Professional Documents
Culture Documents
TPT - Introdução À Teologia 3.0
TPT - Introdução À Teologia 3.0
REFLEXÃO INICIAL
Aurélio Agostinho, Bispo de Hiponna e doutor da Igreja Antiga, que viveu em fins do
séc. IV e início do séc. V, gostava de argumentar, com muita propriedade, que o
cristão genuíno une contemplação e ação, entendimento e amor (num sentido
prático – amor atitude), fé e entendimento – conforme a expressão: crede ut
intelligas, intellige ut credas (do lat. = creia para entender, entenda para crer). Na
verdade, o problema do conhecimento, ainda que não seja a única prioridade no
processo redentivo, está na raiz de nossa relação com Deus. Jesus disse: “Se
alguém quiser fazer a vontade de dele [Deus], conhecerá a respeito da doutrina...”
(Jo 7:17).
Mas não nos é orientado pela Bíblia que tenhamos posturas intelectuais inflexíveis
e as tomemos como absolutas por “capricho” ou “conveniência”, seja de cunho
intelectual ou de cunho histórico. E é aqui que existe uma segunda aplicabilidade do
termo, que na verdade é a aplicação primária. Para enfocar essa acepção mais
primária, que foi esquecida, evoco Carl Braaten quando diz que: “A dogmática é uma
parte da teologia, talvez o cerne, mas certamente não a sua totalidade”. Ou seja,
trata daquele núcleo de conceitos e crenças cristãs singulares e inegociáveis,
chamados dogmas, que nos definem como cristãos. Mas esse cerne (constituído
nos dogmas) possuiria, então, uma índole especial na medida que “fala em nome da
verdade absoluta do único Deus e do sentido último de toda humanidade e de todo
o mundo. Trata-se da escandalosa reinvindicação do evangelho a respeito de Jesus,
o Cristo de Deus. A dogmática é uma resposta crente do intelecto a essa imperiosa
reinvindicação. É um eco do evangelho no reino das ideias” . Nesse sentido, trata
de temáticas da teologia sistemática que se definem mais notoriamente como
dogmas. Ex. 1: na acepção secundária do termo, são modelos de teologia dogmática
a Católica Romana, a Ortodoxa Oriental (ou Bizantina), a Cóptica, a Adventista, a
das Testemunhas de Jeová e a Mórmon, pois por meios oficiais ou oficiosos, tornam
normativa a sua maneira de ver a fé cristã, que é de caráter rígido e apresentada
nas obras literárias institucionais, e se apoia nas tradições históricas, nos credos, no
magistério institucional ou em documentos oficiais dos que as representam ou
governam. Ex. 2: na acepção primária do termo, produzem sistemas de teologia
dogmática os Luteranos e os Anglicanos, pois tentam tratar certas temáticas
vinculadas a dogmas bíblicos, em tratados próprios, de modo especial.
5
Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
I – CRITÉRIOS FILOSÓFICOS
HISTÓRICA. Naquilo que a Bíblia ensinou quanto ao que ocorreu no “lá e então” e
que naquele contexto foi exigido das pessoas, ela é autoridade histórica. Millard
Erickson adverte: “É possível que algo tenha autoridade histórica sem ter autoridade
normativa”.
NORMATIVA. Se ao cotejarmos o texto bíblico restar comprovado que há um
princípio permanente por traz da expressão histórica do seu ensino, este ensino, de
modo contextualizado ao “aqui e agora”, possui autoridade normativa para nós.
14
Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
Não usam instrumentos musicais, bem como aceitam mosaicos e pinturas, mas não
esculturas nos templos.
Veneram Maria como Theótokos (gr. = Mãe de Deus), mas não aceitam a doutrina
da Imaculada Conceição (católica);
Pregam a infalibilidade da Igreja, mas não a infalibilidade do Papa ou de qualquer
líder religioso.
Rejeitam as doutrinas do purgatório e da “filioque” (para eles, grosso modo, dizer
que o Espírito Santo “procede do Filho” – filioque – é errado, pois segundo eles o
Espírito procede do Pai).
As vertentes mais expressivas de sua teologia e de sua mística, baseiam-se na
adoção de um dos cinco a sete principais ritos ortodoxos tradicionais da celebração
litúrgica, a saber: o Bizantino, o Armênio, o Alexandrino (ou Copta ), o Antioquino
16
Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
(ou Siríaco ), o Persa (ou Caldeu ) e o Etíope. Apoiam sua espiritualidade no conceito
de Mysterium Tremendum (lat.). Tal conceito diz respeito ao senso de que a Igreja
expressa sua espiritualidade em fórmulas de adoração e de súplica, fazendo
prevalecer a escuta reverente. Associado ao Mysterium Tremendum está o conceito
de Teoandropia. Teoandropia é a forte consciência de que como a humanidade do
Cristo foi assumida pela divindade, assim continua essa operação na liturgia da
igreja e se reverbera nos fiéis.
Solus Christus – Somente Cristo é mediador da Nova Aliança. Nem Maria, nem os
santos, nem o clero, nem os concílios possuem essa prerrogativa.
Sola Fide & Sola Gratia – Salvação se dá pela Fé em Cristo Jesus, mediante a
sobrenatural, misericordiosa e soberana graça divina.
Sola Scriptura – A Escritura Sagrada é a Máxima Fonte e Autoridade Doutrinária
para a Igreja – todas os outros meios de conhecimento e prática da fé são por ela
julgados e ela é maior que qualquer autoridade humana ou institucional.
17
Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
pela perspectiva católica, mas nos demais assuntos é calvinista. Nesse sentido, é
uma perspectiva que tem especificidades, é bastante consistente, mas não é de todo
original.
radicais tendiam ao “puritanismo”. Dado esse fato, sua tradição parece uma espécie
de seleção doutrinária de elementos daquelas perspectivas com um toque
relativamente original. Organizacionalmente, possuem elementos e leituras
teológicas em comum com os batistas, porém, em se tratando de outras subáreas
teológicas diversas da eclesiologia, possuem intersecções, mas também visões
alternativas, àquelas tradicionalmente defendidas pelo Luteranismo, Calvinismo e
Arminianismo. As doutrinas mais distintivas dos menonitas são: 1) que as Escrituras
Sagradas, em especial o Novo Testamento, são a autoridade final; 2) que a igreja é
uma irmandade formada voluntariamente apenas de pessoas renascidas; 3) que a
essência do cristianismo consiste no discipulado de Cristo; 4) que a ética do amor
rege todas as relações humanas. A perspectiva menonita, representa um sistema
teológico bastante consistente, ainda que mantenha seu fundo “radical-anabatista”.
2) Conceitos de Deus
a) “Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade” (Catecismo Menor de Westminster).
8) A Santíssima Trindade
Deus é uno em Seu ser essencial, mas nesse único ser há três pessoas,
chamadas Pai, Filho, e Espírito Santo. Essas pessoas não são três deuses, mas,
sim um único Deus verdadeiro que subsiste nessas três pessoas distintas uma das
outras, mas possuidoras da mesma essência e dos mesmos atributos. “Há três
pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas pessoas são um só
Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora
distintas pelas suas propriedades pessoais” (Catecismo Maior de Westminster).
Sendo assim o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. “A graça do
Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com
todos vós. Amém” 2 Co 13.13 (Veja ainda Gn 1.26,27; 3.22; 11.7; Mt 3.13-17; 28.20;
2 Co 13.13; 1 Jo 5.7.). O Pai como Deus – “(João 17:1) - JESUS falou assim e,
levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho,
28
Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
para que também o teu Filho te glorifique a ti” Jo 17.1 (Veja ainda Gn 1.1; Mt
6.1,9,18,32; 26.39;...). O Filho como Deus – “Eu e o Pai somos um” Jo 10.30 (Veja
ainda Jo 1.1-3; 20.31; 1 Tm 6.15; 1 Jo 5.20; Ap 1.8; 5.12-14...). O Espírito como
Deus – “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para
que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens,
mas a Deus” At 5.3,4 (Veja ainda 1 Co 2.10,11; Ap 4.5). Na Trindade há só uma
essência, uma só vontade, um só propósito.
a) Provas Escriturísticas da Trindade no Antigo Testamento – “E disse Deus:
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre
os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e
sobre todo o réptil que se move sobre a terra” Gn 1.26 (Veja ainda Gn 3.22; 11.7; Is
48.16; 61.1; 63.9,10;...).
b) Provas Escriturísticas da Trindade no Novo Testamento – “E eu rogarei ao
Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” Jo 14.16
(Veja ainda Lc 1.35; 3.21,22; Mt 28.19; Jo 14.16; e 2 Co 13.13; 1 Co 12.4-6; 1 Pe
1.2;…).
9) A Obra de Deus
a) A Criação (material e espiritual) – Deus chamou à existência todas as coisas,
tanto as visíveis como as invisíveis, pela palavra do seu poder – “NO princípio criou
Deus os céus e a terra” Gn 1.1 (Veja ainda Gn 2.1-3; Jr 10.16; 51.19; Ap 4.11; Cl
1.16;...).
b) A Providência - “aquela obra de Deus pela qual Ele preserva todas as Suas
criaturas, está ativo em tudo o que acontece no mundo, e dirige todas as coisas ao
seu fim estabelecido” - “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos
olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me
enviou adiante de vós” Gn 45.5 (Veja ainda Gn 45.7,8; Et 4.14; Pv 16.9;...).
29
Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15