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Direito Civil - Livro 04 - Pessoa Jurídica
Direito Civil - Livro 04 - Pessoa Jurídica
Natureza jurídica
Para tentar explicar o surgimento das pessoas jurídicas, a doutrina adota
em especial duas correntes principais:
teorias de ficção;
teorias da realidade.
Teorias da ficção
A teoria da ficção legal, desenvolvida por Savigny (2009), acredita que so-
mente a pessoa natural é capaz e que a pessoa jurídica é uma criação artificial
da lei.
“Não se pode aceitar esta concepção, que, por ser abstrata, não corres-
ponde à realidade, pois se o Estado é uma pessoa jurídica, e se se concluir
que ele é ficção legal ou doutrinária, o direito que emana dele também o
será.” (DINIZ, 2009).
Teorias da realidade
A teoria da equiparação, defendida por Windscheid e Brinz, entende que
a pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento jurídico às
pessoas naturais (DINIZ, 2009).
A crítica que se faz a essa teoria é que ela faz uma confusão entre as coisas
e as pessoas, elevando os bens à categoria de sujeito de direitos e deveres
(DINIZ, 2009).
A crítica que se faz a essa teoria é que, quando afirma que a pessoa ju-
rídica possui vontade própria, isso recai à ficção, pois vontade é algo que
somente a pessoa natural possui (DINIZ, 2009).
I - a União;
III - os Municípios;
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as
pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional Público.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por
atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações;
Quanto à nacionalidade
As pessoas jurídicas podem ser classificadas quanto à nacionalidade
como nacionais ou estrangeiras.
Atenção
CC,
Art. 41. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de Direito Público, a que
se tenha dado estrutura de Direito Privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código.
Fundações
São universalidades de bens (patrimônio), livres de ônus ou encargos e
legalmente constituídos, às quais a ordem jurídica confere personalidade ju-
rídica, devendo obedecer à finalidade estipulada pelo seu fundador, desde
que religiosas, morais, culturais ou assistenciais, tais como Fundação São
Paulo (mantenedora da PUCSP), Fundação Roberto Marinho.
CC,
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento,
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se
quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais,
culturais ou de assistência.
CC,
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão,
se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se
proponha a fim igual ou semelhante.
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a
transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer,
serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.
[...]
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado,
lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que
se proponha a fim igual ou semelhante.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou,
não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz
supri-la, a requerimento do interessado.
Importante
CC,
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público,
requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
Associações
São um conjunto de pessoas (universitas personarum) que buscam inte-
resses não econômicos, podendo alterar a finalidade, diante da liberdade da
vontade dos associados.
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins
não econômicos.
§1.º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem
estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição,
atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da
associação.
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CF, art. 217, I. desportivas8 – aeroclubes, clubes de caça e de tiro ao voo, Tênis Clube,
Iate Clube;
sindicatos;
Sociedades simples
São as sociedades que visam uma finalidade econômica ou lucrativa, a
qual deve ser repartida entre os sócios, sendo de uso exclusivo para o exercí-
cio de certas profissões ou pela prestação de serviços técnicos especializados
(CC, art. 997 e ss.), por exemplo: advogados, médicos, pessoas que prestam
serviço no ramo hospitalar ou escolar, sociedade cooperativa.
Sociedades empresárias
São as sociedades de pessoas com finalidade lucrativa, mediante o exer-
cício da atividade mercantil, podendo ser dividida em:
sociedade limitada;
Para que exista uma pessoa jurídica de Direito Privado é necessária a pre-
sença de três requisitos fundamentais:
licitude de finalidade.
Para que a pessoa jurídica inicie as suas atividades é necessário que o seu
ato constitutivo seja registrado, momento em que se dará o início da existên-
cia legal da pessoa jurídica.
CC,
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização
ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua
inscrição no registro.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
Dessa forma, uma autarquia pode ser extinta por lei; um território por in-
tegração ao outro Estado ou transformação em estado-membro, por via legis-
lativa, como ocorreu com a ilha de Fernando de Noronha ou o estado de Ro-
raima, respectivamente; um Estado soberano pode ser extinto por anexação
total, como ocorreu com a Alemanha Oriental, ou fusão, como o Sultanato de
Zanzibar e a República de Tanganica, que formaram a República da Tanzânia.
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CC, arts. 54, IV; 61; 69 As pessoas jurídicas de Direito Privado terminam conforme prescreve a
e 1.033.
legislação civil11:
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
Dessa forma, o fim das pessoas jurídicas de Direito Privado acontece com
a sua dissolução, que se opera com o fim da liquidação. A dissolução deve ser
devidamente averbada no registro em que a pessoa jurídica estiver inscrita
para que se dê a devida publicidade do ato.
§1.º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua
dissolução.
§2.º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais
pessoas jurídicas de Direito Privado.
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de
seus poderes definidos no ato constitutivo.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela
maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este
artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou
fraude.
Resolução de questão
1. (Esaf ) Assinale a opção que representa uma afirmação correta, de acordo
com o ordenamento jurídico pátrio.
Assertivas:
d) Certa (CC, art. 99, parágrafo único c/c arts. 100, 101 e 102).
Atividades de aplicação
1. (Esaf ) As associações públicas são:
b) empresas públicas.
d) agências reguladoras.
a) voluntário geral.
b) aparente.
c) ocasional.
d) legal.
e) voluntário especial.
Dica de estudo
Muito cuidado com os partidos políticos (pessoas jurídicas de Direito Pri-
vado) e com as associações públicas (pessoas jurídicas de Direito Público).
Também atenção especial às cooperativas, que são associações em forma
de sociedade, devendo ser sempre uma sociedade simples.
Referências
BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. 4. ed. Brasília: Ministério da Jus-
tiça, 1972.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral do Direito
Civil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 1.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – parte geral. 13. ed. São Paulo: Saraiva,
2003. (Coleção Sinopses Jurídicas).
______. Direito Civil – parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. (Coleção Sinop-
ses Jurídicas).
LIMONGI FRANÇA, R. Forma do Ato Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 192.
(Enciclopédia Saraiva do Direito). v. 38.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil – parte I. 32. ed. São
Paulo: Saraiva, 2003.
SAVIGNY, F. K. von. Traité de droit romain. In: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito
Civil Brasileiro: teoria geral do Direito Civil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 1.
SILVA PEREIRA, Caio Mário da. Instituições de Direito Civil. 18. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1996.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
WALD, Arnold. Direito Civil: introdução e parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
Gabarito
1. A
2. D
3. E