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V CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA

V NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING


25 a 28 de agosto de 2008 – Salvador – Bahia - Brasil
August 25 – 28, 2008 - Salvador – Bahia – Brazil

COMPORTAMENTO DO TORNEAMENTO DO AÇO SAE EV-8 SOB


DIFERENTES TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE FLUIDO DE CORTE

Luiz Eduardo de Angelo Sanchez, sanchez@feb.unesp.br1


Luís Jacinto Nalon, lnalon@feb.unesp.bre-mail1
Gilberto de Magalhães Bento Gonçalves, gilberto@feb.unesp.br1
1
Universidade Estadual Paulista - Departamento de Engenharia Mecânica
Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, CEP: 17.033-360, Bauru (SP), Brasil

Resumo: Os efeitos da aplicação do fluido de corte em diferentes técnicas foram estudados no torneamento de um aço
para válvula de motores a combustão (SAE EV-8) empregando-se pastilha de metal duro revestida. Tal diversificação
consistiu em primeiro incidir o fluido de corte, sob alta pressão, em três regiões geradoras de calor: interface cavaco-
ferramenta, zona de cisalhamento primária e contato ferramenta-peça. Adicionalmente, optou-se também pela
aplicação dos métodos de pulverização, abundante, misto, o qual combinou o método abundante com jato sob pressão
dirigido no contato ferramenta-peça, além do método de mínima quantidade de fluido de corte (MQFC) utilizando
emulsão de óleo sintético e óleo vegetal. Foram analisados o desgaste da ferramenta de corte, rugosidade, temperatura
relativa na ferramenta, componentes da força usinagem, e a morfologia dos cavacos. Dentre os principais resultados
obtidos destaca-se o aumento da vida da ferramenta e a diminuição da força de corte nas aplicações do fluido sob alta
pressão, principalmente com o jato direcionado na interface cavaco-ferramenta. Com relação aos outros métodos, a
aplicação abundante, ou convencional, mostrou-se mais vantajosa em comparação às duas aplicações de MQFC e
pulverizada.

Palavras-chave: torneamento, fluido de corte, vida de ferramenta, rugosidade, força de corte

1. INTRODUÇÃO

Nos processos de usinagem ocorre intensa geração de calor durante a remoção de material pela formação do
cavaco. Sabe-se que as três principais zonas de geração de calor na região de corte são: a área de contato entre a
ferramenta e o cavaco; a área de contato entre a peça e a ferramenta; e o plano de cisalhamento primário, onde ocorre a
mais intensa deformação plástica do material envolvendo a formação de cavaco.
Segundo Kovacevic (1995), dado que a maior parte da energia consumida na usinagem está concentrada na
remoção e formação do cavaco, quanto maior o consumo de energia, maiores são as forças de atrito e temperatura na
interface cavaco-ferramenta. Conforme observa Heisel (1998), o calor produzido durante o processo é essencialmente
prejudicial à operação de usinagem, pois sob altas temperaturas o desgaste da ferramenta é mais acentuado implicando
na diminuição da vida e tornando muito difícil a manutenção tanto das tolerâncias dimensionais especificadas para a
peça quanto da rugosidade
Evidentemente que o processo de usinagem pode ser mais eficiente em termos de aumento da vida da ferramenta e
melhora do acabamento superficial se as condições de arrefecimento e lubrificação na região da interface cavaco-
ferramenta forem otimizadas, o que implica na melhor escolha do tipo e método de aplicação do fluido de corte.
Diversos trabalhos (Seah et al (1995) e Li (1996a,1996b), relatam que a vazão e a direção da aplicação do fluido de
corte podem determinar a eficiência das funções de refrigeração e redução de atrito. A maneira mais comum de
aplicação do fluido de corte é a convencional, por inundação (também chamada de abundante ou úmida), atuando nas
“costas” do cavaco. Neste caso, o calor gerado é extraído juntamente com o cavaco.
Com o intuito de aumentar o desempenho das condições de arrefecimento na usinagem, há muito, Pigott e Colwell
(1952), utilizaram a aplicação do fluido de corte sob altas pressões, de aproximadamente 2,5 MPa, onde constatou-se
um aumento significativo da vida da ferramenta, além da melhora do acabamento superficial e eliminação da formação
da aresta postiça de corte.
Mais recentemente, Diniz e Micaroni (2007), também utilizando a aplicação de fluido de corte sob pressão,
constataram significativo desgaste da ferramenta quando o fluido de corte foi direcionado na superfície de saída da
ferramenta, em relação à incidência do fluido na superfície de folga. Nesse trabalho o desgaste foi qualificado e
avaliado como de cratera por meio do mecanismo de adesão entre cavaco e ferramenta.
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Com o aumento do rigor das legislações ambientais, principalmente nos países desenvolvidos, o procedimento de
descarte do fluido de corte são controlados por severas normas ambientais, trazendo novos encargos à indústria
mecânica. Este fato tem motivado o estudo da aplicação de mínima quantidade de fluido de corte na usinagem (MQFC),
técnica que se dá através da atomização de gotículas de fluido, normalmente um óleo de origem mineral ou vegetal, pela
ação do ar em alta velocidade, sendo que o consumo do fluido pode girar em torno de 10 a 100 ml/hora.
Filho et al. (2001), estudaram a influência da mínima quantidade de lubrificante (MQL) no desgaste de ferramentas
de PCBN para a operação de torneamento de aço endurecido (ABNT 52100), sob diferentes velocidades de corte. O
aparelho utilizado na aplicação MQL permite uma fina regulagem do volume de lubrificante por um registro tipo
agulha, que o atomiza em um fluxo de ar comprimido a uma pressão do ar constante de 4,5 bar. Verificou-se que a
condição de corte a seco apresentou maior vida da ferramenta no torneamento do aço endurecido, enquanto que a
condição convencional resultou no maior desgaste e elevada rugosidade. A condição com MQL para uma vazão de 10
ml/h apresentou um desgaste intermediário entre as demais condições.
Este trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos da aplicação do fluido de corte em diferentes técnicas, no
desgaste da ferramenta e acabamento superficial, quando do torneamento de um aço de difícil usinagem usado na
fabricação de válvula de motores a combustão (SAE EV-8).

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Os experimentos foram realizados em torno convencional e utilizando pastilha de metal duro revestida, de
especificação ISO TNMA 160408, fabricante Iscar (classe IC 9015), sem quebra cavaco, mantendo-se constante, para
todas as aplicações do fluido de corte, a profundidade de usinagem (ap) de 0,5 mm, a velocidade de corte (Vc) em 172
m/min e o avanço (f) com 0,1 mm/volta. Esses parâmetros de usinagem foram definidos em ensaios preliminares e
corresponderam a uma progressão suave no desgaste da ferramenta.

2.1. Aplicações do Fluido de Corte

O fluido de corte utilizado é de natureza semi-sintético, na concentração de 2,5%, e foi aplicado em sete maneiras
diferentes; três sob alta pressão e os demais envolvendo os métodos, abundante, pulverizado e misto, formado pela
combinação do método abundante com o fluido em alta pressão, mais o método de mínima quantidade de fluido de
corte (MQFC). Este último, adicionalmente aplicado com óleo lubrificante de origem vegetal.
Conforme ilustra esquematicamente a Fig. (1), na aplicação sob alta pressão o jato foi direcionado, em separado,
nas interfaces cavaco-ferramenta, peça-cavaco e ferramenta-peça. O sistema utilizado consistiu de uma bomba de
êmbolo e um bico metálico com diâmetro de saída de 1,0 mm, instalado a uma distância de 25 mm das regiões de
incidência do jato. A pressão de trabalho foi de 2,94 MPa com vazão média de 3,75 l/min.
A pulverização foi realizada com a mesma bomba de êmbolo, porém com um bico de material termoplástico
apropriado para gerar tal efeito a uma distância de 50 mm da ponta da ferramenta. Nessa condição, constatou-se a
pressão de 0,39 MPa e a vazão de 1,12 l/min. Para o método MQFC foi usado um bico atomizador tipo Venturi,
instalado também a 50mm da ponta da ferramenta, responsável pela mistura de ar comprimido e fluido de corte dosado
por gravidade. Nas duas variações deste método, com óleo semi-sintético (MQFC-SS) e óleo vegetal (MQFC-OV), a
formação de uma névoa uniforme foi obtida para uma pressão de ar de 4 Kgf/cm2 e vazão constante do fluido de corte
de 2,78x10-5 l/min.

Jato Jato Jato


Peça-Cavaco Ferramenta-Peça Cavaco-Ferramenta Mista
Figura 1. Representação esquemática indicando o direcionamento do jato de
fluido de corte nas aplicações sob pressão e mista.

O fluido de corte aplicado pelo método abundante, ou convencional, utilizou o sistema original da máquina
ferramenta ajustado para a mesma vazão das aplicações por jato com a pressão desse sistema fixando-se em 0,5
Kgf/cm2. O fluxo foi dirigido na parte posterior do cavaco, como usualmente se recomenda.
O método misto envolveu a reaplicação simultânea do abundante com o jato sob alta pressão direcionado no
contato cavaco-ferramenta. A escolha dessa direção para incidência do jato foi motivada pelo melhor resultado da vida
da ferramenta entre os outros direcionamentos de jato, verificado precedentemente como uma das avaliações realizadas.
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2.2. Material e Corpo de Prova

O material em questão trata-se de um aço resistente ao calor do tipo austenítico, 21%Cr-9%Mn-4%Ni, na condição
normalizado (dureza de 38 HRc), com designação SAE EV-8, e recomendado na fabricação de válvulas para motores a
combustão interna. A Fig. (2) detalha a geometria e as dimensões do corpo de prova utilizado nas aplicações
diferenciadas de fluido de corte.
155

49

75 75

Figura 2. Corpo de prova utilizado nos experimentos.

2.3. Verificações dos Efeitos das Aplicações do Fluido de Corte

Em cada aplicação de fluido de corte as verificações envolveram a avaliação do desgaste do flanco da ferramenta de
corte, temperatura relativa na ferramenta de corte e morfologia dos cavacos, mais a determinação das componentes da
força de usinagem e medida da rugosidade. Optou-se pela reprodução das operações de usinagem somente nas situações
em que houve discrepância do resultado em relação à tendência geral dos demais obtidos nessas verificações.
Na avaliação do desgaste do flanco médio da ferramenta os valores foram obtidos em fotomacrografias, tiradas ao
final de cada passe. O critério estabelecido para fim da vida foi o desgaste de flanco médio (VBB) no valor de 0,3 mm.
A temperatura relativa da ferramenta de corte foi avaliada em usinagem específica, após cada aplicação do fluido de
corte, em passe único, com pastilha de PCBN (CNMA 120408T-IB50, Iscar) de espessura 0,7 mm e geometria igual ao
conjunto suporte-ferramenta usado nos experimentos, implantada com termopar do tipo K, conforme posicionamento
ilustrado na Fig. (3), sendo a fixação na superfície inferior da pastilha feita com cimento refratário. Dada à resistência
ao desgaste significativamente superior da pastilha de PCBN, se comparada ao metal duro, foi possível utilizá-la em
todas as avaliações, minimizando a influência do desgaste do flanco.

Substrato
PCBN Metal duro
0,35

Termopar
Figura 3. Posicionamento do termopar tipo K na pastilha de PCBN.

As componentes da força de usinagem foram determinadas com um dinamômetro piezelétrico Kistler, modelo 9257
BA de três componentes, montado no porta-ferramenta e acoplado a um sistema de aquisição de dados para
processamento computacional. No que concerne à medida da rugosidade, adotou-se como parâmetro a média aritmética
(Ra), aquisitado em rugosímetro portátil Taylor Hobson, com raio da ponta do apalpador de 0,2 µm, no comprimento de
amostragem de 0,8 mm e referente à média dos valores obtidos em três posições diametrais eqüidistantes na região
central do corpo de prova.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Tab (1) disponibiliza o tempo de usinagem de todas as aplicações de fluido de corte, quando (VBB) atinge o valor
limite da vida da ferramenta e, de imediato, mostra que as aplicações sob alta pressão e o método misto correspondem à
vida da ferramenta significativamente maior que às alcançadas pelo método abundante, pulverizado, MQFC-SS e
MQFC-OV.
No agrupamento formado pelos métodos abundante, pulverizado, MQFC-SS e MQFC-OV, o destaque em termos
de maior vida de ferramenta, ou menor desgaste, é o método abundante e o pior resultado a aplicação MQFC-SS,
certamente evidenciando a maior ação refrigerante, associado à maior vazão utilizada na aplicação abundante. Ainda
neste grupo, a comparação MQFC-OV e MQFC-SS é inevitável e, nesse caso, o acréscimo na vida da ferramenta com
método MQFC-OV sugere que o efeito lubrificante do óleo atenua o atrito na interface cavaco-ferramenta, diminuindo
o desgaste da ferramenta mais do que a mesma quantidade de fluido de corte pode reduzir unicamente pela ação
refrigerante no método MQFC-SS.
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Tabela 1. Tempo de usinagem para todas as aplicações na condição (VBB) igual a 0,3 mm.

Aplicações/Métodos Tempo de Usinagem (s)


Abundante 182
Pulverizado 143
MQFC-SS 124
MQFC-OV 150
Jato cavaco-ferramenta 481
Jato ferramenta-peça 437
Jato peça-cavaco 364
Mista 495

Para as aplicações do fluido de corte sob pressão e a mista, o jato peça-cavaco apresenta a situação mais
desfavorável da vida da ferramenta e a mista a mais favorável, seguindo muito próximos o jato cavaco-ferramenta e o
jato ferramenta-peça.
Na aplicação jato peça-cavaco o fluido de corte pode não ter efetivamente alcançado as proximidades da aresta de
corte da ferramenta em que se desenvolvem as mais elevadas temperaturas, resultando num desgaste acentuado do
flanco médio da ferramenta, apesar de incidir de modo intenso e concentrado a zona de cisalhamento primário e, em
princípio, colaborando para reduzir a parcela do calor que se propaga para a ferramenta.
Em contraste, considerando que nas outras aplicações sob pressão o fluido de corte fica mais bem direcionado na
região de corte, é possível admitir uma condição de arrefecimento crescentemente mais favorável do jato ferramenta-
peça para o jato cavaco-ferramenta, acompanhado de uma provável redução no atrito nas respectivas interfaces, embora
não seja prioritariamente a função desse fluido de corte. Provável também na aplicação jato cavaco-ferramenta é o
efeito adicional da pressão do fluido de corte na parte inferior dessa interface, quer atenuando o atrito pela diminuição
da área de contato quer atuando como quebra-cavaco.
A aplicação mista, por sua vez, mesmo utilizando uma quantidade de fluido de corte o dobro da aplicação jato
cavaco-ferramenta, alcança somente um pequeno prolongamento na vida da ferramenta, sugerindo que a participação do
método abundante contribui muito pouco nessa aplicação. No entanto, ainda assim, salienta-se que a aplicação
abundante ao espalhar-se pelo corpo da ferramenta pode auxiliar na diminuição do gradiente de temperatura e
minimizar possíveis colapsos por fadiga.
Em continuidade, a evolução da temperatura relativa da ferramenta em todas as aplicações, desde o contato com a
peça até alcançar o período de estabilização térmica, é exibida na fig. (4) para o grupo abundante, pulverizada, MQFC-
SS e MQFC-OV, e na Fig. (5) para as aplicações sob pressão e mista.
Resguardadas as limitações do gradiente térmico adotado, os menores valores da temperatura relativa da aplicação
abundante em comparação ao método pulverizado, MQFC-SS e MQFC-OV, como se verifica na Fig. (4), reafirmam a
melhor condição de arrefecimento, enquanto que as maiores temperaturas relativas da ferramenta no método MQFC-
OV, superando o similar MQFC-SS, confirmam o efeito mais lubrificante do óleo e muito menos refrigerante.

200
180
160
Temperatura (°C)

140
120
100
80
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25

Tempo de Usinagem (s)

Abund. Pulv. MQFC-SS MQFC-OV

Figura 4. Temperatura relativa da ferramenta nas aplicações abundante, pulverizada, MQFC-SS e MQFC-OV.

A despeito das proximidades dos valores da temperatura relativa nas aplicações sob pressão e mista, os menores
valores observados na Fig. (5), excetuando o jato ferramenta-peça, são para as aplicações jato cavaco-ferramenta e
mista, ratificando os menores desgastes verificados nessas aplicações pelo pressuposto assumido de que o fluido de
corte atingiu diretamente a região de corte da ferramenta. As mais baixas temperaturas relativas da ferramenta no jato
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ferramenta-peça entre todas, contrariando o esperado, pode ser atribuído ao posicionamento do termopar implantado
próximo à superfície de folga, onde o fluido de corte foi dirigido.
A avaliação qualitativa do desgaste da ferramenta feita em todas as aplicações indica a preponderância do desgaste
do tipo abrasivo na região do flanco, sem formação de aresta postiça de corte. A Fig. (6) exibe a aparência da ponta da
ferramenta, no final da vida, para a aplicação abundante, jato cavaco-ferramenta, jato peça-cavaco e mista. Como pode
ser observado, as duas aplicações de melhores desempenho de vida de ferramenta, a jato cavaco-ferramenta e a mista,
demonstram que o desgaste manteve-se confinado numa pequena região da superfície de saída. A aplicação jato peça-
cavaco, pelo contrário, mostra uma grande deterioração, com aparente superação ao desgaste que se verifica na
aplicação abundante.

70

60
Temperatura (°C)

50

40

30

20

10

0
0 5 10 15 20 25

Tempo de Usinagem (s)

C-F F-P P-C Mista

Figura 5. Temperatura relativa da ferramenta nas aplicações sob pressão, jato cavaco-ferramenta (C-F),
ferramenta-peça (F-P), peça-cavaco (P-C), e mista.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 6. Desgaste da ferramenta no final de vida para as aplicações:


(a) abundante, (b) jato peça-cavaco, (c) jato cavaco-ferramenta e (d) mista.
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Quanto à avaliação morfológica dos cavacos, a Fig. (7) ilustra os aspectos daqueles produzidos para as aplicações
referidas na figura anterior e onde se observa que a aplicação jato cavaco-ferramenta tende a gerar cavacos pequenos e
de menor curvatura. Na mista os cavacos são mais longos com curvatura um pouco maior e a abundante expressa
aspectos helicoidais bem regulares. Diferentemente, na aplicação jato peça-cavaco o aspecto de fita prevalece.
Para além dessas observações, a fragmentação do cavaco na aplicação jato cavaco-ferramenta reforça a idéia de que
a incidência do fluido de corte diminui a área de contato nessa interface pelo deslocamento do cavaco para cima. No
jato peça-cavaco, a forma de fita dos cavacos insinua exatamente a ocorrência oposta, isto é, o fluido de corte atingindo
as costas do cavaco, pressiona-o para baixo, impedindo sua curvatura e aumentando a área de contato na interface
cavaco-ferramenta. A simples visualização da aparência do desgaste mostrado na fig. (6) salienta bem a pior condição
do jato peça-cavaco. É interessante observar que a aplicação mista evidencia a tendência de uma morfologia de cavaco
intermediária entre a aplicação abundante e jato cavaco-ferramenta, em virtude de uma possível sobreposição dos
efeitos do levantamento do cavaco pela ação do jato de fluido de corte e a ocorrência de certo constrangimento desse
movimento pela ação oposta do fluido de corte incidindo na parte posterior do cavaco, como se pode depreender na
aplicação abundante.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 7. Morfologia dos cavacos gerados nas aplicações:


(a) abundante, (b) jato peça-cavaco, (c) jato cavaco-ferramenta e (d) mista.

Em referência as medidas da rugosidade (Ra), os resultados são apresentados na Fig. (8) e Fig. (9), em função dos
tempos de usinagem de 40 s, comum a todas as aplicações, e de meia vida, três-quartos e final de vida da ferramenta em
cada aplicação. De modo geral, verifica-se que as aplicações pulverizada e abundante num grupo, e jato cavaco-
ferramenta e mista no outro, apresentam aumentos menores nos valores da rugosidade e menos abruptos.
Em especial, as aplicações jato cavaco-ferramenta e mista exibem crescimento mais gradual da rugosidade com
aumento mais acentuado próximo ao fim da vida da ferramenta, reproduzindo, nestas medidas, as menores progressões
no desgaste de flanco.
Evidentemente, que essa mesma tendência pode ser inferida no comportamento da força de corte, ou seja, como
mostra a Fig. (10) e Fig. (11) para os mesmos tempos de usinagem considerados nas medidas de rugosidade, esforços
menores e com crescimento mais gradual para a aplicação abundante, num grupo, e para o jato cavaco-ferramenta e
mista no outro. As aplicações MQFC-SS e jato peça-cavaco, apesar dos registros de menores esforços de corte, salienta-
se que a vida da ferramenta é de praticamente metade das demais. Ressalta-se também a constatação de insignificante
variação nos valores da força de corte em ambos grupos no início das usinagens, ou seja, até 40 s.
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1,60

1,40

1,20

1,00
Ra (µm)

0,80

0,60
0,40

0,20

0,00
0 50 100 150 200

Tempo de Usinagem (s)

Abund. Pulv. MQFC-SS MQFC-OV

Figura 8. Rugosidade (Ra) dos corpos de prova usinados com as aplicações de fluido de corte abundante,
pulverizada, MQFC-SS e MQFC-OV, e referente aos tempos de 40s, meia vida, três-quartos e final de vida da
ferramenta.

1,40

1,20

1,00
Ra (µm)

0,80

0,60

0,40

0,20

0,00
0 100 200 300 400 500 600

Tempo de Usinagem (s)


P-C C-F F-P Mista

Figura 9. Rugosidade (Ra) dos corpos de prova usinados com as aplicações de fluido de corte sob pressão, jato
cavaco-ferramenta (C-F), ferramenta-peça (F-P), peça-cavaco (P-C), e mista, referente aos tempos de 40s, meia
vida, três-quartos e final de vida da ferramenta.
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450
400
350
300

Fc (N)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200

Tempo de Usinagem (s)

Abund. Pulv. MQFC-SS MQFC-OV

Figura 10. Valores da força de corte (Fc) na usinagem com as aplicações de fluido de corte abundante,
pulverizada, MQFC-SS e MQFC-OV, e referente aos tempos de 40s, meia vida, três-quartos e final de vida da
ferramenta.

450
400
350
300
Fc (N)

250
200
150
100
50
0
0 100 200 300 400 500 600

Tempo de Usinagem (s)

P-C C-F F-P Mista

Figura 11. Valores da força de corte (Fc) na usinagem com as aplicações de fluido de corte sob pressão, jato
cavaco-ferramenta (C-F), ferramenta-peça (F-P), peça-cavaco (P-C), e mista, referente aos tempos de 40s, meia
vida, três-quartos e final de vida da ferramenta.

4. CONCLUSÔES

Considerando os resultados apresentados e discutidos, objetivamente apresentam-se as seguintes conclusões:


As diferentes maneiras de aplicação de fluido de corte produziram efeitos de desgaste e acabamento superficial
marcadamente diferente na comparação entre o grupo formado pelos métodos abundante, pulverizado, MQFC-SS e
MQFC-OV e aquele englobando as aplicações sob pressão e mista, sendo este último superior em todas as verificações
e avaliações realizadas.
No grupo das aplicações abundante, pulverizada, MQFC-SS e MQFC-OV, a quantidade de fluido de corte coloca-
se como um fator preponderante na vida de ferramenta e rugosidade superficial, como se verifica no melhor
desempenho da abundante.
Nas aplicações sob pressão, o direcionamento do jato de fluido de corte é o fator determinante na vida da
ferramenta e rugosidade superficial, com melhores resultados sempre alcançados pelo jato cavaco-ferramenta.
A aplicação abundante, associada com o jato cavaco-ferramenta na aplicação mista, pouco contribui para melhorar
o desempenho da ferramenta de corte e o acabamento superficial.
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5. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP pela concessão do Auxílio à Pesquisa, possibilitando a realização deste trabalho, à
empresa Villares Metals, pelo fornecimento do aço SAE EV-8.

6. REFERÊNCIAS

Pigott, R. J. S. and Colwell, A. T., 1952, “Hi-Jet System for Increasing Tool Life”, SAE Quarterly Transactions, Vol. 6,
No. 3, p-p. 547-564.
Kovacevic, R., 1995, “Improving Milling Performance with High Pressure Waterjet Assisted Cooling/Lubrication”,
Journal of Engineering for Industry, Vol. 117, pp. 331-339.
Seah, K. H. W.; Li, X. and Lee, K. S., 1995, “The Effect of Applying Coolant on Tool Wear in Metal Machining”,
Journal of Materials Processing Technology , Vol. 48, p. 495-501.
Heisel, U. e Lutz, M., 1998, “Pesquisa de Fluidos de Refrigeração e de Lubrificação”, Máquinas e Metais, maio, pp. 40-
49.
Li, X., 1996, “Study of The Jet-Flow Rate of Cooling in Machining. Part 1. Theoretical Analysis”, Journal of Materials
Processing Technology, Vol. 62, pp. 149-156.
Li, X., 1996, “Study of the Jet-Flow Rate of Cooling in Machining. Part 2. Simulation Study”, Journal of Materials
Processing Technology , Vol. 62, pp. 157-165.
Filho, F. T., Ferreira, J. R., Santos, J. N. e Diniz, 2001, “A. E. O Uso (ou Não) da Refrigeração/Lubrificação no
Torneamento de Aço Endurecido”, Máquinas e Metais, No 423, pp. 260-283.
Diniz, A. E. and Micaroni, R., 2007, “Influence of the Direction and Flow Rate of the Cutting Fluid on the Tool Life in
Turning Process of AISI 1045 Steel”, International Journal of Machine Tools and Manufacture, Vol. 47, pp. 247-
254.

7. DIREITOS AUTORAIS

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho.
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BEHAVIOUR OF TURNING USING SAE EV-8 STEEL UNDER


APPLICATION OF CUTTING FLUID IN DIFERENT TECHNICS

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Gilberto de Magalhães Bento Gonçalves, gilberto@feb.unesp.br1
1
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Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, CEP: 17.033-360, Bauru (SP), Brazil

Abstract. Different thechnics of applying cutting and its effects were studied in turning of internal combustion engine
valve steel (SAE EV-8) using coated carbide tool. First, high pressure cutting fluid was pointed in three different heat
generation zones: tool-chip interface, primary shear zone and tool-workpiece contact. In addition, it also was selected a
application by pulverization, conventional flood, volume minimum quantity using cutting fluid (MQFC), volume
minimum quantity using vegetal oil (MQF) and a combined method using high pressure jet and conventional flood. As
output parameters were analyzed: tool flank wear, roughness, forces of machining, form of chips and temperature
among the many modes of application of cutting fluid. In relation to the obtained results, it can be seem that high
pressure jet of cutting fluid increase the tool life, specially in the tool-chip interface. For other modes of application,
the MQFC method revealed more beneficial than conventional flood of cutting fluid.

Keywords: turning, cutting fluid, tool life, roughness, cutting force

RESPONSIBILITY NOTICE

The authors are the only responsible for the printed material included in this paper.

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