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Processos de cercamento e de ocupação em Cachoeiras de Macacu (RJ): colonização,

acumulação e resistências

Ricardo Braga Brito1

GT 1: Transformações nos modos de vida, violência e formas de resistência no meio rural


brasileiro

RESUMO
A partir da análise das transformações fundiárias do município de Cachoeiras de Macacu (RJ),
pretende-se apontar para diferentes processos de ocupação e de cercamento das terras entre
os anos de 1930 e 1990. Palco de inúmeros conflitos por terra, o município permite
compreender o histórico de políticas públicas de intervenção nas áreas rurais do Estado do Rio
de Janeiro, o que tem continuamente afetado as populações camponesas locais. A dinâmica de
grilagem, expropriação, intervenção estatal e ocupação aponta para um complexo processo
de acumulação entrelaçada de capital que remonta tanto ao modelo colonizador de
intervenção estatal e de cercamento de terras quanto aos processos locais de resistência,
organização e luta pela reforma agrária, indicando uma situação de reiterado colonialismo
interno.

Palavras-chave: Colonização; Colonialismo Interno; Ocupação de Terra; Cachoeiras de Macacu.

INTRODUÇÃO
Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA, 2017),
o município de Cachoeiras de Macacu apresenta simultaneamente elevados índices de pequena
produção agrícola voltada para o abastecimento interno e a criação extensiva de gado.
Situado na Zona Homogênea Metropolitana (ZHM)2, também estão indicados no município os
sinais dos processos de especulação fundiária e imobiliária que atravessam historicamente o

1 Pesquisador associado ao Núcleo de Pesquisa, Documentação e Referência sobre Movimentos Sociais e Políticas
Públicas no Campo do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e
Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (NMSSP/CPDA/UFRRJ),
ricardobraga.brito@gmail.com.
2 A ZHM abarca as microrregiões do Rio de Janeiro e do Macacu-Caceribu, os municípios de Itaguaí e Seropédica

(pertencentes à microrregião de Itaguaí) e Paracambi (da microrregião de Vassouras). Em sua totalidade, trata-
se dos municípios de Itaguaí, Paracambi, Japeri, Seropédica, Queimados, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Mesquita,
Nilópolis, Coelho da Roxa, Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Magé, Niterói, São Gonçalo, Maricá, Guapimirim,
Itaboraí, Cachoeiras de Macacu, Tanguá e Rio Bonito.
estado do Rio de Janeiro. Conforme pretendo salientar nesse trabalho a partir de resultado de
pesquisas anteriores (BRITO, 2018, 2022; TELÓ, BRITO, 2019) e de diferentes documentações
e análise bibliográfica, a dinâmica de tensão entre significados e formas de uso, posse e
propriedade da terra e realização do trabalho indicam uma configuração particular da
questão agrária local que reitera situações de um colonialismo interno.
Palco de diferentes mobilizações em torno da luta pela reforma agrária nos séculos XX
e XXI, o municipio de Cachoeiras de Macacu permite apreender uma complexa dinâmica de
grilagem, expropriação, apropriação, intervenções públicas e ocupações de terra marcadas
pela tensão entre a pequena produção oriunda de trabalho familiar e voltada para o
abastecimento interno e a criação de gado e de cavalos de raça também associada às formas
de especulação fundiária e empreendimentos imobiliários. Pode-se apontar, portanto, para
processos de cercamento e expropriação que buscam a valorização de capitais e processos de
ocupação e resistência que se voltam para fortalecer e estabelecer projetos familiares e
coletivos de reprodução social e material. Ainda sendo um município com forte atuação
econômica rural, é possível salientar de um lado a continuidade histórica de uma resistência
teimosa (BRITO, 2021) de um campesinato que continuamente insiste em criar raízes e relações
de produção e reprodução sociais e econômicas na região e um contínuo processo de
desenraizamento e imposição de formas de ocupação territorial e organização social que
caracterizaram as políticas de colonização e demais formas de intervenção estatal (BRITO,
2022). Para apreender esse processo de desenraizamento tenho indicado o colonizar como
verbo oculto do modo de interpretação e intervenção oficial na questão agrária, permitindo
não só compreender formas de reatualização das estruturas coloniais de dominação
internalizadas nos processos de independência nacional (GONZÁLEZ CASANOVA, 2007, 2015;
CUSICANQUI, 2010, 2021), presente em mecanismos de poder, instituições sociais e complexos
de atores coletivos privados e estatais, como também apreender as formas de resistência
coletiva e expectativas de conquista da terra para realização de projetos familiares e coletivos
de reprodução material e social.
Cusicanqui (2021, p. 40) fala da vivência contínua de uma situação de colonialismo
interno, apontando para o “despojamento da dignidade e a internalização dos valores dos
opressores”, descrevendo a radicalidade destruidora dos modos de vida e percepção de si,
bem como as tramas alternativas que são construídas na resistência e nos projetos coletivos de
emancipação. O diálogo teórico principal de Cusicanqui é com González Casanova, buscando
compreender as práticas, mecanismos, instituições e estruturas que internalizam uma hierarquia
social e étnica que impõe processos de subalternização e descaracterização cultural e de meios
de vida, reproduzindo elementos coloniais no Estado-nacional independente3.
A partir de um sobrevoo histórico pretende-se caracterizar em diferentes momentos a
composição fundiária municipal, acompanhando a tensão dos processos de cercamento e de
ocupação e alguns de seus diferentes atores e significados dados à terra. A fim de compreender
os processos de cercamento, aponto para a permanente presença de processos de
expropriação e violência característicos da acumulação entrelaçada de capital. Ainda que não
haja espaço para a discussão, o processo de acumulação de capital é aqui entendido a partir
da contínua expropriação e mercantilização de territórios, populações, objetos e serviços não
ou parcialmente mercantilizados, contando para isso com amplo uso de coerções econômicas e
políticas e constituição e articulação de mecanismos institucionais, legais, culturais e discursivos
(GONÇALVES, COSTA, 2020). As atuais discussões envolvendo os trabalhos de Marx (2013) e
Luxemburg (1985) são significativas para recolocar a compreensão de que o processo de
acumulação perpassa a atuação estatal e processos violentos de reestruturação social e
produtiva fundamentados em práticas de colonização4. É também nesse sentido que se pretende
apontar para uma reiterada situação de colonialismo interno, na qual a política de colonização,
enquanto mecanismo de controle de terras e populações potencialmente insubmissas, busca
organizar e integrar os mercados de terra, trabalho e consumo.

PROCESSOS DE CERCAMENTO E DE OCUPAÇÃO


Em uma breve caracterização do município de Cachoeiras de Macacu na segunda
metade do século XIX e início do século XX, Cardoso (2009) e Carneiro et al (2012) apontaram
para a presença considerável de pequenas e médias propriedades e homens e mulheres livres,
responsáveis, sobretudo, por produtos agrícolas consumidos e comercializados localmente.
Convivendo com engenhos de cana de açúcar e posteriormente, já nos anos 1930, com grandes
produções de fruticultura, sobretudo a laranja, essa população rural livre e pobre era composta
por brancos sem posses, negros alforriados, indígenas e mestiços em diversas relações e funções
sociais, ocupando pequenas faixas de terra e caracterizadas por relações de parceria e

3 Não há, em ambos os autores, um diálogo explícito com a noção de “situação colonial” de Balandier (2014).
Talvez essa ausência se explique pelo fato das sociedades latino-americanas analisadas por Cusicanqui e
González Casanova terem experienciado seus processos de independência nacional na primeira metade do século
XIX, diferente dos casos africanos analisados por Balandier. Contudo, como será indicado mais à frente, é possível
identificar elementos significativos nas análises desses três autores para a compreensão dos processos de
cercamento e de ocupação atravessados por políticas de colonização aqui analisadas. Para uma discussão sobre
as raízes intelectuais e políticas do conceito de colonialismo interno em González Casanova, Stavenhagen e
Cardoso de Oliveira, ver Bringel e Leone (2021).
4 A releitura da acumulação primitiva de Marx (2013) e Luxemburg (1985) pode ser vista nos conceitos de

acumulação por despossessão de Harvey (2020) e de regime de expropriação capitalista de Dörre (2022). Ambos
os autores apontam para a presença das coerções políticas e não-econômicas da acumulação e da expropriação
de capital, indicando a acumulação primitiva e seus processos de expropriação como elementos centrais e
continuamente mobilizados na acumulação capitalista. Para um balanço dessas análises, ver Gonçalves e Costa
(2020).
contínuo deslocamento em busca de terras livres. Conforme analisado em Brito (2022), o
deslocamento contínuo é também uma característica da colonização enquanto política pública
no Brasil pós-independência, indicando seu caráter sistemático: em condições de contínua
pauperização e expropriação, as populações camponesas brasileiras se deslocam no espaço,
seja por movimentos migratórios “espontâneos”, gerados por relações desiguais de poder e
monopólio da terra, ou pelas próprias políticas de colonização, a fim de se estabelecer em
regiões com regime de pequena propriedade, deslocando as tensões demográficas e políticas
das regiões mais valorizadas, mantendo o padrão hegemônico da grande produção
monocultora e orientada para a exportação. Como será discutido, a mobilização de populações
“deslocáveis” é um aspecto central da política de colonização e seu modelo de intervenção.
Analisando a região da Baixada na primeira metade do século XX, incluindo, portanto,
Cachoeiras de Macacu, Geiger e Mesquita (1956) sinalizam que a relação de parceria
intensificava a migração de lavradores para novas terras, condicionando as possibilidades de
expansão e produção de lavouras aos interesses e consentimento dos proprietários. A relação
é caracterizada por um contínuo e excessivo controle por parte dos proprietários para limitar
a produção dos parceiros, tais como impedimento de criação de gado, extração de lenha ou
de produção de artigos mais valorizados e de caráter permanente, fatores que diminuíam o
rendimento desses trabalhadores e levavam à intensificação da exploração do trabalho
familiar. Em Cachoeiras de Macacu também é possível observar essa dinâmica a partir da
paisagem que se torna mais frequente no início do século XX: a presença predominante do
gado e da fruticultura em larga escala, pontuada por lavouras alimentícias em áreas de menor
qualidade e rendimento.
Tomada como uma região abandonada no início do século XX, foram realizadas na
Baixada sucessivas obras de saneamento, drenagem e retificação de rios e construção de
estradas, iniciadas na década de 1910, mas retomadas e ampliadas nos anos 1930 pelo
Governo Federal, tornando possível algumas propostas de diversificação da produção e
recuperação agrícola (GRYNSZPAN, 1987). As obras pretendiam dar solução às epidemias de
malária e febre amarela, recorrentes nas inúmeras áreas de alagamento da Baixada, como
Cachoeiras de Macacu (BRITO, 2018), bem como proporcionar uma infraestrutura capaz de
expandir a produção de alimentos. Contudo, conforme aponta a bibliografia, essas intervenções
intensificaram interesses especulativos e tiveram, como uma de suas consequências, situações de
despejo e conflito (GEIGER; MESQUITA, 1956; GRYNSZPAN, 1987; ALENTEJANO, 2005;
MEDEIROS, 2018).
Como meio para evitar a especulação fundiária, o governo federal criou Núcleos
Coloniais que pretendiam controlar o deslocamento populacional, a fim de reduzir as tensões
nas áreas mais tradicionais e densamente povoadas e constituir um cinturão verde orientado
para o abastecimento da capital e demais cidades em processo de expansão (MEDEIROS,
2018). Esta política era entendida como uma forma de esvaziar as pressões sociais e manter
as estruturas de dominação e poder, ao mesmo tempo em que ampliava a produção de
alimentos para consumo na capital federal, em franco processo de crescimento urbano e
industrial, intervindo, portanto, no território e nas populações alvo, a fim de constituir um
campesinato fixado na pequena propriedade orientada para o mercado interno e com base
no trabalho familiar e de subjetividade empresarial (BRITO, 2022). Em Cachoeiras de Macacu
foi criado em 1951 o Núcleo Colonial de Papucaia, atraindo populações migrantes de todo o
país, estrangeiros e lavradores locais que buscavam conquistar para si e suas famílias um
pedaço de terra, consolidando seus meios de reprodução material e social.
Apesar da expressiva produção de gêneros alimentícios, as obras e a constituição de
núcleos intensificaram a valorização das terras próximas à capital, gerando uma “febre
especulativa” apontada por Geiger e Mesquita (1956). Tal febre impactava, inclusive, a
produção dentro dos núcleos, que ainda nos anos 1950 eram pressionados pelo loteamento e
pela progressiva integração dos colonos aos mercados, levando-os a optar por substituir as
lavouras de abastecimento pelos produtos de maior valor, em especial carne bovina e leite. É
possível sinalizar que a política de colonização disseminou desejos de conquista de terra não só
entre o campesinato pobre, como também interesses de grandes proprietários e especuladores.
Por ser um mecanismo pontual de intervenção, a política de colonização não atinge os elementos
estruturais do monopólio fundiário, sendo permeada não só por práticas de grilagem,
identificadas no entorno do Núcleo Colonial de Papucaia, como também de mercantilização de
novos territórios e populações que, premidas pelas novas demandas produtivas e dinâmicas de
valorização de determinadas culturas e/ou criação de gado, bem como pelo processo de
expropriação e arrendamento de terras, passam a ter de modificar suas formas de organização
e produção para se inserirem nas novas dinâmicas dos mercados de terra, trabalho e consumo.
Segundo Alentejano (2005, pp. 50-51), ao longo do século XX o território fluminense
esteve marcado por um processo de desruralização, entendido como “esvaziamento econômico
e demográfico e perda de peso político e cultural” das áreas rurais e por formas de resistência
dos trabalhadores rurais ao avanço do capital especulativo, considerado como “a marca dos
conflitos fundiários no estado”. A presença dos interesses especulativos e das formas de
produção com monocultura ou criação intensiva de gado resultam na experiência contínua do
despejo, principal problema existente no campo entre 1950 e 1960 e uma das características
formadoras do campesinato fluminense (GRYNSZPAN, 1987).
Essa contextualização apresenta informações para compreender a situação latente de
conflitos sociais que serão, ainda na década de 1950 e início da de 60, transformados em
marca característica do estado. Segundo Medeiros (2018), a história do século XX no estado
do Rio de Janeiro é marcada por diferentes situações e processos, tais como a decadência da
cafeicultura, a ascensão e extinção dos cultivos de laranja, as sucessivas mudanças no cultivo da
cana, a formação de núcleos agrícolas, as tensões sociais, o aumento populacional, a
urbanização e a especulação com a terra e o avanço do turismo. Em todas essas situações se
observa a expropriação de populações rurais e o rompimento com relações, expectativas
coletivas e concepções de direito à terra.
As ações de despejo foram características do período e foram respondidas, em muitos
casos, com a organização coletiva, sobretudo pela atuação das Associações de Lavradores,
ligadas ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) (GRYNSZPAN, 1987; MEDEIROS, 2018). Em
Cachoeiras de Macacu, o inchaço populacional vivido pela constituição do Núcleo e a recorrente
grilagem de suas terras intensificaram processos de expropriação, despejo e alteração radical
das formas de trabalho e socialização locais. Esses elementos foram articulados como fatores
de mobilização local, constituindo os lavradores enquanto posseiros, categoria dotada de
conotação política e em relação combativa aos grileiros (GRYNSZPAN, 1987; BRITO, 2019).
Através do trabalho político das Associações de Lavradores locais, centenas de famílias de
camponeses identificaram como injustos os despejos vividos e suas condições de miséria,
decidindo ocupar as terras da Fazenda São José da Boa Morte, sobretudo a região dos
“Duzentos Alqueires”, ligada ao Núcleo Colonial e grilada pelos donos da São José. Ocupada
em 1961 e em 1963, a Fazenda foi desapropriada em janeiro de 1964 e posteriormente
incorporada ao Núcleo Colonial pela ditadura empresarial-militar, junto a outras
desapropriações5 (BRITO, 2022).
A ampliação do Núcleo e sua transformação em Projeto Integrado de Colonização (PIC)
em 1966 abarcou outras fazendas limítrofes e buscou concentrar populações camponesas de
diversas áreas de conflito como meio de controle político e imposição de padrões de
racionalização da produção, acompanhando a decisão de estabelecer o Estado do Rio de
Janeiro como área prioritária para realização da reforma agrária6. Deve-se salientar que
essas populações foram duramente reprimidas devido às atuações políticas e ocupações de
terra realizadas entre 1959 e 1964. Com intenso controle militar e burocrático, buscando-se
delimitar as formas de ocupação da terra, de produção e as relações coletivas de socialização
através de militares e técnicos burocráticos a região foi apresentada nos anos 1970 como livre
de tensões sociais7. Sob essa justificativa foram realizadas sucessivas titulações e devoluções de
terras anteriormente desapropriadas e integradas ao PIC, agora valorizadas pelas produções

5 Decreto nº 58.161, de 6 de abril de 1966. Diário Oficial da União – Seção 1 – 13/4/1966, p. 3.845.
6 Decreto nº 57.081, de 15 de outubro de 1965. Diário Oficial da União – Seção 1 – 22/10/1965, p. 10.827.
7 Ofício nº AJ/27/80 do presidente da Fetag/RJ, Eraldo Lírio de Azeredo, e do tesoureiro, Miguel Fernando de

Souza, ao coordenador regional do Leste Meridional do Incra/RJ, José Carlos Vieira Barbosa, em 31/01/1980.
Acervo MSPP/Sr SC.frj.ocp – Pasta II.
locais e obras públicas. Após uma verdadeira pacificação, que repete a constituição de um
cinturão verde livre de conflitos, as terras que anteriormente estavam destinadas à colonização
foram sendo rapidamente reintegradas ao mercado privado de terras, e as populações locais
continuaram a ser expropriadas e despejadas por diferentes processos de especulação,
crescimento do turismo, grilagem e devolução de terras. A liberação de terra e de força de
trabalho em condição de pobreza e desenraizamento reiteram uma situação que, dado o
histórico local e nacional da política de colonização, pode-se identificar como de colonialismo
interno. Essas populações camponesas são reinseridas nos mercados de trabalho e consumo em
posições desqualificadas e subalternizadas, como pode ser visto também nos anos 1980 e
1990.
Conforme indicado na Introdução, é possível apreender o colonizar enquanto verbo
oculto do modo de intervenção e interpretação da questão agrária. A colonização é um ato de
poder que conduz à perda de autonomia e empreende uma forma de dominação que é política,
econômica, social e cognitiva (SOUZA LIMA, 1995, 2002; BALANDIER, 2014). Conforme
trabalhado por Bourdieu (1979) e Bourdieu e Sayad (2006) a respeito da dominação colonial
na Argélia, e dos elementos apontados por Cusicanqui (2010, 2021) para a Bolívia, González
Casanova (2007, 2015) para a América Latina, Balandier (2014) para a Indochina e África
do Sul, são características da colonização a usurpação da terra, o crescimento da urbanização,
o reassentamento forçado das populações camponesas e a passagem da economia da troca
para a economia do mercado, acentuando o crescimento da concentração fundiária. As
características sistemáticas, internas e tutelares da colonização apontadas nos mecanismos de
controle da terra e da população indicam o caráter relacional da situação colonial apontada
por Balandier (2014), sinalizando o caráter de desenraizamento promovido por uma situação
que se reitera em meio ao contínuo processo de acumulação de capital fundamentado na
expropriação das condições de produção e reprodução da vida social e material e do trabalho.
Por diferentes práticas, tais como despejo, violência privada e policial-militar, endividamentos,
especulação fundiária, políticas pontuais de colonização e de redução da reforma agrária,
foram corroborados e fortalecidos processos de cercamento das terras, gerando consigo formas
de desenraizamento que são materiais, sociais e simbólicas. Entendendo-se, a partir de Weil
(1996), o conceito de desenraizamento em sua dimensão de exclusão e rompimento brusco com
expectativas individuais e coletivas, sendo essas entendidas como formas de ser compartilhadas
e assentadas na terra e capazes de criar memórias, identidades, pertencimentos e expectativas
de futuro e de transformação social, pode-se apreender a expropriação e alteração radical e
muitas vezes violenta das relações estabelecidas com determinado território e relações sociais
locais.
Segundo reportagens que avaliavam positivamente a ampliação da reforma agrária e
colonização via Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (Ibra) e depois Incra, o Rio de Janeiro
se constituía enquanto “um dos pontos de maior concentração de atividades do IBRA”8. Essa
atuação parecia ter como realização a expedição e entrega de títulos definitivos de
propriedade, contratos de compra e venda, cadastramento de propriedades, aplicação de
crédito e constituição de cooperativas “para parceleiros que se constituirão em novos
empresários rurais”9. A constituição do campesinato em classe média rural de espírito
empresarial foi um dos objetivos da própria política de colonização, indicando ainda seu
caráter autocrático: através do controle técnico, burocrático e militar das formas de produção
e de organização dos núcleos coloniais buscou-se impor um modelo de subjetividade
empresarial, desqualificando formas tradicionais de produção e identidades políticas
consolidadas anteriormente (BRITO, 2022). A imposição de um modelo produtivo tido como
racional e moderno, contrapondo-se a formas “atrasadas” de organização e produção indica
uma narrativa de reprodução colonial. A partir de formas de assistência sanitária, educacional,
produtiva, de crédito e de intervenções na vida cotidiana e produtiva esperava-se constituir
pela colonização um novo sujeito, uma classe média rural. A intensidade do controle foi, contudo,
arrefecendo com as titulações e devoluções, sendo vivido como abandono pelos parceleiros,
cada vez mais endividados pelo modelo empresarial de modernização do aparato produtivo,
levando-os a arrendar suas terras, vender sua força de trabalho em situações precárias ou
mesmo migrar para outras regiões e cidades, elementos que reproduzem as condições de
acionamento da política de colonização (BRITO, 2022).
Longe da tranquilidade que justificava as titulações e devoluções, os despejos de
lavradores haviam se intensificado entre 1974 e 1978, podendo-se citar áreas de Papucaia,
Areia Branca, Boa Vista, Batatal, Santa Fé, Duas Barras, Boca do Mato, Soarinho e São José
da Boa Morte (BRITO, 2018). Paulatinamente devolvida aos antigos proprietários acusados de
grilagem, a Fazenda São José da Boa Morte se tornou novamente palco de ocupações de terra
em fins de 1979 e início de 1980. A nova ocupação contou com a presença de antigos militantes
que participaram das ações dos anos 1960 e com novas relações estabelecidas com a Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e o apoio dado pela organização sindical, posterior à ocupação e à
prisão de mais de 80 lavradores. A retomada da ocupação, em um novo contexto político de
reorganização dos movimentos sociais e sindicais e de abertura política, trouxe consigo
memórias políticas e expectativas passadas de enraizamento social que se contrapunham aos
sucessivos despejos, cercamentos e intervenções abandonadas. Como em 1961 e 1963,
demandava-se a “terra livre” dos grileiros, livre também para realizar os projetos de

8 “Novas áreas operacionais ampliam reforma agrária e colonização do país”. Jornal do Brasil, 03/04/1970, p.
3.
9 “Tensão social cede lugar ao progresso nos campos fluminenses”. Correio da Manhã, 01/05/1970, p. 5.
reprodução social e material naquele território (BRITO, 2021). Esse novo processo de ocupação
indica o apontado por Said (2011, p. 353): “Uma das primeiras tarefas da cultura de resistência
[ao imperialismo e ao colonialismo] foi reivindicar, renomear e reabitar a terra”, sobretudo
após séculos ou décadas de dominação, de alteração da paisagem, de reconfiguração dos
limites territoriais, de controle dos nomes, de deslocamento populacional e de contínuos
reassentamentos. Reapropriar-se da terra envolve não só o ato físico e territorial, mas também
o enraizamento e a constituição da identidade, construindo uma nova narrativa que carrega
consigo memórias articuladas pelo passado de expropriação e luta, pelo presente e suas
expectativas de futuro. O novo processo de ocupação realizado entre 1979 e 1980 foi capaz
de conquistar novamente a desapropriação da Fazenda São José da Boa Morte em 1981,
ainda durante a ditadura empresarial-militar.
Aponto para o caráter de reiteração de uma situação de colonialismo interno em novas
configurações políticas e sociais devido às tendências já observadas em meados do século XX:
crescimento das áreas de pastagem utilizadas para criação extensiva de gado e, a partir do
final dos anos 1980, para cavalos de raça, identificando um processo contínuo de cercamento
das terras e diminuição das áreas de lavoura. Essa tendência se realiza, contudo, junto da
resistência da produção agrícola no município. Apesar da concentração de terras nas mãos de
poucos fazendeiros, Carneiro et al (2012) apontam para o adensamento, nos anos 1980, de
pequenas propriedades com produção de gêneros alimentícios nas áreas de Papucaia, Japuíba
e São José da Boa Morte, áreas que correspondiam à projetos de colonização ou antigas
propriedades loteadas no processo de especulação imobiliária. O processo, contudo, era de
intensa transformação, como descrito nas oposições precisas de Oscar Valporto:
No lugar das plantações de laranja, luxuosas casas de campo. Em vez
dos milharais e cafezais, piscinas e campos de futebol. Onde deveriam
existir armazéns para a produção, existem estábulos para a criação de
cavalos de raça. A especulação imobiliária foi a maior inimiga da
reforma agrária no Rio de Janeiro nas áreas destinadas pelo Incra para
o assentamento de trabalhadores rurais nas décadas de 1950 e
1960.10

É possível sinalizar para um processo de re-ruralização (ALENTEJANO, 2005). Até 1970


a população rural de Macacu era majoritária, e sua transição se dá nos anos 1980 e se
consolida nos anos 1990. Segundo Bicalho e Machado (2013), as áreas ocupadas por
atividades agrícolas sofreram poucas alterações nessas décadas, apesar da forte redução da

10 Oscar Valporto. “Lazer ocupou no Rio as terras divididas pelo Incra”. Jornal do Brasil, 07/12/1986, p. 38.
população rural. Com dados de 2006, os autores apontam que as áreas de colonização
assumem hoje um caráter tipicamente urbano, assim definidas pelo Plano Diretor Municipal,
ainda que, com base em Incra (2017), Cachoeiras de Macau seja o município com menor taxa
de urbanização da ZHM. Além do avanço da urbanização e da especulação imobiliária,
também a grande quantidade de áreas de conservação ambiental no município pressiona e
limita a produção rural, transformando-as em espaços de lazer e turismo. Segundo esses
autores, este quadro de grandes interesses e pressões externas desencadeia “uma
reestruturação espacial de incertezas para a população rural, majoritariamente constituída por
pequenos agricultores familiares, dependentes da terra como meio de vida” (BICALHO;
MACHADO, 2013, p. 554), e em grande parte estabelecidos no município devido às políticas
de colonização. A tensão entre produção agrícola, criação de gado de corte e leiteiro e
valorização do preço da terra, aqui analisada desde os anos 1930, é reforçada enquanto
tendência do município em dados mais recentes do Incra (2017).
Ainda que não seja possível estender a análise, é preciso sinalizar para as ameaças
recentes de despejo para a construção da barragem do rio Guapiaçu, projeto de compensação
ambiental do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). Localizado em
Itaboraí, município vizinho a Cachoeiras de Macacu, as obras do Comperj foram iniciadas no
ano de 2008 com o objetivo de expandir a capacidade de refino da Petrobras, possibilitando
o atendimento à demanda de derivados do petróleo. Sua presença alterou de forma
significativa os municípios no seu entorno, influenciando na especulação imobiliária, no despejo
de populações mais pobres, na geração de empregos e na ameaça de despejo pela construção
da barragem no rio Guapiaçu. A construção da barragem, presente enquanto projeto desde o
final dos anos 198011, afetará famílias de trabalhadores rurais localizados em regiões de
Cachoeiras de Macacu, muitas das quais foram alvo de políticas de colonização do governo
militar e, até hoje, mais de 50 anos depois, não receberam os títulos de propriedade da terra.
Algumas destas famílias se encontram mobilizadas junto ao Movimento dos Atingidos por
Barragens. Devido às crises vividas pelo estado do Rio de Janeiro e pela Petrobras, mas
também à mobilização local, o projeto da barragem está suspenso (CADORIN, 2017).
Mais uma vez, passado e presente se articulam. Muitas destas famílias, hoje ameaçadas
pelo projeto de barragem ou que encontram dificuldades para sua reprodução social,
receberam terras por meio de projetos diversos do Estado para a região. Contudo, também a
decisão ativa e organizada de se manter na mesma terra aponta a continuidade de uma
resistência que, ao longo do tempo, caracteriza esses trabalhadores rurais (TELÓ; BRITO, 2019).

11“Represa gera protesto em Guapiaçu”. Jornal do Brasil, 23/03/1989, p. 6. “Agricultores contra represa”. Jornal
do Brasil, 02/10/1989, p. 5.
Essa resistência, que tenho chamada de teimosa, está presente não apenas nos momentos
espetaculares das ocupações de 1961, 1963, 1979/1980 e nas ações organizadas pela
liberação dos que foram presos em decorrência das ações políticas, mas também na resistência
cotidiana que alimentou a memória da “terra livre” e possibilitou que esses atores
permanecessem na região após tantos processos de cercamento e despejo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral, a política de colonização oficial do Estado brasileiro tem significado
selecionar e fixar famílias em áreas rurais determinadas, sobretudo em terras públicas, a fim
de ampliar o povoamento e/ou a produção de alimentos para o consumo interno, constituindo
novos territórios e novos atores e relações sociais (BRITO, 2022). Trata-se, portanto, de uma
forma de intervenção pontual e não estrutural que frequentemente deslocou populações das
áreas mais valorizadas e com mais conflitos por terra, mantendo a estrutura fundiária e
produtiva hegemônica que favorece o modelo da grande propriedade monocultora,
modernizada e orientada para a exportação. Suas principais preocupações, ou sentidos, são a
segurança territorial, a produção de alimentos, o deslocamento populacional, adiamento de
conflitos e constituição de um modelo de campesinato fundamentado no trabalho livre e na
pequena propriedade da terra, buscando constituir uma nova subjetividade e racionalidade
através de assistências técnicas, sanitárias, educacionais e habitacionais que identificassem esse
campesinato com a propriedade privada e o integrasse aos mercados de terra, trabalho e
consumo.
A colonização enquanto política nacional deve ser entendida em sua relação com as
políticas de modernização produtiva e reforma agrária, compreendendo que cada uma delas
apresenta suas correlações de força e disputa de significados entre atores empresariais,
técnico-burocratas, militares, sindicais, religiosos, intelectuais etc. As contradições desse processo
devem ser analisadas a partir do mosaico de atores, seus valores, expectativas, interesses,
práticas e formas de associação que se reconfiguram em cada momento. O que se buscou
salientar aqui foram os processos de cercamento e de ocupação que atravessaram uma região
marcada por intervenções estatais, sobretudo a política de colonização nos anos 1950-1970 e
como sua lógica de intervenção pontual e não estrutural e de integração de populações e
territórios aos mercados de terra, trabalho e consumo persiste, mesmo em meio às organizações
coletivas e de resistência que voltaram a demandar um modelo de reforma agrária massivo,
imediato e com ampla participação popular.
Ao sinalizar para o colonizar presente em reiteradas situações que reproduzem
estruturas coloniais busquei sinalizar o caso local em uma dinâmica mais ampla de tensão sobre
os significados e usos da terra. O rápido sobrevoo pelas décadas de 1930 a 1990 apresenta
um quadro de acumulação entrelaçada de capital. Esse conceito permite apreender um processo
contínuo de expropriação de terras, força de trabalho e direitos que se caracteriza por
incorporar espaços não mercantilizados, fazendo coexistir formas de acumulação e exploração
numa mesma época e espaço em níveis nacionais e internacionais e formas articuladas de
desigualdade social (GONÇALVES; COSTA, 2020). Conforme busquei salientar, o Estado tem
um papel fundamental nesse processo contínuo de mercantilização, desmercantilização e
remercantilização do espaço e das relações sociais que caracteriza a acumulação entrelaçada.
As sequências de crise de abastecimento, obras públicas, projetos de colonização,
organizações e reivindicações camponesas, intervenções militarizadas, regularização, titulação
e valorização fundiárias sinalizam esse processo de acumulação entrelaçada, apreendido junto
do projeto de modernização conservadora da agricultura. As consequências da política de
colonização, realizada fundamentalmente com pouca participação de organizações
camponesas, aprofundou a força da propriedade fundiária concentrada e o conjunto de
relações sociais, projetos, estrutura de poder e valores de classe a ela associados. Por diferentes
meios, os processos de cercamento buscaram se apropriar de terras públicas e áreas de conflito,
destinadas à reforma agrária, como também de populações desenraizadas e subalternizadas.
Contudo, esse processo só pode ser compreendido se articulado às formas de resistência e
organização popular que buscaram se contrapor, e ainda se contrapõem, às formas de
cercamento das suas formas de reprodução material, social e simbólica. Conforme González
Casanova (2015), Cusicanqui (2021) e Balandier (2014), a situação, seja a colonial ou a de
colonialismo interno, só pode ser apreendida em sua totalidade se abarcar as tensões e
resistências envolvidas. Por uma teimosia local característica, que reivindica uma memória de
luta e resistência, observa-se em Cachoeiras de Macacu que o desenraizamento tem sido
respondido com formas de enraizamento e demandas de reforma agrária.

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