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Trabalho individual
Atualmente, a divisão dos espaços é clara por dois principais motivos: a presença de patamares
marcados que os dividem e a linguagem construtiva dos edifícios implantados nos mesmos. Esta
não se comunica entre eles, e ainda remetem a épocas distintas: o Liceu foi construído algures
na década de 1920, com paredes exteriores auto-portantes em alvenaria de pedra calcária; os
atuais edifícios da ESEC são de pré-fabricação em betão armado, enquanto as atuais cantinas
são edifícios de caráter industrial, com a sua construção em betão armado e estrutura em ferro
para as chapas das coberturas que constituem o seu sistema em sheds. Nota-se ainda uma
timidez nos acessos que ligam as diferentes zonas, usando meramente o espaço que sobrou,
quase como se estes fossem secundários.
Após esta análise sintética do espaço, a minha abordagem parte por fornecer espaço público
próximo das pessoas do bairro, organizando o mesmo e abrindo novas ligações, entre elas, a
outrora marcante ligação oeste-este. Esta ligação, na minha opinião, não só é prioritária como já
é, de certo modo, sugerida pelo desenho do bairro, com pelo menos o espaço restante a norte
como espaço público. Depois, trabalhar o eixo norte-sul como forma de criar ligação com os
anteriormente referidos jardim e praça da quinta. Este é ainda uma oportunidade para
trabalhar a continuidade entre os diferentes patamares e os definir no seu caráter mais ou
menos público. Sendo o edifício Luís de Camões, para mim, garantido como habitação, também
será interessante trabalhar as tais escadas descontínuas para conectarem diretamente os seus
moradores e estas importantes zonas.
O programa habitacional pede o abrigo de um mínimo de 150 pessoas. Optei então por recorrer
ao edifício Luís de Camões, pelo seu grande porte, caráter nobre e implantação que permitem
espaços, ainda que públicos, mais reservados para os moradores; e ainda pelos edifícios
industriais em sheds, primeiramente pela necessidade espacial do programa, mas também pelas
suas implantações que não só definem uma clara métrica entre todos os complexos
habitacionais pelo paralelismo dos edifícios e os espaços criados entre estes, e ainda os seus
módulos que me remetem para uma escala unifamiliar, com o seu pé direito alto e os sheds que
conjugados, acredito que se possam transformar em espaços familiares dignos.
Não acredito que seja possível cumprir todos estes objetivos sem a demolição de nenhum
edifício existente nem a reconfiguração de alguns patamares e cotas. Como o professor João
Mendes Ribeiro disse uma vez em aula, passo a citar, “este projeto não se resolve sem um gesto
forte”, e a configuração atual do espaço não dá abertura para grandes gestos. Proponho então a
demolição de parte do edifício do pavilhão desportivo da ESEC (tirando proveito dos sistemas de
pré-fabricação que podem ser desmontados), apenas o necessário para desafogar o espaço, e a
demolição total do edifício à direita deste, de modo a dar continuidade ao espaço e criar um
espaço público aberto no seu lugar.
"A knowledge of history and a concern for the future are particularly important to a person
engaged in the fine arts because the arts are the enbodiment of enduring values."
Origins of Functionalism, Edward R. De Zurko, p.235-236
"In essence, functional adaptation is a group process without beginning or end."
Origins of Functionalism, Edward R. De Zurko, p.236
"The best adaptation is, therefore, a significantly creative contribution to the general welfare,
the good life."
Origins of Functionalism, Edward R. De Zurko, p.236