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MARCO

DE POLÍTICAS
AMBIENTAIS
E SOCIAIS
MARCO DE POLÍTICAS
AMBIENTAIS E SOCIAIS

Setembro 2020
CONTEÚDO

Prefácio v PARTE 2
PADRÕES DE DESEMPENHO
Abreviações e siglas  viii AMBIENTAL E SOCIAL

Padrão 1 de desempenho social e


PARTE 1 ambiental 32
DECLARAÇÃO DE POLÍTICA Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos
Ambientais e Sociais
1. Compromisso do BID com a
sustentabilidade ambiental e social3 Padrão 2 de desempenho social e
ambiental 46
2. Objetivos e Escopo 7 Mão de Obra e Condições de Trabalho

3. Papéis e Responsabilidades 8 Padrão 3 de desempenho social e


ambiental 56
Eficiência de Recursos e Prevenção de
4. Provisões para instrumentos Poluição
específicos 15

Padrão 4 de desempenho social e


5. Uso da Estrutura do Mutuário 17 ambiental 62
Saúde e Segurança da Comunidade
6. Arranjos para o cofinanciamento do
projeto 18 Padrão 5 de desempenho social e
ambiental 68
7. Mecanismo de queixas e prestação Aquisição de Terra e Reassentamento
de contas 18 Involuntário

8. Documentação e arranjos Padrão 6 de desempenho social e


relacionados ao projeto 19 ambiental 78
Conservação da Biodiversidade e Gestão
Sustentável dos Recursos Naturais Vivos
9. Revisão da Política 19

Anexo I – Lista de Exclusão Ambiental Padrão 7 de desempenho social e


e Social do BID 20 ambiental 88
Populações Indígenas
Anexo II – Glossário ESPF 22

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS iii


Padrão 8 de desempenho social e Padrão 10 de desempenho social e
ambiental 98 ambiental 112
Patrimônio Cultural Engajamento das partes interessadas e
divulgação de informações

Padrão 9 de desempenho social e


ambiental 104
Igualdade de gêneros

iv
PREFÁCIO

Contados 61 anos da existência do Banco Sustentável, posicionando a mudança climática,


Interamericano de Desenvolvimento (BID), a sus- a gestão do risco de desastres, o meio ambiente,
tentabilidade está no cerne de tudo o que fazemos o desenvolvimento rural, e o desenvolvimento
nesta instituição. Nossa missão de melhorar vidas urbano sob uma única estrutura de caráter estra-
na América Latina e Caribe só pode ser cumprida tégico.
se nosso trabalho contribuir para processos de
desenvolvimento que respeitem o meio ambiente Também estamos cientes de que não existe uma
e busquem a inclusão social. linha de chegada na corrida em busca da sus-
tentabilidade: podemos sempre fazer mais, fazer
Muito nos orgulham os avanços que obtivemos até melhor. Estamos empenhados em melhorar cons-
agora para aumentar a sustentabilidade do nosso tantemente nosso desempenho e, nesse processo,
trabalho e alinhar nossa estratégia e ações com aprendemos com nossas experiências e ouvimos
os mais elevados padrões mundiais de sustenta- nossos clientes e demais interessados. Em janeiro
bilidade. Em 2019, tornamos a nos comprometer de 2019, criamos um Grupo Especial especial-
com nossa meta de dedicar 30% de nosso finan- mente encarregado de liderar a modernização
ciamento a projetos relacionados ao clima e de nossas políticas operacionais ambientais e
definimos uma nova meta para todos os nossos sociais. Após meses de esforço corporativo dedi-
projetos com riscos consideráveis relacionados cado e consulta significativa, o BID tem o orgulho
a desastres e à mudança climática, no intuito de apresentar seu recém-aprovado Marco
de identificar ações para aumentar a resiliência da Política Ambiental e Social (MPAS), que
até 2023. Essas metas recentes não se resumem substi-tuirá nossas políticas de salvaguardas e
apenas a uma aspiração. Ao longo dos últimos norteará nossas operações na proteção das
quinze anos, o Banco vem se preparando para pessoas e do meio ambiente.
enfrentar esses desafios.
Esse novo marco de política reafirma nosso
Em 2007, criamos uma divisão para trabalhar compromisso como parceiro da região na gestão
exclusivamente com questões de gênero e diver- dos riscos ambientais e sociais nas operações
sidade. Desde então, passamos a ser um dos apoiadas pelo BID, além de estabelecer novos e
expoentes entre as instituições financeiras inter- ambiciosos padrões em diversas áreas. O BID está
nacionais que promovem a igualdade de gênero, elevando a importância do respeito aos direitos
tanto em nossos projetos quanto na composição humanos, que deixa de ser apenas uma aspiração
do nosso pessoal. Um de nossos principais obje- para posicionar-se no centro da gestão dos riscos
tivos como instituição é incorporar ainda mais as ambientais e sociais. Para assegurar a continui-
questões dos afrodescendentes e dos povos indí- dade de nossa política de gênero atual, o MPAS
genas às políticas públicas, programas e projetos contém um padrão específico e in d ependente
na região, concentrando-nos, primeiramente, no sobre a igualdade de gênero, com disposições
empoderamento social e econômico e na cons- abrangendo as pessoas de todos os gêneros.
cientização sobre o impacto da exclusão social Nosso novo marco aborda explicitamente os
baseada na raça e na etnia. Em 2016, criamos o riscos da violência, explotação, discriminação e
Setor de Mudança Climática e Desenvolvimento abuso com viés sexual ou de gênero nos projetos

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS v


que apoiamos, reconhecendo que as mulheres e o envolvimento e divulgação de informações das
as pessoas de orientações sexuais e identidades partes interessadas. Passamos a exigir de nossos
de gênero diversas precisam ser empoderadas mutuários que implementem rotineiramente meca-
para alcançar a igualdade. nismos de queixas no nível dos projetos, para que
possam resolver sem demora as preocupações e
Incluímos também uma seção específica s obre reclamações de pessoas e comunidades.
a resiliência aos riscos naturais e à mudança
climática nestes padrões, aproveitando nossa Nosso MPAS recebeu a aprovação final da Diretoria
experiência e liderança de muitos anos nessas Executiva do BID após um processo de consulta
áreas. O MPAS também passa a contemplar os inclusivo, transparente e participativo. Gostarí-
riscos associados a epidemias e pandemias. Além amos de agradecer aos participantes, oriundos
de haver alinhado seus padrões de proteção e de órgãos públicos, organizações da sociedade
conservação da biodiversidade às melhores prá- civil, povos indígenas, organizações internacio-
ticas internacionais, o BID se tornou o primeiro nais, setor privado e outras partes interessadas de
banco multilateral de desenvolvimento a não todos os países membros, que ofereceram comen-
permitir compensações da biodiversidade em tários substantivos durante a primeira e a segunda
habitats críticos. fases do processo de consulta. Ouvimos atenta-
mente e o resultado é um marco de política com
O MPAS também contém uma lista de exceções, proteções mais fortes graças a seus comentários
que identifica atividades específicas que o BID construtivos e valiosas opiniões. Além disso, gosta-
não financiará, acima de tudo porque são ríamos de reconhecer as estimadas contribuições
incom-patíveis com nosso compromisso de do Painel Consultivo de Especialistas Externos.
fazer face aos desafios da mudança climática
e promover a sustentabilidade ambiental e Com base em décadas de experiência e ideias,
social e, ademais, podem produzir um impacto o MPAS dá nossos clientes disposições de van-
considerável sobre pessoas e o meio ambiente. guarda para lidar com questões ambientais e
sociais, tornando-se, assim, uma parte essencial
O MPAS estabelece proteções mais rigorosas de nossos esforços mais amplos para contribuir
para pessoas e grupos em situações de vulne- para o desenvolvimento sustentável da América
rabilidade aos potenciais riscos e impactos de Latina e Caribe. Ainda assim, reconhecemos que
projetos apoiados pelo BID. Específica claramente a qualidade de nosso novo MPAS dependerá de
onde é necessário obter o consentimento livre, sua implementação. Portanto, já estamos capaci-
prévio e informado de povos indígenas, deter- tando nosso pessoal, desenvolvendo ferramentas
mina a proteção de afrodescendentes e pessoas e alocando os recursos necessários para ajudar
com deficiência e exige a consideração de fatores inteiramente nossos clientes a pôr o MPAS em
como raça e etnia, idade e condição social. prática com toda a eficácia.

Ao incorporar padrões sobre condições de tra- É importante reconhecer que a aprovação do


balho e de emprego ao MPAS, passamos a estar MPAS está ocorrendo em um momento de crise
alinhados com as versões mais recentes das con- mundial: a crise de saúde pública e econômica
venções e instrumentos internacionais centrais da causada pela COVID-19, e a crise climática provo-
ONU e da OIT. E, para conseguir um envolvimento cada pelas emissões mundiais de gases do efeito
aberto, transparente e inclusivo com nossos pro- estufa decorrentes da atividade humana. Tanto a
jetos, o MPAS contém um padrão exclusivo sobre crise climática quanto o surgimento de doenças

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zoonóticas têm como causa fundamental o uso mas também estamos convencidos de que as
desenfreado de recursos naturais finitos e, por parcerias que forjamos nos últimos 61 anos com
extensão, a perda de biodiversidade, a poluição nossos clientes nos permitirão superá-los e conti-
e as mudanças no uso da terra. Embora esses nuar a posicionar a natureza e as pessoas no cerne
fatores tenham consequências devastadoras para do desenvolvimento por muitos anos.
todos, afetam desproporcionalmente os pobres e
os mais vulneráveis. Ambas as crises reafirmam a
premência da transição para um desenvolvimento Luis Alberto Moreno
mais sustentável e inclusivo. Estamos plenamente Presidente
conscientes dos desafios que teremos pela frente, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS vii


ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CSO Organização da Sociedade Civil (OSC) ESRS Relatório de Resumo de Revisão


Ambiental e Social
DMP Plano de Gerenciamento de Riscos de
Desastres FIs Intermediários financeiros

DRA Avaliação de riscos de desastres FPIC Consentimento Livre, Prévio


e Informado (CLPI)
EHSGs Diretrizes de meio ambiente, saúde
e segurança GEE Gases de efeito estufa

ESAP Plano de Ação Ambiental e Social GIIP Boas Práticas da Indústria


Internacional
ESIA Relatório de Impacto Ambiental
e Social ICIM Mecanismo Independente de Consulta
e Investigação
ESMP Plano de Gerenciamento Ambiental
e Social IDB Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID)
ESMR Relatório de Ambiente e Gestão Social
IPP Planos dos Povos Indígenas
ESMS Sistema de Gestão Ambiental e Social
LAC América Latina e Caribe (ALC)
ESPF Marco de Políticas Ambientais
e Sociais LBR Empréstimos com base nos resultados

ESPS Padrão de Desempenho Ambiental SESA Avaliações ambientais e sociais


e Social estratégicas

ESRP Procedimento de Revisão Ambiental UIS Atualização da Estratégia Institucional


e Social

ESRR Classificação de Risco Ambiental


e Social

viii
PARTE 1
DECLARAÇÃO
DE POLÍTICA
1 Compromisso do BID com a sustentabilidade
ambiental e social

1.1 O Banco Interamericano de Desenvolvi- áreas de trabalho, inclusive nas estratégias


mento (BID) está convencido que os países nacionais do país, nas estratégias setoriais
da América Latina e o Caribe (ALC) podem e em seu programa operacional.
transformar seus percursos de desenvolvi-
mento para um caminho mais sustentável, 1.3 Para finalmente contribuir para transformar a
enquanto melhora a vida de seus cidadãos. ALC em uma sociedade mais inclusiva e prós-
O BID está comprometido em ajudar os pera de maneira sustentável, o BID trabalha
países da ALC a desenvolver uma socie- em busca da melhoria de todas as vidas nas
dade mais inclusiva e próspera, baseada na regiões que seguem os compromissos e prio-
intrínseca relação entre o desenvolvimento ridades dos projetos financiados pelo BID:
econômico e a sustentabilidade ambiental
e social. Para o BID, o desenvolvimento y Respeito aos direitos humanos. O BID
econômico sustentável abrange o acesso está comprometido em respeitar os pa-
igualitário a serviços e oportunidades para drões de direitos humanos internacio-
todos, incluindo aqueles que são pobres ou nalmente reconhecidos.4 Para esse fim,
vulneráveis,1 e este só é possível se a saúde de acordo com o padrão de desempe-
do meio ambiente não for comprometida. nho ambiental e social (ESPS) 1 desta
Norma, o BID exige que seus Mutuários
1.2 A Atualização da Estratégia Institucional do tenham o devido respeito pelos direitos
BID (UIS) reconhece esses vínculos entre as
três dimensões do desenvolvimento susten-
1 Em virtude da deficiência, estado de saúde, status indí-
tável: o econômico, o social e o ambiental2,3.
Este renova o compromisso do Grupo BID gena, identidade de gênero, orientação sexual, religião,
raça, cor, etnia, idade, linguagem, opiniões políticas ou
de acelerar o progresso em igualdade de
pessoais, origem social ou nacional, propriedade, nas-
gênero, diversidade e inclusão; enfrentar cimento, desvantagem econômica ou condição social.
os desafios das mudanças climáticas e Outros indivíduos e/ou grupos vulneráveis podem incluir
promover a sustentabilidade ambiental pessoas ou grupos em situações vulneráveis, incluindo
e social. Também enfatiza a necessidade os pobres, os sem-terra, os idosos, as famílias monopa-
de reforçar a capacidade institucional e o rentais, refugiados, pessoas deslocadas internamente,
comunidades dependentes de recursos naturais ou ou-
Estado de Direito dos países da ALC , a fim
tras pessoas deslocadas que não possam ser protegidas
de aprimorar a capacidade do BID de inte- através da legislação nacional e/ou direito internacional.
grar essas questões críticas para atender 2 Atualização da estratégia institucional do BID: Solu-

ao desenvolvimento da região. O BID está ções de Desenvolvimento para Retomada de Crescimen-


comprometido em trabalhar com os países to e Melhorar Vidas (AB-3190–2).
3 De acordo com a Agenda 2030.
da ALC a fim de reforçar os respectivos sis-
4 Conforme previsto na Declaração Internacional dos
temas de governança ambientais e sociais
Direitos Humanos, nos acordos centrais de direitos hu-
e promover critérios de sustentabilidade. O manos, na Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos
BID considera os possíveis desafios e opor- Fundamentais no Trabalho, e outros instrumentos regio-
tunidades ambientais e sociais em todas as nais ou universais referentes aos direitos humanos.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 3


humanos, evitem violações dos direitos sigualdade na ALC também é de-
humanos de outros e tratem dos riscos e terminada por características como
impactos aos direitos humanos em pro- deficiência8, estado de saúde, status in-
jetos apoiados pelo BID5. dígena, identidade de gênero, orien-
y Promoção da igualdade de gênero. O tação sexual, religião, raça, cor, etnia,
BID vê a igualdade como um valor in- idade, língua, opiniões pessoais e políti-
trínseco pelo qual indivíduos e coleti- cas, origem nacional ou social, proprie-
vos desfrutam das mesmas condições e dade, nascimento, desvantagem eco-
oportunidades para exercer seus direi- nômica ou condição social. O BID está
tos e alcançar seu potencial social, eco- comprometido em igual acesso a opor-
nômico, político e cultural. A igualdade tunidades para diversos povos e gru-
inclui promover o acesso à igualdade de pos que podem ser mais adversamente
oportunidades e a participação plena afetados pelos impactos do projeto do
na sociedade para os povos que enfren- que outros, e podem ter capacidade li-
tam barreiras devido à sua identidade. mitada para reivindicar, obter ou lucrar
O BID está comprometido em promo- com os benefícios do projeto. O BID
ver a igualdade de gênero e o empode- procura incluir as vozes de pessoas que
ramento de gênero6, reconhecendo que podem ser excluídas do processo de
a igualdade de gênero contribui para a desenvolvimento. O BID exige que seus
redução da pobreza e resulta em níveis Mutuários identifiquem diversos povos
mais altos de capital humano. O Banco ou grupos potencialmente afetados por
Mundial presta especial atenção a como projetos financiados pelo BID e desen-
as desigualdades de gênero interagem volvam e implementem medidas dife-
com outras desigualdades, como so-
cioeconômica, étnica, racial, deficiência
e outros fatores, e como essa intersec- 5 Para os fins do ESPF, “Mutuário” significa todos os ór-

cionalidade pode exacerbar barreiras ao gãos governamentais responsáveis por aspectos relacio-
nados a um projeto financiado pelo BID (empréstimos
acesso aos benefícios do projeto e criar
para investimento, subsídios e garantias para investi-
outras vulnerabilidades. O BID exige que
mento), independentemente da fonte de financiamento,
seus Mutuários lidem com: (i) riscos em incluindo preparação, implementação, monitoramento e
projetos apoiados pelo BID relacionados atividades de supervisão.
a exclusão e violência baseada em gê- 6 Entende-se por empoderamento de gênero a expan-

nero, incluindo exploração sexual, trá- são dos direitos, recursos e capacidade de pessoas de
todos os gêneros para tomar decisões e agir de forma
fico de seres humanos e doenças sexu-
independente nas esferas social, econômica e política. O
almente transmissíveis; (ii) garantia de
termo inclui o empoderamento das mulheres, conside-
inclusão de pessoas de todos os gêneros rando aspectos de direitos humanos e desenvolvimento
nos processos de consulta; e (iii) cumpri- de pessoas de todos os gêneros, através da eliminação
mento dos acordos internacionais7 apli- de barreiras sociais, econômicas e políticas para os gê-
cáveis e a legislação nacional relativa ao neros marginalizados.
7 Como, por exemplo, Convenção sobre a Eliminação de
empoderamento e igualdade de gênero
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
em todas as fases do ciclo do projeto, de
(CEDAW).
acordo com os ESPS 1 e 9. 8 Conforme definido pela Convenção Internacional so-

y Promoção da não discriminação e in- bre os Direito das Pessoas com Deficiência das Nações
clusão de grupos vulneráveis. A de- Unidas (CRPD).

4 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


renciadas de mitigação para lidar com ciados pelo BID, se envolvam com elas
as circunstâncias de tais indivíduos ou em consultas significativas sem medo
grupos, de acordo com os ESPS 1, 2, 4, de represálias, usando formatos aces-
5, 7 e 9. síveis a diferentes necessidades físicas,
y Respeito aos direitos indígenas, afro- sensoriais e/ou cognitivas, e desenvol-
descendentes e outros povos tradi- vam e implementem um mecanismo de
cionais. O BID compromete-se a res- queixas para fornecer feedback, preo-
peitar os direitos dos povos indígenas,9 cupações e perguntas, de acordo com
afrodescendentes e outros povos tradi- os ESPS 1 e 10.
cionais,10 lei consuetudinária e direitos y Promover a resiliência a desastres e
consuetudinários de posse da terra, de mudanças climáticas e minimizar as
acordo com sua própria visão de mundo emissões de gases de efeito estufa
e estruturas de governança11. O BID está (GEE). O BID está comprometido em
comprometido a respeitar o direito de auxiliar os países da ALC a concretizar a
todos ao desenvolvimento com identi- redução do risco de desastres e de mu-
dade, como o direito dos povos indíge- danças climáticas associadas aos ob-
nas, afrodescendentes e tradicionais de jetivos.15 O BID reconhece que a neu-
se identificarem coletivamente e de usar tralidade de carbono a longo prazo é
seu patrimônio cultural, capital social, necessária para confrontar as mudan-
ativos naturais e territórios tradicionais ças climáticas e conduzir o desenvol-
como recursos para promover o desen- vimento econômico a um futuro mais
volvimento econômico e social. O BID sustentável, resiliente, inclusivo e com-
exige que seus Mutuários promovam o petitivo. Portanto, o BID está compro-
respeito pelos direitos dos povos indíge- metido em apoiar o design e imple-
nas, afrodescendentes e tradicionais, de mentar medidas de descarbonização de
acordo com os ESPS 1, 4, 5, 7 e 8, e cum- países da ALC, com foco em construir
pram a legislação nacional, incluindo leis
que implementam obrigações sob o di-
9 Conforme definido em normas internacionais como a
reito internacional.12
Convenção 169 da OIT a Declaração das Nações Unidas
y Aprimorando o engajamento das par- sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Declaração so-
tes interessadas. O BID está compro- bre os Direitos dos Povos Indígenas da OAS.
metido com um processo de engaja- 10 Incluindo povos indígenas urbanos.

11 Incluindo o direito de escolher seu próprio caminho de


mento aberto, transparente e inclusivo
desenvolvimento.
com todas as partes interessadas,13 in-
12 Como a Convenção 169 da OIT e a Declaração da OEA
cluindo pessoas afetadas pelo projeto,
sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
para melhorar a sustentabilidade am- 13 De acordo com a Estratégia de Engajamento da Socie-

biental e social dos projetos que apoia. dade Civil do Grupo BID (GN-2232–7).
O BID está comprometido em respeitar 14 Consistente com os princípios no Acordo Regional de

o direito de acesso à informação, a par- Acesso à Informação, Participação Pública e Justiça para
ticipação e a justiça relacionados a pro- Assuntos Ambientais ou no Acordo Escazú.
15 De acordo com as obrigações do Acordo de Paris so-
blemas ambientais.14 O BID exige que
bre a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu-
seus Mutuários identifiquem as partes danças do Clima (CQNYMC), quando aplicável, e o Qua-
interessadas potencialmente afetadas dro de Sendai para a Redução de Riscos de Catástrofes
e/ou interessadas em projetos finan- 2015–2030.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 5


estratégias juntamente com todas as O BID exige que seus Mutuários não im-
partes nacionais interessadas, aumentar plementem nenhum projeto em habitats
a sinergia com o desenvolvimento socio- em situação crítica, a menos que não
econômico e minimizar ou compensar as haja outra alternativa viável e que o pro-
despesas transitórias. O BID também re- jeto possa ser feito sem causar impactos
conhece que os países da ALC já são al- adversos expressivos aos valores da bio-
tamente vulneráveis aos efeitos das mu- diversidade e a processos de apoio eco-
danças climáticas e aos impactos dos lógicos. Deslocamentos da biodiversi-
desastres naturais, em termos de da- dade não são aceitos como medidas de
nos físicos e perdas ambientais, sociais e mitigação em habitats em situação crí-
econômicas que geralmente estão con- tica, de acordo com o ESPS 6.
centradas nas populações mais vulne-
ráveis. Consequentemente, o IBD conti- 1.4 O BID acredita que uma boa gestão dos
nuará a evitar ou minimizar as emissões riscos e impactos ambientais e sociais asso-
de GEE e administrar riscos advindos de ciados aos projetos financiados pelo BID é
desastres naturais e mudanças climáti- uma parte essencial da contribuição do BID
cas para os projetos que apoia. O BID para ajudar a desenvolver uma região mais
não irá financiar projetos que, de acordo próspera e inclusiva. O BID está comprome-
com sua análise, aumentariam a ameaça tido com o objetivo de “não prejudicar” as
de perda de vidas humanas, ferimentos pessoas e o meio ambiente nos projetos que
humanos significativos, graves pertur- apoia, promovendo o estabelecimento de dis-
bações econômicas ou danos materiais posições claras para o gerenciamento eficaz
significativos relacionados a riscos natu- de riscos e impactos ambientais e sociais
rais e mudanças climáticas. Projetos que relacionados ao projeto e, quando possível,
financiam recuperação e reconstrução facilitando a melhoria da sustentabilidade
após um desastre exigem precauções social e ambiental além da mitigação de riscos
especiais para evitar reconstrução ou e impactos adversos. O BID também está
aumentar a vulnerabilidade. O BID exige comprometido em maximizar os benefícios
que seus Mutuários avaliem e gerenciem do desenvolvimento sustentável, de acordo
os riscos naturais e os riscos de mudan- com o princípio “além de não prejudicar, faça
ças climáticas, relacionados a projetos o bem”. O BID exige que seus Mutuários não
financiados pelo BID, de acordo com os apenas relatem como maneiras de evitar pre-
ESPS 1, 3, 4 , 5 e 7. juízos ambientais, mas também considerem
y Proteção da biodiversidade, dos recur- e relatem formas em que o projeto pode
sos naturais e dos ecossistemas da re- melhorar o bem social e ambiental. Quando
gião da ALC. O BID está comprometido as avaliações sociais e ambientais do pro-
com a proteção, conservação, gestão e jeto forem identificadas como oportunidades
uso sustentável da biodiversidade, re- potenciais para o desenvolvimento susten-
cursos naturais e serviços ecossistêmi- tável, o Banco considerará com o Mutuário a
cos. O BID exige que seus Mutuários ga- possibilidade de incluir essas oportunidades
rantam que os projetos incluam medidas no projeto, ou integrá-las às estratégias dos
para salvaguardar e, quando possível, países do BID para reforçar seus sistemas
aprimorar habitats naturais, bem como a de governança ambiental e social. Quando
biodiversidade e ecossistemas da região. apropriado, tais oportunidades podem ser uti-

6 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


lizadas para promover maior sustentabilidade para apoiar os esforços do Mutuário no
no desenvolvimento. O BID irá engajar-se cumprimento dos requisitos do ESPF.
com os países para identificar iniciativas e
objetivos estratégicos para abordar priori- 1.6 O BID pode abster-se de financiar um
dades de desenvolvimento nacional, quando projeto por motivos ambientais e so-
apropriado, como parte do diálogo com os ciais e, quando determinados riscos são
países. identificados, não financiará projetos ou
componentes de projetos que violariam
1.5 O Marco de Políticas Ambientais e Sociais os padrões do ESPF, as leis nacionais, ou
(ESPF) do BID estabelece uma abordagem as obrigações dos países segundo trata-
sistemática à gestão de riscos ambientais dos, convenções e acordos internacionais
e sociais que protege as pessoas e o meio relevantes. Este ESPF não representa uma
ambiente e é harmonizada com as melhores renúncia expressa ou implícita aos privilé-
práticas internacionais. O BID apoiará gios e imunidades do BID nos termos do
apenas projetos que atendam aos Contrato que estabelece o BID, convenções
padrões do ESPF de maneira e prazo internacionais ou qualquer lei aplicável,
aceitáveis pelo Banco. Para esse fim, o BID nem fornece direitos contratuais ou outros
presta serviços de assistência técnica, a qualquer parte.
quando necessário,

2 Objetivos e escopo

2.1 Objetivos O ESPF busca contribuir com o jetem, implementem e gerenciem proje-
grande objetivo do BID de alcançar o desen- tos financiados pelo BID.
volvimento sustentável na América Latina y Requerer que os Mutuários apliquem
e no Caribe. O ESPF busca melhorar a sus- uma hierarquia de mitigação para an-
tentabilidade dos projetos de investimento tecipar e evitar impactos adversos so-
financiados pelo BID, por meio da aplicação bre trabalhadores, comunidades e meio
de sólidos padrões de gestão de riscos ambiente, ou onde não for possível evi-
ambientais e sociais. tar, minimizar tais impactos. Onde os
impactos residuais permanecerem, os
2.2 O ESPF tem os seguintes objetivos especí- Mutuários devem compensar/cobrir16 os
ficos: riscos e impactos, conforme apropriado.
y Requerer e fornecer meios para que
y Definir os papéis e responsabilidades do os Mutuários se envolvam com as par-
BID e do Mutuário referentes à gestão tes interessadas (pessoas afetadas pelo
de riscos e impactos ambientais e so-
ciais de projetos financiados pelo BID. 16 Em casos de projetos relacionados a impactos na biodiver-

y Estabelecer padrões ambientais e so- sidade, medidas de compensação não serão aceitáveis para
ciais claros para que os Mutuários pro- alcançar ganhos líquidos em instâncias de habitat críticos.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 7


projeto e outras partes interessadas) estarão fora do escopo de aplicação do ESPF.
durante todo o ciclo do projeto. As operações de Cooperação Técnica (CT)
y Estabelecer uma abordagem operacio- estarão sujeitas ao ESPF apenas no que diz
nal que facilita o engajamento e parce- respeito às disposições específicas estabe-
rias técnicas e financeiras com outras lecidas no parágrafo 4.8 abaixo. Todos as
instituições, públicas ou privadas. outras CT estarão fora do escopo do ESPF.

2.3 Escopo. O ESPF aplica-se a empréstimos 2.4 Para fins de processamento, aprovação e
para investimento,17 subvenções ao investi- supervisão de novas operações, o ESPF
mento e garantias de investimento, incluindo substitui, com exceção de alguns aspectos con-
operações co-financiadas e facilidades asso- vencionais,19 as seguintes Políticas Ambientais
ciadas.18 Apenas os Empréstimos Baseados e Sociais do BID: a Política de Meio Ambiente
em Políticas (PBL) que sejam determinados e Cumprimento de Salvaguardas (OP-703), a
pelo Banco para exigir uma análise ambiental Política de Gerenciamento de Riscos de Desas-
conforme provisões no parágrafo 4.7 abaixo tres (OP-704), a Política de Reassentamento
estarão sujeitos ao ESPF na medida e limi- Involuntário (OP-710), a Política de Igualdade
tados às disposições estabelecidas no de Gênero no Desenvolvimento (OP-761) e a
referido parágrafo 4.7. Todos os outros PBL Política dos Povos Indígenas (OP-765).

3 Papéis e responsabilidades

3.1 O BID está comprometido em ajudar seus


17 Excluindo as operações da Linha de Crédito Contin-
Mutuários no desenvolvimento e implan-
gente para Desastres Naturais e Emergências em Saúde
tação de projetos financiados pelo BID que Pública (ESP), e a Linha de Resposta Imediata a Emer-
são ambiental e socialmente sustentáveis, e a gências Causadas por Desastres Naturais e Inesperados.
melhorar a capacidade dos marcos ambien- 18 As instalações associadas se referem a obras e/ou in-
tais e sociais dos Mutuários para avaliar e fraestrutura novas ou adicionais, independentemente da
gerenciar projetos com riscos e impactos fonte de financiamento, essenciais para o funcionamen-
to de um projeto financiado pelo Banco, como: estradas
ambiental e social. Para este fim, o ESPF
de acesso novas/adicionais, ferrovias, linhas de energia,
define Padrões de Desempenho Ambiental
oleodutos que precisam ser construídos para o projeto;
e Social (ESPS) específicos, que foram campos de construção novos/adicionais ou moradia per-
criados para evitar, minimizar, reduzir, manente para os trabalhadores do projeto; usinas novas/
ou mitigar impactos e riscos ambientais e adicionais necessárias para o projeto; instalações novas/
sociais adversos para projetos financiados adicionais de tratamento de efluentes do projeto, arma-
zéns e terminais marítimos novos/adicionais construídos
pelo BID. Os ESPS descrevem os requisitos
para lidar com as mercadorias do projeto.
que o Mutu-ário deve atender no 19 As políticas ambientais e sociais do BID OP-703, OP-
desenvolvimento e implementação de 765, OP-704 e OP-761 permanecerão em vigor para to-
projetos financiados pelo BID. O Banco dos os assuntos relacionados ao trabalho de integração
fornecerá assistência para os Mutuários do Banco com relação a essas políticas.
para facilitar a aplicação dos ESPS.

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MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS
3.2 Os ESPS são os seguintes: fação do BID, que a escolha de qualquer nível
de desempenho alternativo é consistente com
ESPS 1: Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos os objetivos do ESPF e das EHSGs aplicáveis
Ambientais e Sociais e é improvável que resulte em danos ambien-
tais ou sociais significativos.
ESPS 2: Mão de Obra e Condições de Trabalho

ESPS 3: Eficiência de Recursos e Prevenção de MUTUÁRIOS


Poluição
3.4 Funções e Responsabilidades Gerais do
ESPS 4: Saúde e Segurança da Comunidade Mutuário. O BID exige que seus Mutuários
cumpram as disposições dos ESPS, con-
ESPS 5: Aquisição de Terra e Reassentamento sultem as EHSGs e implementem quaisquer
Involuntário ações e condições adicionais acordadas
no(s) contrato(s) jurídico(s) do projeto e
ESPS 6: Conservação da Biodiversidade e no(s) documento(s) associado(s), inde-
Gestão Sustentável dos Recursos Natu- pendentemente de o projeto ser realizado
rais Vivos diretamente pelo Mutuário ou por terceiros.
Os requisitos gerais para os mutuários estão
ESPS 7: Populações Indígenas descritos abaixo.

ESPS 8: Patrimônio Cultural 3.5 Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos


Ambientais e Sociais: Os mutuários são obri-
ESPS 9: Igualdade de Gênero gados a realizar uma Avaliação Ambiental e
Social das operações propostas para apoio
ESPS 10: Engajamento das partes interessadas e do BID em conformidade com o ESPS 1 e
divulgação de informações preparar e implementar projetos para que
atendam aos requisitos dos ESPS de maneira
3.3 Os Mutuários também usarão como referência e prazo aceitáveis para o BID. Se o projeto
as Diretrizes de Saúde e Segurança Ambiental incluir instalações ou atividades existentes
(EHSGs) do Grupo Banco Mundial, uma vez que não atendem aos requisitos dos ESPS
que estas são boas práticas reconhecidas no momento da aprovação do BID, o BID
internacionalmente (GIIP) para a implemen- exige que o Mutuário adote e implemente
tação dos ESPS 2, 3 e 4. Se níveis ou medidas medidas para que os aspectos materiais
menos rigorosos do que aqueles fornecidos dessas instalações ou atividades atendam
nas EHSGs forem necessários, tendo em vista aos requisitos do ESPS de maneira e prazo
as limitações técnicas ou financeiras limi- aceitáveis pelo BID. Essas medidas de geren-
tadas do Mutuário ou outras circunstâncias ciamento de riscos e impactos ambientais e
específicas do projeto, o BID exigirá que o sociais, acordados pelo Mutuário e o Banco,
Mutuário forneça justificativa completa e deta- farão parte do(s) contrato(s) legal(is) da
lhada para quaisquer alternativas propostas operação e documentação complementar,
por meio dos instrumentos apropriados (por conforme aplicável, e são, portanto, uma
exemplo, uma avaliação ambiental e social). obrigação do Mutuário. Com base no nível
Essa justificativa deve demonstrar, para satis- de risco e impacto do projeto, o BID exige

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 9


que o Mutuário utilize um ou mais instru- suas medidas de gerenciamento de riscos e
mentos de avaliação e gerenciamento de impactos ambientais e sociais. Os Mutuários
riscos e impactos, que podem incluir, entre também devem cumprir todas as obrigações
outros, uma Avaliação de Impacto Ambiental legais e contratuais e requisitos regulatórios
e Social (ESIA), uma Avaliação Ambiental e pertinentes. A extensão do monitoramento
Social Estratégica Avaliações (SESA), Ava- deve ser proporcional aos riscos e impactos
liações Regionais de Impacto Ambiental e ambientais e sociais do projeto e estar em
Social, Avaliação de Riscos de Desastres, conformidade com os requerimentos dos
Plano de Gerenciamento Ambiental e Social, ESPF. De acordo com as circunstâncias
Plano de Reassentamento (RP), Plano de específicas do projeto e considerando a
Gerenciamento de Riscos de Desastres, e natureza dos riscos ambientais e sociais,
um Plano dos Povos Indígenas. o BID pode exigir que o Mutuário envolva
partes interessadas e terceiros, como espe-
3.6 Capacidade organizacional do mutuário: O cialistas independentes, comunidades locais
BID exige que seus Mutuários tenham um Sis- ou organizações da sociedade civil (OSC),
tema de Gestão Ambiental e Social (ESMS) para complementar ou verificar as informa-
adequado ao nível do projeto, proporcional ções de monitoramento do projeto. Onde
ao nível de risco e impactos associados à ope- outras agências ou terceiros forem res-
ração, de acordo com os requisitos do ESPS 1. ponsáveis por gerenciar riscos e impactos
específicos e implementar medidas de miti-
3.7 Engajamento das partes interessadas e gação, o BID exigirá que o Mutuário colabore
divulgação de informações. O BID exige com terceiros para estabelecer e monitorar
que seus Mutuários desenvolvam e imple- medidas de mitigação.
mentem um Plano de Engajamento de
Partes Interessadas (SEP)20 proporcional à 3.9 Relatórios. O BID exige que seus Mutuá-
natureza e escala do projeto e seus riscos e rios relatem ao Banco o cumprimento de
impactos potenciais, de acordo com o ESPS normas aplicáveis, com uma frequência
10. Conforme necessário, os Mutuários reali- acordada, incluindo seu progresso na con-
zarão consultas significativas com as partes secução de objetivos ambientais e sociais e
interessadas 21 , usando formatos acessí- aspectos relacionados à implementação de
veis e divulgarão, como parte da avaliação obrigações legais e contratuais relevantes e
ambiental e social, um registro documentado requisitos regulatórios. Os mutuários também
do envolvimento das partes interessadas, devem facilitar a supervisão e avaliação do
incluindo uma descrição das partes interes- BID durante a execução de uma operação.
sadas consultadas, um resumo do feedback Considerando a natureza geralmente dinâ-
recebido e uma breve explicação de como mica da implementação de uma operação,
o feedback foi levado em consideração ou o BID exige que seus Mutuários notifiquem
os motivos pelos quais não foi.
20 Dependendo da natureza e da escala dos riscos e im-
3.8 Monitoramento e Supervisão. O BID exige pactos do projeto, os elementos de um SEP podem ser
incluídos em um plano de ação e a preparação de um
que seus Mutuários estabeleçam processos
SEP independente pode não ser necessária.
e procedimentos dentro de seus ESMS para 21 A forma de consulta deve ser adaptada à natureza do

monitorar e supervisionar o progresso da projeto, ao seus riscos contextuais, e circunstâncias atuais,


implementação e alcance dos objetivos de salvaguardando a saúde e segurança dos participantes.

10 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


o Banco quando houver mudanças, eventos (iii) assumir suas Auditorias em projetos pro-
ou circunstâncias que alterariam seu status de postos, e em mudanças de projetos durante a
conformidade ou que, de outra forma, pode- vida útil do mesmo, proporcionalmente com
riam alterar o perfil de risco da operação. a natureza e significância potencial dos riscos
e impactos ambientais e sociais do projeto
3.10 Mecanismo de Queixas. O BID exige que os em questão; (iv) como e quando necessário,
Mutuários implementem um mecanismo de apoiar o Mutuário na execução, no engaja-
queixas para receber e ajudar na resolução mento contínuo e na consulta significativa
de quaisquer preocupações e queixas de com partes interessadas, especialmente comu-
partes interessadas (pessoas afetadas pelo nidades afetadas, e no desenvolvimento de
projeto e partes interessadas) que possam mecanismo de queixas dos respectivos pro-
surgir em conexão com o desempenho jetos; (v) auxiliar o Mutuário a identificar
ambiental e social do projeto. O mecanismo métodos e ferramentas apropriadas para ava-
de queixas será proporcional ao nível de liar e gerenciar riscos e impactos ambientais
riscos e impactos do projeto. e sociais em potencial para o nível do pro-
jeto; (vi) estar de acordo com o Mutuário
3.11 Instalações Associadas. O BID exige a apli- sobre condições na qual o Banco está prepa-
cação dos ESPS às instalações associadas, rado para fornecer suporte ao projeto, como
na medida em que o Mutuário tenha con- determinado pelo Plano de Ação Ambiental e
trole ou influência sobre essas instalações Social (ESAP); (vii) monitorar o desempenho
associadas. ambiental e social do projeto de acordo com
as exigências estabelecidas pelo acordo de
3.12 Requisitos específicos e diferenciados empréstimo, o ESAP e os ESPS; e (viii) divulgar
para tipos de operações (intermediários documentos ambientais e sociais produzidos
financeiros, várias obras, operações em pelo Mutuário e pelo Banco.
construção, empréstimos com base em
resultados, empréstimos com base em polí- 3.14 O BID está empenhado em apoiar seus Mutu-
ticas, e cooperação técnica e operações e ários a desenvolver e implementar operações
pré-investimento) estão incluídos na seção que sejam ambiental e socialmente susten-
IV (Provisões para Instrumentos Específicos). táveis. Ele o fará fornecendo orientação e
assistência durante todo ciclo de vida do
projeto, e aumentando sua capacidade de
BANCO INTERAMERICANO DE avaliar e gerenciar riscos e impactos ambien-
DESENVOLVIMENTO tais e sociais no nível do projeto, por meio
de contínuos acompanhamento técnico e
3.13 O BID irá: (i) examinar e classificar as ope- treinamento de mutuários, incluindo cursos
rações de acordo com impactos ambientais e programas on-line, a fim de fortalecer sua
e sociais, e designar uma classificação de capacidade de identificar e gerenciar ade-
risco ambiental e social; (ii) revisar a infor- quadamente os riscos. O BID fornecerá apoio
mação fornecida pelo Mutuário em relação à capacitação de forma proporcional às
aos riscos e impactos sociais e ambientais do
projeto,22 e requerer informação adicional e 22 Por exemplo, estudos de pré-viabilidade, investigação

relevantes quando houver lacunas de dados de escopo, avaliações, licenças e autorizações nacionais
que impeçam o Banco de concluir a Auditoria; ambientais e sociais.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 11


necessidades específicas do mutuário para divulgação de informações do BID. O BID
atender às exigências do projeto23 . revisará a classificação de impacto atribuída
ao projeto, e reclassificará conforme neces-
3.15 Quando necessário, o Banco poderá ofe- sário, com base nos desenvolvimentos no
recer assistência técnica para apoiar a escopo e nos riscos e impactos potenciais
implementação dos requisitos ambientais do projeto encontrados durante a fase de
e sociais em nível de projeto, a fim de for- preparação. O BID divulgará a classificação
talecer a capacidade do Mutuário. O BID da operação e a base dessa classificação ao
também poderá oferecer assistência téc- mesmo tempo que a divulgação dos docu-
nica para implementar a SESA, Avaliações mentos relevantes do projeto. As seguintes
Ambientais e Sociais Regionais, avaliação do classificações de impacto se aplicam:
impacto cumulativo ou outros instrumentos
a montante. O Banco também reconhece y Categoria A: Operações que possam
a importância de fortalecer os sistemas causar impactos ambientais ou sociais
nacionais para o desenvolvimento eficaz e negativos significativos ou ter implica-
estabelecimento da capacidade dos clientes ções profundas que afetam os recursos
para gerir os riscos ambientais e sociais a naturais.
médio e longo prazo. Por conseguinte, o y Categoria B: Operações que tenham o
Banco está empenhado em ajudar os Mutu- potencial de causar principalmente im-
ários a fortalecer esses sistemas através pactos ambientais ou sociais negativos
de operações que melhorem a governança locais e de curto prazo e cujas medidas
ambiental e social dos mesmos. eficazes de mitigação são conhecidas e
estão prontamente disponíveis.
y Categoria C: Operações com probabili-
TRIAGEM E CATEGORIZAÇÃO dade de causar impactos ambientais ou
AMBIENTAL E SOCIAL sociais mínimos ou nulos.
y Operações FI: Operações para as quais
3.16 Classificação de impacto: O BID classifi- a estrutura de financiamento envolve a
cará as operações (incluindo projetos que provisão de recursos através de inter-
envolvem intermediários financeiros, ou mediários financeiros ou através de me-
FIs) em uma das quatro classificações de canismos de entrega que envolvam in-
impacto: A, B, C ou FI. Ao determinar a termediação financeira pelas quais a FI
classificação de impacto apropriada, o BID assume a tarefa de avaliação e monito-
considerará vários aspectos específicos do ramento de subprojetos.
projeto, como tipo, localização, sensibilidade
e escala do projeto; a natureza e magnitude 3.17 Classificação de Risco. Além da classificação
dos riscos e impactos ambientais e sociais de impacto, o BID atribuirá uma classificação
potenciais, incluindo aqueles relacionados de risco, usando uma Classificação de Risco
a desastres naturais e mudanças climáticas; Ambiental e Social (ESRR), que tem base em
e o compromisso, capacidade e o histórico uma classificação de risco em quatro níveis:
do Mutuário de gerenciar impactos ambien- Baixo, Moderado, Substancial e Alto. Essa
tais e sociais de maneira consistente com os
ESPS. Essa classificação de impacto também 23 Com atenção especial a países pequenos e em situa-

orienta alguns aspectos dos requisitos de ção de vulnerabilidade.

12 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


classificação de risco será reavaliada conti- realizada de acordo com os Procedimentos de
nuamente durante todo o ciclo do projeto e Revisão Ambiental e Social (ESRP) do BID. O
ajustada de acordo com os desenvolvimentos BID considerará a adoção de medidas adicio-
e as circunstâncias da implementação e com nais em seu processo de Auditoria, conforme
os resultados do monitoramento e supervisão necessário, para atingir o nível necessário de
do BID. Os principais fatores considerados na informações requeridas para apoiar os requi-
ESRR são causa (impactos ambientais e sociais sitos de seus processos de tomada de decisão.
diretos), contribuição (impactos ambientais e Por meio de sua Auditoria, o BID confirmará
sociais indiretos), bem como áreas adicionais que (i) o Mutuário identificou os principais
de risco que podem ser relevantes para o for- riscos e impactos potenciais de projetos socio-
necimento de medidas e resultados ambientais ambientais, inclusive aqueles relacionados a
e sociais de mitigação. Isso pode incluir con- desastres naturais e mudanças climáticas;
siderações legais e institucionais; a natureza (ii) medidas efetivas a serem adotadas pelo
das medidas de mitigação e tecnologia pro- Mutuário para evitar, minimizar, mitigar ou
postas; estruturas e legislação de governança; compensar os impactos adversos são viá-
e fatores contextuais relacionados à estabili- veis; (iii) o Mutuário entende os requisitos
dade, conflito ou segurança, entre outros. dos ESPS e possui o compromisso, a capaci-
dade e o histórico necessários para gerenciar
3.18 Auditoria. O BID exige que seus Mutuários adequadamente os riscos e impactos sociais
realizem avaliações ambientais e sociais das e ambientais; (iv) o papel de terceiros é defi-
operações propostas para apoio do BID, em nido adequadamente; e (v) as consultas com
conformidade com o ESPS 1. Por sua vez, o as pessoas afetadas pelo projeto e outras
BID realizará sua própria Auditoria ambiental partes interessadas sejam conduzidas de
e social das operações, de acordo com as acordo com os padrões relevantes do BID.
normas do ESPF. O escopo da Auditoria do BID Particularmente, em circunstâncias que exijam
é determinado pela natureza e escopo da ope- o consentimento livre, prévio e informado
ração proposta e será proporcional aos riscos (FPIC) dos povos indígenas sob o ESPS 7, o
e impactos que possam estar associados a ela BID apurará os resultados das consultas sig-
e ao contexto prevalecente do país para sua nificativas e não prosseguirá com nenhuma
implementação. O BID também considerará o atividade para a qual o FPIC dos povos indí-
comprometimento, a capacidade e o histórico genas afetados possa não ser apurado.
do Mutuário e outras entidades envolvidas no
desenvolvimento e implementação da ope- 3.20 Quando forem identificadas lacunas nos
ração, bem como as ações específicas a serem requisitos do ESPF por meio da Auditoria,
implementadas ou adotadas pelo Mutuário o BID concordará com o Mutuário sobre um
para lidar com esses riscos e impactos. ESAP, que define as ações necessárias para
que o projeto atenda aos ESPS em um período
3.19 A Auditoria do BID sobre gerenciamento de específico. O ESAP, se aplicável, fará parte
riscos e impactos ambientais e sociais é inte- do acordo legal. Os resultados do processo
grada à Auditoria geral da operação do BID, de Auditoria do BID serão resumidos em um
incluindo a revisão de riscos materiais que Relatório de Resumo de Revisão Ambiental
podem afetar a sustentabilidade ambiental e e Social (ESRS) que incluirá o ESAP, quando
social da operação, tais como riscos contex- necessário. Um ESRS é obrigatório para todos
tuais e de terceiros. A Auditoria do BID será os projetos de Categoria A, B e FI. O ESRS é

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 13


divulgado ao público de acordo com a Polí- ário não cumpra as obrigações financeiras e
tica de Acesso à Informação do BID. não financeiras estabelecidas na documen-
tação do empréstimo correspondente24. Além
3.21 Monitoramento e Supervisão: o BID monito- disso, o Banco mantém um diálogo contínuo
rará continuamente o desempenho ambiental com seus Mutuários, permitindo que o Banco
e social dos projetos, a fim de avaliar o nível resolva qualquer preocupação que possa ter
de conformidade com os padrões estabe- em relação à implementação de um projeto
lecidos no ESPF e com quaisquer outras financiado pelo BID.
ações acordadas no momento da aprovação
do projeto ou conforme acordado nas ativi- 3.23 O encerramento de um projeto não será
dades de supervisão anteriores. Tais ações alcançado até que medidas e ações esta-
incluem aquelas estabelecidas no ESAP e nas belecidas nos acordos legais (incluindo o
mudanças resultantes de modificação da ela- ESAP) sejam implementadas. Na medida
boração do projeto ou das circunstâncias do em que a avaliação do Banco, no momento
mesmo. A extensão e o modo de monitora- do encerramento do projeto, determine que
mento e supervisão de projetos do BID com tais medidas e ações não foram completa-
relação ao desempenho ambiental e social mente implementadas, o BID determinará se
variarão proporcionalmente aos possíveis outras medidas e ações, incluindo contínuo
riscos e impactos ambientais e sociais de monitoramento e apoio à implementação do
cada projeto. O BID analisará e concordará Banco, são necessárias e possíveis.
com o Mutuário sobre as medidas corretivas
e preventivas necessárias e ações adicio- 3.24 Divulgação de informações: Os documentos
nais requeridas para apoiar a consecução do relacionados ao projeto fornecidos pelo
cumprimento pelo Mutuário dos padrões do Mutuário, produzidos pela Auditoria do BID,
ESPF. Se o Mutuário não cumprir com seus serão divulgados de acordo com a Política de
compromissos ambientais e sociais, o BID Acesso à Informação do BID. O Banco divul-
poderá, na medida do possível, trabalhar com gará a documentação relativa aos riscos e
o Mutuário para alcançar o cumprimento. O impactos ambientais e sociais de todos os
apoio do BID pode incluir o fornecimento projetos classificados como Categoria A ou B,
adicional de assistência técnica, ampliação antes da missão de análise durante a prepa-
do monitoramento pelo Banco, e/ou monito- ração do projeto, de acordo com a Política de
ramento de partes interessadas ou terceiro, Acesso à Informação do BID. Esta documen-
como especialistas independentes, comu- tação refletirá a avaliação e o gerenciamento
nidades locais, organizações da sociedade proposto dos principais riscos e impactos
civil para complementar e verificar as infor- ambientais e sociais do projeto, como a
mações monitoradas do projeto. ESIA, SESA, RP e será fornecida em versão

3.22 Se o Mutuário falhar em restabelecer as obser-


vâncias, o BID exercerá as soluções, conforme 24 De acordo com a documentação de empréstimo do
aplicável, de acordo com as políticas, proce- projeto, o Banco pode realizar as seguintes medidas
corretivas: (i) suspender os desembolsos e (ii) declarar
dimentos e regulamentos do Banco. Nesse
a totalidade do empréstimo, ou uma parte dele, imedia-
sentido, a documentação do empréstimo tamente devida e pagável com juros, comissões e outros
do projeto prevê os remédios que o Banco encargos acumulados até a data do pagamento, poden-
poderá adotar nos casos em que um Mutu- do cancelar a parte não desembolsada do empréstimo.

14 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


preliminar ou final. Para todas as operações avaliação socioambiental ou plano de geren-
no âmbito do ESPF, independentemente de ciamento novo ou adicional desenvolvido
sua classificação, a documentação final ou após a aprovação do projeto, também será
atualizada, incluindo qualquer relatório de divulgada quando disponível.

4
4.1
Provisões para instrumentos específicos

Operações envolvendo intermediários capacidade de implementação e seu ESMS. Em


financeiros. A natureza do financiamento particular, os seguintes requisitos são aplicados:
intermediário significa que os FIs assumirão
a responsabilidade delegada pela avaliação a. As FIs são obrigadas a desenvolver e
de riscos e impactos ambientais e sociais, operar um ESMS que seja proporcional
gerenciamento e monitoramento de riscos ao nível de riscos ambientais e sociais
e impactos, bem como pelo gerenciamento em seu portfólio e às atividades em po-
geral do portfólio. A delegação pode assumir tencial. O ESMS deve incorporar os prin-
várias formas, dependendo de diferentes cípios relevantes do ESPS 1.
fatores, como o tipo de financiamento forne- b. As FIs são obrigadas a aplicar aspectos re-
cido. A eficácia do gerenciamento de riscos levantes do ESPS 2 a seus trabalhadores.
e impactos ambientais e sociais das institui- c. O portfólio financiado com recursos do
ções financeiras será avaliada e monitorada BID cumprirá a lista de exclusão do BID; e
regularmente durante todo o ciclo do projeto. d. As instituições financeiras com portfó-
lios e/ou subprojetos em perspectiva
4.2 Para projetos de FI, o BID realizará a Auditoria que apresentam riscos ambientais ou so-
no FI e em seu portfólio para avaliar (i) as polí- ciais moderados a altos exigirão a apli-
ticas e procedimentos ambientais e sociais cação dos padrões relevantes do ESPF a
existentes no FI e seu comprometimento, subprojetos de risco alto ou substancial25,
capacidade e histórico para implementá-los; para que as FIs sejam elegíveis para o fi-
(ii) questões ambientais e sociais associadas nanciamento com recursos do BID. Nos
ao portfólio existente e provável futuro da FI casos em que um subprojeto inclua ati-
que poderiam expor o BID a riscos ambientais, vidades com riscos ambientais e sociais
sociais e associados; e (iii) medidas necessárias particularmente altos26, a FI encaminhará
para fortalecer o atual sistema de gerencia- o subprojeto ao BID para análise antes de
mento de riscos e impactos ambientais e sociais sua inclusão no portfólio financiado.
da FI. Os requisitos do BID e o escopo de sua
aplicação para clientes de FI dependem da
natureza do investimento e do nível de risco
25 Subprojetos que seriam considerados projetos da ca-
tegoria A ou B, e/ou de risco alto ou substancial se eles
ambiental e social associado às atividades da
fossem diretamente financiados pelo BID.
FI. Para identificar e medir adequadamente 26 Esses incluem, no mínimo, subprojetos que seriam

tais riscos, o BID analisará uma amostra das considerados categoria A e/ou de alto risco, se eles fos-
atividades existentes da FI, bem como sua sem diretamente financiados pelo BID.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 15


4.3 Como parte das atividades de monito- 4.5 Operações em construção. O BID financiará
ramento e supervisão, o BID revisará projetos já em construção apenas se o Mutu-
periodicamente o processo e os resultados ário puder demonstrar que o projeto atende
da Auditoria ambiental e social realizada a todos os requisitos relevantes dos ESPS.
pela FI e a eficácia geral do sistema de Quaisquer requisitos de ESPS que não sejam
gestão ambiental e social da FI. A super- atendidos antes da consideração da Dire-
visão do BID pode incluir visitas no nível da toria para aprovação devem ser incluídos no
FI, bem como a beneficiários de emprés- ESAP enviado ao BID antes da consideração
timos da FI, particularmente no caso de da operação pela Diretoria. O ESAP deve
subprojetos de risco alto ou substancial. A definir as ações e o cronograma associado
frequência e o foco das visitas de supervisão à sua implementação e alocar financiamento
serão proporcionais aos riscos identificados. suficiente para sua implementação.
Para fins de supervisão, o BID exigirá acesso
a todos os documentos e sites relevantes 4.6 Empréstimos com base em resultados (LBR).
para qualquer projeto no portfólio finan- Um LBR contribui para fornecer resultados de
ciado pela FI. um programa governamental novo ou exis-
tente. O LBR é um empréstimo de investimento
4.4 Operações múltiplas de obras. As opera- que financia os custos de atividades (bens,
ções que envolvem um grupo de trabalhos obras e serviços) associados à obtenção de
semelhantes são um componente cada vez tais resultados e desembolsos, uma vez que
mais importante dos empréstimos do BID. esses resultados tenham sido alcançados e
Esses trabalhos geralmente compartilham verificados adequadamente. As atividades que
as seguintes características: (i) são fisica- são categorizadas como Categoria A devido a
mente semelhantes, mas independentes um seus possíveis impactos ambientais ou sociais
do outro; (ii) sua viabilidade não depende adversos, ou que são classificadas como Alto
da execução de nenhum número específico risco ambiental e social, não são elegíveis para
dos projetos de obras; e (iii) seu tamanho financiamento ao abrigo de um LBR. Durante
individual não garante empréstimos diretos a preparação de um LBR, o Banco avaliará a
do BID. O BID exige que uma amostra adequação do ESMS do Mutuário para imple-
representativa de obras específicas (equi- mentar as atividades que o LBR deve financiar
valente a aproximadamente 30% do custo de maneira a atender aos requisitos dos ESPS.
total do projeto) seja totalmente projetada Quando necessário, os ajustes ao ESMS do
antes que as operações sejam consideradas Mutuário serão acordados pelo Banco e incor-
pelo Conselho para aprovação. A auditoria porados ao ESAP. A definição dos indicadores
ambiental e social do BID é realizada com que estão vinculados aos desembolsos e as
base na amostra representativa selecionada. metas correspondentes da LBR também con-
Dada a natureza de tais projetos de múlti- sideram o desempenho ambiental e social e os
plas obras, o BID continuará cumprindo suas resultados intermediários ou finais, conforme
responsabilidades de auditoria por meio apropriado.
do monitoramento da implementação pelo
Mutuário dos componentes relevantes de 4.7 Empréstimos B aseados em Políticas
sua estrutura de gestão ambiental e social (PBLs): Durante a fase de concepção de
e de qualquer outra estrutura necessária, uma operação PBL, o Banco verificará se
conforme apropriado. as reformas políticas e/ou mudanças insti-

16 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


tucionais específicas propostas, apoiadas tratadas antes ou durante a implementação
pela operação, terão efeitos negativos sig- do programa, conforme apropriado. De
nificativos e diretos sobre o ambiente e os acordo com suas políticas e com os acordos
recursos naturais do país. Para os PBLs, isso aplicáveis, o BID monitorará e supervisio-
engloba aspectos sociais, culturais e econô- nará a implementação de quaisquer ações
micos relacionados, na medida em que esses acordadas. O Banco divulgará a documen-
aspectos são derivados de mudanças geo- tação produzida pelo Mutuário relativa à
físicas e/ou bióticas associadas às políticas análise ambiental, de acordo com a Política
de reforma apoiadas por uma determi- de Acesso à Informação do BID. Os PBLs
nada operação. Se o Banco determinar que que não tenham efeitos negativos significa-
um PBL terá tais efeitos, o Documento de tivos e diretos sobre o meio ambiente e os
Projeto deve resumir os resultados da Audi- recursos naturais do país, conforme deter-
toria. Esse resumo deve incluir a análise minado pelo Banco durante sua triagem,
ambiental e as conclusões sobre tais efeitos estarão fora do escopo do ESPF.
e as medidas de mitigação apropriadas,
bem como a capacidade dos sistemas do 4.8 Operações de Cooperação Técnica (CT) e
Mutuário de reduzir e mitigar tais efeitos, pré-investimento: Quando uma operação
e de aumentar os impactos positivos asso- de CT ou de pré-financiamento que financia
ciados às reformas políticas e/ou mudanças estudos de pré-viabilidade ou de viabilidade
institucionais específicas que estão sendo de projetos de investimento específicos inclui
apoiadas pela operação. Se houver lacunas estudos ambientais e sociais, os termos de
ou deficiências significativas nos sistemas do referência e os resultados destes estudos
Mutuário, o documento do projeto também devem ser coerentes com os requisitos apli-
deve descrever como tais questões seriam cáveis do ESPF.

5 Uso da Estrutura do Mutuário

5.1 O BID pode considerar o uso da Estrutura trabalhará com o Mutuário para identificar
Ambiental e Social do Mutuário27 relevante e chegar a acordo sobre medidas e ações
para o projeto, desde que seja provável para suprir as lacunas encontradas para
abordar os riscos e impactos do projeto e
que permita que o projeto alcance objetivos
e resultados equivalentes aos alcançados 27 O Marco de Políticas Ambientais e Sociais do Mutu-

com a aplicação do ESPF (equivalência fun- ário incluirá os aspectos da estrutura política,
jurídica e institucional do país, incluindo instituições
cional).
nacionais, subnacionais ou setoriais de implementação
e leis, regu-lamentos, regras e procedimentos
5.2 O BID analisará a Estrutura Ambiental e aplicáveis, e compro-metimento, capacidade e
Social do Mutuário para avaliar se é fun- histórico de implementação que são relevantes aos
cionalmente equivalente ao ESPF. O BID riscos e impactos ambientais e sociais do projeto.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 17


fortalecer tal estrutura. Os requisitos de 5.3 Todas as medidas e ações acordadas, junta-
ESPS serão aplicados em todas as áreas em mente com os prazos para a conclusão de
que a estrutura não for considerada funcio- tais medidas e ações, farão parte do ESAP
nalmente equivalente. e serão incluídas no contrato de financia-
mento do projeto, conforme aplicável.

6 Modalidades de cofinanciamento de projetos

6.1 Nos casos em que o BID estiver financiando mente equivalentes). O BID exigiria que o
uma operação com outras instituições Mutuário aplicasse a abordagem comum e se
financeiras multilaterais ou bilaterais, esse coordenaria com as partes co-financiadoras
colaborará com o Mutuário e outros cre- para divulgar um conjunto de material relacio-
dores para avaliar a viabilidade de adotar nado ao projeto para o envolvimento da parte
um processo comum de avaliação e impacto interessada. A abordagem comum também
ambiental e social e de impacto e geren- se aplicaria às instalações associadas.
ciamento, bem como uma documentação
unificada (uma “abordagem comum”). 6.3 Caso a caso, o BID pode concordar com a
aplicação de normas técnicas ambientais
6.2 Uma abordagem comum seria aceitável para e sociais de outras instituições financeiras
o BID quando for consistente com os prin- que co-financiam a operação ou uma ins-
cípios de não diluição, proporcionalidade, talação associada, desde que o BID esteja
transparência e orientação para resultados e satisfeito com a equivalência funcional dos
quando permite que o projeto alcance obje- ESPS e inclua medidas de monitoramento
tivos e resultados equivalentes aos obtidos e supervisão que são consistentes com as
com a implementação do ESPF (funcional- do BID.

7 Mecanismo de queixas e prestação de contas

7.1 O BID exige que seus Mutuários implementem 28 Além do Mecanismo de Queixas para as partes inte-

um mecanismo eficiente de queixas28 para ressadas, o BID também exige que seus Mutuários im-
receber e ajudar na resolução de quaisquer pre- plementem um mecanismo de reclamações para os tra-
balhadores (e suas organizações, onde existem) para
ocupações e queixas de partes interessadas que
levantar preocupações no local de trabalho. Mecanismos
possam surgir em conexão com o desempenho de Queixas devem considerar o uso de formatos acessí-
ambiental e social do projeto. O BID acredita que veis para diferentes necessidade físicas, sensoriais e/ou
a pronta consideração e resolução de queixas cognitivas.

18 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


localmente podem fornecer o alívio mais rápido medidas de acompanhamento, quando
para reclamações, esclarecer expectativas e apropriado, levando em consideração a
criar confiança entre as partes interessadas. segurança dos reclamantes como prioridade.

7.2 O BID não tolera retaliação, como ameaças, 8.2 As partes interessadas podem enviar queixas
intimidações, assédio, ou violência contra relacionadas a um projeto financiado pelo
aqueles que expressam suas opiniões ou Banco ao (1) mecanismo de queixas do projeto;
oposição a um projeto financiado pelo BID (2) mecanismos locais apropriados de queixas;
ou a um Mutuário. O BID dá importância a ou (3) diretamente ao BID, que responderá
quaisquer alegações credíveis de represá- dentro de um prazo razoável. Além disso, o
lias. Quando reclamações desta natureza Mecanismo Independente de Consulta e Inves-
surgirem para o BID, este trabalhará para tigação do BID (MICI) 29 fornece um mecanismo
abordá-los com as partes envolvidas, dentro e processo para abordar alegações de danos
do âmbito de seu mandato. Em tais circuns- causados por projetos como resultado do não
tâncias, o BID suscita a preocupação direta cumprimento por parte do BID de uma ou
do Mutuário ou de partes relevantes e toma mais políticas operacionais, incluindo o ESPF.

8 Documentação e acordos relacionados ao projeto

8.1 A documentação e os acordos relacionados os ESPS aplicáveis. Os documentos legais


ao projeto do BID incluirão provisões para também incluirão, conforme aplicável e de
atender aos padrões ambientais e sociais acordo com as políticas, procedimentos e
do BID, conforme estabelecido no ESPF, e regulamentos do Banco, direitos e/ou solu-
requisitos específicos do projeto resultantes ções para o benefício do BID, que o mesmo
da auditoria do Banco, conforme documen- exerceria se o Mutuário não implementar as
tado no Plano de Ação Ambiental e Social medidas ambientais e/ou disposições sociais
(ESAP). Essas provisões e requerimentos consistentes com os requisitos do(s) contra-
devem estar em conformidade com todos to(s) de financiamento do projeto.

9 Revisão da Política

9.1 Essa política será revisada e atualizada,


29 O acesso ao Mecanismo de Consulta e Investigação
conforme necessário, durante sua imple-
Independente do BID não depende da exaustão de
mentação, com o objetivo de incorporar as recursos oferecidos pelo mecanismo de queixa do
melhores práticas, tendências internacionais projeto.
e lições aprendidas.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 19


ANEXO I – LISTA DE EXCLUSÃO AMBIENTAL E SOCIAL
DO BID

O BID não financiará, direta ou indiretamente, por acordos internacionais ratificados rela-
meio de instituições financeiras, projetos envol- cionados à proteção de recursos da bio-
vidos na produção, comércio ou uso dos produtos, diversidade ou patrimônio cultural.
substâncias ou atividades listadas abaixo. Exclu-
sões adicionais podem ser aplicadas no contexto 2. OUTRAS ATIVIDADES
de uma operação específica.
a. Atividades que, embora consistentes com
a estrutura legal e/ou regulamentar de um
1. ATIVIDADES PROIBIDAS país, podem gerar impactos adversos par-

a. Atividades que são ilegais de acordo


30 Os documentos de referencia são: Regulamento CEE
com as leis, regulamentos ou conven-
do Conselho nº 2455/92 de 23 de Julho de 1992 relativo
ções e acordos internacionais ratifica- à exportação e à importação de determinados produtos
dos, ou sujeitas a interrupções ou proi- químicos perigosos, alterado de tempos em tempos; Lis-
bições internacionais, como: ta Consolidada das Nações Unidades de produtos cujo
i. Compostos de bifenilo policlora- consumo e/ou venda foram banidos, retirados do merca-
dos (PCB). do, tiveram sua circulação “severamente restrita” ou não
foram aprovados por órgãos governamentais; Convenção
ii. Produtos farmacêuticos, pestici-
de Roterdã sobre o Procedimento de Consentimento Pré-
das/herbicidas e outras substân- vio Informado Aplicado a Certos Agrotóxicos e Substân-
cias perigosas sujeitas a interrup- cias Químicas Perigosas Objeto de Comércio Internacio-
ções ou proibições internacionais. 30 nal (Convenção de Roterdã); Convenção de Estocolmo
iii. Poluentes Orgânicos Persistentes sobre Poluentes Orgânicos Persistentes; Classificação
(POPs). 31 de Pesticidas por Risco Recomendada pela Organização
Mundial da Saúde; Restrições de Uso e Disponibilidade
iv. Substâncias que destroem o ozônio
de Medicamentos da Organização Mundial da Saúde.
sujeitas a eliminação internacional.32 31 Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos

v. Vida selvagem ou produtos da vida Persistentes, e alterações de 2009.


selvagem regulamentados pela Con- 32 Substâncias que destroem a camada de ozônio

venção sobre Comércio Internacio- (ODSs) são compostos químicos que reagem e destro-
nal de Espécies Ameaçadas de Fauna em a camada de ozônio da estratosfera, resultando nos
divulgados “buracos na camada de ozônio”. O Protocolo
Selvagem e Flora.33
de Montreal lista ODSs e as datas de meta de redução
vi. Comércio transfronteiriço de resí- e eliminação. Os compostos químicos regulados pelo
duos ou produtos residuais, 34 ex- Protocolo de Montreal incluem aerossóis, refrigerantes,
ceto os resíduos não perigosos agentes de expansão na fabricação de espumas, solven-
destinados à reciclagem. tes e agentes de proteção contra incêndios (https://ozo-
vii. Tinta ou revestimentos à base de ne.unep.org/treaties/montreal-protocol).
33 www.cites.org.
chumbo na construção de estrutu- 34 Conforme a Convenção da Basileia (www.basel.int).

ras e rodovias. 35 35 Tintas e revestimentos com concentração total de

b. Atividades que sejam ilegais ao abrigo chumbo maior que 90 ppm ou a concentração limite de-
de leis, regulamentos ou convenções e terminada pelo país anfitrião, o que for menor.

20 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


ticularmente significativos nas pessoas e/ termos de acesso à energia para os
ou no meio ambiente, tais como: pobres e redução de emissões de ga-
i. Armas, munições e outras mercado- ses de efeito estufa (GEE), projetos
rias/tecnologias militares. consistentes com objetivos nacionais
ii. Tabaco. 36 de mudança climática, e onde os ris-
iii. Jogos de azar, cassinos e empreen- cos de ativos retidos são analisados
dimentos equivalentes. 37 adequadamente.
iv. Materiais radioativos. 38
v. Fibras de amianto não ligadas ou
produtos que contenham amianto.
vi. Rede de pesca à deriva no meio ma-
36 Isso não se aplica a projetos cujos objetivos primários
rinho, utilizando redes de mais de
2,5 km de comprimento. não estão relacionados com a produção, comércio e uso
do tabaco.
b. Atividades incompatíveis com os com- 37 Isso não se aplica a projetos cujos objetivos primários

promissos do BID de enfrentar os de- não estão relacionados com a construção e operação
safios das mudanças climáticas e pro- casas de jogos, cassinos ou empreendimentos equiva-
mover a sustentabilidade ambiental e lentes.
38 Isso não se aplica à compra de equipamentos médi-
social, tais como:
i. Mineração térmica de carvão e usi- cos, equipamentos de controle de qualidade (medida) e
qualquer equipamento que pode ser demonstrado que
nas de geração de energia a carvão
a fonte radioativa é trivial e/ou apropriadamente prote-
e instalações associadas. 39 gida.
ii. Projetos de exploração e desenvolvi- 39 Isso se aplica apenas em instalações associadas cujos

mento de petróleo a montante.40 objetivos primários são relacionados à produção, co-


iii. Projetos de exploração e desenvol- mércio e uso de carvão para geração de energia ou para
transmissão de energia gerada por usinas de carvão (por
vimento de gás a montante.41 Em cir-
exemplo, linha de transmissão dedicada).
cunstâncias excepcionais e caso a 40 Exploração e desenvolvimento de petróleo e gás a

caso, será considerado o financia- montante referem-se a todos os passos envolvidos des-
mento de estruturas de gás a mon- de a exploração preliminar até a extração de recursos.
tante onde há um claro benefício em 41 Idem.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 21


ANEXO II – GLOSSÁRIO DO MARCO DE POLÍTICAS
AMBIENTAIS E SOCIAIS

Acessibilidade refere-se à identificação ou eli- Para os fins do ESPF, Mutuário significa todos os
minação de obstáculos e barreiras para fornecer órgãos governamentais responsáveis por aspectos
acesso ao ambiente físico, transporte, informação relacionados a um projeto financiado pelo BID
e comunicação, e outras instalações e serviços. (empréstimos para investimento, subsídios e garan-
tias para investimento), independentemente da fonte
Afrodescendentes são o maior grupo populacional de financiamento, incluindo preparação, implemen-
e o menos visível dos países da ALC, englobando tação, monitoramento e atividades de supervisão.
20% da população total. Os afrodescendentes da
ALC são culturalmente e linguisticamente diver- A descoberta ao acaso (procedimento) é um
sificados. Para o propósito do ESPF, o foco é patrimônio cultural tangível (por exemplo, mate-
no contexto onde afrodescendentes possam ter rial arqueológico) encontrado inesperadamente
status de desvantagem ou vulnerabilidade devido durante a construção ou operação do projeto. Um
a sua raça, etnia ou origem. procedimento de descoberta ao acaso é um proce-
dimento específico do projeto que será seguido se
Capacidade assimilativa refere-se à capacidade do um patrimônio cultural anteriormente desconhecido
ambiente de absorver uma carga incremental de for encontrado durante as atividades do projeto. O
poluentes, permanecendo abaixo de um limiar de risco procedimento de descoberta ao acaso define como
inaceitável para a saúde humana e o meio ambiente. as descobertas ao acaso associadas ao projeto
serão gerenciadas. O procedimento inclui um requi-
As instalações associadas são obras e/ou infraes- sito para notificar as autoridades relevantes sobre
trutura novas ou adicionais, independentemente da objetos ou locais encontrados por especialistas em
fonte de financiamento, essenciais para o funciona- patrimônio cultural; cercar a área de descoberta
mento de um projeto financiado pelo Banco, como: ou locais para evitar mais perturbações; conduzir
estradas de acesso, ferrovias, linhas de energia, oleo- uma avaliação de objetos ou locais encontrados por
dutos novos/adicionais que precisam ser construídos especialistas em patrimônio cultural; identificar e
para o projeto; campos de construção ou moradia implementar ações consistentes com os requisitos
permanente novos/adicionais para os trabalhadores do ESPS 8 e da legislação nacional; e treinar o pes-
do projeto; usinas novas/adicionais necessárias soal do projeto e os trabalhadores do projeto sobre
para o projeto; instalações novas/adicionais de procedimentos de descobertas ao acaso.
tratamento de efluentes do projeto; e armazéns e
terminais marítimos novos/adicionais construídos Mudança climática é uma mudança climática atri-
para lidar com as mercadorias do projeto. buída direta ou indiretamente à atividade humana
que altera a composição da atmosfera global e
Biodiversidade é a variabilidade entre organismos que é, juntamente à variabilidade natural do clima,
vivos de todas as fontes, incluindo, entre outros, observada em períodos comparáveis.
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecos-
sistemas aquáticos, e os complexos ecológicos dos Anexo Coletivo refere-se aos Povos Indígenas cuja
quais fazem parte. Isso inclui diversidade dentro identidade está ligada a habitats distintos ou ter-
de espécies, entre espécies e de ecossistemas. ritórios ancestrais e aos recursos naturais nestes.

22 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


Funções principais de um projeto constituem tura que são propostas para serem usadas para
processos de construção, produção e/ou serviço fins comerciais, como conhecimento cultural, ino-
essenciais para uma atividade específica do pro- vações e práticas de comunidades que incorporam
jeto sem a qual o projeto não poderia continuar. estilos de vida tradicionais.

Habitat Crítico é definido como áreas com alta Impacto cumulativo do projeto é o impacto adi-
importância ou valor para a biodiversidade, cional do projeto quando somado a impactos
incluindo: (i) habitat de importância significa- relevantes de desenvolvimento passados, pre-
tiva para espécies ameaçadas e/ou criticamente sentes e razoavelmente previsíveis, bem como
ameaçadas, vulneráveis ou sob risco de extinção, atividades não planejadas ou previstas permitidas
listados na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas pelo projeto que podem acontecer posteriormente
da União Internacional para a Conservação da ou em um local diferente. Impactos cumulativos
Natureza (IUCN); (ii) habitat de importância signi- podem advir de pequenas atividades individuais,
ficativa para espécies endêmicas e/ou de alcance mas significantemente coletivas, que acontecem
restrito; (iii) habitat que suporta concentrações em um espaço de tempo. Impactos cumulativos
globalmente significativas de espécies migratórias são limitados a impactos geralmente reconhe-
e/ou espécies congregacionais; (iv) ecossistemas cidos como importantes em preocupações de base
altamente ameaçados e/ou únicos; (v) áreas asso- científica e/ou preocupações de pessoas afetadas
ciadas aos principais processos evolutivos; e/ou pelo projeto. Exemplos de impactos cumulativos
(vi) áreas legalmente protegidas ou áreas reco- são: contribuição adicional na emissão de gases
nhecidas internacionalmente como de alto índice na bacia atmosférica; redução do fluxo de águas
de biodiversidade, que pode incluir reservas que em bacias hidrográficas devido a múltiplas reti-
atendem os critérios de Gerenciamento de Áreas radas; aumento do volume sedimentar em bacias
Protegidas de Categoria I a VI da IUCN, patri- hidrográficas; interferência em rotas migratórias
mônios da humanidade, áreas protegidas pela ou deslocamento silvestre; ou mais congestiona-
Convenção de Ramsar sob as Zona Úmidas, áreas mento e acidentes devido ao aumento no tráfego
centrais de Reserva Mundial da Biosfera ou áreas de veículos em estradas comuns.
na Lista Nacional de Parques e Áreas Protegidas
das Nações Unidas, locais listados no Banco de Impacto direto é um impacto causado pela inte-
Dados Mundial de Áreas-Chave de Biodiversi- ração direta de uma atividade do projeto com
dade ou outros locais que cumprem os Padrões um componente ambiental, social ou econômico.
Mundiais de 2016 da IUCN para a identificação
Áreas-Chave de Biodiversidade. Prejudicado ou vulnerável refere-se aos povos ou
aos grupos que possam ter maior probabilidade
Patrimônio cultural refere-se a (i) formas tan- de serem afetados pelos impactos do projeto e/
gíveis de patrimônio cultural, tais como objetos ou mais limitados que outros em sua capacidade
móveis ou imóveis tangíveis, propriedades, sítios, de tirar vantagem dos benefícios do projeto. Esses
estruturas ou grupos de estruturas, com estruturas indivíduos e grupos também têm maior probabili-
arqueológicas (pré-históricas), paleontológicas, dade de serem excluídos/incapazes de participar
históricas, culturais, artísticas, e valores religiosos; plenamente do processo de consulta e, como tal,
(ii) características naturais únicas ou objetos tan- podem exigir medidas e/ou assistência específica
gíveis que incorporam valores culturais, como para fazê-lo. Este status de desvantagem ou vulne-
bosques sagrados, rochas, lagos e cachoeiras; e rabilidade pode ocorrer em virtude da deficiência,
(iii) certas instâncias de formas intangíveis de cul- estado de saúde, status indígena, identidade de

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 23


gênero, orientação sexual, religião, raça, cor, etnia, os benefícios que as pessoas obtêm da regulação
idade, língua, opinião política ou pessoal, origem dos processos ecossistêmicos; (iii) serviços cultu-
nacional ou social, propriedade, nascimento, des- rais, que são os benefícios não materiais que as
vantagem econômica, ou condição social. Outros pessoas obtêm dos ecossistemas; e (iv) serviços
indivíduos e/ou grupos vulneráveis podem incluir de suporte, que são os processos naturais que
pessoas ou grupos em situações vulneráveis, mantêm os outros serviços. Os exemplos são os
incluindo os pobres, os sem-terra, os idosos, as seguintes: (i) os serviços de fornecimento podem
famílias monoparentais, refugiados, pessoas des- incluir alimentos, água doce, madeira, fibras, e
locadas internamente, comunidades dependentes plantas medicinais; (ii) serviços de regulação
de recursos naturais ou outras pessoas deslocadas podem incluir purificação de águas superficiais,
que não possam ser protegidas através da legis- armazenamento e sequestro de carbono, regu-
lação nacional e/ou direito internacional. lação climática, e proteção contra riscos naturais;
(iii) serviços culturais podem incluir áreas naturais
Desastre refere-se a uma grave perturbação do que são locais sagrados e áreas importantes para
funcionamento de uma sociedade, comunidade recreação e prazer estético; e (iv) os serviços de
ou projeto, causando perdas humanas, mate- apoio podem incluir formação do solo, ciclagem
riais, econômicas ou ambientais generalizadas ou de nutrientes, e produção primária.
graves que excedam a capacidade de reação da
sociedade, comunidade ou projeto afetado utili- Risco Ambiental e Social é a combinação da gravi-
zando os seus próprios recursos. dade esperada de (i) um projeto que pode causar
ou contribuir para um potencial impacto ambiental
Gestão de risco de desastres é o processo sis- e social adverso, ou (ii) problemas que podem
temático que integra a identificação, redução e afetar negativamente o fornecimento de medidas
transferência do risco, assim como a prontidão e resultados de mitigação ambiental e social; e a
de desastres para reduzir os impactos de futuros probabilidade de ocorrer um ou ambos os casos.
desastres. Ela incorpora a resposta de emer-
gência, reabilitação e reconstrução para diminuir Diretrizes de Segurança, Meio Ambiente e Saúde
os impactos dos desastres atuais enquanto evita do Trabalho são documentos de referência téc-
a reconstrução da vulnerabilidade. nica com declarações gerais e específicas do
setor de boas práticas internacionais. As EHSGs
Assalariamento disfarçado ocorre quando o contêm os níveis de desempenho e as medidas
empregador trata o indivíduo de outra forma que que geralmente são consideradas realizáveis ​​em
não como empregado, de maneira a mascarar seu instalações novas pela tecnologia existente a
verdadeiro status legal de empregado, em hipó- custos razoáveis.
teses onde as disposições contratuais têm efeito
de privar o trabalhador de devida proteção. Viabilidade financeira baseia-se em considerações
comerciais, incluindo magnitude relativa do custo
Serviços do ecossistema são os benefícios que incremental da adoção de medidas e ações em com-
as pessoas, incluindo as empresas, comunidades paração com os custos de investimento, operação
e a sociedade como um todo, obtêm dos ecossis- e manutenção do projeto e se esse custo incre-
temas. Os serviços do ecossistema são organizados mental pode inviabilizar o projeto para o Mutuário.
em quatro tipos: (i) serviços de provisionamento,
que são os produtos que as pessoas obtêm dos Despejo forçado é definido como a remoção
ecossistemas; (ii) serviços reguladores, que são permanente ou temporária contra a vontade de

24 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


indivíduos, famílias e/ou comunidades das casas prudência e previsão que seria razoavelmente
e/ou terras que eles ocupam, sem a provisão e esperado de profissionais qualificados e expe-
acesso a formas apropriadas de direito e outra rientes envolvidos no mesmo tipo de empresa
proteção, incluindo todos os procedimentos e sob as mesmas ou similares condições globais
princípios aplicáveis no ESPS 5. ou regionais. O resultado desse exercício deve
ser o fato de o projeto empregar as tecnologias
Gênero é a construção social que classifica uma mais adequadas nas circunstâncias específicas
pessoa como homem, mulher ou outra identidade. do projeto.

Identidade de gênero é o sentimento interno Gases de Efeito Estufa são definidos pela Conven-
em uma pessoa de ser homem, mulher, outro, ou ção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança
ambos. A identidade de gênero de uma pessoa do Clima (CQNUMC) como a emissão de gases
pode ou não corresponder ao sexo designado no atmosféricos responsáveis por causar aqueci-
nascimento. Identidade de gênero é subjetivo e mento global e mudança climática. O maior GEE é
auto-definido. o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido
nitroso (N 2 O). Os gases de efeito estufa menos
Empoderamento de gênero significa a expansão predominantes, mas muito poderosos, são hidro-
dos direitos, recursos e capacidade das pessoas fluorocarbonetos (HFCs), perfluorocarbonetos
de todos os gêneros para tomar decisões e agir (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6).
de forma independente nas esferas social, econô-
mica e política. O termo inclui o empoderamento Habitat é definido como uma unidade geográfica
das mulheres, considerando aspectos de direitos ou via aérea terrestre, de água doce ou marinha
humanos e desenvolvimento de pessoas de todos os que suporta aglomerações de organismos vivos
gêneros, através da eliminação de barreiras sociais, e suas interações com o ambiente não-vivo. Os
econômicas e políticas para pessoas marginalizadas. habitats variam em sua sensibilidade quanto aos
impactos e nos vários valores que a sociedade
Igualdade de gênero significa que as pessoas de lhes atribui.
todos os gêneros desfrutam das mesmas condi-
ções e oportunidades para exercer seus direitos Poluição histórica é definida como a poluição de
e alcançar seu potencial social, econômico, polí- atividades passadas que afetam os recursos ter-
tico e cultural. O ESPF reconhece que a busca pela restres e hídricos para os quais nenhuma parte
igualdade requer ações voltadas para a equidade, assumiu ou recebeu a responsabilidade de abordar
o que implica fornecer e distribuir benefícios e/ou e executar o reparo necessário.
recursos de maneira a diminuir as diferenças de
gênero existentes, reconhecendo que a existência Povos Indígenas refere-se a outros termos em
dessas diferenças pode prejudicar as pessoas de diferentes países com “povos originais” (pueblos
todos os gêneros. A desigualdade de gênero limita originários), “povos autóctones” (pueblos autóc-
a capacidade dos indivíduos afetados de participar tonos), habitantes de municípios (comarcas) ou
e se beneficiar das oportunidades derivadas de reservas (resguardos) indígenas, ou qualquer
projetos, além de resistir, lidar e recuperar-se dos outra população indígena reconhecida na América
impactos adversos que os projetos podem gerar. Latina e no Caribe. No ESPF, o termo “Povos Indí-
genas” é usado em senso genérico para se referir
Boas Práticas Internacionais da Indústria é o a povos com características sociais e culturais dis-
exercício de habilidade profissional, diligência, tintas em diversos níveis: (i) auto-identificação

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 25


como membros de um grupo indígena cultural outras em sociedade, de forma que essa categoria
distinto e reconhecimento de sua identidade por (por exemplo, raça, etnia, deficiência) não pode
outros; (ii) vínculo coletivo de habitats geografi- ser entendida isolada de outras (por exemplo,
camente distintos, ou territórios ancestrais na área identidade de gênero). Enquanto algumas iden-
do projeto, ou dos recursos naturais desses habi- tidades podem gerar exclusão, outras podem
tats e territórios; (iii) leis e instituições culturais, trazer privilégio. Considerar a interseccionali-
econômicas, sociais e políticas tradicionais que dade é importante, pois certos indivíduos acabam
são distintas daquelas da sociedade ou cultura estando sujeitos a múltiplas formas de exclusão.
convencional; (iv) linguagem ou dialeto próprio,
normalmente diferente da (s) língua (s) oficial (ais) Reassentamento involuntário é a aquisição de
de um país ou da região que residem. terra relacionada ao projeto ou restrições ao uso
da terra que podem causar deslocamento físico
Impacto indireto é o impacto que não é cau- (realocação, perda de terreno residencial ou perda
sado diretamente pela atividade do projeto, mas de abrigo), deslocamento econômico (perda de
contribuído por tal atividade, com frequência à terreno, bens ou acesso a bens, incluindo aqueles
distância, ou que têm como resultado uma trilha que levam à perda de fontes de renda ou outros
de impacto complexa. Outros fatores e terceiros meios de subsistência), ou ambos. O reassen-
fora do controle direto do projeto são também tamento é considerado involuntário quando as
fatores associados. pessoas afetadas pelo projeto não têm ou não
podem exercer o direito de recusar a aquisição de
Gerenciamento Integrado de Pragas refere-se a terras ou restrições ao uso da terra que resultam
uma mescla de práticas de controle de pragas, em deslocamento físico ou econômico.
baseada em ecologia e orientada a agricultores,
que busca reduzir a dependência de pesticidas Aquisição de terras refere-se a todos os métodos
químicos sintéticos. Envolve (i) gerenciar pragas de obtenção de terras para fins de projeto, que
(mantendo-as abaixo de níveis economicamente podem incluir compra imediata, expropriação de
prejudiciais), em vez de tentar erradicá-las; propriedade e aquisição de direitos de acesso,
(ii) integrar vários métodos (baseando-se, na como servidões ou direitos de passagem. A aqui-
medida do possível, em medidas não químicas) sição de terras também pode incluir: (i) aquisição
para manter baixas as populações de pragas; de terras desocupadas ou não utilizadas, indepen-
e (iii) selecionar e aplicar pesticidas, quando dentemente de o proprietário depender ou não
devam ser utilizados, de forma a minimizar os nessas terras para fins de renda ou subsistência;
efeitos adversos em organismos benéficos, (ii) reintegração de posse de terras públicas que
humanos e o meio ambiente. sejam usadas ou ocupadas por indivíduos ou
famílias; e (iii) impactos do projeto que resultam
Gerenciamento Integrado de Vetores é um pro- na submersão da terra ou de outro modo inutili-
cesso racional de tomada de decisão para o uso zável ou inacessível. “Terra” inclui qualquer coisa
ideal de recursos para controle de vetores. A que cresça ou esteja permanentemente fixada na
abordagem busca melhorar a eficácia, relação terra, como lavouras, edifícios e outras melhorias,
custo-benefício, solidez ecológica e sustentabi- e massas de água pertinentes.
lidade do controle de vetores de doenças.
Subsistência refere-se a toda a gama de meios
Interseccionalidade refere-se a como catego- que indivíduos, famílias e comunidades utilizam
rias de identidades diferentes interagem com para ganhar a vida, como renda baseada em salá-

26 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


rios, agricultura, pesca, forragem, outros meios de terra, maremotos, erupções vulcânicas, inun-
de subsistência baseados em recursos naturais, dações, incêndios florestais e secas ou uma
pequeno comércio e troca/escambo. combinação dos mesmos, bem como aqueles
associados às mudanças climáticas.
Consulta significativa é o processo mútuo que esta-
belece as necessidades, valores e preocupações Poluição refere-se a poluentes químicos perigosos
do público, fornece uma oportunidade genuína de e não perigosos nas fases sólida, líquida ou gasosa
influenciar na tomada de decisões, e usa métodos e inclui outros componentes como descarga tér-
variados e personalizados de envolvimento que pro- mica na água, emissões de poluentes climáticos de
movem e mantêm o diálogo justo e aberto entre curta duração, odores incômodos, ruído, vibração,
as duas partes. A consulta significativa está melhor radiação, energia eletromagnética e criação de
definida em detalhes no ESPS 10, parágrafo 22. possíveis impactos visuais, incluindo a luz.

Hierarquia de mitigação é uma ferramenta comu- Princípio do “além de não prejudicar, faça o
mente aplicada nas Avaliações de Impacto Ambiental bem” é uma abordagem que facilita a melhoria
que ajuda a gerenciar riscos. Inclui medidas tomadas da sustentabilidade social e ambiental além da
para evitar impactos desde o início das atividades mitigação de impactos adversos gerados por
de desenvolvimento e, quando isso não for pos- operações do BID.
sível, implementar medidas que minimizem, e então
restabeleçam e, como último recurso, compensem Princípio da não diluição é uma abordagem que
possíveis impactos adversos residuais. permitiria alcançar objetivos e resultados equiva-
lentes aos do ESPF.
Os habitats modificados são áreas que podem
conter uma grande proporção de espécies vege- Princípio da orientação para resultados é uma
tais e/ou animais de origem não nativa e/ou abordagem com forte ênfase em resultados e
onde a atividade humana modificou substan- implementação efetiva de resultados, inclusive
cialmente as funções ecológicas primárias de para operações sem investimentos claramente
uma área e a composição de espécies. Os habi- projetados no momento da aprovação.
tats modificados podem incluir, por exemplo,
áreas gerenciadas para agricultura, plantações Princípio do “poluidor pagador” é a abordagem
florestais, zonas costeiras recuperadas e áreas em que aqueles que produzem a poluição devem
úmidas recuperadas. arcar com os custos da gestão de danos à saúde
humana e ao meio ambiente.
Os habitats naturais são áreas compostas de
agrupamentos viáveis de espécies vegetais e/ou Princípio da proporcionalidade é o princípio pelo
animais de origem amplamente nativa e/ou onde qual as responsabilidades do BID e os requisitos
a atividade humana não tenha modificado essen- técnicos para os Mutuários seriam proporcionais
cialmente as funções ecológicas primárias de uma ao nível de risco do projeto. Projetos com maiores
área e a composição de espécies. riscos exigiriam mais esforço e recursos do que
aqueles com níveis de risco mais baixos.
Perigo natural refere-se a perigos naturais ou
fenômenos que afetem a biosfera e que possam Princípio da Transparência abrange um processo
constituir um evento prejudicial. Tais riscos incluem colaborativo e transparente no qual informações
terremotos, tempestades, furacões, deslizamentos adequadas e oportunas são fornecidas a todas

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 27


as partes interessadas e com oportunidades e semelhante. O método de avaliação para deter-
mecanismos para fornecer feedback, preocupa- minar o custo de reposição deve ser documentado
ções e consultas. e incluído nos planos de reassentamento e/ou
restauração de meios de subsistência aplicáveis.
Fornecedores primários são os fornecedores
que, continuamente, fornecem diretamente bens Represálias incluem intimidações, ameaças,
ou materiais essenciais ao projeto, para suas fun- assédio, punições, procedimentos judiciais ou
ções principais. qualquer outro ato de retaliação contra aqueles
que expressam suas opiniões ou oposição a pro-
Projeto, para os fins do ESPF, refere-se a qual- jetos financiados pelo BID, a terceiros relacionados
quer empréstimo de investimento financiado pelo ao projeto, ou ao Mutuário. Outros termos comu-
BID, subvenção ao investimento ou garantia de mente utilizados referentes a represálias são
investimento, independentemente da fonte de sanção, advertência e retaliação.
financiamento, com exceção das operações sob
o Mecanismo de Crédito Contingente para Desas- Restrições ao uso da terra são limitações ou
tres Naturais. proibições no uso de terras agrícolas, residen-
ciais, comerciais ou outras que sejam diretamente
Trabalhador do projeto refere-se ao seguinte: introduzidas e efetivadas como parte do projeto.
(i) pessoas empregadas ou contratadas direta- Isso pode incluir restrições ao acesso a parques
mente pelo Mutuário (incluindo o proponente e áreas protegidas designadas legalmente, restri-
do projeto e as agências de implementação ções ao acesso a outros recursos de propriedades
do projeto) para trabalhar especificamente em comuns, e restrições ao uso da terra em servidões
relação ao projeto (trabalhadores diretos); (ii) ou zonas de segurança.
pessoas empregadas ou contratadas por meio
de terceiros para executar trabalhos relacio- Segurança da posse significa que as pessoas afetadas
nados às principais funções do projeto por um pelo projeto que são reassentadas sejam reassen-
período substancial (trabalhadores contratados); tadas em um sítio que elas podem ocupar legalmente
e (iii) trabalhadores contratados pelos princi- e onde estão protegidas contra o risco de despejo.
pais fornecedores do Mutuário (trabalhadores de
suprimentos primários). Isso inclui trabalhadores Sexo refere-se ao status biológico de uma pes-
em tempo integral, tempo parcial, temporários, soal e é tipicamente categorizado como homem,
sazonais e migrantes. Trabalhadores migrantes mulher ou intersexo. Existe vários indicadores do
são trabalhadores que tenham migrado de um sexo biológico, incluindo cromossomos, gônadas,
país para outro ou de uma parte do país para órgão reprodutivos internos e genitália externa.
outra para fins de emprego.
Violência sexual ou de gênero (VSG) refere-se a
Custo de reposição é o valor de mercado dos qualquer ato praticado contra a vontade de uma
ativos mais os custos de transação (por exemplo, pessoa e é baseado em normas de gênero e na
impostos e taxas legais). Ao aplicar esse método desigualdade das relações de poder. Ela engloba
de avaliação, a depreciação de estruturas e ativos ameaças de violência, coerção e assédio. Pode
não deve ser levada em consideração. Valor de ser de natureza física, emocional, psicológica
mercado é definido como o valor necessário para ou sexual, e pode tomar a forma de privação de
permitir que as pessoas afetadas pelo projeto recursos ou acesso a eles. Esta causa danos em
substituam os ativos perdidos por ativos de valor pessoas de todos os gêneros.

28 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


Stakeholder (parte Interessada) refere-se a indi- se localiza, mas não tem necessariamente natu-
víduos ou grupos, incluindo comunidades locais, reza global. Exemplos incluem operações que
derivadas ou transfronteiriças que: (i) são afetados afetem os cursos d’água, bacias, recursos mari-
ou provavelmente serão afetados pelo projeto nhos costeiros, espécies migratórias, corredores
(“pessoas afetadas pelo projeto”) e; (ii) pode ter ecológicos, bacias atmosféricas e aquíferos regio-
interesse no projeto (“outras partes interessadas”). nais de outros países.

Viabilidade técnica é determinada baseada em Acesso universal significa acesso irrestrito para
se as medidas e ações propostas podem ser pessoas de todas as idades e habilidades em dife-
implementadas com habilidades, equipamentos rentes situações e várias circunstâncias.
e materiais disponíveis comercialmente, levando
em consideração fatores locais predominantes, Exploração e desenvolvimento de petróleo e
como clima, geografia, demografia, infraestrutura, gás a montante referem-se a todos os passos
segurança, governança, capacidade, e confiabili- envolvidos desde a exploração preliminar até a
dade operacional. extração de recursos.

Terceiros podem incluir empreiteiros, subem- Pessoas/grupos vulneráveis são pessoas ou


preiteiros, corretores, agentes ou intermediários, grupos de pessoas que podem ser mais afetadas
bem como, mas não limitado a, outras agências adversamente pelos impactos do projeto do que
governamentais e autoridades públicas (que não outros em virtude de características como defici-
sejam aquelas que estão executando o projeto ou ência, estado de saúde, status indígena, identidade
o Mutuário), especialistas independentes, comuni- de gênero, orientação sexual, religião, raça, cor,
dades locais ou organizações da sociedade civil. etnia, idade, linguagem, opiniões pessoais ou
políticas, origem nacional ou social, proprie-
Povos tradicionais são grupos ou comuni- dade, nascimento, desvantagem econômica, ou
dades que possuem padrões de propriedade e condição social. Outros indivíduos e/ou grupos
uso da terra que reconhecem a lei consuetudi- vulneráveis podem incluir pessoas ou grupos em
nária, direitos consuetudinários de propriedade situações vulneráveis, incluindo os pobres, os
de acordo com suas estruturas de cosmovisão e sem-terra, os idosos, as famílias monoparentais,
governança. Essas estruturas são culturalmente refugiados, pessoas deslocadas internamente,
distintas, tradicionalmente possuídas e frequen- comunidades dependentes de recursos naturais
temente mantidas em comunidade. Exemplos de ou outras pessoas deslocadas que não possam
comunidades de povos tradicionais na América ser protegidas através da legislação nacional e/
Latina incluem quilombolas, palenques, caboclos ou direito internacional.
e riberinhos. Para os fins do ESPF, os povos tradi-
cionais são tratados como povos indígenas. Vulnerabilidade é uma condição determinada por
fatores ou processos físicos, sociais, econômicos
Impactos transfronteiriços estendem-se para e ambientais, que aumentam a suscetibilidade de
além das fronteiras do país em que o projeto uma comunidade ao impacto dos perigos.

MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS 29


PARTE 2
PADRÕES DE
DESEMPENHO
AMBIENTAL E
SOCIAL
PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos


Ambientais e Sociais:
PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 33

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 1 ressalta a importância de gerenciar


o desempenho ambiental e social ao longo da vida de um projeto. Um Sistema de Gestão
Ambiental e Social eficaz (ESMS) é um processo dinâmico e contínuo iniciado e apoiado pelo
Mutuário, e envolve o comprometimento entre o Mutuário, seus trabalhadores, o pessoas
afetadas pelo projeto e, quando apropriado, outras partes interessadas.42 Com base nos ele-
mentos do processo de gerenciamento estabelecido de “planejar, executar, verificar e agir”,
o ESMS envolve uma abordagem metodológica para gerenciar riscos ambientais e sociais43
e impactos44 de maneira sistemática e estruturada de forma contínua. Um bom ESMS apro-
priado à natureza e escala do projeto promove um desempenho ambiental e social sólido e
sustentável e pode levar a melhores resultados financeiros, sociais e ambientais.

2 Às vezes, a avaliação e o gerenciamento de certos riscos e impactos ambientais e sociais


podem ser de responsabilidade de terceiros sobre os quais o Mutuário não tem controle ou
tem influência limitada.45 Exemplos de onde isso pode acontecer incluem: (i) quando deci-
sões de planejamento antecipadas já foram tomadas por terceiros que afetam a seleção e/ou
o design do local do projeto; e/ou (ii) quando ações específicas diretamente relacionadas ao
projeto são realizadas por terceiros, como o fornecimento de terras para um projeto que pode
ter envolvido anteriormente o reassentamento de comunidades ou indivíduos e/ou levado à
perda de biodiversidade. A implementação eficaz do ESMS do Mutuário deve identificar as
diferentes entidades envolvidas e os papéis que eles desempenham, os riscos correspon-
dentes que apresentam ao projeto e as oportunidades de colaborar com esses terceiros a fim
de ajudar a alcançar resultados ambientais e sociais que sejam consistentes com os requi-
sitos ambientais e padrões de desempenho social. Além disso, este ESPS apoia o uso de um
mecanismo eficaz de queixas que pode facilitar a indicação precoce e a pronta remediação
para aqueles que acreditam que foram prejudicados pelas ações de um Mutuário.

3 Os projetos devem ser implementados com o devido respeito aos direitos humanos, o que
significa evitar violar os direitos humanos de terceiros e lidar com os impactos negativos dos
direitos humanos com os quais o projeto pode causar ou contribuir. Cada um dos ESPS possui
elementos relacionados às dimensões de direitos humanos que um projeto pode enfrentar
no curso de suas operações. A Auditoria contra esses ESPS permitirá ao Mutuário abordar
muitas questões relevantes de direitos humanos em seu projeto.

42 Outras partes interessadas, também denominadas “outras partes interessadas relevantes”, são aquelas que não são
diretamente afetadas pelo projeto, mas que tenham interesse nele. Isso pode incluir autoridades nacionais e locais,
projetos vizinhos e/ou organizações não-governamentais.
43 Risco ambiental e social é a combinação da gravidade esperada de (i) um impacto social e ambiental potencialmente

adverso que um projeto pode causar ou contribuir, ou (ii) questões que podem afetar negativamente a prestação de
medidas e resultados de mitigação social e ambiental e a probabilidade de quaisquer ou ambos ocorrerem.
44 Os impactos ambientais e sociais se referem a qualquer mudança, potencial ou real, para (i) o ambiente físico, natu-

ral ou cultural e (ii) impactos na comunidade e nos trabalhadores do entorno, resultantes da atividade comercial a ser
apoiada.
45 Os Contratados mantidos ou atuando em nome do Mutuário são considerados sob controle direto do Mutuário e não

são considerados terceiros para os fins deste ESPS.


OBJETIVOS forme apropriado, incluir aspectos desde
os estágios iniciais do desenvolvimento até
y Identificar e avaliar riscos e impactos o ciclo de vida inteiro (design, construção,
ambientais e sociais do projeto. comissionamento, operação, desativação,
y Adotar uma hierarquia de mitigação e fechamento ou, se aplicável, pós-fecha-
uma abordagem cautelar para antecipar mento) de um projeto. Os requisitos deste
e evitar impactos adversos sobre traba- ESPS se aplicam a todos os projetos, a menos
lhadores, comunidades e meio ambien- que indicado de outra forma nas limitações
te, ou onde não for possível evitar, mi- específicas descritas em cada um dos pará-
nimizar46 e, onde permanecerem os im- grafos abaixo.
pactos residuais, compensar os riscos e
impactos, conforme apropriado.
y Promover melhor desempenho ambien- EXIGÊNCIAS
tal e social dos Mutuários por meio do
uso eficaz de sistemas de gestão. Avaliação Ambiental e Social e Sistema
y Garantir que as queixas das pessoas afe- de Gestão:
tadas pelo projeto e as comunicações
externas de outras partes interessadas 5. O Mutuário, em coordenação com outras
sejam respondidas e gerenciadas ade- agências governamentais e terceiros, con-
quadamente. forme o caso, 48 conduzirá um processo de
y Promover e fornecer meios para o envol- avaliação ambiental e social e estabelecerá
vimento adequado com as pessoas afe- e manterá um ESMS apropriado à natu-
tadas pelo projeto e outras partes inte- reza e escala do projeto e proporcional ao
ressadas ao longo do ciclo do projeto nível de seus riscos e impactos ambientais
em questões que possam potencialmen- e sociais. O ESMS incorporará os seguintes
te afetá-las e garantir que as informa- elementos: (i) estrutura específica ao pro-
ções ambientais e sociais relevantes se- jeto ambiental e social; (ii) identificação
jam divulgadas e disseminadas. de riscos e impactos; (iii) programas de
gestão; (iv) capacidade e competência
organizacional; (v) preparação e resposta
ESCOPO DE APLICAÇÃO a emergências; (vi) engajamento de partes
interessadas; e (vii) monitoramento e revisão.
4. Este ESPS se aplica a todos os projetos de
financiamento de investimentos. Para os
46 As opções aceitáveis para minimizar variarão e inclui-
fins deste ESPS, o termo “projeto” refere-se
rão: diminuir, retificar, reparar e/ou restaurar impactos,
a um conjunto definido de componentes, conforme apropriado. A hierarquia de mitigação de ris-
incluindo aqueles em que algumas ativi- cos e impactos é discutida e especificada no contexto
dades, aspectos e instalações específicas dos ESPS 2 a 10, quando relevante.
47 Por exemplo, projetos que consistem em um conjunto
suscetíveis de gerar riscos e impactos ainda
de subprojetos, em que alguns são totalmente definidos
não foram totalmente definidos 47 e para
no momento da aprovação, enquanto outros permane-
os quais os riscos ambientais e requisitos
cem por definir, sujeitos a critérios de seleção e elegibili-
de auditoria social serão implementados dade de subprojetos.
no futuro, após a aprovação do projeto. 48 Ou seja, as partes legalmente obrigadas e responsá-

Os componentes do projeto podem, con- veis por avaliar e gerenciar riscos e impactos específicos.

34 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


6. O Mutuário considerará os riscos e impactos rela- parágrafo 19 deste ESPS para requisitos de
cionados aos direitos humanos, gênero e riscos competência). O tipo, escala e localização
naturais e mudança climática durante todo o do projeto orientam o escopo e o nível de
processo de avaliação. Quando apropriado, esforço dedicado ao processo de identi-
o Mutuário complementará sua avaliação ficação de riscos e impactos. O escopo
ambiental e social com estudos adicionais do processo de identificação de riscos e
focados em tais riscos e impactos específicos. impactos será centrado na aplicação da hie-
rarquia de mitigação e será consistente com
as boas práticas internacionais da indústria
Estrutura Específica ao Projeto e determinará os métodos e ferramentas de
Ambiental e Social avaliação apropriadas e relevantes. O pro-
cesso pode compreender uma avaliação de
7. O Mutuário estabelecerá uma Estrutura impacto social e ambiental em larga escala,
Ambiental e Social abrangente, definindo os uma avaliação ambiental e social limitada ou
objetivos e princípios ambientais e sociais que focada ou aplicação direta de localização
orientam o projeto para alcançar um desem- ambiental, padrões de poluição, critérios
penho ambiental e social sólido.49 A estrutura de projeto ou padrões de construção. 50
inclui o processo de avaliação e gerencia- Quando o projeto envolve instalações exis-
mento ambiental e social, e especifica que tentes, auditorias ambientais e/ou sociais
o projeto cumprirá as leis e regulamentos ou avaliações de risco/perigo podem ser
aplicáveis das jurisdições em que está sendo apropriadas e suficientes para identificar
realizado, incluindo aquelas que imple- riscos e impactos. Se algumas instalações
mentam as obrigações aplicáveis aos países existentes ou atividades não cumpram com
sob o direito internacional. A estrutura deve as obrigações do ESPF, o Mutuário adotará
ser consistente com os princípios dos ESPS. e implementará medidas para cumprir os
Sob algumas circunstâncias, os Mutuários requisitos. Se algumas atividades do pro-
também podem assinar outros padrões, jeto a serem financiadas ainda não tiverem
esquemas de certificação ou códigos de sido totalmente definidas, o processo de
práticas internacionalmente reconhecidos, e auditoria ambiental e social aplicável a
esses também devem ser incluídos na estru- essas atividades do projeto será imple-
tura. A estrutura indicará quem, dentro da mentado no futuro, quando as atividades
organização do Mutuário, será responsável estiverem definidas o suficiente para per-
por sua execução (com referência a um órgão
governamental responsável apropriado ou a
49 Este requisito é uma estrutura independente e espe-
um terceiro, conforme necessário). O Mutu-
cífica do projeto e não se destina a afetar (ou exigir al-
ário comunicará a estrutura a todos os níveis teração de) políticas existentes que o Mutuário possa ter
relevantes de sua organização. definido para outros projetos ou políticas ambientais e
sociais que possam ter sido estabelecidas por diferentes
níveis do governo (nacional/regional/local).
50 Para desenvolvimentos em zonas verdes ou grandes ex-
Identificação de riscos e impactos
pansões com componentes, aspectos e instalações especí-
ficos que possam gerar potenciais impactos ambientais ou
8. O Mutuário estabelecerá e manterá um pro- sociais significativos, o Mutuário realizará uma abrangente
cesso para identificar os riscos e impactos Avaliação de Impacto Ambiental e Social, incluindo um
ambientais e sociais do projeto (consulte o exame de alternativas, além da alternativa do não-projeto.

PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 35


mitir que a avaliação necessária ocorra. individuais ou comunitárias que poderiam
O processo de identificação de riscos e ser causadas ou aumentadas pelo projeto;52
impactos será baseado em parâmetros de (vii) impactos sociais e econômicos adversos
dados ambientais e sociais recentes, com relacionados à apropriação ou restrição
um nível adequado de detalhes. de uso involuntário de terras; (viii) riscos
e impactos associados à posse e uso de
9. O processo considerará todos os riscos e recursos naturais e da terra, 53 incluindo
impactos ambientais e sociais relevantes (quando relevante) impactos potenciais do
diretos, indiretos e cumulativos do pro- projeto nos padrões de uso da terra local
jeto, incluindo os problemas identificados ou nos arranjos de posse, disponibilidade
nos ESPS 2 a 10 e aqueles que provavel- e acesso à terra, alimento e segurança e
mente serão afetados por esses riscos e valores da terra, e qualquer outro risco rela-
impactos. O processo de identificação de tivo ao conflito ou contestação de terras
riscos e impactos considerará, entre outros: e recursos naturais; (ix) qualquer ameaça
(i) riscos que impactos negativos de pro- material à proteção, conservação, manu-
jetos recaiam desproporcionalmente sobre
indivíduos e grupos que, por causa de suas 51 Pode ser apropriado para o Mutuário incluir no pro-
circunstâncias particulares, estão em posição cesso de identificação de riscos e impactos ambientais e
de vulnerabilidade; (ii) qualquer preconceito sociais a Avaliação de Impacto sobre a saúde.
ou discriminação aferido sobre indivíduos 52 Pode ser apropriado para o Mutuário incluir no pro-

ou grupos na provisão de acesso a recursos cesso de identificação de riscos e impactos ambientais a


do desenvolvimento ou benefícios do pro- auditoria de direitos humanos alinhada com os Princípios
Orientadores para Empresas e Direitos Humanos das Na-
jeto, particularmente no caso daqueles que
ções Unidas (PNDH). Os requisitos de auditoria de direitos
estejam em situação de desvantagem ou humanos provavelmente serão mais apropriados onde a
vulnerabilidade; (iii) aqueles definidos pelos natureza do projeto ou seu contexto operacionais repre-
EHSGs; (iv) aqueles relacionados com a sentem riscos significativos aos direitos humanos, como
saúde51, segurança e bem-estar de trabalha- em investimentos em fornecimento de segurança, em con-
dores e comunidades afetadas pelo projeto, textos onde existam pessoas deslocadas internamente, e
em contextos de presente ou pós-conflito, entre outros.
incluindo risco associado de pandemias, epi- 53 Devido à complexidade de questões de posses de terra

demias ou a transmissão de qualquer outra em vários contextos, e da importância de segurança de


doença contagiosa causada ou exacerbada posse para meios de subsistência, avaliações e designs
pelas atividades do projeto; (v) as emissões rigorosos são necessários para ajudar a garantir que os
de GEE, os riscos e impactos associados projetos não comprometam inesperadamente direitos le-
aos desastres naturais e mudanças climá- gítimos existentes (incluindo direitos coletivos, direitos
complementares e direitos das mulheres) ou ter conse-
ticas, causados pelo projeto ou exacerbados
quências não intencionais, principalmente onde o projeto
pelo mesmo, incluindo as oportunidades apoiar o revestimento de terrenos e assuntos relacionados.
de adaptação e outros efeitos transfrontei- Em tais circunstâncias, o Mutuário irá pelo menos demons-
riços em potencial, como poluição do ar ou trar que procedimentos e leis aplicáveis, juntamente com
uso ou poluição de vias navegáveis inter- as características do design (i) fornecerá regras claras e
nacionais; (vi) aqueles relacionados com a adequadas para o reconhecimento de direitos de posse
de terra relevantes; (ii) estabelecerá critérios razoáveis e
segurança da comunidade, incluindo a segu-
processos de funcionamento, transparência e participação
rança da infraestrutura do projeto e ameaças para resolver reivindicações de posse concorrente; e (iii) in-
à segurança das pessoas a partir de riscos cluir esforços genuínos para informar as pessoas afetadas
de agravamentos de conflitos ou violências dos seus direitos e fornecer acesso a conselhos imparciais.

36 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


tenção e restauração de habitats naturais cionados a impactos de outros desenvol-
e da biodiversidade; (x) aquelas relacio- vimentos relevantes passados, presentes
nadas a serviços ecossistêmicos e ao uso de e razoavelmente previsíveis, bem como
recursos naturais, incluindo riscos e impactos atividades não planejadas, mas previsí-
a nível de bacias hidrográficas e/ou trans- veis permitidas a partir do projeto que po-
fronteiriços; (xi) impactos adversos sobre dem ocorrer depois ou em local diferente.
comunidade de Povos Indígenas; (xii) riscos Impactos cumulativos podem resultar de
ao patrimônio cultural; (xiii) riscos rela- pequenas atividades individuais, mas co-
cionados a gênero, incluindo exclusão e letivamente significantes, que aconte-
violência com base em gênero (exploração çam em determinado período de tempo.
sexual, tráfico humano e a disseminação de
doenças sexualmente transmissíveis) e riscos 11. No caso de riscos e impactos na área de
potenciais de discriminação baseados em influência do projeto resultantes de ações
gênero ou orientação sexual, entre outros. de terceiros, o Mutuário abordará esses
riscos e impactos de maneira proporcional
10. Nos casos em que o projeto envolve ativi- ao controle e influência do Mutuário sobre
dades, aspectos e instalações específicas terceiros e com o devido respeito ao con-
que provavelmente geram impactos, riscos flito de interesses.
e impactos ambientais e sociais serão iden-
tificados no contexto da área de influência
do projeto. Essa área de influência abrange, 54 Exemplos incluem os locais do projeto, bacia atmos-
conforme apropriado: férica e hidrográfica imediatas e os corredores de trans-
porte. Os exemplos incluem corredores de transmissão
de energia, oleodutos, canais, túneis, estradas de realo-
y A área passível de ser afetada por: cação e acesso, áreas de empréstimo e descarte, campos
(i) o projeto54 e as atividades e instala- de construção e terras contaminadas (por exemplo, solo,
ções do Mutuário que pertencem são água subterrânea, água superficial e sedimentos).
55 As instalações associadas podem incluir novas estra-
operadas ou gerenciadas diretamente
(inclusive por contratados) e que são das de acesso/adicionais, ferrovias, linhas de energia,
oleodutos que precisem ser construídos para o projeto;
um componente do projeto; (ii) impac-
campos de construção ou moradia permanente novos/
tos de desenvolvimentos não planeja- adicionais para os trabalhadores do projeto; usinas no-
dos, mas previsíveis, causados pelo pro- vas/adicionais necessárias para o projeto; instalações de
jeto que podem ocorrer mais tarde ou tratamento novas/adicionais de efluentes do projeto, ar-
em um local diferente; ou (iii) impactos mazéns e terminais marítimos novos/adicionais construí-
indiretos do projeto na biodiversidade dos para lidar com as mercadorias do projeto.
56 Os impactos cumulativos são limitados aos impactos
ou nos serviços ecossistêmicos dos
geralmente reconhecidos como importantes com base
quais dependem os meios de subsistên- em preocupações científicas e/ou preocupações das
cia das pessoas afetadas pelo projeto. pessoas afetadas pelo projeto. Exemplos de impactos
y Instalações associadas, 55 que são obras cumulativos incluem: contribuição incremental de emis-
e/ou infraestruturas novas ou adicio- sões gasosas em bacias atmosféricas; redução dos flu-
nais, independentemente da fonte de fi- xos de água em uma bacia hidrográfica devido a várias
retiradas; aumentos nas cargas de sedimentos em uma
nanciamento, consideradas essenciais
bacia hidrográfica; interferência em rotas migratórias ou
para o funcionamento de um projeto. movimento da vida selvagem; e mais congestionamen-
y Impactos cumulativ56 resultantes do im- tos e acidentes de trânsito devido a aumentos no tráfego
pacto incremental do projeto, quando adi- de veículos nas estradas comunitárias.

PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 37


12. Onde o Mutuário puder razoavelmente exercer deficiência, afrodescendentes, Povos Indí-
controle, o processo de identificação de riscos genas e outros povos tradicionais. Nos casos
e impactos também considerará os riscos e em que os indivíduos, grupos ou comunidades
impactos associados aos fornecedores primá- sejam identificados como desfavorecidos ou
rios, conforme definido nos ESPS 2 (parágrafos vulneráveis, o Mutuário irá propor e imple-
36 a 38) e ESPS 6 (parágrafo 29). mentar medidas diferenciadas para que
os impactos adversos os atinjam de forma
13. Nos casos em que o projeto envolve desproporcional e que não estejam em des-
atividades, aspectos e instalações especi- vantagem no compartilhamento de benefícios
ficamente identificados que possam gerar e oportunidades resultantes do projeto.
impactos ambientais e sociais, a identi-
ficação de riscos e impactos levará em
consideração as descobertas e conclusões Programas de Gestão
de planos, estudos ou avaliações rela-
cionados e aplicáveis, elaborados pelas 15. Consistente com a política do Mutuário e com
autoridades governamentais relevantes os objetivos e princípios descritos, o Mutu-
ou outras partes diretamente relacionadas ário estabelecerá programas de gestão que,
ao projeto e sua área de influência. 57 Isso em suma, descreverão medidas e ações de
inclui planos diretores de desenvolvimento mitigação e melhoria de desempenho que
econômico, planos nacionais ou regionais, abordam os riscos e impactos ambientais e
estudos de viabilidade, estudos sobre desas- sociais identificados no projeto.
tres naturais e riscos climáticos, análises de
alternativas e avaliações ambientais cumu- 16. Dependendo da natureza e escala do projeto,
lativas, regionais, setoriais ou estratégicas, esses programas podem consistir em alguma
quando relevantes. A identificação de riscos combinação documentada de procedimentos
e impactos levará em conta o resultado do operacionais, práticas, planos e documentos
processo de engajamento com as pessoas
afetadas pelo projeto e outras partes inte-
57 O Mutuário deve levar estes em consideração focando
na contribuição adicional do projeto a impactos selecio-
ressadas relevantes, conforme apropriado.
nados geralmente reconhecidos como importantes ba-
seado nas considerações científicas ou de pessoas afe-
14. Nos casos em que o projeto envolva ativi- tadas pelo projeto e outras partes interessadas, dentro
dades, aspectos e instalações especificamente da área abordada por esses estudos regionais de maior
identificados com probabilidade de gerar escopo ou avaliações cumulativas.
58 Este status de desvantagem ou vulnerabilidade pode
impactos, e como parte do processo de iden-
originar-se da deficiência, estado de saúde, status indí-
tificação de riscos e impactos, o Mutuário
gena, identidade de gênero, orientação sexual, religião,
identificará indivíduos, grupos e comunidades
raça, cor, etnia, idade, linguagem, opiniões políticas ou
que podem ser direta e diferencialmente ou pessoais, origem social ou nacional, propriedade, nas-
desproporcionalmente afetados devido ao cimento, desvantagem econômica ou condição social.
seu status de desvantagem ou vulnerabili- Outros indivíduos e/ou grupos vulneráveis podem incluir
dade.58 O Mutuário considerará os grupos pessoas ou grupos em situações vulneráveis, incluindo
os pobres, os sem-terra, os idosos, as famílias monopa-
intersetoriais historicamente em desvan-
rentais, refugiados, pessoas deslocadas internamente,
tagem na América Latina e no Caribe, como
comunidades dependentes de recursos naturais ou ou-
as mulheres, pessoas de orientações sexuais e tras pessoas deslocadas que não possam ser protegidas
identidade de gênero diversas, pessoas com através da legislação nacional e/ou direito internacional.

38 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


de suporte relacionados (incluindo acordos gerenciamento reconhecerá e incorporará
legais) que são gerenciados de maneira sis- o papel de ações e eventos relevantes con-
temática. 59 Os programas serão aplicados trolados por terceiros para tratar dos riscos
amplamente à estrutura organizacional do e impactos identificados. Ao reconhecer a
Mutuário para a implementação do pro- natureza dinâmica do projeto, o programa
jeto, incluindo contratados e fornecedores de gerenciamento responderá a mudanças
primários sobre os quais a organização nas circunstâncias, eventos imprevistos e os
tem controle ou influência, ou a locais, resultados do monitoramento e revisão.
instalações ou atividades específicas. A hie-
rarquia de mitigação para tratar dos riscos
e impactos identificados favorecerá a pre- Capacidade Organizacional
venção de impactos sobre a minimização e, e Competência
onde permanecem os impactos residuais, a
compensação/amortização, sempre que 60 19. O Mutuário, em colaboração com terceiros
tecnicamente e financeiramente viável.61 apropriados e relevantes, estabelecerá, man-
terá e fortalecerá, conforme necessário, uma
17. Nos casos em que os riscos e impactos estrutura organizacional que define funções,
identificados não possam ser evitados, o
Mutuário identificará medidas de mitigação e 59 Os acordos legais existentes entre o Mutuário e ter-
desempenho e estabelecerá as ações corres- ceiros que tratam de ações de mitigação com relação a
pondentes para garantir que o projeto opere impactos específicos fazem parte de um programa.
60 Viabilidade técnica baseia-se em se as medidas e ações
em conformidade com as leis e regulamentos
propostas podem ser implementadas com habilidades,
aplicáveis e atenda aos requisitos dos ESPS 1
equipamentos e materiais disponíveis comercialmente,
a 10. O nível de detalhe e complexidade deste levando em consideração fatores locais predominantes,
programa de gerenciamento coletivo e a prio- como clima, geografia, demografia, infraestrutura, seguran-
ridade das medidas e ações identificadas serão ça, governança, capacidade e confiabilidade operacional.
61 Viabilidade financeira baseia-se em considerações co-
proporcionais aos riscos e impactos do projeto
e levarão em conta o resultado do processo merciais, incluindo magnitude relativa do custo incremen-
tal da adoção de medidas e ações em comparação com os
de engajamento com as pessoas afetadas pelo
custos de investimento, operação e manutenção do proje-
projeto e outras partes interessadas relevantes, to e se esse custo incremental pode inviabilizar o projeto
como apropriado. para o Mutuário.
62 Os planos de ação podem incluir um plano de ação am-

18. Os programas de gestão estabelecerão biental e social geral necessário para a execução de um
Planos de Ação ambientais e sociais,62 que conjunto de medidas de mitigação ou planos de ação te-
máticos, como Planos de Ação de Reassentamento, Planos
definirão os resultados e ações desejados
de Ação para Risco de Desastres ou Planos de Ação para
para abordar as questões levantadas no pro- a Biodiversidade. Os planos de ação podem ser planeja-
cesso de identificação de riscos e impactos, dos para preencher as lacunas dos programas de geren-
como eventos mensuráveis na medida do ciamento existentes para garantir a consistência com os
possível, com elementos como indicadores Padrões de Desempenho Ambiental e Social, ou podem
de desempenho, metas ou critérios de acei- ser planos independentes que especificam a estratégia
de mitigação do projeto. A terminologia “Plano de Ação”
tação que podem ser rastreados por períodos
é entendida por algumas comunidades de prática como
definidos e com estimativas dos recursos e planos de gerenciamento ou planos de desenvolvimento.
responsabilidades para a implementação. Nesse caso, os exemplos são numerosos e incluem vários
Conforme apropriado, o programa de tipos de planos de gerenciamento ambiental e social.

PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 39


responsabilidades e autoridade para imple- suscetíveis de gerar impactos, o ESMS esta-
mentar o ESMS. Pessoal específico com linhas belecerá e manterá um sistema de prontidão
claras de responsabilidade e autoridade deve e resposta a emergências, de modo que o
ser designado pelo Mutuário. As principais res- Mutuário, em colaboração com terceiros
ponsabilidades ambientais e sociais devem ser apropriados e relevantes, além de agências
bem definidas e comunicadas ao pessoal rele- e autoridades governamentais relevantes,
vante e ao restante da organização do Mutuário esteja preparado para responder a situações
responsável pela implementação do projeto. acidentais e de emergência associadas ao pro-
Serão fornecidos, de forma contínua para jeto de maneira apropriada para prevenir e
alcançar o desempenho social e ambiental efe- mitigar qualquer dano às pessoas e/ou ao meio
tivo e contínuo, um patrocínio de administração ambiente. Esta preparação incluirá a identifi-
suficiente e recursos humanos e financeiros. cação de áreas em que acidentes e situações
de emergência possam ocorrer, comuni-
20. O pessoal da organização do Mutuário, com res- dades e indivíduos afetados, procedimentos
ponsabilidade direta pelo desempenho social de resposta, fornecimento de equipamentos
e ambiental do projeto terá o conhecimento, e recursos, designação de responsabilidades,
as habilidades e a experiência necessárias comunicação, incluindo aqueles com pessoas
para executar seu trabalho, incluindo o conhe- potencialmente afetadas pelo projeto e outras
cimento atual dos requisitos regulatórios partes interessadas e treinamento periódico
relevantes e dos requisitos dos ESPS 1 a 10. O para garantir uma resposta eficaz. As ativi-
pessoal também possuirá o conhecimento, as dades de preparação e resposta a emergências
habilidades e a experiência para implementar serão periodicamente revisadas, conforme
as medidas e ações específicas exigidas no necessário, para refletir as mudanças nas con-
ESMS e os métodos necessários para executar dições. As medidas de preparação e resposta
as ações de maneira competente e eficiente. a emergência incluirão desastres naturais ou
situações de surto de doença.
21. O processo de identificação e monitoramento
de riscos e impactos consistirá em uma ava- 23. Onde aplicável, o Mutuário também ajudará
liação e apresentação adequada, precisa e e colaborará com as pessoas potencial-
objetiva, preparada por profissionais compe- mente afetadas pelo projeto e outras partes
tentes. Para projetos que apresentem impactos interessadas (consulte o ESPS 4) e as agên-
adversos potencialmente significativos ou cias do governo local em seus preparativos
onde questões tecnicamente complexas estão para responder efetivamente a situações de
envolvidas, os mutuários podem ser solici- emergência, especialmente quando sua par-
tados a envolver especialistas externos para ticipação e colaboração são necessárias para
auxiliar no processo de identificação de riscos garantir uma resposta eficaz. Essas situações
e impactos e no monitoramento de processos emergenciais incluem aquelas associadas ao
durante o ciclo de vida do projeto. fluxo de mão de obra temporária ou perma-
nente. Caso as agências do governo local
tenham pouca ou nenhuma capacidade
Preparação e resposta a emergências para responder de forma efetiva, o Mutuário
desempenhará um papel ativo na preparação
22. Nos casos em que o projeto envolva ativi- e resposta a emergências associadas ao pro-
dades, aspectos e instalações específicos jeto. O Mutuário documentará suas atividades,

40 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


recursos e responsabilidades de preparação e estabelecidos anteriormente no programa
resposta a emergências e fornecerá informa- de gerenciamento. O monitoramento deve
ções apropriadas às pessoas potencialmente ser ajustado de acordo com a experiência
afetadas, outras partes interessadas e órgãos de desempenho e as ações solicitadas
governamentais relevantes. pelas autoridades reguladoras relevantes.
O Mutuário documentará os resultados do
monitoramento e identificará e refletirá as
Monitoramento e revisão ações corretivas e preventivas necessárias
nos programas e planos de gerenciamento
24. O Mutuário estabelecerá procedimentos para alterados. O Mutuário, em colaboração com
monitorar e medir a eficácia do programa terceiros apropriados e relevantes, implemen-
de gerenciamento, bem como o cumpri- tará essas ações corretivas e preventivas e
mento de quaisquer obrigações legais e/ou acompanhará essas ações nos próximos ciclos
contratuais e requisitos regulatórios relacio- de monitoramento para garantir sua eficácia.
nados. Nos casos em que outras agências ou
terceiros sejam responsáveis por gerenciar 26. O Mutuário preparará análises periódicas de
riscos e impactos específicos e implementar desempenho da eficácia do ESMS, com base
medidas de mitigação, o Mutuário irá estabe- na coleta e análise sistemática de dados.
lecer e monitorar tais medidas de mitigação. O escopo e a frequência desses relatórios
Quando apropriado, os Mutuários conside- dependerão da natureza e do escopo das ati-
rarão envolver representantes de pessoas vidades identificadas e realizadas de acordo
afetadas pelo projeto e outras partes inte- com o ESMS do Mutuário e outros requisitos
ressadas para participar das atividades de aplicáveis do
​​ projeto. Com base nos resultados
monitoramento.63 O programa de monitora- dessas análises de desempenho, a gerência
mento do Mutuário deve ser supervisionado sênior tomará as medidas necessárias e
pelo nível apropriado na estrutura orga- apropriadas para garantir que a intenção da
nizacional do projeto. Para projetos com política do Mutuário seja cumprida, que pro-
impactos significativos, o Mutuário contra- cedimentos, práticas e planos estejam sendo
tará especialistas externos para verificar suas implementados e considerados eficazes.
informações de monitoramento. A extensão
do monitoramento deve ser proporcional aos
riscos e impactos ambientais e sociais do Engajamento das partes interessadas
projeto e aos requisitos de conformidade.
27. O engajamento das partes interessadas é a
25. Além de registrar informações para acompa- base para a construção de relacionamentos
nhar o desempenho e estabelecer controles fortes, construtivos e responsivos, essenciais
operacionais relevantes, o cliente deve para o gerenciamento bem-sucedido dos
usar mecanismos dinâmicos, como inspe- impactos ambientais e sociais de um pro-
ções e auditorias, quando relevante, para jeto.64 O engajamento das partes interessadas
verificar a conformidade e o progresso em
direção aos resultados desejados. O moni- 63Por exemplo, monitoramento participativo da água.
toramento normalmente inclui o registro de 64Os requisitos relativos ao engajamento dos trabalha-
informações para rastrear o desempenho e a dores e procedimentos de reparação de queixas relacio-
comparação com os indicadores ou requisitos nadas são encontrados no ESPS 2. Em situações onde

PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 41


é um processo contínuo que pode envolver ciadas para permitir a participação efetiva
os seguintes elementos em diferentes graus: das pessoas identificadas como desfavore-
análise e planejamento das partes inte- cidas ou vulneráveis. Quando o processo
ressadas, divulgação e disseminação de de engajamento das partes interessadas
informações, consulta e participação, meca- depende substancialmente dos represen-
nismos de queixas e relatórios contínuos para tantes da comunidade, 65 o Mutuário fará
as pessoas afetadas pelo projeto e outras todo o possível para verificar se essas pes-
partes interessadas. A natureza, frequência soas representam de fato as opiniões das
e nível de esforço do envolvimento das pessoas afetadas pelo projeto e se pode
partes interessadas podem variar conside- confiar nelas para comunicar fielmente os
ravelmente e serão proporcionais aos riscos resultados das consultas a seus constituintes.
e impactos adversos do projeto e à fase de
desenvolvimento do projeto. Os requisitos 30. Nos casos em que a localização exata de
relacionados ao engajamento das partes inte- atividades específicas do projeto ainda não
ressadas e a divulgação de informações são seja conhecida, mas é esperado que tenha
descritos mais detalhadamente no ESPS 10. impactos significativos nas comunidades
locais, o Mutuário preparará uma Estrutura
de Engajamento das Partes Interessadas,
Análise das partes interessadas e como parte de seu programa de geren-
planejamento de engajamento ciamento, descrevendo princípios gerais e
uma estratégia para identificar as pessoas
28. Os mutuários devem identificar o leque de afetadas pelo projeto e outras partes inte-
partes interessadas que podem estar inte- ressadas relevantes e planejar um processo
ressadas em suas ações e considerar como de engajamento compatível com este ESPS.
as comunicações externas podem facilitar O processo será implementado assim que a
o diálogo com todas as partes interessadas localização física das atividades do projeto
(parágrafo 34 abaixo). Nos casos em que os for conhecida e definida o suficiente para
projetos envolvam atividades, aspectos e/ou permitir que a avaliação necessária ocorra.
instalações específicas que possam gerar
impactos ambientais e sociais adversos às
pessoas afetadas pelo projeto, o Mutuário Divulgação de informações
identificará as pessoas afetadas pelo projeto
e outras partes interessadas relevantes e aten- 31. A divulgação de informações relevantes do
derá aos requisitos relevantes descritos abaixo. projeto ajuda as pessoas afetadas e outras
partes interessadas a entender os riscos,
29. O Mutuário desenvolverá e implementará um
Plano de Engajamento das Partes Interes- os trabalhadores do projeto têm interesses conjuntos às
sadas, escalonado para os riscos e impactos pessoas afetadas pelo projeto e outras partes interessa-
do projeto e estágio de desenvolvimento, e das, estes serão incluídos no processo de engajamento
das partes interessadas, incluindo em consultas, monito-
adaptado às características e interesses das
ramento e mitigação, conforme apropriados.
pessoas afetadas pelo projeto e de outras 65 Por exemplo, líderes comunitários e religiosos, represen-

partes interessadas relevantes. Onde apli- tantes do governo local, representantes da sociedade civil,
cável, o Plano de Engajamento das Partes políticos, professores de escolas e/ou outros representan-
Interessadas incluirá medidas diferen- tes de um ou mais grupos de partes interessadas afetadas.

42 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


impactos, oportunidades potenciais e bene- jamento do projeto para reunir pontos de
fícios de desenvolvimento do projeto. O vista iniciais sobre a proposta e informar o
Mutuário fornecerá às pessoas afetadas pelo design do projeto; (ii) incentiva o feedback
projeto e a outras partes interessadas acesso das partes interessadas, particularmente
a informações relevantes66 sobre: (i) a fina- como uma maneira de informar o desenho
lidade, natureza e escala do projeto; (ii) a do projeto e o engajamento das partes
duração das atividades do projeto propostas; interessadas na identificação e mitigação
(iii) quaisquer riscos e possíveis impactos de riscos e impactos ambientais e sociais;
nessas comunidades e medidas de mitigação (iii) é contínua, à medida que surgem riscos
relevantes; (iv) o processo de engajamento de e impactos; (iv) baseia-se na divulgação
partes interessadas previsto; (v) o mecanismo e disseminação prévia de informações
de queixas; e (vi) oportunidades potenciais relevantes, transparentes, objetivas, sig-
e benefícios de desenvolvimento do projeto. nificativas e de fácil acesso, que estejam
em um idioma ou formato local cultural-
mente apropriado e sejam compreensíveis
Consulta Significativa para as partes interessadas; (v) considera
e responde ao feedback; (vi) apoia o enga-
32. Quando as pessoas afetadas pelo projeto e jamento ativo e inclusivo 67 com as pessoas
outras partes interessadas estiverem sujeitas afetadas pelo projeto e outras partes inte-
a riscos identificados e impactos adversos ressadas; (vii) está livre de manipulação
de um projeto, o Mutuário realizará um pro- externa, interferência, coerção, discrimi-
cesso de consulta de maneira a fornecer nação, retaliação e intimidação; e (viii) o
às pessoas afetadas pelo projeto e outras Mutuário documente e divulgue. O Mutuário
partes interessadas relevantes oportuni- adaptará seu processo de consulta às pre-
dades de expressar suas opiniões, sem o ferências de idioma das pessoas afetadas
medo de represálias, sobre os riscos do pro- pelo projeto, seu processo de tomada de
jeto, impactos e medidas de mitigação, bem
como acesso a oportunidades potenciais e
66 Dependendo da escala do projeto e da significância
benefícios de desenvolvimento, e permitir
dos riscos e impactos, os documentos relevantes podem
que o Mutuário considere e responda a eles. variar de avaliações e planos de ação ambientais e so-
ciais completos (por exemplo, Plano de Engajamento de
33. O Mutuário realizará consultas significativas Partes Interessadas, Planos de Ação de Reassentamento,
continuamente à medida que a natureza Planos de Ação de Biodiversidade, Planos de Ação Peri-
gosos, Planos de Gerenciamento de Materiais, Planos de
das questões, impactos, oportunidades
Preparação e Resposta a Emergências, Planos de Saú-
potenciais e benefícios de desenvolvimento
de e Segurança Comunitária, Planos de Restauração de
evoluir. A extensão e o grau de engaja- Ecossistemas, Análise Sociocultural e Planos de Desen-
mento exigidos pelo processo de consulta volvimento de Povos Indígenas, etc.) para resumos fáceis
devem ser proporcionais aos riscos e de entender dos principais problemas e compromissos.
impactos adversos do projeto e às preocu- Esses documentos também podem incluir a política am-
pações levantadas pelas pessoas afetadas biental e social do Mutuário e quaisquer medidas e ações
complementares definidas como resultado de uma audi-
pelo projeto e por outras partes interes-
toria independente conduzida pelos financiadores.
sadas relevantes. A consulta significativa 67 Tais como homens, mulheres, idosos, jovens, pessoas

e eficaz é um processo bidirecional que: deslocadas e pessoas ou grupos vulneráveis e desfavo-


(i) começa no início do processo de plane- recidos.

PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 43


decisão e às necessidades de grupos desfa- mente apropriado e, em certas circunstâncias,
vorecidos ou vulneráveis. Caso os Mutuários o Mutuário é obrigado a obter seu Consenti-
já estejam engajados nesse processo, for- mento Livre, Prévio e Informado (CLPI). Os
necerão evidência documentada adequada requisitos relacionados aos povos indígenas
desse envolvimento. e a definição das circunstâncias especiais que
exigem o CLPI estão descritos no ESPS 7.
34. Para projetos com impactos adversos poten-
cialmente significativos sobre as pessoas
afetadas pelo projeto, o Mutuário condu- Afrodescendentes
zirá um processo de Consulta e Participação
Informada (ICP) que se baseará nas etapas 36. Para projetos com impactos adversos aos
descritas acima na Consulta Significativa e afrodescendentes, o Mutuário é obrigado
resultará na participação informada das pes- a: (i) envolver as pessoas afrodescendentes
soas afetadas pelo projeto. O ICP envolve afetadas pelo projeto e a comunidade em
um intercâmbio mais detalhado de pontos um processo de ICP culturalmente apro-
de vista e informações e uma consulta priado e (ii) propor e implementar medidas
organizada e iterativa, levando o Mutuário culturalmente apropriadas para evitar
a incorporar em seu processo de tomada ou minimizar riscos e impactos adversos
de decisão as opiniões das pessoas afe- durante todo o ciclo do projeto. O Mutuário
tadas pelo projeto sobre assuntos que as também garantirá que os direitos coletivos
afetam diretamente ou indiretamente, como dos afrodescendentes sejam completamente
a proposta medidas de mitigação, compar- respeitados, como é reconhecido pela legis-
tilhamento de benefícios e oportunidades lação nacional e/ou direito internacional.
de desenvolvimento e questões de imple-
mentação. O processo de consulta deve
(i) capturar todas as visões de todos os Colaboração e coordenação do governo
gêneros, se necessário, por meio de fóruns para o engajamento de partes interessadas
ou compromissos separados e (ii) refletir
as preocupações e prioridades de pessoas 37. Onde o engajamento das partes interessadas
de todos gêneros sobre impactos, meca- for de responsabilidade de uma agência
nismos de mitigação e benefícios, quando governamental que não esteja envolvida
apropriado. O Mutuário documentará o pro- na implementação do projeto, o Mutuário
cesso, em particular as medidas adotadas colaborará com a agência governamental
para evitar ou minimizar riscos e impactos responsável para alcançar resultados que
adversos nas pessoas afetadas pelo projeto, atendam aos objetivos deste ESPS. Além
e informará as pessoas afetadas sobre como disso, sempre que necessário, o Mutuário
suas preocupações foram consideradas. desempenhará um papel ativo durante o pla-
nejamento, implementação e processo de
monitoramento do engajamento das partes
Povos Indígenas interessadas, a fim de apoiar o alcance dos
objetivos deste ESPS. Caso o processo con-
35. Para projetos com impactos adversos aos duzido por uma agência governamental não
Povos Indígenas, o Mutuário é obrigado a envolvida na implementação do projeto não
envolvê-los em um processo de ICP cultural- atenda aos requisitos relevantes deste ESPS,

44 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


o Mutuário conduzirá um processo comple- O mecanismo deve considerar o uso de for-
mentar e, quando apropriado, identificará matos acessíveis para diferentes necessidade
ações complementares. físicas, sensoriais e/ou cognitivas. O Mutuário
informará as pessoas afetadas pelo projeto
sobre o mecanismo de queixas e o Mecanismo
Comunicação Externa e Mecanismos de de Consulta e Investigação Independente68 do
Queixas BID no decorrer do processo de engajamento
das partes interessadas.
Comunicações Externas

38. Os mutuários implementarão e manterão um Relatórios contínuos para pessoas


procedimento para comunicações externas afetadas pelo projeto e outras partes
que inclui métodos para (i) receber e regis- interessadas relevantes
trar comunicações externas do público;
(ii) rastrear e avaliar as questões levantadas 40. O Mutuário fornecerá relatórios periódicos
e determinar como resolvê-las; (iii) fornecer, às pessoas afetadas pelo projeto e outras
rastrear e documentar respostas, se houver; partes interessadas relevantes que des-
e (iv) ajustar o programa de gerenciamento, crevam o progresso na implementação dos
conforme apropriado. Além disso, os mutu- Planos de Ação do projeto sobre questões
ários são incentivados a disponibilizar que envolvem riscos ou impactos contínuos
publicamente relatórios periódicos sobre para as pessoas afetadas pelo projeto e
sua sustentabilidade ambiental e social. sobre questões que o processo de consulta
ou mecanismo de queixas identificou como
uma preocupação para essas comunidades.
Mecanismo de Queixas. Se o programa de gerenciamento resultar
em mudanças materiais ou acréscimos às
39. O Mutuário estabelecerá um mecanismo de medidas ou ações de mitigação descritas
queixas para receber e facilitar a resolução nos Planos de Ação sobre questões que
de preocupações e reclamações sobre o interessam às pessoas afetadas pelo projeto
desempenho ambiental e social do Mutuário. e outras partes interessadas relevantes, as
O mecanismo de queixas deve ser dimensio- medidas ou ações relevantes de mitigação
nado de acordo com os riscos e impactos atualizadas serão comunicadas a elas. A fre-
adversos do projeto e ter as pessoas afe- quência desses relatórios será proporcional
tadas pelo projeto como seu principal usuário. às preocupações das pessoas afetadas pelo
Ele deve procurar resolver as preocupações projeto e de outras partes interessadas rele-
prontamente, usando um processo consultivo vantes, mas não menos que anualmente.
compreensível e transparente que seja cultural-
mente apropriado, prontamente e em formatos
acessíveis sem nenhum custo e sem retribuição
à parte que originou o problema ou preo- 68 O acesso ao Mecanismo de Consulta e Investigação

cupação. O mecanismo não deve impedir o Independente do BID não depende da exaustão de re-
acesso a recursos judiciais ou administrativos. cursos oferecidos pelo mecanismo de queixa do projeto.

PADRÃO 1 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 45


PADRÃO 2 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Mão de Obra e Condições de Trabalho


PADRÃO 2 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 47

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 2 reconhece que a busca do cresci-


mento econômico por meio da criação de emprego e geração de renda deve ser acompanhada
pela proteção dos direitos fundamentais69 dos trabalhadores. A força de trabalho é um ativo
valioso, e uma boa relação trabalhador-empregador é um ingrediente-chave na sustentabili-
dade de qualquer empreendimento. A incapacidade de estabelecer e promover uma relação
de gestão de trabalhadores sólida pode prejudicar o compromisso e a retenção dos traba-
lhadores e pode colocar um projeto em risco. Por outro lado, através de um relacionamento
construtivo trabalhador-gerencial e, tratando os trabalhadores com justiça e proporcionando
condições de trabalho seguras e saudáveis, os Mutuários podem criar benefícios tangíveis,
como o aprimoramento da eficiência e produtividade de suas operações.

2 Os requisitos estabelecidos neste ESPS foram em parte guiados por várias convenções e ins-
trumentos internacionais, incluindo os da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das
Nações Unidas (ONU).70

OBJETIVOS 69Conforme orientado pelas convenções da OIT listadas


na nota de rodapé abaixo.
y Respeitar e proteger os direitos e prin- 70 Essas convenções são:
cípios fundamentais dos trabalhadores.71 Convenção 29 da OIT sobre Trabalho Forçado e Proto-
y Promover o tratamento justo, a não dis- colo de 2014
criminação e a igualdade de oportunida- Convenção 87 da OIT sobre Liberdade de Associação e
des dos trabalhadores. Proteção do Direito de Organização
Convenção 98 da OIT sobre o Direito de Organização e
y Estabelecer, manter e melhorar o rela-
Negociação Coletiva.
cionamento do trabalhador-emprega-
Convenção 100 da OIT relativa à Igualdade de Remune-
dor. ração.
y Garantir o cumprimento das leis de em- Convenção 105 da OIT sobre a Abolição do Trabalho For-
prego e trabalhistas nacionais. çado.
y Proteger os trabalhadores, incluindo ca- Convenção 111 da OIT sobre a Discriminação (Emprego e
tegorias trabalhadores em situação de Profissão).

vulnerabilidade, como mulheres, pes- Convenção 138 da OIT sobre Idade Mínima (para o Em-
prego).
soas de identidade gênero ou orienta-
Convenção 155 da OIT sobre Saúde e Segurança Ocupa-
ção sexual diversas, pessoas com de-
cional.
ficiência, crianças (com idade para Convenção 162 da OIT sobre Serviços de Saúde Ocupa-
trabalhar, de acordo com este ESPS) e cional.
trabalhadores migrantes, trabalhadores Convenção 182 da OIT sobre as Piores Formas de Traba-
contratados por terceiros e trabalhado- lho Infantil.
res de suprimentos primários. Convenção 190 da OIT sobre Violência e Assédio.

y Promover condições de trabalho segu- Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da
Criança, artigo 32.1.
ras e saudáveis, e a saúde dos trabalha-
A Convenção das Nações Unidas sobre a Proteção dos
dores.
Direitos de todos os Trabalhadores e Membros das suas
y Prevenir o uso de trabalho infantil e tra- Famílias.
balho forçado (conforme definido pela 71 Declaração dos Princípios Direitos Fundamentais no

OIT). Trabalho da OIT.


y Apoiar os princípios de liberdade de as- mascara o verdadeiro status legal da relação
sociação e negociação coletiva dos tra- empregatícia e/ou (ii) arranjos contratuais
balhadores do projeto. que têm efeito de privar os trabalhadores de
y Assegurar aos trabalhadores a disponi- devidas proteções.
bilidade de meios acessíveis e efetivos
de levantar e abordar preocupações de
trabalho. Trabalhadores diretos

5. Trabalhadores diretos são pessoas empre-


ESCOPO DE APLICAÇÃO gadas ou contratadas diretamente pelo
Mutuário para trabalhar especificamente
3. A aplicabilidade deste ESPS é estabelecida em relação ao projeto. Com relação aos tra-
durante o processo de identificação de riscos balhadores diretos, o Mutuário aplicará os
e impactos ambientais e sociais. A implemen- requisitos dos parágrafos 9 a 27 deste ESPS.
tação das ações necessárias para atender aos
requisitos deste ESPS é gerenciada por meio
do Sistema de Gestão Ambiental e Social Trabalhadores contratados
(ESMS) do Mutuário, cujos elementos estão
descritos no ESPS 1. A implementação deste 6. Com relação aos trabalhadores contratados,
ESPS também deve considerar os requisitos o Mutuário aplicará os requisitos dos pará-
relacionados à igualdade de gênero72 e ao grafos 33–35 deste ESPS.
envolvimento das partes interessadas, de
acordo com os ESPS 9 e 10.
Trabalhadores do fornecimento primário
4. O escopo de aplicação deste ESPS depende
do tipo de relação de emprego entre o Mutu- 7. Com relação aos trabalhadores do forne-
ário e o trabalhador do projeto. Aplica-se aos cimento primário, o Mutuário aplicará os
trabalhadores do projeto diretamente contra- requisitos dos parágrafos 36–38 deste ESPS.
tados pelo Mutuário (trabalhadores diretos),
trabalhadores do projeto contratados por meio 8. Quando funcionários públicos do governo
de terceiros para executar trabalhos relacio- estiverem trabalhando em conexão com o
nados às principais funções do projeto73 por projeto, em período integral ou em regime
um período substancial (trabalhadores contra- de meio período, eles permanecerão sujeitos
tados), bem como aos trabalhadores do projeto
contratados pelos principais fornecedores do 72 Ao incluir medidas como treinamento de pessoal para
Mutuário (trabalhadores de suprimentos pri- sensibilização e não discriminação de gênero, e coletan-
mários).74 Isso inclui trabalhadores em tempo do dados empregatícios separadamente por gênero para
integral, tempo parcial, temporários, sazonais garantir praticar de contratação não discriminatórias.
73 Funções principais de um projeto constituem pro-
e migrantes. Trabalhadores migrantes são tra-
balhadores que tenham migrado de um país cessos de construção, produção e/ou serviço essenciais
para uma atividade específica do projeto sem a qual o
para outro ou de uma parte do país para outra
projeto não poderia continuar.
para fins de emprego. O Mutuário e terceiros 74 Fornecedores primários são os fornecedores que,

devem evitar relações de assalariamento dis- continuamente, fornecem bens ou materiais essenciais
farçado, tais como (i) arranjo contratual que ao projeto de forma direta, para suas funções principais.

48 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


aos termos e condições de seu contrato zação de trabalhadores, esse acordo será
ou contrato de trabalho existente no setor respeitado. Onde tais acordos não existam
público, a menos que haja uma transferência ou não tratam das condições de trabalho e
legal efetiva de seus funcionários, emprego dos termos de emprego,75 o Mutuário for-
ou compromisso com o projeto. O ESPS 2 necerá condições de trabalho razoáveis e
não se aplicará a esses funcionários públicos, termos de emprego.76
exceto o disposto nos parágrafos 23–24 (Pro-
teção da força de trabalho) e nos parágrafos 12. O Mutuário identificará os trabalhadores
25–32 (Saúde e segurança ocupacional). migrantes e garantirá que eles estejam
envolvidos em termos e condições substan-
cialmente equivalentes aos trabalhadores
EXIGÊNCIAS não-migrantes que executam trabalhos
semelhantes.
Condições de Trabalho e Gestão de
Relações Trabalhistas 13. Onde os serviços de acomodação77 sejam
prestados aos trabalhadores abrangidos
Políticas e Procedimentos de Gestão pelo escopo deste ESPS, o Mutuário aplicará
Laboral e implementará políticas sobre a qualidade e
gestão da acomodação e prestação de ser-
9. O Mutuário adotará e implementará polí- viços básicos.78 Os serviços de acomodação
ticas e procedimentos de gerenciamento
de mão de obra apropriados à natureza e
75 Condições de trabalho e exemplos de termos de em-
tamanho do projeto e sua força de trabalho.
prego são salários e benefícios; deduções salariais; horas
Essas políticas e procedimentos definirão sua de trabalho; acordos de horas extras e compensação de
abordagem para gerenciar trabalhadores de horas extras; intervalos ; dias de descanso; e licença por
acordo com os requisitos deste ESPS e da doença, maternidade, férias ou feriado.
76 Condições de trabalho razoáveis e termos de empre-
lei nacional.
go podem ser avaliados com base em (i) condições esta-
belecidas para trabalho do mesmo caráter no comércio
10. O Mutuário fornecerá aos trabalhadores
ou indústria em questão na área/região onde o trabalho
informações documentadas, claras e com- é realizado; (ii) acordo coletivo ou outra negociação re-
preensíveis, sobre seus direitos sob as leis conhecida entre outras organizações de empregadores e
nacionais de trabalho e emprego e quaisquer representantes dos trabalhadores do comércio ou indús-
acordos coletivos aplicáveis, incluindo seus tria em questão; e/ou (iii) decisão arbitral. Horas extras
direitos relacionados a horas de trabalho, serão voluntárias e serão desempenhadas e compensa-
das de acordo com as leis nacionais ou acordos de nego-
salários, horas extras, remuneração, pensão e
ciação coletivos existentes.
outros benefícios ao iniciar a relação de tra- 77 Esses serviços podem ser prestados diretamente pelo

balho e quando ocorrerem mudanças materiais. Mutuário ou por terceiros.


78 Os requisitos básicos de serviços referem-se a espa-

ço mínimo, suprimento de água, sistema adequado de


Condições de Trabalho e Termos da coleta de esgoto e lixo, proteção adequada contra calor,
frio, umidade, ruído, incêndio e animais portadores de
Contratação
doenças, instalações sanitárias e de banho adequadas,
instalações de ventilação, cozinha e armazenamento e
11. Quando o cliente é uma parte de um acordo iluminação natural e artificial e, em alguns casos, serviços
de negociação coletiva com uma organi- médicos básicos.

PADRÃO 2 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 49


serão fornecidos de maneira consistente para negociações significativas em tempo
com os princípios de não discriminação e hábil. Espera-se que as organizações de
igualdade de oportunidades. Os arranjos de trabalhadores representem justamente os
acomodação dos trabalhadores não devem trabalhadores na força de trabalho.
restringir a liberdade de movimento ou de
associação dos trabalhadores.
Não Discriminação e Igualdade de
Oportunidades
Organizações de Trabalhadores
16. O Mutuário não tomará decisões de contra-
14. Nos países onde a legislação nacional reco- tação com base em características pessoais79
nhece o direito dos trabalhadores de formar não relacionadas aos requisitos inerentes
e aderir às organizações de trabalhadores ao trabalho. O Mutuário baseará a relação
de sua escolha sem interferência e negociar de trabalho no princípio da igualdade de
coletivamente, o Mutuário cumprirá com a oportunidades e do tratamento justo e
legislação nacional. Nos casos em que a não discriminará em relação a aspectos da
legislação nacional restringir substancial- relação de trabalho, incluindo recrutamento e
mente as organizações de trabalhadores, o contratação, remuneração (incluindo salários
Mutuário não restringirá os trabalhadores e benefícios), condições de trabalho e con-
de desenvolver mecanismos alternativos dições de emprego, acesso a treinamento,
para expressar suas queixas e proteger seus atribuição de função, promoção, cessação
direitos em relação às condições de trabalho de emprego ou aposentadoria e práticas dis-
e termos de emprego. O Mutuário não deve ciplinares. O Mutuário tomará medidas para
procurar influenciar ou controlar esses meca- prevenir e combater a violência, o assédio,
nismos. a intimidação e/ou a exploração, especial-
mente em relação às mulheres, pessoas de
15. O Mutuário informará aos trabalhadores que identidade de gêneros ou orientação sexual
eles têm o direito de eleger representantes diversas, pessoas com deficiência, crianças
dos trabalhadores, formar ou ingressar (com idade para trabalhar de acordo com
em organizações de trabalhadores de sua este ESPS) e trabalhadores migrantes. 80 Os
escolha e participar de negociação cole- princípios da não discriminação se aplicam
tiva, de acordo com a legislação nacional. aos trabalhadores migrantes.
Em qualquer um dos casos descritos no
parágrafo 14 acima, e onde a lei nacional 17. Nos países onde a legislação nacional prevê
é omissa, o Mutuário não desencorajará os a não discriminação no emprego, o Mutuário
trabalhadores de formarem ou se juntarem
às organizações de trabalhadores de sua
escolha ou de negociação coletiva e não irão 79 Como sexo, raça, cor, nacionalidade, ascendência na-
discriminar ou retaliar os trabalhadores que cional, opinião política, afiliação ou não afiliação sindi-
participem ou procuraram participar dessas cais, etnia, origem social e indígena, religião ou crença,
estado civil ou familiar, deficiência, idade, orientação se-
organizações e negociar coletivamente. O
xual ou identidade de gênero, ou estado de saúde.
Mutuário entrará em contato com esses 80 A Convenção 190 da OIT sobre violência e assédio e a

representantes e organizações de trabalha- recomendação 206, 2019, fornecem bases internacionais


dores e fornecerá as informações necessárias para abordar essas práticas no mundo do trabalho.

50 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


estará em conformidade com as leis nacio- minação e refletirá a consulta do Mutuário
nais. Quando as leis nacionais não dizem com os trabalhadores, suas organizações
respeito à não discriminação no emprego, e, quando apropriado, com outras agências
o Mutuário cumprirá este ESPS e o ESPS governamentais e cumprirá os acordos de
9. Nas circunstâncias em que a legislação negociação coletiva, se existirem. O Mutu-
nacional é inconsistente com este ESPS e o ário cumprirá todos os requisitos legais e
ESPS 9, o Mutuário é incentivado a realizar contratuais relacionados à notificação das
seu projeto de acordo com a intenção do autoridades públicas e ao fornecimento de
parágrafo 16 acima, sem violar as leis locais informações e consultas aos trabalhadores
e nacionais aplicáveis. e suas organizações.

18. Medidas especiais de proteção ou assistência 21. O Mutuário deve garantir que todos os tra-
para remediar a discriminação passada ou balhadores recebam uma notificação dos
seleção para um determinado trabalho com pagamentos de demissão e indenização exi-
base nos requisitos inerentes ao trabalho não gidos por lei e acordos coletivos em tempo
serão consideradas discriminação, contanto hábil. Todos os benefícios pendentes de retri-
que estejam de acordo com a legislação buição e previdência social e contribuições e
nacional. benefícios de pensão serão pagos (i) antes
ou no momento do término da relação de
19. O Mutuário fornecerá medidas especiais81 trabalho com os trabalhadores; (ii) quando
de proteção e assistência para tratar vul- apropriado, em benefício dos trabalhadores;
nerabilidades dos trabalhadores do projeto, ou (iii) o pagamento será ser feito de acordo
como mulheres, pessoas de identidade de com um cronograma acordado através de
gêneros ou orientação sexual diversas, pes- um acordo coletivo. Nos casos em que os
soas com deficiência, crianças (com idade pagamentos são feitos em benefício dos
para trabalhar de acordo com este ESPS) trabalhadores, os trabalhadores receberão
e trabalhadores migrantes. Tais medidas evidências desses pagamentos.
podem ser necessárias apenas para deter-
minados períodos de tempo, dependendo
das circunstâncias do trabalhador do pro- 81 Elas podem incluir medidas de adaptação ou acomo-
jeto e da natureza de sua vulnerabilidade. dação como ajustes do ambiente de trabalho que promo-
va acesso ao local de trabalho e flexibilização de horários
para tratar de vulnerabilidades específicas. Distinções e
Contenção de Despesas diferenças que podem resultar da aplicação de medidas
de proteção e assistência especiais tomadas para aten-
der requisitos particulares de trabalhadores em posição
20. Antes de implementar qualquer demissão de vulnerabilidade não é considerada discriminatória.
coletiva, 82 o Mutuário realizará uma análise 82 As demissões coletivas cobrem todas as demissões

de alternativas à contenção de despesas.83 Se múltiplas resultantes de um motivo econômico, técnico


a análise não identificar alternativas viáveis ou organizacional; ou outros motivos que não estejam re-
para a contenção, um plano de contenção lacionados ao desempenho ou outros motivos pessoais.
83 Exemplos de alternativas podem incluir programas
será desenvolvido e implementado para
negociados de redução do tempo de trabalho, progra-
reduzir os impactos adversos da contenção mas de capacitação dos funcionários, trabalhos de ma-
nos trabalhadores. O plano de contenção nutenção a longo prazo durante períodos de baixa pro-
será baseado no princípio da não discri- dução, etc.

PADRÃO 2 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 51


Mecanismo de Queixas. todas as pessoas com menos de 18 anos. Todo
trabalho de pessoas menores de 18 anos estará
22. O Mutuário fornecerá um mecanismo de sujeito a uma avaliação de risco apropriada e
queixas para os trabalhadores (e suas orga- a um monitoramento regular da saúde, condi-
nizações, onde eles existem) para suscitar ções de trabalho e horas de trabalho. Se casos
interesse sobre o local de trabalho e dispo- de trabalho infantil for identificado, o Mutu-
sições de proteção especial para relatos de ário terá que tomar as devidas providências
violência sexual ou de gênero. O Mutuário para remediá-los.
informará os trabalhadores do mecanismo
de queixa no momento da contratação e
deixará o mesmo facilmente acessível, em Trabalho Forçado
uma linguagem que eles entendam. O meca-
nismo envolverá um nível adequado de 24. O Mutuário não empregará trabalho forçado,
gerenciamento e abordará as preocupações que consiste em qualquer trabalho ou serviço
imediatamente, usando um processo compre- que não seja executado voluntariamente que
ensível e transparente que forneça feedback é exigido de um indivíduo sob ameaça de
aos interessados, sem qualquer retribuição. O força ou penalidade. Isso abrange qualquer
mecanismo também permitirá que reclamações tipo de trabalho involuntário ou compulsório,
anônimas ou confidenciais sejam levantadas e como trabalho contratado, trabalho forçado
tratadas. O mecanismo não impedirá o acesso ou acordos similares de contratação de tra-
a outros recursos judiciais ou administrativos balho. O Mutuário não empregará pessoas
que possam estar disponíveis de acordo com traficadas. 85 Se forem identificados casos
a lei ou através de procedimentos de arbi- de trabalho forçado, o Mutuário tomará as
tragem existentes, ou substituir os mecanismos medidas apropriadas para remediá-los.
de queixa por meio de acordos coletivos.

Protegendo a força de trabalho


84 Exemplos de atividades perigosas incluem trabalho
(i) com exposição a abusos físicos, psicológicos ou sexu-
ais; (ii) subterrâneo, subaquático, trabalhando em alturas
Trabalho Infantil ou em espaços confinados; (iii) com máquinas, equipa-
mentos ou ferramentas perigosas, ou envolvendo manu-
23. O Mutuário não empregará crianças menores seio de cargas pesadas; (iv) em ambientes não saudáveis,
que a idade mínima de trabalho ou trabalho expondo o trabalhador a substâncias, agentes, processos,
temperaturas, ruídos ou vibrações prejudiciais à saúde;
relacionado, que será de 15 anos a menos que
ou (v) sob condições difíceis, como longas horas, altas
a lei nacional especifique uma idade mais alta.
horas da noite ou confinamento pelo empregador.
Crianças acima da idade mínima não podem 85 O Tráfico de Pessoas é definido como recrutamento,

ser empregadas ou trabalhar de forma econo- transporte, transferência, acolhimento ou recepção de


micamente exploradora, ou que provavelmente pessoas através do recurso de ameaças ou à força ou
será perigoso, ou que irá interferir na educação a outras formas de coação, rapto, fraude, engano, abu-
so do poder ou de uma posição de vulnerabilidade, ou
da criança, ou será prejudicial à saúde dela ou
da oferta ou obtenção de pagamentos ou benefícios a
ao seu desenvolvimento físico, mental, espiri-
fim de conseguir o consentimento de uma pessoa que
tual, moral ou social. Crianças menores de 18 exerce controle sobre outra, para efeitos de exploração.
anos não serão empregadas em trabalhos peri- Mulheres e crianças são particularmente vulneráveis às
gosos.84 O Mutuário identificará a presença de práticas de tráfico.

52 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


Saúde e Segurança Ocupacional incidentes ocupacionais; (v) medidas de
prevenção, preparação e resposta a emer-
25. O Mutuário fornecerá um ambiente de gências; 88 e (vi) soluções para impactos
trabalho seguro e saudável, levando em adversos como lesões, morte, deficiência
consideração os riscos inerentes ao projeto ou doenças ocupacionais. Para informações
e classes específicas de perigos, incluindo adicionais relacionadas à preparação e res-
riscos físicos, químicos, biológicos e radio- posta a emergências, consulte o ESPS 1.
lógicos e ameaças específicas às mulheres,
pessoas de identidade de gêneros ou 27. Todas as partes que empregam ou contratam
orientação sexual diversas, pessoas com defi- trabalhadores do projeto desenvolverão e
ciência, crianças (com idade para trabalhar implementarão procedimentos para esta-
de acordo com este ESPS) e trabalhadores belecer e manter um ambiente de trabalho
migrantes. O Mutuário tomará medidas para seguro, incluindo que locais de trabalho,
prevenir acidentes, lesões e doenças decor- equipamentos e processos sob o con-
rentes, associadas ou ocorrendo no curso do trole dos empregados sejam seguros e não
trabalho, minimizando, tanto quanto razoa- representem risco à saúde, incluso o uso
velmente possível, as causas dos perigos. de medidas apropriadas relacionadas com
Em casos de pandemias ou epidemias, o substâncias e agentes químicos, físicos ou
Mutuário deve desenvolver e implementar biológicos. Tais partes irão colaborar ati-
medidas e protocolos de Saúde e Segurança vamente e consultar os trabalhadores do
Ocupacional para proteger os trabalha- projeto para promover o entendimento e
dores do risco de exposição, de acordo com
diretrizes nacionais e melhores práticas inter- 86 Tal como: (i) assegurar que os trabalhadores enten-
nacionais, 86 como aquelas recomendadas dam que atividades de trabalho podem colocá-los em
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). risco de exposição a fontes de infecção; (ii) fornecer
O Mutuário deve prevenir discriminação e opções para o trabalho remoto, se possível, ou usando
exclusão relacionadas a condição de saúde. políticas flexíveis de licença quando estiverem doentes;
(iii) implementar estratégias de distanciamento social,
boa higiene e procedimentos apropriados de desinfec-
26. De maneira consistente com as boas prá-
ção; (iv) fornecer equipamento de proteção pessoal
ticas internacionais da indústria, 87 refletidas (EPP) e treinar os trabalhadores sobre como utilizá-los,
em várias fontes internacionalmente reco- limpá-los e guardá-los adequadamente; (v) informar so-
nhecidas, incluindo as Diretrizes de Meio bre serviços médicos disponíveis (por exemplo, vacina-
Ambiente, Saúde e Segurança do Grupo ção, medicamentos); e (vi) comunicar informações atua-
lizadas a respeito de epidemias/pandemias e para onde
Banco Mundial, o Mutuário abordará áreas
direcionar seus questionamentos.
que incluem (i) identificação de riscos 87 Definido como o exercício de habilidade profissional,

potenciais para os trabalhadores, parti- diligência, prudência e previsão que seria razoavelmente
cularmente aqueles que podem ser fatais; esperado de profissionais qualificados e experientes en-
(ii) provisão de medidas preventivas e volvidos no mesmo tipo de empresa sob as mesmas ou
protetoras, incluindo modificação, subs- similares condições globalmente ou regionalmente.
88 Esses arranjos serão coordenados com medidas de
tituição ou eliminação de condições ou
preparação e resposta às emergências estabelecidas no
substâncias perigosas; (iii) treinamento de
ESPS 4. Tais medidas corretivas devem considerar, quan-
trabalhadores e manutenção de dados dos do aplicáveis, o nível salarial e a idade do trabalhador
treinamentos; (iv) documentação e noti- do projeto, o grau de impacto adverso, e a quantidade e
ficação de acidentes, lesões, doenças e idade de seus dependentes.

PADRÃO 2 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 53


métodos para a implementação dos requi- contratam os trabalhadores colaborarão
sitos de saúde e segurança ocupacional, na aplicação dos requisitos de segurança
bem como prover informação aos traba- e saúde ocupacional, sem prejuízo da res-
lhadores do projeto. Tais partes também ponsabilidade de cada parte pela saúde e
irão providenciar treinamento sobre saúde segurança de seus próprios trabalhadores.
e segurança ocupacional e o fornecimento
de equipamento de proteção sem custo aos 31. Um sistema regular de revisão de desem-
trabalhadores do projeto. penho das medidas de saúde e segurança
ocupacional e do ambiente de trabalho será
28. Procedimento serão criados nos locais de adotada e incluirá a identificação de perigos
trabalho para trabalhadores do projeto e riscos à saúde e segurança, implemen-
relatarem situações que eles acreditem tação de métodos eficazes de reagir a riscos
não serem saudáveis ou seguras e para e perigos identificados e determinação de
removê-los de situação com justificação fun- prioridades para a tomada de medidas e
damentada que acreditam apresentar risco avaliação dos resultados.
sério e iminente a sua vida ou saúde. Traba-
lhadores do projeto que se retirarem de tais 32. Onde haja riscos específicos que possam
situações não podem ser requisitados para resultar e efeitos adversos a saúde, segu-
voltar ao trabalho até que medidas corre- rança e bem-estar dos trabalhadores com
tivas tenham sido tomadas para resolver a susceptibilidades de idade, gênero, defici-
situação. Os trabalhadores do projeto não ência e condições de saúde de pequeno ou
sofrerão retaliação, tampouco serão sujeitos médio prazo, o Mutuário deverá executar
a represálias e ações negativas por conta de uma avaliação de risco mais detalhada e
relatos ou da remoção. fazer ajustes para evitar discriminações,
lesões e problemas de saúde.
29. Aos trabalhadores devem ser fornecidas ins-
talações saudáveis e seguras apropriadas
para as circunstâncias de seu trabalho, Trabalhadores contratados por terceiros
incluindo acesso a refeitórios, instalações
sanitárias, e áreas apropriadas para des- 33. Com relação aos trabalhadores contratados,
canso. Onde serviços de acomodação forem o Mutuário empreenderá esforços razoá-
fornecidos aos trabalhadores do projeto, veis para assegurar que os terceiros que os
políticas devem ser adotadas e imple- envolvem sejam entidades respeitáveis e
mentadas para gerência e qualidade da legítimas e possuam um ESMS apropriado
acomodação, a fim de proteger e promover que lhes permita operar de maneira consis-
a saúde, a segurança e o bem-estar dos tra- tente com os requisitos deste ESPS, exceto
balhadores do projeto e fornecer acesso ou parágrafos 20–21 e 36–38.
providenciar serviços que acomodem suas
necessidades físicas, sociais e culturais. 34. O Mutuário estabelecerá políticas e pro-
cedimentos para gerenciar e monitorar o
30. Onde os trabalhadores do projeto sejam desempenho de tais empregadores terceiri-
empregados ou contratados por mais de zados em relação aos requisitos deste ESPS.
uma parte e estejam trabalhando juntos Além disso, o Mutuário irá incorporar esses
em um local, as partes que empregam ou requisitos em acordos contratuais com esses

54 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


empregadores terceirizados, juntamente principais fornecedores, a fim de identificar
com as adequadas medidas de correção. No mudanças significativas. Se forem identifi-
caso de subcontratação, o Mutuário exigirá cados novos riscos ou incidentes de trabalho
que terceiros incluam exigências e medidas infantil e/ou forçado, o Mutuário tomará as
de correção equivalentes em seus acordos medidas apropriadas para remediá-los.
contratuais com os subcontratados.
37. Além disso, quando houver um alto risco de
35. O Mutuário garantirá que os trabalhadores problemas significativos de saúde e segu-
contratados, mencionados nos parágrafos rança relacionados aos trabalhadores do
33–34 deste ESPS, tenham acesso a um fornecimento primário, o Mutuário introdu-
mecanismo de queixas. Nos casos em que o zirá procedimentos e medidas de mitigação
terceiro não puder fornecer um mecanismo para garantir que os fornecedores primários
de queixa, o Mutuário estenderá seu próprio tomem providências para prevenir ou cor-
mecanismo de queixa para atender os tra- rigir situações de risco de vida.
balhadores contratados pelo terceiro.
38. A capacidade do Mutuário de enfrentar
completamente esses riscos dependerá do
Trabalhadores do fornecimento primário nível de controle ou influência gerencial do
Mutuário sobre os principais fornecedores
36. Quando houver um risco de trabalho infantil do projeto. Onde a reparação não for pos-
ou trabalho forçado89 relacionado aos tra- sível, o Mutuário transformará os principais
balhadores do fornecimento primário, o fornecedores do projeto ao longo do tempo
Mutuário identificará os riscos consistentes em fornecedores que possam demonstrar
com os parágrafos 23 e 24 acima. Se forem que estão cumprindo este ESPS.
identificados casos de trabalho infantil ou
trabalho forçado, o Mutuário tomará as 89 O risco potencial de trabalho infantil e trabalho força-

medidas apropriadas para remediá-los. O do será determinado durante o processo de identifica-


Mutuário monitorará continuamente seus ção de riscos e impactos, conforme exigido no ESPS 1.

PADRÃO 2 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 55


PADRÃO 3 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Eficiência de Recursos e Prevenção


de Poluição
PADRÃO 3 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 57

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 3 reconhece que o aumento da ativi-


dade econômica e da urbanização normalmente gera aumento dos níveis de poluição do ar,
da água e da terra e consome recursos finitos de uma maneira que pode ameaçar as pes-
soas e o meio ambiente a nível local, regional, e global.90 Há também um consenso global de
que a concentração atmosférica atual e projetada de gases de efeito estufa (GEE) ameaça a
saúde pública e o bem-estar das gerações atuais e futuras. Ao mesmo tempo, tecnologias e
práticas de prevenção91 e mitigação de emissões de GEE e de combate à poluição mais efi-
cientes e eficazes se tornaram mais acessíveis e viáveis em praticamente todas as partes do
mundo. Estes são frequentemente implementados através de metodologias de melhoria con-
tínua semelhantes às utilizadas para aprimorar a qualidade.

2 Este ESPS descreve uma abordagem em nível de projeto para gestão de recursos e prevenção e
controle da poluição, e prevenção e minimização de emissão de GEE. Este será desenvolvido a partir
da hierarquia de mitigação e do princípio “poluidor-pagador”. Ele reconhece o impacto despropor-
cional da poluição sobre mulheres, crianças, idosos, os pobres e vulneráveis. Este ESPS também
reconhece o conceito e prática emergente da economia circular92 e/ou recuperação de recursos,
onde produtos usáveis e de valor podem ser criados ou derivados do que foi previamente visto
como resíduo. O projeto relatou riscos e impactos associados com o uso de recursos, e a geração
e emissão de resíduos deve ser avaliada a partir contexto local do e das condições ambientais
do projeto. Medidas, tecnologias e práticas de mitigação apropriadas devem ser adotadas para
uso eficiente e eficaz de recursos prevenção e controle da poluição, e prevenção e minimização
da emissão de GEE, de acordo com as tecnologias e práticas disseminadas internacionalmente.

OBJETIVOS e impactos ambientais e sociais. A implemen-


tação das ações necessárias para atender
y Evitar ou minimizar impactos adversos aos requisitos deste ESPS é gerenciada por
na saúde humana e no meio ambiente, meio do Sistema de Gestão Ambiental e
evitando ou diminuindo a poluição re- Social do Mutuário, cujos elementos estão
sultante das atividades do projeto. descritos no ESPS 1.
y Promover um uso mais sustentável dos
recursos, incluindo energia e água. 90 Para os fins deste ESPS, o termo “poluição” refere-se
y Reduzir ou evitar as emissões de GEE re- a poluentes químicos perigosos e não perigosos nas fa-
ses sólida, líquida ou gasosa e inclui outros componen-
lacionadas ao projeto.
tes como descarga térmica na água, emissões de GEE,
y Evitar ou minimizar a geração de resí-
odores incômodos, ruído, vibração, radiação, energia
duos. eletromagnética e criação de possíveis impactos visuais,
y Minimizar e gerenciar os riscos e impac- incluindo a luz.
tos associados ao uso de pesticidas. 91 Para os fins deste ESPS, o termo “prevenção de polui-

ção” não significa eliminação absoluta de emissões, mas a


evitação na fonte sempre que possível e, se não possível,
minimização subsequente da poluição na medida em que
ESCOPO DE APLICAÇÃO os objetivos do Padrão de Desempenho sejam satisfeitos.
92 A economia circular é baseada em princípios elimina-

3. A aplicabilidade deste ESPS é estabelecida ção de resíduos e poluição, mantendo produtos e mate-
durante o processo de identificação de riscos riais em uso e regenerando sistemas naturais.
EXIGÊNCIAS Eficiência de recursos

4. Durante o ciclo de vida do projeto, o Mutu- 6. O Mutuário implementará medidas técnicas


ário considerará as condições ambientais e e financeiramente viáveis e econômicas95
aplicará princípios e viabilidades técnicas para melhorar a eficiência no consumo de
viáveis técnica e financeiramente em termos energia, água e outros recursos e insumos
de eficiência de recursos e prevenção de materiais, com foco nas principais áreas de
poluição que sejam mais adequados para atividades do projeto. Tais medidas inte-
evitar ou, quando não for possível, minimizar grarão os princípios de produção mais limpa
os impactos adversos à saúde humana e ao no desenvolvimento do projeto, com o obje-
meio ambiente. 93 Os princípios e técnicas tivo de conservar matérias-primas, energia
aplicados durante o ciclo de vida do pro- e água. Onde houver dados de indicadores
jeto serão adaptados aos perigos e riscos de melhor prática disponíveis, o Mutuário
associados à natureza do projeto e consis- fará uma comparação para estabelecer o
tentes com as boas práticas internacionais nível relativo de eficiência.
da indústria (GIIP), 94 conforme refletidas
em várias fontes internacionalmente reco-
nhecidas, incluindo as Diretrizes de Meio Gases de efeito de estufa
Ambiente, Saúde e Segurança (EHSG) do
grupo Banco Mundial. 7. Além das medidas de eficiência de recursos
descritas acima, o Mutuário considerará
5. O Mutuário se referirá às EHSG ou a outras alternativas e implementará opções téc-
fontes reconhecidas internacionalmente, nica e financeiramente viáveis e econômicas
conforme apropriado, ao avaliar e sele-
cionar a eficiência de recursos e técnicas 93 Viabilidade técnica baseia-se em se as medidas e
de prevenção e controle de poluição para o ações propostas podem ser implementadas com ha-
projeto. As EHSG contêm os níveis de desem- bilidades, equipamentos e materiais disponíveis co-
penho e as medidas normalmente aceitáveis mercialmente, levando em consideração fatores locais
predominantes, como clima, geografia, demografia, in-
e aplicáveis aos
​​ projetos. Quando os regu-
fraestrutura, segurança, governança, capacidade e con-
lamentos aplicáveis diferem dos níveis e fiabilidade operacional. Viabilidade financeira baseia-se
medidas apresentados nas EHSG, os Mutu- em considerações financeiras, incluindo magnitude rela-
ários serão solicitados a atingir o que for tiva do custo incremental da adoção de medidas e ações
mais rigoroso. Se níveis ou medidas menos em comparação com os custos de investimento, opera-
rigorosos do que os fornecidos nas EHSG ção e manutenção do projeto.
94 GIIP são definidas como o exercício de habilidade
forem adequados em vista de circunstâncias
profissional, diligência, prudência e previsão que seria
específicas do projeto, o Mutuário forne- razoavelmente esperado de profissionais qualificados e
cerá justificativa completa e detalhada para experientes envolvidos no mesmo tipo de empresa sob
quaisquer alternativas propostas por meio as mesmas ou similares condições globalmente ou regio-
do processo de identificação e avaliação nalmente. O resultado desse exercício deve ser o fato de
de riscos e impactos ambientais e sociais. o projeto empregar as tecnologias mais adequadas nas
circunstâncias específicas do projeto.
Essa justificativa deve demonstrar que a 95 A relação custo-benefício é determinada de acordo

escolha de quaisquer níveis alternativos de com o custo de capital e operacional, os benefícios fi-
desempenho é consistente com os objetivos nanceiros e as externalidades ambientais e sociais da
destes ESPS. medida considerada ao longo da vida da operação.

58 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


para evitar ou reduzir as emissões de GEE Prevenção da Poluição
relacionadas ao projeto durante o design e
operação do projeto. Essas opções podem 10. O Mutuário evitará a liberação de poluentes
incluir, mas não estão limitadas a, locais ou, quando não for viável, minimizará e/
alternativos de projetos, adoção de fontes ou controlará a intensidade e o fluxo de
de energia renováveis ou de baixo carbono, massa de sua liberação. Isso se aplica à
práticas sustentáveis de gestão agrícola, liberação de poluentes do ar, da água e da
florestal e pecuária, redução de emissões terra devido a circunstâncias rotineiras, não
fugitivas e redução da queima de gás. rotineiras ou acidentais com potencial para
impactos locais, regionais e transfrontei-
8. Para projetos que devam produzir ou atual- riços.101 Nos casos em que exista poluição
mente produzam mais de 25.000 toneladas histórica, como a contaminação do solo ou
de dióxido de carbono (CO2) equivalente anu- das águas subterrâneas, o Mutuário pro-
almente,96 o Mutuário quantificará as emissões curará determinar se é responsável pelas
brutas diretas do projeto,97 bem como as indi- medidas de mitigação. Se for determinado
retas. As emissões indiretas incluem aquelas que o Mutuário é legalmente responsável,
associadas à produção remota de energia98 essas responsabilidades serão resolvidas
e materiais intensivos99 de GEE usados pelo de acordo com a legislação nacional ou,
projeto e emissões geradas pelos usuários quando omissa, com as GIIP.102
diretos do projeto, quando significativa. A
quantificação das emissões de GEE será con-
duzida anualmente pelo Mutuário de acordo
96 A quantificação de emissões deve considerar todas as
fontes significativas de emissão de gases de efeito es-
com metodologias e boas práticas interna-
tufa, incluindo fontes não relacionadas à energia, como
cionalmente reconhecidas.100 metano e óxido nitroso, entre outras.
97 As alterações induzidas pelo projeto no conteúdo de

carbono do solo ou na biomassa acima do solo e o decai-


Consumo de água mento da matéria orgânica induzido pelo projeto podem
contribuir para as fontes diretas de emissões e devem
ser incluídos nessa quantificação de emissões, onde se
9. Quando o projeto é um consumidor potencial-
espera que sejam significativas.
mente significativo de água, além de aplicar 98 Refere-se à geração externa por terceiros de eletrici-

os requisitos de eficiência de recursos deste dade e energia de aquecimento e refrigeração usada no


ESPS, o Mutuário deve adotar medidas que projeto.
99 Incluindo cimento e aço.
evitem ou reduzam o uso da água, para que
100 Estrutura das Instituições Financeiras Internacionais
o consumo de água do projeto não tenha
para uma Abordagem Harmonizada da Contabilidade de
impactos adversos significativos na popu-
Gases de Efeito Estufa, pelo Painel Intergovernamental
lação e no meio ambiente. Essas medidas de Mudanças Climáticas, várias organizações internacio-
incluem, entre outras, o uso de medidas nais e agências relevantes do país anfitrião.
adicionais tecnicamente viáveis de conser- 101 Poluentes transfronteiriços incluem aqueles cobertos

vação de água, o uso de fontes alternativas pela Convenção sobre Poluição Atmosférica Transfron-
de água, a reutilização de água, compen- teiriça de Longo Alcance.
102 Isso pode exigir coordenação com agências governa-
sações no consumo de água para reduzir a
mentais nacionais e locais, comunidades e contribuintes
demanda total de recursos hídricos dentro do para a contaminação, e que qualquer avaliação segue
suprimento disponível e avaliação de locais uma abordagem baseada em risco consistente com as
alternativos do projeto, como apropriado. GIIP, conforme refletido na EHSG.

PADRÃO 3 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 59


11. Para tratar de possíveis impactos adversos por terceiros, o Mutuário utilizará contratados
do projeto nas condições ambientais103 que são empresas respeitáveis e legítimas
existentes, o Mutuário considerará fatores licenciadas pelos órgãos reguladores gover-
relevantes, incluindo, por exemplo (i) condi- namentais relevantes e obterá documentação
ções ambientais existentes, (ii) a capacidade da cadeia de custódia até o destino final. O
assimilativa finita104 do meio ambiente, Mutuário deve verificar se os locais de des-
(iii) uso da terra existente e futuro, (iv) proxi- carte licenciados estão sendo operados com
midade do projeto com áreas de importância padrões e localização aceitáveis e o Mutuário
para a biodiversidade e (v) o potencial de usará esses locais. Onde não for esse o caso, o
impactos cumulativos com consequências Mutuário deverá reduzir o desperdício enviado
incertas e/ou irreversíveis. Além de aplicar a esses locais e considerar opções alterna-
medidas de eficiência de recursos e con- tivas de descarte, incluindo a possibilidade
trole de poluição, conforme exigido neste de desenvolver suas próprias instalações de
Padrão de Desempenho, quando o projeto recuperação ou descarte no local do projeto.
tiver potencial para constituir uma fonte
significativa de emissões em uma área já
degradada, o Mutuário considerará estraté- Gerenciamento de materiais perigosos
gias adicionais e adotará medidas que evitem
ou reduzam efeitos negativos. Essas estra- 13. Às vezes, materiais perigosos são usados como
tégias incluem, mas não estão limitadas a, matéria-prima ou fabricados como produto
avaliação de alternativas de localização do pelo projeto. O Mutuário evitará ou, quando
projeto e compensações de emissões. não for possível, minimizará e controlará a
liberação de materiais perigosos.107 Nesse
contexto, a produção, transporte, manuseio,
Resíduos armazenamento e uso de materiais perigosos
para as atividades do projeto devem ser ava-
12. O Mutuário evitará a geração de resíduos peri- liados. O Mutuário considerará substitutos
gosos e não perigosos. Onde a geração de menos perigosos quando materiais perigosos
resíduos não puder ser evitada, o Mutuário
reduzirá a geração de resíduos, recuperará e
reutilizará os resíduos de maneira segura para 103 Como ar, águas de superfície e subterrâneas e solos.
a saúde humana e o meio ambiente. Onde os 104 Capacidade do ambiente de absorver uma carga incre-
resíduos não puderem ser recuperados ou mental de poluentes, permanecendo abaixo de um limiar de
reutilizados, o Mutuário os tratará, destruirá risco inaceitável para a saúde humana e o meio ambiente.
105 Conforme definido por convenções internacionais ou
ou descartará de maneira ambientalmente
legislação nacional.
correta, incluindo o controle apropriado de 106 O movimento transfronteiriço de materiais perigosos

emissões e resíduos resultantes do manu- deve ser consistente com as leis nacionais, regionais e
seio e processamento do material residual. internacionais, incluindo a Convenção de Basileia sobre
Se o resíduo gerado for considerado peri- o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos
goso,105 o Mutuário adotará alternativas de Perigosos e Sua Eliminação e a Convenção de Londres
sobre a Prevenção da Poluição Marinha por Despejo de
GIIP para seu descarte ambientalmente cor-
Resíduos e Outras Matérias.
reto, respeitando as limitações aplicáveis ao 107 Estes materiais podem incluir fertilizantes químicos,

seu movimento transfronteiriço.106 Quando o correções do solo e outros produtos químico que não
descarte de resíduos perigosos é conduzido sejam pesticidas.

60 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


forem usados em processos de fabricação, ati- 16. O Mutuário projetará seu regime de apli-
vidades de construção ou outras atividades ou cação de pesticidas para (i) evitar danos
operações relacionadas ao projeto. O Mutu- aos inimigos naturais da praga alvo e, onde
ário evitará a fabricação, o comércio e o uso não for possível evitar, minimizar e (ii) evitar
de produtos químicos e materiais perigosos os riscos associados ao desenvolvimento de
sujeitos a proibições ou interrupções inter- resistência em pragas e vetores, e onde a não
nacionais devido à sua alta toxicidade para é possível evitar, minimizar. Além disso, os
organismos vivos, persistência ambiental, pesticidas serão manipulados, armazenados,
potencial de bioacumulação ou potencial de aplicados e descartados em conformidade
destruição da camada de ozônio.108 com o Código Internacional de Conduta da
Organização das Nações Unidas para Agri-
cultura e Alimentação sobre Distribuição e
Uso e manejo de pesticidas Uso de Pesticidas ou outras GIIP.

14. Quando apropriado, o Mutuário formulará e 17. O Mutuário não comprará, armazenará, usará,
implementará uma abordagem de manejo fabricará ou comercializará produtos que se
integrado de pragas (MIP) e/ou manejo inte- enquadram na Classificação Recomendada
grado de vetores (MIV) visando infestações de Pesticidas da OMS pela Classe de Perigo
por pragas economicamente significativas Ia (extremamente perigosa); ou Ib (altamente
e vetores de doenças de importância para perigoso). O Mutuário não comprará, arma-
a saúde pública. O programa de MIP e MIV zenará, usará, fabricará ou comercializará
do Mutuário integrará o uso coordenado de pesticidas de Classe II (moderadamente
informações sobre pragas e meio ambiente, perigosos), a menos que o projeto tenha
juntamente com os métodos de controle de controles apropriados sobre a fabricação,
pragas disponíveis, incluindo práticas cul- aquisição ou distribuição e/ou uso desses
turais, biológicas, genéticas e, como último produtos químicos. Esses produtos químicos
recurso, meios químicos para evitar danos não devem ser acessíveis ao pessoal sem
e/ou transmissão de doenças economica- treinamento, equipamento e instalações ade-
mente significativas para humanos e animais. quados para manusear, armazenar, aplicar e
descartar esses produtos adequadamente.
15. Quando as atividades de gestão de pragas O Mutuário também garantirá o uso seguro
incluem o uso de pesticidas químicos, o de pesticidas levando em consideração a
Mutuário selecionará pesticidas com pouca classificação do Sistema Globalmente Har-
toxicidade humana, que são conhecidos monizado de Classificação e Rotulagem de
como efetivos contra as espécies alvo e têm Produtos Químicos (GHS).
efeitos mínimos em espécies não alvo e no
meio ambiente. Quando o Mutuário sele-
cionar pesticidas químicos, a seleção será
baseada nos requisitos de que os pesticidas
sejam embalados em recipientes seguros,
108Em consonância com os objetivos da Convenção de
Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes e o
sejam claramente rotulados para uso seguro
Protocolo de Montreal relativo às Substâncias que cau-
e adequado e que os pesticidas tenham sido sam a Depleção da Camada de Ozônio. Considerações
fabricados por uma entidade atualmente licen- semelhantes serão aplicadas a certas classes de pestici-
ciada pelas agências reguladoras relevantes. das da OMS.

PADRÃO 3 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 61


PADRÃO 4 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Saúde e Segurança da Comunidade


PADRÃO 4 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 63

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 4 reconhece que as atividades, equipa-


mentos e infraestrutura do projeto podem aumentar a exposição da comunidade a riscos e
impactos incluindo aqueles causados por desastres naturais e mudanças climáticas. Além disso,
as comunidades que já estão sujeitas a impactos adversos de riscos naturais e mudanças cli-
máticas também podem sofrer uma aceleração e/ou intensificação desses impactos adversos
devido às atividades do projeto. Riscos naturais e impactos das mudanças climáticas podem
afetar o próprio projeto, o que pode causar impactos adversos adicionais na saúde e segu-
rança das pessoas afetadas pelo projeto. Este ESPS trata da responsabilidade do Mutuário de
evitar ou minimizar os riscos e impactos à saúde, segurança e proteção da comunidade que
possam surgir das atividades relacionadas ao projeto, com atenção especial aos grupos vul-
neráveis. Também aborda a responsabilidade do Mutuário em evitar ou minimizar os riscos e
impactos do projeto em si que possam resultar de desastres naturais ou mudanças climáticas.

2 Nas áreas de conflito e pós-conflito, o nível de riscos e impactos descritos neste ESPS pode ser
maior. Os riscos de um projeto exacerbar uma situação local já sensível, levando a um aumento no
risco de conflito pessoal ou comunitário, ou enfatizar os recursos locais escassos, devem ser consi-
derados com cuidado, pois podem levar a mais conflitos e maiores ameaças à segurança humana.

OBJETIVOS 4. Este ESPS aborda os riscos e impactos em


potencial das atividades do projeto em pes-
y Antecipar e evitar impactos adversos na soas afetadas pelo projeto. Também aborda
saúde e segurança das pessoas afetadas pelo riscos e impactos potenciais do projeto em si
projeto durante o ciclo de vida do projeto, que possam resultar de desastres naturais ou
em circunstâncias rotineiras e não rotineiras. mudanças climáticas. Os requisitos de saúde e
y Garantir que a salvaguarda de pessoal e segurança ocupacional para os trabalhadores
propriedade seja realizada de acordo com estão incluídos no ESPS 2; os padrões ambien-
os princípios relevantes de direitos huma- tais para evitar ou minimizar os impactos na
nos e de maneira a evitar ou minimizar os ris- saúde humana e no meio ambiente devido à
cos para as pessoas afetadas pelo projeto. poluição estão incluídos no ESPS 3; os requi-
y Antecipar e evitar impactos adversos no sitos para abordar risco de violência sexual ou
projeto em si por conta de desastres na- de gênero nas instâncias de conflito comuni-
turais e mudanças climáticas durante o tário e no fluxo de trabalhares externos estão
ciclo de vida do projeto. inclusos no ESPS 9; e os requisitos de consulta
às partes interessadas e divulgação de informa-
ções estão incluídos no ESPS 10.
ESCOPO DE APLICAÇÃO

3. A aplicabilidade deste ESPS é estabelecida EXIGÊNCIAS


durante o processo de identificação de riscos e
impactos ambientais e sociais. A implementação Saúde e Segurança Comunitária
das ações necessárias para atender aos requisitos
deste ESPS é gerenciada por meio do Sistema 5. O Mutuário avaliará os riscos e impactos à
de Gestão Ambiental e Social (ESMS) do Mutu- saúde e segurança das pessoas afetadas pelo
ário, cujos elementos estão descritos no ESPS 1. projeto durante o ciclo de vida do projeto e
estabelecerá medidas preventivas e de controle ário considerará os riscos incrementais da
consistentes com as Boas Práticas Internacio- exposição potencial do público a acidentes
nais da Indústria (GIIP),109 como nas Diretrizes operacionais e/ou riscos naturais e será con-
de Meio Ambiente, Saúde e Segurança (EHSG) sistente com os princípios do acesso universal.
do grupo Banco Mundial ou outras fontes Os elementos estruturais serão projetados
reconhecidas internacionalmente. O Mutu- e construídos por profissionais qualificados
ário identificará riscos e impactos e proporá e experientes, e certificados ou aprovados
medidas de mitigação que sejam proporcio- pelas autoridades ou profissionais compe-
nais à sua natureza e magnitude. Essas medidas tentes. Quando os elementos ou componentes
favorecerão a prevenção ou a anulação de estruturais estão situados em locais de alto
riscos e impactos sobre a minimização e risco e sua falha ou mau funcionamento puder
redução. O risco à saúde e segurança da comu- ameaçar a segurança das comunidades, o
nidade também pode resultar de atividades do Mutuário envolverá um ou mais especialistas
projeto que levam a um risco aumentado de qualificados com experiência relevante e reco-
conflito pessoal ou comunitário ou locais de nhecidos em projetos similares, separados dos
estresse com recursos escassos. O Mutuário responsáveis ​​pelo projeto e construção, para
deve procurar identificar esses riscos por meio realizar uma revisão o mais cedo possível no
de seus esforços de análise das partes interes- desenvolvimento do projeto e em todas as
sadas e do plano e engajamento das partes etapas de concepção do projeto, construção
interessadas, desenvolvendo e implementando e classificação e descontinuação. O Mutuário
medidas de mitigação apropriadas aos riscos. fará uso de monitorias de desempenho regu-
lares e avaliações de risco recorrente para
6. Onde haja riscos específicos que possam resultar projetos de alto risco para informar sobre a
em efeitos adversos a saúde, segurança e bem- contínua mitigação de riscos. Para projetos
-estar dos trabalhadores com susceptibilidades que operam equipamentos em movimento em
de idade, gênero, deficiência e condições de vias públicas e outras formas de infraestrutura,
saúde de pequeno ou médio prazo, o Mutu- o Mutuário procurará evitar a ocorrência de
ário deverá executar uma avaliação de risco incidentes e ferimentos a membros do público
mais detalhada e fazer ajustes para evitar dis- associados à operação de tais equipamentos.
criminações, lesões e problemas de saúde.

Gerenciamento e segurança de materiais


Infraestrutura e Design e Segurança de perigosos
Equipamentos
8. O Mutuário evitará ou minimizará o potencial
7. O Mutuário projetará, construirá, operará, de exposição da comunidade a materiais e
monitorará e desativará os elementos ou com-
ponentes estruturais do projeto de acordo 109 Definido como o exercício de habilidade profissional,
com as GIIP, levando em consideração os diligência, prudência e previsão que seria razoavelmente
riscos de segurança para terceiros e as pes- esperado de profissionais qualificados e experientes en-
volvidos no mesmo tipo de empresa sob as mesmas ou
soas afetadas pelo projeto, incluindo o tráfego
similares condições globalmente ou regionalmente.
e risco em rodovias e riscos relacionados.110 110 A transferência de risco ocorre em situações onde as

Quando novos edifícios e estruturas forem medidas de redução de riscos de uma comunidade po-
acessados pelos membros do público, o Mutu- dem aumentar os riscos em outras.

64 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


substâncias perigosas que possam ser libe- podem resultar em riscos e impactos rela-
radas pelo projeto. Onde existir um potencial cionados à saúde. Onde apropriado e viável,
para que a comunidade (incluindo os traba- o Mutuário identificará os riscos e impactos
lhadores e suas famílias) seja exposta a riscos, potenciais nos serviços ecossistêmicos prio-
particularmente aqueles que podem ser fatais, ritários que podem ser exacerbados por
o Mutuário exercerá especial cuidado para desastres naturais e mudanças climáticas.
evitar ou minimizar sua exposição modifi- Impactos adversos devem ser evitados e,
cando, substituindo ou eliminando a condição se tais impactos forem inevitáveis, o Mutu-
ou substância que causa os perigos poten- ário implementará medidas de mitigação de
ciais. Onde materiais perigosos fazem parte acordo com os parágrafos 24 e 25 do ESPS
da infraestrutura ou componentes existentes 6. Com relação ao uso e perda de acesso a
do projeto, o Mutuário exercerá especial cui- serviços de provimento, os Mutuários imple-
dado ao realizar atividades de classificação mentarão medidas de mitigação de acordo
para evitar a exposição à comunidade. O com os parágrafos 25–29 do ESPS 5.
Mutuário exercerá boas práticas da indústria
para controlar a segurança de entregas de
materiais perigosos e de transporte e des- Exposição da Comunidade a Doenças
carte de resíduos perigosos e implementará
medidas para evitar ou controlar a exposição 10. O Mutuário evitará ou minimizará o poten-
da comunidade a pesticidas, de acordo com cial de exposição da comunidade a doenças
os requisitos do ESPS 3. transmitidas pela água, à base de água, rela-
cionadas à água e transmitidas por vetores e
doenças transmissíveis que podem resultar
Serviços Ecossistêmicos das, ou serem agravadas pelas, atividades
do projeto, levando em consideração a
9. Os impactos diretos, indiretos e cumula- exposição diferenciada e a maior sensibili-
tivos do projeto nos serviços prioritários dos dade dos grupos vulneráveis. Onde doenças
ecossistemas podem resultar em riscos e específicas são endêmicas nas comuni-
impactos adversos à saúde e segurança das dades na área de influência do projeto, o
pessoas afetadas pelo projeto. Com relação Mutuário é encorajado a explorar oportu-
a este ESPS, os serviços ecossistêmicos nidades durante o ciclo de vida do projeto
limitam-se ao provimento e regulação de ser- para melhorar as condições ambientais que
viços, conforme definido no parágrafo 2 do poderiam ajudar a reduzir sua incidência. No
ESPS 6. Por exemplo, mudanças no uso da caso de surtos de doenças não endêmicas, o
terra ou a perda de áreas de reserva natural, Mutuário deve tomar medidas de precaução
como áreas úmidas, manguezais e florestas para evitar a exposição da comunidade.
de terras altas, que atenuam os efeitos de
riscos naturais, como inundações, desliza- 11. O Mutuário irá prevenir ou minimizar a
mentos de terra e fogo, podem resultar em transmissão de doenças transmissíveis que
maior vulnerabilidade e riscos e impactos podem estar associadas ao influxo de mão
relacionados à segurança da comunidade. A de obra temporária ou permanente.
diminuição ou degradação dos recursos natu-
rais, como impactos adversos na qualidade, A água doce é um exemplo de fornecimento de servi-
111

quantidade e disponibilidade de água doce,111 ços ecossistêmicos.

PADRÃO 4 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 65


Preparação e resposta a emergências preparação, construção e operação do pro-
jeto. O Projeto deverá incluir as medidas
12. Além dos requisitos de preparação e res- necessárias para mitigar o risco de desastres
posta a emergências descritos no ESPS 1, o e mudanças climáticas a níveis aceitáveis. O
Mutuário também ajudará e colaborará com mutuário também evitará e/ou minimizará
as pessoas afetadas pelo projeto, agências os riscos causados por desastres naturais
do governo local e outras partes relevantes, ou alterações no uso da terra para as quais
em seus preparativos para responder efe- as atividades do projeto possam contribuir.
tivamente a situações de emergência,
especialmente quando participação e colabo- 14. Projetos que financiam a recuperação e a
ração são necessárias para responder a essas reconstrução após um desastre requerem
situações de emergência. Caso as agências precauções especiais para evitar a recons-
do governo local tenham pouca ou nenhuma trução ou o aumento da vulnerabilidade.
capacidade para responder de forma efe- Deve ser dada especial atenção às lições
tiva, o Mutuário desempenhará um papel aprendidas com os recentes eventos de
ativo na preparação e resposta às emergên- risco. O Mutuário não presumirá que as con-
cias associadas ao projeto. Essas situações dições pré-catástrofe persistem, no todo
de emergência incluem aquelas associadas ou em parte, na área afetada. A avaliação
ao surto de doenças e aquelas associadas a do risco de desastres do projeto de recons-
infraestruturas de grande porte. O Mutuário trução deve ser levada a cabo considerando
documentará suas atividades, recursos e res- as especificidades da área, do sector e da
ponsabilidades de preparação e resposta a infraestrutura em questão, assim como a
emergências e fornecerá informações apro- atual situação ambiental, social e econô-
priadas às pessoas potencialmente afetadas, mica e quaisquer mudanças na área afetada
outras partes interessadas e órgãos gover- como resultado do desastre.
namentais relevantes.

Equipe de Segurança
Resiliência a Riscos naturais e mudanças
climáticas 15. Quando o Mutuário retém trabalhadores diretos
ou contratados para fornecer segurança para
13. O Mutuário identificará e avaliará os riscos proteger seu pessoal e propriedade, ele ava-
potenciais causados por riscos naturais, liará os riscos decorrentes de suas disposições
como terremotos, secas, deslizamentos de segurança dentro e fora do local do pro-
de terra ou inundações incluindo aqueles jeto. Ao tomar tais providências, o Mutuário
causados ou agravados por mudanças cli- será guiado pelos princípios da proporcio-
máticas, bem como aqueles relacionados ao nalidade e das boas práticas internacionais112
projeto. Pode ser exigido que o Mutuário faça em relação à contratação, regras de conduta,
uma avaliação da vulnerabilidade do projeto
em relação a desastres e mudanças climá-
112Incluindo práticas consistentes com o Código de Con-
ticas. Com base nessa avaliação, o Mutuário
duta das Nações Unidas (ONU) para funcionários res-
identificará medidas apropriadas de resili- ponsáveis pela aplicação da lei e com os princípios bási-
ência e adaptação a desastres ou mudanças cos da ONU sobre o uso da força e de armas de fogo por
climáticas a serem integradas às fases de funcionários responsáveis pela aplicação da lei.

66 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


treinamento, equipamento e monitoramento 16. O Mutuário avaliará e documentará os riscos
desses trabalhadores e pela lei aplicável. O decorrentes do uso de pessoal designado
Mutuário fará os questionamentos razoáveis pelo projeto para prestar serviços de segu-
para garantir que aqueles que fornecem segu- rança. O Mutuário procurará garantir que
rança não estejam envolvidos em abusos do o pessoal de segurança aja de maneira
passado; os treinará adequadamente no uso consistente com o parágrafo 11 acima e
da força (e, quando aplicável, armas de fogo) incentivará as autoridades públicas rele-
e conduta apropriada em relação aos traba- vantes a divulgar ao público as disposições
lhadores e às pessoas afetadas pelo projeto; de segurança das instalações do Mutuário,
e exigirá que eles ajam de acordo com a lei sujeitas a preocupações de segurança pre-
aplicável. O Mutuário não sancionará qual- valecentes.
quer uso de força, salvo quando utilizada para
fins preventivos e defensivos em proporção à 17. O Mutuário analisará e, quando apropriado,
natureza e extensão da ameaça. O Mutuário investigará todas as alegações de atos ile-
fornecerá um mecanismo de queixas para que gais ou abusivos do pessoal de segurança,
as pessoas afetadas pelo projeto expressem tomará medidas (ou instará as partes apro-
preocupações sobre as disposições de segu- priadas a tomar medidas) para impedir a
rança e os atos do pessoal de segurança, de recorrência e denunciará atos ilegais e abu-
acordo com o ESPS 10. sivos às autoridades públicas apropriadas.

PADRÃO 4 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 67


PADRÃO 5 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Aquisição de Terra e Reassentamento


Involuntário
PADRÃO 5 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 69

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 5 aborda os impactos da aquisição de


terra relacionada ao projeto113, incluindo as restrições ao uso da terra e acesso aos seus ativos
e recursos, o que pode causar descolamento físico (realocação, perda de terreno residencial
ou perda de abrigo) e/ou deslocamento econômico (perda de terreno, bens ou acesso a bens,
incluindo aqueles que levam à perda de fontes de renda ou outros meios de subsistência114).
O termo “reassentamento involuntário” refere-se a esses dois impactos e aos processos de
mitigação e compensação desses impactos. O reassentamento é considerado involuntário
quando as pessoas afetadas pelo projeto não têm o direito de recusar a aquisição de terras
ou restrições ao uso da terra que resultam em deslocamento físico ou econômico. Isso ocorre
nos casos de (i) desapropriação legal ou restrições temporárias ou permanentes ao uso da
terra e (ii) acordos negociados nos quais o comprador pode recorrer à desapropriação ou
impor restrições legais ao uso da terra se as negociações com o vendedor falharem.

2 A menos que adequadamente gerenciado, o reassentamento involuntário pode resultar em


dificuldades e empobrecimento a longo prazo para as pessoas afetadas pelo projeto, além
de danos ambientais e impactos socioeconômicos adversos nas áreas para as quais foram
deslocadas. Por esses motivos, o reassentamento involuntário deve ser evitado. No entanto,
onde o reassentamento involuntário é inevitável, deve-se minimizar e medidas apropriadas
para mitigar impactos adversos sobre pessoas deslocadas e comunidades anfitriãs devem
ser planejadas e implementadas com cuidado.115 O governo desempenha um papel central
no processo de aquisição e reassentamento de terras, incluindo a determinação da compen-
sação. A estreita colaboração e coordenação entre as agências governamentais e as pessoas
afetadas pelo projeto pode resultar em uma implementação mais econômica, eficiente e opor-
tuna dessas atividades, bem como na introdução de abordagens inovadoras para melhorar a
subsistência das pessoas afetadas pelo reassentamento.

3 Para ajudar a evitar a desapropriação e eliminar a necessidade de impor a realocação, os Mutuá-


rios são incentivados a usar assentamentos negociados que atendam aos requisitos deste ESPS,
mesmo que tenham os meios legais para adquirir terras sem o consentimento do vendedor.

OBJETIVOS 113 Aquisição de terra inclui a compra definitiva da pro-


priedade e aquisição de acesso legal, bem como servidão
y Evitar, e quando não for possível evitar, ou direitos de passagem.
114 O termo “subsistência” refere-se a toda a gama de meios
minimizar o deslocamento explorando
que indivíduos, famílias e comunidades utilizam para ga-
projetos alternativos.
nhar a vida, como renda baseada em salários, agricultura,
y Evitar despejos forçados. pesca, forragem, outros meios de subsistência baseados
y Antecipar e evitar, ou onde não for possí- em recursos naturais, pequeno comércio e troca/escambo.
vel, minimizar os impactos sociais e econô- 115 Uma comunidade de acolhimento é uma comunida-

micos adversos da aquisição ou restrições de que recebe pessoas deslocadas. O Mutuário deverá
considerar impactos adversos sobre comunidades de
de uso da terra (i) compensando a perda
acolhimento como a transmissão de doenças contagio-
de ativos a custo de reposição116 e dificul-
sa devido a atividades de reassentamentos e/ou afetado
dades de transição, (ii) minimizando a in- pelo novo uso de recursos de pessoas deslocadas.
terrupção de suas redes sociais e outros 116 Custo de reposição é o valor de mercado dos ativos

ativos intangíveis, e (iii) garantindo que as mais os custos de transação (por exemplo, impostos e
atividades de reassentamento sejam im- y Situações do projeto em que restrições
plementadas com a divulgação adequada involuntárias ao uso da terra e acesso a
de informações, consultas e participação recursos naturais fazem com que uma
informada das pessoas afetadas. comunidade ou grupos de uma comu-
y Melhorar ou restaurar os meios de sub- nidade ou pessoas percam o acesso ao
sistência e os padrões de vida das pes- uso de recursos, onde possuem direitos
soas reposicionadas. de uso tradicionais ou reconhecíveis;120
y Melhorar as condições de vida das pes- y Certas situações do projeto que exigem
soas fisicamente deslocadas através despejo de pessoas que ocupam terras
do fornecimento de moradias adequa- sem direitos formais, tradicionais ou re-
das com segurança da posse117, e segu- conhecíveis;121
rança118 nos locais de reassentamento. y Restrição ao acesso à terra ou uso de
outros recursos, incluindo bens comuns

ESCOPO DE APLICAÇÃO taxas legais). Ao aplicar esse método de avaliação, a de-


preciação de estruturas e ativos não deve ser levada em
consideração. Valor de mercado é definido como o valor
4. A aplicabilidade deste ESPS é estabelecida
necessário para permitir que as pessoas afetadas pelo
durante o processo de identificação de riscos projeto substituam os ativos perdidos por ativos de valor
e impactos ambientais e sociais. A implemen- semelhante. O método de avaliação para determinar o
tação das ações necessárias para atender aos custo de reposição deve ser documentado e incluído nos
requisitos deste ESPS é gerenciada por meio planos de Reassentamento e/ou Restauração de Meios
do Sistema de Gestão Ambiental e Social de Subsistência aplicáveis (Ver parágrafos 18 e 25).
117 Segurança da posse significa que as pessoas afetadas
(ESMS) do Mutuário, cujos elementos estão
pelo projeto que são reassentadas são reassentadas em
descritos no ESPS 1. A implementação deste um site que elas podem ocupar legalmente e onde estão
ESPS também deve considerar os requisitos protegidas contra o risco de despejo.
relacionados à Povos Indígenas, igualdade de 118 Deve-se considerar os riscos de desastres naturais e

gênero e ao envolvimento das partes inte- mudanças climáticas nos locais de reassentamento. Sob
ressadas, de acordo com os ESPS 7, 9 e 10. nenhuma circunstância, as pessoas deslocadas serão re-
alocadas em áreas propensas a desastres.
119 Isso também se aplica aos direitos consuetudinários

5. Este ESPS se aplica ao deslocamento físico e/ ou tradicionais reconhecidos ou reconhecíveis sob as leis
ou econômico resultante dos seguintes tipos do país. As negociações podem ser realizadas por uma
de transações relacionadas à terra e ao deslo- agência governamental que não seja a responsável pela
camento econômico não relacionado à terra: implementação do projeto.
120 Em tais situações , as pessoas afetadas pelo projeto

frequentemente não tem posse formal da terra. Isso in-


y Direitos à terra ou direitos de uso da terra
clui recursos de água doce ou ambientes marinhos. Este
adquiridos por meio de desapropriação ESPS também poderá ser aplicado quando o Mutuário
ou outros procedimentos obrigatórios, estabelecer ou adquirir locais em áreas da biodiversida-
de acordo com a legislação nacional; de ou legalmente designadas como zonas de proteção,
y Direitos à terra ou direitos de uso da terra incluindo quando os requisitos do ESPS 6 sobre áreas de
adquiridos por meio de acordos negocia- deslocamento da biodiversidade são aplicados.
121 Enquanto algumas pessoas não têm direitos sobre
dos com proprietários ou aqueles com di-
as terras que ocupam, este ESPS exige que ativos não-
reitos legais sobre a terra, se a falta de um -terrestres sejam retidos, substituídos ou compensados;
acordo tive resultado em desapropriação que a realocação ocorra com segurança de posse; e que
ou outros procedimentos obrigatórios;119 meios de subsistência perdidos sejam restaurados.

70 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


e recursos naturais, como recursos ma- Compensação e Benefícios para as Pessoas
rinhos e aquáticos, produtos florestais Deslocadas
madeireiros e não madeireiros, água
doce, plantas medicinais, áreas de caça 9. Quando o deslocamento não puder ser
e coleta e áreas de pastagem e cultivo;122 evitado, o Mutuário oferecerá às pessoas afe-
y Deslocamento econômico resultante da tadas pelo projeto uma compensação pela
perda permanente ou temporária de perda de ativos a um custo total de repo-
acesso a atividades econômicas formais sição e outra assistência123 para ajudá-las a
e informais (por exemplo, pequenos co- melhorar ou restaurar seus padrões de vida
merciantes e fornecedores informais, en- ou meios de subsistência, conforme previsto
tre outros). neste ESPS. Os padrões de remuneração
serão transparentes e aplicados de forma
6. Este ESPS não se aplica ao reassenta- consistente a todas as pessoas afetadas pelo
mento resultante de transações voluntárias projeto. Onde os meios de subsistência das
de terras (ou seja, transações de mercado pessoas deslocadas são baseados na terra,124
nas quais o vendedor não é obrigado, coa- ou onde a terra é de propriedade coletiva,
gido, intimidado ou subornado a vender o Mutuário, quando possível,125 oferecerá a
e o comprador não pode recorrer à desa- compensação terrestre aos deslocados. O
propriação ou outros procedimentos Mutuário tomará posse da terra adquirida
obrigatórios sancionados pelo sistema jurí- e dos ativos relacionados somente após
dico do país anfitrião, se as negociações a disponibilização da compensação126 e,
falharem). quando aplicável, locais de reassentamento
e subsídios móveis foram fornecidos às pes-
7. Onde os impactos do projeto em terrenos, soas deslocadas, além de compensação.127
ativos ou acesso a ativos se tornarem signi-
ficativamente adversos em qualquer estágio 122 Os ativos de recursos naturais mencionados neste
do projeto, o Mutuário deverá considerar a ESPS são equivalentes aos serviços de provisionamento
aplicação dos requisitos deste ESPS, mesmo de ecossistemas, conforme descrito no ESPS 6.
123 Conforme descrito nos parágrafos 19 e 26–29.
quando nenhuma aquisição ou restrição de 124 O termo “terrestre” inclui atividades de subsistência,

uso do solo estiver envolvida. como cultivo de subsistência e pastoreio de animais,


bem como a colheita de recursos naturais.
125 Consulte o parágrafo 26 deste ESPS para obter mais

EXIGÊNCIAS requisitos.
126 Em certos casos, pode não ser viável pagar uma com-

pensação às pessoas afetadas pelo projeto antes de to-


Geral
mar posse da terra, por exemplo, quando a propriedade
da terra em questão está em disputa. Tais circunstâncias
Concepção do Projeto devem ser identificadas e acordadas caso a caso, e os
fundos de compensação devem ser disponibilizados, por
8. O Mutuário considerará projetos alternativos exemplo, através de depósito em uma conta de garantia
viáveis para evitar ou minimizar o desloca- antes que ocorra o deslocamento.
127 Em algumas circunstâncias, o Mutuário pode ter influ-
mento físico e/ou econômico, equilibrando
ência limitada sobre o prazo dos pagamentos de com-
custos e benefícios ambientais, sociais e pensação, uma vez que pode ser tratado por uma agên-
financeiros, prestando especial atenção aos cia governamental diferente que opera sob disposições
impactos sobre os pobres e vulneráveis. legais específicas e requisitos processuais. Esses casos

PADRÃO 5 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 71


O Mutuário também proporcionará oportuni- Reassentamento e Planejamento e
dades às comunidades e pessoas deslocadas Implementação da Restauração da
para obter benefícios de desenvolvimento Subsistência
apropriados do projeto e fornecerá apoio
para restaurar redes sociais e outros ativos 12. Quando o reassentamento involuntário for
intangíveis. inevitável, como resultado de um acordo
negociado ou expropriação, será realizado um
censo para coletar dados socioeconômicos
Envolvimento da comunidade apropriados da linha de base para identi-
ficar as pessoas que serão deslocadas pelo
10. O Mutuário se envolverá com as pessoas projeto, determinar quem será elegível para
afetadas pelo projeto, incluindo as comu- compensação e assistência,129 e desencorajar
nidades anfitriãs, através do processo de pessoas inelegíveis, como colonos oportu-
envolvimento das partes interessadas des- nistas, a reivindicar benefícios. Na ausência
crito no ESPS 10. Os processos de tomada de procedimentos governamentais claros, o
de decisão relacionados ao reassentamento Mutuário estabelecerá uma data limite para
e restauração dos meios de subsistência a elegibilidade. As informações relativas à
devem incluir opções e alternativas, quando data limite serão bem documentadas e dis-
aplicável. A divulgação de informações rele- seminadas em toda a área do projeto.
vantes e a participação das pessoas afetadas
pelo projeto continuará durante o planeja- devem ser tratados de acordo com os parágrafos 27–29
mento, implementação, monitoramento e deste ESPS. Pagamentos de compensação escalonados
podem ser feitos quando pagamentos pontuais em di-
avaliação dos pagamentos de compensação,
nheiro comprometam comprovadamente os objetivos
atividades de restauração dos meios de sub- sociais e/ou de reassentamento, ou onde há impactos
sistência e reassentamento para alcançar contínuos nas atividades de subsistência.
resultados consistentes com os objetivos 128 O processo de consulta deve garantir que as perspecti-

deste ESPS.128 Disposições adicionais se vas das mulheres sejam obtidas e seus interesses levados
aplicam a consultas com povos indígenas, em consideração em todos os aspectos do planejamento
e implementação do reassentamento. A abordagem dos
de acordo com o ESPS 7.
impactos dos meios de subsistência pode exigir uma aná-
lise intra-familiar nos casos em que os meios de subsistên-
cia de mulheres e homens são afetados de maneira dife-
Mecanismo de Queixas. rente. As preferências de mulheres e homens em termos
de mecanismos de remuneração, como remuneração em
11. O Mutuário estabelecerá um mecanismo de espécie e não em dinheiro, devem ser exploradas.
129 A documentação dos acordos de propriedade ou ocu-
queixas consistente com o ESPS 10 o mais
pação e remuneração deve ser emitida em nome de am-
cedo possível na fase de desenvolvimento bos os cônjuges ou chefes de família, e outra assistência
do projeto. Isso permitirá que o Mutuário de reassentamento, como treinamento de habilidades,
receba e resolva preocupações específicas acesso ao crédito e oportunidades de emprego, deve
sobre compensação e realocação levan- estar igualmente disponível para as mulheres e adapta-
tadas por pessoas deslocadas ou membros da às suas necessidades. Nos casos em que a legislação
nacional e os sistemas de posse não reconhecem os di-
de comunidades anfitriãs em tempo hábil,
reitos das mulheres de possuir ou contratar proprieda-
incluindo um mecanismo de recurso pro- des, medidas devem ser consideradas para oferecer às
jetado para resolver disputas de maneira mulheres o máximo de proteção possível com o objetivo
imparcial. de alcançar a equidade com os homens.

72 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


13. Nos casos em que as pessoas afetadas pelo consideradas como tendo recebido oportuni-
projeto rejeitem ofertas de compensação dade e assistência adequadas para restaurar
que atendam aos requisitos deste ESPS e, seus meios de subsistência de maneira sus-
como resultado, a desapropriação ou outros tentável. A auditoria de conclusão incluirá,
procedimentos legais são iniciados, o Mutu- no mínimo, uma revisão da totalidade das
ário consultará outros departamentos e medidas de mitigação implementadas pelo
agências governamentais em um esforço Mutuário, uma comparação dos resultados
para explorar oportunidades adicionais da implementação com os objetivos acor-
que possam fornecer os incentivos neces- dados e uma conclusão sobre se o processo
sários para obter uma solução negociada de monitoramento pode ser encerrado.130
aceitável. Dependendo da escala e/ou complexidade
do deslocamento físico e econômico asso-
14. O Mutuário estabelecerá procedimentos para ciado ao projeto, pode ser necessário que o
monitorar e avaliar a implementação de um Mutuário comissione uma auditoria externa
Plano de Ação de Reassentamento ou Plano de conclusão do Plano de Ação de Reassen-
de Restauração de Meios de Subsistência (ver tamento ou Plano de Restauração de Meios
parágrafos 19 e 25 deste ESPS) e tomará as de Subsistência para avaliar se as provisões
ações corretivas necessárias. A extensão das foram cumpridas. Profissionais competentes
atividades de monitoramento será propor- de reassentamento realizarão a auditoria de
cional aos riscos e impactos do projeto. Para conclusão assim que o período de monito-
projetos com riscos significativos de reassen- ramento acordado for concluído.
tamento involuntário, o Mutuário contratará
profissionais competentes de reassentamento 16. Quando a natureza exata ou magnitude
para aconselhar sobre o cumprimento deste da aquisição ou restrições de uso da terra
ESPS e verificar as informações de monito- relacionadas a um projeto com poten-
ramento do Mutuário. As pessoas afetadas cial de causar deslocamento físico e/ou
pelo projeto serão consultadas durante o econômico for desconhecida devido ao
processo de monitoramento. estágio de desenvolvimento do projeto, o
Mutuário desenvolverá uma estrutura Reas-
15. A implementação de um Plano de Ação de sentamento e/ou Restauração de Meios de
Reassentamento ou Plano de Restauração Subsistência que descreve os princípios
de Meios de Subsistência será considerada gerais compatíveis com este ESPS. Depois
concluída quando os impactos adversos do que os componentes individuais do projeto
reassentamento forem tratados de maneira
consistente com o plano relevante e com os 130 A auditoria de conclusão do Plano de Ação de Re-
objetivos deste ESPS. O Mutuário deverá assentamento e/ou Plano de Restauração de Meios de
assegurar que a conclusão do Plano de Ação Subsistência envolverá uma avaliação mais aprofundada,
de Reassentamento ou Plano de Restauração incluindo no mínimo uma revisão de todas as medidas de
e Meios de Subsistência será verificado a mitigação em relação ao deslocamento físico e/ou eco-
partir da emissão e aprovação de uma audi- nômico implementado pelo Mutuário, uma comparação
dos resultados da implementação em relação aos obje-
toria final. A auditoria de conclusão deve ser
tivos acordados, uma conclusão sobre se o processo de
realizada uma vez que todas as medidas de monitoramento pode ser encerrado e, quando necessá-
mitigação tenham sido substancialmente con- rio, um Plano de Ação Corretiva listando as ações pen-
cluídas e quando as pessoas deslocadas forem dentes necessárias para atingir os objetivos.

PADRÃO 5 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 73


forem definidos e as informações necessá- sição de terras e outros ativos perdidos. O
rias estiverem disponíveis, essa estrutura plano será projetado para mitigar os impactos
será expandida para um Plano de Ação de negativos do deslocamento; identificar opor-
Reassentamento ou Plano de Restauração de tunidades de desenvolvimento; desenvolver
Meios de Subsistência específico, de acordo um orçamento e cronograma de reassenta-
com os parágrafos 19 e 25 abaixo. mento; e estabelecer os direitos de todas as
categorias de pessoas afetadas (incluindo
comunidades anfitriãs). Será dada atenção
Deslocamento especial às necessidades dos pobres e vul-
neráveis, incluindo pessoas com deficiência.
17. Pessoas deslocadas podem ser classificadas O Mutuário documentará todas as transações
como pessoas (i) que possuem direitos legais para adquirir direitos de terra, assim como
formais sobre a terra ou bens que ocupam medidas de compensação e atividades de
ou usam; (ii) que não possuem direitos legais realocação.
formais à terra ou ativos, mas têm uma rei-
vindicação de terra que é reconhecida ou 20. Se for necessário que as pessoas que moram
reconhecível pela legislação nacional; 131 na área do projeto se mudem para outro
(iii) que não têm direito legal reconhecível local, o Mutuário (i) oferecerá às pessoas
ou reivindicam a terra ou bens que ocupam deslocadas escolha entre opções viáveis
ou usam; ou (iv) que possam sofrer deslo- de reassentamento, incluindo moradia de
camento econômico resultante da perda substituição adequada ou compensação em
permanente ou temporária de acesso a ati- dinheiro, quando apropriado; e (ii) forne-
vidades econômicas formais e informais. O cerá assistência de realocação adequada às
censo estabelecerá o status das pessoas des- necessidades de cada grupo de pessoas des-
locadas. locadas. Os novos locais de reassentamento
construídos para as pessoas deslocadas
18. A aquisição de terra relacionada ao pro- devem oferecer melhores condições de vida.
jeto e/ou restrições ao uso da terra podem As preferências das pessoas deslocadas
resultar no deslocamento físico das pes- com relação à realocação em comunidades
soas e no deslocamento econômico. e grupos preexistentes serão levadas em
Consequentemente, os requisitos deste consideração. As instituições sociais e cul-
ESPS em relação ao deslocamento físico turais existentes das pessoas deslocadas e
e econômico podem ser aplicados simul- de quaisquer comunidades anfitriãs serão
taneamente.132 respeitadas, e ativos comunitários (por

Deslocamento Físico 131 Tais reivindicações podem derivar de posse adversa


ou de acordos de posse costumeiros ou tradicionais.
19. No caso de deslocamento físico, o Mutuário 132 Quando um projeto resultar em deslocamento físico

desenvolverá um Plano de Ação de Reassen- e econômico, os requisitos dos parágrafos 25 e 26 deste


ESPS (Deslocamento Econômico) devem ser incorpora-
tamento que cubra, no mínimo, os requisitos
dos ao Plano de Ação de Reassentamento ou à Estrutura
aplicáveis deste ESPS, independentemente (ou seja, não há necessidade de ter um Plano de Ação de
do número de pessoas afetadas. Isso incluirá Reassentamento e Restauração de Meios de Subsistên-
uma compensação pelo custo total de repo- cia separados).

74 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


exemplo, escolas, salões comunitários, locais 24. Os despejos forçados135 não serão realizados.
de culto) deverão ser adequadamente subs-
tituídos.
Deslocamento Econômico
21. No caso de pessoas com deficiência física
nos termos do parágrafo 17 (i) ou (ii) acima, 25. No caso de projetos que envolvam apenas
o Mutuário oferecerá a escolha de pro- deslocamento econômico, incluindo pessoas
priedade de substituição de valor igual ou referidas no parágrafo 17 (iv) acima, o Mutu-
superior, segurança da posse, características ário desenvolverá um Plano de Restauração
equivalentes ou melhores, e vantagens de de Meios de Subsistência para compensar
localização ou pagamento em dinheiro no as pessoas afetadas pelo projeto e oferecer
valor de reposição total quando apropriado. outra assistência que atenda aos obje-
A compensação em espécie deve ser con- tivos deste ESPS. O Plano de Restauração
siderada em vez de dinheiro. Os níveis de dos Meios de Subsistência estabelecerá
compensação em dinheiro devem ser sufi- os direitos das pessoas afetadas pelo pro-
cientes para substituir as terras perdidos e jeto e garantirá que eles sejam fornecidos
outros ativos ao custo total de reposição de maneira transparente, consistente e
nos mercados locais.133 equitativa. A mitigação do deslocamento
econômico será considerada completa
22. No caso de deslocamento de pessoas com quando as pessoas afetadas pelo projeto
deficiência física nos termos do parágrafo receberem compensação e outra assis-
17 (iii) acima, o Mutuário irá oferecer a eles tência, de acordo com os requisitos do Plano
uma escolha de opções para habitação ade- de Restauração de Meios de Subsistência
quada com segurança de posse para que e deste ESPS, e considerar-se que tiveram
possam se reassentar legalmente sem ter
que enfrentar o risco de despejo forçado. 133 O pagamento da compensação em dinheiro por ati-
Onde essas pessoas deslocadas possuem vos perdidos pode ser apropriado quando: (i) os meios
e ocupam estruturas, o Mutuário irá com- de subsistência não são baseados em terra; (ii) os meios
de subsistência são baseados na terra, mas a terra to-
pensá-las pela perda de ativos diferentes
mada para o projeto é uma pequena fração do bem afe-
da terra, como habitações e outras melho- tado e a terra residual é economicamente viável; ou (iii)
rias na terra, com o custo total de reposição, existem mercados ativos de terra, habitação e trabalho,
desde que essas pessoas ocupem a área do as pessoas deslocadas usam esses mercados, e há um
projeto antes da data de corte para elegibi- estoque suficiente de terra e habitação.
134 A realocação de colonos informais em áreas urbanas
lidade. Com base em consultas com essas
pode envolver trocas. Por exemplo, as famílias remane-
pessoas deslocadas, o Mutuário fornecerá
jadas podem ganhar título de posse, mas podem perder
assistência de realocação suficiente para vantagens de localização. Alterações no local que pos-
restaurar seus padrões de vida em um local sam afetar as oportunidades de subsistência devem ser
alternativo adequado.134 tratadas de acordo com os princípios deste ESPS (ver o
parágrafo 25).
135 A remoção permanente ou temporária contra a von-
23. O Mutuário não é obrigado a compensar ou
tade de indivíduos, famílias e/ou comunidades das casas
ajudar aqueles que invadirem a área do pro-
e/ou terras que eles ocupam, sem a provisão e acesso
jeto após a data limite para a elegibilidade, a formas apropriadas de direito e outras proteções, in-
desde que a data limite tenha sido clara- cluindo todos os princípios e procedimentos aplicáveis
mente estabelecida e tornada pública. neste ESPS.

PADRÃO 5 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 75


a oportunidade adequada de restabelecer um custo total de reposição. O Mutuário
seus meios de subsistência. não é obrigado a pagar ou auxiliar aque-
les que invadam a área do projeto de
26. Se a aquisição ou restrições de uso da terra forma oportunista após a data de corte.
resultarem em deslocamento econômico
definido como perda de ativos e/ou meios 28. Além da compensação por bens perdidos,
de subsistência, independentemente de as se houver, conforme exigido no parágrafo
pessoas afetadas serem ou não fisicamente 27 acima, as pessoas deslocadas econo-
deslocadas, o Mutuário atenderá aos requi- micamente cujos meios de subsistência
sitos dos parágrafos 27–29 abaixo, conforme ou níveis de renda sejam afetados adver-
aplicável. samente também terão oportunidades de
melhorar, ou pelo menos restaurar, seus
27. As pessoas deslocadas economicamente meios de capacidade de geração de renda,
que enfrentam perda de bens ou acesso a níveis de produção e padrões de vida:
bens serão compensadas por essa perda ao
custo total de reposição. y Para pessoas cujos meios de subsis-
tência são baseados na terra, terras de
y Nos casos em que a aquisição ou restri- substituição que possuam uma combi-
ções ao uso da terra afetem as estrutu- nação de potencial produtivo, vanta-
ras comerciais, os empresários afetados gens locacionais, baixa exposição e/ou
serão compensados pelo custo de res- vulnerabilidade a desastres naturais e
tabelecer as atividades comerciais em mudanças climáticas e outros fatores
outros lugares, pela perda de receita lí- pelo menos equivalentes aos perdidos
quida durante o período de transição e devem ser oferecidos como questão de
pelos custos de transferência e reinsta- prioridade.
lação do empreendimento, instalações, y Para pessoas cujos meios de subsistên-
máquinas ou outros equipamentos. cia são baseados em recursos naturais
y Nos casos que afetem pessoas com direi- e onde se aplicam restrições de acesso
tos legais ou reivindicações de terras que relacionadas ao projeto previstas no pa-
sejam reconhecidas ou reconhecíveis rágrafo 5 deste ESPS, serão implemen-
pela legislação nacional [ver parágrafo tadas medidas para permitir o acesso
17 (i) e (ii) deste ESPS], serão fornecidas continuado aos recursos afetados ou
propriedades de substituição (por exem- fornecer acesso a recursos alternativos
plo, instalações agrícolas ou comerciais) com potencial equivalente de ganho de
de valor igual ou superior ou, quando meios de subsistência, acessibilidade e
apropriado, compensação em dinheiro segurança. Onde apropriado, os bene-
pelo custo total de reposição. fícios e as compensações associados ao
y Pessoas economicamente deslocadas uso de recursos naturais podem ser de
que não possuam reivindicações de terra natureza coletiva, em vez de orientados
legalmente reconhecíveis [ver parágrafo diretamente para indivíduos ou famílias.
17 (iii) deste ESPS] serão compensadas y Caso as circunstâncias impeçam o Mutu-
por bens perdidos que não sejam terra ário de fornecer terras ou recursos seme-
(como culturas, infraestrutura de irriga- lhantes, conforme descrito acima, opor-
ção e outras melhorias feitas na terra), a tunidades alternativas de obtenção de

76 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


renda poderão ser fornecidas, como faci- atenderá aos requisitos relevantes deste
lidades de crédito, treinamento, dinheiro ESPS (os Requisitos Gerais e Requisitos
ou oportunidades de emprego. Somente para Deslocamento Físico e Econômico
a compensação em dinheiro, no entanto, acima). O Mutuário precisará incluir em seu
é frequentemente insuficiente para res- Plano Complementar de Reassentamento,
taurar os meios de subsistência. no mínimo, (i) identificação das pessoas e
impactos afetados; (ii) uma descrição das
29. Deverá ser fornecido suporte de transição atividades regulamentadas, incluindo os
para pessoas economicamente deslocadas, direitos das pessoas deslocadas, de acordo
conforme necessário, com base em uma esti- com as leis e regulamentos nacionais apli-
mativa razoável de tempo necessário para cáveis; (iii) as medidas suplementares para
restaurar sua capacidade de geração de alcançar os requisitos deste ESPS, con-
renda, níveis de produção e padrões de vida. forme descrito nos parágrafos 19–29 deste
ESPS, de uma maneira que seja permitida
pelo órgão responsável e pelo cronograma
Coordenação entre agências de implementação; (iv) um mecanismo de
governamentais queixas, de acordo com o ESPS 10; e (v) as
responsabilidades financeiras e de imple-
30. Nos casos em que a aquisição e o reassenta- mentação do Mutuário na execução de seu
mento de terras forem de responsabilidade Plano Complementar de Reassentamento.
de uma agência governamental que não seja
a encarregada da implementação do projeto, 32. No caso de projetos que envolvam apenas
o Mutuário colaborará com a agência res- deslocamento econômico, o Mutuário iden-
ponsável para obter resultados de acordo tificará e descreverá as medidas que o
com este ESPS. órgão governamental responsável usou ou
planeja usar para compensar as pessoas
31. No caso de aquisição de direitos à terra ou afetadas pelo projeto. Se essas medidas
acesso à terra através de meios obrigatórios não atenderem aos requisitos relevantes
ou assentamentos negociados envolvendo deste Padrão de Desempenho Ambiental e
deslocamento físico ou econômico, o Mutu- Social, o Mutuário colaborará com o órgão
ário identificará e descreverá136 medidas governamental responsável para alcançar
de reassentamento implementadas, ou a os objetivos deste ESPS. Isso pode incluir
serem implementadas, pelo órgão gover- compensação adicional por bens perdidos e
namental responsável especificamente para esforços adicionais para restaurar os meios
a finalidade do projeto. Se essas medidas de subsistência perdidos, quando aplicável.
não atenderem aos requisitos relevantes
deste ESPS, o Mutuário elaborará um Plano
Complementar de Reassentamento que, jun-
tamente com os documentos preparados 136 Documentos do governo, quando disponíveis, podem

pelo órgão governamental responsável, ser usados para identificar tais medidas.

PADRÃO 5 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 77


PADRÃO 6 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Conservação da Biodiversidade e Gestão


Sustentável dos Recursos Naturais Vivos
PADRÃO 6 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 79

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 6 reconhece que proteger e con-


servar a biodiversidade, manter os serviços ecossistêmicos e gerenciar de forma sustentável
os recursos naturais vivos são fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Os requi-
sitos estabelecidos neste ESPS foram guiados pela Convenção sobre Diversidade Biológica,
que define biodiversidade como “a variabilidade entre organismos vivos de todas as fontes,
incluindo, inter alia, ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os
complexos ecológicos dos quais eles são uma parte; isso inclui diversidade dentro de espé-
cies, entre espécies e de ecossistemas.”

2 Serviços ecossistêmicos são os benefícios que as pessoas, incluindo as empresas, obtêm dos
ecossistemas. Os serviços do ecossistema são organizados em quatro tipos: (i) serviços de
provisionamento, que são os produtos que as pessoas obtêm dos ecossistemas; (ii) serviços
reguladores, que são os benefícios que as pessoas obtêm da regulação dos processos ecos-
sistêmicos; (iii) serviços culturais, que são os benefícios não materiais que as pessoas obtêm
dos ecossistemas; e (iv) serviços de suporte, que são os processos naturais que mantêm os
outros serviços.137

3 Os serviços ecossistêmicos valorizados pelos seres humanos geralmente são sustentados pela
biodiversidade. Os impactos na biodiversidade podem, portanto, afetar adversamente a pres-
tação de serviços ecossistêmicos. Este ESPS aborda como os Mutuários podem gerenciar e
mitigar de maneira sustentável os impactos na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos
ao longo do ciclo de vida do projeto.

OBJETIVOS para atender aos requisitos deste ESPS é


gerenciada por meio do Sistema de Gestão
y Proteger e conservar a biodiversidade Ambiental e Social (ESMS) do Mutuário,
terrestre, aquática, costeira e marinha. cujos elementos estão descritos na ESPS 1.
y Manter o funcionamento do ecossis- Os requisitos relacionados ao engajamento
tema para garantir benefícios dos servi- das partes interessadas e à divulgação de
ços ecossistêmicos. informações são fornecidos no ESPS 10.
y Promover a gestão e uso sustentável
dos recursos naturais, através da ado- 5. Com base no processo de identificação
ção de práticas que integram as neces- de riscos e impactos, os requisitos deste
sidade de conservação e as prioridades
de desenvolvimento. 137 Os exemplos são os seguintes: (i) os serviços de for-
necimento podem incluir alimentos, água doce, madei-
ra, fibras e plantas medicinais; (ii) serviços de regulação
ESCOPO DE APLICAÇÃO podem incluir purificação de águas superficiais, armaze-
namento e sequestro de carbono, regulação climática e
proteção contra riscos naturais; (iii) serviços culturais po-
4. A aplicabilidade deste ESPS é estabele-
dem incluir áreas naturais que são locais sagrados e áre-
cida durante o processo de identificação as importantes para recreação e prazer estético; e (iv) os
de riscos e impactos ambientais e sociais. serviços de apoio podem incluir formação do solo, cicla-
A implementação das ações necessárias gem de nutrientes e produção primária.
ESPS são aplicados a projetos (i) locali- os impactos e restaurar a biodiversidade e
zados em habitats modificados, naturais e os serviços ecossistêmicos. Dada a comple-
críticos; (ii) que potencialmente impactam xidade em prever os impactos do projeto
ou dependem de serviços ecossistêmicos na biodiversidade e nos serviços ecossistê-
sobre os quais o Mutuário tenha controle micos a longo prazo, o Mutuário deve adotar
direto da administração ou influência signi- uma prática de gerenciamento adaptativo,
ficativa; ou (iii) que incluam a produção de em que a implementação de medidas de
recursos naturais vivos (por exemplo, agri- mitigação e gerenciamento responda às
cultura, pecuária, pesca e silvicultura). mudanças nas condições e aos resultados
do monitoramento ao longo do ciclo de vida
do projeto.
EXIGÊNCIAS
8. Nos casos em que os parágrafos 13–15
Geral abaixo são aplicáveis, o Mutuário contra-
tará profissionais competentes para auxiliar
6. O processo de identificação de riscos e na condução do processo de identificação
impactos, conforme estabelecido no ESPS de riscos e impactos. Nos casos em que
1, deve considerar os impactos diretos, indi- os parágrafos 16–19 deste ESPS sejam
retos e cumulativos relacionados ao projeto aplicáveis, o Mutuário deve contratar espe-
na biodiversidade e nos serviços ecossis- cialistas externos com experiência regional
têmicos e identificar quaisquer impactos apropriada para ajudar no desenvolvi-
residuais significativos. Esse processo mento de uma hierarquia de mitigação que
considerará ameaças relevantes à biodiver- esteja em conformidade com este ESPS
sidade e aos serviços ecossistêmicos, com e para verificar a implementação dessas
foco especial na perda de habitat, degra- medidas.
dação e fragmentação, espécies exóticas
invasoras, superexploração, mudanças
hidrológicas, carregamento de nutrientes Proteção e Conservação da
e poluição. Também levará em conta os Biodiversidade
diferentes valores associados à biodiversi-
dade e aos serviços ecossistêmicos pelas 9. Habitat é definido como uma unidade geo-
pessoas afetadas pelo projeto e, quando gráfica ou via aérea terrestre, de água doce,
apropriado, por outras partes interessadas. costal ou marinha que suporta aglomerações
Nos casos em que os parágrafos 13–19 de organismos vivos e suas interações com
abaixo são aplicáveis, o Mutuário deve con- o ambiente não-vivo. Para fins de implemen-
siderar os impactos relacionados ao projeto tação deste ESPS, os habitats são divididos
na paisagem ou paisagem marítima poten- em modificados, naturais e críticos. Os habi-
cialmente afetada. tats críticos são um subconjunto de habitats
modificados ou naturais.
7. Como questão prioritária, o Mutuário dever
procurar evitar impactos na biodiversidade e 10. Para a proteção e conservação da biodi-
nos serviços ecossistêmicos. Quando a pre- versidade, a hierarquia de mitigação inclui
venção de impactos não for possível, devem compensações da biodiversidade, que
ser implementadas medidas para minimizar podem ser consideradas somente após a

80 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


aplicação de medidas adequadas de pre- 138 As compensações da biodiversidade são resulta-
venção, minimização e restauração.138 Uma dos mensuráveis de conservação resultantes de ações
compensação de biodiversidade deve ser projetadas para compensar impactos negativos sig-
projetada e implementada para alcançar nificativos na biodiversidade residual decorrentes do
resultados de conservação mensuráveis139 desenvolvimento do projeto e persistentes após me-
que possam razoavelmente esperar que didas apropriadas de prevenção, minimização e res-
tauração.
não resultem em perda líquida140 e, de
139 Os resultados mensuráveis de conservação da biodi-
preferência, em ganho líquido de biodiversi-
versidade devem ser demonstrados in situ (no local) e
dade.141 As compensações da biodiversidade em uma escala geográfica apropriada (por exemplo, lo-
não são uma medida aceitável de mitigação cal, em nível de paisagem, nacional e regional).
em casos de habitat crítico. O desenho 140 Nenhuma perda líquida é o ponto onde os impactos

de uma compensação de biodiversidade na biodiversidade relacionados ao projeto são balance-


deve aderir ao princípio “igual para igual ados por medidas para impedir ou evitar impactos do
projeto, para executar restauração on-site e para com-
ou melhor” 142 e deve ser realizado em ali-
pensar impactos residuais significativos, se houverem,
nhamento com as melhores informações
em apropriada escala geográfica (por exemplo, local, a
disponíveis e práticas atuais. Quando um nível paisagístico, nacional, regional).
Mutuário está considerando o desenvolvi- 141Ganhos líquidos são resultados adicionais de conser-
mento de uma compensação como parte vação que podem ser atingidos pelos valores da biodi-
da estratégia de mitigação, especialistas versidade para os quais o habitat crítico foi designado.
externos com conhecimento em design e Em áreas de habitat crítico, o Mutuário deve alcançar
ganhos líquidos através da implementação de progra-
implementação de compensação devem
mas que podem ser executados in situ (no local) para
estar envolvidos. melhorar, proteger e conservar a biodiversidade do habi-
tat. Compensação de biodiversidade não é uma medida
aceitável para alcançar ganhos líquidos em instâncias de
Habitat Modificado habitat crítico.
142O princípio “igual para igual ou melhor” indica que
as compensações da biodiversidade devem ser projeta-
11. Os habitats modificados são áreas que
das para conservar os mesmos valores de biodiversidade
podem conter uma grande proporção de
que estão sendo impactados pelo projeto (uma compen-
espécies vegetais e/ou animais de origem sação “em espécie”). Em certas situações, no entanto,
não nativa e/ou onde a atividade humana áreas da biodiversidade a serem impactadas pelo proje-
modificou substancialmente as funções to podem não ser uma prioridade nacional nem local, e
ecológicas primárias de uma área e a pode haver outras áreas da biodiversidade com valores
semelhantes que são uma prioridade mais alta para con-
composição de espécies.143 Os habitats modi-
servação e uso sustentável e estão sob ameaça iminente
ficados podem incluir, por exemplo, áreas
ou necessidade de proteção ou gerenciamento eficaz.
gerenciadas para agricultura, plantações Nessas situações, pode ser apropriado considerar uma
florestais, zonas costeiras144 recuperadas e compensação “fora de espécie” que envolva “troca” (ou
áreas úmidas recuperadas. seja, onde a compensação visa a biodiversidade de maior
prioridade do que a afetada pelo projeto) que será, para
habitats críticos, atender aos requisitos do parágrafo 17
12. ste ESPS se aplica às áreas de habitat modi-
deste ESPS.
ficado que incluem um valor significativo
143Isso exclui o habitat que foi convertido em antecipa-
da biodiversidade, conforme determinado
ção ao projeto.
pelos processos de identificação de riscos 144 A recuperação, conforme usada neste contexto, é o

e impactos exigidos no ESPS 1. O Mutuário processo de criação de novas terras a partir do mar ou
deve minimizar os impactos sobre a biodiver- de outras áreas aquáticas para uso produtivo.

PADRÃO 6 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 81


sidade e implementar medidas de mitigação, y Implementar compensações de biodi-
conforme apropriado. versidade.

Habitat Natural Habitat Crítico

13. Os habitats naturais são áreas compostas 16. Habitats Críticos são áreas com alta
de agrupamentos viáveis de espécies vege- importância ou valor para a biodiversi-
tais e/ou animais de origem amplamente dade, incluindo: (i) habitat de importância
nativa e/ou onde a atividade humana não significativa para espécies criticamente ame-
tenha modificado essencialmente as fun- açadas, ameaçadas, vulneráveis ou quase
ções ecológicas primárias de uma área e a ameaçadas;148 (ii) habitat de importância
composição de espécies.

14. O Mutuário não converterá nem degradará 145 Conversão ou degradação significativa é (i) a elimina-
significativamente145 habitats naturais, a ção ou diminuição severa da integridade de um habitat
causada por uma mudança importante e/ou a longo pra-
menos que sejam demonstrados todos os
zo no uso da terra ou da água ou (ii) uma modificação
itens a seguir: que minimize substancialmente a capacidade do habitat
de manter populações viáveis de suas espécies nativas.
y Não existem outras alternativas viáveis 146 Conduzido como parte do processo de engajamento

na região para o desenvolvimento do e consulta das partes interessadas, conforme descrito no


projeto de habitat modificado; ESPS 1.
147 Reservas são áreas de terra dentro do local do pro-
y A consulta estabeleceu os pontos de vista
jeto, ou áreas sobre as quais o Mutuário tem controle
das partes interessadas, incluindo as pes- gerencial, que são excluídas do desenvolvimento e são
soas afetadas pelo projeto, com relação à direcionadas para a implementação de medidas de me-
extensão da conversão e degradação;146 e lhoria da conservação. As reservas provavelmente con-
y Qualquer conversão ou degradação é terão valores significativos da biodiversidade e/ou for-
mitigada de acordo com a hierarquia de necerão serviços ecossistêmicos significativos nos níveis
local, nacional e/ou regional. As reservas devem ser de-
mitigação.
finidas usando abordagens ou metodologias reconheci-
das internacionalmente (por exemplo, Alto Valor de Con-
15. Em áreas de habitat natural, medidas de servação, planejamento sistemático de conservação).
mitigação serão projetadas para não atingir 148 Conforme listado na Lista Vermelha de Espécies Amea-

perda líquida — e quando possível obter çadas da União Internacional para a Conservação da Natu-
ganhos líquidos — de biodiversidade. As reza (IUCN). A determinação do habitat crítico com base
em outras listagens é a seguinte: (i) Se a espécie for lista-
ações apropriadas incluem:
da nacional/regionalmente como ameaçada ou em perigo
crítico, nos países que aderiram às orientações da IUCN, a
y Evitar impactos na biodiversidade por determinação do habitat crítico será feita em um projeto
meio da identificação e proteção de re- por base do projeto em consulta com profissionais com-
servas;147 petentes; e (ii) nos casos em que as categorizações de es-
y Implementar medidas para minimizar a pécies listadas nacional ou regionalmente não correspon-
derem bem às da IUCN (por exemplo, alguns países listam
fragmentação do habitat, como corre-
as espécies como geralmente “protegidas” ou “restritas”),
dores biológicos; será realizada uma avaliação para determinar a justificativa
y Restauração de habitats durante as e finalidade da listagem. Nesse caso, a determinação críti-
operações e/ou após as operações; e ca do habitat será baseada nessa avaliação.

82 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


significativa para espécies endêmicas e/ou versidade e será projetada para obter ganhos
de alcance restrito; (iii) habitat que suporta líquidos daqueles valores de biodiversidade
concentrações globalmente significativas para os quais o habitat crítico foi designado.
de espécies migratórias e/ou espécies con-
gregacionais; (iv) ecossistemas altamente
ameaçados e/ou únicos; (v) áreas associadas Áreas legalmente protegidas e
aos principais processos evolutivos; e/ou internacionalmente reconhecidas
(vi) áreas legalmente protegidas ou inter-
nacionalmente reconhecidas como tendo 19. Nas circunstâncias em que um projeto pro-
alto valor de biodiversidade.149 posto estiver localizado dentro de uma área
protegida legalmente153 ou de uma área
17. Em áreas de habitat crítico, o Mutuário não
implementará nenhuma atividade do pro-
jeto, a menos que os seguintes requisitos 149 O que pode incluir reservas que atendem os critérios da
sejam demonstrados: Categoria de Gestão de Áreas Protegidas I a VI da IUCN;
Patrimônios da Humanidade designados por critérios natu-
rais ou mistos, áreas protegidas pela Convenção de RAM-
y Não existem outras alternativas viáveis
SAR sobre zonas úmidas; áreas centrais da Reserva Mundial
na região para o desenvolvimento do da Biosfera; áreas a Listas de Parques Nacionais e Áreas
projeto em habitats modificados ou na- Protegidas da ONU; locais listados no Banco de Dados
turais que não são críticos. Mundial de Áreas Chave da Biodiversidade; e outros locais
y O projeto não leva a impactos adversos que cumprem os requisitos dos Padrões Globais para Iden-
mensuráveis sobre os valores da biodi- tificação de Áreas Chave da Biodiversidade da IUCN 2016.
150 Os valores da biodiversidade e seus processos eco-
versidade para os quais o habitat crítico
lógicos de suporte serão determinados em uma escala
foi designado e sobre os processos eco- ecologicamente relevante.
lógicos que sustentam esses valores da 151 A redução líquida é uma perda singular ou cumulati-

biodiversidade.150 va de indivíduos que afeta a capacidade da espécie de


y O projeto não leva a uma redução lí- persistir nas escalas global e/ou regional/nacional por
quida na151 população global e/ou nacio- muitas gerações ou por um longo período de tempo. A
escala (isto é, global e/ou regional/nacional) da redução
nal/regional de espécies ameaçadas ou
líquida potencial é determinada com base na listagem
criticamente ameaçadas de extinção du- das espécies na Lista Vermelha (global) da IUCN e/ou
rante um período de tempo razoável.152 nas listas regionais/nacionais. Para as espécies listadas
y Um programa de monitoramento e avalia- na Lista Vermelha (global) da IUCN e nas listas nacio-
ção da biodiversidade robusto, adequada- nais/regionais, a redução líquida será baseada na popu-
mente projetado e de longo prazo é inte- lação nacional/regional.
152 O prazo em que os Mutuários devem demonstrar “ne-
grado ao programa de gestão do Mutuário.
nhuma redução líquida” de espécies Criticamente em
y O projeto cumpriu com todos os pro- Perigo e em Perigo será determinado caso a caso, em
cessos exigidos em lei nacional e inter- consulta com especialistas externos.
nacional para obter aprovação do pro- 153 Este ESPS reconhece áreas legalmente protegidas

jeto em áreas de habitat crítico ou áreas que atendem à definição da IUCN: “Espaço geográfico
adjacentes. claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido,
através de meios legais ou outros igualmente eficientes,
18. Nos casos em que um Mutuário possa atender
com o fim de obter a conservação ao longo do tempo da
aos requisitos definidos no parágrafo 17 acima, natureza com os serviços associados ao ecossistema e
a estratégia de mitigação do projeto será os valores culturais.” Para os fins deste ESPS, isso inclui
descrita em um Plano de Ação para a Biodi- áreas propostas pelos governos para essa designação.

PADRÃO 6 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 83


reconhecida internacionalmente,154 o Mutu- nenhuma espécie exótica com alto risco de
ário atenderá aos requisitos dos parágrafos comportamento invasivo, independente-
13 a 18 deste ESPS, conforme aplicável. Além mente de tais introduções serem permitidas
disso, o Mutuário irá: pela estrutura regulamentar existente.
Todas as introduções de espécies exóticas
y Demonstrar que o desenvolvimento pro- estarão sujeitas a uma avaliação de riscos
posto em tais áreas é legalmente permi- (como parte do processo de identificação
tido. de riscos e impactos ambientais e sociais do
y Agir de maneira consistente com quais- Mutuário) para determinar o potencial de
quer planos de gerenciamento reconhe- comportamento invasivo. O Mutuário imple-
cidos pelo governo para essas áreas. mentará medidas para evitar o potencial
y Consultar os patrocinadores e gerentes de introduções acidentais ou não intencio-
da área protegida, as pessoas afetadas nais, incluindo o transporte de substratos e
pelo projeto, os povos indígenas e ou- vetores (como solo, lastro e materiais vege-
tras partes interessadas no projeto pro- tais) que possam abrigar espécies exóticas.
posto, conforme apropriado.
y Implementar programas adicionais, con- 22. Quando as espécies exóticas já estiverem
forme apropriado, para promover e apri- estabelecidas no país ou na região do pro-
morar os objetivos de conservação e o jeto proposto, o Mutuário exercerá diligência
gerenciamento eficaz da área.155 para não espalhá-las em áreas nas quais
ainda não foram estabelecidas. Na medida
do possível, o Mutuário deve tomar medidas
Espécies Exóticas Invasoras para erradicar essas espécies dos habitats
naturais sobre os quais eles têm controle
20. A introdução intencional ou acidental de gerencial.
espécies de flora e fauna exóticas ou não
nativas em áreas onde elas normalmente não
são encontradas pode ser uma ameaça sig- Gerenciamento de Serviços do
nificativa para a biodiversidade, uma vez que Ecossistema
algumas espécies exóticas podem se tornar
invasivas, espalhando-se rapidamente e con- 23. Nos casos em que um projeto possa afetar
correndo com espécies nativas. O Mutuário adversamente os serviços do ecossistema,
evitará de criar condições que facilitariam a conforme determinado pelo processo de
transmissão zoonótica de doenças a traba- identificação de riscos e impactos, o Mutu-
lhadores, comunidade e áreas populacionais. ário realizará uma revisão sistemática para

21. O Mutuário não introduzirá intencionalmente


nenhuma nova espécie exótica (atualmente 154 Definidos exclusivamente como Patrimônio Mundial

não estabelecida no país ou escala espa- Natural da UNESCO, Reservas da Humanidade e da Bios-
fera da UNESCO, Áreas-chave da Biodiversidade e áreas
cial ecologicamente relevante do projeto), a
úmidas designadas pela Convenção sobre Áreas Úmidas
menos que isso seja realizado de acordo com
de Importância Internacional (Convenção de Ramsar).
a estrutura regulamentar existente para tal 155 A implementação de programas adicionais pode não

introdução. Não obstante o acima exposto, ser necessária para projetos que não criam uma nova pe-
o Mutuário não introduzirá deliberadamente gada.

84 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


identificar os serviços prioritários do ecossis- e pesca — estarão sujeitos aos requisitos
tema. Os serviços prioritários do ecossistema dos parágrafos 26–29 abaixo, além do res-
são duplos: (i) os serviços nos quais as ope- tante dos requisitos deste ESPS. Sempre
rações do projeto têm mais probabilidade que possível, o Mutuário localizará projetos
de causar impacto e, portanto, resultam de agronegócio e silvicultura, baseados em
em impactos adversos às pessoas afetadas terra, em terras não cultivadas ou em terras já
pelo projeto; e/ou (ii) aqueles serviços dos convertidas. Os mutuários envolvidos nessas
quais o projeto depende diretamente de suas atividades gerenciarão os recursos naturais
operações (por exemplo, água). Quando é vivos de maneira sustentável, através da apli-
provável que as pessoas afetadas pelo pro- cação de boas práticas de gerenciamento
jeto sejam impactadas, elas devem participar específicas do setor e das tecnologias dis-
da determinação dos serviços prioritários do poníveis. Onde essas práticas de produção
ecossistema, de acordo com o processo de primária forem codificadas em padrões reco-
engajamento das partes interessadas, con- nhecidos globalmente, regionalmente ou
forme definido no ESPS 1 e 10.156 nacionalmente, o Mutuário implementará
práticas de gerenciamento sustentável de
24. Com relação aos impactos nos serviços acordo com um ou mais padrões relevantes
prioritários dos ecossistemas relevantes e credíveis, conforme demonstrado por veri-
para as pessoas afetadas pelo projeto e nos ficação ou certificação independente.
casos em que o Mutuário tenha controle
direto da gerência ou influência significativa 26. Padrões credíveis globalmente, regional-
sobre esses serviços, os impactos adversos mente ou nacionalmente reconhecidos para
devem ser evitados. Se esses impactos forem o manejo sustentável dos recursos naturais
inevitáveis, o Mutuário os minimizará e imple- vivos são aqueles que (i) são objetivos e
mentará medidas de mitigação que visam alcançáveis; (ii) se baseiam em um processo
manter o valor e a funcionalidade dos ser- consultivo de múltiplas partes interessadas;
viços prioritários. Com relação aos impactos (iii) incentivam melhorias passo a passo e
nos serviços ecossistêmicos prioritários contínuas; e (iv) providenciam verificação ou
dos quais o projeto depende, os Mutuários certificação independente através de orga-
devem minimizar os impactos nos serviços nismos credenciados apropriados para tais
ecossistêmicos e implementar medidas que padrões.157
aumentem a eficiência dos recursos de suas
operações, conforme descrito no ESPS 3.
156 O Mutuário deve garantir que manifestação de mu-
Provisões adicionais para serviços ecossis-
lheres, pessoas de diferente orientação sexual e identi-
têmicos estão incluídas nos ESPS 4, 5, 7 e 8.
dade de gênero, afrodescendentes, povos indígenas e
tradicionais seja incluída neste processo.
157 Um sistema de certificação credível seria indepen-

Gestão Sustentável dos Recursos dente, com boa relação custo-benefício, baseado em
Naturais Vivos ESPS objetivos e mensuráveis e desenvolvido por meio
de consulta com as partes interessadas relevantes, como
pessoas e comunidades locais, povos indígenas e organi-
25. Os Mutuários envolvidos na produção pri-
zações da sociedade civil que representam consumidor,
mária ou colheita de recursos naturais vivos produtor e conservação interesses. Esse sistema possui
— incluindo silvicultura natural e de plan- procedimentos justos, transparentes e independentes de
tações, agricultura, pecuária, aquicultura decisão que evitam conflitos de interesse.

PADRÃO 6 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 85


27. Quando existirem normas relevantes e credí- nificativa de habitats naturais e/ou críticos,
veis, mas o Mutuário ainda não tenha obtido serão adotados sistemas e práticas de veri-
verificação ou certificação independente de ficação como parte do ESMS do Mutuário
tais normas, o Mutuário realizará uma pré- para avaliar seus principais fornecedores.158
-avaliação de sua conformidade com a(s) Os sistemas e práticas de verificação irão
norma(s) aplicável(eis) e tomará medidas (i) identificar de onde vem o suprimento e o
para realizar tal verificação ou certificação tipo de habitat dessa área; (ii) providenciar
por um período de tempo apropriado. uma revisão contínua dos principais forne-
cedores do Mutuário; (iii) limitar a aquisição
28. Na ausência de um padrão global, regional ou a fornecedores que possam demonstrar que
nacional relevante e credível para o recurso não estão contribuindo para a conversão sig-
natural vivo específico no país em questão, nificativa de habitats naturais e/ou críticos
o Mutuário deverá: (isso pode ser demonstrado pela entrega de
um produto certificado ou pelo progresso na
y Comprometer-se a aplicar bons princí- verificação ou certificação sob um esquema
pios operacionais da indústria interna- credível em certas mercadorias e/ou locais);
cional, práticas de gerenciamento e tec- e (iv) sempre que possível, exigir ações para
nologias; e transformar os principais fornecedores do
y Engajar e apoiar ativamente o desenvol- Mutuário ao longo do tempo em fornece-
vimento de um padrão nacional, quando dores que possam demonstrar que eles
relevante, incluindo estudos que contri- não estão impactando adversa e signifi-
buam para a definição e demonstração cativamente essas áreas. A capacidade do
de práticas sustentáveis. Mutuário de enfrentar completamente esses
riscos dependerá do nível de controle ou
Fornecedores Primários influência gerencial do Mutuário sobre os
principais fornecedores do projeto.
29. Nos casos em que um Mutuário esteja com-
prando produção primária (especialmente,
mas não exclusivamente commodities de ali- 158Fornecedores primários são os fornecedores que,
mentos e fibras), que se sabe ser produzida continuamente, fornecem bens ou materiais essenciais
em regiões onde há risco de conversão sig- ao projeto de forma direta, para suas funções principais.

86 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


PADRÃO 6 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 87
PADRÃO 7 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Povos Indígenas
PADRÃO 7 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 89

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 7 reconhece que os Povos Indígenas159,


como povos sociais e culturais distintos, estão frequentemente entre os segmentos mais margi-
nalizados e vulneráveis da população. Em muitos casos, seu status econômico, social e jurídico
limita sua capacidade de defender seus direitos e interesses em terras e recursos naturais e
culturais e pode restringir sua capacidade de participar e se beneficiar de um desenvolvimento
que esteja de acordo com sua visão de mundo. Povos Indígenas são particularmente vulnerá-
veis se
​​ suas terras e recursos são transformados, invadidos ou significativamente degradados.
Seus idiomas, culturas, religiões, crenças espirituais e instituições também podem estar ame-
açados. Como consequência, os povos indígenas podem ser mais vulneráveis aos impactos
adversos associados ao desenvolvimento do projeto do que os povos não indígenas. Essa vul-
nerabilidade pode incluir perda de identidade, cultura e meios de subsistência baseados em
recursos naturais, além de exposição a empobrecimento e doença.

2 Os projetos podem criar oportunidades para que os povos indígenas participem e se benefi-
ciem de atividades relacionadas ao projeto que possam ajudá-los a cumprir suas aspirações
ao desenvolvimento econômico e social de sua identidade. Além disso, os Povos Indígenas
podem desempenhar um papel no desenvolvimento sustentável, promovendo, possuindo
e gerenciando atividades e empresas como parceiras no desenvolvimento. O governo cos-
tuma desempenhar um papel central na gestão das questões dos Povos Indígenas. Portanto,
é importante que exista colaboração e coordenação entre autoridades responsáveis e rele-
vantes no gerenciamento dos riscos e impactos associados ao projeto.160

3 Os requisitos apresentados neste ESPS foram guiados em parte por convenções e instru-
mentos internacionais, incluindo aqueles da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
da Organização Nações Unidas (ONU).161

OBJETIVOS y Estabelecer e manter um relacionamento


contínuo com base na Consulta e Partici-
y Garantir que o processo de desenvolvi- pação Informada (PIC) de uma maneira
mento promova o respeito total pelos
direitos humanos, direitos coletivos, dig-
nidade, aspirações, cultura e meios de 159 Para o propósito deste ESPS, povos tradicionais,
como reconhecido por lei nacionais, são tratados como
subsistência dos Povos Indígenas base-
Povos Indígenas.
ados em recursos naturais. 160 As ações de Mutuários devem cumprir com este ESPS

y Antecipar e evitar impactos adversos de e com a lei nacional relevante, incluindo princípios/pa-
projetos nas comunidades de Povos In- drões dispostos em tratados que fazem parte da lei na-
dígenas, ou quando não for possível evi- cional e são aplicáveis em virtude de sua ratificação.
161 Esses instrumentos são: Convenção 169 da OIT, a De-
tar, minimizar e/ou compensar tais im-
claração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
pactos.
Indígenas e a Declaração sobre os Direitos dos Povos
y Promover benefícios e oportunidades
Indígenas da OAS e o Acordo Regional de Acesso à In-
de desenvolvimento sustentável para os formação, Participação Pública e Justiça para Assuntos
Povos Indígenas de uma maneira cultu- Ambientais na América Latina e no Caribe (o Acordo Es-
ralmente apropriada. cazú).
culturalmente apropriada com os Povos na área do projeto e aos recursos natu-
Indígenas afetados por um projeto ao rais desses habitats e territórios.
longo do ciclo de vida do mesmo. y Instituições culturais, econômicas, so-
y Garantir o Consentimento Livre, Prévio ciais ou políticas costumeiras separadas
e Informado (FPIC) das comunidades daquelas da sociedade ou cultura domi-
de Povos Indígenas afetadas pelo pro- nante.
jeto quando as circunstâncias descritas y Um idioma ou dialeto distinto, geral-
neste ESPS estão presentes. mente diferente do idioma ou idiomas
y Respeitar e preservar a cultura, o co- oficiais do país ou região em que resi-
nhecimento e as práticas das Popula- dem.
ções Indígenas.
6. Este ESPS refere-se aos Povos Indígenas que
mantenham um anexo coletivo, quer dizer,
ESCOPO DE APLICAÇÃO cuja identidade esteja ligada a habitats dis-
tintos ou territórios ancestrais e aos recursos
4. A aplicabilidade deste ESPS é estabelecida naturais nestes. Também pode ser aplicado
durante o processo de identificação de riscos a comunidades ou grupos que tenham per-
e impactos ambientais e sociais. A implemen- dido o vínculo coletivo com habitats distintos
tação das ações necessárias para atender ou territórios ancestrais na área do projeto,
aos requisitos deste ESPS é gerenciada por devido a indenizações forçadas, conflitos,
meio do Sistema de Gestão Ambiental e programas de reassentamento do governo,
Social (ESMS) do Mutuário, cujos elementos desapropriação de suas terras, desastres
estão descritos no ESPS 1. naturais provocados ou incorporação de
tais territórios em uma área urbana.
5. Não existe uma definição universalmente
aceita de “Povos Indígenas”. Os povos indí- 7. Para os fins deste ESPS, o Mutuário pode ser
genas podem ser referidos em diferentes solicitado a buscar contribuições de profis-
países por termos como “povos originais” sionais qualificados para apoiar sua análise
(pueblos originarios), “povos autóctones” e diálogo com os Povos Indígenas.
(pueblos autóctonos), residentes de muni-
cípios indígenas (comarcas) ou reservas
(resguardos) ou quaisquer outros povos indí- EXIGÊNCIAS
genas formalmente reconhecidos na América
Latina e no Caribe. No ESPF, o termo “Povos Geral
Indígenas” é usado em um sentido genérico
para se referir a um grupo social e cultural Direitos Indígenas
distinto possuindo as seguintes caracterís-
ticas em vários graus: 8. O Mutuário respeitará e levará em consi-
deração os direitos dos Povos e Indivíduos
y Auto-identificação como membros de um Indígenas como previstas em obrigações e
grupo cultural indígena distinto e reco- compromissos legais aplicáveis, que inclui
nhecimento dessa identidade por outros. legislação nacional dos indígenas ou per-
y Apego coletivo a habitats geografica- tinente, leis internacionais aplicáveis, ou
mente distintos ou territórios ancestrais sistemas legislativos indígenas. Os sistemas

90 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


legislativos indígenas são aqueles reconhe- ário deverá adotar medidas para abordar
cidos em legislação nacional. Em caso de impactos adversos do projeto que podem
omissão, sistemas indígenas serão reco- afetar a população transfronteiriça. Entre
nhecido se não forem inconsistentes com a outras, as medidas incluirão consulta e pro-
legislação nacional ou acordos internacionais. cesso de negociação de boa-fé, segurança
jurídica e programas de controle territorial,
e outros programas culturalmente apro-
Prevenção de Impactos Adversos priados relativos aos direitos e prioridades
em saúde, livre circulação, dupla naciona-
9. O Mutuário identificará, por meio de um lidade (dentro do contexto das obrigações
processo de avaliação de riscos e impactos e compromissos legais aplicáveis), e a inte-
ambientais e sociais desenvolvido de uma gração cultural, social e econômica entre
maneira culturalmente apropriada, todas as povos afetados.
comunidades de Povos Indígenas162 dentro
da área de influência do projeto que possam
ser afetadas pelo projeto, bem como a Povos Indígenas em Isolamento Voluntário
natureza e o grau esperado dos impactos
econômicos, sociais, culturais diretos, indi- 12. Os projetos respeitarão os direitos dos Povos
retos e cumulativos (incluindo o patrimônio Indígenas em isolamento voluntário e de
cultural163) e ambientais. contato inicial de permanecerem isolados e
viverem livremente de acordo com sua cul-
10. Impactos adversos nas comunidades de tura. Projetos com o potencial de impactar
povos indígenas afetados pelo projeto direta, indireta e/ou cumulativamente essas
devem ser evitados sempre que possível. comunidades de povos indígenas, suas terras
Onde alternativas foram exploradas e e territórios, ou seu modo de vida, deverão
impactos adversos são inevitáveis, o Mutu- incluir medidas apropriadas para (i) salva-
ário minimizará, restaurará e/ou compensará guardar a integridade física, territorial e
esses impactos de uma maneira cultural- cultural coletiva e individual desses povos;
mente apropriada, proporcional à natureza (ii) reconhecer, respeitar e proteger suas
e escala de tais impactos e à vulnerabili-
dade das comunidades de Povos Indígenas
afetadas pelo projeto. As ações propostas 162 Eles podem incluir comunidade indígenas que emi-
pelo Mutuário serão desenvolvidas com o gram sazonalmente de seus territórios por propósitos
ICP das comunidades de Povos Indígenas econômicos ou sociais, incluindo a caça e coleta e a par-
ticipação de cerimônias espirituais.
afetados pelo projeto e contidas em um 163 Requisitos adicionais sobre proteção do patrimônio

plano de prazo, como um Plano de Povos cultural são estabelecidos no Padrão de Desempenho
Indígenas.164 Ambiental e Social 8, enquanto requisitos adicionais para
consultas às partes interessadas e divulgação de infor-
mações são estabelecidos no Padrão de Desempenho
Povos Indígenas Transfronteiriços Ambiental e Social 10.
164 A determinação do plano apropriado pode exigir a

contribuição de profissionais competentes. Um plano de


11. Em projetos regionais envolvendo dois ou desenvolvimento comunitário pode ser apropriado nas
mais países ou em regiões de fronteira onde circunstâncias em que os povos indígenas fazem parte
os povos indígenas estão presente, o Mutu- de um grupo maior de pessoas afetadas pelo projeto.

PADRÃO 7 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 91


terras e territórios, meio ambiente, saúde e larmente vulneráveis à perda, alienação
cultura; e (iii) garantir que não haverá con- ou exploração de suas terras, territórios e
tato com eles como consequência direta ou acesso a recursos naturais e culturais.168 Em
indireta do projeto. Os aspectos do projeto reconhecimento a esta vulnerabilidade, além
que resultariam em contato não desejado dos Requisitos Gerais deste ESPS, o Mutu-
não deverão ser continuados. Para tanto, o ário obterá o CLPI das Comunidades de
Mutuário colaborará com agências gover- Povos Indígenas Afetados pelo Projeto nas
namentais responsáveis para regular os circunstâncias descritas nos parágrafos 16–21
territórios dos povos isolados e estabelecer deste ESPS. O CLPI se aplica ao desenho,
zonas-tampão, limitar o acesso a esses terri- implementação e resultados esperados do
tórios e desenvolver as medidas necessárias projeto, relacionados aos impactos que
de monitoramento e resposta a emergências, afetam as comunidades dos Povos Indígenas.
priorizando a prevenção de contatos, e miti- Quando qualquer uma dessas circunstâncias
gando quaisquer outros riscos e impactos se aplica, o Mutuário contratará especia-
sobre os povos indígenas em isolamento listas externos para ajudar na identificação
voluntário e de contato inicial. dos riscos e impactos do projeto.

15. Para o propósito deste ESPS, consentimento


Participação e consentimento refere-se ao apoio coletivo das comunidades
de Povos Indígenas afetadas para atividades
13. O Mutuário empreenderá um processo de do projeto que as afetam, obtidas por meio
engajamento com as Comunidades de Povos de um processo culturalmente apropriado e
Indígenas Afetadas pelo Projeto, conforme respeitoso à tomada de decisão tradicional
exigido no ESPS 1 e no ESPS 10. Esse processo dos Povos Indígenas, a partir de represen-
de engajamento inclui análise das partes inte- tantes escolhidos por eles próprios ou outro
ressadas e planejamento do engajamento, processo de tomada de decisão advindo de
divulgação de informações, consulta e par-
ticipação,165 de uma maneira culturalmente 165 Assegurando a participação de mulheres, pessoas de
apropriada. Além disso, este processo irá: diferente orientação sexual ou identidade de gênero In-
dígenas fornecendo espaços específicos para obtenção
y Envolver os órgãos e organizações re- de autorização.
presentativas dos Povos Indígenas (por 166 Os processos internos de tomada de decisão são ge-
exemplo, conselhos de anciãos ou con- ralmente, mas nem sempre, de natureza coletiva. Pode
haver discordância interna e as decisões podem ser con-
selhos das aldeias), bem como mem-
testadas por alguns na comunidade. O processo de con-
bros das Comunidades de Povos Indí-
sulta deve ser sensível a essa dinâmica e permitir tempo
genas Afetados pelo Projeto. suficiente para que os processos internos de tomada de
y Fornecer tempo suficiente para os pro- decisão cheguem a conclusões.
cessos coletivos de tomada de decisão 167 Protocolos de consulta indígenas são instrumentos
dos Povos Indígenas.166 e iniciativas específicas estabelecidas por cada um dos
Povos Indígenas para garantir o respeito de seus
y Incluir os Povos Indígenas em protoco-
direitos no marco de processo de consulta.
los de consulta167 quando eles existirem. 168 Os recursos naturais e áreas naturais com valor cultu-
ral mencionados neste ESPS são equivalentes ao forne-
14. A s comunidades de povos indígenas cimento de ecossistemas e serviços culturais, conforme
afetadas pelo projeto podem ser particu- descrito no ESPS 6.

92 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


sua própria estrutura governamental. O CLPI nhecimento legal de posse, ocupação, ou
desenvolve e expande o processo de PIC uso, respeitando os costumes, tradições
descrito no ESPS 1 e será estabelecido por e sistemas de posse de terra de Povos
meio de negociações de boa fé entre o Mutu- Indígenas. O objetivo deste plano será o
ário e as Comunidades de Povos Indígenas reconhecimento completo legal de sistemas
Afetadas pelo Projeto. O Mutuário docu- de posse de terra tradicional de Povos Indí-
mentará (i) o processo mutuamente aceito genas. O Mutuário não prosseguirá com
de negociação de boa fé entre o Mutuário projetos que acarretam titularidade indivi-
e as Comunidades de Povos Indígenas Afe- dual em territórios indígenas.
tados pelo Projeto e (ii) o resultado deste
processo, incluindo acordos alcançados 18. Se o Mutuário se propuser a localizar um
entre as partes, bem como opiniões discor- projeto, ou desenvolver recursos naturais
dantes. em terras tradicionalmente pertencentes a
ou sob o uso habitual de Povos Indígenas, e
impactos adversos171 podem ser esperados,
CIRCUNSTÂNCIAS QUE EXIGEM o Mutuário tomará as seguintes medidas:
CONSENTIMENTO LIVRE, PRÉVIO E
INFORMADO y Documentar os esforços para evitar e
minimizar a área de terra proposta para
Impactos nas terras e nos recursos naturais o projeto.
sujeitos à propriedade tradicional ou sob y Documentar os esforços para evitar e
uso habitual minimizar os impactos sobre os recur-
sos naturais e áreas naturais de impor-
16. Os povos indígenas geralmente estão inti- tância172 para os Povos Indígenas.
mamente ligados às suas terras e recursos
naturais relacionados.169 Frequentemente,
essas terras são de propriedade tradicional 169 Exemplos incluem recursos marinhos e aquáticos,
ou estão em uso habitual.170 Embora os Povos produtos florestais madeireiros e não madeireiros, plan-
tas medicinais, áreas de caça e coleta e áreas de pasta-
Indígenas possam não possuir título legal
gem e cultivo. Os ativos de recursos naturais, conforme
para essas terras, conforme definido pela mencionados neste ESPS, são equivalentes ao forneci-
lei nacional, seu uso dessas terras, incluindo mento de serviços ecossistêmicos, conforme descrito no
o uso sazonal ou cíclico, para sua subsis- ESPS 6.
170 A aquisição e/ou arrendamento de terras com título
tência, ou para fins culturais, cerimoniais
e espirituais que definem sua identidade e legal é abordada no ESPS 5 – Aquisição de terras e reas-
sentamento involuntário.
comunidade, pode frequentemente ser fun- 171 Tais impactos adversos podem incluir impactos por

damentado e documentado. perda de acesso a ativos ou recursos, ou restrições ao


uso da terra, resultantes das atividades do projeto.
17. Quando o projeto envolver atividades que 172 “Recursos naturais e áreas naturais de importância”,

contribuam para ou são condicionadas ao conforme referido neste ESPS, são equivalentes a ser-
estabelecimento de direitos às terras e aos viços ecossistêmicos prioritários, conforme definido no
ESPS 6. Estes se referem àqueles serviços sobre os quais
territórios reconhecidos legitimamente que
o Mutuário tem controle direto da gerência ou influência
são de propriedade tradicional ou estão significativa, e esses serviços provavelmente são fontes
em uso habitual pelos Povos Indígenas, o de risco em termos de impactos nas comunidades de po-
Mutuário preparará um plano para o reco- vos indígenas afetados pelo projeto.

PADRÃO 7 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 93


y Identificar e revisar todos os interesses de sistência das Comunidades de Po-
propriedade e usos tradicionais de recur- vos Indígenas Afetados pelo Projeto
sos antes de comprar ou arrendar terras. e seu uso dos mesmos exacerba o
y Avaliar e documentar o uso dos recur- risco de subsistência.
sos das Comunidades Indígenas Afeta- y Proporcionar acesso, uso e trânsito
das pelo Projeto, sem prejudicar qualquer às comunidades afetadas pelo pro-
reivindicação de terra dos Povos Indíge- jeto de povos indígenas em terra que
nas.173 A avaliação do uso da terra e dos está desenvolvendo, sujeito a consi-
recursos naturais deve incluir o gênero e derações imperiosas de saúde, segu-
considerar especificamente o papel das rança e proteção.
mulheres na gestão e uso desses recursos.
y Garantir que as comunidades de Po-
vos Indígenas afetadas pelo projeto se- Realocação de Povos Indígenas de Terras e
jam informadas de seus direitos à terra Recursos Naturais Sujeitos a Propriedade
de acordo com a lei nacional, incluindo Tradicional ou Sob Uso Habitual
qualquer lei nacional que reconheça os
direitos costumeiros de uso. 19. O Mutuário considerará o design de projetos
y Oferecer compensações e devido pro- alternativos viáveis para evitar a realocação
cesso às comunidades de povos indíge- de Povos Indígenas de terras e recursos
nas afetados pelo projeto no caso de de- naturais de propriedade comunitária,
senvolvimento de suas terras, territórios e sujeitos à propriedade tradicional ou ao uso
recursos naturais, juntamente com opor- habitual.175 Se tal mudança for inevitável, o
tunidades de desenvolvimento sustentá- Mutuário não prosseguirá com o projeto, a
vel culturalmente apropriadas, incluindo:
y Fornecer compensação em terra ou 173 Este ESPS exige comprovação e documentação do
compensação em espécie, em vez uso de tais terras. Os mutuários também devem estar
de compensação em dinheiro, sem- cientes de que a terra já pode estar em uso alternativo,
pre que possível.174 conforme designado pelo governo.
174 Compensação em terra deve ser equivalente em qua-
y Garantir o acesso contínuo aos re-
lidade, tamanho e status legal. Se as circunstâncias im-
cursos naturais, identificar os recur- pedirem que o Mutuário ofereça terras de reposição ade-
sos de substituição equivalentes ou, quadas, o Mutuário deverá verificar se esse é o caso. Sob
como última opção, fornecer com- tais circunstâncias, o Mutuário fornecerá oportunidades
pensação e identificar meios de sub- de ganho de renda não baseadas na terra, além da com-
sistência alternativos, se o desenvol- pensação em dinheiro para as Comunidades de Povos
Indígenas Afetados pelo Projeto.
vimento do projeto resultar na perda 175 Normalmente, os Povos Indígenas reivindicam direi-

de acesso e na perda de recursos na- tos, acesso e uso da terra e recursos através de sistemas
turais, independentemente da aqui- tradicionais ou costumeiros, muitos dos quais envolvem
sição da terra do projeto. direitos de propriedade comunal. Essas reivindicações
y Garantir o compartilhamento justo tradicionais de terra e recursos podem não ser reco-
e equitativo dos benefícios associa- nhecidas pelas leis nacionais. Quando os membros das
Comunidades de Povos Indígenas afetados pelo projeto
dos ao uso dos recursos pelo projeto,
detenham título legal individualmente ou onde a lei na-
onde o Mutuário pretende utilizar re- cional relevante reconhece os direitos costumeiros para
cursos naturais que são centrais para os indivíduos, os requisitos do ESPS 5 serão aplicados,
a identidade, cultura e meios de sub- em vez dos requisitos do parágrafo 17 deste ESPS.

94 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


menos que (i) o componente de reassen- BENEFÍCIOS DE MITIGAÇÃO E
tamento resulte em benefícios diretos para DESENVOLVIMENTO
a comunidade afetada em relação à sua
situação anterior; (ii) os direitos consue- 22. O Mutuário e as Comunidades de Povos Indí-
tudinários serão totalmente reconhecidos genas Afetados pelo Projeto identificarão
e compensados de maneira justa; (iii) as medidas de mitigação alinhadas com a hie-
opções de compensação incluirão reassen- rarquia de mitigação descrita no ESPS 1,
tamento em terra; e (iv) o CLPI foi obtido bem como oportunidades para benefícios
como foi descrito acima. Qualquer realo- de desenvolvimento culturalmente apro-
cação de Povos Indígenas será consistente priados e sustentáveis. O Mutuário garantirá
com os requisitos do ESPS 5. Quando for a entrega oportuna e equitativa das medidas
viável, os povos indígenas realocados devem de compensação acordadas para as Comu-
poder retornar às suas terras tradicionais nidades de Povos Indígenas Afetados pelo
ou habituais, se o motivo da sua realocação Projeto.
deixar de existir.
23. A determinação, entrega e distribuição
de compensação e outras medidas de
Patrimônio Cultural compartilhamento de benefícios para as
Comunidades de Povos Indígenas Afetados
20. Quando um projeto puder impactar signifi- pelo Projeto levarão em consideração as
cativamente o patrimônio cultural176 essencial leis, instituições e costumes dessas comu-
à identidade e/ou aspectos culturais, ceri- nidades, bem como seu nível de interação
moniais ou espirituais da vida dos Povos com a sociedade em geral. A qualificação
Indígenas, será dada prioridade à prevenção para remuneração pode ser individual ou
de tais impactos. Onde impactos signifi- coletivamente, ou pode ser uma combi-
cativos do projeto no patrimônio cultural nação de ambos.177 Quando a remuneração
forem inevitáveis, o Mutuário obterá o CLPI ocorrer coletivamente, serão definidos e
das Comunidades de Povos Indígenas Afe- implementados mecanismos que promovam
tados pelo Projeto. a entrega e distribuição efetivas da remu-
neração a todos os membros elegíveis do
21. Quando um projeto se propõe a usar o patri- grupo.
mônio cultural, incluindo conhecimentos,
inovações ou práticas dos Povos Indígenas
para fins comerciais, o Mutuário informará
176 Inclui áreas naturais com valor cultural e/ou espiritu-
as Comunidades de Povos Indígenas Afe-
al, como bosques sagrados, corpos sagrados de água e
tados pelo Projeto (i) seus direitos sob a lei cursos de água, árvores sagradas e rochas sagradas. As
nacional, (ii) o escopo e a natureza do projeto áreas naturais com valor cultural são equivalentes aos
proposto, e (iii) as possíveis consequências serviços culturais ecossistêmicos prioritários, conforme
desse desenvolvimento e irá obter seu CLPI. definido no ESPS 6.
177 Onde o controle de recursos, ativos e tomada de de-
O Mutuário também garantirá o comparti-
cisão são predominantemente de natureza coletiva, se-
lhamento justo e equitativo dos benefícios
rão envidados esforços para garantir que, sempre que
da comercialização de tais conhecimentos, possível, os benefícios e a compensação sejam coletivos
inovações ou práticas, de acordo com os e levem em conta as diferenças e necessidades entre ge-
costumes e tradições dos Povos Indígenas. rações.

PADRÃO 7 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 95


24. Vários fatores, incluindo, entre outros, a resultados consistentes com os objetivos
natureza do projeto, o contexto do pro- deste ESPS.
jeto e a vulnerabilidade das Comunidades
de Povos Indígenas Afetados pelo Projeto, 26. O Mutuário considerará todos os docu-
determinarão como essas comunidades mentos e planos elaborados pelos órgãos
devem se beneficiar do projeto. As opor- governamentais responsáveis no pro-
tunidades identificadas devem ter como cesso de identificação e implementação
objetivo abordar as metas e preferências dos requisitos relevantes deste ESPS. O
dos Povos Indígenas, incluindo melhorar seu Mutuário pode precisar incluir (i) o plano,
padrão de vida e meios de subsistência de implementação e documentação do pro-
uma maneira culturalmente apropriada, e cesso de ICP e engajamento e CLPI, quando
promover a sustentabilidade a longo prazo relevante; (ii) uma descrição dos direitos
dos recursos naturais dos quais dependem. fornecidos pelos governos dos Povos Indí-
genas afetados; iii) as medidas propostas
para colmatar eventuais lacunas entre esses
COORDENAÇÃO GOVERNAMENTAL direitos e os requisitos do presente ESPS;
DE QUESTÕES DE POVOS e (iv) as responsabilidades financeiras e de
INDÍGENAS implementação do órgão governamental e
ou do Mutuário.
25. O Mutuário colaborará com todos os órgãos
governamentais responsáveis para alcançar

96 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


PADRÃO 7 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 97
PADRÃO 8 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Patrimônio Cultural
PADRÃO 8 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 99

INTRODUÇÃO

1 O Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) 8 reconhece a importância do patri-


mônio cultural para as gerações atuais e futuras. Consistente com a Convenção Relativa à
Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, este ESPS visa garantir que os Mutuários
protejam o patrimônio cultural no curso de suas atividades de projeto. Além disso, os requi-
sitos deste ESPS sobre o uso do patrimônio cultural de um projeto baseiam-se em parte nos
padrões estabelecidos pela Convenção sobre a Diversidade Biológica.

OBJETIVOS usadas para fins comerciais, como conhe-


cimento cultural, inovações e práticas de
y Proteger a herança cultural dos impac- comunidades que incorporam estilos de vida
tos adversos das atividades do projeto e tradicionais.
apoiar a sua preservação.
y Promover a partilha equitativa dos be- 4. Os requisitos relativos às formas tangíveis
nefícios decorrentes da utilização do pa- de patrimônio cultural estão contidos nos
trimônio cultural. parágrafos 6–16. Para requisitos relativos a
instâncias específicas de formas intangíveis
de patrimônio cultural descritas no parágrafo
ESCOPO DE APLICAÇÃO 3 (iii), consulte o parágrafo 16.

2. A aplicabilidade deste ESPS é estabelecida 5. Os requisitos deste ESPS aplicam-se ao patri-


durante o processo de identificação de riscos mônio cultural, independentemente de ter
e impactos ambientais e sociais. A implemen- sido ou não legalmente protegido ou pre-
tação das ações necessárias para atender aos viamente perturbado. O ESPS 7 estabelece
requisitos deste ESPS é gerenciada por meio os requisitos adicionais que se aplicam ao
do Sistema de Gestão Ambiental e Social patrimônio cultural dos povos indígenas
(ESMS) do Mutuário, cujos elementos estão
descritos no ESPS 1. Durante o ciclo de vida
do projeto, o Mutuário considerará os riscos EXIGÊNCIAS
e impactos do projeto no patrimônio cultural
e aplicará as disposições deste ESPS. Proteção do Patrimônio Cultural na
Concepção e Execução do Projeto
3. Para os fins deste ESPS, patrimônio cultural
refere-se a (i) formas tangíveis de patrimônio 6. Além de cumprir a lei aplicável à proteção
cultural, tais como objetos móveis ou imóveis do patrimônio cultural, incluindo leis nacio-
tangíveis, propriedades, sítios, estruturas ou nais que implementam as obrigações do
grupos de estruturas, com estruturas arqueo- país anfitrião sob a Convenção Relativa à
lógicas, paleontológicas, históricas, culturais, Proteção do Patrimônio Mundial Cultural
artísticas, e valores religiosos; (ii) caracte- e Natural, o Mutuário identificará e prote-
rísticas naturais únicas ou objetos tangíveis gerá o patrimônio cultural, assegurando
que incorporam valores culturais, como bos- que práticas internacionalmente reconhe-
ques sagrados, rochas, lagos e cachoeiras; e cidas para a proteção, estudos de campo e
(iii) certas instâncias de formas intangíveis documentação do patrimônio cultural sejam
de cultura que são propostas para serem implementados.
7. Onde o processo de identificação de riscos e cultural de importância e incorporar no pro-
impactos determinar que há uma chance de cesso de tomada de decisão do Mutuário as
impactos no patrimônio cultural, o Mutuário opiniões das pessoas afetadas pelo projeto
contratará profissionais competentes para sobre esse patrimônio cultural. A consulta
auxiliar na identificação e proteção do patri- também envolverá as agências reguladoras
mônio cultural. A remoção do patrimônio nacionais ou locais relevantes que são encar-
cultural não replicável está sujeita aos requi- regadas da proteção do patrimônio cultural.
sitos adicionais do parágrafo 10 abaixo. No
caso de patrimônio cultural crítico, os requi-
sitos dos parágrafos 13–15 serão aplicáveis. Acesso Comunitário

10. Nos locais em que o local do projeto do


Procedimentos de Descobertas Mutuário contenha patrimônio cultural ou
impeça o acesso a locais de patrimônio cul-
8. O Mutuário é responsável pela localização e tural acessíveis anteriormente que sejam
elaboração de um projeto para evitar impactos usados ou que tenham sido utilizados pelas
adversos significativos ao patrimônio cul- pessoas afetadas pelo projeto na memória
tural. O processo de identificação de riscos e viva para fins culturais de longa data, o Mutu-
impactos ambientais e sociais deve determinar ário, com base em consultas de acordo com
se a localização proposta de um projeto está o parágrafo 9, permitirá o acesso continuado
em áreas onde se espera que o patrimônio cul- ao local cultural ou fornecerá uma rota de
tural seja encontrado durante a construção ou acesso alternativa, sujeita a considerações
operação. Nesses casos, como parte do ESMS imperativas de saúde e segurança.
do Mutuário, o Mutuário desenvolverá provi-
sões para gerenciar descobertas aleatórias178
através de um procedimento de descoberta Remoção do patrimônio cultural replicável
aleatória179 que será aplicado no caso de o
patrimônio cultural ser posteriormente des- 11. Nos casos em que o Mutuário encontre patri-
coberto. O Mutuário não perturbará nenhuma mônio cultural tangível que seja replicável180
chance de encontrar mais até que seja feita
uma avaliação por profissionais competentes
e ações consistentes com os requisitos deste 178 O patrimônio cultural tangível encontrado inespera-
ESPS sejam identificadas. damente durante a construção ou operação do projeto.
179 Um procedimento de descoberta aleatória é um pro-

cedimento específico do projeto que descreve as ações a


serem tomadas se um patrimônio cultural anteriormente
Consulta desconhecido for encontrado.
180 O patrimônio cultural replicável é definido como for-

9. Nos casos em que um projeto possa afetar mas tangíveis de patrimônio cultural que podem ser mo-
o patrimônio cultural, o Mutuário consultará vidas para outro local ou que podem ser substituídas por
as pessoas afetadas pelo projeto que usam uma estrutura ou características naturais semelhantes
às quais os valores culturais podem ser transferidos por
ou usaram na memória viva o patrimônio
medidas apropriadas. Locais arqueológicos ou históricos
cultural para fins culturais de longa data. podem ser considerados replicáveis quando as épocas e
O Mutuário consultará as pessoas afetadas valores culturais que representam são bem representa-
pelo projeto para identificar o patrimônio dos por outros locais e/ou estruturas

100 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


e não crítico, o Mutuário aplicará medidas y Não existam alternativas tecnicamente ou
de mitigação que favorecem a prevenção. financeiramente viáveis ​​para a remoção.
Nos casos em que a prevenção não é viável, y Os benefícios gerais do projeto supe-
o Mutuário aplicará uma hierarquia de miti- ram a perda antecipada da herança cul-
gação da seguinte maneira: tural da remoção.
y Qualquer remoção do patrimônio cultu-
y Minimizar os impactos adversos e im- ral seja conduzida pela melhor técnica
plementar medidas de restauração, in disponível.
situ, que garantam a manutenção do
valor e da funcionalidade do patrimônio
cultural, incluindo a manutenção ou res- Patrimônio Cultural Crítico
tauração de quaisquer processos ecos-
sistêmicos necessários para apoiá-lo.181 13. O patrimônio cultural crítico consiste em um
y Onde a restauração in situ não for pos- ou ambos dos seguintes tipos de patrimônio
sível, restaurar a funcionalidade do pa- cultural: (i) o patrimônio internacionalmente
trimônio cultural, em um local diferente, reconhecido de comunidades que usam ou
incluindo os processos do ecossistema usaram na memória viva o patrimônio cul-
necessários para apoiá-lo. tural para fins culturais de longa data; ou
y A remoção permanente de artefatos e (ii) áreas de patrimônio cultural legalmente
estruturas históricas e arqueológicas é protegidas,183 incluindo as propostas pelo
realizada de acordo com os princípios governo para essa designação.
dos parágrafos 6 e 7 acima.
y Somente onde a minimização de impac- 14. O Mutuário não deve remover, alterar sig-
tos adversos e a restauração para garan- nificativamente ou danificar o patrimônio
tir a manutenção do valor e da funcio- cultural crítico. Em circunstâncias excepcio-
nalidade do patrimônio cultural não são nais, quando os impactos sobre o patrimônio
comprovadamente viáveis e onde as pes- cultural crítico forem inevitáveis, o Mutuário
soas afetadas pelo projeto estão usando usará um processo de Consulta e Partici-
o patrimônio cultural tangível para fins pação Informada (PIC) das pessoas afetadas
culturais de longa data, compensar a pelo projeto, conforme descrito no ESPS 1
perda desse patrimônio cultural tangível. e que utiliza um processo de negociação

Remoção do patrimônio cultural não


181 Consistente com os requisitos do ESPS 6 relacionados
aos serviços dos ecossistemas e conservação da biodi-
replicável
versidade.
182 O patrimônio cultural não replicável pode estar rela-

12. A maior parte do patrimônio cultural é cionado às condições sociais, econômicas, culturais, am-
melhor protegida pela preservação em seu bientais e climáticas dos povos passados, suas ecologias
lugar, uma vez que a remoção provavel- em evolução, estratégias adaptativas e formas iniciais de
mente resultará em danos irreparáveis ​​ou gestão ambiental, onde o (i) patrimônio cultural é único
ou relativamente único para o período que representa ou
destruição do patrimônio cultural. O Mutu-
(ii) o patrimônio cultural é único ou relativamente único
ário não removerá nenhum patrimônio ao vincular vários períodos no mesmo site.
cultural não replicável, 182 a menos que todas 183 Exemplos incluem locais de patrimônio mundial e áre-

as seguintes condições sejam atendidas: as protegidas nacionalmente.

PADRÃO 8 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 101


de boa fé que resulta em um processo morar os objetivos de conservação da
documentado. O Mutuário contratará espe- área protegida.
cialistas externos para auxiliar na avaliação
e proteção do patrimônio cultural crítico.
Uso do Patrimônio Cultural pelo Projeto
15. As áreas de patrimônio cultural legalmente
protegidas são importantes para a proteção 16. Quando um projeto se propõe a usar o patri-
e conservação do patrimônio cultural e são mônio cultural, incluindo conhecimentos,
necessárias medidas adicionais para pro- inovações ou práticas das comunidades
jetos que são permitidos de acordo com locais para fins comerciais,184 o Mutuário
as leis nacionais aplicáveis ​​nessas áreas. informará tais comunidades acerca de
Nas circunstâncias em que um projeto pro- (i) seus direitos sob a lei nacional, (ii) o
posto está localizado dentro de uma área escopo e a natureza do projeto proposto,
legalmente protegida ou uma zona tampão (iii) as possíveis consequências desse desen-
legalmente definida, o Mutuário, além dos volvimento. O Mutuário não continuará
requisitos para o patrimônio cultural crítico com essa comercialização, a menos que
mencionado acima no parágrafo 14, aten- (i) entre em um processo de ICP conforme
derá aos seguintes requisitos: descrito nos ESPS 1 e 10, e que use um pro-
cesso de negociação de boa fé que resulte
y Conformidade com os regulamentos de em um resultado documentado e (ii) pre-
patrimônio cultural nacional ou local de- veja compartilhamento justo e equitativo
finidos ou os planos de gestão de áreas dos benefícios da comercialização de tais
protegidas. conhecimentos, inovações ou práticas, de
y Consultar os patrocinadores e gerentes acordo com seus costumes e tradições.
da área protegida, as comunidades lo-
cais e outras partes interessadas princi- 184Os exemplos incluem, entre outros, a comercialização
pais no projeto proposto. do conhecimento medicinal tradicional ou outra técnica
y Implementar programas adicionais, con- sagrada ou tradicional para processar plantas, fibras ou
forme apropriado, para promover e apri- metais.

102 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


PADRÃO 6 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 103
PADRÃO 9 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Igualdade de gêneros
PADRÃO 9 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 105

INTRODUÇÃO

1 Este Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) reconhece que a igualdade de gênero
tem valor intrínseco e não é apenas uma questão de justiça e direitos humanos, mas também
um fator de desenvolvimento sustentável. Há evidências esmagadoras de que a integração da
igualdade de gênero nos projetos de desenvolvimento contribui para o sucesso do desenho,
implementação, eficácia e sustentabilidade ambiental e social.

2 Este ESPS reconhece, independentemente do contexto cultural ou étnico, o direito à igualdade


entre os gêneros, conforme estabelecido nos acordos internacionais aplicáveis.185 A busca pela
igualdade requer ações voltadas para a equidade, o que implica fornecer e distribuir benefí-
cios e/ou recursos de maneira a diminuir as diferenças de gênero existentes, reconhecendo
que a existência dessas diferenças pode prejudicar pessoas de todos os gêneros.

3 Por outro lado, a desigualdade de gênero limita a capacidade dos indivíduos afetados de
participar e se beneficiar das oportunidades derivadas de projetos, além de resistir, lidar e
recuperar-se dos impactos adversos que os projetos podem gerar.

4 Este ESPS visa identificar possíveis riscos e impactos baseados em gênero e introduzir medidas
efetivas para evitar, prevenir ou mitigar esses riscos e impactos, eliminando assim a possibi-
lidade de reforçar as desigualdades pré-existentes ou criar novas. Para os fins deste ESPS, a
ação afirmativa,186 especificamente direcionada a reduzir as diferenças de gênero existentes,
atender necessidades específicas baseadas em gênero ou garantir a participação de pessoas
de todos os gêneros nas consultas, não constituirá discriminação ou exclusão.

5 Este ESPS presta especial atenção a como as desigualdades de gênero interagem com outras
desigualdades, como socioeconômica, étnica, racial, deficiência e outros fatores , e como essa
interseccionalidade pode exacerbar barreiras ao acesso aos benefícios do projeto, limitar a
capacidade de lidar com impactos negativos do projeto e criar outras vulnerabilidades.

6 Este ESPS reconhece que diversas orientações sexuais e identidades de gênero podem tornar
as pessoas excluídas e/ou tornar segmentos da população mais vulneráveis a impactos nega-
tivos do projeto, muitas vezes impedindo-as de aproveitar as oportunidades disponíveis para
outros membros da comunidade.

185 Tais como Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra as Mulheres ou CEDAW (1979), a Declaração da ONU sobre a Eliminação da Violência contra
as Mulheres (1993) a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (1994), o
Programa de Ação da International Conferência sobre População e Desenvolvimento (1994), Plataforma de Ação da
Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres (1995), Resolução da Assembleia Geral da ONU sobre Medidas de Pre-
venção ao Crime e Justiça Criminal, a fim de Eliminar a Violência contra as Mulheres (1998), Protocolo Opcional Ado-
tado à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1999), os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (2015) e os Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação do Direito Internacional dos
Direitos Humanos em Relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero (2006 atualizado 2017). Convenção 190 da
OIT sobre a Eliminação da Violência e Assédio (2019).
186 Ações temporárias destinadas a igualar desvantagens históricas.
7 Este ESPS também reconhece que a violência sexual e de gênero (VSG) é um problema
global predominante. Manifestações de VSG provavelmente existem em todos os ambientes.
Os impactos relacionados ao gênero, incluindo todas as formas de VSG, incluindo exploração
e abuso sexual, afetam desproporcionalmente mulheres e pessoas de diversas orientações
sexuais e identidades de gênero. Projetos que envolvem um grande afluxo de trabalhadores
em uma comunidade podem exacerbar os riscos existentes da VSG ou criar novos riscos, que
variam de assédio sexual a abuso e exploração sexual de mulheres e crianças.

8 Igualmente, este ESPS reconhece que mundialmente e nos países da ALC, a maior parte
do trabalho de cuidado não remunerado recai sobre mulheres. O trabalho de cuidado
não remunerado é uma das principais barreiras que impedem que a mulher seja inserida,
continue ou progrida como força de trabalho. Isso apresenta uma grande barreira para
igualdade de gênero e empoderamento econômico da mulher, incluindo para a parti-
cipação significativa da mulher em oportunidades disponíveis para outros membros da
comunidade.

OBJETIVOS dade de gênero, incluindo ações para


mitigar e prevenir impactos relaciona-
y Antecipar e prevenir riscos e impactos dos a gênero.
adversos com base no gênero, orien-
tação sexual e identidade de gênero e,
quando não for possível evitar, mitigar e ESCOPO DE APLICAÇÃO
compensar esses impactos.
y Estabelecer ações preventivas para pre- 9. A aplicabilidade deste ESPS é estabele-
venir ou mitigar riscos e impactos de- cida durante o processo de identificação
correntes do gênero nos projetos, du- de riscos e impactos ambientais e sociais.
rante todo o ciclo do projeto. A implementação das ações necessárias
y Conseguir a inclusão de benefícios deri- para atender aos requisitos deste ESPS é
vados de projetos de pessoas de todos gerenciada por meio do ESMS do Mutuário,
os gêneros, orientações sexuais e iden- cujos elementos estão descritos no ESPS 1.
tidades de gênero. A implementação deste ESPS também deve
y Evitar a exacerbação de VSG, incluindo considerar os requisitos relevantes dos ESPS
assédio sexual, exploração e abuso, e 2, 3, 4, 5, 7 e 10.
quando ocorrerem incidentes de VSG,
responder imediatamente. 10. Quando as leis nacionais não dizem respeito
y Promover uma participação segura e à igualdade de gênero, o Mutuário cumprirá
equitativa nos processos de consulta e este ESPS. Nas circunstâncias em que a legis-
engajamento das partes interessadas, lação nacional seja inconsistente com este
independentemente de gênero, orienta- ESPS, o Mutuário é incentivado a realizar
ção sexual e/ou identidade de gênero. seu projeto de acordo com a intenção deste
y Atender aos requisitos da legislação ESPS e a aplicabilidade de acordos interna-
nacional aplicável e aos compromis- cionais no seu limite máximo permitido sem
sos internacionais relacionados à igual- violar as leis aplicáveis locais e nacionais.

106 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


EXIGÊNCIAS como resultado de seus diferentes meios
de subsistência, status de propriedade, ati-
Identificação e avaliação de riscos e vidades comunitárias, cargas domésticas,
impactos baseados em gênero entre outras. As áreas de risco incluem, mas
não estão limitadas a:
11. O Mutuário fará uma triagem do projeto
para identificar potenciais riscos e impactos y Introdução de requisitos desiguais para
baseados em gênero que podem afetar, des- o acesso a oportunidades e benefícios
proporcionalmente, mulheres, meninas e econômicos derivados do projeto, inclu-
minorias sexuais e de gênero. Se esses poten- sive trabalho remunerado, treinamento,
ciais riscos e impactos baseados em gênero crédito ou oportunidades de negócios.
forem identificados, o Mutuário realizará uma Os projetos irão aplicar os princípios da
análise de gênero (GA) como parte da auditoria não discriminação, igualdade de trata-
ambiental e social. O GA avaliará como as rela- mento e salário igual para trabalho igual.
ções de gênero na área de influência do projeto y Desconsiderar o direito das mulheres
podem levar a impactos desproporcionais por de herdar e possuir terras, casas e ou-
gênero. Impactos desproporcionais podem tras propriedades ou recursos naturais.
ser causados diretamente pelas atividades do O Mutuário irá reconhecer os direitos de
projeto e/ou pela exclusão das pessoas dos propriedade de mulheres independen-
benefícios do projeto devido ao seu gênero e temente do estado civil e adotará me-
a quais recursos eles podem acessar para se didas destinadas a facilitar o acesso aos
recuperar dos impactos negativos e se benefi- documentos que elas precisam para
ciar dos positivos. O GA também deve avaliar exercer esse direito.
as medidas mais adequadas para gerenciar y Introduzir ou encorajar normas sociais
riscos e impactos baseados em gênero, de existentes que perpetuam a distribuição
acordo com a hierarquia de mitigação. desigual de trabalho não remunerado,
o que recai desproporcionalmente nos
12. O GA identifica e analisa, entre outros ombros das mulheres e meninas.
aspectos: desigualdades de gênero exis- y Introduzir condições que restrinjam a
tentes em relação ao acesso e controle participação das pessoas nas atividades
de recursos como terra, recursos natu- do projeto, com base em gênero, identi-
rais, moradia e bens; lacunas de gênero em dade de gênero ou orientação sexual, ou
empregos e oportunidades de trabalho, que limitem a participação com base na
atividades geradoras de renda, acesso ao gravidez, licença parental ou estado civil.
crédito, atividades de subsistência e distri- y Aumentar o risco de VSG, incluindo as-
buição desigual de trabalho não remunerado; sédio sexual, abuso, exploração, tráfico
normas de gênero relativas à participação de seres humanos e exposição a doen-
na esfera pública e acesso a espaços de ças sexualmente transmissíveis. Onde es-
tomada de decisão; e interesses e priori- ses riscos são identificados, o Mutuário
dades de pessoas de todos os gêneros. apoiará medidas como campanhas de
comunicação e conscientização, desen-
13. O GA examina o risco de impactos des- volvimento de planos de prevenção co-
proporcionais do projeto em mulheres, munitária, códigos de conduta dos con-
meninas e minorias sexuais e de gênero tratados e sistemas de comunicação.

PADRÃO 9 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 107


y Restringir o acesso aos recursos neces- orientação sexual, gravidez, licença parental
sários para garantir a subsistência e o ou estado civil. O Mutuário também garan-
bem-estar dos indivíduos e de suas fa- tirá tratamento igual e remuneração igual
mílias. por trabalho igual para seus trabalhadores.
y Ignorar preocupações de segurança no
reassentamento, colocando indivíduos
em áreas que são consideradas insegu- Gerenciamento de impactos
ras com base em gênero, identidade de desproporcionais em situações de
gênero ou orientação sexual. reassentamento físico involuntário ou
deslocamento econômico
14. O GA considera como as desigualdades de
gênero interagem com outras desigualdades 17. O reassentamento físico e o deslocamento
baseadas em fatores socioeconômicos, econômico podem resultar de vários tipos
étnicos , raciais , e outros que podem de transações de terra, incluindo a aqui-
exacerbar barreiras às oportunidades e sição e restrições ao uso da terra. O Mutuário
aumentar as vulnerabilidades de pessoas deve considerar os requisitos relacionados
que enfrentam múltiplas formas de exclusão. à Aquisição de Terras e Reassentamento
Involuntário da ESPS 5 para todos os casos
com o potencial de reassentamento físico
Prevenção, mitigação e/ou remediação involuntário ou deslocamento econômico.
de impactos e riscos Dependendo da significância dos impactos,
esses podem incluir: (i) análise intra-domi-
15. Nos casos em que o GA tenha identificado ciliar para identificar diferenças com base
riscos e impactos negativos com base no nas fontes de gênero dos meios de subsis-
gênero que têm o potencial de afetar des- tência, incluindo os informais; (ii) análise dos
proporcionalmente as pessoas devido ao seu direitos das mulheres sobre a terra e seu
gênero, o Mutuário incorporará medidas no uso, incluindo co-propriedade e direitos de
desenho do projeto para: (i) evitar, minimizar, uso sobre terras comunais e outros ativos;
mitigar e/ou compensar os impactos negativos e (iii) uma análise do impacto do reassen-
identificados com mecanismos para promover tamento na capacidade das mulheres de
equidade de gênero; e (ii) garantir que pes- realizar trabalho. Outras Considerações:
soas de diferentes gêneros, incluindo mulheres
e minorias sexuais e de gênero, que possam y O direito a compensação e a entrega le-
ser impactadas pelo projeto recebam bene- varão em consideração: (i) as atividades
fícios sociais e econômicos de maneira igual produtivas e domésticas das mulheres,
aos benefícios recebidos por outros membros (ii) modalidades justas de pagamento
da comunidade, evitando assim o reforço das em dinheiro, (iii) ações na propriedade
desigualdades de gênero pré-existentes. de reassentamento, (iv) e preferências
de reassentamento; e qualquer outro
16. Ao considerar os requisitos relacionados à problema relacionado a gênero.
não discriminação nas condições de trabalho y A documentação dos acordos de pro-
e trabalho, de acordo com o ESPS 2, o Mutu- priedade ou ocupação e compensação
ário garantirá que não haja discriminação deve ser emitida em nome de ambos os
baseada em gênero, identidade de gênero ou cônjuges ou chefes de família.

108 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


y O processo de consulta deve garantir Conduta do trabalhador; sensibilização
que todas as perspectivas sejam obti- dos trabalhadores do projeto e da co-
das e os interesses dos indivíduos por munidade local, entre outros).
gênero, identidade de gênero ou orien- y Responder a qualquer indicação de um
tação sexual sejam levados em con- incidente e a um incidente VSG verifi-
sideração em todos os aspectos do cado, garantindo que os sobreviventes
planejamento e implementação do re- tenham acesso a várias formas de su-
assentamento. O Mutuário explorará e porte e serviços.
documentará todas as preferências de- y Garantir a disponibilidade de mecanis-
sagregadas por gênero em termos de mos eficazes de queixas que minimi-
mecanismos de compensação, substi- zem a carga de denúncias às vítimas,
tuição de terras ou acesso alternativo a forneçam serviços de maneira sensível
bens e recursos naturais, em vez de di- ao gênero e minimizem os riscos de re-
nheiro, e as percepções de segurança presália. Esses mecanismos devem ter
de pessoas de todos os gêneros, identi- procedimentos específicos para a VSG,
dades de gênero e orientações sexuais. incluindo relatórios confidenciais com
y O Mutuário disponibilizará igualmente documentação ética e segura.
a todos os indivíduos, independente de
gênero, e adaptado às suas respectivas 19. O Mutuário também irá avaliar o risco de
necessidades, assistência à melhoria ou Abuso e Exploração Sexual de Crianças.
restauração dos meios de subsistência, Se a avaliação indicar o risco do mesmo, o
como a melhoria das atividades agríco- Mutuário definirá e implementará medidas
las existentes, treinamento de habilida- diferenciadas para prevenir e abordar o pro-
des, acesso ao crédito, empreendedo- blema.
rismo e oportunidades de emprego.

Participação Equitativa de Pessoas de


Avaliar e gerenciar a violência sexual e Todos os Gêneros nas Consultas
de gênero relacionada ao projeto
20. Além de considerar os requisitos rela-
18. O Mutuário avaliará e evitará riscos da VSG cionados ao engajamento das par tes
relacionada ao projeto e responderá ime- interessadas e à divulgação de informações
diata e adequadamente aos incidentes da de acordo com o ESPS 10, o Mutuário garan-
VSG187, incluindo, conforme apropriado: tirá o engajamento e a participação efetiva
de pessoas de todos os gêneros, incluindo,
y Identificar e avaliar o risco do projeto conforme apropriado:
contribuir para exacerbar a VSG na co-
munidade, incluindo tráfico, assédio se- y Garantir que o processo de consulta re-
xual, exploração e abuso. flita as preocupações de pessoas de to-
y Se a avaliação indicar um risco de VSG,
definir e colocar em prática medidas es- 187 SOGI: As minorias sexuais, e especialmente as mulhe-
pecíficas para prevenir e lidar com esses res transgêneras, podem estar sujeitas a formas especí-
riscos (por exemplo, políticas de assé- ficas de SVG e crimes de ódio e, como resultado, podem
dio sexual do contratado e Códigos de exigir proteções adicionais.

PADRÃO 9 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 109


dos os gêneros, identidades de gênero acesso a informações, barreiras linguís-
e orientações sexuais. Diferentes gêne- ticas, menor poder de decisão e experi-
ros podem ter perspectivas e interesses ência de participação, problemas de se-
diferentes, mesmo dentro do mesmo gurança etc.). As mulheres e pessoas de
grupo de partes interessadas. Podem diferentes orientações sexuais e identi-
surgir diferenças em relação à maneira dade de gênero podem apresentar me-
como os riscos devem ser avaliados, nor capacidade de falar em ambientes
como diferentes coisas são avaliadas ou públicos, ou restrições de mobilidade,
como os danos podem ser evitados ou como cuidar de crianças ou idosos no
remediados. caso da mulher, podem impedir na par-
y Garantir que não haja discriminação ba- ticipação de eventos de consulta reali-
seada em gênero que possa prejudicar zados em locais que estão a alguma dis-
a capacidade de um grupo de influen- tância de suas casas.
ciar a tomada de decisões no processo y Facilitar medidas para garantir a parti-
de consulta. cipação significativa de mulheres e pes-
y Identificar e abordar obstáculos enfren- soas de diferentes orientações sexuais
tados pelas mulheres e pessoas de dife- e identidade de gênero nas consultas,
rentes orientações sexuais e identidade incluindo horários apropriados para as
de gênero para participar de consultas reuniões, transporte, apoio a crianças e
(por exemplo, menor escolaridade, res- convocar reuniões separadas, quando
trições de tempo e mobilidade, menor necessário.

110 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


PADRÃO 9 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 111
PADRÃO 10 DE DESEMPENHO SOCIAL
E AMBIENTAL

Engajamento das partes interessadas e


divulgação de informações
PADRÃO 10 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 113

INTRODUÇÃO

1 Este Padrão de Desempenho Ambiental e Social (ESPS) reconhece a importância do envolvi-


mento aberto e transparente entre o Mutuário e as partes interessadas, em particular as pessoas
afetadas pelo projeto, como um elemento-chave que pode melhorar a sustentabilidade ambiental
e social dos projetos, aprimorar a aceitação do projeto e contribuir significativamente para o
desenvolvimento bem-sucedido de um projeto e sua implementação. Este ESPS é consistente
com os objetivos de implementação do direito ao acesso a informação, de participação pública
no processo de tomada de decisão e no acesso à justiça de assuntos ambientais.188

2 O engajamento das partes interessadas é um processo inclusivo, conduzido ao longo do ciclo


de vida de um projeto. Quando adequadamente projetado e implementado, apoia o desenvolvi-
mento de relacionamentos fortes, construtivos e responsivos, importantes para o gerenciamento
bem-sucedido dos riscos e impactos ambientais e sociais de um projeto. O engajamento das
partes interessadas é mais eficaz quando iniciado no estágio inicial do processo de desen-
volvimento do projeto. É parte integrante das decisões iniciais do projeto sobre a avaliação,
o gerenciamento e o monitoramento dos riscos e impactos ambientais e sociais do projeto.

3 Este ESPS deve ser lido em conjunto com o ESPS 1 e o ESPS 9. Requisitos específicos sobre
o envolvimento com os trabalhadores são encontrados no ESPS 2. As disposições especiais
sobre preparação e resposta a emergências são cobertas no ESPS 4. No caso de projetos
que envolvam reassentamento involuntário, Povos Indígenas ou patrimônio cultural, o Mutu-
ário também aplicará os requisitos específicos de divulgação e consulta estabelecidos nos
ESPS 5, 7 e 8, respectivamente.

OBJETIVOS ambientais e sociais sejam divulgadas


às partes interessadas de maneira e for-
y Estabelecer uma abordagem sistemática mato oportunos, compreensíveis, aces-
ao engajamento das partes interessadas síveis e apropriados.
que ajudará o Mutuário a identificar as par- y Fornecer às partes interessadas meios
tes interessadas, especialmente pessoas acessíveis e inclusivos para levantar ques-
afetadas pelo projeto, e a construir e manter tões, propostas, preocupações e queixas
um relacionamento construtivo com elas. e permitir que os Mutuários respondam e
y Avaliar o nível de interesse e apoio das gerenciem adequadamente.
partes interessadas no projeto e permi-
tir que as visões das partes interessadas
sejam consideradas no design e no de- ESCOPO DE APLICAÇÃO
sempenho ambiental e social do projeto.
y Promover e fornecer meios para um enga- 4. Este ESPS é aplicado a todos os projetos
jamento eficaz e inclusivo com as pessoas de investimentos financeiros. A implemen-
afetadas pelo projeto ao longo do ciclo de
vida do projeto em questões que possam 188Consistente com os princípios no Acordo Regional
potencialmente afetá-las ou beneficiá-las. de Acesso à Informação, Participação Pública e Justiça
y Garantir que as informações apropria- para Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe
das do projeto sobre riscos e impactos (Acordo Escazú).
tação das ações necessárias para atender ressadas, (ii) planejamento de como o
aos requisitos deste ESPS é gerenciada por engajamento com as partes interessadas
meio do Sistema de Gestão Ambiental e ocorrerá, (iii) divulgação de informações,
Social do Mutuário, cujos elementos estão (iv) consulta com as partes interessadas,
descritos no ESPS 1. (v) tratar e responder a queixas, e (vi) reportar
às partes interessadas.
5. Para os fins deste ESPS, “parte interessada”
refere-se a indivíduos ou grupos que: 9. Mutuários manterão e divulgarão como parte
da avaliação ambiental e social, um registro
y são afetados ou provavelmente serão documentado do envolvimento das partes
afetados pelo projeto (“pessoas afeta- interessadas, incluindo uma descrição das
das pelo projeto”) e; partes interessadas consultadas, um resumo
y possam ter interesse no projeto (“outras do feedback recebido e uma breve explicação
partes interessadas”). de como o feedback foi levado em conside-
ração ou os motivos pelos quais não foi.

EXIGÊNCIAS
Engajamento durante a preparação do
6. O Mutuário se envolverá com as partes inte- projeto
ressadas durante todo o ciclo de vida do
projeto. Este iniciará esse envolvimento o Identificação e análise das partes
mais cedo possível no processo de desen- interessadas
volvimento do projeto e em um prazo que
permita consultas significativas com as 10. O Mutuário identificará e documentará as
partes interessadas sobre o design e desen- diferentes partes interessadas, incluindo pes-
volvimento do projeto. A natureza, o escopo soas afetadas pelo projeto e outras partes
e a frequência do engajamento das partes interessadas.
interessadas serão proporcionais à natu-
reza e escala do projeto, seu cronograma de 11. O Mutuário identificará e documentará as
desenvolvimento e implementação e seus pessoas afetadas pelo projeto que, devido
riscos e impactos potenciais. às suas circunstâncias, podem estar em des-
vantagem ou vulnerabilidade.189 Com base
7. O Mutuário realizará consultas significativas
com as partes interessadas. O Mutuário for-
189 Prejudicado ou vulnerável refere-se àqueles que pos-
necerá às partes interessadas informações
sam ter maior probabilidade de serem afetados pelos
oportunas, relevantes, compreensíveis e impactos do projeto e/ou menos capazes de tirar van-
acessíveis e as consultará de maneira cultu- tagem dos benefícios do projeto. Esse indivíduo/grupo
ralmente apropriada, livre de manipulação, também tem maior probabilidade de ser excluído/inca-
interferência, coerção, discriminação e inti- paz de participar plenamente do processo de consulta
midação. convencional e, como tal, podem exigir medidas especí-
ficas e/ou assistência para o fazer. Isso levará em consi-
deração as considerações relacionadas à idade, incluin-
8. O processo de envolvimento das partes do idosos e menores, e inclusive em circunstâncias em
interessadas envolverá os seguinte passos: que possam ser separados de sua família, comunidade
(i) identificação e análise das partes inte- ou outros indivíduos dos quais dependem.

114 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


nessa identificação, o Mutuário identificará ao longo do ciclo de vida do projeto, distin-
ainda indivíduos ou grupos que possam guindo entre as Partes Interessadas Afetadas
ter preocupações e prioridades diferentes e outras partes interessadas. O SEP também
sobre os impactos do projeto, mecanismos descreverá o alcance e o cronograma das
de mitigação e benefícios, e que possam informações a serem comunicadas, bem
exigir formas de envolvimento diferentes como o tipo de informação a ser buscada
ou separadas. Detalhes suficientes e ade- das Partes Interessadas Afetadas e de outras
quados serão incluídos na identificação e partes interessadas.
análise das partes interessadas para deter-
minar o nível de comunicação apropriado 15. O SEP será projetado para levar em conta
para o projeto. as principais características e interesses das
partes interessadas e os diferentes níveis
12. Dependendo da significância potencial de de engajamento e consulta que serão apro-
riscos e impactos ambientais e sociais, o priados para diferentes partes interessadas.
Mutuário poderá ser solicitado a contratar O SEP definirá como a comunicação com as
especialistas de terceiros para auxiliar na partes interessadas será tratada ao longo da
identificação e análise das partes inte- preparação e implementação do projeto.
ressadas, a fim de apoiar uma análise
abrangente e o desenho de um processo 16. O SEP descreverá as medidas que serão
de engajamento inclusivo. usadas para remover os obstáculos à partici-
pação e como serão capturadas as opiniões
dos diferentes grupos afetados. Onde apli-
Plano de engajamento de partes cável, o SEP incluirá medidas diferenciadas
interessadas para permitir a participação efetiva das
pessoas identificadas como desfavorecidas
13. O Mutuário desenvolverá e implementará ou vulneráveis. Abordagens dedicadas e
um Plano de Engajamento das Partes Inte- recursos adicionais podem ser necessá-
ressadas (SEP)190 proporcional à natureza rios para a comunicação com esses grupos
e escala do projeto, seus riscos e impactos afetados de maneira diferente, para que
potenciais191 e proporcional às circunstân- eles possam obter as informações neces-
cias no nível do projeto para o engajamento sárias sobre os problemas que os afetarão
das partes interessadas. Quando um SEP potencialmente e compartilhar suas visões
é preparado, uma minuta será divulgada o e preocupações.
mais cedo possível no processo de desen-
volvimento do projeto. O Mutuário buscará
as opiniões das partes interessados, inclu-
sive sobre a identificação dos interessados 190 Dependendo da natureza e da escala dos riscos e im-
e as propostas para engajamento futuro. pactos do projeto, os elementos de um SEP podem ser
Se alterações significativas forem feitas no incluídos em um plano de ação e a preparação de um
SEP, o Mutuário divulgará o SEP atualizado SEP independente pode não ser necessária.
191 Onde possível, o engajamento das partes interessa-
em tempo hábil.
das utilizará estruturas de engajamento no sistema na-
cional, por exemplo, reuniões da comunidade, comple-
14. O SEP descreverá o momento e os métodos mentadas conforme necessário com arranjos específicos
de envolvimento com as partes interessadas do projeto.

PADRÃO 10 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 115


17. Quando o envolvimento das partes interes- potenciais que podem afetar despro-
sadas com indivíduos e comunidades locais porcionalmente grupos vulneráveis e
depende substancialmente de represen- desfavorecidos e descrevendo as medi-
tantes da comunidade,192 o Mutuário fará das diferenciadas adotadas para evitá-
esforços razoáveis para verificar se essas -las e minimizá-las
pessoas representam, de fato, as opiniões d. Oportunidades potenciais e benefícios
de tais indivíduos e comunidades e se estão de desenvolvimento do projeto para co-
facilitando o processo de comunicação de munidades locais
uma maneira adequada.193 e. Um resumo de (a), (b), (c) e (d) presen-
tes nesse parágrafo em linguagem com-
18. Em certas circunstâncias, 194 dependendo preensiva e não-técnica
do nível de informação disponível sobre o f. O processo de engajamento das partes
projeto, o SEP adotará o formato de uma interessadas proposto, destacando as
abordagem-marco, descrevendo princípios maneiras pelas quais as partes interes-
gerais e uma estratégia de colaboração para sadas podem participar
identificar as partes interessadas e planejar g. A hora e o local das reuniões de con-
um processo de engajamento de acordo com sulta pública propostas e o processo
este ESPS que será implementado assim que pelo qual as reuniões serão notificadas,
o local for conhecido. resumidas e relatadas
h. O processo e os meios pelos quais as
queixas podem ser levantadas e serão
Divulgação de informações tratadas195

19. O Mutuário divulgará informações do pro- 20. As informações serão divulgadas nos idiomas
jeto para permitir que as partes interessadas locais relevantes e de maneira acessível e
entendam os riscos e impactos do projeto, culturalmente apropriada, levando em consi-
as oportunidades em potencial e os benefí- deração quaisquer necessidades específicas
cios de desenvolvimento advindos do projeto de grupos que possam ser afetadas de forma
. O Mutuário fornecerá às partes interes- diferencial ou desproporcional pelo projeto
sadas acesso às seguintes informações, o ou grupos da população com necessidades
mais cedo possível no processo de desen- específicas de informação (como defici-
volvimento do projeto, e em um prazo que ência, alfabetização, gênero, mobilidade,
permita consultas significativas com as partes diferenças de idioma ou acessibilidade).
interessadas sobre o design do projeto:
192 Por exemplo, chefes de aldeias, chefes de clãs, líderes co-
a. A descrição da área de influência e das munitários e religiosos, representantes de governos locais,
características físicas e técnicas das ati- representantes da sociedade civil, políticos ou professores.
vidades ou do projeto proposto 193 Por exemplo, ao transmitir de maneira precisa e opor-

b. A duração das atividades do projeto tuna, as informações fornecidas pelo Mutuário às comu-
propostas nidades e os comentários e as preocupações dessas co-
munidades ao Mutuário.
c. Os riscos e impactos potenciais do pro- 194 Por exemplo, onde a localização exata do projeto não

jeto nas comunidades locais e no meio é conhecida.


ambiente, e as propostas para mitigá- 195 Isso inclui o Mecanismo de Queixa e o Mecanismo de

-los, destacando os riscos e impactos Consulta e Investigação Independente do BID.

116 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


Consulta Significativa ralmente apropriado, no(s) idioma(s) lo-
cal(is) relevante(s) e compreensível para
21. O Mutuário realizará um processo significativo as partes interessadas;
de consulta de maneira a fornecer às pessoas y Considera e responde ao feedback;
afetadas pelo projeto e outras partes interes- y Apoia o envolvimento ativo e inclusivo
sadas relevantes oportunidades de expressar com as pessoas afetadas pelo projeto e
suas opiniões, sem o medo de represálias, outras partes interessadas;
para que possam externar suas perspectivas y Está livre de manipulação externa, in-
sobre os riscos do projeto, impactos e medidas terferência, coerção, discriminação, re-
de mitigação, e oportunidades de acesso taliação e intimidação; e
potenciais e benefícios de desenvolvimento, y Está documentado e divulgado pelo
e permite que o Mutuário considere e res- Mutuário.
ponda a eles. Uma consulta significativa será
realizada continuamente à medida que a natu- 23. Para projetos com impactos adversos poten-
reza das questões, impactos e oportunidades cialmente significativos sobre as pessoas
potenciais e benefícios de desenvolvimento afetadas pelo projeto, o Mutuário condu-
evoluir. A extensão e o grau de engajamento zirá um processo de Consulta e Participação
exigidos pelo processo de consulta devem ser Informada (ICP), de acordo com o ESPS 1.
proporcionais aos riscos e impactos adversos Para projetos com impactos adversos aos
do projeto e às preocupações levantadas pelas Povos Indígenas, o Mutuário é obrigado a
pessoas afetadas pelo projeto e por outras envolvê-los em um processo de ICP e, em
partes interessadas relevantes. certas circunstâncias, o Mutuário é obrigado
a obter seu Consentimento Livre, Prévio e
22. A consulta significativa é um processo de Informado (CLPI) em conformidade com os
mão dupla, que: ESPS 1 e 7.

y Começa no início do processo de pla-


nejamento do projeto para reunir visões Engajamento durante a implementação
iniciais da proposta e informar o design do projeto e relatórios externos
do projeto;
y Incentiva o feedback das partes interes- 24. O Mutuário continuará a se engajar e fornecer
sadas, particularmente como uma ma- informações às pessoas afetadas pelo pro-
neira de informar o design do projeto e jeto e a outras partes interessadas durante
o engajamento das partes interessadas todo o ciclo de vida do projeto, de maneira
na identificação e mitigação de riscos e apropriada à natureza de seus interesses e
impactos ambientais e sociais; aos riscos e impactos ambientais e sociais
y É contínua, à medida que surgem riscos em potencial do projeto.196
e impactos;
y Baseia-se na divulgação e dissemina-
196 Informações adicionais podem precisar ser divul-
ção prévia de informações relevantes,
gadas nos estágios principais do ciclo do projeto, por
transparentes, objetivas, significativas e
exemplo, antes do início das operações, e em quaisquer
facilmente acessíveis em um prazo que problemas específicos que o processo de divulgação e
permita consultas significativas às par- consulta ou o mecanismo de reclamações tenha identi-
tes interessadas em um formato cultu- ficado como preocupantes para as partes interessadas.

PADRÃO 10 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 117


25. O Mutuário continuará conduzindo o enga- será acessível e inclusivo. Onde possível e
jamento das partes interessadas de acordo adequado para o projeto, o mecanismo de
com o SEP e se baseará nos canais de comu- queixas utilizará os mecanismos formais ou
nicação e engajamento já estabelecidos informais existentes, complementados con-
com as partes interessadas. Em particular, o forme necessário com os arranjos específicos
Mutuário buscará feedback das partes inte- do projeto.
ressadas sobre o desempenho ambiental e
social do projeto e a implementação das y Espera-se que o mecanismo de queixas
medidas de mitigação. resolva as preocupações prontamente
e efetivamente, de maneira transpa-
26. Se houver mudanças significativas no pro- rente, culturalmente apropriada e facil-
jeto que resultem em riscos e impactos mente acessível a todas as partes afeta-
adicionais, particularmente onde isso afe- das pelo projeto,197 sem nenhum custo
tará ainda mais as pessoas afetadas pelo e sem retribuição. O mecanismo, pro-
projeto, o Mutuário fornecerá informações cesso ou procedimento não impedirá o
sobre esses riscos e impactos e consultará acesso a recursos judiciais ou adminis-
as pessoas afetadas pelo projeto sobre como trativos ou ao Mecanismo de Consulta
essas riscos e impactos serão mitigados. O e Investigação Independente do BID. O
Mutuário desenvolverá e divulgará um plano Mutuário informará as partes afetadas
de ação atualizado, estabelecendo quaisquer pelo projeto sobre o processo de quei-
medidas adicionais de mitigação e seu cro- xas, incluindo o Mecanismo de Consulta
nograma para implementação. e Investigação Independente do BID, no
decorrer de suas atividades de envolvi-
mento da comunidade e disponibilizará
Mecanismo de Queixas. publicamente um registro documen-
tando as respostas a todas as queixas
27. O Mutuário responderá a perguntas, preo- recebidas.
cupações e queixas das partes interessadas y O tratamento das queixas será feito de
afetadas relacionadas ao desempenho uma maneira culturalmente apropriada
ambiental e social do projeto em tempo e discreta, objetiva, sensível e respon-
hábil. Para esse fim, o Mutuário proporá e sivo às necessidades e preocupações
implementará um mecanismo de queixas e das partes afetadas pelo projeto. O me-
reclamações para receber e facilitar a reso- canismo também deve permitir que re-
lução de tais preocupações e queixas. O clamações anônimas ou confidenciais
mecanismo de queixas a ser fornecido a sejam levantadas e tratadas.
partir este ESPS pode ser utilizado como y O Mutuário tratará as alegações de re-
mecanismo de queixa exigido nos ESPS taliação, abuso, ou discriminação e to-
(ver ESPS 5 e 7). No entanto, o mecanismo mará medidas corretivas apropriadas.
de queixa para trabalhadores do projeto
exposto no ESPS 2 será fornecido separa-
damente.
197 O mecanismo deve considerar o uso de formatos

28. O mecanismo de queixas será proporcional acessíveis para diferentes necessidade físicas, sensoriais
ao nível de riscos e impactos do projeto e e/ou cognitivas.

118 MARCO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS E SOCIAIS


Capacidade Organizacional e recursos humanos e financeiros específicos
Compromisso para serem responsáveis pela implemen-
tação e monitoramento das atividades de
29. O Mutuário definirá funções, responsabi- engajamento das partes interessadas para
lidades e autoridade claras, e designará atingir os objetivos deste ESPS.

PADRÃO 10 DE DESEMPENHO SOCIAL E AMBIENTAL 119

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