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Ficha de Educação Literária 2

Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos (Alberto Caeiro)

Nome __________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Unidade 1 (Subunidade 1.2)

Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.

O guardador de rebanhos
XXXIX
O mistério das cousas – onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?

Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?


5 E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa à roda de uma pedra.

Porque o único sentido oculto das cousas


É elas não terem sentido oculto nenhum.
10 É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

15 Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: –


As cousas não têm significação: têm existência.
August Drexel Turner, Pastor e rebanho, s/d.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.

Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro,


edição de Ivo de Castro, Lisboa, INCM, 2000, pp. 46-47.

1. Esclarece o que leva o sujeito poético a interrogar-se sobre «o mistério das cousas» (verso 1).
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2. Explica como a identificação com a Natureza serve de argumento nessa interrogação.


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3. Comenta a forma como o sujeito poético se vê em relação ao «outro».


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4. Identifica a temática abordada neste poema de Caeiro, partindo do conteúdo da última estrofe.
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Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 39
Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.

O guardador de rebanhos
XXXIV
Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa…

5 Que pensará o meu muro da minha sombra?


Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas…
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente…

10 Que pensará isto de aquilo?


Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela tivesse, seria gente; Paul Sérusier, Anoitecer (pormenor), c. 1884.

E se fosse gente, tinha feitio de gente,


15 Mas que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nestas cousas,
Deixava de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos…
20 Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.

Fernando Pessoa, op. cit., pp. 43-44.

1. Caracteriza o sujeito poético, com base na primeira estrofe do poema.


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2. Identifica os sentimentos expressos no verso 8, «E então desagrado-me, e incomodo-me».


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3. Explica o significado do verso 15, «Mas que me importa isso a mim?».


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4. Comenta o sentido do verso 21 «E assim, sem pensar, tenho a Terra e o Céu.», enquanto
conclusão do poema e de acordo com a temática tratada.
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40 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano

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