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No Domínio Do Mafioso - Tami Venâncio
No Domínio Do Mafioso - Tami Venâncio
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são produtos de
imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610./98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.
Virei-me de costas não conseguindo olhar para ela sem vida. Aurora
era minha esposa e era meu dever protegê-la.
— Meus pêsames, fratello — pronunciou Nicolo em voz baixa. — O
que pretende fazer agora?
— Tragam o corpo — pedi aos soldados. — Vamos para casa. Tenho
uma esposa e um filho para velar.
Não esbocei emoção alguma, a única coisa que sentia era uma sede
inesgotável.
Sede de vingança
Sicília 2019.
Subi a grande escada até a parte de cima da minha casa. Resolvi ir até
o quarto de Giulia ver como ela estava, pois no meio do caminho para cá
recebi a mensagem da babá informando que ela estava acamada e com
febre. Comprovei que era verdade assim que entrei em seu quarto. Giulia
tinha oito anos e ela era uma garota complicada. Desde que meu pai
faleceu, ela ficou sob os meus cuidados. Tentava fazer o máximo para que
minha irmã crescesse bem e quando tivesse idade se casasse com o melhor
partido que tivesse na máfia.
— Fratello? — Ouvi sua voz chamar por mim. Aproximei-me da sua
cama.
— Como sabia que era eu?
— Nenhuma babá entra no meu quarto em silêncio como você —
respondeu, em seguida se sentou na cama. Seus olhos pareciam inchados,
como se não tivesse dormido direito. A pele estava suada e pálida. — Como
foi o enterro?
— Como qualquer um enterro é, maçante.
Ela revirou os olhos ao ouvir a minha resposta, depois desviou o olhar
para a janela do seu quarto. Dava para ver o mar.
— Eu não gostava de Aurora, mas não desejava sua morte —
sussurrou, monótona. Coloquei as mãos dentro dos bolsos da minha calça.
— Você sempre disse que não gostava de Aurora, mas nunca explicou
o motivo — pronunciei, calmamente, ela me olhou, os cabelos negros como
os meus balançaram, os olhos azuis pareciam mais escuros nesse final de
tarde.
A menina era bonita, tinha certeza de que ela sabia o quanto era
bonita, somente pela forma que me mediu de cima a baixo e desviou o
olhar, como se me olhar por mais alguns segundos a causasse repulsa.
— Olá, boa noite, senhores. — Finalmente sua voz foi ouvida. Era
grossa e autoritária.
— Boa noite — respondemos. E ela se preparou para sair, mas antes
um tom de voz alto chamou a atenção de todos.
— Aquilo é uma aranha!?
Parei de observar a filha de Riccardo e passei a olhar o chão. Vi duas
aranhas, enormes e de coloração escura, no piso. Riccardo pareceu ficar
furioso e pelo olhar dele para Kiara, compreendi de quem eram.
— Não pisem nelas, por favor! Elas são minhas! — implorou ela em
um tom de voz alto. Era de tamanha imbecilidade alguém se preocupar com
aranhas. No entanto, ninguém moveu um centímetro para matá-las. Seu pai
gritou com ela mandando tirar as pestes imundas dali e assim o fez. Uma
das pragas veio até mim e antes que subissem em meu sapato, Kiara se
inclinou para pegá-la. Dando-me o vislumbre do seu quadril erguido para
cima e a bunda enorme e empinada. Maldição.
— Não pisem nelas por favor! Elas são minhas! — berrei, apressando-
me para salvar as minhas aranhas. Merda. Como foi que elas escaparam do
aquário!? Certamente, Leone devia tê-las soltado. Inclinei-me rapidamente
na frente do Don e peguei uma que estava prestes a subir no seu sapato,
então me inclinei para pegar a outra. Segurei-as e só então fitei o olhar cruel
de Tommasso e depois meu pai, que parecia querer me estrangular. —
Desculpem por isso, vou levá-las para o aquário!
Saí da sala quase correndo, pensando por qual razão sempre me metia
em situações desastrosas como aquela. Entrei no meu quarto e as coloquei
no aquário seco.
Apressei-me em sair dali, corri até meu quarto com o coração batendo
muito rápido. Fechei a porta e respirei fundo, em seguida já comecei a
pensar em um plano. Precisava arranjar um jeito para me salvar de tal
destino.
Era de madrugada quando ouvi um barulho na porta do meu quarto.
Levantei-me e pisei no chão frio com os pés descalços, andei até a porta e a
abri. Levei um susto ao ver alguém no escuro. Então, fui empurrada para
dentro do quarto e tive minha boca coberta pela mão do homem. Arregalei
os olhos ao ver Francesco à minha frente.
— Desculpe assustá-la, Kiara — falou baixo e cauteloso. — Estou
cuidando da segurança da casa hoje, então aproveitei para vir te ver.
Ele tirou a mão de minha boca, permitindo-me falar.
— Você enlouqueceu? Se alguém nos vir você será um homem morto!
— lembrei-o, furiosa. Ele segurou os dois lados do meu rosto, olhando-me
apaixonado.
Fui até a janela e olhei o céu, fechei os olhos rezando por um futuro
feliz e não tão doloroso.
Alguns dias se passaram desde o jantar com Tommasso. Meu pai não
comentou nada sobre o acordo conosco, o que me fez pensar que não foi
feito e que, graças ao meu Deus, não vou ter que me casar com o chefe.
— Daqui a dois dias terá a festa na casa do Don. Todos os pais que
têm filhas solteiras vão levá-las para apresentar ao chefe — informou minha
mãe, enquanto penteava meu cabelo, ela gostava de prendê-los antes de
dormir de uma forma que o fazia ficar com cachos pela manhã. — Seu pai
irá levá-la. Temos que encontrar um vestido que fique magnífico em seu
corpo. Precisa ser a moça mais bonita da festa.
— Por que tenho que ser a mais bonita? Querem que eu chame a
atenção de Tommasso? — questionei com receio, minha mãe me olhou com
um leve franzir de cenho.
Só eu sabia o quanto era ruim viver ao lado de uma mulher que sequer
sentia desejo. Quem me dera encontrar uma esposa que me despertasse um
tesão avassalador. Meus dias com certeza seriam mais intensos.
A filha de Riccardo, Kiara. Tinha um corpo que despertou o meu
interesse, isso não tinha como negar, ficou explícito no meu rosto que
pensei inúmeras putarias com ela, ainda mais quando se inclinou à minha
frente para pegar as malditas aranhas. Até Lorenzo notou a forma que comi
a maldita com os olhos. O desgramado riu, achando graça em me ver
olhando com malícia para a irmã de minha antiga esposa.
Naquele dia, depois que a conversa se encerrou e deixamos a
residência de Riccardo, fomos direto para o Alcouce, beber e comer umas
bocetas. Resolvi aproveitar muito e foder até sentir minhas bolas pedirem
descanso. Desde o meu casamento com Aurora que eu só comia a boceta
dela. A máfia repudiava traição dentro do sagrado matrimônio. Um homem
que traía e enganava a própria mulher não passava de um verme, que
queimaria nos mais terríveis dos infernos.
Apesar de não despertar tamanho desejo, Aurora servia para me
satisfazer. Muitas vezes eu trepava com ela, mas pensava em putas do
Alcouce. Essas sim sabiam trepar e enlouquecer um homem. Gostava de
mulher sem frescura, que estava aberta a qualquer tipo de perversão.
Alguns dias se passaram, o meu consigliere aconselhou que eu fizesse
uma festa em minha casa. Um evento para que as moças solteiras e
disponíveis ao matrimônio pudessem ser apresentadas a mim. Gostei da sua
ideia e resolvi acatar. Um dia antes da festa, passei no Alcouce para mais
um dia de diversão. Levei Nicolo comigo.
— Andrea, você tem uma bela filha. Foi um prazer falar com vocês,
mas preciso cumprimentar os outros convidados. — Apressei-me em sair
dali. Eu já tinha todas as informações que precisava. Sierra com toda
certeza seria uma das primeiras a ser riscadas da minha lista de pretendentes
a esposa. Nada nela e nem nas outras presentes essa noite me fizeram sentir
algo diferente, nem uma sensação ou incômodo, simplesmente nada.
Um dos garçons da festa passou por mim, levando os drinks para
oferecer aos convidados. Peguei uma taça de champanhe e tomei em um só
gole, devolvi na bandeja a taça vazia, depois caminhei entre o salão sem
rumo, ouvindo somente o barulho da música e dos meus pensamentos.
— Novos convidados acabaram de chegar. Não vai cumprimentá-los?
— perguntou Nicolo assim que nos cruzamos.
— Faça as honras por mim, já estou cansado de ser anfitrião.
— Acho que é a última família convidada que chegou. A de Riccardo.
Meneei a cabeça em direção ao Nicolo, naquele momento mais
interessado. Pensava em meu íntimo se meu ex-sogro trouxe Kiara com ele?
Certamente sim.
— Ele trouxe a filha? — quis saber. Nicolo assentiu.
— Sim, e a garota está atraindo todos os olhares da festa. Até eu
confesso que fiquei impactado com a sua beleza — respondeu, em seguida
ajeitei a postura rapidamente, sentindo todos os meus sentidos se aguçando.
— Vou cumprimentar o Riccardo — avisei antes de sair de perto dele.
Andei pelo salão e encontrei Riccardo junto com a sua esposa, sem a filha
por perto. Estranhei. Fui até eles, que me avistaram e sorriram calorosos.
— Boa noite, Tommasso — cumprimentaram em uníssono.
— Boa noite, Riccardo, Ginevra. Obrigado por terem vindo.
— Não podíamos perder uma festa em sua residência — falou ele com
aquele sorriso bajulador de sempre, empertiguei-me no lugar curioso para
saber onde sua filha estava.
Dois dias depois, fui com a minha mãe até as lojas da cidade. Ela disse
que eu precisava de roupas novas, de um guarda-roupa completo, nem sei o
motivo disso, dado que nem usei todas as minhas roupas antigas. Desde
anteontem, meu pai e ela estão estranhos, pareciam mais felizes, como se
tivessem visto um anjo da sorte. Eles estavam me escondendo algo, só não
conseguia imaginar o que poderia ser.
— Agora vamos comprar novas lingeries e pijamas — falou ela, ao
entrarmos em uma loja de lingeries sensuais.
— Para que tudo isso? — questionei.
— Logo saberá. Agora, vamos escolher as peças mais sexys da loja —
disse, pegando um conjunto vermelho na mão.
Depois que terminamos as compras, passamos em um restaurante para
almoçar e depois em um salão a fim de ajeitar o cabelo.
Quando voltamos para casa, meu pai nos esperava com um sorriso que
eu não via há tempos.
— Minha filha querida. Você está ainda mais bonita hoje — ele me
cumprimentou com um beijo na mão, nesse momento eu soube que algo
estava errado. — Preciso conversar com você. Um assunto importante e
particular, me acompanhe até o escritório.
Franzi o cenho e o segui até seu escritório. Minha mãe não se juntou a
nós.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, repleta de curiosidade
assim que entramos no cômodo. Ele deu a volta na mesa, sentou-se, ajeitou
a gravata e, enfim, me olhou.
— Sim, mas não se preocupe, você vai amar a notícia que tenho para
lhe dar.
E abriu um sorriso amarelo, que me fez franzir o cenho. Queria dizer
que não tinha tanta certeza disso.
— Conte-me logo, o senhor está me deixando curiosa.
— Ok. Vou contar — disse, antes de inspirar profundamente. — Selei
um ótimo acordo de casamento para você. Em breve será uma mulher
casada e com o homem mais poderoso da máfia.
Meus ombros caíram e a minha boca se abriu em espanto. Senti como
se minha pressão tivesse baixado.
— Você não pensou no perigo da última vez em que esteve lá. Estarei
te esperando.
Dito isto, soltei-o e entrei na casa. Fui até meu quarto e o esperei lá.
Com o coração disparado e o corpo repleto de aflição.
Não demorou muito para Francesco vir até o quarto.
— Então, Kiara, o que quer falar comigo? — perguntou assim que
entrou no quarto. Aproximei-me dele e sem que ele esperasse, abracei-o.
— Aceito fugir com você — falei, derramando lágrimas de desespero.
— Meu pai me prometeu em casamento para Tommasso. Se ficar aqui irei
me casar com chefe da máfia.
Estava contando os dias para o jantar de noivado, seria o dia que iria
vê-la antes de o casamento. E nada me deixaria tão contente quanto ver sua
íris azul brilhando com a tristeza de sua derrota.
Ainda teria aquela mulher aos meus pés. Suplicando por meu amor
assim como a sua irmã fazia.
— Então, você vai mesmo se casar com a filha de Riccardo? —
perguntou Nicolo entrando em meu escritório. Daqui vamos direto para o
jantar de noivado.
— Vou — respondi, secamente. — O acordo já foi selado, agora não
há maneira de voltar atrás.
— Não há mesmo. Mas o que me intriga é não saber o motivo de você
ter aceitado o acordo! — exclamou Nicolo, colocando as mãos no bolso da
calça. — É pelo poder que a máfia ganhará com a união? Ou tem um
motivo por trás da sua decisão…
— Os motivos pelos quais aceitei o acordo só interessam a mim e a
mais ninguém. O casamento foi aprovado por todos capos, a nossa união
vai trazer poder e segurança a Caccini, isto importa.
Nicolo se empertigou no lugar.
— Tudo bem, fratello. Não farei mais perguntas a você sobre o
casamento. Já vi que não está interessado em conversar sobre isso —
resmungou, irritado.
— Ótimo, melhor assim!
Ajeitei a gravata e conferi as horas no relógio de pulso.
— E a Giulia como está? — quis saber Nicolo, revirei os olhos.
— Posso te ajudar a escolher. Sei dos gostos de todas e sei as que são
mais abertas ao tipo de sexo que o senhor gosta — sugeriu, fazendo-me
soltá-la.
— Sinto muito, delícia, mas prefiro eu mesmo escolher. Me espere no
melhor quarto — ordenei, ela assentiu e saiu.
Escolhi as outras duas putas. Uma loira e outra morena. Levei-as para
o quarto onde Anna já nos esperava. Essa noite queria aproveitar o máximo
que pudesse, queria fazer isso até a data do meu casamento.
Em breve, seria um homem de uma mulher só mais uma vez. Só não
sabia se era infeliz ou felizmente.
Fitei o anel no meu dedo sentindo meu estômago se revirar. Não
conseguia acreditar que estava noiva. Naquele momento era para valer, não
tinha escapatória. Toquei meu braço, sentindo-o dolorido pela surra que
levei do meu pai. Ele me espancou. Senti tanta dor que até desmaiei,
quando acordei e vi as diversas marcas espalhadas pelo corpo fiquei
assustada, felizmente a única parte do meu corpo que ficou sem marcas foi
o rosto, mesmo com tapa que me dera. Estava toda dolorida, mas a minha
dor maior era não saber o que aconteceu com o Francesco. Tinha quase
certeza de que meu pai o matou ou mandou um de seus soldados fazerem.
Chorei tanto imaginando o fim trágico de Francesco. Meu papà era
conhecido por ser impiedoso. Se tinha coragem de quase me matar com a
surra, não conseguia imaginar o que faria com um homem que considerava
um traidor.
O pior de tudo foi ter que participar do jantar de noivado, meu e de
Tommasso. Olhar para ele sabendo que desgraçou a minha vida quando
aceitou se casar comigo. Ele pagaria pelo que fez a mim, não deixaria
barato. Ele não teria paz após o casamento, faria de sua vida um inferno.
Minha mãe precisou maquiar meu corpo para esconder as marcas do
espancamento. Ninguém percebeu nada no jantar de noivado. Mesmo com
as pernas à mostra, ninguém percebeu, esperava que até o dia do casamento
elas sumissem por completo.
Após o jantar de noivado os dias passaram rapidamente. Parecia que
quanto mais eu desejava que o tempo parasse, mais rápido ele passava. Tive
que fazer as provas do vestido de noiva quase todos os dias. Minha mãe que
escolheu tudo por mim, claro, inclusive os detalhes da festa.
Ouvi falar que todas as pessoas estavam comentando sobre o
casamento. Que seria uma das festas mais impressionantes, até mesmo que
o primeiro casamento de Tommasso. Eu só queria arranjar uma maneira de
me livrar de tudo. Em algumas noites tive pesadelos com o Tommasso. Em
um ele me beijava de maneira devassa na noite de núpcias e me possuía.
Acordei toda suada e pior, quando toquei minha intimidade ela estava
úmida. Passei os dias me odiando por me excitar com aquele maldito sonho.
Devia sentir vontade de vomitar ao imaginar o monstruoso Don me
tocando.
Semanas se passaram e o dia do casamento chegou. Minha madre
contratou maquiadores, cabeleireiros e massagistas. Tive um dia de SPA
praticamente. Cuidaram da minha pele e cabelo, depilaram-me. Mesmo
com toda a bajulação das pessoas à minha volta me tratando como se eu já
fosse a primeira-dama da máfia Caccini, só conseguia sentir angústia e
medo do que estava por vir.
— Você está tão linda, sorella — elogiou Leone com os olhos
brilhando. Já estava vestida de noiva. Com o penteado feito e a maquiagem
pronta. — Nem acredito que vai partir como a Aurora.
— Não vou sair da sua vida nunca, sempre virei vê-la e levá-la para
passear. Nada e nem ninguém nos separará. Eu garanto — assegurei,
inclinando-me e tocando seu ombro.
— Mas Aurora parou de vir aqui depois que se casou, achei que
também iria — argumentou a pequena.
— Jamais. Você tem que entender que Aurora e eu éramos muito
diferentes. Ela gostava da vida de poder que levava, sendo a primeira-dama.
E não sentia falta da famiglia.
Leone franziu o cenho.
— E você não vai gostar? — questionou, fazendo-me soltou um
suspiro.
— Então, você nunca vai, pois eu nunca vou lhe dar minha permissão!
— bradei, desencostando da parede.
— Você não vai permitir e sim vai implorar para me ter dentro de
você. Anjo endemoniado.
Gargalhei alto, não sabia o que era mais engraçado, sua prepotência ou
ele me chamando de anjo endemoniado.
— Coitado de você, senhor Caccini. É muito iludido!
Ele mordeu o lábio inferior e fitou meu corpo com luxúria. Veio em
minha direção novamente e antes que eu pudesse correr de novo, agarrou a
minha cintura, segurando-me. Gritei e esperneei quando me segurou em
seus braços e me levou em direção à cama. Jogou-me sobre ela e, então,
tirou uma algema do bolso.
— Não vou te possuir, por completo, Kiara. No entanto, poderei tocar
seu corpo, apreciá-la quanto eu quiser, pois sou o seu marido e o Don da
Caccini. Portanto, não passo vontade nunca — declarou, deixando-me
boquiaberta.
— Se tentar fazer algo comigo, eu virarei uma estátua e não me
moverei um centímetro sequer ou emitirei algum som! — garanti,
arrancando um sorriso maléfico dele.
— Isto é o que veremos.
Engoli em seco quando o vi subir na cama. O seu sangue manchava o
lençol branco. Ele pegou os meus braços e os colocou em cima da cabeça.
Não conseguia acreditar no que estava prestes a fazer.
— Me solte, Tommasso! — gritei, furiosa.
— Achei que não emitiria nenhum som — lembrou, provocando-me,
senti meus dentes rangendo de tanta raiva.
Eu deveria ter enfiado a faca na sua clavícula ao invés de ter apenas
lhe cortado. Italiano maldito!
Kiara me olhou apavorada quando algemei suas mãos. Sentia-me
furioso e muito excitado com aquela situação. Foi a primeira vez que uma
mulher ousou me desafiar dessa forma e, ainda por cima, fez a estupidez de
tentar me ferir com uma navalha. Queria esfolar Kiara, mas não podia matá-
la, não quando acabamos de nos casar. A maldita era importante para máfia
e, infelizmente, para mim e não podia ficar viúvo pela segunda vez
consecutiva tão rápido.
— Ah, Kiara, você precisa saber que sou um homem que nunca
desiste do que deseja — respondi, ao vê-la prender os lábios nos dentes,
deixando-os inchados com a mordida. Meu pau pulsou violentamente. — E
agora estou desejando muito sua boca, garota…
Kiara arregalou os olhos, à medida que minha boca se aproximava da
dela. Ela não tinha como fugir, portanto, se eu quisesse beijá-la, a beijaria.
Parecia que atearam fogo no meu corpo quando nossos lábios se
encostaram. Sua boca era macia e delicada, ao mesmo tempo em que os
lábios eram carnudos. Cacete. Entreabri a boca e tentei beijá-la, mas a
cadela não movia os lábios gostosos. Apoiei os cotovelos e deixei meu
corpo colar no de Kiara, todo seu calor passou para mim. Meu pau estava
tão duro que temia não conseguir controlar meu tesão. Nunca senti um
desejo tão violento como esse por nenhuma outra, somente por ela. Por
Kiara.
Quando percebi que independentemente do que eu fizesse ela não me
beijaria de volta, encostei minha testa na dela e respirei fundo, sentindo os
meus batimentos cardíacos descompassados.
— Me beije, Kiara — pedi baixinho. Minha voz saiu falha e rouca,
como uma súplica.
— Nunca.
Sua recusa doeu mais do que o corte que fez em meu braço. Eu já não
sabia mais como reagir diante dela. Era o chefe da máfia que tinha tudo que
desejava, mas naquele momento era diferente, pois não conseguia realizar o
meu maior desejo, que era ter Kiara entregue a mim. O que adiantava tanto
poder se não poderia tê-la por completo?
Não valia de nada!
— Por que me odeia tanto? — perguntei, olhando nos seus olhos.
Notei que eles estavam cheios de lágrimas. — É somente por causa da
morte de Aurora?
— Eu não te odeio somente pela Aurora, mas também por ter
implorado para não me escolher, eu disse que preferia a morte e, mesmo
assim, você preferiu me ver sofrer do que desistir. Você é um egotista e
provou isso quando escolheu se casar comigo.
Voltei a tocá-la, consegui sentir seu clitóris inchado por cima da pressa
íntima, suspirei de prazer, imaginando como seria sua boceta. Pelo que pude
notar, certamente era carnuda. E havia uma pequena quantidade de pelo,
conseguia sentir. Caralho. Fechei os olhos, imaginando-me fodendo Kiara
de quatro, enquanto ela gemia pedindo mais rápido… Reabri os olhos
quando a senti se contorcer e soltar um gemido incontrolável, tendo um
orgasmo com meu toque na sua boceta.
— Isso, safada, goza mais. — Continuei a tocando, contemplando a
bela visão que era ter suas pernas tremendo sem parar e os olhos revirando
de prazer.
Assim que sua respiração voltou a se normalizar e os espasmos
deixaram seu corpo, tirei a mão de sua intimidade e me levantei, buscando
forças para sair de perto dela. Diabo. Não queria deixá-la.
— Tenha uma maravilhosa noite, Kiara. Sonhe comigo, esposa! —
Usei meu tom mais sarcástico para provocá-la e deixei seu quarto sem olhar
para trás. Queria deixá-la com gosto de quero mais, ao mesmo tempo em
que se odiava por ter se permitido sentir prazer com o homem que dizia
odiar.
Entrei no meu quarto, fui direto para o banheiro tomar um banho bem
gelado para esfriar a cabeça. Tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro,
sentindo a água gélida me molhar. Toquei meu pau que não queria
amolecer. A imagem de Kiara não saía de minha mente. Comecei a me
masturbar, detestando ter que buscar o alívio dessa forma. Fazia muito
tempo que não tocava uma punheta, já que nunca precisava, porém, naquele
momento não tinha outra saída, estava com muito tesão e precisava aliviar
as bolas.
Maldita Kiara. Essa disputa entre nós acabou de começar e não estava
nem perto de acabar.
— Quem você pensa que é para passar por cima de uma ordem minha.
Giulia estava de castigo e somente eu poderia tirá-la — bradou, conforme
dava de ombros fazendo cara de paisagem.
— Penso que sou sua esposa, portanto, também responsável por Giulia
e não vou deixar você maltratar a pobre criança — falei sem olhá-lo. Peguei
uma das frutas e continuei comendo como se ele não estivesse ali.
— Você vai mudar de ideia rapidamente, assim que ela aprontar com
você. A garota é uma peste, não se engane com o rosto de boa moça. Ela
finge bem.
Senti minha testa se enrugar, era óbvio que ele estava exagerando.
— Não importa, não irei me arrepender. Vou dar todo o carinho e
atenção que Giulia merece, para que no futuro ela não seja amarga igual a
você.
Bufei furiosa.
— Que inferno, eu pedi que ela as trouxesse.
— Você tem uma boca bem suja, menina. A cada cinco palavras que
fala deixa escapar um palavrão.
Ele estava mesmo me repreendendo como se fosse meu avô? Ou pai?
— Vai querer me dar aulas de bons modos agora, senhor Caccini?
Saiba que meu pai já tentou e falhou. — Pisquei para ele, que balançou a
cabeça indignado e ficou mudo por um tempo. Terminei de comer e me
levantei, sentindo que estava sendo observada por ele. Peguei uma bandeja
e comecei a escolher alguns alimentos, torcendo para que Giulia gostasse de
algum.
— Por que acha que quero essa merda de comida sem gosto algum?
Tentei manter a calma com seu compartimento arredio e grosseiro.
— Porque deve estar com fome. Trouxe frutas. Tem morango, uva,
maçã e pera.
— Não quero fruta, já estou cansada de comer só isto — bradou, antes
de empurrar a bandeja, fazendo-a ir parar no chão, assustei-me com a sua
atitude. Várias pessoas ao redor do mundo passando fome e a menina
desperdiçando comida assim.
— Olha aqui, menina… Paciência tem limite. Sabe quantas pessoas no
mundo estão implorando por um alimento agora e você me faz isto? —
vociferei, enfurecida. A menina deu de ombros não se importando com o
meu surto. Comecei a pegar as frutas do chão e tudo que ela tinha
derrubado.
— Não ligo. Duvido que quando você passar um mês aqui vai gostar
de seguir os gostos alimentares do meu irmão — retrucou.
— Posso até não gostar e aprovar, mas desprezar comida da forma que
você fez, com certeza, não vou!
Bufei e passei a mão pela têmpora, cansada.
— Não pedi que me trouxesse comida. Eu não quero que tente ser
minha amiga! — berrou a menina, com isso perdi totalmente a paciência.
— Estou tentando somente ser legal com você e trazer um pouco de
paz e felicidade para a escuridão desta casa, mas está difícil. Você é uma
garota linda, porém, tão complicada quanto Tommasso. E saiba que não é
só você que está presa aqui, tendo que suportar pessoas que não está
familiarizada e que são terríveis, eu também estou.
Deixei uma lágrima escapar. Seu olhar raivoso dissipou quando me
viu chorando.
— Não precisa chorar…
— Olha, Giulia, você pode até me detestar, mas não se esqueça de que
nunca fiz nada para merecer ser tratada assim.
Dito isso, peguei a bandeja e a deixei sozinha sem dizer mais nada.
Não estava mais suportando tudo, queria minha casa, queria Leone e
Francesco de volta. Queria retomar à minha vida antiga novamente. Era
infernal ter que aturar toda essa merda.
Precisava fazer algo de útil e não tinha nada para fazer nessa casa.
Andei pelos jardins. Fui até a piscina e nadei. Mesmo sabendo que os
soldados estavam lá me observando de biquíni. Não me importava mais, era
uma mulher casada, por mim poderia andar pela casa pelada. Estava deitada
na espreguiçadeira olhando a paisagem, quando uma das empregadas da
casa se aproximou.
— Senhorita Caccini. Desculpe atrapalhar seu momento relaxante.
— Não está atrapalhando nada. Pode falar. — Sentei-me na
espreguiçadeira rapidamente.
— Vocês podem ser fortes, mas nunca conseguirão destruir todos nós.
Sei que quer se vingar de Giuseppe por ter matado a putinha da sua esposa e
o filho que carregava na barriga, a única forma de se vingar a altura será
matando o herdeiro do Don e a esposa, no entanto, Tommasso, nós dois
sabemos que você não tem força para tal. Se fosse no tempo que seu pai
comandava, talvez, mas você é fraco e tolo comparado ao Mattia Caccini.
Abri um sorriso tão frio quanto gelo, tirei as mãos dos bolsos e toquei
a arma na cintura.
— Você se engana muito se pensa que não aprendi nada com meu pai.
Vocês, Biachi, estão cada vez mais descuidados, a prova é você aqui. —
Tirei a arma da cintura e apontei para sua cabeça, ele fingiu não ter medo,
mas seu olhar denunciava o contrário. — Eu poderia atirar agora mesmo na
sua cabeça e acabar com sua vida, Antônio, mas sabe que prefiro usar
métodos diferentes.
— Vá em frente, Tommasso. Eu não ligo de morrer aqui, estarei em
paz. Não ouvirá sequer um grito deixar minha boca!
O espaço escuro e pequeno fez minha gargalhada ecoar.
— Veremos — falei, jogando a arma no chão. Olhei para Andrea e
acenei, ele veio até mim, trouxe minha faca e me entregou. Passei a lâmina
pelo meu dedo. Sorrindo amargamente. — Diga-me, Antônio, você prefere
morrer, ou viver sem o pau?
— O quê? — Ele pareceu assombrado com a minha pergunta e já tive
a minha resposta.
— Desçam a calça dele. Acendam o fogo — ordenei, assim os
soldados fizeram. Antônio me fitava de olhos arregalados. Assim que
acenderam o fogo, passei a lâmina da faca nas chamas, deixando esquentar
bem. Fitei Antônio que estava nu. — Vou cortar o seu minúsculo pau e
enviar para sua esposa guardar de lembrança — disse ao me reaproximar
dele, vi-o engolindo em seco.
— Sabe, daqui consigo ver bem sua boceta. Mesmo que escondida por
essa calcinha minúscula e sensual do caralho. Consigo ver seus lábios
inchados, o formato e o quanto está molhada — ele falou devagar, então
passou o dedo entre os lábios, estremeci por completo. Tommasso afastou a
calcinha para o lado e meu rosto queimou no mesmo momento. — Ah,
Kiara, eu já vi tantas bocetas na vida, e posso garantir que a sua foi a única
que fez minha boca salivar em excesso.
— Tommasso…
— Shhhh, calada — sussurrou. — Nada que fale vai me impedir de
realizar meu desejo neste momento, Kiara.
— Que desejo? — questionei. Ele rangeu os dentes. Olhei a sua mão
ao ver as veias saltadas. Ele respondeu me mostrando. Segurou com uma
das mãos em volta da minha coxa, Tommasso levou a boca até minha
boceta, usando a mão livre para manter a calcinha afastada. Arfei tão alto,
que eu mesma tive que cobrir a minha própria boca. Estava completamente
chocada com aquilo, com a sensação que tive com o contato de sua língua
em meu sexo.
Senti minha boceta latejando, pulsando de prazer. Sua língua passou
em cantos inimagináveis. Parecia que tentava me descobrir. Fitei seu rosto,
o cabelo bem-arrumado estava jogado para trás, enquanto Tommasso me
chupava de olhos fechados, como se percebesse que o observava, ele abriu
os olhos e me encarou, à medida que me devorava como se estivesse
provando sua fruta preferida. Seu olhar era tão devasso que me deixava
hipnotizada. Ele passou a língua para cima e vi a minha lubrificação nela.
Gemi baixinho.
— Você pode me odiar, Kiara, mas sua boceta me adora. — Sorriu
maliciosamente, cretino, queria xingá-lo, mas não conseguia falar uma
palavra sequer. Sentia uma pressão estranha na barriga, descendo cada vez
mais. Estava perto de gozar? Já? Não podia ser.
Minha boceta estava queimando de um jeito insano. Era indescritível a
miríade de sentimentos que estava tomando meu corpo.
— É bom para mim, mas creio que não para você. É um prato que não
interfere na minha dieta.
Fiz uma careta desgostosa.
— Por que segue sempre à risca a dieta? De vez em quando deve
sentir vontade de comer algo gostoso, não é possível manter sempre uma
alimentação regrada.
Ele deu de ombros, antes de responder:
— Já me acostumei a seguir a dieta. Nunca mudo e nem sinto vontade
de comer algo diferente dela.
— Mas nem todos são como você. Sua irmã, por exemplo, é uma
criança que precisa de doce para ser feliz, todo ser humano precisa, menos
você, ao que parece. Percebi que na despensa da mansão não há nada
saboroso para Giulia comer.
— Eu não compro nada calórico e que faz mal à saúde na minha casa,
além das bebidas e cigarro, é claro. Sou rigoroso com alimentação e acho
justo minha irmã seguir o mesmo processo que eu, ela me agradecerá no
futuro.
Revirei os olhos, ele só podia ser louco. Submeter uma criança à sua
dieta maluca, coitada da Giulia.
— Eu não acho nada justo, todos deveriam poder escolher o que
comer. Eu mesma não vou seguir sua dieta. Deus me livre. Eu malho,
sempre que sinto vontade como algo diferente e nunca extrapolo, mas
também não sou uma máquina. Adoro comer doces, petiscos, massa de vez
em quando, sou italiana, porra, se eu não comer uma macarronada uma vez
no mês enlouqueço.
Os cantos dos olhos de Tommasso enrugaram quando ele sorriu.
— Agora que vive sob o mesmo teto que o meu, terá que comer das
mesmas coisas que como. Não acha que mudarei as regras da casa por você,
acha?
O maldito Don arqueou a sobrancelha rude.
— Isto não é negociável? Não tem como contratar duas cozinheiras,
uma para seguir sua dieta e outra para mim e Giulia?
— Não — respondeu, tranquilamente, antes de bebericar um gole de
água. — Quer dizer, o que poderia me oferecer em troca da cozinheira?
— Poderia oferecer minha gratidão. — Sorri azeda. — Já estaria de
bom grado.
— Não é a sua gratidão que estou desejando no momento — falou
com a voz repleta de malícia, descendo o olhar para o meu decote. — Não
tem nada melhor para me oferecer?
— Você quer me comprar por uma cozinheira? Que ridículo. Sou sua
esposa agora e também mando naquela casa, quero uma cozinheira
particular para mim e Giulia, isto não é um pedido é uma exigência.
Ele gargalhou e apoiou a mão no queixo, olhando-me com desdém.
— Exigência negada, querida esposa.
— Cretino — resmunguei, raivosa. Desviei o olhar de seu rosto no
mesmo momento em que o garçom veio até nós. Trazendo a garrafa de
vinho branco. Ele nos serviu e saiu.
— Kiara meu anjo, não vamos brigar pelo menos hoje. Trouxe você
aqui para conversarmos e nos conhecermos melhor.
— Eu não quero te conhecer melhor. Sei que não vou gostar de saber
mais sobre você — retruquei.
— Tem certeza? Pois, estou disposto a contar muitas coisas sobre
mim. Coisas que nunca abri para ninguém.
Virei meu rosto rapidamente para fitá-lo, ainda mais curiosa após suas
palavras.
— Sério?
— Sim — respondeu, simpático. — Pergunte o que quiser, mas saiba
que também vou querer descobrir tudo sobre você.
— Hum, deixe-me pensar — disse. — Como é ser o chefe da máfia?
Você sonhava com isto?
Ele suspirou e colocou a mão em cima da mesa. Parecia pensativo.
— Na verdade, não, nunca foi um sonho e sim uma responsabilidade.
Desde criança sabia que quando meu pai morresse e se eu tivesse idade
suficiente, teria que assumir seu lugar.
— Tem certeza de que ele te bateu somente por não querer se casar?
Ela assentiu, mas não ousou me olhar. Soltei seu rosto e agarrei a sua
cintura, puxando-a para mim. Ela encostou a cabeça em meu peito.
— E você, quem fez isto com você? — perguntou baixinho, referindo-
se às marcas que tinha no corpo.
— Digamos que tenho um passado obscuro, Kiara. Não gosto de
lembrar.
— Foi o seu pai? — perguntou, acertando na mosca.
— Seu desejo por mim vai acabar no exato momento que me possuir
por completo. Você quer a minha virgindade e como estou sendo difícil,
acha o desafio excitante, mas no final serei igual à Aurora ou qualquer
mulher para você. Insignificante.
— Isso somente o futuro dirá — respondeu ele. — E eu espero e
imploro aos céus que esteja certa, que você seja apenas um capricho para
mim, pois seria um alívio e assim teria certeza de que não correria o risco
de me apaixonar por você.
— Você tem medo de se apaixonar? — questionei, sentindo minha
garganta seca.
— Não consigo entrar… Não morra, por favor, não se vá, Francesco.
Minha visão ficou embaçada pelas lágrimas. Então, meu pai apareceu,
do nada, com uma arma na mão e o olhar impiedoso. Ele se posicionou em
frente ao Francesco e apontou a arma para ele.
— Você vai pagar com a vida a honra da minha filha, seu maldito!
— Pai, não! — gritei, mas era tarde demais, ele disparou e a bala
atravessou a testa de Francesco, tirando sua vida.
Na hora em que ele se virou para apontá-la em minha direção, senti
algo estranho, um zumbido que não parava nunca de tocar na minha orelha.
— Kiara, acorde!
Sobressaltei, sentando-me na cama, com o coração acelerado, as mãos
trêmulas e com corpo suado. Olhei para Tommasso, que me fitava
preocupado.
— Você está bem? — perguntou, neguei com a cabeça. — Está toda
suada, Kiara.
Ele tocou meu pescoço, enquanto eu tentava respirar, mas parecia
impossível.
— Tive um pesadelo.
— O que houve?
— Também vim aqui para isto — vociferei, antes de desferir um
murro no seu rosto, pegando-o desprevenido. Ele cambaleou e tocou o local
que bati, então me olhou espantado.
— Você enlouqueceu, caralho!? — gritou, furioso.
— O soco é por você ter machucado a Kiara. Você merecia ser
espancado como ela foi, mas por ora, esse soco está de bom tamanho.
— Ela disse que eu a espanquei? — perguntou, atordoado.
— Sim, Riccardo, eu posso até não ser um santo, mas nunca serei
como você.
— Você deveria ser grato a mim, pois tem uma dívida que nunca
pagará, a morte da minha primogênita, seu italiano fodido.
Perdi totalmente a paciência e encostei na arma, que sempre levava
comigo na cintura.
— Não tive culpa na morte de Aurora e você sabe disso. É melhor
abaixar a crista diante de mim se não quiser morrer, Riccardo. Sabe que não
hesitaria em te matar se precisasse.
Ele enrugou a testa e recuou um passo.
— Não posso nem sair para fazer umas compras que meu marido
enlouquece? Espere pelo menos a vendedora trazer os biquínis que
comprei!
— Não. Venha comigo agora.
Ele se aproximou de mim. Andrea era alto, um pouco mais jovem que
Tommasso. Era mal-encarado e parecia estressado. Ouvi dizer que assumiu
há pouco tempo o lugar do pai.
— Espere e não ouse me tocar, caso contrário Tommasso ficará
sabendo — ameacei com o olhar, fazendo-o parar bruscamente os passos.
— Não ousaria — resmungou e esperou a vendedora voltar. Ela me
entregou a sacola e com um sorriso me despedi dela.
— Obrigada!
— De nada, volte sempre!
Chegando em frente à loja, vi vários soldados que iriam me escoltar
de volta ao hotel, achei um exagero.
— Qual o motivo de toda essa proteção? Não é exagero? — reclamei
a Andrea.
— Considerando o sequestro de Aurora, não. Tommasso não quer
você andando sozinha, nem mesmo por um breve momento. De agora em
diante, também vou cuidar de sua proteção, senhora Caccini.
Ele ficou mudo e não falou mais nada, pois estávamos chegando à
entrada do hotel. Tommasso me esperava em frente ao carro, andando de
um lado para o outro, bravo.
— Aqui está ela, chefe.
Parei na frente de Tommasso, ele me olhou como se quisesse me
enforcar.
— Ótimo. Iremos para casa, podem nos seguir no outro carro —
ordenou Tommasso, eles obedeceram de pronto. Franzi o cenho, quando um
dos soldados pegou a sacola com os biquínis da minha mão e levou. Achei
que ficaríamos e aproveitaríamos a praia. Tommasso segurou meu braço,
abriu a porta e me conduziu carro adentro.
— Que merda é essa? Por que já vamos embora? — questionei, estava
furiosa por não poder aproveitar o dia na praia.
— Não quero ouvir sua voz no caminho, Kiara, estou muito puto com
você, então não comece a reclamar.
Ele sequer me olhava, não entendia a razão de estar tão bravo comigo.
— Está assim somente por que eu saí do hotel sem avisá-lo? —
questionei.
— Você não podia ter saído sozinha, era para me esperar. E ainda
desfilou por aí com este vestido para um bando de filha da puta olhar.
— Eu precisava comprar um traje de banho, você estava demorando
— argumentei, ele virou o rosto em minha direção e segurou o meu queixo,
assustando-me.
— Nunca mais faça isto, anjo. Não passe por cima de uma ordem
minha. — Sua voz saiu baixa e fria, ele soltou meu queixo bruscamente,
senti meu coração acelerar. O trajeto de volta foi feito em silêncio.
Quando o carro entrou na garagem da mansão, Tommasso finalmente
quebrou o silêncio.
— Resolvi adiantar a viagem. Nós viajaremos hoje para o Caribe.
Partiremos depois de o pôr do sol, esteja pronta.
Dito isto, ele saiu do carro o motorista abriu a porta do carro para que
eu saísse, mas Tommasso ficou dentro dele, estranhei ele não vir junto, mas
que se foda.
Cheguei à sala e encontrei Giulia tendo aula com uma professora
particular.
— Bom dia — cumprimentei-as. — Olá, Giulia.
— Bom dia — cumprimentou a professora.
— Oi — respondeu a garota.
— Você está linda, esposa — disse ele, depois de ouvir só seu silêncio
gostei do seu elogio. — Estou ansioso para chegar ao Caribe.
— Também estou ansiosa. Não vejo a hora de entrar no mar.
— Não vejo a hora de te ver desfilar de biquíni — falou com a voz
repleta de malícia. Lambi o lábio e ele acompanhou o movimento. Maldito
cafajeste. Levantei a perna despida somente para provocar e passei o pé em
sua perna, em seguida notei que sua respiração desregulou. Ele inclinou as
costas e pegou meu pé, começando a acariciar minha panturrilha. — Espero
que a viagem te faça ficar mais aberta. — Engoli em seco pensando
besteira. — Aberta para vivermos aventuras novas.
Sua boca se moveu mostrando um sorriso safado. Estava pronta para
responder, quando seu celular tocou e atrapalhou a nossa conversa.
— Cacete — resmungou. — Só um instante, tesoro.
Assenti e ele começou a conversar ao celular em uma língua diferente
do italiano, decerto fez isso para que eu não entendesse o que eles estavam
conversando. Até que Tommasso sem querer deixou escapar algo em nossa
língua materna.
— Mate-o, acabe com ele, Nicolo, e envie os ossos para Mattia. É
uma ordem.
Estremeci no mesmo instante. Precisava saber quem era que ele queria
matar.
Antes de viajar, recebi uma ligação de Lorenzo e Nicolo, ao que
parecia um traidor da máfia dos Biachi percebeu que a guerra deles estava
perdida, e resolveu tentar ganhar dinheiro nos entregando nada mais, nada
menos que o filho de Mattia. O menino de três anos estava sob o nosso
domínio, o compramos do traidor por milhões de euros. Estava prestes a ter
minha vingança e nada me pararia.
Resolvi adiantar a viagem com Kiara, por isso deixei Lorenzo e
Nicolo cuidando de todos os negócios. Precisava de um tempo a sós com a
minha esposa, longe de todos os problemas que nos cercavam e não queria
esperar.
Acabei recebendo uma ligação de Nicolo, ele perguntava o que era
para fazer com o garoto, estava falando em uma língua diferente da italiana
para que Kiara não entendesse, mas em um momento de distração acabei
confundindo e falando o que não deveria em nossa língua materna.
— Mate-o, acabe com ele, Nicolo, e envie os ossos para Mattia. É
uma ordem.
Só percebi que tinha feito besteira quando olhei para o rosto de Kiara
e a vi pálida, precisava contornar essa situação urgentemente.
— Não se preocupe, Kiara, se trata de um traidor dos Biachi — menti,
sua expressão de pânico se suavizou.
— A guerra contra os Biachi vai demorar muito tempo para acabar?
— quis saber ela.
Meu corpo gelou por inteiro quando Tommasso falou que foi até a
casa dos meus pais falar com meu pai sobre Francesco. Diabos, não podia
ser. Era possível ser verdade? Ele não seria capaz. Além do mais,
Tommasso não me traria nessa viagem se soubesse, exceto se estivesse
planejando me matar. Caralho.
— Está assustada, Kiara? — Sua voz saiu baixa e gélida, ele percebeu
que fiquei assustada ao ouvir o nome de Francesco.
— Não, somente não sei o motivo de você estar procurando
informações desnecessárias. Francesco, era…
Estava pronta para inventar uma mentira, até que ele me interrompeu.
— Seu amigo de infância que morreu em um acidente e sua morte a
traumatizou. Seu pai me contou — falou Tommasso, fiquei chocada, pois
meu pai mentiu para ele como imaginei que faria. — Sinto muito por isso.
Pela morte do menino.
Abaixei a cabeça e funguei. Devia ganhar o prêmio de melhor atriz.
— A memória dele ainda está aqui. — Toquei a minha testa indicando
minha mente. — Foi uma morte tão inesperada, terrível…
— Que bocetinha mais apertada você tem, amor, vou encher ela de
porra.
Revirei os olhos sentindo minhas pernas tremendo, sentia uma
sensação deliciosa crescer em minha intimidade e baixo-ventre. Estava à
beira do orgasmo. Tommasso continuou me fodendo até o limite, enquanto
nossas respirações se misturavam eufóricas e unidas. Encostamos a testa um
no outro e ele ordenou:
— Goza no meu pau, Kiara.
— Ah… Tommasso, continue… assim — gemia como uma gata no
cio. Estava ansiosa para gozar. E quando o orgasmo veio, foi como se uma
explosão de sentimentos me tomasse.
— Gostosa do caralho — resmungou antes de gozar logo depois de
mim. Tommasso rosnou, expressando totalmente o prazer que sentia. Só
conseguia olhar para o homem de mais de um metro e noventa, pensando o
quanto ele era sexy e bonito.
E o quanto eu teria que me esforçar para não me viciar nele. Cacete.
Ele saiu da minha intimidade e se deitou ao meu lado. Estava ofegante
e nem conseguia raciocinar sobre o que tinha acontecido. Somente sentia
um alívio tão grande que quando fechei os olhos a minha mente se apagou
por completo.
— Oi?
O homem tinha uma aparência jovial, cabelos loiros e barba rala, era
alto e malhado. Tinha um sorriso gentil no rosto, mas não entendi o que
queria comigo.
— Deixe eu adivinhar… italiana? — Ele arqueou a sobrancelha.
— Exato — falei. — Conhece a Itália?
— Pouca coisa.
— Desculpe, mas o que quer comigo? Por que me parou? —
questionei, colocando a mão na cintura.
— E por que não? Agora quer agir como uma esposa preocupada? —
cuspiu as palavras tentando se sentar, senti meus olhos se encherem de
lágrimas. — Estou cansado de tentar ser um bom marido para você e só ter
o seu desprezo, Kiara.
— Você está dizendo isto porque está bêbado, durma e amanhã
conversaremos.
Ele riu friamente, senti meu sangue esquentar no mesmo instante.
Vou perguntar pela última vez, fratello. Quer mesmo que eu mate o filho de
Mattia Biachi?
Fiquei chocada, o menino era tão pequeno, decerto tinha entre três e
quatro anos ou até menos. Não podia ser, Tommasso não podia ser tão ruim
assim a ponto de matar uma criança…
Eu não podia deixá-lo fazer isso. O menino podia ser o herdeiro dos
Biachi, mas era apenas uma criança. Merda, por isso resolvi tomar uma
atitude que poderia custar a minha relação apaziguada com Tommasso. Usei
seu dedo para desbloquear seu celular e digitei uma mensagem para Nicolo.
Não o mate, mudei de ideia. O plano agora é outro, portanto, envie o garoto
de volta para Mattia.
Não entendi o que ele queria dizer com aquilo, então li a conversa
percebendo que tinha várias falas que não me lembrava de ter escrito.
Nelas, eu ordenei que devolvesse o garoto a Mattia, nunca mandaria isso.
Que inferno.
Senti minha cabeça arder ao entender o que aconteceu. Kiara…
Busquei pela filha da pura pelo iate e, finalmente, a encontrei tomando
sol na parte maior da embarcação.
— Quem te deu o direito de mexer no meu celular? — esbravejei,
assustando-a. Ela me olhou com os olhos esbugalhados e se levantou
rapidamente.
— Tommasso, se acalme.
Ela deu dois passos para trás, receosa, estava sentindo tanta raiva que
só conseguia pensar em enforcar Kiara. Dessa vez ela passou de todos os
limites.
— Me acalmar, porra! — Atirei meu celular no piso, fazendo-a pular
de susto. Parecia mais amedrontada que nunca. Fui até ela e segurei seu
braço. — Você não tinha o direito de fazer o que fez. Somente eu posso
decidir se libero ou não um prisioneiro. Você passou de todos os limites,
Kiara — berrei em frente ao seu rosto.
— Um prisioneiro de três anos que já tinha destino certo, a morte?
Não podia permitir que fizesse isso, que matasse o garoto. Você
enlouqueceu?
Soltei seu braço rapidamente, senti meu sangue ferver de modo
insano, levantei a mão desejando esmurrar algo, mas não tinha parede por
perto, Kiara fechou os olhos pensando que iria machucá-la.
— Você… Não é nada mais para mim… Sua maldita intrometida.
Passei semanas tentando ter a minha vingança e quando consigo, você faz
isso?
— Sua vingança deve ser contra Mattia, não contra um garoto, mesmo
que ele seja filho dele — gritou ela começando a derramar lágrimas. Não
conseguia olhar em sua direção, estava com muito ódio.
— Você está com dó de um Biachi? Vá se foder!
— Ótimo — falei.
— Vou precisar sair por algumas horas antes de o embarque —
informou.
— Aonde vai?
— Preciso esfriar a cabeça — respondeu, desviando o olhar do meu
rosto, era como se não conseguisse me olhar mais. — Te vejo na hora do
embarque.
— Tommasso, espere…
Ele não me deu ouvidos e saiu, deixando-me sozinha.
Abri os braços e sorri, ela fez uma careta, mas se aproximou de mim e
me abraçou.
— É bom ter você de volta aqui — disse. — Usou as roupas que
escolhi?
— Não todas, pois não deu tempo, mas a maioria sim — respondi,
sincera. — Trouxe alguns presentes para você e espero que goste.
Entreguei três sacolas para ela, que pegou parecendo contente.
— Você se lembrou mesmo de mim?
— Sim. Não tanto como gosto de Leone, mas Aurora era minha irmã e
tínhamos um laço de sangue.
— Hum — resmungou e percebi que tinha algo que estava
escondendo.
— Por que, Giulia? Tem algo sobre Aurora que queira me contar?
— Acho que não vai acreditar em mim. — Sua resposta me deixou
encabulada.
— É claro que vou confiar em você. Pode me falar qualquer coisa,
querida.
Inclinei-me e toquei seu ombro, ela suspirou antes de confessar:
— Eu odiava a Aurora. Ela não era uma boa pessoa, na verdade,
parecia aquelas vilãs dos filmes. Quando chegou aqui, eu achei que pudesse
ser boa, pois era carinhosa comigo na frente do meu irmão, entretanto,
quando ele saía ou não estava por perto, ela mudava totalmente. Ficava
grossa e chata, não me tratava bem. Começou inventar que eu implicava
com ela para o meu irmão, acabei ficando de castigo muitas vezes por culpa
dela — falou. — Tem algo que nunca contei para ninguém, mas algumas
vezes eu a vi batendo na própria barriga e xingando o bebê que ela estava
esperando.
Fiquei perplexa com tudo que ela me contou. Não podia acreditar que
era de Aurora que ela estava falando.
— Meu Deus. Será que ela tinha transtorno de bipolaridade? —
Estava perplexa com esse relato.
— Não sei, mas ela não era normal.
— Estou horrorizada com essa história, Giulia. Obrigada por me
contar — disse. — Sinto muito que tenha passado por isso, mas agora será
diferente, eu garanto.
Ela abriu um sorriso tão verdadeiro, por isso sorri também.
— Fico feliz em ouvir isso, Kiara. Agora vou para o meu quarto abrir
os presentes.
Ela saiu saltitando feliz, enquanto fiquei ali sozinha, sentindo os meus
batimentos descompassados. Então, Aurora não era uma boa moça como
todos pensavam… Que ela era ambiciosa eu já sabia, mas suas malvadezas
com Giulia era inimagináveis.
Tommasso deveria saber disso.
— Como você acreditou naquela mensagem estúpida que recebeu de
mim? Acha mesmo que iria permitir que soltasse justo o filho de Mattia? —
esbravejei com Nicolo. Estávamos no meu escritório. Ele olhou para
Lorenzo antes de me responder.
— Como podia imaginar que não foi você quem escreveu aquela
maldita mensagem? Você tem que aprender a controlar a sua esposa e não
descontar a sua raiva em nós — retrucou ele, tão bravo quanto eu. — O que
vai fazer para castigar Kiara pelo que fez? Hein?
— O que farei com a minha esposa só diz respeito a mim. Uma ordem
como aquela só pode ser dada pessoalmente ou por ligação, você deveria
saber disso.
— Ah, tá, caralho, agora tenho que ser adivinha. Vá se foder,
Tommasso, e leve sua esposa junto. Essa Kiara só está causando dor de
cabeça para nós, ela não agrega em nada. Perdemos a chance de uma
vingança por culpa dela!
Soquei a mesa de madeira fazendo o silêncio pairar pelo ambiente.
— Se abrir essa sua maldita boca novamente para me mandar se foder
e falar da minha esposa, vou me esquecer de que somos irmãos, Nicolo.
Não responderei por mim — ameacei, friamente.
— Acha que tenho medo de você? Estou cansado de toda essa porra
de vida. Pode vir, Tommasso, se quer briga, aqui você encontra fácil, fácil.
Meu sangue que já estava quente, ferveu por completo, até que
Lorenzo decidiu apaziguar.
— Porque ela não é uma qualquer irmã. Aliás, o desgraçado tem três
irmãs além dela. Contudo, os boatos que rolam é de que Sienna é sua irmã
preferida, o seu braço direito e é como se fosse sua filha. Tanto que a
menina tem vida de rainha, além de ter mais poder até do que a esposa do
filho da puta. Ou seja, se colocarmos as mãos nela, poderemos usar de um
pouco de tortura para sabermos as fraquezas do Biachi e seus planos. Tudo.
Era um bom plano, não podia negar.
— E como faremos para pôr as mãos na mulher? — questionei.
— Já estou resolvendo isso, fique tranquilo — disse Lorenzo.
— Ótimo, me avisem quando conseguir.
Quando cheguei em casa estranhei o silêncio, até que subi as escadas e
me deparei com uma cena que jamais imaginei. Kiara e Giulia, juntas,
conversando e rindo, parecendo íntimas. Kiara era a primeira pessoa que vi
Giulia se dando bem depois de muito tempo. Não pretendia interromper a
conversa das duas, mas acabei sendo visto por elas.
— Olá — falei.
— Oi — as duas falaram e se levantaram da cama. Giulia me olhava
como sempre, com a mesma expressão brava.
— Como vocês estão? Passaram bem o dia?
A sedução.
— Ótimo, era só isso que eu tinha para falar com você. Pode ir agora
— falei assim que ela começou a se aproximar de mim, abrindo um sorriso
lascivo.
— Quer mesmo que eu vá, senhor Caccini? — Sua voz saiu baixa e
modulada, de repente senti meu corpo ficar quente. Afrouxei a gravata.
— Sim.
— Não é o que parece — sussurrou a maldita. Ela passou a mão em
minha camisa, por baixo do paletó, enquanto me olhava com expressão
safada no rosto, senti meu pau endurecer no mesmo instante. — Dá para
notar que você está lutando contra o seu desejo, sei que me deseja em seus
braços. Me pergunto se você é forte o bastante para tal.
Ela sorriu novamente e eu ofeguei baixinho, quando se aproximou
ainda mais de mim. Ficando na ponta dos pés, Kiara trouxe a boca até o
meu pescoço, ficando bem perto da orelha. Cerrei os punhos, sentindo todo
o meu ar se esvair.
— Imagine só, Don, você podendo fazer qualquer coisa comigo. —
Fechei os olhos sentindo meu pau latejar, maldição. — Depois que eu me
entreguei a você, percebi o quanto bom é transar e não consigo parar de
desejar ser fodida por você. Acho que estou virando uma puta.
Inclinei o pescoço para tirá-la nos olhos. Ergui a mão e segurei o seu
queixo.
Pedi que o motorista me levasse até a casa dos meus pais escondida de
Tommasso. Precisava ver Leone, queria entregar os presentes que comprei
para ela e checar se estavam a tratando bem. Não demorou muito para
chegarmos à minha antiga residência.
Assim que o carro adentrou a garagem senti meu coração acelerar,
estava de volta à minha antiga casa onde passei tantas coisas. Minha cabeça
voltou ao passado, nas vezes que me sentia sozinha e só tinha as minhas
aranhas e Leone comigo. Tinha tanto medo de a minha irmã sofrer como eu
sofri. Era tão ruim ser mulher nesse mundo que vivemos, era ainda pior ser
mulher e fraca ao mesmo tempo, por isso eu sempre tentava me manter
forte e resistente.
Olhei para os soldados do meu pai e só conseguia pensar em
Francesco. O coitado devia estar me olhando lá do céu e me julgando uma
traidora. Se ele soubesse que me entreguei justo para Tommasso, com
certeza me repugnaria.
Assim que saí do carro, um dos soldados veio até mim.
— Seu pai deseja vê-la — avisou. — Siga-me.
Engoli em seco, claro que Riccardo sabia que estava aqui assim que
passei pelos portões. Inferno. Segui o soldado em direção ao interior da
casa e fui até o escritório do meu pai, sabia que ele estava lá, pois sempre
passava boa parte do dia trancafiado no cômodo. Abri a porta e ele estava
de pé, mas de costas para mim.
— A boa filha à casa torna — comentou, então se virou para mim,
recuei ao ver seu rosto e senti meu estômago se revirar. — Como vai,
querida filha?
— Incrivelmente bem — respondi. — Vim ver Leone, cadê ela?
— Ela está no quarto, entretanto, peço que espere um pouco, pois
antes de ir vê-la quero falar com você, filha.
Cruzei os braços e empinei o queixo.
— Ótimo, pois estou com tempo livre e quero ouvir tudo com
detalhes.
Pisquei para ela, que pulou de alegria.
— Mas você não vai ver nossa mãe? Ela está cozinhando agora… Sei
que vai adorar revê-la — disse baixinho.
— Prefiro deixar a dona Ginevra no canto dela, irmã, só vim ver você
— admiti e ela assentiu.
Se eu pudesse não veria minha mãe e pai nunca mais na vida. Não iria
mentir e dizer que não sinto nada pela minha mãe, Ginevra, pois o cordão
umbilical mesmo que cortado nunca separava o amor de uma mãe e filha,
no entanto, acreditava que demoraria a perdoá-la. Porque a função de uma
mãe era proteger seus filhos, até os animais protegiam suas crias.
Entretanto, algumas mulheres não nasceram para ser mãe. Infelizmente.
Ela gemeu baixinho. Passei a mão por dentro da sua blusa, subindo-a,
deixando as costas nuas e comecei a massagem. Sentia sua pele se
arrepiando a cada toque, as costas de Kiara eram muito sensíveis.
Massageei os ombros e ela pareceu cada vez mais relaxada. Seus suspiros
eram a comprovação disso.
— Isto está muito bom — murmurou.
— Está, mas agora ficará ainda melhor.
Desci rapidamente o meu pijama e pincelei a sua boceta com meu pau,
esfregando-me nela. Vi seus olhos se revirando de prazer, enquanto meu
pau estava em sua vulva, introduzi somente a cabeça a fim de lhe dar um
gostinho do que estava por vir. Ela mordeu o lábio e gemeu manhosa, Kiara
parecia uma gata no cio, estava sempre pronta e disposta a me receber, com
uma bocetinha molhada e quente. Seu jeito me excitava muito. O fato de ela
ter se casado comigo pura e virgem, mas ter se viciado no sexo após
experimentá-lo só provava o quanto éramos parecidos e combinávamos.
Passei o dedo pelos seus lábios antes de ordenar:
— Chupe-os!
— Não posso dizer com certeza, terá que tentar para saber!
Ela suspirou e meneou a cabeça em minha direção. Os lábios estavam
inchados e as bochechas vermelhas.
— Vamos tentar — decretou. — Não tem coisa que eu ache pior do
que ficar na curiosidade.
Sorri malicioso
— Antes, quero que goze na minha boca — ordenei. — Quero
encharcar ainda mais essa boceta gostosa.
2 meses depois
— Tudo bem, mas antes gostaria que passasse em casa para ver o
papà — lembrou minha irmã. — Ele está tão mal, Kiara, a gripe dele não
passa de jeito nenhum, os médicos disseram que está com uma pneumonia
resistente e na idade dele é arriscado…
Contorci o rosto. Queria dizer que vaso ruim não quebrava fácil, mas
não queria traumatizar minha irmã. Ela não tinha culpa do ódio que sentia
pelo nosso pai.
— Desculpe, Leone, mas não vou passar lá, não quero ver o nosso pai.
— Por favor, Kiara, ele não para de chamar seu nome…
Toda minha vida pensei que nada derrubaria meu pai, quando poderia
imaginar que uma pneumonia destruiria um homem tão forte como ele…
Cheguei em casa depois de conversar com meu marido, estava tão
enjoada que só queria vomitar e tentar dormir. A gravidez estava me
deixando exausta. Eu tinha descoberto há pouco tempo. Depois de tanto
vomitar, resolvi fazer o teste e deu positivo. Fiquei tão surpresa ao
descobrir, mas também me senti amedrontada, seria mãe de um filho de
Tommasso. Demorei muito a assimilar tudo, naquele momento só precisava
achar uma maneira de contar a ele, porém, tinha medo da sua reação.
Alimentei minhas aranhas, em seguida vomitei, escovei os dentes e
lavei o rosto. Saí do quarto, pois me deu fome e segui até a cozinha
procurar algo para comer. Mas acabei trombando com um homem assim
que saí do quarto, por isso acabei indo parar no chão. Droga. Que
desastrada eu era, senti um cheiro familiar e não era de Tommasso…
Parecia o do…
Ergui o olhar no mesmo instante, meus batimentos descompassaram
ao dar de cara com Francesco.
— Meu Deus! — gritei, levantando-me e correndo de volta para o
quarto. Fechei a porta, sentindo-me trêmula, como se tivesse acabado de ver
uma assombração.
— Kiara, abra. — Era a voz de Francesco. Ele estava aqui mesmo?
Vivo? Ou era mais um sonho? — Preciso falar com você.
Abri a porta com a mão trêmula e novamente vi seu rosto. Ele tinha
mudado o corte do cabelo e ostentava uma enorme cicatriz em seu rosto.
— Como… você… está… aqui. — Minha voz saiu estranha e
trêmula. Estava mais nervosa que nunca, ele parecia uma miragem, uma
assombração.
— É uma longa história, mas o que precisa saber é que estou vivo e
morrendo de saudades, meu amor. — Ele tentou me tocar, mas me afastei
rapidamente. Francesco me olhou magoado. — O que houve? Não está feliz
em me rever, Kiara?
— Estou muito feliz em saber que está vivo. Me sentia culpada por
sua morte, Francesco. No entanto, tudo mudou, então, por favor, não me
toque.
— Achei que tivesse sentido minha falta como senti a sua, meu amor.
Pensei que correria para os meus braços quando me visse…
Mordi o lábio inferior não sabendo o que responder. Como podia dizer
que não queria que me chamasse de amor e que meu coração pertencia a
outro?
— Você sabe que estou casada agora? — questionei, cautelosa. Sua
expressão mudou para raiva.
— Sim, eu soube, e senti vontade de te buscar e levá-la comigo para
longe do maldito Tommasso. Nem acredito que seu pai a obrigou a se casar
com esse maldito. Sei o quanto o odeia, deve estar sendo um tormento viver
sob o mesmo teto que ele.
— Na verdade… — tentei contar a verdade, mas ele me interrompeu.
— Shhhh, Kiara, não precisa falar mais nada, sei que você não seria
capaz de se entregar a um homem como Tommasso. Preciso te contar tanta
coisa, fui contratado para ser um dos seus soldados, ou seja, estarei por
perto sempre e vou dar um jeito de te resgatar das garras daquele maldito,
fique tranquila.
Engoli em seco, meu Deus, como iria contar tudo para Francesco.
— Como conseguiu escapar do meu pai? Me conte!
— É uma longa história, vou começar do início — começou. — Seu
pai queria me matar, mas seu desejo era me torturar antes, então ele me
trancou em um cativeiro e me torturou, como pode ver. — Apontou para
cicatriz no rosto. — Mas ele esqueceu do fato de que era soldado há muitos
anos e fiz muitos amigos, foi aí que consegui escapar com a ajuda dos meus
parceiros soldados. Me refugiei em outro país por um tempo, esperando
tudo ser esquecido para voltar. As últimas notícias que tive foi que havia se
casado com o chefe da máfia. Fiquei puto de raiva, Kiara, pois não pude
fazer nada para te salvar.
— E agora você voltou por quê? — questionei.
— Para te levar comigo. — Ele se aproximou e segurou a minha mão.
— Vamos comigo embora daqui. Tommasso não poderá nos alcançar, eu
prometo!
— Está bem, vamos sair daqui. Vou pedir para os soldados limparem a
sujeira — disse, como se Francesco não passasse de um lixo a ser recolhido.
Fomos para meu antigo quarto, entrei no banheiro e vomitei, enquanto
Tommasso segurava meu cabelo.
— Nem acredito que serei pai — murmurou.
— Pois pode acreditar. Tem um Caccini dentro de mim, só espero que
ele puxe a mãe — sussurrei. Levantei-me depois de vomitar tudo que tinha
no estômago, passei água no rosto e olhei no espelho. — Estou me sentindo
suja. Eu matei uma pessoa, Tommasso… Sou uma assassina.
2 semanas depois
O dia estava chuvoso, o tempo parecia triste e depressivo, nada mais
conveniente para o enterro do meu pai. Sim, Riccardo Moretti faleceu na
noite anterior. Deixando minha mãe e duas filhas. Há três dias o médico
havia nos informado que ele não duraria mais uma noite, somente depois
disso que tomei coragem e fui visitá-lo. Ele estava dormindo e nem estava
mais falando. Eu mesma só conseguia chorar ao vê-lo naquele estado.
Apesar de tudo que aconteceu entre nós, Riccardo era meu pai, portanto,
sussurrei em seu ouvido, antes de deixá-lo para sempre: “eu te perdoo, pai,
por tudo”.
Deus nos ensinava a perdoar as pessoas que nos fizeram mal, guardar
rancor não traria a felicidade e alívio que tanto necessitava. Então, se meu
pai morresse, queria que soubesse que de algum modo o perdoei.
Fazia muito tempo que não ia em um velório, ver minha mãe e irmã
chorando, vestindo preto, deixou-me sensível. Aproximei-me da minha
mãe, ela me olhou sem demonstrar emoção alguma com os olhos
avermelhados de tanto chorar.
— Eu sinto muito, mãe — falei antes de abraçá-la. — Espero que
Deus consiga confortar seu coração e lhe dar forças para seguir em frente.
Sei o quanto dependia do papà, mas você tem que despertar a mulher forte
que existe dentro de você neste momento, não pode deixar o luto te
derrubar…
— Sempre pensei que eu seria a primeira a ser enterrada e que
Riccardo que me veria morrer. Não estou preparada para viver sem o seu
pai, Kiara. Passei metade da minha vida seguindo as ordens dele,
batalhando para ser a melhor esposa. Eu o amei de verdade, mesmo
sabendo que não era recíproco. Agora meu marido descansa, enquanto eu
continuo vivendo em um tormento.
Meus lábios tremeram, meus olhos se encheram de lágrimas.
— Você não está mais vivendo em tormento, agora está livre para
seguir a sua vida. Precisa ser forte por Leone, ela vai precisar agora mais
que nunca de você ao lado dela.
Minha mãe assentiu e tocou a minha mão. Seu olhar estava
emocionado e triste.
— Espero que agora possamos pelo menos fazer as pazes, filha. Eu
sinto muito por não ser a mãe que você merecia, Kiara. Eu juro que te amo
mais que tudo no mundo, filha.
Gargalhei e bati no seu braço para que tirasse a mão da minha cintura.
— Eu estranha? Por quê?
— Você cria aranhas, meu Deus!
Dou risada.
— Isto é muito normal, tá…
— Em que planeta? — retrucou, revirando os olhos. — Eu te trucido,
se um dia uma delas se soltar e subir em cima de mim durante a noite.
— Relaxa, eu sempre as prendo muito bem. — Pisquei para ele.
Passamos um tempinho em silêncio, até que ele tocou a minha barriga.
— Ela já está grandinha — murmurou. — Os meses estão demorando
tanto para passar, estou ansioso para o nascimento do meu filho.
— Você vai perceber que os meses vão passar correndo se parar de
ficar tão ansioso assim — rebati. — Sabe que estou adorando estar grávida?
Achei que ia ser horrível, mas percebi que minha pele melhorou e a minha
libido está maravilhosa — falei com malícia e toquei seu peito em cima da
tatuagem. Tommasso suspirou e acariciou meu seio, deixando o mamilo
eriçado.
— Você está ainda mais safada grávida, me lembre de fazer outro filho
em você assim que este nascer, esposa. — Sua voz saiu rouca e senti seu
pau começar a se animar. Era assim que eu gostava, sempre pronto para
mim.
— Pois então temos que aproveitar a gestação e a minha libido
apurada, porque depois de dar à luz ficarei um tempo de resguardo, marido.
Beijei sua boca, mordendo o lábio inferior e arranhando a pele de seus
braços. Tommasso agarrou minha cintura e levou a boca ao meu pescoço. A
água estava morna o que deixava tudo mais gostoso.
— Já quer de novo, safada? Faz menos de duas horas que transamos,
Kiara.
— Está me rejeitando, mafioso? Achei que era ativo — provoquei,
fazendo-o me apertar em seus braços.
— Nunca. Sempre estou pronto para você, amor. No entanto, desta
vez, irei te fazer gozar tanto que dormira é só acordará bem mais tarde.
— Pronta para transar de novo — brinquei.
Ele atacou a minha boca me beijando com tanta intensidade que me
fez perder o equilíbrio. Que delícia.
— Obrigado, meu amor, por me dar este presente. E por ser uma
esposa maravilhosa — sussurrou Tommasso. — Eu amo vocês!
— Eu amo vocês — disse, colocando minha mão em cima da dele e
da pequena mãozinha de Alessandro.
O fruto do nosso amor.
Fim.
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[1]
Acidente Vascular Cerebral.
[2]
Sereia em italiano.