Historia Social da Crianca | \y ae eiaiicl Prete EDICAO 0 7 fr eel H : Mies DN alos Se ae SUASres ouerae VITJWVd VO a VONVINO Va ‘TWIDOS VINOLSIH te gz ew enuniveo) AW epep| ep aiustuanlaiU! oFaU! 0 Woo opesedloD pul apepaoos eu oujeqest 9p [200] 0 8 48) 0 ‘anus ongen 0 axqos sagbeniasgo sens -sopiun Soper 'sg SOU opmiasqgos ‘OUS}2 [enpiapisu02 ana1 O:A!| O. lens ap @ ebuet9 ep ogdeutio} win nanjonuasep aja ‘seniuid 9p wbunoseusy ep seaniud sejanbe Jod opjeaie 10} s914y oudgsd Q “eu sapoul apepa!90s ep sianys 10} eyjuteg ep 9 BUR) BP [8/908 eUpISIH ens ‘oaupsodwauoo o1vawestad 0 exed og fons coujqnd wn 10) 088) “odwar ow op aubos fe “eaidon eumyynoti6e we opezyetoadse ogDews0} fun nagayagerse sey ‘SOUR 99 &P SIE Ul ‘enaiu} opunis op soBajgatsd so asqos o21a}@ opun} fd naouaxe , 2993514 2PepI “apod enb 0 aiqos aluatsisied aseyup ens y “SHEID05 seisqu219 ap op5es05 je ap eSuepnis Ep ogSNyOr9 eva} & HeNSUOLIA OY ‘ogdetinsonu fans ap aralqo we10) (20; By WeRIC BUILUOH, 7 9 uapr290 ua LOH 8) 80 { esinbaad 0199 9P S304 ue%% CORON ap psu0D seHny ONANTROPOLOGIA SOCIAL Diretor: Gilberto Velho Historia Social da Crianga e da Familia (23 ed.) Philippe Ariés [Uma Teoria da Aco Coletiva Howard S. Booker Carmavais, Malandros @ Her6is (32 ed.) Roberto Da Matta Cultura e Razko Pritica Marshall Sahlins Bruxaria, Oréculos e Magia entre os Azande E.E, Evans Pritchard Elementos de Organizacéo Social Raymond Firth A Interpretagdo das Culturas Clifford Geertz Estigma: Notas sobre a Manipulacio da Identidade Deteriorada (3? ed.) Erving Goffman (0 Palécio do Samba Maria Jétia Gokéwasser AA Sociologia do Brasil Urbano Anthony @ Elizabeth Leads Arte e Sociedade Gilberto Velho Desvio e Divergéncia (48 ed.) Gilberto Velho Individualismo e Cultura: Notes para uma Antropologia da Sociedade Contempordnea Gilberto Velho Guerra de Orixé (22 ed.) Yeonne M.A. Velho Philippe Ariés Historia Social da Crianca e da Familia Traduedo de Dora Flaksman Segunda edigfo conor ad cuANABARAsox8os snow y sred snow y owsaw ap sauipd ap no ‘alunyon a38ap oBSnpoxdal ‘no ovSeaudnp © Ppiqiosd 3 -sousuIp SO sopor SopEAIRSa Zeb S161 eondinuod enBuy v wed soaisnx2 Some 8061 sexense19 oppo eaten setindsoumo wo sans spod cnn sng 0 mand onsing imag np suowspg &9 £161 @ Bukde spoury oxery sod epee ‘agony stor aus eu “ee “ued 2p “nas np suorypa Had S461 We eproqgnd “ORSpe ess0195 vp OpraNpeAL ui wary, sno aon 214 2] 79 UE, Tsep 2ft41 O pp Pu2qossoq ¥ Z PIA PP SAPEPI SV “1 BIOU_JUT EP OWaWNUES O I o1rpfosd ao1puy “ape =p epeenpes oy Ping Mp» oSuop.9 Mp PS UpITH Bp eAsEIG OFDPS V LON7. A Rudeza da Infancia Escolar Conclusdo: A Escola ¢ a Duragio da Infancia 3 A Familia 1, As Imagens da Familia 2. Da Familia Medieval 4 Familia Moderna Conclusao: Familia ¢ Sociabilidade Conclusio Prefacio Costuma-se dizer que a Grvore impede a visio da floresta, mas 0 tempo maravithoso da pesquisa é sempre aquele em que o historiador imal comeca a imaginar a visdo de conjunto, enquanto a bruma que en- cobre os horizontes longinguos ainda ndo se dissipou totalmente, en- (quanto ele ainda ndo tomou muita distancia do detathe dos documentos brutos, ¢ estes ainda conservam todo 0 seu frescor. Seu maior mérito talvez seja menos defender uma tese do que comunicar aos leltores a alegria de sua descoberta, tornd-las sensiveis - como ele préprio 0 foi ~ ds cores e aos adores das coisas desconhecidas. Mas ele também tem a ‘ambigdo de organizar todos esses detalhes concretos numa estrutura abstrata, e é sempre dificil para ele (felizmente!) desprender-se do ema- ranhado das impressées que 0 solicitaram em sua busca aventurosa, sempre dificil conformé-las imediatamente d dlgebra no entanto neces- siéria de wma teoria. Anos depois, no momento da reedicdo, o tempo ;passou, levando consigo a emogao desse primeiro contato, mas trazendo ‘por outro lado uma compensagdo: pode-se ver melhor a floresta. Hoje, ‘pbs os debates contempordineos sobre a crianca, a familia, ajuventude, e-apés 0 uso que foi feito de meu livro, veo melhor, ou seja, de uma for- ‘ma mais nitida e mais simplificada, as teses que me foram inspiradas por um longo diélogo com as coisas. Procurarei resumiclas agut. reduzindo-as a duas.HISTORIA SOCIAL DA CRIANCA E DA FAMILIA A primeira refere-se inicialmente a nossa velha sociedade tradicio- nal. Afirmei que esa sociedade via mal a crianca, e pior ainda o adoles- cente. A duracdo da infincia era reduzida a seu periodo mais frégil.en- ‘quanto ofilhote do tomem ainda ndo conseguia bastar-se; a crianga en- ‘do, mal adguiria clgum desemibaraco fisico, era logo misturada aos adultos, ¢ partlhave de seus trabalhos ¢ jogos. De criancinha pequena, la se transformava imediatamente em homem jovem. sem passar pelas ‘tapas da juventude, que talvez fossem praticadas antes da Idade Média € que se tornaram aspectos essenciais das sociedades evoluidas de hoje. A transmissao dos valores e dos conhecimentos, e de modo mais sgeral, a socializagao da crianca, ndo eram portanto nem asseguradas znem controladas peia familia. A crianca se afastava logo de seus pais, € pode-se dizer que durante séculas a educacdo foi garantida pela apren- ddizagem, gracas @ convivéncia da crianca ou do jovem cont 08 adultos. A erianca aprndia as colas que devia saber aja os alin a fark A passagem ds crianca pela familia ¢ pela sociedade era multo breve e muito insigrificante para que tivesse tempo ou razao de forcar a ‘meméria e tocar a sensibilidade. Contudo, um sentimento superficial da criancu - a que chamei “paparicacao” ~ era reservado @ criancinka em seus primeiros anos de vida, enquanto ela cinda era uma coisinka engracadinha, As pessoas se diveriam com a erianga pequena como com um animalzinko, um maca- ‘quinko impudico. Se ela morresse entdo, como multas vezes acontecia, ‘alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era ndo fazer muito ‘caso, pois uma outra crianca logo a substituiria. A crianga ndo chegava «a sair de uma espécie de anonimato Quando ela conseguia superar os primeiros perigos e sobreviver ao * tempo da" paparicapio", era comum que passasse a vive em outra casa que nao a de sua jamilia. Essa familia se compunka do casal e das Criancas que ficavam em casa: no acredito que a familia extensa (com- ‘posta de varias geracées ou vérios grupos colaterais) jamais tenha exis- tido, a ndo ser na imaginacdo dos moralistas como Alberti, na Florenca do século XV, ou como os sociélogos tradicionalistas franceses do sécu- lo XIX, e exceto em certas épocas de inseguranca, quando a linhagem devia substituir 0 poder ptblico enfraquecido, e em certas condigdes econdmico-juridicas (como, por exemplo, nas regides mediterrinicas. € talvez nos lugares onde o direito de beneficiar exclusivamente wm dos fi- thos favorecia a coabitacao). Essa familia antiga tinha por missio ~ sentida por todos ~ a con- servacao dos bens, « prética comum de um oficio, a ajuda miitua quoti- diana num mundo em que um homem, e mals ainda uma mulher isolados PREFACIO ul indo podiam sobreviver, ¢ ainda, nos casos de crise, a protecio da honra edas vidas. Ela ndo tinka funcdo afetiva. Isso ndo quer dizer que o amor cestivesse sempre ausente: ao cantrério, ele é muitas vezes reconhectve, ‘emalguns casos desde o noivado, mais geralmente depois do casamento, criado e alimentado pela vida em comum, como na familia do Duque de Saint-Simon. Mas (e é isso 0 que importa), 0 sentimento entre os e6njue kes, entre os pais ¢ 0s filhos, ndo era necessdrio 4 existéncia nem ao equillbrio da familia: se ele existisse, tanto melhor. As trocas afetivas ¢ as comunicagtes sociais eram realizadas por- tanto fora da familia, num “meio” muito denso e quente, composto de tos. amigos. amos e criados, riancas evelhos, mulheres e homens, fem que @ incinagao se podia manifestar mas lvremente, As familias ‘onjugis se diliam nesse meio. Os historiadores franceses chamariam hoje de "sociablidade’ essa propensio das comunidades tradicionais dos encontros. ds vistas, ds festas. E assim que vjo nossasvelhassoce~ ddades, diferentes ao meimo tempo das que hoje nos descrevem os eind- logos e das nossas soctedades indusriis Minha primeira tese é uma tencativa de interpretagdo das socieda- des tradicionais. A segunda pretende mostrar 0 novo lugar assumido ppela crianca e a familia em nossas sociedades industrials. A partir de iam certo periodo (o problema obcecante da origem, a0 qual voltarei mais tarde}, e, em todo 0 caso, de uma forma definitiva e Imperativa a partir do fim do século XVII, uma mudanca considerdvel alterou o estado de colsas que acabo de analisar. Podemos compreends- aa partir de duas abordagens distintas. A escola substitulu a aprendi- ‘zagem como meio de educagao. Isso quer dizer que a crianca deixou de ser misturada aos adultos e de aprender a vida diretamente, através do ‘ontato com eles. A despeito das muitas reticéncias e retardamentos, a Crianca foi separada dos adultos ¢ mantida & distancia numa espécie de (quarentena, antes de ser solta no mundo. Essa quarentena foi a escola, colégio. Comecou endo um longo processo de enclausuramento das ‘riancas (como dos loucos, dos pobres e das prostitutas) que se estende- ria até nossos dias, e a0 qual se dé o nome de escolarizacio. Essa separacio ~ e essa chamada d razdo ~ das criancas deve ser incerpretada como uma das faces do grande movimento de moralizagao dos homens promovido pelos reformadores catélicos ou protestantes li- igados @ Igreja, as leis ou ao Estado, Mas ela ndo teria sido realmente possivel sem a cumplicidade sentimental das familias, e esta éa segunda fabordagem do fendmeno que eu gostaria de sublinkar. A familia tornow- Se 0 lugar de wma afeigao necessiria entre as cénjuges ¢ entre pais e fi- thos, algo que ela ndo era antes. Essa afeicdo se exprimtu sobretuido ‘através da importéncia que se passou a arribuir a educagio. Nao se tra-12 HISTORIA SOCIAL DA CRIANCA E DA FAMILIA tava mais apenas de estabelecer os fithos em funcio dos bens e da hon- ra. Tratasa-se de wm sentimento inteiramente novo: os pais se interessa- vam pelos estudos de seus flhos ¢ os acompanhavam com uma solicitude hhabitual nos séculos XIX e XX, mas outrora desconhecida. Jean Racine eserevia a sew filho Louis a respeito de seus professores como o faria wm pai de hoje (ou de ontem, um ontem muito préximo). ‘A familia comecou entdo a se organizar em torno da crianca e a the dar uma tal importéncia, que a crianca satu de seu antigo anonima- 10, que se tornou impossivel perdésla ou substituila sem uma enorme dor, que ela ndo pade mais ser reproduzida muitas vezes, ¢ que Se tornou nnecessério limitar seu mimero para methor cuidar dela. Portanto, niio surpreende que essa revolucdo escolar e sentimental tenha sido seguida, ‘como passar do tenpo, de wn malthusianismo demogréfico, de uma re- dducéo voluntéria da natalidade, observivel no século XVII. Tudo iss0 std ligado (talve= até demais para os olhos desconfiados de um P. Vey- he!) ‘A consegiiéncia disso tudo ~ que ultrapassa o pertodo estudado neste livro, mas que desenvolvi em outro estudo ~ foi a polarizacdo da vida social no século XIX em torno da familia e da profissio, e 0 desa- ‘arecimento (salve raras excecdes, coma a Provenca de M. Agulhon e 'M. Vovelle) da antiga sociabilidade. Um: tivro tem sua vida prépria, e rapidamente escapa das mdos de seu autor para pertencer a um piiblico nem sempre conforme ao que 0 ‘autor previra. ‘O que aconteceu foi como se as duas teses que acabo de expor no sse dirigissem exatamente ao mesmo piblico. A segunda, que parecia voltar-se para a explicacdo imediata do presente, fol medintamente explorada por psicélogos e sdciblogas, es- ;pecialmente nos EUA, onde as ciéncias humanas se preocuparam mais “ZZ "UP sm7ap OBDLDSU v WHOS sewue sons wrososede ‘opuieul op opel OC “6ssi 9 BIN ¥y “s9d nos ® urvouIag sedueiso senp SV “94jnUH ep o1qwO OU tzINO v tiode 9 Up luvof opuryuasaidas snquniog ap Se[ai senp sw ‘so8n{ugo sop um PEO 2208p! ep ope] ov ‘sazan senp owueis0d vpnados “hep vussoUs voz 10 SQ “oplitw o onno o 2 “seyjnut v viuasaidas win :sazed we ~40) [AX 018995 Op soyesi24 59559 979A SuIINYW ‘SOU EE ‘tunsofjuD u8i1 Daw splay coxrequis 2 “(6¢p1 9P OYUN! 9p | We nou Mf LI “WBEFT O(4)uo 1 og ue UyreeuE; 1 stow soydioxs sop wif, “seus ‘wistay Zoteu’ op sepdizoeu1 soluesIu0gNS "TAX O1aD96 OO SONA soso.sunu wg “2pepiohuaine ap 2 oypnexd ap ‘opdezifenpiaiput ap smwuautojdns yeurs wn owioo soyesyas Sou ByLOSUt 3 “1 ate Buin ap oyafgo as-1eu0) w wBoyo apupr v “Soswo SOLID Wy “sopRA le vata va saavat sv ‘y“deo “112104 394.1 -1Bu op ojuatoseu ap sen] 0 BIEp v No apep! w LATEAZPU EP O1D{U! -a3 exed raynsuoo anb [JAX 9 [AX S0|N99s Sop se1soWIDU SENN “SOFBg] -09 Sojad ureaessed anb snpeures sejonbe “|, X o[nd9s ou “elas no “3p -epo1008 ep sepinsisut stew sepeuies sejad opuesouiod ‘soquauinsop ‘Opplioxa & woo sosisifau snas JatuBUE e WEseSsEd |AX 019995 OU STUDWOS 10) anb 2s-EUPaIoy “wre ‘Blum ap 10811 OF sossaaT WeIDANUEUI 28 od} Uy © 281x9 opt opdepar vino seul ‘souL!aipas soulsouL 21328 wisjewtosdusos sou anb soqwawnoop waysixe * nus sq s9ss0 v odusay owsow or sopey| of1s9 (1A apepnuapt 9p sougey sossou ‘3[oH “or2uNU op 2 o¥pnexd ep o “opunw ozno wn 2p o1nposd 9 ses04 ap asenb opsioosd wun wod fexpsnsuou PuoUy|Es “31 apepniuenb ‘spep: y ‘opdipesn ep opunus ov asuatied owoussqos © ouenbua “eiseiuey vp opunus ov sousried awoU © “apept v ‘ooLgUL nu saygiwa ap “oysisoid eAoU Bun 30}U2989198 2IU3TUSAUOD 25-NOWOr “e1oBy “ze8n 9p owoU wn sozaq soyMUA “eJUNE) 3p awOUasqgos WN Jod of-prajdutos o1spssaz9u 10) 2 “es ur OBSPUBISap Pun ‘opesspisuoa 210} gf auou ossuILd 0 “TIpaIN SPUPI EN "IAD osn o oyauoseu ap tiep v anb “aojnonied wpia opeasos 24 svoy seus “iovasndesap op wag o3ynui euapod ‘odwor 0 wod ‘a “4g ‘swousigos ossou ap sgausie anb op ovaullaseu ap sepeUusp1009 judxa 9s sesSou 9p sgaeste opstoaid s0rew wos tad S50N ‘291 nu nas ofi0i soEpEpio s0 sopor anb wa yuBsayo wip WP “owuoMIOSEU ap squr 9 owe nas ‘oxas nas 10d esedouoo anb ‘oxouIMU tM 9398 3f9 “NL foineg anb op stew owsow 918 9 ‘odwiot owsow oY ‘awou nas seYU VI Vad VONVIYD Va TVID0S VIMOLSIH ofsopruoo uieariso opt s ‘ouioa,snrensqe s9g30u sPuaisop exwd seaaeyed Sessap seuini “zope ‘ogIU> 9psaq "BPIA Bp aluDI94Ip opoied wn opuEUaT “ed sessop euun vpeo'= apepyiuas 2 So1q|24 ‘erougosajope 2 apmuaant jequaa aquauseand aoosed 8 ‘spepiyia ap sougpy sou odor wndje epure anb “spep! ep apepunosgo eBue x ovipau ap weard “oatisod o1uautsayu09 win owo> sodui 3s © weAeso49 OFU S3j9 "S9LL ‘so opuenb “raseo oped son awelo[eossad e180[0U019 3p 30 Guisoyy 2p pu oyu no owoD “Sow 320, fn, orsen 0 atuban "[oosot lY8Ous jauod anb uitssr eo stod ‘sts! 1 96 BAsasad vsSa anb 9 awwapusosdns Q “eIeXD wIep wun syeurel ‘miges 2¢ opu anb wo odwo} wn ap wduesquigl ‘oxesd ap wasosos ou ‘9p 98-vyes) cena] wp 9d OF BAIDSOI ess JULIO) BA9p 38 OBL ‘apEpIIA BN “Jods 9 pzay2our ap Binistu BsOLIND ",,ussIW ¥ BIEd WRACUIEYD Sous $0 anb ue oyuaWIOW TeX OU “ewIS~ZENbUIN ep OBUIWOP ‘ou “66p1 tue Opn OF opus eyuN ne anb aw-tEsapUodsar ‘o}UDL “19seU nal 9p BIEP B 210s IPULIOJUE aU 2p VIRpI v 2A! 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E mais provavel que nao houvesse ugar para a inffncia nesse mundo ‘Uma miniatura otoniana do século X1' nos da uma idéiaimpressio- nante da deformagao que o artista impunha entio aos corpos das criangas, num sentido que nos parece muito distante de nosso senti- mento ¢ de nossa visto, O tema éa cena do Evangelho em que Jesus pede que se deixe vira ele as criancinhas, sendo o texto latino claro: parvai. Ora, 0 miniaturista agrapou em torno de Jesus oito verdadei- os homens, sem nenhuma das caractristicas da infacia: eles foram 1 Evangoiério de Ote IH, Munique ‘A DESCOBERTA DA INFANCIA st simplesmente reproduzidos numa escala menor. Apenas seu tama- nnho os distingue dos adultos. Numa miniatura francesa do fim do sé- culo XI, as trés criangas que So Nicolau ressuscita esto represen- tadas numa escala mais reduzida que os adultos, sem nenhuma dife- renga de expresso ou de tragos. O pintor ndo hesitava em dar a nu- ddez das criancas, nos rarissimos casos em que era exposta, a muscula- tura do adulto: assim, no livro de salmos de Sdo Luis de Leyde ’, da- tado do fim do século XII ou do inicio do XII, Ismael, pouco depois de seu nascimento, tem os miisculos abdominais € peitorais de um hemem. Embora exibisse mais sentimento a0 retratar a infancia *, 0 século XIII continuow fiel a esse procedimento, Na Biblia moraliza- da de Sio Luis, as criancas sto representadas com maior freqdéncia, mas nem sempre sio caracterizadas por algo além de seu tamanho. Num episédio da vida de Jacd, Isaque esta sentado entre suas duas ‘mulheres, cereado por uns 15 homenzinhos que batem na cintura dos ‘adultos: sio seus filhos *, Quando J6 é recompensado por sua fé fica novamente rico, o iluminista evoca sua fortuna colocando J6 en- tre um rebanho, a esquerda, e um grupo de criangas, & direita, igual- mente numerosas: imagem tradicional da fecundidade inseparavel da riqueza. Numa outra ilustragdo do livro de J, as eriangas aparecem escalonadas por ordem de tamanho. No Evangeliirio da Sainte-Chapelle do séeulo XIII‘, no mo- mento da multiplicagio dos pies, Cristo e um apéstolo ladeiam um homenzinho que bate em sua cintura: sem diivida, a crianca que tra~ zia os peixes/No mundo das formulas romanicas, e até o fim do sé- culo XIII, nao existem criangas caracterizadas por uma expressio particular, e sim homens de tamanho reduzido: Essa recusa em acei- tar na arte a morfologia infantil € encontrada, alids, na maioria das civilizagdes arcaicag, Um belo bronze sardo do século IX a. C." re- presenta uma espécie de Piet: uma mde segurando em seus bragos 0 Corpo bastante grande do filho; mas talvez se tratasse de uma crian- a, como observa a nota do catdlogo: “A pequena figura masculina poderia muito bem ser uma crianga que, segundo a formula adotada miracle de saint Nicolas, Bibliotheque Nationale ro de salmos de Si0 Lule de Leyde ible morlisce de Solnt Lot. ® 305. ese ee 5 Bible moralisce de Sant Lous, 5, A. de Laborde, Bibles moraisesMustées, 1911- Io2t, 4 vols. de pranchss. 6 Evangelivio da Sainte-Chapelle; cena reprodusida em H. Martin, La Miniawre francaise pF. VAL T Exposicto de bronzes sardos, Bibliotheque Nationale, 1988, ” 28, pr. XI32 HISTORIA SOCIAL DA CRIANGA EDA FAMILIA. 1na época_arcaica por outros povos, estaria representada como um adulto.” Tudo indica, de fato, que a representagdo realista da crian- ‘ca, ou a idealizagio da infancia, de sua graca, de sua redondeza de formas tenham sido proprias da arte grega. Os pequenos Eros proli- feravam com exuberdncia na época helenisticea. A infincia desapare- ‘ceu da iconografia junto com os outros temas helenisticos, e 0 roma- nico retomou essa recusa dos tracos especificos da inffincia que ca- racterizava as €pocas arcaicas, anteriores ao helenismo. Ha ai algo mais do que uma simples coincidéncia. Partimos deium mundo de re- presentacdo onde a infiincia é desconhecida: os historiadores da lite- ratura (Mgr. Calvé) fizeram a mesma observaglo a propésito da epo- péia, em que criangas-prodigio se conduziam com a bravura ea forca fisica dos guerreiros adultos. Isso sem diivida significa que os ho- mens dos séculos X-XI ndo se detinham diante da imagem da infan- cia, que esta nio tinha para eles interesse, nem mesmo realidade. Isso faz pensar também que no dominio da vida real, e ndo mais apenas no de uma transposigio estética, a infancia era um perfodo de transi- Gio, logo ultrapassado, e cuja lembranga também era logo perdida, Tal € nosso ponto de partida. Como dai chegamos as crianci- tohas de Versalhes, as fotos de criancas de todas as idades de nossos Albuns de familia? Por volta do século XII, surgiram alguns tipos de criancas um pouco mais préximos do sentimento moderno, ‘Surgiu o anjo, representado sob a aparéncia de um rapaz muito jovem, de um jovem adolescente: um clergeon, como diz P. du Co- lombier*. Mas qual era a idade do “pequeno clérigo”? Era a idade ddgs criangas mais ou menos grandes, que eram educadas para ajudar 4 missa, e que eram destinadas as ordens, espécies de seminaristas, numa época em que ndo havia semindrios, ¢ em que apenas a escola latina se destinava & formagdo dos clérigos. “Aqui”, diz um Miracle de Notre-Dame", “havia criangas de pouca idade que sabiam um pouico as letras e que prefeririam mamar no seio de sua mae (mas as ctiangas desmamavam muito tarde nessa época: a Julieta de Shakes- peare ainda era alimentada ao seio aos trés anos de idade) a ter de ajudar & missa”. O anjo de Reims, por exemplo, seria um menino j& grande, mais do que uma crianga} mas os artistas sublinhariam com, afetagio 0s tragos redondos e graciosos ~ ¢ um tanto efeminados ~ dos meninos mal saidos da infancia. J4 estamos longe dos adultos em scala reduzida da miniatura otoniana. Esse tipo de anjos adolescen- 1 P. du Colombiee, L'Bufat aw Moyen Age, 1951 9 Miracles Notre-Dame, Westminster, ed. A. E. Warner, 1885. ‘A DESCOBERTA DA INFANCIA 3 tes se tornaria muito freqiiente no século XIV e persistiria ainda até o fim do quattrocenco italiano: so exemplos os anjos de Fra Angelico, de Botticelli ¢ de Ghirlandajo. (© segundo tipo de crianca seria o modelo ¢ o ancestral de todas as criangas pequenas da histéria da arte: 0 menino Jesus, ou Nossa Senhora menina, pois a infancia aqui se ligava ao mistério da mater- niidade da Virgem e ao culto de Maria. No inicio, Jesus era, como as foutras criangas, uma reduglo do adulto; um pequeno Deus-padre majestoso, apresentado pela Theordkos. A evolucio em diregio a uma representacdo mais realista e mais sentimental da crianga come- ‘aria muito cedo na pintura: numa miniatura da segunda metade do século XIE, Jesus em pé veste uma camisa leve, quase transparente, tem os dois bragos em torno do pescogo de sua mae ¢ se aninha em seu colo, com o rasto colado ao dela, Com a maternidade da Virgem, a tenra infancia ingressou no mundo das representagdes. No século XIII, ela inspirou outras cenas familiares. Na Biblia Moralizada de ‘Sio Luis", encontramos cenas de familia em que os pais esto cerca- dos por seus filhos, com o mesmo acento de ternura do jubé de Char- tres; por exemplo, num retrato da familia de Moisés, 0 marido € a mulher do as mios, enquanto as criangas (homenzinhos) que os cer- ‘cam estendem a mao para a mde, Esses casos, porém, eram raros: 0 sentimento encantador da tenra inffncia permaneceu limitado ao ‘menino Jesus até o século XIV) quando, como sabemos, a arte italia na contribuiu para desenvolvé-lo e expandi-lo. Um terceito tipo de erianga apareceu na fase gotica: a erianga ‘nua. O menino Jesus quase nunca era representado despido. Na maioria dos casos, aparecia, como as outras criangas de sua idade, castamente enrolado em cueiros ou vestido com uma camisa ou uma camisola, Ele $6 se desnudaria no final da Idade Média. As poucas ‘miniaturas das Biblias moralizadas que representavam criangas ves- tiam-nas, exceto quando se tratava dos Inocentes ou das criangas ‘mortas cujas maes seriam julgadas por Salomdo. Seria a alegoria da morte e da alma que introduziria no mundo das formas a imagem da nudez infantil. Ja na iconografia pré-bizantina do século V, em que aparecem tracos da futura arte romdnica, reduziam-se as dimensdes dos corpos dos mortos. Os cadiveres eram menores que os corpos dos vives. Na Iliada da Biblioteca Ambrosiana ", os mortos das cenas de 10"Manuscrtos pintados dos éeulos Vit ao XI”, exposicio da Bibliotheque Natio ale, 1954, n¢ 330, pe. XXX TI Ver nots 5, deste capitulo, 12 Hiade da Bibliotsca Ambrosiana de Mild.s4 HISTORIA SOCIAL DA CRIANCA E DA FAMILIA batalha tém @ metade do tamanho dos vivos. Na arte medieval fran- cesa, a alma era representada por uma criancinha nua e em geral as- sexuada, Os juizos finais conduzem sob essa forma as almas dos jus- tos ao seio de Abra". O moribundo exala uma crianga pela boca niuma’representagio simbélica da partida da alma. Era assim tam- bbém que se imaginava a entrada da alma no mundo, quer se tratasse dde uma concepedo miraculosa e sagrada ~ 0 anjo da Anunciagio en- trega a Virgem uma crianga nua, a alma de Jesus *~ quer se tratasse dde uma concepedo perfeitamente natural ~ um casal repousa no leito, aparentemente de forma inocente, mas algo deve ter-se passado, pois uma erianga nua chega pelos ares e penetra na boca da mulher “a criagdo da alma humana pela natureza” Durante o século XIV e sobretudo durante 0 século XV, esses ti- pos medievais evoluiriam, mas no sentido indicado no século XII Dissemos que o anjo-adolescente animaria ainda a pintura religiosa do século XV, sem grande alteragdo. Por outro lado, o tema da fncia sagrada, a partir do século XIV, no deixaria mais de se am- pliare de se diversificar: sua fortuna e sua fecundidade sfo um teste- ‘munho do progresso na consciéncia coletiva desse sentimento da in- fancia, que apenas um observador atento poderia isolar no século XII], € que nio exstia de todo no século XI. No grupo formado por Jesus e sua mie, 0 artista sublinharia os aspectos graciosos, ernos e ingénuos da primeira infancia: a erianga procurando o seio da mie ou preparando-se para beijé-la ou acaricié-la; a crianga brincando ‘com os brinquedos tradicionais da infaincia, com um passaro amarra- do ou uma fruta: a erianga comendo seu mingau: a crianga sendo en- rolada em seus eutiros. Todos os gestos observiveis ~ ao menos para aguele que desejasse prestar atenglo neles - jd eram reproduzidos. Fsses tragos de realismo sentimental tardaram a se estender além das fronteiras da iconografia religiosa, mas alo nos devemos surpreen- dder com isso: Sahemos que © mesmo aconteceu com a paisagem € com a eena de aénero, A verdade € que o grupo da Virgem com o me- nino se transformou e se tornou cada vez mais profano: a imagem de uumg cena di vida quotidian, Timidamente no inicio, ¢ a seguir com maior freqiiéncia, a in- fancia religiosa deixou de se limitar 4 inffncia de Jesus. Surgiu em primeizo lugar a infancia da Virgem, que inspirou a0 menos dois te- mas novos ¢ IreqZentes: o tema do nascimento da Virgem ~ pessoas no quarto de Sant Ana atarefadas em torno da recém-nascida, que é 13 Rampily 14 Ver nota 5, deste apituto. 13 Minar d hanutg, Valenciennes, © 18, iniio do steulo XY. A DESCOBERTA DA INFANCIA 35 banhada, agasalhada c apresentada i mie~e 0 tema da educagio da Virgem, da liglo de leitura'~ a Virgem acompanhando sus ligo num livro que Sant’Ana segura. Depois, surgiram as outras infancias san- tas:'a de So Joto, 0 companheiro de jogos do menino Jesus, a de Siio Tiago, ¢ dos [ilhos das mulheres santas, Maria-Zebedeu ¢ Ma ria Salomé./Uma iconografia inteiramente nova se formou assim, multiplicando cenas de eriangas ¢ procurando reunir nos mesmos conjuntos o grupo dessas criancas santas, com ou sem suas més. Essa iconografia, que de modo geral remontava ao século XIV, coincidiu com um florescimento de histérias de criangas nas lendas ¢ contos pios, como os dos Miracles Notre-Dame. Ela se manteve até 0 século XVII, e podemos acompanhé-la na pintura, na tapecaria e na escultura, Voltaremos a ela, lids, a propésito das devogdes da infan- essa iconografia religiosa da infancia, iriafinalmente destacar- se uma iconografialeiga nos séculos XV e XVI, Nao era ainda a re- presentagio da crianga sozinha. A cena de género se desenvolveu nessa época através da transformagio de uma iconografia alegérica convencional, inspirada na concepgdo antigo-medieval da natureza: idades da vida, estagées, sentidos, elementos. As cenas de género ¢ as pintiras anedéticas comecaram a substituir as representagbes estti- cas de personagens simbélicas. Voltaremos com mais vagar a essa evolugio ". Salientemos aqui apenas 0 fato de que’a crianga se tor- ‘nou uma das personagens mais freqientes dessas pinturas aneddti- cas: 4 crianga com sua familia; a erianga com seus companheiros de jog08, muitas vezes adultos; a crianga na multidio, mas “ressaltada” ino colo de sua mae ou segura pela mdo, ou brincando, ou ainda uri- nando; a erianga no meio do povo assistindo aos milagres ou aos mattirios, ouvindo prédicas, acompanhando os citos litirgicos, as apresentacdes ou as circuncisdes; a crianga aprendiz de um ourives, ddeum pintor ete; ou a crianca na escola, um tema freqiente € antigo, {que remontava ao século XIV e que no mais deixaria de inspirar as cenas de género até o século XIX. Mais uma vez, nio nos iludamos: essas cenas de género em geral no se consagravam descrigio exclusiva da infancia, mas muitas ve~ zes tinham nas eriangas suas protagonistas principais ou secundaria. Isso nos sugere duas idéias: primeiro, a de que na vida quotidiana as criangas estavam misturadas com os adultos, ¢ toda reunido para 0 trabalho, o passeio ou o jogo reunia criangas ¢ adultos; segundo, a idéia de que os pintores gostavam especialmente de representar a 16 Inia, parte II, eap. 256 HISTORIA SOCIAL DA CRIANCA E DA FAMILIA cianea por sua graga ou por seu pitoresco (0 gosto do pitoresco ane- dético desenvolveu-se nos séculos XV e XVI e coincidiu com o senti- ‘mento da inffincia “engragadinha”), e se compraziam em sublinhar a presenca da crianga dentro do grupo ou da multidio. Dessas duas idéias, uma nos parece areaica: temos hoje, assim como no fim do sé- culo XIX, uma tendéncia a separar o mundo das criangas do mundo dos adultos. A cutra idéia, ao contrério, anuncia o sentimento mo- derno da infancia Enquanto a origem dos temas do anjo, das inffincias santase de suas posteriores evolugdes iconogrificas remontava ao século XIII, no século XV surgiram dois tipos novos de representacio da infin- cia: 0 retrato eo putto, A crianga, como vimos, ndo estava ausente da Idade Média, ao menos a partir do século XIII, mas nunca era 0 modelo de um retrato, de um retrato de uma crianga real, tal como ela aparecia num determinado momento de sua vida. [Nas efigies funerérias, cuja descri¢ao foi conservada por Gaig- niéres "a crianga s6 apareceu muito tarde, no século XVI. Fato cu- rioso, ela apareceu de inicio ndo em seu préprio timulo ou no de seus pais, mas no de seus professores. Nas sepulturas dos mestres de Bolonha, representou-se uma cena de aula, com o professor no meio de seus alunos". J4 em 1378, 0 Cardeal de La Grange, Bispo de Amiens, mandara representar os dois Principes de que havia sido tu- tor, de dez e sete anos, numa “bela pilastra” de sua catedral " Nin- guém pensava em conservar o retrato de uma crianga que tivesse sobrevivido e se :ornado adulta ou que tivesse morrido pequena. No primeiro caso, a infncia era apenas uma fase sem importancia, que no fazia sentido fixar na lembranca; no segundo, o da crianga mor- ta, niio se considerava que essa coisinha desaparecida tio cedo fosse digna de lembranga: havia tantas criangas, cuja sobrevivencia era to problemética.'O sentimento de que se faziam varias eriangas para conservar apenas algumas era e durante muito tempo permaneceu muito forte, Ainda no século XVII, em Le Caquet de l'accouchée, ve~ mos uma vizinha, mulher de um relator, trangGilizar assim uma mu- Ther inquieta, mie de cinco “pestes”, ¢ que acabara de dar & lu “Antes que eles te possam causar muitos problemas, tu terds perdido a metade, e quem sabe todos”. Estranho consolo *! As pessoas no 17 Gaigaitres, Les Tomboous sgnini, La Vita det Macti det colar nell studio dt Bologna, Genedra, 1926, pe x a 19 Aatcs, a vepiesentacies de cranes aoe timulos eram excepionat 20 Le Caguer de Faccouchde, 16 ‘A DESCOBERTA DA INFANCIA se podiam apegar muito a algo que era considerado uma perda even- tual. Isso explica algunias palavras que chocam nossa sensibilidade moderna, como estas de Montaigne: "Perdi dois ou trés filhos peque- ‘nos, niio sem tristeza, mas sem desespero *"", ou estas de Molire, a respeito da Louison de Le Malade Imaginaire: “A pequena nio con- ta." A opinido comum devia, como Montaigne, “no reconhecer nas ctiangas nem movimento na alma, nem forma reconhecivel no cor- po." MI de Sévigné relata sem surpresa palavras semelhantes de MP€ de Coetquen, quando esta desmaiou com a noticia da morte de sua filhinha: “Ela ficou muito aflita,e disse que jamais tera uma ou- tra tio bonita’ No se pensava, como normalmente acreditamos hoje, que a anga jé contivesse a personalidade de um homem. Elas morriam fm grande ndmero!™"As minhas morrem todas pequenas”, dizia ain- da Montaigne. Essa indiferenga era uma conseqiéncia direta ¢ inevi- tivel da demografia da época. Persist até o século XIX, no campo, nna medida em que era compativel com ocristianismo, que respeitava ha crianga batizada a alma imortal. Consta que durante muito tempo fe conservou no Pais Basco o habito de enterrar em casa, no jardim, a crianga morta sem batismo. Talvez houvesse ai uma sobrevivencia de ritos muito antigos, de oferendas sacrificas. Ou seré que simples- mente as criangas mortas muito cedo eram enterradas em qualquer Tugar, como hoje se enterra um animal doméstico, um gato ou um ca- chorro? A erianga era tao insignificant, tfo mal entrada na vida, que indo se temia que apés a morte ela voltasse para importunat os vivos. £ interessante notar que na gravura liminar da Tabula Cebetis ”, Me- rian colocou as criancinhas numa espéecie de zona marginal, entre & terra de onde elas sairam ¢ a vida em que ainda ndo penetraram,e da {qual estdo separadas por um pértico com a inscrigdo Introftus ad vi- thm. Até hoje nos no falamos em comecar a vida no sentido de sait ‘da infncia? Esse sentimento de indiferenca com relagdo a uma infain- Gia demasiado frégil, em que a possbilidade de perda € muito gran- derno fundo ndo esté muito longe da insensibilidade das sociedades omanas ou chinesas, que praticavam o abandono das criancas re- Sém-nascidas. Compreendemos entlo o abismo que separa a nossa concepeio da infincia anterior 4 revolugio demogrifica, ou a seus preimbulos. Nao nos devemos surpreender diante dessa insensibil 24 Montaigne, Esai 8 22 Mow de seviene, erie, 19 de agoto de 161 F Men Waits Cob 1958, Cr Re Lebegne, “Le Peinre Varn” “Le Tableau de Caner" n as 1982, pp. 16717158 HISTORIA SOCIAL DA CRIANGA E DA FAMILIA dade, pois ela era absolutamente natural nas condigdes demogriticas da época, Por outro lado, devemos nos surpreender sim com a preco- cidade do sentimerto da infancia, enquanto as condigées demografi ‘cas continuavam a the ser ainda téo pouco favoraveis. Estatistica- mente, objetivamente, esse sentimento deveria ter surgido muito ‘mais tarde’ Ainda se compreende o gosto pelo pitoreseo ¢ pela graga desse pequeno ser, ou 0 sentimento da infancia “engragadinha”, com ue nés, adultos, nos divertimos “para nosso passatempo, assim como nos divertimos com os macacos *”. Esse sentimento podia muito bem se acomodar a indiferenca com relagio personalidade essencial ¢ definitiva da crianga, a alma imortal, O gosto novo pelo retrato indicava que as criangas comecavam a sair do anonimato em que sua pouca possibilidade de sobreviver as mantinha. £ notivel, de fato, que nessa Epoca de desperdicio demografico se tenha sentido o desejo de fixar os tragos de uma crianca que continuaria a viver ou de luma crianga morta, a fim de conservar sua lembranga. O retrato da ianca morta, particularmente, prova que essa crianga néo era mais tio geralmente considerada como uma perda inevitavel. Essa atitude mental nao eliminava o sentimento contrario, o de Montaigne, o da vizinha da muther que dé a luz e 0 de Molire: até 0 século XVI, eles coexistiriamy: Foi somente no século XVIII, com o surgimento do rmalthusianismo € a extensio das praticas contraceptivas, que a idéia de desperdicio necessario desapareceu. © aparecimento do retrato da crianga morta no séeulo XVI mar- cou portanto um momento muito importante na historia dos senti- mentos. Esse retrato seria inicialmente uma efigie funeraria. A erian- ‘¢2 no inicio nao seria representada sozinha, e sim sobre o témulo de seus pais. Os registros de Gaigniéres® mostram a crianga bem pe- quena € ao lado desta mae, ou entdo aos pés de seus pais. Esses t6- mulos sio todos do século XVI; 1503, 1530 e 1560. Entre os timulos curiosos da abadia de Westminster, figura o da Marquesa de Win- chester, morta em 1586. A Marquesa foi representada deitada, em tamanho natural. Na parte frontal do timulo, aparecem em pequena escala a estétua ajoelhada do Marqués seu marido, e 0 minusculo ti- mulo de uma erianca morta. Ainda em Westminster, o Conde ¢ a Condessa de Shrewsbury esto representados sobre um timulo de 1615-1620, Estio deitados, sua filhinha aparece ajoelhada a seus ppés com as mos postas. Observamos que as criangas que cercam os 24 Montaigne, Essais, I, 8 25 Gaignitres, Tombeau 26 Fr, Bond, Westminster Abbey, Londres, 199. A DESCOBERTA DA INFANCIA 39 defuntos nem sempre estavam mortas: era toda a familia que se reu- nia em torno de seus chefes, como no momento de recolher seu ii mo suspiro, Mas ao lado das criangas ainda vivas, eram representa das criangas que j4 haviam morrido; um sinal as distingue: elas so menores € seguram nas mos uma cruz (como no timulo de John Coke em Halkham, 1639), ou uma caveira: no timulo de Cope D'Ayley em Hambledone (1633), quatro meninos e trés meninas cer- cam os defuntos, ¢ um menino € uma menina seguram uma caveira No museu dos Augustins, em Toulouse, existe um triptico muito curioso proveniente da colegio Du Mége . Os paintis sio datados de 1610. De cada lado de uma descida da cruz, esto pintados 0s doa- dores ajoelhados, um marido e uma mulher, ¢ sua idade. Ambos tém 63 anos, Ao lado do homem, vemos uma crianga vestida com o traje entio usado pelas criangas de menos de cinco anos: o vestido € 0 avental das meninas *, e uma grande touca enfeitada com plumas. A cianga esta vestida com cores vivas e ricas, verde brocado de ouro, ue acentuam a severidade das roupas pretas dos doadores. Essa mu- ther de 63 anos nao podia ter um filho de cinco. Tratava-se de uma crianga morta, sem divida, um filho dnico cuja lembranga era guar- dada pelo velho casal: eles quiseram mostri-lo a seu lado em suas roupas mais bonitas. Era um habito piedoso oferecer as igrejas um quadro ou um vi tral,e, no século XVI, o doador costumava fazer-se representar com toda a sua familia, Nas igrejas alemas, podemos ver ainda, pendura- dos nas pilastras ou nas paredes, numerosos quadros desse género, {que sio, de fato, retratos de familia, Num deles, da segunda metade do século XVI, na igreja de Sao Sebastidio de Nurembergue, vé-se na frente o pai, atras dele dois filhos jé grandes e a massa mal diferencia- da de seis meninos amontoados, escondendo-se uns atrés dos outros, de tal forma que alguns siio quase imperceptiveis. Nao seriam crian- gas mortas? ‘Um quadro semelhante, datado de 1560 e conservado no museu de Bregenz, traz nas bandeirolas as idades das criangas: trés meninos de um, dois e trés anos, e cinco meninas de um, dois, trés, quatro € cinco anos, Ora, a mais velha, de cinco anos, tem o mesmo tamanho ¢ a mesma roupa da menor, de um ano. Foi-ihe deixado um lugar na ‘cena familiar, como se ela fosse viva, mas seu retrato a representava na idade em que morreu Essas familias alinhadas so obras ingénuas, sem técnica, mond- tonas e sem estilo: seus autores, assim como os modelos, sio desco- 27 Musée des Augusting,n 465 do catdlogo. Os pains sho datados de 1610. 2% Van Dyck, K- der K. pr. CCXIV.60 HISTORIA SOCIAL DA CRIANCA E DA FAMILIA nhecidos € obscuros. Nos casos, porém, em que o doador recorreu a uum pintor famoso, a questo muda de figura: os historiadores da arte sempre realizam ts pesquisas necessérias & identificagao das persona- gens de uma tela célebre. £0 caso da familia Meyer, que Holbein re- presentou em 1526 ao pé da Virgem. Sabemos que das seis persona- gens da composigio, trés estavam mortas em 1526: a primeira mulher de Jacob Meyer e seus dois filhos, um morto aos 10 anos e o outro ainda menor, estando este diltimo nu. Esse costume, de fato, tornou-se comum do século XVI até mea- dos do XVII. O museu de Versalhes conserva um quadro de Norcret que representa as familias de Luis XIV e de seu irméo: a tela ¢ célebre Porque o Rei e 0s Principes ~ a0 menos os homens ~ aparecem semi- nus, como os deuses do Olimpo. Gostariamos de salientar aqui um detalhe: ao pé de Luis XIV, no primeiro plano, Norcret pintou 0 re- trato emoldurado de duas criancinhas, mortas muito novas. Inicial- mente, portanto, a crianga aparecia ao lado de seus pais nos retratos de familia Ja no fim do século XVI, 0s registros de Gaigniéres apontam ti mulos com efigies de criangas isoladas: um deles data de 1584 e 0 ou- tro, de 1608. A crianca é representada com o traje peculiar & sua ida- de, de vestido e touca, como a crianga da descida da cruz do quadro de Toulouse. Quando, num periodo de dois anos, entre 1606 e 1607, Jaime T perdeu duas filhas, uma com tr8s dias ¢ @ outra com dois anos, mandou-as representar sobre seus timulos de Westminster com todos os seus aderegos, e quis que a menor repousasse num ber- {0 de alabastro em que todos os acessérios - como as rendas da rou- pa e da touca - fossem fielmente reproduzidos para dar a ilusio de realidade. Uma inscrigdo indica bem o sentimento piedoso que do- tava essa crianga de trés dias de uma personalidade definitiva: Rosula Regia pra proper ato decerpta, parents eepa, tn Christ Ro sario reflorescat. Alora as efigies funeririas, os retratos de criangas isoladas de seus pais continuaram raros até o fim do século XVI: lembremos 0 retrato do Delfim Carlos Orlando pelo Maitre des Moulins (outro testemunho da’piedade sentida pelas criancas desaparecidas cede). Por outro lado, no inicio do século XVII, esses retratos se tornaram muito numerosos, ¢ sentimos que se havia criado o habito de conser- var através da arte do pintor o aspecto fugaz da infancia. Nesses re- tratos a crianga se separava da familia como um século antes, no ink cio do século XVI, a familia se separara da parte religiosa do quadro do doador. A crianca agora era representada sozinha e por ela mes- ‘ma: esta foi a grande novidade do século XVII. A crianga seria um de seus modelos favoritos. Os exemplos so abundantes entre os pinto- A DESCOBERTA DA INFANCIA 6 res famosos: Rubens, Van Dyck, Franz Hals, Le Nain, Philippe de ‘Champaigne. Alguns desses pintores retrataram pequenos principes, como 08 filhos de Carlos I de Van Dyck, ou os de Jaime I! de Lar- gilliére. Outros pintaram os filhos de grandes senhores, como as trés Griangas de Van Dyck. a mais velha das quais traz uma espada. Ou- tros ainda, como Le Nain ou Philippe de Champaigne, pintaram os filhos de burgueses ricos. Algumas vezes, uma inscrigdo fornece 0 nome e a idade da crianga, como era o costume antigo para os adul tos. Ora a erianga esta sozinha (ver a obra de Philippe de Champaig. ne em Grenoble), ora o pintor retine varias criangas da mesma fami lia, Este tltimo é um estilo de retrato banal, repetido por muitos pin: tores andnimos, e encontrado com freqiléncia nos museus de provi cia ou nos antiquarios, Cada familia agora queria possuir retratos de scus filhos, mesmo na idade em que eles ainda eram criancas, Esse costume nasceu no século XVII e nunca mais desapareceu. No sécul XIX, @ fotografia substituiu a pintura: 0 semtimento ado mudon ‘Antes de encerrarmos 0 assunto retrato, é importante mencio- nat as representagdes de criangas em ex-votos, que comecam a ser descobertos aqui ¢ acolé; existem alguns no museu da catedral de Puy, ea Exposigao do séeulo XVII, de 1958, em Paris, revelou uma surpreendente crianga doente, que também deve ser um ex-voto. ‘Assim, embora as condigdes demogrificas nao tenham mudado muito do séeulo XIII ao XVII, embora a mortalidade infantil se te- ‘nhamantido num nivel muito elevado, uma nova sensibilidade atri- buiu a esses seres frigeis © ameagados uma particularidade que antes rninguém se importava em reconhecer: foi como se a consciéncia co- ‘mum sé entio descobrisse que a alma da crianga também era imor- tal. E certo que essa importdncia dada & personalidade da crianga se ligava a uma eristianizagio mais profunda dos costumes. Esse interesse pela crianca precedeu em mais de um século a mu- danga das condigdes demograficas, que podemos datar aproximada- mente da descoberta de Jenner. Correspondéncias como a do Gene- fal de Martange” mostram que algumas familias entdo fizeram questo de vacinar suas criangas, Essa precaugdo contra a variola traduzia um estado de espirito que deve ter favorecido também ou- tras praticas de higiene, provocando uma redugio da mortalidade, {que em parte foi compensada por um controle da natalidade cada vez mais difundido, [Uma outra representagio da crianga desconhecida da Idade Mé- dia € 0 putto, « criancinha nua. O putto surgiu no fim do século XVI, 29 Correspondance inhite du général de Marange, ed Breard, 1893,a HISTORIA SOCIAL DA CRIANCA EDA FAMILIA ¢, sem a menor divida, representou uma revivescéncia do Eros he- lenistico. O tema da crianga nua foi logo extremamente bem recebi do, até mesmo na Franca, onde o italianismo encontrava certas resis- téncias nativas, O Duque de Berry ®, de acordo com seus inventarios, possuia uma chambre aux enfants ou um “quarto das criangas", ou seja, um aposento ornado com tapegarias decoradas com putti. Van Marle se pergunta “se algumas vezes os escribas dos inventérios nio chamavam de enfants aqueles anjinhos semipagdos, aqueles putti que tantas vezes adoraam a folhagem das tapegarias da segunda metade do século XV." No século XVI, como sabemos muito bem, os putt! invadiram @ pintura ¢ se tornaram um motivo decorativo repetido ad nauseam. Ticiano, em parcicular, usou ¢ abusou dos putti: lembremos 0 “Triunfo de Vénus” do Prado, © século XVII no pareceu cansado do tema, quer em Roma, em Napoles, ou em Versalhes, onde os putt’ ainda conservavam oan- tigo nome de marmouseis. A’ pintura religiosa tampouco escaparia deles, gragas a transformacdo do anjo-adolescente medieval em put- 10. Com excegao do anjo da guarda, de agora em diante o anjo no seria mais o adolescente que ainda se vé nas telas de Botticelli: ele também se transformara num pequeno Eros nu, mesmo quando, para satisfazer 0 pudor pés-tridentino, sua nudez era encoberta por nnuyens, vapores ou véus. A nudez do putto conquistou até mesmo 0 ‘menino Jesus e as outras criangas sagradas. Quando a nudez comple- {a repugnava ao artista, ela era apenas tornada mais discreta. Evit va-se vestir 0 menino Jesus com muitas roupas ou cueiros: era mos- trado no momento em que sua mie desenrolava seus cueiros ", ou entio aparecia com os ombros e as pernas despidas, Pere du Colom- bier ja observou a propésito das pinturas de Lucca della Robbia do Hopital des Innovents que nio era possivel representar a infancia sem evocar-lhe a nudez ". O gosto pela nudez da crianga evidente- mente estava ligado ao gosto geral pela nudez.clissica, que comegava a conquistar até mesmo o retrato. Mas o primeiro durou mais tempo, © conquistou toda a arte decorativa: lembremo-nos de Versalhes, ou do teto da Villa Borghese em Roma. O gosto pelo pusto correspondia a algo mais profundo do que o gosto pela nudez clissica, a algo que deve ser relacionado com um amplo movimento de interesse em fa- vor da infancia, 30 Van Marl, op. cits I. p. 71 31 Baldovinewi, "A Vigem e 9 Menino”, Louvre, 32 P. du Colombier, ep it A DESCOBERTA DA INFANCIA 8 [Assim como a erianga medieval, crianga sagrada ou alegoria da alma, ou ser angélico, o purto nunca foi uma crianga real, hist6rica, nem no século XV, nem no XVI. Este fato é notavel, pois o tema do ‘putio nasceu € se desenvolveu a0 mesmo tempo que o retrato da Grianea. Mas as criangas dos retratos dos séculos XV e XVI no so hnunca ou quase nunca criangas nuas. Ou esto enroladas em cueiros, mesmo quando representadas de jocthos ", ou entio vestem o traje proprio de sua idade e condigdo, Nao se imaginava a crianga histori- «3, mesmo muito pequena, com a nudez da crianga mitolégica € or- namental, ¢ essa distingao persistiu durante muito tempo. © ltimo episédio da iconografia infantil seria a aplicagdo da nnudez decorativa do puto ao retrato da crianca. Iss0 aconteceu tam- bbém no século XVII. No século XVI, ja podemos apontar alguns re- tratos de eriangas nuas. Mas eles so raros; um dos mais antigos tal- ver seja o da crianga morta muito pequena da familia Meyer, pintada por Holbein (1521): ndo podemos nos impedir de pensar na alma me- dieval. Numa sala do palicio de Innsbruck, existe também uma tela fem qu? Maria Teresa quis reunir todos os seus filhos: ao lado dos vi- os, uma princesa morta foi representada numa nudez pudicamente encoberta por drapeados, Numa tela de Ticiano de 1571 ou 1575, Filipe Il, num gesto de oferenda, estende @ Vitoria seu filho, o infante Ferdinando, comple- {amente nu: © menino lembra 0 putto usual de Ticiano, e parece achar a situagdo muito engragada: os puti quase sempre sio repre- ios brincando. Em 1560, Veronese pintou, segundo o costume, a familia Cuci- na-Fiacco reunida diante da Virgem eo Menino: trés homens, sendo um o pai, uma mulher, a mae, e seis filhos. Na extrema direita, uma mulher esté quase cortada ao meio pelo limite do quadro: ela segura no colo uma crianga nua, da mesma forma como a Virgem segura 0 Menino Jesus, ¢ essa semelhanga € acentuada pelo fato de a mulher jo estar vestindo o traje real de sua época. Ela nio € a mie, pois es- ti afastada do centro da cena. Seria a ama do filho mais novo" Uma pintura do holandés P. Aertsen do meado do século XVI repre- senta uma familia: © pai, um menino de aproximadamente cinco ‘anos, uma menina de quatro, ¢ a mae sentada com uma criancinha no colo ™. 438 °Viegem no Tron”, cerato presumido de Béatrice D'Este, 1496 MGlonificacho da Vildria de Lepanto”, Prado, 45 Pinacoteca de Dresden 16 Reproduzido em H. Gerson, De nederlandse Shiderkunst,2 vol. 1952 tomo lp. irHe °8 NUD “pa Ssuagnay “auRUSBEN “6081 2P 329 OF sowiou Soxou opus wesaqoo94 seduRUD se anb soUDUE ojmydeD ou sowyoursse gf “souanbad seduei9 sep op8z0/ ojad 2 song sojad woods uisow eu opersajiueis oWso8 ojad optuisyyuos 9 o4e} 2863 |AX 01N99S 0 a1UBINP 9 TAX ONES OP Wy Op sNsEd ¥ $04 -peoyjuals 9 sososeuinu squsuuzejnoned 95-weseud01 OLUaUIAJOAUDS ap ns 2p SIeUIS SO SEWN "AX 2 AX 8010995 Sop BYeIROUOD! ep Bugisiy bu HpeyURdisoge 136 3pod OPSMIOND RNS 91 epIAnp was nosowi0D BIoUyjUl Bp wriaqODsap V'SeduELD 9p SOIBNIas S0u #s0s0814 opSuaauos euun nowso) 95 zapnu G anb I1AX 01n295 op apeyeus epunas eu foj ‘souls owod “uijug “waNAEIH BL IIMB w 2 °O} 1098 op apziow vsoutad ep opmiosgos “eunauid vu sumwio> of seta, sesso sopo} a]uoWIepruljapu! opuessuinua ZUnuNUOD soWELApOd “op -voutsg 9 opueyuasap “opua] seuruaw 2 souluaw ap sodnis no *e nu 9p 088118 “AX 2 AIX $0]8295 Sop vs0181}21 pyeIZoUOD! 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