Professional Documents
Culture Documents
Impulso 5082
impulso 1 janeiro 99
Impulso.book Page 2 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 2 janeiro 99
Impulso.book Page 3 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
a
Unidade Temática e
Regularidade
A Editora UNIMEP faz chegar a seus leitores, neste volume 10, os nú-
meros 22 e 23 da REVISTA IMPULSO, trazendo como temática básica o fenô-
meno da comunicação. É o resultado dos esforços do Conselho Editorial,
empenhado em regularizar a periodicidade da Revista, para que ela possa
atender de modo mais eficaz o papel que lhe é reservado, no interior da Uni-
versidade e nos meios externos em que circula.
A IMPULSO tem como objetivo ser espaço de debate da academia e veí-
culo de circulação das idéias que fermentam as atividades de ensino, pesquisa
e extensão universitárias, não só da UNIMEP mas de todas aquelas
instituições compromissadas com a melhoria da qualidade do labor universi-
tário.
Neste sentido, a orientação editorial tem sido de aproximar a IMPULSO
do professorado, abrindo cada vez mais suas páginas, de modo que este veí-
culo possa se tornar a expressão viva do pensamento que preside todas as ati-
vidades legadas às Ciências Sociais.
Para facilitar a realização destes propósitos, com bastante antecedência
foram anunciados os temas preferenciais para os números que seriam produ-
zidos, e a Comissão Editorial se encontra segura que eles possuem condições
de sensibilizar e mobilizar os interessados.
Neste volume 10 priorizou-se, de modo geral, o fenômeno da comuni-
cação. No artigo “Câmera, olho que observa”, Maria Tereza propõe-se a
apontar alguns momentos na história do cinema e do vídeo em que “o modo
de olhar através da máquina modificou o modo de observação da realidade”.
Israel Belo de Azevedo, em “O livro evangélico no Brasil”, revela que
92% das obras produzidas pelas editoras evangélicas contêm material dog-
mático, além de grande espaço reservado à sistematização de doutrina. Infor-
ma ainda o articulista que as casas publicadoras protestantes ainda utilizam
os livros como forma importante de expansão e apoio a seu projeto de fé.
A discussão de estratégias de resistência do humano frente à exacerba-
ção do consumo, em um contexto em que o humano “é cada vez mais vili-
pendiado e vendido como mercadoria”, é a preocupação central de Sílvio
Gallo, externada em seu texto “Consumo e resistência cultural”.
Dois outros artigos dão continuidade à mesma temática com enfoques
bastante diferentes. Em “Jornalismo de serviços: produto descartável”, Den-
nis de Oliveira analisa o faturamento de empresas jornalistas e apresenta a
“prestação de serviços como a saída para o jornalismo na sociedade moder-
impulso 3 janeiro 99
Impulso.book Page 4 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
na”, indicando, entretanto, que para o futuro as perspectivas para esse tipo
de jornalismo são sombrias. Já em “A voz nas locuções publicitárias: caracte-
rísticas e possibilidade de representação”, Regina Zanella comenta que, atra-
vés da locuções, o som da voz humana está presente na maioria das propa-
gandas. Seu artigo contribui para o estudo da voz do locutor e aconselha a
participação efetiva do fonoaudiólogo no preparo deste profissional para o
melhor aproveitamento de todas as suas possibilidades.
Quatro outros artigos, de caráter mais geral, levantam questões como
a discussão do trabalho e o processo produtivo; o problema da doença como
“forma de estar no mundo”; a abordagem da cidadania e conhecimento, tra-
tando o efeito da memória nos conflitos sociais; e ainda o assunto do fetichis-
mo na teoria marxista.
Tal elenco temático expressa a disposição da Comissão Editorial em,
cada vez mais, concentrar de modo claro os números da IMPULSO em torno
de uma temática específica, além de levá-los a público em períodos bem mais
regulares.
O fato é que a IMPULSO vem crescendo de modo vigoroso a cada publi-
cação. Sua penetração tem sido sistematicamente ampliada e hoje ela repre-
senta veículo prestigiado de circulação de idéias, tanto no interior da
UNIMEP quanto fora dela.
ELIAS BOAVENTURA
PRESIDENTE DA COMISSÃO EDITORIAL
impulso 4 janeiro 99
Impulso.book Page 5 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
...............................
Sumário
Artigos
Temáticos 07
Câmera, Olho que Observa
Maria Thereza Azevedo da Fonseca 09
O Livro Evangélico no Brasil
Israel Belo de Azevedo 23
Consumo e Resistência Cultural
Sílvio Gallo 35
Jornalismo de Serviços:
produto descartável 41
Dennis de Oliveira
A Voz nas Locuções Publicitárias:
características e possibilidades de representação 55
Regina Zanella Penteado
...............................
Artigos
Gerais 71
O “Novo” e o “Velho”:
o trabalho e o processo produtivo em discussão 73
Lúcio Alves de Barros
A Doença e o Doente:
uma abordagem através dos mitos 99
Silvana Venâncio & Giovanina Gomes de Freitas Olivier
Cidadania e Conhecimento:
O feito da memória nos conflitos sociais 111
Aloísio Ruscheinsky
Fetichismo na Teoria Marxista:
um comentário 139
Valdemir Pires
...............................
Resumos
de teses 147
impulso 5 janeiro 99
Impulso.book Page 6 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 6 janeiro 99
Impulso.book Page 7 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 7 janeiro 99
Impulso.book Page 8 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 8 janeiro 99
Impulso.book Page 9 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
Câmera, Olho
Que Observa
Camera, eye
that observes
RESUMO – Tendo como referência a câmera, que registra imagens em movimento,
o artigo aponta alguns momentos na história do cinema e do vídeo, em que o
modo de olhar através da máquina modificou o modo de observação da realidade.
Palavras-chave: cinema – olhar – vídeo – câmera.
ABSTRACT – From the camera point of view, that register moving images, the ar-
ticle point out some moments in cinema and video histories, where the way of
look through the machine has changed the way of looking the reality.
Keywords: cinema – look (meaning the visual approaching of reality) – video – ca-
mera.
MARIA THEREZA
AZEVEDO DA FONSECA
m.tereza@merconet.com.br
Cineasta, doutoranda em artes
cênicas na ECA/USP e professora na
N
Universidade Metodista de Piracicaba
(UNIMEP), diretora de vídeos para a
o final do século passado, três descobertas contribuíram para educação, entre eles a série Imagens da
modificar a percepção do homem sobre si mesmo e sobre o Cidade, para o Ensino Fundamental
1 AMENGUAL, 1971, p. 5.
impulso 9 janeiro 99
Impulso.book Page 10 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 10 janeiro 99
Impulso.book Page 11 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 11 janeiro 99
Impulso.book Page 12 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 12 janeiro 99
Impulso.book Page 13 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
CÂMERA OLHO
A idéia da câmera como um olho que observa a realidade teve
sua origem no movimento de vanguarda russo, nos anos 20, com o ci-
neasta Dziga Vertov, em O homem da câmera (1929), que preconizava
um cinema revolucionário ancorado no realismo: um cine-olho (kino
glaz), entendido como cinema-verdade (kino pravda), em que a câme-
ra registra os fatos tais como eles ocorrem, sem encenação. Para ele, a
interferência deve ocorrer só na montagem.
Mostrar as pessoas sem máscara, sem maquilagem, ler seus pen-
samentos desnudados pela câmera era o que Vertov buscava, acredi-
tando no cine-olho como “a possibilidade de tornar visível o invisível
(...) desmascarar o que está mascarado”.9
A câmera de Dziga Vertov estava à procura de uma verdade con-
tida no mínimo gesto, em cada expressão: o homem no seu ambiente.
Ele acreditava que, ao desvendar imagens do cotidiano, a câmera ofe-
rece uma possibilidade de compreensão da realidade que o cerca.
Vertov opunha-se ao cinema expressionista alemão, que desfigu-
rava a realidade com enquadramentos oblíquos e luzes projetadas de
baixo para cima, a Sergei Eisenstein, seu compatriota, em Encouraça-
do Potequim (1925), pela interferência na realidade com encenações
teatrais, e aos filmes de aventura americanos, porque eram “cheios de
dinamismo espetacular”.
Através do Grupo Kinoks, criado por Vertov, manifestos defen-
diam todas as instâncias da realização cinematográfica em torno de
uma postura de cine-olho: “para ajudar a máquina-olho, existe o pi-
loto Kinok, que não apenas dirige os movimentos do aparelho como
também se entrega a ele para vivenciar o espaço”,10 “um mergulho
vertiginoso de acontecimentos visuais decifrados pela câmera”, numa
proposta de “libertar a câmera reduzida a uma lamentável escravidão,
submetida que foi à miopia do olho humano”.11
O cine-olho, que revela o homem nas ruas, no trabalho, em ce-
nários reais, foi retomado no pós-guerra com o neo-realismo italiano
(anos 40). Influenciou a nouvelle vague francesa (anos 50/60), o cine-
ma novo brasileiro (anos 60) e contribuiu para o fortalecimento de
uma estética peculiar do cinema latino-americano de resistência. E essa
câmera na mão, que percorre o cotidiano da vida em busca de uma
transparência da realidade, definiu um cinema que mescla documen-
9 VERTOV in XAVIER, 1991, p. 252.
10 Ibid.
11 Ibid., p. 253.
impulso 13 janeiro 99
Impulso.book Page 14 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 14 janeiro 99
Impulso.book Page 15 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 15 janeiro 99
Impulso.book Page 16 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 16 janeiro 99
Impulso.book Page 17 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 17 janeiro 99
Impulso.book Page 18 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
CÂMERAS VIGILANTES
Nesse final de século, a câmera ganhou também uma outra fun-
ção: câmeras ligadas em vários pontos do planeta enviam imagens
para outros tantos vários pontos. De observadoras dos fatos, passam
a fazer parte deles, exercendo funções de cumplicidade, testemunha
ou vigilância. As câmeras que vigiam têm espaço garantido nesse ce-
nário “e se distribuem como uma rede sobre a paisagem social”.24
Essas câmeras vigilantes, que Paul Virilio chama “máquinas de vi-
giar”, estão espalhadas pelos supermercados, pelas entradas de prédi-
os, dentro das empresas comerciais, com a função de espionar o mo-
vimento dos empregados e dos compradores. “Os sistemas eletrônicos
de vigilância se multiplicam em progressão geométrica por toda a par-
te.”25
23 MACHADO, 1993, p. 164.
24 Ibid., p. 220.
25 VIRILIO, 1993, p. 26.
impulso 18 janeiro 99
Impulso.book Page 19 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 19 janeiro 99
Impulso.book Page 20 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
tados Unidos, por exemplo, realiza em vídeos uma leitura crítica dos
programas de TV e os exibe via satélite para vários pontos do país. O
grupo Small Word, na Inglaterra, e o Zebra, na Escandinávia, movi-
mentam-se em busca de um olhar alternativo. No Brasil, as TVs de
rua, como a TV Maxambomba, no Rio de Janeiro, e a TV Viva, em
Recife, utilizam-se do espaço da rua tanto para gravar quanto para exi-
bir o que foi gravado, tornando possível uma interação entre o público
que participa e o grupo que grava, numa proposta de diálogo para a
construção da cidadania.
Esses grupos alternativos estão congregados numa organização
denominada Coalizão Mundial Videazimut, com sede no Canadá, cri-
ada com o propósito de lutar por espaços de informação audiovisual
e aprimorar a produção independente.
Pela acumulação de comunicação, a consciência do ser hu-
mano se transforma e ele se torna capaz de um reconheci-
mento coletivo dessa ampliação das possibilidades de saber,
das capacidades de transformação únicas que podem asse-
gurar mais liberdade.30
Já o movimento de videoarte, utilizando como tema a própria
mídia e suas imagens viciadas, cria um olhar crítico ao incorporar, na
narrativa audiovisual, o fragmento e a dissociação, próprios da lingua-
gem pós-moderna.
Se as imagens incidem sobre nossa forma de conhecer, pensar,
aprender e sentir, e essas formas imagéticas contemporâneas criam no-
vas formas de compreensão do mundo e novos modos de apreender
a realidade, é preciso criar condições para uma leitura da imagem, or-
ganizar o olhar numa espécie de alfabetização audiovisual que propor-
cione o desnudamento dos processos de criação e de realização. Des-
vendando os códigos da imagem, teremos como fazer as conexões
nessa grande multimídia que é a sociedade contemporânea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMENGUAL, Barthelemy. Chaves do Cinema. Rio de Janeiro: Civili-
zação Brasileira, 1971.
AVELAR, Antônio Carlos. Conversa Indisciplinada. In: Documentos
do Cinema Latino-americano. Publicado pelo Comitê dos Cine-
astas Latino-americanos, 1985.
30 NEGRI, Infinitude da Comunicação/Finitude do Desejo. In PARENTE, 1993, p. 174.
impulso 20 janeiro 99
Impulso.book Page 21 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 21 janeiro 99
Impulso.book Page 22 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 22 janeiro 99
Impulso.book Page 23 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
O Livro
Evangélico
no Brasil
The protestant
book in Brazil
RESUMO – Ao lado de outras estratégias de comunicação, a publicação de livros era
parte integrante do projeto fundante implantado no Brasil pelos missionários pro-
testantes pioneiros, depois da segunda metade do século XIX. Ao final do século
XX, as casas publicadoras protestantes ainda utilizam os livros como forma impor-
tante de expansão e apoio a seu projeto de fé. Há dois tipos de casas publicadoras,
segundo a sua forma de controle: as editoras do primeiro tipo são denominacio-
nais, pois são mantidas e controladas por igrejas de âmbito nacional, enquanto as
do segundo tipo são privadas, porque mantidas por famílias ou empresários pro-
testantes. Nos dois casos, elas são projetadas para disseminar suas respectivas cren-
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
ças religiosas. Em termos de política editorial, a grande maioria (92%) contém ma- israel@ugf.br
terial dogmático, inclusive a exposição bíblica, e a sistematização doutrinária. A Doutor em Filosofia pela UGF.
maior parte destes livros é traduzida do inglês ou escrita por missionários ameri- Vice-Reitor Acadêmico da UGF-RJ
impulso 23 janeiro 99
Impulso.book Page 24 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
ta, the Brazilian protestants have a great interest to consume religious itens, and
there are different ways to be reached.
Keywords: brazilian protestantism – book, history of – printing – protestant book.
INTRODUÇÃO
M
uito antes da avalanche de livros religiosos,1 que tem carac-
terizado a última década do milênio, as publicações evangé-
licas vêm se constituindo num indispensável segmento da
indústria das publicações evangélicas. A história desta in-
dústria está por ser feita, como o está também para ser escrita a da in-
dústria do livro em geral, independentemente da segmentação do seu
público preferencial.
É muito difícil precisar-se o número de exemplares, de livros e
revistas, publicados por editoras evangélicas, à disposição dos leitores.
Algumas informações suplementares, no entanto, permitem ver a ex-
tensão das atividades deste ramo.
O autor mais vendido entre os evangélicos é o pastor Caio Fábio
D'Araújo Filho, cujo público compreende leitores em todas as igrejas.
Só ele, em dez anos de atividades, já vendeu mais de um 1,5 milhão
de exemplares, em cerca de 50 títulos diferentes.2 A cada trimestre, os
batistas, que não são o maior grupo, mas estão entre os que mais ên-
fase dão à instrução, vendem 675 mil exemplares de revistas educati-
vas.3 Durante a Bienal Internacional do Livro (São Paulo, 1994), a edi-
tora paulista Mundo Cristão lançou um livro de reportagens sobre um
grupo de jogadores de futebol conhecidos como “atletas de Cristo”.
Em três semanas, o título4 vendeu três edições (cerca de 18 mil exem-
plares), número bastante elevado para os padrões gerais brasileiros.5
Essas breves informações devem ser acrescidas do fato principal
de que a editoração evangélica nasceu com o próprio aparecimento do
1 De 1990 a 1993, esse tipo de publicações saltou, quanto aos exemplares publicados, de 25 milhões para
48 milhões no país, segundo dados da Câmara Brasileira do Livro. Cf. Boletim Bienal 94, n. 5, p. 3.
2 Informação fornecida por Mauricio Lacerda, gerente de marketing da editora Vinde, em Niterói, de pro-
priedade da entidade presidida pelo autor. Os dados incluem títulos de outras editoras.
3 Os dados referem-se aos batistas da Convenção Batista Brasileira, cujos periódicos são publicados por
quatro editoras, mas distribuídos pela Juerp. Há outras editoras ligadas a outros grupos batistas, como os
regulares (Imprensa Batista Regular), os independentes e os bíblicos, entre outros. A informação foi forne-
cida por Carlos Alberto de Oliveira, da gerência de apoio comercial da Juerp, no Rio de Janeiro. Os dados
referem-se aos pedidos efetivos, consignados para envio, em setembro de 1994.
4 RIBEIRO, 1994.
5 Informação fornecida por Marcos Simas, gerente de marketing da Editora Mundo Cristão.
impulso 24 janeiro 99
Impulso.book Page 25 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 25 janeiro 99
Impulso.book Page 26 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 26 janeiro 99
Impulso.book Page 27 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 27 janeiro 99
Impulso.book Page 28 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
22 Para uma descrição desta teologia veja-se AZEVEDO, 1998 (trabalho em andamento).
impulso 28 janeiro 99
Impulso.book Page 29 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
O LIVRO EVANGÉLICO
A história da editoração evangélica confunde-se com a história
do próprio protestantismo brasileiro. O início das atividades editoriais
coincide com a chegada dos primeiros missionários. Esses estrangeiros
encontravam em livros, folhetos e jornais o meio pelo qual, além de
evangelizar e doutrinar, podiam se apresentar ao público brasileiro.
O paradigma foi sempre o mesmo.23 A primeira estratégia foi es-
crever para os jornais regulares já existentes. A segunda foi fundar os
seus. A terceira foi publicar folhetos, livros e hinário. As revistas (para
uso interno) vieram depois.24
Neste século e meio de protestantismo brasileiro, o cenário edi-
torial foi pontuado pelo esforço missionário. A produção editorial
continua sendo um campo de missão. Seguindo o desenvolvimento
das denominações, o primeiro momento foi dominado por casas edi-
toriais dirigidas por missionários e a serviço das denominações. A
Juerp (primeiramente Casa Publicadora Batista) é o exemplo típico
disso. Num segundo momento, a partir dos anos 60, surgiram missões
específicas de produção editorial, tais como as editoras Betânia e Vida,
que não estão ligadas a nenhuma denominação. Ao mesmo tempo, co-
meçaram a aparecer editoras de propriedade individual, por exemplo
a Bom Pastor, em São Paulo. Todas, daquelas a estas, afirmam-se existir
com a missão de servir às igrejas.
O crescimento editorial ensejou que, em 1988, essas publicado-
ras se organizassem numa associação para fins cooperativos. A Asso-
ciação Brasileira de Editores Cristãos (Abec), que só aceita editoras
evangelicistas,25 tinha, em 1994, trinta filiados, responsáveis por man-
ter em circulação 2.313 livros, além de revistas, jornais e folhetos.
Essas editoras podem ser assim classificadas:
23 Escrevendo em 1897, um historiador protestante mostrou as prioridades editoriais nos campos missio-
nários ao redor do mundo: publicação de Bíblias, folhetos evangelizadores e livros. BLISS, apud: CARPEN-
TER, 1994 (mss).
24 Para uma história dos primórdios congregacionais e presbiterianos, leia-se RIBEIRO, 1981, pp. 96-108.
Para o caso batista, veja-se PLAMPLIN in MEIN 1982, pp. 177-256. O desenvolvimento do Jornal Batista
está in AZEVEDO, 1983.
25 Um dos artigos da Abec pede aos filiados a assinatura de uma declaração de fé que afirma a inerrância da
Bíblia. Por essa razão, as editoras Imprensa Metodista, Sinodal e Concórdia (as duas últimas luteranas) não
podem se filiar. Segundo o pastor Eudes Martins da Silva (em entrevista ao pesquisador, no dia 19 de julho
de 1994), um dos seus líderes, a iniciativa visa coibir a entrada de grupos como os testemunhas de Jeová e
os adventistas.
impulso 29 janeiro 99
Impulso.book Page 30 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
26 Nosso procedimento foi o seguinte: o catálogo (por gentileza da entidade, os dados foram trabalhados
valendo-se do banco de dados, antes de sua publicação) continha 2.750 títulos, entre livros, folhetos, revis-
tas, jornais, coleções e matérias didáticos. Para fins de análise, só mantivemos os livros.
27 MARASCHIN, DUSILEK & AZEVEDO, 1979.
impulso 30 janeiro 99
Impulso.book Page 31 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 31 janeiro 99
Impulso.book Page 32 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 32 janeiro 99
Impulso.book Page 33 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABEC. Catálogo [de publicações] 1994.
impulso 33 janeiro 99
Impulso.book Page 34 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 34 janeiro 99
Impulso.book Page 35 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
Consumo e
Resistência
Cultural
Consumption and
cultural resistance
RESUMO – Vivemos hoje a sócio-cultura do consumo. Nesse contexto, o humano
é cada vez mais vilipendiado e vendido como mercadoria ou então bombardeado
impiedosamente pela mídia, a quem só interessa vender, seja lá o que for. Assim,
mesmo a arte, expressão máxima do humano, vira reprodução, entra na lógica
monetária do mercado. Este pequeno artigo visa discutir estratégias de resistência
do humano frente à exacerbação do consumo. Toma como “gancho” uma refle-
xão sobre o filme Wild at Heart, de David Lynch, para afirmar o resgate do efê-
mero como ponto de partida desta resistência.
Palavras-chave: consumo – resistência – humanismo – reprodução – efêmero.
SÍLVIO GALLO
ABSTRACT – We lived the culture of the consumption, today. In this culture, the sdogallo@unimep.br
human is more and more depreciated and sold as merchandise, or then bombar- gallo@turing.unicamp.br
Professor no Departamento
ded by media, who only interests to sell, be there what goes. Thus, even the art, de Filosofia da UNIMEP e no
the human's maximum expression becomes reproduction, and enters in the mo- Departamento de Filosofia e
netary logic of the market. This small article seeks to discuss resistance strategies História da Educação da Unicamp
of the human front to the exacerbation of the consumption. It takes as “hook” a
reflection on the David Lynch’s film Wild at Heart, to affirm the ransom of the
ephemeral as starting point of this resistance.
Keywords: consumption – resistance – humanism – reproduction – ephemeral.
impulso 35 janeiro 99
Impulso.book Page 36 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
dução capitalista – e mesmo com todas as críticas que podem ser le-
vantadas à “economia de Estado”, tanto pela direita quanto pela es-
querda não-ortodoxa –, esses países nunca chegaram a implementar
um sistema alternativo à distribuição de mercadorias do capitalismo.
Há já algum tempo, o recém-falecido Félix Guattari vinha falan-
do de um capitalismo mundial integrado, um sistema de distribuição
de mercadorias baseado na economia capitalista, que englobaria inclu-
sive os países então socialistas.1 No contexto dessa sociedade, em que
se produz o consumo, em que pensamos o consumo, nada mais óbvio
do que constatarmos que vivemos também a cultura do consumo.2
Uma breve consideração histórica: a questão do consumo está
intimamente ligada ao universo da produção. Quanto mais se produz,
mais se pode consumir; quanto mais se produz, mais deve ser consu-
mido, para retroalimentar negativamente o monstro da produção.
Nossa sociedade contemporânea é tributária direta da Revolução
Industrial, que vicejou na Inglaterra do século XVIII, descendente da-
quela “terra em que os carneiros devoravam os homens”, de que nos
fala Thomas Morus, em sua Utopia.3 Com a mecanização da produ-
ção, esta passa a ser re-produção extremamente veloz e o mercado é
inundado por produtos. O homem, de senhor da produção – que, em
princípio, produz porque necessita – passa a ser seu escravo – que, ao
contrário, necessita porque produz. É uma inversão diabólica, que
Karl Marx analisa magistralmente em O Capital, como o fetiche da
mercadoria, mostrando como no capitalismo o dinheiro produz mais
dinheiro, como num passe de mágica.
Em relação à cultura, no contexto da sociedade de consumo, a
arte também entra em sua época de reprodução. Não caberia repro-
duzir aqui as análises já desenvolvidas pelos pensadores da Escola de
Frankfurt;4 basta-nos indicar os aspectos positivos e negativos dessa
transformação: sem dúvida, a reprodução da arte e da cultura “demo-
cratiza” sua função. Por exemplo, se nem todos podem estar presentes
num concerto, muitos podem ouvir sua gravação ou assistir sua trans-
missão pela televisão; a reprodução gráfica de uma pintura pode fazer
com que exposição esteja presente em vários lugares ao mesmo tem-
1 Para entender o conceito de Capitalismo Mundial Integrado, consulte a obra de GUATTARI, 1981.
2 Talvez fosse desejável que os filósofos contemporâneos debruçassem-se sobre a tarefa de construção de
uma “Crítica da Razão Consumista”.
3 Morus critica a situação social da Inglaterra de seu tempo por meio da descrição de uma ilha imaginária
(Utopia), onde viceja uma sociedade perfeita; o episódio citado faz a crítica de uma Inglaterra em que a
ganância dos criadores de ovelhas acaba com os campos cultivados, transformando-os em pastos. A fome
dos homens é a condição da alimentação do gado.
4 Uma das principais é a obra de BENJAMIN, 1936.
impulso 36 janeiro 99
Impulso.book Page 37 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
po, etc. Isso, para nem tocar nas artes que surgem já no contexto da
reprodução: a fotografia, o cinema, o vídeo...
Por outro lado, a reprodução não consegue levar essa democra-
tização ao extremo, abrangendo a todos – o que seria desejável – e traz
alguns aspectos negativos: ouvir um disco, mesmo com a pureza do
sistema digital de som, não é o mesmo que assistir a um concerto ao
vivo em uma sala de espetáculos... Poderíamos entrar no âmbito de
uma discussão em torno da popularização como vulgarização, sobre o
valor da obra de arte enquanto reprodução, mas isso não vem ao caso.
A questão mais fundamental para nós é que a reprodução leva a
arte e a cultura ao consumo acelerado e alienado, e poderíamos ques-
tionar a relação do consumo em massa com a fruição. A necessidade
de produção acelerada para um consumo cada vez mais rápido – lem-
bremo-nos da perversa inversão dos termos na lógica do consumo –
leva a uma diluição da qualidade, e poderíamos discutir a qualidade de
determinados filmes que levam milhões das bilheterias para Ho-
llywood – o dinheiro cria dinheiro, obra máxima da ilusão –, da mú-
sica de consumo que dia-a-dia cria novos ritmos, cada vez mais pas-
teurizados, de certos espetáculos teatrais, de certas obras literárias, etc.,
etc.
Mas, feitas estas considerações – que, de resto, são um tanto ou
quanto óbvias –, chegamos ao cerne de nossa questão: vivemos hoje
a sócio-cultura do consumo; a cultura, como um espelho da produção,
é também reprodução e consumo. Essa situação cultural, ao basear-se
na lógica da mercadoria e do consumo, desloca-se do meio humano
para o âmbito do mercado, faz com que a cultura deixe de ser a ex-
pressão e a conquista da liberdade humana, num processo dialético de
construção do si mesmo, passando a ser condição de sua submissão.
Deixamos de ser sujeitos criadores de cultura e passamos a ser objetos
consumidores de cultura, escravos de uma lógica perversa que, no seio
de uma sociedade informatizada – que poderia ser a condição de nossa
redenção do processo de trabalho repetitivo, permitindo a livre fruição
das artes –, nos leva a um contexto em que a própria arte e a própria
cultura são repetição, submissão e desumanização.
Essa realidade é analisada de forma brilhante por Erich Frömm
quando, duplamente ancorado em Freud e Marx, identifica a dicoto-
mização do homem contemporâneo na oposição entre o ter e o ser,
abordada em várias de suas obras.5 Quanto mais somos levados a nos
5 Pode-se consultar algumas obras de FRÖMM, como Ter e Ser, O Medo à Liberdade, Psicanálise da Socie-
dade Contemporânea, entre outras. No Brasil, elas foram publicadas pela Editora Zahar e, posteriormente,
pela Guanabara.
impulso 37 janeiro 99
Impulso.book Page 38 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
preocuparmos com ter cada vez mais (consumo), menos nos preocu-
pamos em ser mais (auto-construção do humano).
Desvelada essa realidade opressora, cabem-nos dois caminhos de
reflexão: primeiro, devemos discutir se queremos superá-la – pois
pode ser que nos satisfaçamos com uma situação de submissão, que
seja mais agradável e mais cômodo sermos passivos consumidores, en-
grenagens da máquina de produção/reprodução. Se a resposta for afir-
mativa, e participarei aqui do princípio de que ela o é, devemos então
perguntar: é possível essa superação?, como proceder para tanto?
Para responder a essas questões, peço ao leitor que me permita
tomar a liberdade de desenvolver aqui algo mais próximo de uma “crí-
tica de cinema”, no sentido estético-conceitual, e que me acompanhe
nessa “viagem”. Tomarei o filme Wild at Heart (Coração Selvagem foi
o título que recebeu em nossos cinemas), do diretor norte-americano
David Lynch, como metáfora de nossa sociedade e como roteiro de
nossa guerrilha de resistência.
O gênio cinematográfico de Lynch transforma o que facilmente
poderia não passar de um Easy Rider caipira e água-com-açúcar em
um imenso painel das violências e absurdos do nosso cotidiano... A in-
teriorana Big Tuna, no Texas, não é uma típica cidadezinha americana,
mas uma radiografia da miséria universal, quarto mundo da pobreza
espiritual. É um filme que não dissimula a violência, mas que também
não faz dela a personagem principal: é sempre o pano de fundo da ce-
na, crua reprodução do comum day by day. Mas a opressão e a
angústia com que nos defrontarmos com a realidade nua e crua, a per-
plexidade frente a um real que procuramos esconder e que nos é mos-
trado com todas as suas cores levam também à constatação da espe-
rança: apesar de tudo, fica o amor... Não aquele “amor” ideal, pana-
céia para todos os males, como certos “fantasmas” que andaram as-
sombrando as bilheterias dos cinemas,6 mas aquele amor surrado, que
construímos passo-a-passo, como difícil magia que deve ser perma-
nentemente reconstruída, apesar de tudo e a despeito de tudo.
Durante todo o filme, pontilham cenas em que a mão de uma vi-
dente passa sobre a bola de cristal, como que a anunciar um destino
implacável; mas, ao final, vem a redenção: somos sujeitos, apesar de
tudo, e a construção da vida e do cotidiano é nossa miséria e também
nossa grandeza.
6 Refiro-me ao filme Ghost, a que o leitor certamente deve ter assistido, que arrecadou milhões de dólares
com uma visão bastante piegas do amor.
impulso 38 janeiro 99
Impulso.book Page 39 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUATTARI, F. Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo.
São Paulo: Brasiliense, 1981. 2a ed.
BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Época de suas Técnicas de
Reprodução, 1936. Col. Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultu-
ral, 1983. 2a ed.
impulso 39 janeiro 99
Impulso.book Page 40 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 40 janeiro 99
Impulso.book Page 41 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
Jornalismo de
Serviços: produto
descartável
Commercial journalism:
a disposable product
RESUMO – A prestação de serviços é apresentada como a saída para o jornalismo
na sociedade moderna. Os últimos números referentes ao faturamento das em-
presas jornalísticas reforçaram essa tese. No entanto, ao contrário do que uma aná-
lise imediatista com base nesses dados poderia indicar, as perspectivas para esse
tipo de jornalismo são sombrias. O jornal pode transformar-se apenas em mais
uma mídia, ficando ao sabor das estratégias da publicidade. Para reverter isso, o
jornalismo precisa recuperar o seu papel de agente mediador cultural.
Palavras-chave: jornalismo – jornalismo e prestação de serviços – perspectivas para
o jornalismo. DENNIS DE OLIVEIRA
Doutor em Ciências da Comunicação
ABSTRACT – The service rendering have been presented the solution for journa- pela ECA (USP) e professor do curso
lism at the present. The numbers of newspaper’s companies billing reinforce this de Comunicação Social da UNIMEP
idea. However, the perspectives of this journalism’s type are somber. The news-
paper can to change into just a mídia dependent of the publicity’s strategics. So,
the journalism may act a cultural acting.
Keywords: journalism – journalism and service rendering – journalism: perspec-
tives.
impulso 41 janeiro 99
Impulso.book Page 42 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 42 janeiro 99
Impulso.book Page 43 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
ATRIBUTOS DO JORNALISMO
Para a definição conceitual do que é jornalismo, utilizar-se-ão
nesse artigo duas contribuições importantes: a de Otto Groth, teórico
alemão, discípulo de Max Weber, que pretendeu criar uma “ciência
periodística” autônoma, e a de Vladimir Hudec, tcheco, marxista. Op-
tou-se por trabalhar com esses dois autores por uma questão singular:
não obstante as matrizes teóricas dos seus pensamentos serem distin-
tas, ambos chegam a alguns pontos em comum a respeito de categorias
próprias do jornalismo.
Otto Groth1 define sua proposta de ciência periodística como
uma “ciência das culturas”. Avança para elencar ramos (ou disciplinas)
dessa ciência, que são: imprensa, rádio, televisão, cinema, publicidade,
técnicas auxiliares, história do jornalismo, legislação jornalística, em-
presas jornalísticas, análise de audiência e análise de conteúdo. Para
Groth, a “totalidade jornalística” divide-se em quatro categorias: atu-
alidade, periodicidade, difusão e universalidade.
Periodicidade, para Groth, é um “ritmo de vida”, uma freqüên-
cia, uma cumplicidade abstrata entre emissor e receptor. Graças a essa
categoria, os jornais e revistas que fazem parte do “jornalismo” distin-
guem-se de outras publicações não-jornalísticas. A interação – neces-
sidade do jornalismo – só é possível com a existência da periodicidade.
Groth vincula a periodicidade às dinâmicas da sociedade humana nos
seus diversos momentos históricos. Toda a organização jornalística faz-
se sob a periodicidade, e esta comanda costumes, demandas e até mes-
mo o ritmo dos acontecimentos. Por exemplo: as assessorias de im-
prensa das instituições políticas costumam levar em consideração o ho-
rário de fechamento dos jornais impressos e dos telejornais para mar-
car horários de entrevistas coletivas.
Outra categoria proposta por Groth é a universalidade, que ele
define como o “mundo presente de cada um dos membros de uma so-
ciedade”. O mundo presente é o cenário real onde as pessoas estão
com todas as suas demandas e expectativas. Para Groth, mundo pre-
sente se explica pela relação do eu com o mundo, eu com tu e eu com
a natureza (sociedade e cultura). A universalidade é a categoria do jor-
nalismo que faz deste um produtor de discurso generalista, objetivo e
subjetivo, mas com sentido para o homem, coletivizador e também in-
dividualizador, por permitir a relação do indivíduo com seu mundo.
1 A respeito das teorias de Otto Groth, ver BELAU, 1966.
impulso 43 janeiro 99
Impulso.book Page 44 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 44 janeiro 99
Impulso.book Page 45 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 45 janeiro 99
Impulso.book Page 46 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 46 janeiro 99
Impulso.book Page 47 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 47 janeiro 99
Impulso.book Page 48 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
JORNALISMO DE SERVIÇOS
O chamado jornalismo de prestação de serviços despontou
como a grande saída para a mídia impressa, acossada que estava pela
agilidade e pela rapidez da Televisão. Esse tipo de jornalismo encaixa-
se numa perspectiva teleológica construída pelo neoliberalismo, onde
o consumo é elevado à condição de categoria suprema, da dignidade,
da cidadania. Propõe-se a constituir uma sociedade só de consumido-
res, negando que o consumo tem outra ponta, que é o trabalho. Sem
produção, não há o que consumir.
Assim, o jornalismo de serviços nada mais é do que a
reconstrução da realidade sob a ótica do consumo. A economia é re-
tratada sob a ótica do consumo: os problemas econômicos são anali-
sados levando-se em conta como afetarão o consumo, o jornalismo
cultural restringe-se a apresentar programação de eventos e assim por
diante. O jornalismo de serviços não é apenas a parte reservada expli-
citamente à prestação de serviços ao leitor, mas toda uma concepção
que, em última instância, é sustentada pela sinalização teleológica ne-
oliberal de construção de uma sociedade só de consumidores.
Algumas conseqüências deste tipo de jornalismo são notadas de
pronto. A primeira é a aproximação da linguagem do jornalismo com
impulso 48 janeiro 99
Impulso.book Page 49 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 49 janeiro 99
Impulso.book Page 50 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 50 janeiro 99
Impulso.book Page 51 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 51 janeiro 99
Impulso.book Page 52 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo:
Hucitec, 1986.
impulso 52 janeiro 99
Impulso.book Page 53 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 53 janeiro 99
Impulso.book Page 54 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 54 janeiro 99
Impulso.book Page 55 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 55 janeiro 99
Impulso.book Page 56 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
INTRODUÇÃO
impulso 56 janeiro 99
Impulso.book Page 57 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 57 janeiro 99
Impulso.book Page 58 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 58 janeiro 99
Impulso.book Page 59 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 59 janeiro 99
Impulso.book Page 60 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
MATERIAIS E MÉTODOS
O material de análise constou de 30 trechos de locuções publi-
citárias e comerciais, sendo 20 trechos de gravação de vozes masculi-
nas e 10 trechos de gravações de vozes femininas, escolhidos aleato-
riamente entre vários da fita de demonstração de locuções publicitárias
produzidas pelo Clube da Voz.1 As 20 vozes masculinas e as 10 femi-
ninas foram avaliadas por 12 fonoaudiólogas – 10 alunas e duas pro-
fessoras do Curso de Especialização em Voz, do Centro de Estudos da
Voz (SP), no ano de 1994. Cada fonoaudióloga recebeu um protocolo
de avaliação de múltipla escolha, preparado previamente de forma a
abranger dados relativos às diversas características vocais, em diversas
apresentações possíveis. Dessa maneira, o protocolo apresentava as se-
guintes opções de marcação, que deveriam ser assinaladas segundo a
percepção da avaliadora: qualidade vocal (fluida, bitonal, infantilizada,
rouca, gutural, nasalidade mista, soprosa, branca, áspera, crepitante,
sussurrada, comprimida e outra, a especificar); altura – pitch (grave,
normal ou aguda); intensidade – loudness (aumentada, reduzida ou
normal); modulação (excessiva, variada, repetitiva, restrita ou monó-
tona); ressonância (nasal, laringo-faríngea, equilibrada ou oral); velo-
cidade (aumentada, reduzida ou normal); articulação (sobrearticulada,
imprecisa, normal ou precisa); ao registro (falsete, basal ou modal, sen-
do que este deveria ser caracterizado entre peito, médio ou cabeça); e
ataque vocal (brusco, isocrônico ou aspirado). As profissionais basea-
ram-se nas definições dos tipos de voz e no estudo de textos que, pos-
teriormente, compuseram capítulos do livro de Behlau & Pontes, pu-
blicado em 1995.
1 O Clube da Voz é uma associação que tem a finalidade de assegurar o crescimento profissional de locuto-
res e profissionais da propaganda e publicidade, mediante a divulgação do trabalho dos locutores entre as
agências. A entidade foi criada na cidade de São Paulo por locutores profissionais. O Clube da Voz produz
gravações de trechos de locuções, spots e comerciais de seus associados, identificando as vozes pelo nome
dos locutores, a fim de que esse material seja uma amostra dos serviços profissionais para agências e empre-
sas, facilitando a escolha de vozes adequadas para representar seus produtos.
impulso 60 janeiro 99
Impulso.book Page 61 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
DISCUSSÕES E COMENTÁRIOS
A qualidade vocal predominante no total de locuções publicitá-
rias é a qualidade vocal fluida, identificada em 49,44% das locuções
analisadas. Na voz fluida, segundo Behlau & Pontes (1995), a laringe
está baixa e o movimento de vibração da mucosa é amplo, sendo que
representa um estágio de contração glótica intermediária entre as vo-
zes neutra e soprosa. Tais características fonatórias conduzem a um
maior conforto à fonação, com redução do desgaste e da fadiga vocal,
levando a uma opção natural dos locutores.
A qualidade vocal fluida é percebida auditivamente como uma
emissão agradável, solta e relaxada, com tendência à freqüência fun-
damental grave, segundo Behlau & Pontes (1995). Os efeitos auditivo
(para o ouvinte) e sensitivo (para o falante) produzidos por esta opção
vocal são condizentes com os apontamentos realizados pelos autores
da área de comunicação (Sampaio, 1971, e Holsopple, 1988), que
preconizam uma voz grave, soando como relaxada, confidente. Pode-
se ter uma “imagem auditiva” desta voz ao relembrar o cantor Elvis
Presley cantando a canção Love me tender. A voz fluida em locutores
também foi observada por Behlau & Pontes (1995) e Navarro (1994).
Apesar da fonação fluida ser mais confortável, os locutores não
têm consciência do tipo de voz empregada, por falta de preparo e de
orientações específicas a respeito do uso profissional da voz. Buscando
compreender a predominância da qualidade vocal fluida em locuções
publicitárias, pode-se supor que ela decorre da imitação de modelos
vocais comumente reconhecidos como padrão e aceitos socialmente.
Esta prática comum entre os locutores tolhe a “criação” na represen-
tação vocal, permitindo formas estereotipadas de estilo de locução. O
locutor sem um preparo vocal em sua formação profissional acaba até
naturalmente, ou por imitação, optando por um modelo de emissão
mais agradável, porém, sem que seja uma opção consciente. Dessa ma-
neira, deixa de lado a riqueza de poder explorar mais livremente a di-
versidade de produções e de recursos vocais.
A qualidade vocal soprosa, predominante nas locuções de vozes
femininas, representa a segunda maior característica, ocorrendo em
impulso 61 janeiro 99
Impulso.book Page 62 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 62 janeiro 99
Impulso.book Page 63 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 63 janeiro 99
Impulso.book Page 64 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 64 janeiro 99
Impulso.book Page 65 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 65 janeiro 99
Impulso.book Page 66 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
CONCLUSÕES
Na publicidade, criam-se necessidades a partir dos valores agre-
gados aos produtos. As mercadorias são estetizadas e recebem deter-
minadas valorações que se relacionam com a afetividade humana, a se-
xualidade, a jovialidade, a liberdade. A voz, neste caso, é essencial para
descrever o produto, dimensionar sua existência material com certos
aspectos subjetivos, representando-o e ao público a que se destina.
impulso 66 janeiro 99
Impulso.book Page 67 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 67 janeiro 99
Impulso.book Page 68 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDREWS, M.L. Manual of Voice Treatment Pediatrics Through
Geriatrics. San Diego: Singular, 1995.
impulso 68 janeiro 99
Impulso.book Page 69 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 69 janeiro 99
Impulso.book Page 70 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 70 janeiro 99
Impulso.book Page 71 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 71 janeiro 99
Impulso.book Page 72 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 72 janeiro 99
Impulso.book Page 73 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
O “Novo” e o
“Velho”: o trabalho
e o processo produtivo
em discussão
The “new” and the
“old”: the labor and
the productive process
in discussion
RESUMO – O artigo diz respeito ao debate sobre os paradigmas da reestruturação
LÚCIO ALVES DE BARROS
produtiva. Para isso, foi codificado o taylorismo, o fordismo e as principais estra- Licenciado e bacharel em
tégias do que se convencionou chamar produção flexível (toyotismo). O texto é Ciências Sociais pela UFJF; mestre
em Sociologia pela UFMG
didático e busca em linhas gerais evidenciar os principais determinantes do pro-
cesso de trabalho e organizacional. Apesar de termos dividido arbitrariamente as
propostas dos autores, acreditamos que estas não devem ser entendidas como eta-
pas sucessivas e determinadas tanto no espaço quanto no tempo. Tratam-se de
processos complexos, que assumiram diferentes perfis conforme o desenvolvimen-
to tecnológico do sistema capitalista.
ABSTRACT – The article has to do with the debate about the paradigms of the pro-
ductive reestructuration for that, it was codified the taylorism, the fordism and the
main strategies of what it is the so called flexible production (toyotism). The text
is didatic and in general terms tries to evidence the determining principles of the
labor process and organizational. In spite of having arbitratly divided the author’
s proposals, we believe that those proposals should not be understood as sucessive
stages, determinated in space and in time as well. Those are complex processes
that have assumed diferent profiles according to the technological development of
the capitalistic system.
impulso 73 janeiro 99
Impulso.book Page 74 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
INTRODUÇÃO
1 Para uma análise dessa temática no caso brasileiro, ver a cuidadosa análise de CARVALHO, 1993. No
texto, o autor argumenta que a crise é mais aguda no caso brasileiro, uma vez que, apesar das intensas e
complexas inovações tecnológicas no país, ainda persistem relações de trabalho de cunho taylorista, basea-
das principalmente na utilização de força de trabalho mal qualificada e mal remunerada.
impulso 74 janeiro 99
Impulso.book Page 75 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
O TAYLORISMO
Em 1878, então com 22 anos, o insistente jovem Frederick
Winslow Taylor (1856-1915) empregava-se na oficina de construção
de máquinas Midvale Steel Company, na Filadélfia. Nessa fábrica, ocu-
pou diversos cargos, chegando a engenheiro chefe, em 1889. Consi-
derado o fundador da Escola de Administração Científica, contribuiu
para a consolidação da Administração como ciência. Oriunda das ci-
ências sociais, a Administração tem por finalidade a tentativa de apli-
cação dos métodos da ciência empírica aos problemas gerenciais, com
o objetivo de alcançar uma elevada eficiência industrial. Taylor teve
inúmeros seguidores e provocou uma verdadeira revolução no pensa-
mento administrativo e no mundo industrial de sua época.
No entanto, esse autor é de grande importância para os estudos
que se direcionam para a categoria trabalho. Ao contrário de outras
abordagens,2 esse engenheiro, além de dar ênfase às praticas adminis-
trativas, chamou atenção para a “problemática” do movimento huma-
no enquanto trabalho. Dessa forma, buscou racionalizar e metodizar
os movimentos do operário, visando a melhoria das condições de ren-
dimento e o aumento da produtividade.
O taylorismo – nomenclatura utilizada pelos estudiosos – tinha
por objetivo prático solucionar os problemas americanos no início do
século XX. Os problemas econômicos por que passavam o país eram
delegados por Taylor aos grandes desperdícios e à pequena produtivi-
dade norte-americana, que, devido à disparidade de métodos admi-
nistrativos, não conseguia levar em conta os reais problemas que en-
volviam o ato produtivo. Na busca da solução, Taylor observou que o
trabalho era a chave para solucionar os problemas. Sem reservas, cul-
pou a “vadiagem no trabalho” como causa primeira dos desperdícios
e dos altos custos das indústrias americanas. Para Taylor,
O trabalhador vem ao serviço, no dia seguinte, e em vez de
empregar todo o seu esforço para produzir a maior soma
possível de trabalho, quase sempre procura fazer menos do
que pode realmente e produz muito menos do que é capaz.
2 O paradigma disponível neste contexto é a obra de FAYOL (1958). Nela, Fayol chama a atenção para a
Administração como fator preponderante. A importância não é dada às questões que envolvem a organiza-
ção do trabalho no chão da fábrica, mas sim aos aspectos administrativos e de negociação. Esta obra, já con-
siderada clássica nos círculos da administração, divide-se em duas partes. A primeira destaca a necessidade e
a possibilidade de um ensino administrativo e a segunda refere-se aos princípios e elementos de Administra-
ção, ambos tendo por finalidade a busca de maiores rendimentos e produtividade.
impulso 75 janeiro 99
Impulso.book Page 76 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 76 janeiro 99
Impulso.book Page 77 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 77 janeiro 99
Impulso.book Page 78 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 78 janeiro 99
Impulso.book Page 79 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 79 janeiro 99
Impulso.book Page 80 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
O FORDISMO
Henry Ford (1863-1947), industrial americano, iniciou sua vida
como mecânico de automóveis, vindo depois a ser um dos maiores fa-
bricantes de automóveis do mundo. No final do século XIX, a indús-
tria estava atingindo um novo nível tecnológico e econômico, quando
Ford introduziu, em abril de 1913, em sua fábrica Highland Park, em
Detroit, seus conceitos de produção, conseguindo reduzir, de maneira
relevante, os custos na produtividade.
Ford elaborou um novo perfil de produção. Os trabalhadores já
não eram mais os únicos atores “privilegiados” da produção. Ford in-
corporou o consumidor, entendendo ser este todo aquele ator produ-
tivo que, de uma forma ou de outra, compartilha a produção. Dessa
forma, o cerne do fordismo seriam as relações entre o operário, o em-
pregador e o consumidor. Para ele, o trabalho industrial tinha como
chave a produção – representada pelo empregador e pelo operário –
e o consumo – representado pelo público consumidor.
O valor dado a essas relações tinha por pressuposto básico o
“trabalho para a coletividade”. Essa concepção levou Ford a buscar
uma maior produtividade, no intuito de atender o mercado consumi-
dor. A inovação-chave proposta por ele foi o trabalho repetido e em sé-
rie. Sua idéia original se converterá em um eficaz sistema de produção:
“creio que esta estrada móvel foi a primeira que já se construiu com
este fim. Veio-me a idéia vendo o sistema de carretilhas aéreas que
usam os matadouros de Chicago”.10
Ford introduziu a produção que se movimentava. A finalidade
era levar o objeto de trabalho até o operário, não precisando que esse
se deslocasse em direção ao objeto produzido. Essa mudança permitiu
reduzir o esforço humano na montagem e aumentar a produtividade,
diminuindo os custos proporcionalmente à elevação do volume pro-
duzido. Além disso, os seus carros eram projetados visando uma maior
facilidade em sua construção e manutenção, sem precedentes na his-
tória das indústrias.
10 FORD, 1926, p. 85.
impulso 80 janeiro 99
Impulso.book Page 81 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 81 janeiro 99
Impulso.book Page 82 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 82 janeiro 99
Impulso.book Page 83 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
TOYOTISMO
Após falarmos do sistema taylorista e do fordismo, passamos a
delinear os aspectos mais importantes da terceira fase do modelo de
organização do trabalho.
Os novos instrumentos inseridos no campo da produção e da or-
ganização dizem respeito às recentíssimas mudanças tecnológicas, ba-
seadas num sofisticado “complexo microeletrônico” e na informática
e inseridas no processo produtivo com significativas inovações geren-
ciais.
impulso 83 janeiro 99
Impulso.book Page 84 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 84 janeiro 99
Impulso.book Page 85 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 85 janeiro 99
Impulso.book Page 86 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 86 janeiro 99
Impulso.book Page 87 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 87 janeiro 99
Impulso.book Page 88 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 88 janeiro 99
Impulso.book Page 89 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 89 janeiro 99
Impulso.book Page 90 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
CONCLUSÃO
Desde a introdução da máquina a vapor na atividade manufatu-
reira, durante a Revolução Industrial, na Inglaterra, nos séculos XVIII
e XIX, o trabalho humano tem sido alvo de constantes adaptações e
experimentos. Ao operário coube a resistência para o trabalho diário
e a subserviência ao maquinário.
O sistema fabril inaugurado com a presença da máquina definiu
a fábrica como o espaço privilegiado e único da dimensão humana. O
trabalho ascendeu ao nível mais elevado e à mais valorizada das ativi-
dades. O princípio de que a fábrica foi feita pelo homem e para o ho-
mem é invertido. Procuram-se homens para as fábricas. Estes são logo
25 VALLE & PEIXOTO, 1994, p. 6.
impulso 90 janeiro 99
Impulso.book Page 91 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 91 janeiro 99
Impulso.book Page 92 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 92 janeiro 99
Impulso.book Page 93 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
ANEXO 1
TAYLORISMO FORDISMO TOYOTISMO
Parcelarização de
Parcelarização de Multifuncional
TRABALHO tarefas (única e
tarefas (muitas tarefas)
específica)
Concepção e Concepção e
DIVISÃO Polifuncionalidade
execução execução
Média (treinamen- Longo período de
QUALIFICAÇÃO Pouca ou nenhuma
tos iniciais) treinamento
TIPO DE Manual/informati-
Manual Informatizado
TRABALHO zado
Administradores e
Mestres Oriundo dos
CONTROLE esteira rolante (linha
(administradores) próprios operários
de montagem)
Escritório + Feita pelos patrões e
GESTÃO Escritório + mes-
mestres + gestão operários com assis-
ADMINISTRATIVA tres na produção
informatizada tência de escritório
Produção em massa
PROCESSO DE Produção em
Produção em série e em série de bens
PRODUÇÃO pequenos lotes
homogêneos
impulso 93 janeiro 99
Impulso.book Page 94 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
Grande preocupa-
Há preocupação,
Não há preocupa- ção (rejeição
QUALIDADE porém, os defeitos
ção direta imediata das
ficam ocultados
peças defeituosas)
ORGANIZAÇÃO Integração vertical e Integração vertical
Não há
PRODUTIVA horizontal com subcontratação
Maior consumo de
Maior produção Consumo individua-
bens; não há porosi-
IDEOLOGIA ( 1 ) em detrimento da lizado; “sociedade
dade; “sociedade do
porosidade do espetáculo”
consumo”
IDEOLOGIA ( 2 ) Modernismo Modernismo “Pós-modernidade”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as metamorfo-
ses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo/Campinas:
Cortês/Editora da Unicamp, 1995.
BEYNON, Huw. Trabalhando para Ford. São Paulo: Paz e Terra, 1995.
impulso 94 janeiro 99
Impulso.book Page 95 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 95 janeiro 99
Impulso.book Page 96 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 96 janeiro 99
Impulso.book Page 97 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 97 janeiro 99
Impulso.book Page 98 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
impulso 98 janeiro 99
Impulso.book Page 99 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
A Doença e o
Doente: uma
abordagem
através dos mitos
The illness and the
patient: an approach
through myths
RESUMO – A dimensão da doença, ao contrário da dor, é uma forma de se estar
no mundo, estabelecendo com ele relações específicas: o indivíduo escolhe a do-
ença como forma de expressão pessoal, ainda que em um nível não-consciente. Se-
duzido pela própria imagem de ser doente, e seduzindo as pessoas pela doença de
que padece, este indivíduo, doente, ganha uma imagem que – tal como Narciso SILVANA VENÂNCIO
silvana@fef.unicamp.br
– apaixona-se por ela, tornando-se incapaz de desviar os olhos de seu reflexo para Doutora em Psicologia Educacional
contemplar o mundo a sua volta. Uma outra perspectiva sobre dor, doença e do- e professora da FEF (UNICAMP)
ente é quando a morte – e não mais a vida – torna-se sedutora enquanto promessa
de ausência de sofrimento: é o mito de Drácula, com promessa de uma vida eterna GIOVANINA GOMES
DE FREITAS OLIVIER
em uma morte que nunca se consuma, que se concretiza com o desejo humano nina@fef.unicamp.br
de imortalidade; se não há vida, não há morte! Tanto Drácula quanto Narciso Mestre em Educação Física
unem-se no mesmo pathos: a incapacidade para reconhecer a alteridade. A doença e doutoranda em Educação
Física pela FEF (UNICAMP)
não é um evento focal na vida do indivíduo, mas pertence ao seu próprio projeto
existencial.
Palavras-chave: doença – dor – paciente – mito.
ABSTRACT – The illness, contrary to pain, is a way of being in the world, esta-
blishing with it specific relations: the individual chooses, even if not in a conscious
manner, the illness as way of expressing him or herself. Seduced by the image of
his/her own illness and, at the same time, inebriated by the attention of concerned
people, this individual, ill, gains an image that – such as Narcisus – falls in love
with itself becoming so absorbed with its own reflection that he/she is no longer
able to contemplate the outside world. Another perspective about illness, the pa-
tient, and pain is when death – and no longer life – becomes attractive as a promise
of absence of suffering: It is the myth of Dracula, with the promise that and eternal
life in a death that is never completed, which becomes concrete with the human
desire for immortality; if there is now life, there is no death! Both Narcisus and
Dracula commune in the same pathos: The incapacity to recognize the complexity
impulso 99 janeiro 99
Impulso.book Page 100 Thursday, October 2, 2003 9:25 AM
of human existence. The illness is not an isolated event in the patient’s life, but is
at the center to his/her own existential project.
Keywords: illness – pain – patient – mith.
No princípio…
Tinha chegado o tempo de ser, morrer,
nascer, e de matar e comer outros
seres vivos, para a preservação da vida.
O tempo sem tempo, do início, tinha
terminado…1
1 CAMPBELL, 1995.
2 Bíblia Sagrada, 1978.
rem saber “como ele está” e fazem votos para o seu “pronto restabe-
lecimento”. É fácil verificar o quanto a escolha pela doença pode ser
sedutora. Ela redefine os contornos do reflexo no espelho, o doente
ganha uma imagem e, às vezes, tal como Narciso à beira da fonte, apai-
xona-se por ela. Seduzido pela própria imagem de ser doente, sedu-
zindo os outros pela doença de que padece, a dor se torna suportável,
porque não mais implica a retirada do ser do mundo, mas justamente
a alocação no mundo, em um ponto conhecido e controlado.
Porém, seria um erro supor que o doente não sofre. Ao contrá-
rio, sofre e, muitas vezes, profundamente. Em primeiro lugar, porque
ele não se tornou doente por vontade própria, nem está consciente dos
benefícios que a doença lhe traz. Em segundo lugar, porque a doença
é uma “opção” (ainda que inconsciente) desesperada de alguém que
não encontrou outra possibilidade de se expressar e de se relacionar
senão enquanto doente. E, finalmente, uma consciência da doença8
está sempre presente, indicando ao doente, em maior ou menor grau,
a existência de uma distância que o separa do mundo dos não-doentes,
dos sãos, dos normais.
Esta distância que se estabelece entre o normal e o patológico,
tornando o doente diferente do outro, é marca da experiência da do-
ença – experiência ambígua que, por um lado, destaca o doente da
massa dos normais, conferindo-lhe uma identidade específica (a qual,
por sua vez, responde pelos benefícios da doença), e, por outro lado,
isola-o do universo dos normais e retira-lhe as possíveis formas de
manifestação que esse universo comporta. Imerso no próprio reflexo,
Narciso não pode mais ouvir os chamados do mundo exterior; a al-
teridade que ele havia julgado encontrar (o outro na fonte) revela-se
apenas ilusão (o outro desejado não é senão sua própria imagem). Po-
rém, apaixonado por esse outro, que é ele mesmo, incapaz de desviar
os olhos de seu reflexo para contemplar o mundo a sua volta, Narciso
sofre, definha e, afinal, morre. A morte de Narciso, consumido em si
próprio, leva-nos a uma outra perspectiva sobre a dor, a doença e o
doente.
A FACE DO VAMPIRO
Quando verifiquei que estava prisioneiro, uma irritação pro-
funda me dominou. Corri pela escadas, acima e abaixo, ten-
8 FOUCAULT, 1984.
A PATOLOGIA DA DOENÇA
(...) levantar-se, levantar-se sozinho, caminhar e caminhar
para longe – para longe dos médicos e dos pais, caminhar
para longe daqueles de quem se dependia, caminhar livre-
mente, ousadamente, aventureiramente, para onde se qui-
ser.14
Somos humanos enquanto estamos vivos. Nossa humanidade
depende de um espaço e de um tempo definidos, a partir do nosso
nascimento até a nossa morte, em um mundo histórico e cultural, em
uma existência que é, por ser existência, conflito e ambivalência. A
13 CHIRPAZ, op. cit., p. 23.
14 SACKS, 1988.
A PATOLOGIA DA SOCIEDADE
Os cidadãos do século XIX lançavam olhares invejosos para o sé-
culo XX. Seria o século do triunfo da humanidade, com promessas,
que as ciências e as tecnologias emergentes acenavam, de um futuro
em que novos inventos propiciariam um conforto jamais imaginado,
a miséria seria erradicada e a cura das doenças seria descoberta. A vi-
rada do século foi festejada com entusiasmo e fé nas ciências positivis-
tas. Mas logo uma guerra mundial veio abalar os alicerces dessas cren-
ças, e, a ela, seguiu-se uma segunda, e, à segunda, uma guerra fria, e
chegamos ao final do milênio com um recrudescimento do terrorismo.
Ao invés da cura das doenças, novas doenças surgiram, surgem e ame-
açam um avanço epidêmico. Neste século, o capitalismo estabeleceu-
17 OLIVIER, 1995.
18 CHIRPAZ, op. cit., p. 20.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora Ave Maria, 1978.
Cidadania e
Conhecimento:
o efeito da memória
nos conflitos sociais
Citizenship and
knowledge: the effect of
memory in the social conflicts
RESUMO – O presente texto descreve o movimento de camponeses sem terra em
um contexto de conflitos de interesses, em que a consciência social pode ser de-
senvolvida como conseqüência dos resultados de conflitos. Durante tais conflitos,
ocorrem muitos eventos violentos enquanto as pessoas envolvidas lutam para as-
ALOÍSIO RUSCHEINSKY
segurar sua sobrevivência. Camponeses sem terra, particularmente, consideram deccar@super.furg.br
Doutor pela USP, sociólogo,
que a principal forma de segurança envolve a propriedade da terra, resultando sua professor do Mestrado em Educação
Ambiental e Especialização em
empreitada, por conseqüência, também em uma prática pedagógica. Educação Brasileira, DECC/FURG
MOVIMENTOS SOCIAIS:
VIOLÊNCIA E CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA
2 As entrevistas da pesquisa de campo aqui citadas compreendem parcela da investigação sobre a questão
política da luta pela terra. Foram realizadas na segunda metade da década de 90, compreendendo membros
do Movimento Sem Terra que participaram de intensa atividade coletiva na luta pela terra na região noro-
este do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina. Por solicitação de alguns entrevistados, não citaremos
nem nomes, nem a localização exata do endereço.
O CONHECIMENTO DA OPOSIÇÃO
E O SIGNIFICADO PARA A CIDADANIA
O reconhecimento dos direitos definidos formalmente e a
visualização das forças sociais que se opõem aos seus interesses repre-
sentam dimensões relevantes da cidadania. A definição do adversário
dá-se no próprio espectro do conflito e tende a visualizar-se ao longo
do processo, desenvolve-se como figura legível aos olhos dos membros
ao longo da própria emergência do movimento social (Touraine,
1977). Porém, ao iniciar a atividade, ainda não está suposto que se te-
nha identificado seus opostos, as forças contrárias. O fato da visualiza-
ção dos opositores integra o horizonte em que também se constitui
uma crítica da realidade, bem como a compreensão do aspecto polí-
tico das reivindicações econômicas. Faz-se presente de maneira cres-
cente um desnudamento das relações sociais e que pressupõe alçar um
espectro mais global em que se insere a luta social particular.
De maneira aparente e imediata, o “inimigo” aparece sob a for-
ma do intervencionismo de jagunços, da violência militar e dos polí-
ticos locais. “Tivemos que brigar com os jagunços, pois colocaram
fogo numa ponte. Descemos dos caminhões, enfrentando os caras
para apagar o fogo. No avanço através da fazenda, negociamos com
eles para passar.” (entrevista pesquisa de campo). No decorrer do pro-
cesso, quando a organicidade da análise se faz presente de maneira pe-
culiar, desnuda-se o fato de que os mesmos fundam sua atividade aci-
ma de tudo enquanto mediadores de um processo social mais amplo:
representam, às vezes de modo obscurecido, aos sem-terra, interesses
que estão postos além do imediato percebido. A ação coletiva torna-
se estratégica para permitir tal visualização e, neste ínterim, a questão
agrária passa a ocupar um lugar central no embate.
mente, ficam divididos, pendendo ora para um lado ora outro, uns
apoiando o movimento e outros, a repressão.
No embate conforme vem sendo discutido, o “locus antagônico”
sob o ponto de vista geográfico – o campo e as condições de existência
que lhe são peculiares – não passa a ser a arena política das negocia-
ções. De fato, os opositores residem na cidade. Se na cidade residem
os opositores, essa também é o espaço onde os trabalhadores sem-terra
entram em contrato com órgãos públicos. A relação com a cidade con-
figura-se ampla: as manifestações e as reuniões principais aí se efetu-
am, o confronto com o poder de decisão, na repressão e possíveis ali-
ados. Por ocasião das mobilizações na cidade, verificam-se articulações
anteriores via entidades ou secretaria, avaliação conjuntural do jogo
das forças políticas, contatos com órgãos públicos e políticos e divul-
gação junto à opinião pública.
Transportar para a cidade o debate passa a ser estratégia de des-
truição ou de condição de possibilidade do movimento; assim, diver-
sos autores mostraram-se preocupados com a relação campo e cidade
(Gramsci, 1978 e 1979, e Martins, 1980). De outro lado, na solida-
riedade externa via outras mobilizações, encontra-se parcela da supe-
ração dos entraves. Entretanto, os poderes executivo e legislativo lo-
cais possuem influência relativa sobre o conflito, todavia o posiciona-
mento pode ressaltar um dos lados da controvérsia.
A questão política coloca-se em outro lugar, onde se ultrapassa a
ambigüidade da esfera estatal e os respectivos posicionamentos. O Es-
tado passa a ser o centro e age como ator social. Assim, proporciona
posicionamentos conflitantes em relação à reforma agrária, podendo
vir a descaracterizar a mobilização de um setor social em confronto
com as aspirações de outros. Como já afirmamos acima, no recente
manifesto público pela reforma agrária, é o Estado que passa a definir
o campo do conflito, articulando diferentes manifestações. Segundo a
opinião expressa por indivíduos contrários ao movimento da luta pela
terra, a ação governamental pela reforma agrária contém elementos
pelos quais a população obtém justificativas para assumir posiciona-
mento contrário à reforma agrária, especialmente pelos aspectos assis-
tencialistas que o encaminhamento apresentaria.
Este pessoal tem direito porque nunca foi assistido, mas te-
nho a visão de que eles tem uma noção muito paternalista
das coisas, tudo tem que ser dado, assim as exigências vão
aumentando. E o Estado não vai conseguindo atender e, o
que é pior, torna-se um problema de choque entre este pes-
soal que entra na reforma agrária e no movimento e os pe-
3 A propósito, pode-se conferir obras como de GRAMSCI (1978) e RUDÉ (1982), sobre as perspectivas
culturais dos setores populares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigma do Capitalismo Agrário em Ques-
tão. São Paulo: Hucitec, 1991.
Fetichismo na
Teoria Marxista:
um comentário
Fetishism in the marxist
theory: a comment
RESUMO – Este artigo consiste num comentário didático, com base na visão de Isa-
ak I. Rubin, sobre o papel do fetichismo no pensamento de Karl Marx. O feti-
chismo é identificado como elemento central para a distinção, localizada no cam-
po do método, entre a economia política inglesa e o marxismo.
Palavras-chave: marxismo – teoria do valor – fetichismo.
ABSTRACT – This article consists of a didactic comment, starting from the vision
of Isaak I. Rubin, about the function of the fetishism in Karl Marx´s thought. The
fetishism is identified as central element for the distinction, located in the field of
the method, between the English political economy and the marxism. VALDEMIR PIRES
vapires@unimep.br
Keywords: marxism – theory of the value – fetishism. vapires@merconet.com.br
Mestre em Economia, coordenador
do Curso de Economia (UNIMEP)
INTRODUÇÃO
TEORIA DO FETICHISMO:
MAIS DO QUE UM APÊNDICE À TEORIA DO VALOR
sas características que têm sua origem nas relações sociais en-
tre as pessoas no processo de produção.3
Para esse autor, a teoria do fetichismo é algo que deve ser enten-
dido como muito mais do que um mero apêndice à teoria do valor.
Por isso, ele se opõe a Struve,4 que, apesar de reconhecer o mérito da
teoria do fetichismo de ter desvendado as relações capitalistas de pro-
dução por trás da mercadoria, não considera correto estendê-la ao
conceito de valor ou quaisquer outras categorias econômicas. Assim
como antagoniza com Hammacher,5 que avalia ser a teoria do feti-
chismo uma estéril transferência para a Economia das idéias sobre re-
ligião de Feuerbach.
Rubin encara a teoria do fetichismo como “uma teoria geral das
relações de produção numa economia mercantil”, posto que, com ela,
Marx mostrou
que na economia mercantil, as relações sociais de produção
assumem inevitavelmente a forma de coisas e não podem se
expressar senão através de coisas. A estrutura da economia
mercantil leva as coisas a desempenharem um papel social
particular e extremamente importante e, portanto, a adqui-
rir propriedades sociais específicas (...),6 graças às quais não
só oculta as relações de produção entre as pessoas, como
também as organiza, servindo como elo de ligação entre as
pessoas.7
Ou seja, o fetichismo deve ser entendido como essência de todo
o sistema econômico de Marx, como um elemento-chave que permite
diferenciar seu método do método dos economistas clássicos.
E, de fato, somente um método que em sua essência contenha a
teoria do fetichismo pode conduzir à formulação de categorias que ex-
pressam vários tipos de relação de produção que assumem a forma de
coisas. Somente com base nesta teoria é possível afirmar, como Marx,
que o capital é “uma relação social expressa em coisas e através de coi-
sas”. Que o impacto da sociedade sobre os indivíduos se dá sob a for-
ma social de coisas. Que as coisas se apresentam em cada circunstância
sob diferentes formas, sendo a forma de valor a categoria em que “a
relação social básica entre pessoas enquanto produtoras de mercado-
rias que trocam os produtos de seu trabalho confere aos produtos a
3 RUBIN, 1980, p. 19.
4 STRUVE, apud: RUBIN, op. cit., p. 62.
5 HAMMACHER, apud: RUBIN, op. cit., p. 67.
6 RUBIN, op. cit., p. 20.
7 Ibid., p. 24.
FETICHISMO E VALOR
Para tornar mais clara a importância da idéia de fetichismo no es-
quema teórico marxista, é oportuno utilizar a noção de preço político
em contraposição à de preço de mercado. Considerando-se o preço
como expressão monetária do valor, as relações que valem para o pre-
ço valem também para o valor. Se numa sociedade de tipo socialista,
o preço (e o valor) é politicamente determinado (via planejamento
central), não se esconde nos produtos, nas coisas, nenhuma relação de
produção. Ao contrário do que ocorre num sistema de mercado. No
socialismo, a relação é do tipo homem-homem, não havendo a neces-
sidade da interposição da mercadoria. Ou seja, não se constitui uma
8 Ibid., pp. 45-46.
9 A forma capital apresenta-se sob diferentes aspectos, conforme a função que cumpra numa dada relação
de produção: meio de circulação, meio de pagamento, tesouro.
10 A forma capital, de acordo com sua função, pode apresentar-se como capital variável ou constante, capi-
tal dinheiro ou capital mercadoria, etc.
11 RUBIN, op. cit., p. 53.
12 RUBIN, ibid.
FETICHISMO E DINHEIRO
O dinheiro, como medida do valor, reforça o fetichismo da mer-
cadoria.
O preço é a denominação monetária do trabalho objetivado
na mercadoria (...) A grandeza de valor da mercadoria ex-
pressa (...) uma relação necessária imanente a seu processo
de formação com o tempo de trabalho social. Com a trans-
formação da grandeza de valor em preço, essa relação neces-
sária aparece como relação de troca de uma mercadoria com
a mercadoria monetária, que existe fora dela.14
A possibilidade de ocorrer uma incongruência quantitativa entre
o preço e a grandeza de valor é inerente à forma preço. Ela será re-
solvida pelo mercado, no qual “a regra somente pode impor-se como
lei cega da média à falta de qualquer regra”.15 Da mesma forma que
a média determina o valor das mercadorias pela via do trabalho soci-
almente necessário, e não pelo trabalho concreto. Da mesma forma
que o lucro é um conceito funcional somente enquanto lucro médio.
Pressuposto o ouro como mercadoria monetária, ouro imaginá-
rio basta como medida de valor, como expressão do preço, o que di-
ficulta uma vez mais a retirada do véu que cobre relações humanas sob
as relações entre as coisas. Se não bastasse ouro imaginário, ouro cor-
póreo seria necessário e este, pelo menos, é claramente resultado de
trabalho humano concreto.
A forma preço da mercadoria é um dos alicerces da coercibili-
dade do mercado sobre as ações humanas, ou de deificação do mer-
cado e, por conseguinte, da mercadoria (= coisa), pois ela “implica a
alienabilidade das mercadorias contra dinheiro e a necessidade dessa
alienação”.16
Como meio de circulação, o dinheiro apresenta-se enquanto
substrato para a metamorfose da mercadoria (dinheiro converte-se em
mercadoria e mercadoria se converte em dinheiro no processo de cir-
culação). Nesse processo contínuo, baseado na divisão do trabalho,
cada produto individual precisa ser transformado em dinheiro para se
tornar mercadoria. Assim, fica ainda mais difícil resgatar o trabalho
humano como verdadeira fonte do valor, sendo o seu vestígio, pre-
sente no valor de uso, completamente obscurecido pelo véu do di-
nheiro, que é a materialização social uniforme do trabalho indistinto.
14 MARX, op. cit., p. 92.
15 Ibid., p. 92.
16 MARX, op. cit., p. 93.
CONCLUSÃO
A teoria do fetichismo foi a descoberta que conduziu Marx para
além dos postulados da Economia Política clássica, pois esta última (es-
pecialmente pelas mãos de Ricardo), tomando a forma como a riqueza
se distribui entre as classes enquanto o objeto da Economia Política,
não se deteve no questionamento das causas que originaram esta for-
ma de distribuição. Marx, pelo contrário, centrou no estudo das rela-
ções de produção o objeto da Economia Política e, ao fazê-lo, pôde de-
tectar no fetiche da mercadoria um elemento explicativo do surgimen-
to, da consolidação e do modo de operar destas relações e das formas
de distribuição correlatas.
Tendo em vista que não é incomum encontrar afirmações de que
há em Marx uma postura ideológica que conduz a uma teoria envie-
sada do capitalismo, é conveniente, a esta altura, reforçar que, uma vez
aceito o método de Marx, não se pode fugir à conclusão de que ele,
ao invés de partir de uma ideologia para formular sua teoria, pelo con-
trário, descobre, com sua teoria (construída com base em método dis-
17 Ibid., p. 293.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAMMACHER, Emil. Das Philosophisch-okonomische. Apud:
RUBIN, Isaak I. A Teoria Marxista do Valor. São Paulo: Brasili-
ense, 1980.
MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
RICARDO, David. Economia Política e Tributação. São Paulo: Abril
Cultural, 1982.
RUBIN, Isaak Illich. A Teoria Marxista do Valor. São Paulo: Brasiliense,
1980.
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural,
1983.
STRUVE, P. Khozaystvo i Tsena. Apud: RUBIN, Isaak I. A Teoria Mar-
xista do Valor. São Paulo: Brasiliense, 1980.
i
Modernização e
Biblioteconomia Nova
no Brasil
FRANCISCO DAS CHAGAS SOUZA
Orientador: prof. dr. Francisco Cock Fontanella
Defesa: 24/06/95
Investiga as condições do contexto brasileiro que determinam a introdu-
ção da educação bibliotecária, criada pela prática social norte-americana e
desenvolvida nos Estados Unidos da América, como o modelo de ensino pro-
fissional adotado pela ALA (American Library Association). Foram estudadas
as condições sociais, econômicas e políticas do Brasil nos primeiros trinta anos
deste século e o modo e a natureza pelos quais exercem uma forma particular
de determinação para a adoção do modelo, mais particularmente, a partir de
1937, pela biblioteca municipal da capital paulista. Verifica que a implantação
do curso de Biblioteconomia, transformado em seguida em escola, se deu
num momento histórico em que ocorriam fortes mudanças estruturais e no
qual a idéia de modernização fazia parte do discurso do Estado; portanto, o
curso teria o caráter de um dos componentes de apoio a essas mudanças.
Neste sentido, busca identificar e analisar os aspectos que evidenciam a
ocorrência da degradação do modelo, a fim de que se desse a sua introdução
no Brasil, bem como os fatores que geraram o agravamento da degradação do
e
mesmo, levando-o a consolidar-se com o perfil com que se mantém ainda
hoje. Por fim, identifica e analisa fatores que são asseguradores da sustentação
da degradação do modelo, o que faz do ensino de Biblioteconomia praticado
no Brasil um caminho de mão única.
O Cenário Epistemológico
da Complexidade
LAERTHE DE MORAES ABREU JUNIOR
Orientador: prof. dr. Hugo Assmann
Defesa: 09/11/95
Este trabalho aborda a epistemologia da complexidade. Novos conceitos
surgidos nas ciências, tais como sistemas complexos, teoria do caos, auto-orga-
nização e fractais, entre outros, têm motivado o interesse para um estudo
transdisciplinar sobre o conhecimento, convidando-nos a uma reflexão con-
junta sobre o sentido que a educação pode assumir nesse contexto. É preciso
rediscutir os limites entre ciência, filosofia e arte. Nessa discussão não pode-
mos prender os conceitos numa razão imaginária que garanta a separação dos
conhecimentos por áreas e interesses que preexistam à própria organização do
conhecimento. Essa reflexão é tarefa para a educação. Seu papel é organizar as
interações que os conceitos provocam no cenário epistemológico. A caracte-
rística desse processo é que o conhecimento se organiza no limite do caos. A
educação organiza, isto é, pensa os limites do conhecimento dentro de uma
circularidade cognitiva. O conhecimento não é algo que está fora da própria
o
gico da complexidade atende a interesse acadêmico bastante diversificado.
Rejeição ou não de Alunos
às Aulas de Educação
Física no 2o Grau
MARIA INÊS BALDINI
Orientador: prof. dr. Wagner Wey Moreira
Defesa: 16/02/96
O objetivo do estudo é investigar a rejeição ou não de alunos do então 2º
grau às aulas de Educação Física, em escolas particulares e estaduais da cidade
de Campinas. Participaram 563 indivíduos, de ambos os sexos, na faixa etária
de 14 a 23 anos. Foi utilizado um questionário exploratório para verificação.
A análise estatística demonstrou que 48% dos alunos pesquisados são dispen-
sados das aulas. Dos 52% restantes, ou seja, dos que freqüentam as aulas de
Educação Física, 40% as rejeitam e 60% as aceitam. Tanto para a rejeição
quanto para a aceitação, foram encontradas razões explicativas. Além disso,
ficou demonstrado haver uma grande preferência pelas aulas de Educação
Física de caráter recreativo.
e
Gestão Democrática na
Universidade Pública
FERNANDO AGUIAR FROTA
Orientador: prof. dr. Davi Ferreira Barros
Defesa: 29/02/96
Este trabalho analisa as possibilidades de se realizar uma gestão em base
democrática na universidade pública. Reflete-se sobre a universidade
enquanto instituição, sua história, seus projetos e como se integra na socie-
dade. Se esta oferecer condições de estrutura para a transformação, compete à
universidade coadjuvá-la com a função crítica, o debate de idéias e da moder-
nidade. Verifica-se ser relevante aplicar a democracia às orientações político-
ideológicas e administrativas da instituição universitária. Sobre isso, destaca-se
o estudo a respeito das vocações científica e política. Estando a serviço do
povo, a universidade se torna legítima quando executa a gestão comparti-
lhada, na qual é possível encontrar espaço aberto ao trabalho renovador. Con-
sidera-se a significação do processo administrativo em moldes democráticos,
na universidade pública, a qual, neste país, sofre prolongada crise. Ao lado de
deficiências múltiplas, nota-se a reação construtiva. Tem realce a autonomia.
Para muitos, inclusive o governo, é relativa; para grande número, deveria ser
ampla. Em qualquer caso, ela é indispensável. A democracia possível mostra-
o
de Doença: Desvelando
Representações
THAIS ADRIANA DO CARMO
Orientador: prof. dr. John Cowart Dawsey
Defesa: 29/02/96
O presente trabalho procura promover discussões que contribuam para
a prática da educação em saúde. Para tanto estabelece como objetivos: a iden-
tificação das representações de saúde e doença de uma determinada popula-
ção (pacientes diabéticos e profissionais de saúde de uma Unidade Básica de
Saúde do Município de Piracicaba); a investigação do discurso social contido
nestas representações; a contextualização histórica e social das representações
encontradas; e a busca da compreensão de como as relações entre os pacientes
e os profissionais têm se articulado no interior do sistema público de saúde.
Como metodologia, utiliza-se a etnografia em trabalho de campo fundamen-
tado em entrevistas individuais. Foram entrevistados 12 pacientes, dois médi-
cos, uma funcionária da unidade e um fitoterapeuta (profissional) com grande
ascendência na cidade e na região. Ao final da pesquisa, conclui-se que existem
diferentes formas de perceber e pensar o fenômeno saúde-doença, além do
proposto pela medicina científica, fato que pode determinar diferentes práti-
cas terapêuticas e, portanto, estar contribuindo para a ocorrência de conflitos
entre os diversos sujeitos envolvidos no processo de cura. Esta constatação
sugere que qualquer ação educativa na área de saúde deve levar em considera-
p
ção tais pressupostos para tornar-se realmente um instrumento de conscienti-
zação e de transformação, tanto para os pacientes quanto para os profissionais
de saúde.
Percepções e
Representação do Mundo
no Desenho Infantil – da
Teoria da Forma à
Fenomenologia
HELIANA OMETTO NARDIN
Orientador: prof. dr. John Cowart Dawsey
Defesa: 01/03/96
Para afirmar o desenho infantil como expressão de um eu que interage
com o mundo e com o outro, investigou-se inicialmente, neste trabalho, a perce-
pção e a elaboração do mundo realizada pelo homem por meio dos símbolos.
o
recer a noção de expressão e explicitar o desenho da criança como prolonga-
mento da percepção infantil e ensaio de expressão de si e do mundo.
O Deficiente Físico nas
Aulas de Educação Física
na Rede Pública de Manaus
KATHYA AUGUSTA THOME LOPES
Orientador: prof. dr. Júlio Romero Ferreira
Defesa: 01/03/96
O presente estudo tem por objetivo detectar os fatores que influenciam a
participação, nas aulas de Educação Física, de alunos portadores de deficiência
exclusivamente física, matriculados em escolas da Rede Pública de Ensino, na
cidade de Manaus. A pesquisa caracteriza-se por uma abordagem qualitativa,
para a qual foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com oito professores
de Educação Física e quinze alunos portadores de deficiência física de escolas
estaduais e municipais. Estes números foram estabelecidos com base em um
levantamento realizado na Rede Pública de Ensino, que detectou em turmas da
escola regular a presença desses alunos e professores. O trabalho concluiu que a
participação destes alunos está comprometida em função de vários fatores:
c
desde a situação da Educação Física nas Secretarias de Educação e na Escola até
o autoconceito de deficiente em relação às suas capacidades, passando pela
ação do professor, que dispensa estes alunos da prática da Educação Física.
Memória e Percepção do
Tempo: Implicações para
a Aprendizagem
CARLA DA SILVA SANTANA
Orientador: prof. dr. Hugo Assmann
Defesa: 04/03/96
Com o propósito de refletir sobre como a memória e a percepção do
tempo relacionam-se com os processos de aprendizagem, foi feita pesquisa de
natureza bibliográfica combinada com pesquisa empírica, na qual se utilizou
dados de segunda mão. A hipótese que serviu de pano de fundo a esta busca
foi a de que as atividades cerebrais têm sido divididas com base em um
modelo estruturalista, no qual cada função específica é vista isoladamente,
como se pudéssemos analisar as funções mentais desconectadas do corpo
como um todo. Como refletem estas teorias estruturalistas, a memória era
vista inicialmente como um depositário de lembranças, tendo função cumula-
tiva dos blocos vivenciais. Valendo-se das contribuições de Restrepo, Garcia-
Albea e Marina, foi composta uma nova visão da memória, que passou a ser
vista como um sistema dinâmico, ativo e criativo, capaz de se autogerir e orga-
nizar. Essa concepção de memória ativa tornou clara a implicação direta entre
memória e aprendizagem, dado que já não se pode pensar a memória como
uma faculdade mental, uma capacidade do indivíduo de reter dados aprendi-
dos e vividos, mas principalmente porque esta visão teceu a imagem de
memória que é puro movimento e não habita um locus específico, ao contrá-
rio, está espalhada pelo cérebro e pelo corpo. Do aporte bibliográfico consul-
tado, ficou claro o quanto a corporeidade tem sido secundarizada pelas
metáforas do corpo-máquina, computador, etc. e a escola aparece como possi-
bilidade de resgate desse ser único, mediante práticas pedagógicas capazes de
intervir de forma prazerosa.
o
Da Classe Comum para a
Classe Especial: as Razões
dos Professores
MARGARETE CARNIO
Orientador: prof. dr. Júlio Romero Ferreira
Defesa: 05/03/96
O presente estudo objetivou identificar os motivos pelos quais os profes-
sores da rede estadual de ensino do então 1º grau, do município de Limeira,
interior do estado de São Paulo, encaminharam seus alunos para avaliação psi-
cológica, entre os anos de 1989 e 1994. Para alcançar o objetivo proposto, foi
realizada análise de 132 questionários, devidamente preenchidos pelos profes-
sores, segundo categorias previamente elaboradas. Estes questionários foram
obtidos com base no encaminhamento dos diretores/professores. Pelos dados
obtidos, verificamos que não existe um único motivo que determine o enca-
minhamento para avaliação psicológica. Constatamos que atitudes de ordem
comportamental, acadêmica e emocional são apontadas como indicativos de
problemas. Porém, o que pode ter contribuído para a não-identificação dos
motivos é que estes são genéricos e o instrumento não permitiu identificar de
forma clara, precisa e objetiva, em virtude da falta de organização e elaboração
das questões.
o
A Administração da
Educação de Adultos em
Bauru (1985-1988): um
Relato de uma Experiência
VERA MARIZA REGINO CASÉRIO
Orientador: prof. dr. João dos Reis Silva Júnior
Defesa: 05/03/96
O trabalho aborda a implantação da Divisão de Educação de Jovens e
Adultos, na Prefeitura Municipal de Bauru, uma experiência de educação
popular, de caráter comunitário, cuja viabilização, por acontecer no âmbito de
uma instituição oficial, apresentou um quadro polêmico e muitas vezes
contraditório. Analisa-se a proposta político-pedagógica para alfabetização de
adultos e jovens, que define esta forma de educação como sendo um projeto
coletivo colocado a serviço da população, tentando congregar educadores e
alunos, comunidade escolar e social, em função das necessidades e interesses
objetivos comuns, e procurando desenvolver nos participantes a consciência
da importância da organização e da participação populares. Estuda-se ainda a
metodologia utilizada pelo programa, baseada nos princípios filosóficos de
Paulo Freire e fundamentada nos princípios da Lingüística aplicada à alfabeti-
zação.
o
Ensino de Graduação em
Farmácia: a Lógica da
Profissionalização
MANOEL ROBERTO DA CRUZ SANTOS
Orientador: prof. dr. Valdemar Sguissardi
Defesa: 05/03/96
O autor desenvolve reflexão sobre a perda de identidade da profissão far-
macêutico, assinalando a dicotomia entre um profissional de saúde e um tecnó-
logo, dicotomia esta acentuada principalmente a partir da década de 30, com a
implantação de um novo modelo de desenvolvimento no país. Estes estudos,
que não se limitam somente à questão brasileira, passam por indagações funda-
mentais sobre origem histórica, definição de identidade, compreensão das
transformações ocorridas no setor, etc. Essas questões refletem, no fundo,
preocupações nítidas com a relação profissional/formação/função social. Preo-
cupado com o impasse estabelecido e com a falta de alternativas que possam
estabelecer uma pauta mínima de discussão fora do campo estéril do corporati-
vismo, o autor desenvolve sua reflexão sobre as questões pedagógicas de currí-
culo de formação e as relações que estas mantêm com o contexto social e
político. Para isso, o autor utiliza paradigmas filosóficos e sociológicos que per-
mitem revelar o objeto de estudo: o ensino colocado dentro da lógica da profis-
sionalização (formação de profissionais), em detrimento do ensino acadêmico
voltado para a criação e a transmissão do conhecimento universal. Enfim, o
estudo mostra ser consensual a opinião de que houve uma perda de identidade
do profissional farmacêutico. Entretanto, a realidade tem mostrado que as
reformas e as alterações curriculares promovidas pelas Escolas de Farmácia têm
se voltado, em essência, para o atendimento do mercado de trabalho, resul-
tando no agravamento do problema. Traçando um quadro mais amplo desta
problemática e das soluções apontadas até o momento, o estudo mostra ser
o
possível avançar na discussão do processo de formação profissional.
Talento, Treinamento
e Rendimento no
Basquetebol Feminino
VAGNER ROBERTO BERGAMO
Orientador: prof. dr. Ademir De Marco
Defesa: 06/03/96
O objetivo deste estudo foi verificar se há, com o treinamento, um efeito
positivo nos aspectos biológicos, aumentando com isso o nível de aptidão física
de jovens atletas. Nós avaliamos 120 jovens atletas de equipes competitivas, as
quais costumavam treinar em média cinco vezes/semana, com duração média de
duas horas/dia. Para a análise do comportamento da curva de crescimento das
jovens atletas, utilizamos como ponto de referência os dados das escolares (cole-
tados pela CELAFISCS) que freqüentavam aulas de educação física em média
três vezes/semana, com duração média de 50 minutos por sessão. Foi utilizada
uma bateria de testes em ambos os grupos, segundo protocolo CELAFISCS. Na
análise dos resultados, foi usado o tratamento estatístico descritivo de média,
desvio padrão. As diferenças entre os grupos foram comparadas pelo teste “t”,
de Student, ao nível de significância p < 0,01, enquanto que, para a compara-
ção de mais de duas médias independentes, adotamos a análise de variância do
tipo one way, com teste post-hoc, do tipo Scheffé. Os resultados evidenciaram
diferenças significativas entre os grupos, podendo concluir que: as jovens atletas
mostraram superioridade em todas as variáveis físicas, em todas as idades,
quando comparadas com as escolares; as escolares apresentaram em média esta-
bilidade de crescimento em todas as variáveis físicas, enquanto as jovens atletas
apresentaram somente estabilidade de crescimento nas variáveis de amadureci-
mento precoce e crescimento significativo para as variáveis dependentes do cres-
cimento somático e funcional; as jovens atletas com nível de aptidão física
próximo aos da população abandonaram, com o passar dos anos, o basquete-
bol, contrariamente às atletas com valores de aptidão física superiores aos valo-
res críticos, sendo hoje integrantes do grupo de elite do basquetebol nacional; as
jovens atletas apresentaram, somente aos 17 anos, valores médios significativos
nos níveis de aptidão física; na análise da maturação biológica, as escolares apre-
sentaram, em todas as variáveis, nível de maturação mais precoce do que as
jovens atletas; a estratégia Z demonstrou ser um instrumento altamente qualifi-
cado para a seleção de talento esportivo, pois, não só detectou atletas com índi-
ces de aptidão física inferiores aos da população, como também detectou atletas
com valores superiores até mesmo aos das atletas de elite. A falta de critério no
processo de seleção e principalmente o processo pedagógico permitem ao
mesmo tempo treinar juntas as atletas com valores de aptidão física inferior à
média da população de escolares com atletas com valores acima do grupo de
elite; a melhoria do nível de aptidão física deu-se pela ocorrência dos processos
de crescimento, permitindo-nos sugerir que o treinamento não culminou em
melhora do nível de aptidão física das jovens atletas; a correlação alta entre o
índice Z inicial e final em atletas jovens e adultas confirma a pouca influência na
melhoria do nível de aptidão física; e, quanto ao processo pedagógico, não
encontramos nenhuma relação com a prática do basquetebol nesse estudo.
c
Educação Física no Ciclo
Básico da Rede Pública de
São Paulo em Piracicaba:
Construtivismo ou
Ecletismo
LUCIENE FERREIRA DA SILVA
Orientador: prof. dr. Wagner Wey Moreira
Defesa: 28/03/96
Com base na implantação de uma proposta construtivista de Educação
Física para o Ciclo Básico, editada pela CENP (Coordenadoria de Estudos e
Normas Pedagógicas) no ano de 1989, a autora se preocupou em investigar
como estas alterações se davam no cotidiano escolar. Com efeito, esta proposta
tinha por objetivo subsidiar a prática da Educação Física desde as primeiras
séries, buscando romper com o ensino tradicional, que está diretamente ligado à
repetição padronizada de movimentos e ao desempenho ideal em atividades
esportivas visando o rendimento e a performance físicos. O objetivo principal
do estudo foi detectar qual é a prática da Educação Física no Ciclo Básico após o
lançamento da proposta construtivista da CENP. Para isso, a autora trabalhou
com pesquisa bibliográfica e documental, detendo-se, num primeiro momento,
nos autores construtivistas que, direta ou indiretamente, influenciaram a elabo-
ração da proposta. Fez-se necessário também o levantamento dos documentos
que implementaram tais mudanças, para obtenção do quadro geral de altera-
ções ocorridas para reestruturação do ensino no primeiro ciclo. De posse desses
dados, a autora foi a campo observar as aulas de Educação Física e entrevistar os
professores. Conjuntamente, esses elementos puderam proporcionar informa-
ções importantes, em especial quando confrontados entre si. A seguir, analisou
os resultados, discutindo o que parecia mais relevante ao estudo. As conclusões a
que a autora chegou comprovam que os professores não tiveram conhecimento
da proposta de Educação Física para o Ciclo Básico e que eles apenas “ouviram
falar sobre”, mas não participaram de treinamentos efetivos que permitissem
ações seguras em seu cotidiano. Detectou que as aulas de Educação Física, após
a implantação da proposta da CENP, estavam orientadas por práticas ecléticas,
em que os professores demonstraram uma postura tradicional, alicerçada princi-
palmente sobre as suas experiências cotidianas. Dessa forma, concluiu que a
ausência de ações efetivas quanto à capacitação, orientação e supervisão dos
professores pode promover modismos que elevam os índices de fracasso escolar,
comprometendo a qualidade do ensino.
d
Evasão Escolar: uma
Pesquisa com Evadidos
SINCLAIR CORRÊA SOARES
Orientador: prof. dr. Francisco Cock Fontanella
Defesa: 25/06/96
Desde o seu início, no período colonial, o sistema educacional adotou uma
tendência elitista e discriminatória. A educação foi estabelecida visando atender
crianças e adolescentes do grupo dirigente da sociedade colonial. As crianças das
classes pobres sempre foram dificultadas, e mesmo impedidas, de freqüentar as
poucas escolas existentes. A evasão escolar atravessou esse período e veio aflorar,
com muito mais força, durante a República, quando foram abertas, aos alunos
das classes mais pobres, maiores oportunidades à educação escolar. No período
republicano, com o início da escolarização das camadas populares, as dificulda-
des para freqüentar os cursos eram tão grandes que poucos alunos conseguiram
ser promovidos no final do período letivo. Para descobrir os motivos da elimina-
ção da maioria dos alunos matriculados e evadidos das escolas, realizamos uma
pesquisa de campo no município de Diadema, na Grande São Paulo, e constata-
mos esses fatos relacionados à evasão escolar das camadas pobres da população.
Ainda hoje, as crianças das camadas populares não conseguem permanecer no
sistema escolar, não atingindo o término do ensino fundamental. Conforme
dados colhidos, mais da metade das crianças matriculadas nas escolas desiste, a
cada ano, de estudar, nas primeiras e segundas séries. Os principais fatores que
geram essa desistência são de origem socioeconômica. O trabalho é apontado
como a principal causa provocadora de evasão e desistência escolar, levando
milhares de crianças a abandonar a escola. Devido à necessidade de trabalhar,
apenas quatro em cada cem alunos no grupo entrevistado conseguiram atingir a
quarta série. Dentro do contexto socioeconômico atual, sabemos que a educa-
ção é um dos únicos caminhos para a solução dos problemas e conflitos que
a
estamos vivendo; daí a insistência em conhecer as causas que levam à evasão,
acreditando que, por meio da educação escolar, esses problemas podem ser
minimizados ou até mesmo solucionados.
Pedagogia Histórico-crítica
e Educação Física: a
Relação Teórica e Prática
RÓBSON LOUREIRO
Orientador: prof. dr. Valdemar Sguissardi
Defesa: 30/08/96
A crise de hegemonia do regime militar pós-64 iniciou na década de 70.
No período de 1974 a 1985, o país viveu a fase de “transição democrática”.
Nessa época, desenvolveram-se, na área educacional, críticas ao modelo de edu-
cação implementado pela ditadura – o tecnicismo. Este pretendeu racionalizar o
trabalho pedagógico, atribuindo-lhe as mesmas características do trabalho nas
a
pedagógica no seu âmbito geral.
Cultura Corporal e Saúde:
um Discurso Ideológico
SANDRA SOARES DELLA FONTE
Orientador: prof. dr. Valdemar Sguissardi
Defesa: 30/08/96
A concepção de que a prática de atividades corporais promove saúde
é bastante disseminada e aceita pela sociedade. Esta concepção não é
recente; ela se encontra implícita em aforismos da Antiguidade clássica,
como ginástica para o corpo e música para a alma e mente são em corpo
são; e também nas formulações do pensamento médico-higienista, desen-
volvidas a partir da consolidação da sociedade burguesa. O objetivo deste
estudo é apreender o sentido do discurso da promoção da saúde pela ativi-
o
Ações Pedagógicas em Pré-
escolas Públicas Estaduais,
em Bom Jesus, Piauí
ALCILENE MARIA BENVINDO FERREIRA
Orientador: prof. dr. Júlio Romero Ferreira
Defesa: 29/08/96
O trabalho procura mostrar as ações pedagógicas desenvolvidas nas pré-
escolas da rede pública estadual, na cidade de Bom Jesus, Piauí. O seu objetivo
é investigar tanto as atividades didático-pedagógicas quanto as ações que não
se configuram como atividades, para conhecer o que as professoras dizem e
fazem com as crianças, e melhor compreender o trabalho pedagógico desen-
volvido nessas pré-escolas. A pesquisa caracterizou-se por uma abordagem
qualitativa, especificamente um estudo de caso, para a qual foram utilizadas
gravações em cassete de cinco aulas observadas e entrevistas realizadas com as
professoras representantes de cada classe. Foram selecionadas três classes com
base em um levantamento realizado na fase preliminar deste estudo. A pes-
quisa apresenta dois momentos: o primeiro, realizado em março de 1995,
o
Vista a Partir do Curso de
Pedagogia da Universidade
Federal do Pará: Estudo de
um Caso
SONIA DE JESUS NUNES BERTOLO
Orientador: prof. dr. João dos Reis Silva Júnior
Defesa: 13/09/96
O presente estudo insere-se na temática formação do educador e aborda
as representações que professores e alunos fazem de um determinado curso de
formação de educador. Nessa discussão, priorizei o exame/a análise das obser-
vações, opiniões, angústias, explicações presentes nas falas de professores e de
alunos do curso de Pedagogia da UFPA (Universidade Federal do Pará), assim
como me detive na análise dos documentos oficiais da Instituição e na produ-
ção teórica sobre a formação do educador no âmbito do curso de Pedagogia.
Com esse intuito, o trabalho se organiza em quatro partes. Na primeira, dis-
cuto a formação do educador no âmbito do curso de Pedagogia. Para isso, fez-
se um esforço de compreender a proposta de formação do educador em nível
nacional. Faço, também, um levantamento histórico do curso de Pedagogia da
UFPA e finalizo recuperando a trajetória do movimento pela reformulação
dos cursos de formação do educador, procurando identificar na evolução dos
cursos de Pedagogia o despontar de várias concepções que orientam o debate
sobre o processo de formação dos profissionais da educação. Num segundo
momento, verifico como a formação do educador é vista e pensada pelos pro-
fessores do curso de Pedagogia da UFPA, com base na falas desses sujeitos. No
terceiro, trago para discussão as principais propostas de formação do educa-
dor, consubstanciadas nos documentos oficiais do Centro de Educação da
UFPA. Finalmente, concluo este trabalho buscando sintetizar a discussão sobre
a formação do educador no âmbito do curso de Pedagogia da UFPA. Dessa
o
Menino de Rua ou de um
Beco sem Saída
CONSTANTINO RIBEIRO DE OLIVEIRA
JÚNIOR
Orientador: prof. dr. Francisco Cock Fontanella
Defesa: 14/11/96
O trabalho enfoca a problemática do menino de rua na sociedade capita-
lista. O problema abordado foi a incompatibilidade entre o discurso e a prática
de projetos assistenciais destinados a estas crianças. O discurso se refere à possi-
bilidade da inclusão social, pela qual a cidadania seria exercida. Ocorre que o
discurso não corresponde à prática efetiva. O projeto COCASPE (Centro Ocu-
pacional para Crianças e Adolescentes sob Proteção Especial), desenvolvido em
Ponta Grossa, Paraná, serviu-nos de referência. Tomando por base sua estru-
tura teórica, desenvolvemos alguns referenciais básicos. A primeira etapa refe-
riu-se à análise da sociedade capitalista ocidental, baseada na origem da
pobreza, bem como o início da luta pelo direito à vida, à liberdade e à proprie-
dade. Além disso, realizamos um texto identificando a origem do discurso da
aptidão natural como modelo ideológico, justificador de desigualdades sociais.
Outro marco teórico adotado foi a transição existente no modelo de acumula-
ção de capital. Ao mesmo tempo, procuramos identificar os fundamentos
filosóficos da doutrina liberal. Entendemos que estes deram subsídios para a
implementação das atividades do Estado. De forma direta, este fato contribuiu
e contribui para a formação de políticas sociais destinadas à população. As
características das políticas neoliberais e o entendimento do que seja um cida-
dão completam o suporte teórico. Concluímos que, ainda hoje, utiliza-se um
modelo assistencial, em políticas públicas destinadas aos meninos de rua, que
não corresponde às novas transições do meio de acumulação do capital. As
contradições estão nas seguintes perspectivas: pretende-se resgatar os meninos
de rua com a possibilidade de inseri-los no mercado, preparando-os para o tra-
balho; na prática, não se os prepara efetivamente para o trabalho, limitando-se
a assisti-los com relação a algumas necessidades básicas; pretende-se resgatar,
implicitamente, o trabalho como o meio efetivo de sobrevivência, mas esquece-
se de que a acumulação flexível adota posturas que deixam cada vez mais
escassa a oferta de trabalho. Neste novo meio em que se caracteriza o capita-
lismo, necessitamos de dois pontos básicos para o resgate do menino de rua:
rever no plano político-econômico novas relações entre Estado e mercado; e
que a humanidade resgate a vida como algo prioritário frente ao capital.
n
A Ginástica Rítmica
Desportiva nas
Universidades Públicas do
Paraná: um Estudo de Caso
ROSELI TEREZINHA SELICANI TEIXEIRA
Orientador: prof. dr. Francisco Cock Fontanella
Defesa: 14/11/96
Nosso intuito foi apontar a importância da G.R.D. (Ginástica Despor-
tiva Rítmica) para o desenvolvimento do indivíduo, bem como investigar sua
realidade e suas possibilidades na transmissão, aquisição e operacionalização
desse conhecimento junto a docentes que a ministram nos cursos de gradua-
ção em Educação Física, acadêmicos e egressos que atuam em escolas, então,
de 1o e 2o graus. Fizemos uma pesquisa de campo, numa abordagem qualita-
tiva, para a qual foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas, realizadas com
quatro professoras docentes de quatro universidades públicas do estado do
Paraná e oito professores egressos, que se formaram nestas instituições e
atuam nas escolas, então, de 1o e 2o graus, e questionário aplicado a 40 acadê-
micos que cursam a disciplina de G.R.D. nas mesmas instituições. Após coleta
e análise dos dados, com orientação de Triviños (1987) e Bardin (1994), con-
cluímos que, apesar dos conteúdos da G.R.D. serem importantes e, portanto,
contribuírem para o desenvolvimento do indivíduo na perspectiva da amostra
pesquisada, eles não são trabalhados nas escolas, então, de 1o e 2o graus, em
razão de um possível desconhecimento da disciplina pelos acadêmicos e pela
população em geral. Há ainda o fato de a G.R.D. ser ainda uma modalidade
esportiva em termos de competições oficiais somente para o sexo feminino,
dificultando a prática masculina desses conteúdos. Acrescente-se ainda o fato
de ela apresentar uma característica muito técnica no processo ensino-apren-
dizagem, em virtude da bibliografia que subsidia o processo de transmissão-
aquisição em termos de formação acadêmica. Este estudo não pretende ser
p
conclusivo, mas fomentador de novas pesquisas e encaminhamentos para a
G.R.D., enquanto disciplina ministrada na graduação, modalidade esportiva
de competição e conteúdo das aulas de Educação Física de, então, 1o e 2o
graus, centros esportivos, clubes e praças públicas.
Dança na Escola: uma
Proposta Pedagógica
ÉRICA BEATRIZ LEMES PIMENTEL VERDERI
Orientador: prof. dr. Hugo Assmann
Defesa: 27/11/96
Poderemos perceber ao longo deste estudo uma gama de fatores que nos
levarão a concordar com a importância de se estar utilizando a educação rít-
mica como um meio educacional. Estaremos utilizando a dança na escola
como um meio para o exercício da corporeidade dos alunos, provocando situ-
ações em que a criança possa utilizar seu corpo por inteiro e descobrir, por
o
O Corpo no Esporte
Escolar, Lazer e Alto Nível:
um Diálogo na Busca de
Significados
DOURIVALDO TEIXEIRA
Orientador: prof. dr. Wagner Wey Moreira
Defesa: 11/12/96
O presente estudo teve por objetivo investigar o entendimento de corpo
que permeia a prática de esportes nas dimensões de esporte escolar, esporte de
lazer e esporte de alto nível. No quadro teórico, partiu-se num primeiro
momento de uma análise histórica sobre o corpo na sociedade ocidental, reali-
zada em quatro momentos: antes do domínio cristão, quando observou-se o
corpo evoluindo no ecossistema, prevalecendo nele os valores de sobrevivên-
cia; em seguida, abordamos a visão de corpo sob o domínio do cristianismo,
percebendo que o corpo humano passou a conviver com a natureza, mas per-
manecia sob o jugo da ética e da religião; no terceiro momento, procuramos
visualizar as visões de corpo que se formaram a partir da ciência tradicional,
onde houve a racionalização do corpo humano e este passou a viver sob a
influência dos valores econômicos e políticos; para finalizar esta primeira
etapa do quadro teórico, buscou-se identificar o corpo na prática do esporte
moderno, momento de vivência entendido como possibilitador da percepção
corporal por excelência. Ainda no quadro teórico, procurou-se estabelecer,
pela apresentação de algumas teorias que tratam questões da motricidade no
esporte, um afunilamento em nosso enfoque, buscando subsídios para as aná-
lises subseqüentes. Abordou-se neste momento a complexidade do fenômeno
esportivo por meio de uma análise translógica dos termos brincadeira, jogo e
esporte; em seguida, apresentou-se as teorias de Le Boulch, Parlebas e Manuel
Sérgio, no sentido de fundamentar, com seus conhecimentos, a pesquisa de
campo, bem como a análise e a apresentação dos dados. A pesquisa de campo,
visando captar o entendimento de corpo na prática esportiva, foi realizada
valendo-se da aplicação de entrevista semi-estruturada a 18 praticantes de
ambos os sexos, sendo seis em cada uma das três dimensões de esporte previa-
mente estabelecidas, em relação a três subtemas: entendimento de corpo,
entendimento de esporte, e entendimento de corpo no esporte. No trata-
mento dos dados coletados, foi utilizado o método de análise de conteúdo, o
que proporcionou uma riqueza inesperada a este momento do estudo. Após a
descrição e uma síntese preliminar da fala de cada praticante, tornou-se possí-
vel a realização das inferências e da síntese ideográfica de cada dimensão de
esporte sobre cada um dos temas. Este foi um momento decisivo, que possibi-
litou passar para as considerações finais, em que se pôde vislumbrar que, no
e
Impasses no Ensino de
História de 1º Grau –
Condições de Trabalho e
Representatividade
ELOISA BALAROTI
Orientador: prof. dr. Ademir Gebara
Defesa: 17/12/96
Este trabalho procura entender as dificuldades que emperram as mudan-
ças no ensino de História do, então, 1o grau, considerando que, nas décadas
de 80 e 90, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo divulgou, pela
CENP (Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas), duas propostas
para o ensino de História deste referido grau. Para tanto, o estudo inicia-se
discutindo e refletindo a análise de alguns autores sobre o processo de
mudança do ensino de História, especificamente na década de 80, momento
histórico para educação brasileira, de ampla participação e debate sobre as
reformas curriculares e as questões relacionadas às condições de trabalho e
ensino. A participação e representação dos professores na discussão e na ela-
boração dos projetos educacionais e a relação da universidade com os, então,
1o e 2o graus na produção e divulgação do conhecimento foram questões des-
tacadas nesta reflexão como desafios a serem superados para a implantação
das reformas curriculares. De igual modo, as perspectivas do ensino de Histó-
ria foram debatidas e contempladas, bem como outros limites foram conside-
rados e apresentados pela autora, com o objetivo de identificar o
distanciamento entre as propostas de ensino e a prática em sala de aula. Os
guias curriculares das décadas de 70, 80 e 90, emitidos pela Secretaria da Edu-
cação do Estado de São Paulo, que orientavam e orientam os professores na
preparação de seus programas de ensino de História, foram analisados quanto
aos objetivos e conteúdos, buscando identificar as concepções de História e
Educação que nortearam as suas elaborações e a pertinência dessas propostas
de ensino de História à realidade do ensino público do estado de São Paulo.
Para isso, foram entrevistados professores de História da Rede Pública de
Ensino da cidade de Piracicaba. Com base nos seus depoimentos sobre o seu
cotidiano em sala de aula e a sua avaliação sobre o ensino de História, buscou-
se compreender os limites e as possibilidades de efetivação das mudanças no
ensino sugeridas pelas propostas curriculares a partir da década de 80. A con-
clusão deste trabalho apenas confirma e ressalta questões que foram citadas
pelos professores entrevistados, destacando-se a necessidade da participação
dos professores nos processos de mudanças e a garantia de condições de traba-
lho e ensino adequadas a essas propostas.
c
Prestação de Serviço
Público Municipal:
Esporte e Lazer -
Tentativa de Mudança
FERNANDO RENATO CAVICHIOLLI
Orientador: prof. dr. Ademir Gebara
Defesa: 18/12/96
Com o objetivo de discutir a relação do poder público municipal com a
prestação do serviço de esporte e lazer, o estudo analisa o resultado de uma
pesquisa empírica, realizada no município de Leme, São Paulo. Tomando-se
por base a análise do cotidiano, pode-se observar a tentativa de reorganização
e mudanças propostas pelo primeiro governo eleito na década de 90, que pos-
suía uma grande virtude: a de ter rompido com a bipolarização política das
famílias tradicionais que se alternavam no poder local. Ocorre uma tentativa
de ruptura frente a antigas forças políticas, cria-se um clima político para se
romper, mas, devido à série de ajustes realizados, o setor de esporte e lazer não
avança em direção às mudanças anunciadas. Com o foco nesse processo com-
plexo, a pesquisa enfatizou as ações dos agentes nela envolvidos, descrevendo
sua relação com a prática cotidiana na prestação do serviço público. Também
foi dada atenção aos espaços físicos e sua ocupação pela população. A
contextualização da pesquisa empírica foi precedida pela caracterização do
município nos seus aspectos histórico, social, econômico, cultural, da legisla-
ção federal, estadual e municipal que a ele se reporta, assim como da reflexão
sobre a origem da prestação de serviços nos centros urbanos. A análise efetu-
ada revelou que as tentativas de mudanças são um processo muito longo,
complexo e multifacetado. Alterações na reorganização da prestação de servi-
ços requerem uma investigação aprofundada do processo de delegação, como
também estar atento às especificidades do local a ser transformado. São for-
muladas algumas sugestões, as quais, acreditamos, poderão contribuir para
a
que os serviços públicos do esporte e lazer tornem-se mais eficientes.
Produção do Discurso
Historiográfico da
Educação Física Brasileira
na Década de 80
VERTER PAES CAVALCANTI
Orientador: prof. dr. Ademir Gebara
Defesa: 19/12/96
Até meados da década de 80, a produção historiográfica da Educação
Física brasileira identificava-se com a visão de história tradicional, baseada na
concepção positivista. O momento político que se desenvolveu entre 1964
(período do implantação da ditadura militar) e o final dos anos 80 (fase da
reabertura política) marcou de modo geral a produção acadêmica, como reve-
lou uma inquietação no seio da sociedade, face à supressão dos direitos de
cidadania. Tal fato despertou anseio de mobilização e luta por uma maior par-
ticipação política. No bojo desse contexto, que envolveu a reorganização da
sociedade civil, as discussões acadêmicas iriam proporcionar reflexões na Edu-
cação Física e a incorporação de idéias e teorias que circulavam em outras
áreas. Com isso, a Educação Física brasileira pôde vivenciar um momento de
questionamento face ao paradigma científico que vinha norteando os discur-
sos produzidos nessa área – entre esses, o historiográfico. Nesse contexto é
que se materializa o discurso do historiador da Educação Física brasileira na
década de 80, revelando a incorporação de visões de mundo que se destaca-
ram pela crítica à ideologia política numa tentativa de ruptura com o modelo
historiográfico produzido até aquele momento. Mesmo revelando um certo
avanço no distanciamento da visão tradicional de história, deficiências teóricas
e metodológicas contidas na produção do conhecimento da Educação Física
impediram um desenvolvimento de caráter epistemológico, não experimen-
tando, portanto, a construção de uma história própria.
o
Educação e Corporeidade:
o Vivido e Pensado na
ESEF-PA
PEDRO PAULO MANESCHY
Orientador: prof. dr. Wagner Wey Moreira
Defesa: 19/12/96
O presente trabalho faz uma reflexão acerca de experiências vividas no
processo de formação profissional efetivado pela ESEF-PA (Escola Superior de
Educação Física do Pará). Sua intencionalidade é a de poder discutir, com base
no cotidiano escolar, questões de educação e corporeidade, bem como suas
relações e seus nexos com temas da história, linguagens e paradigmas. A pers-
pectiva histórica é percorrer os caminhos trilhados pela ESEF-PA, buscando,
numa relação presente/passado, montar o palco no qual emergem as grandes
questões debatidas no processo de formação profissional da Instituição. Sobre
a questão educacional, o trabalho visa construir um mosaico que possibilite
aproximar dialeticamente os diversos elementos de reprodução e produção
do processo educativo, tendo como elemento colante o paradigma da com-
plexidade e a concepção fenomenológica da educação. Na temática dos para-
digmas, vislumbra-se uma exposição das principais idéias que dão sustentação
às concepções metafísicas e racionalistas do real, suas relações com a Educação
Física e o processo de formação da ESEF-PA, bem como as possibilidades de
superação pela via da complexidade e dos caminhos da educação motora.
Como reflexões finais e provisórias, vislumbra-se uma arte de formação do
professor de Educação Física que garanta uma interpenetração, como bricola-
gem, das dimensões profissional, política e epistemológica, e que, dessa forma,
possibilite uma atuação profissional crítica e criativa no contexto da região
amazônica.
Normas para
Apresentação de Artigos
REVISTA IMPULSO
PRINCÍPIOS GERAIS
1 A Revista IMPULSO publica artigos de pesquisa e reflexão, nas áreas de ciências sociais e hu-
manas, dedicando parte do espaço de cada edição a um tema principal.
2 Os temas podem ser desenvolvidos através dos seguintes tipos de artigo:
• ENSAIO (12 a 30 laudas) – reflexão a partir de pesquisa bibliográfica ou de campo sobre de-
terminado tema;
• COMUNICAÇÃO (10 a 18) − relato de pesquisa de campo, concluída ou em andamento;
• REVISÃO DE LITERATURA (8 a 12 laudas) – levantamento crítico de um tema, a partir da bi-
bliografia disponível;
• COMENTÁRIO (4 a 6 laudas) – nota sobre determinado tópico;
• RESENHA (2 a 4 laudas) – comentário crítico de livros e/ou teses.
3 Os artigos devem ser inéditos, vedado o seu encaminhamento simultâneo a outras revistas.
4 Na análise para a aceitação de um artigo serão observados os seguintes CRITÉRIOS, sendo o au-
tor informado do andamento do processo de seleção:
• adequação ao escopo da revista;
• qualidade científica, atestada pela Comissão Editorial e por consultores especialmente con-
vidados, cujos nomes não serão divulgados;
• cumprimento das presentes Normas para Apresentação de Artigos.
5 Uma vez aprovado o artigo, cabe à revista a exclusividade em sua publicação.
6 Os artigos podem sofrer alterações editoriais não substanciais (reparagrafações, correções gra-
maticais, adequações estilísticas e editoriais).
7 Não há remuneração pelos trabalhos. Cada autor recebe gratuitamente cinco exemplares da
edição. Acima disto, pode comprá-los com um desconto de 30% sobre o preço de capa. Para
a publicação de eventuais separatas, o autor deve entrar em contato com a Editora.
8 Os artigos devem ser encaminhados ao editor, acompanhados de ofício, do qual constem:
• cessão dos direitos autorais para publicação na revista;
• concordância com as presentes normatizações;
• informações sobre o autor: titulação acadêmica, unidade e instituição em que atua, ende-
reço para correspondência, telefone e e-mail.
ESTRUTURA
9 Cada artigo deve conter os seguintes elementos, em folhas separadas:
a) Identificação
• TÍTULO (e subtítulo, se for o caso): conciso e indicando claramente o conteúdo do texto;
• nome do AUTOR, titulação, área acadêmica em que atua e e-mail;
• SUBVENÇÃO: menção de apoio e financiamento recebidos;
• AGRADECIMENTO, se absolutamente indispensável.
b) Resumo e palavras-chave
• Resumo indicativo e informativo, em português (intitulado RESUMO) e inglês (deno-
minado ABSTRACT), com cerca de 150 palavras cada um;
• para fins de indexação, o autor deve indicar os termos-chave (mínimo de três e máximo
de seis) do artigo, em português (palavras-chave) e inglês (keywords).
c) Texto
• O texto deve ter uma INTRODUÇÃO, um DESENVOLVIMENTO e uma CONCLUSÃO. Cabe
ao autor criar os entretítulos para o seu trabalho. Esses entretítulos, em letras maiús-
culas, não são numerados;
• no caso de RESENHAS, o texto deve conter todas as informações para a identificação do
livro comentado (autor; título; tradutor, se houver; edição, se não for a primeira; local,
editora; ano; total de páginas; título original, se houver). No caso de TESES, segue-se o
mesmo princípio, no que for aplicável, acrescido de informações sobre a instituição na
qual foi produzida.
d) Anexos
• Ilustrações (tabelas, gráficos, desenhos, mapas e fotografias).
e) Documentação
A documentação de um artigo é dada pelas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (veja suas especifica-
ções abaixo). Já as NOTAS EXPLICATIVAS,1 quando houver, serão dispostas no rodapé, remetidas por
números sobrescritos no corpo do texto.
I) A identificação das citações (Sobrenome do autor, ano) deverão aparecer logo após as re-
ferentes citações, no próprio corpo do texto, não em nota de rodapé. Ex.:
Identificou-se em vários estudos a sustentação destes conceitos (Faraco & Moura, 1997, e
Gil, 1991), comprovando-se a constatação de Castro (1989).
1 Esta numeração será disposta após a pontuação, quando esta ocorrer, sem que se deixe espaço entre ela e o número sobrescrito da nota. Como o
empregado nas Referências Bibliográficas, nas notas de rodapé o SOBRENOME dos autores deve ser grafado em maiúscula, seguido do ano da publi-
cação da obra correspondente a esta citação. Ex.: CASTRO, 1989.
II) Toda vez que a citação for literal, ou específica a um trecho da obra, e tiver menos que
quatro linhas, ela deve aparecer entre aspas, e não em itálico. Ex.:
Fica claro, portanto, que “esta relação muda só ganha expressão através da linguagem, fun-
damental, portanto, no pensamento pontyano”, conforme afirma Faria (1996, p. 64).
Se a citação for igual ou maior que quatro linhas, deve ter recuo de quatro centímetros das
margens do texto e receber itálico (sem aspas), sendo destacada em parágrafo próprio. Ao fi-
nal dele, um número sobrescrito remeterá à nota explicativa indicando o SOBRENOME do
autor, ano de publicação e a página em que se encontra a citação.
Os demais complementos (nome completo do autor, nome da obra, cidade, editora, ano de
publicação, etc.) constarão das REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, ao final de cada artigo, seguin-
do o padrão abaixo.
A lista de fontes (livros, artigos, etc.) que compõe as REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS deve apa-
recer no final do artigo, em ordem alfabética pelo sobrenome do autor e sem numeração, seguin-
do-se o padrão apresentado abaixo.
LIVROS
SOBRENOME, N.A. (nomes do autor abreviados, sem espaçamento entre eles; nomes de
até dois autores, separar por “&”, quando houver mais de dois, registrar o primeiro de-
les seguido da expressão “et al.”). Título: subtítulo. Cidade: Editora, ano completo, vo-
lume (ex.: v. 2). [Não deve constar o número total de páginas]. Ex.:
FARACO, C.E. & MOURA, F.M. Língua Portuguesa e Literatura. São Paulo: Ática, 1997, v. 3.
• MAIS DE UMA CITAÇÃO DE UM MESMO AUTOR: após a primeira citação completa, in-
troduzir a nova obra da seguinte forma:
• ______. Magic Paula. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1995.
• OBRAS SEM AUTOR DEFINIDO:
• Manual Geral de Redação. Folha de São Paulo, 2° ed. São Paulo, 1987.
PERIÓDICOS
NOME DO PERIÓDICO. Cidade. Órgão publicador. Entidade
de apoio (se houver). Data. Ex.:
REFLEXÃO. Campinas. Instituto de Filosofia e Teologia. PUC. 1975.
• ARTIGOS DE REVISTA:
APRESENTAÇÃO
10 Os artigos devem ser escritos em português, podendo, contudo, a critério da Comissão Edi-
torial, ser aceitos trabalhos escritos em outros idiomas.
11 Os artigos devem ser digitados no EDITOR DE TEXTO WORD, em espaço dois, em papel branco,
não transparente e de um lado só da folha, com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2.100 to-
ques). As laudas devem ter ao alto e à direita uma ‘retranca’ (isto é: a palavra-chave do título
abreviado), seguida do número da página. Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (uma
para a redação e a outra para a Comissão Editorial), acompanhadas de uma cópia em disquete.
12 As ILUSTRAÇÕES (tabelas, gráficos, desenhos, mapas e fotografias) necessárias à compreensão do
texto devem ser numeradas seqüencialmente com algarismos arábicos e apresentadas de modo
a garantir uma boa qualidade de impressão. Precisam ter título conciso, grafados em letras mi-
núsculas. As tabelas devem ser editadas na versão Word.6 ou .7, lembrando-se que sua forma-
tação necessariamente precisa estar de acordo com as dimensões da revista. Devem vir inseridas
nos pontos exatos de suas apresentações ao longo do texto.
As TABELAS não devem ser muito grandes e nem ter fios verticais para se separar colunas.
As FOTOGRAFIAS devem ser em preto e branco, sobre papel brilhante, oferecendo um bom con-
traste e um foco bem nítido.
No caso de GRÁFICOS e DESENHOS, além de sua inclusão nos locais exatos do texto (tanto na
cópia impressa quanto no disquete em linguagem Word), eles precisam ser enviados necessa-
riamente em seus arquivos originais (p. ex., em Excel, CorelDraw, PhotoShop, PaintBrush, etc.)
em separado.
As fotografias devem oferecer bom contraste e foco nítido.
As figuras, gráficos e mapas, caso sejam enviados para digitalização, devem ser preparados em
tinta nanquim preta. As convenções precisam aparecer em sua área interna.
13 ETAPAS de encaminhamento dos artigos:
• Etapa 1 – Apresentação de três cópias para submissão à Comissão Editorial da Revista e aos
consultores. Os pareceres, sigilosos, são encaminhados aos autores para as eventuais mu-
danças;
• Etapa 2 – Apresentação de uma via em papel e outra em disquete, com arquivo gravado
no formato Word. No caso da cópia em papel, o texto deve estar editorado. Devem acom-
panhar eventuais gráficos e desenhos suas respectivas cópias eletrônicas em linguagem ori-
ginal. Após a editoração final, o autor recebe uma prova para análise e autorização de im-
pressão.
14 O(s) autor(es) pode(m) retirar na própria Editora UNIMEP ou de sua home page (www.uni-
mep.br/~editora) um template (modelo) da formatação adotada na REVISTA IMPULSO, acima
descrita, e aplicá-lo diretamente ao seu texto.