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Segurança do Trabalho

Conceitos e tipos de acidente de trabalho (CAT,


NTEP e FAP)
Um dos principais conceitos que o senso comum aborda ao tratar da segurança
do trabalho é a prevenção dos acidentes de trabalho. Portanto, é de suma importância
que tal conceito esteja claro para os futuros profissionais da área de saúde e
segurança do trabalho.

Outro fato interessante é que o acidente de trabalho é tratado sob diferentes


pontos de vista nesse ramo de atividade, os quais são divididos basicamente em dois
conceitos: legal e prevencionista.

(#modal-constituicao)
(#modal-codigo)

Conceito legal
O conceito legal sobre acidente de trabalho é citado na Lei n.º 8.213, de 24 de
julho de 1991. Os benefícios da Previdência Social, como o próprio nome diz, são
considerados legalmente para que um acidente seja relacionado à atividade exercida
por um trabalhador:

Acidente do trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da


empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou
perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

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Ao interpretar o conceito citado pela legislação, conclui-se que, para que um


acidente de trabalho seja caracterizado, é necessário ocorrer algum tipo de lesão ou
alguma consequência ligado diretamente à integridade física ou à saúde dos
trabalhadores.

Conceito prevencionista
O conceito prevencionista, por sua vez, aborda a questão do acidente de forma
mais ampla, no sentido de que, além de lesões ou prejuízos à saúde dos
trabalhadores, outros fatores devem ser considerados:

Acidente de trabalho é qualquer ocorrência não programada, inesperada ou não,


que interfere ou interrompe a realização de uma determinada atividade, trazendo como
consequência isolada ou simultânea a perda de tempo, danos materiais ou lesões.

Conceito legal x conceito prevencionista

A principal divergência entre os dois conceitos está no fato de que, no conceito


legal, é preciso ocorrer alguma lesão ou alguma perturbação à saúde do trabalhador.
Já no conceito prevencionista, antes mesmo de ocorrerem lesões, a perda de tempo e
de materiais também é levada em conta, pois houve uma falha no processo de
trabalho. Ainda, se a perda for apenas material, é classificada como incidente, ou
seja, um quase acidente.

Quando um incidente ocorre, deve-se dar a devida atenção ao fato, pois, por
mais que naquele momento não houvesse nenhum tipo de lesão aos trabalhadores,
em um próximo, se a mesma falha for repetida, algo com proporções maiores pode vir
a acontecer.

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CAT
Segundo determinação da Previdência Social, os empregadores devem
comunicar acidentes de trabalho ou de trajeto e a ocorrência de doenças ocupacionais
com os funcionários por meio da CAT (comunicação de acidente de trabalho).

Acidente de trabalho ou de trajeto é aquele ocorrido no exercício da


atividade profissional a serviço da empresa ou no deslocamento entre
residência e trabalho (e vice-versa) que provoque lesão corporal ou
perturbação funcional e que cause a perda ou a redução (permanente ou
temporária) da capacidade para o trabalho. Em último caso, pode causar
a morte.

As doenças ocupacionais são aquelas geradas em consequência do


trabalho, podendo ser classificadas como doenças profissionais e
doenças do trabalho.

O período para preencher a comunicação é até o primeiro dia útil após o acidente
ocorrido, e, quando há óbito, este deve ser comunicado imediatamente às autoridades
competentes.

Mesmo havendo a obrigatoriedade de as empresas realizarem a comunicação do


acidente por meio da CAT, o não preenchimento desta não impede que seja
caracterizada a relação entre a atividade executada e a comprovação por perícia
médica, principalmente nos casos em que ocorrem afastamentos superiores a 15 dias.

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Preencher a CAT não necessariamente concede aos trabalhadores acidentados


pagamento de benefício por incapacidade. Algumas empresas, equivocadamente,
apenas preenchem a CAT em situações em que o trabalhador acidentado é afastado.
Contudo, todos os acidentes de trabalho devem ser comunicados, para fins de
levantamentos estatísticos e estudos de aumento de casos de acidentes.

As empresas sempre devem comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social


(INSS) os acidentes do trabalho. As comunicações podem ser feitas destas formas:

A CAT inicial é utilizada para acidentes típicos ou de trajeto, doenças


profissionais e óbitos.

A CAT de reabertura será utilizada para casos de afastamento por


agravamento de lesão de acidente do trabalho ou de doença profissional ou do
trabalho.

A CAT de comunicação de óbito: utilizada quando um óbito não ocorre


imediatamente em virtude de um acidente de trabalho ou de uma doença
ocupacional. Cabe ressaltar que, nessa situação, uma CAT inicial já foi aberta.

Na CAT de reabertura, deverão constar as mesmas informações da época


do acidente, exceto quanto ao afastamento, último dia trabalhado, atestado
médico e data da emissão, que serão relativos à data da reabertura. Não será
considerada CAT de reabertura a situação de simples assistência médica ou de
afastamento com menos de 15 dias consecutivos.

A CAT deve ser preenchida preferencialmente no portal da Previdência Social na


Internet, por meio de um software específico, ou nas agências de atendimento do
INSS.

As CATs emitidas junto ao INSS devem ser fornecidas em quatro cópias:

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Primeira via ao INSS

Segunda via ao segurado ou dependente

Terceira via ao sindicato de classe do trabalhador

Quarta via à empresa

Ainda, é possível acessar o programa disponível no site do INSS. O sítio


disponibiliza o modelo de formulário da CAT e os documentos e as informações
necessários para emissão desta etc.

NTEP
Há algum tempo, um trabalhador que tivesse sofrido um acidente de trabalho ou
adquirido uma doença ocupacional receberia benefícios específicos ou até mesmo
estabilidade no emprego. Porém, para tanto, a CAT deveria ser emitida pela empresa,
pois, caso contrário, o próprio trabalhador deveria comprovar que a lesão ou a doença
adquirida teria relação com o trabalho por ele executado (nexo causal).

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Quando a empresa emitia a CAT, o INSS declarava o nexo técnico (NTP)


afirmando que a doença tinha relação com o trabalho executado. Entretanto, se a CAT
fosse emitida por outras partes diferentes das da empresa (sindicato ou o próprio
trabalhador), o perito do INSS não levava tal fato em consideração e a doença não era
vista como atrelada à atividade laboral.

A Previdência Social não deixava de conceder o benefício de auxílio-doença


(quando o afastamento é necessário, mas não tem relação com o trabalho). Nessas
situações, o trabalhador deveria tentar comprovar o nexo da sua doença com o seu
trabalho e converter o benefício para auxílio-doença acidentário.

Em 2006, entrou em vigor a Lei n.º 11.430, que trouxe alterações significativas
quanto à comprovação de acidentes de trabalho e ao trabalho do acidentado. Criou-se
então o NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário). A forma de abordagem
passou a ter um aspecto coletivo ao invés de individual. A partir daí, para caracterizar o
nexo causal das doenças ocupacionais, passaram a ser levados em conta
levantamentos epidemiológicos estatísticos.

O significado de epidemiologia está ligado a estudos interdisciplinares de fatores


que podem influenciar o aumento de doenças e a difusão delas em determinada
população. O NTEP é aplicado para fixar o nexo causal das doenças ocupacionais,
não estando ligado aos acidentes típicos.

O NTEP pode ser representado pelo seguinte conceito:

NTEP = NTP + EVIDÊNCIAS EPIDEMIOLÓGICAS

O NTEP é mais abrangente, pois considera primeiramente o NTP (diagnóstico


individual) e o cruza com as ocorrências estatísticas dentro da classificação nacional
de atividades econômicas (CNAE). Resumidamente, o NTEP identifica quais são as
doenças e os acidentes que têm relação com o exercício de determinada atividade
laboral de acordo com o INSS.

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Se estatisticamente existe relação entre a doença e o setor econômico,


automaticamente o trabalhador tem direito ao benefício acidentário, diferentemente do
que era praticado anos atrás, quando era pago apenas o benefício previdenciário
normal.

Nesses casos, a empresa precisa provar que não é responsável por causar dano
ao trabalhador. Daí a importância de elaborar dados estatísticos e documentar
programas de prevenção para uma possível justificativa da empresa de que não tem
responsabilidade por aquela lesão.

FAP
O FAP (fator acidentário de prevenção) funciona com um multiplicador que visa a
cobrar das empresas que apresentam maiores índices de doenças ocupacionais
aposentadorias especiais e acidentes de trabalho. Essa cobrança serve como uma
forma de custear os gastos públicos gerados com essas ocorrências, ou seja, quem
não tem controle sobre a segurança paga alíquotas maiores.

O FAP varia de 0,5 a 2,0 de acordo com o número de doenças ocupacionais e


acidentes ocorridos e deve ser multiplicado sobre percentuais de 1%, 2% e 3%
conforme o grau de risco de cada uma das empresas. Essa situação está diretamente

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ligada ao seguro de acidente de trabalho (SAT), o qual é uma contribuição compulsória


das organizações ao INSS, sendo um direito fundamental dos trabalhadores.

Para custear esse direito dos trabalhadores, as empresas que apresentam


atividades com risco relativamente menor contribuem mensalmente com um valor
equivalente a 1% das remunerações pagas aos seus trabalhadores.

As empresas que apresentam atividades com grau de risco médio são obrigadas
a efetuar o pagamento de 2% dos valores totais de remuneração dos seus
funcionários, e as empresas com atividades com grau de risco grave contribuem com
3% dentro dos mesmos critérios das demais empresas.

O FAP varia anualmente, e o seu cálculo é feito com base nos últimos dois anos,
no histórico de acidentes e registros de acidentes junto à Previdência Social.

Veja o quadro a seguir para entender como são classificados os percentuais das
empresas com relação aos graus de risco:

Grau
Contribuição
de Tipo de risco
(%)
risco

Atividade preponderante cujo risco


Grau 1 de acidente do trabalho seja 1%
considerado leve

Atividade preponderante cujo risco


Grau 2 de acidente do trabalho seja 2%
considerado médio

Atividade preponderante cujo risco


Grau 3 de acidente do trabalho seja 3%
considerado grave

Figura 1 – Quadro do grau de risco x percentual de contribuição

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Com relação ao funcionamento do NTEP e do FAP, a principal crítica parte do


setor patronal e é a de que o diagnóstico de nexo de uma doença ocupacional se
baseia apenas em estatísticas, não levando em conta, por exemplo, fatores individuais
de predisposição ligados à genética das vítimas. Porém, a crítica não tem fundamento
legal, até porque as legislações ligadas ao assunto definem que algumas doenças não
são consideradas doenças do trabalho, tais como:

Doenças degenerativas (provocam a degeneração do organismo envolvendo


vasos sanguíneos, tecidos, ossos, visão, órgãos internos e cérebro. Por exemplo:
diabetes, arteriosclerose, hipertensão, doenças cardíacas e da coluna vertebral,
câncer, mal de Alzheimer, reumatismo etc.)

Doenças inerentes a grupos etários (são comuns a determinada faixa de


idade)

Doenças que não produzem incapacidade laborativa (não produzem


empecilhos para o trabalhador executar suas atividades)

Doenças endêmicas (afetam simultaneamente um grande número de


pessoas)

Tipos de acidente de trabalho


Os acidentes que ocorrem no exercício de um trabalho a serviço da empresa e
que podem provocar lesões corporais ou perturbações funcionais, óbito, perda ou
diminuição da capacidade para o exercício de uma atividade, seja permanente ou
temporária, são considerados acidentes de trabalho.

As seguintes situações são consideradas acidentes de trabalho:

Doença profissional – É causada pelo exercício da atividade, de forma


característica a determinada profissão, e consta na relação elaborada pela Previdência
Social.

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Doença do trabalho – É uma consequência de um trabalho realizado em


condições especiais e que tenha ligação direta com a relação elaborada pela
Previdência Social.

Há equiparação a acidentes de trabalho também nestes casos:

Acidentes com relação ao trabalho que tenham contribuído diretamente para a


morte, a perda ou a diminuição da capacidade laboral do trabalhador ou até mesmo
gerado alguma lesão em que seja necessário auxílio médico para que o trabalhador se
recupere

Acidentes sofridos pelos trabalhadores em seus locais de trabalho como


consequência de agressões, ofensa física intencional, imprudência, negligência ou
imperícia, desabamentos, inundações, incêndios etc.

Doenças causadas por contaminação acidental do trabalhador no exercício de


sua função

Acidentes sofridos fora do local de trabalho em situações como prestação de


serviços para a empresa, viagens a serviço da empresa e deslocamento de
trabalhador entre a residência e o local de trabalho deste, ou vice-versa (desde que
não tenha havido alteração ou interrupção no percurso alheia ao trabalho)

É fundamental compreender a diferença entre conceitos legal e prevencionista do


acidente de trabalho, para que os técnicos em segurança do trabalho possam atuar
preventivamente, realizando ações nos primeiros sinais de falha nos processos.

Além disso, os técnicos em segurança do trabalho precisam compreender que o


acidente de trabalho é algo que pode ir além do que somente acidentes instantâneos,
podendo também ser causado por doenças ocupacionais, o que gera danos à saúde
dos trabalhadores e prejuízo às empresas.

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