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ESCOLA

SUPERIOR DE
PROPAGANDA E
MARKETING

PROJETO DE GRADUAÇÃO EM CINEMA E AUDIOVISUAL


TRABALHO DE CARÁTER EXPERIMENTAL

Alexandre Camargo

Camila Miranda de Carvalho

Marina Rangel do Nascimento Fontenelle

Nathalie Susemihl

PRESA

As influências das construções sociais de gênero nos casos de abuso sexual de homens contra
as mulheres em relações íntimas

São Paulo
2022
ALEXANDRE CAMARGO

CAMILA CARVALHO

MARINA RANGEL DO NASCIMENTO FONTENELLE

NATHALIE SUSEMIHL

PRESA
As influências das construções sociais de gênero nos casos de abuso sexual de homens contra
as mulheres em relações íntimas

Trabalho de caráter experimental apresentado à


disciplina de Projeto de Graduação em Cinema e
Audiovisual II, do curso de Cinema e Audiovisual da
Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM,
como requisito para avaliação na Qualificação
(Pré-Banca).

Orientadora: Cyntia Gomes Calhado

São Paulo

2022

3
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 6
1.1 Contextualização do tema
1.2 Objetivo de Pesquisa
1.2.1 Objetivo Geral
1.2.2 Objetivo Específico
1.3 Referencial teórico e metodológico
1.4 Justificativa
1.4.1 Contexto Atual
1.4.2 ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável)
1.4.3 Setor do Audiovisual e seus ambientes
(Macroambiente e Microambiente)
1.4.4 Movimentação comercial do tema no setor do
audiovisual
1.4.5 Potencial de inovação e investigação científica e
criativa do produto audiovisual
2. REVISÃO DA LITERATURA 17
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 19
4. DESCRIÇÃO DO PRODUTO 20
4.1 Nome da narrativa desenvolvida no produto do
Projeto Experimental
4.2 Indicação e justificativa do formato do produto do
Projeto Experimental
4.3 Logline
4.4 Proposta da ideia central da narrativa
4.4.1 Descrição da ideia central
4.4.2 Descrição dos personagens
4.4.3 Descrição da sinopse da narrativa
4.5 Características específicas de desenvolvimento do
produto do projeto experimental
5. COMUNICAÇÃO E VIABILIDADE DA PRODUÇÃO 33
DA ENTREGA AUDIOVISUAL
5.1 Objetivos de comunicação e de viabilidade
5.2 Estratégia(s) de comunicação e de viabilidade

4
5.3 Ações de comunicação e de viabilidade com
cronograma determinado
6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 39
7. RELATÓRIO DE ATIVIDADES 40
7.1 Escaleta e Roteiro final do curta-metragem
7.2 Análise técnica e decupagem do roteiro
7.2.1 Lista e defesa criativa e conceitual do Casting
completo
7.2.2 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os
Figurinos
7.2.3 Lista e defesa criativa e conceitual de todas as
locações
7.2.4 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os
Objetos
7.2.5 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os
Elementos de Cenografia
7.2.6 Lista e defesa criativa e conceitual de Todos os
Equipamentos Técnicos para Filmagem
7.2.7 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os
eventuais recursos narrativos e de componentes de
linguagem audiovisual que destoam do live-action
7.3 Apresentação do Storyboard
7.4 Cronograma de produção e pós produção
7.5 Orçamento completo
MEMORIAL INDIVIDUAL 60
REFERÊNCIAS 65
APÊNDICE 67
ANEXOS 80

5
1. INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido acerca do contexto social que rege a sociedade atual: o
patriarcado que por sua vez, identificando o corpo da mulher como objeto de olhar e desejo
do masculino em diferentes meios da sociedade, seja no trabalho, no esporte, na publicidade,
ou até mesmo em produções audiovisuais, contaminando também, o meio artístico. Neste
contexto, se relacionarmos tal sistema social com uma doença, um de seus principais sintomas
seria a sexualização do corpo da mulher em seus mais diversos meios, dado o "contrato
sexual" que tal sistema abarca.

De acordo com Heleieth Saffioti (2015, p.89), compreende-se que o Patriarcado


caracteriza-se em um tipo de relação hierárquica, que é presente em diferentes espaços da
sociedade, com base em uma estrutura de poder que tem como base tanto a ideologia quanto a
violência.

O poder apresenta duas faces: a da potência e a


da impotência. As mulheres são socializadas
para conviver com a impotência; os homens –
sempre vinculados à força – são preparados
para o exercício do poder. Convivem mal com
a impotência. Acredita-se ser no momento da
vivência da impotência que os homens
praticam atos violentos, estabelecendo
relações deste tipo.
(SAFFIOTI E ALMEIDA, 1995 apud
HELEIETH SAFFIOTI, 2015, p.89).

Dessa forma ao retratar o olhar masculino sobre a mulher e seu corpo, é possível fazer
uma associação com o mundo animal, no qual o homem é a personificação do predador - que
concretiza o patriarcado ao ocupar o papel de opressor - e a mulher, de sua presa - que se vê
vulnerável e em constante ameaça na presença do masculino. Uma vez que "o patriarcado se
baseia no controle e no medo, atitude/sentimento que formam um círculo vicioso"
(HELEIETH SAFFIOTI, 2015, p. 129), compreende-se a gravidade que é ser mulher, presa e
refém desse sistema.

De acordo com o Dicionário Online de Português, a palavra "Presa" significa: aquilo


que foi retirado ou capturado; algo ou alguém que se encontra sob o efeito ou influência de
outra coisa ou pessoa; aquilo que um animal procura para caçar ou se alimentar; dente (canino
e incisivo) de maior proeminência em relação aos demais, encontrado em certos mamíferos.

Cabe ressaltar que nada do que foi dito anteriormente, serve de pretexto, para justificar

6
qualquer tipo de violência, mas sim, para compreender mais a fundo o fenômeno do abuso
sexual, que tem como principal vítima, as mulheres. Conforme descreve Heleieth Saffioti
(2015. P. 79) "Violência de gênero, inclusive em suas modalidades familiar e doméstica, não
ocorre aleatoriamente, mas deriva de uma organização social de gênero, que privilegia o
masculino." Portanto, fatores como o Patriarcado e seus sintomas - a cultura do estupro -
podem ser considerados agentes influentes para a perpetuação de condutas abusivas perante o
corpo da mulher, e os possíveis traumas por isso adquiridos.

A magnitude do trauma não guarda proporcionalidade com


relação ao abuso sofrido. Feridas do corpo podem ser tratadas
com êxito num grande número de casos. Feridas da alma
podem, igualmente, ser tratadas. Todavia, as probabilidades de
sucesso, em termos de cura, são muito reduzidas e, em grande
parte dos casos, não se obtém nenhum êxito.
(HELEIETH SAFFIOTI, 2015, p. 19)

Observando esse cenário, o projeto busca responder — através da materialização de


um curta-metragem audiovisual Presa e um projeto de pesquisa experimental — como as
construções sociais de gênero influenciam em casos de abuso sexual de homens contra
mulheres no meio da dança, focando exclusivamente em uma relação íntima?

1.1 Contextualização do tema

O tema trabalhado no projeto de pesquisa experimental é o abuso sexual de homens


contra mulheres, compreendendo que dentro dele se descute não apenas o ato de violência em
si, mas também sua origem em uma hierarquia patriarcal. Dessa forma, pretende-se entender
qual o resultado que tal estrutura exerce sobre relações de intimidade - e por consequência de
confiança - no qual a vítima está em contato com um abusador, que busca por meio de
manipulação, narcisismo e controle, o prazer e autorrealização sobre o outro de forma não
consentida.
Tal estudo visa contemplar a pesquisa e criação de um curta-metragem ficcional
chamado Presa, pegando como recorte temático o universo profissional da dança, já que
visualmente o toque entre a presa e predador ajuda a atingir o espectador com a angústia que a
narrativa ficcional busca. Esse ambiente permite que se explore em um roteiro: a relação
hierárquica e patriarcal do ambiente da dança e seu favorecimento ao predador, assim como o
fácil silenciamento da vítima.

7
O fio condutor da narrativa ficcional será o termo psicológico da Dissociação, um
fenômeno que acontece em momentos de trauma, onde uma parte do corpo e a mente, ou o
corpo inteiro e a mente, se dissociam, para proteger o indivíduo da dor da violência sofrida.
Para representar tal fenômeno no audiovisual, foi escolhido o processo d'água como elemento
semiótico e metafórico, que se relaciona com a trajetória vivida pela protagonista: desde o
estado gasoso (pré-abuso) até o estado sólido (pós-abuso), representando esse "mergulho"
interno que a personagem passará, devido ao abuso sexual que esta sofre na companhia de
dança.
Dessa forma, tanto o projeto de pesquisa, quanto o curta-metragem Presa tem como
tema o abuso sexual de homens contra mulheres, utilizando-se para o curta-metragem, o
ambiente profissional da dança para poder explorar o tema em maior profundidade
psicológica, estética e artística.

1.2 Objetivos de pesquisa

Tendo como base a pergunta de pesquisa definida para o desenvolvimento deste


projeto - Como as construções sociais de gênero influenciam nos casos de abuso sexual de
homens contra as mulheres em relações íntimas - é necessário investigar sobre as construções
sociais do gênero masculino e feminino, a fim de compreender a recorrência do abuso sexual
em relações íntimas , que a profissão da dança exige de seus envolvidos.

1.2.1 Objetivo Geral

O projeto de pesquisa busca compreender, tendo como recorte para análise o meio
profissional da dança, a recorrência do abuso sexual em relações íntimas.

1.2.2 Objetivos Específicos:

1. Investigar a influência das construções sociais de gênero no abuso sexual.


2. Analisar as consequências do sistema patriarcal sobre homens e mulheres.
3. Compreender o abuso sexual em relações de intimidade.
4. Investigar os efeitos psicológicos do estupro em mulheres.

8
5. Compreender a relação entre hierarquia de poder no patriarcado e abuso sexual
no ambiente da dança.
6. Analisar produções audiovisuais que abordam o abuso e suas consequências
no meio da dança.
7. Realizar um curta metragem sobre o abuso sexual entre relações íntimas no
contexto da dança com a abordagem estética sensorial.

1.3 Referencial teórico e metodológico

O projeto experimental terá com principais lentes teóricas livros feministas, que
debate e desenvolve estudos sobre as construções de gênero e pactos sociais que determinam
o sexo como o direito masculino sobre o corpo feminino, o que ajuda principalmente a se
debater o abuso sexual em um campo teórico, assim como o estudo da dissociação, um
fenômeno estudado na psicologia que ocorre durante traumas, — no caso do projeto focado
em vítimas de abuso sexual —, que tem como reação autoprotetora do próprio corpo, se
afastar do evento enquanto ele ocorre.

Junto da base teórica será utilizada a metodologia de abordagem qualitativa para a


pesquisa, juntamente com a pesquisa fenomenológica e procedimentos técnicos como
entrevistas e estudos de caso, para assim, coletar dados que auxiliem a exemplificar os
fenômenos teóricos citados acima.

1.4 Justificativa

O projeto visa, através de sua parte escrita e experimental, tornar visível o sofrimento
e a angústia que vítimas de abuso sexual enfrentam - muitas vezes de maneira velada - em um
ambiente de trabalho.

Todas as formas de opressão, que na prática comportam um oprimido - a vítima - e um


opressor - o agressor - são cabíveis de discussão, dado o impacto que estas carregam na
sociedade. A sociedade criou valores de moral, exatamente com o objetivo de encontrar uma
forma de convivência de maior harmonia. No entanto, existem indivíduos que, ainda assim,
praticam atos que fogem daquilo imposto como aceitável para a sociedade. Dessa forma, cabe
aos indivíduos, reiterar e relembrar, a gravidade de certas ações, como forma de
conscientização de um coletivo social, visando restaurar condutas comportamentais de uma
9
sociedade deseducada pelo patriarcado.

Neste contexto, a relevância do projeto é que este servirá como uma forma de
manifesto feminista, de grito de revolta, para os espectadores se impactarem com o
apresentado e compreenderem a gravidade de tais práticas abusivas e assim adentrarem em
um movimento de mudança, refletindo sobre seus atos e as consequências dos mesmos.

1.4.1 Contexto atual

Nos tempos atuais presencia-se uma retomada de pensamentos de extrema direita e


anti-democráticos, em sua maioria utilizando-se de táticas bastante antigas de persuasão e se
fundando em discursos de ódio que tem como objetivo unir um indivíduo ou grupo contra um
inimigo em comum, seja ele real ou não.
Apropriando em seu discurso a crise econômica e atualmente seu agravamento devido
à pandemia global causada pelo Coronavírus, movimentos como neo-nazismo e totalitarismo
retomaram seu crescimento no mundo inteiro, e no Brasil o inimigo em comum que serve
para unir as forças radicais direitistas se baseia na "ameaça vermelha", ou seja, a ameaça de
uma possível revolução comunista que gere uma destruição do sistema capitalista brasileiro.
Esse movimento usa como arma a desinformação e "fake news", criando um fluxo de
notícias negacionistas, atacando os pilares democráticos da sociedade, desacreditando o
sistema eleitoral, exigindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal e poder total ao
legislativo. Para que essa visão prevaleça, durante a última presidência (2019), assistiu-se o
sufocamento de setores artísticos como o audiovisual, com cortes de até 43% da verba1 da
ANCINE (Agência Nacional do Cinema), e o congelamento de editais, 2assim como a
proposta de encerramento da CONDECINE. Presenciamos Presenciamos ainda o corte de de

https://www.cartacapital.com.br/politica/com-corte-na-ancine-audiovisual-tera-a-menor-verba-em-sete-ano s/
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/09/em-ofensiva-contra-ancine-bolsonaro-corta-43-de-fundo
do-audiovisual.shtml
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/05/25/neonazistas-aproveitam-pandemia-para-inte
nsificar-acoes-no-brasil.htm
https://br.noticias.yahoo.com/crescimento-neonazismo-brasil-entrevista-adriana-dias-unicamp-115802446.htm
l
http://www.justificando.com/2017/10/02/em-uma-democracia-arte-possui-plena-liberdade-e-apoio-de-provoc
ar/

https://www.exibidor.com.br/noticias/mercado/12885-governo-bolsonaro-propoe-extincao-da-condecine-em-pla
nejamento-orcamentario-de-2023

10
verbas e críticas infundadas ao ensino universitário público, acusado de ser doutrinário e a
estudos científicos que vivem um ataque a sua relevância e veracidade3.
Esse movimento tem sido motivo de preocupação entre diversos grupos acadêmicos e
artísticos que têm seu papel desacreditado, tanto quanto minorias que têm seus direitos mais
uma vez reduzidos e invisibilizados. Porém, outro ponto preocupante do movimento é a
possível legitimação de atitudes violentas contra minorias, neste estudo específico seria o
aumento da violência contra a mulher.
Durante o confinamento forçado devido a pandemia do Covid-19 relatos de violência
doméstica dispararam pelo país4, demonstrando um aumento significativo de denúncias feitas
em parte por vítimas e outra por vizinhos. Fato é que em relações íntimas, a violência de
gênero sempre foi tida como algo que apenas aquele casal precisa lidar, isso porque
culturalmente a violência passa a ser normalizada pelos padrões comportamentais de gênero,
que pressupõem a agressividade como característica masculina positiva e de dominação,
como mostra o estudo de subnotificação de violência de gênero realizada pela Brazilian
Journal of Development:

Culturalmente, o “normal masculino” concebe


a violência contra a mulher como atos de
correção, pelo que os homens, quando
confrontados por seus atos, limitam-se a
reconhecer eventuais excessos, jamais
infirmando a convicção do seu papel
disciplinar, porque acreditam investidos de um
poder e de uma lei que julgam encarnar
(MINAYO, 2005).

“Bater na mulher e nos filhos era considerado


um meio normal, para o chefe de família, de
ser o senhor de sua casa, desde que com
moderação” (PERROT, 2007, p. 77)

Mesmo havendo um movimento social, que começou a mudar o cenário da violência


doméstica, como por exemplo a adesão da Lei Maria da Penha, em 7 de agosto de 2006,
trazendo uma descrição de violência física, moral, patrimonial e psicológica contra a mulher e

https://www.camara.leg.br/noticias/815978-ministro-reitera-que-foi-pego-de-surpresa-com-corte-de-92-das-verb
as-para-ciencia-e-tecnologia/
4
https://www.conjur.com.br/2020-mai-13/fernandes-thomaka-aumento-violencia-domestica-quarentena

11
permitindo assim que seus agressores sejam punidos5. Porém, 16 anos após a criação de lei, a
violência contra mulheres continua presente.

Em tempos como este, a arte assume papel fundamental quando através da


representação de cenas cotidianas provoca debates essenciais para a manutenção da
democracia e conquista de direitos humanos.
Portanto, vive-se hoje uma sociedade polarizada e intolerante que enfrenta um grande
desafio de escolher entre permanecer em um país democratico e retomar suas vias de maneira
plena, ou mergulhar no retrocesso até que não reste nada além de um pensamento raso, banal
e excludente.
Dado a fatores acima mencionados, torna-se evidente a necessidade de continuar
apoiando e produzindo arte, seja pela resistência ou pela própria força edificante que esta
carrega em sua essência. O presente projeto, ao ser capaz de ilustrar a realidade de certas
violências ainda presentes nessa sociedade, mostra-se certamente necessário, pois, com a falta
de líderes, que vão contra ideologias fundamentadas no machismo, e que apoiam a arte, tal
projeto ganha ainda mais força e valor.

1.4.2 ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável)

Em 2012, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 17 Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável para superar os maiores desafios do nosso tempo, cuidar do
planeta e melhorar a vida de todos. Entendemos de fundamental importância o trabalho dentro
dos objetivos da Agenda 2030 de maneira a promover vida digna a todos sem comprometer
a qualidade das próximas gerações.
Nosso projeto se enquadra em dois deles: Saúde e Bem Estar (ODS 3) e Igualdade de Gênero
(ODS 5).
Um dos assuntos centrais tratados no curta se relaciona a ODS 3, uma vez que o abuso sexual
impacta na saúde e bem estar do individuo, fazendo com que sua qualidade de vida chegue
em um nível crítico.
Vítimas de abuso, além de possíveis doenças físicas, desenvolvem graves doenças
psicológicas. Pretendemos abordar o quão nocivo, tais práticas violentas, podem vir a ser sob

https://www.cnj.jus.br/lei-maria-da-penha/#:~:text=A%20Lei%20n.,%C3%A0%20viol%C3%AAncia%20contra
%20as%20mulheres.

12
o corpo e mente de quem a sofre.

Com relação a ODS 5 mostramos um indivíduo afetado pelo machismo, algo tão
enraizado na sociedade, sua formação de caráter e comportamento, evidenciando uma
desigualdade de gênero estrutural e as consequências desta desigualdade .

1.4.3 Setor do audiovisual e seus ambientes (macroambiente e microambiente)

A cadeia produtiva do audiovisual envolve, na seguinte ordem: a pesquisa, o


desenvolvimento, a pré-produção, a produção, a pós-produção e a distribuição. Voltando-se
para o macroambiente, existe o meio econômico brasileiro com instituições focadas em
incentivos fiscais, pensando em empresas e fomentos para principiantes; meios legislativos,
como a Lei do Incentivo; o meio tecnológico, que desenvolve novos equipamentos e
softwares possibilitando cada vez mais a melhora de produtos audiovisuais; o meio cultural
que possibilita a exibição desses produtos e a liberdade de expressão; o meio político, que
comporta questões relacionados a cultura e a economia, pois se influenciam e geram
mudanças entre si; o meio demográfico, que move a dinâmica populacional - taxas de
natalidade, imigração, mortalidade e fecundidade; - e por último, o meio natural, que abrange
todo o meio ambiente e seus possíveis impactos sobre a cadeia produtiva.
Ainda sobre o Macroambiente, é evidente a necessidade de averiguar, as possíveis
oportunidades e ameaças frente aos setores acima mencionados. Voltando-se ao setor
demográfico, dados fornecidos pelo IBGE 6, verificam o aumento do número de mulheres em
comparação aos homens, como também a evolução da integração social da mulher. Isto se
mosta como uma oportunidade ao projeto, visto que grande parte do público-alvo é feminino.
Voltando-se ao setor econômico, outra oportunidade do presente projeto, é o formato
de seu objeto de estudo (um curta-metragem). Tal formato se mostra em grande evidência no
mercado audiovisual, sendo este um potencial atrativo para futuros
investidores/patrocinadores. Se o curta-metragem tiver uma boa repercussão no mercado,
possivelmente surgirão interessados em incentivar o projeto, possibilitando até mesmo a
expansão do objeto de pesquisa. No entanto, tal oportunidade (o formato), pode vir a ser
percebida também como uma ameaça, pois como é o formato em evidência no mercado, a

https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/genero/20163-estatisticas-de-genero-indicadores-sociais-das-
mulheres-no-brasil.html?=&t=resultados
13
concorrência se torna eminente.
Analisando o ambiente político-legal, percebe-se a forte presença de certas ameaças
para o projeto, - como visto no item anterior (2.5/1) - tais como a atual conjuntura
social-política, que dificilmente incentiva projetos relacionados à arte ou a práticas violentas,
beirando - infelizmente - a políticas de censura. Sob a mesma ótica, ao analisar o setor da
cultura, tem-se como oportunidade, os editais (Proac, Funarte e Promac por exemplo) que
viabilizam - se aprovado - a produção do objeto de pesquisa em questão. 7
Entretanto, dado a fatores envolvendo a atual conjuntura social e política, meios de
captação e incentivo à cultura, estão cada vez menos acessíveis, ratificando mais uma possível
ameaça ao projeto.
A partir dessa fundamentação pode-se concluir que o Macroambiente do Setor
Audiovisual é apoiado em fatores incontroláveis, que dependem de ambientes políticos,
econômicos e sociais para agirem como base e fazerem o Setor Audiovisual funcionar da
melhor forma possível.

Observando o Microambiente, os fatores são controláveis, porém influenciáveis, eles


se relacionam com o interno do produto em questão. Sendo assim, tem-se como elementos de
análise, o público-alvo, os possíveis concorrentes, plataformas e players.
Para a melhor compreensão do público-alvo, 2 personas foram desenvolvidas baseadas
em pesquisas sobre o público de produtos audiovisuais que seguem a mesma temática:
- Ana Clara Ramos possui 22 anos, é de Classe Média Alta, estuda psicologia na
PUC e frequenta diferentes exposições e eventos voltadas ao meio artístico. Ana Clara
faz parte da comunidade LGBTQIA+. A estudante namora a mais de 3 anos, Luiza,
UMA estudante de cinema. Ana Clara tem como principal motivador a leitura e a
gastronomia.
- Catherine Figueira é uma mulher trans, possui 30 anos, é de Classe Média e é
formada em Ciências Sociais. Após sua graduação, Catherine fez uma pós-graduação
em Comunicação das Artes do Corpo. A profissional, atualmente atuando como
assistente social, adora ir ao teatro e ao cinema em seu tempo livre. Catherine, ao
conseguir juntar mais dinheiro, sonha em viajar para o exterior para conhecer novas
culturas e desenvolver seu lado tímido.
No contexto acima apresentado, percebe-se o perfil a ser alcançado como público-alvo

7
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/09/cultura-perde-metade-de-seu-orcamento-federal-na-u
ltima-decada-e-segue-em-queda.shtml

14
do projeto. Dessa forma, é evidente que uma das forças do projeto se dá pela sua temática em
si, que aborda assuntos voltados ao feminino e a situações vividas majoritariamente por
mulheres (práticas abusivas). Não somente, outra força que se alinha com o público-alvo, é
que grande parte da equipe do projeto, é composta por mulheres atuantes na área do
audiovisual e do teatro.
Seguindo a análise de Microambiente e agora analisando os possíveis concorrentes:
pequenas produtoras que buscam produzir curta-metragens de cunho acadêmico. Elas são
capazes de reiterar certas fraquezas do projeto em si, pois este é um projeto independente,
com uma equipe reduzida e um público majoritariamente "nichado", possibilitando que
concorrentes se destaquem mais do que o presente projeto.
Plataformas também adentram como um setor do Microambiente. Sendo assim,
identifica-se a possibilidade estratégica de distribuir o curta-metragem não só para Festivais,
como o de Gramado, que serve como uma ótima porta de entrada para um curta-metragem
com a temática que Presa levanta, devido ao público alvo do projeto que frequenta o evento,
mas também pela Netflix ou Mubi, duas plataformas que permitem uma boa interação de seus
usuários para/com os produtos em catálogo. 8

1.4.4 Movimentação comercial do tema no setor do audiovisual

Pensando no âmbito mercadológico, o curta Presa está diretamente relacionado com o


setor do audiovisual por alguns fatores. Dado a temática de abuso sexual que a narrativa
carrega, sendo esta extremamente atual e de propício consumo no mercado. Como abordado
no próximo item (2.5-5), isto se dá pela ascensão de discussões de pautas voltadas a luta
feminista e a conscientização dos jovens, sobre o que consumir, onde consumir, por que
consumir e como consumir certos produtos9

Pensando nessa nova onda de um consumo mais consciente (como abordado no item
mais a frente 2.8.2) no qual o público busca mais a ideia e a ideologia que o produto oferece,
do que o próprio produto em si, Presa consegue contemplar tal fenômeno.10 Com a produção

https://blogueirasfeministas.com/2011/10/03/consumo-e-publicidade-feminina/
http://portalintercom.org.br/anais/nordeste2019/resumos/R67-0875-1.pdf
https://seer.ufrgs.br/index.php/intexto/article/download/74446/47229/334149

https://www.nexojornal.com.br/explicado/2020/03/07/Feminismo-origens-conquistas-e-desafios-no-s%C3%A9c
ulo-21#section-144

10

https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/06/12/consumo-consciente-jovem-que-ir-alem-do-produto-b
15
majoritariamente composta por mulheres, certamente, parte do público consumidor deste
produto, terá como principal motivo de consumo, a razão político- social: o apoio ao
crescimento da representatividade de mulheres em lugares antes ocupados principalmente por
homens.

1.4.5 Potencial de inovação de investigações científica e criativa do produto


audiovisual

O abuso se tornou um tema bastante pesquisado no meio acadêmico, especialmente


depois da segunda onda feminista e a criação de cursos universitários de estudos sobre a
mulher, – posteriormente sendo anexado ao estudo de ciências sociais no Brasil –, e muito se
estuda sobre a sua origem e suas consequências.

Porém, no caso de um meio artístico como a dança, onde o toque corporal é a base do
trabalho, não existe quase nenhum artigo ou estudo sobre como é para uma potencial vítima,
conviver e ter um tipo de relação profissional que envolve o contato físico e social com seu
abusador. Não se sabe qual o impacto psicossocial dessa bailarina que não pode fugir do
toque do abusador.

Alguns podem afirmar que ao estudar, por exemplo, um casal héteronormativo


monogâmico casado e em uma dinâmica abusiva, pode se ter o mesmo estudo da psique, já
que o contato físico abusivo também é constante. Porém um relacionamento amoroso carrega
uma entrega emocional e intimidade entre os dois ou mais envolvidos que é totalmente
diferente da relação no campo profissional, tendo como consequência a diferenciação no
abuso também.

No trabalho, as relações interpessoais tendem a ser mais frias e distantes do que entre

om-bonito-e-barato.htm

https://www.nsctotal.com.br/noticias/como-a-criatividade-e-o-consumo-consciente-podem-transformar-a-econo
mia

https://media.wgsn.com/site_storage/mango_uploads/es_future_consumer_2023_pt.pdf

https://www.scielo.br/j/cpa/a/YLjdvTrvRf6JRZp3pvYnqJL/

https://www.lilianpacce.com.br/e-mais/reciclese/o-consumo-consciente-e-mais-velho-e-mais-f
eminino/

https://akatu.org.br/mulher-tem-papel-fundamental-na-formacao-do-habito-do-consumo-cons
ciente-na-sociedade/
16
um casal, no entanto, diferente de um trabalho "tradicional" em que o abuso também pode
acontecer, a dança, que tem como principal alicerce o toque, pode por este motivo, ser ainda
mais propício para a perpetuação de tais violências. Neste contexto, quando o toque é
realizado constantemente pelo abusador sobre a vítima, existem impactos ainda não
desvendados que afetam o social, profissional e psicológico de ambos os agentes.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Para a melhor compreensão e resposta sobre esse objetivo, foram separados alguns
títulos bibliográficos que podem muito bem ajudar na compreensão da criação, força e
impacto de uma sociedade machista patriarcal sobre a vida de mulheres.

Para uma melhor compreensão do abuso e a cultura do estupro, foram escolhidos os


seguintes títulos, focados pricipalmente na sociedade brasileira e suas caracteristicas
específicas, apesar de também se buscar o conhecimento de outros países para compreender o
fenômeno supracitado.

CONSEQUÊNCIAS EMOCIONAIS DE UM EPISÓDIO DE ESTUPRO NA VIDA DE


MULHERES ADULTAS - FLAVIA BELLO COSTA DE SOUZA
O mestrado em psicologia clínica de Flavia Bello Costa de Souza traz, além de
embasamento do comportamento psicológico das vítimas de estupro, um estudo profundo
sobre o fenômeno da dissociação, que será retratado no curta-metragem Presa por meio dos
estados d'água, já que o fenômeno ocorre quando a vítima se ausenta do próprio corpo.

'Levine (1999) esclarece que os componentes que formam o


núcleo dessa reação traumática são: hiperativação, constrição,
dissociação e congelamento. Por hiperativação entende-se a
ativação contínua do sistema nervoso, perante uma sensação de
ameaça. Para o autor, a constrição corresponde à atitude de
focar toda a atenção na situação ameaçadora, para melhor
resolvê-la, enquanto a dissociação envolve distorção do tempo e
da percepção.

'A dissociação, conforme é apresentada aqui, acontece de


modos diversos, que têm em comum uma desconexão
fundamental entre a pessoa e o corpo, ou uma parte do corpo,
ou uma parte da experiência. Pode ocorrer uma cisão entre: 1. a
consciência e o corpo. 2. uma parte do corpo, como a cabeça ou
os membros, e o resto do corpo. 3. o eu e as emoções,
pensamentos, ou sensações; e 4. o eu e a memória de parte ou
de todo o acontecimento (Ibidem, p. 126)
17
A dissociação permite que o indivíduo se 'afaste' da situação
enquanto ela ocorre, por exemplo, não sentir dor, isto é,
promover uma desconexão com o intuito de autoproteção.
(SOUZA, 2013 , pg. 19-30)

SEGUNDO SEXO - SIMONE DE BEAUVOIR


Esse estudo feito pela francesa Simone de Beauvoir sobre a mulher européia e seu
lugar na sociedade do pós-guerra, é considersdo um dos pioneiros da segunda onda feminista
e uma importante obra, o livro oferece ao estudo aqui proposto uma imagem geral da situação
feminina e da mudança, ou da falta dela, e como o fenômeno é tratada pelo masculino
dominante.

Com o foco de demonstrar que a posição social ocupada pela mulher é vinda única e
exclusivamente de uma construção social que determinou uma relação de poder e submissão
entre o masculino e feminino. Em seu texto, Beauvoir argumenta que uma das grandes provas
de que as relações entre gênero são construídas é a falta de compreensão social do que
constitui uma mulher.

'Onde estão as mulheres?', indagava há pouco uma revista


intermitente (1) . Mas antes de mais nada: que é uma mulher?
"Tota mulier in utero: é uma matriz", diz alguém. Entretanto,
falando de certas mulheres, os conhecedores declaram: "Não
são mulheres", embora tenham um útero como as outras. Todo
mundo concorda em que há fêmeas na espécie humana;
constituem, hoje, como outrora, mais ou menos a metade da
humanidade; e contudo dizem-nos que a feminilidade "corre
perigo"; e exortam-nos: "Sejam mulheres, permaneçam
mulheres, tornem-se mulheres". Todo ser humano do sexo
feminino não é, portanto, necessariamente mulher; cumpre-lhe
participar dessa realidade misteriosa e ameaçada que é a
feminilidade. Será esta secretada pelos ovários? Ou estará
congelada no fundo de um céu platônico? E bastará uma saia
ruge-ruge para fazê-la descer à terra? Embora certas mulheres
se esforcem por encarná-lo, o modelo nunca foi registrado [...].
(BEAUVOIR, 1949, p. 7)

Portanto, para compreender como os papéis sociais de gênero influenciam na


violência do masculino contra o feminino, o texto de Beauvoir é excencial.

GÊNERO PATRIARCADO VIOLÊNCIA - HELEIETH SAFFIOTI


O texto escrito por Saffioti passeia por diversos âmbitos que servem de embasamento
e estudo para compreender a construção de gênero e como ele surgiu e impacta a sociedade,
assim como os conceitos primários como a definição do patriarcado e uma análise sobre sua
construção e impactos na sociedade.

18
O livro aborda de maneira prática e trazendo o cenário brasileiro como parte da
conversa, revela a construção de gênero e sua relação com a violência do masculino sobre o
feminino.

Cada feminista enfatiza determinado aspecto do gênero,


havendo um campo, ainda que limitado, de consenso: o gênero
é a construção social do masculino e do feminino. (SAFFIOTI,
2015, p. 47)

Além de focar diretamente na definição da violência do patriarcado e trazer fatores


como os padrões de violência e seus impactos.

As violências física, sexual, emocional e moral não ocorrem


isoladamente. Qualquer que seja a forma assumida pela
agressão, a violência emocional está sempre presente. (
SAFFIOTI, 2015, pg. 80)

3. Violência de gênero, inclusive em suas modalidades familiar


e doméstica, não ocorre aleatoriamente, mas deriva de uma
organização social de gênero, que privilegia o masculino. (
SAFFIOTI, 2015, pg. 86)

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O projeto de pesquisa pretende - juntamente com seu objeto de estudo, compreender


como as construções sociais de gênero influenciam no abuso sexual do homem contra a
mulher. Neste contexto, o caminho metodológico que melhor atende às necessidades do
projeto - compreendendo a necessidade do aprofundamento da análise de dados, juntamente
com um número reduzido de unidades de estudo - é o de abordagem qualitativa, visando a
identificação do fenômeno acima mencionado. Desta forma, o estudo se iniciará a partir de
procedimentos técnicos, baseado em pesquisas bibliográficas (item 2.6). Isso posto, será
possível relacionar conceitos como o patriarcado e a construção social de gênero e como elas
influenciam o abuso sexual do masculino contra o feminino.

Como fonte de pesquisa, o grupo pretende também analisar produções audiovisuais


que abordam temas como o abuso, a dança e elementos do gênero Drama e Suspense
Psicológico. Filmes/Séries selecionadas como referências são por exemplo: Flesh and Bone
(David Michôd; Joshua Marston; Stefan Schwartz; Nelson McCormick; Adam Davidson;
Sam Miller e Alik Sakharov, 2015); Shiva Baby (Emma Seligman, 2020); Suspiria (Luca
Guadagnino, 2018); Requiem for a Dream (Darren Aronofsky, 2000); Vazante (Daniela

19
Thomas, 2017), I'm Easy to Find (Mike Mills, 2019), Pina (Wim Wenders, 2011), Cisne
Negro (Darren Aronofsky, 2010) e Anna (Heitor Dhalia, 2019). Para essa pesquisa, a
abordagem escolhida foi a de Análise Fílmica. A partir dessa abordagem, é possível
compreender quais as motivações e fundamentos da utilização de elementos como fotografia,
iluminação, tom, trilha sonora, montagem de cenas, escolha de planos e enquadramentos,
análise de sequências, tratamento de imagem e interpretação de atores.

Compreendendo que o objeto de pesquisa, visa contemplar elementos de segundo e


terceiro campo narrativos, relatando de forma sensorial e visual - apoiando-se na metáfora da
àgua (item 2.4.2) - o impacto sobre a vida dos envolvidos, de práticas abusivas no meio
profissional da dança, outra abordagem que se mostra necessária, é o de Análise Semiótica.

Dessa forma, através do Método Qualitativo de pesquisa, procedimentos técnicos de


Pesquisa Bibliográfica, Análise Fílmica e Análise Semiótica , o projeto tem como objetivo,
interpretar os dados coletados em busca de um esclarecimento referente ao tema central do
estudo, possibilitando a aproximação de uma resposta para o problema do projeto.

4. DESCRIÇÃO DE PRODUTO

4.1 Nome da narrativa desenvolvida no produto do projeto experimental

Presa.

4.2 Indicação e justificativa do formato do produto do projeto experimental

O objeto de pesquisa, materializado em uma produção audiovisual, será um


curta-metragem ficcional. Levando em consideração a necessidade e urgência em se discutir
sobre um tema - o abuso sexual de homens contra mulheres - acredita-se que o
curta-metragem ficcional seja o formato mais adequado, uma vez que este é capaz de
contemplar de forma subjetiva mas também pontual, rápida e direta, a discussão proposta para
este projeto de pesquisa.

Considerando que o próprio formato de "curta-metragem ficcional" apresenta


características de desenvolvimento específicas, como a duração reduzida e a liberdade
narrativa, a escolha se dá justamente pela gama de possibilidades que existem a partir da

20
produção deste formato, visto que estes estão cada vez mais presentes em propostas de
narrativas audiovisuais, se mostrando atualmente uma tendência mercadológica com grande
potencial de penetração em grandes festivais e premiações. Sendo assim, cria-se a
possibilidade de encontrar potenciais colaboradores ou patrocinadores que possuam interesse
no projeto a fim de desenvolvê-lo em um longa-metragem. Não somente, tal formato pode se
enquadrar em diversas possibilidades narrativas, variando entre caráter publicitário,
educativo, performático, estético, entre outros.

A escolha do formato de curta-metragem para a realização deste projeto, se dá


também, pelo efeito que este pode ter sob seus espectadores. Afinal, o curta apresenta uma
situação de abuso sexual em um curto período temporal, - tanto na narrativa, quanto em sua
duração - proporcionando o despertar sensorial, dos espectadores, que são apresentados a
situações degradantes, em um curto período de tempo. Desta forma, a (não) assimilação de
toda a vivência traumática que a personagem vive, acontece de forma rápida e brutal,
deixando o espectador em um estado de agonia e desconforto, assim como o estado em que a
personagem principal é colocada em seu processo de agressão.

Assim sendo, será abordado através do objeto a dinâmica profissional da protagonista


e seu parceiro de dança, evidenciando de forma direta, o abuso sexual do homem contra a
mulher neste caso inserida em uma estrutura de poder e dinâmica de convivência ambientada
dentro de uma companhia de dança, ambiente que a vítima e o abusador dividem
constantemente.

4.3 Logline

Elena, uma jovem dançarina do interior, conquista o papel


principal na companhia de seus sonhos, porém, em um encontro no vestiário, ela é abusada
por seu parceiro de dança e amigo, Leonardo, neste momento, percebe que seu sonho pode
custar mais do que seu suor.

4.4 Proposta de ideia central da narrativa

4.4.1 Descrição da ideia central do produto audiovisual

21
O curta-metragem Presa, possui como gênero primário o Suspense Psicológico e
secundário o Drama. A obra abre margem para a discussão sobre o abuso sexual do homem
contra a mulher abordado neste projeto dentro do ambiente artístico da dança e sua estrutura
de poder, evidenciando de maneira pontual e subjetiva, o trauma na vida da vítima.

Em relação ao desenvolvimento da narrativa do projeto, tendo em vista os objetivos


gerais e específicos citados anteriormente, é importante citar que os acontecimentos do
curta-metragem se darão de forma gradativa, onde a protagonista Elena, estará inicialmente
inserida em um ambiente que antes se sentia pertencente, porém com a vivência do abuso
sexual cometido contra ela, por seu companheiro de dança, - Leonardo - o meio que antes
acolhia, agora se torna gradativamente ameaçador, fazendo a personagem mergulhar em uma
atmosfera tóxica com consequências irreversíveis para sua vida pessoal e profissional. Neste
aspecto, o desdobramento das condutas abusivas será evidenciado principalmente pela
alteração de comportamento da vítima e sua constante sensação de desconforto e angústia,
expostas através de sua expressão corporal e facial, reiteradas por meio de um elemento
primordial - para o despertar sensorial do espectador - a semiótica e a subjetividade a partir
da construção estética, imagética, sonora e metafórica da água.

Segundo o psicanalista e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing


(ESPM) Pedro De Santi, uma situação de abuso sexual pode ser considerada como uma
submissão de poder, na qual um indivíduo reduz o outro a uma não pessoa, tornando-a um
mero objeto de uso e de desfrute de seu próprio prazer.

Dado ao sentimento de impotência, o abusador tende a se impor de forma violenta e


isenta de empatia, utilizando-se da força física como objeto de vantagem em relação ao corpo
da vítima.

Em entrevista realizada com Pedro Santi, ele afirma que: ``O estupro é uma ruptura
completa de qualquer pacto social de um indivíduo com outro. É o fim absoluto de uma
relação humana.´´

Em relação ao trauma experienciado após um episódio de abuso sexual, de acordo


com Santi, pode-se dizer que este momento é caracterizado pela total ausência de reação e
processamento psicológico pela vítima. Ou seja, é uma fase de estagnação temporal onde não
é possível compreender racionalmente o que foi experienciado, trazendo a vítima a um estado
completo de não reação e “petrificação emocional e psicológica”.Esse fenômeno é conhecido
psicologicamente como Dissociação, que envolve o afastamento do indivíduo da violência

22
que ocorre, sendo que este fenômeno pode ocorrer em diversas formas, como: a dissociação
de mente e membro (perna, braço, mão), por exemplo, é a que será utilizada como base para
"o mergulho", que é a dissociação mente e corpo, onde ambos se separam para zelar a vítima
da dor e violência da consciência do indivíduo.

Existem certas pessoas que ao viverem traumas, se ausentam - em grandes aspas - do


próprio corpo. Neste projeto de pesquisa, a dissociação é tratada narrativamente como: o
mergulho. Neste aspecto, segundo o psicologista estadunidense Emmett Early, autor do livro
´´The Ravens Return´´, nos casos de traumas decorrentes da violência sexual, o indivíduo
violentado tende a se afastar por completo da realidade e do que possa fazê-lo lembrar de um
episódio abusivo, gerando desta forma, o fenômeno da dissociação.Assim, como foi citado
anteriormente, o processo dissociativo é o resultado direto de uma experiência traumática,
sendo este um mecanismo de defesa ao qual tem como característica principal a cisão
absoluta do afeto e dos sentimentos naturalmente humanos. Desta forma, Elena, ao ser
abusada, "mergulha" dentro de si mesma.

Neste contexto, os sentimentos da vítima são materializados visualmente e


sensorialmente com base na metáfora e analogia da relação da trajetória de Elena, com os
estados d'água: gasoso, líquido e sólido.

A fase gasosa, seria o início de tudo, no qual tudo é leve e claro, se assemelhando a
um sonho, como o de entrar em uma companhia de dança que tanto preza. A fase líquida,
seria o estágio no qual a personagem sente seu espaço íntimo e pessoal sendo invadido,
trazendo à tona as lágrimas, o suor, o sêmen, a sensação de afogamento e engasgo. Por
último, que se torna consequência da sucessão das anteriores, é a fase sólida. Nesta fase -
pensando que a água sólida se encontra na forma de gelo - a personagem se mostra mais fria,
mais dura e menos flexível, seja na forma de dançar ou até mesmo de se portar.

Tais elementos - acima mencionados - na materialização audiovisual, podem vir a ser


também explorados através da concepção sonora, juntamente com o tratamento de imagem,
voltando-se para o mais quente ou mais frio dependendo de cada fase d'água, ou até mesmo
através de elementos como fumaça, a própria água na pele dos atores, ou até mesmo o gelo
como elemento cênico.

Tal construção metafórica das fases d'água, em relação aos estágios da personagem
desenvolvida, fortalecem a gravidade de um ato de violência sexual e suas consequências
devastadoras no subconsciente “submerso” da personagem.

23
4.4.2 Descrição dos personagens

ELENA
A personagem protagonista da narrativa escolhida para estudarmos a dissociação foi
Elena, uma jovem bailarina que consegue a chance de performar um duo na Companhia
Dilúvio ao lado de seu amigo de infância Leonardo. Esse contexto foi escolhido para que a
investigação do tema seja explorada ao máximo, já que Elena tem o sonho pessoal de se
realizar como bailarina profissional mesmo que a própria família, principalmente seu pai, não
a apoie.
Como construção de personagem, a partir do momento que é estabelecido que Elena
segue tentando e conseguindo espaço na área mesmo sem o apoio dos familiares, percebe-se
que a personagem não irá desistir facilmente dos seus sonhos. E isso serve para que ela tenha
uma motivação grande o bastante para permanecer na Companhia no decorrer da narrativa.
Elena, apesar de ser uma jovem forte e independente, dentro da hierarquia existente na
Companhia Dilúvio, se torna a peça mais "fraca" do ponto de vista do Diretor da Companhia
e do próprio Leonardo, pois é um ambiente patriarcal no qual a personagem por ser mulher
ocupa a base a pirâmide naquele microcosmo.
Essa construção de como a personagem é inserida nesse mundo e sua jornada de
sempre tentar continuar apesar das pressões e posteriormente o abuso que sofre por Leonardo,
frustrado pelo mal desempenho em seu duo, possibilita demonstrar tanto questões sociais
quanto o trauma vivido por uma vítima de abuso sexual.

LEONARDO
O personagem antagonista da narrativa, escolhida para estudarmos o papel da
construção social de gênero no abuso sexual, foi Leonardo. O personagem é um jovem
bailarino que desde muito novo, tem a dança como grande paixão. Leonardo, assim como
Elena, veio do interior. Foi lá que os dois se conheceram e se tornaram grandes amigos.
Leonardo é um homem branco, alto, forte e de cabelos escuros. Ele possui um sorriso
muito grande e cativante. Leonardo tem personalidade expansiva e sedutora. Extremamente
profissional, preza pelo bem estar de suas parceiras de dança sendo carinhoso e atencioso em
momentos que sente a necessidade, o que o torna muito querido por todos.Leonardo sempre
sofreu muito preconceito por ser homem e estar no mundo da dança. Neste contexto, grande
parte da sua vida, as pessoas a sua volta acreditavam que ele era homosexual, mesmo este
reiterando que não possuía interesse em pessoas do mesmo gênero. Desta forma, a
24
heterosexualidade é algo que Leonardo passou a vida inteira tendo que provar, principalmente
enquanto morava no interior.
Quando Leonardo mudou para a grande São Paulo em busca de trabalho, ele
conseguiu entrar em uma das grandes companhias de dança da cidade: Dilúvio. Leonardo
aprimora muito suas técnicas com sua vivência dentro da Cia, no entanto, sofre constante
pressão psicológica e física dado as exigências que o trabalho e seus superiores - professores e
diretores - demandam.
Ao conquistar um dos grandes papéis do espetáculo da temporada, Leonardo precisa
buscar uma bailarina que possua conexão de cena com ele. Nenhuma das bailarinas da
companhia conseguia expressar os pedidos do diretor. Sendo assim, Leonardo sugere ao
diretor, a possibilidade de chamar uma grande amiga e parceira de dança de alguns anos atrás:
Elena. O diretor, que possui um certo favoritismo com o Leonardo, cede ao pedido. Dessa
forma Elena vai para a cidade grande e os dois amigos começam a trabalhar juntos
novamente.
Leonardo sendo o artista que é - um bailarino homem - possui certas inseguranças que
o acompanham ao longo de sua vida. A falta de apoio familiar para seguir a carreira que
escolheu, faz com que este desenvolva uma grande necessidade de se provar aos outros,
carregando uma auto-cobrança excessiva. Dessa forma, Leonardo possui como problemática
de caráter, problemas com seu ego, tendo como pulsão incontrolável a violência. Isto se dá
pois a falta de poder - a impotência - se converte em violência em uma tentativa de
reconquista desse lugar de poder, que para Leonardo, inconscientemente, faz com que este se
sinta "mais homem".
Neste contexto, entendemos como o personagem de Leonardo é extremamente
necessário - compreendendo a temática a pergunta e os objetivos do projeto - visto que é
através da relação dele com Elena, que a temática do patriarcado se mostra presente, ao
reiterar as diferentes formas de condutas, a partir de construções sociais deturpadas.
Dessa forma, a relação de amizade entre Leonardo e Elena, não é um impedidor para que ele a
estupre, pelo contrário, pois este - como um homem educado em uma sociedade patriarcal -
sente - mesmo que de maneira inconsciente - que possui a liberdade sobre o corpo e o ser de
Elena, concedendo assim, atitudes violentas e levianas em sua relação, violando vínculos de
confiança e intimidade.

ANDREZ
Andrez é um homem ambicioso e muito obstinado, ele sabe o que quer e não descansa
até conseguir. Desde criança é movido por seus desejos e tem dificuldade de perceber o
outro. Este comportamento egóico, somados a pais ausentes, fez com que se isolasse dos
25
demais uma vez que se considera superior. Neste contexto, extrapola com as pessoas, sem
muitas vezes sequer enxergar o que o outro sente ou que está humilhando alguém, pois suas
angústias, medos e frustrações estão sempre em primeiro lugar. Esse egoísmo foi de certa
forma o responsável por seu sucesso profissional, mas também por sua solidão.

CLARA
Clara é uma menina jovem, ainda ingênua de certa forma, ao mesmo tempo que já está
inserida em um mundo competitivo, — o meio da dança —, é muito profissional e dedicada,
nesse quesito ela sabe que é boa e sabe do que é capaz porém sobre seu lado social e
emocional é insegura consigo mesma.
Por essa razão, ela se encanta com a atenção que Leonardo lhe oferece, porque ele é o
"macho alfa" daquele lugar, o mais legal, o mais querido e o mais talentoso, e isso dá à Clara
uma falsa sensação de segurança, fazendo com que se sinta legal, bonita e interessante. No
fundo sua segurança é moldada pela aprovação alheia externa, enquanto suas inseguranças
são alimentadas pela desaprovação dos mesmos.
Por isso, quando Elena chega e ela assiste a atenção de Leonardo migrar, suas
inseguranças pulsam novamente, e ela se vê acuada e pequena, de escanteio, descartável. Essa
sensação ,para Clara , está também presente em relação ao diretor, que nem sequer pondera
sobre a possibilidade dela ser a primeira bailarina, optando por chamar alguém de fora da
companhia - Elena - para cobrir o cargo com a devida excelência que o diretor almeja.

PAULA
Paula é uma mulher de 52 anos, se casou muito nova com seu primo de terceiro grau,
Luís. Como sua família possui origem humilde, de acordo com eles, somente se casando ela
seria uma mulher íntegra e merecedora de respeito. Paula era animada, alegre e cheia de vida.
Quando pequena, amava ir às festas de São João que tinha em sua cidade natal - Penápolis -
com sua mãe. Quando se casou com 17 anos e passou a morar com seu marido, Paula foi
perdendo seu brilho. Teve de engolir sua espontaneidade, que não era bem vista por Luís, e se
transformou em uma mulher submissa e infeliz. Depois de muitos anos tentando engravidar,
sendo constantemente desmoralizada pelo marido pela dificuldade em manter as gestações,
Paula ficou grávida de Elena. Para Paula, Elena se tornou seu porto seguro e a sua força para
continuar vivendo a vida miserável que tinha com seu marido. Paula vivia constantemente
machucada e com dores devido às agressões do marido, mas buscava manter um sorriso para
alegrar Elena. Paula deixava que Elena passasse parte do dia na escola e a outra parte nas
aulas de dança, então Elena tinha pouco contato com Luís.
Ela sempre almeja pela alegria e bem estar das pessoas importantes para ela, mesmo

26
quando isso implique em deixar a pessoa amada ir. Afinal, mãe que ama de verdade, cria para
dar asas e possibilitar voos. A mãe de Paula morreu cedo, por isso grande parte de sua criação
foi dada pelo seu pai, que cortou muito de suas asas. Paula ao ter Elena, busca ao máximo não
repetir os erros de seu pai.

LUÍS
Luís é um homem que se fez sozinho no campo. Era pobre em sua infância, mas aos
poucos conseguiu construir uma vida rústica, mas confortável. Assim como o que construiu,
Luís é um homem sensível em seu interior, mas envolto em uma casca dura da qual usa para
esconder seus medos e sentimentos. Muito pelo medo do que pode acontecer ele escolhe ficar
no confortável, reproduzindo muitas vezes preconceitos e ideias das quais seus pais e avós
reproduziam, mas que é familiar e de certa forma reconfortante.

É o seu desejo de proteger a família que o faz detestar a ideia de que Elena, sua filha,
trabalhe como bailarina. Ele não compreende como a dança pode ser um trabalho e como
pode levar ela a algum lugar bom e seguro, por isso desaprova completamente a decisão da
filha de partir para São Paulo. Porém, seu lado sensível também o impede de proibí-la de
partir. Ele não sabe como expressar suas preocupações e nem seu carinho ao ver a paixão da
filha quando envolve dança.

4.4.3 Descrição da sinopse da narrativa

Elena, uma jovem bailarina do interior de São Paulo, tem o sonho de se tornar uma
bailarina profissional. É convidada, por seu grande amigo e parceiro de dança Leonardo, a ir a
cidade grande realizar esse sonho. Ela, então, deixa a casa de seus pais, Paula e Luis, apenas
com o apoio da mãe.Ao chegar, Elena é recepcionada na chuva, com muito carinho, por
Leonardo. Na sala de ensaio o elenco se aquece, se dividem em pequenos grupos, formando
conversas paralelas. Elena repara nos olhares críticos dos outros bailarinos, em contrapartida
Leonardo é recepcionado com grande entusiasmo pelos outros bailarinos que, visivelmente,
possuem um grande carinho por ele.
Andrez, diretor da companhia, entra na sala, sua presença provoca seriedade e
concentração dos bailarinos. As únicas pessoas que ele cumprimenta são Leonardo e Elena.
Os bailarinos percebem que a nova integrante veio para substituir quem, antes, dançava com
Leonardo. Andrez convida Elena e Leonardo para dançarem, enfatizando como Elena traz
emoção para a dança, e isso que a fez conquistar o papel principal. Ele, então, assiste a dança,
em êxtase.

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O teatro está bem movimentado com todos buscando finalizar tudo a tempo da estréia
após semanas de ensaio.. Leonardo e Elena chegam da rua, atrasados e molhados para o
ensaio geral.
Andrez, visivelmente impaciente, percebe a falta de interpretação e emoção de
Leonardo durante o ensaio, começa a gritar em frente a todo elenco, pedindo para todos
saírem menos Elena e Leonardo. Andrez ordena que ambos façam piruetas, até que Leonardo
cai no chão. Elena corre para ajudar o amigo, mas o diretor a impede, ordenando que Elena
saia do palco.
Elena se assusta com Leonardo entrando no camarim encharcado de suor. Elena se
aproxima de Leonardo, que pega seu pulso com força. Leonardo abraça Elena, que tenta
desviar dos avanços de Leonardo, ele continua insistindo até o momento em que a estupra.
Elena se afoga, e a cada penetração, mergulha cada vez mais fundo, envolvida por
água. Ninguém escuta o que está acontecendo.
Ela está nua em cima do palco, engasga e cospe água, em um estado de choque,
completamente paralisada e arrepiada sem conseguir demonstrar reação com as mãos que
tocam seu corpo, até que quebra a quarta parede e despenca no chão enquanto a luz se apaga.

4.5 Características Específicas de Desenvolvimento do Produto do Projeto Experimental

As características específicas do desenvolvimento do objeto de pesquisa foram


escolhidas a partir da compreensão e aprofundamento de temas centrais ao abuso sexual junto
à dança. Com base em alguns relatos coletados de vítimas, compreendeu-se que a dissociação,
ou comumente a sensação de "um mergulho" e sensação de desconexão de si mesma é
recorrente, portanto, a partir daí, se iniciou um novo desafio: como levar esse sentimento para
um projeto audiovisual?

Depois de muito debater, o melhor caminho foi decidido como um curta-metragem


ficcional de 10 minutos, dividido em 3 atos, tendo como gênero primário o Drama e
secundário o Suspense Psicológico. Dessa forma, a partir do objeto de pesquisa, o espectador
irá acompanhar a submersão dessa protagonista em uma narrativa de segundo e terceiro
campo, utilizando os estágios d'água - dividido através dos atos - como elemento capaz de
retratar visualmente a transformação da personagem e seu "sufocamento" e "mergulho" -
metáforas do processo da dissociação - na convivência com seu abusador.

No primeiro ato - fase gasosa - muitos elementos como a fumaça do cigarro, a neblina,

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a fumaça do café e o vapor d'água quente estarão presentes, reiterando, semioticamente e
metaforicamente, o estágio inicial que a personagem se encontra: momento nebuloso, cheio
de incertezas e dúvidas, porém leves como um sonho.

No segundo ato - fase líquida - muitos elementos como a chuva, reflexos d'água, gotas
d'água, suor, lágrimas, sêmen, o contato entre peles, os olhares e a dança contemporânea -
voltando-se a um estilo de movimento característico das obras de Pina Baush - estarão
presentes, configurando a atmosfera do abuso sexual, acarretando no mergulho interno e
sufocamento da personagem.

No terceiro ato - fase sólida - elementos que destoam da realidade estarão presentes
para a ratificação do mergulho interno da personagem, como diversas mãos envolvendo um só
corpo, dentes sendo cerrados pelo excesso de frio, peles totalmente arrepiadas, um corpo nu e
molhado na escuridão de um palco, diferentes mãos apertando pescoço, mãos, peitos, braços,
boca, olhos e ouvidos da personagem, sons do gelo e da respiração ofegante da personagem,
até o seu findar.

Compreendendo os 3 atos que desenvolvem a narrativa do curta-metragem, outra


característica de extrema importância é a concepção sonora. Mesmo compreendendo que
grande parte da comunicação humana se concretize de forma verbal, a principal "voz"
presente no curta metragem, será o corpo em si. Desta forma, todo curta será trabalhando na
ausência de falas, mas sim no excesso de gestos, olhares e ações, afinal, o corpo também fala.
Tendo a dança como mais um elemento de expressão corporal, a comunicação não verbal
prevalece ainda mais na narrativa, reiterando como muitas vezes as palavras não são o
suficiente para expressar o inexpressável. Desta forma, busca-se pelo visual, pela construção
imagética dessa narrativa, para atingir os olhos dos espectadores, e assim, suas almas também.

A construção da ideia pessimista não busca ter uma moral ou uma reviravolta à favor
da protagonista, mas sim manter a narrativa em um tom cruel, contudo real, ao retratar o
abuso sexual e seu impacto, reiterando a gravidade e necessidade de discussões acerca desse
assunto.

Atrelando tais elementos, com uma montagem que comporta cortes rápidos e secos,
juntamente com uma trilha sonora capaz de despertar sensações no espectador, o
curta-metragem começa a ganhar forma e se aproximar de seu gênero ideal. Gêneros estes, -
Drama e Suspense Psicológico - que se bem estruturados, são capazes de gerar estranhamento
e desconforto no espectador. Ainda sob a óptica da fotografia, um outro elemento capaz de

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provocar o sentimento de aflição, assim como uma visão subjetiva e distorcida da narrativa
apresentada, é a lente grande angular e fisheye.

A respeito do projeto e sua inserção no mercado, o filme terá como primeira janela
festivais. Dentre os festivais escolhidos, temos o Finos Filmes, - que incentiva projetos com
equipe majoritariamente composta por mulheres - o Cardume Cabíria e o de Gramado - um
dos mais reconhecidos festivais brasileiros, que possui como meta, revelar novas obras e
talentos e disseminá-los para o mercado. A segunda janela - após a tentativa de entrada em
festivais - será voltado para o Canal Curta, pois este se dedica às artes, culturas e
humanidades, tendo diversas distribuições de curtas pelo seu canal.

Voltando-se para o âmbito da linguagem cinematográfica, algumas obras foram


selecionadas como grandes referências para a construção do objeto de pesquisa, a partir de
análises fílmicas. Tais obras são:

1. CISNE NEGRO. Direção: Darren Aronofsky. Produção de Cross Creek Pictures.


Estado Unidos: Fox Searchlight Pictures, 2010. Starplus.

Esta famosa obra do diretor Darren Aronofsky, contempla diversos âmbitos de referências,
tais como a representação de lugares de poder ocupadas por figuras masculinas no meio da
dança, ratificando a submissão forçada de certas mulheres para/com seus superiores. Desta
forma, a obra vem a servir também como referência de construção de personagens mais
realistas e tridimensionais. Não somente, diversas cenas presentes no filme, são ensaios de
dança e até mesmo o próprio espetáculo, podendo assim, servir de inspiração, para o estudo
fotográfico do objeto de pesquisa.

2. REQUIEM FOR A DREAM. Direção: Darren Aronofsky. Thousand Words; Protozoa


Pictures . Estados Unidos: Artisan Entertainment, 2000. Amazon Prime Video.

Esta obra - do mesmo diretor da referência anterior - também se enquadra como grande
referência para o objeto de estudo do projeto. Isto se dá devido ao trabalho de montagem do
filme, que baseia-se na intenção de provocar um sentimento de agonia e desconforto no
espectador, seja através de cortes secos, juntamente com planos de curta duração e
majoritariamente fechados, ou até mesmo com uma concepção sonora estridente diegética e
não diegética. Todos esses elementos, tendo em vista o gênero que pretende-se alcançar com o
curta-metragem em estudo, - suspense psicológico - podem auxiliar na compreensão de quais
elementos de som e edição são interessantes de se utilizar, para assim despertar o desejável

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dos espectadores em relação ao objeto de estudo.

3. SUSPIRIA. Direção: Luca Guadagnino. Amazon Studios. Estados Unidos: Prime


Video, 2018. Amazon Prime Video.

O filme de Luca Guadagnino, se enquadra como referência de gênero e narrativa. O filme se


enquadra no gênero do terror, todavia ele também "flerta" com o suspense ao buscar
estabelecer momentos de grande tensão e agonia, indo além do simples efeito de assustar, mas
sim, de provocar a sensação de imersão de seus espectadores, assim como pretende-se realizar
com o objeto de estudo. Pensando sobre a narrativa do filme, a maneira como a dança é
retratada, seja na construção de corpo e/ou coreografia, seja pelo posicionamento ou
movimentação de câmera, pode enriquecer a pesquisa para a produção do curta,
compreendendo as similaridades de ambas as produções.

4. PINA. Direção: Wim Wenders. Neue Road Movies. Alemanha: Imovision, 2011.
Globoplay.

Pina foi uma grande coreógrafa, extremamente influente no meio da dança com um portfólio
de trabalho valioso, recheado de referências de movimentos, com diferentes estilos e
propostas. Neste contexto, o filme de Pina vem como uma grande referência para toda a
construção corporal e coreográfica do objeto de estudo. Particularmente, uma obra em
específico de Pina, que usa do elemento da água em seu espetáculo, pode auxiliar no processo
de efetivação da metáfora que o curta-metragem deseja representar.

5. SHIVA BABY. Direção: Emma Seligman. Dimbo Pictures. Estados Unidos e Canadá:
Utopia e Pacific Northwest Pictures, 2020. Mubi.

O filme acima citado, é um ótimo exemplo de referência de gênero para o curta-metragem da


pesquisa. Pois para captar a atenção do público e despertar o interesse na história - quando
toda a história se passa em um mesmo ambiente - é necessário uma apropriação de qualidade,
de elementos que reiteram o que a cena deseja transmitir. Sendo assim, Shiva Baby através de
um único ambiente e evento, coloca o espectador em um lugar de desconforto, por meio de
elementos como o excesso de estímulos (muito barulho por exemplo). Sendo assim, tal obra
auxilia com a compreensão de como estabelecer o caos, por meio da constante ascensão.

6. VAZANTE. Direção: Daniela Thomas. Cisma Produções; Dezenove Som e Imagem;


Ukbar Filmes. Brasil e Portugal: Films Boutique, 2017. Amazon Prime Video.

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O filme Vazante, se percebe como uma boa referência para o primeiro ato e início do segundo
ato do curta-metragem, devido à a concepção fotográfica e a fotografia em P&B e- objeto de
estudo se encontra ainda em discussão sobre a possibilidade do P&B - as locações com muito
verde das árvores e as cenas que possuem chuva na mata.

7. I AM EASY TO FIND. Direção: Mike Mills. Emma Wilcockson. Estados Unidos:


Youtube, 2019. Youtube.

Da mesma forma que a obra mencionada no item acima, esse curta-metragem se passa todo
em P&B e conta toda a história do que é a vida e de como pode ser a vida cotidiana. Assim
sendo, tal curta-metragem pode auxiliar como referência no âmbito do roteiro que preza pelas
comunicações físicas e não pela comunicação verbal, pois este, em um curto período de
tempo, é capaz de demonstrar a vida, suas sutilezas e malícias, de uma forma realista sem
abandonar o lirismo, se apropriando de um corpo expressivo comunicador, misturando
sonoridades diegéticas e não diegéticas. Da mesma forma, pretende-se alcançar isso com o
curta-metragem aqui desenvolvido, no entanto, não com a intenção de expor um cotidiano,
mas sim uma violência vivida dentro de um meio e de uma relação exposta através da
comunicação corporal e ausência da comunicação verbal.

8. FLESH AND BONE (seriado). Direção: David Michôd; Joshua Marston; Stefan
Schwartz; Nelson McCormick; Adam Davidson; Sam Miller e Alik Sakharov. Dona E.
Bloom. Estados Unidos: Starz Media, 2015. Starz Media.

A obra acima citada, conta a história de uma bailarina que acabou de ingressar em uma
companhia de dança. Durante a história ela sofre alguns abusos de seus superiores e isso
impacta diretamente sua excelência como profissional da dança, pois a machucou tanto no
âmbito emocional quanto físico. Nessa série, a construção imagética da direção de arte, optou
muito pelo uso da cor azul em sua paleta. Da mesma forma, ainda que em estudo, a presença
do azul no curta-metragem da pesquisa é uma opção, remetendo ao frio, à água e ao gelo. Não
somente, a série comporta trilhas originais de tirar o fôlego, totalmente condizentes também
com os movimentos em cena propostos. Dessa forma, a série se encontra não somente como
referência fotográfica e de arte, como também musical.

9. ANNA. Direção: Heitor Dhalia. Paranoid Filmes. Brasil: Mostra São Paulo, 2019.
Globoplay.

A obra de Heitor Dhalia, conta a história de um grupo de teatro que está em processo de

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montagem da ilustre peça "Hamlet". Durante o processo de montagem, os atores precisam
provar sua competência e talento ao diretor, para assim, talvez, conquistar o papel que
desejam interpretar. O processo se torna profundamente desgastante à medida que o diretor se
mostra extremamente radical e extremista com seus métodos de ensino. Tal contexto coloca
em pauta o questionamento dos limites tênues de um diretor perante sua didática e condutas
de ensino. É notório a relação abusiva e de abuso de poder que o Diretor cria com a
protagonista que escolheu para sua peça. Tal obra se mostra extremamente valiosa como
referência, dada a temática do abuso de poder, no meio artístico, de um homem em relação a
uma mulher. Ademais, "Anna" utiliza recursos visuais que fogem da realidade-ficcional,
flertando com elementos do terceiro campo narrativo, buscando instigar o sensorial do
espectador. Dessa forma, o filme se torna uma relevante referência para a construção do
objeto de pesquisa, voltando-se à concepção de elementos semióticos que reiterem a metáfora
que se busca apresentar através do curta-metragem.

5. COMUNICAÇÃO E VIABILIDADE DA ENTREGA AUDIOVISUAL

Para a elaboração de um plano de comunicação e viabilidade financeira eficaz à


efetivação do projeto, é necessário realizar uma minuciosa análise de planejamento
estratégico. A análise Swot, pode ser de grande valor para a pesquisa.

Compreendendo que o primeiro objetivo específico busca investigar a influência das


construções sociais de gênero no abuso sexual, já é possível identificar uma força do projeto,
sendo este a própria temática em si. Esta temática é extremamente relevante e pertinente nos
dias de hoje. Da mesma forma, cada vez mais, nota-se a presença de uma movimentação por
conscientização sobre o assunto, buscando a diminuição de incidências de abuso de mulheres.

Uma notória oportunidade que esse projeto comporta, - relacionando com o objetivo
específico de realizar um curta metragem sobre o abuso sexual entre relações íntimas no
contexto da dança com a abordagem estética sensorial - é de que este (o curta-metragem) é
capaz de preencher uma lacuna no mercado, compreendendo que existem poucas pesquisas e
produções audiovisuais brasileiras que comportem a temática de abusos sexuais, no contexto
da dança, de maneira sensorial.

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Uma ameaça, notável do projeto, é sua busca por referências relacionadas à temática e
que possam dar fundamento à pesquisa. Isto se dá pois as pesquisas/obras/referências/estudos
relacionados ao assunto a ser tratado, pouco existem, ou se existem, tratam os temas de
maneira isolada - o meio da dança, abusos sexuais, o patriarcado, construção social de gênero
- dificultando a compreensão da resposta do problema de pesquisa.

Com base na análise de forças e fraquezas do produto do projeto experimental, é


possível iniciar uma comunicação voltada aos principais pilares do plano de comunicação.
Pela temática de abuso e suas consequências em uma protagonista feminina é claramente
identificável, como estabelecido anteriormente, que o tema e a visibilidade feminina se
tornam dois pontos estratégicos essenciais para o plano de comunicação.

Muitos estudos e documentários mostram, alguns de forma mais aprofundada que


outros, que as novas gerações consomem ideias e ideologias mais do que o produto em si, elas
buscam empresas, marcas e produtos culturais que conversem com seus ideais pessoais.

Uma prova dessa mudança de consumo pode ser vista, por exemplo, no recente
documentário da player Netflix: Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda, que mostra que a
maior marca entre os jovens do final dos anos 90 até os anos 2000 teve sua decadência muito
devido à sua falta de representatividade e a venda de um lifestyle branco e elitista, que as
gerações atuais não se identificam mais.

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Portanto, um curta ficcional que levante questões sociais, possui um apelo forte no
mercado. Sem falar que a equipe é composta majoritariamente por mulheres em posição de
decisão, que participam intensamente na criação da narrativa tanto quanto de sua execução,
que é algo cada vez mais exigido pela sociedade.

Considerando que um dos principais problemas do produto do projeto é alcançar um


público final que o consuma, no momento em que entendemos que o tema da construção de
gênero na sociedade e o abuso do masculino sobre o feminino, é um tema ao qual existe
demanda, podemos enxergar um primeiro caminho para a solução do problema do produto,
afinal com uma comunicação voltada para este nicho em específico, é cabível criar uma base
nas redes que tenham interesse em consumir o curta-metragem.

Já o segundo problema identificado e o mais urgente é a falta de recursos. Uma


produção audiovisual, mesmo sendo um curta-metragem, é caro e precisa de muitas figuras na
frente e atrás das câmeras para que o conteúdo tenha a qualidade necessária para ter uma
cauda longa.

Portanto, além de uma comunicação eficiente, outra solução para o problema do


produto seria uma vaquinha online para que pessoas que apoiem o projeto possam contribuir
financeiramente, e para que façam isso será oferecido uma contrapartida referente a certas
quantias: se a quantia doada passar de R$450,00 o doador poderá receber crédito de produtor
executivo, ou diversas outras contrapartidas.

Sendo assim, se construída uma estratégia sólida, será possível solucionar os


problemas que se apresentam em relação ao produto do projeto experimental.

O plano de comunicação da divulgação do produto do projeto experimental se inicia


ainda na produção do projeto, com captação de conteúdos voltados para as redes sociais e
divulgação física durante as filmagens.

A partir dos pilares de comunicação supracitados, identificou-se como um dos


problemas majoritários de comunicação do projeto a atual ausência de uma base de
divulgação sólida e com fácil disseminação para atrair diferentes tipos de público. Ou seja,
levando também em consideração a sensibilidade e relevância do tema proposto, o
desenvolvimento de um plano de divulgação nas principais plataformas digitais é
indispensável, uma vez que a maior parte dos conteúdos audiovisuais atualmente é
apresentada primeiramente através destas mesmas plataformas. Assim, é possível afirmar que

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a fundamentação de um plano de divulgação por meio de redes sociais diversas, bem como a
criação de uma unidade estética atraente para o público-alvo dentro destas plataformas, é
imprescindível para o desempenho buscado para este curta-metragem.

Com o pano de fundo sendo a visibilidade feminina, e o ponto principal sendo a


dança, e junto dela a estética atingida ao final, a comunicação, principalmente nas redes
sociais, pode contar com conversas de elenco e direção, cenas intrigantes de dança, além de
permitir que se gere rodas de debate e apresentações de dança gratuitas para auxílio da
distribuição do curta-metragem.

Infelizmente, o cenário apresentado acima, só seria possível tendo uma quantia de


investimentos destinados a divulgação, assim como liberdade de mídia, que tem se tornado
algo cada vez mais distante dado os recentes casos de censura sobre o setor do audiovisual.

5.1 Objetivos de Comunicação e de Viabilidade

O objetivo principal da comunicação é gerar interesse prévio ao lançamento do


curta-metragem em festivais, possibilitando potenciais produtoras parceiras, de transformar
esse produto em um projeto de longa metragem.

Outro objetivo da comunicação é aumentar o debate sobre a violência contra a mulher


por meio de debates gratuitos acompanhado de uma exibição do curta em ONGs voltadas ao
auxílio de vítimas de abuso em áreas menos favorecidas, assim como possíveis apresentações
de dança.

Em questão de viabilidade, nossos objetivos são conseguir patrocínio de empresas que


possibilitem a produção, distribuição e veiculação do curta-metragem. Isso será feito com
base em uma vaquinha on-line onde pessoas poderão doar qualquer quantia para ajudar o
projeto e em troca será oferecido contrapartidas distintas para valores diferentes: valores mais
altos podem receber, por exemplo, o crédito de produtor executivo, ganhar uma ilustração
original, assim por diante.

5.2 Estratégia(s) de Comunicação e de Viabilidade

Em questão de viabilidade, o mais factível com o tempo de desenvolvimento e


produção do curta-metragem seria buscar parcerias desde artísticas como musicistas e atores

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que participarão do desenvolvimento do curta por interesse na temática ou portfólio, assim
como colaboração com companhias de dança e buscar o patrocínio de empresas privadas bem
como crowdfunding. Nas buscas de ONGs, será realizada uma intensa pesquisa e uma
conversa sobre uma possível parceria e negociações.

Para a comunicação a estratégia escolhida é seguir o plano U nas redes sociais, ou


seja, iniciar a campanha com muitos posts no começo para gerar engajamento, lentamente
reduzir a quantidade para, ao final, aumentar novamente. Essa estratégia serve para criarmos
uma base de seguidores e mantê-los interessados no projeto até o final, utilizando o
feminismo como base primária e o formato como segundo ponto para atrair as pessoas.

Patrocínio de empresas que possuam bandeiras sociais que possam abonar o valor
investido no imposto de renda como prevê o Art. 3A, são extremamente bem-vindos. Da
mesma forma a colaboração de companhias de dança que se interessem pelo projeto. A
colaboração pode se dar a partir de diferentes formas: seja com o elenco da companhia
participando de figuração, através da negociação para utilizar o espaço para filmagens,
divulgação com banners dentro do espaço da companhia ou até mesmo criando a parte
coreográfica presente no curta-metragem.

Muito da viabilidade do projeto também virá por crowdfunding e parcerias com


artistas como atores ou musicistas que participarão do projeto em certos momentos por
portfólio.

Relacionando os objetivos - tanto geral, quanto específicos - o plano de comunicação


seguirá os pilares supracitados acima fazendo uso de pílulas editadas assim como post de arte
e entrevistas com o elenco, equipe e vítimas de abuso sexual contando seus relatos assim
como propagandas de possíveis eventos. Já a viabilidade do projeto será baseada em
crowdfunding e colaborações, tendo uma parcela do valor arrecadado para a comunicação em
redes sociais.

5.3 Ações de Comunicação e de Viabilidade com Cronograma determinado

O abuso sexual se tornou um tema bastante pesquisado no meio acadêmico


especialmente depois da segunda onda feminista e a criação de cursos universitários de
estudos sobre a mulher, – posteriormente sendo anexado ao estudo de ciências sociais no
Brasil –, e muito se estuda sobre o sua origem e suas consequências.

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Porém, no caso de um meio artístico como a dança, onde o toque corporal é a base do
trabalho, não existe quase nenhum artigo ou estudo sobre como é para uma vítima conviver e
ter um tipo de relação profissional que envolve o contato físico e social com seu abusador.
Não se sabe o impacto psicológico dessa bailarina que não pode fugir do toque do abusador.

Alguns podem afirmar que ao estudar, por exemplo, um casal héteronormativo


monogâmico casado e em uma dinâmica abusiva, pode se ter o mesmo estudo da psique já
que o contato físico abusivo também é constante. Porém um relacionamento amoroso carrega
uma entrega emocional e intimidade entre os dois ou mais envolvidos que é totalmente
diferente do abuso em um campo profissional. No trabalho, as relações interpessoais tendem a
ser mais frias e distantes do que entre um casal, e diferente de um trabalho "tradicional" em
que o abuso também pode acontecer, na dança o trabalho é, em essência, o toque.
E quando o toque é realizado constantemente pelo abusador sobre a vítima, existem
impactos ainda não desvendados que afetam o social, profissional e psicológico de ambos os
agentes, como também a toxicidade do ambiente.

O plano consiste em alguns pontos chaves para sua efetivação. O primeiro deles é a
criação de conteúdos relacionados à pesquisa, com a estética visual, semelhante a da
produção. A ideia é trazer uma unidade imagética para qualquer conteúdo voltado para a
comunicação, pois dessa forma, quando o público entrar em contato com algum conteúdo,
seja uma foto, panfleto, folheto, cartaz, anúncio ou postagem, este já compreenderá de que se
trata do curta-metragem Presa.

É evidente a importância da necessidade de um bom plano de comunicação e


viabilidade, para que assim, o trabalho alcance o público desejado e cumpra seu objetivo.
Sendo assim, como estratégia de divulgação, o grupo buscará apoio de agências de
comunicação que possam prestar assistência em questões voltadas ao marketing da obra.

Em todo caso, o grupo já compreende que grande parte do plano de comunicação e


viabilidade, será voltado às redes sociais - Instagram, Facebook, Twitter, Tiktok e Whatsapp -
reduzindo possíveis custos voltados à propaganda. Os conteúdos publicados primeiramente,
seguindo a estratégia citada acima, serão como um primeiro mergulho no projeto, introduzir o
tema principal, informar sobre datas e os próximos passos a serem dados na produção do
Curta. Durante a pré-produção, vídeos serão gravados com os especialistas entrevistados,
assim como conteúdo de follow up da produção; durante a produção os conteúdos serão sobre
o making-off, spoiler de alguns detalhes em cada setor presente no Curta e durante a
pós-produção os conteúdos serão os clássicos focados no marketing para assim alcançarmos

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cada vez mais pessoas. Em todas as fases do projeto os conteúdos visam interagir com o
público e gerar uma conscientização sobre o tema.
No entanto, se for financeiramente viável, o grupo buscará por mídias pagas para a
distribuição do curta-metragem, sempre com o objetivo de alcançar um maior número de
pessoas. Sendo assim, através de fotos de Making Off, Still, trechos de trilha sonora,
fragmentos de cena e exercícios voltados para a voz e para o corpo, o grupo pode gerar um
maior interesse de seu público pela obra em questão.

Tendo em mente que o projeto contempla um público-alvo amplo, resultando em uma


distribuição de grande escala, outra estratégia de comunicação e viabilidade, a ser utilizada
será o de distribuição de material gráfico. Para tal divulgação obter o retorno desejável, a
distribuição ocorrerá em pontos estratégicos, tais como: portas de universidades, cinemas,
cafés, bares, restaurantes, museus, centros culturais e teatros. Visando a redução de custos, o
grupo irá negociar com os pontos acima citados, para a possibilidade de distribuição dos
materiais gráficos - banners, cartazes e flyers - no interior dos locais. Voltando-se para a
estruturação deste plano de distribuição, é evidente que este visa também, a partir de suas
ações, alcançar uma mídia espontânea, possibilitando assim, através do boca-a-boca do
público, uma redução dos gastos necessários para a distribuição do projeto com aderência de
qualidade.

6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DE PRODUÇÃO DO PROJETO


EXPERIMENTAL E DO PLANO DE REDAÇÃO DO TRABALHO ESCRITO

Incluídos no Apêndice.

7. RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO PROJETO EXPERIMENTAL

7.1 Escaleta e Roteiro finais do curta-metragem

Incluídos no Apêndice

7.2 Análise técnica e decupagem do roteiro

Incluídos no Apêndice
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7.2.1 Lista e defesa criativa e conceitual do Casting completo

A atriz que irá interpretar Elena deve ser extremamente expressiva corporalmente, tendo
uma bagagem significativa no meio da dança e que aparenta ter por volta de 25 anos de idade.
A atriz precisa ser mais baixa que a antagonista, pois utilizando elementos físicos
contrastantes, a diferença de lugares de poder é reiterada, diante das câmeras, também de
maneira imagética . Neste contexto, a atriz escalada para interpretar a protagonista é Eugênia
Granha, atriz e bailarina profissional. A escolha se deu por conta do perfil da atriz, que de
acordo com as diretoras do projeto, se alinha perfeitamente com o papel, fugindo do
estereótipo comum de uma bailarina, sem abandonar traços que reiteram a sua presença no
meio da dança. Segue abaixo, fotos da atriz e o perfil do Instagram:
Instagram - @eugeniagranha

O ator que irá interpretar Leonardo deverá ter um conhecimento grande na área da
atuação, sendo capaz de transpor emocionalmente a complexidade da personagem, assim
como ele precisa ter um conhecimento corporal para realizar as sequências de danças entre ele
e a protagonista. O ator deverá ter entre 20 e 27 anos, precisa ser mais alto que a protagonista,
para que assuma em certo momento uma postura corporal assustadora.
Neste contexto, o ator André Torquato foi escalado como o ator que irá interpretar o
Leonardo. André possui grande nome no mercado, levando em 2022 o prêmio do Bibi
Ferreira como melhor ator. Nessa conjuntura, a escolha de um ator com tamanha bagagem e

40
reconhecimento, promove um maior reconhecimento do produto final no mercado, agrega
valor mercadológico ao curta-metragem. Segue abaixo, fotos do ator e o perfil do Instagram:
Instagram - @torquatoandre

A atriz que irá interpretar a mãe de Elena deverá ter um bom repertório de atuação, ser
branca e aparentar a idade entre os 50 anos. Sua figura deve ter traços de personalidade dócil,
um sorriso carinhoso, bochechas carnudas, ou um olhar angelical todavia penetrante, intenso e
de força. Dentre os perfis selecionados, a escolha definitiva para corporificar a personagem de
Paula, foi a atriz Sandra Corveloni. Com o perfil de Sandra e o vasto conhecimento que esta
possui no ramo da atuação, levando o prêmio de interpretação feminina no Festival de Cannes
com seu papel em "Linha de Passe'', acredita-se que a atriz irá agregar muito valor ao projeto,
com o interesse em colaborar por acreditar no projeto, sua forma colaborativa de trabalhar e
sua experiência para além da atuação, como direção também. Segue abaixo, fotos da atriz e o
perfil do Instagram:
Instagram - @sandra_corveloni

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O ator que irá interpretar Luís - o pai de Elena - será Zé Henrique de Paula. A escolha
se deu devido ao perfil que o ator comporta, tendo uma feição que transita entre o dócil e o
atroz, características que se mostram muito presentes em homens que tendem a ter
comportamentos abusivos em suas relações. A escolha do ator se dá também devido ao seu
prestígio no meio artístico. Em 2022 o diretor e ator Zé Henrique de Paula levando o prêmio
do Bibi Ferreira como melhor direção. Como na cena da mãe e do pai de Elena, Sandra
Corveloni fará a personagem de Paula, a equipe achou pertinente buscar por um ator que
também possua experiência de trabalho, tornando a dinâmica de set, com dois atores
renomados, mais nivelada. Não somente, a atriz Sandra Corveloni e Zé Henrique de Paula já
se conhecem, tornando o processo de trabalho mais dinâmico e profissional possível. Segue
abaixo, fotos do ator e o perfil do Instagram:
Instagram - @zenriqdpaula

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O ator que irá interpretar o Diretor Andrez será Lisandro Di Prospero. A escolha se
deu devido ao perfil que o ator comporta: sobrancelhas bem desenhadas, barba grisalha,
cabelos de tamanho mediano, olhar penetrante e figura marcante em sua presença. Lissandro
possui também um bom repertório de atuação voltado ao trabalho de corpo. Não somente,
Lisandro já participou de diversos projetos acadêmicos, compreendendo assim as possíveis
questões que possam surgir ao longo do processo. Como o diretor estará presente em diversas
cenas que comportam um certo nível de dificuldade, a produção priorizou a escolha de um
ator que seja flexível e aberto, e que compreenda as condições da produção em questão.
Segue abaixo, fotos do ator e o perfil do Instagram:
Instagram - @lisandrodiprospero

A atriz que fará a personagem da Bailarina Clara é Larissa Seconelli, uma atriz mirim
que aceitou participar do projeto de forma colaborativa e possui um trabalho de corpo
extremamente singular e belo, tendo como uma de suas grandes mentoras, a mestra Inês
Aranha - professora de interpretação e preparadora de atores - que possui trabalhos premiados
como Cabaré dos Bichos e Brenda Lee junto ao diretor e ator Zé Henrique de Paula.

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Quem ficará responsável pelos bailarinos figurantes no curta-metragem será o
coreógrafo, bailarino, intérprete, professor e fotógrafo Leonardo Pedro. Formado em ballet
clássico pelo Ballet Paula Gasparini, atuante em cias profissionais desde 2015 como a "Cisne
Negro Cia de Dança" e a "Cia Jovem do Teatro Municipal de São Paulo", e integra desde
2019 a São Paulo Cia de Dança. Como bailarino conta com experiências internacionais nos
palcos dos Emirados Árabes , Suíça e Espanha. Dançou obras de coreógrafos como Jomar
Mesquita, Uwe Scholz, Henrique Rodovalho, Milton Coatti ,Gal Martins, Décio Otero entre
outros. Ministra cursos e workshops de Ballet clássico e de pas de deux em diversas escolas e
instituições desde 2016. Segue abaixo, fotos e o perfil do Instagram:
Instagram - @leops.art

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Neste contexto, acredita-se que Leonardo pode vir a agregar muito no trabalho com os
figurantes. Os figurantes (5 mulheres e 3 homens) são dançarinos - alguns são da Academia
Hellô Ballet, outros da Cia In-pulso e o restante da São Paulo Companhia de Dança - que
aceitaram participar do projeto como apoiadores para compor o elenco.

7.2.2 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os Figurinos utilizados

CENA 1
Elena: vestido branco longo.
CENA 2
Elena: Saia avermelhada, top claro, jaqueta jeans, cachecol acinzentado, coturno preto e mala.
CENA 3
Paula: macacão de cor clara, sapatilhas e colar.
Elena: saia avermelhada, top claro, jaqueta jeans, cachecol acinzentado e coturno preto.
Luiz: Calça alfaiataria, camisa social azulada e sapatos pretos.
CENA 4
Elena: saia avermelhada, top claro, jaqueta jeans e cachecol acinzentado e coturno preto.
CENA 5
Elena: saia avermelhada, top claro, jaqueta jeans, cachecol acinzentado, coturno preto e colar.
CENA 6
Elena: saia avermelhada, top claro, jaqueta jeans, cachecol acinzentado, coturno preto e colar.
Leonardo: camiseta branca, camisa preta aberta e calça jeans.
CENA 7
Elena: botas, collant, shorts, meia calça, um lenço e uma jaqueta de ensaio.
Leonardo: botas, calças leggings preta e camisa grudada branca e um moletom
Figurantes: variações dos figurinos principais.
Andrez: calça jeans preta e camisa preta.
CENA 8
Elena: calça cargo clara, regata branca e tênis brancos.
Leonardo: jaqueta azul escura, camisa preta e calça preta.
CENA 9
Elena: calça cargo clara, regata branca e tênis brancos.
Leonardo: jaqueta azul escura, camisa preta e calça preta.

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CENA 10
Andrez: moletom verde musgo e calças pretas.
Elena: descalça, collant claro, shorts, meia calça.
Leonardo: calça legging preta e camisa grudada branca.
Figurantes: variações dos figurinos principais.
CENA 11
Elena: calça cargo clara, regata branca e tênis brancos.
Leonardo: jaqueta azul escura, camisa preta e calça preta.
CENA 12
Leonardo: Jaqueta azul escura, camisa preta e calça preta.
CENA 13
Elena: nua.
CENA 14
Elena: nua

Defesa Criativa e Conceitual


Os figurinos do curta-metragem Presa buscam se manter o mais neutros e realistas
possíveis. Como a narrativa retratada na obra audiovisual é baseada em uma realidade
estatisticamente comum, que é o abuso sexual em relações de initmidade, o figurino tem o
papel apenas de retratar o mais realiasticamente possível cada personagem.

Os figurinos do primeiro ato representam bastante a simplicidade da família, no quesito de


suas relações. Enquanto Elena e Paula vestem roupas que conversam, Luís está isolado em
seu figurino social, algo que representa também como as personagens interagem naquela casa.
No segundo ato, Elena e Leonardo aparecem com jeans em momentos de lazer, o que une
ambos de certa maneira em sua estática, mas a maioria dos figurinos utilizados são collants e
outros tipos de roupas comumente utilizadas em ensaios de dança.
Por fim, no terceiro ato, o melhor jeito de representar a fase final da dissociação é a nudez
de Elena, com sua pele maquiada para representar o gelo. Algo que realça ainda mais o que a
personagem sente ao sofrer a violência.

7.2.3 Lista e defesa criativa e conceitual de todas as Locações

CENA 1
1- JARDIM

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O jardim é a cena que abre o curta-metragem Presa, onde Elena, em um momento
ainda "inocente", caminha e dança pelo jardim antes de se despedir dos pais e partir para a
cidade, atrás de seu sonho de ser bailarina.
Portanto o ambiente precisa trazer duas características centrais: a ideia de campo e de
inocência, algo idílico.
Foram, então, separados alguns ambientes, — fora de São Paulo e em São Paulo —,
que possuem as características que buscamos.

Jundiaí - A casa consegue passar um aconchego do campo, junto com a áurea idílica que
buscamos.

2- CORREDOR CASA
O corredor, assim como a cozinha precisam passar um ar de "presa no passado", não
no sentido de desagradável, mas sim como se tivesse parado no passado, porque Elena não se
encaixa mais ali, o seu destino está do lado de fora da casa, em outro mundo.

Jarinu - Vídeos Visita

CENA 3
COZINHA CASA
A cozinha é o ambiente em que acontece a despedida de Elena e sua família, não tão
alegre e calorosa como ela gostaria. A cena tem um grande peso emocional, e a cozinha
precisa ter uma estética — como já dito antes, simples e passada —, mas também simples. É
o ambiente onde a família é "ela mesma".

Jarinu - Vídeos Visita

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CENA 4
RUA DE PEDRA
A rua precisa passar a sensação de interior, de um lugar vazio e pouco visitado.

Ernst - Vídeos Visita


CALÇADA
Aqui é o último momento em que estamos no interior. Portanto a rua precisa ainda
manter as características do ambiente, e é aqui onde Elena entra no carro para ir em direção
ao seu sonho. Pensando que a cena é simples e bastante rápida, não faria sentido ir mais uma
vez ao interior por conta das despesas, por isso foi escolhida uma rua na Vila Mariana: Rua
Albino Rodrigues Costa.

CARRO
A cena 5, 6 e 8 serão gravadas no mesmo dia, as locações devem ser próximas, então gravar
em um bairro calmo é essencial, como o Alto da Boa Vista, a locação escolhida é o Carro da
Nathalie, integrante do grupo.

CENA 5 e CENA 8
FACHADA DA COMPANHIA
A fachada, possivelmente, será gravada na Hellô Ballet, uma companhia de dança que
além de abrir o espaço para nossos ensaios prévios à gravação também cederá o corpo de
bailarinos para figuração e entrará como apoiadora e parceira do projeto. O nome da escola
será coberto com uma faixa: Cia. de Dança Dilúvio

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https://www.instagram.com/hello_ballet_escoladedanca/

Seguem outras opções, pois a Hellô Ballet tem a rua muito movimentada e pouco segura.

Opção 1 - Av. Professor Rubens Gomes de Souza 591

Opção 2- Rua Doutor Francisco Malta Cardoso 47

Opção 3 - Rua Doutor Antônio Gontijo de Carvalho 302

Opção 4 - Rua Doutor Antônio Gontijo de Carvalho 325

Opção 5 - Rua Philipp Lohbauer 201

CENA 7
SALA DE ENSAIO
Para as cenas de ensaio da Cia Dilúvio devem acontecer em um ambiente que remeta
uma sala de ensaio ou sala de dança, por isso buscamos teatros e salas de ensaio para
visitá-las, buscando compreender qual delas comportava a concepção estética da obra,
visando pelo espaço bem distribuído, cores específicas, janelas e luz natural durante todo o
dia.

O Andar - Sala Multiuso - site

CENA 9
Teatro Garagem
O Teatro Garagem foi umas das principais locações escolhidas para a realização das
cenas de ensaio da companhia, principalmente por se tratar de um espaço que busca
apoiar projetos independentes, sendo que a proprietária do local é colega de trabalho
de uma das integrantes do grupo. Além do espaço como um todo ser muito bem
49
distribuído e iluminado, também possui diversas salas e espaços ideais para a gravação
de outras cenas além do ensaio, como as diferentes possibilidades de corredor e
ambientes típicos de uma companhia de dança.

CENA 10
TEATRO
A cena do teatro é o ensaio geral da companhia. É preciso então ter a visão total do
palco, para captar da melhor forma a coreografia quanto da própria plateia, onde o Diretor
está posicionado assistindo tudo. Mais um fator pela escolha da seguinte locação se dá pela
qualidade do teatro, disponibilizando de camarins, coxias espaçosas e principalmente, muitos
equipamentos de iluminação de muita qualidade. O coordenador da escola de atores - Hudson
Glauber - ficou envolvido com a proposta do projeto e aceitou ceder o Teatro da escola para a
gravação da cena 10. Sendo assim, Hudson e a escola de Atores adentra na lista de apoiadores
e colaboradores do projeto, gravar no teatro de um shopping como o Frei Caneca abre
margem para possíveis patrocinadores de catering/alimentação.

Teatro Nair Bello

50
Teatro Itália

CENA 11
CAMARIM
O camarim é uma cena bastante desafiadora, especialmente em seu nível emocional
que exigirá dos atores, portanto precisamos que a equipe que estiver em set tenha como se
mover e trabalhar, preservando o espaço dos atores para contracenar. Por isso o camarim da
Cia. da Revista nos é interessante, já que é grande e uma parede consiste de uma cortina que
podemos retirar para que a equipe possa se mover sem atrapalhar o ensaio.

Teatro Cia da Revista

51
CENA 12
CORREDOR
O corredor, possivelmente, será gravado no Teatro Ruth Salles, em Santo Amaro,
Teatro Itália, Teatro das Artes. Seu camarim tem um corredor largo o bastante para comportar
o que precisamos para a gravação dessa cena.

CENA 13
ÁGUA
O ideal para essa cena seria um tanque, mas considerando o baixo orçamento, a cena
do afogamento será provavelmente gravada - em uma diária noturna - em uma piscina em
Jarinu, tendo em vista que lá é possível controlar as luzes internas da piscina e cobrir o fundo
com uma lona preta. Caso o plano de captação seja bem sucedido, a opção ideal do tanque
será adotada como locação oficial para a gravação da Cena 13.

Jarinu - Vídeos Visita

CENA 14
PALCO
O ambiente do palco do último ato, no fundo não aparece em grandes detalhes, precisa
ter uma boa vedação da luz, o que a sala Blackbox permite, já que todas as suas janelas
podem ser vedadas e possuem já estrutura para isso. Ademais é necessário uma iluminação de

52
um Holofote Elipsoidal, que dado a estrutura do espaço, é possível acoplar o equipamento nas
estruturas do topo da sala.

Blackbox - site

7.2.4 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os Objetos

CENA 1
Objetos
Folhas secas, sino dos ventos.
Produção/Arte
Secador (para soprar as folhas), fitas de nylon (pendurar os sinos de vento).

CENA 2
Objetos
Mala, tapete persa, abajur (cúpula de pano), aparador madeira, porta-retratos (5u), fotos (5u),
livros (5u), quadro - obra de arte - voltada ao realismo.

53
CENA 3
Objetos
Mesa madeira, cadeira madeira (4u), cinzeiro (1u), caneca azul, frigideira, forninho, fogão,
cafeteira italiana, tábuas de cortar queijo (6u), faqueiro, boleira, bolo, utensílios de cozinha
(xx), potes de tempero (xx), xícaras coloridas (xx), açucareiro, maço de cigarro marlboro light
e relógio de parede.
Produção/Arte
Fumaças: leite fervido.
Utensílios de cozinha na parede: tábua de madeira, ganchos e dupla face.
Tábuas de queijo: dupla face.
Relógio: dupla face.

CENA 4
Objetos
Cigarro de tabaco e fósforo.
Cigarro de tabaco.
Produção/Arte
Cigarro de tabaco: tabaco, seda, piteira.
Fumaça tabaco: fósforo

CENA 5
Produção/Arte
Gotas: regador

CENA 6
Objetos
Mala.
Arte gráfica
Placa "Dilúvio" - Digital Brigido

CENA 7
Objetos
Sapatilha (2 pares), mochila (2u).

54
Produção/Arte
Gotas: regador
Suor: borrifador.

CENA 8

Objetos
Guarda-chuva (azul ou branco), Arara (3u) - com fantasias -, tecido manchado de azul, mural
de cortiça GG, prancheta (3 u), od impressa (3u).
Produção/Arte
Chuva na janela: regador
Arte Gráfica
Impressão: promos de sapatilha, fotos de balé no palco, folha longa com ENSAIO GERAL.

CENA 10
Objetos
Copo plástico (1u), mesa, abajur, fichário/folder com roteiro, caneta vermelha, caneta azul e
tecido manchado de azul.

CENA 11
Objetos
Mesa de bastidores (luzes embutidas), maquiagens jogadas, fotografia no espelho (família),
garrafa de água, molho de chaves.

CENA 12
Nenhum objeto

CENA 13
Nenhum objeto

CENA 14
Produção/Arte
Elena molhada.

Defesa Criativa e Conceitual


Baseado em um estudo de roteiro, chegou-se a seguinte conclusão sobre a arte,

55
maquiagem e objetos: com exceção da última cena do curta, a estética deve ser simples,
realista, "lavada" para que o som e o tratamento de cor da pós ganhem seu devido destaque ao
construir o ambiente.

A história retrata algo muito comum, que é o abuso sexual que ocorre em relações íntimas,
por isso não existe um motivo de utilizar objetos, figurinos ou maquiagens extravagantes em
grande parte do curta, para mantê-lo perto da realidade.
Na cena 13, porém, a maquiagem da personagem Elena será uma maquiagem artística que
servirá para reiterar as etapas da água, que nos atos anteriores, serão usados fumaças e neblina
para trazer o gasoso e borrifadores para trazer a chuva. No terceiro ato, porém, estamos na
mente de Elena, e é seu corpo e alma que está congelado, o que justifica uma maquiagem
mais "extravagante" e detalhada, tornando a atriz em uma espécie de estátua de gelo, para que
fique claro o processo de dissociação que ocorre dentro da personagem.

7.2.5 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os Elementos de Cenografia

CENA 1
Cenografia - Jardim vazio.
CENA 2
Cenografia - Ambientação de casa confortável
CENA 3
Cenografia - Ambientação de casa confortável
CENA 4
Cenografia - Local público
CENA 5
Carro
CENA 6
Cenografia - Local público
CENA 7
O Andar
CENA 8
O Andar
CENA 9
Cenografia - Ambientação de "correria" de bastidores
CENA 10

56
Cenografia - Teatro.
CENA 11
Cenografia - Ambientação de camarim muito utilizado, quase uma casa
CENA 12
Cenografia - x
CENA 13
Cenografia - x
CENA 14 -
O Andar

Defesa Criativa e Conceitual


A cenografia do curta-metragem Presa é pautada muito no que as locações já
oferecem à produção. O primeiro ato dá maior liberdade para que a direção de arte possa
buscar construir a casa da família como uma casa simples e real, utilizando-se de utensílios de
cozinha e quadros para ambientar o local.

Já no segundo ato, que se passa na Companhia Dilúvio, no teatro e no camarim, a


cenografia se torna muito específica, e vai ser construída em colaboração: os figurinos de
dança que estarão pendurados no camarim, por exemplo, serão emprestados pela Cia. Hellô
Ballet, que cria e confecciona os próprios figurinos como também os dos espetáculos de
Ballet do Teatro Municipal. Neste contexto, muitos ambientes irão permanecer quase iguais a
sua forma original, trazendo consigo uma veracidade necessária para a história.

7.2.6 Lista e defesa criativa e conceitual de Todos os Equipamentos Técnicos para


Filmagem

LISTA DE EQUIPAMENTOS
Câmera:
- BlackMagic Pocket 4K

Lentes:
- Canon Zoom 28-135mm
- Filtro FOG 3

Iluminação:
- 2 Skypannel Led S120- C

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- Balão Elíptico 6kW tungstênio
- Holofote Elipsoidal Led 600 W
- Luz Maxi Brute 24
- Strobe Led Color 360W
- Máquina de Neblina Haze

Tripés e estabilizadores:
- Tripé alto Sachtler Cine 150
- Ligeirinho para traveling
- Gimbal Movi M5
- Easyrig Minimax
- Spider Rig

Rebatedores:
- 2 Rebatedores Background 2 em 1
- Butterfly 2x2

Monitores:
- Monitor Blackmagic Design Video Assist 7 polegadas

Som:
- Lapela
- Boom

Considerando as necessidades estéticas para a realização da fotografia do


curta-metragem Presa, após uma análise criteriosa, foram decididos equipamentos que melhor
transmitisse o objetivo principal do projeto, o qual diz respeito aos estágios psicológicos da
protagonista em relação aos estados da água.

Inicialmente, a câmera escolhida para todos os planos foi a BlackMagic Pocket 4K,
por se tratar de um equipamento versátil que proporciona alta resolução, com presença de
texturas(algo que é necessário para a estética do projeto), além de possuir um corpo compacto
e funcionar muito bem em baixas luzes. Para acompanhar o corpo da câmera, escolhemos a
lente Canon Zoom 28-135mm, principalmente por esta lente ser grande angular e zoom em
uma só, o que propicia a filmagem em ambientes menores até amplas paisagens, podendo
também funcionar como uma lente normal(50mm). Ou seja, é possível registrar com apenas
uma lente qualquer ângulo desejado, desde planos detalhes até planos gerais e/ou abertos.

58
Juntamente com esta lente, no primeiro ato do projeto, utilizaremos também o filtro FOG 3,
que ao ser acoplado a lente, cria um efeito “blur”(esmaecido) na paisagem, ótimo para a ideia
de neblina que buscamos.

Para a iluminação, elegemos como melhor opção cinco fontes principais. A primeira,
o Skypannel Led S120-C, possui alta intensidade para iluminação de ambientes fechados,
sendo possível regular sua intensidade e temperatura de cor, além de ser uma luz homogênea
e de alta cobertura do ambiente. Já a segunda, o Balão Elíptico 6kW de tungstênio cria uma
luz difusa ideal para espaços maiores como o palco do teatro, e também é possível regular sua
intensidade e temperatura de cor, criando uma iluminação natural e uniforme para este
ambiente. Juntamente desta fonte também teremos a luz Maxi Brute 24, a qual consiste em 24
fontes de luz redondas e paralelas, de alta intensidade, que são ideais para criar volume e
contraste, gerando uma leve silhueta no corpo dos atores. Também teremos a Strobe Led
Color 360W, que propicia o efeito estroboscópico de trovão e cria um movimento ritmado no
ambiente. Por fim, para o último ato do curta-metragem, utilizaremos um Holofote Elipsoidal
Led 600W, o qual gera uma luz focada e direcionada para a personagem, não gerando
vazamento de luz, sendo utilizado amplamente em peças teatrais, por sua precisão controlada.
Complementando esta luz, utilizaremos também uma máquina de neblina Haze, a qual ajuda a
demarcar ainda mais o feixe luminoso do holofote.

Em relação a estabilidade da câmera, para planos estáticos e fixos, elegemos o tripé


Sachtler Cine 150, por se tratar de um equipamento de alta estabilidade e mobilidade de eixo,
podendo comportar corpos de câmera diversos e de maior peso. Sua articulação permite a
captação de diversos ângulos, desde superiores até inferiores. Além do tripé, utilizaremos
também um Ligeirinho para captar planos de traveling inferiores, como os pés dos dançarinos
durante o ensaio. Já para câmera na mão, escolhemos o estabilizador Gimbal Movi 5, que
possibilita uma excelente precisão de movimento para cenas de dança, por exemplo, e
também distribui bem o peso da câmera, fazendo com que a imagem se mantenha estável.
Também escolhemos o estabilizador Easyrig Minimax, o qual ajuda na captação de
movimentos sutis, por ser acoplado ao corpo do operador de câmera. Por último, temos
também o estabilizador Spider Rig, que cria uma imagem também estável porém não tão
equilibrada como os outros dois, gerando um efeito mais infrequente, a fim de criar uma
imersão maior do espectador, como se este participasse da cena.

Para rebater as luzes, escolhemos um rebatedor Butterfly 2x2 para as cenas externas,
pois este equipamento favorece a difusão da luz natural no ambiente e cria uma iluminação
orgânica com preenchimento sutil. Já para iluminação controlada e interna, será utilizado um
59
Rebatedor Background 2 em 1, o qual possui um difusor de luz preto e um refletor branco,
ideal para o preenchimento aproximado no rosto dos atores e na filtragem de luz excessiva no
ambiente.

Defesa Criativa e Conceitual Sonora


A construção sonora do curta-metragem Presa é um dos elementos mais importantes
da narrativa. Ele é um dos principais elementos de tensão que a trama possui, e que será
construída com uma trilha sonora original composta por André Cury, que tem como ideia
base brincar entre sons dissonantes e não-harmônicos em diversos momentos, para que a
tensão que está presente desde o início no curta. Claro que outros momentos serão mais
harmônicos, justamente para valorizar a construção da tensão, porém a principal proposta é
que seja uma trilha incomoda.

Outro elemento sonoro que terá um papel importantíssimo na narrativa é a


transformação de sons diegéticos e não diegéticos. Um exemplo seria o som dos dedos do pai
batendo na mesa de madeira na cena 3, que depois se repetirá em outras cenas, como a cena
do abuso, como um som não-diegético associado à negatividade graças a interação entre o pai
e Elena na cena em que ambos interagem. Outro exemplo pode ser o som dos sinos de vento,
que se repetirão em momentos leves, de liberdade, como quando Elena acerta a coreografia
em seu primeiro ensaio. Com isso preenche-se o ambiente de maneira intensa mas não
natural, mantendo a tensão e utilizando o som como elemento narrativo.

7.2.7 Lista e defesa criativa e conceitual de todos os eventuais recursos narrativos


e de componentes de linguagem audiovisual que destoam do live-action

A linguagem visual que as diretoras do projeto almejam, volta-se a estruturas


clássicas, ou seja, elementos como a separação da narrativa por atos - a partir dos estados da
água - sendo estes os seguintes atos:
- Ato I Deriva
- Ato II Mergulho
- Ato III Submersão

Dividindo a narrativa dessa maneira, através de cartelas com os títulos acima mencionados,
evidencia ao espectador como cada ato se trata de algo totalmente distinto um do outro,
evidenciando também passagens de tempo e estados.

60
Como a temática de estudo volta-se para questões de possível gatilho para certos
espectadores, a primeira informação presente na tela será um aviso de conteúdo, alertando
sobre algumas cenas que podem ser vistas como perturbadoras. Logo após, reiterando a
temática do trauma, será apresentado uma citação de Pedro Santi - "O trauma é a ausência da
possibilidade de agir" - o psicólogo entrevistado para a pesquisa.
Após a citação, sem animação, de forma simples e sutil, o título do curta-metragem
Presa irá surgir na tela. Ao final do curta, reiterando novamente a temática de estudo, 4 frases
de conscientização irão aos poucos surgir na tela na seguinte ordem:

No Brasil, apenas 10% dos casos de estupro são denunciados.


89% das vítimas são mulheres.
Em média, a cada 10 minutos uma mulher é estuprada.
E apenas 1% dos estupradores são punidos.

7.3 Apresentação de Storyboard

Incluído no Apêndice

7.4 Cronograma de Produção e Pós-Produção

Incluído no Apêndice.

7.5 Orçamento Completo

Adicionado no Apêndice.

MEMORIAL INDIVIDUAL

Alexandre
Levando em consideração uma temática de tamanha importância que o
curta-metragem Presa busca explorar, a qual se trata das relações abusivas psicológicas e

61
físicas submetidas por um homem contra uma mulher, percebi como a pesquisa bibliográfica
realizada pelos integrantes do projeto ajudou a compreender ainda mais as origens e
motivações de atos abusivos como o estupro.
Em específico no meu caso, por ser do sexo masculino e nunca ter pesquisado a fundo sobre
tal assunto, me senti honrado em participar da concepção de um projeto composto
majoritariamente por mulheres e principalmente de poder me informar academicamente,
através de documentos históricos e atuais, sobre como as práticas abusivas tão presentes em
nosso contexto social podem propiciar a decadência moral, psicológica e física de uma vítima
desta realidade.
Neste aspecto, pude compreender também como se dá o processo de trauma e as
implicações físicas e psicológicas causadas pela dissociação, a qual será explicada
sensorialmente através dos elementos metafóricos dos estados da água. Por estar assinando a
direção de fotografia do projeto, acredito que o maior desafio que encontrei é relacionar tal
metáfora com os elementos imagéticos presentes no curta-metragem, buscando não interferir
na realidade dos outros personagens, focando assim apenas nos processos psicológicos
internos da protagonista. Assim, considerando que os três atos do projeto contemplam
individualmente um estado psicológico da personagem, além de cada ato fazer referência
sensorial a um estado da água(sólido, líquido e gasoso), acredito que a maior dificuldade para
o projeto de fotografia será demonstrar de forma imagética estes estágios, relacionando os
contextos psicológicos resultantes do abuso sexual através de um desenho de iluminação
específico, por exemplo. Por isso, a visita em diversas possíveis locações também foi
necessária, afim de eleger o ambiente que transmita melhor os elementos sensoriais que
buscamos.
Por fim, em relação ao que diz respeito ao processo geral do projeto, tendo em vista
alguns momentos de pouca sintonia e concordância entre os membros do grupo,
principalmente pelos ritmos e rotinas diferentes de cada um, acredito que o dinamismo como
um todo poderia ter sido mais prazeroso e menos desgastante. Porém, apesar destas
dessintonias terem sido fatores negativos para o andamento do projeto, acredito que
conseguimos entregar um ótimo resultado principalmente nos tópicos de pesquisa acadêmica
e de aspectos técnicos como decupagem, concepção artística e um elenco capacitado, algo que
será de extrema importância para o desempenho do curta-metragem nos processos de
produção e divulgação.

62
Camila
O trabalho de projeto experimental busca expor o abuso sexual entre um homem e mulher
em relações íntimas.
A pesquisa aborda como a hierarquia patriarcal influencia diversos ambientes e a forma
como a sociedade lida com a violência do homem para com a mulher, mais especificamente o
meio profissional da dança.
A sociedade, perante a essas situações, de cunho patriarcal tende a abafar abusos nesses tipos
de relacionamentos. O projeto é relevante devido a constância de casos como esse e a pouca
visibilidade que recebem; é atual, necessário e indispensável.
O projeto, para mim, tem sua importância principalmente no tema de pesquisa. Abusos
sexuais em relações de amizade, casamentos e pessoas próximas; algo que é ignorado pelos
que estão em volta dessa violência, algo que deveria ser constantemente abordado e
rechaçado.
O processo começou com o surgimento da história, no momento que foi ouvida recebeu o
aval de todos os integrantes. O plano de tornar um assunto tão importante em um
curta-metragem, de uma forma bonita e impactante, com o uso de uma metáfora para a
dissociação, os estados da água. Assim começamos a fazer a pesquisa para montar a
personalidade dos personagens e dar base a história.
Após o primeiro tratamento de roteiro, as bases sonoras foram incluídas visando a não
inclusão de diálogos e a procura de atores foi fundamentada em dançarinos.
Durante o processo passei por uma adaptação de saúde mental desgastante então o cargo
de produção, que eu ocupava no início do projeto, foi dividido em alguns integrantes do
grupo. As locações, casting, arte e contratação de equipe foram feitas após essa divisão
Com a produção executiva realizei os documentos necessários, cronogramas para a execução
e orçamento do projeto.
O produto tem um ótimo potencial para entrada em festivais após a conclusão, mas o
Projeto Experimental poderia ter sido feito com mais harmonia e leveza.

Marina
O curta-metragem Presa trabalha o tema do abuso sexual de homens contra mulheres
em relações íntimas, tema atual e urgente. Portanto o principal objetivo do projeto é
compreender como o abuso sexual se dá em relações de intimidade, usando de recorte
narrativo o ambiente da dança e a relação entre parceiros. A obra possui relevância justamente
porque a violência contra a mulher é algo comum na sociedade brasileira, algo pouco
debatido .

63
O tema foi atrativo para mim por alguns motivos: o primeiro deriva de crenças
políticas e sociais, das quais acredito que a mudança só ocorre quando o problema é exposto à
sociedade, e que a arte é um ótimo meio de exposição, o outro motivo é pessoal. Eu sou uma
sobrevivente de abuso sexual em uma relação de intimidade e me relacionei com o desejo de
transformar um trauma pessoal em algo além, algo novo que pudesse ser bonito. Minha
paixão pelo projeto foi instantânea.
A primeira etapa do processo como roteirista foi compreender como retratar essa
violência de uma maneira que não abrisse brechas para uma culpabilização da vítima, e esse
caminho foi descoberto com o estudo sobre a dissociação, e como muitas sobreviventes
relataram a sensação de "mergulhar em si mesmas" no momento do trauma. Usando a
dissociação como base, eu e Nathalie dividimos a narrativa em três atos que representam os
estados da água: gasoso, líquido e sólido, e com eles seguimos para demonstrar o que se passa
no interior de nossa protagonista ao sofrer o abuso, e tiramos o abusador do foco.
Depois, já na função de direção, iniciei junto com a Nathalie o processo de
decupagem, no qual ambas trouxemos propostas e debatemos durante três semanas até
encontrar uma decupagem que contemplasse a visão das duas. Depois desse processo, iniciei
a produção do storyboard.
Enquanto isso, eu e Nathalie - que assumimos a produção do projeto devido a questões
do grupo - nos dividimos em funções diversas: buscamos pessoas para participar da equipe,
eu entrei em contato com possíveis locações e agendei visitas técnicas realizadas por mim,
Nathalie, Alexandre e Júlia (assistente de fotografia), e fui atrás de uma companhia de dança
parceria cedendo o corpo de dança para serem os figurantes
Eu acredito muito nesse projeto e vejo que conseguimos uma qualidade boa em seu
resultado final. Porém, dividir funções tão importantes entre apenas duas pessoas causou um
sério desgaste durante o processo, tornando-o exaustivo. Fico orgulhosa de ver o resultado
que atingimos e vejo como um aprendizado em futuros projetos uma escolha melhor de
equipe e divisão de tarefas.

Nathalie
Escrito por mim e Marina, o curta-metragem Presa carrega muitos temas que estão
presentes na minha vida. A dança, as relações, a forma lúdica de olhar para o mundo e
infelizmente a violência contra a mulher também. Toda essa ficção se originou de uma
vivência realista e dolorosa. Sendo assim, levando em consideração meus valores como
artista cineasta, percebi a importância e relevância de se contar essa história, de buscar através
dela, uma forma de conscientizar as pessoas, principalmente os homens, sobre a gravidade de

64
seus atos, ressignificando diversas histórias de diferentes mulheres. A minha grande
dificuldade durante o processo de criação, foi compreender como retratar de forma não
gráfica, a violência contra a mulher, buscando provocar o espectador, de maneira que
atingisse seu sensorial, ocasionando em uma possível reverberação do que foi assistido,
fazendo com que o espectador ainda se sinta conectado com a obra, para além do momento
em que se assista o curta-metragem. Levando o estudo adiante, compreendi a necessidade de
certos signos para atingir o sensorial dos espectadores e assim, ir além da simples exposição
de certas imagens. Os 3 signos escolhidos foram o som, o corpo e a água. O som, pois este é
capaz de puxar o espectador para dentro da obra ocasionando um sentimento de imersão. A
água, pois em seus 3 estados diferentes comunica muitos sentimentos vividos por
sobreviventes de abuso sexual, exemplificado pela dissociação.. E o corpo, que muitas vezes,
comunica muito mais do que a fala. O corpo nunca mente. Pois no final das contas, não é
sobre o que nós dizemos, mas sim, sobre o que nós fazemos. Cada espectador receberá o
curta-metragem da sua maneira de olhar, no entanto, utilizando da semiótica, dos signos, as
autoras com um percurso sensorial, através de convenções presente na vida de todo ser
humano (água, corpo e som), são capazes de adentrar um terceiro campo narrativo, que
carrega em sua estrutura, a busca do despertar de algo no espectador, o incômodo.
Foi enriquecedor o processo, pois, junto de Marina, em concordâncias e discordâncias,
trocando conhecimento e diferentes visões, crescemos muito como profissionais. Com o
propósito de viabilizar essa obra, a busca em nos alinhar, levou para lugares interessantes,
visando a Direção, Produção e Roteiro do projeto: abarcando trabalho escrito, pesquisa,
roteiro, decupagem, escaleta, prancha de referência sonora e imagética, análise técnica, plano
de filmagem, ordem do dia, pesquisa de locação e a visita das mesmas, contato com elenco e
etc. Foi uma troca intensa e de muito conhecimento. Acredito que o cinema implica em
compreender a importância e necessidade de cada um em atividade, tornando todo processo
mais harmônico, com sentido, equilibrado e muito prazeroso de se viver. Estudando o
processo do grupo durante o semestre, acredito que entregamos um trabalho de muita
qualidade, levando como grande aprendizado a importância de estruturar uma equipe com
valores similares aos meus. Ansiosa para a produção!

REFERÊNCIAS

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barato. Uol Ecoa, 2021. Disponível em:
65
<https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/06/12/consumo-consciente-jovem-que-ir
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Católica - PUC-SP, 2013, Mestrado.

COM CORTE NA ANCINE AUDIOVISUAL TERÁ A MENOR VERBA EM SETE ANOS.


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COMO A CRIATIVIDADE E O CONSUMO CONSCIENTE PODEM TRANSFORMAR A


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EM UMA DEMOCRACIA A ARTE POSSUI PLENA LIBERDADE E APOIO DE


PROVOCAR. Justificando, 2017. Disponível em:
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Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo:
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.HOOKS, Bell, O FEMINISMO É PARA TODO MUNDO, 8a edição, editora Rosa dos
Tempos, Rio de Janeiro - RJ.
66
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WEIL, Pierre e TOMPAKOW, Roland, O CORPO FALA - A LINGUAGEM SILENCIOSA


DA COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL, 1a reimpressão, Editora Vozes Ltda, Petrópolis - RJ

KONCHINSKI, Vinicius. Nazismo e xenofobia "surfam" na pandemia e denúncias


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PICHONELLI, Matheus. Em 2021, 900 mil pessoas acessaram material neonazista no


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ESTATÍSTICAS DE GÊNERO - INDICADORES SOCIAIS DAS MULHERS NO BRASIL.


IBGE, 2º edição. Disponível em:
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Acesso em: 23 de Junho, 2022.> Acesso em: 23 de Junho, 2022.

APÊNDICE

67
CRONOGRAMA DE PRODUÇÃO E PÓS-PRODUÇÃO

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DE PRODUÇÃO DO PROJETO EXPERIMENTAL E


DO PLANO DE REDAÇÃO DO TRABALHO ESCRITO

ESCALETA

68
Presa
Marina Fontenelle e Nathalie Susemihl

ATO 1 - DERIVA

1. EXT. JARDIM - MANHÃ


Elena anda e dança por um jardim nublado.

2. INT. CORREDOR DA CASA - MANHÃ


Elena anda pelo corredor com sua mala.

3. INT. COZINHA DA CASA - MANHÃ


Luís e Paula na cozinha. Elena entra na cozinha, com a mala em
mãos, e encontra sua mãe cozinhando e seu pai – Luís – curvado,
sentado na mesa. Quando Luís vê Elena, ele se levanta e sai
irritado. Paula vai até Elena, se despede e entrega seu colar
para a filha. Elena sai pela porta de casa. Luís volta e fecha a
porta na cara de Elena e vai para outro cômodo. Paula fica
sozinha.

4. EXT. RUA DE PEDRA - MANHÃ


Elena caminha e dança pela estrada de terra e mato. Elena quase
quebra a quarta parede. Elena fuma o tabaco. Elena entra dentro
do táxi e vai embora.

ATO 2 - MERGULHO

5. EXT/INT. CARRO - DIA


Chove com força. Elena assiste as gotas da chuva escorrerem pelas
janelas do carro.

6. EXT. CIA DILÚVIO - DIA


Chove com força. Elena sai do carro e vê a entrada da CIA
Dilúvio. Leonardo abre a porta da companhia, os dois se abraçam
na chuva e correm para dentro da Cia.

7. INT. SALA DE ENSAIO - DIA


Elena está na sala de ensaio com Leonardo e outros dançarinos. O
diretor da companhia entra e assiste ao Duo de Elena e Leonardo.

8. INT. SALA DE ENSAIO, JANELA - DIA


Janela molhada. Elena e Leonardo correm na rua, em direção a
porta da Cia.

9. INT. CIA DILÚVIO, CORREDOR - DIA


Elena e Leonardo entram molhados na Cia. Todos correm de um lado
para o outro se preparando para o ensaio geral. Elena e Leonardo
correm para o teatro.

10. INT. TEATRO - NOITE


Os bailarinos ensaiam com o Diretor assistindo. O diretor fica
irritado com o elenco pelas falhas da coreografia. O diretor
grita com o elenco O corpo de baile sai do palco. Elena e
Leonardo começam a rodopiar. Leonardo cai no chão. O diretor
expulsa Elena do palco e humilha Leonardo.

11. INT. CAMARIM - NOITE

69
Elena está no camarim. Leonardo entra no camarim. Elena tenta se
aproximar de Leonardo e Leonardo a estupra. (essa cena é uma
montagem com Elena dentro d'água se afogando)

12.INT. CORREDOR CAMARIM - NOITE


A porta do camarim vai ficando mais distante enquanto se escuta
os grunhidos de Leonardo. Silêncio. Leonardo sai do camarim e
deixa a porta aberta.

ATO 3 - SUBMERSÃO

14. INT. MENTE DE ELENA - NOITE


Um holofote acendendo no meio do palco. Elena é iluminada pela
luz, ela se encontra nua e molhada em estado catatônico. Mãos
cobrem o corpo de Elena. Elena engasga e despenca no chão de
olhos fechados. Elena abre os olhos e quebra a quarta parede

FIM

ROTEIRO

P R E S A

escrito por

Marina Fontenelle e Nathalie Susemihl

70
"AVISO DE CONTEÚDO: ESTE CURTA CONTÊM CENAS QUE OS
ESPECTADORES PODEM CONSIDERAR PERTURBADORAS, INCLUINDO
IMAGENS DE ABUSO SEXUAL"

"O TRAUMA É A AUSÊNCIA DA POSSIBILIDADE DE AGIR"


-Pedro de Santi

"PRESA"

"ATO 1 - DERIVA"

1 - EXT. JARDIM - MANHÃ

O JARDIM está envolto em uma névoa. O céu está encoberto por nuvens,
amanhecendo. O canto dos PASSARINHOS ecoa pela paisagem. As folhas no chão
voam com o vento. ELENA (25) anda pelo jardim e então começa a dançar. Ela
rodopia, salta e se movimenta de maneira livre.

Pendurado em uma árvore, o sino de vento toca.

Após dançar, Elena lentamente volta seu olhar para trás (quase quebra a
quarta parede) respira fundo e anda na direção de uma casa rural.

2 - INT. CORREDOR DA CASA - MANHÃ

Elena atravessa um corredor.

Carrega uma mala em sua mão.

3 - INT. COZINHA DA CASA - MANHÃ

Luís (55), sentado em frente à mesa, segura um cigarro e uma xícara com a
mesma mão. O vapor e a fumaça se misturam. Com a outra mão, bate a ponta
dos dedos sobre a mesa de madeira.

Luís da um gole de seu café e em seguida traga seu cigarro.


Paula (52) está em pé em frente ao fogão. Paula quebra um ovo e joga na
frigideira.

Paula coloca a chaleira para esquentar. A chaleira ecoa seu som.

Elena desliza lentamente seus dedos no batente da porta e ENTRA com a mala
na mão.

Paula se vira para sua filha Elena e sorri, depois olha para Luís.

Luís não olha para Elena e acaba o restante de seu café. Elena aproxima-se
de Luís.

Luís rapidamente se levanta, apaga seu cigarro no cinzeiro e sai.

Paula e Elena se olham. Elas se assustam o som da porta sendo fechada com
força por Luís.

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Paula caminha em direção a Elena e levanta o queixo da filha com cuidado.

Paula acaricia o rosto da filha que olha para ela com os olhos marejados.

Paula sorri com os dois cantos da boca e respira fundo.

Elena tomba a sua cabeça sobre a palma da mão de sua mãe, como um pequeno
filhote. Paula aperta carinhosamente as bochechas da filha, toca na ponta
do seu nariz e da um beijo rápido em sua testa. As duas se olham.

Paula tira seu colar do pescoço e coloca-o no pescoço da filha.

Elena sorri. Paula sorri. As duas estão com os olhos marejados.

Elena pega sua mala sob o olhar da mãe.

Elena respira fundo e SAI pela porta da cozinha com a mala na mão. Paula
acompanha Elena até a metade do caminho, mas para ao chegar na porta.

Elena olha uma última vez para sua mãe.

Do corredor Luís retorna, interrompe o momento das duas e fecha a porta. A


Mãe o observa parada. Lentamente seu sorriso se desmancha.

Luís desvia o olhar de Paula e sai de volta para o quarto. Paula fica
parada, sozinha. Paula sente o cheiro de queimado do ovo, vai até o fogão
e coloca a frigideira na pia.

Paula liga a torneira. O vapor d'água sobe do contato da água


fria com a frigideira quente. Paula se apoia na pia e
despenca a cabeça.

O cigarro de Luís continua queimando apoiado no cinzeiro.

4 - EXT. RUA DE PEDRA - MANHÃ

Uma rua de pedra rodeada por mato. Sobre a rua paira uma névoa.

Elena caminha e dança pela estrada de pedras com sua mala na


mão. Elena caminhando, vai se tornando cada vez menor por
conta da distância que percorre.

Elena abaixa-se e tira do sapato um tabaco. Elena coloca o tabaco em sua


boca e se levanta. Elena acende o tabaco e traga com força. Elena solta a
fumaça com os olhos fechados.

Elena fuma seu tabaco. Elena está inquieta mexendo em seu


colar.

Elena para de andar. Elena começa a virar seu pescoço para


olhar para trás (quase quebra a quarta parede).

Elena vê o Taxi se aproximando, ela apaga o tabaco na sola do pé e joga a


bituca no chão.

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O Taxista estaciona o carro um pouco mais a frente de Elena.

Elena entra no taxi com sua mala, sair solta fumaça do


escapamento.

A fumaça do tabaco paira no ar.

"ATO 2 - MERGULHO"

5 - EXT/INT. CARRO - DIA

Chove forte. O carro passa pela rua. As gotas d'água escorrem pela janela.
O motorista liga o rádio.

Os dedos de Elena seguem o desenho das gotas da chuva.

6 - EXT. CIA DILÚVIO - DIA

Chove intensamente.

O carro estaciona em frente à Companhia de Dança. Visto através do vidro,


o rosto de Elena está transfigurado pela água que escorre.

Elena desce do carro e pisa numa poça.

O carro vai embora.

De mala na mão, embaixo da chuva, Elena olha em direção a placa do prédio


enorme: "Companhia Dilúvio". Elena treme o queixo e bate os dentes de
frio, sem coragem para entrar.

A porta da Companhia de Dança é grande e escura. Na frente da porta, uma


escadaria de cimento com degraus largos. A porta da Cia. se abre e
LEONARDO (26) aparece.

Leonardo e Elena se olham. Leonardo corre na direção de Elena.

Leonardo faz cócegas em Elena e bagunça seu cabelo. Elena o empurra,


sorridente.

Leonardo pega a mala de Elena e caminha em direção à porta. Elena olha


carinhosamente para ele, sai de seu "transe" e o segue.

Elena e Leonardo entram no prédio da Cia.

A porta da Cia. se fecha.

7 - INT. SALA DE ENSAIO - DIA

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Chove forte lá fora. A sala está barulhenta. Bailarinos se distribuem no
espaço e organizam seus pertences.

Elena está sentada afastada do restante do elenco. Elena está descalça,


com collant, shorts, meia calça e um lenço.

O elenco reunido observa Elena. Dois bailarinos cochicham entre si olhando


para ela. Dois outros bailarinos dão risadas altas.

A porta da sala de ensaio se abre e Leonardo ENTRA.

O barulho do ambiente aumenta com a chegada de Leonardo. Dois bailarinos


pulam brincando em sua direção. Um dos bailarinos cumprimenta o Leonardo
com tapinhas nas costas e o outro com um tapa na bunda. Leonardo ri e
empurra o amigo.

Leonardo olha para Elena, que retribui o olhar.

Leonardo vai em direção a ela, mas CLARA (20) o intercepta.

Clara flerta com Leonardo. Leonardo olha Clara dos pés a


cabeça, sorrindo.

Leonardo pede licença e segue em direção a Elena.

Leonardo oferece sua mão para ela se levantar. Elena sorri e aceita.
Leonardo a abraça com intimidade. Elena ri e carinhosamente retribui o
abraço. O elenco observa os dois.

A porta da sala de ensaio SE ABRE com força. ANDREZ (50), o diretor da


companhia, ENTRA na sala de ensaio. Os bailarinos ficam em silêncio e
prontamente se distribuem pelo espaço.

O Diretor examina a turma.

Leonardo vai até o Diretor.

Elena olha os dois conversando.

O Diretor olha para Elena.

O Diretor se aproxima de Elena e coloca a mão nas suas costas


direcionando-a para o centro da sala. Os dedos do Diretor acariciam as
costas de Elena. Elena fica com a pele arrepiada. Elena engole seco.

Os outros bailarinos saem do centro do palco, cochicham entre si e reviram


os olhos.

DIRETOR
Shhhhhhh.

O elenco fica em silêncio.

O diretor se posiciona em frente a Leonardo e Elena, dividindo o meio.


Leonardo olha para Elena e sorri. Elena sorri de volta. O diretor sinaliza
para que comecem.

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Leonardo e Elena dançam de maneira sincronizada. Eles respiram na mesma
velocidade e não desgrudam o olho um do outro.

Leonardo toca diretamente na pele dela: pescoço, rosto, ombros e braços.


Os dois respiram de forma ofegante.

A coreografia termina com Elena suspensa por Leonardo. Eles


se olham fixamente. O suor dela pinga sobre o rosto dele.

SOM DE TROVÃO.

8 - INT. SALA DE ENSAIO, JANELA - DIA

Chove intensamente do lado de fora. As gotas escorrem pelo vidro da


janela. Elena e Leonardo, dividindo um guarda-chuva, correm desengonçados
do lado de fora em direção a porta da Cia.

9 - INT. CIA DILÚVIO, CORREDOR - DIA

Elena e Leonardo ENTRAM na Cia. Leonardo apoia o guarda-chuva no apoiador.


Elena se abaixa e tira seu sapato. As pessoas andam de um lado para o
outro com figurino em mãos, pranchetas, tecidos, maquiagens e
equipamentos.

Leonardo caminha em direção ao quadro geral e Elena o segue.

Os dois olham o cronograma do dia. Leonardo coloca o dedo sobre o papel


que consta escrito "ensaio geral", ele desliza o seu dedo até a palavra
"Teatro".

Leonardo e Elena correm em direção ao teatro.

10 - INT. TEATRO - NOITE

Andrez, o diretor, está em pé em frente à platéia vazia. Ele bate com uma
caneta sobre seu caderninho de anotações. Ele toma um gole d'água e coloca
o copo de vidro ao seus pés.

A música começa.

Elena e Leonardo saem juntos da coxia e param no centro do palco. Os dedos


de Leonardo roçam na mão de Elena. Eles se olham e começam a dançar.

O diretor observa o duo.

Clara observa o duo da coxia.

O elenco entra no palco.

MONTAGEM
A. O Diretor abre as pernas, cruza os braços e se apoia no banco.

B. Os bailarinos dançam e o diretor observa. Alguns bailarinos se


atrapalham e se trombam em cena.

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C. O Diretor se levanta e joga seu caderno e caneta no chão.

D. A falta de sincronia é tamanha que Leonardo se desconcentra.

E. O Diretor se senta irritado. O Diretor pega o copo d'água no chão.

F. Leonardo se desequilibra e solta Elena, que estava em seus braços.

G. O Diretor se levanta e JOGA o copo d'água no chão que se estilhaça.

FIM DA MONTAGEM

A música para.

Todos os bailarinos param, ofegantes e suados.

O Diretor sobe ao palco com passos lentos e pesados. Ele olha para o coro
e aponta para a coxia. Os membros do coro saem rapidamente do palco,
murmurando entre si.

O Diretor manda Leonardo e Elena se posicionarem e começa a bater palmas


ritmadas.

No ritmo das palmas, Leonardo e Elena começam a girar em piruetas. Elena e


Leonardo rodam sem parar até que ele fica tonto e cai no chão.

Elena corre para ajudar o amigo, mas o Diretor a intercepta ea expulsa,


apontando para a coxia. Elena estanca, mas obedece à contragosto e vai
lentamente em direção ao camarim.

Por sobre o próprio ombro, ela vê Leonardo derrotado, ainda no chão, na


mesma posição, com respiração ofegante. O diretor ronda Leonardo, que não
consegue encará-lo nos olhos..

Seu rosto pinga suor, seu cabelo grudado em sua pele. O diretor ronda
Leonardo, que não consegue encará-lo nos olhos…

Elena limpa uma gota de suor que escorre por seu rosto e olha uma última
vez para Leonardo.

Ela vê que o Diretor cospe em Leonardo, e ele percebe que ela viu.

Elena assustada, sai rapidamente.

11 - INT. CAMARIM - NOITE

A porta do camarim está aberta.

Elena ajeita sua maquiagem e cabelo em frente ao espelho. Leonardo ENTRA


coberto de suor e ofegante, escondendo seu rosto. Elena olha para Leonardo
mas ele não retribui o olhar.

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Elena se aproxima, mas ele se esquiva. Ela finalmente consegue pegar o seu
braço de Leonardo que rapidamente desvencilha e agarra o pulso de Elena.

Ela puxa o pulso, se livrando do aperto de Leonardo.

Leonardo abraça Elena, arrependido.

Leonardo e Elena, no abraço, começam a respirar de forma ofegante. Eles se


olham.

Elena sorri carinhosamente.

Leonardo avança para beijá-la.

Elena, pêga desprevenida, vira o rosto e tenta se afastar.

MONTAGEM METAFÓRICA - AFOGAMENTO DE ELENA

A. No CAMARIM, Leonardo insiste no beijo. Com mais força.

B. Elena cai nua dentro de um grande vazio de ÁGUA.

C. No CAMARIM, Elena empurra Leonardo.

D. Elena se debate tentando não se afogar.

E. No CAMARIM, Leonardo avança contra Elena.

F. Elena debate-se ainda mais forte, tentando não se afogar.

G. No CAMARIM, Leonardo puxa o cabelo de Elena e quebra o


colar da Paula.

F. Elena começa a perder a consciência.

G. No CAMARIM, Leonardo toca em várias partes do corpo de


Elena.

H. Elena afunda na água.

I. Elena contra a parede, tem seu corpo pressionado pelo


corpo de Leonardo. Elena entra em estado catatônico.

12 - INT. CORREDOR CAMARIM - NOITE

O corredor está vazio.

A porta do camarim está fechada.

É possível ouvir os GRUNHIDOS de Leonardo. Leonardo grunhe


incessantemente.

Os grunhidos de Leonardo param.

77
A porta do camarim se abre e Leonardo sai subindo sua calça, com os olhos
no chão.

Leonardo deixa a porta aberta e sai.

13 INT. ÁGUA - NOITE

Elena paralisada, se encontra em posição fetal, à deriva no fundo da água.


O corpo de Elena gira, como num redemoinho.Tudo ao redor está escuro.

Aos poucos, Elena vai afundando e se tornando cada vez menor.

CORTE SECO

"ATO 3 - SUBMERSÃO"

14. INT. MENTE DE ELENA - NOITE

FADE IN

Um holofote branco se acende repentinamente, revelando Elena de pé,


sozinha. Elena está encharcada, nua e branca como uma estátua de gelo,
cobrindo as partes íntimas.

Em volta de seus pés tem uma poça d'água. Os pelos de Elena estão
totalmente arrepiados.

Várias mãos emergem do escuro e começam a tocar e manipular diferentes


locais do corpo de Elena que reage de forma letárgica aos toques
agressivos.

Elena sozinha, permanece em estado catatônico.

Diferentes mãos cobrem todo corpo de Elena, que está trêmulo. Escorre água
da boca de Elena. Elena engasga. Somente o rosto de Elena fica descoberto.

Elena levanta a cabeça e ergue o olhar vidrante em uma tentativa de


respirar.

Todas as mãos saem do corpo de Elena.

Elena cai no chão com os olhos fechados. Elena abre os olhos


(Elena quebra a quarta parede).

O holofote se apaga.

FADE OUT
FADE IN

"No Brasil, apenas 10% dos casos de estupro são denunciados."

"89% das vítimas são mulheres."

"Em média, a cada 10 minutos uma mulher é estuprada."

"E apenas 1% dos estupradores são punidos."

78
"Ficha Técnica e Agradecimentos"
10.

“Eternamente não é o que dura pra sempre,


mas sim o que dura um segundo e é capaz
de marcar tão fundo, que se faz
impossível de esquecer"
- Carlos Drummond de
Andrade

FIM

STORYBOARD -

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ORÇAMENTO

107
ORÇAMENTO - PRESA

QNTDE QNTD VALOR


ITEM DESCRIÇÃO DOS ITENS UNIDADE TOTAL
DE UNID E ITEM UNITÁRIO

1 0
PRÉ-PRODUÇÃO

1.1 0
Equipe

2 0
Roteirista 0,00

2 0
Diretor 0,00

1 0
Diretor de Fotografia 0,00

1 0
Produtor Executivo 0,00

2 0
Produtor 0,00

1 0
Direção de Som 0,00

Assistente de Produção
1 0
Executiva 0,00

2 0
Direção de Arte 0,00

2 0
PRODUÇÃO

2.1 28 0
EQUIPE

1 projeto 2 0
Direção 0,00

1 projeto 2 0
Assistente de Direção 0,00

1 projeto 1 0
Produtor Executivo 0,00

Assistente de Produção
1 projeto 1 0
Executiva 0,00

108
1 projeto 1 0
Preparação de Elenco 0,00

1 projeto 2 0
Produtor de Set 0,00

1 projeto 2 0
Assistente de Produtor de Set 0,00

1 projeto 2 0
Maquiagem e Cabelo 0

1 projeto 1 0
Figurinista 0

1 projeto 1 0
Diretor de Fotografia 0,00

1 projeto 3 0
Assistente de Fotografia 0,00

1 projeto 1 0
Direção de Som 0,00

1 projeto 1 0
Som Direto 0,00

1 projeto 2 0
Diretor de Arte 0,00

1 projeto 2 0
Assistente de Direção de Arte 0,00

1 projeto 1 0
Continuista 0,00

1 projeto 1 0
Coreógrafo 0

1 projeto 2 0
Making Off 0,00

2.2 100
ELENCO PRINCIPAL

1 projeto 1 0
Eugênia Granha 0

1 projeto 1 100
André Torquato 100,00

2.3 0
ELENCO SECUNDÁRIO

109
1 projeto 1 0
Lissandro Di Prospero 0

2.4 0
ELENCO DE APOIO

conseguimos
1 projeto 1 0
Sandra Corvelone de graça

1 projeto 1 100
Zé Henrique de Paula 100

conseguimos
1 projeto 1 0
Larissa de graça

2.5 0
FIGURAÇÃO

1 projeto 10 0,00
Dançarinos 0,00

2.6
LOCAÇÃO

1 diária 1 0
Jardim 0,00

1 diária 1 0
Cozinha 0,00

1 diária 1 0
Rua 1 0,00

1 diária 1 0,00
Calçada 0,00

1 diária 1 0
Fachada Cia. 0,00

1 diária 1 0
Carro 0,00

1 diária 1 560
Sala de ensaio 560,00

1 diária 1 500
Corredor Cia. 500,00

1 diária 1 480
Camarim 480,00

1 diária 1 400
Palco 400,00

110
1 diária 1 600
Teatro 600,00

1 diária 1 0,00
Corredor Casa 0,00

2.7
EQUIPAMENTOS

conseguimos
10 diária 1 0
Blackmagic de graça

conseguimos
10 diária 1 0
Lente Cannon Zoom (28-135) de graça

conseguimos
10 diária 1 0
Gimbal Movi M5 de graça

10 diária 1 870
Filtro ND Série 3 87

conseguimos
10 diária 3 0
Skypanel LED S120 de graça

10 diária 2 900
Rebatedor Background 2 em 1 45

Aranha
diária 1 0
3 0

Led Portátil diária 1 450


3 150

conseguimos
diária 1 0
Strobe LED Collor 360W 3 de graça1

conseguimos
diária 1 0
Trilho Slider ED 360 3 de graça

diária 1 81
Balão Halogêno 1 81

diária 1 300
Luz Maxibrute 24 2 150

diária 1 141
Holofote Elipsoidal 1 141

Máquina de fumaça Haze diária 1 300


2 150

2.8 0
ALIMENTAÇÃO

111
conseguimos
10 diária 27 0
Alimentação equipe de graça

conseguimos
10 diária 1 0
Elena de graça

conseguimos
5 diária 1 0
Leonardo de graça

conseguimos
diária 0
Paula 1 1 de graça

conseguimos
1 diária 1 0
Luís de graça

conseguimos
3 diária 1 0
Andrez de graça

conseguimos
3 diária 0
Clara 1 de graça

conseguimos
3 diária 0
Dançarinos 10 de graça

2.9 0
TRANSPORTE

3 diária 1 0
Van Figuração 0

10 diária 1 0
Carro Equipamentos 0

10 diária 1 0
Carro Elenco 0

10 diária 1 0
Van Equipe 0

10 diária 1 0
Carro Produção 0

3 0
PÓS-PRODUÇÃO

3.1 0
EQUIPE

1 projeto 2 0
Diretor 0,00

1 projeto 1 0
Direção de Som 0,00

112
1 projeto 2 0
Produtor 0,00

1 projeto 1 0
Produtor Executivo 0,00

1 projeto 1 0
Editor/montador 0,00

1 projeto 1 0
Assistente de edição 0,00

1 projeto 1 0
Editor de som 0,00

1 projeto 1 0
Assistente de som 0,00

1 projeto 1 0
Finalizador 0,00

1 projeto 1 0
Trilha Sonora 0

TOTAL GERAL DE PRODUÇÃO:


4,641

ANEXOS

Link Decupagem

Link Ordem do Dia

Link Ficha Técnica

Link Análise Técnica

113
Link Plano de Filmagem

114

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