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ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES

NA CONTEMPORANEIDADE:
DIFERENTES PERSPECTIVAS,
DIVERSIDADES, ASPECTOS
ÉTNICOS E CULTURAIS

Autoras
Cristiane de Freitas Cunha Grillo
Carmen Maria Raymundo
Luiza Buzgaib Martins

Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
DE ADOLESCENTES E JOVENS

ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES
NA CONTEMPORANEIDADE:
DIFERENTES PERSPECTIVAS,
DIVERSIDADES, ASPECTOS
ÉTNICOS E CULTURAIS

Autoras
Cristiane de Freitas Cunha Grillo
Carmen Maria Raymundo
Luiza Buzgaib Martins

Organizadoras
Rita Maria Lino Tarcia
Sílvia Helena Mendonça de Moraes
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Grillo, Cristiane de Freitas Cunha


Adolescências e juventudes na contemporaneidade
[livro eletrônico] : diferentes perspectivas,
diversidades, aspectos étnicos e culturais /
Cristiane de Freitas Cunha Grillo, Carmen Maria
Raymundo, Luiza Buzgaib Martins ; organização Rita
Maria Lino Tarcia, Sílvia Helena Mendonça de Moraes,
Débora Dupas Gonçalves do Nascimento. -- Campo
Grande, MS : Fiocruz Pantanal, 2023.
PDF

Bibliografia.
ISBN 978-85-66909-40-1

1. Comunidade e etnia 2. Cultura - Aspectos


sociais 3. Diversidade 4. Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) 5. Jovens - Aspectos sociais
6. Jovens - Direitos I. Raymundo, Carmen Maria.
II. Martins, Luiza Buzgaib. III. Tarcia, Rita Maria
Lino. IV. Moraes, Sílvia Helena Mendonça de.
V. Nascimento, Débora Dupas Gonçalves do. VI. Título.

23-144533 CDD-362.21
Índices para catálogo sistemático:

1. Adolescentes : Política de saúde mental :


Bem-estar social 362.21

Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415


© 2022. Fundo das Nações Unidas para a Infância – Coordenação de Educação da Fiocruz MS Autoras
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Vice- coordenadora de Educação Cristiane de Freitas Cunha Grillo
Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, Luiza Buzgaib Martins (co-autora)
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Fiocruz MS Ewângela Aparecida Pereira Revisor
Jislaine de Fátima Guilhermino
Davi Bagnatori Tavares
Coordenadora
SUMÁRIO

Apresentação do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
CONCEITUANDO ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
TRABALHO E JUVENTUDES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
E QUANDO A VIOLÊNCIA VEM DE ONDE ESPERAMOS PROTEÇÃO? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
JUVENTUDES E TERRITÓRIOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
SEXUALIDADES, GÊNEROS E AFETOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
JOVENS COM DEFICIÊNCIA, DIREITOS E EQUIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: DISCUTINDO MATERNIDADES E PATERNIDADES JUVENIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
CONVERSANDO SOBRE FAMÍLIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
ADOLESCÊNCIAS E JUVENTUDES: SINGULARIDADES E DIVERSIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Encerramento do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Minicurrículo das autoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Material de apoio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

apresentação do módulo
As adolescências e as juventudes brasileiras vêm con- de fundo que influencia a adoção de suas práticas cotidianas.
quistando um novo olhar nas últimas décadas. A Constituição Se pensarmos nos jovens do século XXI, podemos constatar
de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, que eles vivem em um mundo globalizado, mas com profun-
1990), o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013) e a definição das desigualdades sociais. Conforme vimos no caso comple-
dos instrumentos legais de proteção a essa população repre- xo, a condição juvenil pode ser vivida de forma desigual e di-
sentam grandes avanços para o reconhecimento e a garantia versa, ainda que em um mesmo território, devido a diferenças
dos direitos juvenis. Indicam a necessidade de compreensão de raça, etnia, gênero, orientação sexual, inserção no mercado
das diversidades desses grupos populacionais e a criação de de trabalho, configurações familiares etc.
condições necessárias para a plena realização de suas poten-
cialidades. Nesse contexto, existem situações diferenciadas de
vulnerabilidade juvenil. Não podemos, portanto, homogenei-
Neste módulo, abordaremos alguns dos principais te- zar a categoria juventude. Em cada tempo e lugar, fatores his-
mas que envolvem as juventudes contemporâneas e que de- tóricos, estruturais e conjunturais determinam as vulnerabilida-
verão ser considerados pelas equipes multidisciplinares nas des e as potencialidades das juventudes.
intervenções realizadas em muitos contextos por diferencia-
dos setores. Assim, é fundamental refletir sobre questões ligadas
às novas configurações familiares, às identidades de gênero e
Convidamos você a conhecer as histórias de três jo- orientações sexuais, às violências, à desigualdade de direitos
vens moradores de um mesmo território e protagonistas de di- e oportunidades, à gravidez na adolescência, ao trabalho, en-
ferentes trajetórias. Por meio dessas narrativas, reafirmamos o tre tantos outros aspectos.
entendimento das adolescências e das juventudes como pro-
cessos complexos, plurais e heterogêneos de emancipação.
A pluralidade do conceito de adolescência abrange as pecu- Você considera
liaridades existentes nas várias regiões do país, nos territórios possível pensar em
rurais e urbanos, assim como nos diferentes gêneros, raças, um único jeito de
etnias e classes sociais. ser adolescente?

De acordo com Novaes (2007), os modos de vida pro-


Fonte: Freepik
porcionados à juventude em nossa sociedade criam o pano
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

Falamos em adolescências e juventudes no plural por


considerarmos a diversidade dessas experiências no Brasil. Se
Saiba mais
a puberdade é um fenômeno biológico e universal, as adoles- Despertou seu interesse em conhecer
cências e juventudes são experiências sócio e culturalmente mais sobre a puberdade? Siga explorando
construídas. O que você pensa sobre ser adolescente e jovem o tema Saúde do adolescente, clicando no
em uma cidade grande, em um município pequeno, na zona ícone ao lado. Esse e-book trata da saúde
rural, nas comunidades indígenas, quilombolas etc.? Você co- de adolescentes e aprofunda as questões
nhece adolescentes e jovens que vivem essas experiências sobre puberdade e adolescência. clique e
acesse
diversas?
Iremos abordar também as adolescências e juventu-
Neste módulo, falaremos também da puberdade, que des, sempre no plural, porque são muitas experiências e muito
invade o corpo da criança, provocando às vezes um sentimen- diversas. Raça, etnia, gênero, orientação sexual, território etc.
to de estranheza. O conceito de puberdade está ligado às mo- marcam profundamente cada adolescência e juventude.
dificações hormonais que podem começar a partir dos oito
Para falar de adolescentes e jovens, é fundamental fa-
anos nas meninas e nove anos nos meninos e provocam au-
lar das famílias e dos territórios. Vamos indicar algumas leitu-
mento das mamas, dos pelos, dos testículos e do pênis. Nes-
ras, filmes, músicas, entre outros materiais, ok? Veja na lista de
sa fase, o crescimento acelera – é o que chamamos estirão da
referências o que você vai ler, ver ou ouvir!
puberdade.

Vamos pensar em quantas famílias diferentes umas das


Nesse momento, ocorre, também, um intenso proces-
outras você conhece? E em quantos lugares e modos de viver
so de maturação cerebral. Até o século passado, acreditava-se
existem?
que o cérebro finalizasse seu processo de desenvolvimento
aos 10 anos de idade. Hoje, sabemos que isso acontece além
Agora que você já conhece os rumos da nossa prosa,
do período definido como adolescência, especialmente a
fica uma dica: cada adolescente ou jovem é único! As receitas
possibilidade de controlar os impulsos e de planejar decisões.
prontas não dão conta da singularidade das pessoas. Por esse
motivo, nossa proposta é de conversarmos e trocarmos ideias,
não fornecer um guia de como você deverá atuar.

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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

Estamos juntos aprendendo a melhor forma de nos


aproximarmos dos adolescentes e jovens. Você concorda
que, na hora de “se abrir”, é necessário escolher bem com
quem falar?

Sabemos da importância de uma escuta atenta, inte-


ressada e desprovida de preconceitos. A lealdade e a possibi-
lidade de compartilhar segredos e dúvidas são fundamentais.
Nas sociedades contemporâneas, as pessoas experimentam
novas formas de relacionamento por meio das redes sociais e
de outras tecnologias de comunicação, tanto no mundo real
como no virtual. Estar junto dos adolescentes e dos jovens é
reconhecer o potencial criativo e a pujança de vida e, acima de
tudo, não menosprezar as questões que os preocupam e que
lhes trazem sofrimento.

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CONCEITUANDO ADOLESCÊNCIAS Existem diferentes definições de adolescência e juventu-


de, mas é importante ressaltar que o entendimento da adoles-

E JUVENTUDES cência enquanto um período particular da vida, situado entre a


infância e a vida adulta, é recente na história da humanidade. O
conceito de adolescência é cultural, pois a forma como cada so-
Por falar em adolescentes e jovens, que tal conceituar- ciedade interage com os jovens é particular e está inserida em
mos ADOLESCÊNCIA e JUVENTUDE? contextos socioculturais e históricos. Nesse sentido, é importan-
te lembrar que a categoria adolescência emerge no século XIX,
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007), quando há uma importante mudança na sociedade: a passagem
a adolescência vai dos 10 aos 20 anos incompletos. Já de uma experiência coletiva para o fortalecimento do espaço
no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. privado e da família. Esse movimento inspirou a necessidade de
8069, de 1990, ela inicia aos 12 e termina aos 18 anos. proteger as crianças e os jovens e deu destaque aos colégios
Pelo Código Civil Brasileiro, atinge-se a maioridade aos 18 como instituições essenciais da sociedade. Crianças e adoles-
anos, entretanto é permitido votar a partir dos 16 anos. centes passaram a frequentar as escolas, destinadas a indivíduos
de 10 a 25 anos, sob a influência de especialistas adultos e práti-
Na atualidade, o Estatuto da Juventude (BRASIL, 2013) cas pedagógicas que enfatizavam a formação moral, religiosa e
oficializou a juventude como categoria que congrega pessoas intelectual.
com idades entre 15 e 29 anos. A Política Nacional de Juventude
(BRASIL, 2006) considera adolescentes-jovens pessoas entre 15 Esse grupo populacional apresenta um padrão de mor-
e 17 anos, jovens-jovens as pessoas que estão entre 18 e 24 anos bimortalidade – isto é, de adoecimento e morte – com caracte-
e jovens-adultos as que estão entre 25 e 29 anos. rísticas específicas. Apesar das diferenças observáveis entre os
diversos países, entre as Regiões do Brasil, estados, municípios
e suas culturas locais, podemos dizer que, em linhas gerais, os
jovens adoecem e morrem por causas externas e evitáveis. Será
que nossos serviços têm atentado para essa particularidade? Se
sim, como alcançar a juventude com vistas à prevenção desses
agravos e promoção de suas condições de vida?

Fonte: Freepik

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Você já havia pensado sobre isso? Em seu cotidiano, você


conhece jovens que adoeceram ou morreram devido a causas
externas1 (acidente, homicídio, suicídio, enchente, afogamento,
envenenamento etc.)? Você já participou de algum movimento
organizado para a promoção da saúde e prevenção de agravos?

Ainda sobre as causas externas de mortalidade entre os


jovens, os acidentes de trânsito relacionados com o trabalho
têm, atualmente, uma taxa alta de ocorrência. Você já pensou na
relação entre trabalho e acidentes de trânsito? É sobre o que va-
mos conversar a seguir.

1 Sobre a morte juvenil por causas externas, o Atlas da Violência tem sido um referencial importante. Na seção sobre violências e
juventudes, apresentaremos os dados mais recentes.
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TRABALHO E JUVENTUDES
Já reparou como na paisagem contemporânea tem sido
muito comum nos depararmos com adolescentes e jovens em
motocicletas, bicicletas e até mesmo a pé carregando mochilas
de entrega? Na verdade, ainda conhecemos pouco seus cotidia-
nos de trabalho, possíveis situações de risco à saúde e, em es-
pecial, de que forma interpretam o trabalho e a si mesmos como
trabalhadores.

Proposição ?
Você avalia que o trabalho possa ter implicações na saúde
juvenil? Você já pensou que existe uma possível relação en-
tre a experiência de trabalho na adolescência e na juventude
e o aproveitamento escolar, a necessidade de tempo livre e a
convivência familiar e comunitária?

Feedback positivo: Feedback orientador:


A realidade do trabalho juvenil ilustra que, apesar dos direitos Uma maior aproximação com a diversidade dos universos ju-
assegurados pelo arcabouço jurídico-legal, ainda são pou- venis no Brasil tem no tema trabalho uma mediação da maior
cos ou inexatos os dados conhecidos acerca da ocorrência importância, pelos possíveis impactos originados por esta
de doenças e acidentes de trabalho neste grupo populacio- experiência, na qualidade de vida deste grupo populacional.
nal, assim como das situações de risco à saúde às quais as É fundamental aferir se os jovens com os quais trabalhamos
pessoas desse grupo estão expostas durante as experiên- estão inseridos em atividades de trabalho.
cias de trabalho de que participam.

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De acordo com Novaes (2007), ser jovem é viver uma con- Conforme vimos nas histórias de José Ribamar e de seus
traditória convivência entre as normas e valores familiares e sociais amigos, apesar de a Lei no 12.009 (BRASIL, 2009) regulamentar
e, ao mesmo tempo, grandes expectativas de emancipação. Os serviços como mototaxista e motoboy, sabemos, pelo Ministério
jovens do século XXI vivem uma experiência geracional em co- da Saúde (GIANNINI, 2018), que os motoboys são os que mais
mum e historicamente inédita: a aceleração da globalização e o sofrem acidentes. Porém, esses acidentes, que por vezes trazem
agravamento das desigualdades. Assim, as características do tem- consequências sérias, não são considerados acidentes de tra-
po contemporâneo compreendem: as mudanças tecnológicas do balho, e sim acidentes de trânsito. Esse fato mascara quanto as
mundo do trabalho (mutante e restrito), maior violência simbólica e formas de trabalho contemporâneas podem representar riscos
física, além da evidência dos riscos ecológicos. Esses marcadores à saúde juvenil, assim como a ausência de direitos trabalhistas e
relacionam-se com a vivência contemporânea juvenil, caracteriza- previdenciários (RAYMUNDO; VEIGA, 2013). Orientações impor-
da por múltiplas entradas e saídas do mundo do trabalho e da es- tantes sobre essa temática podem ser encontradas no Módulo
cola. Temos uma juventude com escolaridade cada vez maior em de autoaprendizagem sobre Saúde e Segurança no trabalho In-
relação às gerações anteriores, mas, por outro lado, o mundo do fantil e Juvenil, organizado pela Organização Internacional do
trabalho não tem correspondido a esse novo patamar de escolari- Trabalho (2007).
dade. Isso tem gerado entre os jovens o medo “de sobrar”.

Saiba mais
Esse contexto tem significado, sobretudo, para jovens
Vamos ver um curta que aborda o cotidiano,
das camadas populares, jovens negros, jovens LGBTQIA+
as dificuldades, os medos e os sonhos de mo-
e mulheres, que habitualmente se inserem precocemente
toboys que circulam na cidade de São Pau-
no mundo do trabalho informal e sem garantia de direitos.
lo? Clique no ícone, faça seu cadastro e assis-
ta ao vídeo. Nele é possível identificar alguns clique e
acesse
problemas apresentados em nosso caso de
estudo: os acidentes, a ausência de direitos, a violência a
que estão submetidos e o preconceito. Os acidentes de
trabalho não são as únicas causas externas de morbimor-
talidade entre os jovens. Há também uma preocupação
muito elevada com a violência, assunto que merece nossa
atenção e que iremos agora saber um pouco mais!

Fonte: WikiMedia
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E QUANDO A VIOLÊNCIA VEM Violência Subjetiva -


Para ele, a violência subjetiva é aquela exercida pelos
DE ONDE ESPERAMOS PROTEÇÃO? agentes sociais, pelos indivíduos maléficos, pelos aparelhos re-
pressivos do Estado e pelas multidões fanáticas. A violência sub-
jetiva, por ser mais facilmente identificada, pode desviar a aten-
Nos relatos dos jovens, também chamaram a atenção al-
ção das outras formas de violência que estariam acontecendo.
guns episódios de violência perpetrados por agentes públicos.
Você sabia que existe um conceito para nomear essas situações?
Violência Objetiva -

Estamos falando da violência institucional, que pode A violência objetiva se divide em duas modalidades: vio-
ser observada nas práticas discriminatórias em razão de diferen- lência sistêmica e violência simbólica. A violência sistêmica, apoia-
ças de território, gênero, raça, etnia, orientação sexual e religião, da pelas relações sociais, políticas e econômicas, sustenta laços
que são terreno fértil para a ocorrência desse tipo de violência. de dominação e exploração. Essa forma de violência é invisível
e pode utilizar o poder político, econômico ou midiático para se
consolidar. Já a violência simbólica está encarnada na linguagem
A violência institucional é aquela praticada pela ação e/ e em suas formas, impondo um certo universo de sentido. As vio-
ou pela omissão das instituições prestadoras de servi- lências sistêmica e simbólica constituem um ciclo no qual uma
ços públicos, como hospitais, postos de saúde, escolas, sustenta a outra em um decurso imperceptível e dissimulado.
delegacias, Judiciário, entre outras, no exercício de suas
funções. É perpetrada por agentes que deveriam garantir No caso complexo, identificamos uma violência subjetiva,
atenção humanizada, preventiva e reparadora de danos. explícita, no relato de Renata, que foi expulsa de casa, de alguma
forma da escola e trabalhava na exploração sexual comercial.

Zizek, um intelectual da Eslovênia, em seu livro Violência A violência sistêmica pode A violência simbólica surge
(2014), propõe uma distinção entre agressão e violência. Habi- ser vista no trabalho preca- na fala da Renata quando
tuamo-nos a pensar que só há violência quando há agressivida- rizado de José e na falta de ela conta que seu nome so-
de, entretanto esse autor discute que há dois tipos de violência: acesso aos banheiros na cial não foi respeitado no
subjetiva e objetiva. A subjetiva é visível e a objetiva, invisível. escola de Lucca. centro de saúde.

Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

As violências incidem sobre as vidas dos jovens sob a for- Veja o que os autores do Atlas escreveram na página 27:
ma de genocídio, de extermínio violento, mas também de segre-
gação, evasão escolar, sofrimento psíquico etc.
Com efeito, no Brasil a violência é a principal causa
RACISMO
de morte dos jovens. Em 2019, de cada 100 jovens entre
Com relação especificamente às práticas discriminatórias 15 e 19 anos que morreram no país por qualquer causa, 39
que têm como base o racismo, a médica Jurema Werneck, ativis- foram vítimas da violência letal. Entre aqueles que possuíam
ta do movimento de mulheres negras e doutora em Comunica- de 20 a 24, foram 38 vítimas de homicídios a cada 100 óbi-
ção e Cultura, alerta-nos que, no nosso país, elas se manifestam tos e, entre aqueles de 25 a 29 anos, foram 31. Dos 45.503
de forma institucional, seja na forma de exclusão, prioridades ou homicídios ocorridos no Brasil em 2019, 51,3% vitimaram
metas de realização das diversas instituições sociais, nas áreas jovens entre 15 e 29 anos. São 23.327 jovens que tiveram
da educação, do mercado de trabalho, da política, da segurança suas vidas ceifadas prematuramente, em uma média de 64
pública, da esfera privada e, também, da saúde. jovens assassinados por dia no país.

Vidas ceifadas, sonhos não sonhados, amores e dores


Vamos discutir mais sobre o racismo! Você conhece os
não vividos.
dados sobre violência contra jovens negros no Brasil?

A banalização dessas mortes violentas, também um sinto-


ma do racismo, esvazia até o luto. É mais um... Como se esse um
Saiba mais não contasse e não tivesse um nome, uma história, uma família,
um lugar onde morava, um amigo e um possível futuro, que foi
Vamos ver os dados do Atlas da Violência
destruído.
de 2021? É só clicar no ícone ao lado. Esse
documento, entre outros dados, traz infor-
Um jovem bacana como o nosso José Ribamar, um so-
mações sobre a violência contra as pessoas
nhador, um líder, é também um suspeito, um alvo dessa violência
negras. clique e
acesse que marca nosso país.

O problema é enorme, não é mesmo? Porém, não pode-


mos deixar de destacar que os jovens vêm elaborando formas de
resistência, ainda que elas nem sempre sejam percebidas e valo-

Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

rizadas em sua potencialidade. Lembra-se de como foi bacana o Esses jovens exercem “resistência” em um território defi-
encontro entre José, Lucca e Renata? Ali existe potência! Como nido, em um espaço em que os acontecimentos e fatos ocorrem,
bem interpretam Coimbra e Nascimento, os jovens periféricos: em que a existência se manifesta e a vida flui. Por isso, é muito
importante conversarmos sobre território.

teimam em continuar existindo, apesar de


tudo; suas resistências se fazem cotidiana-
mente, muitas vezes, percebidas como frag-
mentadas, fora dos padrões reconhecidos
como organizados e até mesmo como con-
dutas antissociais, delituosas e, por isso, ‘pe-
rigosas’ (COIMBRA; NASCIMENTO, 2005, p.
13).

Os jovens negros são alvos do extermínio violento, do


estigma, do lugar da suspeição. É importante verificarmos como
as nomeações estigmatizantes afetam cada jovem e como eles
criam e disseminam estratégias de sobrevivência. O racismo,
conhecido por pessoas negras desde a mais tenra idade, pode
gerar impactos de grande gravidade. Um estudo de Harvard
(IDOETA, 2020) aponta quatro efeitos do racismo no cérebro e
no corpo de crianças negras: um corpo em constante estado de
alerta; maior chance de adquirir doenças crônicas ao longo da
vida; assimetria no acesso à saúde e à educação; relações fami-
liares atravessadas pelo racismo. A violenta experiência do ra-
cismo afeta a socialização de adolescentes negros de múltiplas
formas: no âmbito de sua saúde mental, expressa em altos índi-
ces de depressão e suicídio; no direito à vida, tendo em vista os
alarmantes números de jovens negros mortos por homicídio e de
jovens mães negras e seus filhos vítimas de violência obstétrica;
na construção de suas subjetividades e identidades diante de si-
tuações de discriminação.
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JUVENTUDES E TERRITÓRIOS No trabalho realizado com jovens, a pesquisadora Ga-


briela Calazans (2006) afirmou que as ações bem-sucedidas são
“as que têm conseguido alargar a compreensão dos contextos
Conforme vimos no caso, é relevante observar a impor- de vida juvenil, sem se limitar à prevenção de comportamentos
tância do território para a socialização dos jovens. A quadrilha, de risco” (CALAZANS, 2006, p. 37). E mais: os serviços precisam
por exemplo, constitui um patrimônio cultural que confere iden- reconhecer os jovens como sujeitos autônomos, com os quais se
tidade àqueles jovens. Dessa forma, o conceito de território tem pode e se deve dialogar.
um significado bem mais amplo do que uma mera delimitação
espacial. O geógrafo Milton Santos nos ensina que o território é Conforme vimos no caso que inaugura este módulo, con-
um organismo vivo, dinâmico: vidar os jovens para compor reuniões intersetoriais e escutar suas
histórias é uma estratégia bastante interessante! Saber quem são,
onde se reúnem nos territórios e quais são suas necessidades
Devemos entender o território como o lugar é um excelente ponto de partida para uma aproximação com os
onde se realizam todas as ações, paixões,
poderes, forças e fraquezas; sendo ele o lu- jovens. Chamá-los para a construção de ações, valorizar suas ex-
gar onde a história do homem se realiza a periências pessoais e propor a participação criativa e o fortaleci-
partir da manifestação de sua existência [...].
mento da autonomia dos jovens pode render ótimos frutos aos
O território é o fundamento do trabalho; do
lugar da residência; das trocas materiais e trabalhos desenvolvidos com esse grupo.
espirituais e do exercício da vida (SANTOS,
2007, p. 14). Para o fortalecimento do protagonismo e autonomia dos
jovens, sobretudo os adolescentes, conhecer mais sobre eles é
Partindo desse entendimento sobre território, é importan-
fundamental, assim como estabelecer um diálogo afetivo e aco-
te saber:
lhedor.
• Quem são os jovens atendidos em seu serviço?
Vamos então saber um pouco mais sobre essa fase tão
• Em que territórios e contextos sociais estão inseridos?
importante da vida?
• Quais são os lugares, serviços e/ou instituições no terri-
tório nos quais os jovens podem procurar ajuda?

• Você avalia que existem espaços para as demandas tra-


zidas pelos jovens?

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SEXUALIDADES, GÊNEROS E AFETOS de gênero, estéticos, entre outros constitui estratégia de poder
em uma sociedade fundada em desiguais relações sociais.

Na adolescência, o corpo passa por diversas transforma- Apesar de já percebermos algu-


ções. Alguns adolescentes ficam em guerra permanente com a mas pequenas mudanças na sociedade,
sua imagem. Passam horas na frente do espelho para identificar em geral, na TV e nas redes sociais, as
e pensar em formas de modificar o que os desagrada. Em algu- mulheres são magras e têm cabelos lisos
mas situações, fazem isso por não se identificarem com o gênero e os homens são altos e atléticos.
que sua imagem mostra; em outras, pressionados pelos padrões
estéticos hegemônicos, acreditam que um caminho rápido para
ser aceito e admirado pelo grupo seja ficar parecido com alguma
Fonte: Pixabay
figura pública de destaque: artista, atleta, blogueira etc.
A popularização das cirurgias
plásticas e a procura desenfreada pelo
corpo perfeito têm exposto vários ado-
lescentes a riscos desnecessários e a
uma série de frustrações, porque os re-
sultados dessa busca nem sempre for-
talecem a autoestima nem melhoram a
aceitação social.
Fonte: Freepik Fonte: Pixabay

O mercado e a sociedade habitualmente fomentam pa- Reflita sobre o sofrimento que


drões hegemônicos voltados para o consumo. Não é sem dificul- surge quando acontecem as mudanças
dade que cada adolescente e cada jovem constroem seu corpo da puberdade, quando há discrepância
e sua identidade fora desses padrões. entre o sexo biológico e a identidade de
gênero com a qual a pessoa se identifica.
Podemos avaliar, ainda, que a tentativa de criar padrões
hegemônicos de gênero, de orientações sexuais, de identidades
Fonte: Pixabay
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Conversando sobre sexualidade ações e interações e, portanto, a saúde física


e mental. Se saúde é um direito humano fun-
damental, a saúde sexual também deveria
A sexualidade faz parte de um conjunto de temas que, ser considerada um direito humano básico
quando discutidos, contribuem para o conhecimento de si e (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1975,
apud VIVENDO A ADOLESCÊNCIA, 2022).
do outro. Viver a sexualidade de maneira responsável, com
menos riscos e com respeito, é uma questão fundamental dos
O que você entende por sexualidade? E gênero? O que é
direitos humanos. Conversar sobre sexualidade possibilita o
identidade de gênero? E papel e expressão de gênero? E orien-
esclarecimento de dúvidas, perceber que a própria sexualidade
tação sexual?
não é esquisita e até mesmo alertar para a necessidade de
procurar um profissional de saúde.
Para começarmos, é fundamental esclarecer que sexo e
gênero são palavras que traduzem conceitos diferentes!
É importante dizer que tudo que vivemos e sentimos
acontece no nosso corpo. Assim, não é possível separar a
sexualidade do corpo ou pensar o corpo sem considerar a
sexualidade. Sexo -

De acordo com Matos (2015), sexo refere-se às caracte-


De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a se-
rísticas físicas humanas relacionadas à materialidade do corpo,
xualidade não é sinônimo de relação sexual. A sexualidade refe-
como órgãos sexuais, genoma, formato do corpo etc.
re-se a tudo aquilo que somos capazes de sentir e de expressar:

A sexualidade faz parte da personalidade de


cada um, é uma necessidade básica e um
Gênero -
aspecto do ser humano que não pode ser
separado de outros aspectos da vida. Sexua-
lidade não é sinônimo de coito (relação se- Já o conceito de gênero passou a ser utilizado pelas ciên-
xual) e não se limita à ocorrência ou não de cias sociais para o estudo de aspectos sociais nas identidades
orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso,
é a energia que motiva a encontrar o amor, do que é ser masculino ou feminino, considerando-se o entendi-
contato e intimidade e se expressa na forma mento de que não existem determinações naturais para compor-
de sentir, nos movimentos das pessoas, e
tamentos propriamente masculinos ou femininos.
como estas tocam e são tocadas. A sexuali-
dade influencia pensamentos, sentimentos,

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Assim, entende-se que a forma como homens e mulheres


devem se comportar vem sendo construída por meio de um in-
Saiba mais
tenso e complexo processo de aprendizagem sociocultural que Vamos assistir a um vídeo sobre sexualida-
define o que é prescrito para cada sexo, assim como para a homo des na adolescência? Você reparou que o
e a heterossexualidade – frequentemente de forma assimétrica termo sexualidades está no plural? Vamos
e, convém ressaltar, tendo como base a supremacia masculina e lá. É um vídeo bem curtinho, clique no íco-
heterossexual (MATOS, 2015). ne ao lado. Nesse vídeo podemos esclare-
clique e
cer alguns pontos: acesse

Distinguindo esses conceitos, foi possível compreender Sexo biológico – masculino ou feminino (características ge-
que as definições do que é ser homem ou mulher são, na ver- notípicas e fenotípicas)
dade, construções sociais e históricas, motivo pelo qual Scott Papel sexual – determinada cultura considera como con-
(1998 apud MARTINS, 2021) afirma que gênero é uma categoria duta masculina ou feminina (é dinâmico – perspectiva de
historicamente determinada para justamente tornar visível a dife- gênero)
rença entre homens e mulheres. De acordo com Martins (2021, Orientação do desejo ou orientação sexual – homosse-
p. 16), “[...] é nesta esteira que são construídos e delimitados pa- xual, heterossexual ou bissexual (não depende de “esco-
péis sociais atribuídos ao masculino e ao feminino, sendo vistos lhas conscientes”)
com estranhamento e mesmo sendo oprimidos quaisquer com- Identidade sexual – quem acreditamos ser
portamentos que fujam à lógica socialmente padronizada”.
Você conhece algum adolescente que se nomeia trans
ou não binário? E adolescentes que se nomeiam homossexuais,
bissexuais, assexuais?

Nesse contexto, identidades trans podem abalar a estru-


tura do senso comum e das racionalidades que associam sexo a
gênero, confrontando esse entendimento!

Para Martins (2021), a “transexualidade é uma experiência


identitária, caracterizada pelo conflito com as normas de gênero”
(BENTO, 2008, p. 18 apud MARTINS, 2021, p. 16). Já Almeida e

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Murta (apud MARTINS, 2021) nos fazem pensar com a seguinte


provocação: “para muitas/os o conflito existe, mas ele não é ne- Proposição ?
cessariamente um conflito com as normas de gênero, mas sim Você já pensou na importância do nome social? Vamos pen-
com o gênero que foi imposto e com a impossibilidade de trânsi- sar no impacto para um adolescente de não ter o nome so-
to identitário” (ALMEIDA; MURTA, 2013, p. 386 apud MARTINS, cial acolhido e respeitado na escola, no centro de saúde etc?
2021, p. 17).

Você acha que a diversidade de gênero e de orientação


Feedback positivo:
sexual tem relação com a saúde e com a escola? Nome social é o modo como a pessoa se autoidentifica e é
reconhecida, identificada, chamada e denominada na sua
Como vimos, o período da adolescência envolve comple- comunidade e no meio social, uma vez que o seu nome civil,
xas mudanças e elaborações sociais, comportamentais, físicas isto é, seu nome de registro não reflete a sua identidade de
etc. Por isso, gênero.
Se considerarmos a grande evasão escolar por parte de tra-
Não raro, neste período os/as jovens se en- vestis e transexuais e portadores de outras identidades de
tendem acerca de sua sexualidade e iden-
gênero que estão em desacordo com seu registro, conce-
tidade de gênero, identificando-se como
heterossexuais, homossexuais, bissexuais, der o nome social significa promover o acesso aos espaços
cisgêneros, não-binários, transexuais… Tal educacionais (também de saúde e outros) a esses grupos
processo, senão devidamente acolhido e
compreendido pelos serviços e profissionais histórica e sistematicamente marginalizados (https://www.
pelos quais os/as adolescentes são assisti- ufsm.br/pro-reitorias/pre/observatorio-de-direitos-humanos/
dos, gera a agudização de angústias e refle- nome-social/)
te na qualidade de vida e das necessidades
de saúde destes jovens (GRANEIRO; MAR-
TINS, 2019, p. 3).
Feedback orientador:
Não acolher o nome equivale a não acolher a diferença, a
diversidade. Estamos vendo aqui que cada adolescente é
diferente do outro, cada um de nós tem a sua marca singular.
Esse acolhimento pode definir o destino de um jovem, como
vemos aqui com Lucca e Renata.

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No nosso caso complexo, você conheceu Lucca, jovem Vamos ler o que os autores escreveram na página 58 do Atlas:
trans engajado que tem uma família que o apoia, que frequenta
uma escola que tem ouvido algumas de suas demandas e que
A violência contra pessoas LGBTQI+ no Brasil é um
conversa com a rede de saúde.
fenômeno histórico. Na dimensão simbólica, a violência
opera ora pelo recurso ao holofote lançado sobre a ideia de
Conhecemos também Renata, adolescente trans que foi
um modelo único e compulsório de família nuclear, cis, hete-
expulsa de casa, está fora da escola, vive em uma ocupação e
rossexual e biparental, que apaga as diversidades sexuais e
trabalha na exploração sexual comercial.
de gênero (MELLO, 2006), ora pelo recurso aos estereótipos
e estigmas que marcam LGBTQI+ como agentes desviantes,
Infelizmente, histórias como a de Renata são comuns.
de contaminação e degeneração, recorrendo a discursos
morais, sociais, biológicos, religiosos e médicos. Na dimen-
Além da sexualidade, a violência relacionada às diversi-
são corporal, a violência se materializa na forma de abando-
dades sexuais e de gênero também é outro assunto que precisa
no, estupros “corretivos”, assassinatos e espancamentos.
ser discutido. Afinal, vivemos em um país que lidera a estatística
Ainda que diferentes, as violências corporais e simbólicas
de mortes violentas contra pessoas trans e travestis.
se sobrepõem, visando aniquilação, apagamento e silencia-
Saiba mais mento de sexualidades e expressões de gênero dissidentes
do modelo único cis hétero historicamente imposto no Bra-
Esse assunto despertou seu interesse? Vamos
sil, que ganhou força recentemente com a ascensão de mo-
ver o informe de 2022 da Associação Nacional de
vimentos moralistas anti-LGBTQI+ operados pela narrativa
Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA) (BENE-
de suposta priorização da infância e da família (KALIL, 2020)
VIDES, 2022)? É só clicar aqui. Esse informe traz clique e
acesse (CERQUEIRA et al., 2021, p. 58).
informações sobre violências e assassinatos de
travestis e transexuais brasileiras em 2021.

Podemos ver também os dados da violência con-


tra a população LGBTQIA+ no Atlas da Violência
2021. Esse estudo apresenta um diagnóstico da
situação de distintas formas de violência na socie- clique e
acesse
dade brasileira.

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Dois gráficos ajudam a observar a incidência da violência FIGURA 2 – BRASIL: PERFIL DE PESSOAS TRANS VÍTIMAS DE
contra a população LGBTQIA+, de acordo com raça/cor, eviden- VIOLÊNCIAS, POR RAÇA/COR (2019)
ciando diferentes fatores que atribuem maiores graus de vulne-
rabilidade.

FIGURA 1 – BRASIL: PERFIL DE PESSOAS VÍTIMAS DE


VIOLÊNCIAS, POR ORIENTAÇÃO SEXUAL, POR RAÇA/COR
(2019)

De acordo com os dados dispostos na Figura 2, pode-


-se observar que pessoas negras também são mais vulneráveis à
violência relacionada à identidade de gênero: 58% das travestis,
58% das mulheres trans e 60% dos homens trans vítimas de vio-
De acordo com os dados dispostos na Figura 1, pode-se lência eram negros (CERQUEIRA et al., 2021)
observar que pessoas negras eram a maioria das vítimas. No que
tange à diversidade de orientação sexual, considerando apenas Nessa direção, as políticas públicas de focalização refina-
a população negra, 55% das vítimas eram heterossexuais, 55% da voltadas às intersecções entre gênero e raça são fundamen-
eram homossexuais e 54% eram bissexuais (CERQUEIRA et al., tais para o enfrentamento das violências que atingem ambos os
2021). grupos. No entanto, pessoas trans negras têm necessidades que
demandam ainda mais focalização.

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Você está estudando as relações entre raça, gênero, fa-


tores sociais, econômicos, entre outros. As vulnerabilidades vão
Proposição ?
se entrelaçando e devemos pensar nessas intersecções para São muitas as violências e muito complexas, já que estão en-
podermos enfrentar essas violências. A constituição de redes de trelaçadas. A violência na fala, no discurso, às vezes é sutil e
cuidado intersetoriais é um importante fator de proteção para a se encontra tão naturalizada que não a chamamos de violên-
saúde mental dos jovens mais vulneráveis. A criação de espaços cia. Você pensa em algum exemplo?
de convivência e de vínculos entre as famílias e entre jovens é
fundamental. Feedback positivo:
Muitas crianças negras sofrem o racismo, que é chamado de
Apesar de todos os avanços na construção e implemen-
bullying muitas vezes, velando a violência racial. É importan-
tação de políticas públicas, reconhece-se que o racismo e a
te nomear a violência como tal, para poder enfrentá-la.
intolerância religiosa persistem na sociedade brasileira. Essas
duas dimensões das relações raciais no Brasil são, sabe-se, his-
tóricas e, como afirmam muitos militantes do movimento negro e Feedback orientador:
pesquisadores, assumem, na atualidade, novas formas e reinven- É importante uma atenção constante para detectarmos em
tam-se. Quando traçamos o perfil dos jovens que são diretamen- nós e no nosso trabalho as evidências, às vezes discretas,
te atingidos pela violência urbana, podemos afirmar que, em sua mas não menos violentas, do racismo, do machismo, da
grande maioria, são homens negros (“pretos” e “pardos”, segun- transfobia, da intolerância religiosa etc. Devemos ver e expli-
do a classificação do IBGE) com baixa escolaridade e moradores citar as violações, violências, vulnerabilidades, mas sempre
de periferia. Porém, também constitui fator de grande vulnerabi- com um olhar para o outro que realce sempre sua potência.
lidade o pertencimento à população LGBTQIA+.
Uma forma de violência institucional é não considerar as
diversidades juvenis, que abrangem o cotidiano, a socialização e
as necessidades dos jovens portadores de deficiências.

O que podemos falar sobre as pessoas com deficiência?


Como os adolescentes e jovens vivem as diversas deficiências?
Você já pensou sobre isso? Vamos conversar um pouco mais so-
bre esse assunto...

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JOVENS COM DEFICIÊNCIA, O conceito de pessoas com deficiência agrupa um


conjunto de indivíduos com importantes diferenças, e aqui
DIREITOS E EQUIDADE isso se traduz inicialmente em maiores taxas de notificações
de violências contra pessoas com deficiência intelectual. As
taxas de notificações são também superiores para as mu-
Será que temos olhado para as pessoas com deficiên-
lheres, independentemente do tipo de deficiência. O tipo
cia e para as necessidades delas tentando enxergar além da
de violência construído a partir da autoria presumida permi-
deficiência? Para que efetivamente ocorra a inclusão dessas
te separar apenas os casos de violência interpessoal para a
pessoas, é importante refletir sobre os conceitos de igualdade
análise e, nestes casos, os dados indicam um maior registro
e equidade. Enquanto a igualdade pressupõe tratamento iguali-
de violência doméstica do que comunitária e institucional
tário a todos, a equidade busca garantir que pessoas diferentes
para qualquer tipo de deficiência. Os registros se concen-
recebam tratamentos adequados às suas necessidades. Como
tram na faixa etária de 10 a 19 anos e em geral decaem gra-
exemplo, podemos refletir sobre as ações referentes à saúde se-
dativamente nas faixas seguintes. A violência mais frequente-
xual e reprodutiva de pessoas com deficiência: em geral, famílias
mente registrada é a física, mas a violência sexual é frequente
e profissionais estão despreparados para lidar com pessoas sob
para mulheres. Por fim, compartilha-se aqui a compreensão
seus cuidados e orientá-las. Popularmente, considera-se que
de que a violência reforça a vulnerabilidade dessa popula-
pessoas com deficiência tenham uma sexualidade incompleta,
ção, pautada em processos de exclusão social, segregação,
como reflexo de sua deficiência. Devemos sempre lembrar da
preconceito e estigmatização dos indivíduos que estão ca-
potência, da dignidade e dos direitos de cada pessoa que vive
racterizados por diferenças biológicas ou psicológicas, que
uma deficiência, ressaltando a vida, a sexualidade e a liberdade.
são tomadas como desvios da normalidade e expressão de
Os profissionais, suas estratégias e seus materiais educativos, em
menor valia social. (Ministério da Saúde, 2020b, p. 3). Acres-
geral, não atendem a necessidade desse público nas questões
cente-se que parte dessa violência, como as negligências,
de educação em saúde, em especial no caso de pessoas com
poderia ser prevenida com um aperfeiçoamento de políticas
deficiências sensoriais.
de cuidado (CERQUEIRA et al., 2021, p. 78-79).

É importante pensar nas diversas deficiências e no


enfrentamento das violências e violações que as pessoas com É muito importante um olhar atento e uma escuta
deficiências sofrem. Vamos ver o que o Atlas da Violência 2021 qualificada para as pessoas que vivem com deficiências, mas
tem a nos ensinar sobre isso: também com potências e possibilidades!

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Ainda conversando sobre sexualidade e saúde reprodu-


tiva, um tema bastante importante é a gravidez na adolescência,
em virtude da prevalência, dos preconceitos que envolvem esse
acontecimento e da importância de cuidado adequado nessa
situação. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse assunto?

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Gravidez na adolescência: Quando é possível uma jovem engravidar? -

discutindo maternidades Ora, se pararmos para pensar... olharmos para a história...


a verdade é que, em outros momentos da história, as pessoas

e paternidades juvenis constituíam famílias muito mais jovens, e as meninas tornavam-


-se mães ainda bem novas! Também é certo que uma gravidez
indesejada pode acontecer em diferentes fases da vida e ser di-
fícil de lidar.
Lendo o caso complexo, você conheceu Lia, adolescente
que morava na mesma ocupação de Renata e que estava grávida.
Essa lembrança pode nos ajudar a observar como con-
Você conhece alguma adolescente que vivenciou uma
cepções de infâncias, juventudes e fases da vida em geral adqui-
gravidez? E/ou um adolescente que se tornou pai?
rem diferentes contornos ao longo do tempo!

Saiba mais
Que tal conversar com outras pessoas sobre as -
Vamos assistir a um vídeo bem curtinho no
vivências das suas adolescências e juventudes?
qual uma ginecologista fala um pouco sobre
esse assunto? Vamos lá. Esse vídeo discute Assim, do mesmo modo que diferentes contextos sociais
contracepção e adolescência na gravidez. acompanham diferentes vulnerabilidades e potencialidades,
clique e podem definir infinitas possibilidades e significantes para a gra-
acesse
videz na adolescência e juventude! Esteves (2003) e Catharino
(2002), por exemplo, mostram que essa gravidez, muitas vezes,
A gravidez na adolescência é uma questão complexa,
além de ser desejada pelas jovens e pelos jovens, desempenha
não é? É uma discussão que geralmente vem acompanhada por
um papel importante na vida psíquica e social deles.
muita preocupação!
Isso acontece, sobretudo, porque, em geral, a gravidez
Nesse sentido, é válido mencionar que o próprio Minis-
na adolescência é tratada como problema de saúde pública e
tério da Saúde já compreendeu que, embora a gravidez de ado-
social, além de ser vista, de forma generalizada, como algo ne-
lescentes e jovens possa ser interpretada majoritariamente como
gativo. Também existe a ideia de que adolescentes sempre são
um ‘evento-problema’ ou ainda como indesejável em muitas aná-
incapazes de lidar com ela!
lises e políticas, avaliamos ser mais adequado entendê-la como

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um ponto de inflexão que poderá resultar uma multiplicidade de Os estudos demográficos, psicossociais e epidemiológi-
experiências de vida - por isto pode assumir diferentes significa- cos são frequentemente restritos às mulheres, invisibilizando o
dos, ser também tratada de diferentes formas e apresentar dife- parceiro masculino. Com frequência, as intervenções profissio-
rentes desfechos (BRASIL, 2006 apud BRASIL, 2010). nais não têm levado em consideração o papel que os meninos
e os homens podem desempenhar. Além disso, existe a tendên-
Ampliando esse enfoque, a sexualidade e a reprodução
cia de reduzir as temáticas saúde sexual e saúde reprodutiva à
são dimensões fundamentais da saúde humana e pressupostos
prevenção de gravidez na adolescência e ao uso de anticoncep-
para a qualidade de vida e bem-estar físico, psicológico e social
cionais, o que também dificulta alcançar as diferentes formas de
e para a satisfação e prazer. Pessoas jovens devem ser reconhe-
exercício da sexualidade.
cidas como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, que são
afirmados como Direitos Humanos. A consciência desse direito
implica reconhecer a individualidade e a autonomia dessas pes-
soas, estimulando-as a assumir as responsabilidades relaciona-
das à sua própria saúde. Assim, garantir os direitos reprodutivos a
adolescentes e jovens, de ambos os sexos, significa assegurar as
condições de escolha para aqueles e aquelas que não querem
engravidar, que querem planejar uma gravidez ou que já vivem
uma gravidez.

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Vamos prestar mais atenção aos significados e possibili-


dades dessa vivência para nossos jovens?

Proposição ? Feedback orientador:


Será que as gestações de adolescentes são sempre indese- As políticas e programas de saúde voltados para os jovens
jadas? Será que a gravidez é apenas fruto da irresponsabili- devem considerar a sexualidade como parte do desenvolvi-
dade, da imaturidade e da impulsividade dos jovens? mento humano e incluir os conceitos de amor, sentimentos,
emoções, intimidade e desejo (OPAS, 2002, in MS 2006). A
discussão sobre gravidez na adolescência precisa ser pensa-
da de maneira ampliada. É importante criar espaços onde os
Feedback positivo:
jovens possam debater temáticas referentes à saúde sexual
Temos como pressuposto que a gravidez na adolescência e saúde reprodutiva na escola, na saúde, no lazer, na cultura.
pode ser vivida de múltiplas formas. Os contextos sociais É importante ainda que a atenção à saúde sexual e saúde re-
irão definir universos de possibilidades e de significações di- produtiva de adolescentes inclua aqueles em cumprimento
ferentes entre os jovens de distintas classes sociais. As esco- de medidas socioeducativas, em situação de rua, de abriga-
lhas podem ser influenciadas pela exclusão, desigualdade mento, vivendo com HIV/AIDS. São necessárias ações para
de classe, de gênero e de raça e pela falta de perspectivas. A compartilhamento de informações e ações educativas em
maternidade, pode ainda, expressar reconhecimento social saúde sexual e saúde reprodutiva que abranjam as famílias e
para muitas jovens. as comunidades locais.

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O que podemos refletir sobre o cuidado em saúde,


Feedback positivo:
com um olhar e escuta atentos para a subjetividade e ques-
tões sociais? Adolescentes têm direito de serem atendidos sem a presen-
ça dos pais ou responsáveis. Esse direito refere-se à impor-
No trabalho com adolescentes e jovens, não podemos tância da garantia de espaços seguros de acolhimento e si-
perder de vista a importância do estabelecimento de vínculos! gilo, considerando-os sujeitos de direitos. Isto não significa
Por não se sentirem seguros e acolhidos, muitos acabam dei- que o atendimento à família seja desnecessário ou menos im-
xando de buscar um serviço e descuidam de sua própria saúde. portante, mas sim que a autonomia do adolescente deve ser
Dessa forma, privacidade e sigilo constituem direitos de grande respeitada e garantida. O ECA, em seu capítulo II, artigo 17,
importância, porque determinados assuntos são de difícil abor- dispõe a respeito “do direito à liberdade, ao respeito e à dig-
dagem, em especial aqueles que envolvem sexualidades e afe- nidade” da criança e do adolescente e prescreve: “O direito
tos. Portanto, é necessário muito cuidado para preservar o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,
à privacidade juvenil e, ao mesmo tempo, também desenvolver psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
um trabalho com as famílias. preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.

Proposição ?
Você sabia que um adolescente pode ser atendido sem os
Feedback orientador:
responsáveis legais? O que você pensa sobre isso?
Se você trabalha em um serviço que atende adolescentes,
que tal experimentar acolher o adolescente sem a família
mas ao mesmo tempo, promover um acolhimento da famí-
lia? Uma outra pessoa poderia acolher a família ou você mes-
mo, em outro momento.

Por falar em família, é importante conhecermos um pou-


co mais as suas configurações no cenário atual, tendo em vista o
acolhimento e a construção de um trabalho que seja realmente
efetivo.

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Conversando sobre Famílias Você conhece a música Paula e Bebeto,


de Caetano Veloso e Milton Nascimento?
Vamos ouvir?
clique
O que você acha de a gente conversar um pouco sobre famílias? e ouça
Êh, vida, vida, que amor brincadeira, à vera
Eles se amaram de qualquer maneira, à vera
Famílias também no plural? Sim, porque são muitas. Há Qualquer maneira de amor vale a pena
um livro sobre direito de família (Dicionário de Direito de Qualquer maneira de amor vale amar
Família e Sucessões, do Rodrigo da Cunha Pereira, São Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Paulo: Saraiva, 2015) que tem 37 páginas dedicadas às Qual a palavra que nunca foi dita, diga
definições de família! Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
De acordo com Sales (1997), na sociedade contemporâ- Qualquer maneira de amor valerá
nea, coexistem diferentes arranjos familiares. De maneira geral, Eles partiram por outros assuntos, muitos
podemos observar as seguintes tendências: crescimento do nú- Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
mero de divórcios; redução do número de filhos; aumento do nú- Qualquer maneira que eu cante esse canto
mero de famílias monoparentais chefiadas por mulheres; presen- Qualquer maneira me vale cantar
ça de famílias monoparentais chefiadas por homens; aumento Eles se amam de qualquer maneira, à vera
do número de adultos que vivem sozinhos; existência de casais Eles se amam é pra vida inteira, à vera
que optam por não ter filhos; presença de famílias formadas por Qualquer maneira de amor vale o canto
casais homoafetivos; ocorrência de famílias ampliadas formadas Qualquer maneira me vale cantar
pelos membros iniciais, acrescidas de novos membros – os netos Qualquer maneira de amor vale aquela
–, trazidos por filhas-mães adolescentes. Qualquer maneira de amor valerá
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira de amor vale me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

E, às vezes, não há amor, ou ele acabou, como já dizia


a ciranda... É importante não ter um conceito rígido e único de “A família tentacular contemporânea, menos endogâmica e
família. mais arejada que a família estável no padrão oitocentista, traz
em seu desenho irregular as marcas de sonhos frustrados,
Vários autores já se debruçaram sobre o conceito de fa- projetos abandonados e retomados, esperanças de felicida-
mília. Para Mioto (1997), família pode ser definida como um fato de das quais os filhos, se tiverem sorte, continuam a ser por-
histórico, com grande ênfase cultural, cuja constituição não é a tadores. Pois cada filho de um casal separado é a memória
priori “lugar de felicidade”, mas “um núcleo de pessoas que con- viva do momento em que aquele amor fazia sentido, em que
vivem em determinado lugar, durante um tempo e que se acham aquele par apostou, na falta de um padrão que correspon-
unidas por laços, de consanguinidade ou não” (MIOTO, 1997 da às novas composições familiares, na construção de um
apud RAYMUNDO et al., 2014, p. 259). Para Carvalho (2000 apud futuro o mais parecido possível com os ideais da família do
RAYMUNDO et al., 2014), a família pode ser entendida como um passado. Ideal que não deixará de orientar, desde o lugar
canal de iniciação e aprendizado de afetos e do padrão de rela- das fantasias inconscientes, os projetos de felicidade conju-
ções sociais vigente em um determinado tempo histórico. gal das crianças e adolescentes de hoje. Ideal que, se não for
superado, pode funcionar como impedimento à legitimação
da experiência viva dessas famílias misturadas, engraçadas,
Saiba mais esquisitas, improvisadas e mantidas com afeto, esperança e
Convidamos você a ler um texto interessante desilusão, na medida do possível” (KEHL, 2003).
sobre as famílias tentaculares, diferentes e di-
vertidas, de Maria Rita Kehl, que é psicanalis- Você se recorda da personagem Lia, do caso complexo
ta e autora desse trabalho. Trata-se de um ar- deste módulo? Lia era uma adolescente grávida, vulnerável, que
tigo que fala sobre a diversidade das famílias morava em uma ocupação e temia que seu filho fosse retirado
na atualidade e os estigmas que ainda pairam clique e dela. Você já ouviu a expressão Mães Órfãs?
acesse
sobre as famílias que fogem a um pretenso
modelo tradicional. Temos usado essa expressão para definir situações nas
quais os filhos são retirados compulsoriamente de suas mães
para supostamente protegê-los, desconsiderando essa mulher/
mãe, a família extensa e o dever do Estado de proteger a famí-
lia (SOUZA, 2018). Esse movimento social e jurídico tem um viés

Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

segregativo e racista. Parte-se do entendimento de que jovens


pobres e negras não têm condições de criar seus filhos. No en-
tanto, políticas públicas adequadas ofereceriam as condições
necessárias para a criação de seus filhos e continuidade de seus
projetos.

Assim, tendo em vista as novas configurações familiares


na atualidade, fica para os atores que lidam com jovens o desafio
de acompanhar esse processo de mudança e de construir práti-
cas profissionais desprovidas de julgamentos morais e culpabili-
zação.

Diversas vulnerabilidades sociais podem afetar a capaci-


dade protetiva das famílias. Assim, as políticas públicas, particu-
larmente as de Assistência Social, possuem um papel fundamen-
tal: os programas de redistribuição de renda possuem relação
direta com a sobrevivência das famílias; e os serviços de convi-
vência e fortalecimento de vínculos objetivam a construção ou a
reconstrução de laços familiares e comunitários.

Dessa forma, as referidas ações previstas na Política de


Assistência Social devem contribuir com o fortalecimento da
convivência e da autonomia das famílias, para que, por sua vez,
elas possam promover a proteção e a emancipação dos adoles-
centes e jovens.

Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

Adolescências e juventudes: dígenas. Em 2007, foi aprovada a Declaração das Nações Unidas
sobre os Direitos dos Povos Indígenas, depois de mais de 20

singularidades e diversidades anos de negociações.

Ressaltamos a importância de valorizar as culturas in-


Durante a nossa conversa, várias vezes voltamos a um dígenas, de respeitar os povos originários, de preservar e am-
mesmo ponto: não há um único jeito de ser adolescente ou jo- pliar as trocas interculturais e de compreender o lugar social
vem. Vimos que vários fatores contribuem para essa diversidade. de onde cada adolescente fala e como o fortalecimento das
matrizes culturais é ponto de fortalecimento da identidade e da
Vamos concluir este texto chamando a atenção para as saúde mental.
diferentes culturas. Afinal, o que é cultura em termos concei-
tuais? Há muitas definições. Escolhemos uma delas: Adotar práticas interculturais, antes de qualquer coisa,
é estar aberto para olhar e ouvir. Só quando estamos abertos a
Cultura pode ser definida como um conjunto olhar e a ouvir conseguimos adotar uma postura de abertura crí-
de elementos que mediam e qualificam qual-
quer atividade física ou mental, que não seja tica de nós mesmos em favor do outro. Esse movimento propicia
determinada pela biologia, e que seja com- a compreensão profunda dos diferentes mundos, dos diversos
partilhada por diferentes membros de um
campos de significados, das variadas formas de ser e estar no
grupo social. Trata-se de elementos sobre os
quais os atores sociais constroem significa- mundo e dos múltiplos saberes, histórica e culturalmente cons-
dos para as ações e interações sociais con- tituídos.
cretas e temporais, assim como sustentam
as formas sociais vigentes, as instituições
e seus modelos operativos. A cultura inclui
valores, símbolos, normas e práticas (LANG-
DON; WIIK, 2010, p. 175).

Você se lembra do estudante de medicina indígena que


participou da conversa na ESF?

Conversando um pouco mais com ele, contou-nos que


no Brasil são faladas cerca de 200 línguas, sendo 180 delas in-

Fonte: WikiMedia
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

encerramento do módulo No trabalho com adolescentes e jovens, acreditamos que


seja muito importante um olhar e uma escuta para cada um, res-
peitando sua singularidade e sua história, mas pensando que es-
Com base neste caso complexo, é importante ressaltar ses uns podem fazer coletivos, que têm força política para mudar
que existem narrativas em disputa sobre a juventude. José pode o que precisa ser mudado, para que esses adolescentes e jovens
ser visto de forma simplista como um jovem negro, periférico e possam viver, e viver com dignidade!
entregador de delivery, sem que seja considerada a sua trajetória
como uma jovem liderança, que respeita e mantém as tradições Avaliamos que as ações que estimulem o potencial da ju-
culturais de seu território. ventude devam ser territorializadas e intersetoriais. Por exemplo:

Da mesma forma, Lucca, embora atravessado pelo ra- • Ampliar redes intersetoriais de compromisso com a ju-
cismo e pela transfobia, cotidianamente luta por mudanças que ventude;
parecem pequenas, mas que podem fissurar a intolerância es- • Buscar espaços ampliados para conversar com os jo-
trutural. vens sobre aspectos da vida;
• Instalar equipamentos múltiplos, como centros de ju-
Nesse contexto, Renata, que ainda vive tantas violências ventude;
e violações, resiste construindo seu corpo e seu nome e sonhan- • Fomentar a participação juvenil nas ações de planeja-
do com uma vida possível. mento e avaliação dos serviços;
• Propor educação entre pares, como a de jovens promo-
Acreditamos em um olhar sobre essas histórias que iden- tores de saúde;
tifique e valorize as potencialidades desses jovens. A elaboração • Potencializar o acolhimento de adolescentes e jovens
de políticas públicas, via de regra, não inclui a participação ju- nos diferentes serviços, reconhecê-los como sujeitos de
venil. Um entendimento amplo sobre essas trajetórias reforça a direitos e valorizar a autonomia juvenil.
importância das políticas públicas e das instituições e de seus
agentes olharem para os desafios sem deixar de valorizar as múl-
tiplas vozes, identificando e visibilizando as potencialidades pre-
sentes nesses espaços.

Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental
e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

minicurrículo dAs autorAs


Cristiane de Freitas Cunha Grillo

Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas


Gerais (1989), Mestrado (1996) e Doutorado (2002) em Saúde da
Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Minas
Gerais e Pós-Doutorado pelo Hospital Clínic da Universidade de
Barcelona (2004) e pela Universidade Paris 8 Vincennes e Saint
Denis (2021). Professora Titular do Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina da UFMG. Coordenadora dos Progra-
mas de Extensão Janela da Escuta e Brota: Juventude, Educa-
ção e Cultura. Presidente do Departamento de Adolescência da
Sociedade Mineira de Pediatria. Membro da Escola Brasileira de
Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise. Coordena-
dora do Observatório de Gênero, Biopolítica e Transexualidade
da Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacania-
na (FAPOL).

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minicurrículo DAS AUTORAS


Carmen Maria Raymundo

Tem autoria em Módulos de autoapren-


Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio
dizagem para formação de equipes
de Janeiro (1986), Mestrado em Serviço Social pela Universida-
multidisciplinares nas áreas de trabalho
de do Estado do Rio de Janeiro (2002), Especialização em His-
infantojuvenil e saúde e interculturalida-
tória da África e do Negro no Brasil pela Universidade Cândido
de, gênero e saúde de adolescentes e jo-
Mendes (2007) e Especialização em Gênero, Etnia, Sexualidade
vens. Tem autoria no curso Juventudes
e Direitos Humanos pela Fiocruz (2017).
e Participação Social da Universidade
Desde o ano de 1994 é Assistente Social da Universidade do Es- Aberta para o SUS (UNA-SUS).
tado do Rio de Janeiro e Coordenadora do Programa de Saúde
Atualmente realiza as seguintes funções:
do Trabalhador Adolescente, do Núcleo de Estudos da Saúde do
Adolescente, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 1) Coordenadora do Projeto Caminhos Abertos – Diálogos inter-
seccionais entre raça, religiosidade e saúde infantojuvenil reali-
Participou de cooperação técnica para estruturação das primei-
zado pelo NESA em parceria com a Secretaria de Promoção da
ras ações de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde, para
Igualdade Racial (SEPPIR) e Programa das Nações Unidas para o
eliminação do trabalho infantil e proteção do trabalhador ado-
Desenvolvimento (PNUD).
lescente (2003 a 2009). Participou da cooperação técnica ao
2) Coordenadora Pedagógica na formação em Saúde do Ado-
Programa Caminho Melhor Jovem, da Secretaria de Estado de
lescente promovido pelo Núcleo de Estudos da Saúde do Ado-
Esportes, Lazer e Juventude (2013 a 2016) e coordenou oficinas
lescente em parceria com o Departamento de Gestão Socioedu-
com jovens dos territórios de favelas, com Unidades de Polícia
cativa.
Pacificadora, contemplados pelo programa.

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e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens

minicurrículo DAS AUTORAS


Luiza Buzgaib Martins

Assistente Social graduada pela Universidade Federal Fluminen-


se. Especialista em Serviço Social e Saúde pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, com ênfase em Saúde do Adolescente
pelo Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente. Atualmente
é Coordenadora de Eixo na formação em Saúde do Adolescente
promovido pelo Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente em
parceria com o Departamento de Gestão Socioeducativa. Com-
põe a Equipe Técnica do Projeto Caminhos Abertos – Diálogos
interseccionais entre raça, religiosidade e saúde infantojuvenil,
também executado pelo NESA em parceria com a Secretaria de
Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Ademais, é Assistente
Social do Projeto Identidade – ambulatório de transdiversidades
do Hospital Universitário Pedro Ernesto.

Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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material de apoio
1 Título do material Adolescências: impasses e construções

Trata-se de uma série de vídeos curtos produzidos pelo Programa de


Sinopse, resumo, contexto, referência
Extensão Janela da Escuta da UFMG

Abordagem de temas como impasses das adolescências no campo da


Contribuições do material para o estudo do tema
saúde e educação, sexualidades, suicídio, cortes no corpo etc.

https://www.youtube.com/playlist?list=PLl6cIaEsBeBSMw1wilmM40A-
Link
CO1mhIARDv

2 Título do material Boas práticas do setor saúde para a erradicação do trabalho infantil

OIT, 2009.

A publicação é resultado de uma parceria entre a OIT, a Coordenação Ge-


ral de Saúde do Trabalhador - COSAT do Ministério da Saúde, do Núcleo
de Estudos da Saúde do Adolescente - NESA da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro – UERJ.
Sinopse, resumo, contexto, referência
Descreve exemplos de experiências bem sucedidas no Setor Saúde que
têm contribuído para a Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao
Trabalhador Adolescente no Brasil, com o intuito de conferir a necessária
visibilidade à importância de uma saúde pública que garanta o direito à
infância e à adolescência saudável no país.

Divulgar iniciativas potentes em âmbito nacional com vistas a contribuir


Contribuições do material para o estudo do tema com a construção de ações para retirada de crianças em situação de
trabalho e para proteção de adolescentes trabalhadores.

https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-
Link
-brasilia/documents/publication/wcms_233585.pdf

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material de apoio
3 Título do material
Gravidez na adolescência, iniciação sexual e gênero: perspectivas em
disputa

Cristiane da Silva Cabral, Elaine Reis Brandão. Caderno de Saúde Públi-


ca, 2020.

O texto discute as diferentes perspectivas em disputa acerca do trato


Sinopse, resumo, contexto, referência sobre a gravidez na adolescência no Brasil. Propõe que políticas públi-
cas direcionadas à gravidez na adolescência devem ampliar o enfoque
abarcando ações direcionadas ao desenvolvimento de autonomia, esco-
larização, informação sobre saúde sexual e saúde reprodutiva e direitos
humanos.

Ratificar o entendimento da gravidez na adolescência numa sociedade


desigual, abordando a importância do cuidado e da compreensão das
Contribuições do material para o estudo do tema
adolescências como sujeitos de direitos em processo de aprendizado da
autonomia de si mesmos e das sexualidades.

https://www.scielo.br/j/csp/a/WryX9xCMY5vwNwjM33pqbyb/?format=p-
Link
df&lang=pt

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material de apoio
4 Título do material
Atenção integral à saúde de adolescentes em situação de trabalho: lições
aprendidas

ASMUS, et al. Ciência e Saúde Coletiva, 2005.

Este artigo apresenta a experiência do Programa de Saúde do Trabalha-


Sinopse, resumo, contexto, referência dor Adolescente (PSTA) do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente
da Uerj nas ações de ensino, assistência e extensão, articuladas através
de pesquisas multidisciplinares sobre as possíveis implicações do traba-
lho na saúde infantojuvenil.

Apresentar olhares multidisciplinares sobre as possíveis implicações do


Contribuições do material para o estudo do tema
trabalho na saúde infantojuvenil.

https://www.scielo.br/j/csc/a/Y6qYVfHXG76LMpRm5wXKvQw/abstrac-
Link
t/?lang=pt

5 Título do material Cartilha de Combate ao Racismo Institucional

ABONG, 2020.

Sinopse, resumo, contexto, referência Esse material é fruto de ações empreendidas em uma organização da so-
ciedade civil com vistas à superação do racismo institucional no mundo
do trabalho.

Este material contempla discussão teórica sobre o racismo institucional e


Contribuições do material para o estudo do tema
aponta recomendações para instituições que pretendam ser antirracistas.

https://abong.org.br/wp-content/uploads/2020/11/Cartilha-Racismo-Ins-
Link
titucional.pdf

Módulo: Adolescências e juventudes na contemporaneidade: diferentes perspectivas, diversidades, aspectos étnicos e culturais
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material de apoio
6 Título do material
Quatro experiências de protagonismo juvenil em escolas públicas e
particulares

Correio do Estado, 24/10/2017

A reportagem relata experiências escolares para uma participação mais


ativa dos alunos. A revista Educação conversou com quatro escolas
(duas da rede privada e duas da rede pública) que vivenciam isso na
prática.
Sinopse, resumo, contexto, referência
Seja com a simples criação de oportunidades para que os alunos desen-
volvam seus próprios projetos, seja com um sistema totalmente democrá-
tico, são experiências que buscam estimular e fortalecer a autonomia dos
alunos, tornando-os mais ativos e responsáveis no processo de aprendi-
zagem.

Contribuir com o conhecimento de experiências potentes de


Contribuições do material para o estudo do tema
participação juvenil no âmbito escolar.

https://www.correiodoestado.com.br/economia/profissoes/quatro-expe-
Link
riencias-de-protagonismo-juvenil-em-escolas-publicas-e/314003/

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material de apoio
7 Título do material Cabeça de Porco

ATHAYDE, Celso, MV Bill e Luiz Eduardo Soares. Rio de Janeiro: Objetiva,


2005.

Sinopse, resumo, contexto, referência O livro relata e analisa a violência urbana originada do tráfico de drogas,
com dados apresentados baseados em pesquisas, entrevistas e filma-
gens feitas por todo o Brasil.

O livro traz crônicas que ajudam o leitor a compreender as nuances do


racismo no cotidiano, em especial a partir da visão dos jovens negros.
Contribuições do material para o estudo do tema
Somadas aos dados que apresenta, torna-se uma leitura fundamental
para aqueles que trabalham com jovens.

https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGR-
Link vbWFpbnxwc2ljb3ZscHJ1ZGVudGUyMDE1fGd4OjIyMmE1MmE2MzRlN-
jUzN2Y

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material de apoio
8 Título do material Vista minha pele

Filme de direção de Joel Zito Araújo, 2011.

A partir de uma paródia da realidade brasileira, o curta parte para proble-


matizar as questões do racismo e preconceito. Na história, os negros são
Sinopse, resumo, contexto, referência a classe dominante e os brancos foram escravizados. Maria, uma garota
branca e pobre que estuda em um colégio particular no qual sua mãe é
faxineira, convive com algumas atitudes hostis por sua cor e condição so-
cial; a garota tem que passar por alguns enfrentamentos quando decide
concorrer ao concurso de Miss Festa Junina de sua escola.

Problematizar as expressões cotidianas do racismo na socialização de


Contribuições do material para o estudo do tema
adolescentes negros.

Link https://www.youtube.com/watch?v=FRq4fkkm5Iw

9 Título do material Frutos do Brasil – Histórias de mobilização Juvenil

ONG Aracati. Jornalista Neide Duarte, 2019.

Como será que os jovens se organizam para interceder em suas comu-


nidades? Com o objetivo de responder a essa pergunta e visibilizar a
Sinopse, resumo, contexto, referência atuação da juventude, o Projeto Frutos do Brasil – Juventude em Debate,
abriu uma consulta pública para que os autores de diversas ações pudes-
sem mostrar o seu trabalho. A partir do material, a jornalista Neide Duarte
escreveu um livro e produziu o documentário que tem como eixo central
a mobilização juvenil em prol do desenvolvimento territorial.

Divulgar experiências de organizações juvenis em prol de suas


Contribuições do material para o estudo do tema
comunidades.

Link https://www.youtube.com/watch?v=Qi8Rwp4Sdr0

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material de apoio
10 Título do material Diz aí – parte 1

Canal Futura, 2011

Sinopse, resumo, contexto, referência Neste programa os jovens falam o que pensam sobre diversos temas:
cidade, família, cultura e democracia, educação e mídia.

Apresentar elaborações juvenis sobre temáticas estruturantes das


Contribuições do material para o estudo do tema
relações sociais contemporâneas.

https://www.youtube.com/watch?v=PmozPqRXcfQ&list=PLNM2T4DNz-
Link
mq5fNbCGK9hBFtPYnvJMImCG&index=2

11 Título do material Diz aí: Enfrentamento ao extermínio da juventude negra

Canal Futura, 2013.

O enfrentamento ao extermínio da juventude negra é a principal temática


do documentário. A partir da questão, “O problema do Brasil é social ou
Sinopse, resumo, contexto, referência racial?”, a produção convida jovens a falarem sobre suas experiências e
opinarem sobre quais seriam as ações cabíveis para combater a violência
e contribuir com a diminuição das altas taxas de homicídio que vitimizam
os jovens brasileiros, sobretudo, os negros.

Contribuições do material para o estudo do tema Compartilhar as elaborações juvenis sobre a temática da violência.

https://canaisglobo.globo.com/assistir/canal/diz-ai-enfrentamento-ao-ex-
Link
terminio-da-juventude-negra/t/ZkczbGQpDT

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12 Título do material Hoje eu quero voltar sozinho

Filme de Daniel Ribeiro, 2014

Sinopse, resumo, contexto, referência O premiado filme traz à tona questões relevantes como o despertar da
sexualidade, autonomia na adolescência, relações familiares, deficiência
física, amizade, homossexualidade e amor.

Subsidiar debates sobre o universo da descoberta da sexualidade na


Contribuições do material para o estudo do tema
adolescência e sua vivência por jovens com deficiência.

Link https://www.facebook.com/watch/?v=567799810629752

13 Título do material Vestido nuevo

Sergi Pérez, 2008.

Com apenas 13 minutos de duração, o curta traz à tona como o ambiente


Sinopse, resumo, contexto, referência escolar possui um papel fundamental e formador, nas questões de gê-
nero, em destaque, para as pessoas transgêneros. Mostra, ainda, a forma
diferente como adultos e crianças lidam com a questão.

Contribuir com o reconhecimento da escola como local importante para


Contribuições do material para o estudo do tema
discussão das múltiplas expressões de gênero.

Link https://www.youtube.com/watch?v=ktCXZg-HxGA

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material de apoio
14 Título do material Todo Jovem tem o Direito à Participação.

Secretaria Nacional da Juventude, 2014.

Sinopse, resumo, contexto, referência O vídeo fala sobre o direito à participação juvenil, de acordo com o que
preconiza o Estatuto da Juventude.

Contribuir para o (re)conhecimento do direito à participação inscrito no


Contribuições do material para o estudo do tema
Estatuto da Juventude, como uma conquista da juventude brasileira.

https://www.youtube.com/watch?v=w2vV_D4iD68
Link
https://www.youtube.com/watch?v=vJbWUvYydEg

15 Título do material Rap do Silva

Mc Rob Bum, 1996.

A música conta a história de Ronaldo, personagem fictício que repre-


senta bem a vida de diversos jovens moradores da periferia. O som é um
Sinopse, resumo, contexto, referência grande hit que já rendeu até livro, chamado “Era só mais um Silva“, lan-
çado em 2014, e também um documentário “Bob Rum: A história de um
Silva“, que traz depoimentos de Buchecha, Mr. Catra, Marcinho, Naldo e
outros.

Contribuições do material para o estudo do tema Divulgar questões importantes da socialização da juventude periférica.

Link https://www.youtube.com/watch?v=vlZ9MGgC1NI

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material de apoio
16 Título do material Terra de Gigantes

Composição de Humberto Gessinger, Engenheiros do Hawaii, 1987.

A música traz a visão de um jovem de sua época (anos 80) tomando


Sinopse, resumo, contexto, referência consciência de sua vida e sua existência dentro da sociedade, trazendo
expressões da complexidade dos desejos e percepções que podem
passar por mudanças nessa fase da vida.

A música pode ajudar aqueles que trabalham com jovens a se


Contribuições do material para o estudo do tema reaproximarem das inquietações que fazem parte do processo do
adolescer e da juventude.

Link https://www.youtube.com/watch?v=4jRVaN520wM

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material de apoio
17 1 - De gravata e unha vermelha (Precisa ser adquirido no YouTube)
Título do material
2 - Amarelo - é tudo para ontem (Precisa ser adquirido no Netflix)

1 - Filme dirigido por Miriam Chnaiderman, 2015.

O filme traz entrevistas com diversas personalidades que, em suas


histórias de vida, colocaram em perspectiva o modelo de identificação
binário homem/mulher, e questionaram os estereótipos construídos para
cada um dos sexos. A discussão proposta pelo premiado documentário
brasileiro, da psicanalista Miriam Chnaiderman joga luz sobre a temática
Sinopse, resumo, contexto, referência LGBTQIA+.

2 - Emicida, 2021.

Neste filme documentário, o artista Emicida leva as suas rimas e os suces-


sos de Amarelo para o palco do Theatro Municipal de São Paulo em uma
noite histórica.

1 - Compartilhar elaborações que contribuam para maior conhecimento


do universo LGBTQIA+ com vistas a desconstrução de visões
estereotipadas e estigmatizadas.
Contribuições do material para o estudo do tema
2 - Apreender os significantes da ascensão da arte popular, sobretudo,
de ritmos periféricos como o rap localizado na história. Reconhecer seu
potencial político e referencial para jovens.

1 - https://www.youtube.com/watch?v=bkNIdhOhLqI
Link
2 - https://www.netflix.com/br/title/81354431

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Realização
FIOCRUZ MATO GROSSO DO SUL

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