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GABRIEL SCALABRINI BIANCHI

A PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS AOS FILHOS NA GUARDA


COMPARTILHADA

CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO


Araçatuba/SP
2018
GABRIEL SCALABRINI BIANCHI

A PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS AOS FILHOS NA GUARDA


COMPARTILHADA
Projeto de Pesquisa apresentado como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Ciências Jurídicas e Sociais, pelo Curso de
Direito do Centro Universitário Toledo.
Orientador: Prof. Dr. Milton Pardo Filho.

CENTRO UNIVERSITARIO TOLEDO


Araçatuba/SP
2018
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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, à Deus toda a minha gratidão, que em sua infinita sabedoria colocou
força em meu coração para vencer essa etapa de minha vida. A fé me ajudou a lutar até o fim;
Agradeço aos meus pais Waldir e Lúcia que me deram apoio e incentivo nas horas difíceis. Sou
grato também aos meus amigos e colegas de trabalho que de alguma forma me ajudaram e que
não me deixaram ser vencido pelo cansaço. Aos meus avós Ivo (in memoriam), Aurélia (in
memoriam), Sebastião (in memoriam) e Elena por terem me ensinado valores que carrego
comigo em todos os momentos. Agradeço à minha namorada Raissa, que nunca me negou
apoio, carinho e incentivo. Agradeço também ao querido professor Milton, responsável pela
orientação desse trabalho.
3

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a prestação de alimentos na guarda


compartilhada. Ao longo do mesmo, mais precisamente em seu primeiro capítulo, discorrer-
se-á quanto ao Poder Familiar, bem como sua origem e evolução histórica, com suas formas de
extinção e suspensão e a responsabilidade dos pais após o divorcio.
Além disso, durante o segundo capítulo, terá como objetivo a pesquisa do instituto da guarda,
assim como a definição dos tipos de guarda que foram acolhidos pela legislação brasileira, as
vantagens e desvantagens da guarda compartilhada e a aceitação pela doutrina a respeito dessa
espécie de guarda.
Finalmente, chega-se à discussão central, isto é, quanto ao conceito de alimentos, um breve
relato perante o binômio necessidade-possibilidade, prestação de alimentos na guarda
compartilhada e prestação de contas.

Palavras-chave: Poder Familiar, Guarda Compartilhada, Binômio Necessidade-Possibilidade,


Alimentos.
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ABSTRACT

The present work aims to analyze the provision of food in shared custody. Throughout it, more
precisely in its first chapter, we will discuss Family Power as well as its historical origin and
evolution, its forms of extinction and suspension, and the parents' responsibility after divorce.
In addition, during the second chapter, the objective will be to investigate the institute of the
guard, as well as the definition of types of guard that have been accepted by Brazilian
legislation, the advantages and disadvantages of shared custody and the acceptance by the
doctrine of this kind of guard.
Finally, we come to the central discussion, that is, as to the concept of food, a brief account of
the binomial necessity-possibility, provision of food in shared custody and accountability.

Keywords: Family Power, Shared Guard, Necessity-Possibility Binomial, Food.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 06

I - DO PODER FAMILIAR NO BRASIL 07


1.1 Conceito e Evolução do poder familiar 07
1.2 Formas de extinção, perda e suspensão do poder familiar 12
1.3 Responsabilidade dos pais após o divórcio 15

II- DO INSTITUTO DA GUARDA 19


2.1 Conceito e modalidades de guarda 19
2.2 Vantagens e desvantagens da guarda compartilhada 26
2.3 Aceitação pela doutrina e Jurisprudência a respeito da guarda compartilhada 29

III - DOS ALIMENTOS 32


3.1 Conceito e fixação dos alimentos 32
3.2 Binômio possibilidade/necessidade 36
3.3 Prestação de alimentos na guarda compartilhada 38
3.4 Prestação de contas 41

CONCLUSÃO 45

REFERÊNCIAS 47
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INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso, em seu primeiro capítulo tem por propósito
um breve histórico perante o conceito e a evolução do Poder Familiar e suas peculiaridades.
Será discutido quanto a formação da família, incluindo filhos crianças ou adolescentes,
não havendo distinção entre filhos naturais e/ou filhos adotivos, e dissolução do casamento
(formas de extinção e suspensão). Objeto este que consististe em mudanças e variações no dia-
a-dia.
O Poder Familiar não é meramente visto num contexto de relacionar hierarquicamente
os personagens dentro de uma família e, sim, estabelecido por direitos e deveres entre pais e
filhos, marido e esposa, assim sucessivamente.
Deve-se haver reciprocidade entre os interesses de todos estes personagens para que
haja um agradável âmbito familiar. Porém, diante de tantos deveres e obrigações em que nos
encontramos hoje, é comum que haja um grande índice de divórcios e relacionamentos mal
resolvidos entre os ex-cônjuges, que, por consequência, atinge os filhos menores dependentes
daqueles.
Ao que tange o divórcio, é de se imaginar os conflitos internos e os litígios entre os pais
para que seja discutido e decidido com quem será exercido o poder de guarda, questão esta que
será debatida ao segundo capítulo do presente trabalho.
Ademais, debatidas as temáticas do Poder familiar e o Instituto da guarda, em seu
terceiro capitulo, o respectivo estudo tem por finalidade a prestação de alimentos aos menores.
Será abordado o porque e para que deve-se prestar alimentos sob a óptica do direito
brasileiro até quanto deverá ser pago de alimentos àqueles.
Por fim, o que se pretende demonstrar é que somente a prestação de alimentos na guarda
compartilhada não exime o pai (ou a mãe) das visitas ao filho. A ausência de um dos pais não
será compensada com o aporte financeiro.
Estes três temas em conjunto, formam o título do mencionado trabalho e será respondido
com mais clareza em sua conclusão.
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I - DO PODER FAMILIAR NO BRASIL


1.1 Conceito e Evolução do poder familiar

Dispomos que a família sofreu diversas modificações desde a época dos Romanos até
hoje, havendo autoridade do pai de família, mitigado pelos necessidades impostas do evoluir
da humanidade e do Estado, assim entende Jeffeson Daibert (1980, p. 15).
Aos tempos antigos, diante da formação da família no Império Romano, o pátrio poder
era absoluto. Neste sentido, Meira entende que:

O “pater” tinha sobre seus filhos um poder tão grande como o que exercia sobre os
escravos. Mas embora pudesse rejeitar os recém-nascidos e até abandoná-los, já não
podia matá-los, desde a promulgação da Lei de Tábuas. Quanto aos filhos, em geral,
o pater dispunha do direito de vida e morte (jus vitae necisque). Essa medida extrema,
entretanto, não podia ser executada livremente, pois dependia do que ficasse decidido
num conselho de família, composto pelos membros mais idôneos e mais edosos.
Também o pater podia vender os filhos como escravos, além do Tibre ( 1987, p. 138).

Dentre os poderes concedidos pelo direito romano ao pater familiae, destacam-se o de


vender o filho (ius vendendi), devido a dificuldades financeiras ou para compensar prejuízo por
ele ocasionado, abandonar o filho recém-nascido que tivesse alguma deficiência (ius
exponendi) e, inclusive o de decidir pela vida ou morte de seus filhos (jus vitae et necis).
O patrimônio de toda família também ficava concentrado na pessoa do pater, tendo seus
dependentes total subordinação financeira (VERONESE; GOUVÊA; SILVA, 2005, p. 18).
Na antiguidade o pai tinha o poder sobre os filhos, onde a mãe era vista apenas como
colaboradora, sendo submissa ao marido.
A posteriori, os poderes do chefe de família foram delimitados. O pai perdeu a faculdade
sobre decidir sobre a vida do filho, o qual não podia mais decidir sobre vender ou não o seu
filho (GONÇALVES, 2009, p. 373).
Naquela época o pai era visto como o chefe da casa, onde decidia sobre a vida de seus
filhos e inclusive a de sua esposa. Um dos poderes do chefe era a de vender o seu filho, pois
este era visto como sua prioridade.
Além disso, o filho não obtinha bens adquiridos com seu esforço, tudo que era
conquistado com seu trabalho, pertencia ao pai, o qual era atribuído mais direito do que deveres
(VERONESE, 2005, p.16).
Desta forma, como uma espécie de hierarquia, o pai era o topo da pirâmide. Todo e
qualquer ato a ser realizado dentro do âmbito familiar, deveria ser aceitado por este.
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Um dos atos, considerados hoje “estranhos”, era o de venda do próprio filho, pois aquele
não produzia lucros ou rendimentos para a família. Porém, isso foi derrubado com o tempo.
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald conceituam família como sendo uma
estrutura básica social de onde se inicia a modelagem das potencialidades do indivíduo, com o
propósito da convivência em sociedade, na busca da realização pessoal.
Além das atividades de cunho natural, é na família que o ser humano desenvolverá suas
habilidades culturais, afetivas e profissionais dentro de uma ambientação primária,
constituindo-se verdadeiro fenômeno humano em que se funda a sociedade (2008, p.2 ).
Atualmente, a Constituição de Federal de 1988 demonstra um parecer mais atual do
significado de família, à luz da socialidade, numa concepção eu-demonista que, de acordo com
Maria Berenice Dias, tem origem filosófica grega e está assentada na realização da felicidade
(2005, p. 48.).
Antes de aprofundar mais ainda no atual conceito de família, é importante trazer a tona
sobre a primeira e segunda Constituição do Brasil, a qual não previa e nem se quer fazia
referencia quanto a família:

A primeira Constituição do Brasil, outorgada em 1824, pelo Imperador D. Pedro I,


não fez nenhuma referencia à família ou ao casamento. Tratou apenas, em seu
Capítulo III (Arts 105 a 115), da família imperial e seu aspecto de dotação. A segunda
Constituição do Brasil e primeira da República (1891) também não dedicou capítulo
especial à família. Entretanto, seu art. 72, § 4º, dizia: “ A república só reconhece o
casamento civil, cuja celebração será gratuita’’.

Também já se reconhecia a necessidade da participação de ambos os cônjuges na


administração dos assuntos da sociedade conjugal, afastando-se qualquer atitude opressora do
marido, uma vez que, como dito, não se inseria qualquer superioridade.
Conforme art. 240 do CC/1916: "A mulher assume, pelo casamento, com apelidos do
marido, a condição se sua companheira, consorte e auxiliar no encargos da família’’.
Com o decorrer do tempo, a sociedade modificou-se e permitiu assim, o surgimento de
novos conceitos de família.
Desta forma, o poder familiar foi evoluindo para atender a necessidade jurídica das
famílias brasileiras.
Silvio de Salvo Venosa ressalva que na redação originária do Código Civil, cabia ao
marido, como chefe da sociedade conjugal, exercer o pátrio poder sobre os filhos menores e
somente em sua falta ou impedimento a incumbência era deferida à mulher, nos casos em que
ela passava a exercer a chefia da sociedade conjugal (2007, p.288).
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Após longo período de opressão do homem para com a mulher, dentro do aspecto
familiar, fora sancionada uma lei pela qual concedeu o pátrio poder do pai, para a mãe. Assim,
esclarece o autor abaixo.
Porém somente com o advento da Lei n° 4.121/62, conhecida como Estatuto da Mulher
Casada, a situação passou a transmudar, onde foi concedido o pátrio poder ao pai e a mãe.
Para que isso ocorresse a lei estabeleceu uma alteração no artigo 380 do antigo código
civil de 1916, que possibilitava agora a mãe recorrer ao juiz quando discordasse de alguma
decisão do pai (GONÇALVES, 2009, p.374).
Entre o Código Civil de 1916 e a promulgação da Constituição Federal de 1988, era
exercido o “patrio poder” somente pelo pai. Após a promulgação da Carta Magna, mais
precisamente em seu artigo 5º, aconteceu uma necessária mudança da interpretação de todo este
contexto de poder familiar.
Maria Berenice Dias, em seu Manual de Direito de Família, transcreve que o significado
da palavra “poder familiar” adotada pelo Código Civil corresponde ao pátrio poder de
antigamente, termo este usado no direito romano: pater potestas, que tem como significado:
direito ilimitado e absoluto atribuído ao chefe da família sobre sua prole (2015, p. 460.).
Com o decorrer dos anos e com a nova Constituição Federal de 1988, fora
proporcionado um tratamento isonômico ao homem e a mulher em seu art. 5°, I, ocorrendo
assim uma grande modificação com a Constituição de 1988.
Pode se dizer que houve uma revolução no conceito de família, trazendo benefícios a
todos os personagens do cenário familiar.
No mesmo sentido houve alterações no conceito de família. Na visão de Maria Berenice
Dias:

[...] outorgou a ambos os genitores o poder familiar com relação aos filhos. O ECA
acompanhou a evolução das relações familiares, mudou substancialmente o instituto.
Deixou de ter um sentido de dominação para se tornar sinônimo de proteção, com
mais características de deveres e obrigações dos pais para com os filhos do que de
direitos em relação a eles ( 2007, p. 377).

Deste modo, surge o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), com o fundamento


de assegurar aos pais o dever de cuidar da vida dos filhos, sendo agora duas pessoas
responsáveis pela vida da criança e do adolescente.
O ECA (1990) estabelece que o poder familiar seja exercido pelo pai e pela mãe, assim
como dispuser a legislação civil. O Código refere-se apenas à titularidade dos pais, durante o
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casamento ou a união estável, restando silente quanto às demais entidades familiares tuteladas
explícita ou implicitamente pela Constituição.
A norma deve ser entendida como abrangente à todas as entidades familiares, onde
houver quem exerça o múnus, de fato ou de direito, na ausência de tutela regular.
Ainda fixou o art. 21 do Estatuto da Criança e do Adolescente: O pátrio poder deve ser
exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma que dispuser a legislação
civil, assegurando a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade
judiciária competente para a solução de divergência. (BRASIL, ECA, 1990).
O ECA, quando ao cuidar do poder familiar, incumbe aos pais (art. 22) “o dever de
sustento, guarda e educação dos filhos menores” e, sempre nos interesses destes, o dever de
cumprir as determinações judiciais.
Essa regra permanece aplicável, pois aos poderes assegurados pelo novo Código
somam-se os deveres fixados na legislação especial e na própria Constituição.
O dever de guarda não é inerente ao poder familiar, pois pode ser atribuído a outrem
(LUZ, 2009).
Atualmente, o termo patria potestas visa apenas o interesse e ao bem estar do menor,
passando a ser, um pátrio dever, pelo qual os pais têm a obrigação de cuidar da pessoa dos
filhos e de seus bens, ou seja, é exercer um direito de proteção. Não se tem mais a coação do
pai sobre o filho, mas sim, o dever de serventia do pai para amparar o filho.
Este direito, entretanto, é definido como poder familiar, exercido pelo pai e pela mãe,
por delegação do Estado, no interesse da família e deve ser compreendido como uma função
que é constituída de direitos e deveres.
Ao direito do pai corresponde o dever do filho e vice-versa. São direitos e deveres que
se ajustam, formando uma coerência funcional para a satisfação de fins que transcendem a
interesses puramente individualistas (BEDESCHI, 2007).
Os deveres inerentes aos pais, ainda que não explicitados, são os previstos na
Constituição Federal, no ECA e no próprio Código Civil, em artigos dispersos, inclusive no que
diz respeito ao sustento, guarda e educação dos filhos.
De modo mais vasto, além dos referidos, a Constituição Federal impõe os deveres de
assegurarem aos filhos (deveres positivos ou comissivos) a vida, a saúde, a alimentação, o lazer,
a profissionalização, a dignidade, o respeito, a liberdade, a convivência familiar e comunitária,
e de não submetê-los(deveres negativos ou de abstenção) a discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão (LÔBO, 2006).
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A conceituação mais elaborada e atualizada mostra-se pelas palavras de José Antônio


de Paula Santos Neto, que define: Pátrio poder é o complexo de direitos e deveres concernentes
ao pai e à mãe, fundado no direito natural, confirmado pelo direito positivo e direcionado ao
interesse da família e do filho menor não emancipado, que incide sobre a pessoa e patrimônio
deste filho e serve como meio para o manter, proteger e educar (1994, p.55).
O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves retrata poder familiar como sendo “o conjunto
de direitos e deveres atribuídos aos pais, no tocante à pessoa e aos bens dos filhos menores.”
(2015, p. 420).
Assim, no mesmo sentido, Gonçalves traz um conceito bastante interessante quanto ao
Poder Familiar:

Interessa ao Estado, com efeito, assegurar a proteção das gerações novas, que
representam o futuro da sociedade e da nação. Desse modo, poder familiar nada mais
é do que um munus público, imposto pelo Estado aos pais, a fim de que zelem pelo
futuro de seus filhos. Em outras palavras, o poder familiar é instituído no interesse
dos filhos e da família, não em proveito dos genitores, em atenção ao princípio da
paternidade responsável.

No mesmo sentido, é intransmissível, pois não se pode transferir a terceiros a outorga


do poder familiar, uma vez que a condição de pais, sejam eles naturais ou adotivos, é de caráter
personalíssimo. E é imprescritível, pois na se extingue com o desuso.
Por mais que o titular não exerça o direito outorgado pelo poder familiar, ele não perde
o seu direito de exercê-lo a qualquer tempo. Deste modo, ainda que os pais não exerçam o dever
de nomear tutor ao filho, poderão sempre fazê-lo, a qualquer tempo, desde que investidos na
função.
Da mesma forma poderão sempre reclamar o filho de quem ilegalmente o detenha, ou
exercer qualquer função típica, sem qualquer prejuízo por não tê-la exercido antes e
independentemente de qualquer prazo preestabelecido (COMEL, 2003, p.76).
Segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ) “o pátrio poder é irrenunciável ou
indelegável, por ser um conjunto de obrigações, a cargo dos pais, no tocante à pessoa e bens
dos filhos menores.
Em outras palavras, por se tratar de ônus, o pátrio poder não pode ser objeto de
renúncia”(Resp. 158920 – SP – 4º T – J. 23.03.1999 – DJU 24.05.1999 – RT. 768/188).
Desta feita, infere-se que o poder familiar é formado por um misto de poder e dever
imposto pelo Estado a ambos os pais, direcionado ao interesse do filho menor de idade.
(VERONESE; GOUVÊA; SILVA, 2005, p. 21).
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Ademais, conforme previsto na atual Constituição Federal em seu artigo 229, “os pais
têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de
ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.”
A Carta Magna também apresenta em seu art. 227, um direito da criança, sempre
respeitando seus interesses, que dispõe:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao


jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL.
Constituição Federal de 1988. op. cit., p 134).

Porém, a convivência dos pais, entre si, não é requisito para a titularidade do poder
familiar, que apenas se suspende ou se perde, por decisão judicial, nos casos previstos em lei.
Do mesmo modo, a convivência dos pais para com os filhos. Pode ocorrer variação de
grau do poder familiar, principalmente quanto ao que cumpre o dever de guarda, mas isso diz
respeito apenas ao seu exercício e não à titularidade.

1.2 Formas de extinção, perda e suspensão do poder familiar

Conforme visto, o poder familiar é fundado por lei visando o interesse e proteção dos
filhos menores.
Em tese, deve ser exercido ininterruptamente durante todo o processo de criação e
educação dos filhos, até que atinjam a maioridade, não sendo suscetível de renúncia voluntária.
No entanto, não é absoluto, ao passo que está sujeito à fiscalização e controle do Estado.
Por isso, há a possibilidade de suspensão, modificação ou perda do poder familiar, sempre que
for constatado fato ou circunstância incompatível com o exercício das funções parentais por
qualquer dos genitores (COMEL, 2003, p. 262).
O poder familiar deve sempre ser exercido de acordo com o interesse do filho, sendo o
Estado responsável pela defesa do menor, intervindo o Estado quando necessário, aplicando
sanções aos genitores no caso de qualquer descumprimento dos deveres decorrentes do poder
familiar.
Em relação aos efeitos da extinção do poder familiar, utiliza-se a conclusão feita por
Denise do Damo Comel:
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Os efeitos da extinção do poder familiar não são outros que não o término definitivo
da função paterna, o rompimento do liame protetivo que existia entre os pais e o filho.
Ocorrendo por maioridade e emancipação, o filho passa a ser sui juris, absolutamente
independente do poder familiar. Ocorrendo em virtude da morte de ambos os pais, há
que deixar o filho sob uma proteção equivalente, o que se fará nos termos da legislação
especial, que prevê a colocação em família substituta, por qualquer de suas
modalidades, conforme o caso. Na adoção, o filho passa ao poder familiar dos que o
adotaram, regulando-se as relações entre eles pelas regras gerais do poder familiar.
Na decisão judicial que decreta a perda do poder familiar, o filho passará a ficar sob
o poder familiar exclusivo do pai que não foi atingido pela medida. Se houver perda
do poder familiar com relação aos dois, o filho deverá ser colocado em família
substituta, na forma do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente. (2003, p.
309.)

As medidas de natureza administrativa que poderão ser tomadas em virtude do


descumprimento das funções do poder familiar são aplicadas quando a violação do dever é de
menor alcance, não se configurando crime ou ilícito civil, sujeitando-se a pena de multa, nos
termos do artigo 249 do ECA (COMEL, 2003, p. 140).
Quanto a extinção do poder familiar, a mesma poderá decorrer por, pelo menos, cinco
hipóteses objetivas, que estão bem elencadas no artigo abaixo.
O Código Civil de 2002 traz em seu artigo 1.635 hipóteses de extinção do Poder Familiar.

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:


I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

De uma forma mais grave, entende-se que a perda do Poder familiar demonstra a
incapacidade do pai, ou da mãe em exercer os poderes que foram concedidos para o exercício
do mesmo.
Assim, resta demonstrado a preocupação desta modalidade, sendo que os castigos
imoderados decorrem de maus-tratos e de atos contrários à moral e aos bons costumes.
O referido artigo citado abaixo demonstra qual a motivação da perda familiar.
Em seu artigo 1.638 as hipóteses que ocasionam a perda do Poder Familiar:
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

Neste item, serão destacadas as hipóteses de suspensão, extinção e perda do poder


familiar, conforme os artigos 1.635, 1.637 e 1.638 do Código Civil Brasileiro.
14

Destaca Carlos Roberto Gonçalves que:

A perda do poder familiar é permanente, mas não se pode dizer que seja definitiva,
pois os pais podem recupera-lo em procedimento judicial de caráter contencioso,
desde que comprovem a cessação das causas que a determinam. É imperativa, e não
facultativa. Abrange toda a prole, por representar um reconhecimento judicial que o
titular do poder familiar não está capacitado para o seu exercício. (2015, p.418).

Quanto à suspensão, pode-se dizer que consiste numa restrição aplicada judicialmente
sobre quem exercer o poder familiar de forma abusiva e em prejuízo ao filho. É a retirada de
uma parcela da autoridade (COMEL, p. 262, 2003).
A suspensão é uma restrição no exercício das funções dos pais e as causas determinantes
de suspensão do poder familiar estão arroladas genericamente no Código Civil em seu artigo
1637, vejamos:

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do
menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.

Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à


mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a
dois anos de prisão.

Como bem define esse assunto o professor Carlos Roberto Gonçalves:

A suspensão do poder familiar constitui uma sanção aplicada aos pais pelo Juiz, não
tanto com intuito punitivo, mas para proteger o menor. É imposta nas infrações menos
graves, mencionadas no artigo transcrito, e que representam, no geral, infração
genérica aos deveres paternos. Na interpretação do aludido dispositivo deve o juiz ter
sempre presente, como já se disse que a intervenção judicial é feita no interesse do
menor. (2015, p. 416).

Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e Tribunal de Justiça do


Distrito Federal proferiram decisões de destituição do poder familiar em caso de negligência e
abandono de menores:

APELAÇÃO. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. JULGAMENTO DE


PROCEDÊNCIA. ADEQUAÇÃO. Caso de adequada sentença que julgou procedente
o pedido de destituição do poder familiar dos apelantes sobre os filhos, porquanto
ampla e cabalmente demonstrada a situação de abandono e negligência perpetrada
contra os menores. NEGARAM PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70065504367,
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Pedro de Oliveira
Eckert, Julgado em 06/08/2015). (TJ-RS - AC: 70065504367 RS , Relator: José Pedro
de Oliveira Eckert, Data de Julgamento: 06/08/2015, Oitava Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 11/08/2015).
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A suspensão pode ocorrer por duas causas: má conduta do pai ou da mãe ou por fatos
involuntários. A suspensão por decorrência de fatos involuntários opera-se: a) quando o titular
do poder familiar é interditado judicialmente; ou b) no caso de ausência, declarada por sentença
(GOMES, 1992, p. 376-377).
Entende-se, dessa forma, que a suspensão é a cessação temporária do exercício do poder
familiar por determinação judicial com motivo definido em lei. É medida provisória usada
quando houver abuso da função dos pais que cause prejuízo e vai perdurar enquanto necessária
e útil aos interesses do filho (COMEL, 2003, p. 263-264).
Segundo Maria Berenice Dias, a suspensão será decretada quando os pais,
injustificadamente, descumprirem os deveres impostos pela lei.
Nesse sentido, a suspensão do poder familiar representa uma medida menos gravosa e
é facultativa, que pode ser sujeita a revisão.
Existe a possibilidade de ser decretada com referência a um único filho e não toda prole,
bem como, pode ser suspenso parcial ou total (DIAS, 2007, p. 387).
O artigo 24 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que a suspensão é decretada
mediante decisão judicial, em procedimento contraditório, assegurando as partes a ampla
defesa, da seguinte forma:

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em


procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art.
22.

De tal modo, ressalvada a inovação quanto ao dever de cumprimento das determinações


judiciais, que parece afirmar o óbvio, o Estatuto não cria outras causas de suspensão ou de
destituição deste poder/dever. Inova apenas no que pertine às sanções e penalidades
administrativas previstas no artigo 129 da lei especial, entre as quais figura a de advertência,
imposta aos pais pelo descumprimento de seus deveres.
Porém, deve ficar a critério do Juízo se deve ser aplicado ou não a suspensão do poder
familiar, posto não ser obrigatório.

1.3 - Responsabilidade dos pais após o divórcio.

Paulo Luiz Netto Lôbo ressalta que a Constituição Federal de 1988 estabelece
precisamente em seu artigo 227, um composto de deveres cometidos à família, em prol do filho,
enquanto sob a guarda de um destes.
16

Estão alencados o direito à saúde, à vida, à alimentação, à educação, ao lazer, a


profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão (BRASIL, 1988).

O artigo 229 da Constituição Federal, e não menos importante, garante que: “os pais
tem o dever de assistir, criar e educar os filhos menores”.
Nessa continuidade o Código Civil, justamente em seu artigo 1.634, relaciona os direitos
e deveres que incubem os pais em relação aos filhos:

Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais
não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após
essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

Conforme mencionado, entendemos que o rol trazido pelo artigo 1.634 do Código Civil
não é taxativo, ao passo que, atenção carinho, afeto e amor também são considerados deveres
dos pais, no entanto, os mesmos não se encontram elaborados no dispositivo legal.
Vale enfatizar que lar é o ambiente adequado para que os pais eduquem seus filhos, não
havendo a necessidade destes transferirem tal responsabilidade para a escola, visto que a
participação dos professores será apenas uma complementação a essa educação.
A psicologia comprova que a falta de convívio com um dos pais pode trazer às crianças
e adolescentes grandes conseqüências para sua vida adulta, como por exemplo, a insegurança.
Desta maneira salienta Akel que:

[…] a criança, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer


num ambiente familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão, sendo educada
num espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade e solidariedade, com vistas a
prepará-la para viver uma vida individual na sociedade (AKEL, 2010, p. 32).

Os pais precisam ser responsáveis por si mesmos, demonstrar em primeira pessoa que
souberam construir bem a si mesmos para provocar a mudança na criança pelo seu
17

exemplo.“Mudar significa adequar-se às coordenadas do próprio ser para coincidir com a
virtualidade que se tem dentro” (MENEGHETTI, 2011, p. 245).
O Código Civil assegura que o divórcio e a dissolução da união estável não alteram o
vínculo existente entre filhos e pais. Neste sentido, compete ao pai e à mãe o poder familiar,
independente da disposição em que se forma a família. (QUINTAS, 2009, p. 17.)
É de suma importância o que está previsto no Código Civil, mais precisamente em seu
artigo 1.632:

A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações


entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua
companhia os segundos.

Portanto, “o fim do relacionamento dos pais não leva à cisão nem quanto aos direitos
nem quanto aos deveres com relação aos filhos” (DIAS, 2007, p.392).
Maria Helena Diniz acentua que:

O divórcio, apesar de poder alterar as condições do exercício do poder familiar e da


guarda dos filhos, [...] mantém inalterados os direitos e deveres dos pais relativamente
aos filhos, mesmo que contraiam novo casamento, [...] salvo se houver comprovação
de algum prejuízo aos interesses da prole ( 2009, p. 1111).

Atualmente, no Brasil, o número de divórcios tem crescido vertiginosamente. Dados do


IBGE demonstram que no ano de 2010 ocorreram 58.153 separações e 179.860 divórcios em
primeira instância.
Destes, 118.719 foram consensuais e 60.733 litigiosos.[…] As circunstâncias que levam
a uma ou outra modalidade de divórcio são bastante complexas e podem envolver disputas
atuais e motivações que transcendem a várias gerações (FÉRES-CARNEIRO, 2003).
A guarda dos filhos menores ocorrerá no momento em que houver a ruptura do
casamento ou da união estável, sendo o intuito da guarda é de oferecer aos pais o direito de
dividir melhor as responsabilidades na criação da criança ou do adolescente e uma relação de
afeto.
Carlos Roberto Gonçalves apresenta:

Como nenhum tem mais direito do que o outro, pois o poder familiar pertence a
ambos, a tendência é manter o status quo, deixando-se os filhos com quem se
encontram até que, no procedimento da ação de divórcio, o juiz resolva
definitivamente a situação, decidindo em favor do que revelar melhores condições
para exercer a guarda. (2012, p.299).
18

Haja vista que os pais são responsáveis de fornecerem instrução aos filhos menores, até
mesmo o Código Penal em seus artigos 246 e 247 ordena a pena de detenção aqueles pais que
não cumprirem alguns deveres ( BRASIL,1940 ).
Previsto no artigo 247 do CP temos as formas de cometimento do crime de abandono e
m locais que corrompem o menor, ou seja, por companhia de pessoas de má indole, locais mal
frequentados e afamados.
Pode se dizer que é uma forma de abandono moral especial em relação ao art. 246,
artigo em que temos o abandono moral.

Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade
escolar: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.

Art. 247 - Permitir alguém que menor de 18 (dezoito) anos, sujeito a seu poder ou
confiado à sua guarda ou vigilância: I - freqüente casa de jogo ou mal- afamada, ou
conviva com pessoa viciosa ou de má vida; II - freqüente espetáculo capaz de
pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição; IV - mendigue ou sirva a mendigo
para excitar a comiseração pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou
multa.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, já de acordo com o princípio da igualdade entre


homens e mulheres, através Constituição de 1988, traz disposições expressas sobre o “Pátrio
Poder”.
Explica a Lei 8.069/90 que toda criança e todo adolescente tem o direito de se
desenvolver no seio de sua família. Assim:

Art. 19. Toda Criança ou Adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da
sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência
familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecentes.

No tocante do instituto da guarda, tema que será abordado em capitulo posterior,


também deve-se fazer um breve respaldo quanto a sua origem, variedades, vantagens e
desvantagens.
19

II – DO INSTITUTO DA GUARDA:
2.1 - Conceito e modalidades de guarda:

A origem da palavra guarda vem do latin guardare que significa cuidado, proteção e
vigilância.
A questão da guarda dos filhos menores é um tema sensível, considerado pelos
profissionais que lidam com direito de família um dos pontos mais delicados de uma separação
conjugal, sobretudo, quando os cônjuges não souberem separar seus papéis de marido e mulher
para com o papel de pai e mãe. Separa-se o homem e a mulher, mas nunca o pai e a mãe.
A guarda é, ao mesmo tempo, um direito e um dever dos pais; elemento, portanto, do
poder familiar. Tem o objetivo de conservar a prole no convívio familiar, ordenando as relações
e as obrigações aos pais conferidas.
São algumas delas: zelar pela vida e segurança dos filhos, bem como cuidar, proteger
e vigiar estes (MACIEL, 2009, p. 81).
Pode se entender que guarda é um atributo do Poder Familiar, que é direito e dever
exercido por ambos os genitores, de igual forma e condições, não se modificando após a
dissolução do casamento ou união estável.
De fato, para o Juiz, não é fácil decidir com quem deverá ficar a criança. Deve-se
destacar e levar em consideração alguns pontos para decidir com quem o filho melhor se
adequará, assim expressa Lúcia Cristina Guimarães Deccache: “São Muitas regras que devem
ser analisadas e identificadas a fundo, tais como a inserção da Criança no grupo familiar, o
apego, os irmãos, moradia, educação, entre outros aspectos que são de suma importância.’’
Diante disso, é possível perceber que a guarda depende de alguns quesitos para que seja
executada de forma mais criteriosa possível, ou seja, depende de elementos ligados ao poder
familiar
A lei n° 11.698/08 inseriu o art. 1.583, parágrafo 1° do CC/2002, a guarda compartilhada
com a seguinte definição:
Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém
que o substitua (art. 1.584, § 5o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o
mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns”(BRASIL, 2002).

Das inúmeras definições de Guarda no Direito brasileiro, para Maria Helena Diniz,
guarda “é o instituto que visa prestar assistência material, moral e educacional ao menor,
regularizando posse de fato” ( 2002, p. 503).
20

A guarda é um dos elementos da autoridade parental, através do qual uma pessoa,


parente ou não da criança ou do adolescente, assume a responsabilidade de dispensar-lhe todos
os cuidados próprios da idade e necessários a sua criação, considerando, as condições básicas,
materiais de alimentação, moradia, vestuário, saúde, educação, lazer e as condições
complementares nos aspectos culturais e de formação educacional, além da assistência
espiritual, dentro dos princípios morais vigentes (OLIVEIRA, 1999).
A guarda de filhos envolve direitos e deveres que competem indistintamente a ambos
os pais, ora de proteção, ora de companhia dos filhos. Por se tratar de um dos elementos do
poder familiar, a guarda deve ser entendida muito mais como um dever dos pais em relação aos
filhos, do que uma prerrogativa daqueles em relação a estes (LAUX; RONDI, 2003, p.177).
Atualmente, Marcial Barreto Casabona estabelece que a guarda compartilhada pode ser
considerada como “… Conjunto de direitos e obrigações que se estabelece entre um menor e
seu guardião, visando a seu desenvolvimento pessoal e integração social’’ (2006, p. 103).
Em uma ótica mais simples e didática, José Antônio de Paula Santos Neto, afirma:

O conjunto der elações jurídicas que existem entre uma pessoa e o menor, dimanados
do fato de estar este sob o poder ou a companhia daquela, e da responsabilidade
daquela em relação a este, quanto à vigilância, direção e
educação (1994, p. 138).

A linha de raciocínio é o exercício do poder familiar pelos pais de igual forma, porém,
o poder familiar pode ser exercido com exclusividade por um dos genitores se ocorrerem a falta
ou impedimento do outro. Nos casos previstos nos artigos 155 e seguintes do ECA e artigo 92,
inciso II, do Código Penal, o poder familiar pode ser suspenso ou retirado de um genitor ou de
ambos.
Portanto, a guarda é um direito que impõe extensos deveres para com o menor. O
instituto da guarda encontra-se explicitamente previsto nos artigos 1.583 a 1.590 do CC/02 e
implicitamente previsto na CF/88 em seus artigos 227 e 229, que estabelecem as
responsabilidades dos pais para com os filhos e garante ainda o 10 direito de toda criança ter
um guardião para protegê-la, dar assistência material, moral e vigiá-la. (MELGAÇO, 2007).
Assim, está expresso no artigo 227 da Constituição Federal de 1988:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,


com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227 da Constituição
Federal).
21

Bem como o artigo 229, da mesma Carta Magna:

Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

A guarda pode decorrer de decisão judicial (imposição judicial), quando não há


consenso entre os genitores; de acordo entre os pais, sujeito à homologação pelo juiz ou de
situação fática.
Em todos os casos, ao juiz é conferido amplo poder de regulamentação, modificação e
reversão da guarda, nas hipóteses previstas na legislação (poder discricionário). (MELGAÇO,
2007, p. 21).
Após realizada um aprofundamento quanto ao histórico e a definição da guarda no
instituto jurídico brasileiro, destacam-se algumas modalidades de guarda existentes tanto em
nosso ordenamento jurídico como outras modalidades não acolhidas pelo mesmo.

Pode-se dividir o conteúdo a respeito de guarda em quatro modalidades, sejam elas guarda
alternada, aninhamento ou nidação, guarda unilateral e a guarda compartilhada.

Da Guarda Alternada:

Em se tratando da guarda alternada, entende-se que os pais, os quais já não serão


cônjuges, poderão conter a guarda do filho por período determinado de tempo, seja em dias,
semanas, meses ou anos. Assim, os direitos e deveres do menor ficarão sob a responsabilidade
do respectivo guardião daquele lapso temporal.
Esse é o entendimento de Grisard Filho:

Enquanto um dos genitores exerce a guarda no período que lhe foi reservado ao outro
se transfere o direito de visita. Ao cabo do período, independentemente de
manifestação judicial, a criança faz o caminho de volta, do guardião ao visitador para,
no tempo seguinte, inverterem-se os papéis. A guarda alternada, embora descontínua,
não deixa de ser única. (2010, p. 106).

A civilista Débora Brandão esclarece que, a respeito de guarda alternada, vai de


encontro com o pensamento de Waldyr Grisard Filho, ou seja:

Através da guarda alternada os genitores ficarão por período de tempo pré-


estabelecido, geralmente de forma equânime e exclusiva, com a criança ou
adolescente, exercendo a totalidade dos poderes – deveres que integram o poder
familiar (2010, p. 04).
22

Entretanto, esse modelo de guarda não está previsto em nosso ordenamento jurídico e
também não é aceito em outros vários países. Motivo pelo qual existem diversos malefícios
para o menor. As criticas giram em torno de que com este modelo de guarda fica difícil o menor
manter seus valores, padrões de vida, rotina, já que essa transferência constante de domicilio
deixa a criança sem um norte na sua vida.
Complementa Waldyr Grisard Filho as vantagens e desvantagens da guarda de que se
trata:

A vantagem oferecida por este modelo, é permitir aos filhos manter relações estreitas
com os dois pais e evitar que se preocupem com a dissolução da relação com o genitor
que não tem a guarda. As desvantagens desses arranjos são o elevado número de
mudanças, repetidas separações e reaproximações e a menor uniformidade da vida
cotidiana dos filhos, provocando no menor instabilidade emocional e psíquica […].
(2010, p. 107).

Nesse mesmo sentido, os Tribunais de Justiça de Minas Gerais e Santa Catarina


proferiram decisões manifestando-se desfavoravelmente à aplicação da guarda alternada
prevendo-se eventuais prejuízos que poderiam ser causados ao menor:

EMENTA: GUARDA DE MENOR COMPARTILHADA - IMPOSSIBILIDADE -


PAIS RESIDINDO EM CIDADES DISTINTAS - AUSÊNCIA DE DIÁLOGOS E
ENTENDIMENTO ENTRE OS GENITORES SOBRE A EDUCAÇÃO DO FILHO
- GUARDA ALTERNADA - INADMISSÍVEL - PREJUÍZO À FORMAÇÃO DO
MENOR. A guarda compartilhada pressupõe a existência de diálogo e consenso entre
os genitores sobre a educação do menor. Além disso, guarda compartilhada torna-se
utopia quando os pais residem em cidades distintas, pois aludido instituto visa à
participação dos genitores no cotidiano do menor, dividindo direitos e obrigações
oriundas da guarda. O instituto da guarda alternada não é admissível em nosso direito,
porque afronta o princípio basilar do bem-estar do menor, uma vez que compromete
a formação da criança, em virtude da instabilidade de seu cotidiano. Recurso
desprovido." (TJMG - Apelação Cível no 1.0000.00.328063- 3/000 – rel. Des.
LAMBERTO SANT ́ANNA – Data do acordão: 11/09/2003 Data da publicação:
24/10/2003).

AGRAVO DE INSTRUMENTO – FILHO MENOR (5 ANOS DE IDADE) –


REGULAMENTAÇÃO DE VISITA – GUARDA ALTERNADA INDEFERIDA –
INTERESSE DO MENOR DEVE SOBRESSAIR AO DOS PAIS – AGRAVO
DESPROVIDO. Nos casos que envolvem guarda de filho e direito de visita, é
imperioso ater-se sempre ao interesse do menor. A guarda alternada, permanecendo
uma semana com cada um dos pais, não é aconselhável pois as repetidas quebras na
continuidade das relações e ambivalência afetiva, o elevado número de separações e
reaproximações provocam no menor instabilidade emocional e psíquica, prejudicando
seu normal desenvolvimento, por vezes retrocessos irrecuperáveis, a não recomendar
o modelo alternado, uma caricata divisão pela metade em que os pais são obrigados
por lei a dividir pela metade o tempo passado com os filhos (Agravo de Instrumento
no 00.000236-4, Tribunal de Justiça de SC, Relator: Alcides Aguiar, Julgado em
26.06.2000).
23

Quanto ao Aninhamento ou nidação:


Distingue-se que essa modalidade de guarda não é muito comum, ao passo que os
genitores que estão passiveis de mudanças constantes de casa, ou seja, a criança vive em
períodos rotativos.
Assim entende Simone Roberta Fontes, “No aninhamento ou nidação os filhos passam
a residir em uma só casa; no entanto, os pais caso quem a ela mudam-se seguindo um ritmo
periódico. […] por ser pouco prática, bastante exótica, e levar a prejuízos […] é muito pouco
defendida” (2009, p. 47).
No mesmo raciocínio ressalta-se que “(…) é forma raríssima e inusitada de guarda. (…)
trata-se de um meio quase surrealista e utópico, que jamais atingiria os interesses da prole.”
(OLIVEIRA, 2008, p. 57 ).
Enfim, neste tipo de guarda, mesmo não sendo os filhos que mudam de casa, os mesmos
podem ter sua personalidade afetada, trazendo problemas em sua vida adulta bem como ainda
em sua infância e adolescência.
Da Guarda Unilateral:
A definição da guarda unilateral está expressa no artigo 1583, §1º, do Código Civil e
dispõe o seguinte:

Art. 1583, §1o: Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores
ou a alguém que o substitua (art. 1.584, §5º) e, por guarda compartilhada a
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não
vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.”

O § 2º do artigo 1583 dispõe os casos de aplicação da guarda unilateral:

§ 2º: A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para
exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:

I - Afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar;

II - Saúde e segurança;

III - Educação.

Após o término da sociedade conjugal, destacam-se duas categorias de genitor: o genitor


guardião e o genitor não guardião.
24

O genitor guardião possui a guarda do menor, ou seja, possui maior atribuição dos
direitos e deveres que ambos os genitores possuíam durante o casamento/união.
Em contrapartida, o genitor não guardião passa apenas a ter direitos de fiscalização e
visitação.
Desta forma, “Fica afastada, assim, qualquer interpretação no sentido de que teria
melhor condição o genitor com mais recursos financeiros”.
A escolha do genitor guardião levará em conta aquele que possui melhor aptidão para
manter as relações familiares do menor em atendimento à saúde, segurança e educação.
(GONÇALVES, 2015, p. 293. ).
Este tipo de guarda poderá ser requerida por ambos os pais, tanto no processo de
separação, como por determinação do juiz, o qual observará as necessidades do menor e
analisará com qual dos genitores a criança será mais bem atendida.
Contudo, independentemente disto, sempre será observado o tempo em que a criança
deverá estar na presença do pai e na presença da mãe.
A respeito desta modalidade de guarda, entende Silvio de Salva Venosa:

Não é porque um dos pais não tem a guarda do filho que deve deixar de exercer a
orientação e fiscalização que são próprias do poder familiar. Deve participar de sua
educação e de questões que envolvem afeto, apoio e carinho. Nas decisões que dizem
respeito a essas visitas, o juiz deve fixar períodos mais ou menos longos que propiciem
contato com o outro genitor, sem prejuízo de sua atividade escolar, o caso concreto
deve dar a solução, inclusive no tocante às férias escolares. ( 2004, p. 80.)

Segundo Flávio Tartuce:

A expressão melhores condições constante da redação originária do art. 1.584 do


CC/2002, sempre foi como uma cláusula geral. E para preenchê-la a doutrina nacional
reiteradamente propunha o atendimento do maior interesse da criança e do
adolescente. Nesse contexto, Maria Helena Diniz, com base na doutrina francesa,
sempre apontou a existência de três critérios, três referenciais de continuidade, que
poderiam auxiliar o juiz na determinação da guarda, caso não fosse possível um
acordo entre os cônjuges. O primeiro deles seria o continuum de afetividade, pois o
filho deve ficar com quem se sente melhor, sendo interessante ouvi-lo, sempre que
isso for possível. O segundo é o continuum social, pois a criança ou adolescente deve
permanecer onde se sente melhor, levando-se em conta o ambiente social, as pessoas
que o cercam. Por fim, cabe destacar o continuum espacial, eis que deve ser
preservado o espaço do filho, o "envoltório espacial de sua segurança", conforme
ensina a professora Titular da PUC/SP. Justamente por esses três critérios é que,
geralmente, quem já exercia a guarda unilateral sempre teve maiores chances de
mantê-la. Até então a guarda unilateral com regulamentação de visitas era a única
opção prevista expressamente em lei. (2015)

Da guarda compartilhada:
25

Tem se aqui um modelo de guarda bastante utilizado, que é o modelo a ser pautado no
presente trabalho de conclusão de curso, pelo qual os pais poderão participar vivamente na vida
de seus filhos. Seu objetivo é manter o poder familiar ativo e que todas as decisões importantes
a serem tomadas durante o período de guarda serão observadas pelos pais.
Estabelece que os alimentos devem ser considerados pelo binômio necessidade-
possibilidade, para que sejam fixados visando as necessidades do alimentando e as
possibilidades do alimentante. Cabe ao juiz verificar a necessidade do alimentando, se o valor
determinado é coerente e o grau de razoabilidade.
Assim entende Maria Manoela Rocha de Albuquerque Quintas:

É a modalidade de guarda em que os pais participam ativamente da vida dos filhos, ja


que ambos detêm a guarda legal dos mesmos. Todas as decisões importantes são
tomadas em conjunto, o controle é exercido conjuntamente. É uma forma de manter
intacto o exercício do poder familiar após a ruptura do casal, dando continuidade à
relação de afeto edificada entre pais e filhos e evitando disputas que poderiam afetar
o pleno desenvolvimento da criança. (2010, p. 28).

Carbonera (2000, p. 150) explica a função da guarda compartilhada:

Seu conteúdo transcende a questão de localização espacial do filho pois onde ele irá
ficar é apenas um dos aspectos. A guarda compartilhada implica em outros igualmente
relevantes. São os cuidados diretos com os filhos, o acompanhamento escolar, o
crescimento, a formação da personalidade, bem como a responsabilidade conjunta.

No Brasil, a guarda compartilhada está prevista no artigo 1.584 do Código Civil e foi
inserida pela Lei no 11.698/08 no ordenamento jurídico brasileiro, sendo alterada
posteriormente pela lei 13.058/14.
Com o advento da lei no 13.058/2014 a guarda compartilhada passou a ser regra nos
casos em que os genitores se apresentarem aptos para tanto.
Segundo a lei 11.698/2008, a guarda dos menores, diante do término da sociedade
conjugal, poderia ser unilateral ou compartilhada, sendo que a guarda compartilhada é definida
como sendo aquela que estabelece “a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e
deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos
filhos comuns.”
A lei nº11.698/08 inseriu no art. 1.584 , §1º do Código Civil de 2002, a Guarda
Compartilhada com a seguinte definição:
26

Art. 1.584. A Guarda será unilateral ou compartilhada. §1º. COmpreende-se […] por
guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres
pai e da mãe que não vivem sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos
filhos.

Neste sentido, explica Waldyr Grisard Filho:

O melhor interesse dos filhos e a igualdade dos gêneros levaram os tribunais a propor
acordos de guarda conjunta, como uma resposta eficaz à continuidade das relações da
criança como os dois genitores na família pós-ruptura, semelhantemente a uma família
intacta (2010 p. 130. ).

Vale mencionar a consideração feita por Anna Luiza Ferreira quanto à diferenciação da
guarda compartilhada e da guarda alternada:

É importante destacar, que a guarda compartilhada não se confunde com a guarda


alternada, que é considerada prejudicial aos filhos. É o que ocorre quando o filho passa
metade do tempo com um e a outra metade com outro, por exemplo 15 dias com o pai
e 15 dias com a mãe. Na guarda compartilhada o que deve prevalecer é o bom senso
e a compreensão inclusive no ajuste do período da convivência. Quando os filhos são
muito pequenos, com necessidade de ter um referencial em um dos lares e sem
independência para se locomover e fazer suas próprias escolhas, o período de
convivência e fundamental para viabilizar a rotina e sobretudo evitar desordem e
conflitos. Apenas uma ressalva, o período de convivência acordo da na guarda
compartilhada não se confunde com asa regras rígidas de contato”regime de
visitação”, inerentes da guarda unilateral (2017).

Maria Berenice Dias, relata que a definição da guarda compartilhada busca garantir não
somente aos pais a efetiva participação na vida dos filhos de forma igualitária, mas também
garante ao menor o convívio com os pais, como propósito: “Manter os laços de afetividade,
minorando os efeitos que a separação sempre acarreta nos filhos conferido aos pais o exercício
da função parental de forma igualitária” (2015, p. 525).
Por fim, este tipo de guarda é desejada em prejuízo da unilateral, buscando sempre
efetivar o melhor interesse do menor, reforçando e mantendo os laços que a criança possui com
os genitores, abreviando, desta forma, os efeitos negativos que a ruptura conjugal acarreta na
vida da criança envolvida.

2.2 - Vantagens e desvantagens da guarda compartilhada:

Sob uma analise da guarda compartilhada é possível perceber que a aplicação desse
modelo de guarda tem pontos positivos e negativos.
Desta forma, é nítido que a guarda compartilhada é mais vantajosa tanto para a criança
quanto para os pais, mas deverá ser aplicada de acordo com o caso concreto.
27

Segundo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, a guarda compartilhada é a


que melhor se adapta no sentido de considerar as melhores condições para o ideal
desenvolvimento dos filhos, através da conjunta responsabilidade dos pais (2016, p. 605).
É importante destacar o pensamento de Welter:

(...) a lei da guarda compartilhada previne as manipulações, as tentativas de alienação


parental, as falsas denúncias e toda perversão, que, com a nova lei, serão mais
facilmente detectáveis; (...) os filhos não precisam apenas da companhia de um dos
pais, e sim de ambos para seu perfeito desenvolvimento e equilíbrio psicossocial; (...)
a guarda compartilhada fomenta os vínculos de afeto com ambos os pais, condição
necessária para uma formação saudável dos filhos; (...) o direito à convivência em
família é também um direito à integridade psíquica; (...) a guarda compartilhada é
muito mais compreensiva, mais democrática (...); (...) mesmo quando não há
consenso, é possível a fixação da guarda compartilhada, porque os filhos têm o direito
de conhecer e de compreender a infinita e ineliminável alteridade humana; (...) a
diminuição do tempo de convivência entre pais e filhos faz reascender a competição
(...) é preciso uma mudança de paradigma, para que a lei da guarda compartilhada seja
compreendida pela principiologia constitucional, principalmente da convivência
democrática (...). ( 2009, p. 63.)

A respeito disso esclarece Grisard Filho (2010, p. 209-210):

A guarda compartilhada fez um corte epistemológico nos sistemas então vigentes-


guarda única, guarda alternada, guarda dividida, para privilegiar a continuidade com
seus dois genitores após o divórcio, responsabilizando a ambos nos cuidados
cotidianos relativos à educação e a criação do menor. Aqueles modelos não atendem
a essas expectativas e exigências. Na mão inversa, assegura aos filhos o direito a ter
dois pais, de forma contínua em suas vidas, sem alteração: fica mantida a ligação
emocional com seus dois genitores.

Verifica-se que com na guarda compartilhada existe a possibilidade de os filhos de pais


separados serem cuidados por ambos os genitores, incluindo a preservação dos direitos e das
obrigações para com os filhos, diminuindo os sentimentos ruins trazidos com separação do
casal.
Para que todo o tempo seja distribuído de igual para igual entre os pais, deve-se analisar
como é a rotina do filho, suas obrigações, atividades e tempos de lazer.
Deve-se sempre priorizar o melhor interesse dos filhos, havendo assim um equilíbrio
afetivo dos pais para com os filhos.
Neste sentido e como ponto positivo, é o julgado do Superior Tribunal de Justiça:

Ementa: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO


CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA COMPARTILHADA.
CONSENSO. NECESSIDADE. ALTERNÂNCIA DE RESIDÊNCIA DO MENOR.
POSSIBILIDADE. 1. A guarda compartilhada busca a plena proteção do melhor
interesse dos filhos, pois reflete, com muito mais acuidade, a realidade da organização
social atual que caminha para o fim das rígidas divisões de papéis sociais definidas
28

pelo gênero dos pais. 2. A guarda compartilhada é o ideal a ser buscado no exercício
do Poder Familiar entre pais separados, mesmo que demandem deles reestruturações,
concessões e adequações diversas, para que seus filhos possam usufruir, durante sua
formação, do ideal psicológico de duplo referencial. 3. Apesar de a separação ou do
divórcio usualmente coincidirem com o ápice do distanciamento do antigo casal e
com a maior evidenciação das diferenças existentes, o melhor interesse do menor,
ainda assim, dita a aplicação da guarda compartilhada como regra, mesmo na hipótese
de ausência de consenso. 4. A inviabilidade da guarda compartilhada, por ausência de
consenso, faria prevalecer o exercício de uma potestade inexistente por um dos pais.
E diz-se inexistente, porque contrária ao escopo do Poder Familiar que existe para a
proteção da prole. 5. A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o
período de convivência da criança sob guarda compartilhada, quando não houver
consenso, é medida extrema, porém necessária à implementação dessa nova visão,
para que não se faça do texto legal, letra morta. 6. A guarda compartilhada deve ser
tida como regra, e a custódia física conjunta - sempre que possível - como sua efetiva
expressão. 7. Recurso especial provido.

Estudos afirmam que o desenvolvimento psicológico e emocional das crianças que


vivenciam a guarda compartilhada é de grau mais elevado do que o daquelas que ficam a maior
parte do tempo com um só dos genitores, tornando-se crianças mais calmas e tranqüilas.
Simone Roberta Fontes afirma que “As mães que compartilham da guarda são mais
satisfeitas de um modo geral, haja vista poderem melhor conciliar a vida profissional com a
maternal sem prejuízo dos filhos” (2009, p. 85).
Os filhos desejam que seus genitores se entendam, até porque irão se espelhar neles
durante sua vida.
A guarda compartilhada afasta a idéia de disputa, chantagem, presentes para agradar o
filho, enfim, tudo que possa gerar discussões, brigas entre os pais (SILVA, 2008, p. 103).
Em síntese, para maioria dos doutrinadores, a principal vantagem da fixação da guarda
compartilhada é que este tipo de guarda é o que mais se assemelha com a “família” de modo
geral, que existia enquanto os pais ainda conviviam juntos.
Quanto aos pontos negativos, se os pais estão em constante conflito, não cooperativos,
deverá prevalecer o interesse do menor, pois a aplicação da guarda compartilhada será muito
prejudicial para a criança.
Quintas menciona da seguinte maneira:

a) Novas núpcias dos pais. (...) as novas núpcias por si só não alteram o arranjo de
guarda. Contudo, um novo casamento poderá afetar as decisões tomadas em conjunto.
(...) em certos casos não há como manter o padrasto ou madrasta afastados da decisão,
pois dão suporte aos pais e de maneira informal participam delas, (...) b) Mudanças
de pontos de vista dos pais. (...) mudança de religião, crenças sobre o que seria melhor
para a criança podem causar alguns problemas (...) Nesses casos, devem recorrer a
justiça, (...) c) Mudança de residência dos pais. (...) Nesse caso, a distância só deverá
afetar a guarda compartilhada no tocante à alternância de residências. (QUINTAS,
2009, p. 74-76.).
29

Atualmente existe o mito de que a mãe cuida dos filhos em razão do pai não querer
assumir responsabilidades.
Porém, persistem contrapontos. Existem muitos pais (homens) que batalham pela
guarda compartilhada dos seus filhos não por entender mais benéfico ao menor, mas com o
intuito de atingir sua ex-companheira. Desse modo, a guarda compartilhada não atenderia ao
interesse dos filhos (QUINTAS, 2009, p. 94-95. ).
Vale ressaltar, então, que “(...) a guarda compartilhada não vingaria num relacionamento
hostil entre os pais, em que domina o rancor, a mágoa e a desavença, características comuns
entre pais que se separam de forma litigiosa”. (FUJITA, 2009, p. 203 ).
A respeito disso existe uma conclusão fixada na jurisprudência, conforme é a do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

DIREITO DE VISITA. PEDIDO DE AMPLIAÇÃO DA REGULAMENTAÇÃO. Se


a criança está ainda em tenra idade e desde o nascimento encontra-se sob os cuidados
do casal guardião, que lhe tem devotado o afeto e as atenções próprias de pais, e se a
regulamentação de visitas em favor do pai biológico já estava regulamentada e agora
foi ampliada pelo julgador, proporcionando uma maior aproximação entre pai e filho,
descabe ampliar ainda mais a visitação, de forma a aproximá-la de uma guarda
compartilhada, pois isso implicaria alteração profunda na rotina de vida da criança,
modificando seus referenciais, sendo recomendável sempre a máxima cautela para
evitar mais traumas ao infante. Recurso desprovido. (SEGREDO DE JUSTICA)
(TJRS, AGI Nº 70006449912, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves,
Sétima Câmara Cível, Julgado em 20/08/2003, DJ).

Todavia, quando os pais não possuem o discernimento de deixar suas avenças da vida
conjugal de lado e pensar no que é melhor para os filhos, provavelmente esse tipo da guarda
trará somente mais hostilidade entre eles e gerará mais ações judiciais do que uma simples Ação
de Guarda.

2.3 - Aceitação pela Doutrina e Jurisprudência a respeito da guarda compartilhada:

Com o advento da lei no 13.058/2014 a guarda compartilhada passou a ser regra nos
casos em que os genitores se apresentarem aptos para tanto.
Esse modelo de guarda busca atender os interesses dos genitores e das crianças
envolvidas, garantindo direito constitucional, no qual homens e mulheres se encontram em
posição de igualdade, além de priorizar o melhor interesse da criança e do adolescente, nos
casos de pós-ruptura conjugal.
30

A guarda compartilhada é, atualmente, o melhor modelo de guarda. Essa modalidade


deve ser imposta aos genitores que não conseguem chegar a comum acordo. Porém para ser
implantada é preciso haver o mínimo de respeito e diálogo entre os pais, mas não que isso seja
uma regra.
No entanto, é crescente o número de pais que reconhece seu papel e sua relevância na
vida dos filhos. Também a mulher passa a entender que dividir as tarefas domésticas e de
educação das crianças não faz dela menos capaz ou pior mãe, de forma que caminha-se para
uma sociedade menos preconceituosa no que diz respeito a esses modelos arcaicos de pai e de
mãe, que não mais se viabilizam no mundo atual.
O pai de amanhã será simplesmente um homem a quem serão devolvidas, face ao
bebê e à criança, as reações complexas e ambivalentes até aqui reservadas apenas à
mãe. Não achamos que ele será um pai mãe, como dizem alguns. Pensamos que ele
será um homem-pai (1986, p. 240).

Nesse mesmo sentido têm-se manifestado a jurisprudência quando da análise da


aplicação da guarda compartilhada em casos concretos:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVERSÃO DE GUARDA. DECISÃO QUE FIXOU
A GUARDA COMPARTILHADA. ELEMENTOS NOS AUTOS QUE APONTAM
PARA A VIABILIDADE DE GUARDA COMPARTILHADA, A QUAL VEM
SENDO VIVENCIADA PELA CRIANÇA, ANTE COMPOSIÇÃO AMIGÁVEL
DE SEUS GENITORES. DECISÃO QUE DEVE BASEAR-SE NO PRINCÍPIO DO
MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. OBSERVÂNCIA AO PARÁGRAFO 2o
DO ARTIGO 1.584 DO CÓDIGO CIVIL. DECISÃO MANTIDA. 1. A guarda
compartilhada no caso em apreço mostra-se a mais condizente a preservar o melhor
interesse da criança, mantendo-se os laços paternos e maternos com estreiteza.
Ademais, de acordo com a recente alteração operada pela Lei no 13.058/2014, a
guarda compartilhada é regra em todos os casos se ambos os pais se revelarem aptos
a seu exercício. 2. As questões emotivas que revolvem os genitores em fase
comumente tormentosa com o rompimento conjugal devem ser apartadas, e, não
havendo qualquer fato desabonador da conduta daqueles, a guarda compartilhada
revela-se medida mais condizente a preservar os interesses das crianças. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO(TJPR - 12a C.Cível - AI - 1292007-9 - Paranavaí -
Rel.: Ivanise Maria Tratz Martins - Unânime - - J. 23.09.2015).

No que tange à determinação judicial da guarda compartilhada quando ambos os pais


possuem condições de ter o menor em sua companhia, tem-se o seguinte julgado do Tribunal
de Justiça de Santa Catarina:

Ação de guarda c/c alimentos e regulamentação do direito de visitas. Sentença que


deferiu a guarda unilateral à mãe. Recurso que objetiva apenas a guarda compartilhada
da menor. Pais que apresentam iguais condições para deter a guarda da infante.
Guarda unilateral desaconselhada. Princípio da preponderância dos interesses do
menor. Recurso conhecido e provido. 1. Para definição da guarda, deve-se atender
precipuamente aos interesses e às necessidades da criança, de ordem afetiva, social,
cultural e econômica. 2. Observando-se que tanto as provas dos autos quanto o estudo
31

social realizado indicam que ambos os genitores possuem condições idênticas para
exercer a guarda do infante, recomendável é a aplicação da guarda compartilhada. 3.
Assim, diante do conjunto de evidências, deve ser estabelecida a guarda
compartilhada da menor em favor dos genitores, tendo-se como irrefutável que ambos
têm interesse e condições de bem desempenhar esse elevado mister intrínseco ao
poder familiar. 4. A guarda unilateral ou exclusiva é medida a ser tomada apenas em
situações excepcionais, em sintonia direta com os interesses do menor, situação em
concreto não vislumbrada na hipótese em exame. (TJSC, AC 2013.022737-6, 6aC.
Dir. Cív., rel. Des. Joel Figueira Júnior, j. 04/02/2014).

Diante dos julgados acima, pode-se concluir, então, que sempre deve ser observado e
preservado o melhor interesse da criança, bem como as questões emotivas, mantendo laços
paternos e maternos com rigor.
O tipo de guarda a ser adotado deverá levar em conta para com o melhor bem-estar do
menor. A guarda compartilhada tem se demonstrado como a mais eficaz e menos prejudicial
para o filho e os respectivos genitores.
32

III - DOS ALIMENTOS:

3.1 - Conceito e fixação dos alimentos.

Durante a “era do Pátrio Poder” o significado de “alimentos” englobava tudo aquilo que
fosse necessário para a manutenção da vida. Atualmente, o significado da palavra abrange
sentidos como vestuário, tratamento médico, habitação, educação, etc.
O sujeito ativo da obrigação alimentar é denominado como alimentando ou credor, ou
seja, aquela pessoa a qual deve-se prestar alimentos. Já o sujeito passivo, é denominado como
alimentante, assim, aquele que fornece alimento.
A definição de alimentos, no mundo jurídico, tem um leque muito grande de
entendimento, então pode-se afirmar que significa aquilo que é essencial, que nutre o ser
humano e sem ele não vive; que têm importância vital à sobrevivência e que é imprescindível
à vida. Percebe-se que não se refere apenas ao gênero alimentício, mas para o que é necessário
à vida. Vários autores formularam conceitos sobre o tema e todos eles sinalizam para a mesma
definição, uns completando os outros.
FACHIN, ilustra:

O termo “Alimentos”, numa aproximação etimológica, derivaria de alimentam (verbo


alere), significando, numa acepção possível, nutrir, não se esgotando no sentindo
fisico quando tomado na acepção jurídica. No ordenamento jurídico, compreendem
universo de prestações de cunho assistencial que, evidentemente, tem conteúdo mais
elástico no plano do direito que na percepção coloquial (l999, p.268.).

O renomado Rodrigues (1993, p.380) esclarece:

Alimentos, em Direito, denomina-se a prestação fornecida a uma pessoa, em dinheiro


ou em espécie, para que possa atender às necessidades da vida. A palavra tem
conotação muito mais ampla do que na linguagem vulgar, em que significa o
necessário para o sustento. Aqui se trata não só do sustento, como também do
vestuário, habitação, assistência médica em caso de doença, enfim de todo o
necessário para atender às necessidades da vida; e, em se tratando de criança, abrange
o que for preciso para sua instrução.

O Mestre Pontes de Miranda define alimentos conforme a melhor acepção técnica, e


consequentemente, podada de conotações vulgares, possui o sentido amplo de compreender
tudo quanto for imprescindível ao sustento, à habitação, ao vestuário, ao tratamento de
enfermidades e às despesas de criação e educação. (PONTES DE MIRANDA, 1974, p. 207).
33

Gonçalves (2015) descreve que o termo “alimentos” não significa apenas o necessário
para a sobrevivência, mas, também, o mínimo para a manutenção da condição social e moral
do alimentando. Deste modo, a prestação alimentar é baseado na solidariedade humana e
econômica que deve existir entre membros de uma família.
O Estado tem pleno interesse quando se trata de ação de alimentos, em virtude do não
cumprimento da obrigação legal poder acarretar aumento no número de pessoas carentes e
desprovidas do mínimo necessário para sua sobrevivência (GONÇALVES, 2015).
O Caput do artigo 1.694 do Código Civil estabelece o dever de prestar alimentos de
acordo com o grau de afinidade, em função de casamento ou união estável:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Em relação à obrigação alimentar, o artigo 1.695 do Código Civil Brasileiro prevê:

São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem
pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento”. Acrescenta o artigo
1.694, § 1o “Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

Com o entendimento de ORLANDO GOMES, “alimentos são prestações das


necessidades vitais de quem não pode provê-las por si”, podendo abranger não só o necessário
à vida, como “a alimentação, a cura, o vestuário e a habitação”, mas também “outras
necessidades, compreendidas as intelectuais e morais, variando conforme a posição social da
pessoa necessitada”. (2000. p.427).
De acordo com Plácido e Silva (2002, p. 135) o sentido jurídico do termo Alimentos
abrange:

Pensões, ordenados ou quaisquer quantias concedidas ou dadas, a titulo de provisão,


assistência ou manutenção, a uma pessoa por outra que, por força de lei, é obrigada a
prover as suas necessidades alimentícias de habitação. Em regra, os alimentos são
prestados por uma soma de dinheiro; mas, excepcionalmente, podem ser prestados "in
natura”, isto é, no próprio fornecimento dos gêneros alimentícios e de outras utilidades
indisponíveis ao alimentado. A prestação alimentícia alcança não somente a
subsistência material do alimentado, como lhe cabe ser educado e instituído, quando
menor, e vestido pelo alimentado.

O artigo 1.696 do Código Civil, pelo princípio da reciprocidade dispõe que o direito à
prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos e aplicável à todos os ascendentes,
incidindo a obrigação aos mais próximos em grau, uns em falta de outros. Isto é, a reciprocidade
34

da obrigação alimentar ocorre tanto entre os ascendentes como entre os de ascendentes. Nesse
sentido, Rolf Madaleno, compreende que a reciprocidade está atrelada ao fato de que um
potencial credor poderá ser no futuro um potencial devedor de alimentos, isto é:

[...] a fórmula para compreensão da reciprocidade está em ter presente que um


potencial credor poderá ser no futuro um potencial devedor de alimentos, dado que a
necessidade pode surgir para qualquer um deles e que só existe nos alimentos do
Direito de Família, derivado dos vínculos de parentesco ou de conjugalidade e
afetividade, à causa do dever de solidariedade, podendo desaparecer esta
reciprocidade, em relação a um dos participes, quando, por exemplo, o credor tiver
comportamento indigno em relação ao devedor (2015, p.944).

A obrigação alimentar é composta por 3 integrantes: o alimentante, aquela pessoa que


presta ou está obrigado a prestar alimentos, o alimentado, que é o que recebe ou tem direito de
receber alimentos, e por fim, o Estado, que atua como guardião da eficácia da relação jurídica.
Desta forma, são pressupostos para pleitear alimentos: a necessidade de
companheirismo, vínculo de parentesco ou conjugal entre alimentado e alimentante; a
necessidade do alimentado; a capacidade econômica do alimentante; e a proporcionalidade,
entre as necessidades do alimentário e os recursos econômicos-financeiros do alimentante.
O civilista Eduardo de Oliveira Leite menciona que o “credor de alimentos , é a pessoa
que se acha impossibilitada de, por si mesma, atender suas necessidades para sobreviver e
devedor, é quem tem condições de pagar os alimentos reclamados, sem comprometimento de
sua própria sobrevivência” ( 2004, p.382).
Então, mesmo que a pessoa possua trabalho, e este não é suficiente para sua subsistência
terá o necessitado o direito de pleitear alimentos. Assim como deve o necessitado sempre estar
procurando novos rendimentos para não sobrecarregar o alimentando.
O obrigado a prestar alimentos não precisa se endividar e muito menos desfazer-se de
bens. Por este motivo, o magistrado deverá considerar os rendimentos do devedor, e não os
bens que possui.
SÍLVIO RODRIGUES menciona que “se enormes são as necessidades do alimentário,
mas escassos os recursos do alimentante, reduzida será a pensão; por outro lado, se se trata de
pessoa de amplos recursos, maior será a contribuição alimentícia” ( 2004, p.382).
De acordo com o entendimento de Youssef Said Cahali, a característica fundamental do
direito alimentar é a pessoalidade, ou seja, é de direito personalíssimo, complementando:
“Visando preservar a vida do indivíduo, considera-se direito pessoal no sentido de que a sua
titularidade não passa a outrem, seja por negócio jurídico, ou por fato jurídico” (2003, p.49/50).
35

Os alimentos podem ser definitivos, provisórios, provisionais ou transitórios. Os


primeiros são fixados permanentemente e constam da sentença do juiz. Os alimentos
provisórios, segundo Farias & Rosenvald (2016) possuem natureza antecipatória e são
concedidos de forma liminar ou initio litis.
Assim esclarecem os doutrinadores acima (p. 770):

A admissibilidade dos alimentos transitórios impede a violação da confiança exigida


entre as partes da relação obrigacional, obstando que o alimentando se mantenha
indefinidamente precisando dos alimentos. Trata-se, indubitavelmente, de
concretização da boa-fé objetiva exigida entre as partes. Porém, é de todo relevante
destacar que os alimentos somente devem ser fixados transitoriamente (por tempo
determinado) nos casos em que o alimentério precise de um tempo para tomar as
providências necessárias para a sua independência financeira, emancipando-se do
provisionamento do alimentante.

De acordo com a Jurisprudência, encontra-se já pacificado a respeito da obrigatoriedade


ao cumprimento do binômio necessidade-possibilidade:

APELAÇÃO CIVEL – INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE CUMULADA COM


ALIMENTOS – FIXAÇÃO DA VERBA ALIMENTAR – OBSERVÂNCIA DO
BINÔMIO LEGAL (NECESSIDADE E POSSIBILIDADE) – SINAIS EXTERNOS
DE RIQUEZA – QUANTUM ADEQUADO – MARCO A QUO DO ENCARGO –
CITAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA – RECURSO
DESPROVIDO.
I - No arbitramento da pensão alimentícia, mister sopesar a NECESSIDADE do
alimentado e as possibilidades do alimentante, devendo ser mantido o montante fixado
pelo magistrado singular, na hipótese de o conjunto probatório acostado ao caderno
processual demonstrar a POSSIBILIDADE do devedor em suporta-lo (Desa. Salete
Silva Sommariva).
II - Os sinais externos de riqueza devem ser considerados na fixação do quantum
alimentar, mormente quando os comprovantes de renda apresentados pelo alimentante
são sensivelmente incompatíveis com o seu patrimônio e padrão de vida.
III - Conforme entendimento iterativo dos Tribunais Superiores e desta Corte, os
ALIMENTOS fixados nas ações de investigação de paternidade retroagem à data da
citação, ex vi do art. 13, §2°, da Lei n. 5.478/68.
IV - O valor dos ALIMENTOS pleiteado na peça pelo demandante, a exemplo do
quantum pedido nas ações que buscam o ressarcimento pelos danos morais sofridos,
servem tão-somente como parâmetro para magistrado, que detém a faculdade de fixá-
lo considerando as peculiaridades do caso concreto.

Todavia, entretanto, os alimentos serão fixados por meio de uma decisão judicial, a qual
poderá ser de natureza definitiva ou liminar. O juiz deve sempre observar três requisitos: a
razoabilidade do pedido, a necessidade do alimentando e a capacidade ou condição do
alimentante.
Para tanto, é valido destacar o aduzido binômiom acima dito, visto que o mesmo norteia
quanto ao pagamento de alimentos.
36

3.2 - Binômio possibilidade/necessidade

Para que o magistrado possa fixar os alimentos é necessário uma analise ao binômio
necessidade do alimentado e possibilidade do alimentante.
Em caso de fixar alimentos para criança menor, a jurisprudência entende que as
necessidades são presumidas. Fixada a verba alimentar, esta passa a ser devida enquanto
perdurarem as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante.
Ademais, esta obrigação poderá ser corrigida de acordo com as alterada de acordo com
as necessidades ou das possibilidades das partes.
Os critérios para a fixação da referida prestação compensatória são baseados no binômio
alimentar, pois será aplicada segundo as necessidades do cônjuge menos afortunado e os
recursos do outro, conforme a situação no momento do divórcio e a sua possível evolução no
futuro (SOUZA, 2013).
O artigo 22, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.609/90) esclarece que,
“aos pais, incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais”
(BRASIL, 1990).
De igual forma, o código civil estabelece a prestação de alimentos como obrigação às
pessoas que a lei assim exigir.
Mais precisamente eu seus artigos 1.566 e 1.568 descrevem sobre a responsabilidade
alimentar dos pais quanto aos filhos.
O artigo 1.566, IV, do Código Civil, determina que é dever de ambos os genitores, ou
seja, os cônjuges, em seu inciso IV, “o sustento, guarda e educação dos filhos”, e o artigo 1.568,
destaca que “os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja
o regime patrimonial” (BRASIL, 2002).
Rosa (2012, p. 172) discorre acerca do tema:

As necessidades dos filhos, quando crianças e adolescentes, são presumidas, não


necessitando de grandes justificativas a serem levadas ao julgador, sendo evidente que
precisam do atendimento de suas necessidades de alimentação, vestuário, educação e
lazer. Todavia, atentando ao binômio necessidade possibilidade, previsto no art.
1.694, § 1, de nossa codificação civil, faz-se mister que, possuindo o filho
necessidades diferenciadas, a comprovação é imperiosa nos autos da ação de
alimentos para que haja a fixação em patamar diferenciado. O possuidor da guarda
37

terá a atribuição de atender às necessidades vitais à manutenção e qualidade de vida


dos filhos, enquanto ao outro genitor cabe o exercício de fiscalizar como a pensão
alimentícia está sendo utilizada e se está sendo usada totalmente em favor do infante.

Vale destacar que mesmo que mesmo atingida a maioridade civil, a exoneração da
pensão alimentícia não é automática. Ocorre é que com a maioridade civil desaparece o Poder
Familiar e, como consequência, o dever de sustento dos pais em relação aos filhos. O dever de
sustento modifica-se em obrigação alimentar, a qual decorre do parentesco e também submete-
se ao binômio necessidade/possibilidade. Contudo, persistindo a necessidade e havendo a
possibilidade, permanece o encargo.
Assim, são dois os fatores que deverão ser observados na fixação dos alimentos, a
necessidade do alimentado e as possibilidades do alimentando. Os dois genitores são
igualmente responsáveis pelo sustento dos filhos, mas dentro das possibilidades de cada um.
Assim afirma Lisboa:

Julgada procedente a ação, será fixado o valor definitivo da pensão alimentícia, sujeito
a eventual revisão judicial posterior. Trata-se de sentença de caráter continuativo, pois
a situação das partes pode vir a se modificar com o decorrer do tempo, admitindo-se
a revisão da importância paga a título de pensão alimentícia, reduzindo-se ou
elevando-se o quantum debeatur originariamente estabelecido, conforme o binômio
necessidade- possibilidade (2012, p. 26).

Os alimentos deverão ser fixado de acordo com as necessidades do reclamante, bem


como em proporção aos recursos da pessoa obrigada, assim complementa Maria Helena Diniz:

Imprescindível será que haja proporcionalidade na fixação dos alimentos entre as


necessidades do alimentando e os recursos econômico-financeiros do alimentante,
sendo que a equação desses dois fatores deverá ser feita, em cada caso concreto,
levando-se em conta que a pensão alimentícia será concedida sempre ad necessitarem
(2004, p. 1.258).

O presente julgado corrobora a assertiva acerca da matéria:

CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. ALIMENTOS. CLÁUSULA REBUS SIC


STANTIBUS. REVISÃO. REDUÇÃO. CABIMENTO. ARTS. 1699, 1694 § 1o e
1695 CC. BINÔMIO. NECESSIDADE X POSSIBILIDADE. EFETIVA
ALTERAÇÃO. ASSUNÇÃO DE NOVAS PRESTAÇÕES ALIMENTARES.
MAIOR COMPROMETIMENTO DA RENDA. Nos termos do art. 1694, § 1o, do
CC, a fixação do valor dos alimentos definitivos deve obedecer ao binômio:
necessidade do alimentando e possibilidade econômica do alimentante. Cabe revisão
de alimentos quando sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre ou
na de quem os recebe, haja vista que tal prestação é regida pela cláusula rebus sic
stantibus. Vale dizer: alteradas as circunstâncias de fato, também há de se modificar
a prestação fixada em condições anteriores e distintas. A superveniência de acordos
homologados em juízo para pagamento de prestações alimentares em favor de filho
advindo de nova união, bem como à genitora do alimentante, acometida por doença
grave, é suficiente para demonstrar maior comprometimento da renda. Havendo
38

comprovada mudança no binômio necessidade-possibilidade, evidenciada pela


redução nas possibilidades de pagamento do alimentante, não infirmada por prova em
sentido contrário, cabe a pretendida revisão de alimentos. Recurso conhecido e
provido.

(TJ-DF - APC: 20130710083266, Relator: GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA,


Data de Julgamento: 07/10/2015, 3a Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no
DJE : 22/10/2015 . Pág.: 245)

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal de igual maneira também já decidiu:

CIVIL - DIVÓRCIO LITIGIOSO – ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS, A SEREM


PRESTADOS DURANTE 12 (DOZE MESES). MULHER QUE SE ENCONTRA
DESEMPREGADA, EM VIRTUDE DE HAVER- SE DEDICADO ÀS TAREFAS
DOMÉSTICAS, NA ÉPOCA EM QUE FOI CASADA COM O APELANTE.
BINÔMIO NECESSIDADE X POSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
APELO IMPROVIDO "Produzindo o fim do casamento desequilíbrio econômico
entre o casal, em comparação com o padrão de vida de que desfrutava a família,
cabível a fixação de alimentos compensatórios. Em decorrência do dever de mútua
assistência (CC 1.566 III), os cônjuges adquirem a condição de consortes,
companheiros e responsáveis pelos encargos da família (CC 1.565). Surge, assim,
verdadeiro vinculo de solidariedade (CC 265), devendo o cônjuge mais afortunado
garantir ao ex-consorte alimentos compensatórios, visando a ajustar o desequilíbrio
econômico e a reequilibrar suas condições sociais. Faz jus a tal verba o cônjuge que
não perceber bens, quer por tal ser acordado entre as partes, quer em face do regime
de bens adotado no casamento, que não permite comunicação dos aquestos" (in
Divorcio Já, Maria Berenice Dias, RT, 2012, pág. 122). (TJDF, 2012, p. 240).

Arnaldo Rizzardo considera a necessidade um requisito de maior relevância, uma vez


que dela depende o exame dos demais. Da mesma forma, o autor menciona que a necessidade
diz respeito a quem não pode satisfazer as exigências da vida com os rendimentos do seu
trabalho, ou com o rendimento de seus bens.
Podemos enquadrar nessa definição, aquele que está impossibilitado para o trabalho,
seja em razão da idade, seja por doenças ou deficiências físicas; isto é, não só aquele cujos
rendimentos do trabalho não são suficientes para se manter e, portanto, necessita de alimentos
em caráter complementar, como também abrange os incapacitados para o trabalho (2006, p.
738).

3.3 - Prestação de alimentos na guarda compartilhada

O dever de sustento dos pais em relação aos filhos menores consta expressamente na
Constituição Federal de 1988 em seu artigo 229, deixando claro que:

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
39

Para definir os alimentos diante da guarda compartilhada, deverá ser observado e


considerado a situação de cada genitor, ou seja, qual é a real necessidade e possibilidade dos
pais para manter o sustento do filho, podendo ser identificada pelos próprios genitores, pois os
mesmos conhecem as necessidades do menor e a possibilidades de pagar.
Deste modo, jamais, deverão utilizar-se da má-fé para evitarem o pagamento de pensão
(FONTES, 2009, p.79).
Com a guarda compartilhada, os pais poderão decidir o valor da pensão, assim conclui
Silva: “neste novo modelo de guarda pai e mãe decidem, de comum acordo, o montante da
pensão, conforme as possibilidades de cada um e a necessidade da criança.
Em se tratando de casal onde só um genitor assegurava as despesas cotidianas, a esse
provém por inteiro a obrigação de manutenção” (2006, p.138 ).
De acordo com Maria Berenice Dias que:
(...) a guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos, até porque nem
sempre os genitores gozam das mesmas condições econômicas. Muitas vezes não há
alternância da guarda física do filho, e a não cooperação do outro pode onerar
sobremaneira o genitor guardião. Como as despesas do filho devem ser divididas entre
ambos os pais, a obrigação pode ser exigida de um deles pela via judicial. Não há
peculiaridades técnico-jurídicas dignas de maior exame em matéria alimentar na
guarda compartilhada, aplicando-se os mesmos princípios e regras.

Portanto, a guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos em favor do menor


que esteja com mais freqüência na casa do genitor que tem menos condições financeiras, e que
o outro genitor, o que tem menos participação na criação e cuidado do filho, possa prestá-los,
sem comprometer a própria existência, pois para haver a fixação judicial de alimentos o juiz
deve se ater a necessidade de quem os demanda, com a possibilidade de quem vai prestá-los
(DIAS, 2010, p.438).
Na Guarda Compartilhada também não poderá ser consignado o direito de visitas ao
pagamento de alimentos. Existem meios jurídicos apropriados para esse tipo de insatisfação,
não podendo o filho ser punido por duas vezes, uma por não receber alimentos e a outra por
consequência disso, não poder receber a visita do pai.
Porém em nossa cultura jurídica não é comum a suspensão de visitas em decorrência do
descumprimento do dever alimentar. (MADALENO, 2009, p. 355-357).
Denise Maria Perissini da Silva demonstra uma importante vantagem quanto aos
alimentos ao escolher a guarda compartilhada, qual seja:
40

[...] é que, por ser meio de manter os estreitos laços afetivos entre pais e filhos,
estimula o genitor não guardião ao cumprimento do dever de alimentos que lhe cabe,
pois, com efeito, quanto mais o pai se afasta do filho, menos lhe parece evidente sua
obrigação quanto ao pagamento da pensão [...] (2009, p.22-23)

Grisard Filho declara que “o dever de sustento depois de instituída a Guarda


Compartilhada, deve ser prestados pelos pais, de forma igualitária, porquanto, ambos são
titulares dos deveres em relação aos filhos menores” (2010, p.102).
O doutrinador Cahali (2003, p. 572) dispõe acerca do direito de fiscalização da guarda,
criação, sustento e educação da prole atribuída ao cônjuge, ou a terceiro, que “está ínsita a
faculdade de reclamar em juízo a prestação de contas daquele que exerce a guarda dos filhos,
relativamente ao numerário fornecido pelo genitor alimentante.”
As consequências para o genitor que descumprir o que foi acordado e deixar de pagar a
pensão são as mesmas da guarda unilateral, ou seja, pode sofrer execução até com a
possibilidade de ter a prisão decretada, além de outras medidas, como a inscrição de seu nome
no cadastro de devedores de pensão alimentícia, em empresas de proteção ao crédito, como
SPC e SERASA.
A guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos, ao passo que nem sempre
os genitores desfrutam das mesmas condições financeiras.
Muitas vezes não há alternância da guarda física do filho, e a não cooperação do outro
genitor pode prejudicar o genitor guardião.
É evidente que compreendendo a habitação na prestação alimentícia, o pai com quem o
filho reside terá um gasto a mais que o outro. E é por isso que persiste o dever alimentar do
outro
A psicanalista Maria Antonieta Pisamo Motta afirma que:

A guarda conjunta deve ser vista como uma solução que incentiva ambos os genitores
a participarem igualitariamente da convivência, da educação e da responsabilidade
pela prole. Deve ser compreendida como aquela forma de custódia em que as crianças
têm uma residência principal e que define ambos os genitores do ponto de vista legal
como detentores do mesmo dever de guardar seus filhos (2004, p.94-95).

O direito à prestação de alimentos é direito personalíssimo, irrenunciável, imprescritível


e inalienável. Sobre as características da prestação alimentícia, Rolf Madaleno descreve:

[...] A obrigação alimentar carrega diferentes características, que a destoam das


demais obrigações civis, diante de sua especial natureza, vinculada à vida da pessoa,
atuando em uma faixa de valores fundamentais, havidos por indispensáveis e
indisponíveis para a subsistência do ser humano (2013, p. 840).
41

Com isso, pode-se dizer que a guarda compartilhada não exclui a obrigação de prestar
alimentos. Ocorre que há uma flexibilidade quanto ao binômio necessidade-possibilidade e
despesas da prole.
Após discutidos alguns pontos importantes do instituto dos alimentos, é valido abordar
também quanto à prestação de contas, que será apresentada a seguir.

3.4 - Prestações de contas

A prestação de contas é um conjunto de documentos que comprovam a realização da


execução dos gastos ocorridos, de forma a apresentar a relação dos recursos recebidos e os
recursos gastos que comprovam com veracidades e clareza a execução do valor financeiro.
Em situações em que o menor é detentor de bens e/ou valores, há previsão legal que os
mesmos não poderão geri-los, havendo resguardado o direito para seu representante legal.
A obrigação de prestar contas decorre de uma modalidade de guarda e administração de
bens. Assim, “ Todo aquele que, de qualquer modo, administra bens ou interesses alheios, por
força de relação jurídica legal ou contratual, tem a obrigação de prestar contas quando
solicitado, ou de fornece-las voluntariamente, se necessário for.” (DONIZETTI, 2014, p. 1330).
Assim, também exclama Yussef Said Cahali que “no direito de fiscalização da guarda,
criação e educação da prole atribuída ao outro cônjuge, ou a terceiro, está ínsito a faculdade de
reclamar em juízo a prestação de contas daquele que exerce a guarda dos filhos, relativamente
ao numerário fornecido pelo genitor alimentante” (2002, p. 572 ).
Comprovar desvio de verbas pecuniárias, a má administração financeira são
consequências possíveis de uma ação de prestação de contas e justificam o seu cabimento no
âmbito da prestação alimentícia.
Vale-se da estudada ação, que consiste no relacionamento e da documentação
comprobatória de todas as receitas e de todas as despesas referentes a uma administração de
bens, valores ou interesses de outrem, realizada por força de uma relação jurídica emergente da
lei ou do contrato (THEODORO JUNIOR, 2007. p . 92).
Em suma, Misael Montenegro Filho refere que:

A prestação de contas cabe a todos aqueles que administram bens de terceiros e bens
comuns. […] é o instrumento jurídico adequado a exigir a prestação de contas em face
de quem se encontra obrigado a faze-lo ou a permitir a prestação de contas pelo
administrador em geral, quando assumir a posição de autor do processo (2014, p. 230).
42

Um princípio que serve de norte para a ação de prestação de contas é o de que todos são
iguais perante a lei, não havendo distinção entre raça, cor ou religião, de acordo com o artigo
5° da Constituição federal de 1988.
Conquanto a quem deve exigir contas, está previsto no Código de Processo Civil,
rigorosamente em seu artigo 914 o instituto de exigir e/ou prestar contas:

Art. 914. A ação de prestação de contas competirá a quem tiver


I – o direito de exigi-las;
II – a obrigação de prestá-las

Ao passo que o alimentante presta alimentos ao menor alimentando, o mesmo poderá


exigir a prestação de contas, ao representante legal, para que haja uma espécie de controle de
que aqueles tais alimentos estão sendo usados para uso exclusivo do filho beneficiário.
Conforme explica Luiz Rodrigues Wambier, ( p.178):

Sempre que alguém tiver a administração de bens de outrem, ou de bens comuns,


surge a obrigação de prestar contas, ou seja, demonstrar o resultado da administração,
com a verificação da utilização dos bens seus frutos e rendimentos. Essa obrigação
pode decorrer de lei ou contrato .

A prestação de contas é um dos procedimentos especiais previstos no Código de


Processo Civil Brasileiro, como um Título específico sobre Processo de conhecimento bem
como cumprimento de sentença.
A ação de exigir contas se dá a medida que o credor as solicita e o o administrador ou
representante legal do menor as recusa. Caso contrario, por mais que seja a corrente minoritária,
os Tribunais de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina manifestam-se de
tal forma:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS.


PRIMEIRA FASE. CONTA CORRENTE. CABIMENTO. ART. 914 DO CPC.
SÚMULA 259 DO STJ. PRELIMINARES DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL E
COISA JULGADA REJEITADAS. Havendo dúvida sobre valores, índices e critérios
dos encargos aplicados pela instituição financeira, mostra-se evidente o interesse do
autor no manejo da ação de exigir contas, independentemente do recebimento de
extratos bancários de movimentação da conta corrente. Dever do banco de prestar
contas pormenorizadas e detalhadas dos lançamentos a débito realizados na conta
corrente titularizada pelo autor. VERBA HONORÁRIA. MAJORAÇÃO.
DESCABIMENTO. Considerada a singeleza da primeira fase da ação de prestação de
contas, aliada à célere tramitação, o valor arbitrado na sentença atende às diretrizes
do §3° do art. 20 do CPC, remunerando condignamente o trabalho desenvolvido pelo
causídico. APELAÇÕES DESPROVIDAS. (Apelação Cível n° 70021488705.
Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo
da Silva, Julgado em 25/06/2008)
43

DIREITO CIVIL - FAMÍLIA - ALIMENTOS DESTINADOS À FILHA -


PRESTAÇÃO DE CONTAS - ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM E
INTERESSE DE AGIR - INDEFERIMENTO DA INICIAL - INSURGÊNCIA -
FISCALIZAÇÃO - DIREITO PROTETIVO DA MENOR - LEGITIMIDADE
ATIVA E INTERESSE PROCESSUAL DO PAI ALIMENTANTE - RECURSO
PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA. Porque a má administração de numerário
destinado à manutenção e educação de filho alimentando pode acarretar severas
sanções legais ao mau administrador (arts. 1637 e 1638, IV, do CC), a lei assegura ao
alimentante a fiscalização da respectiva verba alimentar. (TJSC. 5ª Câmara Cível.
Apelação Cível nº 2010.057483-6. Rel. Des. Monteiro Rocha. Julgamento em
01/03/2012)

Conforme os Julgados da região sulista do país, fica fácil enxergar que a má


administração dos bens ora prestados ao menor poderá acarretar sanções em desfavor do genitor
guardião, seja da prestação de contas bem como a perda da guarda daquele.
Antes da existência de previsão legal facultando o genitor exigir contas do guardião
(atualmente prevista no Código Civil, § 5º do art. 1.583), Cristiano Chaves de Faria já abordava
este instituto, entendendo que seria cabível na hipótese de guarda alternada/compartilhada, a
prestação de contas hoje denominada ação de exigir contas.
O referido autor, tendo como base o melhor interesse e proteção integral da criança e
do adolescente, bem como a possibilidade do exercício de uma atividade fiscalizatória pelo
genitor não guardião, admite a ação de exigir contas. Assim se expressa:

Detecta-se, assim, a possibilidade de utilização de quaisquer medidas judiciais que se


façam necessárias para a proteção prioritária e integral do menor, entre as quais, por
lógico, a prestação de contas (2010, p.57-59).

Logo em seguida aduz que:

Em suma: sendo certo e incontroverso que o guardião é o natural gestor dos recursos
financeiros destinados ao alimentado incapaz, especificamente para sua manutenção,
sustento e educação, é imperioso reconhecer a possibilidade de uso do procedimento
judicial de prestação de contas, como mecanismo para explicar o respeito e a
efetivação do melhor interesse da criança e do adolescente (2010, p.57-59).

Acerca da natureza jurídica da ação de prestar contas, é importante destacar que tal
procedimento não tem como foco final apenas a verificação das despesas inerentes a
administração do bem alheio, eis que a discussão acerca das contas será apenas um meio de
definir a responsabilidade de pagar daquele que for considerado devedor, revelando o caráter
condenatório do procedimento em comento (NEVES, 2015, p. 1351).
44

Por fim, o mesmo entende que a não comprovação das despesas e a má administração
dos recursos, podem acarretar a modificação da guarda, a suspensão ou extinção do poder
familiar.
45

CONCLUSÃO

Em um aspecto geral, este trabalho de conclusão de curso tem como objeto debater
quanto a três temas que se fazem necessário para chegar até seu ponto principal: a prestação de
alimentos na guarda compartilhada. Primeiro, é necessário fazer um retrospecto quando a
evolução do poder familiar, analisando atualmente o seu real conceito, bem como quanto às
formas de extinção da sociedade conjugal, levando em conta a responsabilidade dos pais após
a ruptura da sociedade conjugal.
Em seguida, abrange-se quanto ao instituto da guarda, seu conceito e modalidades,
vantagens e desvantagens da guarda compartilhada e como é a aceitação da doutrina a respeito
da guarda compartilhada.
Discute-se também a respeito da do conceito e fixação dos alimentos, bem como
alimentos na guarda compartilhada, a força que possui o binômio possibilidade-necessidade e
a sua prestação de contas.
É notório que a previsão da guarda compartilhada em nosso ordenamento jurídico tem
suma importância e é visto como um grande avanço para a sociedade, ao passo que traz
benefícios aos filhos dos ex-cônjuges, porquanto, a separação dos pais não se tornará mais um
empecilho para que o menor tenha um relacionamento amistoso e amoroso para com seus
genitores.
Por fim, debatidos todos estes temas, conclui-se então que de acordo com os materiais
utilizados como autores, constituições, doutrinas e jurisprudências, resta comprovado a lei
13.058/14 traz a ideia de que os pais precisam de um maior tempo de convivência com os filhos
e não somente uma “visita”.
Assim sendo, ressalta-se que havendo uma harmonia em relação aos pais, a clausula
referente aos alimentos não será enfrentada como um problema, ao passo que, na pratica,
geralmente as pensões alimentícias são discutidas através de litígios. O problema prevalece em
apurar as despesas pelas quais responderão cada genitor.
Os pais têm o dever de amparar os filhos menores, bem como a prestação de alimentos
na guarda compartilhada deve ser sempre observada o binômio possibilidade-necessidade do
alimentante e do alimentado e que não há possibilidade de omissão ou exoneração quanto ao
dever obrigacional de prestação de alimentos.
A idéia é que se a guarda é compartilhada, as despesas com o menor também deverão
ser compartilhadas. Suponhamos que os pais recebem o mesmo salário e o menor reside 15 dias
com o pai e 15 dias com a mãe: o menor terá o mesmo padrão de vida, assim com ambos
46

genitores. Já em outra hipótese, se a criança reside mais tempo com um genitor, o outro genitor
poderá ajudar com as despesas para que não fique desproporcionais todas estes dispêndios.
Deve haver uma reciprocidade ao pagamento de alimentos para que ambos genitores não saiam
prejudicados e a criança não sofra as consequências disso. De uma forma mais clara, se um
genitor recebe mais que o outro, este paga mais, se recebe menos, paga menos. A referida lei
diz que a relação deverá ser o mais equilibrada possível, de acordo com a realidade adequada.
Lembrando sempre que deverá ser enfatizado o melhor interesse do menor. Em casos
de separação litigiosa, a guarda compartilhada da criança é a regra, monstrando que o menor
sempre terá amplo acesso aos pais, independentemente da condição financeira dos mesmos.
Mas como toda regra tem sua exceção, aqui não será diferente.
Há muitos casos em que um dos genitores não possui condições alguma para criar o
filho, seja por estar preso, ser dependente químico, até mesmo por provocar alienação parental.
Em breves palavras, o quantum a ser pago tem apenas caráter apenas monetário, ao passo que
o que realmente é necessário para a criança ou adolescente é educação, criação e afeto.
47

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