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Probabilidade Do Amor - Spin-Of - Santos, Nathalia
Probabilidade Do Amor - Spin-Of - Santos, Nathalia
— Ouviu o que o médico disse, filho? Você está cada dia mais
forte e saudável. — Beijei a bochecha do Elijah, o fazendo soltar
uma das suas risadas gostosas. — Lindo da minha vida.
Ele olhou para o pai e estendeu os bracinhos pedindo-o para
pegá-lo
— Seu pai não pode te pegar agora, filho — falei, tentando
distraí-lo.
O loiro estava dirigindo em direção ao mercado porque não
tínhamos quase nada na despensa. Não falamos mais sobre nós e
voltamos à relação de bons pais do Elijah, que era quando sempre
acabávamos achando uma sintonia.
— Pa... Papa — o bebê tentou falar e me fez arregalar os
olhos.
Se não fosse pelo cinto, teria parado no banco da frente com a
pisada nos freios que Melvin deu ao ouvir o que nosso filho disse.
Não havia notado, mas já havíamos chegado no supermercado.
Ele se virou para trás.
— Você falou papai? — Meu ex não conseguiu esconder o
sorriso.
— Papa... — Elijah repetiu e meus olhos marejaram.
Meu menino podia não estar tentando pronunciar “mamãe”,
mas ainda me sentia realizada, pois sabia o quanto esse momento
era importante para nós, principalmente para o homem à minha
frente, que por um período, acreditou que não seria um bom pai.
Droga.
Eu o amava pra caralho.
— Aurora — Melvin chamou, ainda incrédulo e tive a
impressão que ele queria me chamar de outra forma que não meu
nome — Ele me chamou de pai.
Sorri, concordando em meio às lágrimas.
— Não é que você venceu e ele o chamou primeiro?
— Papa...
Melvin começou a chorar no mesmo momento em que Elijah
soltava um dos seus sorrisos, e a vontade de pular para o outro
banco e abraçá-lo junto com nosso filho só aumentava.
Era um momento emocionante sempre que um filho chamava
“pai” ou “mãe” pela primeira vez, mas conseguia entender os
motivos das lágrimas do meu ex serem mais intensas do que o
normal. Deveria ser parecido com a sensação de um trabalho bem-
feito, que ele lutou e teve muita insegurança, até executá-lo.
E para não deixar meu pequeno assustado, aproveitei que
estávamos parados no estacionamento do mercado e o tirei do bebê
conforto, enchendo sua bochecha de beijo enquanto ainda estava
muito emocionada por ele estar tentando falar palavras mais
concretas.
— Agora diga mamãe. — Pedi.
— Papa...
Ele repetiu, me fazendo rir e fungar ao mesmo tempo.
— Ok, eu ainda assim amo você.
Elijah não riu, pois olhava para o papai com muita atenção.
Melvin estendeu os braços para ele, que esboçou um sorriso e fez o
mesmo, doido para pular no colo dele.
O entreguei para o loiro à minha frente, observando-o aninhar
nosso neném em seus braços.
— Obrigado, filho. — Ele beijou a testa dele. — Você foi a
melhor coisa que me aconteceu.
Foi impossível controlar as lágrimas também.
Me lembro até hoje do medo sufocante ao ver Melvin entre a
vida e a morte.
O quanto quis uma segunda chance para ele. Para nós.
E agora vê-los aqui, as duas pessoas que eu mais amava no
mundo, com tanto amor e devoção um pelo outro, era impossível
não me emocionar.
Eu tinha que concordar com ele.
Elijah era a melhor coisa que nos aconteceu.
— Antes de você nascer, achava que minha vida não tinha
sentido nenhum e que eu não serviria para ser pai — ele confessou
e o mais lindo era ver meu filho prestar atenção em cada uma de
suas palavras. — Mas adivinhe só? Você trouxe sentido para ela.
Você, meu amor, fez com que eu tivesse certeza de que precisava
ser alguém melhor. Para você, para suas tias e principalmente, para
sua mamãe.
Ele me olhou com seus olhos lindos brilhando de lágrimas.
— E você ainda pensava que não seria um bom pai, hum?
Nosso filho preferiu te chamar primeiro do que eu. — Não resisti e
para tentar desviar da intensidade daquele olhar, acabei
provocando-o.
Melvin riu fraco.
— Em breve ele vai chamar você.
— Papa! — Elijah bateu no peito do pai, animado. — Papa.
— Ah! — Coloquei minhas mãos nos meus ouvidos, brincando
ao chamar a atenção do meu filho. — Estou com inveja!
Ele riu como se tivesse entendido.
— Papa! Papa!
Fingi que ia morder sua mãozinha, arrancando uma risada
profunda dele.
— Você é tão travesso quanto seu pai.
— Eu? — o loiro perguntou, ofendido.
— Você! — Semicerrei os olhos em sua direção. — Não finja
que ele não herdou essa personalidade de você.
— Está vendo isso, filho?
— Papa...
Dei risada.
— Vamos, antes que eu comece a sentir meu coração doer de
tanto que ele diz papai.
Colocamos Elijah na cadeira do carrinho do supermercado
antes de entrarmos para fazer as compras. Por algum motivo que
fazia sentido na cabeça do meu filho, ele amava estar naquele lugar.
Fomos para a parte das frutas e os olhinhos dele brilharam
quando enxergou diversas das que consumia em casa.
Eu e Melvin fomos colocando-as no carrinho, enquanto o
pequeno segurava seu panda e prestava atenção em nós.
— Papa. — Apontou para as bananas.
— Vamos pegar, filho.
Fui em direção às maçãs e selecionei as melhores enquanto o
loiro pegava as bananas que o bebê tinha apontado.
— Que família mais adorável — uma mulher disse ao se
aproximar de nós. — São tão jovens e parecem tão unidos.
Meu sorriso morreu na hora. Era assim que parecíamos?
— Parabéns por essa criança linda. — Ela elogiou e se afastou
com o mesmo sorriso simpático.
— Obrigada — murmurei, mesmo que a senhora não estivesse
mais ali.
Olhei para o pai do meu filho.
Ele parecia ter perdido o foco com o que a mulher disse.
Não podíamos julgá-la por pensar isso de nós, não quando
Elijah era nosso filho e fazíamos de tudo para aproveitarmos cada
segundo ao lado dele.
Só não podíamos aproveitar como um casal.
— Papapapa. — O loirinho chamou nossa atenção.
Ele parecia que iria chorar.
Nos aproximamos no mesmo instante dele.
— O que foi? — perguntei, preocupada.
— Acho que ele está ficando no tédio — Melvin respondeu e
olhou para o corredor vazio à nossa frente. — Tenho uma ideia.
Antes que eu perguntasse do que se tratava ou tentasse
entender, o doido estava colocando impulso no carrinho e fazendo
uma corridinha, arrancando risadas do pequeno.
Pensei em chamar sua atenção para o que estava fazendo
dentro de um supermercado, mas perdi qualquer vontade ao ver o
sorriso apaixonado que direcionava para nosso filho.
Meu ex se pendurou no carrinho enquanto ele seguia mais
rápido com o impulso que tinha dado antes.
— Chama a mamãe — Melvin disse mais alto para Elijah. Os
dois me olhavam, parada no meio do corredor, apenas os
observando. — Chama, filho.
Meu menino tentou falar algo, mas tudo o que saiu foram sons
desconexos. Mesmo assim, sua mão se estendeu para mim, me
chamando. Ele sabia que era eu.
— Não devemos fazer essas coisas no supermercado — falei,
desmanchando minha cara de boba e me aproximando deles.
— Não seja tão chata, estamos sozinhos aqui — ele provocou.
— Vem, suba no carrinho.
O encarei em choque.
— O quê?
— Suba no carrinho, Aurora Benson.
— Você ficou maluco? — Ri nervosa.
Sem que eu esperasse, ele colocou minhas mãos no agarrador
do carrinho e indicou a parte de baixo.
— Apenas se pendure como uma criança.
Sempre tive dificuldade para pensar direito quando se tratava
de tomar uma decisão que envolvia esse homem, e é claro que
acabei seguindo seu pedido. Coloquei meus pés no ferro do
carrinho e senti meu coração acelerar quando Melvin se colocou
atrás de mim e segurou o agarrador, uma mão de cada lado do meu
corpo.
Ele não estava me tocando, mas era quase como se estivesse.
— O que vai fazer? — murmurei.
Elijah nos olhava com expectativa.
O loiro atrás de mim não respondeu com palavras, ele preferiu
me mostrar, empurrando o carrinho o suficiente para dar uma
corridinha. Nosso filho deu uma gargalhada tão linda, que me senti
estúpida por não dar minha atenção total a ele.
Tudo porque algo mais forte roubava metade da minha mente
no momento. Melvin estava rindo junto, com o rosto tão próximo ao
meu ouvido, que me desconcertava por completo.
O som da sua risada junto com a do meu filho, era tão
poderoso que me fez rir junto com eles em um momento que
provavelmente poderia me arrancar lágrimas.
Eu não tinha solução.
Nada na minha vida poderia substituir o que eu sentia por esse
homem.
E isso me apavorava.
Você está ferida também, porque você é minha
Eu só quero te surpreender
Desse jeito, você está se afastando mais
Eu digo que não é nada demais
PROMISE – JIMIN
MELVIN HOWARD
O almoço de sábado sempre tinha a característica de ser
caótico, mas ter dado a ideia de fazê-lo na nossa casa nesse final
de semana, não foi uma das melhores coisas que poderíamos ter
feito.
Aurora achava que iria ser mais fácil para terminar de planejar
a festa de aniversário do Elijah, o único problema era que ela e
Maeve discordavam de algumas coisas.
— Pense só como vai ser incrível ser recepcionado por um
panda gigante na entrada da festa. — A ruivinha voltou a persistir na
sua ideia. — Por favor, não faça eu cancelar esse pedido. Meu
sobrinho não para de sorrir, olha!
Nosso filho estava no colo dela e realmente, não parava de rir
para a tia favorita dele.
— É porque você não para de fazer cócegas nele — Aurora
observou e notei que as mãos travessas da amiga estavam
brincando com a barriguinha do pequeno. — Falei que não queria
fazer algo tão grande assim. Somos apenas nós, meus pais e meus
avós.
— Nosso neném merece o melhor, vocês não acham? —
Maeve parecia que choraria se não tivesse a ideia aprovada. — Ele
ama pandas, o que custa dar um gigante pra ele por um dia?
— Não jogue esse jogo comigo. — A loira semicerrou os olhos
para a melhor amiga e suspirou. — Ok, vamos ter um panda
gigante.
Prendi a risada enquanto bebia um pouco de refrigerante.
Maeve comemorou, fazendo Elijah pular no seu colo, bem da
forma caótica que ele gostava da tia.
Nem me atrevi a chegar perto deles para babar um pouco no
meu menino porque a louca que o segurava ainda estava chateada
que ele não a tinha chamado de tia e já havia me chamado de pai.
Sendo que o pequeno nem chamou a Aurora de mãe ainda!
Maluca!
Só Christopher mesmo para ser apaixonado por ela.
— Os doces e bolo também já foram encomendados — Caitlin
informou. — E Trevor conseguiu uma ótima decoradora na internet.
Ela vai transformar o salão em uma selva de pandas para meu
sobrinho.
Olhei para o meu filho.
C om certeza, ele amaria.
— O aniversário é daqui a três semanas — Christopher
lembrou a todos. — Se tiver mais alguma coisa que podemos
ajudar, podem falar.
Aurora me olhou pela primeira vez nessa manhã.
Tentei recapitular tudo o que havíamos feito até o momento
para a festa do nosso filho, porém, tudo o que consegui pensar foi o
quanto me senti confortável no supermercado na tarde do dia
anterior.
Brincamos no carrinho, fizemos as compras e voltamos para
casa, nos divertindo com Elijah, que foi o caminho todo tentando
falar mais palavras, mas sempre acabava voltando para “papa”.
Foi tão divertido e confortável, que por um momento me
esqueci que não éramos mais um casal de verdade e que minha
garota queria sair de casa assim que meu filho completasse um
ano.
Essa merda ainda estava na minha cabeça e me arrancava
noites de sono.
— A música está ok, decoração também, comida e doces
também — listei, enquanto tentava me lembrar de alguma coisa que
estivesse esquecendo. — Tudo parece certo.
— Também não consigo me lembrar de nada — Aurora disse.
— Caso se lembrem de alguma coisa, ainda temos essa
semana para correr atrás — Trevor falou, abraçando Caitlin de lado.
— Podem continuar contando com a gente.
— Obrigada! — minha ex agradeceu.
— Nosso sobrinho vai adorar a festa de qualquer forma —
Barry falou e não escondeu sua animação ao bater palmas. — Faz
tempo que não vou em uma festa de criança. Amo os doces que
posso roubar a qualquer momento.
— Os doces geralmente são para as crianças, sabia? —
Tiffany o provocou ao seu. — Deixa de ser guloso.
— Elijah nem come doces! Seria um desperdício — meu amigo
se defendeu.
Ele não mudava de forma alguma.
— Como estão os treinos? — perguntei, aproveitando que
estávamos próximos. Ele me olhou.
— Sabe como o nosso treinador é... Ele está obcecado em
sermos os melhores e o time está indo bem para aumentar o desejo
dele — comentou. — E você? Quando vai voltar?
Suspirei.
— Não acho que irei voltar — respondi, atraindo a atenção de
todos naquela mesa.
— E o que vai fazer? Você ama futebol tanto quanto ama a
Aurora.
Olhei para a garota à minha frente, que desviou o olhar para o
caderno de anotações da festa.
— Se até eu voltei para o time de vôlei, você também vai voltar
para o futebol, Melvin. É simples como um mais um — Maeve falou.
— Seria importante tentar voltar agora, poderia até jogar na
próxima temporada — Barry comentou. — Nessa universidade, não
existe um quarterback melhor para substituí-lo.
— Prometo pensar sobre isso — avisei, o que não pareceu
convencê-lo.
— Sempre sonhou em ser o melhor no futebol, irmão, e todos
nessa mesa concordam que você evoluiu muito nos últimos meses.
Se isso continua sendo algo que te faz feliz, não tenha medo de
arriscar — Caitlin aconselhou e sorriu fraco para mim. — Vou estar
aqui para puxar suas orelhas se voltar para o caminho errado.
Ri fraco da sua piada.
A campainha de casa tocou e antes que eu me levantasse
para atender, Aurora já estava tomando a frente.
— Deve ser Zane, meu colega — ela informou, me causando
uma indigestão com o que havia comido. — Combinamos de iniciar
o artigo hoje. Vocês se importam?
Meus amigos e minha irmã negaram, mas eu preferi ficar
quieto.
Por um momento, havia me esquecido do ser inconveniente
que entraria na nossa casa.
— Usem a cozinha para trabalhar. Vamos ficar aqui na sala
jogando conversa fora e aproveitando o Elijah — Maeve sugeriu.
Engoli em seco, vendo a minha garota ir até a porta e abri-la
com um sorriso gentil nos lábios.
O mesmo sorriso que me ofereceu quando me viu pela
primeira vez na escola.
Desviei meu olhar.
Não era obrigado a ver isso.
Ouvi as vozes deles e os passos se aproximarem de onde
estávamos.
— Pessoal, esse é Zane — Aurora o apresentou. — Zane,
essa é a Elite da UCLA, ou costumávamos ser... não sei como
somos chamados agora.
— Aposentados — Maeve zombou. — Da Elite.
Meus amigos riram dela.
— É um prazer conhecê-los pessoalmente — o cara
cumprimentou com uma simpatia que não gostei. — Já ouvi falar
sobre cada um de vocês.
— Somos populares — Barry disse, animado.
— Vamos para a cozinha? Podemos fazer o trabalho lá, meu
notebook está em cima da mesa.
Não estava olhando para eles, mas sentia que alguém dentro
daquela sala estava me olhando. Ouvi os passos dos dois se
afastando e então levantei meu olhar, notando que meus dois
amigos me encaravam.
— O que foi? — resmunguei.
— Você nem cumprimentou o cara — Barry ralhou.
— Talvez assim da próxima vez ele tenha noção.
— Do quê, exatamente? — Chris questionou.
— Que não é bem-vindo por mim.
Maeve riu e meu filho a acompanhou, sem saber do motivo de
estar rindo.
— Esqueceu que a casa também é da Aurora? Minha amiga
pode trazer quem ela quiser pra cá.
Às vezes, ela era chata pra caralho.
— Não se esqueça que o filho que está segurando é meu,
então posso tirá-lo de você a qualquer momento.
A ruiva fez uma careta e mostrou a língua, abraçando-o mais
apertado.
— Aliás, por que vocês não têm um filho logo? Assim deixam o
meu em paz.
Chris ficou vermelho e Maeve revirou os olhos.
— Você é tão desnecessário às vezes, sabia?
Caitlin riu.
— Por que não jogamos UNO? — sugeriu. — E Maeve, faça o
favor de me dar um pouco o meu sobrinho. Estou com saudade
dele.
A ruiva entregou Elijah a contragosto para minha irmã.
E é claro que todos aceitaram a ideia e eu me vi segundos
depois sendo arrastado para uma roda no meio da sala para jogar.
Mas era inútil pois meus pensamentos estavam na loira na cozinha.
AURORA BENSON
Não sabia dizer o que havia acontecido comigo naquela
manhã para ter ficado tão irritada, e conforme explicava sobre as
últimas horas para minhas melhores amigas, elas ficavam cada vez
mais surpresas com os detalhes da história.
— Espera aí… — Maeve riu fraco, desacreditada do que eu
havia dito. — Você quase o mandou tomar no cu? Isso é o que
dizem sobre alguém ficar na seca por tanto tempo...
— Sim — resmunguei enquanto me enfiava dentro do vestido
que separei para aquela noite. — Como eu poderia ficar quieta? Ele
foi um idiota!
— É só surpreendente que você, Aurora, a mais gentil e
compreensível de todas, tenha surtado dessa forma — a ruivinha
explicou o motivo de estar surpresa. — Droga! Queria estar lá para
ver esse evento.
Caitlin a encarou séria.
— Não é uma brincadeira, Maeve — minha amiga chamou sua
atenção. — Aurora ainda parece nervosa.
Elijah soltou um gritinho quando jogou seu ursinho para longe
e ele quase caiu da cama. Maeve o pegou e entregou para o
pequeno, que sorriu, o abraçando com os bracinhos gordinhos.
Meu filho estava sentado no colo de Caitlin e parecia estar se
divertindo. Ele amava muito as tias e tinha certeza de que nem
sentiria tanto a minha falta durante as horas em que me encontraria
com o Melvin.
— É claro que estou — respondi. Poxa, eu queria mesmo que
ele tivesse me fodido.
— Está com raiva dele?
Parei em frente ao espelho para ver como o vestido ficava em
mim. Não era nada muito chique porque não fazia ideia do lugar que
ele me levaria. Optei por usar um rosa, justo até a cintura e de
manga longa, com uma meia-calça grossa branca para não passar
frio. Ela combinava com o tom do vestido, o que me tranquilizou
para colocar meu sobretudo branco.
Não estava a fim de passar frio.
— Sim!
— Então por que está se arrumando para um encontro com
ele? Podia brincar com a cara dele por ter te deixado na mão. —
Maeve e sua cabeça maléfica.
— Porque eu sou idiota.
Caitlin riu e meu filho a acompanhou, sem entender nada.
— Nisso nós temos que concordar — a sem-noção da minha
amiga murmurou alto o suficiente para eu ouvir. Semicerrei meus
olhos em sua direção. — Todos nós somos idiotas quando se trata
de amor.
— Essa frase é tão clichê — Cat respondeu. — A usamos só
para não nos sentirmos tão idiotas.
Prendi a risada.
— Acho que isso faz mais sentido.
— Eu estava tentando melhorar a situação para nossa amiga
— a ruiva explicou, olhando para meu filho. — Sua tia é terrível,
Elijah.
Ele apenas soltou uma risadinha para ela.
— Tenho certeza de que ele está pensando que é você a
terrível — minha ex-cunhada rebateu.
Me intrometi antes que iniciassem uma discussão na frente do
meu menino:
— Se eu fosse outra mulher, já o teria superado, né? Teria
saído com outros caras...
— Acredite, um... — Maeve olhou para Cat. — Tampe os
ouvidos do nosso bebê.
Nossa amiga colocou as mãos nos ouvidos do Elijah, que
tentou evitar de ter suas orelhas tapadas.
— Um pau novo não é o que você precisa, não para superar o
Melvin.
— Não? E a teoria que se distrai de uma situação arrumando
outra no lugar? Não deveria ser o mesmo com homens?
Meu menino soltou um gritinho, incomodado porque estava
com os ouvidos tapados.
— Eu devo continuar o querendo com todas as forças porque
ele transa bem — falei, ainda irritada com minha situação. — Só
isso explica eu me colocar em uma situação como essa.
— Agora, controlem a língua de vocês porque destapei os
ouvidos do Elijah — Caitlin chamou nossa atenção. — Pobre
criança... tem dois loucos como pais.
— Estou curiosa para saber como esse encontro vai acabar —
Maeve comentou, em um tom provocativo. — Beijo? Na cama?
Hum... — ponderou. — Com certeza, na cama. Vocês estão há
muito tempo sem dormirem juntos.
A idiota ainda teve a capacidade de fazer aspas ao falar a
palavra dormirem. Era uma pervertida mesmo.
— Depois do que ele fez comigo hoje de manhã? Agora vamos
passar pelos três encontros! Não percebeu que estou irritada?
— Claro... e ouvi a parte que você elogiou os atributos dele —
ela provocou.
Resmunguei um palavrão quase que no mesmo instante em
que a porta do quarto era aberta por ninguém menos e ninguém
mais que o Melvin.
Christopher estava na sala e provavelmente havia liberado sua
entrada no apartamento, então por isso ele me olhava agora com
um sorriso cretino como se tivesse ouvido o que acabei de falar
sobre...
Argh!
Isso não tinha como ficar pior.
— Olá, Melvin — Maeve cumprimentou. — Chegou bem na
hora, e ainda com flores.
Só então prestei atenção no buquê de flores que ele segurava.
Eram tão coloridas e lindas, que me deixaram por alguns segundos
sem palavras. Não podia acreditar que depois de anos, ele estava
comprando flores para mim de novo.
— Está pronta? — o loiro maldito perguntou e me olhou de
cima a baixo, tão lentamente ao ponto de fazer meu coração bater
mais rápido e outras partes do meu corpo que deveriam ficar
quietinhas, esquentarem também. De novo não! — Você está linda.
— Papa...
Elijah chamou, me salvando de corar na frente dele.
Melvin o olhou e sorriu fraco, se aproximando da cama para
dar atenção ao nosso filho.
Aproveitei o momento para terminar minha maquiagem e até
tentei não olhar pelo espelho o reflexo daquele cara brincando com
o nosso bem mais precioso, mas ficava difícil conforme os dois
soltavam altas gargalhadas.
Quando me virei para dizer que estava pronta, as palavras
ficaram presas na garganta e os observei mais um pouco.
Meu garotinho estava tentando se esquivar do pai que
arrancava risadas pelas cócegas que sua barba rala estava
provocando nele.
Maeve balançou a mão atrás do loiro, chamando minha
atenção. Soube que era uma de suas gracinhas quando ela me
lançou um olhar divertido e moveu os lábios, só para que eu
entendesse:
Hoje à noite, com certeza.
Revirei meus olhos.
Era óbvio que ela estava falando sobre eu transar com meu ex.
— Vamos? Estou pronta — falei, antes que minha amiga
falasse suas gracinhas em voz alta.
Antes de sair, me aproximei do meu filho e deixei um beijo na
sua bochecha.
— Fica bem com suas titias, ok? Daqui algumas horas mamãe
estará de volta para te encher de beijinho.
Maeve pegou o ursinho e se levantou, chamando a atenção do
sobrinho.
— Cuida bem dele — falei para ela.
Mostrando que não tinha maturidade nenhuma, longe das
vistas do Elijah, ela me mostrou a língua. — Cuido melhor do que
você.
Dei risada e voltei a atenção para o Melvin.
— Vamos?
Ele se aproximou, me fazendo dar dois passos para trás, mas
ao perceber que ainda estava chateada com o que fez, me ofereceu
as flores.
Olhei para elas e depois para ele.
— Seu carro está lá embaixo? Vamos até ele.
Podia não aceitar as flores, mas seria péssimo, né? As peguei
e tentei fingir que não estava comovida com o gesto romântico,
mesmo sabendo que daqui algumas horas ou dias, não estaria mais
brava com ele.
AURORA BENSON
Maeve e Christopher estavam sentados embaixo de uma
árvore, em um dos bancos com mesa espalhados no campus e me
juntei a eles, pois ainda era cedo para me encontrar com Zane.
— Oi, casal — os cumprimentei enquanto largava minha
mochila de qualquer jeito em cima da mesa. — Sobre o que
estavam falando?
— Nós vamos para São Francisco neste final de semana — a
ruiva anunciou. — Ele prometeu me apresentar alguns lugares da
cidade que cresceu para comemorar nosso um ano juntos.
— Depois de meses, finalmente chegaram em uma
alternativa? Pensei que deixariam passar mais dias. Daqui a pouco
já estão completando um ano e meio juntos.
— Exagerada! — a ruiva disse.
Ri fraco da careta que ela fez.
— Não se esqueçam que no próximo final de semana é o
aniversário do sobrinho de vocês.
— É claro que não esqueceremos disso — Chris sinalizou. —
Maeve passa o dia falando sobre como vai fazer a festa nesse
aniversário.
Olhei séria para minha amiga.
— É melhor se controlar, espertinha! É aniversário de criança.
— Eu sei, loirinha. — Sorriu. — Minha única tristeza de passar
fora esse final de semana é que não irei ver o Elijah... E se ele
chorar por sentir minha falta? Talvez só dormir na minha cama não
seja o suficiente.
Semicerrei meus olhos para ela.
— Você sabe que a mãe sou eu, né?
— Já falamos sobre eu ser a tia-mãe, ou esqueceu?
Olhei para Christopher.
— Por que não coloca um filho nela logo?
Ele ficou vermelho ao mesmo tempo em que soltava uma
risada.
— Não estamos prontos para ser pais.
Pelo menos dessa vez, ele não se esquivou da pergunta e
Maeve concordou com o namorado.
— E vocês acham que eu ou o Melvin estávamos? — zombei,
mesmo sabendo que nossas situações eram bem diferentes.
Eles se cuidavam muito para isso não acontecer e eu... Bem,
em algum momento devo ter feito algo que cortou o efeito do
anticoncepcional e isso me trouxe o melhor “acidente” que tivemos
em nossas vidas.
— Melvin até mesmo teve aquela crise, pois tinha muito medo
de desempenhar esse papel — lembrei-os.
— Se não fosse a terapia... — Maeve jogou a frase incompleta
no ar.
Era fácil de entender o que queria dizer.
Se não fosse a terapia que o pai do meu filho fazia toda
semana, ele provavelmente não teria aguentado a pressão de ser
pai, por puro medo de repetir os erros do seu.
— Melvin conseguiu entender que deveria fazer o oposto do
que o pai o fez e Cat passarem na infância — Chris sinalizou,
demonstrando o quanto estava mais próximo do meu ex. — É por
isso que ele vai ser um bom pai. Aquele cara já teve um horrível, e
agora sabe que não quer dar essa experiência ao próprio filho.
Assenti.
Era isso mesmo que vinha observando nele durante todos
esses meses.
— Como foi o encontro ontem?
— Curioso, Lancaster? — provoquei e dei de ombros. — Foi
um encontro divertido e emocionante.
— Se beijaram? Transaram? — Maeve perguntou.
Chris prendeu a risada, balançando a cabeça. A namorada
dele era mesmo um acontecimento.
— Por mais que eu sinta falta de beijá-lo e do sexo, e tenha
ficado com raiva por ele não me dar isso ontem, percebi que nosso
relacionamento precisa ser mais do que isso — respondi. — Ele
está tentando me reconquistar, por que tenho que dar tudo na
primeira noite?
Minha amiga riu.
— Como se você precisasse ser reconquistada.
Ela apertou minha bochecha.
— Nunca deixou de esperar por ele.
Dei um tapa na mão dela e esfreguei minha bochecha dolorida.
— Você e essa mania! — reclamei. — E é por isso mesmo,
Maeve. Eu esperei por meses, o que seria para o Melvin ter que
esperar por três encontros?
— Estou tão orgulhosa de você! — Ela me abraçou apertado.
— Merece até um beijo.
Esquivei-me antes que conseguisse me beijar e dei risada.
— Estou indo encontrar o Zane! Te vejo em casa?
— Devo ir daqui alguns minutos, quer que eu libere a Margô?
Não me importo de ficar cuidando do Elijah.
— Você que sabe... Não vou demorar muito, só precisamos
fazer a conclusão do artigo.
— Fica tranquila, Aurora... podemos ajudar em tudo — Chris
disse.
Sorri para eles e fiz um coração com as mãos.
— Vocês são os melhores!
Dei as costas e fui correndo encontrar meu colega de curso.
— Você não foi na festa no final de semana — Zane comentou
enquanto digitava o início do texto de conclusão que elaboramos
juntos. — Te procurei por lá e não a encontrei.
— Maeve me levou para outro lugar — expliquei. — A festa foi
divertida?
Ele parou de digitar e me olhou.
— Poderia ter sido mais se você estivesse lá.
Sorri de lado e indiquei o notebook à sua frente.
— Concentre-se no nosso texto, temos que entregar esse
artigo na próxima semana.
Zane era um conquistador e eu não era idiota, sabia que
queria uma chance comigo, uma que nunca viria porque meu
coração já tinha dono.
Talvez eu devesse deixar isso mais claro, apesar de não saber
como poderia fazer isso quando era tão óbvio que não estava
nenhum pouco a fim.
— Aurora! — Melvin gritou atrás de mim.
Em um piscar de olhos ele estava em pé ao meu lado, olhando
mais para o Zane do que para mim.
Suspirei.
Não foi uma boa ideia vir fazer o trabalho perto da quadra que
eles jogavam, mas era o único lugar vazio que achamos.
— Oi — cumprimentei. — Como foi o treino?
— O que está fazendo? — ele perguntou, ignorando minha
pergunta.
Movi a cabeça mais para o lado, interrompendo seu olhar
matador para meu colega.
— Terminando o trabalho com ele — expliquei. — E o que
você está fazendo aqui?
Eu o conhecia o suficiente para saber que ele não gostava do
Zane porque havia percebido antes de mim que ele era a fim de
mim. Acontece que eu não podia fazer nada quanto a isso, além
disso, tinha que continuar com o trabalho. Melvin teria que aprender
a lidar com seu ciúme.
— Tudo bem? — Zane perguntou, atraindo a atenção do loiro
à minha frente.
— Estou aqui para convidar minha garota para o nosso
segundo encontro. — Melvin me olhou. — Podemos conversar a
sós?
Antes que ele falasse algo que provocasse meu colega,
confirmei com a cabeça e me levantei. Segurei seu pulso e nos
afastamos da mesa em que estávamos.
— O que foi? Seja rápido porque preciso terminar esse
trabalho hoje e ir ficar com nosso filho.
— Por que tem que fazer trabalho com ele? — perguntou com
a cara fechada. — É óbvio que ele gosta de você.
Não neguei, pois já tinha certeza de que sim.
— E você sabe disso? Aurora...
— Eu não posso fazer nada além de falar que não estou a fim
e focar no trabalho — expliquei. — Zane é meu colega de curso.
— Então eu vou deixar as coisas claras para ele...
O segurei antes que fosse até a mesa.
— Para! O que vai fazer? — indaguei. — Por mais que seu
ciúme contido seja fofo, eu não gosto dele, me traz lembranças
ruins.
Ele engoliu em seco, entendendo onde eu queria chegar.
— Não vou bater nele. — Melvin parecia ofendido por isso ter
passado na minha mente. — Sei que já fui idiota antes, mas pense
pelo meu lado: gostaria que uma garota que estivesse a fim de mim
fizesse trabalho comigo?
Sorri de lado e segurei seu rosto.
— Quem disse que não entendo seu lado? — Balancei seu
rosto para os lados, o fazendo revirar os olhos e quase rir com a
brincadeira. Ele parecia um pouco mais relaxado. — Acontece que
só me dei conta de que ele queria mais do que ser meu colega de
trabalho, quando já estávamos no fim do artigo. A partir da próxima
semana não teremos mais tanto contato.
— Ok.
Ele ainda parecia incomodado.
— Você não confia em mim?
Melvin suspirou, derrotado.
— Confio.
Meu sorriso foi mais sincero agora.
— Para onde vai me levar hoje? — perguntei, afastando minha
mão do seu rosto.
— Quero ter um encontro com você e com meu filho —
explicou seus planos. — Farei o jantar para vocês e brincaremos
juntos. O que acha disso?
— Você? Fazer o jantar?
— Não confia em mim? — devolveu a pergunta.
— Não.
O loiro bufou e bagunçou meu cabelo só para me irritar.
— Idiota!
— Posso buscá-los à noite?
Assenti.
Ele ainda olhou para o Zane por longos segundos antes de
voltar sua atenção para mim.
— Não posso mesmo beijá-la?
Eu ri.
— Não pode! Agora vai pra casa. — Mandei. — Te vejo depois.
Ele pareceu derrotado quando encolheu os ombros e me deu
as costas, indo em direção à saída do campus. Não consegui
esconder o sorriso, nem quando me sentei ao lado do meu colega
novamente.
Amava demais aquele loiro idiota que não saía dos meus
pensamentos.
— Vocês voltaram? — Zane me trouxe para a realidade.
— Estamos voltando — respondi, notando como a resposta o
decepcionou.
Era melhor assim.
Agora ele sabia que não existia ninguém além do Melvin na
minha vida.
Oh, quero ter ele de volta
Porque, por outro lado, sinto muita falta dele e isso me deixa muito triste
Oh, quero doce vingança e quero ele de novo
Quero ter ele de volta, volta, volta
GET HIM BACK! – OLIVIA RODRIGO
AURORA BENSON
Perto das oito horas da noite, Melvin, eu e Elijah entramos na
casa que costumávamos morar juntos.
O loiro havia ido nos buscar no apartamento de Maeve e
insistiu que eu trouxesse uma bolsa com pijama e roupas para mim
e nosso filho, porque não iria nos levar de volta.
Um cretino!
Falei que não me importava e que poderia chamar um táxi,
mas me convenci quando vi a saudade que ele estava sentindo do
nosso filho.
Eu tinha meu próprio quarto aqui e não seria um problema,
contanto que ele não me atentasse com sua presença.
— O que seu papai vai fazer para o jantar, filho? Alguma
opinião? — perguntei ao neném no meu colo enquanto me
aproximava da cozinha, onde Melvin já estava com um avental
preparando a carne. — Será que ele sabe cozinhar?
Meu ex me lançou um olhar de desafio.
— Você vai comer a melhor carne de forno da sua vida. —Se
gabou.
Elijah balançou os bracinhos.
— Papa...
— Viu? Até nosso filho concorda.
Revirei meus olhos, ajeitando o garotinho no meu colo.
— Ele só sabe falar papa agora.
— Talvez seja porque ele tenha uma preferência por mim...
— É porque mamãe é mais complicado de dizer — justifiquei.
O cretino sorriu, colocando a carne na bandeja.
— É isso que está dizendo para se convencer? — continuou
me provocando.
Antes que eu o xingasse, Elijah começou a choramingar,
estendendo os bracinhos em direção ao cercadinho que ficava entre
a sala e a cozinha.
— Quer brincar enquanto ajudo o papai a não colocar fogo na
casa?
— Papa…
Sorri pra ele e deixei um beijo em sua bochecha antes de
colocá-lo dentro do cercado. Meu filho amava aquele espaço, afinal
tinha suas pelúcias e brinquedos favoritos, e era o espaço em que
se sentia mais confiante para engatinhar e ficar de pé com a pouca
força que tinha nas pernas.
— Ele vai ficar bem? — Melvin perguntou, não escondendo o
quanto era um pai preocupado.
— Claro! Conseguimos ver ele perfeitamente daqui, não é? —
Parei ao seu lado e olhei para Elijah se divertindo. — Nosso filho vai
esquecer de nós por alguns minutos. Precisa de ajuda para o
jantar?
Ele levou a mão até a nuca e a coçou, parecendo meio sem
graça.
— Eu vi a receita da carne de forno no TikTok e a segui
perfeitamente, mas confesso que não sei o que fazer de
acompanhamento.
— Não é à toa que eu que cozinhava nesses últimos meses
aqui — brinquei.
— Ei! Eu pedi comida para nós diversas vezes — disse, como
se isso justificasse algo.
— Sua sorte é que amo cozinhar — comentei, caminhando até
a geladeira e abrindo-a. — O que acha de salada de macarrão?
— A estilo italiana que costumava fazer?
Os olhos dele até brilharam com a sugestão. Eu sabia o quanto
ele amava aquele prato e admitia que adorava fazer só para vê-lo
saboreando como se fosse a primeira vez.
Assenti ao mesmo tempo em que pegava os tomates e a
muçarela de búfala na geladeira.
— Pode ir cortando os tomates enquanto preparo o macarrão?
Ele concordou e os pegou da minha mão.
Depois de deixá-lo com essa tarefa, achei o pacote de penne
no armário, coloquei água na panela e a levei até o fogo alto.
Esperei que a água fervesse para colocar o macarrão nela e
enquanto esperava, espiei como Melvin estava indo com os
tomates.
Que bom que fiz isso, pois ele estava cortando tudo errado!
— Melvin! — chamei, sem disfarçar o tom de bronca.
Aproximei-me dele e apontei para os tomates. — Você tem que
cortar em cubo, não em rodelas.
Ele parecia confuso, o que para minha tristeza, só o deixava
mais bonito.
Como um homem completamente perdido na cozinha ficava
ainda mais gostoso? Será que tinha a ver com as roupas escolhidas
justamente para hoje?
Ele usava uma blusa preta fina de manga longa e com gola, e
a calça era um jeans no tom claro, combinando perfeitamente com a
parte de cima, deixando seu look ainda mais sexy.
— Não é a mesma coisa? — perguntou, interrompendo minha
inspeção.
— Não! — Peguei a faca de sua mão. — Acho melhor eu ficar
com os tomates.
Indiquei o macarrão atrás de nós, para que fosse me substituir
naquela tarefa, mas ele não saiu do lugar.
— O que foi?
Puxei a tábua com os tomates e o queijo até estarem na minha
frente, já que Melvin não saiu do lugar.
— Você está linda — elogiou, absolutamente do nada.
Ainda bem que não estava cortando nada ou teria machucado
meu dedo com a faca.
Eu não estava superproduzida, apenas vestia uma blusa de lã
rosê e uma calça branca mais grossa do que as normais. Não
estava usando maquiagem porque como nosso encontro era mais
caseiro, não vi necessidade de passar algo na cara que não fosse
minha skin care.
— Está me zoando? — brinquei. — Vai fazer o macarrão,
Melvin. Não vou te beijar.
Ele riu e se afastou para atender meu pedido.
Segurei a faca e estava prestes a cortar o primeiro tomate,
quando os braços dele circularam na minha cintura e sua cabeça
pousou no meu ombro. Diferente da dele, minha blusa não era de
gola e mostrava todo o meu pescoço, e isso foi uma vantagem para
Melvin, que deixou um beijo casto na minha pele, me
desconcertando por completo e arrepiando todos os pelinhos dos
meus braços.
— Certeza de que não quer? — provocou, com a voz rouca no
meu ouvido.
Minha primeira preocupação foi Elijah, mas nosso filho estava
tão entretido com seus brinquedos, que nem estava prestando
atenção no seu pai me provocando. — Você não vai conseguir me
convencer — falei, tentando soar firme. — Afaste-se antes que eu te
dê uma cotovelada.
Ele riu, afundando mais o rosto no meu pescoço.
O ar quente saindo da sua boca enviou um forte calor pelo
meu corpo, me lembrando que eu estava há mais de um ano sem
transar, quando no passado, não ficávamos nem uma semana sem
fazer sexo.
Melvin tirou sua mão da minha cintura e a deslizou para minha
barriga, e o carinho poderia parecer fofo, da forma que às vezes ele
fazia quando Elijah ainda estava aqui dentro, mas ele não era
inocente. Esse idiota nunca foi.
Meu ex sabia o efeito que tinha em mim e estava feliz que
nada havia mudado nesse sentido.
Meu coração bateu acelerado quando senti seus lábios se
abrirem e chuparem minha pele. Estremeci, soltando o ar e quase
gemendo seu nome.
Por muito pouco eu não fiz aquilo.
Queria me virar e puxá-lo para um beijo, entregando-me
completamente ao desejo que inundava minha calcinha. Não cairia
nessa de novo!
Melvin desceu mais sua mão, dessa vez indo em direção ao
calor entre minhas pernas e tive um restinho de força para
interrompê-lo.
— Nosso filho...
Ele mordeu o lóbulo da minha orelha, e logo em seguida os
chupou.
— Melvin...
— Amanhã você vai sair comigo de novo, Sunshine. Teremos
nosso terceiro encontro, e depois dele, vou deitá-la na minha cama
e te foder a noite inteira — prometeu, encharcando ainda mais
minha calcinha. Filho da puta! Ele sabia que eu amava ouvir essas
palavras. — Farei você lembrar que nunca nesta terra, nenhum
outro homem, poderá te fazer sentir o que sente quando está
comigo. Que nenhum outro homem te faz gozar como eu faço.
Ninguém mais tem o poder sobre seu corpo como eu tenho,
Sunshine. E caso tenha se esquecido disso, amanhã terei o prazer
de passar a noite toda te lembrando de cada uma dessas coisas.
O babaca finalizou aquela tortura com um beijo casto no meu
pescoço antes de se afastar para, finalmente, cuidar do macarrão.
Mas agora, eu queria que ele cuidasse de outra coisa. De
novo!
Cretino!
Com amor,
Nathalia Santos
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pensando em ler o livro.
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vou amar conversar com você.
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SINOPSE
NOTAS DA AUTORA
PLAYLIST
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS