You are on page 1of 75

DESCRIÇÃO

Contexto, conceito e características da linguagem hipermidiática, bem


como suas implicações nas práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem.

PROPÓSITO

Identificar as alternativas e novas oportunidades de aprendizagem a partir


do estudo e do conhecimento das possibilidades educacionais da
linguagem hipermidiática.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos dicionários on-line e
gratuitos, como o Glossário Ceale, da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), o Dicionário de Terminologia de Educação a Distância,
disponível no portal da ABED, o Dicionário Priberam, entre outros.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar os diferenciais da linguagem hipermidiática

MÓDULO 2

Identificar implicações pedagógicas das inovações e linguagem digitais

MÓDULO 3

Reconhecer a relação da linguagem e do design de recursos didáticos


com a aprendizagem
INTRODUÇÃO
Com este conteúdo, você vai adquirir uma visão diferente sobre algo que,
provavelmente, já conhece em parte. Estamos falando das linguagens
hipermidiáticas e seus componentes, bem como de suas possibilidades no
campo educacional.

É bem possível que você tenha o hábito de navegar pela Internet usando o
celular, lançando mão de vários aplicativos e realizando uma série de ações
no mundo digital. No entanto, acreditamos que você ainda precise conhecer
os propósitos das linguagens hipermidiáticas e saber como se beneficiar
delas para o seu processo de aprendizagem.

Vamos apresentar, para isso, alguns conceitos que ampliem sua visão
sobre as linguagens hipermidiáticas, os processos de comunicação
pedagógica, as mídias digitais educativas e o design educacional. Desse
modo, vamos promover formas mais qualitativas e inovadoras no ensino, e
que resultem em uma aprendizagem de mais qualidade.

Falamos em ampliar a visão porque você já tem uma vivência como usuário
no campo de tecnologia, uma vez que pratica a comunicação digital de
diferentes formas. No entanto, é necessário articular essas práticas com o
contexto educacional.

Vamos juntos, a partir de agora, olhar para algo que você já conhece – as
linguagens digitais – e construir reflexões críticas para o campo
educacional.

MÓDULO 1
 Identificar os diferenciais da linguagem hipermidiática

EDUCAÇÃO E CONTEXTO
HIPERMIDIÁTICO
O mundo se configurou de uma forma muito diferente a partir da introdução
das mídias eletrônicas e digitais. Não vivemos sem a comunicação por
celular nos dias atuais e estamos, portanto, distantes de um estilo de vida
em que não havia Internet. Isso é um fato incontestável.

O filósofo francês Pierre Lévy, nos anos 1990 – época do surgimento da


internet comercial –, entendia que as mediações tecnológicas digitais
seriam irreversíveis, levando à chamada sociedade em redes, sociedade
digital, e assim por diante.

As definições de ciberespaço, cibercultura, cultura digital e inteligência


coletiva, em função das mídias digitais, da Internet e da Web, começaram
a ganhar espaço no campo da comunicação, da informação e da educação.

DIFICULDADES E POSSIBILIDADES

Mesmo depois de tantos anos, no entanto, ainda existem inúmeras


carências relacionadas com a habilitação dos cidadãos aos domínios das
linguagens hipermidiáticas, a fim de extrair delas significados de qualidade,
tanto para a sua formação educacional quanto para a vida.

Tais carências estão relacionadas não apenas com as possibilidades de ter


conexões e acessos de qualidade, o que implica a questão da inclusão
digital, mas também com o uso mais produtivo e aprofundado das
linguagens hipermidiáticas, fazendo valer o que se aprende. Nesse sentido,
o que mais nos interessa aqui é o ensino e o aprendizado a partir das
mídias digitais.

CIBERESPAÇO

O conceito de ciberespaço, elaborado pelo escritor norte-americano


William Gibson, corresponde ao espaço virtual criado por uma rede de
computadores. Desse modo, o ciberespaço é um espaço virtual de
comunicação e interação.

CIBERCULTURA

É a cultura emergente do ciberespaço. Corresponde às


manifestações artísticas, às formas de entretenimento, aos saberes,
aos costumes, aos valores e outros aspectos da socialização, da
comunicação e da interação no mundo digital ou virtual.
CULTURA DIGITAL

Termo equivalente à cibercultura, designando também a forma de


cultura produzida e veiculada no ciberespaço.

INTELIGENCIA COLETIVA

Conceito elaborado por Pierre Lévy. Pode ser, inicialmente, descrito


como uma inteligência que está distribuída e compartilhada em todo
lugar, graças ao ciberespaço, mobilizando colaborativamente diversas
competências. No módulo 3, esse conceito será desenvolvido e
relacionado com a educação.


A EDUCAÇÃO MEDIADA PELO DIGITAL
FAZ PARTE DE UM NOVO ECOSSISTEMA
EDUCATIVO QUE MUITO TEM
CONTRIBUÍDO PARA A
RECONCEITUALIZAÇÃO DOS
PROCESSOS DE ENSINO E DE
APRENDIZAGEM. EMBORA SEJA
FREQUENTEMENTE ASSOCIADO A UMA
RACIONALIDADE TECNOLÓGICA, O
CONCEITO DE EDUCAÇÃO MEDIADA
PELA INTERNET APLICADA AOS
DIFERENTES CONTEXTOS DE PRÁTICA
REFLETE A POLISSEMIA QUE A
CARACTERIZA.

(MOREIRA; SCHLEMMER, 2020, p. 8)

Sabemos que a introdução de tecnologias na área educacional não é


novidade há algum tempo, mas ainda se espera que isso aconteça de
forma mais ampla, democrática e inclusiva. As tecnologias devem contribuir
para alterar formas de pensar, de se relacionar e de prover mais qualidade
às aprendizagens (BRUNO, 2008).

Constatamos uma grande emergência para o uso de metodologias


inovadoras e de novas modalidades educacionais, como o blended-
learning – ensino híbrido –, a educação a distância ou educação on-line ,
e o chamado ensino remoto – todas utilizando linguagens midiáticas.
LINGUAGEM E SOCIEDADE
Uma linguagem viabiliza a expressão, a comunicação e modos de
interação. As linguagens servem como uma forma de registro histórico da
vida do homem em sociedade. Surgem da necessidade de troca de
experiências e sabedoria acumulada nas culturas. Por essa razão, ao longo
da história, as linguagens materializam ou dão forma à cultura, às
narrativas e a diversas manifestações das civilizações.

Quando pensamos nos processos de escrita e registro dos povos da


antiguidade – com uso de barro, pedra, papiro, pergaminho, tábuas ou
mesmo das marcações rupestres nas cavernas –, já verificamos uma
consciência social para o uso de linguagens, bem como para a
necessidade de sua decifração, suas leituras e seus domínios. Todos esses
processos estão orientados para disseminação de saberes e
conhecimentos.

Entendemos, com isso, que as linguagens visam a diferentes finalidades,


têm diversas formatações e extensões, podendo utilizar variados caracteres
ou símbolos.
Foto: Thomas T./Wikimedia Commons/ CC BY-SA 2.0.
 Animais representados na Caverna de Chauvet.

A linguagem é um código a ser decifrado, ensinado e compartilhado. A


condição para o uso de qualquer linguagem é esta: a existência de um
domínio para que haja interpretação, interação, codificação, decodificação
e troca.

TRANSFORMAÇÕES DAS
LINGUAGENS

A complexidade das linguagens é grande, pois se trata de um produto das


culturas, do que se constrói na memória dos povos. As linguagens abarcam
várias dimensões – como as culturais, sociais, antropológicas, entre outras
– e dependem de comunidades em contato para que possam criá-las, usá-
las e expandi-las.

Eventos históricos, sociais e culturais podem contribuir ao longo do tempo


para transformações das linguagens. Por exemplo, as línguas são “vivas”,
podem sofrer variações e mudanças. Nesse contexto, a linguagem das
mídias digitais evidencia a maneira atual de a sociedade se organizar e se
deixar representar.


[...] O MODO PELO QUAL A LINGUAGEM
OU OS SIGNOS CIRCULA É AFETADO
PELO FATO DE UMA SOCIEDADE SER
INDUSTRIAL, PÓS-INDUSTRIAL, DA
INFORMAÇÃO, DO CONHECIMENTO, EM
REDE, TECNOTRÔNICA, DE MASSA E
GLOBAL – INCLUINDO O SISTEMA
TECNOLÓGICO, AS FORÇAS
NECESSÁRIAS ENVOLVIDAS PARA
PRODUZIR E SE COMUNICAR.
(CORRÊA; BERTOLDO; MILL, 2018, p. 401)

Percebemos, com isso, que a linguagem de uma época ou de um meio não


é destruída necessariamente por outra que venha a aparecer. Elas podem
se transformar e, muitas vezes, até conviver. O surgimento da escrita não
destruiu a oralidade. A televisão não eliminou o rádio, nem o computador
fez desaparecer a televisão.

Uma linguagem, no entanto, pode perder sua utilidade, função ou


importância em determinado contexto, em determinada época. Os sinais de
fumaça, por exemplo, não costumam ser usados e não fazem sentido no
espaço urbano.

As linguagens circulam e, por isso, adquirem novos papéis nas realidades


em que atuam. Nesse caso, circular não se restringe a propagar, mas a
encontrar novos usos, passar por ressignificações por meio das práticas
comunicativas.

As novas linguagens, por sua vez, também vão exigir um letramento, ou


seja, um domínio da linguagem em sua relação com as práticas sociais,
como resultado de seu uso individual e coletivo.

Imagem: Shutterstock.com.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Precisamos levar em conta a sociedade digital e a geração digital se
quisermos entender o que é linguagem hipermidiática. Nesse sentido,
sabemos que, atualmente, vivemos em uma sociedade dependente da
informação, do conhecimento e de diversas transações e relações que se
dão no mundo virtual, nos meios digitais. Fazemos parte de uma geração
digital que tem sua vida, suas relações sociais, seu trabalho, suas
atividades e seu entretenimento suportados pelas tecnologias digitais.

Por trás de tudo isso, houve a convergência acelerada dos processos


informacionais digitais, atrelados às comunicações, gerando as TDICs –
Tecnologias digitais da informação e da comunicação. Nesse contexto,
falamos da linguagem hipermidiática.

O que é, no entanto, uma linguagem hipermidiática?

HIPERMÍDIA

Podemos entender o que é a linguagem hipermidiática destacando,


inicialmente, a formação de dois elementos do termo hipermídia.

Hiper

Quer dizer algo que vai além, que supera alguns limites.

Media

Mídia ou o adjetivo midiático corresponde aos meios de comunicação, aos


formatos, às intenções e produções digitais que sustentam propósitos
interativos e comunicativos.
Podemos dizer, com isso, que hipermídia é a integração de diversos meios
e de diferentes tipos de textos, sons e imagens de modo interativo e não
linear, de tal forma que se navegue entre eles e se produza, até mesmo,
uma versão pessoal desse conjunto de textos. A linguagem
hipermidiática, portanto, é a linguagem das mídias digitais.

A hipermídia, para Santaella (2005), está relacionada com um sistema de


comunicação eletrônica global. Desse modo, a hipermídia integra as
pessoas e os meios digitais em uma relação de troca possibilitada pela
comunicação interativa em um espaço informacional.

PRODUTOS HIPERMIDIÁTICOS

As linguagens hipermidiáticas combinam diferentes formatos de


informações para construir mensagens que, por sua vez, podem ser
recontextualizadas, passando por mais combinações de seus cocriadores.
Nesse processo, pode-se interconectar textos, imagens, áudios e vídeos,
valendo-se de hiperlinks e envolvendo várias manifestações de diferentes
linguagens.
Foto: Shutterstock.com.

Conhecemos e fazemos uso diário de vários produtos hipermidiáticos, que


podem ser os sites , blogs , podcasts e aplicativos, viabilizados por
linguagens verbais – as palavras e os textos – e não verbais.

Para modificarmos o olhar para tais produtos e encará-los como suportes


educacionais, é preciso conhecer mais sobre metodologias educacionais e
a transformação de mídias em objetos de aprendizagem.

 EXEMPLO

Podemos citar os podcasts , explorados no âmbito educacional, inclusive


ao final deste conteúdo, além dos vídeos já utilizados há mais tempo,
disseminados por plataformas, como a do YouTube.
LINK, HIPERTEXTO E HIPERMÍDIA

LINK

A palavra link pode ser traduzida para o português como ligação. No


Brasil, o uso dessa palavra permanece em inglês. Um link serve para
realizar as conexões entre documentos digitais: um texto que se liga a outro
texto, a um vídeo ou a ilustrações, imagens em movimento. Isso significa
que é armada uma teia de interconexões, pois chega-se a outro destino on-
line após um clique no link .

Os links fazem as conexões, realizam uma troca de dados existentes em


diferentes computadores em rede, que usam códigos para se
reconhecerem e, portanto, realizarem o acesso a tais informações. Os
links viabilizam uma trama dinâmica de comunicação e informação,
estabelecendo ligações de sentidos e ampliando o campo informacional e
comunicacional.
Foto: Shutterstock.com

Os links , de certo modo, contribuem para a constituição de uma espécie


de narrativa midiática, favorecendo a construção de uma linguagem tanto
para a produção de textos diversos como para a interpretação. Os links ,
dessa forma, associam-se à ideia de hipertexto e hipermídia.

HIPERTEXTO E HIPERMÍDIA

Os conceitos de hipertexto e de hipermídia estão relacionados aos links ,


já que estes viabilizam a interconexão de textos, imagens, áudios, vídeos e
animações em suportes digitais. Tais suportes, por sua vez, são acessados
em dispositivos tecnológicos, em diferentes telas, e podem desencadear
interações com os seus usuários.
Imagem: Shutterstock.com.

O hipertexto pode ser conceituado como a rede de textos, imagens, sons,


animações e outras linguagens interconectadas no ciberespaço –
geralmente, em suportes digitais –, permitindo diversas formas de
interatividade. Alguns também usam a expressão hipertexto eletrônico.
Também é comum considerar os termos hipertexto e hipermídias como
equivalentes ou intercambiáveis.

Os hipertextos – produtos das mídias – devem construir formas de sentido,


entre as estruturas de links , mas também dependem das condições de
leitura e letramento dos sujeitos. Em outras palavras, os hipertextos
dependem do domínio que os usuários possuem para avançar na
navegação e construir sentidos entre os próprios links .

 ATENÇÃO
Sem dúvida, os hipertextos armazenam uma variedade de possibilidades
de textos, com buscas, interpretações e ganhos em sentidos, que correm
sempre o risco de um valor fragmentado e disperso.

HIPERTEXTO IMPRESSO VERSUS


DIGITAL

É bom lembrar que o hipertexto também pode existir fora do contexto digital
ou eletrônico, ainda que com algumas limitações, como acontece no
impresso.

Hipertexto impresso

É o caso das enciclopédias, dos grandes almanaques e de algumas obras


literárias que têm uma estrutura hipertextual, possibilitando a leitura não
linear, por exemplo.


Hipertextos digitais

Também chamados de linguagens hipermidiáticas, potencializam as


possibilidades de conexão, a mixagem entre diferentes linguagens e a
amplitude de textos e recursos que podem se interconectar.

HIPERTEXTUALIDADE
A hipertextualidade se torna não só um sistema de organização e de
acesso à leitura, como também de escrita, que implica diversificadas
formas de autorias. Isso abrange, no sentido atual, as coautorias, já que
diversos autores contribuem para essa construção por meio da chamada
escrita colaborativa.

A hipertextualidade também atribui um poder de coautoria ao leitor, que


escolhe seus trajetos a percorrer na leitura, resgatando também um sentido
de familiaridade com a leitura de modelo mais tradicional. Naturalmente,
por ser uma leitura hipertextual, existe o risco de que o leitor tenha uma
visão mais aprofundada, por um lado, e mais fragmentada, por outro
lado.

HIPERLEITURA
Nesse universo de expansão digital, se um link clicado leva a outro, o
impulso de busca pode ser desencadeado pela construção de uma
hipertextualidade, que desenvolve os entendimentos dessas possíveis
tramas de sentidos.

A hipertextualidade não está necessariamente relacionada a textos escritos,


pois diz respeito a diferentes formatos de textos e tipos de linguagem.
Desse modo, a hipertextualidade também busca construir sentidos por meio
das relações e da disposição dos diferentes elementos constituintes do
hipertexto.

Tal processo permite outras leituras, outros planos ou camadas de sentido.


Desse modo, podemos falar em hiperleitura.
COAUTORIA

Entre os percursos possíveis da hiperleitura, que também dão origem ao


verbo hiperler, entende-se a habilidade que vai além da leitura vista como
uma prática convencional. Nesse sentido, a hiperleitura também é vista
como uma forma coautoral de produção, já que os leitores escolhem a
razão que leva a esses percursos, criando uma forma de textualidade.

A hiperleitura se alinha na busca de um percurso de sentidos, em que são


visitados os links , que se expandem em referências que o hiperleitor já
possui. Um exemplo são os e-books ou livros eletrônicos.

Por se tratar de uma variedade de formatos, além do texto escrito, busca-se


configurar uma depuração, com uma leitura ativa, em que se trabalham
vários níveis de informação. Os contextos também são avaliados para a
criação de mais sentido. Por exemplo, se o link está relacionado à origem
da informação, ampliam-se os sentidos buscados.
Imagem: Shutterstock.com.

CARACTERÍSTICAS DA
HIPERLEITURA

Os percursos de links abertos gerados na hiperleitura podem ser


rastreados e recuperados, por meio do histórico que se formata nos
programas de navegação.

Estão relacionados, na hiperleitura, diferentes esforços cognitivos, incluindo


a atenção, a retenção, a possibilidade de ler imagens, de absorver
informações em movimento, de acompanhar a dinâmica de um jogo, entre
outros aspectos.

 ATENÇÃO

A hiperleitura precisa dar conta da fragmentação de informações e textos


no ciberespaço, a fim de evitar uma produção de sentido também
fragmentada e que deixe de “costurar”, editar e inter-relacionar os
fragmentos de texto.

De qualquer forma, aproveitar a possibilidade de interconexão oferece um


exercício de engajamento e tomada de decisão dos aprendizes, os quais
avaliam o que vale a pena ou não seguir, não perdendo uma linha de
investigação sobre o assunto. A hiperleitura é o aporte de sentidos que se
busca com as linguagens hipermidiáticas.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Neste bate-papo, os professores Roberto Paes e Luís Dallier apresentam
os principais pontos do conceito de hipermídia e suas implicações na leitura
e na escrita em meios digitais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ASSINALE A ALTERNATIVA EM QUE SE IDENTIFICA


CORRETAMENTE UM DIFERENCIAL DA LINGUAGEM
HIPERMIDIÁTICA.

A) Uso de meios de comunicação de massa do tipo um para todos, como


rádio e televisão, em que a informação é rapidamente distribuída.

B) Formato enciclopédico dos textos e das publicações, reunindo vários


textos no suporte material impresso.

C) Combinação de várias linguagens e formatos, com possibilidade de


navegação personalizada na rede de textos e informação.

D) Junção do som e da imagem para formar conteúdos audiovisuais


produzidos pela indústria para serem consumidos de modo contemplativo.

E) Possibilidade de vários receptores receberem a mesma mensagem


emitida pelo mesmo emissor de forma assíncrona.

2. CONSIDERE AS SEGUINTES AFIRMATIVAS:

I. TANTO NO IMPRESSO QUANTO NO DIGITAL, AS


EXPERIÊNCIAS COM O HIPERTEXTO SÃO IGUALMENTE
NÃO LINEARES E ILIMITADAS NAS POSSIBILIDADES DE
CONEXÃO.
II. O HIPERTEXTO, DIFERENTEMENTE DA LINGUAGEM
HIPERMIDIÁTICA, TEM COMO PRINCIPAL DIFERENCIAL A
QUANTIDADE DE TEXTOS ESCRITOS DISTINTOS QUE
PODEM SER REUNIDOS NAS MÍDIAS DIGITAIS.
III. A HIPERTEXTUALIDADE É MAIS DO QUE UM NOVO
MODO DE ACESSO À LEITURA E PRÁTICA DE ESCRITA,
JÁ QUE AS FORMAS DE AUTORIA OU CONSTRUÇÃO DE
TEXTO SÃO AMPLIADAS COM AS TECNOLOGIAS
DIGITAIS.
IV. A ESCRITA OU CONSTRUÇÃO COLABORATIVA DE
TEXTOS COM PARTICIPANTES DE ESPAÇOS E TEMPOS
DIVERSOS, INSTAURANDO UMA COAUTORIA, É UMA DAS
CARACTERÍSTICAS DO HIPERTEXTO.

ESTÃO CORRETAS APENAS AS AFIRMATIVAS:

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) II e IV.

E) III e IV.

GABARITO

1. Assinale a alternativa em que se identifica corretamente um


diferencial da linguagem hipermidiática.

A alternativa "C " está correta.

Um dos diferenciais da linguagem hipermidiática está relacionado com a


mixagem de linguagens, de códigos ou signos, possibilitando a construção
de um hipertexto, em que escrita, fala, sons, imagens, vídeos, animações e
diferentes formatos constituam um oceano de informações e de textos em
que se pode navegar até de forma personalizada, por meio de links ou
hiperlinks .

2. Considere as seguintes afirmativas:

I. Tanto no impresso quanto no digital, as experiências com o


hipertexto são igualmente não lineares e ilimitadas nas possibilidades
de conexão.
II. O hipertexto, diferentemente da linguagem hipermidiática, tem como
principal diferencial a quantidade de textos escritos distintos que
podem ser reunidos nas mídias digitais.
III. A hipertextualidade é mais do que um novo modo de acesso à
leitura e prática de escrita, já que as formas de autoria ou construção
de texto são ampliadas com as tecnologias digitais.
IV. A escrita ou construção colaborativa de textos com participantes
de espaços e tempos diversos, instaurando uma coautoria, é uma das
características do hipertexto.

Estão corretas apenas as afirmativas:

A alternativa "E " está correta.

A cocriação ou autoria coletiva e colaborativa é uma das possibilidades do


hipertexto, o que é facilitado pelas mídias digitais ao interconectar na rede
diversos leitores e produtores de conteúdo. Desse modo, o texto pode ser
elaborado, reelaborado, desconstruído, reconstruído num processo que
envolve vários leitores/autores e diversos formatos e linguagens.
MÓDULO 2
 Identificar implicações pedagógicas das inovações e linguagem digitais

LINGUAGEM, INTERAÇÃO E
APRENDIZAGEM
A interação é a base para que os sistemas de comunicação possam
funcionar. Nesse contexto, deve haver linguagens comuns entre os sujeitos
que participam da interação e meios para que possam fluir. Sem uma
linguagem comum, haverá mais dificuldade para que as interações
ocorram, embora tais interações ainda possam ocorrer.

 EXEMPLO

Em relação ao primeiro contato do homem branco com tribos isoladas,


mesmo não havendo uma língua em comum, ocorreu alguma forma de
interação, com troca de objetos, gestos, contatos visuais e corporais.

As linguagens verbal ou não verbal podem ser aprendidas, absorvidas,


readaptadas ao longo do processo de interação. Processos interativos
dependem de um fluxo recíproco, em que se fornece uma informação e se
troca por outra, avançando-se na construção de novos sentidos.
Imagem: Shutterstock.com

A informação pode vir de maneira multimodal, em diferentes modalidades


de linguagem. Além de escrita ou falada, a linguagem pode se valer de
outros sinais ou signos, podendo comunicar por meio de sons, imagens,
gestos etc.

Torna-se importante o sistema de reciprocidade, em que os interagentes


respondem e apresentam suas perguntas, garantindo habilidades de troca
e aposta em interesse mútuos.

INTERAÇÃO E CULTURA

A interação é constituída a partir de uma base sócio-histórica existente nas


formas de relacionamento social. Desde que nascemos interagimos com
pessoas próximas, como familiares e outros que compõem nosso ambiente
relacional e parental. Nossos antepassados também faziam isso de forma
muito próxima ao que fazemos atualmente. No entanto, usamos muito mais
tecnologias para interagir e comunicar.

A troca de informação é uma maneira de garantir a preservação da espécie


humana e a construção das culturas. A sabedoria passada de pai para
filho ou as tradições e saberes preservados pela transmissão de pessoas
mais velhas de uma comunidade – os sábios que armazenavam o tesouro
cultural de um povo antigo nas chamadas sociedades ágrafas (sem escrita)
– podem ilustrar o valor da informação e da comunicação desde tempos
mais remotos.

Os objetos culturais dessas comunidades – brinquedos, ferramentas,


utensílios, armas, ornamentos, entre outros – promovem possibilidades de
interações e aprofundam o conhecimento de mundo. Em todos esses
cenários, as pessoas interagem para dar e receber informações, opiniões,
pensamentos, reflexões, compondo uma trama que, por diversos caminhos,
realiza diversificadas formas de conhecimento.

Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil/Wikimedia Commons/ CC BY 3.0 br.


 Representante fulni-ô fala da cultura de seu povo para escolares no
Jardim Botânico de Brasília, em comemoração do Dia do Índio, 2011.
MEDIADORES DA INTERAÇÃO

A interação traz em si um fundamento dialógico, baseado nas trocas, que


podem ser realizadas por mediações digitais tecnológicas e por mediações
analógicas, interpessoais. O importante é haver condições, contextos, focos
de troca, finalidades comunicativas, seres e objetos interagentes.

Ainda é importante ressaltar que a interação realizada nas mediações


tecnológicas digitais permite trocas entre os seres humanos, e entre
humanos e máquinas. Um exemplo importante que verificamos atualmente
provém da Inteligência Artificial (IA), que promove diversificadas formas de
interação.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)

A inteligência artificial (IA) tem se desenvolvido para construir uma


linguagem interativa que possa se aproximar, o máximo possível, da
performance humana. Além disso, busca-se o desenho de interfaces e
diferenciais de contatos, níveis de usabilidade, navegabilidade, construção
de robôs com características físicas e de inteligência humanas, entre outros
fatores.

Na verdade, as proximidades interativas criadas entre máquinas e humanos


na IA, no contexto da aprendizagem, visam elevar a satisfação dos
aprendizes quanto às questões que precisam de respostas imediatas para
que outros conhecimentos possam ser desenvolvidos. Mas como isso
funciona?
Foto: Shutterstock.com.

Há muitos estudos que apontam padrões em certas formas de responder.


Isso constitui um banco de dados de respostas, que se associam a
perguntas adequadas a elas. Os bancos de dados apontam respostas mais
adequadas em relações interativas como no atendimento a clientes em
algum tipo de serviço – bancos e lojas de e-commerce , por exemplo – ou
nos processos de ensino-aprendizagem, nas interações entre máquinas e
aprendizes, a fim de promover essa forma de fluxo e satisfação.

IA NOS AMBIENTES DE
APRENDIZAGEM

Na educação a distância, os recursos da AI são vistos como uma


possibilidade de aplicação da tecnologia na aprendizagem. Por exemplo,
em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), os estudantes podem ter
dúvidas e questionamentos sobre tópicos recorrentes de estudos
respondidos por robôs.

Nesse caso, os robôs já teriam absorvido inúmeras formas de reação a


perguntas semelhantes de outros alunos, o que cria uma ambiência de
compreensão e confiança favorável, como se fosse humana.

Essa forma de interação é um dos resultados do uso de algoritmos. Os


algoritmos podem ser entendidos como uma sequência que envolve
raciocínios, instruções lógicas ou operações focadas no alcance de um
objetivo. Eles precisam ter os dados de entrada – chamados de input –, as
instruções passo a passo, para que se chegue aos dados de saída, e os
resultados – também chamados de output .

Imagem: Shutterstock.com

A interação mediada pela linguagem hipermidiática ou pela inovação


tecnológica, desse modo, contribui para o aprendizado.

 ATENÇÃO

Isso não quer dizer que o professor ou tutor não tenha mais funções
pedagógicas. O que ocorre é que parte da tarefa instrucional ou mesmo da
rotina de tirar dúvidas pode ser feita com a ajuda da inteligência artificial e
de recursos hipermidiáticos.

MACHINE LEARNING
Ainda nessa linha, também é importante ressaltar as formas de interação a
partir da machine learning – aprendizagem de máquina. Trata-se de um
dos recursos da inteligência artificial baseados em reconhecimento de
padrões.
Imagem: Shutterstock.com.

Esses recursos têm levado a interações bastante arrojadas, como o


reconhecimento facial, o reconhecimento de voz por programas instalados
em máquinas sofisticadas, entre outras. Além disso, graças à
previsibilidade de ações e respostas a partir de uma enorme quantidade de
dados, é possível personalizar parte da experiência de aprendizado a partir
de machine learning .

 EXEMPLO

Identificar o desempenho do aluno em relação a determinados conteúdos,


ou suas preferências em relação aos recursos didáticos e interativos
disponíveis em um ambiente virtual, permite recomendar conteúdos mais
pertinentes e formas de estudos mais eficazes ou adequadas ao aluno.
Todos esses recursos de interação e interatividade podem favorecer novas
estratégias e formas de aprendizado.

LINGUAGEM DIGITAL E
INTELIGÊNCIA COLETIVA

No contexto das relações interativas e das comunicações em rede, surge o


conceito de inteligência coletiva. Tal conceito está relacionado com as
chamadas tecnologias da inteligência e tem relação com as linguagens
hipermidiáticas, na medida em que elas são utilizadas para uma construção
colaborativa, em rede, do conhecimento.

O conceito de inteligência coletiva foi proposto por Pierre Lévy (1992), em


seu livro As Tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática . O livro e o conceito surgem em um contexto já distante de
diversas inovações tecnológicas mais recentes com as quais convivemos,
em um período em que a Internet ainda começava a se configurar em suas
práticas e apropriações culturais e sociais de inteligência.

O conceito, no entanto, não caiu por terra. Ele pode ser ressignificado, já
que muitas tecnologias e a linguagem digital atuam na construção da
inteligência coletiva, permitindo a aprendizagem colaborativa e a
construção do conhecimento em rede.

No conceito de inteligência coletiva, é central a ideia de que se pode


constituir o pensamento por meio de conexões sociais, viabilizadas pelos
computadores em redes abertas à comunicação e à informação.
Foto: Shutterstock.com.


QUANDO OUÇO UMA PALAVRA, ISSO
ATIVA IMEDIATAMENTE EM MINHA MENTE
UMA REDE DE OUTRAS PALAVRAS, DE
CONCEITOS, DE MODELOS, MAS TAMBÉM
DE IMAGENS, SONS […]. MAS APENAS OS
NÓS SELECIONADOS PELO CONTEXTO
SERÃO ATIVADOS COM FORÇA
SUFICIENTE EM NOSSA CONSCIÊNCIA.

(LÉVY, 1992, p.23)

TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA

As tecnologias da inteligência se apoiam em diferentes linguagens, em


vários recursos do pensamento lógico, bem como em diversos instrumentos
e dispositivos, os quais podem ser utilizados para construir novos
conhecimentos. Para Lévy (1992), o processo humano intelectual é
trabalhado a partir dessas representações e precisa do auxílio de diferentes
meios para construí-las e acessá-las.

Os usos das linguagens hipermidiáticas também sustentam práticas de


inteligência coletiva na medida em que podem recriar novas formas de
comunicação na interação entre pares ou grupos de pessoas.

 EXEMPLO

A navegação em websites , o uso de aplicativos – como WhatsApp e


Telegram – e a utilização de mídias ou redes sociais, viabilizam a
construção da inteligência coletiva, sobretudo quando favorecem espaços
de interação e buscam construir soluções para problemas, refletir sobre
questões relevantes ou elaborar conceitos e ideias.
Foto: Shutterstock.com.

Os debates em fórum de discussão oferecem possibilidade para se


trabalhar com inteligência coletiva, uma vez que os participantes
contribuem com opiniões e pontos de vista em torno de um problema, uma
proposição ou um tema.

As práticas de metodologias que buscam soluções criativas, para novos e


velhos problemas, como o Design Thinking , também podem ser vistas
como exemplo de inteligência coletiva ao usar o conhecimento de modo
democrático e aberto, chegando-se a um consenso sobre a melhor solução
desenvolvida pelo grupo em questão.

Essas práticas, possibilitadas pela tecnologia ou pelo contexto


hipermidiático, envolvem tanto a responsabilidade individual quanto a
coletiva.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA E
LETRAMENTO DIGITAL

Como lidar com a linguagem hipermidiática e suas inter-relações


educacionais? Uma resposta possível e mais imediata é: são necessários
novos letramentos. Para Pinheiro e Araújo (2018), um letramento
tecnológico ou digital se relaciona com o computacional ou hipertextual. Por
sua vez, o letramento computacional ou hipertextual tem a ver com o modo
de abordar o universo educacional com as tecnologias digitais.

Quando uma tecnologia é introduzida em determinada sociedade, seus


membros precisam se apropriar dela, aprendendo a usá-la e sendo
capazes de se tornarem produtivos e críticos com suas experiências de
uso.

 EXEMPLO

Um exemplo está na necessidade de fluência tecnológica e letramento


digital para participar de uma experiência de educação a distância. Sem o
letramento digital, ficam comprometidas a interação, as trocas pedagógicas,
nas mediações entre alunos e professores. Ou seja, sem letramento digital,
a comunicação pedagógica nos ambientes virtuais ou hipermidiáticos pode
ficar inviabilizada.

O letramento revela uma possibilidade de inclusão quando se pensa em


domínio de recursos e usos tecnológicos em uma sociedade dependente
das tecnologias. Também implica emancipação ou autonomia quando se
pensa em uma associação ao sujeito crítico, que busca o papel das mídias
na sociedade e como elas afetam sua própria vida.

LINGUAGEM DIGITAL E OS
MULTILETRAMENTOS
O conceito de multiletramentos foi proposto, inicialmente, por
pesquisadores do New London Group , em um manifesto publicado em
1996. O objetivo do manifesto era dar evidência aos variados meios de
comunicação relacionados à grande diversidade linguística e cultural
emergente no mundo digital que conhecemos.

Pode-se dizer que os muiltiletramentos são um domínio necessário para


traduzir o acervo que advém das TDICs – Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação – em termos de linguagens, softwares e
aplicativos, em formas de raciocinar, e alteração na forma de armazenar
informações e interpretá-las.

Ao longo das práticas de multiletramentos, tem se constatado uma


expansão desse conceito. Podemos destacar, por exemplo, o entendimento
dos multiletramentos como forma de empoderamento de quem ensina e de
quem aprende. Também devemos considerar a compreensão de que
multiletramento está relacionado com múltiplas aprendizagens
possibilitadas pela cultura digital.

TIPOS DE MULTILETRAMENTOS

Roja e Moura (2012, apud ANECLETO; OLIVEIRA, 2019, p. 237),


enfatizam que, nas sociedades contemporâneas, mais especificamente as
urbanas, existem dois tipos fundamentais de multiletramentos.

Primeiro tipo

Relaciona-se com a multiplicidade cultural presente nas comunidades, nas


populações.

Segundo tipo

Associa-se à multiplicidade semiótica – formas de produção de sentido –


presente na construção de textos que buscam informar e comunicar,
tornando o seu sentido amplo.

DEMANDA POR COMPETÊNCIAS E


HABILIDADES

Anecleto e Oliveira (2019), observando o contexto do que se entende por


era digital, entendem que as escolas são modificadas em função dos meios
tecnológicos. Tais modificações demandam a necessidade de diferentes
competências para os alunos. Entre essas competências, encontra-se
capacidade de leitura hipertextual.

Os multiletramentos ainda demandariam dois tipos de habilidades:


Imagem: Shutterstock.com.

HABILIDADE INTELECTUAL

Relaciona-se ao esforço cognitivo da leitura e da produção escrita, visual,


sonora, animada, ou seja, o que envolve as linguagens hipermidiáticas.
Tanto é usada para ler, em suas diferentes dimensões, quanto para
construir novos arranjos e combinações de linguagens hipermidiáticas. Isso
envolve, por exemplo, saber interpretar, entender, relacionar e cocriar,
gerando novas práticas e saberes como consequência.
Imagem: Shutterstock.com.

HABILIDADE OPERACIONAL

Envolve o conhecimento de técnicas para tratar as linguagens em seu nível


produtivo. É a habilidade do saber usar e do fazer ou produzir algo, saber
como “colocar a mão na massa”. Por exemplo, construir uma animação,
desenvolver um aplicativo, fazer e editar um vídeo, criar atividades com
recursos digitais, sabendo escolher, explorar e usar as ferramentas
corretas.

LINGUAGENS PARA SUPORTE


DOS TRÊS FATORES MULTI
Tudo que descrevemos até então sobre as linguagens hipermidiáticas pode
ser entendido como processos que abrangem, pelo menos, três fatores
multi:

Imagem: Shutterstock.com.

MULTICULTURALIDADE

Relaciona-se com a abrangência de várias culturas, sejam elas locais –


como a cultura urbana, cultura da periferia, cultura de comunidade, cultura
artística – ou culturas estrangeiras, entre outras. Seu significado também
abrange as diferentes formas de ver o mundo pelo prisma da cultura,
implicando seus modos de produção, sua forma de fazer arte e de enxergar
o mundo, usando ferramentas físicas e digitais.

Imagem: Shutterstock.com.

MULTIMIDIALIDADE

Corresponde à diversidade de expressões de comunicação por meio das


mídias, incluindo os meios tradicionais de comunicação de massa – rádio e
televisão – e as mídias digitais – internet e aplicativos. Para absorver a
multimidialidade, extrair sentido dela, é fundamental ter letramentos ou a
chamada alfabetização midiática ou alfabetização digital (BÉVORT;
BELLONI, 2009).
Imagem: Shutterstock.com.

MULTIMODALIDADE

Corresponde à multiplicidade e à quantidade de possibilidades midiáticas,


como textos, vídeos, animações, games , fotografias etc. Tudo isso
incorporado aos meios de comunicação e explorado em ambiente
educacional. Além de suporte de informações, as possibilidades midiáticas
também devem ser trabalhadas como mediações, interações e construção
de novos conhecimentos (ALMEIDA, 2019).

IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
Até aqui, vimos que as linguagens digitais e as inovações tecnológicas
envolvem alguns desafios, certas demandas e várias possibilidades
educacionais.

As interações virtuais possibilitadas pela tecnologia no contexto


hipermidiático nos apontam para oportunidades de ensino e aprendizagem
em que o diálogo, a interatividade, a colaboração e as inter-relações são
possíveis mesmo em ambientes virtuais, em situações em que professores
e alunos não compartilham o mesmo espaço físico ou tempo.

O caráter múltiplo das linguagens hipermidiáticas e das inovações


tecnológicas demanda, por sua vez, múltiplos letramentos ou práticas de
leitura plurais.

Os diversos recursos midiáticos e as várias formas de linguagem no mundo


digital trazem o desafio de levar professores e alunos à fluência digital.
Mais do que isso, essa diversidade e inovação demandam competências e
habilidades que deem conta das novas formas de construir, produzir,
compartilhar e ressignificar conhecimentos.

Se são grandes as oportunidades de aprendizagem nesse universo digital


cheio de recursos comunicacionais e interativos, também é grande o
desafio de irmos além das práticas convencionais de leitura e de produção
de texto, de construção individual e isolada do conhecimento. Precisamos
de uma apropriação crítica e criativa das inovações e da linguagem
hipermidiática.
Foto: Shutterstock.com.

LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Confira os destaques feitos pelos professores Roberto Paes e Luís Dallier
acerca dos recursos tecnológicos, como machine learning , inteligência
artificial e Design Thinking na educação.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA COLETIVA,


FORMULADO POR PIERRE LÉVY, ESTÁ RELACIONADO
COM AS TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E COM O
MODO PELO QUAL O CONHECIMENTO É CONSTRUÍDO E
COMPARTILHADO.

DESSE MODO, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE


APRESENTA CORRETAMENTE UMA AFIRMAÇÃO SOBRE A
IMPLICAÇÃO DA LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA E DA
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM RELAÇÃO À INTELIGÊNCIA
COLETIVA E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO.
A) A produção coletiva de conteúdos e a construção colaborativa do
conhecimento, permitidas pelas tecnologias digitais, favorecem a
aprendizagem baseada na cooperação e no diálogo.

B) Inteligência coletiva e tecnologias da inteligência estão ligadas pelo fato


de que a construção de conhecimento é uma consequência natural das
mídias digitais, tornando inválidas outras formas de se produzir o saber.

C) Pierre Lévy construiu tecnologias capazes de trabalhar a inteligência dos


indivíduos em meio digital, destacando que o conhecimento no mundo
virtual é qualitativamente superior ao conhecimento produzido pelos livros.

D) A participação em redes sociais é um exemplo claro de tecnologia da


inteligência, no entanto, é incorreto usar as redes sociais ou aplicativos de
mensagens para atividades que impliquem construção de algum saber.

E) A educação é um campo fértil para a inteligência coletiva porque os


alunos aprendem no contexto de turmas ou grupos nas escolas, situações
em que a reunião entre professor e alunos caracteriza, necessariamente, a
inteligência coletiva e tecnológica.

2. A LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA OU DIGITAL É


IMPORTANTE ALIADA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO,
NECESSÁRIA PARA O ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES
DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA. ALÉM DISSO, ELA
TRAZ TANTO OPORTUNIDADES QUANTO DESAFIOS E
DEMANDAS AO CAMPO DA EDUCAÇÃO. ASSINALE,
ENTRE AS ALTERNATIVAS, AQUELA QUE APRESENTA
CORRETAMENTE DESAFIOS OU DEMANDAS QUE ADVÊM
DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E DAS LINGUAGENS
HIPERMIDIÁTICAS.
A) Apropriação da tecnologia e substituição de todos os recursos não
hipermidiáticos.

B) Práticas plurais de leitura e fluência digital.

C) Aprendizagem individual e construção isolada do conhecimento.

D) Práticas convencionais de leitura e transmissão de conhecimento.

E) Letramento, conhecimento enciclopédico e centralidade do professor.

GABARITO

1. O conceito de inteligência coletiva, formulado por Pierre Lévy, está


relacionado com as tecnologias da inteligência e com o modo pelo
qual o conhecimento é construído e compartilhado.

Desse modo, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma


afirmação sobre a implicação da linguagem hipermidiática e da
inovação tecnológica em relação à inteligência coletiva e sua
importância na educação.

A alternativa "A " está correta.

A compreensão sobre inteligência coletiva tem a ver com a possibilidade de


construção do pensamento, de novos conhecimentos por meio de
conexões sociais, viabilizadas pelos computadores em redes abertas à
comunicação e à informação. Dessa forma, a aprendizagem no contexto da
hipermídia e da inteligência coletiva favorecem uma educação dialógica e
colaborativa.

2. A linguagem hipermidiática ou digital é importante aliada na


formação do sujeito, necessária para o enfrentamento das questões
da sociedade contemporânea. Além disso, ela traz tanto
oportunidades quanto desafios e demandas ao campo da educação.
Assinale, entre as alternativas, aquela que apresenta corretamente
desafios ou demandas que advêm da inovação tecnológica e das
linguagens hipermidiáticas.

A alternativa "B " está correta.

A diversidade do mundo digital demanda multiletramentos, que implicam


leituras plurais que deem conta das diversas linguagens das mídias digitais.
Além disso, o uso disseminado de ambientes virtuais e recursos
tecnológicos na educação exige que professores e alunos tenham fluência
digital para dar conta das oportunidades ou possibilidades de ensino e
aprendizagem no mundo digital.

MÓDULO 3
 Reconhecer a relação da linguagem e do design de recursos didáticos
com a aprendizagem

APRENDIZAGEM E
CONECTIVISMO
Vamos tratar, inicialmente, de atividades pedagógicas que valorizam as
linguagens midiáticas, não só como suportes de ensino e aprendizagem,
mas também como estratégias de construção de novos conhecimentos, por
conta do que se estabelece com esses diferentes modos de aprender.

É importante entender que o desafio das hipermídias no âmbito


educacional é promover espaços de apropriação cognitiva, argumentativa,
crítica e criativa. Dessa forma, se não fosse para dar algum salto qualitativo
nas experiências de aprendizagem, todo o esforço nessa área perderia o
seu sentido.

As apropriações das hipermídias, como vimos, já ocorrem nos espaços


sociais, pelas convergências e acessos multimidialidade. No entanto, a
escola tem o papel de orientar como esses recursos e essas linguagens
podem fazer sentidos cognitivos e sociais na formação cidadã dos
estudantes, além de sua orientação instrumental e operacional.

Destacaremos brevemente uma teoria de aprendizagem focada no contexto


digital – o conectivismo – proposta pelo educador e teórico mexicano
George Siemens.

CONECTIVISMO

Para Filatro e Cairo (2015), o conectivismo é uma abordagem que entende


o processo educativo como aquele em que o aluno, ao acessar novas
informações, relaciona tais informações com as que tem em sua estrutura
mental de representações. Desse modo, ele consegue armazená-las no
longo prazo.

Esse processo faz com que exista, na aprendizagem, um movimento de


assimilação, resgate e reorganização das estruturas cognitivas.

O conectivismo abre precedentes para metodologias ativas, que são vistas


como estratégias pedagógicas que buscam o protagonismo dos alunos e
seu envolvimento ativo no processo ensino-aprendizagem.

O conectivismo, como teoria de aprendizagem, aposta em:

Grande variedade de informações e opiniões que podem se relacionar a


novas aprendizagens.

Processo de conexão de nós ou o que chamamos de fontes de informação


especializada.

Orientação de que a informação pode estar distribuída em extensões de


diferentes dispositivos e deve ser continuamente alimentada, pesquisada e
atualizada.

A aprendizagem por meio de conexões, articulações e associações ou a


partir de metodologias ativas demanda um design dos materiais e
recursos didáticos que favoreça procedimentos e percursos de
aprendizagem adequados.

DESIGN DOS RECURSOS E


MATERIAIS DIDÁTICOS
Os materiais didáticos são conteúdos previamente organizados e
desenhados para alcançar algum tipo de aprendizagem pelo seu uso no
ensino. São considerados elementos de mediação importantes, por
exemplo, na área de EaD, em que os AVAs comportam uma gama de
objetos de aprendizagem, tidos como materiais didáticos.

Como podemos caracterizar os materiais didáticos?

Podem ser desenvolvidos e aplicados por professores como material de


apoio ou mesmo focados em autoaprendizagem, funcionando como
material autoinstrucional.

Visam a criar uma comunicação didático-pedagógica entre quem ensina e


quem aprende.

Podem ser estruturados a partir de variados objetivos, formatos, mediação


e níveis de ensino.

Sempre carregam uma intenção pedagógica: alterar alguma condição para


quem aprende, em que se sai de uma condição inicial e se chega a outra
superior.

O público-alvo dos materiais didáticos pode ser crianças, adolescentes,


jovens e adultos, o que tem relação também com a maturidade cognitiva
desses aprendizes. Além disso, os materiais didáticos relacionam-se com a
condição de resgate de memória, intercombinação de conteúdos e
disposição de vencer desafios presentes em suas atividades.

Os materiais também podem usar diversificadas linguagens, indo das mais


apropriadas para o público infantil, passando pelas demandas de
conteúdos mais técnicos, até envolver as formas mais interativas.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

No contexto da educação a distância (EaD), os materiais ganham


importante status , principalmente porque as mediações pedagógicas
dependem de conteúdos disponibilizados digitalmente.

O desenho (design ) dos materiais ou conteúdo vai depender também do


tipo de ambiente, se é um ambiente massivo, do qual participam muitos
alunos simultaneamente, ou um ambiente e atividades personalizados. De
toda forma, os materiais didáticos são recursos primordiais para a
mediação entre aprendizes e professores/tutores.

Os materiais didáticos em EaD, quando autoinstrucionais, são o principal


canal de contato entre os que aprendem, quem ensina ou faz tutoria e as
propostas de ensino e aprendizagem. Nesses casos, os materiais e
recursos didáticos podem incluir os AVAs – ambientes virtuais de
aprendizagem –, textos, videoaulas, simulações, animações, atividades
gamificadas, podcasts , atividades avaliativas, e-books , mapas
conceituais, cartilhas, tutoriais, entre outros recursos.

Foto: Shutterstock.com.

 ATENÇÃO

O desenho do material didático nos ambientes virtuais ou no contexto


hipermidiático deve privilegiar a linguagem dialógica, explorar os recursos
midiáticos e promover a interatividade, visando à aprendizagem.

MATERIAIS DIDÁTICOS E SUAS


POSSIBILIDADES

No universo dos materiais didáticos, temos ainda os materiais didáticos


físicos – muitos deles impressos – e os materiais didáticos digitais que não
exploram a linguagem hipermidiática. Nesse caso, trata-se mais de uma
transposição do suporte impresso para o digital.

Os materiais com linguagens hipermidiáticas, no entanto, destacam-se pela


versatilidade no sentido de sua atualização de conteúdos, bem como pela
sua reutilização em diferentes plataformas e favorecimento da
interatividade.

Quanto mais os estudantes se identificarem com as propostas pedagógicas


e o design dos materiais didáticos, maior será o engajamento do aluno e
melhores os resultados de aprendizagem que poderão ser alcançados.
Essa relação tem a ver com as possibilidades de diálogo que podem ser
criadas entre esses materiais e os aprendizes.

 ATENÇÃO

Um dos requisitos importantes do design dos materiais didáticos, portanto,


é garantia de ação reflexiva nos estudantes, de modo que possam integrar
o conhecimento teórico com o conhecimento mais prático (FRANCO, 2007).
DESIGN DE ATIVIDADES
PEDAGÓGICAS COM
LINGUAGENS HIPERMIDIÁTICAS

As atividades pedagógicas que exploram as potencialidades das


linguagens hipermidiáticas devem ter um design instrucional ou didático
que favoreça a interatividade na aprendizagem.

Explorar a realização ou uso de simulações, recorrer a animações, desafiar


por meio de testes e games , engajar com resolução de problemas e
atividades de “mão na massa”, ler textos que fazem mixagem de diferentes
linguagens – tudo isso pode ser visto como formas de tornar a experiência
de aprendizado mais ativa e interessante para o aluno, por meio de um
bom design instrucional ou de aprendizagem.

A partir de Almeida (apud MARCELINO; MARCELINO, 2018), podemos


listar alguns pontos que devem ser levados em conta no design e na
realização de atividades pedagógicas que se valem das linguagens
hipermidiáticas:
PROJETO EDUCACIONAL

Ser pertinente ao nível dos alunos com objetivos de aprendizagem a serem


atingidos.
ADEQUAÇÃO AO PERFIL DOS
APRENDIZES

Considerar as experiências educacionais anteriores vividas como


aprendizagens, a faixa-etária e o estilo de aprendizagem.
PRINCÍPIOS TEÓRICOS DE SUPORTE
PARA A PRODUÇÃO ATIVA

Privilegiar teorias ativas, que são de base socioconstrutivistas ou


conectivistas, atentando para aquelas que buscam, em princípio, a
autonomia na aprendizagem dos estudantes e acreditam em seu potencial.
QUESTÕES COGNITIVAS, DE ATENÇÃO E
AFETIVAS

Atentar para o que abrange as condições individuais do aprendiz,


verificando seus potenciais e limites para aprender e para interagir
socialmente.
METODOLOGIAS DE ENSINO

Optar por aquelas com ênfase na colaboração, cocriação, simulação,


imersão, pensamentos críticos e argumentativo, produção em cultura
maker (mão na massa) e letramentos para o uso de tecnologias.
COMUNICAÇÃO DIDÁTICA

Promover meios e conteúdos que possibilitem fluidez, adesão dos


participantes com engajamento e identificação de interesses comuns, e
conexões com a realidade dos aprendizes.

Todos esses pontos não devem ser levados em consideração apenas nos
ambientes virtuais, nas experiências de educação a distância ou híbridas.

Nas aulas presenciais, também é possível explorar os recursos


hipermidiáticos e ter um desenho das atividades pedagógicas que favoreça
a interação entre os alunos e a interatividade com diversos recursos que
podem facilitar a aprendizagem e motivar os alunos.

O layout de uma sala de aula presencial, o formato da própria aula, a


dinâmicas das atividades e o uso de recursos digitais – smartphones ,
projetores multimídia, lousas digitais, entre outros – podem contribuir para
uma aprendizagem mais ativa.

UMA PRÁTICA – A CURADORIA EM


PROJETOS EDUCACIONAIS

Garcia e Czeszak (2019) propõem práticas educacionais em ambiente


digital, com base nas linguagens hipermidiáticas, que propiciam a
autonomia e o engajamento dos aprendizes, procuram orientar o uso de
boas fontes, desencadeiam processos de investigação no ambiente da
internet e promovem a avaliação de fake news . Tudo isso pode contribuir
para um bom uso dos recursos hipermidiáticos e para a construção de uma
formação cidadã.

Dependendo do design das atividades pedagógicas, pode-se favorecer a


aprendizagem e promover a formação de alunos no sentido de desenvolver
habilidades relacionadas com a avaliação da informação, os riscos da
desinformação, as consequências do excesso de informação e de
informações falsas, sem fontes confiáveis.

Uma atividade pedagógica desenhada para aprendizagem relacionada com


a curadoria de conteúdo ou de informações poderia, por exemplo, ser
desenvolvida a partir dos nove passos propostos por Garcia e Czeszak
(2019):

PASSO 1
PASSO 2
PASSO 3
PASSO 4
PASSO 5
PASSO 6
PASSO 7
PASSO 8
PASSO 9

PASSO 1

Idealizar um projeto com design pedagógico, o que implica trabalhar as


seguintes fases: analisar, planejar, desenvolver/implantar e avaliar.

PASSO 2

Identificar o objetivo que leva o professor e seus estudantes a fazer uma


curadoria. Por exemplo, definir o foco de uma pesquisa, levantar os dados,
checar informações a partir das fontes pesquisadas. No caso, as autoras
sugerem uma pesquisa mais aprofundada sobre o caso de Brumadinho –
barragem da companhia Vale do Rio Doce –, que teve consequências
drásticas constatadas até os dias atuais.
PASSO 3

Apresentar tópicos para a evolução da pesquisa – do mais elementar ao


mais complexo.

PASSO 4

Estimular o uso do pensamento crítico e argumentativo sobre o que foi


levantado: analisar, raciocinar sobre os fatos e tecer opiniões pautadas na
pesquisa, a partir de fatos e evidências.

PASSO 5

Orientar sobre como é a estrutura de construção de projetos, acentuando


que esta é uma habilidade que servirá para toda a vida, além da escola.

PASSO 6

Checar e “peneirar” a origem e as fontes de informação, bem como


associá-las a outras fontes já checadas. Trata-se da realização de
curadoria contra as fake news .
PASSO 7

Buscar e aplicar ferramentas para a apresentação de resultados: criar


infográficos e tabelas, e utilizar programa de apresentação de conteúdos.

PASSO 8

Ter boa comunicação para fazer a apresentação, depois de todo esse


levantamento. É nesse passo que a solução é mostrada.

PASSO 9

Avaliar todo o processo da atividade, tanto do lado do design pedagógico,


quanto do lado do aprendiz e de sua satisfação.

Os nove passos sugeridos por Garcia e Czeszak (2019), por meio de uso
de plataformas digitais, valorizam o que as mídias digitais e a internet
oferecem.

O professor e aqueles que estejam envolvidos no desenho da atividade


também devem incentivar o senso crítico em relação ao conteúdo acessado
nos meios digitais e ao próprio meio, às mídias. Com isso, de forma crítica
e criativa, torna-se possível nos apropriarmos das linguagens
hipermidiáticas e favorecer a aprendizagem mais integral e emancipatória.
Foto: Shutterstock.com.

DESIGN E APRENDIZAGEM
Nesta conversa, os professores Roberto Paes e Luís Dallier destacam as
implicações e possibilidades do design de aprendizagem.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ASSINALE A ALTERNATIVA EM QUE SE RELACIONA


CORRETAMENTE O DESIGN COM A ELABORAÇÃO DE
MATERIAIS DIDÁTICOS.

A) Tanto em ambientes virtuais massivos quanto em atividades


pedagógicas personalizadas, o desenho do material didático é o mesmo,
pois todos precisam aprender.

B) O design de materiais didáticos autoinstrucionais em ambientes virtuais


deve privilegiar o papel da tutoria, pois são recurso de apoio às aulas dos
professores.

C) A interatividade e a inclusão de variados recursos e linguagens no


material didático autoinstrucional são fundamentais, pois esse material
facilitará a aprendizagem.

D) Materiais e recursos didáticos deixam de ter importância para a


mediação pedagógica nas aulas presenciais, por isso, o design de
aprendizagem está relacionado com a educação a distância.

E) A linguagem dialógica não deve fazer parte do design de materiais


didáticos, porque ela se reserva à fala do professor em sala de aula ou em
vídeo.

2. CONSIDERE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR:

I. ATIVIDADES PEDAGÓGICAS COMO “MÃO NA MASSA” E


EXERCÍCIOS GAMIFICADOS SÃO EXEMPLOS DE
POSSIBILIDADES QUE DEVEM FAZER PARTE DO DESIGN
DE APRENDIZAGEM OU DIDÁTICO.
II. O USO DE SIMULAÇÕES E ANIMAÇÕES É
INAPROPRIADO NAS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS
PORQUE DISTRAI OS ALUNOS, DESVIA O FOCO DA
ESCRITA E POUCO ACRESCENTA AO APRENDIZADO.
III. NO DESIGN E NA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES
PEDAGÓGICAS, É IMPORTANTE UM SUPORTE TEÓRICO
QUE PRIVILEGIE APRENDIZAGENS MAIS ATIVAS.

ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:

A) Apenas a afirmativa I está correta.

B) Apenas a afirmativa II está correta.

C) Apenas a afirmativa III está correta.

D) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


E) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.

GABARITO

1. Assinale a alternativa em que se relaciona corretamente o design


com a elaboração de materiais didáticos.

A alternativa "C " está correta.

O desenho dos materiais e recursos didáticos deve considerar diversos


aspectos, entre eles, se o material é autoinstrucional, ou seja, se é o
principal meio de o aluno acessar o conteúdo e aprender. Nesse caso, são
importantes a interatividade, a linguagem dialógica, as variadas linguagens
e os diversos recursos que promovam a construção do conhecimento.

2. Considere as afirmativas a seguir:

I. Atividades pedagógicas como “mão na massa” e exercícios


gamificados são exemplos de possibilidades que devem fazer parte do
design de aprendizagem ou didático.
II. O uso de simulações e animações é inapropriado nas atividades
pedagógicas porque distrai os alunos, desvia o foco da escrita e
pouco acrescenta ao aprendizado.
III. No design e na realização de atividades pedagógicas, é
importante um suporte teórico que privilegie aprendizagens mais
ativas.

Assinale a alternativa correta:

A alternativa "E " está correta.


O envolvimento ativo do aluno no estudo e na aprendizagem deve ser
considerado no design das atividades pedagógicas. Por isso, atividades
do tipo “mão na massa” e o uso do princípio dos games nos exercícios
são recomendados. Além disso, é preciso que as atividades tenham
sustentação teórica, suporte conceitual, que valorize a aprendizagem mais
ativa, como as teorias construtivistas e o conectivismo.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudamos algumas das questões mais relevantes sobre as linguagens


hipermidiáticas e seu inter-relacionamento com o campo da educação.
Além disso, trabalhamos conceitos importantes sobre hipermídia,
hipertexto, hiperleitura, letramento, materiais didáticos, design e
aprendizagem, e vimos as implicações desses conceitos na educação a
distância e nas experiências em sala de aula presencial.

A partir dos conceitos abordados, tivemos a oportunidade de abordar


alguns aspectos e pontos das práticas metodológicas relacionadas com a
linguagem hipermidiática no ambiente escolar e virtual.

Ainda há um espaço muito grande a ser preenchido para formação em


mídias digitais. O professor bem-preparado para a comunicação midiática
poderá contribuir mais para o desenvolvimento de competências cognitivas
e criativas de seus estudantes.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, D. Pelos caminhos do letramento visual: por uma proposta


multimodal de leitura crítica de imagens. In : Revista Linguagem em Foco,
v. 3, n. 5, set. 2019.

ANECLETO, U.C; OLIVEIRA, M. S. Tecnologias digitais, pedagogia dos


multiletramentos e formação de professor: caminhos da pesquisa
colaborativa.In : FERRAZ, O. (org.). Educação, (multi) letramentos e
tecnologia: tecendo redes de conhecimento sobre letramentos, cultura
digital, ensino e aprendizagem na cibercultura. Salvador: EDUFBA, 2019.

BÉVORT, E.; BELLONI, M. L. Mídia-educação: conceitos, história e


perspectivas. In : Educ. Soc., Campinas, v. 30, n. 109, p. 1081-1102, set-
dez. 2009.
BRUNO, A.R. Mediação partilhada e interação digital: tecendo a
transformação do educador em ambientes de aprendizagem on-line , pela
linguagem emocional. In : MORAES, M. C. Pesquisando fundamentos para
novas práticas na Educação on-line . São Paulo: RG Editores, 2008.

FILATRO, A.; CAIRO, S. Produção de conteúdos educacionais. São


Paulo: Saraiva, 2015.

FRANCO, M.A.M. Elaboração de material impresso: conceitos e


propostas. In : CORREA, J. (Org.) Educação a distância. Porto Alegre:
Artemed, 2007, p. 21-36.

GARCIA, M.S.S.; CZESZAK, W. Curadoria educacional: práticas


pedagógicas para tratar (o excesso de) informação e fake news . São
Paulo: Senac, 2019.

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era


da informática. São Paulo: Editora 34, 1992.

MARCELINO, E.; MARCELINO, A. B. B. Aimportância de construção de


materiais didáticos para professores do ensino superior. In : Brazilian
Applied Science Review, v. 2, n. 2, abr-jun. 2018.

CORRÊA H.; BERTOLDO, H.L.; MILL, D. Linguagens e Tecnologias. In :


MILL, D. (org.). Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação
a distância. Campinas: Papirus, 2018, p. 401.

MOREIRA, A. J.; SCHLEMMER, E. Por um novo conceito e paradigma


de educação digital onlife. In : Revista UFG, v. 20, 2020.

PINHEIRO, R.; ARAÚJO, J. Letramento tecnológico. In : MILL, D. (org.).


Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação a distância.
Campinas: Papirus, 2018, p. 390.

SANTAELLA, Lucia. Os espaços líquidos da cibermídia. In : E-Compós,


v. 2, 2005.
EXPLORE+

Assista ao vídeo Especial tecnologia na educação – por que usar


tecnologia , no canal Porvir Educação, no YouTube, e tenha uma
breve e interessante visão das possibilidades e dos cuidados do uso
das tecnologias na aprendizagem.

Leia o artigo Textos multimodais e escola: produção e leitura de peças


de divulgação de um show de música popular , de Elisa Ribeiro,
disponível no Portal Academia.Edu.

Leia o artigo Hipermídia na educação: flexibilidade cognitiva,


interdisciplinaridade e complexidade , de Flávia Rezende e Cláudio
Cola, disponível no portal Redalyc.

CONTEUDISTA

Marilene Garcia

 CURRÍCULO LATTES

You might also like