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Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes

Licenciatura de Psicologia Pós-Laboral

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes


Licenciatura de Psicologia Pós-Laboral
1.º ano – 1.º Semestre

George Kelly
Teoria do Construto Pessoal

Disciplina: História da Psicologia

Docente: Professora Doutora Brigite Henriques

Trabalho elaborado por: Luiz Costa, 2220529

Dezembro, 2022

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Luiz Costa – 22205291 (lgm50@hotmail.com)
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Resumo:

George Kelly apresentou a teoria dos construtos pessoais como uma alternativa às duas
principais abordagens que estavam em vigor para entender a compreensão humana: o
behaviorismo e as teorias psicodinâmicas (psicanálise). Essa corrente desafiou o pensamento
psicológico existente na época.

A premissa da teoria dos construtos pessoais de George Kelly era direta, mas radical. Ela
afirmava que as pessoas nunca conhecem o mundo diretamente, mas apenas através de
imagens que criam dele. Dessa forma, concebe o ser humano como um cientista que
constrói e modifica os seus conhecimentos e hipóteses com a sua experiência.

Palavras-Chaves: abordagem de aprendizagem, homem-cientista e construto pessoal

Abstract:

George Kelly presented the theory of personal constructs as an alternative to the two main
approaches that were in place to comprehension human understanding: behaiourism and
psychodynamic theories (psychoanalysis).This current challenged the existing
psychological thinking of the time.

The premise of George Kelly´s theory of personal constructs was straightforwa directly,
but onlyrd but radical. It claimed that people never know the world directly, but only
through images they create of it. In the way, it conceivedof human beings as scientists
who construct and modify their knowledge and hypotheses with their experience

Keywords: Learning approach, man-scientist and personal construct

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ÍNDICE

Introdução………………………..……………………………………….…………. 3

Teoria do Construto Pessoal (TCP)………………..………………….………5


Principais características da Teoria do Construto Pessoal……........6
Corolários da Teoria do Construto Pessoal ……………………...…..……. 7
1. Corolário da Construção …………………………………...……………………..7
2. Corolário da Individualidade …………… …………………………………….. 8
3. Corolário da Organização ………………………………………………………...8
4. Corolário da Dicotomia…………………………………………………………...8
5. Corolário da Escolha…………………………………………………………...…8
6. Corolário da Faixa ou Intervalo …………………………………………………..9
7. Corolário Experiência……………………………………………………………. 9
8. Corolário da Fragmentação ……………………………………...……………..…9
9. Corolário da Comunhão………………………………………………………....10
10. Corolário da Socialização ………………………………………………………10
11. Corolário da Modulação ………………………………………………………..10

Considerações Finais……………………………………………………..………...11

Bibliografia……………………………………………..…………………………... 12

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Introdução

A vida de George Kelly (1905-1967) – Nasceu numa fazenda no Kansas, Estados Unidos.
Seus pais eram fundamentalistas religiosos, fornecendo uma educação irregular, razão
pela qual o seu futuro era incerto: trabalhou como engenheiro e depois como professor
lecionando oratória e cursos de cidadania para imigrantes. Pós-graduou-se em sociologia
educacional e anos depois, ganhou uma bolsa de estudos na Escócia e tornou-se bacharel
em educação, passando a interessar-se pela psicologia, doutorando-se e obtendo o seu
Ph.D.

A teoria da personalidade de construto pessoal de Kelly é bastante peculiar. Ele não se


prende a conceitos familiares – como inconsciente, ego, necessidades, impulsos,
estímulos, respostas e reforço – nem mesmo motivação e emoção. Para Kelly cada pessoa
cria um conjunto de construtos cognitivos sobre o ambiente. Interpretamos e organizamos
os eventos e as relações sociais da nossa vida num sistema ou padrão.

Com base nesse padrão, fazemos previsões sobre nós mesmos, sobre outras pessoas e
eventos e as usamos para formular nossas respostas e orientar nossas ações.

Para compreender a personalidade é preciso compreender os padrões, as formas como


organizamos e construímos nosso mundo. Segundo Kelly, nossa interpretação dos
eventos é mais importante do que os eventos propriamente ditos.

Sua teoria origina-se de sua experiência clínica. Por diversas razões interpretou suas
experiências clínicas diferentemente de Freud e de outros teóricos que trataram de
pacientes. Seu modelo de natureza humana é incomum: ele concluiu que as pessoas agem
da mesma forma que os cientistas. Os cientistas elaboram teorias e hipótese e as testam
diante da realidade por meio de experimentos em laboratório. Caso os resultados de seus
experimentos sustentem a teoria, ela é mantida. Se os dados não sustentarem, ela terá que
ser descartada ou modificada.

Kelly observou que os psicólogos não atribuíam às pessoas que eles avaliavam a mesma
capacidade intelectual e racional que atribuíam a si mesmos: é como se eles tivessem duas
teorias sobre a natureza humana. Uma que se aplica aos cientistas e à sua maneira de ver
o mundo e uma outra que se aplica as outras pessoas.

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A suposição lógica é que os psicólogos consideram as pessoas que avaliam como


incapazes de funcionar racionalmente, como sendo motivadas por todo o tipo de impulsos
conflitante ou como vítimas de violentas forças inconscientes. Assim, os psicólogos
atuam num nível emocional e mal utilizam os seus processos cognitivos para aprender a
pensar, avaliar experiências ou solucionar problemas.

Kelly disse que os psicólogos são diferentes das pessoas que estudam. O que funciona
para um funciona para outro; o que explica um explica o outro. Tanto um quanto o outro
estão ocupados em prever e controlar os eventos em sua vida e ambos são capazes de
fazê-lo racionalmente. Como os cientistas, todos nós formulamos teorias, as quais Kelly
denominou construtos pessoais, por meio dos quais tentamos prever e controlar os
eventos em nossa vida. O meio mais seguro de entender a personalidade de alguém é
analisar seus construtos pessoais.

A teoria do psicólogo George Kelly, sem esquecer que ele era um educador, promoveu
estudos para auxiliar a aprendizagem de Matemática. Incentivou os professores a
conhecerem seus estudantes, envolvendo a motivação e as etapas propostas conforme
esquema sugerido para a validação de uma prática pedagógica em aulas de Matemática,
com emprego do Ciclo de Experiência de Kelly (CEK), utilizando recursos manuais,
visuais, tecnológico, jogos manipulativos – concretos gráficos e comunicação oral, no
que se refere aos conteúdos de aprendizagem de Matemática.

Assim existe, no processo educativo, uma relação entre professores e alunos mediado
pelo conhecimento matemático. Nesta abordagem insere-se o elemento “motivação” para
a aprendizagem. Na motivação intrínseca o indivíduo é mobilizado pela satisfação da
tarefa, como um fim em si mesma, pelo seu valor próprio e não por ser algo imposto ou
guiado por recompensas externas.

O que permitiu a Kelly considerar que se trata de um aspeto natural, inato dos seres
humanos, que naturalmente envolve seus interesses pessoais, para o exercício de suas
competências e habilidades, buscando êxito em suas atividades escolares.

O Ciclo de Experiência de Kelly (CEK) e a Matriz de Repertório para o ensino de


Matemática usou inferências empíricas utilizando o Corolário da Experiência, que
veremos suas especificidades mais a frente.

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Teoria do Construto Pessoal

Em 1955, Kelly escreve sua principal obra: a Teoria dos Construtos Pessoais (TCP).
Neste livro, dividido em dois volumes, sendo posteriormente condensado num volume
único – Uma teoria de personalidade: A teoria dos Construtos Pessoais (KELLY, 1963),
ele descreve a sua teoria e filosofia subjacente a essa nova forma de conhecer o ser
humano. O termo “Construto” significa hipótese que o indivíduo elabora e utiliza para
descrever pessoas, conceituar coisas ou, de uma forma mais geral, para antecipar eventos.

A Teoria dos Construtos Pessoais (TCP), segundo alguns autores – alicerça-se na ideia
de construto, ou seja, em representações intelectuais utilizadas pelos indivíduos para
antecipar ou descrever situações sociais, pessoas e objetos. O que se descortina na Teoria
é que um construto é a forma pela qual algumas coisas são interpretadas como sendo
parecidas e, no entanto, diferentes de outras.

Segundo Kelly, a formação dos construtos está estruturada em sistemas ou grupos, cujos
eventos podem ser vistos de acordo com um ou mais desses sistemas ou, até mesmo,
podem não estar ligados a nenhum grupo. Os construtos são os elementos basilares dos
sistemas de construção antecipatórios, que orientam o comportamento frente às várias
situações enfrentadas no cotidiano. Em geral, é comum o homem procurar melhorar seus
construtos no dia-a-dia, fornecendo subsídios para melhorar e se ajustar, submetendo-se
a construções ou sistemas superordenados. Nesse sentido, Kelly explica que o homem,
na busca de melhorar seus construtos, é frequentemente interrompido pelo dano do
sistema que aparentemente resultará da alteração de uma construção subordinada.
Consequentemente, Kelly salienta que os processos de uma pessoa que estejam
psicologicamente canalizados pelas maneiras como tal pessoa antecipa os acontecimentos
ou eventos. Explicitando termo no sentido de considerar a pessoa por inteira e não alguma
parte específica. Essa pessoa é um ser ativo, em movimento e dinâmico. Em constante
processo de mudança. Os processos são estruturados como uma rede de caminhos que
são flexíveis e frequentemente modificados. Esses canais são estabelecidos como meios
de se alcançar algum objetivo, através dos modos pelos quais as pessoas inventam para
atingir tais objetivos.

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Kelly também atribuiu em sua teoria que os construtos apresentam uma característica
dicotômica, pois estão a um eixo contínuo que correspondem a uma característica de
determinado acontecimento ou evento, sendo construídos a partir de situações peculiares.

Cada ser humano possui seu sistema de construção num agrupamento hierárquico de
construtos. Este sistema de construção, na medida que o indivíduo vai interagindo com
novas situações, vai mudando e se expandindo. Dessa forma, o alternativismo construtivo
incide justamente na possibilidade de rever ou substituir construtos, a fim de as pessoas
lidarem com novas situações.

Principais características da Teoria dos Construtos Pessoais (TCP).

▪ Enfatiza a maneira como o indivíduo interpreta o mundo;

▪ Considera que a pessoa é um agente ativo em seu envolvimento com o mundo;

▪ Enfatiza coisas que as pessoas podem fazer para mudar a maneira como pensam;

▪ Rejeitava o termo cognitivo porque sentia que ele era restritivo e sugeria uma divisão
artificial entre cognição (pensamento) e afeto (emoção);

▪ A teoria de Kelly é uma teoria construtivista, ou seja, ela enfatiza a construção do mundo
pelo indivíduo; enfatiza a maneira como o indivíduo atribui significado aos eventos e nos
esforços da pessoa para prever eventos, a Teoria dos Construtos Pessoais claramente
enfatiza os processos cognitivos.

▪ Somos essencialmente orientados para o futuro;

▪ Temos a capacidade de “representar” o ambiente, ao invés de simplesmente responder


a ele; os indivíduos podem interpretar e reinterpretar, construir e reconstruir os seus
ambientes; a vida é uma representação ou construção da realidade, e isso nos permite criar
e recriar a nós mesmos;

▪ Algumas pessoas são capazes de ver a vida de muitas formas diferentes, enquanto outras
prendem-se rigidamente a uma interpretação definida. Entretanto, as pessoas somente
conseguem perceber os eventos dentro dos limites das categorias (construtos) que estão
disponíveis para ela.

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▪ Somos livres para interpretar os eventos, mas estamos presos às nossas construções;

▪ De acordo com Kelly somos livres e determinados. Este sistema de construtos pessoais
proporciona a ele (homem) liberdade de decisão e limitação da ação – liberdade, porque
permite que ele lide com o significado dos eventos, ao invés de forçá-lo a ser
impotentemente sacudido por eles e limitação, porque ele nunca pode fazer escolhas fora
do mundo e das alternativas que construiu para si mesmo;

▪ Após havermos nos “escravizados” com estas construções, somos capazes de ganhar
liberdade novamente, reconstruindo o ambiente e a vida. Assim, não somos vítimas de
nossa história passada ou de nossas circunstâncias presentes, a menos que escolhamos
construir a nós mesmos daquela forma.

Corolários da Teoria dos Construtos Pessoais (TCP).

Ao definir a formação dos construtos, Kelly elaborou a base da Teoria dos Construtos
Pessoais (TCP) e os definiu em 11 (onze) corolários, sendo que cada um destes corolários
trata de uma forma de construir, organizar e estabelecer relações sociais a partir de
diferentes formas de ver mundo e interagir com ele.

Pode-se dizer que corolário, dentro de uma teoria, equivale a uma verdade ou afirmação
já demonstrada, assim como proposição resultante de uma verdade definida pelo teórico.
Os corolários com fundamentos na Teoria de Kelly são:

1.Corolário da Construção: Uma pessoa antecipa eventos construindo suas réplicas.


Kelly usa o termo construindo com o significado de “fazendo uma interpretação”, ou seja,
a pessoa faz uma interpretação daquilo que construiu, erguendo uma estrutura dentro da
qual o evento toma forma ou significado. Nesta construção, a pessoa deve ser capaz de
identificar construtos semelhantes ou contrastantes. Assim, uma mesma construção que
serve para inferir semelhança, deve servir também para apontar diferenças. Sob um
sistema que prevê apenas a identificação de semelhanças, o mundo se dissolve na
homogeneidade; sob um sistema que prevê apenas a diferenciação, o mundo é estilhaçado
em fragmentos, irremediavelmente. Na primeira hipótese, a pessoa ficaria sem referência
(tudo é semelhante), no caso da segunda, deixaria a pessoa em meio a uma série de
mudanças da qual nada lhe pareceria familiar (tudo é diferente).

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2. Corolário da Individualidade: As pessoas diferem umas das outras nas suas


construções de eventos. As pessoas devem ser vistas como diferentes umas das outras,
não só por ter havido diferenças entre os eventos que elas tentaram antecipar, como
também por que há diferentes formas de se antecipar a um mesmo evento. Isso significa
que o mesmo evento terá diferentes significados e interpretações para cada pessoa que
participa do evento. Isso não significa que não poderão compartilhar experiências. As
pessoas podem compartilhar significados por meio da construção de experiências de seus
interlocutores juntamente com as suas próprias.

3. Corolário da Organização: Cada pessoa, caracteristicamente, desenvolve, para sua


conveniência na antecipação de eventos, um sistema de construção incorporando relações
ordinárias entre construtos. Diferentes construções, por vezes, podem levar a previsões
incompatíveis. O homem, portanto, considera que é necessário desenvolver formas de
antecipar eventos que transcendem contradições. Os homens não apenas diferem em suas
construções de eventos, mas também diferem na forma de organizarem suas construções
de eventos. Uns podem resolver os conflitos entre suas antecipações, por meio de um
sistema de crenças religiosas. Outros podem resolvê-los em termos de sua auto-
preservação. O mesmo homem pode resolver seus conflitos de uma forma em um dado
momento e de outra forma em um momento diferente. Tudo depende de como ele se
posiciona para escolher uma perspetiva.

4. Corolário da Dicotomia: O sistema de construção de uma pessoa é composto de um


número finito de construtos dicotômicos. Segundo o corolário da construção, as pessoas
são levadas a antecipar os eventos com base em seus aspetos replicativos. A escolha da
pessoa de um aspeto em especial, determina tanto o que deve ser considerado similar
quanto o que deve ser considerado contrastante. Assim, Kelly supõe que todos construtos
possuem dois polos dicotômicos, um polo de afirmação (semelhança) e outro de negação
(contraste).

5. Corolário da Escolha: A pessoa escolhe para si aquela alternativa, em um construto


dicotomizado, por meio da qual ela antecipa maior probabilidade de extensão e definição
de seu sistema de construção. Se os processos de uma pessoa são psicologicamente
canalizados pelas maneiras em que ela prevê acontecimentos e essas maneiras se
apresentam na forma dicotômica, segue-se que ela deve escolher entre os polos de

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sua dicotomia uma forma que é prevista pelas suas antecipações. Portanto, quando uma
pessoa é confrontada com a possibilidade de fazer uma escolha, ela tentará esta escolha
em favor da alternativa que parece oferecer a melhor base para a antecipação dos
acontecimentos que se seguiram.

6. Corolário da Faixa ou Intervalo: Um construto é conveniente apenas para a


antecipação de um âmbito limitado de eventos. Assim como um sistema ou teoria tem um
foco e uma faixa de conveniência, um construto pessoal também tem seu foco e sua faixa
de conveniência. Existe pouco ou nenhum construto pessoal que se possa dizer que seja
relevante para tudo.

7. Corolário da Experiência: O sistema de construção de uma pessoa varia à medida


que ela constrói, sucessivamente, réplicas de eventos. Desde o postulado fundamental, há
uma ênfase na importância da antecipação na TCP. A sucessão dos eventos ao longo do
tempo convida a pessoa a um processo de validação. Como as antecipações ou hipóteses
sucessivamente revistas em função do desenrolar dos acontecimentos, o sistema de
construção passa por uma evolução progressiva, e este processo Kelly chama de
Experiência e ao constante processo de validação, chama de Ciclo da Experiência. O
termo varia e é necessário para que se enfatize que as mudanças nem sempre são “para
melhor”, ou buscam uma estabilidade.

8. Corolário da Fragmentação: Uma pessoa pode empregar, sucessivamente, uma


variedade de subsistema de construção inferencialmente incompatíveis entre si. Novos
construtos não são necessariamente derivações diretas de velhos construtos da pessoa. É
possível que certos pensamentos de uma pessoa, hoje, não possam ser inferidos
diretamente do que ela pensava ontem. No entanto, também é possível que um novo
construto tenha como precursor um velho construto, ainda assim, a relação é colateral e
não linear, ou seja, o velho e o novo podem coexistir mesmo sendo inferencialmente
incompatíveis entre si. Um homem pode passar de um ato de amor a um ato de ciúmes, e
de lá para um ato de ódio, mesmo que o ódio não seja algo a ser inferido a partir do amor,
mesmo em seu sistema peculiar. Este é o tipo de realidade psicológica a que o Corolário
da Fragmentação chama à atenção em particular.

9. Corolário da Comunhão: Na medida em que uma pessoa emprega uma construção


da experiência que é similar àquela empregada por outra pessoa, seus processos psicológicos
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são similares ao da outra pessoa. Com este corolário, Kelly explica que é possível que
duas pessoas ajam da mesma maneira ainda que submetidas a estímulos diferentes. Ou
seja, é na similaridade da construção de eventos, que se encontra a base para ações
semelhantes, não na identidade dos eventos em si. As pessoas pertencem ao mesmo grupo
cultural, não apenas porque elas se comportam similarmente, nem porque esperam as
mesmas coisas dos outros, mas especialmente porque elas interpretam suas experiências
da mesma maneira.

10. Corolário da Sociabilidade: Na medida em que uma pessoa constrói os processos


de construção de outra, ela pode ter um papel em um processo social envolvendo a outra
pessoa. Este corolário enfatiza a importância de tentar compreender como as outras
pessoas pensam, ou seja, deve-se ter aceitação pela maneira desta pessoa ver o mundo.
Tal fato se torna muito importante no processo ensino-aprendizagem onde o que se
observa na abordagem tradicional é que os alunos tentam compreender os processos de
construção dos professores, no entanto, não há essa preocupação da parte dos professores,
de como se dá o processo de construção dos alunos.

11. Corolário da Modulação: A variação no sistema de construção de uma pessoa é


limitada pela permeabilidade dos construtos dentro dos âmbitos de conveniência em que
as variantes se situam. Embora o Corolário da Experiência sugira que uma pessoa possa
rever suas construções com base em eventos e suas antecipações investidas delas, há
limitações que devem ser levadas em consideração. Ela deve ter um sistema de construção
que seja suficientemente aberto para novos eventos ou então o ciclo de experiência vai
deixar de funcionar em sua fase terminal. Ela deve ter um sistema que permita revisão
construtiva que emerge no final do ciclo. Esse corolário envolve a noção de
permeabilidade de construtos, ou seja, um construto é permeável, se admite em seu
âmbito de conveniência novos elementos que ainda não foram aí construídos.

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Considerações Finais

George Kelly, foi um psicólogo americano que fez contribuições significativas para o
campo, durante a primeira metade do século passado. Em sua Teoria do Construto
Pessoal, postulou que a visão de mundo das pessoas e a interpretação da experiência
tiveram uma grande influência na saúde mental.

Kelly argumentava que a validade de qualquer teoria reside na sua utilidade. No caso da
sua teoria, sua utilidade foi comprovada em campos muito diferentes: na linguística,
história, matemática, psicoterapia, sociologia, estudo de mercado e muitos outros.

Trabalhou com pacientes para identificar construtos (que são como entendemos pessoas
e coisas), contrastes (que são opostos de construções) e elementos (que são exemplos que
se encaixam nas construções) que moldaram suas vidas, ajudando-os a desenvolver um
melhor “insight” e autoconsciência.

Na teoria de Kelly, por meio dos construtos, há uma imbricação direta com o processo
de ensino e aprendizagem, permitindo ao aluno que neste ambiente de repense e remodele
sua aprendizagem com os construtos formais, de modo que o aluno seja construtor do seu
conhecimento é resultado das experiências que o mesmo vivencia na escola e nos
contextos sociais, sendo passíveis de mudança por sucessivas repetições para melhorar as
elaborações mentais dos alunos e a apropriação de conceitos e da atividade académica.

A incorporação da cognição às teorias da aprendizagem levou ao desenvolvimento das


teorias cognitivas-sociais da personalidade, que enfatizam como as crenças, expetativas,
e interpretações pessoais das situações sociais moldam o comportamento e a
personalidade.

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Bibliografia

CLONINGER, C.S, Teorias da personalidade, São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1999.

GARGALLO, B; CÁNOVAS, P. A construção humana através da elaboração das


construções pessoais: G. A. Kelly. In: MIGUET, P. A. (Org.). A construção do
conhecimento na educação. Porto Alegre, RS: Artmed, 1998.

KELLY, G. A. The psychology of personal constructs: A theory of personality, volume 1,


London, Routledge, 1991.

SCHULTZ, Duane, SCHULTZ, Sydney. História da Psicologia Moderna, São Paulo,


Cengage Learning, 2012.

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