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Sumário: A adopção

1- Evolução do instituto da adopção


2- A realidade sociojurídica angolana
3- Conteúdo legal da adopção
4- Consentimento à adopção
5- Tipos legais de adopção
6- Efeitos legais da adopção
7- Processo de adopção
8- Normas de conflitos
Evolução do instituto da adopção
• O vinculo da adopção : É a constituição de um vinculo idêntico ao da filiação
entre duas pessoas que não estão ligadas entre si por laços de filiação de sangue.
• Visa em essência, a substituição da família natural pela adoptiva.
• O vínculo da adopção foi evoluindo com o tempo, tanto quanto à forma de
constituição quer quanto aos fins visados.
• No direito romano a adopção foi largamente usada e podia ser constituída por
contrato, testamento ou por decreto da cúria. Tinha como fim principal assegurar
a sucessão do adoptante pelo adoptado.
• Tal como outros institutos jurídicos a sua aceitação foi dependendo das concepções
religiosas e politicas num dado momento histórico.
• O predomínio do cristianismo fez praticamente desaparecer a adopção na época
medieval ate a revolução francesa.
• O direito muçulmano também o rejeita por entender que contraria a primazia que
deve ser dada aos laços de sangue. Embora aceite a “Kafala” que lhe é afim, e que
consiste em entregar as crianças em lugares de guarda.
• Foi reintroduzido de forma restrita com o Código Napoleónico no princípio do Séc.
XIX.
• O 1º C.C Português não previa a adopção por achar que estavam fora
dos costumes do reino. Só com o actual código civil é que reapareceu
o instituto, mas com apertados condicionalismos legais .
A realidade sociojurídica angolana

• Angola por causa das perdas sofridas pelas lutas de libertação, do


processo de descolonização e situação de guerras constantes, o
numero de menores cujos pais faleceram, desapareceram ou
que foram abandonados era elevado.

• Portanto a adopção do ponto de vista sociológico tem tido um


grande alcance na ordem jurídica angolana pois ela pode ser
usada como a via mais adequada para integrar novas famílias as
crianças vítimas de situações já acima referenciadas
assimilando-as aos filhos naturais, permitindo aos adoptantes
estabelecer o vinculo da filiação nos vários tipos de adopção.
A adopção está consagrada, pela 1ª vez na C.R.A, no seu art.º
80, nº 4 dedicado à criança.
Conteúdo legal da adopção
• O art.º 197, determina que a adopção constitui entre o adoptado e
adoptante vinculo de parentesco igual ao que liga os filhos aos pais
naturais.
• - equipara-se a cognatio e afastando-se assim do conceito de adopção
plena e restrita que é aceite noutros ordenamentos jurídicos.
• O instituto, pela importância dos efeitos que dali derivam, está dependente
da observância de apertados requisitos legais e tem que ser
obrigatoriamente constituído por via judicial através do acto solene de
uma sentença, art.º 212, nº 1 C.F.
• É um acto concedido por via judicial, vedada portanto, a via contratual e
testamental.
• A sentença tem efeito constitutivo, e só produz efeitos a partir do transito
em julgado da sentença, (Ex nunc).
• Uma vez constituída torna-se irrevogável a vontade das partes, mesmo que
se alterem as condições familiares do adoptante, art.º 211 do C.F.
• Requisitos legais do adoptante - para o adoptante, a lei exige que se
verifiquem certos requisitos subjectivos que demonstrem a sua idoneidade
para exercer as atribuições legais que a lei lhe confere nos termos do
artigo 199 do C.F.
Requisitos do adoptado
• Requisitos do adoptado, são os previstos no art.º 200,
• - que este estado de adaptabilidade tem que se referir à data da
propositura da acção e não da prolação da sentença constitutiva
do vinculo;
• - Não prevê a lei qualquer condição de ordem física, psíquica,
económica em relação ao adoptado.
- A lei não exige que haja um período obrigatório de convivência
antes do estabelecimento do vinculo, embora na realidade possa
ocorrer pois em regra, pois a entrega da criança é feita por
entidades da assistência social ou processada sem formalismo
decorrendo de circunstancias factuais.
- Segundo a professora Medina, embora a lei não o proíba omitindo
a respeito desta questão, entende que não deve ser permitida a
adopção entre parentes por laços de sangue, pelo menos nos casos
em que a proximidade de parentesco é por força da lei
impedimento matrimonial, art.º 26, a) e b) do C.F caso, contrário,
constituir-se ia um vinculo de filiação adoptiva onde a lei quer
afastar a possibilidade de constituir um vinculo de filiação natural.
Consentimento à adopção
A vontade de adoptar por parte do adoptante manifesta-se com a propositura da
respectiva acção no entanto, terá de ser acompanhada pela manifestação de
vontade dos representantes legais, (adopção por consentimento dos pais, art.º
201 C.F, e deve ser feito nos termos do art.º 213, C.F, sendo o consentimento a
condição sine qua non da viabilidade do pedido e o tribunal não pode prescindir
dele.) ou na falta destes pelos parentes próximos do adoptado( para este caso o
consentimento será dado nos termos do art.º 214, nº 1, no entanto diz-nos o nº2
do mesmo artigo, que o juiz…) e por ele próprio menor se já tiver completado 10
anos de idade.( art.º 203, C.F, tal consentimento será igualmente imprescindível à
condição de validade do acto, e deve ser dado pessoalmente pelo menor, depois
de o tribunal esclarecer o alcance do acto jurídico da adopção e suas
consequências na vida familiar).
Por último, o consentimento quando se trate de adoptante estrangeiro, regulado
no art.º 204, C.F.
Esta imposição legal tem duas finalidades:
1- Procura-se com esta medida proteger o menor que por via da adopção pode vir
a perder a sua nacionalidade angolana de origem por passar a ter nacionalidade
do adoptante.
2- A medida tinha o objectivo de proteger o menor na medida em que constituiria
um entrave ao trafico internacional de crianças do países menos desenvolvidos
para países mais ricos por meio de processos menos escrupulosos.
Tipos legais de adopção
Tendo em conta a forma simultânea ou individual como é feita a adopção a
lei prevê dois tipos:
1 – adopção dupla, surge quando são dois os adoptantes que, de forma
simultânea e concertada vão adoptar o mesmo menor, no entanto, é
necessário:
que os adoptantes estejam no estado civil de casado, conforme estatui
o art.º 205, a), C.F.
que o pedido seja em conjunto, contando que preencham os requisitos
estabelecidos no art.º 199 do C.F.
2 – adopção unipessoal, é aquela que é efectuada por um único
adoptante. Todavia pode configurar dois subtipos distintos.
1º engloba as situações do art.º 205, b), C.F, contando que preencham
os requisitos previsto no art.º 199, nº 1, apenas as alíneas a), b) e d), C.F.
2º integram as situações, em que o adoptante é uma pessoa só, que
esteja na condição de casada, segundo o modelo de família
monoparental, e pode incidir sobre qualquer menor que esteja em
condições legal de ser adoptado, art.º 205, c) do C.F.
Efeitos legais da adopção
• A constituição do instituto da adopção assimila-se a filiação natural
e biológica, decorrendo daí a plenitude dos efeitos legais, variando
apenas no caso da adopção do filho do cônjuge ou companheiro de
união de facto em que são preservados os direitos de outro
progenitor que não for substituído.
• art.º 198, nº 1 do C.F, estatui que os direitos e deveres do adoptado e
adoptante serão os mesmos dos que resultam entre pais e filhos.
• Os efeitos legais que resultam da adopção são:
• a) Em relação ao adoptante, art.º 207, nº 1, 249º, nº 1, 198º, nº
2, C.F.
• b) Em relação ao adoptado, art.º 249, nº 2, b) 198º nº 2, 209,
• c) Direito do adoptado à identidade art.º 8, da
CNUDC.(Convenção das Nações Unidas e dos Direitos da
Criança.
• d) Em relação à família natural art.º 206, 207, nº 1, 2, o art.º 202
Processo de adopção
• Quanto ao processo, segue as formalidades e a tramitação
previstas no art.º212 e segs. do C.F que nesta parte veio
completar o que vinha regulado no art.º 84 do Dec. Nº417/71,
para melhor acautelar os interesses familiares, mantendo o que
constava no decreto, que era a atribuição ao juiz de poderes
para orientar o processo no sentido da obtenção da verdade
material, uma vez que o processo de jurisdição voluntário.
• 1- Consoante os casos, o processo de adopção deve ser
proposto simultaneamente pelos dois adoptantes no caso de
adopção dupla, ou por um só, no caso de adopção unipessoal.
• No caso da adopção dupla, estamos perante um litisconsórcio
necessário activo, art.º 28, nº 1 do CPC.
• 2 – inquérito judicial- elemento essencial e indispensável para
que o juiz profira decisão, dispensando assim a experiência de
vivência anterior.
Normas de conflitos
• Quanto a constituição da filiação adoptiva, o código civil no seu art.º
60, manda aplicar a lei pessoal do adoptante.
• No entanto, tendo em vista a protecção dos direitos da criança, será
a lei nacional do adoptado por parte do adoptante.

• Sendo assim, será a lex fori aplicável ao processo de adopção que é


em regra, a do domicilio do adoptado no caso de adopção
internacional.

• São normas de ordem pública de cumprimento obrigatório.

A sentença de adopção, para produzir os efeitos legais, deve ser


revista no país do adoptante.

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