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Relatorio Visitacultural
Relatorio Visitacultural
Toda terça-feira à noite ocorre o encontro dos compositores, por volta das 19h30, na
zona noroeste de São Paulo no bairro Brasilândia. O local como pessoal do Samba do Congo
afirma “é na quebrada”, periferia de São Paulo, mas possui acesso por transporte coletivo e
particular. É próximo do ponto final do ônibus Morro Grande e da Avenida Elísio Teixeira Leite.
A sede do Samba do Congo é como se fosse uma casa, a entrada pela rampa nos direciona para
o grande quintal da casa. Nesse quintal ou mesmo terreiro ocorre os encontros dos
compositores, as feijoadas e o samba rock, os banheiros são grandes e tem adaptações para
pessoas que usam cadeiras de rodas. Já na parte interna possuem salas que ocorrem os cursos
de canto e percussão e uma cozinha.
Após cantarem algumas músicas tradicionais do samba paulista, abriram para as pessoas
mostrarem as suas composições musicais. Começaram pelos componentes do samba do congo
e depois pelos participantes do encontro, alguns compositores já tinham as músicas já prontas
e conhecidas por visitantes e a maioria deles distribuíam papéis com a letra da música para que
todos pudessem acompanhar e aprender a letra. Outros a composição da música estava em
processo, tinham a letra, mas estava sem melodia e procuravam o tom, o acorde, conforme
iriam tocando e cantando. Interessante notar que as músicas mostravam um pouco da história
e das vivências das pessoas da região, como aquele que compôs a música que falava sobre a
saudade da sua avó e seu fogão a lenha, outro compôs uma música, depois que passou por uma
experiência de trabalho no abrigo muito difícil com uma criança. ( ideia de identidade narrativa
pg.20 texto diversidade em convergência)
Durante essa roda de samba, um dos participantes afirmou que andava triste e
desanimado, pois, alguma parente dele estava na UTI, por ter sofrido uma agressão violenta de
seu namorado, levando facadas no abdômen. O participante está receoso e preocupado com a
sua vida, espera que ela sobreviva a essa violência, em seguida pede para cantar a música Força
do Cantar diz que a música traz alento e esperança a ele. Nesse momento, fiquei bem
emocionada e preocupada, pois feminicídio é recorrente na periferia, um dos componentes do
Samba do Congo acolheu dizendo que aquele é um espaço de troca de ideias e emoções,
importante ele trazer esse sentimento para o grupo e espera que aquela mulher se recupere e
retome com melhores condições de vida.
Essas falas são possíveis durante o grupo, pois eles anunciam o nome de cada pessoa na
roda e em seguida todos aplaudem, seja para mostrar a sua composição musical ou para solicitar
um samba paulista, ou para dizer algo. Eles buscam incentivar a todos escrever durante o
encontro, eles conversam, brincam e dizem que é importante expressar nossas ideias e
pensamentos.