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Que Pensam Os Estudantes Universitários Sobre A Procrastinação Acadêmica?
Que Pensam Os Estudantes Universitários Sobre A Procrastinação Acadêmica?
3, 2023
http://dx.doi.org/10.18316/recc.v28i3.10818
Resumo: O presente estudo teve como objetivo explorar a procrastinação acadêmica na percepção de estudantes
universitários. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e exploratória, da qual participaram oito alunos
de diferentes períodos e cursos. Os dados foram obtidos por meio da técnica denominada grupo focal, que foi
processada no software IRAMUTEQ e analisada a partir da Classificação Hierárquica Descendente (CHD). Os
resultados indicam que os alunos têm consciência da procrastinação, são capazes de compreender o momento em
que ocorre o comportamento, declarando-se conscientes dos motivos e das consequências negativas a nível pessoal,
académico e relacional. Apesar dos grandes transtornos e problemas causados pelo adiamento, eles dizem não
conseguir controlar a procrastinação. O conhecimento produzido pode colaborar com ações institucionais eficientes
sobre o comportamento de procrastinação.
Palavras-chave: Procrastinação acadêmica; Estudantes universitários; Qualitativo.
Abstract: The present study aimed to explore academic procrastination from the perception of university students.
This research is a qualitative and exploratory approach, in which eight students from different term and courses
participated. Data were obtained through the technique called Focal Group, which were processed in IRAMUTEQ
software and analyzed from Descending Hierarchical Classification (CHD). The results indicate that the students
are aware of procrastinating, being able to understand the moment when the behavior occurs, declaring themselves
aware of the reasons and the negative consequences at the personal, academic and relational levels. Despite the
significant discomfort and problems generated by the postponement, they say they cannot control procrastination.
The knowledge produced can collaborate with efficient institutional actions on procrastination behavior.
Keywords: Academic procrastination; University students; Qualitative.
Introdução
O processo de adaptação ao Ensino Superior é marcado por diversas mudanças na vida do aluno.
O estudante será confrontado com novos desafios que irão lhe exigir competências para que se integre
de forma satisfatória à universidade. Essas exigências estão relacionadas às questões pessoais, sociais,
Diante dessas mudanças, o posicionamento do aluno pode contribuir de forma positiva ou negativa
nesse processo. Aqueles que buscarem estabelecer novas competências, como desenvolver rotinas de
estudos, serem mais participativos em sala de aula e na instituição, se relacionar com pares e professores
tendem a se adaptar melhor a esse novo ambiente (ARAÚJO, et al., 2016). De forma contrária, evitar ter
que lidar com essas novas exigências pode dificultar a adaptação do aluno à universidade, gerando estresse
e ansiedade.
Um comportamento comum entre alunos universitários que pode ser um obstáculo nesse processo
é a procrastinação. Entre 80% a 95% dos estudantes admitem procrastinar, sendo que 50% dizem ter
problemas persistentes com essa questão. A procrastinação pode ser definida como o adiamento voluntário
de tarefas e decisões importantes para que se alcance metas e objetivos (STEEL et al., 2018). No ambiente
universitário a procrastinação está relacionada ao adiamento de estudos semanais, preparação para exames,
elaboração de trabalhos, participação em eventos, como também atrasos e faltas em aulas (SAMPAIO;
POLYDORO; ROSÁRIO, 2012). Esse adiamento geralmente é acompanhado de sentimentos negativos
como ansiedade, estresse, auto reprovação, culpa e angústia e vem sendo relacionado a diversos fatores,
dentre eles a desmotivação, os baixos níveis de autoeficácia, a pouca capacidade de autorregulação da
aprendizagem, dificuldade em gerenciar o tempo, a depressão, dentre outros (FERRARI, 2018; SAMPAIO;
POLYDORO; ROSÁRIO, 2012).
Nesse contexto, é importante diferenciar atraso de procrastinação. Nem todo atraso pode ser
considerado procrastinação. Haghbin (2015) afirma que, apesar do indivíduo estar ciente das consequências
de longo prazo em atrasar uma tarefa, constantemente evita o estresse de curto prazo de ter que lidar com
ela no momento presente. Desta forma, a procrastinação não é somente conceituada como um ato de atraso,
mas também como uma falha autorreguladora (COSTA, et al., 2022; STEEL, 2012). De modo oposto,
atrasos não relacionados a procrastinar podem ser intencionais, racionais e produtivos (SVARTDAL;
NENTCAM, 2022). Portanto, é possível atrasar uma ação por priorizar outras tarefas mais importantes ou
quando mais informações são necessárias antes da tarefa alvo ser executada.
A procrastinação atinge as pessoas em vários domínios de suas vidas, como rotina diária, relações
sociais, casamento, gestão financeira, trabalho e contexto acadêmico (STEEL, et al., 2018). Hen e Goroshit
(2018) estudaram a procrastinação em 11 diferentes domínios (saúde, carreira, educação, família, amigos,
autodesenvolvimento, tempo de lazer, comunidade, relações afetivas, finanças e parentalidade) com 430
adultos israelenses que tinham alta qualificação. Os resultados indicaram que o domínio mais procrastinado
foi a saúde e o menos procrastinado foi a parentalidade. Foi observado que 40,7% dos entrevistados
relataram alta procrastinação na manutenção dos comportamentos de saúde, 27,7% em tempo de lazer,
21,9% em autodesenvolvimento e 25% dos entrevistados relataram alta procrastinação em quatro ou mais
domínios da vida.
Não é incomum que as pessoas procrastinem, porém o conceito pode ser classificado como crônico
se for uma tendência habitual e de longo prazo em diversas tarefas importantes que produzem baixo
desempenho, sofrimento psicológico e prejuízo em vários aspectos na vida (HAGHBIN, 2015). Ferrari
(2018) afirma que pesquisas em diversos países levaram à conclusão de que a procrastinação crônica afeta
inúmeras áreas da vida do indivíduo e é prevalente em 20% da população mundial (alguns dos países
estudados são Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, Peru, Venezuela, Espanha, Irlanda,
Itália, Polônia, Áustria, Japão, Coréia do Sul, Turquia, Israel e Arábia Saudita). Segundo o autor, há uma
prevalência maior do que muitos transtornos, mesmo não tendo essa classificação tal como identificado
pelos manuais de doenças.
Nas sociedades atuais existe uma ênfase na produtividade, enfatizando o controle pessoal e
a responsabilidade. Segundo Steel, et al. (2018), devido ao valor que o tempo tem em nossa sociedade,
prejuízos relacionados aos comportamentos procrastinatórios ficam mais evidentes como por exemplo em
problemas de saúde, que são agravados pela demora na busca de tratamento, ou na solução de questões
financeiras, quando o indivíduo evita tomar decisões sobre sua aposentadoria por exemplo, dentre muitos
outros contextos.
a probabilidade de procrastinar (STEEL, et al., 2018). Nos tempos atuais existem à disposição muitas
atividades em que se obtém prazer de forma rápida e fácil servindo como fuga para atividades entediantes
ou aversivas (H. EFE; EFE, 2018; MOHAMMADI; TAHRIRI; HASSASKHAH, 2015). Segundo Steel (2012),
já é possível visualizar o efeito das mudanças ocorridas na sociedade no comportamento de procrastinar.
Nos anos 1970, o percentual de pessoas que afirmavam ter problemas persistentes com a procrastinação
era entre 4% e 7% como já foi mencionado, atualmente esse número chega a atingir cerca de 20% a 25%
(FERRARI, 2018; HEN; GOROSHIT, 2018).
Mesmo a procrastinação sendo uma questão antiga, só recebeu interesse científico nos últimos 30
anos (STEEL, 2012). Steel, et al. (2018), a partir de uma metanálise, que teve como objetivo explorar de
forma ampla as causas e correlações da procrastinação, constatou que os estudos investigam esse fenômeno
por diversos ângulos. Segundo esse autor, parte das pesquisas sobre procrastinação buscam entender o
fenômeno com base nas diferenças individuais ou visam explorar as características das tarefas, buscando
possíveis causas ambientais. A procrastinação também é entendida a partir da relação com a idade, gênero,
nível educacional, entre outras características demográficas, indicando possíveis moderadores físicos e de
grupos. Também vem sendo associada ao humor, a déficits na autorregulação e ao mau desempenho.
A procastinação é tão comum na universidade, que a maior parte dos estudos buscam entender
suas causas e seus efeitos nessa população (STEEL, 2012). Janssen (2015) constatou que 97% dos 133
universitários americanos estudados relataram procrastinar em suas tarefas acadêmicas, 50% quase sempre
ou sempre procrastinam quando estudam para os exames, 62% procrastinam as leituras semanais e 54%
procrastinam em escrever os trabalhos de conclusão de curso. No Irã, a porcentagem de procrastinação
acadêmica é de 63% (BYTAMAR, et al., 2018).
Essa alta porcentagem, em parte, pode ser explicada pelo fato de que o estudante universitário
lida com diversas exigências e com complexas tarefas durante os seus anos de estudo. Essas obrigações
são de nível maior de complexidade e acabam demandando dos estudantes esforços para que obtenham
bom desempenho acadêmico, consequentemente maiores chances de atender a demanda do mercado de
trabalho. Neste contexto, a procrastinação está associada ao atraso irracional de iniciar ou concluir tarefas
relacionadas as demandas acadêmicas, como leituras, estudo para provas, escrita, rotina de estudo (SAMPAIO;
POLYDORO; ROSÁRIO, 2012; RICHARDS, 2018). Steel e Ferrari (2013) afirmam que a procrastinação em
estudantes universitários está associada à dificuldade da autorregulação do comportamento para atender
às exigências do Ensino Superior. Segundo Schouwenburg (1995), o comportamento procrastinatório
no contexto acadêmico pode se apresentar como falta de iniciativa, podendo ser nas interações e/ou nos
estudos, ter preferência por atividades que competem com as relacionadas a universidade e discrepância
entre a intenção de estudar e o estudo propriamente dito.
à tarefa. Nos estudos de Moleta, Ribeiro e Clemente (2017) e Semprebon, Amaro e Beuren (2017) também
foi observada influência negativa da procrastinação no desempenho. D. Silva, et al. (2016) observaram que,
além da relação entre baixo desempenho acadêmico e procrastinação, alunos nos períodos finais do curso
tendem a ter maiores índices de procrastinação. Foi também observado uma menor associação entre a
procrastinação e o gênero feminino.
Kaveski, et al. (2017) investigaram os motivos que levam a procrastinação e sua influência na vida
acadêmica de 225 graduandos do curso de Ciências Contábeis. Pesquisaram as relações entre as variáveis
procrastinação, desvio de conduta e desempenho acadêmico. Foram considerados procrastinadores os
discentes que, mesmo com intenção de fazer, não conseguem iniciar a tarefa, são facilmente distraídos
e têm dificuldade de realizar a atividade no prazo. Os resultados apontaram que antecedentes pessoais
e situacionais são fatores que levam os discentes a procrastinar, explicando 52,2% da procrastinação
acadêmica. Os fatores situacionais foram os que obtiveram maior destaque: situações que concorrem com
as tarefas acadêmicas como atividades e compromissos considerados mais importantes, as interações sociais
disponíveis e atividades de menor exigência (navegar na Internet, por exemplo). Esse estudo também indicou
que a procrastinação está positivamente relacionada a desvios de conduta, tais como comportamentos de
colar em provas, copiar atividades de colegas, não fazer as tarefas e leituras semanais são mais recorrentes
em discentes que procrastinam e que o desempenho acadêmico é menor em estudantes que procrastinam.
Para Wypych, Matuszewski e Dragan (2018) a falta de valor e sentido na atividade pode levar
ao desinvestimento da tarefa. Nesse sentido, Steel et al. (2018) apontam que a procrastinação é um dos
mais comuns fracassos motivacionais. Desta forma, a procrastinação acadêmica é entendida como uma
estratégia de evitação (KANDEMIR, 2014).
Visser, Korthagen e Schoonenboom (2018) tiveram como objetivo observar as diferenças entre
os níveis de procrastinação em acadêmicos de um curso de formação de professores. Participaram 22
estudantes que estavam no primeiro ano de estudo e foram divididos em três grupos: baixo, médio e alto
nível procrastinação. Os resultados apontam para seis temas: escolha do programa de graduação, iniciar
atividades de estudo, envolvimentos em atividades de estudo, reagindo ao fracasso, visão de si mesmo e
resultados do estudo. Concluíram que aqueles que são considerados baixos e médios procrastinadores, por
valorizarem e desejarem ser um professor, se mostravam mais motivados, favorecendo assim a realização
de atividades e estudos. Para os alunos do grupo alto nível de procrastinação, a falta de interesse em se
tornar um professor dificultava ter que começar e concluir as tarefas do curso. Em resumo, a resistência
em executar as tarefas acadêmicas estava relacionada ao nível de identificação com o curso escolhido.
Aqueles que fazem escolhas mais motivadas tinham maior interesse nas atividades demandadas pelo curso,
inversamente, os que escolheram o curso por outros motivos, diferentes de suas motivações pessoais,
procrastinavam por falta de interesse e aversão as exigências do curso.
Método
Participantes
Procedimentos éticos
A coleta de dados foi realizada por meio da técnica denominada Grupo Focal, cujo objetivo é
estimular o debate para se obter relatos sobre as experiências, depoimentos e percepções do grupo em
relação a um determinado tema. Essa estratégia proporciona a integração entre os participantes facilitando
o acesso de dados que não seriam possíveis em entrevistas individuais (LEAL; CAMPOS, 2013). Foi
realizado apenas um grupo focal, considerando o critério de saturação comumente empregado em estudos
qualitativos, ou seja, os grupos se esgotam quando não apresentam novidades em termos de conteúdo e
argumentos (TRAD, 2009).
Os dados sociodemográficos foram coletados por meio de uma folha de rosto que precedeu a
realização do Grupo Focal. O encontro ocorreu em um único momento, com tempo de uma hora e vinte
dois minutos, em uma sala adequada que ofereceu conforto e privacidade. Os alunos foram convidados por
meio de divulgação em sala de aula, tendo como critério de inclusão a percepção do estudante de procrastinar
em suas tarefas acadêmicas e como critério de exclusão não se autoperceber como procrastinando nas
atividades da graduação. Foi agendado local, dia e horário e os participantes foram recepcionados com um
lanche, receberam um crachá de identificação e foram posicionados em círculo para facilitar a comunicação
entre os participantes. O mediador do grupo foi a própria pesquisadora. Foi estabelecido um roteiro prévio
com os principais tópicos para discussão (O que é procrastinação? Compartilhamento de experiências que
digam respeito à procrastinação na universidade e comparação com o Ensino Médio; Quais tarefas são
mais procrastinadas? Existe diferença entre as disciplinas? Disciplinas mais procrastinadas do que outras?
A relação com o professor afeta a procrastinação? As relações sociais interferem na procrastinação?). As
falas foram gravadas em áudio e posteriormente foi realizada a transcrição textual do material coletado.
A investigação ocorreu por meio de análise lexical dos dados textuais que tem como unidade de
análise as palavras presentes no texto. Esse material é submetido a cálculos estatísticos em que o vocábulo
é identificado e organizado. Essa análise parte da premissa que se pode identificar o sentido de um objeto a
partir da identificação de um conjunto de palavras que o caracteriza (CAMARGO; JUSTO, 2014).
A análise lexical ocorreu por meio do software IRAMUTEQ (Interface do R pour Analyses
Multidimensionelles de Textes et de Questionnaires) que é um software gratuito e com fonte aberta
desenvolvido na França. A partir de 2013 teve sua adaptação à língua portuguesa o que possibilitou sua
utilização no Brasil (CAMARGO; JUSTO, 2013).
Esse programa permite diferentes formas de análises textuais por meio de lexicografia básica, que
possibilita identificar e reformatar as unidades de textos, identificar a frequência média, a quantidade de
palavras e vocábulos com frequência única (hápax). Outros tipos de análises são o Método da Classificação
Hierárquica Descendente (CHD), a Análise Similitude e a Nuvem de palavras (CAMARGO; JUSTO, 2014).
No CHD os segmentos de textos são classificados em função dos seus correspondentes vocábulos
e o conjunto deles é dividido com base na frequência das formas reduzidas. Essa relação entre as classes
é caracterizada por uma representação gráfica (dendograma - CHD). A análise de similitude viabiliza
reconhecer as coocorrências entre as palavras e a conexidade entre os vocábulos. Já a nuvem de palavras,
apesar de ser uma análise lexical, simples permite a identificação mais rápida das palavras-chaves do corpus,
organiza e reúne os vocábulos em função da sua frequência (CAMARGO; JUSTO, 2014).
Resultados
Na análise do corpus “Procrastinação acadêmica” foram observadas 9004 ocorrências (número total
de palavras contidas no corpus), sendo 874 formas distintas e 374 com uma única ocorrência. Esse corpus
foi divido em 252 unidades de texto elementares, sendo que 207 unidades (82,14%) foram analisadas e
agrupadas por meio de classificações hierárquicas descendentes (CDH). Na Figura 1, pode-se visualizar o
dendograma que demonstra as seis classes advindas do conteúdo analisado.
Vale ressaltar que as seis classes se encontram divididas em duas ramificações iniciais. O
subcorpus “Funcionamento” composto pela classe 2 (Falha autorregulatória) e a ramificação, “Efeitos
do comportamento”, composta pelas classes 3 (Justificativa) e 4 (Consequência). O subcorpus “Contexto
acadêmico”, contém as palavras correspondentes à classe 6 (Fundamentos) e uma outra ramificação,
“Resultado acadêmico”, contida as classes 5 (Estratégia de desempenho) e 1 (Influência docente).
A Classe 2, Falha autorregulatória, reteve 46 segmentos de textos (STs), composto por 22,22% do
corpus. Os vocábulos mais frequentes e significativos presentes nessa classe são: começo, sentir, acabar,
ficar (p < 0,05). Essa classe expressa a dificuldade entre a intenção de agir e a ação de fato, por exemplo nas
falas: “eu sou assim, eu sei que eu deveria estar fazendo isso e que não fazer vai me prejudicar muito, mas
mesmo assim não estou fazendo. Eu sinto ansiedade principalmente nesses momentos antes de prova, eu
começo a ficar bem desesperada” e em “Eu consigo dar conta do que eu planejo o difícil é começar, meu
problema é começar, fico só postergando e estudo em véspera de prova, eu tenho dificuldade de concluir,
eu começo toda hora”. Os participantes relatam que apesar de perceberem que estão procrastinando não
conseguem fazer nada para mudar isso, a ação geralmente ocorre na véspera de provas e prazos finais,
quando estão prestes a se prejudicar ou quando isso já ocorreu e precisam se recuperar.
Segundo os participantes, a intenção de não procrastinar é algo que ocorre no início do semestre,
mas com o passar do tempo não conseguem agir da forma que pretendiam, o que é exemplificado na
fala: “Eu só estudo antes da prova, eu tenho uma rotina no teórico, eu sempre crio uma rotina no começo
do semestre, começo acompanhando e depois fica tudo bagunçado”. Outro relato comum a todos foi a
percepção de que no início da graduação os alunos procrastinavam menos e o adiamento foi aumentando
conforme iam conhecendo as consequências de procrastinar o que pode ser percebido na fala “Eu também
percebi um pouco isso de não procrastinar tanto no começo e depois que eu comecei a me sentir, acho que
confortável, eu comecei a ver que se eu deixasse para depois não ia me prejudicar tanto, eu ia conseguir a
nota que eu precisava”.
A Classe 3, denominada Justificativa, composta por 37 ST, foi responsável por 17,87% do corpus
textual. Os vocábulos mais frequentes e significativos presentes nessa classe são: abrir, preguiça, casa,
trabalhar, ler, computador, saber e estágio (p < 0,05). Mostra as razões que foram associadas a ocorrência
da procrastinação. A preguiça foi uma das principais justificativas apresentadas, o que é exemplificado nos
trechos: “ não sei se é preguiça, se são os obstáculos até chegar aonde você quer, tem um monte de coisa
para fazer, por isso que falei o negócio do estágio você começa a praticar aquilo, eu acho que aumenta mais
seu interesse”, “No estágio você acaba pesquisando mais sobre aquilo, então eu estudava mais e agora eu
não estou no estágio, não estou fazendo nada e bate aquela preguiça, então eu penso em estudar, mas tem
que abrir o site”, nessas falas o estágio aparece como um estímulo, algo que aumenta o interesse por ser uma
possibilidade de vivenciar a prática da profissão. O cansaço também foi apontado como uma justificativa
para procrastinar como pode ser evidenciado na fala: “saio do trabalho e não estou afim de estudar e fico
enrolando. Tem dias que estou muito cansado, muito estressado, eu não vou chegar em casa e vou abrir o
sistema para fazer uma avaliação, jamais”.
A Classe 4, Consequência, reteve 34 ST, sendo 16,43% do corpus. Os vocábulos mais frequentes
e significativos presentes nessa classe são: dia, entregar, anterior, amanhã, chegar, entrar, ponto, parar e
domingo (p < 0,05). A classe expressa os efeitos de adiar as tarefas acadêmicas, dentre os quais estão:
ter que estudar na véspera das avaliações, a aprendizagem superficial dos conteúdos e as emoções
e pensamentos negativos tais como exemplificados nas falas: “Eu acho que essa responsabilidade, essa
pressão, principalmente no dia anterior da prova, que você tem essa prova para fazer você fica desesperado,
porque tem muito conteúdo, você começa achar que não vai dar conta, então eu vou fazer o que, vou nem
começar a estudar” , “Só que eu não leio nenhum dos textos, chega no dia da prova, no dia anterior no caso,
eu tento achar resenha, resumo dos textos na Internet, para pelo menos saber do que se trata os textos,
e nem sempre isso dá certo, as vezes eu abro o texto e fico tentando caçar partes chaves que vão cair, que
são o conteúdo mais importante” e “O meu principal sentimento é arrependimento, porque que eu não
fiz, porque eu não fiz antes, sabe, porque eu não estudei, porque eu me deixei chegar a esse ponto, eu fico
muito arrependida”.
dificuldade, mas de certa forma acredito que menos porque haveria um interesse da minha parte” e “mas
se eu estivesse fazendo um curso que eu gosto eu ia tentar fazer as coisas pelo menos, eu tentaria fazer as
coisas porque em sociologia eu nem tento mais”.
Por último a Classe 1, Influência docente que foi responsável por 38 ST, compondo18,36% do corpus.
Os vocábulos mais frequentes e significativos presentes nessa classe são: professor, entender, aula, dedicar,
exemplo e matéria (p < 0,05). Está classe destaca a percepção dos participantes sobre o papel do professor
como mediador do interesse do aluno sobre o conteúdo estudado e até mesmo o curso. Nesse sentido, o
docente é indicado como fonte de motivação ou até mesmo de desinvestimento do aluno, podendo afetar
a procrastinação o que pode ser exemplificado nas falas: “Acho que também meus professores influenciam
muito, nas melhores matérias eu considero eles melhores professores, eu consigo entender melhor”, “Mas
também é claro que quanto pior for o professor, na minha opinião, menos eu vou me interessar na aula. Até
porque, se eu não estou entendo o que a pessoa este explicando ou não vou aparecer na aula, ou vou ficar no
celular ou vou dormir”, “Mas eu não levo muito para esse lado, gosto do professor então automaticamente
eu gosto da matéria, é mais tipo, gosto do professor então eu vou me dedicar porque eu acho que tenho que
dá um retorno para essa pessoa” e “Tem uma professora nesse período que a aula dela é muito ruim, tipo
você está falando, ela se perde, faz umas conexões estranhas, para o assunto, e a aula dela para mim está
sendo bem complicada, algumas eu tenho até matado”.
Discussão
execução o estudo em si. Os alunos que apresentam maior dificuldade são mais suscetíveis a distrações
externas, barulhos ou a presença de outras pessoas e distrações internas, como pensamentos e emoções.
No que diz respeito a Classe 3, Justificativa, os participantes relataram que não estão certos sobre o
porquê procrastinam, mas acreditam que pode estar relacionado a preguiça, falta de interesse, cansaço e a
dificuldade de gerenciar as tarefas com outras atividades mais prazerosas. Segundo Svartdal e Løkke (2022),
apesar de se considerar uma predisposição comportamental para o comportamento de procrastinar é mais
provável que a pessoa procrastine diante de contextos específicos, como tarefas e situações que considerem
desagradáveis ou que não sejam estimulantes. Os autores acrescentam que as pessoas tendem a procrastinar
mais em tarefas que percebem como aversivas e punitivas e que não julguem recompensadoras o suficiente,
desta forma, as atividades que são realizadas no lugar das adiadas são mais agradáveis e geralmente trazem
consequências imediatas. Segundo o estudo de Kaveski, et al. (2017), os motivos da procrastinação estão
relacionados à importância dada a tarefa, concorrência com eventos sociais, atividades mais atrativas e o
pouco incentivo.
Com o aumento do acesso à tecnologia o estudante tem em mãos um potente concorrente aos
deveres complexos e muitas vezes poucos instigantes da vida universitária. Mohammadi, Tahriri e
Hassaskhah (2015) encontraram correlação positiva e moderada entre o comportamento de procrastinar e
o uso da Internet, ou seja, quanto mais acessos a Internet mais frequente o comportamento de procrastinar.
De forma semelhante, Kandemir (2014) aponta o vício na Internet como um previsor da procrastinação.
Diante do constante adiamento das tarefas acadêmicas o estudante precisa lidar com as consequências
de procrastinar (Classe 4), os participantes relataram estratégias que acarretam uma aprendizagem
superficial que afeta não só seu desempenho como também sua formação profissional e suas relações
interpessoais. Em relação ao desempenho, estudos como os de Kaveski, et al. (2017); Moleta, Ribeiro e
Clemente (2017); Semprebon, Amaro e Beuren (2017); D. Silva, et al. (2016) encontraram relação entre a
procrastinação e o baixo desempenho acadêmico. Outras consequências da procrastinação são os estados
emocionais desvantajosos ao funcionamento do indivíduo (SAMPAIO; POLYDORO; ROSÁRIO, 2012).
Estudar em cima da hora para provas e a realização de trabalhos feitos na véspera da entrega causam
emoções desconfortáveis como ansiedade, arrependimento e autodepreciação. Não acompanhar a leitura
semanal também é pode ser responsável por se sentirem deslocados dos seus colegas de classe, pois isso
afeta sua interação em conversas sobre o conteúdo. Procrastinar também prejudica a interação com os
professores, visto que diminui a participação em aula. Diante disso pode-se afirmar que a procrastinação
traz prejuízos pessoais e interpessoais (SAMPAIO; POLYDORO; ROSÁRIO, 2012).
Na Classe 6, Fundamentos, os discursos dos participantes revelam suas razões para estarem
cursando a faculdade. Essas razões estão relacionadas a aspectos pessoais e associadas a tarefa em si,
como conseguir se sentir identificado com a futura profissão e os conteúdos aprendidos. Também são
apresentadas justificativas externas como as pressões familiares e sociais. Segundo Visser, Korthagen e
Schoonenboom (2018) estar cursando uma graduação na qual não existe interesse pessoal pelo curso está
associado a maiores níveis de procrastinação. O comportamento de procrastinar pode ser entendido como
um problema no processo de motivação, podendo ser entendido como uma forma de evitar as tarefas
que possuem pouco sentido e valor para o indivíduo (KANDEMIR, 2014; STEEL, et al., 2018; WYPYCH;
MATUSZEWSKI; DRAGAN, 2018). Segundo Visser, Korthagen e Schoonenboom (2018) estar cursando
uma graduação na qual não existe interesse intrínseco pelo curso pode estar associado a maiores níveis de
procrastinação.
Considerações Finais
O presente estudo teve como objetivo identificar a percepção dos alunos sobre a
procrastinação em sua experiência de estar cursando o Ensino Superior. De modo geral, os participantes
estavam cientes do fato de procrastinarem as tarefas acadêmicas e conseguiam identificar quando o
adiamento ocorria, como se comportavam e como se sentiam. Apesar de apresentarem as justificativas
para o adiamento, como preguiça, desinteresse, cansaço e uso da Internet, relatam não saber como agir
para evitar a procrastinação.
Os principais achados apontam para dificuldade em seguir o que planejam, consequências como
baixo desempenho, emoções, pensamentos negativos e o uso de estratégias de aprendizagem superficiais,
como a memorização na véspera da prova e estar desmotivado com o curso. Foi possível observar que alguns
participantes relataram ter dificuldade em socializar por não acompanharem o conteúdo ministrados nas
disciplinas e terem prejuízos na sua formação por não se sentirem confiantes para interagir com professores
e iniciar o estágio profissional. O papel do professor apareceu como facilitador do interesse discente.
que o adiamento frequente pode fazer com que o estudante não se desenvolva dentro desse novo contexto.
Referências
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