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Escola Superior de Economia e Gestão

Curso de Licenciatura em Economia

Trabalho final do Curso

Análise do Papel do Comércio Informal para o Desenvolvimento Socioeconómico no


Distrito municipal Kamaxaquene: Caso Específico do Mercado Xiquelene, (2019-2021).

O Candidato:
Joanisse Orlando Machava

O Supervisor:
Carlos Sitoe - MA

Maputo, Abril de 2022


Joanisse Orlando Machava

Análise do Papel do Comércio Informal para o Desenvolvimento Socioeconómico no


Distrito Municipal Kamaxaquene: Caso Específico Mercado do Xiquelene, (2019-2021).

Projecto a ser apresentado na Escola Superior de


Economia e Gestão como requisito para a conclusão
do curso de Licenciatura em Economia, sob
supervisão do Mestre Carlos Sitoe

Maputo, Abril de 2022

Índice
Declaração de honra.........................................................................................................................
Dedicatória.....................................................................................................................................

Agradecimentos..............................................................................................................................

Lista de gráficos e tabelas................................................................................................................

Lista de abreviaturas.......................................................................................................................

Resumo..........................................................................................................................................

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................

1.1 Introdução..................................................................................................................................

1.2. Delimitação espacial e temporal...........................................................................................

1.3 Contextualização...................................................................................................................

1.4 Justificativa...........................................................................................................................

1.5 Formulação do problema......................................................................................................

1. 6. Objectivos de Pesquisa............................................................................................................

1. 6.1 Geral......................................................................................................................................

1. 6.2 Específicos..........................................................................................................................

1. 7. Hipótese................................................................................................................................

CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................

2.1 Sector informal..........................................................................................................................

2.2. Comércio informal....................................................................................................................

2.3. O Mercado................................................................................................................................

2.4 Os factores que Influenciam a Escolha de Trabalho no Comércio Informal...........................

2.5. Identificação de Factores que Condicionam a Prática do Comércio Informal.......................

2.6.Factores políticos.....................................................................................................................

2.7 Factores económicos................................................................................................................

2.8 Caracterização da mão-de-obra envolvida no comércio informal..........................................

2.9 Principais actividades exercidas no comércio informal...........................................................

2.10 Indústria e construção............................................................................................................

2.11. Comércio e turismo...............................................................................................................


2.12. Outros serviços.....................................................................................................................

2.13. Funcionamento do Sector Informal......................................................................................

2.14.Fonte de capital financeiro para o início das actividades no comércio informal...................

CAPITULO III: METODOLOGIA...............................................................................................

3.1 Enfoque ou abordagem da investigação..................................................................................

3.2. Tipo de pesquisa.....................................................................................................................

3.3. Técnicas de recolha e de análise de dados..............................................................................

3.3.1. Técnicas de recolha e tratamento de dados..........................................................................

3.4 Técnica de análise de dados.....................................................................................................

3.5. População e Amostra..............................................................................................................

3.5.1. População e amostra............................................................................................................

3.5.2 Amostra.................................................................................................................................

CAPITULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.........................................................

4.1 Caracterização da área do estudo.............................................................................................

4.2 Caracterização da amostra.......................................................................................................

4.3.Factores que influenciam a escolha por esta actividade..........................................................

4.4. Envolvimento da mão-de-obra no comércio informal e a empregabilidade no sector


formal.............................................................................................................................................

4.5. Unidade onde os indivíduos realizam as actividades no comércio informal..........................

4.6. Principais clientes dos comerciantes informais......................................................................

4.8. Formas de Contribuição do comércio informal na vida da mão-de-obra envolvida e no


aumento das receitas públicas........................................................................................................

4.9. Análise do melhoramento de condições de vida a partir do exame de instalações com


acesso a água, energia eléctrica e telefone fixo e celular...............................................................

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................................

5.1. Conclusões..............................................................................................................................

5.2 Recomendações.......................................................................................................................

6. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................
APÊNDICE....................................................................................................................................

7.1 Inquérito...................................................................................................................................
Declaração de honra

Declaro que este trabalho de fim do curso (TFC) na sua essência constitui o resultado da minha
pesquisa pessoal todas as fontes consultadas estão citadas no texto e na referida bibliografia.
Atesto que tenho ciência de que o uso indevido de informações alheias sem referenciar a fonte
constitui uma grave violação a ética académica e que pode resultar na anulação do presente
trabalho.

Maputo, ____ Abril de 2022


O estudante

___________________________________________
(Joanisse Orlando Machava)

i
DECLARAÇÃO DO SUPERVISOR

Para os efeitos, declaro que supervisionei este trabalho do fim de curso do estudante Joanisse
Orlando Machava), segundo as normas instituídas pela Escola Superior de Economia e Gestão
(ESEG).

O Supervisor:
___________________________________

(Mestre Carlos Sitoe)

ii
Dedicatória

Dedico este trabalho primeiramente à Deus, por ser meu guia, socorro e por estar presente em
todos os momentos da minha vida.

Dedico também ao meu Pai Orlando Xavier Machava, por me incentivar a fazer este curso e a
minha mãe Rosa Joanisse Nhamusse que me trouxe à este mundo e que tem sido a minha fonte
de inspiração e tem me apoiado muito na forma de pensar e agir.

Dedico também aos meus irmãos que sempre estiveram presente na minha formação, pelo apoio
e pela força. Sem deixar de citar também os meus amigos que sempre estiveram pronto para me
ajudar e me apoiar em qualquer material necessário.

iii
Agradecimentos

Agradeço imenso à Deus por me ter concedido a vida, saúde, força e boa disposição de fazer
faculdade e o trabalho de fim do ciclo. Ele esteve comigo durante todo meu percurso e sou muito
grata a ele.

Quero agradecer aos meus pais pelo todo apoioque tem me proporcionado, estou grato por ter
eles como meus pais, meu muito obrigado.

Quero agradecer também a Escola Superior de Economia e Gestão, por me proporcionar um


ambiente criativo e amigável para os estudos. Os meus agradecimentos são extensivos também
aos meus docentes e colegas que estiveram comigo desde o primeiro ano até ao fim do curso.

De uma maneira muito especial agradeço ao Mestre Carlos Sitoe, meu Supervisor e responsável
pela orientação deste trabalho. O meu muito obrigado pelo todo apoio proporcionado.

Agradeço também à todos que de forma directa ou indirecta me ajudaram.

iv
Lista de gráficos e tabelas

Gráfico1: Faixa etária dos comerciantes……………………………………...………………… 35


Gráfico 2: Distribuição dos comerciantes por género………………...………………………… 36
Gráfico 3: Período de permanência na actividade……………………………………………… 37
Gráfico 4: Nível de escolaridade………………………………………………...……………… 38
Gráfico 5: Factores que influenciam a escolha…………………………………….…………… 40
Tabela 1: Unidade onde os indivíduos realizam a actividade…………………...……………… 43

v
Lista de abreviaturas

AF Agregado Familiar

ASSOTSI Associação dos Operadores e Trabalhadores do Sector Informal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INE Instituto Nacional de Estatística

INFOR Inquérito ao Sector Informal

IPEA Instituto de Pesquisa Económica Aplicada

ISPC Imposto Simplificado para os Pequenos Contribuintes

MOA/MSU Equipa de Pesquisa sobre segurança Alimentar do Ministério de


Agricultura

NUIT Número Único de Identificação Tributária

OIT Organização Internacional do Trabalho

PEA População Economicamente Activa

PIB Produto Interno Bruto

PNEA População Economicamente Inactiva

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRE Programa de Reabilitação Económica

RCO Repartição de Construções e Obras

vi
Resumo
A presente Monografia com o tema “o papel do comércio informal para o desenvolvimento
socioeconómico” (2019-2021). Tem como objectivo analisar o papel do comércio informal no
desenvolvimento socioeconómico no distrito Kamaxaquene na cidade de Maputo concretamente
no mercado informal do Xiquelene. Ela centrou-se na seguinte questão de partida: de que forma
o comércio informal contribui no desenvolvimento socioeconómico da mão-de-obra envolvida e
o aumento das receitas públicas? Para o efeito, após a revisão bibliográfica realizamos a colecta
de dados no local de estudo, através de uma amostra de 35 comerciantes informais. O estudo foi
orientado pelo método de abordagem analítica com vista a compreender de que forma comércio
informal contribui no melhoramento de condições de vida e o desenvolvimento socioeconómico
de maioria das famílias que trabalham neste ramo. Como técnicas de recolha de dados, usou-se a
entrevista guiada. Dos resultados obtidos, foi possível concluir que: O sector informal reduz a
pobreza na área do comércio que é a principal actividade. Constatou-se ainda que no comércio
informal estão envolvidos jovens de nível primário que praticam a actividade por conta própria.
Porém, o comércio informal é uma actividade económica de maior importância, na medida em
que, cria auto-emprego que gera receitas que permitem o acesso a bens e serviços essenciais.
Espera-se que essa pesquisa possa servir de base e fundamentos para que se construam novas
constatações sobre o comércio informal, pois a mesma mostrou resultados claros sobre os
trabalhadores informais, partindo dos pressupostos que foram esclarecidos nesta monografia.

Palavras-chave: Comércio informal; Sector informal; Mercado.

vii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

Nos últimos anos tem-se assistido um elevado número de indivíduos a praticarem a actividade
comercial informal, facto que leva as autoridades municipais preocupados, pois tem criado
constrangimentos na gestão municipal, visto que a mesma actividade é praticada na sua maioria
nas ruas e passeios dos centros urbanos das maiores cidades do país, verdade esta que cria
motivos para acidentes, congestionamentos, lixo em lugares inconvenientes e um aumento
significativo de criminalidade.

Este trabalho com o título Análise do Papel do Comércio Informal para o Desenvolvimento
Socioeconómico no Distrito Municipal Kamaxaquene procurara compreender melhor sobre
fenómenos que tem a ver com o comércio informal uma vez que esta actividade não deixa de ser
digna como outra qualquer de maneira formal.

Deste modo é importante mostrar que ela contribui no melhoramento de condições de vida,
sustento e o desenvolvimento socioeconómico de maioria das famílias que trabalham neste ramo.
Principalmente mostrando que este possui suas diferenças, mas que oferece vantagens e
benefícios considerados importantes pelos trabalhadores informais que muitas vezes são vistos
como ilegais e excluídos na sociedade apesar dos mesmos contribuírem com taxas que elevam a
economia do país.

1.2. Delimitação espacial e temporal


Em término espacial elegeu-se o mercado Xiquelene no distrito Kamaxaquene, município de
Maputo na necessidade de compreendermos melhor sobre o papel do comércio informal para o
desenvolvimento socioeconómico. A escolha deste espaço enquadra-se pelo facto de: Primeiro
por ser um dos mercados mais povoado, referencial e antigo do Distrito. Segundo por ser um
mercado que dispõe de considerável número de sujeitos de pesquisa, que por sua vez serão úteis
para a pesquisa, pois são praticantes da actividade informal, facto que sem sombra de dúvidas,
tornou flexível a intervenção dos elementos dinamizadores deste projecto de pesquisa e por fim

1
porque é um mercado em que o pesquisador conhece muito bem e vive nas imediações do
mesmo que não iria-lhe custar valores monetários para o seu deslocamento até o local da sua
pesquisa.A escolha do período em estudo (2019 a 2021), cinge-se pelo facto deste ser um tempo
que ira ajudar – nos nas pesquisas pois é um prazo recente, circunstância que irá facilitar a
concretização deste trabalho.

1.3 Contextualização
A expressão sector informal, tem sido empregue há vários anos, estudos realizados pela
Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o programa mundial de trabalho em 1969,
cujo principal objectivo era promover estratégias de desenvolvimento económico baseados na
criação de emprego forneceram algumas interpretações sobre este tipo de actividades. A partir
deste trabalho, convénio e missões internacionais foram realizados e passaram a analisar as
questões de emprego e geração de rendimento nos vários pontos do mundo. Em 1972, a OIT
forneceu elementos importantes para a definição e natureza o sector informal e suas relações com
a economia a partir de estudos sobre emprego e rendimento (Ilo, 1972).

O sector informal é um sector que movimenta diversas actividades não somente o comercio, pois
tem uma ligação com o sector formal, estes dois sectores andam sempre juntos.

Esta actividade tem manifestações em cidades ou países em via de desenvolvimento em que o


Estado muitas vezes tem dificuldades em dispor o dito sector formal para dar respostas
necessidades básicas que a sua população precisa deste modo o sector informal vem para suprir
estas necessidades ou falta quer na área de produção, distribuição, da construção e dos serviços
sociais.

Nas cidades urbanas como o Município de Maputo estima-se que exista um número elevado de
população activa, deste modo permitindo a sua sobrevivência. Pode se afirmar que o sector
informal passou a ser considerado como conjunto de actividades de sobrevivência das cidades
urbanas.

Historicamente, tem-se o conhecimento que o processo de trocas de produtos foi o início do


desenvolvimento da actividade comercial nas civilizações que se desenvolviam na antiguidade. E
por ser muito antiga, sendo datada desde a antiguidade e praticada em diversos locais do mundo,

2
por vários povos e civilizações, torna-se bastante difícil definir a partir de qual momento
começou ou foi inventada a actividade comercial (Coutinho, 2014).

Para entender o desenvolvimento socioeconómico de uma população, o trabalho (emprego) tem


uma importância fundamental, seja no sentido social, seja no económico. Individualmente, é uma
das principais formas de realização social. Além disso, é a maior fonte geradora de rendimento e
riquezas, tanto para o indivíduo, quanto para a sociedade como um todo (Instituto de Pesquisa
Económica, 2005 como citado em De Lima, 2017).

O comércio informal ao criar emprego ou ocupação está a contribuir directamente para a geração
de rendimento e riqueza que permite a força de trabalho envolvida nesta actividade sustentar o
seu agregado familiar e melhorar no desenvolvimento social e económico da vida dos mesmos.

Nos anos 80 e 90 do século passado, houve um aumento exponencial do sector informal em


resultado de factores tão diversos como a crise económica, a contracção do mercado de emprego
no sector formal e despedimentos de trabalhadores, o aumento de rendimentos disponíveis no
sector informal e das necessidades dos consumidores de bens e serviços (Amaral, 2005). Alguns
autores como Chichava (1998), Francisco e Paulo (2006) afirmam m que as actividades
informais registaram um grande crescimento, a partir dos anos 80, com a introdução das
reformas de reabilitação económica. De acordo com Chichava (1998), em Moçambique, o
impulso ao desenvolvimento de actividades informais dá-se em 1987 com a implementação e
impacto do Programa de Reabilitação Económica (PRE). Tal como em qualquer país com um
programa de reformas económicas financiadas pelas instituições de Bretton Woods, Moçambique
ressentiu-se do impacto de tais medidas, sobretudo nas camadas mais pobres, afectando os seus
rendimentos, através da mudança nos seus salários, quer através da alteração nos preços e
também na diminuição do seu poder de compra. Estas medidas também mudaram o nível e o
grau de consumo, via redução das despesas públicas, afectando particularmente o sector social.
Ainda de acordo com o mesmo autor, em Moçambique, as primeiras medidas de depreciação do
metical (moeda nacional) em 1987, provocaram o aumento de preços em 200%, e os salários
nominais apenas cresciam em 70%.
Francisco e Paulo (2006) analisam o PRE num sentido diferente de Chichava (1998). Para estes
autores, a introdução do PRE, em 1987, permitiu que a economia informal saísse da
clandestinidade e do subterrâneo a que estava remetida, essencialmente por imposição legal e

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determinação política do Estado. Porém, o que o PRE fez, foi converter parte da economia
nacional reprimida em economia informal consentida, pois, antes dessa evolução, não se
distinguia mercado negro (ilícito, criminoso e delituoso) de economia informal consentida. Tudo
era designado “candonga” (economia paralela).

1.4 Justificativa
A escolha do tema o papel do comércio informal para o desenvolvimento socioeconómico cinge-
se na necessidade de entender melhor de forma individual a importância que o comércio informal
contribui no melhoramento de condições de vida, sustento de maioria das famílias que trabalham
neste ramo. Factor que sustenta ainda mais a escolha deste estudo como forma de elucidar
melhor sobre o papel do comércio informal nas famílias que praticam esta actividade no
quotidiano nas suas vidas.

Em termos sociais este temaserve de um sustento da sociedade em geral e principalmente com os


trabalhadores informais, mostrando que a partir dos anseios existentes e através dos seus esforços
tem os seus sonhos, desejos alcançados e conquistados com muita dignidade.

Para a camada académica serve como um instrumento de consulta para aqueles que queiram ter
um conhecimento sobre a contribuição que o comércio informal tem para a sociedade do Distrito
Kamaxaquene, concretamente os vendedores do mercado do Xiquelene e consequentemente
mais um material a disposição académica.

1.5 Formulação do problema


Nos últimos anos deparamo-nos com uma crise económica profunda, que por sua vez trás
consequências negativas para as camadas frágeis da sociedade (os pobres), principalmente ao
nível do desemprego, tornando as sociedades cada vez menos sustentáveis e competitivas
(Araújo, 2010). Esta situação não defere para o caso do distrito municipal Kamaxaquene na
cidade de Maputo. Facto este que desassossega os munícipes e responsáveis pela boa imagem do
distrito, pois impede a boa circulação dos peões, aumento de lixo e criação de condições de
criminalidade.

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O desemprego e o analfabetismo têm implicações económicas e sociais negativas, visto que a
economia depende actualmente de novas tecnologias facto que dificulta a ocupação de postos de
trabalho formal já criados e consequentemente altas taxas de desemprego. Deste modo a grande
parte da mão-de-obra vê-se obrigado a empregar-se na actividade informal.

Estudos realizados pelo instituto nacional de estatística revelam que no Distrito Municipal
Kamaxaquene há mais mão-de-obra a desenvolver o comércio informal na sua maioria mulheres
em relação a outros distritos deste município. Deste modo o estudo é importante pois
desenvolverá sobre o comércio informal permitirá conhecer o papel deste no sustento e
melhoramento das condições e o contributo socioeconómico dos seus praticantes.

Porém, um dos maiores constrangimentos com que os indivíduos de baixo rendimento, sobretudo
os vendedores de esquina e dos mercados de grande superfície se controvertem é a falta de
acesso aos serviços financeiros dos Bancos Convencionais, quer devido as suas baixas ou
inexistentes qualificações académicas, o que impede o preenchimento dos formulários que
confirmam os requisitos burocráticos das instituições de crédito licenciadas, quer pela
morosidade, altos custos de transacção, elevados saldos mínimos/médios exigidos pelos bancos
para poder manter uma conta excessiva burocrática das operações bancárias, quer ainda como
resultado da diminuta rede geográfica dos balcões das instituições do sector formal (Mussagy,
2005).

Perante estes factos surge a seguinte questão de pesquisa: Qual é o papel do comércio informal
no desenvolvimento socioeconómico no distrito Kamaxaquene, concretamente no mercado
Xiquelene?

1. 6. Objectivos de Pesquisa

1. 6.1 Geral
Analisar o papel do comércio informal no desenvolvimento socioeconómico no distrito
Kamaxaquene, concretamente no mercado Xiquelene.

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1. 6.2 Específicos
 Identificar o papel do comércio informal no desenvolvimento socioeconómico.
 Apresentar os factores que influenciam a escolha do comércio informal.
 Caracterizar a mão-de-obra envolvida no comércio informal;

1. 7. Hipótese
H1: É provável que o comércio informal contribua para o desenvolvimento socioeconómico,
através de cobranças de taxas diárias e mensais, estas que constituiriam a arrecadação de receitas
para o funcionamento da máquina governativa.

H2: Pode-se considerar que o desemprego e baixo nível de escolaridade sejam factores
influenciadores da tomada de decisão no ramo da informalidade.

H3: O comércio informal não contribui para o desenvolvimento socioeconómico do distrito


Municipal Kamaxaquene porque os seus praticantes não pagam devidamente as taxas e impostos
Municipais.

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CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Sector informal

O sector informal é um sector da economia do país em que nem sempre é fácil separá-lo do
formal. Em muitos casos, o sector informal é definido consoante os objectivos de um
determinado estudo.
Autores como Noronha, 2003como citado em Maposse 2011, a firma que o significado da dupla
formal/ informal não é claro assim como não há uma coesão sobre o papel da legislação nos
contractos de trabalho. Este autor sugere o uso do conceito “informalidade”, cujo significado
depende sobretudo da compreensão do conceito “formalidade” predominante em cada país,
região, sector ou categoria profissional.
O sector informal distingue-se do ilegal pelo facto seus produtos não serem proibidos, como no
caso de drogas ou contrabando. Trata-se de uma actividade cujos processos de produção não se
enquadra nos padrões de regulação vigentes.
Segundo Queiroz 1999, como citado em Lopes, 2000 define sector informal como um vasto
leque de comportamentos económicos, socialmente admissíveis, realizados fundamentalmente
com finalidade de sobrevivência e que escapam quase totalmente ou pelo menos parcialmente ao
controlo dos órgãos de puder público e local.
O sector informal define-se como “um variado leque de actividades orientadas para o mercado e
realizadas com uma lógica de sobrevivência pelas populações que habitam os centros urbanos
dos países em desenvolvimento” (Lopes, 1999).
Na mesma lógica da definição anterior, Queiroz (2009) considera sector informal a actividade
orientada para o mercado com o principal objectivo de criar emprego e rendimento para as
pessoas nela envolvida e para os seus agregados familiares, com uma lógica de sobrevivência. O
não registo da sua actividade é uma característica do sector informal e não um critério para
defini-lo.
Bowen (2000) apresenta uma definição diferente da de Lopes (1999) e Queiroz (2009), pois
utiliza o conceito do sector informal para referir os indivíduos que participam numa actividade
comercial, sem possuir licença legal para o seu exercício, e cuja actividade não é directamente

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taxada, e portanto não é reportada oficialmente e no geral, não está abrangida pelo pagamento de
taxas específicas às autoridades municipais.

Para a Organização Internacional do Trabalho - OIT (2006, p.24) o sector informal pode ser
definido como “um conjunto de unidades empenhadas na produção de bens ou serviços, tendo
como principal objectivo a criação de empregos e de rendimentos para as pessoas nelas
envolvidas”.
Estas actividades funcionam normalmente com um fraco nível de organização, com pouca ou
nenhuma divisão entre trabalho e capital, enquanto factores de produção, e operam em escala
reduzida. As relações de trabalho quando existem baseiam-se, na maior parte das vezes, no
emprego ocasional, no parentesco, e nas relações pessoais e sociais, mais do que em acordos
contratuais formais.
A 15ª conferência de estatísticas do trabalho da OIT (SCN93, p.154), relativas às estatísticas do
emprego do sector informal definiu o sector informal sendo um conjunto de unidades que
produzem bens ou serviços com objectivo principal a criação de emprego e rendimento para
osindivíduos envolvidos.
Em Moçambique define-se o sector informal como todas actividades não registadas ou registadas
apenas no município, ou junto a administração distrital ou local, não possuindo autorização por
parte das autoridades fiscais para o exercício da sua actividade e empregando não mais de dez
trabalhadores (INE, 2006a).

2.2. Comércio informal

O comércio é a actividade que movimenta diferentes produtos, com uma finalidade lucrativa. É
toda acção que tem como objectivo principal a compra e revenda de mercadorias. Comércio é,
portanto, “o conjunto de actividades necessárias para tornar um produto disponível aos
consumidores, em determinado lugar, no tempo solicitado e em quantidades e preços
especificados” (Portal são Francisco, 2016).
Lopes (2003) citando De Soto (1994) caracteriza o comércio informal como aquele que se realiza
à margem das normas Estatais que regulam a actividade comercial, e até mesmo contra elas.
Identifica dois tipos essenciais de comércio informal: O comércio realizado na rua que se

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subdivide em comércio fixo e comércio itinerante (ambulante) e o comércio que se efectua nos
mercados. O autor sublinha que os comerciantes informais, regra geral, não têm licença para o
exercício da actividade, não pagam impostos nem emitem facturas relativas às transacções
efectuadas.
Ainda para o mesmo autor, o comércio ambulante é a principal forma de exercício do comércio
informal. Em geral os comerciantes informais realizam actividade por conta própria. O comercio
fixo realiza-se em locais fixos da via publica de maior e mais fácil acesso o comercio à clientes,
comerciantes estes que anteriormente exerciam ambulante.
Para INE (2005), o comércio informal é a actividade que não esteja registada na repartição das
finanças, encontrando nesse grupo os não licenciados, vendedores de rua e de esquina de
mercado. A definição do INE sugere que, mesmo se a empresa declarar que paga uma taxa ao
Conselho Municipal ou a uma outra instituição que não é aRepartição de Finanças, ela é
considerada como fazendo parte do sector informal. Esta definição peca por incluir no informal,
pessoas, empresas ou negócios registados no governo local/município e que pagam uma taxa
fixada para o funcionamento do seu negócio. Se este negócio fosse informal no sentido de
ilegalidade, os governos locais como o município não reconheceriam a existência deste sector,
consequentemente, não cobrariam taxas de ocupação de espaço, deixariam esta actividade para a
Repartição de Finanças, entidade competente para o efeito.

2.3. O Mercado

É o lugar público onde negociantes expõem e vendem seus produtos. Surgiu como um espaço
físico na antiguidade antes da invenção do dinheiro. Sendo assim, independentemente da
existência do dinheiro, é a oferta e a procura por mercadorias ou serviços que permite a
existência do comércio. Logo, o comércio é dito formal quando sua actividade comercial se
realiza através de empresa juridicamente constituída para tal fim, com registo, razão social e
endereço definidos, caso contrário diz-se comércio informal (Portal são Francisco, 2016).
A sobrevivência destas economias assenta, em alguns casos, em relações familiares ou de
proximidade e em laços de solidariedade e de cooperação e, em outras situações, em circuitos
nem sempre transparentes. A geração de riqueza é limitada pela escala e tipo de actividades e,
consequentemente, a poupança e o investimento são insuficientes para a reprodução ampliada do

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capital e desenvolvimento. As relações sociais estabelecidas baseiam-se na confiança, são pouco
ou nada profissionalizadas, e as regras não são normalizadas (Piepoli, 2006)
No meio rural, o comércio informal teve como principal origem a ruptura da rede comercial e o
colapso do abastecimento. Os donativos, a ajuda humanitária e os tecidos usados começaram a
ser comercializados informalmente. Apenas recentemente existiram decisões para, de forma
orientada e regulada, se incentivar a reestruturação do comércio rural com base nas lojas. A
questão é saber que vantagens os futuros agentes económicos, que pretendem vir a ser “formais”,
terão comparativamente com a teia social de muitos pequenos comerciantes que tem os seus
canais abastecedores, possuem formas expeditas de aquisição de bens, vendem os produtos em
qualquer local junto das comunidades, não possuem um conjunto de custos inerentes a
formalização e a manutenção de infra-estruturas relacionadas com a actividade. O mercado
informal possui mecanismos de funcionamento e de reequilíbrios (por exemplo a evolução dos
preços) muito flexíveis e de difícil prática pelo comércio “formal”, o que agrava a sua
capacidade competitiva.

2.4 Os factores que Influenciam a Escolha de Trabalho no Comércio Informal

Almeida, 2013 como citado em De Lima, 2017, mostra que as actividades, por mais que sejam
em busca de um sustento para a família, podem ser frutos de uma escolha própria devido alguns
benefícios que este tipo de trabalho apresenta. Ela destaca este ponto de vista no trecho:
O trabalho informal se tornou uma alternativa, que pode até agradar ao trabalhador por algumas
vantagens, como fazer seu próprio horário de trabalho, não estar sob a pressão de um patrão e a
possibilidade de se conseguir uma remuneração maior do que com um trabalho formal onde
também teria que seguir as regras do empregador e um horário determinado. Eleva até sua
autoestima, porque ele pode dizer que tem um emprego e passa a ter mais respeito.

2.5. Identificação de Factores que Condicionam a Prática do Comércio Informal


Segundo os inqueridos, são vastos os factores que condicionam a prática da informalidade, umas
partes responderam que é por situação de pobreza, uma realidade social complexa em que os
indivíduos vivem, em que múltiplos processos tomam parte de forma assimétrica, dificultando,
naturalmente, o alcance pleno do desenvolvimento socioeconómico entre os indivíduos

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praticantes. Isto pelo facto de que esses factores articulam se entre si, criando, então, obstáculos
aos mais desfavorecidos, e criando mais assimetrias e exclusão social entre os cidadãos.

Mas, há que chamar a tenção de que os mesmos factores não se limitam ao nosso país, podendo
serem denominador comum para os países em via de desenvolvimento, é verdade que o seu nível
de incidência pode variar de país para país. Referir ainda que os tais factores indicam a limitação
do processo em si de desenvolvimento socioeconómico.

2.6.Factores políticos
Os factores políticos pelos quais a pobreza prevalece: falta de uma forte cultura inclusiva,
deficitária ou inexistente crença e apoio à educação, fraca abordagem participativa nas decisões
sobre a vida da comunidade, fraca presença das instituições tradicionais que são parte integrante
da vida comunitária, procedimentos deficitários de governação, gestão e administração da
informação, instituições (fraca organização e planeamento regional institucional, lentidão,
inflexibilidade e fraca inteligência organizacional), sistema de justiça não transparente e não
célere, instabilidade política, guerras, corrupção, desemprego, excessivo político-partidário;
excessiva dívida externa, (Amaral &Beurle, 2009como citado em Santos, 2013).

A partir do leque de factores acima expostos, ressaltamos o excessivo político-partidário como


um factor que condiciona outros factores que contribuem para que a educação seja fraca, a
democracia seja uma expressão nos papéis, e para que a corrupção seja desenfreada, constituindo
à liberdade, ao desenvolvimento humano, situação que contribui para a pobreza entre a maioria
dos cidadãos.

2.7 Factores económicos


Na perspectiva económica, segundo (Barros & Camargo, 1994 como citado em Quimice, 2017),
os factores que influenciam para a contínua prática da informalidade dos cidadãos,
compreendem: falta ou fraco apoio às empresas locais, excessiva dívida externa, dependência
externa, ou falta de autossuficiência, investimento no futuro sem efeitos duradouros,
instabilidade macroeconómica, baixo salário, fraca procura criativa de novas oportunidades
económicas, fraca disponibilidade de capital humano qualificado, fraco sistema de infra-estrutura
comunicacional, fraco conhecimento científico, fraca investigação e inovação, agricultura

11
tradicional de fraca produtividade e virada para o auto consumo, sendo insuficiente para as
necessidades de uma população crescente, problemas de fome, desemprego, debilidade das
infraestruturas económicas (rede viária, aeroportos, rede ferroviária).

Entretanto, apontamos que o problema do desemprego surge como um dos factores da elevada
para prática do comércio informal. Conforme os relatórios do PNUD, Moçambique é um dos
países com uma pobreza extensa figurando entre os piores no mundo e em África. De entre
outros factores, aponta-se a exclusão social. Porém, nem todos os grupos e pessoas pobres
encontram-se excluídos, alguns vivem em situação de desemprego, e em situação de ruptura com
o tecido social, facto que reduz a auto-estima e o espírito de inovação.

2.8 Caracterização da mão-de-obra envolvida no comércio informal

A realização do primeiro inquérito nacional ao sector informal (INFOR 2004), pelo instituto
nacional de estatística, bem como a produção e divulgação dos principais resultados desse
inquérito, veio preencher a lacuna da inexistência de dados sobre este importante sector da
economia nacional.
O inquérito apurou que a mão-de-obra é constituída por cerca de 223.688 habitantes do total da
população residente no distrito urbano Kamaxaquene e destes, cerca de 46.184 exercem
actividade informal o que corresponde a 20,65% do total da mão-de-obra economicamente
activa.
Estudos realizados revelaram que no comércio informal estão envolvidos na sua maioria jovens
de nível primário que praticam a actividade por conta própria. De forma geral as mulheres
dominam o comércio informal e praticam-no como actividade única para a sua sobrevivência.
Provavelmente o maior peso de jovens com o nível de escolaridade baixo ou primário no
comércio informal esteja relacionado com as dificuldades que estes encontram para o acesso ao
mercado de trabalho formal, pois na actualidade o mercado formal é mais exigente uma vez que
é um mercado totalmente tecnológico, factor este que exige qualificações académicas e o saber
fazer factos que derivam da importância da educação no emprego. Exigências estas que se
evidenciam em anúncios de oferta de emprego patentes nos jornais que circulam em
Moçambique.

12
Com o surgimento das novas tecnologias e métodos de produção, as empresas passaram a exigir
trabalhadores com lógica de raciocínio, comunicação fluente, capacidade para transferir
conhecimentos de uma área para outra e competência para trabalhar em grupo. De acordo com
Pastore, 1998como citado em Maposse, 2011, a partir de finais da década 90, nota-se que os
empregadores não procuram mão-de-obra barata e não qualificada, pois é uma grande
desvantagem, visto que, a meta de uma empresa não é tornar-se competitiva, mas sim é manter-
se competitiva e este grupo de jovens não possui qualificações e habilidades que os permitam
competir no mercado de trabalho formal, restando-lhes a ocupação no mercado informal que não
tem este tipo de exigências.

De acordo com os resultados da pesquisa de campo, no comércio informal no universo de 35 da


mão-de-obra, 68 % dos indivíduos do nível primário são mulheres e 56 % dos indivíduos que
responderam nunca terem estudado também são mulheres.

Analisando a educação de uma forma geral pode-se afirmar que o maior número de mulheres em
Kamaxaquene possui um nível baixo de educação e a taxa de escolarização das mesmas é baixa
em relação a dos homens.

Esta situação de fraco acesso à educação limita a entrada da mulher no emprego formal e
influência negativamente na procura de emprego que permite a obtenção de rendimentos para a
satisfação das necessidades básicas do seu agregado familiar e o comércio informal afigura-se
como uma das poucas alternativas. Não obstante se saber que “a educação em si não gera
emprego, mas uma boa educação ajuda as pessoas a se manterem no trabalho e a disputar com
vantagem as poucas vagas que se abrem” (Pastore, 1998 como citado em Maposse, 2011)

Os indivíduos que desenvolvem o comércio informal no mercado Xiquelene, 93,7% iniciaram a


actividade sem nenhuma experiência profissional ou de trabalho, aprende a trabalhar na prática,
nunca teve uma formação profissional formal para exercer a sua actividade.

Esta situação era esperada, uma vez que no sector informal a formação profissional é reduzida ou
inexistente, privilegiando-se as práticas de aprendizagem no processo de trabalho. Também o
comércio informal conta com “a mão-de-obra que possui qualificações adquiridas fora do
sistema escolar em mercados competitivos e desregulados” (Barbosa, 2009).

13
Analisando os aspectos sobre educação e experiência de trabalho para o grupo de indivíduos que
praticam o comércio informal como actividade alternativa e como complemento, pode-se afirmar
que nos dois grupos os indivíduos apresentam características semelhantes às encontradas na
análise geral do país. A predominância de indivíduos com educação primária e sem experiência
de trabalho é que caracteriza os indivíduos inseridos nos dois grandes grupos.

Embora o comércio informal apareça como alternativa para a ocupação de uma grande parte da
população que não consegue emprego no mercado formal, alguns autores como Nazaré (2006)
observam que esta actividade deve-se considerar negativa. Porque segundo o mesmo autor, num
estudo efectuado em Angola concluiu que a educação é um dos mais importantes agentes de
mudança política e de progresso económico. Nesta perspectiva, a contribuição do comércio
informal deve considerar-se negativa porque é uma das causas de desistência escolar,
principalmente a nível do primário e do secundário. Mas é preciso reconhecer que o emprego é
um meio essencial para fornecer experiências de aprendizagem informal. Através do comércio
informal adquire-se um saber fazer, mas não se cobre a fraca qualificação da mão-de-obra, o que
torna o factor trabalho relativamente limitado. A situação verificada em outros mercados, pois,
segundo os resultados, há mais comerciantes informais com nível primário, o que significa que
desistiram de estudar ainda no primeiro nível escolar.

2.9 Principais actividades exercidas no comércio informal


De acordo com projecções do INE, feitas a partir dos dados do censo da população de 1997, em
2005 65%dapopulação de Moçambique, era residente em áreas rurais, enquanto apenas 31%
residia em áreas urbanas. Este pressuposto, é determinante para deixar antever que a principal
actividade desenvolvida pelos residentes do distrito Kamaxaquene na cidade de Maputo seja
agrícola. Este facto justifica a predominância da agricultura de subsistência.

De um modo geral, todas as actividades classificadas como informais dividem-se em dois


grandes grupos, designadamente agrárias e não agrárias. O presente estudo focaliza-se nas
actividades não agrícolas e dentro destas actividades foram definidos três agrupamentos que
constituem as principais áreas de actividades onde são desenvolvidas actividades informais
nomeadamente indústria e construção, comercio e turismo e actividades de outros serviços.

14
2.10 Indústria e construção

Este sector comporta, na parte da indústria, pequenas actividades tal como carpintaria e
mercenária caseira que basicamente ocupa-se de pequenas reparações e raramente tem fabrico de
mobiliário sendo, quando ocorre, basicamente cadeiras, mesas, camas, armários, geralmente por
encomenda. Produção de bebidas tradicionais, geralmente associada à venda e consumo no
mesmo local é outra característica da indústria, no sector informal.

Na componente relativa à construção, de um modo geral as actividades são de autoconstrução,


podendo ser tanto em casa própria como de familiares ou da comunidade.

2.11. Comércio e turismo

A actividade comercial é a que mais predomina no sector informal, depois da actividade agrícola.
É realizada nas mais diversas formas e em todas as faixas etárias, deste a venda em bancas com
ordenamento controlado pelo Município, até no vendedor ambulante, comercializando toda a
gama de produtos desde os alimentares, passando pelos de vestuário e calçado até bens de uso
doméstico, material de construção, entre outras categorias de produtos. Os estabelecimentos
usados para a prática do negócio são geralmente do tipo involuntário, isto é, a preocupação é de
conferir ao lugar de venda o mínimo de segurança, sendo que a operacionalização do espaço,
muitas vezes é ditada pela evolução do negócio.

As actividades turísticas aqui referenciadas, são as relacionadas aos serviços similares aos de
alojamento e restauração convencionais. A restauração é geralmente desenvolvida em pequenas
unidades, vulgo barracas que confeccionam refeições para serem vendidas e consumidas no
local, bem como a venda e consumo, no local de bebidas alcoólicas ou não. No que concerne aos
serviços de alojamento, o sector informal, por um lado, esta actividade é exercida em
estabelecimentos especificamente concebidos para essa actividade.

15
2.12. Outros serviços
Pode-se destacar as actividades de oficinas de reparação de viaturas, motorizadas, bicicletas,
salões de corte e tratamento de cabelo, actividade de transporte, serviços de guarda de residência
e estabelecimentos comerciais, intermediação no negócio imobiliário.

2.13. Funcionamento do Sector Informal


Segundo (Silva, 2005, p.82como citado em Nhaca, 2016) o Sector Informal, em termos gerais,
funciona com um capital de base limitado e as suas actividades situam-se, normalmente, nas
áreas de: alimentação confeccionada e bebidas, venda de bens alimentares diversos, roupas,
utensílios domésticos, ferragens, quinquilharias, entre outros, com comerciantes grossistas e
retalhistas que contam com ajuda de familiares e empregados. Os novos mercados que vão
nascendo ocupam terrenos baldios e crescem de forma rápida e descontrolada, mas no entanto
funcionam sem infiras estruturas físicas mínimas, na maior parte dos casos, para além das
construções precárias, não estão abrangidas por um sistema de saneamento, distribuição de água
e electricidade, ou quando têm são de grande insuficiência para as necessidades existentes. “As
taxas municipais pagas pelos vendedores, parecem não dar às autoridades administrativas uma
obrigação de providenciar infra-estruturas locais para o seu trabalho.

2.14.Fonte de capital financeiro para o início das actividades no comércio informal


Para o início da sua actividade os comerciantes informais contam com as suas próprias
poupanças.

Segundo o inquérito do sector informal realizado em 2004 os comerciantes informais não pedem
dinheiro emprestado para iniciar a sua actividade. Apenas 7,3% é que recorreu a dinheiro
emprestado. Desta pequena percentagem que recorreu ao empréstimo, 51,8% são mulheres e
48,2% são homens. Estes empréstimos não são feitos junto às instituições financeiras licenciadas
para o efeito, mas sim são efectuados recorrendo a outras fontes, como por exemplo amigos,
famílias, poupanças ou “xitique” (palavra Tsonga que significa poupança)

Do número de indivíduos que solicitou empréstimo para o exercício do seu negócio, 81,8% pediu
para aquisição de produtos para a venda. No que toca ao reembolso do empréstimo, 78,2%
afirmou ter conseguido reembolsar sem dificuldades.

16
Resultados similares sobre a fonte de capital para o início do comércio informal foram
encontrados num estudo efectuado por (Lubell, 1993como citado em Maposse, 2011) em Nova
Delhi, tendo constatado que 84,0% de empresários que estão no comércio informal, para o início
do seu negócio, usaram poupanças pessoais ou empréstimos a familiares. Neste tipo de
actividade, os indivíduos envolvidos desenvolvem actividades económicas, tais como “bancos
informais” que recolhem as pequenas poupanças e fazem empréstimos para segmentos da
população que não têm acesso ao tradicional crédito bancário (Nazaré, 2006 como citado em
Maposse, 2011).

Portanto, para os indivíduos efectivarem os seus negócios não recorrem a dinheiro emprestado
em instituições bancárias. Mas, recorrem a outras fontes não convencionais, com o objectivo de
entreajuda. As razões para esta situação que envolve o pedido de empréstimo de forma informal
a que os comerciantes estão sujeitos não estão claras, pois, ainda não foram estudadas, mas é
possível que estejam relacionadas com o facto de nas instituições bancárias exigir-se vários
procedimentos administrativos para a concessão de empréstimo, como é o caso de declaração de
salários (para trabalhadores no mercado formal), hipoteca de bens, comprovativo do registo do
negócio (alvará), prova de registo fiscal - Número Único de Identificação Tributária (NUIT) que
identifica o indivíduo e confirma que este paga impostos sobre os seus rendimentos.

Também, sendo o comércio informal, uma actividade de risco, os bancos têm exigido garantias
de retorno do capital a emprestar. Por outro lado, parece que os comerciantes informais não são
qualificados, isto é, não satisfazem os requisitos exigidos para os bancos concederem o
empréstimo. É provável que sejam estas exigências bancárias que inibem os indivíduos de
solicitar o empréstimo ao banco ou em instituições financeiras de crédito.

17
CAPITULO III: METODOLOGIA

3.1 Enfoque ou abordagem da investigação

Para este trabalho usou-se uma abordagem analítica. Neste contexto o autor pretende fazer
entrevista, aos comerciantes informais e até responsáveis do mercado, como forma de acreditar e
apurar a sua veracidade em relação ao assunto em estudo.

Quanto ao enfoque a pesquisa foi qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade
que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das
relações sociais.

3.2. Tipo de pesquisa


Esta pesquisa foi exploratóriapois tratou uma visão sobre o papel do comércio informal no
desenvolvimento socioeconómico no distrito Kamaxaquene, concretamente no mercado
Xiquelene. Esta pesquisa exploratória proporcionou maior familiaridade com o problema
envolvera o levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas que tem uma relação com o
problema.

3.3. Técnicas de recolha e de análise de dados

3.3.1. Técnicas de recolha e tratamento de dados


A seguinte pesquisa orientou-se no procedimento técnico o estudo de caso, realizado por meio da
análise documental. A técnica de recolha bibliográfica disponível no Google, bibliotecas e a
técnica de tratamento de dados foi a entrevista guiada. A escolha da entrevista como técnica de
tratamento deveu-se ao facto de ser uma das técnicas de colecta de dados mais utilizada no
âmbito das ciências sociais.

18
3.4 Técnica de análise de dados

Para análise de dados, foram usadossobretudo os dados qualitativos, uma vez que trata-se de uma
pesquisa exploratório. Mas também, um cruzamento da informação na análise dos dados
recolhidos dos questionários, entrevistas.

3.5. População e Amostra

Segundo Marconi e Lakatos (2003), a população a ser pesquisada ou o universo da pesquisa, é


definida como conjunto de indivíduos que partilham de, pelo menos, uma característica em
comum.

3.5.1. População e amostra.

Dessa forma, o grupo alvo desta pesquisa foi composta por indivíduos que praticam o comércio
informal no mercado do Xiquelene, ambulantes assim como aqueles que ocasionalmente tenham
as suas bancas semi-fixas.

3.5.2 Amostra

Para a construção da amostra, foi eleita a amostragem por conveniência. A amostragem


conveniência constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo é
destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador selecciona os elementos a que tem acesso,
admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de
amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de
precisão.

Assim sendo a nossa amostra foi constituída por 35 pessoas, sendo: 33 comerciantes informais
do mercado do Xiquelene, 1 fundador e chefe da comissão de vendedores deste mercado, e por
fim 1 secretário do mercado.

19
CAPITULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Caracterização da área do estudo.


O Mercado Xikelene palavra tsonga que significa um local onde existe um buraco de grandes
dimensões, uma vez que a zona foi uma câmara de empréstimo de terras para a construção de
estradas), oficialmente conhecido por Mercado da Praça dos Combatentes, é considerado um dos
maiores mercados informais da cidade, onde o nível de investimentos realizados, a diversidade
da oferta de produtos e o movimento de pessoas que aí circulam, tem crescido nos últimos anos,
de forma absolutamente impressionante. Situado na Praça dos Combatentes, o mercado está
implantado numa zona desenhada para ser uma confluência de várias estradas que ligam o
aeroporto a zonas industriais, e à zona habitacional de cimento, por vias mais rápidas que
circundam as artérias mais movimentadas da cidade.

Segundo Jaime Mutombe o nosso entrevistado fundador, vendedor e chefe da comissão de


vendedores deste mercado, ele surgiu em 1979 através de um grupo de indivíduos aglomerados
em frente da sorteck actualmente chamado SOTUBO. Em 1980 foram retirados para ocupar um
outro espaço pois o dono queria do espaço, nesta altura o mercado começou a crescer que tinha
como direcção o senhor secretário Massavanhane que vendo este enchente de comerciantes pediu
um fiscal na direcção de feras e mercados para fazer colectas de taxas para o funcionamento da
máquina municipal, conforme o mesmo entrevistado o mercado é 100% informal e provisório
que significa que a qualquer momento ele pode ser retirado. Com um crescimento explosivo, em
poucos anos se transformou num mercado com cerca de 5176 vendedores, entre grossistas e
retalhistas.

A zona onde se situa este mercado, é também um terminal de transportes semi-colectivos, com
ligações para todos os pontos da cidade, imprimindo assim a este local uma grande centralidade.
Embora tenha todas as características físicas de um mercado com estatuto de provisório, a avaliar
pela maior parte das construções existentes, ficaram-nos algumas dúvidas sobre o seu estatuto
real. A sua dimensão e a sua forma de organização, à semelhança dos mercados acabados de
referir, estiveram também na origem da formação do núcleo de base da ASSOTSI. As iniciativas
locais dinamizadas por esta associação, levaram a que as negociações que se foram

20
estabelecendo com o município, tivessem permitido melhorar a situação do mercado em termos
de infra-estruturas mínimas, como a existência de água canalizada, electricidade e sanitários
públicos, financiados pelos comerciantes.
Um outro aspecto que resultou de uma organização bem-sucedida, foi a autorização para a
construção, mesmo que de materiais menos definitivos, de sistemas de protecção para as
mercadorias e trabalhadores, contra a chuva e o sol. O mercado é também protegido pelas forças
de segurança comunitária organizadas pela ASSOTSI. Conforme o chefe do mercado o senhor
Ricardo Eugénio Cumbe no cargo a um ano e meio os agentes informais deste mercado paga a
taxa de 05.00mt a 10.00mt por dia dependendo do que vende e 450 a 600 por mês também
dependendo do que o informal vende, para o segundo caso é aplicado a vendedores com bancas
fixas. Para garantir a segurança do mercado foi-nos difícil no terreno conseguir distinguir entre
os membros da organização, filiados e os que apenas pagam essa taxa diária, uma vez que à
maioria dos membros não têm cartão, e não pagam quotas, como nos referiremos mais adiante.
Depois de um estudo através de uma pesquisa bibliográfica e a posterior entrevista no mercado
de Xiquelene, nesta fase do trabalho o autor pretende fazer o cruzamento da teoria e prática,
nesse caso com os dados colhidos no campo, ou seja no mercado acima referenciado, como
forma de procurar a sensibilidade dos intervenientes.

Os resultados serão apresentados em forma de figuras (gráficos) que ilustram a realidade dos
resultados da pesquisa. A mesma apresentação dos resultados foi acompanhada de breves
explicações dos mesmos em forma corridos.

Para determinação da amostra da população em estudo referir que não foi fácil, devido a
dificuldade relacionada a ausência de dados sistematizados e oficiais relacionados com as
estatísticas oficiais sobre a população de vendedores do Mercado informal. Mas com um esforço,
que nos levaram a ir mais fundo, consultando um órgão que se responsabiliza pela área de
mercados e feiras desse município e os responsáveis que velam por esse mercado, permitindo-
nos recolher alguns dados relacionados ao estudo.

Desta feita tivemos como fontes Senhor Jaime Mutombe, fundador, vendedor e chefe da
comissão de vendedores deste mercado e o chefe do mercado o Senhor Ricardo Eugénio Cumbe
foi possível obter tais informações.

21
Sobre a ética de investigação, Vilelas (2009,p.372) defende que o investigador tem de proteger o
investigado contra inconvenientes susceptíveis de lhe fazer mal ou prejudicar.

Neste contexto, o tratamento de dados foi feito com base nas variáveis que implicados na nossa
pesquisa. Os resultados alcançados foram analisados e interpretados em articulação com o
referencial teórico, isto é, de que se fez o cruzamento e confronto na validação dos resultados.
Assim realizada a reflexão sobre a caracterização da mão-de-obra envolvida no comércio
informal, factores que influenciam a escolha por trabalhar no comércio informal e o papel do
comércio informal no sustento e no melhoramento das condições de vida dos indivíduos a partir
da qual tecemos as nossas conclusões

4.2 Caracterização da amostra


Conforme (Luna, 2017como citado em Lima, 2017), as idades médias dos trabalhadores do
comércio informal mostram uma diversificação, visto que entre as camadas mais jovens dessa
população o desemprego é maior. Sabendo disso, esperava-se uma proporção maior de
trabalhadores informais nas faixas etárias abaixo de 35 anos. Pena (2008) afirma que essa faixa
etária é de longe a população que mais sofre no cenário de crise, dada a pouca experiência de
mercado os forçando a assumir posições precárias.

A pesquisa realizada mostrou que, dos entrevistados, a maioria se posicionou na faixa etária de
26 a 35 anos, 15 respondentes; seguida pela faixa de até 25, 10 respondentes. Porém, o que pode
se perceber é que mínima é a diferença entre elas, o que não nos impede de compararmos ou até
mesmo, igualarmos essas faixas. Assim como foi visto na fundamentação teórica, a cada 10
jovens, 06 não abrem mão do negócio próprio por carteira assinada.

22
Gráfico1: Faixa etária dos comerciantes

8%

18% 30%

8%

36%

Ate 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 46 a 55 anos Acima de 55

Fonte: Dados da amostra (2022).

Podemos concluir, também, que apenas 05 entrevistados possuem faixa etária acima de 55 anos.
Isso significa que a actividade comercial, mesmo que informal, integra várias pessoas de idades
diferentes, visto que no comércio informal existe essa flexibilidade, ou pelo menos é mais
comum e essa prática de diferentes faixas etárias nas organizações públicas.

Género
Quanto ao sexo, de acordo com a pesquisa realizada, entrevistou-se igual número de homens e
mulheres, o que se notou que há mais mulheres a praticarem essa actividade comercial. Porém, a
participação da mulher no mercado de trabalho está intrinsecamente ligada à necessidade de
independência e complemento da renda familiar (Sorj, 2005). O autor também afirma que elas
possuem uma menor escolaridade devido à entrada tardia no mercado de trabalho e necessidade
de inserção por uma qualificação maior.

23
Gráfico 2: Distribuição dos comerciantes por género

40%
60%

Mulheres Homens

Fonte: Dados da amostra (2022).

Esses retractos apontados por Sorj (2005) não foram identificados na pesquisa, pois não se
identificou diferenças relevantes quanto à escolaridade e nem sexo entre os entrevistados,
levando em consideração que a pesquisa se fez por acessibilidade, e o facto de o resultado ter
sido igual para os dois sexos, foi mera coincidência.

E, o que se percebe é que o resultado obtido já revela diferença com relação ao que foi obtido
através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2015, realizada pelo IBGE, a qual
mostra a desigualdade de género em âmbito do trabalho. Na qual as mulheres foram apontadas
como 51,3% da população em idade activa, mas apenas 42,6% dos ocupados e 58,3% dos
desempregados (LUNA, 2017).

Tempo de Trabalho

Com relação ao tempo de trabalho, duas faixas se destacaram. Uma parte dos entrevistados,
composta por 16 comerciantes, trabalha a menos de cinco anos na informalidade, enquanto 14
trabalham a mais de cinco.

Segundo a pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) afirma que “por tratar-
se de um universo essencialmente jovem, a maior parte dos negócios ainda estão nos primeiros
anos de vida”. De tal maneira, os resultados obtidos mostram que a maioria dos entrevistados
possui menos que 05 anos de comércio.

24
Percebe-se, ainda, que parte dos entrevistados trabalha como informal há mais de vinte anos, 6
ao total, e que é nessa faixa de respondentes que está situado a maioria dos que possuem apenas
o primeiro grau incompleto, o que significa que esses tiveram que abandonar seus estudos muito
cedo, para se dedicarem ao trabalho.

Gráfico 3: Período de permanência na actividade

45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%

1 a 5 anos mais de 20 anos 11 a 20 anos 6 a 10 anos

Fonte: Dados da amostra (2022).

Tal resultado mostra que o comércio informal sempre oferece uma oportunidade para quem quer
ou necessita de um emprego; por outro lado, não importa o motivo pelo qual se entrou na
informalidade, sabendo gerir seu trabalho, sempre haverá um motivo, razão ou circunstância para
se permanecer no negócio.

Nível de Escolaridade
Para uma adequada inserção na sociedade a educação é um requisito fundamental. É
essencialmente por seu intermédio que as pessoas podem adquirir e exercer a sua cidadania, no
âmbito económico, social e político (Instituto de Pesquisa Económica Aplicada - IPEA, 2005).

O nível de escolaridade determina como as pessoas se orientam na sociedade e serve de


indicador para verificar o nível de vida das famílias. Para este grau, a escolaridade garante vários
factores da vida, a profissionalização e especialização da mão-de-obra para o melhoramento do
bem-estar social. O ensino tem um papel muito importante na sociedade, sendo a necessidade de

25
se fazer o investimento nele que seja pessoal ou aos filhos a frequentar as escolas, para que seja
visto como um espaço de realização. Quanto ao nível de escolaridade, a maioria dos
entrevistados possui nível médio incompleto, 10% ou 11 entrevistados tem o nível médio
completo. Treze (13) dos responderam as questões se encontram com o nível primário completo,
seguidos por 22 que se encaixam no ensino primário incompleto. Isso, de acordo com Kon
(1995), destaca que nas actividades informais, no geral, a maior proporção de trabalhadores tem
escolaridade média ou baixa.

Gráfico 4: Nível de escolaridade

9%
10%

23% 59%

1˚ Grau Incompleto 2° Grau Incompleto


1° Grau Completo 2° Grau completo

Fonte: Dados da amostra (2022).

Analisando a educação de uma forma geral pode-se afirmar que o maior número de mulheres em
Moçambique possui um nível baixo de educação e a taxa de escolarização das mesmas é baixa
em relação a dos homens. No Relatório de Desenvolvimento Humano de 2008 estimava que em
2006 o Índice de Educação era de 0,397 para mulheres quase metade do Índice dos homens que
se situou em 0,642 (Pnud, 2008).

Esta situação de fraco acesso à educação limita a entrada da mulher no emprego formal e
influencia negativamente na procura de emprego que permite a obtenção de rendimentos para a
satisfação das necessidades básicas do seu agregado familiar e o comércio informal afigura-se
como uma das poucas alternativas. Não obstante se saber que “a educação em si não gera
emprego, mas uma boa educação ajuda as pessoas a se manterem no trabalho e a disputar com
vantagem as poucas vagas que se abrem” (Pastore, 1998 como citado emMaposse, 2011).

26
4.3.Factores que influenciam a escolha por esta actividade

De facto, vários factores influenciam e podem incentivar as pessoas a escolherem trabalhar no


ramo do comércio informal. Frente a essa questão, a seguir mostra os principais factores
escolhidos pelos entrevistados. Podemos considerar, nesse tipo de questão, que mais de um
factor pode ser influenciador da tomada de decisão por ser direccionado a trabalhar no ramo da
informalidade.

Gráfico 5: Factores que influenciam a escolha

Factores que influenciaram a escolha


80%
60%
40%
20%
0%
r sa e e ria r
ilia oi ad ad ócio p cia xt
ra
m ac id sid eg r ó go E
Fa n ne
tr tu ce
s n ap da
cio r ou por Ne prio olh de r en
gó ze O ó Es
c to r
Ne
i fa r pr os Te
G
o
se Te

Fonte: Pesquisa directa (2019).

Já diante das alternativas apontadas pelos dados, podemos perceber que a oportunidade vem em
primeiro lugar, com 70 contagens, como factor principal para tomada de decisão em abrir um
negócio, mesmo que informal. Em seguida, vem a necessidade, 50 contagens, e do desejo de ter
o negócio próprio, 20 contagens. Esses factores estão como os principais influenciadores. Mas,
podemos deduzir que, como apenas 3 pessoa escolheu a opção de ter uma renda extra, dá-se a
entender que ela já tinha um primeiro trabalho e que escolheu o segundo apenas para
complemento de renda, o que não fica claro para os demais, que parecem se encaixar mais na
opção necessidade, como primeiro factor de decisão.

27
4.4. Envolvimento da mão-de-obra no comércio informal e a empregabilidade no sector
formal
A análise revelou algumas características socioeconómicas da mão-de-obra inserida no comércio
informal que podem influenciar negativamente a ocupação de postos de trabalho no emprego
formal. O primeiro aspecto tem a ver com o nível de educação dos indivíduos inseridos no
comércio informal, uma vez que o maior número de indivíduos que desenvolvem actividades no
comércio informal é jovem e sem experiência profissional. Em decorrência desta situação, no
mercado de trabalho são classificados como trabalhadores não qualificados o que os deixam
numa situação de desvantagem para concorrer no mercado de trabalho.

Olhando especificamente para a questão dos postos de trabalho e a qualificação académica dos
indivíduos, observa-se que muitos postos de trabalho requerem conhecimentos em diversas
áreas, habilidades, competência no uso de tecnologias de comunicação que só podem ser
encontradas em uma pessoa instruída (Pastore, 1998). A educação torna-se cada vez mais uma
condição necessária para o emprego da mão-de-obra, a falta de trabalho tende a estar mais
identificada com a busca de maior qualificação profissional (Pochmann, 1999). Como
consequência, os indivíduos não qualificados só podem empregar-se em áreas de actividade onde
exerçam tarefas que não necessitam de qualificações e nenhum tipo de esforço mental, bastando
que estejam com saúde e força física para exercerem tarefas que exigem pouca iniciativa.

Não obstante a qualificação profissional ser um dos requisitos mais importantes para o mercado
de trabalho na contratação dos indivíduos, é importante referir que no comércio informal não
estão apenas indivíduos que não possuem qualificação, uma vez que, em Moçambique o
desemprego atinge todas as camadas sociais. Por outro lado, no comércio informal não estão
inseridos somente os desempregados que procuram alternativas de sobrevivência, também estão
inseridos indivíduos que estão no emprego que procuram meios para aumentar os rendimentos
do seu agregado familiar.

A questão da educação também se relaciona com a variável sexo da maior parte dos indivíduos
que desenvolvem actividades no comércio informal, pois, na análise geral do país as mulheres é
que predominam nesta actividade. As mulheres constituem a camada mais desfavorecida no
mercado de trabalho. Os resultados da análise do capítulo anterior comprovam este

28
desfavorecimento, visto que, as mulheres desenvolvem actividades no comércio informal como
ocupação única.

Embora não se tenha dados sobre os postos de trabalho criados no distrito Kamaxaquene no
quinquénio 2004/2009, pode-se tomar como exemplo os dados do Ministério de Trabalho (2009)
sobre os postos de trabalho criados neste distrito no quinquénio 2014/2018. O número de postos
de trabalho formal disponibilizados pelos empregadores está muito longe de satisfazer a procura
de emprego, tendo em atenção que o número da PEA é elevado, situando-se em 54% em relaçãoa
população total da cidade de Maputo, segundo dados do Censo 2007. Os postos de emprego
formal criados no quinquénio em referência equivalem a 8,6% da PEA existente em 2007, muito
longe de satisfazer a procura de emprego por parte da força de trabalho disponível para trabalhar.
Esta cifra mostra que no quinquénio em análise mais de 90% da População em Idade Activa não
foi abarcada pelos postos criados.

Dos postos de trabalho disponíveis no quinquénio 2014/2018, 70,7% foram ocupados por
homens e os restantes por mulheres (Ministério de Trabalho, 2009). Este cenário da baixa oferta
de emprego formal pode ser considerado como uma das razões importantes para que a força de
trabalho e em particular a do sexo feminino procure ocupação no comércio informal. Mesmo na
ocupação dos postos de trabalho no emprego formal a mulher está em desvantagem, pois ocupou
muito menos que a metade das vagas disponíveis.

Os resultados acima expostos evidenciam problemas de empregabilidade, visto que, o comércio


informal aparece em decorrência da impossibilidade do mercado formal em criar postos de
trabalho que possam absorver a grande maioria da força de trabalho disponível para trabalhar.

4.5. Unidade onde os indivíduos realizam as actividades no comércio informal


A relação entre a unidade onde os indivíduos realizam as suas actividades e o melhoramento das
condições de vida, pois, ficou evidente que a maior parte dos inquiridos realizam no mercado em
referência.

Apesar de encontrar indivíduos a praticarem o comércio informal nos mercados a maior parte
dos indivíduos desenvolve o comércio informal junto à residência dos mesmos. Esta situação
parece ser motivada pela maior facilidade que os indivíduos encontram na sua residência para o

29
desenvolvimento do seu comércio. Pois optavam em desenvolver o comércio informal junto a
sua residência porque tinha mais facilidades naquele lugar e não por falta de meios financeiros
para adquirir outro espaço, como era de esperar. Aqui está subjacente o factor oportunidade de
negócio e não a falta de meios financeiros e materiais para a aquisição de um espaço
oficialmente concebido para o tipo de negócio que praticam.

Olhando para o grupo que pratica o comércio informal como actividade alternativa pode-se
afirmar que tanto o empregador como o trabalhador por conta própria desenvolvem a sua
actividade no próprio agregado familiar, perfazendo 72,1% e 86,5%, respectivamente. A mesma
situação verifica-se no grupo que tem a actividade como complemento, onde 62,8% de
empregadores realizam as suas actividades no próprio agregado familiar e 79,1% de
trabalhadores por conta própria também realizam as suas actividades no próprio agregado
familiar, (Ine, 2004).

Tabela 1: Unidade onde os indivíduos realizam a actividade

Alternativa Complementar
Empregador Empregado Empregador Empregado
Taxa
Actividade no próprio 72,1% 86,5% 62,8% 79,1%
agregado
Actividade fora do agregado 30,3% 24% 15,8% 11,4%
familiar
Fonte: INE, 2004

Quanto a questão da habitação, pode-se concluir que mais do que dois terços dos indivíduos
desenvolvem a actividade comercial no seu próprio agregado familiar ou num outro agregado
familiar (empresa individual), o que pressupõe que haja uma habitação no seu agregado familiar.
Sendo a habitação um dos principais determinantes da qualidade de vida da população de um
país, este resultado mostra que uma cifra grande de indivíduos que praticam o comércio informal
possui uma habitação onde desenvolvem as suas actividades informais, ainda que não se possa
medir o nível de condições de vida que estas habitações apresentam, (Ipea, 2005como citado em
Maposse, 2011).

30
4.6. Principais clientes dos comerciantes informais
Os membros dos agregados familiares comercializam os seus produtos para clientes variados,
desde unidades governamentais até exportação directa. Mas, os maiores compradores destes
produtos são as famílias

Esta cifra tão elevada de famílias beneficiárias do comércio informal mostra que apesar de ser
um negócio informal, este facilita o escoamento dos produtos ou alimentos para as famílias mais
pobres e carenciadas que não têm condições para comprar produtos no mercado formal. O
comerciante informal em relação ao formal tem a vantagem de poder comercializar o seu produto
em unidades muito pequenas a preço muito reduzido. O papel de oferta de bens e serviços para
as famílias de baixo rendimento e com fraco poder de compra é importante, pois, contribui para a
sua sobrevivência que caso contrário seria um encargo para o Estado (acção social). Estas
famílias, muitas vezes, compram produtos em quantidades muito pequenas que só estão
disponíveis no mercado informal.

Como se pode notar, os indivíduos para além de adquirirem produtos para a comercialização aos
clientes, há uma parte que é destinada para o auto-consumo, isto é, há uma parte de produtos que
se destina a subsistência do agregado familiar dos envolvidos nesta actividade.

O comércio informal não só beneficia às famílias que adquirem bens e serviços também
beneficia os indivíduos envolvidos na actividade, proporcionando-lhes ocupação profissional e
rendimentos que os permitem melhorar as condições de vida, como o acesso a saúde, água,
educação, habitação, etc. Não obstante os comerciantes informais praticarem na sua maioria o
comércio a retalho e movimentarem volumes de negócios pequenos, o capital por eles
movimentado e produzido pode contribuir para o crescimento da economia de Moçambique
(ainda que em percentagem reduzida).

Embora seja em uma cifra pequena, o comércio informal também abastece o mercado formal
(Unidades Governamentais, Empresas Intervencionadas ou Mistas, Empresas Privadas do
Comércio, Pequenas Empresas do Comércio, etc.). Na Cidade de Maputo, há locais onde o
comércio informal funciona como grossista abastecedor do comércio formal, ao mesmo tempo
que temos um comércio retalhista onde operam trabalhadores ligados ao comércio formal
convencional (MOA/MSU, 1993 como citado em Maposse, 2011).

31
Em relação aos principais fornecedores de produtos ou mercadoria aos comerciantes informais,
nota-se que as famílias são os maiores abastecedores deste mercado (33,9%), seguido de
pequenas empresas e empresas privadas do comércio em (20,5%) e (11,5%) respectivamente.

A partir dos resultados, observa-se que o mercado formal também recorre ao mercado informal
para se abastecer ou obter produtos e serviços. A explicação para esta situação parece estar
ligada ao facto, de em geral, os produtos adquiridos no mercado informal apresentarem preços
baixos podendo ser adquiridos em pequenas unidades ou como o cliente desejar, o que facilita as
transacções comerciais. Este resultado confirma, segundo a qual o sector formal e informal não
se encontra em oposição. Muito pelo contrário, eles complementam-se, como circuitos da
economia. E em conjunto formam a economia real de um país, (Nazaré, 2006 como citado em
Maposse, 2011).

4.8. Formas de Contribuição do comércio informal na vida da mão-de-obra envolvida e no


aumento das receitas públicas
O presente texto analisa, de que maneira o comércio informal contribui muito na vida dos
moçambicanos e o aumento das receitas públicas, porque é através dela que cria se formas de
ganhar algo para sobrevivência. Muitos fazem actividades de prestação de serviços tais como:
carpintaria, pedreiro, serralheiros. Mas destas actividades a que mais contribui para a redução da
pobreza é o comércio.

Segundo a investigação deste trabalho foi notório observar que existem os chamados donos dos
seus narizes, ou seja patrões do seu próprio negócio que já não pensam em trabalhar para outros
devido a sua rentabilidade que é maior. Na sua actividade empregam, na maior parte, de um à
seis trabalhadores nas suas bancas, e isso mostra que o sector informal abre espaço de
empregabilidade de pessoas oriundas das zonas urbanas e rurais. Segundo (Mosca 2010,p.85
como citado em Nhaca, 2016), o Sector Informal contribui para a redução da pobreza, geração de
auto-emprego, criação de rendimentos e acalma eventuais manifestações e revoltas, sendo deste
modo a forma de contribuição do sector informal na redução da pobreza é criando emprego de
modo que as pessoas tenham uma ocupação e terem um rendimento mensal. De acordo com os
nossos dados 97% dos inquiridos trabalham com o sector informal e que o nível de escolaridade

32
é primário, o que corresponde ao número de indivíduos vindos das zonas rurais em busca de
oportunidade de vida nas cidades.

A outra forma que o comércio informal contribui na redução da pobreza é o facto de abrir espaço
principalmente para as senhoras começarem a praticar alguma actividade, aliás Mosca (2010)
defende que este sector altera o papel da mulher na sociedade e na economia, pois, é a partir do
comércio informal que as mulheres começaram a assumir um papel activo e directo na integração
do mercado. Segundo este facto de acordo com a observação no mercado Xiquelene as mulheres
tomam conta do negócio e com melhores bancas que os homens.

Este sector contribui muito para os cidadãos, alguns do sector formal têm as suas rendas
aumentadas devido a prática desta actividade que lhes permite duplicar ou triplicar os seus
ganhos mensais. O que se observa ainda é que, com os valores ganhos na actividade informal
estes usam para as despesas caseiras, pagamento de escolas dos seus educandos e construção de
casas de alvenaria é o desejo de todos. Isto mostra duma maneira parcial se não maior, do
abandono das casas precárias às melhoradas, tornando um desenvolvimento ou mudanças no
bairro, no que diz respeito ao alojamento.

Porque os cidadãos conseguem alguns atingirem os seus sonhos, depois das necessidades básicas
outros pensam em auto-realização, até mesmo prosperar para negócios grandes.

Como uma maneira de contribuição para o aumento das receitas públicas, os indivíduos que
praticam esta actividade elas são taxadas diariamente ou mensalmente valores que são
canalizados para os cofres do Estado, deste modo elevam as colectas que posteriormente servirão
para alavancar o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique.

4.9. Análise do melhoramento de condições de vida a partir do exame de instalações com


acesso a água, energia eléctrica e telefone fixo e celular
A análise que se segue é baseada em indivíduos que desenvolvem o comércio informal em
instalações com acesso a água, energia eléctrica e telefone fixo e celular. Embora a proporção
seja reduzida (30,2%) pelo facto da inexistência de instalações ser uma característica do
comércio informal, é possível tirar quaisquer ilações sobre as condições existentes nestas
instalações, (AMARAL, 2005 como citado em Maposse, 2011).

33
Tanto o empregador como o trabalhador por conta própria na sua maioria desenvolvem as suas
actividades em instalações próprias na sua residência. Observando os aspectos ligados ao
melhoramento de condições de vida e fazendo a ligação com o factor exercício do comércio
informal na própria residência pode-se afirmar que uma minoria aparenta o melhoramento, visto
que, nem todas as instalações beneficiam de água canalizada. Porém, um número considerável de
indivíduos tem acesso a este precioso líquido (43,9%). Mas, a distribuição desta percentagem
não é equilibrada.

O consumo de energia é geralmente utilizado como medida para estimar o nível de bem-estar das
sociedades modernas. Informações sobre o consumo de energia eléctrica, numa determinada
localidade, podem ser utilizadas como um indicador capaz de expressar o seu grau de
desenvolvimento. O acesso à energia, exerce um impacto positivo nas condições de vida de uma
população, agiliza as comunicações, gera iluminação, movimenta máquinas, controla a
temperatura produzida pelo calor ou frio (Oliveira, 2005como citado em Maposse, 2011).

Os resultados mostram que uma parte dos indivíduos inquiridos no mercado Xiquelene, nos seus
estabelecimentos ou no lugar onde desenvolvem a actividade possui energia eléctrica.

Em todo o distrito a maior parte das instalações são portadores de um telefone fixo ou celular,
apesar de os resultados indicarem que o benefício ocorre com maior concentração em outros
distritos da cidade. As Tecnologias de Informação e Comunicação são importantes para o
desenvolvimento de uma região, pois, podem abrir caminho para uma esfera económica inclusiva
através da suavização ou mesmo eliminação das barreiras de entrada, através do comércio
electrónico e para a promoção de fluxo em dois sentidos, de bens de conhecimento e ideias para
todos, sem olhar para fronteiras nacionais ou regionais (Pnud, 2008).

A comunicação pode facilitar o desenvolvimento de negócios e economiza o tempo que um


indivíduo poderia gastar se não tivesse telefone. As telecomunicações, actualmente, são
essenciais para o transporte, energia eléctrica, operações financeiras e outros.

Portanto, estes resultados denotam a existência de desigualdades em relação às instalações que


possuem condições básicas para o bom funcionamento de uma empresa, visto que a concentração
destas condições básicas verifica-se neste distrito, onde o desenvolvimento é notório e as
instalações beneficiam-se do ambiente de negócios criado pelas grandes indústrias situadas

34
arredores do mercado e pelo desenvolvimento que se verifica na Cidade de Maputo para
impulsionar o seu negócio. Neste contexto, pode-se inferir que estas condições básicas criadas
podem produzir um impacto positivo, pois, podem possibilitar a melhoria das condições de vida
dos indivíduos envolvidos no comércio informal.

35
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

O trabalho analisou matéria sobre o papel do comércio informal no desenvolvimento


socioeconómico, a pesquisa arrebatou um processo de estudo de caso como forma de
compreender a realidade sobre o tema. Do comércio informal como então uma realidade
complexa e generalizada, houve a necessidade de se confrontar os aspectos específicos mais
representativos da realidade, escolhendo como objecto de estudo mercado Xiquelene, um dos
mercados informais da cidade de Maputo.

No estudo foi possível tirar constatações sobre os objectivos da pesquisa em apreço e por isso o
nosso problema ou então objectivo se centrou da forma que o comércio informal contribui para o
desenvolvimento socioeconómico da mão-de-obra envolvida e o aumento das receitas públicas.

A pesquisa realizada mostrou que, dos entrevistados, a maioria se posicionou na faixa etária de
25 em diante. Porém, o que pode se perceber é que mínima é a diferença entre elas, o que não
nos impede de compararmos ou até mesmo, igualarmos essas faixas. Assim como foi visto na
fundamentação teórica, a cada 10 jovens, 06 não abrem mão do negócio próprio para trabalhar
num contracto assinado. Uma das razões da permanência ou mesmo insistência do Comércio
Informal tem a ver com os custos ou mesmo despesas de transacção relativamente baixa e que se
ajusta ao baixo teor de compra dos compradores, tornando então seus preços de venda mais
competitivos e viáveis para os mesmos. Outro aspecto tem a ver com a questão de ser uma
prática de sustento e sobrevivência por parte dos vendedores que por falta de emprego optam por
essa actividade, considerado um ponto forte para permanência e investimento da mesma, factor
este que faz com que haja um desenvolvimento socioeconómico entre os praticantes.

Nos últimos anos o comércio Informal tem vindo a ganhar contornos cada vez maiores, e a sua
eliminação ou então proibição não foi e não é a solução, isso porque como já notamos durante a
pesquisa que este é a única fonte de rendimento e sem ela estariam mais pobres do que já estão.
Dai que haverá de se encontrar formas de se conciliar a sua coexistência com o Comércio
Formal.

36
5.2 Recomendações

Depois deste estudo recomendamos que o Estado crie mecanismos, legais de monitorização bem
como de diálogo entre as partes com o intuito de incluir e conferir o seu espaço ao comércio
informal, para que também não haja contraste entre os comerciantes e para os objectivos que
consideramos o mais importante que o comércio informal constitui para o grande o problema que
a economia não consegue resolver que é o desemprego.

E com esses resultados desejamos que se possa conhecer a sua dimensão em termos numéricos e
o que representam para o PIB nacional como forma de reforçar as estatísticas distrital e até
mesmo nacional e claro dotar as entidades competentes de meios reais ou seja informação para a
racional tomada de decisão.

Sugerimos que se faça uma avaliação quantitativa ou numérica que este sector contribui para as
receitas públicas e tomar as medidas necessárias para fiscalizar as actividades e assim colher
impostos e taxas de forma mais serene e sério que vão por um lado permitir um aumento do
rendimento fiscal do governo para reforçar o seu défice interno, bem como contribuir para
melhorar as suas actividades no âmbito de realização de despesas públicas e realização para o
aumento do bem-estar do povo.

Recomendamos de igual modo o cumprimento da postura e dever urbano por parte dos
vendedores visto que a mesma actividade é praticada na sua maioria nas ruas e passeios dos
centros urbanos das maiores cidades do país, verdade esta que cria motivos para acidentes,
congestionamentos, lixo em lugares inconvenientes e um aumento significativo de criminalidade.

37
6. BIBLIOGRAFIA
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39
APÊNDICE

40
7.1 Inquérito

Dados sócio demográficos


Idade _________________________________________________________________________
Naturalidade ___________________________________________________________________
Bairro de residência_____________________________________________________________
Estado Civil____________________________________________________________________
Número de filhos________________________________________________________________

1 – Marque a alternativa que corresponde a sua faixa etária?


( ) Até 25 ( ) 26 à 35 ( ) 36 à 45 ( ) 46 a 55 ( ) acima de 55.

2- Sexo
( ) Masculino ( ) Feminino

3– Qual o seu nível de escolaridade


( ) 1º grau incompleto ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º completo

4 – A quanto tempo trabalha na Informalidade?


( ) 1 à 5 anos ( ) 6 à 10 anos ( ) 11 à 20 anos ( ) mais de 20 anos

5-Quais dos factores abaixo determinaram sua escolha por trabalhar nesse ramo de
actividade? Pode escolher mais de uma alternativa.
( ) Escolha própria ( ) Negócio ( ) Necessidade ( ) Não sei fazer
Familiar outra coisa
() Gosto de ( ) Ter uma renda ( ) Oportunidade ( ) Ser dono do meu
negociar extra negócio

6-Actividade que exerce?


( ) Vendas ( ) Serviço ( ) Produção ( ) entretenimento ( ) Outro

41
( ) Não sei fazer ( ) Negócio ( ) Necessidade
outra coisa Familiar

7-Trabalhar no comércio informal é melhor do que trabalhar formalizado? Por que?


( ) Sim ______________________________________________________________________
( ) Não ______________________________________________________________________

8- Trabalhar no comércio informal é mais vantajoso do que formalizado? Porque?


( ) Sim ______________________________________________________________________
( ) Não ______________________________________________________________________

9- O seu sustento e da sua família dependem desse comércio informal? Explique.


( ) Sim ______________________________________________________________________
( ) Não ______________________________________________________________________

10-Essa é sua única fonte de renda?


( ) Sim ( ) Não. Qual a outra fonte? ________________________________________________

11-Em sua opinião, quais os ganhos do comércio informal? Pode escolher mais de uma
alternativa.
( ) Não preciso de registo ( ) Sigo minhas próprias
tributário regras
( ) Faço meu próprio ( ) Menor pressão fiscal
horário

42

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