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Estado Brasileiro e A Política de Assistência Social
Estado Brasileiro e A Política de Assistência Social
(...) aquele que serve a dois senhores, já que os programas tão somente aliviam
a pobreza, são emergenciais, assistencialistas e descontínuos, e têm funcionado
para distribuir, e não redistribuir, renda entre a população, de maneira que haja
modificações positivas nos níveis de concentração da riqueza socialmente
produzida (Yamamoto & Oliveira, 2010, p. 19).
Tais autores acrescentam que não tem sido possível, tampouco almejado,
reverter o quadro de pobreza e indigência característico da sociedade brasileira. Pois, ao
lado de uma agenda social intensa e com gastos importantes, o governo tenta manter
uma estratégia econômica que mina as bases de manutenção da proteção e dos direitos
sociais. Consideram ainda que: os investimentos, além de insuficientes, são mal
aplicados; as políticas são caracterizadas como fragmentadas e sem a articulação
necessária para efetivamente retirar os indivíduos da situação de pobreza; e os gastos
focalizados nos mais pobres dentre os pobres. Sendo deixada de lado as questões
estruturais vinculadas à situação de pobreza para priorizar práticas de caráter
eminentemente assistencialista (Yasbek, 2004).
Percebe-se, dessa forma, que o capitalismo restringe a cidadania social, gerando
ainda mais exclusão social. Frente a esse contexto, percebe-se uma distância entre o que
é idealizado para a Política de Assistência Social e a realidade concreta, pois como
chama atenção Gomes (2006), a Política de Assistência se dilui nas organizações sociais
e no mercado, pelas palavras de ordem do projeto neoliberal: descentralização,
terceirização, privatização e flexibilização. Situação que se agrava diante do grau de
desarticulação da classe trabalhadora, propiciada pelas novas tecnologias, pelo nível de
desemprego no país e pela fragmentação do espaço nacional em nichos de
prosperidades, integrados à rede de acumulação de capital internacional.
Sobre essa realidade da política de Assistência Social, Yamamoto e Oliveira
(2010) chamam atenção para o fato de o trabalho em tal contexto ser historicamente
marcado por uma desprofissionalização, por uma prática eventual e assistemática e por
ações inconsistentes, relações empregatícias instáveis, com alta rotatividade e baseadas
em vínculos de “confiança”, ao invés de competência profissional. O que, somada às
questões anteriormente colocadas, torna a atuação dos profissionais de Psicologia nas
Políticas Públicas de Proteção Social no âmbito da Assistência Social um grande
desafio.
Diante do exposto, considera-se que a Política de Assistência Social constitui-se
como um espaço contraditório, mas com hegemonia do capital, como um terreno
importante de luta de classes, de defesa de condições dignas de existência, face ao
recrudescimento da ofensiva capitalista em termos de cortes de recursos públicos para a
reprodução da força de trabalho (Behring, 2009). O que demanda uma atuação técnica
qualificada teoricamente e pautada por preceitos ético-político.
Cortez.
Brasília: MDS.
Brasília: MDS.
101.
Paulo: Cortez.
Paulo: Cortez.