura — Mateo diz.
— Minha mulher é uma exceção. E fica de boca calada, ou eu
entrego você para a senhora Smith — Álvaro diz e Mateo sorri.
— Desculpe a demora, Ethan, mas Eve não estava em casa e tive
que deixar o bebê com a mamãe.
— Sorte a sua, Mateo, que sua mãe fica em casa, porque a minha
está aqui no meio do tiroteio, então se apressem logo.
— Será que ninguém consegue segurar a tia Andreza em casa? Que
porra! Estou em cima de vocês agora.
Escutamos o barulho do helicóptero e vários carros chegando com
um verdadeiro arsenal, um exército de homens.
Agora sim, a brincadeira ficou boa e justa.
Vamos acabar com esses filhos da puta.
Saio de trás do palete com a adrenalina correndo pelo meu corpo. Os
homens que chegaram com Mateo invadem o lugar e encurralamos os filhos
da puta, mas tem um que eu mesmo vou matar.
Darlan Duncan.
Esse terá o desprazer de saber o que acontece com traidores,
servindo de lição aos outros.
Certamente, o inferno o acolherá hoje.
Eles sabem que não tem armamento e treinamento para nos
combater, perdendo um a um de seus homens que agora começam a se
render.
Mas tem um que o Álvaro pega e o joga aos meus pés.
Levo um susto com um tiro bem do meu lado e quando vejo é
mamãe matando um dos nossos homens.
— Mãe! Aquele era um dos nossos.
Ela me encara.
— Ops, eles são todos iguais, meu filho. Você deveria desenvolver
um uniforme, assim eu não mato ninguém do nosso time.
Eu preciso arrumar uma ocupação para essa mulher que não seja se
meter nos assuntos da família.
— EU ODEIO TODOS VOCÊS! — Duncan grita e escuto outro
tiro.
Dona Andreza atira na perna do homem.
— Gostei dessa arma. Posso ficar com ela?
— Tenho uma no meu cofre que você vai amar, meu amor, muito
melhor do que essa — meu pai diz e mamãe sorri jogando a arma que ela
segurava em cima de mim.
— Filho, jogue o lixo fora e, por favor, não deixe ninguém vivo para
sair por aí falando besteiras. Sabe o que tem que fazer — minha mãe diz.
— Sua velha louca!
Tudo o que Darlan Duncan recebe de volta é um chute na cara do
salto alto que mamãe usa.
Ela estava enfiada no meio de um tiroteio de salto alto?
— Tenha mais respeito, não sou velha, sou uma senhora muito
elegante. E acabe logo com isso, Ethan. — Ela se afasta com o meu pai.
indo até o meu avô e meus tios que estão me olhando mais afastados.
Eles não vão se meter, é comigo agora.
— Faça o que tem que fazer, Ethan. — É tudo o que Mateo ordena
ao se aproximar e tenho que obedecer às ordens dele.
Eu posso até mandar na família Parker, mas na família principal, a
família Smith, é ele quem manda e nós obedecemos.
Nós dois somos uma dupla, fomos criados juntos e unidos para
proteger as duas famílias.
— Achava mesmo que iria conseguir me roubar, Duncan?
— Teria conseguido se aquela vagabunda não tivesse estragado os
meus planos.
— Não iria, pois, já estava de olho em você há algum tempo.
Estávamos apenas esperando você dar o primeiro passo. Tudo o que Lavínia
fez foi adiantar o jogo.
— Ela vai destruir a sua vida como já fez uma vez.
— Vocês dois são da mesma organização? — pergunto a ele que
está de joelhos com as duas mãos na perna que foi baleada.
— Somos.
Não é ele quem responde, mas a Lavínia.
— Cala boca, sua puta.
— Não manda mais em mim, estou fora. E agora vou ficar livre —
ela diz me olhando.
— Quem é o chefe de vocês?
— Ele, Darlan Duncan é o chefe.
— EU VOU TE MATAR, SUA DESGRAÇADA! — ele grita para
ela.
— Ele é o chefe, Ethan. O infeliz que nos transformou em monstros
morreu e Darlan Duncan tomou o lugar dele.
— Tomou?
— Sim, ele o matou logo depois de me estuprar. Logo depois de
repetir no meu ouvido várias vezes que estava comendo o resto de Ethan
Parker… Eu não menti quando disse que eu nunca tenho a porra da escolha.
Eu a encaro e vejo dor em sua face, então...
— Ethannn...
O som de um tiro me assombra e tudo acontece rápido demais, então
a seguro em meus braços.
— Você a ama de verdade e será feliz. Aline Jones te dará tudo o
que tiraram de nós dois.
Aline estava saindo da sala de reuniões quando atiraram contra ela e
ao perceber, Lavínia entrou na frente da bala.
— Meu Deus do céu! — Aline se joga no chão ao lado de Lavínia e
segura sua mão, eu faço o mesmo.
— Lavínia... — Eu não sei o que dizer.
— Eu não os matei, Ethan. Eu sou assassina, manipuladora, mas não
matei os nossos filhos. Olhe nos meus olhos e saberá que estou falando a
verdade.
Eu não faço o que ela diz, mas olho para minha Aline que se
encontra ao meu lado.
— Olhe nos olhos dela, Ethan. Você amou essa mulher e saberá se
ela está falando a verdade.
— Eu não a amei, eu amo você.
— Há várias formas de amor, Ethan, olhe nos olhos dela.
Faço o que Aline pede e a olho nos olhos.
Nesse momento, todos estão ao nosso redor.
— Fala a verdade.
Ela balança a cabeça dizendo que sim.
— Eu cumpri a minha missão, mas ninguém sabia da minha
gravidez. Deixar você estava sendo difícil, porque eu também me
apaixonei. Mas não havia escolha. Eles desconfiaram, me pegaram e
fizeram um check-up em mim, foi então que descobriram a gestação dos
gêmeos. Não consegui fugir. Eu não sou uma pessoa boa, Ethan, eu sou
manipuladora e sou muito boa nisso. Eu não queria os bebês, mas também
não iria matá-los. Eu decidi ter as crianças e posteriormente entregar para a
sua família. Vocês saberiam criá-los da forma correta. Eu não os queria,
mas também não os matarias.
— Ela não teve opção, pontas soltas não existem, nós cortamos.
Arrancamos os dois do ventre dessa puta desgraçada que não soube se
cuidar e engravidou, isso quase a matou — Darlan Duncan diz e meu pai
acerta um tiro na cabeça dele.
— Chega! Temos que levá-la para o hospital ou ela vai morrer —
Aline diz desesperada.
— Eu quero ser livre, Ethan, se eu não morrer, desejo ser livre para
pelo menos tentar viver em paz.
Eu, Ethan Parker, estou ardendo em ódio.
— Você nunca será livre.
CAPÍTULO 60
ALINE JONES
Ver Lavínia sendo levada para o hospital depois de ter se colocado
em frente a uma bala que estava destinada a mim, me fez ter sentimentos
confusos em relação a ela.
Álvaro estava ao lado de Duncan e quando saí que nem uma
desesperada de dentro da sala de reuniões, que me manteve segura, em um
movimento rápido, ele puxou a arma da cintura de Álvaro e atirou contra
mim.
Duncan sabia que me matar acabaria com o Ethan e era isso que ele
queria fazer, acabar com o homem que eu amo.
Mas Lavínia ao perceber o que iria acontecer, se colocou na frente e
a bala a acertou ao invés de me atingir.
— Não pense muito nisso, ela não merece a sua preocupação. —
Mateo para ao meu lado eu o abraço, me permitindo chorar pela primeira
vez depois de tudo o que vem acontecendo.
— Eu não sei se consigo fazer isso, Mateo. Não sei se consigo ser a
mulher que o Ethan precisa que eu seja. Durante toda a minha vida, escutei
que era mimada e impulsiva, e acho que todos tinham razão. Ethan merece
uma mulher de verdade, eu... — Não consigo terminar de dizer e sou
arrancada dos braços de Mateo por uma mão forte.
— Vou te mostrar agora mesmo que é tudo o que eu preciso. —
Ethan segura o meu braço e Mateo sorri.
— Pega leve com ela, primo. Pode ir lá que eu arrumo a sua
bagunça.
Ethan não diz nada e me pega, me jogando por cima do ombro.
Eu grito de susto, chamando a atenção dos outros que estão por
perto.
— Ethan Parker, me coloque no chão agora mesmo. — Tudo o que
ganho é um tapa na bunda.
— Por que os homens gostam de fazer isso? Eu odiava quando o
Dylan fazia isso comigo — Andreza diz.
— Você só adorava o que vinha depois, amor — Dylan completa.
— Elas sempre adoram o que vem depois — tio Ivan comenta
olhando para nós dois.
— Eu não tenho mais idade para isso. Terminem de resolver essa
bagunça, vou voltar para a mansão Smith — o senhor James diz e eu morro
de vergonha.
— Ethan... Tia Andreza, me salve, o seu filho voltou a ser um ogro.
— Sinto muito, querida, mas eu quero um neto. — Ela vira as costas
e vai embora.
Ethan faz um aceno de cabeça para o pai e sai andando comigo
como se uma guerra não tivesse acabado de terminar nesse lugar.
— Ethan, me coloca no chão.
— Vou te colocar, mas é em cima de uma cama. Na verdade, vou te
jogar em cima de uma.
Sinto meu coração acelerar com o que ele diz.
Ethan para em frente a uma porta, abre com uma chave diferente e
quando entramos no cômodo percebo que é um quarto lindo.
— Você fica aqui?
— Só quando tenho que trabalhar em assuntos importantes e preciso
passar a noite.
Como ele falou que faria, me joga em cima da cama.
— Aí, seu louco.
Ele não diz nada, vai até à porta e a tranca. Logo em seguida, se vira
em minha direção e começa a tirar a roupa suja de sangue.
— Ethan, esse não é o momento para isso.
— Vou provar para você que é a única mulher que preciso nessa
vida, que nenhuma outra importa.
Sinto a minha respiração começar a acelerar com a imagem do seu
corpo sendo despido.
— Ethan...
— Vou ensiná-la que quando eu digo para você ficar dentro da porra
de uma sala, em segurança, é lá que você tem que ficar. Agora me colocou
em uma situação difícil com aquela desgraçada.
Se toda vez que o desobedecer for assim o jeito dele me corrigir,
vou ser a pessoa mais terrível do mundo, só para tê-lo me castigando.
— Ethan, meu amor...
— Devo a sua vida a ela agora, Aline. Aquela mulher é uma
manipuladora profissional e se colocar na frente daquela bala para te salvar
não a faz ser uma boa pessoa. Não se engane com isso. Ela viu uma
oportunidade e aproveitou. Agora, ela vai usar isso contra mim, e eu vou ter
que acabar cedendo. Vou ter que deixá-la ir embora sem poder matá-la.
— Ethan, não precisa...
— Ela estava falando a verdade sobre os nossos filhos, olhei nos
olhos dela, como você mandou, e vi que ela estava falando a verdade.
“Mas você também escutou da boca dela que não era uma boa
pessoa.
“Ela não é boa Aline, ela é má, e agora vou ser obrigado a ter que
deixá-la ir, porque você não consegue obedecer à porra de uma simples
ordem.
“Dentro daquela sala estava segura.”
Ele tem razão em tudo que diz.
Mas quando ele tira a cueca e vejo o quanto está duro de raiva e
tesão, engulo em seco.
— Me desculpa, eu só fiquei com medo de que algo tivesse
acontecido com você. Quando não escutei mais tiros, saí da sala, me
desculpa.
— Tire a roupa — ele ordena com a voz grossa que me domina
como todas as vezes, então obedecê-lo é instantâneo.
— Boa garota. Vou te mostrar agora que é a única mulher que quero.
Você é só minha, assim como eu pertenço somente a você.
Ethan vem pra cima de mim e seus lábios me dominam.
Quase choro por sentir suas mãos se enredando em meu cabelo e ele
me beijando até eu ficar tonta.
Meu corpo inteiro dói por ele, por reafirmar nossa conexão, por
senti-lo dentro de mim.
— Você é tão linda. — Acaricia minha pele com a ponta dos dedos.
— Amo que seja minha, apenas minha. — Ele se inclina, lambendo o meu
mamilo.
Todo o meu corpo reage, palpitando, doendo.
Sua língua parece fogo.
Minha cabeça pende para trás e a respiração acelera com a
adrenalina do momento, de tudo o que aconteceu.
O prazer dispara pelas minhas terminações nervosas.
Eu o sentia entre as minhas pernas, quente, pesado.
— Dentro de mim. — Arfo, o puxando para um beijo.
Ethan geme na minha boca, retribuindo com fervor.
— Quero você dentro de mim, agora. Eu sou toda sua, Ethan, meu
corpo pertence a você. Sempre, sempre foi só você.
Seus olhos se incendeiam.
— Sou seu, sou todo seu.
O modo como fala me deixa emocionada.
Respiro fundo, admirando meu homem.
Ethan é lindo demais, cada parte dele é e nunca me cansarei disso.
Noto sua respiração acelerando, os olhos escurecendo, enquanto ele
acompanha cada movimento que faço, passando as mãos delicadamente por
seu corpo.
Ethan geme baixinho, aceitando o meu toque, então beijo seu
pescoço, mordiscando sua orelha.
Seu corpo estremece e ele coloca as mãos na minha bunda.
— Eu te amo. — Beijo seus lábios, engolindo o gemido que ele dá.
Parece que ouvir essas palavras o instiga, então me comprometo a
dizer o tempo todo o quanto o amo.
Ele merece isso, principalmente, depois de ter passado por cima de
tanta coisa horrível.
— Eu te amo. — Mordisco seu lábio. — Eu te amo, Ethan,
demais… demais.
O pavor de perdê-lo me fez sair daquela sala e quase acabei com a
vida de nós dois, porque não vivemos mais um sem o outro. Só que agora
ele está aqui, quente, lindo...
Perfeito.
Querendo apenas ser amado e feliz, e eu o farei feliz.
— Vem, senta aqui, hoje você conduz. — Ele se deita com os olhos
presos nos meus.
Eu me ergo sobre ele, a ponto de pegar fogo.
— Estamos apenas eu e você aqui, não permita que nada se
interponha entre nós — murmura, acariciando meus seios. — Vem, senta no
meu pau, eu quero sentir você.
Encaixo seu membro na minha entrada e começo a descer.
— Ethan... — digo seu nome em um gemido alto, o sentindo me
abrir toda para acomodá-lo.
A sensação é demais e quase desmaio quando ele começa a brincar
com meu clitóris.
Se ele queria que eu fosse devagar, não pude atender suas
expectativas. O prazer foi tanto que me sentei com força, gritando pela
invasão deliciosamente apertada.
— Caralho! — Ele arqueia, dando um tapa na minha bunda. —
Boceta gostosa e toda minha!
Subo e desço devagar, com os dois gemendo.
Assim posso senti-lo indo bem fundo, tocando todos os lugares.
Cada vez que eu me mexo, ele esfregava naquele ponto lá dentro que me
enlouquece.
— Rebola gostoso, amor — rosna, segurando com força minha
bunda.
— Isso, caralho, rebola gostoso.
Apoiando as mãos em seu peito, acho o encaixe perfeito.
Faço como ele pede, rebolando, então subindo e descendo.
Eu me perco em meio às sensações loucas, meu corpo se arrepia e
ofego, me sentindo doer para gozar.
Isso me faz perder o controle.
— Eu vou gozar — Ethan grunhe e sinto que ele iria também.
Quando meu corpo explode, perco o ritmo, cansada.
— Isso não se faz amor, deveria ter esperado por mim.
Mudando nossas posições, ele me beija, me fodendo duro e rápido.
Meu prazer se constrói novamente e grito em meio ao beijo,
gozando de novo, só que desta vez, junto com ele.
Eu o sinto pulsar dentro de mim, me esquentando.
— Nunca mais diga que não é suficiente para mim. Você é a minha
vida, é tudo o que preciso.
CAPÍTULO 61
ETHAN PARKER
Dois dias já se passaram desde que tudo aconteceu e deixar Aline
aos cuidados do pai dela, na mansão Jones, não foi muito fácil para mim.
Mas meus homens estão lá para garantir que ela não fique
desprotegida.
E foda-se a cara que Anthony Jones fez, chateado porque meus
homens literalmente invadiram o território dele.
Anthony terá que entender de uma vez por todas que a filha dela é
minha mulher agora, do jeitinho que ele sempre quis.
— Laura, estou trabalhando.
Escuto Álvaro falando assim que me aproximo do carro, ele está ao
telefone falando com a esposa.
— Você não vai para a casa da sua mãe, porra nenhuma, vai ficar em
casa com as crianças. E se eu não estou voltado para casa nos últimos dias é
porque estou trabalhando, Laura, será que não entende isso?
Porra!
Só agora me dou conta de que ele realmente não tem voltado para
casa, afinal não parou um minuto sequer ultimamente.
— É claro que me importo com os meus filhos, Laura, mas... Tudo
bem, Laura, chega desse assunto. Quando eu chegar em casa conversamos.
Eu te amo... Laura, Laura... — Ele para de falar e olha para o celular.
— Problemas em casa?
Ele se vira na minha direção.
— Ela desligou na minha cara.
— Sabe que ela tem razão. Quando te tornei o homem de confiança
da família, não queria que você abrisse mão da sua.
Ele balança a cabeça.
— Laura não entende que esse é o meu trabalho. Você me deu uma
oportunidade que nunca tive na vida, Ethan. É isso que amo fazer.
— Não pode amar mais o trabalho do que a sua família.
— Eu os amo mais do que tudo.
— Então vá para casa e prove isso para sua mulher. Eu sei me virar
sozinho.
— Mas temos que ir ao hospital...
— Vá para casa e tire alguns dias de folga. Você merece, Álvaro. Eu
não teria conseguido fazer nada do que eu fiz sem a sua ajuda. Obrigado,
agora vá descansar.
Ele me encara e concorda.
— Me ligue se precisar.
— Pode deixar, mande um abraço para a Laura.
Ele sai, entra em outro carro e eu entro no meu indo para o hospital
onde Lavínia está internada.
Ao chegar no hospital, vejo uma movimentação, então o médico se
aproxima.
— Senhor Parker, a paciente fugiu.
Era só a porra do que me faltava.
— Como assim fugiu? Ela não foi operada?
— Foi sim, senhor, mas assim que ela voltou a si, começou a ficar
muito nervosa. Aplicamos um sedativo nela e agora quando fomos verificar
seu estado de saúde, o quarto estava vazio, tudo o que tinha era isso em
cima da cama. — Ele me entrega um papel dobrado com o meu nome
escrito.
— Suma, desaparece da minha frente antes que eu te mate.
Eu não digo duas vezes e o médico some, entrando em um corredor,
então vou para o estacionamento.
Já dentro do carro, abro a carta e começo a ler.
“Ethan,
Mais uma vez estou fugindo de você, mas dessa vez com a
esperança de que me deixe em paz.
Não me procure e esqueça de que um dia eu existi na sua vida.
Não consegui salvar a vida dos nossos filhos, mas salvei a da sua
mulher. Entrei na frente daquela bala para que você pudesse ser feliz com
ela e assim esquecer de mim, de uma vez por todas.
A minha liberdade em troca da vida dela.
Se quiser me xingar e me chamar de manipuladora, ótimo, por
mim, tudo bem.
Eu sou mesmo tudo de ruim que pensa ao meu respeito.
Durante todos esses anos, imaginei como seria encontrar com
você novamente, mas nunca imaginei que te encontraria amando tão
profundamente outra mulher.
Nos poucos momentos que os vi juntos, percebi que o que tivemos
nunca foi amor, Ethan, aquilo era paixão.
Nos apaixonamos e permiti que aquilo acontecesse, mas nós dois
pagamos pelas consequências.
Paixão e amor são duas coisas muito diferentes e hoje tenho
certeza de que você já sabe distinguir a diferença.
Sinto muito se eu te fiz sofrer no caminho.
Eu tentei desistir, Ethan, mas o amor a minha vida falou mais alto
e mesmo com o meu coração doendo, fui até o fim.
Cumpri a minha missão, a missão de fazer com que você se
apaixonasse por mim, baixar a guarda para que eu tivesse acesso a tudo o
que você fazia, depois te roubar o projeto que trabalhava e limpar todo o
seu histórico para que não conseguisse mais reproduzir o projeto.
Eu deveria te matar, cortar a ponta solta, mas descobri que estava
grávida e tomei uma das decisões mais difíceis que já precisei tomar, fugir
para que os seus filhos tivessem uma chance, porque nunca os considerei
meus.
O plano era fugir, fazer com nascessem em segurança e depois
entregá-los a sua família, mas infelizmente no meio do processo fui pega.
Hoje eu sei que foi por causa do maldito rastreador que nem
mesmo sabia que carregava.
Eu não queria que você os vissem naquela situação, Ethan.
Meu coração também se partiu em ver como os deixaram naquela
maca, tudo propositalmente armado para que você os encontrassem.
Mas eu não pude fazer nada.
O aborto quase me matou e senti a dor de cada pedaço que foi
arrancado de mim, fazia parte do meu castigo por ter sido fraca.
Obrigada por pelo menos ter dado um lugar digno e um nome
para eles.
Não quero que sinta pena de mim, pois hoje vejo que sou mais
forte do que imaginava.
Eu te ajudei apenas porque queria a minha liberdade e nada mais
do que isso.
Espero que seja feliz com a mulher que realmente ama e desejo
que tenha muitos filhos com ela.
Adeus, Ethan, e me desculpe por usar a única oportunidade que
tive de ser livre, mas levar um tiro pela sua mulher valeu a pena em troca
do que sempre busquei.
Mais uma vez manipulei a situação ao meu favor, agora cumpra
com a sua parte.
Lavínia.”
Essa desgraçada conseguiu o que tanto queria.
Serei obrigado a deixá-la ir, mas não é só Lavínia que está se
libertando, hoje eu também me liberto do passado que me vem prendendo
por tantos anos.
Está na hora de realmente recomeçar a minha vida, recomeçar ao
lado da mulher que nasceu para se minha e mesmo sem que eu a merecesse,
me esperou por todos esses anos.
Vou passar cada dia de resto da minha vida a fazendo feliz.
Rasgo a carta que acabei de ler e pego o celular que toca
insistentemente no meu bolso.
Quando olho para a tela, vejo quem é, a minha doce Ratinha
ligando.
— O que estava fazendo que não me atendeu no primeiro toque?
Acabo sorrindo do jeito que ela fala.
— Desculpa, amor, estava lendo uma carta que Lavínia deixou. Ela
fugiu do hospital.
Ela se cala e não diz nada, mas, entre nós, não haverá mais mentiras.
— Aline!
— Deixe a Lavínia em paz, Ethan, não quero mais você correndo
atrás dessa mulher. Deixe o passado no passando, que é o lugar dele.
— Tudo bem, só não vai dar para te mostrar a carta, eu a rasguei.
— Eu não quero ver nada, amor, liguei apenas para saber se irá se
juntar a nós.
Isso é estranho, não tínhamos combinado nada.
— Me juntar a vocês... — Paro de falar quando escuto um barulho
de tiro. — Aline! Aline, amor. — Penso que pode estar acontecendo alguma
coisa com ela.
— O seu pai está me ensinando a atirar. Ele é ótimo nisso, Ethan, e a
sua mãe então nem se fala.
Eu chego a fechar os olhos imaginando a cena.
— Aline, querida, essa aqui, é uma CARABINA CTT40.
Escuto a voz da minha mãe.
— Aline, não chegue perto disso.
— Larga de ser estraga prazer, Ethanzinho, eu te amo tanto.
— Amor, se quer prazer eu dou a você, a qualquer hora, momento
ou lugar, mas atirar não.
— Tarde demais, o seu pai disse que sou tão boa em atirar quanto a
sua mãe.
Meu Deus, eu vou me casar com a cópia da minha mãe.
— Amor, eu saio de perto de você por menos de três horas e já está
aprontando?
— Você vai me castigar? — ela pergunta com uma voz safada.
— Aline! Não me provoque, mulher.
— Adoro os seus castigos — diz com uma voz sexy pra caralho.
Ela verá só o que farei com ela essa noite.
— Como foi parar aí?
— A sua mãe me ligou e os seguranças...
— Levaram você. Sério, não sei como consegue.
Ela sorri.
— Meu amor, é para a minha proteção.
— Com uma CARABINA CTT40? Isso não é proteção, é loucura.
Eu já estou chegando aí.
— ELE ESTÁ VINDO... — ela grita animada e feliz.
— Boa, querida, eu sabia que se você ligasse, ele viria correndo —
meu pai diz ao fundo.
— Eu te amo, Ethan, venha logo, quero mostrar para você o que o
seu pai me ensinou — ela diz tão empolgada que não tem mais como eu
ficar chateado com isso.
— Quer mesmo isso, Aline? Aprender a atirar.
— Eu quero sim. Quero proteger você também.
Que Deus me ajude.
— Eu ensino você então.
Ela dá um grito no telefone, tanto que o afasto do ouvido.
— Você é o melhor, eu te amo, amo muito e venha logo. — Ela
desliga a ligação e eu sorrio.
Estou perdido nas mãos dessa mulher, vou acabar fazendo sempre
tudo o que ela quer, exatamente como o meu pai faz com a minha mãe.
CAPÍTULO 62
ETHAN PARKER
Um ano depois...
— Ela irá me deixar — digo ao meu primo que está sentado à minha
frente em uma das minhas boates.
Hoje eu vou encher a cara, porque não quero ficar sóbrio com a
certeza que tenho.
Minha Ratinha vai me deixar.
— É, talvez, ela o deixe mesmo.
Mas que filho da mãe!
— Mateo!
— O quê? Pelo que estou vendo é isso que você quer escutar. Já
falei mais de mil vezes que Aline nunca deixará você e mesmo assim
continua repetindo a mesma merda, caralho.
— Ela está diferente, distante. Ela está me evitando, Mateo.
Estamos há mais de um ano nesse vai e vem, de um estado para o outro e
agora nem mais isso. Ela não me deixou ir para Nova York e agora pouco
fiquei sabendo pelos seguranças que ela veio para a Califórnia, mas
adivinha só? Ela não me disse nada e foi direto para a casa do Anthony.
— Não é a casa dela? A casa dos pais dela.
Eu viro a minha dose de uísque de uma vez.
— Relacionamento a distância, eu sabia que isso não ia dar certo,
mas ela sempre...
— Até que durou muito tempo — ele diz tranquilamente.
— Mateo, você é um péssimo primo.
Ele sorri.
— Aline esperou por você a vida toda, que nem uma santa.
Santa não, Aline Jones nunca nem chegou perto de ser uma santa.
— Santa, ela nunca foi e nisso você tem que concordar comigo.
— Ethan, não estou querendo passar nada na sua cara, primo, mas
eu entendo os motivos de Aline ter rejeitado tantas vezes os seus pedidos de
casamento. Ela sofreu um inferno por sua causa, sempre se sentiu presa a
um relacionamento que ela viveu sozinha por anos, enquanto você se
divertia por aí esquentado a cama de outras mulheres. Aline sempre foi fiel
a você, mesmo não precisando ser.
Eu fico pensando no que ele diz.
— Está querendo me dizer que ela está fazendo isso para me dar o
troco?
Ele me encara, o celular dele toca no bolso e ele olha a mensagem
que recebeu.
— Acho que já está bêbado, sabia? Hora de ir para casa, não está
entendendo nada o que quero dizer e isso só pode ser efeito do álcool no seu
organismo.
— Eu não estou bêbado, o que estou mesmo é muito fodido. Será
que não entende que esse afastamento da minha Ratinha só quer dizer uma
coisa?
— O quê, Ethan? O que quer dizer, saco?
— Que ela quer me deixar. Tem algum filho da puta querendo a
minha Ratinha, fazendo a cabeça dela contra mim, mas quando descobrir
quem é, eu mato.
Ele me olha incrédulo e não entendo o motivo dele estar assim, pois
se fosse ele no meu lugar, já teria feito uma besteira.
— Meu Deus, você é tão inteligente que chega a ser burro.
— Isso não existe, Mateo.
— Está me provando que sim, agora vamos embora.
— Eu não vou para o meu apartamento, lá tem o cheiro dela.
— Vamos para a sua casa.
Agora ele chama a minha atenção.
— Seja mais específico.
— Deus, como pode ser tão idiota e não enxergar o que está
estampado na cara dele — Mateo diz passando as mãos pelo cabelo.
— Não tenho culpa se não diz as coisas claramente, porra.
— Vamos para a sua casa, Ethan, a casa que vai morar quando um
dia finalmente Aline aceitar os seus pedidos de casamento.
— Se eu não quero ir para o meu apartamento que tem o cheiro dela
imagina para aquela casa que... — Tivemos a nossa primeira vez lá, mas
não vou dizer isso em voz alta.
— Seus cães estão lá, eles vão te fazer companhia e pode ligar para
ela dizendo que os cachorros estão com saudade. Tenho certeza que por
esse motivo, ela vai te atender.
Esse filho da mãe um dia vai me pagar por isso.
— Está me dizendo que ela se importa mais com os cachorros do
que comigo?
— Parece que sim, não é mesmo? Agora vamos, eu te deixo lá, te
faço companhia por um tempo e depois vou dormir nos braços quentinhos
da minha bela esposa. Uma pena que não sabe o que é isso, porque não tem
uma.
Jogo o copo nele, mas consegue se desviar.
— Olha a violência, primo, estou aqui te dando o maior apoio e é
assim que me agradece?
— Você é péssimo nisso, péssimo — digo me levantando, pegando
o terno e passando por ele.
— Vamos, vou mandar meus cães morderem o seu calcanhar.
Tudo o que ele faz é sorrir.
Saímos da boate juntos, com ele dirigindo.
Durante todo o caminho, ele diz como a vida dele é perfeita com sua
esposa e filho, me fazendo uma inveja grande, porque eu queria ter uma
esposa também e muitos filhos com ela, mas Aline insiste em tomar a
porcaria daquele remédio.
— Chegamos seu mal-humorado, agora entendo o motivo da Aline
querer te deixar.
— Mateo, porra, não brinca com isso.
— É você quem vem repetindo isso várias vezes.
— Ela não tem essa opção de me deixar. Se ela tentar fazer isso,
sigo o seu exemplo.
— Qual deles?
— Me caso com ela sem ela saber.
Ele gargalha.
— Ela te mataria com toda certeza.
— Evelin não te matou quando fez isso.
— Porque eu já havia conseguido amansar o filhote de onça.
— Não foi isso que eu vi. Você usou um hamster para controlar a
fúria da sua esposa.
— Foi você que me deu a ideia e funcionou, mas lembre-se que ela
passou a lua de mel viajando sem mim. Quando a encontrei, estava com as
nossas tias assistindo outros homens na praia só de sunga, admirando o pau
deles. Naquele dia, mostrei para ela o único pau que ela pode admirar.
Eu acabo sorrindo porque essa história rendeu e como sempre a
minha mãe estava metida no meio.
O meu pai quase surtou com ela, afinal morre de ciúmes dela.
— Você é feliz, Mateo, tenho orgulho de você.
— Você também pode ser feliz, Ethan, só faça as coisas direito e
sempre proteja a sua família. Deixa a Aline pensar que manda na situação,
mas por trás nós estamos no controle de tudo, é o nosso papel de chefe da
família. Com uma esposa feliz em casa...
— O marido consegue proteger a família. — Termino a frase que o
nosso avô sempre diz.
— Isso aí, agora vamos lá que estou a fim de abrir aquela sua
garrafa de vinho. Aquela que me roubou.
— Eu não roubei, apenas a desviei para a minha casa. E não vamos
abri-la, aquela garrafa de vinho é para comemorar, no dia em que Aline
aceitar o meu pedido de casamento.
Ele vai abrir a boca para fazer mais uma piadinha e eu o paro.
— Cala boca — digo saindo do carro e ele me acompanha sorrindo,
sorrindo demais para o meu gosto.
Então quando abro a porta da sala, fico paralisado com a cena que
vejo.
— Sua chance de ser verdadeiramente feliz, não a desperdice. Como
ela mesmo diz, você não terá uma terceira oportunidade. Parabéns, primo,
eu te amo.
Eu sinto pela primeira vez em muito tempo os meus olhos arderem.
— Entra logo, porra. Vai deixar a mulher esperando.
Olho para Mateo entendendo tudo agora.
— Seu desgraçado. Eu também te amo, irmão. — Ele acena com a
cabeça e entro olhando para todos os que os presentes, a nossa família e
amigos.
CAPÍTULO 63
ETHAN PARKER
— Ele vai chorar, olha só que bonitinho — minha irmã diz, fazendo
todos sorrirem da minha situação.
— É bom que ele chore mesmo, me deu o maior trabalhão preparar
isso tudo para ele, me manter distante foi um castigo.
Olho para a mulher a minha frente com vontade de agarrá-la pelo
pescoço.
— Sua infeliz! — digo sorrindo.
— Seu desgraçado! — ela responde.
Não tem como não lembrar de toda a nossa trajetória até aqui, da
vez em que a tranquei no elevador, de como ela se vingou roubando o meu
carro e indo para em uma corrida ilegal apenas para ajudar um amigo, de
todas as nossas discussões e de como ela destruiu o meu apartamento. Ela
foi capaz de colocar os meus cães contra mim e prova disso são os dois
traidores ao lado dela, nesse momento, com um laço azul gigante no
pescoço.
— Vamos logo com isso, quero abrir a minha garrafa de vinho
roubada — Mateo diz e Evelin, sua esposa, o encara com uma cara feia,
chamando a sua atenção:
— MATEO!
— Ele me roubou na cara de pau, amor.
— Quieto.
Aline sorri e respira fundo.
— Eu quero vê-lo chorar, capricha, Baixinha — Mateo diz.
Minha mulher me encara com um envelope nas mãos, ela o segura
como se sua vida dependesse disso.
— Ethan, amor, desculpa por ter feito você pensar que iria te
deixar...
— Ele estava quase chorando e resmungando no meu ouvi...
— MATEO! — Umas três pessoas falam ao mesmo tempo.
— Mas é verdade — ele diz tentado se defender.
Aqui, nesse momento, ele não é chefe, é simplesmente o melhor
amigo da minha mulher, que como sempre a ajudou em uma de suas
travessuras.
— Se me atrapalhar mais uma vez, Mateo, conto para Eve que você
comprou uma ilha — Aline diz o encarando e Evelin olha para o Mateo.
— Você comprou uma ilha? — Evelin pergunta sem acreditar.
— Você me paga, Baixinha. É assim que me agradece tudo o que
faço por você.
— Será que podem deixar a menina fazer o pedido de casamento
dela? — meu pai diz alto e meus tios sorriem.
— Está morrendo de inveja que eu já sou avô e você não.
Desde que o filho do Mateo nasceu que o meu tio Ivan e o meu pai
vivem nessa disputa.
— O próximo que falar eu corto a língua. Eu sou boa nisso —
mamãe ameaça e ninguém mais fala.
Silêncio.
— Obrigada, tia Andreza — Aline agradece.
— De nada, querida, agora pode continuar.
— Como estava falando, Ethan, meu amor, durante muito tempo...
Ela é interrompida pelo celular do Mateo tocando.
— Mateo Smith!
— Desculpa, esqueci de colocar no silencioso.
— Eu desisto, nem sei mais o que ia dizer, então vou direto ao
ponto. Ethan, amor, eu te amo mais que tudo nessa vida, tanto que aguentei
todas as suas cachorradas...
Os dois cães ao lado dela latem.
— Foi mal, garotos, foi uma infeliz comparação. Continuando, mas
eu te amo, sempre amei, e por mais que tenha tentado te tirar da minha vida,
você não deixou isso acontecer.
“Você soube me trazer para o seu lado novamente, me amou de
verdade, colou os cacos que você mesmo quebrou no meu coração, me
provou e demonstrou durante todo esse tempo o quanto me ama, o quanto
se arrependeu de tudo.
“Já estou cansada dos seus pedidos de perdão, afinal já te perdoei há
muito tempo amor.
“Então, preparei essa surpresa, porque junto com a sua filha, porque
sinto que é uma menina, estamos te pedindo em casamento.
“O papai quer te matar, então é bom a gente nos casar logo.”
— Eu ainda estou pensado se não mato você, Parker — Anthony
diz.
— Anthony, é claro que ele irá se casar — a senhora Jones diz e eu
não consigo tirar os olhos de Aline.
— Você está grávida!? — pergunto sem nem acreditar, então ela me
entrega o envelope que segura em suas mãos.
— Estou!
— Eu vou ser vô, porra! Tá vendo, Ivan, agora terei um neto ou neta
— meu pai diz todo feliz.
Abro o envelope, vejo o exame e não consigo me segurar, caio de
joelhos na frente dela.
— Ethan, amor... — Ela também se ajoelha na minha frente e me
abraça.
— Eu vou ser pai.
— Vamos ser pais, vamos ser os melhores pais do mundo.
Nos encaramos e seguro seu rosto, a beijando com todo amor que
sinto por ela.
— Você vai se casar ou não vai? Eu tenho uma arma carregada
dentro do carro — Anthony diz.
— Anthony! — Emilly diz.
Todos riem.
Aline desfaz o nosso beija, se levanta, ficando de pé, me dando a
mão para que eu também fique.
— É claro que eu vou me casar, essa mulher sempre foi minha e se
ainda não tinha me casado foi porque ela disse não.
Aline sorri e nos abraçamos forte.
— Queria fazer você provar do seu veneno um pouquinho, amor —
ela diz e eu a beijo de novo.
— Acho que ele não se tocou que ela falou que acha que é uma
menina. Agora, ele vai saber o que passamos, Ivan — tio Carlos diz e todos
sorriem.
— Porra! Mateo, nós temos que redobrar a segurança, ninguém vai
chegar perto da minha filhinha.
— Vai começar... — minha irmã diz de cara feia.
— Acho que está faltando o anel de noivado — Adrian lembra desse
pequeno detalhe.
Mas o anel eu já tenho guardado há muito tempo.
— Eu já volto. — Saio praticamente correndo da sala e vou até o
meu escritório.
Pego o anel na gaveta da mesa, volto para a sala e abro a caixinha na
frente da Aline.
— Um diamante azul! — ela diz surpresa.
Eu sei o quanto ela ama o diamante azul que o pai dela deu e agora
ela vai amar mais ainda o que estou dando.
Vai simbolizar o início da nossa união.
— Esse moleque quer mesmo competir comigo?
Anthony não é bobo, entendeu muito bem a minha intenção.
— É o genro que você sempre quis — Emilly diz.
— Estou começando a mudar de ideia.
— Tarde demais, sua filha já é nossa, Anthony — meu pai diz
fazendo pouco caso dele.
— Isso é o que nós veremos, Dylan — Anthony rebate.
— Coloque o anel no dedo dela, meu filho.
Faço como a mamãe manda e Aline sorrir feliz.
— Como conseguiu outro diamante desses, é extremante raro.
— Era o meu diamante azul, o que eu iria usar no dispositivo.
Ela me olha confusa.
— E não vai mais?
— Fiz algumas pequenas alterações no projeto inicial.
Eu sei que por agora ela não vai me fazer perguntas, mas depois...
— Eu te amo, futura senhora Parker.
Ela sorri.
— Eu também te amo, Ethan.
— Ótimo todo mundo se ama, agora vamos ao vinho — Mateo diz
feliz.
Dou um beijo na mulher que já é minha e vou pegar o bendito vinho
para comemorarmos.
Hoje é o início da nossa nova vida e sou o homem mais feliz do
mundo.
CAPÍTULO 64
ETHAN PARKER
Casamento é um contrato social entre duas pessoas dispostas a
servir um ao outro. Aprender a ser esposa, esposo, pai, mãe, companheiro e
cuidarem das necessidades da nova família em perfeita sintonia e união.
O casamento é a união entre dois corações que decidiram bater em
sintonia um com o outro.
Casamento é saber abrir do seu bem-estar, de você mesmo, em
benefício da pessoa amada.
E é justamente isso que está acontecendo hoje, o meu casamento
com a mulher que eu amo. A mulher que por muito pouco quase perdi, que
faz o meu coração bater mais forte por ela todos os dias, que carrega nosso
bebê no ventre, que dá sentido à minha vida e que me tirou de um
verdadeiro poço escuro onde me escondia com medo de amar novamente.
Ela me ensinou e me mostrou que eu estava errado. Sem contar que
do jeitinho dela, me fez pagar pelo que fiz.
O desespero da possibilidade de perdê-la quase me fez enlouquecer.
— Será que ela vem mesmo?
Olho para o lado e vejo o homem que diz ser o meu padrinho de
casamento, me colocando mais pilha, como se eu já não estivesse nervoso o
suficiente.
— Sério mesmo, Mateo? Vai mesmo fazer isso?
Ele sorri e se aproxima ficando do meu lado.
— Pelos meus cálculos, ela está mais atrasada do que a Evelin no
dia do nosso casamento e olha que ela nem tinha Andreza Smith como
sogra. A tia Andreza gosta mais da Aline do que de você, sabia? Então tudo
pode acontecer.
Pronto, ele conseguiu o que queria, me fez ficar desesperando,
porque mamãe ficou de trazer Aline para a igreja junto com Anthony e
Emily.
— Eu vou atrás dela nem que seja no inferno — digo mais alto do
que deveria e o padre arregala os olhos na minha direção.
— Eu não sei como esse padre ainda não desistiu de casar os
membros da nossa família, é cada coisa que falamos nesse altar que o pobre
homem fica de cabelo em pé.
— A vovó faz doações o suficiente para ele continuar nos casando
sem reclamar de nada. Agora, por que Aline está demorando tanto? — Olho
para o relógio.
— Ela pode ter fugido com a tia Andreza, ela...
— Mateo!
— É bom, né? Lembra do que fez comigo no meu casamento? Eu
disse que ia me vingar.
Olho para o meu primo, sem acreditar no que escuto.
— É sério mesmo que você é o chefe da família?
— Aqui eu não sou o chefe, sou seu primo, seu padrinho de
casamento e estou te dando todo o apoio que precisa nesse momento difícil.
Não se preocupe que se Aline fugir, vou te ajudar em tudo para que possa
encontrá-la o mais rápido possível, contato que não seja no inferno...
— Por Deus, será que vocês dois podem para de dizer no inferno?
Sua noiva já chegou, olha lá — o padre diz reclamando e olho para frente
vendo o movimento na porta da igreja.
— Graças a Deus! — digo aliviado.
— Nossa família está perdendo a graça, ainda não presenciei
nenhuma noiva fujona. A minha esperança estava na Baixinha.
— A sua mulher fugiu de você.
— Ela fugiu da lua de mel, não do casamento, é diferente. Eu queria
presenciar uma fuga estilo Stela Smith.
Acabo sorrindo, pois, a tia Stela detém o recorde de tempo em uma
fuga, por isso tio Ivan come na mão dela.
— Ainda temos algumas primas para realizar o seu sonho e irmãs
que podem realizar o seu sonho. Até que se isso acontecesse seria
interessante — digo imaginando como seria o desespero do noivo
abandonado.
— É quem sabe um feito desses não pode pular a nossa geração —
ele diz e todos ficam de pé para receber a noiva mais linda do mundo.
A minha noiva.
— Seja feliz, primo, você merece e sabe que pode contar comigo
para tudo, qualquer coisa. Somos irmãos.
Apertamos as mãos.
Ele também sabe que pode contar comigo para qualquer coisa.
— Obrigado, Mateo, obrigado por ficar perto dela quando eu não
estava.
— Foi um prazer. — Ele se afasta e toma o seu lugar de padrinho.
Logo a marcha nupcial começa a tocar e a minha linda mulher
começa a entrar radiante, de braços dados com o pai dela.
Aline está linda e radiante com seu sorriso perfeito.
É nítido o quanto ela está feliz.
Apressamos o casamento por conta da gravidez e neste ponto
concordei com o Anthony. Por mim, tinha me casado no dia seguinte ao
pedido de casamento, mas mamãe me ameaçou, então deixei tudo por conta
dela e da senhora Jones.
As duas fizerem um excelente trabalho.
Nossos olhares se cruzam e não consigo segurar, acabo sorrindo
para ela.
A cada passo que ela dá até mim, meu coração bate mais rápido.
É com todas essas sensações e emoções que estou sentindo agora,
que decido que vou sempre fazer tudo isso valer a pena.
Eu vou amar essa mulher incondicionalmente com todo o meu
coração e vou ser o melhor pai do mundo para o nosso bebê.
Ela chega ao altar de braços dados com o pai dela e ates dele
entregá-la a mim, diz:
— Minha filha amada, sabe que o nosso lar sempre será a sua casa.
Quando quiser volte para nós, querida.
— Ela não vai voltar, nunca! — digo e ele me olha com uma
sobrancelha levantada.
— Se ele não a tratar bem, filha, me ligue que o papai vai te buscar
no mesmo instante. Você e a minha neta.
— Anthony!
— Podem para os dois, somos agora uma família só e foi assim que
o senhor sempre quis, papai. Agora está ao com crise de ciúmes? Apertam
as mãos os dois.
Anthony e eu nos encaramos.
— Agora! — Aline ordena e assim fazemos.
— Ótimo, agora vamos logo com isso que esse sapato está
apertando o meu pé.
Anthony a beija na testa e a entrega a mim.
— Estou de olho em você, Parker, sempre de olho em você.
Ele tenta ser assustador, mas já perdeu essa, a filha dele é todinha
minha.
— Ela é minha agora.
Ele não fala mais nada e sai, mas leva uma pequena bronca da
esposa quando chega ao lado dela.
Nos posicionamos em frente ao altar e logo o padre que já estava
impaciente dá início a nossa cerimônia de casamento.
Eu não presto atenção em nada do que ele diz, pois, meus olhos e
minha atenção estão todos na linda mulher ao meu lado.
— Ethan Parker e Aline Jones vocês vieram aqui livremente e sem
reservas para se darem um ao outro em casamento?
— Sim. — Aline é a primeira a responder.
— Sim — respondo logo em seguida.
— Vocês vão se honrar como marido e mulher pelo resto de suas
vidas?
— Sim.
— Sim.
— Vocês vão aceitar os filhos com amor de Deus e criá-los de
acordo com a lei de Cristo e sua Igreja?
— Sim.
— Sim.
Ele pede as alianças e nos entrega.
Meu coração acelera de alegria quando deslizamos as alianças pelo
dedo um do outro, pois aqui começa a nossa vida a dois como marido e
mulher.
— Pelo poder investido a mim, pela sagrada igreja, eu os declaro
marido e mulher. Pode beijar a noiva.
Ele não precisa pedir duas vezes, pego a minha esposa nos braços e
a beijo profundamente para deixar claro a todos que ela pertence somente a
mim.
Fecho os olhos e contínuo beijando minha mulher como se não
tivesse ninguém dentro da igreja.
Um beijo cheio de promessas para o nosso futuro, nos dando a
certeza de que tudo vai dar certo entre nós e que juntos vamos superar todos
os obstáculos que a vida colocar no nosso caminho.
****
Aline Parker
— Está cansada? — Ethan surge do nada falando próximo ao meu
ouvido, fazendo meu corpo arrepiar.
— Sim. — Minha voz é quase um sussurro inaudível, me fazendo
assentir com a cabeça.
Estou exausta.
— Finalmente é a minha esposa. — Ele abre um sorriso.
Ethan segura minhas duas mãos em um gesto discreto e seus dedos
circulam ao redor da minha aliança.
— Não vejo a hora de arrancar esse vestido do seu corpo, não vou
ter paciência para esse monte do botão.
Eu acabo sorrindo e os olhos dele brilham.
Se fosse possível derreteria agora, afinal Ethan sempre soube como
me deixar desestabilizada.
— Ethan... — digo baixinho.
Ele é um homem literalmente lindo demais, sempre foi.
— Eu vou acabar logo com essa festa, quero ir para o hotel, não
aguento mais ficar sem tocar em você como eu quero.
Eu nem consigo dizer nada e ele sai me arrastando.
Logo começamos a nos despedir dos convidados e ele nem se
importa com a cara feita que a senhora Andreza faz para ele.
Realmente não demora muito tempo e estamos a caminho do hotel
da família dele, onde vamos passar a nossa noite de núpcias.
***
Sinto a mão do Ethan passar na minha cintura assim que entramos
em na suíte em que vamos passar a noite. Logo depois sua mão vai de
encontro a minha cabeça e solta meu cabelo.
Viro meu corpo, ficando de frente para ele.
— Um banho?
Ergo uma sobrancelha diante do pedido.
— Agora!? — pergunto surpresa com o seu pedido.
Não era ele que estava louco para me devorar?
— Sim, quero você, meu amor.
Viro as costas para ele, fazendo um gesto para que abra o vestido.
Meu marido começa a abrir os botões e a todo tempo ele solta um
palavrão, falando que a mãe dele fez isso de propósito.
Não tem como não sorrir da frustração dele, abrindo todos os
botões.
— Finalmente, vou sumir com esse vestido. Mandei que deixassem
a banheira preparada para nós dois. — Ele coloca meu cabelo para o lado,
beijando meu ombro, conforme meu vestido cai no chão.
Fico apenas de calcinha e sutiã, sob o olhar atento do meu marido.
Abro o sutiã, em seguida abaixo a calcinha e vejo que seus olhos
estão nublados. Dou as costas, indo em direção à porta aberta com uma luz
fraca.
Ouço o barulho das roupas dele cair no chão e não me atento a ele.
Entro no banheiro com a luminosidade amarela, olho em volta e
vejo a banheira borbulhando uma essência maravilhosa. Ergo a cabeça,
observando o teto todo trabalhado em dourado.
Esse hotel é de um luxo invejável.
A passos lentos paro em frente à banheira, toco a água morna com a
ponta dos dedos e fecho os olhos sentindo sua temperatura.
— Entra...
Deixo escapar um suspiro ao ouvir sua voz atrás de mim.
Entro na banheira e Ethan estende sua mão para me equilibrar. Em
seguida, entra junto comigo e nos sentamos. Fico no meio das suas pernas,
encosto minha cabeça em seu peito e solto o ar com dificuldade quando ele
pega uma bucha para passar na minha barriga.
Fecho os olhos instintivamente, sentindo cada pedaço do meu corpo
se entregando a este homem, como sempre acontece quando estamos juntos.
Ethan me faz se virar para ele e abro os olhos. Coloco um pé de
cada lado da sua cintura.
— Feche os olhos.
Faço o que ele pede.
Sorrio ao senti-lo jogar água na minha cabeça, molhando meu
cabelo com suavidade. Sem abrir os olhos, sinto que ele se movimenta e
logo seus lábios tocam os meus.
— Tão linda... Não quero pressa, tive que esperar demais por este
dia — sussurra junto ao meu lábio.
Aprofundo o beijo, querendo mais do seu toque.
Sua mão desce pelas minhas costas e suspiro com sua língua
enroscando na minha, sentindo a nossa conexão magnética.
Deixo a cabeça cair para trás quando ele desce os lábios por meu
pescoço com a barba rala causando um formigamento maravilhoso.
Eu me aproximo mais e sinto seu membro tocar minha intimidade.
— Ethan, quero você agora mesmo — murmuro entre o beijo e
Ethan se levanta da banheira com facilidade, me trazendo para seu colo.
— As toalhas.
— Não precisa. — Ele mordisca meu lábio, me levando para a cama
e me deitando nela.
— Te quero sempre assim, sem barreiras, nua na minha cama. —
Segura meus dois pulsos, ficando por cima do meu corpo e eleva minhas
mãos acima da minha cabeça.
Meu marido beija minha testa e vai descendo até meu lábio, onde dá
um breve beijo, me deixando ainda mais mole.
Com a perna pressiona o meio das minhas coxas, me fazendo abri-
las. Ele se encaixa no meio delas e roça minha boceta.
— Sou capaz de enlouquecer apenas com seu cheiro. Eu te
reconheço até mesmo estando cego, pois seu cheiro ficou impregnado na
minha alma. Você tatuou sua essência no meu corpo. Eu sou louco por
você... — Sua voz está carregada de luxúria.
— Eu te amo... — murmuro com a voz embargada de desejo.
— Eu sou todo seu, meu amor.
Arqueio meu corpo ao senti-lo assoprar meu seio e meu mamilo está
intumescido.
Não seguro o gemido quando circula minha auréola com a língua.
Ele chupa meu seio, solta minha mão e a passo em suas costas,
sentindo sua pele em chamas.
Jogo a cabeça para trás, quando ele troca de seio.
Seus dedos descem pela minha boceta, separando minhas dobras, o
que me faz morder o lábio com força ao sentir seu dedo se lambuzar na
minha intimidade.
— Preciso me enterrar em você — diz erguendo a cabeça.
Abro bem as pernas ao vê-lo tirar sua mão e seu membro circular
minha entrada. Digo seu nome, puxando seu rosto de encontro ao meu.
Seus lábios tocam os meus, minha língua toma a sua e aperto suas
costas, fincando minhas unhas em sua pele.
— Tão apertada e quente — murmura com a boca junto da minha.
— Sou capaz de morar dentro de você.
— Vou adorar isso — digo abrindo um sorriso sacana.
Ethan começa a fazer movimentos de vai e vem lentos, seus lábios
beijando meu pescoço, mordiscando e deixando rastros de desejo por onde
passa, enquanto busco por mais contato.
— Tão gostosa.
Meu marido começa a estocar com mais força, em resposta jogo a
cabeça para trás e agarro o lençol com força.
— Eu quero tudo... Eu quero tudo de você, Aline seu corpo e sua
alma. — Em sua voz há uma posse que nunca presenciei antes.
Mordo meus lábios ao sentir seu aperto em meu cabelo.
— Diga que é minha, caso contrário, mato quem se atrever a se
aproximar da minha mulher.
Ethan estoca duro, forte, com posse, desejo e luxúria. Com seu pau
tomando tudo de mim.
— Sou sua. Me faça sua, me tome, me foda com força — peço
gemendo ao senti-lo morder meu lábio.
Nossos corpos se conectam com o som do chocar deles ecoando
pelo quarto. Aperto minhas pálpebras com força ao sentir os espasmos
passarem por meu corpo e acho que não sou a única, pois Ethan urra meu
nome e jatos do seu líquido são jogados dentro de mim.
Deliro em meio ao orgasmo que me toma e caio mole na cama,
sentindo meu corpo exausto, entregue a ele.
— Gostosa do caralho e toda minha.
Sorrio de suas palavras.
— Nossa! Como você é romântico, meu marido.
Ele sorri também.
— Eu sei que você adora as minhas palavras sujas, te deixa excitada
— diz me beijando. — Eu te amo como nunca fui capaz de imaginar que
um dia amaria outra mulher.
Vejo seus olhos brilhantes de emoção quando me encara.
— Eu também te amo. Seremos apenas nós dois agora.
— Nos três você quer dizer — ele diz sorrindo de lado e então me
lembro da surpresa que tinha preparado para ele.
— Tenho uma surpresa para você — digo aminada.
— O que a minha esposa aprontou dessa vez? — Ele pergunta
saindo de dentro de mim e solto um gemido.
— Se gemer mais uma vez assim começo tudo de novo e estrago a
sua surpresa.
Gargalho diante de suas palavras.
— Calma, vou me limpar rapidinho e já volto. — Levanto e corro
para o banheiro.
Tomo um banho rápido e quando saio enrolada no roupão, o vejo
sentado na cama vestindo apena de cueca.
— Qual é a surpresa?
Ethan parece estar ansioso.
Olho para os lados, procurando a minha bolsa e a vejo próxima a
uma poltrona, então vou até lá e pego uma caixinha. Vou até ele me
sentando ao seu lado.
— O que é isso? — ele pergunta curioso.
— Abra a caixa.
Ethan desamarra o laço e abre a caixinha revelando o primeiro
sapatinho da nossa filha.
Sim, estou esperando uma menina, como eu sentia desde que
descobri a sua existência.
Ele me olha e vejo seus olhos ficando marejados, mas ele é muito
bom em segurar as lágrimas.
— Eu te amo a cada minuto mais e mais...
Ele sorri e me beija.
— Quero que escolha o nome da nossa filha, nossa menina. Como
vamos chamá-la? — pergunto empolgada vendo como ele fica emocionado
ao escutar minhas palavras.
— Você vai deixar escolher o nome dela? — ele pergunta surpreso.
— É o pai dela, claro que pode escolher o nome.
Ele abaixa a cabeça, encara o par de sapatinhos em suas mãos e vejo
uma lagrima cair dentro da caixa.
Eu sei o quanto esse momento é importante para ele que já perdeu
dois filhos. Eu não consigo nem mensurar o tamanho da dor que ele pode
ter sentido, afinal já amo o meu bebê mais que tudo nesse mundo.
— Ayla Parker.
Sorrio diante do nome que ele escolheu.
— Lindo nome, meu amor.
Ele olha para mim e passa os dedos no meu rosto.
— Obrigado, Aline, obrigado por me fazer o homem mais feliz do
mundo, sem nem mesmo merecer.
Eu seguro sua mão e beijo sua palma.
— Você também me faz feliz. Agora vamos construir a nossa
família juntos.
EPÍLOGO
ALINE PARKER
Acordo no meio da noite e quando passo a mão pela cama não sinto
o homem que deveria estar dormindo ao meu lado, o que significa que ele
pode estar no quarto da nossa filha.
Então me levanto e vou até lá ver o que pode estar acontecendo, já
que ele não me chamou.
Eu me aproximo do quarto e quando paro em frente a porta, escuto
uma conversa que me faz querer rir.
— Filhinha, o único homem nessa Terra que sempre vai te amar, vai
ser o papai, nenhum outro homem vai te amar como o papai. E foi pensado
nisso que eu decidi que você vai servir a Deus. Servir a Deus é seguro e
mantém os homens maus longe. Os homens maus que um dia vão querer
tirar você do papai e isso não pode acontecer. Então, o convento é a decisão
mais acertada, filha.
Eu não posso continuar escutando isso.
— Ethan, mas que conversa é essa? Ela só tem dois meses de vida,
amor, vai demorar um pouquinho até que ela comece a querer ficar com
alguém.
Quando ele escuta o que digo, me olha como se eu fosse louca.
— Não tem essa de ficar, Aline, o que ela vai fazer é ficar na casa de
Deus. Olha que orgulho, uma freira na família para interceder por todos
nós.
Eu acabo sorrindo, porque ele parece falar muito sério.
— Você bem que gostou de me levar para o mau caminho. E nossa
filha vai servir a Deus apenas se ela quiser.
— É por isso que já estou falando isso pra ela, desde bebê, assim já
cresce com a ideia de servir a Deus.
— Isso não vai acontecer, não com o sangue que corre nas veias
dela.
Ele me encara, se dando conta de que estou falando de mim e da
mãe dele.
— Estou muito fodido mesmo. Acho que vou ter que aprender a
rezar — ele diz tão sério, que me faz sorrir de novo.
— Meu amor, não sofra com antecedência, você vai se sair bem
como pai e vai ensinar a ela o que é certo e errado. Vai ensinar a ela como
se defender, ela vai ser a nossa princesinha.
Ele me olha, passa uma das mãos entre as minhas pernas me
fazendo carinho, parando no meu joelho.
— Eu nunca imaginei que pudesse ser tão feliz. Obrigado pela filha
linda que me deu, amor.
— Só não faça outro filho em mim, tão cedo, ainda me lembro
perfeitamente de toda a dor que senti.
O parto normal foi uma excelente ideia até ser tarde demais para
uma cesariana.
Nunca pensei que fosse capaz de suportar uma dor como aquela.
Ethan se levanta com a bebê nos braços e a coloca no berço com
todo o jeitinho do mundo.
Nunca pensei que um homem grande, como ele, fosse ter todo esse
cuidado com um bebê.
Ele é incrível como pai, quer participar e fazer tudo.
— Daqui meia hora ela acorda de novo para mamar.
— Então vamos aproveitar esse tempo com sabedoria. — Ele me
pega no colo de uma vez e quase me faz gritar de susto.
— Seu louco.
— Sou louco por você. — Ele me beija com todo o carinho do
mundo.
Hoje, vendo a vida perfeita que tenho, vejo que valeu a pena tudo o
que passei para ficarmos juntos.
Ethan se arrependeu de verdade de tudo o que aconteceu e deixamos
o passando lá no lugar dele, vivendo apenas o presente e planejando o nosso
futuro juntos.
O futuro que juntos vamos construir para os nossos filhos.
Os futuros herdeiros.

FIM.
NOTA DE AGRADECIMENTO
De início quero expressar minha gratidão a Deus, pois, vem DELE a
minha força e capacidade para a escrita.
Eu me sinto privilegiada e toda honra e toda gloria sempre a Ele!
Agradeço também a minha Família, meus filhos e meu esposo que
são a base da minha estrutura.
Agora chegou a vez de vocês, minha segunda família, as Lindaétes,
como algumas leitoras se intitulam.
Vocês são a minha maior motivação.
Gratidão é a palavra que define meu sentimento por meus leitores.
Obrigada por cada comentário de incentivo, carinho e entusiasmo,
sempre digo que tenho os melhores leitores do mundo, porque sem vocês
nada disso teria sido possível. Moram no meu coração.
Amo a interação de vocês e estou sempre aberta a ideias e críticas
construtivas, e espero de coração que tenham gostado de mais esse conto.
Meu objetivo é satisfazer cada leitor, proporcionando uma leitura
contagiante e agradável, saber que sou capaz de despertar sensações e
alegrias com a minha criatividade é arrebatador.
Isso é muito poderoso.
Eu me arrisco a dizer que o livro é um portal para o outro lado do
mundo.
Um cheiro no coração de cada um de vocês, me sigam no
insta @autora.linda.ev e me aguardem nos próximos livros.
Bora viajar juntos?

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