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A Parábola Do Bom Samaritan1
A Parábola Do Bom Samaritan1
Depois disso descia pelo mesmo caminho um sacerdote. Quando o sacerdote viu o
homem ferido, logo passou direto pelo lado oposto. Da mesma forma um levita
também descia pelo mesmo lugar, e também passou longe do homem ferido. Mas
em seguida descia por ali também um samaritano. Ao ver o homem ferido, o
samaritano se compadeceu dele.
O samaritano tratou dos ferimentos daquele homem com óleo e vinho. Depois ele
colocou-lhe sobre seu próprio animal e levou-o para uma hospedaria a fim de
cuidar dele. No dia seguinte, antes de partir, o samaritano deu dois denários ao
dono da hospedaria para que ele continuasse cuidando do homem ferido. O
samaritano ainda disse que se houvesse qualquer outro gasto, o dono da
hospedaria deveria colocar em sua conta que ele acertaria quando voltasse.
Jesus reagiu à pergunta do estudioso com outra pergunta: “O que está escrito na
Lei?” (Lucas 10:26). Com isso Jesus indicou que Ele não estava ensinando uma nova
doutrina. Na verdade Ele estava apontando para os princípios básicos da Lei de
Deus.
O doutor da Lei respondeu a pergunta de Jesus recorrendo a Deuteronômio 6:5 e
Levítico 19:18, resumindo o mandamento divino da seguinte forma: “Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma de todas as tuas forças e de
todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10:27).
Então Jesus disse ao doutor da Lei que ele havia respondido corretamente. Bastava
então fazer isto e ele obteria a vida eterna. A resposta de Jesus se harmoniza com o
ensino bíblico de que a Lei é santa, e que a obediência perfeita a ela resulta a vida
eterna (cf. Romanos 7:12; Gálatas 3:12). O problema é que enquanto o Lei é
espiritual o homem é carnal, e vendido ao pecado (Romanos 7:14).
O samaritano é descrito por Jesus como aquele que fez o que deveria ser feito. Na
mentalidade de um judeu, isso não era algo comum. Os samaritanos não eram um
povo simpático aos judeus, e vice e versa. A antipatia entre samaritanos e judeus
remontava os tempos do Antigo Testamento.
No tempo de Jesus, era considerado perigoso viajar por esse caminho. Havia
muitos rochedos e buracos, e os criminosos se aproveitavam das dificuldades
geográficas do local para fugirem e se esconderem. Quando um bando de ladrões
atacava uma pessoa, dificilmente ela conseguia escapar. Foi isso o que aconteceu
com o homem da parábola.
Por fim, Jesus introduz a figura do samaritano. Naquele contexto, na visão judaica,
um samaritano naquela cena seria a consumação da desesperança. Não era raro
que alguns deles retribuíssem ódio por ódio (cf. Lucas 9:53). Mas foi justamente o
samaritano que demonstrou compaixão. Ele viu um ser humano em dificuldade e o
ajudou.
Uma interpretação muito antiga atribuída a Orígenes, ou pelo menos replicada por
ele, diz que o homem que desceu de Jerusalém para Jericó representa Adão.
Jerusalém representa o paraíso, e Jericó o mundo. Os ladrões representam as forças
malignas. O fato de ele ter sido assaltado é uma referência à Queda do Homem. O
sacerdote e o levita representam o sacrifício, a Lei e os profetas que não podem
salvar o homem. Então o bom samaritano representa Jesus. Ele põe vinho e azeite
no ferimento do homem assaltado. O azeite representa o conforto e o vinho uma
indicação do sangue de Jesus derramado na cruz.
Quando na parábola o bom samaritano levanta o homem caído, essa interpretação
diz que isso é uma figura do novo nascimento. O animal que carrega o homem
também é uma referência ao evangelista (ou ao Corpo de Cristo). A hospedaria
representa a Igreja, e o hospedeiro representa o pastor. Alguns intérpretes ainda
dizem que essa antiga interpretação sugere que as duas moedas deixadas pelo
bom samaritano representam os dois sacramentos, Ceia e Batismo. Da mesma
forma, a promessa do bom samaritano dizendo que voltaria, representa a promessa
da segunda vinda de Cristo.
Vários dos líderes do Cristianismo dos primeiros séculos defenderam interpretações
semelhantes. Até mesmo Agostinho, grande pensador e estudioso das Escrituras,
também adotou uma interpretação parecida. Sem dúvida esse tipo de interpretação
descreve corretamente a história da redenção. Mas o problema é que essas
interpretações alegóricas ignoram o contexto e desprezam o verdadeiro propósito
de Jesus ao contar a Parábola do Bom Samaritano.
Mas também é fácil perceber que na parábola Jesus posiciona essa pergunta em
sua forma correta. O ponto principal não é se perguntar “Quem é o meu próximo?”.
A pergunta correta deve ser: “Eu estou sendo um bom próximo para os necessitados
ao meu redor?”.
Jesus termina a Parábola do Bom Samaritano perguntando ao doutor da Lei quem
provou ser o próximo do homem ferido. O estudioso teve de dizer que foi o
homem que teve piedade dele, isto é, o bom samaritano. Então Jesus concluiu: “Vá
e continue fazendo o mesmo” (Lucas 10:37).
Aqui devemos nos lembrar de que a primeira pergunta do estudioso foi acerca de
como ele poderia obter a vida eterna. Então com a Parábola do Bom Samaritano,
Jesus indica que guardar a Lei do Senhor, cujo princípio básico é o amor a Deus
seguido pelo amor ao próximo, é um comportamento que caracteriza àqueles que
são herdeiros da vida eterna.
Jesus não ensina que as boas obras e o cumprimento da Lei levam à salvação. O
que Ele ensina é que aqueles que são salvos andam nas boas obras, e, como regra
de gratidão, guardam os mandamentos do Senhor (cf. Efésios 2:10). Nesse sentido
o significado da Parábola do Bom Samaritano pode ser resumido no conselho de
Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-
vos a vós mesmos” (Tiago 1:22).
Além da explicação da Parábola do Bom Samaritano, temos um material completo
com a interpretação de todas as parábola de Jesus. Conheça aqui.