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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Licenciatura em Engenharia Biomédica

Cálculo - 2019/2020

Ficha 3

Exercício 3.1. Considere a função f : ] − 1, +∞[ → R denida por


( √
ln 1 − x2 , x ∈ ] − 1, 0[
f (x) = .
x2 e −x2 , x ∈ [0, +∞[
a) Diga, justicando, se f é contínua no ponto 0.
b) Calcule, caso existam, os limites limx→−1 f (x) e limx→+∞ f (x).
c) Calcule f 0 (x), para todo x 6= 0.
d) Diga, justicando, se f é diferenciável no ponto 0.
e) Estude a monotonia de f e a existência de extremos locais.
Resolução.

a) Determinemos os limites laterais de f no ponto 0.


2
p
lim f (x) = lim ln 1 − x2 = 0 , lim f (x) = lim x2 e−x = 0 .
x→0− x→0− x→0+ x→0+

Uma vez que existem e são iguais a f (0) os limites laterais de f no ponto 0, f é contínua no
ponto 0.
b)
p
lim f (x) = lim ln 1 − x2 = −∞ ,
x→−1 x→−1
2 x2 2x
lim f (x) = lim x2 e−x = lim = lim = 0.
x→+∞ x→+∞ x→+∞ ex2 x→+∞ 2x ex2

c) Para todo x 6= 0,
x
(
x2 −1
, x ∈ ] − 1, 0[
0
f (x) = 2
.
2x e−x (1 − x2 ) , x ∈ ]0, +∞[
d) Averiguemos se f é diferenciável no ponto 0.

f (x) − f (0) ln 1 − x2 x
lim = lim = lim 2 = 0.
x→0 − x−0 x→0 − x x→0 x − 1

2
f (x) − f (0) x2 e−x 2
lim = lim = lim x e−x = 0 .
x→0 + x−0 x→0 + x x→0 +

Consequentemente, f 0 (0) = 0, o que implica que f é diferenciável no ponto 0.

1
e) Analisemos o sinal da função derivada de f .
- se x ∈ ] − 1, 0[ , tem-se
x
f 0 (x) = > 0.
x2 −1
- se x ∈ ]0, 1[ , tem-se
2
f 0 (x) = 2x e−x (1 − x2 ) > 0 .
- se x ∈ ]1, +∞[ , tem-se
2
f 0 (x) = 2x e−x (1 − x2 ) < 0 .

Sendo f diferenciável em R, podemos então concluir que:


- f é crescente no intervalo ] − 1, 1[.
- f é decrescente no intervalo ]1, +∞[.
- f tem um máximo local no ponto 1.

Exercício 3.2. Considere a função f : R → R denida por


x2 − x

, x<1
f (x) = .
arctg(x − 1) , x ≥ 1

a) Diga, justicando, se f é contínua no ponto 1.


b) Diga, justicando, se f é diferenciável no ponto 1.
c) Determine uma equação da recta tangente ao gráco de f no ponto de abcissa igual a 1.
Resolução.

a) Determinemos os limites laterais de f no ponto 1.


lim f (x) = lim (x2 − x) = 0 , lim f (x) = lim arctg(x − 1) = 0 .
x→1− x→1− x→1+ x→1+

Uma vez que existem e são iguais a f (1) os limites laterais de f no ponto 1, f é contínua no
ponto 1.
b) Averiguemos se f é diferenciável no ponto 1.
f (x) − f (1) x2 − x x(x − 1)
lim = lim = lim = 1.
x→1 − x−1 x→1− x−1 x→1 − x−1
f (x) − f (1) arctg(x − 1) 1
lim = lim = lim = 1.
x→1+ x−1 x→1+ x x→1 (x − 1)2 + 1
+

Consequentemente, f 0 (1) = 1, o que implica que f é diferenciável no ponto 1.


c) Sendo f uma função diferenciável no ponto 1, uma equação tangente ao gráco de f no ponto
de abcissa igual a 1 é
y = f (1) + f 0 (1)(x − 1) ⇐⇒ y = x − 1.

2
Exercício 3.3. Considere a função f : R → R denida por
(
ln (1+x2 )
, x 6= 0
f (x) = x .
0 , x=0

a) Mostre que f é contínua no ponto 0 e calcule limx→+∞ f (x) e limx→−∞ f (x).


b) Mostre que f é diferenciável no ponto 0.
c) Diga, justicando, se a seguinte proposição é verdadeira ou falsa: a equação f 0 (x) = 0 tem,
pelo menos, duas soluções distintas em R.
Resolução.

a) Uma vez que o ponto 0 pertence ao domínio de f , f é contínua no ponto 0 se e só se existir


o limite de f nesse ponto.
2x
ln (1 + x2 ) 1+x2
lim f (x) = lim = lim = 0.
x→0 x→0 x x→0 1
x∈R\{0} x∈R\{0} x∈R\{0}

Além disso, uma vez que f (0) = 0, o limite de f no ponto 0 existe e é igual a 0.
Consequentemente, f é contínua no ponto 0.
2x 2
ln (1 + x2 ) 1+x2 x
lim f (x) = lim = lim = lim = 0.
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ 1 x→+∞ 12 +1
x
2x 2
ln (1 + x2 ) 1+x2 x
lim f (x) = lim = lim = lim = 0.
x→−∞ x→−∞ x x→−∞ 1 x→−∞ 12 +1
x

b) Veriquemos a existência de derivada nita de f no ponto 0.


2x
f (x) − f (0) ln (1 + x2 ) 2 1
lim = lim = lim 1+x = lim = 1.
x→0 x−0 x→0 x2 x→0 2x x→0 1 + x2

Consequentemente, f é diferenciável no ponto 0.


c) Seja x0 ∈ R+ . Então f (x0 ) > 0 porque, para todo x ∈ R+ , f (x) é o quociente de dois números
reais estritamente positivos. Uma vez que
lim f (x) = 0 e lim f (x) = 0 ,
x→0+ x→+∞

existem os reais positivos x1 e x2 , x1 < x0 < x2 , tais que, para todo x ∈ R+ ,


x ≤ x1 =⇒ f (x) < f (x0 ) ∧ x ≥ x2 =⇒ f (x) < f (x0 ) .

Como f é contínua no intervalo [x1 , x2 ], o teorema de Weierstrass garante a existência de um


máximo de f nesse intervalo. Uma vez que f (x1 ) < f (x0 ) e f (x2 ) < f (x0 ), x1 e x2 não são
pontos onde f tem um máximo. Logo, existe um ponto y0 ∈]x1 , x2 [ tal que
∀x ∈]x1 , x2 [ f (x) ≤ f (y0 ) .

3
Uma vez que f é diferenciável em y0 , f 0 (y0 ) = 0.

Como a função f é ímpar, mostra-se de forma análoga a existência de um mínimo de f no


intervalo ] − ∞, 0[ e, consequentemente, que existe um ponto nesse intervalo onde a derivada
de f é nula.

Podemos então concluir que a proposição é verdadeira.

Exercício 3.4. Calcule, caso existam os seguintes limites:

x−tg x .
a) limx→0 sen x−x

b) limx→0+ xsen x .
c) limx→0 (cos x)1/x .
2

Resolução.

a) Usando a Regra de Cauchy, obtém-se, para todo x ∈ ] − π2 , π2 [ \{0},


sen x − x cos x − 1 1 − cos x sen x cos3 x 1
lim = lim 2
= lim 2 = lim 2
= lim = .
x→0 x − tg x x→0 1 − sec x x→0 tg x x→0 2 tg x sec x x→0 2 2

b) Comecemos por recordar que, para todo x ∈ ]0, π2 [,

xsen x = esen x ln x .

Por outro lado, a Regra de Cauchy garante que


1
ln x x sen x sen x
lim sen x ln x = lim 1 = lim − cos x = − lim lim = 0.
x→0+ x→0+
sen x
x→0+
sen2 x
x→0+ cos x x→0 + x

Finalmente, a continuidade da função exponencial permite concluir que


lim xsen x = lim esen x ln x = lim ey = e0 = 1 .
x→0+ x→0+ y→0

c) Recordemos que, para todo x ∈ ] − π2 , π2 [ \{0},


2 2
(cos x)1/x = e1/x ln cos x
.

Por outro lado, a Regra de Cauchy garante que


− sen x
ln cos x cos x − sen x 1 sen x 1 1
lim = lim = lim = − lim lim =− .
x→0 x2 x→0 2x x→0 2x cos x 2 x→0 x x→0 cos x 2
Finalmente, a continuidade da função exponencial permite concluir que
1 ln cos x
lim (cos x) x2 = lim e x2 = lim ey = e−1/2 .
x→0 x→0 y→− 12

4
Exercício 3.5. Prove, usando a fórmula de Mac-Laurin com resto de Lagrange da função x 7→
e−x , que, para todo x ∈ [0, 1],

x2 x3
 
−x 1
e − 1−x+ − ≤ .
2 6 24

Resolução. Comecemos por notar que se x = 0, a desigualdade verica-se imediatamente. Caso


contrário, designando por g : R → R a função denida por g(x) = e−x e tendo em consideração
que g é uma função de classe C ∞ (R), o teorema de Taylor (com resto de Lagrange) garante que,
para todo x ∈ R+ , é válida a fórmula
g 00 (0) 2 g 00 (0) 3 g iv (ξ) 4
g(x) = g(0) + g 0 (0) x + x + x + x , 0 < ξ < x.
2! 3! 4!
Uma vez que

g 0 (x) = −e−x , g 00 (x) = e−x , g 000 (x) = −e−x , g iv (x) = e−x ,

tem-se
g 0 (0) = −1 , g 00 (0) = 1 , g 000 (0) = −1 , g iv (ξ) = e−ξ .
Então, para todo x ∈ R+ , é válida a igualdade
x2 x3 e−ξ 4
e−x = 1 − x + − + x , 0 < ξ < x.
2 6 24
Consequentemente,
x2 x3 e−ξ 4
 
−x
e − 1−x+ − = x , 0 < ξ < x.
2 6 24

Supondo que 0 < x ≤ 1 e visto que 0 < ξ < x, tem-se

0 < x4 ≤ 1 e e−1 < e−ξ < 1 ,

o que nos permite concluir que, para todo x ∈ [0, 1],

x2 x3 e−ξ 4
 
−x 1
e − 1−x+ − = x < .
2 6 24 24

Exercício 3.6. Seja f : [0, 1] → R uma função contínua, cujo contradomínio está contido no
intervalo [0, 1].
a) Mostre que existe um x ∈ [0, 1] tal que f (x) = x.
b) Supondo adicionalmente que f é diferenciável no intervalo ]0, 1[, com f 0 (x) 6= 1 para qualquer
x ∈]0, 1[, mostre que a equação anterior tem apenas uma solução naquele intervalo.

5
Resolução.

a) Seja h : [0, 1] → R a função denida por h(x) = f (x) − x. h é contínua em [0, 1] por ser a
diferença de funções contínuas neste intervalo. Tendo em consideração que

h(1) = f (1) − 1 ≤ 0 ≤ f (0) = h(0) ,

o Teorema de Bolzano garante que existe um número real c ∈ [0, 1] tal que h(c) = 0, isto é,
tal que f (c) = c.
b) Suponhamos, por absurdo, que existem os reais distintos x0 e x1 pertencentes ao intervalo
[0, 1] tais que f (x0 ) = x0 e f (x1 ) = x1 . Uma vez que f é contínua no intervalo [0, 1] e
diferenciável no intervalo ]0, 1[ , o Teorema de Lagrange garante a existência de um número
real 0 < x < 1 tal que
f (x1 ) − f (x0 ) x1 − x0
f 0 (x) = = = 1,
x1 − x0 x1 − x0
o que é absurdo.

Exercício 3.7. Use o teorema de Lagrange para mostrar que, para quaisquer x, y ∈ R,

| sen x − sen y| ≤ |x − y| .

Resolução. Sejam x, y números reais. Se x = y , a igualdade é imediatamente vericada.


Suponhamos que x < y . Visto que a função seno é contínua no intervalo [x, y] e diferenciável
no intervalo ]x, y[ (por ser diferenciável em R), o Teorema de Lagrange garante que existe um
número real c ∈ ]x, y[ tal que
sen y − sen x sen y − sen x
sen0 c = ⇐⇒ cos c = .
y−x y−x
Consequentemente,
| sen y − sen x|
| cos c| =
|y − x|
Como, para todo α ∈ R, | cos α| ≤ 1, pode concluir-se que

| sen y − sen x| ≤ |y − x| .

Exercício 3.8. Seja f uma função diferenciável em R tal que f (0) = 0 e cuja derivada é uma
função crescente. Mostre que a função g : R+ → R denida por
f (x)
g(x) =
x
é crescente em R+ .
+ 0
(Sugestão: Aplique o teorema de Lagrange num intervalo adequado para mostrar que, para todo x ∈ R , g (x) > 0.)

6
Resolução. Seja x ∈ ]0, +∞[. Sendo f uma função diferenciável no intervalo ]0, x[ e contínua
no intervalo [0, x], o teorema de Lagrange garante que existe um real c ∈ ]0, x[ tal que
f (x) − f (0) f (x)
f 0 (c) = = .
x−0 x
Por outro lado, g é diferenciável em ]0, +∞[ porque é o quociente de funções diferenciáveis cujo
denominador não se anula nesse conjunto. Então, existe c ∈ ]0, x[ tal que
f (x)
f 0 (x) x − f (x) f 0 (x) − f 0 (x) − f 0 (c)
g 0 (x) = = x
= .
x2 x x
Como a função f 0 é crescente, c < x =⇒ f 0 (c) ≤ f 0 (x), de onde se conclui que
f 0 (x) − f 0 (c)
g 0 (x) = ≥ 0.
x
Consequentemente, g é crescente no intervalo ]0, +∞[ .

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