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Destinada Aos Lobos Harem Reverso Bruna Rodrigues
Destinada Aos Lobos Harem Reverso Bruna Rodrigues
Eles não serão capazes de lutar contra o que sentem por ela, assim
como ela não faz questão alguma de esconder o que sente por eles.
ESSA É UMA FANTASIA DE LOBOS COM HARÉM REVERSO.
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CARTA ABERTA DA AUTORA
Não era justo com eles, e eu não estava sendo justa comigo mesma.
Foi neste momento de incertezas que Raze sussurrou no meu ouvido pela
primeira vez e com seu jeito protetor me disse: Deite sua cabeça no meu
ombro e me deixa cuidar de você, eles vão entender. Eu poderia ter
aceitado, mas sentia que estava traindo meus leitores, meus personagens de
Aprisionada e por isso mandei Raze ir embora. Não queria ouvir o que ele
tinha para me dizer, mas ele sendo quem é (teimoso), voltou.
Bruna Rodrigues.
NOTA DE UMA AUTORA TRAUMATIZADA
Caraca, como esses lobos exigiram de mim! Eles vieram de mansinho
dizendo que seria uma história pequena e simples, e eu já aviso que DE
SIMPLES TEM A SÓ A CARA DE PAU DELES. Esse livro não tem nada
de simples. Esse livro foi tão fundo dentro de mim que tirei esse enredo das
entranhas do meu ser.
Esses lobões vieram ao mundo apenas para bater com os dois pés no
peito de qualquer desavisado que caia de paraquedas nesse livro. Eles
viciam, eles exigem, eles te consomem e, quando você menos se dá conta,
eles estão se intrometendo em tudo. ABSOLUTAMENTE TUDO. Foi
assim com o enredo, foi assim com a capa, foi assim com a diagramação,
foi assim com tudo que envolvesse eles.
Brincadeiras à parte, eu sou muito grata por eles, pois se não fosse por
esses lobões e o modo intrometido deles de ser, eu não sei onde minha
mente estaria nesse momento. Eles vieram para me salvar, assim como eu
sei que eles vão salvar outras pessoas. Seja da depressão, seja de uma
ressaca literária, ou qualquer outra coisa que você esteja vivendo neste
momento e precise de uma fuga.
Uau, vocês não imaginam o quanto foi difícil chegar aqui! Meu
coração fica leve por saber que cheguei, que mais uma vez venci minhas
incertezas, medos e dúvidas, mas principalmente venci minha mente que às
vezes gosta de me sabotar. Esse agradecimento é escrito com lágrimas nos
olhos.
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom maravilhoso da escrita,
sem Ele acredito que não estaria onde estou. Agradeço aos meus filhos e
marido por me amarem incondicionalmente e entenderem o meu trabalho.
Não importa o quanto eu precise me dobrar, sempre darei meu melhor por
vocês.
Alcateia Calla: Foi a alcateia mais poderosa que existiu e seu antigo
alfa era Zander Calla.
Bruxos: São seres que praticam magia das trevas. Alguns se tornam
bruxos através de pactos e sacrifícios, e existem os que nascem feiticeiros
da luz, mas que quando usam da fonte das trevas se tornam bruxos.
Tudo o que ela queria era ficar com seu companheiro, o poderoso
alfa, Zander Calla. Juntos eles se tornaram muito poderosos, ela com sua
magia vinda da fonte de todos os feiticeiros da luz e ele com sua força
extraída dos seus poderosos lobos, mas isso fez com que outros seres
poderosos se unissem contra ambos devido ao tamanho poder que juntos
eles possuíam.
A guerra que se instalou por causa disso fez com que a senhora da
casta dos feiticeiros da luz, Allegra Roux, lançasse um feitiço poderoso
sobre a alcateia do seu companheiro. Tornando-os ainda mais poderosos,
fazendo deles lobos mais fortes e indestrutíveis. A pelagem cinza daqueles
lobos mudou para branca, e com isso eles se tornaram a temida alcateia
Calla. Lobos enormes e brancos que não tinham misericórdia de ninguém.
A busca pelo maior culpado não parava. Todos queriam dar fim à
vida de Zander, e quando enfim conseguiram colocar as mãos no poderoso
alfa, deram a ele a morte mais cruel que se pode dar a um ser mágico: a
morte por remoção da fonte da sua magia interior, seu lobo.
O próximo a cair foi Soren. Anyka foi a única a não ser achada, mas
eles acreditavam que ela já estava morta, porque não sentiam mais a magia
das trevas que cercava a alcateia Calla prosperar através dela.
Depois da queda dos Calla, uma união entre os seres mágicos foi
forjada para manter o equilíbrio natural do mundo mágico, surgindo assim
o Reino de Symes, uma dimensão que tinha o objetivo de proteger os seres
mágico e, para manter a ordem, foi criado O Conselho dos Anciões,
composto pelos seres mais poderosos de cada casta.
Nos meti em mais uma confusão, mas se acalme, não é nada de mais.
— Laila, quem foi mesmo que você ouviu falando deste bar? —
pergunto pensando na possibilidade de dar as costas e sair sem olhar para
trás.
Minha amiga, que parece não notar os olhares desagradáveis dos
clientes, caminha até o balcão, e só agora percebo três homens atrás dele
secando copos. Eles nos encaram sérios, o que aumenta minha vontade de
dar o fora daqui o quanto antes.
Solto um suspiro trêmulo quando sou alvejada pelo seu olhar dourado
terroso, a cor dos seus olhos me lembra o pôr do sol do fim de outono,
fascinante e maravilhoso. Ele percorre meu corpo com seus olhos e sinto-
me sensível em cada lugar que sou alvo deles. Quando ele volta a me
encarar me sinto perdida, meus seios ficam pesados, meus mamilos duros e
minha calcinha molhada.
Logo que ele desvia seu olhar dos meus, me sinto liberta do seu
domínio, contudo, ainda continuo hipnotizada. Ele caminha até os três
homens e fala algo para eles, e eu não consigo prestar atenção em mais nada
que não seja nele.
Quem é ele?
Impactada por tudo que estou sentindo de apenas olhar para o homem
misterioso, me aproximo do balcão querendo vê-lo melhor de perto. Eu
nunca me senti assim, e isso me confunde. Paro ao lado de Laila, que
continua absorta com a cartela de bebidas, e foco no moreno intrigante à
minha frente.
Esse outro homem tem barba ruiva e olhos marrons. Seus cabelo
também é longo, mas ele o usa em forma de coque, fazendo seu rosto ficar
evidente. Ele é bonito, assim como os gêmeos, contudo, meus olhos voltam
para o moreno que faz meu coração bater mais rápido, e sou pega de
surpresa quando o vejo olhando para mim, porém logo ele desvia seus olhos
dos meus.
Ele fala e ouvir sua voz faz meu coração errar uma batida. Sua voz
soa tão boa para meus ouvidos, não sei se é o timbre ou por ela estar tão
rouca. Não importa o que seja, eu só sei que eu gosto e quero que ele
continue falando, porém ele não continua. O tal do Kaden assente para ele,
enchendo duas canecas até a borda e batendo com elas no balcão
entregando uma para mim e outra para a Laila.
Dou uma olhada para o lado vendo que os clientes que antes estavam
nos encarando voltaram a se concentrar nas suas cervejas, me fazendo
suspirar de alívio, odeio chamar atenção. Seguro a caneca de madeira, que
me lembra algo medieval, e dou um gole generoso. Estava esperando o
sabor amargo que a cerveja tem, contudo, o sabor desta é esplêndido, quase
gemo em pura apreciação. Bebo mais um pouco e é impossível parar, não
levo nenhum um minuto para secar a minha caneca.
— Caramba, Low, vai com calma. — Laila pede e sorrio olhando para
ela.
Kaden arqueia suas sobrancelhas loiras, mas faz o que peço. Seguro a
caneca da minha amiga e bebo metade do líquido fazendo o homem ficar
surpreso. Depois do show que faz Laila rir, decido beber devagar, pois não
quero ficar bêbada no dia do meu aniversário, mesmo que eu acredite que a
ideia da minha amiga tenha sido exatamente essa: me embebedar.
Kaden e seu irmão gêmeo, Kael, ficaram perto de nós, nos servindo e
conversando um pouco. O outro homem, que eu descobri se chamar Beau,
ficou responsável pelos outros clientes. Laila amou a atenção especial que
estava ganhando dos gêmeos, e optei em ficar na minha, tomando minha
cerveja tranquilamente.
Pensar nos meus pais me bate uma saudade e tristeza grande demais,
nunca superei a morte deles, ainda mais porque hoje há vinte e cinco anos
eu entrava na vida deles. Eles faleceram há cinco anos, primeiro foi meu
pai, que sofreu um infarto devido aos seus problemas cardiovascular,
mamãe tentou se manter forte depois de perder seu companheiro de uma
vida, mas a tristeza que se abateu nela, a fez ficar doente, e depois de sete
meses do falecimento do meu pai, foi a vez de me despedir da minha mãe.
Ajeito meus cabelos e abro a porta para voltar, porém bato contra algo
duro que quase me faz cair, contudo, mãos fortes me seguram impedindo
minha queda. Levanto minha cabeça para agradecer e sou atingida por uma
floresta viva refletida nos olhos verdes mais lindos que já vi. O homem na
minha frente me olha de forma curiosa enquanto eu o olho com mais
atenção.
Seus cabelos são loiros e batem acima dos ombros, ele possui uma
barba cerrada de pelos loiros, na sua bochecha esquerda, um pouco abaixo
do seu olho, ele tem uma pinta, que por algum motivo me imagino
lambendo-a. O que acabo de pensar? Ele é tão lindo que, por alguns
segundos, perco a fala. O toque das suas mãos nos meus braços faz meu
corpo queimar ainda mais, deixando-me soterrada no que estou sentindo.
— Você... hum, está bem? — O som da sua voz deixa meu corpo
trêmulo, impossibilitando que eu consiga respondê-lo sem ficar evidente na
minha voz o que ele está me causando.
Tudo que consigo sentir é o impacto dos seus olhos nos meus, e o
cheiro de menta que vem dele até mim. Meu coração bate mais rápido,
meus lábios ficam secos obrigando-me a molhá-los com a língua. Meu
movimento não passa despercebido por ele, e ter seus olhos focados na
minha boca faz meus mamilos ficarem duros, e minha calcinha úmida.
Oh, santo Deus, de novo não!
Ele me solta e quase gemo em protesto. Ele estreita seu olhar para
mim e começa a descer seus olhos pelo meu corpo. Meus mamilos estão tão
duros que se tornam perceptíveis para ele assim que sua atenção foca nos
meus seios. Aperto minhas coxas em busca de alívio. Enquanto sua
avaliação não termina, seus olhos percorrem meu corpo demoradamente e,
assim que ele para sua inspeção, seu nariz dilata, suas íris cintilam e um
sorriso se abre nos seus lábios.
Meu corpo se arrepia logo que ele volta com seus olhos verdes para
os meus, estou tão impactada que encontro dificuldades para respirar.
— Maldição!
Quando volto a olhar para seu rosto, percebo a luxúria brilhar nos
seus olhos. O cheiro da sua excitação chega até mim como um soco,
fazendo meu lobo rosnar querendo a fêmea que parece tão disposta a estar
comigo. Contudo, meus pensamentos devassos são colocados de lado
quando um cheiro a mais exala da mulher que a pouco estava me
embriagando no seu aroma de jasmim.
Opto por deixar de fora o fato de que uma delas mexeu com meu lobo
ao ponto de me deixar duro. Minha alcateia sabe o quanto não suporto os
humanos. A raça deles depois de Zander Calla e Allegra Roux são os mais
próximos a quererem nos extinguir. Eu ainda lembro muito bem do que os
humanos são capazes, e acredito que nada e nem ninguém me fará esquecer.
Travo a mandíbula para não dar a resposta que eu quero. Dou uma
olhada para as duas, e a fêmea que deixa meu lobo ouriçado está com seus
olhos azuis presos em mim. Causando novamente aquela onda indesejada
pelo meu corpo, bufo desviando meu olhar do dela.
Dou uma olhada para Kael, que está um pouco afastado, e nego com a
cabeça, não vou entrar nas apostas idiotas deles.
Kaden dá uma olhada para mim e volta sua atenção para elas,
aparentemente ele não participará da aposta. Dessa vez.
— Essa cerveja é muito forte para huma... vocês. — Ele diz e Beau
cutuca suas costelas.
— Que merda, Kaden, se não vai entrar na aposta não atrapalhe!
Dou uma última olhada para a humana e a vejo distraída com Kaden
enchendo as canecas. A cada passo que dou para longe dela o incômodo
dentro do meu peito fica mais forte, contudo, eu não fico pensando muito
para descobrir o porquê.
***
Deon sempre soube como me irritar, ele nunca precisou mais do que
algumas palavras para me deixar fervendo de raiva. A curiosidade de saber
qual das duas humanas ele está falando quase me faz questioná-lo, porém
decido não perguntar absolutamente nada.
Respiro fundo várias vezes antes de falar qualquer coisa, Deon apesar
de ser imoral, imprudente e pensar na maioria das vezes com o pau, é um
amigo leal, que sempre quer o melhor para a alcateia. Ele nunca se
importou de colocar sua vida depois da do Kaden, Kael, Griffin, Beau e a
minha.
Fazer sexo por fazer não é tão prazeroso, é algo mecânico, e muitas
das vezes vazio. Os lobos machos só começam a sentir o prazer real depois
que acasalam e entram em frenesi pela primeira vez, algo que só acontece
depois que a companheira de alma aparece e incita o frenesi do seu
companheiro.
— Deon, até quando você vai buscar por algo que somente sua
companheira de alma pode lhe dar? — pergunto fazendo sua expressão
fechar. — Aquele prazer que a Ca...
Logo a tristeza dele enche meu peito. Depois de Calina, meu amigo
nunca mais foi o mesmo. Suspiro sem saber o que dizer. Quando Calina foi
desmascarada pelo mago Kai Basset, os anciões decretaram-na ao
julgamento vindimar por usar magia das trevas, o que machucou ainda mais
Deon. Devido à ligação forjada pela magia das trevas, meu amigo sentiu a
perda dela como se estivesse perdendo sua companheira de alma de
verdade. Foi doloroso assistir, foi doloroso compartilhar daquela dor.
Desde então ele busca por prazeres vazios para preencher sentimentos
falsos causados por Calina.
— Ela existe, você sabe que sim. — Afirmo, fazendo-o bufar. — Kai
previu sua felicidade, previu seus filhotes. Você será feliz, Deon.
Deon não fala nada, apenas acena saindo do escritório. Volto para os
papéis, porém me lembro da conversa que estávamos tendo antes de
trazermos o passado à tona.
Ainda bem, espero que elas nunca mais voltem. No entanto, pensar
em nunca mais ver a ruiva faz meu lobo pular e rosnar dentro de mim.
Mas que merda isso significa?
04
Willow
Sinto meu corpo pegando fogo, o calor que me consome é tanto que
me reviro na cama em busca de alívio. Gemo assim que sinto algo molhado
ser passado na minha intimidade, ao mesmo tempo em que alivia um pouco
do meu tormento, me faz protestar querendo mais daquilo subindo e
descendo por toda a sua extensão.
— Calma, antes de lhe dar o que você tanto quer, eu quero vê-la
implorando, quero vê-la se contorcendo na minha boca enquanto sua
boceta pulsa ao redor da minha língua. — Declara abocanhando toda a
minha intimidade, fazendo-me gritar de prazer.
Meus gemidos e gritos são altos, eu não consigo controlar o que ele
está fazendo comigo, e eu não poderia me importar menos com isso. Sentir
seu toque, deixa meu corpo em estado de erupção, apenas ansiando o
instante em que eu vou explodir no melhor dos orgasmos.
Tudo que ele está fazendo com seus dedos e língua é demais. Eu
preciso gozar. Percebendo o meu desespero, ele concede o que eu tanto
quero, ele penetra dois dedos na minha boceta ao mesmo tempo em que
fecha seus lábios em torno do meu clitóris, mamando meu nervo sensível
como se fosse um mamilo.
Jogo minha cabeça para trás, levanto meu quadril e fecho os olhos
me deixando ser varrida pelo orgasmo mais avassalador que já senti.
Agarro os seus cabelos e me esfrego no seu rosto sem vergonha nenhuma
do que eu quero, sem me importar com nada além de alcançar minha
libertação.
— Esse brilho nos seus olhos é perigoso. — Fala, mas não parece
nenhum pouco preocupado. — Está querendo me reivindicar? — enterra
seu rosto na curva do meu pescoço inalando meu cheiro profundamente. —
Humana, você não passa de uma humana.
Não entendo o que ele quer dizer com isso, contudo, logo sou
distraída com seus dentes escovando a pele do meu pescoço. Tremo nos
seus braços. Minha pele formiga. Meu sangue queima. Eu preciso ter mais
dele, ter apenas sua boca e dedos não foi o suficiente. Seguro nos seus
cabelos forçando seus olhos a se fixarem nos meus, a prova do meu
orgasmo ainda brilha no seu rosto, por isso, coloco a língua para fora
pegando mais do meu gosto na sua pele.
Em segundos, ele se coloca de pé, seu pau fica diante de mim, muito
duro e grosso. A cabeça está melada e avanço no seu corpo querendo
chupá-lo, querendo desesperadamente fodê-lo. Contudo, ele me segura
parando meu avanço, protesto, mas ele se mantém convicto no que deseja:
me dominar. Ele me levanta da cama e gira meu corpo até eu estar como
ele quer, de quatro no colchão.
Sua mão grande força minhas costas para baixo, deixando minha
bunda para o alto. Minha respiração engata. A ansiedade pelo que virá a
seguir, quase me comendo viva. A expectativa de tê-lo atrás de mim me
fodendo na minha posição favorita deixa minha boca salivando e minha
boceta pingando.
Estou sendo muito bem fodida, e nem me lembro a última vez que isso
aconteceu, ou melhor, se é que já chegou a acontecer.
Levo minha mão para o meio das minhas coxas, querendo gozar junto
com ele, porém antes que eu toque no meu clitóris sua outra mão segura
meu braço, imobilizando-o atrás das minhas costas. Sinto o peso do seu
corpo e logo sua boca está colada na minha orelha enquanto continua a me
foder.
Fecho os olhos, pois tudo está sendo demais para mim, Minhas
pernas bambeiam, meus gemidos ficam desesperados, e seguindo sua
ordem, gozo sem precisar estimular meu clitóris. Ele me acompanha
gemendo e rosnando alto demais, fazendo as estruturas do meu corpo virem
a baixo. Caio na cama com ele em cima de mim, ainda todo enterrado no
meu interior.
Tento virar meu corpo, mas estou sem forças. Tudo que consigo fazer
é virar meu rosto a tempo de vê-lo sair pela janela do meu quarto sem
roupa nenhuma.
Fico fascinada pelo animal e por ser tamanho que me assusto quando
o escuto uivar, ele mantém sua atenção em mim e uiva mais uma vez antes
de correr para longe. Debruço na janela para ver aonde ele foi, mas
infelizmente o perdi de vista. Suspiro e decido voltar para cama, preciso
descansar, o sonho foi intenso demais.
05
Willow
Eu sei que não deveria estar aqui, ainda mais depois de um dia
cansativo de trabalho, onde passei a maior parte do meu horário pintando os
olhos verdes fascinantes do homem que sonhei de novo, tenho feito muito
isso nos últimos cinco dias. No entanto, sou incapaz de ficar mais um dia
revivendo aquele sonho.
Dias se passaram e nada me faz esquecer o sonho que tive com ele.
Por isso eu sabia que precisava voltar ao bar, para quem sabe vê-lo de novo
e com isso acalmar meu corpo. Aquele sonho foi tão real que ainda sinto os
efeitos toda vez que repasso ele na minha mente.
Depois de ser assombrada por aquele sonho durante dias, hoje criei
coragem de compartilhar com minha amiga a sina que tenho vivido desde
então, e Laila sendo Laila agarrou minha mão e me arrastou para o bar.
Minha amiga está convicta que aquele sonho é um prelúdio do que está por
vir, e que eu sou uma sortuda.
Sinto meu rosto pegar fogo assim que Kaden olha de Laila para mim,
mas abaixo a cabeça envergonhada demais para encará-lo. Laila prometeu
que seria discreta e que me ajudaria a descobrir quem pode ser o homem
misterioso, o que me arrependo agora por ter aceitado.
Laila dá uma olhadinha para Kaden que está distraído pegando nossas
bebidas, depois suspira focando seus olhos escuros em mim.
Franzo a testa e dou um gole tentando descobrir a que gosto ele está
se referindo, porém tudo que sinto é o sabor magnífico explodindo na
minha boca.
— O gosto dos céus? — brinco limpando o canto da minha boca.
— Low, está tudo bem? — A voz de Laila me faz piscar e virar meu
rosto devagar para ela, que me encara alarmada. — Amiga, você está me
preocupando.
Volto meu olhar para o homem e o pego olhando para mim. Engulo a
saliva com dificuldades quando um sorrisinho cretino se abre no canto da
sua boca. Meu coração bate descompassado sem acreditar que mais uma
vez um homem que frequenta esse bar mexe com o meu corpo e
principalmente com a minha cabeça.
— Eu... estou... — limpo a garganta com dificuldade. — Bem.
Seus cabelos são vermelhos, seus olhos são de um azul tão esplêndido
que por alguns segundos me questiono se estou presenciando o céu limpo
de um dia quente de verão. Seu corpo é pequeno e curvilíneo, me fazendo
imaginar ela dentro do meu abraço, enquanto provo dos seus lábios
volumosos.
— Um sonho bem quente. Tudo bem, vamos apenas ficar por aqui,
preciso babar um pouco mais no Kaden. Onde será que está o Kael?
Agindo de forma imprudente, algo que nunca fiz, caminho até elas. O
objetivo de me manter afastado acaba de ir por água abaixo. Meu lobo se
recusa a não ter a atenção dela, por isso, dou passos decididos na sua
direção. Eu preciso contemplar a cor dos seus olhos mais de perto, e quem
sabe fazê-los olharem para mim?
Assim que vou para trás do balcão elaboro alguma desculpa para
conversar com ela, mas quando paro na sua frente fico hipnotizado no seu
rosto e por alguns segundos esqueço do meu objetivo, perdido demais na
sua beleza, tentando inutilmente contar as muitas sardas que ela tem
espalhadas por seu nariz e bochechas.
Perfeita demais.
Eles são ainda mais lindos vistos de tão de perto, meu coração bate
tão rápido diante da mulher à minha frente, que seu cheiro de excitação
aflora o instinto de acasalamento do meu lobo. A humana ao seu lado
pergunta se ela está bem, e um sorriso se abre nos meus lábios por ver o
quanto ela aparenta estar afetada por mim.
Está claro como o dia, que não, ela não está nada bem. Mantenho
meus olhos sobre ela e é quando ela estende sua mão para mim. Eu demoro
uns três segundos para encostar minha mão na sua, mas quando acontece
uma corrente elétrica passa dela para mim, indo diretamente para meu
coração.
Eu não sinto meu coração bater tão rápido desde que os pais de Deon
me encontraram quase morto e me criaram como se eu fosse o filhote deles.
Eu tinha cinco anos, estava com medo, com fome e com frio. E neste
momento, meu coração bate da mesma forma que naquele dia, contudo, por
outro motivo.
Por ela.
Willow abre um sorriso tímido e solta minha mão, que arde. Sorrio de
volta, e antes que eu continue conversando com ela, a voz de Deon soa na
minha cabeça:
Nossa, como pude esquecer como eles são? Quando um entra na sua
mente a porta fica aberta para todos os outros da alcateia entrarem também.
— Você por aqui? — pergunto e tudo que ele faz é rir na minha
cabeça.
Percebo na forma como ele olha para Willow que ele também foi
atingido pela beleza e o cheiro dela. Quando ela levanta sua cabeça e vê
Deon seus olhos se arregalam ligeiramente, escuto seu coração bater
acelerado, e o cheiro da sua excitação se torna mais forte. Ela se coloca de
pé e avisa a sua amiga que vai no banheiro, contudo, ela se encaminha até a
porta de saída do bar.
Fico de pé e antes que Laila perceba meu estado murmuro para ela
que vou ao banheiro. Eu só preciso ficar um pouco sozinha e acredito que
será o suficiente para ordenar meus pensamentos. Dou uma olhada por cima
do ombro e vejo minha amiga distraída tomando sua cerveja, enquanto
mexe no celular. Engulo em seco quando desvio os olhos para o Griffin e o
homem ao seu lado e os vejo olhando diretamente para mim.
Ele é alto, sua pele é escura, seus olhos são verdes, sua beleza é
estonteante. Nunca vi tal beleza até hoje. Ele usa uma capa preta com
capuz, contudo, eu não o conheço. Dou um passo para trás, e ele dá um para
frente. Olho para a porta do bar prestes a correr, mas ele levanta a mão me
fazendo ficar parada.
O homem acena e sorri para mim. Algo na forma que me olha me faz
relaxar. Parece loucura, mas eu simplesmente sei que ele não me fará mal.
Passo a mão no meu rosto limpando os resquícios das minhas lágrimas. Em
poucos dias me tornei uma confusão de sentimentos.
— Como... Sabe o meu nome? — ele vira sua cabeça para mim e um
sorriso enfeita seu rosto.
Algo que não demora para eu descobrir, já que Laila o chama com o
dedo pedindo mais uma cerveja. O homem coloca a garrafa aberta na sua
frente e olha para mim, fico por alguns segundos sem saber o que fazer,
muito menos o que dizer.
Sinto meu rosto arder pelo modo que os olhos de Deon percorrem do
meu rosto até o vale entre meus seios. Engulo a saliva que enche minha
boca. Não posso pensar naquele sonho, não estando com ele parado na
minha frente, me encarando como se fosse capaz de ler meus pensamentos.
— Low, está me ouvindo? — viro meu rosto para minha amiga que
está apontando, sem nenhuma discrição, para o homem sentado algumas
mesas de nós. — Ele se encaixa na descrição do homem gostoso do seu
sonho.
Merda, Laila.
— Ah, que pena. — Laila volta sua atenção para Deon que olha para
nós duas de sobrancelhas em pé.
Termino de tomar minha cerveja em completo silêncio. Chega de
passar vergonha sentindo coisas por homens que eu só conheço o nome.
Laila logo me distrai mostrando as fotos que ela tirou do ensaio de hoje.
Minha amiga além de universitária é modelo fotográfica, algo que ela faz
desde a adolescência.
— Obrigada, Low. — Ela faz uma cara triste e seguro sua mão
apertando de leve. — Eu sei que esse deve ser o sonho de quase todas as
mulheres da minha idade, mas não é o meu. Tem dias que é tão difícil ficar
em frente a uma câmera e sorrir.
Aperto mais forte a sua mão. Eu sei o que minha amiga vem passando
desde seus dezesseis anos quando foi descoberta por um fotógrafo de uma
grande agência de modelos da Califórnia. Seus pais não demoraram a
aceitar a proposta do dono da agência, eles nem perguntaram para a própria
filha o que ela queria, apenas aceitaram o contrato que continha uma soma
alta de dinheiro.
Sua tristeza me aflige. Laila não merecia ter que sustentar os próprios
pais desde seus dezesseis enquanto ambos vivem no luxo com o dinheiro da
exploração da imagem da filha.
— Meu nome é Willow. — Escuto sua voz suave, e meu pau contrai
ao mesmo tempo em que meus batimentos aceleram. — E essa é a minha
amiga, Laila.
Mas que porra! Censuro meu corpo por ficar em estado de euforia
apenas por ouvir sua voz. Sinto meu lobo ficar ansioso por estar perto da
fêmea que queremos possuir, montar e... Morder. Não pode ser possível,
meu lobo não pode querer reivindicar uma fêmea depois de tudo que
aconteceu.
Gargalho assim que escuto o apelido pelo qual Griffin quer ser
chamado. Conheço muito bem meu irmão de criação, e sei que ele nunca
gostou desse apelido. O que me deixa interessado no mesmo instante para
saber o que mudou para ele querer ser chamado assim.
***
Estar perto dela não aliviou o meu tormento como eu pensei que
aliviaria, pelo contrário, estar perto dela quase fez meu lobo pular sobre ela
e fazê-la minha em meio ao bar lotado. O cheiro da sua excitação
empesteou o ar, fazendo meus pensamentos se resumiram a sexo. Um sexo
quente, suado e selvagem.
Quando ela avisou que ia embora, foi um refresco para toda a
queimação que percorria meu corpo. Entretanto, vê-la ir quando, nas suas
íris azuis, o desejo cintilava olhando de Griffin para mim, deixou meu lobo
agitado e com o desejo de compartilhá-la com meu irmão, ainda mais
quando contei para ele o motivo de ela estar tão mexida na minha presença.
E assim que ela foi embora com sua amiga, deixando apenas seu
cheiro de cereja para trás, meu raciocínio se tornou escasso, tudo se resumiu
a querer ir atrás dela para dar vazão a tudo que está tragando minha paz.
Pela forma que disse, ele deve ter percebido minha intenção. Estou
indo atrás da Willow para incitar outro sonho de alma nela.
O cheiro dela está tão forte que se torna a porra do combustível que
eu preciso. Percorro todo o caminho até a sua casa na completa agonia e
anseio, assim que ela desce do carro e se despede da sua amiga a excitação
já está me dominando. A tortura será esperar ela pegar no sono.
— Deon, isso é errado e vai contra tudo que acreditamos. — Griffin
declara e a culpa me faz rosnar.
Eu sei que não devemos brincar com a cabeça das pessoas, mas o
certo e errado se perdem quando meu lobo rosna e pula dentro de mim
querendo a fêmea que nos fez sentir depois de tantos anos. O que Calina
fez, mexeu com meu lobo, por meses eu não conseguia me transformar, sua
maldita mentira deixou feridas que nunca cicatrizaram.
Trocamos um olhar que diz muito. Griffin sabe que estou sendo
sincero, eu nunca manipularia uma pessoa como fui manipulado. Eu apenas
preciso estar novamente com ela para saber se vou sentir aquilo novamente.
— Aquela felicidade que eu senti vir de você foi por causa dela? —
Griffin pergunta como se lesse meus pensamentos, e não há motivos para
mentir para ele.
Sinto seu lobo inquieto a cada pergunta que ele faz para mim. O que
significa que seu lobo quer a mesma fêmea que eu e não está gostando nem
um pouco de eu já ter estado com ela.
— Quando entrar no seu sonho direi a ela que sou um lobo, que
tenho sangue lycan correndo nas minhas veias. E que quando ela sonha
comigo não é um simples sonho, mas sim um encontro de almas.
— Deon, isso é perigoso. Ainda mais por ela não ser sua
companheira, você sabe que...
Sinto sua ansiedade me acertar, ele também está nervoso, assim como
eufórico.
Agora tudo faz sentido, por isso eu estou sentindo seu cheiro mudar.
Seu lobo escolheu uma companheira, o que implica que ele é quase um lobo
acasalado. A única coisa que fará seu lobo mudar de ideia é se a
companheira de alma de Griffin aparecer, algo que eu não acredito que vá
acontecer. Afinal, companheira de alma não existe.
— Willow. — Escuto uma voz rouca me chamar de tão perto que abro
os olhos sendo surpreendida por Griffin deitado ao meu lado
completamente nu.
— Você é linda, e fica ainda mais linda quando seus olhos cintilam
prazer e um mundo de promessas que pretendo cobrar. — Fala me fazendo
lamber os lábios em antecipação para o que eu pretendo fazer, porém, uma
voz que bem conheço é sussurrada no meu ouvido:
— Estamos aqui para tomar o que você estiver disposta a nos dar.
Olho para Deon por cima do ombro vendo que ele também está nu, o
que me deixa ansiosa e carente. Preciso desesperadamente dos seus toques,
e Deon parece ler minha mente quando lambe e morde de leve minha
orelha, me fazendo ficar arrepiada.
— Mas antes precisamos conversar. — Ele vira meu rosto para si e
completa: — Foi real, Willow, tudo que compartilhamos naquela noite foi
real, não foi um simples sonho.
Suas palavras me confundem, não consigo prestar atenção nelas, tudo
o que eu sei é que preciso dar fim ao meu desespero. E olhar para seus
corpos nus não ajuda em nada, pelo contrário, faz minha concentração focar
apenas nos seus membros duros e melados. Eu preciso deles como nunca
precisei de algo ou alguém antes.
Volto meu olhar para Griffin. Minhas mãos tremem quando toco o seu
rosto. Sentir o calor da sua pele contra as palmas das minhas mãos me deixa
quase anestesiada depois de passar por dias de dor e agonia. Quero eles,
assim como quero algo que eu ainda não descobri o que é.
A mão de Griffin tira uma mecha de cabelo do meu rosto. Seus dedos
deslizam pela minha bochecha, fazendo meu corpo quase entrar em
combustão. Afasto minhas mãos do seu rosto aceitando seu carinho. Sinto
meus olhos arderem. Eu pedi tanto por isso e finalmente está acontecendo.
Estou sonhando com eles. O peso que sai do meu coração me faz gemer de
alívio.
O que ele acabou de dizer? Tento raciocinar, mas com eles tão perto
se torna difícil. Tudo em mim clama por seus corpos, seus paus e bocas. Eu
quero sexo, um sexo quente e selvagem, que me deixe marcada e exausta o
suficiente para conseguir dormir em paz, o que não tem acontecido nas
últimas noites.
— Willow, somos lobos. — é Deon quem fala, mas minha mente não
consegue mais prestar atenção. Tudo em mim está implorando por eles,
fazendo meu raciocínio se tornar limitado. — Somos a alcateia dos
primeiros nascidos.
Seus braços grandes circulam meu corpo e sou puxada mais para
cima, onde sinto seu pau duro em contato com minha intimidade. Me
esfrego nele sentindo a fricção no meu clitóris. O sorriso que ele abre é tão
cafajeste, porém eu gosto, não lembra em nada o homem gentil do bar.
Deito sobre ele e busco sua boca. Dessa vez eu farei tudo que tiver vontade,
como beijá-los até sentir meus lábios dormentes.
Ele me beija esfomeado, fazendo meu centro pulsar pela forma carnal
que toma minha boca. Quando ele se afasta Griffin segura minha nuca me
beijando novamente, e retribuo seu beijo voraz, sentindo o cheiro de menta
e laranjeira em perfeita harmonia a minha volta.
Fecho os olhos assim que sinto a boca de Griffin engolir meu mamilo
esquerdo. Separo os lábios e gemo entre suspiros. Quando abro meus olhos,
os verdes de Deon estão brilhando em deleite assistindo Griffin mamar em
mim com voracidade. Seguro sua mão e trago seu dedo com a garra para
minha boca. Imaginar sua garra brincando com meu clitóris me faz ficar
ainda mais molhada. Coloco a língua para fora e lambo seu dedo com
extrema calma, fazendo questão de passar a língua na sua garra longa e
afiada devagar.
— Sua boceta está tão molhada que sua excitação está escorrendo
para... — os olhos dele são o reflexo da pura luxúria quando me penetra
com dois dedos no ânus. — Aqui. — Completa me fazendo arfar.
Gemo assim que ele também penetra dois dedos na minha boceta,
massageando meus dois pontos ao mesmo tempo.
Prendo meus olhos em Deon logo que sou consumida pela minha
libertação. Seus olhos ampliam ficando mais brilhantes e verdes, suas
narinas dilatam, as garras saem dos seus dedos, suas presas ficam à mostra,
ele fica mais alto e seu membro está mais grosso e maior. Uma gota vaza da
sua glande, lambo meus lábios querendo aquela gota na minha língua.
— Willow, você está chamando meu lobo para algo que não está
pronta. — Sua voz soa animalesca, fazendo todo o meu corpo tremer.
Assim que sua essência toca a minha língua, o sabor mais viciante e
maravilhoso rompe dentro de mim. Seguro seu pulso chupando seu dedo
com afinco, precisando de mais da sua essência. Ele percebe meu desespero
e esfrega seu dedo na glande que vaza mais. Griffin faz o mesmo, e não
demora para seus dedos estarem na minha boca.
Griffin segura meu rosto e lambe meus lábios, depois chupa minha
língua, para no final morder minha boca. Sou pega no colo com ele
invertendo nossas posições e monto nele encaixando seu pau monstruoso
dentro de mim. Sinto suas garras nas minhas costas, me arranhando, me
marcando.
Com sua ajuda subo e desço, encharcando seu membro com meus
líquidos. Seus olhos brilham fazendo o azul das suas íris ficarem mais
claros, suas presas ficam maiores e sinto suas garras se alongarem nas
minhas costas.
Sua frase morre quando me debruço sobre ele o mordendo com força
logo acima do seu peito esquerdo. O rosnado dele é alto, e me regozijo no
som, fodendo-o mais rápido. Ele rasga minha pele com suas garras, mas não
sinto dor, e sim um prazer indescritível. Griffin se senta e agarra meus
cabelos com força, gemo pela dor bem-vinda montando-o mais duro, mais
rápido.
Nós três nos fodemos com selvageria, arranho eles, e eles afundam
suas garras na minha pele em resposta. O prazer das estocadas
sincronizadas fazem meu corpo clamar por mais. Rebolo nos seus paus,
buscando incansavelmente pelo ápice do nosso sexo, contraio meu interior
dizendo a eles sem precisar usar as palavras que estou perto de alcançar o
que tanto quero.
O êxtase.
Porra!
— Vocês não fizeram isso! — esbravejo, mas eles continuam quietos.
Mas que merda eles estavam pensando quando tomaram essa atitude?
Eles sabem que sonhos de almas são perigosos. Eles sabem que existem
alfas que usam dos sonhos de almas para manipular seus próprios lobos,
obrigando eles a fazerem tudo o que eles querem, seja para o bem ou para o
mau. Eles desprezam os lobos que usam dessa artimanha tanto quanto eu, e
mesmo assim eles incitaram um sonho de almas numa fêmea, e ainda por
cima se acasalaram com ela?
Mas torço para que tudo tenha sido um engano, eu não quero que eles
percam a chance de serem verdadeiramente felizes com as suas
companheiras de alma. Tento mais uma vez falar com eles através do
vínculo e desisto quando nenhuma resposta vem.
***
Perfeito, tudo que eu precisava era uma bebida que tem o poder de
simular o frenesi e o cio.
— Bom divertimento.
Existem muitas alcateias pelo mundo, mas dentre todas elas a de Zayn
é a única que confio, pois os lobos das outras alcateias que costumam vir ao
meu bar, até mesmo os ômegas que não têm alcateia nenhuma, não me
trazem confiança, ainda mais pelo lado político que alguns deles buscam
vindo aqui. Eles acreditam que eu sou a porra da ponte que vai levá-los até
onde eles querem: o conselho de anciões e o reino de Symes.
— Não pode ser.... Não pode ser. — murmuro várias vezes querendo
achar algum sentido nisso.
Como posso estar com marcas de algo que aconteceu num sonho?
Enquanto tomo meu banho, tudo no que consigo pensar é que preciso
descobrir o que está acontecendo comigo, e Laila, como minha melhor
amiga, terá que me ajudar com isso.
***
Assim que saí de casa liguei para ela, precisava saber se ela já estava
na faculdade ou se dava tempo de dar um pulo na sua casa, contudo, como
eu imaginava ela já tinha ido. O que me restou fazer foi convencê-la a
perder o primeiro período com a desculpa que é caso de vida é morte.
— Isso. — concordo.
Laila fica alguns segundos me fitando e por fim balança a cabeça para
cima e para baixo, o que eu interpreto como: ela sabe o que está
acontecendo comigo. Assim que ela segura na minha mão suspiro por saber
que posso contar com ela, porém, antes que eu pergunte qualquer coisa, a
maluca me puxa em direção à saída do campus.
Tapo a sua boca para que mais nenhum absurdo saia dela.
— Laila, para com isso. Eu estou bem, não preciso de nenhum padre,
muito menos de psiquiatras. — afirmo. Contudo, algumas dúvidas
começam a crescer dentro de mim.
— Tem certeza?
Não!
Ela analisa meus seios para logo passar a mão nos meus ombros. Fica
tão concentrada no que está fazendo que fico preocupada que possa ser
alguma coisa mais séria do que imaginei.
— Laila, por favor, apenas me diga de onde pode ter vindo essas
marcas. — A interrompo nervosa e preocupada demais.
Eu sei que parece uma loucura, mas tem que existir uma resposta
lógica para essas marcas. Elas não podem ter surgido do nada por causa de
um sonho.
— O quê? Impossível!
— Elas ainda estão aqui, Laila. — viro-me para ela. — Como pode
me dizer que não tem?
Ela olha novamente para meus seios e ombros fixando seus olhos
castanhos em mim.
— Amiga, não tem marca nenhuma. — afirma convicta.
Volto a olhar meu reflexo e fico ainda mais confusa. Como é possível
eu ver marcas que claramente minha amiga não vê? O que está acontecendo
comigo? Com a cabeça cheia de perguntas, e sem nenhuma resposta, chego
à conclusão de que devo retornar ao lugar que deu início a tudo: o bar.
13
Deon
Raze fica em silêncio assimilando o que Griffin e eu acabamos de
contar. Explicamos a ele que não tínhamos a intenção de nos acasalar dentro
de um sonho de alma. Nos vincularmos a Willow não foi algo premeditado,
pelo contrário, incitar o sonho de alma foi a saída que encontramos de estar
perto dela sem fazer nossos lobos a reivindicarem para o resto da vida.
Ela sendo uma humana, não tem ideia do que significaria estar
acasalada com dois lobos. Muitas das teorias que perduram na história não
são verdadeiras. Como o ato de se vincular ou se acasalar com um lycan
fazer o companheiro também ter a habilidade da transformação, porém, não
é assim que funciona.
Dou uma olhada para Griffin, ambos sabemos que não devemos
compartilhar com ele que a fêmea que nos vinculamos em sonho é uma
humana, contudo, ele é nosso alfa, e o respeitamos demais para manter
qualquer segredo dele. Entretanto, revelar agora que a fêmea em questão é
uma humana não é uma escolha sábia.
Griffin me encara e a resposta está no fundo dos seus olhos: ele não
vai deixar a ligação se desfazer. Conversamos sobre isso depois que fomos
embora da frente da casa da Willow. Ele havia dito que deixá-la era a
melhor decisão que poderíamos tomar. O que aconteceu para ele mudar de
ideia?
Meu lobo está cobrando algo que jurei a mim mesmo que nunca faria.
Depois de Calina, eu jurei nunca me acasalar, nunca mais eu me doaria
como me doei, eu nunca mais amaria como eu a amei. Tudo não passou de
uma mentira e manipulação, e não eu permitiria viver algo parecido
novamente.
— Eu... — começo a falar, mas me calo com a dor que rasga meu
peito.
Meu lobo uiva querendo que eu tome essa escolha, porque quando eu
a mordi em seu sonho, meu coração se tornou seu, meu lobo a reverenciou
como sua companheira. E mesmo que eu não retribua o amor que ela pode
um dia sentir por mim, eu serei eternamente leal a ela, ao nosso
acasalamento.
Raze parece surpreso com a minha resposta e faz uma pergunta que
não tinha sequer passado pela minha cabeça:
Lembrar da previsão que Kai me fez anos atrás, traz um gosto amargo
à minha boca. Escolher a Willow e abrir mão do meu futuro destinado, é
abrir mão de um dia ter filhotes, afinal quando um lobo se acasala é para
sempre. Não há como romper, nem mesmo com a morte, porque a lealdade
do meu lobo será para sempre da minha companheira.
— Raze, eu não sei nada sobre esse futuro que Kai descreveu, a única
coisa que sei é do aqui e agora, do que estou sentindo neste exato momento.
— fito os olhos do meu alfa e sou honesto. — E eu quero me acasalar com
a fêmea que meu lobo escolheu, mesmo que eu nunca tenha filhotes.
Raze apenas assente sem dizer mais nada, porém através do nosso
vínculo de alcateia sinto sua preocupação. Raze é um bom alfa e um ótimo
amigo, esteve ao meu lado quando Calina traiu a confiança do meu lobo,
me colocando numa espiral de dor. Raze pensa que eu não sei o que ele fez,
mas eu sei. Ele transferiu a maior parte da dor que eu sentia para si mesmo.
Por isso eu imagino que Raze não aceitará a nossa escolha, para ele
todos os humanos são iguais. O que resta é provar para ele que a Willow
não é como os humanos que o tornaram órfão aos doze anos. E que por ela
vale a pena se opor contra as leis dos anciões que regem com mão de ferro
todos os seres mágicos.
Eles.
Eu preciso voltar para minha vida normal de antes, pois não aguento
mais me sentir fora da minha pele. Tudo mudou desde que estive aqui no
meu aniversário. E nos últimos dias fui bombardeada por imagens de lobos
e a única maneira que encontrei para extravasar a avalanche que me
consumia foi pintá-los, foi colocá-los em quadros.
Pintei três lobos enormes e ferozes que carregavam nos olhos as
mesmas cores marcantes das íris dos homens que não saem da minha
cabeça.
Tomada de coragem, entro no bar e meus olhos buscam
automaticamente por eles, mas os únicos que vejo são Kaden, Kael e Beau.
Os três levantam suas cabeças assim que me veem. Por alguns segundos
eles me olham fixamente e logo parecem espantados mirando meu ombro
desnudo. É como se eles conseguissem ver o que ninguém além de mim
viu.
— Deon. — murmuro.
— Griffin.
O êxtase que sinto me faz abrir os olhos e procurar por eles, mas não
os vejo em lugar nenhum. Cansada de ficar parada no mesmo lugar,
atraindo os olhares curiosos dos clientes, caminho até o balcão, sendo
acompanhada por três pares de olhos que não me abandonam, Kaden, Kael
e Beau. Assim que me sento a atenção deles se prendem no meu ombro,
Kaden é o primeiro a abrir a boca, mas a fecha no mesmo segundo. Kael é o
segundo, porém como o irmão não diz nada, o que me faz olhar para Beau.
— Olá, Willow. — me cumprimenta e em seguida limpa a garganta.
— O mesmo de sempre?
Eu não suportaria.
Ele abre um sorriso assim que termina de passar os olhos pelo papel,
Beau solta as minhas mãos para alcançar uma caixa no alto das prateleiras
de bebidas. Assisto sem entender quando ele puxa uma garrafa de vodca de
dentro dela. Abrindo rapidamente a garrafa ele despeja o conteúdo dentro
de um copo, assim que enche o copo até a borda, me oferece.
— Bebe. — pede, mas não bebo, ainda estou estarrecida pelo papel
mágico e queimado que apareceu ainda há pouco. Beau percebe minha
recusa e respira fundo antes de voltar a falar. — Você entenderá tudo depois
de beber.
Cheia de receios, eu decido não beber, contudo, assim que sinto uma
forte dor me atingir no peito fecho os olhos e seguro no copo virando o
líquido de uma vez. A primeira parte que sinto queimar é a minha garganta,
depois as minhas veias, e logo todo o meu corpo está tomado por um calor
abrasador.
Tudo queima, tudo dói, ao mesmo tempo em que tudo alivia, tudo me
excita, tudo me consome.
Abro meus olhos vendo Beau sorrir para mim, mas não retribuo,
porque tudo dentro de mim só consegue sentir os cheiros que me fazem
ficar eufórica, excitada e ansiosa. Meu interior anseia por seus toques, meu
corpo clama e implora por cada um deles.
Raze, Deon e Griffin.
Tudo dentro de mim só quer eles e mais nada. Eu sinto que eles estão
aqui. Sem saber o que fazer, muito menos como agir, sigo meu instinto que
me faz caminhar em direção aos rosnados que ficam cada vez mais altos.
Os rosnados que fazem meu coração acelerar e minha boceta pulsar.
15
Griffin
Quando decidi procurar o Raze era para colocar todas as cartas na
mesa. Chega de querer evitar um assunto que eu sei que iria acontecer de
qualquer maneira. Meu lobo escolheu a Willow, e eu não vou desistir de tê-
la, de fazê-la minha. Quando concordei com o Deon, depois que saímos do
sonho e fomos embora, foi para tranquilizá-lo, já que através da nossa
ligação, eu senti o quanto ele estava agitado e mexido com o que
compartilhamos naquele sonho.
Foi intenso. Foi profundo. Foi tudo.
E agora aqui parado diante do nosso alfa, eu não posso esperar. Não
sou mais capaz de suportar ficar longe dela, assim como eu sei que Deon
também não consegue. Nós a queremos, nós precisamos dela.
Mas não sem antes Raze saber sobre ela, nosso alfa merece a nossa
honestidade, nossa lealdade e confiança. Se queremos que ele a aceite,
precisamos confiar que apesar do seu histórico com os humanos, ele nos
entenderá e a aceitará. E é pensando nisso que dou um passo à frente,
porém o cheiro que meu lobo vem ansiando há uma semana invade meus
sentidos dominando minha razão, gerando em mim uma desordem que
apenas a culpada pode arrumar.
— Willow. — murmuro seu nome, precisando dela o mesmo tanto
que eu sinto que ela precisa de mim e do Deon.
Olho para Deon, e ele parece tão surpreso quanto eu. Raze não
precisa dizer mais nada, está claro que a humana em questão é a Willow e
ela o afeta, assim como afetou Deon e a mim.
— O lobo dele a escolheu, mas ele ainda não se deu conta disso. —
concluo em pensamento e Deon assente concordando.
Ela não deveria estar tão afetada assim. Seu desespero se assemelha
ao de uma loba no cio que não concluiu o acasalamento com seu lobo
escolhido.
Meu lobo sente a ameaça que vem dele, e mesmo sendo nosso alfa
meu lobo não vai recuar. Willow é tão dele quanto minha e de Deon, então
eu não vou abrir mão de tê-la, e o lobo possessivo do Raze terá que
entender isso.
— Nossa, ela é nossa! — afirmo segurando meu lobo para não entrar
no estado intermediário.
Deon que estava em silêncio rosna alto para Raze, seu lobo ao
contrário do meu, não vai se manter controlado. Deon deixa suas garras se
alongarem e logo ele está no mesmo estado que o Raze.
— Raze, você não pode impedir nossos lobos de tomar a fêmea que
eles escolheram. — digo e ele de olhos completamente vermelhos, ri antes
de falar:
Deixo minhas garras saírem, e alongo meu corpo, lutando uma queda
de braço com meu lobo para ele não assumir o controle e transformar a
conversa que tínhamos planejado numa luta pela fêmea que nós três
queremos.
— Nós também.
Deon está prestes a avançar em Raze, porém, antes que ele faça isso,
a porta é aberta por Willow que nos atinge com o cheiro da sua excitação,
fazendo nós três rosnarmos juntos. Querendo e precisando da fêmea que
nossos lobos escolheram, chegamos a um entendimento em conjunto:
— Definitivamente nossa!
16
Willow
Assim que paro em frente à porta de onde vem os rosnados, o frisson
dentro de mim fica mais intenso. Todo o meu corpo vibra querendo
desesperadamente que eu passe pela porta, que eu entre e tome para mim o
que está do outro lado. Seguro na maçaneta e seguindo meu instinto abro a
porta e sou recepcionada pelos três homens que não saem da minha cabeça.
Levanto meus olhos devagar e sou atingida pela forma crua que eles
me olham, três rosnados soam alto retumbando dentro de mim como a mais
bela melodia, seus cheiros misturados me fazem ofegar, me deixam no
limite do desejo de tocá-los, de reclamá-los como meus.
Meu corpo arde e o desejo desenfreado queima nas minhas veias com
a mera possibilidade deles correndo atrás de mim. O meio das minhas coxas
está melado da minha excitação ao mesmo tempo em que meus mamilos
perfuram meu vestido. Vendo os três homens na minha frente tudo que
estou sentindo é elevado ao máximo.
Hesito por alguns segundos, mas logo sinto meu interior ser invadido
pelos aromas de capim-limão, laranjeira e menta, lembrando-me que eu
devo correr até eles me pegarem. Até eles me caçarem como eu tanto quero.
Uma caçada selvagem que terminará com eles me tomando.
— Você terá tempo para entender, por ora, apenas corra. — ele abre a
porta do bar para mim e sem olhar para trás começo a correr.
Sigo o meu instinto e vou para a floresta escura. Sinto meu peito se
encher de vida, um sorriso se abre nos meus lábios. Porque é isso que eu
quero, eu quero que os três homens me persigam, me tomem e façam tudo o
que eles quiserem. Logo escuto rosnados atrás de mim, me fazendo correr
mais rápido, o meu interior está clamando para eles me alcançarem,
contudo, ele também ordena para que eu não facilite para eles.
Corro tão devagar que estou quase andando, olho por cima do ombro
vendo perfeitamente os três homens surgirem por entre as árvores, uma
felicidade sem tamanho cresce dentro de mim, assim que os vejo correndo
na minha direção. A lua banha seus corpos seminus, porque em algum
momento da corrida eles tiraram suas camisas, evidenciando seus troncos
sarados. Minha boca saliva querendo provar o gosto de suas peles na minha
língua.
Eu quero eles.
Aqui e agora.
De olhos fechados permito que eles manipulem meu corpo como bem
quiserem, trêmula e ansiosa é como me sinto quando o toque de um resvala
no meio das minhas pernas, choramingo logo que ele afasta sua mão de
onde anseio pelo toque dos três. Algo afiado traça o meu colo se perdendo
no vale entre meus seios, abro os olhos e assisto Deon percorrendo o
caminho de volta. Minha atenção se prende na sua mão e arregalo os olhos
assim que vejo o tamanho da sua unha.
Unha, não... Isso é uma garra? A garra longa e preta me faz dar um
passo para trás, contudo, bato contra algo duro. Sob meu ombro fito Raze
me estudando por alguns segundos, que para mim parecem ser horas, antes
de quebrar o contato mordendo meu pescoço com força. Grito antecipando
a dor, porém o que sinto é uma onda imensa de excitação percorrer todo o
meu corpo se alojando na minha intimidade que pinga e pulsa por eles.
— Griffin. — seu nome escapa por meus lábios como uma oração.
Afasto meus dentes da sua pele e lambo o local, quando olho nos seus
olhos o dourado de antes não existe, seus olhos estão completamente
vermelhos. Seguro nos seus cabelos beijando sua boca, misturando o gosto
dos nossos sangues até se tornarem um só.
Minha garganta é tomada por seus jatos quentes, engulo tudo que
aguento sedenta por mais. Assim que ele para de gozar retiro minha boca do
seu membro ainda muito duro e muito inchado. Lambo ele por completo
fazendo questão de demorar na marca dos meus dentes. Logo que termino,
procuro Griffin e Raze, eu os quero, eu também preciso dos seus orgasmos.
— Meus. — declaro me deitando no chão de grama.
Ele parece ouvir meus pensamentos, ou ler muito bem meu corpo que
quer desesperadamente ser fodido por ele, porque em algum momento ele
baixou sua calça para pincelar a cabeça do seu pau nas minhas dobras
encharcadas. Sinto algo gelado ser passado na minha intimidade que
queima, e me dobro como posso para ver o pequeno metal que brilha na sua
glande.
Um piercing.
Sinto Raze sair de dentro de mim para Griffin entrar, e logo é Griffin
que sai e Raze que entra, eles continuam nesse ritmo por alguns minutos,
me alargando, me preparando para tê-los juntos no mesmo lugar. Estou
entorpecida e ansiosa demais para aguentar esperar, por isso imponho
minha vontade quando Griffin está prestes a sair de dentro de mim e uso a
musculatura da minha boceta para mantê-lo no lugar.
— Os dois, agora! — exclamo ensandecida demais.
Irracional para qualquer outra coisa que não seja eles, que não seja
nós.
Grito assim que eu alcanço o êxtase, encharcando seus paus com meu
orgasmo e eles me acompanham me enchendo com a mistura das suas
essências. A ânsia de senti-los mais profundamente me faz pedir que me
mordam mais uma vez, contudo, antes que eles façam o que pedi, Deon se
aproxima se apossando da minha boca, tomando para ele todos os meus
gemidos e súplicas.
Sua língua traça da minha boca até meu ombro, e em seguida sou
mordida ao mesmo tempo pelos três. Grito assim que meu corpo queima e
meus ossos estalam como se estivessem sendo quebrados. A força que sinto
se alastrando pelas minhas veias me faz abrir os olhos e gritar de dor.
Não digo nada e nem preciso, pois eles sabem que compartilho dos
mesmos pensamentos. Iremos protegê-la nem que seja com nossas vidas,
porque eu sei que eles virão por ela, e teremos que lutar contra todos para
mantê-la viva e em segurança.
18
Willow
Gemo assim que me viro de lado. Meu corpo parece ter sido
atropelado por um caminhão. O que aconteceu? A última coisa que me
lembro é de estar no bar conversando com Kaden, Beau e Kael sobre os
ingredientes da cerveja artesanal. Abro os olhos devagar e a claridade do sol
incomoda meus olhos, levo um tempo para me acostumar, mas assim que
consigo olho a minha volta vendo que estou deitada em cima de uma pilha
de roupas, que não são minhas.
Sento-me e percebo que estou nua, puxo uma camisa da pilha para me
cobrir e sinto cheiro de laranjeira. Fecho os olhos assim que um flash de
Griffin toma meus pensamentos, seus beijos, seus toques e suas... Mordidas.
Abro os olhos rapidamente, a avalanche de lembranças me invade, me
fazendo recordar do sexo que tive com os três homens que não saíam da
minha cabeça.
— Willow, olhe para mim. — Raze pede e olho para ele que se
aproxima e toca gentilmente no meu rosto.
Seu toque aquece meu corpo ao mesmo tempo em que me passa uma
tranquilidade de que tudo irá ficar bem. Seu polegar acaricia minha
bochecha e fecho os olhos amando sentir o caminho que seu dedo percorre.
A loba branca aceita o carinho dos três homens que parecem não ter
medo dela. Então uma nova lembrança me é mostrada: quatro lobos
correndo na floresta. Sinto a felicidade dos quatro em estarem juntos, e meu
coração se enche de amor. Depois de correr e brincar bastante, a loba
começa a pegar as peças de roupas espalhadas pela floresta e faz um ninho,
onde eles dormem juntos.
Quando Raze afasta sua mão do meu rosto, eu olho dele para os
outros dois que esperam eu dizer alguma coisa, contudo, não consigo
formular nada. O que acabo de ver é um absurdo. Isso não existe. Eu quero
me afastar deles para pensar no que acabo de descobrir, porém não posso.
Só de pensar em me afastar, sinto meu coração se apertar.
Viro de costas para eles sem saber o que dizer. Eu mal consigo
raciocinar. Tudo que acabo de ver é demais até mesmo para mim que venho
sentindo tanta coisa maluca nos últimos dias. Sinto a mão de um deles tocar
no meu ombro me fazendo virar.
Solto um longo suspiro colocando para fora tudo que está entalado
dentro de mim. Estou tão nervosa que meu coração bate rápido demais,
porém, logo sinto uma calmaria se apossar de mim. Meus batimentos aos
poucos vão se normalizando, os três se aproximam de mim e me puxam
para ficar no meio deles.
— Tudo vai ficar bem. — Raze diz e no meu coração eu sinto que é
verdade. — Juntos somos mais fortes. Vamos ajudá-la a lidar com a
liberdade da sua loba, logo vocês serão uma só.
Não entendo muito o que ele está dizendo, porém, não digo nada,
apenas deito minha cabeça no seu peito aceitando seu carinho. Ficamos
assim por longos minutos, não dizemos nada e nem precisamos. Mesmo eu
tendo surtado um pouquinho com a revelação de agora ser uma loba, estar
nos braços deles, faz tudo parecer tão certo.
— Willow, só para você saber a prata não pode nos ferir como as
lendas fizeram todos acreditarem. — Deon afirma me fazendo olhar para
ele. — E você não precisa de um porão, podemos nos transformar em lobos
a hora que quisermos, pois temos o controle do lobo para não ferir ninguém,
e quanto a uivar para lua cheia? Bem, cada um com seus fetiches.
Deon pisca um olho para mim e acabo rindo da forma que fala. Um
pouco mais calma me afasto de Raze e aliso minhas mãos, meus braços,
minhas pernas, procurando qualquer coisa diferente, mas não encontro
nada.
— Vai doer todas as vezes que me transformar? Quero dizer, por ser
humana e ter sido mordida é normal doer mais? — pergunto, porque eu
lembro da dor que senti.
— O que está querendo me dizer com isso? Por acaso eu sou uma
loba desde que nasci? — indago rindo, mas paro de rir quando eles se
mantêm sérios.
— Você foi adotada com quantos anos? — pergunta a ela, que fica
alguns segundos pensativa antes de responder:
Willow não sabe das suas origens. Se ela foi adotada ainda bebê por
humanos, ela não teve o conhecimento mágico da sua própria casta, o que
comprova que ela é uma presa fácil contra o conselho dos anciões. Pensar
nela em perigo faz meu lobo rosnar dentro de mim, pronto para morder e
estraçalhar qualquer um que pense em fazer algum mal a ela.
— Porra, Deon, você não devia ter dito isso. — Griffin briga comigo
e com razão.
— Não tem como ter certeza, por isso precisamos saber de tudo sobre
sua adoção. — Raze reforça e ela assente com os olhos cheios de lágrimas.
***
Assim que passamos pela porta do bar, Kaden, Kael e Beau estão
atrás do balcão nos encarando. Sinto a alegria que vem de Beau, assim
como a de Kaden e Kael, contudo, dos gêmeos eu também sinto as dúvidas
que permeiam suas mentes. Kaden é o primeiro a vir na nossa direção
seguido por seu irmão, ambos param na frente da Willow e a cheiram sem
descrição nenhuma, fazendo minha companheira se sentir constrangida. E
rosno para os dois idiotas.
— Calma, lobão. — Kaden me provoca e eu rosno novamente. —
Você é uma loba. — ele comenta para ela e abre um sorriso convencido
logo em seguida. — No fundo eu sabia, nenhuma humana beberia a nossa
cerveja artesanal com tanta vontade como você bebeu.
Kaden passa seus olhos por ela, depois por Raze e Griffin, e quando
olha para mim varre meu corpo com seus olhos curiosos e por um segundo
eu não entendo o que ele está fazendo, mas logo a compreensão me atinge e
começo a ranger os dentes, sabendo que Kaden nunca vai deixar isso passar
batido.
— Onde está? — pergunta para mim, e desvio meus olhos dos seus.
Filho de uma loba manca. Ainda bem que nos vestimos antes de
retornar, não suportaria ter que lidar com as merdas de Kaden a uma hora
dessas.
Raze fica quieto, enquanto Willow olha para nós sem entender o que
isso significa. Fecho os olhos preocupado, porque apenas um ser tinha um
invólucro com tamanho poder, e ele sofreu imensamente quando foi
removido pelos anciões antes de ser morto.
Amoz de Zafar, era o senhor da casta dos feiticeiros da luz até se virar
contra todos quando sua companheira morreu. Ele acessou a magia das
trevas para ressuscitá-la, mas sem sucesso, tornando-se assim um bruxo das
trevas.
Griffin foi doce em me acompanhar até o seu quarto para que assim
eu pudesse descansar. Eu pensei em negar, mas aceitei, eu precisava ficar
sozinha e processar com mais calma tudo que eles me revelaram. Lembrar o
que eles falaram sobre os lobos nunca abandonarem seus filhotes, faz um
caroço crescer na minha garganta. O que será que aconteceu com meus pais
biológicos?
— Tudo vai ficar bem, estamos com você. — Griffin declara e fecho
os olhos confiando nas suas palavras.
Sinto meu corpo ser erguido do chão e logo sou deitada na cama.
Abro os olhos vendo Raze se deitar acima de mim, me ajudando a apoiar a
minha cabeça no seu abdômen, Deon deita ao meu lado direito e Griffin ao
meu esquerdo. Estar rodeada por eles me traz segurança, me faz fechar os
olhos e confiar que sim, tudo vai ficar bem, ainda mais tendo eles do meu
lado.
***
Caminho pela campina linda, e sorrio fascinada pela beleza ter
continuado a mesma depois de tanto tempo, costumava vir aqui dos meus
oito aos catorze anos de idade. É um lugar lindo, enfeitado por muitas
flores e árvores de cerejeira, possui um lago com uma variedade incrível de
peixes, e é debaixo de uma árvore de cerejeira, perto do lago, que eu a
vejo.
A linda mulher que sempre me esperava neste mesmo lugar. Any. Ela
tinha o hábito de trançar meus cabelos, enquanto me contava muitas
histórias, e a que eu mais amava ouvir, era a do feiticeiro poderoso e sua
amada loba, que lutaram contra todos para ficarem juntos. E quando não
me contava histórias, brincava comigo de todos os tipos de brincadeiras.
Eu gostava muito da sua companhia, e vê-la depois de tanto tempo me faz
perceber o quanto senti sua falta.
Para Any, eu sempre fui Aurora, desde o dia que a conheci ela me
chama assim, mesmo eu já tendo dito que meu nome é Willow. No entanto,
eu não me importo como me chama, porque para mim, quando ela me
chama de Aurora, parece tão certo.
Any me puxa para seus braços e me aperta forte, quando ela se afasta
suas lágrimas rolam por seu rosto, sua imagem começa a enfraquecer
diante dos meus olhos e eu seguro sua mão, não querendo que ela vá.
Viro-me para o lado assim que sinto três pares de olhos sobre mim,
Raze, Deon e Griffin, que estavam deitados, me olham espantados enquanto
se sentam.
— Willow, como você fez isso? — Deon indaga, mas eu não sei sobre
o que ele está falando.
— Não, apenas o que você diz ou quer que nós vejamos na sua mente.
— Griffin explica e suspiro aliviada.
Os três olham para mim sérios, e quando acho que não posso mais ser
surpreendida, descubro que estou equivocadamente errada:
— Lobos não podem fazer isso, mas os vampiros sim, mas para isso
eles precisam usar muito do seu poder, por esse motivo eles nunca usam
desse artifício. — Deon esclarece e fico de boca aberta.
Vampiros existem? Meu Deus, não posso nem imaginar o que Laila
faria com uma informação dessas.
— Mas isso não vem ao caso agora. — Raze fala, fazendo-me prestar
atenção nele, deixando meus questionamentos sobre o que mais existe para
depois. — Queremos saber mais sobre a mulher com quem você
compartilhou um sonho de almas.
Sua mão afagou meu rosto e um sorriso se abriu nos seus lábios
quando ela começou a contar:
“Era uma vez, uma loba muito poderosa e sozinha, seu nome era
Anyka Calla, ela passou anos vivendo escondida de lobos, magos e
feiticeiros. Eles procuravam por ela, porque acreditavam que ela era cruel
e má como seu pai, o alfa, Zander Calla.
Anyka foi escondida entre os humanos, e a mando do seu pai, ela foi
entregue para um bruxo das trevas muito poderoso, Amoz de Zafar. Ele a
criou como sua filha e ensinou tudo que ela precisava para sobreviver.
Amoz tinha um filho alguns anos mais velho que Anyka, Alaric de
Zafar. Alaric não gostava de Anyka, e ela acreditava que um dos motivos
para ele não gostar dela, era por seu pai criar uma loba como filha.
Contudo, não era esse o motivo.
Quando o pior caiu sobre eles, com Amoz sendo capturado pelo
conselho de anciões, que o caçava há anos, os dois se viram perdidos. Eles
tentaram resgatar o pai que eles tanto amavam, contudo, Amoz os proibiu.
Amoz disse que aceitaria seu destino, e que era para eles aceitarem
também. Com isso, os dois ficaram escondidos enquanto o homem que eles
tanto amavam era cruelmente morto. Primeiro, veio a remoção do seu
invólucro de poder; depois, veio a remoção da sua magia, e por último, a
morte da sua carne.
Anyka pediu para ele trancar para sempre o espírito da sua loba,
garantindo assim que eles nunca mais tivessem filhotes. O mago antes de
partir havia lhes confidenciado que todos os filhos que eles viessem a ter,
sempre seriam alvos dos anciões pelo tanto de poder que Alaric e Anyka
possuíam juntos.
Anyka para proteger ainda mais sua filha, convenceu Alaric que eles
precisavam viver em Symes, infiltrados entre os anciões, apenas esperando
o destino trazer sua pequena de volta, garantindo assim que eles estariam
do seu lado quando ela mais precisasse.”
Assim que Any para de contar a história, cruzo os braços, ela não
contou o final de novo. Tudo bem que dessa vez ela contou mais coisas que
das outras vezes, porém eu ainda quero saber o final desta história.
— Já? Pensei que fôssemos ficar um pouco mais. Nós nos veremos de
novo amanhã? — perguntei, mas o semblante abatido de Any me deixou
preocupada.
— Por quê?
— Porque eles estão indo morar perto de você. E o poder deles será
um farol para você. — franzi a testa confusa com suas palavras.
— Eles?
O homem olhou para mim por alguns segundos e tocou nas nossas
mãos unidas, ele murmurou alguma coisa que fez a Any me soltar no
mesmo instante. Ele a segurou contra o peito, ainda apagada e me fitou
sem dizer nada. Pensei em me levantar e ir embora, mas lembrei o nome
que ele a chamou quando veio correndo na nossa direção.
É possível que...
A chegada do receptáculo traria uma nova era para todos, uma era
sem os mandos e desmandos de um grupo de seres mágicos, que com o
passar dos anos se tornaram ambiciosos demais, e que se intitulavam os
portadores da verdade e justiça absoluta: o conselho de anciões.
Caminho até ela devagar e a puxo para meus braços. Sua cabeça vem
para a curva do meu pescoço instantaneamente, e seus braços ao redor do
meu corpo. Fecho os olhos compartilhando através do nosso vínculo
sentimentos positivos e absorvendo um pouco dos seus temores.
Sinto a alegria e o alívio que enche seu coração, trazendo leveza para
o meu. Por cima da sua cabeça percebo Raze e Deon me agradecendo com
o olhar. Em momentos tensos e de crises como esses, Beau e eu sempre
fomos os que acalmaram a alcateia, enquanto os outros sempre foram os
brutais, Raze e Deon principalmente.
— Para tocá-la eles terão que passar por nós. — Raze afirma.
***
— Não mesmo. — Kael concorda. — Nosso erro foi não ter apostado,
provavelmente teríamos feito uma boa grana com eles.
Eu sei que Raze nunca usaria do seu poder de alfa para impor a
Kaden, Kael e Beau a nos apoiar contra os anciões, assim como eu sei que
para eles não seria necessário. Eles vão estar ao nosso lado lutando contra
quem for. Antes de sermos uma alcateia, somos família, esse sempre foi o
nosso lema.
Os olhos de Deon cintilam verde escuro, e eu sei que seu lobo está
mais irritado e bravo do que eu senti pelo nosso vínculo. Deon nunca foi
bom em lidar com os sentimentos, e eu consigo enxergar o que talvez os
outros também já perceberam: Deon está com medo de perder a Willow.
Quando Calina foi morta pelo conselho por usar de magia das trevas,
isso quase o destruiu, pois ele ainda estava ligado a ela. O que manteve o
resquício de esperança no seu lobo foi a revelação de Kai Basset. Foi sútil,
mas eu vi quando seus olhos cintilaram ao ouvir o que Kai vislumbrou do
seu futuro.
O silêncio recai sobre a sala, porém ele não dura muito, Kaden, como
beta de Raze, também toma sua decisão:
— É uma pena que eu não dou a mínima para o que você quer.
— Kaden...
Porra!
Quando um lobo escolhe proteger alguém, existe apenas algo que ele
pode fazer para garantir que nada aconteça ao seu protegido. Fecho os olhos
assim que escuto da boca de Beau o que eu já imaginava:
Mesmo hoje restando apenas seis de nós, numa alcateia que antes era
formada por doze lobos, eu mantive minha promessa. O que aconteceu aos
outros estava além do que eu podia fazer, porém nada me impediu de tentar.
E eu tentei.
Tentei por Beau, que não conseguia aceitar a decisão dos seus pais e
sua irmã, de irem para outra alcateia. Tentei por Deon e Griffin, que não
suportaram ver seus pais se virando contra eles e ficando a favor do
conselho. Tentei por Kaden e Kael, que não sabiam o que fazer quando o
avô deles me desafiou pelo posto de alfa, sendo rechaçado da alcateia
depois de perder.
Eu deveria tê-lo matado, mas não matei. Não poderia fazer isso
depois do que Kaden e Kael passaram com a morte da mãe, e
consequentemente a morte do pai logo depois.
Minha alcateia teve muitas perdas e eu tive que assistir de perto cada
uma sem poder fazer nada. E agora ouvindo da boca de Beau que ele
vinculou sua vida a da minha companheira, quando a mesma ainda era uma
bebê, me deixa novamente na posição que eu mais odeio. A posição que
não há nada que eu possa fazer para mudar.
— Eu não tive como controlar a decisão do meu lobo. — explica
olhando diretamente para mim. — É possível que meu lobo já soubesse o
que aquela bebê significaria no futuro para vocês? — pergunta e eu sinto o
impacto das suas palavras.
Porque eu imagino qual é a sua dúvida. Antes das leis dos anciões
existirem, era comum seres mágicos de outras castas se relacionarem e
terem filhos, e foi o que aconteceu com os avós paternos de Beau. A união
de um mago e uma loba, resultou num lobo poderoso, seu pai. Mas depois
que veio a maldição de Allegra tudo mudou.
Troco um olhar rápido com Kaden, como meu beta, ele sabe o que eu
acho sobre isso, e como eu, também teme que o conselho venha atrás do
nosso amigo. Caminho até Beau, e assim que paro na sua frente, eu aperto
seu ombro.
— Eu agradeço o que fez, e saiba que farei de tudo para quebrar esse
vínculo. — é uma promessa. — Vou perguntar para Zayn se ele já ouviu
sobre isso em algum lugar e se sabe como desvincular.
Beau não expressa nenhuma reação, o que me faz chegar à conclusão
que ele não acabou.
— Tem mais uma coisa que vocês devem saber, principalmente você,
alfa.
Sabia.
— O que foi agora? — Deon pergunta sem muita paciência.
— Eu nunca parei de falar com o Kai como vocês pensam, apenas nos
afastamos por uma boa causa. — Beau olha em direção ao corredor que
leva aos quartos. — Por Willow. — ele me encara. — Kai não me contou
muito, apenas que ela precisava ser protegida, e assim que ele soube que
meu lobo se tornou seu protetor, disse que chegaria um dia que eu teria que
fazer algo por ela.
— O quê? — pergunto, quero saber para o que vou precisar estar
preparado.
Puta merda! Por isso meu lobo ficou ensandecido com sua loba, ela
estava simulando um cio por causa da fruta-lobo, fazendo o cheiro da sua
excitação ser um afrodisíaco para mim, que não fazia sexo com uma fêmea
há anos.
— Não por isso, você nos salvou mais vezes do que podemos contar.
— Beau declara, fazendo Kaden, Kael, Deon e Griffin concordarem. —
Salvar a companheira de alma de vocês não será nada de mais.
Estou morando com eles há uma semana. Sete dias que eles me
ensinam e explicam tudo sobre ser uma loba, tento fazer o que eles pedem,
mas não tenho êxito. Quando e como são duas coisas que minha loba e eu
ainda não chegamos a um entendimento.
Quando estou querendo me transformar, eu não consigo de jeito
nenhum, quando estou querendo compartilhar pensamentos com meus
companheiros, eu também não consigo.
— Você consegue, apenas confie na sua loba e deixe que ela faça o
resto. — Deon diz e eu praguejo baixo.
Estou tão cansada, que tudo que eu quero é entrar, tomar um banho.
Desde que decidi ficar com os meus companheiros, não tenho ido mais para
minha oficina, onde amava passar o dia trabalhando nas minhas pinturas. E
o que torna tudo ainda mais difícil é não poder conversar com a minha
amiga pessoalmente. Tenho evitado fazer ligações de vídeos para a Laila,
para que assim ela não estranhe o ambiente e faça perguntas, que eu ainda
não sei como vou responder.
— Está. — minto, e ele me puxa para seu peito, onde enterro minha
cabeça e lamento baixinho.
Ele aproxima seu rosto do meu, e molho meus lábios com a língua,
me preparando para receber seu beijo, contudo, uma voz que eu conheço
soa alta e furiosa, vindo do bar:
— Cadê a minha amiga? Eu sei que ela está aqui em algum lugar, e
eu não vou sair até fazer uma varredura nessa espelunca! — grita, e eu
arregalo os olhos fitando Griffin.
— Eu conheço a minha amiga, ela não vai embora até ter certeza de
que eu não estou aqui. — explico, porque sei que Laila irá revirar todo esse
lugar me procurando.
Entro na casa e passo pela sala de estar, em direção à porta que separa
a casa do bar. Assim que abro a porta, a voz da minha amiga se torna muito
mais alta e clara, e consigo entender com quem ela discute.
Raze e Deon.
Ter Laila aqui comigo após eu saber tantas coisas sobre mim, me faz
fechar os olhos e soltar um suspiro de alívio. Minha amiga é o meu normal,
tê-la aqui é o que eu precisava. Eu sei que posso contar com Laila para
qualquer coisa, e é por ter essa certeza que decido ser sincera com ela.
— Vamos apoiá-la.
Laila pode não ser uma loba, mas eu sei que ela irá guardar o meu
segredo com a sua vida se preciso for. Ela sempre esteve do meu lado
quando eu precisei, e tenho certeza de que agora não será diferente. Laila é
mais que minha amiga, eu a considero a minha irmã.
— Sim, e eu quero que você preste atenção em tudo que eu vou lhe
contar. — digo determinada a falar tudo a ela.
***
Estamos na sala de estar, estou sentada no sofá com Raze, Deon e
Griffin sentados ao meu lado, Laila está logo a nossa frente sentada na
poltrona. Kaden, Kael e Beau optaram por nos dar privacidade, o que não
foi o caso dos meus companheiros. Raze e Deon foram taxativos em me
dizer que eles não iam a lugar nenhum, Griffin se ofereceu a ficar, caso
Laila passasse mal ou algo parecido.
Laila ajeita seus cabelos, jogando-os para trás, dá uma olhada nas
unhas da sua mão esquerda, passa seus olhos demoradamente nos meus
companheiros e para o seu olhar interrogativo em mim, fazendo a única
pergunta que eu não imaginava que ela fosse fazer depois de tudo que eu
contei para ela:
Por que quando estou perto dele, do Raze e do Griffin, eu perco meu
raciocínio, e me torno um poço de necessidade e desejo? Será que me
transformar em loba ativou algo safado dentro de mim? Igual quando se
perde a virgindade e fica propensa a querer sexo sempre que vê alguém
atraente? Lembro-me de Laila falar sobre isso quando tínhamos dezoito
anos e ainda éramos virgens, enquanto as outras garotas da nossa idade já
tinham tido sua primeira vez. O que ela me dizia mesmo? Ah, é claro:
Laila garantiu que me ajudaria, que ela seria minha wolf personal
trainer[12], e desde então tenho seguido os seus conselhos. Sua primeira
ideia para ajudar com a minha loba foi: pular de um penhasco e me
transformar no ar, como nos vários filmes que assistíamos juntas, mas Raze,
Deon e Griffin, foram contra no mesmo segundo que a ideia saiu da sua
boca, e por isso ela acabou descartando essa ideia.
Por esse motivo, tenho evitado fazer qualquer coisa sexual com os
meus companheiros, o que tem afetado o humor de Deon e Raze. Soube
ontem por Griffin, que uma nova aposta está sendo feita pelos outros, dessa
vez eles estão apostando para ver quanto tempo vai demorar para Raze e
Deon surtarem.
Fiquei com meu rosto ardendo quando Griffin disse que lobos são
muito sexuais e que quando eles se acasalam só querem fazer uma coisa:
sexo.
Muito sexo.
Sexo selvagem.
— Porra, Willow!
Mesmo minha boca falando não, eles sabem que meu corpo diz sim.
Eu percebo como eles ficam quando estou com minha intimidade molhada e
pulsando por causa deles: Griffin fica agitado, enquanto Raze e Deon ficam
irritados.
— Eu...
Tento falar, contudo, ele não deixa, sua boca captura a minha,
esfomeada, selvagem, cruel. Deon morde, lambe e suga minha língua, me
deixando perdida em toda a excitação que corre por cada fibra do meu ser.
Dentro de mim, sinto a vontade de montá-lo me corroer, de subjugá-lo
como ele faz comigo apenas com um beijo.
Se tem algo que descobri de Deon, no pouco tempo que convivo com
ele, é que ele não joga limpo. Eu tenho muito que aprender sobre meus
companheiros, mas tem algumas coisas que já ficaram bem claras para
mim: Raze não tem paciência, e é possessivo com qualquer outro que não
seja Griffin e o Deon; Griffin é doce e gentil, se preocupa sempre em saber
como eu estou; Deon, bem... Deon é diferente.
Enquanto Raze me confronta, fazendo um lado meu sempre querer
bater de frente com ele; Griffin me tranquiliza, trazendo uma calma
reconfortante ao meu interior; Deon, porém, me incendeia. Ele faz meu
corpo queimar, o que consequentemente me faz querer o confronto e
autoridade de Raze me desafiando, para logo depois vir a calmaria de
Griffin me confortando.
— Deon... os outros...
— Eles sentem a minha euforia, sentem que estou com tesão, apenas
isso. — me interrompe. — Com Raze e Griffin é diferente, depois que nós
nos vinculamos como seus companheiros, descobrimos recentemente que a
nossa ligação ficou mais forte. — lambe meu pescoço descendo até meu
ombro, onde a marca da sua mordida está. — Eles sentem o prazer que nós
sentimos, então por que não os aliviarmos enquanto nos aliviamos um no
outro?
Desce a mão pelas minhas costas devagar, fazendo os pelos dos meus
braços se arrepiarem. A água continua a cair sobre meu corpo quando seus
olhos travam nos meus, suas garras fincam na minha bunda e ele cola
nossos corpos, molhando suas roupas no processo. Choramingo perto da
sua boca, o tesão que estou sentindo está tão grande que fico tonta, apenas
esperando que ele alivie tudo que está me consumindo.
— O cheiro da sua excitação é maravilhoso. — diz rouco, suas garras
perfuram minha pele, elevando tudo ao máximo.
— Todos podem nos ouvir. — declaro receosa. Os últimos resquícios
da minha sanidade estão lembrando que não estamos sozinhos.
— Raze foi com o Kaden para Leston. Ele tem uma reunião com o
alfa de lá. — conta no meu ouvido, deixando-me preocupada com o que
motivou a ida deles até Leston.
A fúria dentro de mim cresce, não gosto nenhum pouco de ter meu
orgasmo negado. Deon retira seus dedos e os leva para sua boca, os
chupando devagar, limpando qualquer resquício do meu cheiro e gosto. Isso
deveria me excitar, porém me deixa zangada. Eu o quero com meu cheiro,
para que todos saibam a quem ele pertence.
Suas palavras tocam meu coração, elas são profundas, elas são
sinceras, e Deon está me entregando uma parte sua que eu não conhecia até
este momento.
— Sim. — diz e resvala seus lábios nos meus. — Cada batida é por
você e para você. — arregalo meus olhos pela sua declaração inesperada.
— Antes de você, tudo dentro de mim era dor. Eu sei que temos um grande
caminho a percorrer até nos conhecermos, mas quero que saiba que...
Ele fica quieto e sinto a sua agitação, assim como sua aflição e
tristeza, e não gosto nem um pouco disso. Toco seu rosto querendo que ele
me conte o que o está afligindo, o que o está incomodando, porque sua dor
rasga meu peito. Viro-me rapidamente e desligo o chuveiro, voltando a
olhar para seu rosto que carrega tantas emoções.
— Deon, eu estou aqui. — afirmo, para que ele saiba que não vou a
lugar nenhum. — Você pode me contar qualquer coisa, assim como pode
não me contar nada, apenas saiba que independente do que escolher, eu
ainda vou estar aqui, por você.
— Minha luz, Willow, é isso que você é para mim. — diz rouco. — É
você quem faz eu me sentir vivo depois de ficar anos me sentindo morto.
Toco no seu peito, e ainda olhando nos seus olhos, beijo seus lábios
devagar, tendo à nossa volta um emaranhado de sentimentos que estão
tomando meu coração, corpo e alma, e apenas um acaba se sobressaindo a
todos: o amor.
26
Raze
Assim que eu estaciono a caminhonete em frente ao clube de
motoqueiros de Zayn, onde vim para conversar com ele em busca do seu
apoio contra o conselho, sinto uma pressão forte no meu peito, fazendo meu
lobo ficar preocupado e ansioso. Respiro fundo, sentindo o vínculo do
acasalamento se tornar uma corrente forte de emoções. Busco a fonte e logo
eu chego ao Deon e à Willow.
Apesar da Willow ser uma loba poderosa, ela não consegue controlar
sua magia lycan e, quando o momento chegar, temo que ela não consiga se
defender dos anciões. Tenho a ajudado como posso, mas enquanto ela não
confiar na sua loba e no seu instinto, isso não vai acontecer. Ela precisa
aceitar quem é.
Depois de dizer seu verdadeiro nome em voz alta, eu percebi como
aquilo a atingiu. Eu senti a confusão e tristeza que dominaram seu interior,
Willow pensa que seu poder a tornará cruel como seus descendentes. Ela
não perguntou em voz alta, mas nos perguntou mentalmente sem se dar
conta.
Encaro Kaden ao meu lado, meu beta sabe os perigos que estão
prestes a bater à nossa porta. Quando eu disse a ele o que pensava em fazer,
ele concordou comigo. E aqui estamos nós, buscando o apoio de Zayn, um
grande amigo, um grande guerreiro, porém também um dos muitos lobos
que sofreram por causa da alcateia Calla e Allegra Roux.
— Mantenha seu lobo sob controle. — aviso a Kaden, saindo da
caminhonete e ele faz o mesmo.
— Por quê?
— Porque não será bonito, Kaden. — alerto mentalmente.
Depois de sair de Symes, Zayn quis deixar quem ele foi no passado,
porém vendo a imagem desse lobo, posso ver que ele manteve a essência da
sua alcateia. Guerreiros de Sangue.
Eles estão rindo e param assim que sentem nossos cheiros, se viram e
ficam em pé em posição de ataque. Reconheço Elon, o beta de Zayn, entre
eles, que rapidamente diz quem somos, os lobos recolhem suas garras,
contudo, continuam em pé nos encarando. Mesmo sabendo quem sou eu,
percebo a inquietação de Elon em me ver ali.
Atrás dele, tem uma humana que está com o seu cheiro por todo o
corpo, e a marca de reivindicação de Elon é bem visível no seu pescoço.
Algo proibido e que vai contra as leis dos anciões.
Elon apenas assente indo até a humana que sai de trás do balcão de
mármore. Fico surpreso quando vejo sua barriga: ela está prenha. O coração
do filhote dentro da sua barriga bate acelerado e o cheiro dele é o mesmo de
Elon, o que me faz concluir que aquela humana é sua companheira de alma.
Fito Zayn por alguns segundos, meu amigo sabe que não doso as
palavras, muito menos faço o tipo de querer agradar qualquer pessoa. O
tempo que passamos juntos em Symes me mostrou o quanto ele é prático e
direto como eu. Por esse motivo, decido ser direto sobre a minha visita, não
há motivos para prolongar minha estadia, ainda mais quando vejo que
minha presença está agitando seus lobos, que sussurram dentro da casa,
acreditando que não consigo ouvi-los.
— Eu não vim para beber com um velho amigo. — aviso, fazendo sua
postura de cordialidade mudar. — Vim para pedir seu apoio como alfa. —
declaro.
Zayn olha na direção da casa e logo volta a olhar para mim. Seus
olhos acendendo o vermelho sangue, uma característica da sua alcateia.
Uma alcateia em que eu fazia parte quando era criança, mas que meu pai
decidiu abandonar para se unir aos pais dos outros primeiros nascidos,
Zayn, sendo o seu alfa, aceitou em prol de algo maior.
Isso ainda foi em Symes e depois que meu pai deixou de ser beta de
Zayn, Elon assumiu. E quando meus pais foram mortos, eu tive toda a ajuda
vinda da alcateia de Zayn. Ele chegou a perguntar se eu queria voltar a fazer
parte da sua alcateia, mas eu disse não. Eu assumi o lugar do meu pai,
assumi seu legado, e assim continuarei fazendo até que um dia o meu
filhote assuma o meu legado depois que eu morrer.
O quê? Fico surpreso pelo que fala, isso só poderia ter acontecido se
eu tivesse me acasalado com Deon e Griffin, o que não aconteceu. Zayn
balança a cabeça me fitando.
Ele queria a morte do meu amigo, porque acreditava que Beau e Kai
estavam prestes a se acasalar. O que meu amigo me garantiu não ser
verdade, Beau me disse que ele e Kai eram apenas amigos. Uma amizade
que teve que ser interrompida por causa de Bayron. E esse foi o motivo
decisivo que me fez sair de Symes.
— Um de vocês teria que ser muito poderoso para fazer algo assim,
que eu saiba, apenas feiticeiros têm poder para tanto. Afinal, para eles
completarem um vínculo de acasalamento, eles precisam fluir sua magia
pela corrente sanguínea do seu companheiro. — completa, e respiro fundo.
Chegou o momento de dizer ao meu amigo o motivo da minha visita.
— Eu vim pedir o seu apoio e o da sua alcateia, porque minha
companheira está na mira do conselho dos anciões. E toda ajuda será bem-
vinda, principalmente a sua, por quem tenho tanto respeito.
— Por qual motivo ela estaria na mira do conselho? — É direto na
pergunta, enquanto espera minha resposta cruza os braços e estreita seus
olhos para mim.
Como eu imaginava que fosse acontecer, Zayn muda para sua forma
intermediária, pulando o balcão e vindo para cima de mim. Eu escolho
apenas amortecer a nossa queda, e não revidar sua raiva, porque eu a
entendo. E não posso culpá-lo por agir assim.
Zayn rosna no meu rosto com a fúria do seu lobo cintilando no seu
olhar.
Sinto meu coração bater rápido, algo no seu rosto está me alertando
para algo que ainda não consigo entender.
Raze.
Agoniada por tudo que estou sentindo, dou as costas a todos e começo
a caminhar em direção ao bar. Eu não sei aonde estou indo, só sei que
preciso estar onde meu corpo e alma clamam neste momento, e é estar com
o Raze. Sinto uma mão tocar meu ombro, me fazendo parar. Olho para trás
e tenho os olhos preocupados de Deon sobre mim.
— Quando um lobo está assim, ele precisa se isolar para colocar para
fora toda a sua fúria. — Griffin responde, mas sua resposta não me faz
sentir bem.
— Ela sente que o lobo de Raze está precisando dela e quer estar com
ele. — Deon me explica e uma emoção diferente me toma.
Escuto um rosnado alto, forte, feroz e desesperado dentro de mim. É
minha loba. Ela está se debatendo no meu interior, querendo que eu a escute
e vá atrás de Raze o quanto antes. Apesar de esse não ser o momento
propício para estar feliz, eu sorrio. Sorrio, pois essa é a primeira vez que a
escuto, que a consigo compreender.
Rosno e uivo, tudo ao mesmo tempo, viro-me para a porta dos fundos,
querendo ir até Raze o quanto antes, e me surpreendo por ver Kaden, Kael e
Beau parados ao lado da porta, a segurando aberta para eu passar. Com um
sorriso no rosto eles acenam com a cabeça para que eu vá.
Percebo os olhares que Deon e Griffin dão para mim, e eles fazem
meu coração acelerar. A emoção de finalmente me sentir pertencente a algo,
a alguém, faz o nó na minha garganta apertar. Desde que me descobri uma
loba Calla, tudo tem sido demais, contudo, agora... Agora nunca pareceu tão
certo.
Deon e Griffin.
Quando passo pela porta dos fundos, olho para o céu vendo que o sol
está quase se pondo. Dou uma olhada rápida ao meu redor, buscando a
direção que o cheiro de capim-limão está mais forte e eu não demoro a
seguir a trilha que exala o aroma inconfundível de Raze.
Assim que chego aonde meu olfato de loba me trouxe, avisto um lobo
grande e marrom sentado em frente à nascente do rio que percorre Sanches,
a destruição a sua volta me traz preocupação. Muitos troncos de árvores
estão marcados por garras, alguns estão estraçalhados, com muitas lascas de
madeira por todo chão de terra.
A onda de emoções que nos cerca, me faz querer uivar de dor, mas
me mantenho parada o olhando, e quando todas as suas emoções se tornam
demais, esfrego minha cabeça lentamente na sua, tomando para mim cada
uma.
***
Desperto com a cabeça apoiada no peito de Raze, com um sorriso nos
lábios me espreguiço e levanto com cuidado para não acordá-lo. Depois do
nosso momento, Raze me convidou para correr com ele em nossas formas
de lobo, e confiando na minha loba, eu me transformei.
Juntos corremos, nadamos e brincamos, foi mágico, foi incrível, foi
um dos melhores dias da minha vida. Como Raze ainda não queria voltar
para a casa, decidimos dormir debaixo de uma árvore, e em algum
momento enquanto dormíamos voltamos às nossas formas humanas.
Conforme vou andando, sinto uma ligação mais forte com a terra sob
as minhas quatro patas sendo construída, despertando em mim uma conexão
com a natureza que antes não havia.
É claro que me lembro, assim como das suas palavras que não faziam
nenhum sentido, mas que agora eu compreendo. Assustada procuro uma
direção para correr. Contudo, correntes saem das mãos dele vindo para cima
de mim e aprisionando minhas patas. Rosno, tentando me soltar, mas não
consigo.
Rosno para ele, que não se abala, percebo ele olhar por cima do seu
ombro e mais cinco homens aparecem por entre as árvores, dois estão
vestidos como ele, mas os outros três estão nus, o que me faz concluir que
são lobos. Dos três que estão nu, o mais alto me encara com um sorriso
cruel que deixa os meus pelos ouriçados.
— Olha o que temos aqui. — ele diz, e sua voz causa uma revolta
dentro de mim. — Quando eu terminar com você, será um prazer ter as suas
presas como prêmio. — aponta para o cordão que está ao redor do seu
pescoço.
O cordão tem várias presas, e sinto um agouro de apenas olhar para
ele. Eu não sei explicar o que sinto, mas apenas sei que esse cordão carrega
muita dor, muitas perdas.
Deon olha para mim, e o medo refletido nos seus olhos, me faz focar
em Beau. Nesse momento um de nós tem que manter a razão, abafando
qualquer sentimento desnecessário dentro de si, e eu prefiro que seja eu.
Raze
Desperto sentindo uma forte dor de cabeça, como se tivesse sido
nocauteado. Abrir os olhos faz a dor piorar, mesmo assim, eu forço as
minhas vistas a se adaptarem à claridade. Procuro por Willow logo que
consigo manter os olhos abertos e não a vejo em lugar nenhum. Tento
conversar com ela mentalmente, mas não tenho acesso a sua mente, é como
se ela tivesse fechado a porta do nosso vínculo de acasalamento, me
mantendo fora.
Franzo a testa sem entender o que está acontecendo, tento sentir seu
cheiro de jasmim, para assim saber onde encontrá-la, mas não sinto seu
cheiro em lugar nenhum. Meu lobo fica perturbado instantaneamente. Ele
rosna e se move dentro de mim em desespero. Tento mais uma vez
conversar com ela, para assim aquietar a desolação que se alastra por cada
poro do meu corpo, porém não consigo.
Deon
Tudo em mim doía, tudo em mim voltava a ser cinza. O azul mais
brilhante sendo apagado, um futuro que não será vivido, e uma certeza
esmagadora sendo concretizada dentro de mim: Eu iria a Symes, eu lutaria
ao lado de Raze e Griffin para salvar a nossa companheira, e quando o
momento chegasse eu me sacrificaria se preciso fosse.
No entanto, agora é tarde para isso, porém eu vou lutar para que ao
menos o futuro dela com Griffin e Raze se realize. Meu lobo rosna em
acordo. Morrer por eles é dar um final digno a uma vida que por anos nunca
foi vivida.
Volto a encarar Raze e Griffin, e ambos assentem. Cada um certo do
que deve fazer. Sinto através do nosso vínculo as decisões deles formadas e
tomadas, e faço o meu melhor para esconder as minhas. Eles não precisam
saber o que pretendo. O foco deve ser a nossa companheira.
Encaro Kai, e ele não faz nada para se defender do meu possível
ataque, se mantém parado nos encarando, como se o meu futuro não
estivesse prestes a ser mudado, e o vislumbre do futuro que ele previu sobre
mim nunca irá acontecer.
Encaro Kai, que dá um passo à frente. Sinto a vibração que vem dele,
ele aparenta estar tão preocupado com a Willow quanto nós, mas isso não
faz o menor sentido. Por que ele iria se preocupar com ela? Ainda mais por
ela ser a Receptáculo, aquela que irá trazer a ruína dos anciões?
— Como vocês bem sabem, eu sou o filho de Celeste Basset, a
feiticeira que quebrou a maldição de Allegra. — ele começa a falar, e
ficamos quieto escutando o que ele tem a dizer, e como isso vai ajudar a
salvar a Willow. — Minha mãe era uma feiticeira diferente... — estreito
meus olhos e ele é direto. — Ela era uma mestiça, metade feiticeira, metade
maga, o que lhe dava poder para prever o futuro.
— E o que isso tem a ver conosco? — Raze o corta, seu lobo na borda
para pular sobre Kai a qualquer momento.
— Minha mãe profetizou que uma Nova Era viria a partir de Aurora
Calla de Zafar. — dou um passo para trás, tentando assimilar o que ele está
dizendo. — Eu tinha quinze anos quando minha mãe me chamou no seu
leito de morte e me contou sobre essa Nova Era. Ela contou sobre tudo, e eu
sabia cada coisa que ia acontecer, e tudo que ela pediu é que eu não
interferisse para que assim o futuro não fosse mudado.
Olho para Raze, e ele parece tão chocado quanto eu. Griffin fica
quieto, apenas o escutando sem dizer nada. Volto meus olhos para Kai
querendo saber de tudo, saber qualquer coisa que nos ajude a salvar a
Willow.
— Eu não sei o que dizer. — Beau diz, e logo fica quieto pensativo.
— Willow seria criada num orfanato até ter a maior idade, e quando
decidisse se mudar para Sanches, ela teria trinta anos. Mas, como quem se
encarregou de escolher o melhor lugar para ela ser criada foi Beau, vocês a
conheceram no seu aniversário de vinte e cinco anos.
No mesmo segundo compreendo o que Kai fez, ele manipulou o
tempo, para que assim a profecia do receptáculo acontecesse antes do
previsto. A minha dúvida é quanto tempo ele está avançando?
— E o que o grande rei tem feito sobre isso? — Raze pergunta com
asco na voz.
— Nós iremos, e não será você que irá impedir. — Raze afirma,
fazendo Kai assentir derrotado.
— Tudo bem, mas vocês precisam saber que assim que pisarem em
Symes, serão presos e julgados junto da sua companheira. Estão prontos
para isso? — me aproximo de Kai, até estar a milímetros do seu rosto.
Raze está prestes a falar quando o som de uivo rasga o vento, alto,
feroz e conhecido. Olhamos na direção de onde vem o uivo e fico
estarrecido quando Zayn em sua forma de lobo, pula em cima de uma pedra
e uiva mais forte, e não demora para muitos uivos virem na sequência.
Mais de vinte lobos param ao lado de Zayn, que mantém seus olhos
presos em nós. E ali eu entendo que ele está aqui para nos apoiar. Raze dá
um passo para frente, o sentimento de gratidão está por todo nosso vínculo.
Kaden e Kael abrem espaço entre os lobos da alcateia de Zayn e uivam para
nós.
Raze se virá para Kai, que mantém uma expressão que não entrega
nada, mas algo me diz que ele já sabia que isso ia acontecer, e fala:
— Abra um portal para nós! Estamos indo buscar a Willow.
Depois que Kai me puxou contra a minha vontade por aquela coisa
que ele criou com as suas mãos, fui colocada dentro dessa cela de pedras
escuras e com grades que me machucam se eu as toco. Eu não sei o que está
havendo com a minha loba, porque desde que eles me trouxeram para onde
quer que seja, eu não consigo me transformar, muito menos me conectar
com ela. Eu não a sinto mais, é como há alguns dias, quando ela e eu não
chegávamos a um entendimento.
O homem do outro lado das grades me encara com ódio, olhando para
meu corpo nu de uma forma que me faz encolher no lugar, com vergonha e
pavor do que ele possa fazer. Eu estou com tanto medo, eu não sei o que
eles pretendem fazer comigo, e devido ao modo que me trouxeram, e estão
me tratando, não será bom.
Fico encolhida no canto, longe suficiente do homem mal-encarado,
evitando que ele enfie aquele metal de novo em mim. Tremo de frio, ou de
medo, não dá para ter certeza. A única coisa que sinto é uma solidão e
desesperança enorme. Eu tento me convencer que tudo acabará bem, mas
essa sensação incômoda alojada no meu coração, me faz ter certeza de que
não.
Suspiro de forma controlada, me obrigando a me manter firme e não
me entregar. Eu não sei em que momento começará o meu julgamento, a
única coisa que sei é que quando o momento chegar, estarei de cabeça
erguida, os encarando nos olhos e pronta para receber a minha sentença.
***
Passo meus olhos por cada pessoa sentada naquelas cadeiras, assim
como por cada canto daquele enorme salão, e antes que eu possa absorver
mais do que acontece à minha volta, sou empurrada com brusquidão, assim
perco o equilíbrio caindo de joelhos. A dor percorre meu corpo, e demoro
um pouco olhando para o chão. Naquele momento o entendimento do que
está prestes a acontecer está pesando sobre meus ombros por alguns
segundos.
Levanto meu rosto com a intenção de pedir que ele acabe logo com
isso, mas os sons do lado de fora me assustam ao mesmo tempo em que me
dão esperança. Gritos, uivos e rosnados. Altos, fortes, e ferozes, fazendo o
meu coração bater descontrolado quando uma fagulha dentro de mim
acende.
A resposta não demora a vir quando as portas são abertas por Raze.
Ao seu lado estão Deon e Griffin, eles percorrem o salão com seus olhos
cravados em mim. Meus olhos ardem por vê-los. Eu pensei que morreria
sem vê-los uma última vez. Como estão nus, percebo as marcas de luta, e
manchas de sangue por seus corpos, fico preocupada e dou um passo para ir
até eles, mas sou puxada para trás por Torment, que agarra os meus cabelos.
Se não fosse pelo apoio de Zayn e sua alcateia, teríamos sido mortos
no instante que atravessamos o portal. Estavam preparados para nossa
possível chegada, como Kai disse, mas ficaram visivelmente abalados
quando viram Zayn liderando o ataque com seus lobos, tomando a frente
para que Raze, Deon e eu conseguíssemos chegar ao castelo, onde acontece
o julgamento da nossa companheira.
As pessoas exclamam surpresas pela forma com que Raze fala com o
rei deles. Eu mantenho meus olhos atentos a Willow e a Raze, pronto para
intervir caso seja necessário.
— Sim, ela é uma Calla, assim como também é uma híbrida poderosa.
— Raze afirma, e abre um sorriso, completando: — Não é à toa que ela é a
Receptáculo de poder.
Arregalo os olhos por Raze dar algo que os anciões poderão usar para
justificar matá-la, Deon fica agitando, tentando se livrar das correntes e
Raze nos olha pedindo com o olhar para confiar nele. Fico parado
assimilando sua decisão, que pode custar a vida da nossa companheira caso
algo dê errado, mas logo o entendimento do porquê ele fez isso fica claro
para mim.
— Ela é a Receptáculo que irá trazer a Nova Era aos seres mágicos?
— Torment pergunta e empurra a Willow para mais perto dos outros
anciões. — Olhem para ela, acreditam mesmo na mentira vinda de um
companheiro desesperado? — muitos não são ouvidos. — Ela é uma Calla.
O quanto poderia o destino ser cruel para escolher logo ela para nos trazer a
Nova Era?
— Por favor, façam alguma coisa! Ele vai matá-lo! — escuto seu
grito, sinto sua dor e isso me dá forças para me livrar de Torment.
Me afasto um pouco dele, respirando com dificuldades, meu pescoço
está sangrando e minhas costelas estão fraturadas. Olho na direção dos
meus amigos e vejo o desespero de Deon, a ordem de Raze para eu parar,
mas é ao olhar para a Willow, que eu sei que não posso parar, não até todos
estarem seguros, principalmente ela.
Uivo para eles, e vou em direção a Torment. Ele precisa morrer, essa
é a única certeza que tenho. Quando salto sobre ele, Torment age rápido e
volta para sua forma humana, cravando a lança de estanho, que estava no
chão, no meu peito, acertando em cheio o meu coração. Arregalo os olhos
pego de surpresa, e os milésimos de segundos que me restam, me dão
tempo apenas para olhar para a Willow e morrer com sua imagem na minha
mente e coração.
Morrer não dói, o que dói é partir sabendo que eu não tive tempo de
dizer adeus. Eu não sabia quantos beijos um olhar podia dar, mas eu a
beijei muitas vezes enquanto meus olhos se mantiveram nos seus.
31
Willow
Sinto meu peito doer, o sofrimento de ver os olhos abertos e sem vida
de Griffin, fazem meu interior chorar e gritar. Uma parte minha luta para
me fazer acreditar que tudo não passa de um pesadelo, que quando eu
acordar ainda terei seus olhos doces e gentis me encantando enquanto seu
sorriso faz meu coração sorrir.
Assim que Griffin volta a sua forma humana, meus olhos se prendem
na ferida exposta do seu peito, onde seu coração batia ainda pouco, onde a
marca da minha reivindicação ficava. Contudo, eu não a vejo mais. Eu o
perdi. Essa constatação me inflama, me nocauteia, me mata.
Torment vibra, tocando nele como se tivesse permissão para isso.
Uma parte minha, que até então, eu não conhecia, rasga meu interior para
encontrar sua liberdade, incendiando minhas veias, fazendo meu corpo
queimar, fazendo as correntes ao redor dos meus pulsos e tornozelos irem
ao chão.
O vestido se torna cinzas em segundos assim que meu corpo se torna
uma chama viva, uma bola de fogo de destruição, que tem um único alvo.
Quando meus olhos focam em Torment, eu consigo ver claramente a magia
sombria que o envolve como uma capa, meus olhos percorrem essa magia e
a vejo ao redor de várias pessoas que olham para mim de olhos arregalados.
Meus instintos pedem que eu absorva toda a magia sombria que está
em Raze, assim como em muitos que estão no salão, e assim eu faço.
Levanto meu braço na direção de Raze e chamo a magia sombria para mim,
e ela vem, forte, poderosa e repugnante. Cada linha de memória que ela
modificou na mente do meu companheiro se torna clara diante dos meus
olhos, assim como nos de Raze, que fica abalado com o que ela revela, e na
de todos que estão no salão, pois faço questão de compartilhá-la em suas
mentes:
Seus pais sendo caçados por Torment e outro homem que não
reconheço. Os dois sendo emboscados numa cabana e depois sendo mortos
da forma mais cruel possível. Quando Raze chega na cabana, pega
Torment desprevenido e, por isso, Torment ao invés de matá-lo, manipula
sua mente para ver o que ele quer.
Tudo o que ela queria era ficar com seu companheiro, o poderoso
alfa, Zander Calla. Juntos eles se tornaram muito poderosos, ela com sua
magia vinda da fonte de todos os feiticeiros da luz e ele com sua força
extraída dos seus poderosos lobos, mas isso fez com que outros seres
poderosos se unissem contra ambos devido ao tamanho poder que juntos
eles possuíam.
A guerra que se instalou por causa disso fez com que a senhora da
casta dos feiticeiros da luz, Allegra Roux, lançasse um feitiço poderoso
sobre a alcateia do seu companheiro. Tornando-os ainda mais poderosos,
fazendo deles lobos mais fortes e indestrutíveis. A pelagem cinza daqueles
lobos mudou para branca, e com isso eles se tornaram a temida alcateia
Calla. Lobos enormes e brancos que não tinham misericórdia de ninguém.
O que ninguém sabia, é que a magia de Allegra fez mais por Zander,
o transformando em metade bruxo das trevas depois que ambos selaram um
pacto. E quando iniciou a caçada por Zander, depois que o mesmo havia
matado Allegra dando-a como sacrifício para manter seu poder de bruxo.
Zander acessou a fonte de magia das trevas para conseguir remover sua
alma do seu corpo e transferi-la para outro corpo.
Para ter sucesso no seu plano, ele convenceu uma bruxa das trevas a
ajudá-lo, e assim Zander Calla transferiu sua alma para outro alfa. O
escolhido foi o honrado Torment Mallet, um alfa justo e muito querido pela
sua alcateia. Zander trancou a alma de Torment dentro do seu antigo corpo
e, quando entregou Torment para o conselho, garantiu que ele não pudesse
falar nada, cortando sua língua fora.
— Sabemos quem você é. — afirmo, indo até ele, que recua um passo
para trás. — Sabemos tudo o que você fez por um poder que custou a vida
de muitos, sabemos quantos inocentes você matou, e quantos você enganou.
Você podia estar escondido, mas não mais.
O poder reluz a minha volta, minha loba ainda se mantém chorando a
morte do seu companheiro, deixando que meu lado feiticeiro assuma,
deixando que meu poder de receptáculo faça aquilo que ela ainda não está
pronta para fazer: justiça.
— Cala a sua boca, você não sabe de nada. — rosna para mim, porém
ele sabe que não há nada mais que possa fazer.
Sua magia não funciona contra mim para ele querer manipular a
minha mente, como fez com a grande maioria que está dentro do salão. Ele
está prestes a se transformar em lobo, porém seguro a magia do espírito do
lobo que está dentro dele, não permitindo que esse homem tão cruel
continue fazendo o que está fazendo há tantos anos.
Com todo o cuidado que posso, retiro a alma do lobo de dentro dele,
fazendo-o ir ao chão no mesmo segundo se contorcendo em dor. Sustento o
espírito do lobo nas minhas mãos, cuidando dele com amor, dando a esse
espírito o que ele sempre quis desde que perdeu sua metade humana, sua
verdadeira metade humana: liberdade.
Caio de joelhos com tudo sendo demais para suportar, me arrasto pelo
chão e vou até Griffin, coloco sua cabeça no meu colo e finalmente fecho
seus olhos. Dentro de mim minha loba chora sua dor, a vontade de morrer
com o Griffin me domina, porque não posso viver sem uma parte de mim.
Levanto a cabeça e vejo nos olhos dos meus companheiros a mesma
vontade que a minha.
Kaden e Kael olham para Raze que fala alguma coisa em suas mentes,
fazendo os dois assentirem e saírem do salão em suas formas de lobo indo
atrás dele. Quando volto a olhar para Raze e Deon vejo os olhos dos dois
cintilarem e seus lobos rosnando e uivando para mim.
— Por Griffin, pelos nossos pais, por todos. — Raze declara
mentalmente para mim e para Deon.
Dou um beijo nos seus lábios e deixo que minha loba assuma, e assim
que eu me transformo nela, uivo alto e forte, fazendo as estruturas do salão
protestarem, fazendo todos gemerem por sentir a minha dor.
Uivo alto e forte assim que a cabeça de Zander rola para longe do seu
corpo, finalmente a justiça por tudo que ele fez chegou. No entanto, aquilo
não ameniza toda dor que ele causou. Quando me afasto do que restou do
seu corpo, olho para Willow, que está na sua forma de loba chorando pela
perda do seu companheiro.
Sinto a sua dor e isso me rasga, pois estou me sentindo tão perdido
quanto ela. As emoções de Deon estão ainda mais bagunçadas, ainda mais
dolorosas, tornando o vínculo do nosso acasalamento uma tortura.
Uma comoção chama minha atenção e por esse motivo levanto minha
cabeça, vendo muitas pessoas apontando para Kalissa, a irmã gêmea de Kai
Basset, a senhora da casta das mensageiras da morte. Meu coração acelera
com o entendimento do que isso representa.
Percebo ela negar com a cabeça, e o que ainda restava inteiro dentro
de mim se parte de vez. Retorno meu olhar para Willow e Deon, e sinto a
certeza deles em se unir a Griffin ainda mais definida em suas mentes e
corações. Dou as costas a Kalissa, pronto para me transformar em lobo e me
juntar a eles, mas a voz dela me para:
— Eu não posso... Pois não consigo. — volto a olhar para ela e noto a
sua aflição. — Eu só posso ressuscitar almas que tenham assuntos
inacabados, e ele não tem, porque aceitou seu destino quando morreu. — eu
quase rio da sua fala.
— Eu... Eu... Não posso viver sem... Ele. — Willow diz através do
nosso vínculo. — Só de... Pensar que não o verei mais, eu...
— Aurora, minha Aurora. — meu pai vem até mim, e toca meu pelo,
beijando-me na testa.
— Confie em nós. — meu pai diz, e move sua mão envolvendo meu
corpo num manto quente e confortável. — É apenas o começo da sua
felicidade.
Meu pai se abaixa ao lado do corpo de Griffin e toca onde ele foi
atingido por Zander. Testemunho uma magia poderosa que se infiltra na
ferida dele restaurando seu corpo instantaneamente. O tempo parece ter
parado, e fico com a respiração presa, orando silenciosamente que o
impossível se torne possível, porque não posso viver num mundo que não
tenha meus três companheiros comigo.
Minha mãe fica ao meu lado sorrindo para mim, fazendo a esperança
dentro de mim florescer. Raze que estava um pouco afastado se aproxima
envolvendo suas mãos junto das de Deon, ambos unidos pela expectativa de
termos Griffin de volta.
Estou tão focada na oração que estou fazendo que começo a chorar
sem parar assim que um som sutil vem do peito de Griffin, ganhando força
a cada segundo, um dos cheiros que tanto amo preenche o ar a minha volta,
me fazendo ir ao chão para senti-lo de perto.
Paro ao lado do meu pai que sorri olhando para mim, e se afasta
deixando que eu me jogue em cima de Griffin, que ainda continua
desacordado, mas é o som que vem do seu peito que me faz ter certeza que
ele voltou para mim. Encosto meu ouvido no seu peito, ouvindo sem cansar
as batidas do seu coração. O cheiro de laranjeira volta a se infiltrar no meu
ser, em cada parte do meu corpo, mente e coração.
Levanto a cabeça vendo Raze e Deon sorrirem para mim, seus olhos
estão tomados de tantas emoções que transbordam rolando por seus rostos.
Quando volto a olhar para Griffin, noto uma mecha dos seus cabelos
totalmente branca, viro-me para meu pai, que rapidamente me explica:
— Ele foi marcado pela magia. Para trazê-lo de volta, eu precisei usar
muita magia, eu precisei acessar o núcleo dela. — seus olhos focam em
mim, quando ele murmura: — Mas não se preocupe, eu fiz isso com a
benção da protetora da fonte da magia. — ele percebe minha confusão e
completa: — Você, é a protetora, quando você ascendeu como feiticeira
entendeu como a magia funciona, como ela conta a história por trás dos
feitiços, mas você tem muito ainda para aprender, assim como precisamos
conversar sobre muitas outras coisas. — ele olha para Griffin e sorri. —
Mas não agora.
Estou prestes a perguntar mais, contudo, escuto um resmungo vir de
Griffin, e tudo a minha volta deixa de ser importante, neste momento tudo
se resume a Griffin, que quando abre seus olhos traz de volta o ar para meus
pulmões e um alívio para minha alma.
Griffin retribui meu beijo, tocando minha língua com a sua devagar,
revivendo tudo dentro de mim, cada mínima coisa que morreu junto com
ele. Escuto algumas pessoas comemorarem, mas não presto atenção nelas,
assim que paro de beijar Griffin, olho para Raze e Deon, que se aproximam
de nós, ambos envolvem seus braços ao redor de mim e de Griffin e suspiro
sabendo que tudo ficará bem agora que estamos juntos.
34
Deon
Morrer pode durar segundos, minutos, horas, dias e assim por diante.
No entanto, para mim, a morte durou tortuosos minutos, os minutos nos
quais eu lutava com as correntes para me soltar e salvar o Griffin da morte e
proteger a Willow com minha vida se preciso fosse. Mesmo estando com os
braços ao redor deles, sabendo que agora eles estão bem, que tudo acabou,
eu ainda não consigo voltar a respirar. Não até saber do estado do Beau, não
até meu coração voltar a bater.
Respiro devagar tentando encher meus pulmões de ar, porém não
consigo, ao menos ainda não. O medo que senti me paralisou, me
destroçou, e eu não sei quanto tempo vai levar para eu esquecer a imagem
de Griffin morto e a Willow gritando de dor por sua morte.
Continuo dizendo a mim mesmo repetidas vezes que eles estão bem,
que eles estão seguros, mas isso não arranca de mim o meu pavor, continuo
com medo de piscar e tudo mudar diante dos meus olhos. Percebo minhas
mãos tremerem e controlo minha respiração ao mesmo tempo em que tento
controlar as batidas do meu coração, que estão retornando furiosas.
A dor que me golpeou quando Griffin foi morto por Zander, me fez
reviver tudo que passei e senti como quando aconteceu com Calina, apenas
para chegar à conclusão de que aquela dor não era nada perto da que senti
vendo ele ser morto e eu não podendo fazer nada além de assistir.
Olhar para meu irmão, porque é isso que Griffin é para mim mesmo
não tendo o mesmo sangue que o meu, morto me destruiu, assim como ver
Beau sangrando quase à beira da morte. Eles são os meus irmãos, todos
eles: Raze, Griffin, Kaden, Kael e Beau. Sermos uma alcateia não construiu
o laço forte e inquebrável que temos, o que fez isso acontecer, foi termos
nos aceitado como irmãos, foi nós termos nos apoiado e decidirmos sermos
uma família quando tudo mudou e éramos apenas nós.
— Encontramos o Beau. — A voz de Kaden surge na minha mente, e
fico em alerta no mesmo segundo.
— Como ele está? — Raze pergunta, e vendo sua expressão ele teme
o mesmo que eu.
Olho para Raze que franze a testa, Griffin faz o mesmo. Concluo que
estão fazendo isso agora mesmo, sentindo o nosso vínculo de alcateia, e
decido fazer o mesmo. Sou pego de surpresa assim que sinto o vínculo de
acasalamento forte entre Beau e...
— Não, é apenas Kaden e Kael nos dizendo que Beau está bem. —
respondo e seus olhos acendem, intensificando a cor que mais amo.
— Ainda bem. — o sorriso que ela abre me faz prometer que não
importa o que aconteça, eu sempre darei o meu melhor para fazê-la sorrir.
Estou distraído olhando para seu rosto tomado por alívio que não
percebo uma movimentação ao meu lado e assim que viro meu rosto
encontro meus pais em pé. Minha mãe está com o rosto molhado de
lágrimas e meu pai está ao seu lado, e ele a ampara assim que ela se joga de
joelhos diante de mim e Griffin.
***
O que me ajudou a suportar foi saber que ele está vivo e bem, assim
como Beau, que depois que despertou, nos avisou mentalmente que passará
um tempo em Symes. Ele não entrou em detalhes sobre seu acasalamento
com Bayron, mas garantiu que nos contaria sobre tudo pessoalmente e em
breve.
Acredito que todas as emoções de hoje, acionou o cio da sua loba, que
quer estar conectada com seus companheiros do único modo que seu lado
animal precisa e deseja neste momento, através do sexo, através da certeza
de que nossa relação gerará filhotes, dando a ela uma família, dando a ela
uma extensão dos seus machos.
Enquanto eu ensaboo seu corpo, ela aproveita para tomar meus lábios
nos seus. Seu beijo tem pressa, tem fome, e logo Raze e Griffin se juntam a
nós, tornando o box menor. Willow para de me beijar e para agarrar os
cabelos de Raze, fazendo-o beijá-la, Griffin e eu nos ocupamos de lavá-la,
mas seu cheiro torna nosso trabalho difícil, pois Willow está deliciosa e
muito apetitosa para toda a fome que estou sentindo dela.
Quando ela olha para Griffin e Raze seus olhos cintilam mais, e
somos atingidos por uma onda de luxúria, que no mesmo segundo faz
nossos lobos rosnarem. Minhas garras começam a crescer enquanto meu
pau incha ainda mais, a ponta baba melaço de frenesi, o que eu já ouvi dizer
que deixa a fêmea louca e faminta, já que acalma o desejo desenfreado que
sua loba fica sentindo.
Meu lobo uiva dentro de mim rendido e encantado por ela. Ela sorri e
senta na beirada da cama nos chamando. Griffin vai até ela, e beija sua
boca, meu pau baba ainda mais gostando de ver a expressão de prazer que
ela tem no rosto. Ela continua a beijar Griffin enquanto suas mãos
acariciam eu e Raze, manipulando nossos paus ao mesmo tempo.
Os olhos dela ficam mais azuis, brilhando de satisfação. A luxúria que
exala dela é forte demais para resistir. Minhas garras estão completamente
alongadas, meu pau está inchado e latejando. Preciso da minha fêmea
lambendo a essência que vaza pela glande do meu membro.
— Willow. — rosno seu nome.
Ela sorri antes de segurar meu pau com uma mão e o de Griffin com a
outra, seus lábios não demoram a se fechar na minha glande, onde ela
começa a mamar devagar meu melaço, mas logo ela estabelece um ritmo,
sugando cada vez mais forte, bebendo de mim com sede e fome, quando ela
se dá por satisfeita faz o mesmo com o Griffin, e logo parte para Raze.
Seguro meu pau e entro nela devagar, devido aos seus feromônios de
cio, meu membro está maior e mais grosso, é meu frenesi automaticamente
preparando meu corpo para fazer um filhote na minha companheira. Finco
minhas garras na sua cintura e estabeleço um ritmo que deixa nós dois
rosnando de prazer. O cheiro do seu cio fica mais forte, fazendo meu corpo
se tornar um escravo do seu desejo.
— Minha luz. — chamo ela de forma carinhosa, o que faz ela
choramingar e rebolar no meu pau.
Reviro os olhos quando o prazer se torna enlouquecedor e a fodo
duro, montando nela como um verdadeiro animal, seus rosnados ficam
ferozes, e quando não suporto mais segurar, gozo abundantemente dentro
dela. Willow me acompanha rosnando e rasgando o lençol com suas garras.
Ela continua a rebolar e abro meus olhos para prestigiar minha fêmea
prolongando nosso prazer. Abaixo dela percebo que uma poça do meu gozo
se formou. Sua boceta pequena demais para comportar toda a essência que
meu pau produziu dentro de si.
Assim que ela me olha por cima do ombro, contemplo seus olhos
brilhando incrivelmente. Seu sorriso aquece meu coração, fazendo-me
debruçar sobre ela e tomar seus lábios vermelhos nos meus. A beijo com
carinho e logo me retiro do seu interior devagar. Enquanto Raze se
posiciona atrás dela continuo a beijando, não sei quanto tempo o cio da
nossa fêmea irá durar, tudo que sei por ora é que estamos apenas
começando.
35
Willow
Abro meus olhos devagar, sinto meu corpo tão leve, que todos os
últimos acontecimentos parecem terem sido retirados de mim num passe de
mágica. Tudo se resumiu apenas aos meus companheiros, a forma que eles
me tomaram incontáveis vezes e o modo que eles cuidaram de mim a cada
vez que senti meu corpo arder querendo recomeçar tudo de novo.
Ainda posso sentir os toques deles, assim como seus cheiros por todo
o meu corpo. Escuto a porta do quarto se abrir e foco minha atenção nela.
Raze entra com uma bandeja recheada de comida. Ele sorri para mim e se
senta na minha frente, seus olhos percorrem meu corpo acendendo dentro
de mim o fogo que eu pensei que eles houvessem apagado.
Meu farol.
Deon ri, sendo seguido por Griffin e Raze. Franzo minha testa não
entendendo o motivo, mas Raze faz questão de me explicar.
Nego levantando da cama. Como assim meu cio durou uma semana?
Eu não lembro de ter passado tanto tempo assim. Tudo bem que minha
memória está um pouco afetada devido ao tanto de sexo que fizemos, ainda
assim, eu saberia se uma semana houvesse passado.
— Que... Que cheiro? — pergunto e Griffin olha para Raze que troca
um olhar com Deon para logo olhar para mim.
***
— Está tudo bem? — pergunta, mas fico perdida na cor dos seus
olhos, no modo que me olha.
— Eu imagino que tudo esteja sendo demais, e quero que saiba que
além de sermos seus companheiros, somos unidos, somos alcateia, somos
família. Vamos lidar com tudo. Confie em nós! Vamos cuidar de você e dos
nossos filhotes. — sua declaração faz a emoção por tudo que aconteceu
escorrer pelos meus olhos.
Depois de tudo que passamos, eu só quero ser feliz com eles, gozando
de uma vida cheia de filhos, felicidade e amor. Por esse motivo, recusei o
pedido do rei de Symes, Bayron, de viver no reino sendo a Receptáculo e
portadora da fonte da magia. Eu posso ajudar todas as vezes que eles
precisarem, contudo, não posso viver lá quando o meu lugar é em Sanches
com a minha amiga e os meus companheiros.
Assim que Nara e Ronan me veem seus rostos se iluminam, vindo até
mim no mesmo instante junto de Deon e Griffin. Quando Nara para na
minha frente, pede com os olhos para tocar na minha barriga e é claro que
permito, fazendo seu sorriso se tornar ainda maior no seu rosto.
Troco um olhar com Deon e Griffin, que sorriem para mim e logo
busco por Raze, o encontrando com seus olhos sobre mim.
Eu sorrio encantada por tê-los aqui com suas aparências reais, sem
precisarem mais se esconder atrás da magia. Bayron não se importa de
quem eles são filhos, mas sim com os sacrifícios que ambos fizeram para
trazer a Nova Era e os habitantes de Symes pensam o mesmo. A cada dia,
temos nos aproximado mais, a nossa relação tem ficado mais forte e mais
íntima e isso me deixa completamente feliz.
Meu pai se aproxima e beija minha testa, sua mão toca minha barriga
e sinto o calor da sua magia brincar com os meus bebês. Percebi que meu
pai tem feito muito isso quando nos visita.
— Há algo que devo saber? — pergunto, e como das outras vezes ele
dá a mesma resposta:
— Não, eles estão bem e são muito especiais, é o que importa. — ele
cruza os braços atrás das costas e se afasta indo ficar perto de Zayn, com
quem ele acabou retomando uma amizade antiga de quando o lobo ainda
vivia no reino.
Minha mãe passou anos se escondendo, anos sem poder ser ela
mesma, mal reconhecendo seu próprio reflexo no espelho, e muito me
alegra saber que ela está feliz, assim como o meu pai.
Meus olhos são atraídos para o portal que se fecha assim que Kai
Basset atravessa, depois que meu cio acabou recebemos sua visita, na qual
ele me contou tudo que precisou fazer e me agradeceu por ter ajudado a sua
irmã gêmea, que estava sendo manipulada por Zander há anos, a se libertar.
E eu garanti a ele que não foi nada, saber que tudo agora está bem é o que
importa.
Raze me puxa para seus braços, e logo Deon e Griffin também estão
me abraçando. Ambos beijando minha cabeça enquanto Raze beija a minha
testa. A emoção que enche meu interior me faz soluçar.
Quando me afasto dos três sorrio, feliz por saber que a nossa história
está apenas começando, e eu sei que ela será incrível.
EPÍLOGO
Willow
Estou ofegante, suando muito, e as dores não diminuem, elas ficam
cada vez mais fortes e intensas, me fazendo gemer e rosnar de dor. Os olhos
dos meus companheiros são de puro amor olhando para mim, e retribuo
como posso, pois nesse momento tudo que eu quero é que nossos bebês
nasçam.
Passo o bebê para Raze e deixo que ele faça o ritual que apenas os
pais podem fazer pelo filho. Ele sorri e rosna no ouvido do nosso bebê,
acordando o espírito de lobo do nosso pequeno. Fico emocionada quando
vejo Raze entregar nosso bebê para que Deon faça o mesmo, e Deon repete
o rosnado emocionado, passando para Griffin que faz o mesmo.
— O que foi, Laila? Está tudo bem com o meu bebê? — fico
desesperada, Deon e Griffin já estão se levantando, enquanto Raze já está
ao lado da minha mãe e de Laila procurando saber o que está acontecendo.
Quando ela retorna para meu colo, sorrio dizendo seu nome:
Não me prendo ao que ela fala sobre a ninhada, mas ao fato de que os
cabelos do meu terceiro bebê são de outra cor. Assim que Laila levanta o
bebê chorando, eu vejo a cabeça avermelhada e sorrio emocionada sentindo
o cheiro que faltava: menta.
Quando eu a beijo ela abre seus olhos enormes, e as cores das suas
íris são iguais as minhas, o mesmo tom, as mesmas manchas. A passo para
um Deon que está com os olhos cheios de lágrimas e sentir sua emoção me
faz engolir em seco, pois eu sei que para ele essa é a realidade de um futuro
que ele não pensou que fosse acontecer.
Ele rosna no seu ouvido ao mesmo tempo em que lágrimas rolam por
seu rosto, Raze me entrega Calum para segurar nossa bebê, e ele rosna no
seu ouvido fazendo a emoção no meu peito triplicar e quando é a vez de
Griffin ele me entrega Moon, rosnando para nossa filha.
Logo que ele a coloca no meu colo, olho para meus três bebês com o
peito transbordando de amor. Deon senta ao meu lado, Griffin do outro e
Raze atrás de mim, beijo a testa de cada um dos nossos filhos, e murmuro o
nome da nossa terceira filha:
— Ainda bem, estou de olho numa bolsa muito linda e muito cara,
preciso de todo o... — A voz da minha amiga vai ficando mais baixa, e eu
deixo de prestar atenção no que eles conversam.
— Isso não ficou óbvio naquela noite onde eles falavam sobre nosso
acasalamento como dois fofoqueiros? — Deon pergunta irritado. — Vocês
viram o quanto eles riam de mim quando começaram a comentar sobre o
fato de onde fica minha marca de acasalamento?
Os choros dos nossos filhos fazem a conversa ficar para depois, pois
agora toda a atenção se volta a eles, a extensão do nosso amor na forma
mais perfeita. Nosso amor agora além de ser sentido, pode ser tocado.
— Obrigado por me fazerem felizes. — digo, ajeitado Moon no meu
seio, fazendo seu choro cessar assim que ela abocanha o meu mamilo.
— É apenas o começo, meu amor. — Griffin diz, me ajudando a
colocar a Blue no meu outro seio. — Mesmo que passe anos e anos, sempre
será apenas o começo para nós.
Olho para Calum que continua a chorar, e Raze o pega com cuidado
falando baixo com ele:
FIM.
(Kaden) Pois Bayron que aprenda a lidar, se ele se acasalou com você
precisa aceitar que somos fofoqueiros. Eu hein!
(Kael) Irmão, você mesmo sempre diz que não somos fofoqueiros.
(Kaden) Eu sou fofoqueiro, não tem porque mentir. Esses podem ser
nossos últimos segundos.
(Kael) Verdade! Bruna, não faça isso, eu tenho muitas apostas ainda
para organizar. E não se esqueça que Kaden e eu compartilhamos tudo.
(Autora Bruna Rodrigues) Parem com essa merda, me esqueçam e me
deixem finalizar essa porra que me deixou à beira da loucura de uma vez
por todas. BRUNA RODRIGUES ESCREVENDO FANTASIA ACABOU!
(Laila) Eu sabia, ela tem seus preferidos, é só porque não somos tão
especiais, muito menos porque não temos a intenção de viver um harém
reverso.
(Autora Bruna Rodrigues revirando os olhos e falando muitos
palavrões) Essa porra de tortura continuará, estão felizes?
Continua em...
Willow seria criada por mim e por Kalissa, até que estivesse pronta
para ser a Receptáculo, pronta para conhecer seus companheiros e se
vincular a eles, ativando assim sua magia lycan e sua magia de feiticeira
com a morte de um deles, que viria acontecer no seu julgamento vindimar.
Essa era parte primordial e imutável para ela ascender como Receptáculo,
essa era a única coisa que eu não poderia mudar de jeito nenhum.
Quando fui atrás dos seus pais, Anyka e Alaric, foi para me certificar
que Willow vivesse seu destino e concluísse sua profecia. Alaric por ser um
feiticeiro poderoso estava mudando o futuro da filha sem se dar conta,
condenando a todos a muitas perdas no futuro, porque se Willow
continuasse sobre os cuidados dos pais não se tornaria a Receptáculo,
fazendo assim a profecia morrer com ela.
Meu melhor amigo não sabia, mas vincular seu lobo a ela, o
condenou à morte, Beau morreria no julgamento de Willow por receber os
golpes destinados a ela, e para mudar o destino de Beau, eu tive que mudar
o destino de outras pessoas novamente.
Eu não podia assistir a sua morte, sabendo que eu era o culpado, e por
isso tentei acelerar seu acasalamento com Bayron, mas eu não esperava pela
negação do vampiro, eu não imaginava que a possessividade de Bayron o
fizesse recusar o acasalamento.
Por causa disso interferi novamente, eu precisava que Beau fosse para
Symes junto de Raze, Deon e Griffin, eu precisava que Bayron soubesse
que seu companheiro de alma estava gravemente ferido, e agradeço o meu
plano ter dado certo. Para levá-los para Symes eu tive que contar algumas
coisas, e mentir sobre outras. O fardo de ser o oráculo me impede de contar
um futuro preciso, afinal cada mínima ação muda um futuro drasticamente.
E eu quero.
Deito ele na minha cama e agindo rápido deito sobre ele e mordo seu
pescoço, bebendo seu sangue, limpando o estanho da sua corrente
sanguínea. O gemido de prazer dele faz meu pau endurecer, mesmo usando
o amuleto que me esconde do seu lobo, a minha mordida o fez ficar ciente
de quem eu sou. Me reconhecendo como seu companheiro de alma.
Seus rosnados ficam mais altos, mais urgentes. Chupo seu sangue
liberando mais prazer nas suas correntes sanguíneas, suas garras me
perfuram, me obrigando a usar minha força e velocidade de vampiro para
virar ele de bruços, mantendo-o parado.
— Porra, você não devia ter feito isso. — afirmo, segurando seu pau e
o apertando com força, fazendo Beau rosnar de dor e desejo.
Inverto mais uma vez nossas posições e quando ele me olha com seus
olhos brilhando, eu sei que ele está tão afetado quanto eu. Entro na sua
mente e compartilho o que irá acontecer com ele:
Eu serei seu.
Continua...
Não esqueça de avaliar
Sua opinião é muito importante para mim e para aquele leitor que está
pensando em baixar o livro. Quero muito saber a sua opinião, só tome
cuidado com os spoilers.
Autorabrunarodrigues
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bem-vinda.
Lobas da Bruna
[1]
Alcateia.
[2]
Cidade fictícia.
[3]
Cidade fictícia.
[4]
É um sonho real, mas não corpóreo, tudo que acontecesse nesse tipo de sonho é vivido entre a
alma do que sonha, e a alma do que incita. Apenas lobos e vampiros são capazes de incitar um sonho
de alma, pois possuem o poder de persuasão mental. Contudo, os feiticeiros da luz criaram as pérolas
do sonho, que são capazes de fazer o mesmo.
[5]
O hematologista é o especialista responsável pelo diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças
e distúrbios do sangue.
[6]
Fruta capaz de simular o frenesi nos machos e o cio nas fêmeas, seu gosto e aspecto se
assemelham a Romã.
[7]
Lobos da Estrada.
[8]
Julgamento para decidir a aniquilação de um ser mágico.
[9]
Escudo mágico.
[10]
Ser mágico capaz de armazenar muita magia.
[11]
As pérolas do sonho foram criadas pelos feiticeiros da luz, para que assim eles conseguissem
incitar um sonho de almas, já que diferente dos lobos e vampiros eles não possui poder para tal feito.
[12]
Treinadora pessoal de lobo.
[13]
O estanho é um metal que é fatal para os lobos.
[14]
Lua.
[15]
Azul.