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EMEF HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO

Avaliação de Português VI Bimestre – Turma: 7º Ano ____

Aluno (a): _______________________________________________


N°_____

Data: ______/______/______ Professora: Jucileide Fernandes da


Silva

Romance/Literatura: Infância (Fragmento I) Graciliano Ramos

[...] Aos nove anos, eu era quase analfabeto. E achava-me inferior aos Mota Lima,
nossos vizinhos, muito inferior, construído de maneira diversa. Esses garotos felizes,
para mim eram perfeitos: andavam limpos, riam alto, frequentavam escola decente e
possuíam máquinas que rodavam na calçada como trens. Eu vestia roupas ordinárias,
usava tamancos, enlameava-me no quintal, engenhando bonecos de Barro, falava
pouco.

Na minha escola de ponta de rua, alguns desgraçadinhos cochilavam em bancos


estreitos e sem encosto, que às vezes se raspavam e lavavam. [...]

O lugar de estudos era isso. Os alunos se imobilizavam nos bancos: cinco horas de
suplício, uma crucificação. Certo dia vi moscas na cara de um, roendo o canto de olho,
entrando no olho. E o olho sem mexer, como se o menino estivesse morto. Não há
prisão pior que uma escola primária do interior. A imobilidade e a insensibilidade me
aterraram. Abandonei os cadernos e as auréolas, não deixei que as moscas me
comessem. Assim, aos nove anos ainda não sabia ler.

Ora, uma noite, depois do café, meu pai mandou buscar um livro que deixara na
cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigir a mim. E eu, engolido o café,
beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado,
entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei a sala de jantar.
Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci, engulhando, com a vaga
esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite
extraordinária.

Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras,


gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando
linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei
surpreendido, virei a folha, e continue arrastar-me na gemedeira, como um carro em
estrada cheia de buracos.

Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo


pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia.
Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a
parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em uma noite de inverno,
perseguidos por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas
chegavam à cabana de um lenhador. Era eu ou não era? Traduziu-me em linguagem de
cozinha diversas expressões literárias.

Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil
conhecer tudo. [...]. RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Record, 2006

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental


– IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 162-3.

I- Marque a resposta correta de acordo com o texto.

01-Que problema incomodava o menino , no inicio do primeiro paragrafo e no fim do


terceiro.

a- ( ) Ele era espancado.


b- ( ) Ele não quer estudar.
c- ( ) Ele não sabia ler.
d- ( ) Ele tinha uma doença incurável.

02-O narrador do texto, ou seja quem conta a história.

a- ( ) A mãe.
b- ( ) A avó .
c- ( ) Os alunos.
d- ( ) O menino.

03-O que o pai fazia para que ele aprendesse a ler.O que ele pediu para ir buscar.

a- ( ) Incentivava a leitura, mandava pegar um livro na cabeceira da cama.


b- ( ) Um celular para fazer a leitura.
c- ( ) Uma chave da biblioteca para pegar um livro.
d- ( ) Ir a escola pegar um livro com a bibliotecária.

04-Como era a leitura do menino inicialmente.

a- ( ) Uma leitura , fluente.


b- ( ) Principiei, . Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo um cantilena
medonha.
c- ( ) Leitura, com boa pontuação.
d- ( ) Lia texto com atenção mas compreendia pouco.

05 - Quais palavras do texto tem prefixo.

a- ( ) vizinhos , garotos, escola.


b- ( ) extraordinária, analfabeto, imobilizavam, enlameava-me
c- ( ) determinou, cochilava , medonha.
d- ( ) velho, estrada, livro.

06 - Marque a opção em que as palavras tenham sufixos.

a- ( ) novidades, mosca, café


b- ( ) página, olho, prisão.
c- ( ) esperança, novidade, imobilidade, gemedeira.
d- ( ) buracos, encosto, carro..

07- Na frase ; “ Ora, uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um
livro..... Identifique a expressão em negrito se refere a quem?

a- ( ) A família.
b- ( ) O menino.
c- ( ) Ao pai´
d- ( ) A avó.

08 - Na frase ; Meu pai determinou que principiasse a leitura. A estrutura das


palavras em negrito são: A vogal ( i ).

a- ( ) desinência verbal.
b- ( ) desinência de gênero;
c- ( ) desinência de número .
d- ( ) Vogal de ligação.

09-A palavra em negrito é derivada de: . “ Um livro que deixaram na cabeceira da


cama.”

a- ( ) cabana´,
b- ( ) cabaça.
c- ( ) cabeça.
d- ( ) cama.

10- As palavras : Livro, historia e romance. São primitivas. Identifique as derivadas


delas.

a- ( ) livraria, historinha, romancista.


b- ( ) biblioteca, conto, leitor.
c- ( ) leitura, narração , aluno
d- ( ) conto, bibliotecária, acervo.

Feliz Natal.

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