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CESF - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO - CURSO NORMAL - 2º ANO

A TEORIA DE WALLON
 Henri Wallon nasceu na França, em 1879 e faleceu em 1962.
 Ele via a escola como um contexto privilegiado para o estudo da criança.
 O projeto teórico de Wallon é a psicogênese da pessoa, isto é, estudar a gênese dos processos que
constituem o psiquismo humano. Tentando olhar a criança de um modo integrado, vai delinear quatro
campos, que são chamados campos funcionais:
 O movimento – que é o primeiro sinal de vida psíquica que dá a criança ao nascer.
Wallon discrimina duas dimensões do movimento: dimensão expressiva – é a expressão que
está na base das emoções; dimensão instrumental – é a ação direta sobre o meio físico, o meio
concreto.
 As emoções – primeiras manifestações afetivas na criança. As emoções são um fator
fundamental de interação da criança com o meio no qual ela está inserida.
 A inteligência – destaque para a inteligência discursiva: a inteligência que se expressa e que se
constitui por meio da linguagem, por meio da fala.
 A pessoa – ao longo do desenvolvimento, vai se construindo a noção, para cada sujeito, de si
mesmo, diferente do outro.
 Wallon olha a infância, ao mesmo tempo, como estado provisório, como uma fase de preparação para
a vida adulta, e como uma fase que tem um sentido em si própria. Wallon valoriza a história da
criança. Cada criança tem uma história peculiar e única.
 Para Wallon a função das emoções é social, pois possibilita a interação da criança com o meio social. O
primeiro meio com o qual interage a criança é o meio das pessoas. As emoções são o primeiro recurso
de interação da criança com o meio social e permite ao recém-nascido imergir no meio social e ter
acesso à linguagem. E a linguagem é o recurso fundamental da estruturação do pensamento, de
construção de si. As emoções têm uma característica importante: “contagiosidade” entre os
indivíduos.
 O pensamento da criança, num primeiro momento, é muito sustentado no movimento. Ela precisa se
mexer de vários modos, para construir o fluxo de pensamento. Wallon vai destrinchar o complexo
processo pelo qual vai se construindo na criança a capacidade de controlar seu próprio movimento.
 O educador não compreende a criança só por meio da sua produção escrita, mas também por meio de
sua mobilidade, sua postura corporal, seu gesto, sua instabilidade ou apatia.
 O discurso e as práticas escolares normalmente tratam a contenção motora e a focalização da atenção
como pré-requisitos para a aprendizagem, mas elas não são somente pré-requisito da aprendizagem,
são também resultado da aprendizagem. É preciso refinar o olhar para saber quando de fato o
movimento tem que ser coibido, contido, e quando que ele tem que ser favorecido.
 Na perspectiva do Wallon, a inteligência nasce das emoções. Isto é, a inteligência se constitui, se
constrói, em cada indivíduo, graças a este primeiro momento de fusão emocional que há no início da
vida humana. É assim que a criança tem acesso à linguagem própria do seu meio.
 E é por meio desta apropriação da linguagem que vai se constituindo a inteligência baseada na
linguagem. Wallon destaca a inteligência discursiva: que organiza a ação de outro modo, que está
baseada na ideia da representação, da criança poder representar a realidade, independente de estar
em contato direto com aquela realidade.
 A inteligência também se apoia fortemente no ato motor. A tendência é que, gradualmente, a
inteligência, o funcionamento mental, vá se descolando do movimento, mas esse é um processo
gradual e que nunca se completa totalmente.
 A inteligência infantil é caracterizada pelo sincretismo, mistura de muitas coisas.
 O pensamento sincrético é um pensamento, por exemplo, em que a criança não separa a qualidade da
coisa. O pensamento categorial nada mais é do que a possibilidade de pensar o real por meio de
categorias. E para este desenvolvimento é fundamental a interação da criança com a cultura.
 Não há um tipo de pensamento próprio do adulto. É o pensamento categorial, mas que permite
variedades muito grandes entre adultos de culturas diversas.
 Para Wallon o currículo escolar deve valorizar a ciência, mas deve valorizar igualmente a arte.
 Wallon vai enfatizar a ideia de que a criança vive em vários meios e a sua construção vai se dar
justamente na relação com esses vários meios.
 A escola, ao se constituir como um outro contexto de desenvolvimento, pode muito bem criar outras
relações para a criança que diferencie o tipo de relação que ela tem na família.

ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO SEGUNDO WALLON


1º ESTÁGIO: IMPULSIVO-EMOCIONAL: ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade
orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico.

2º ESTÁGIO: SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO: vai até os três anos. A aquisição da marcha e da apreensão,
dão à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse
estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da
ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental “projeta-se” em atos motores.
Para Wallon o ato mental se desenvolve a partir do ato motor.

3º ESTÁGIO: PERSONALISMO: ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da
consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas.

4º ESTÁGIO: CATEGORIAL: ocorre dos seis aos nove anos, onde os progressos intelectuais dirigem o interesse
da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior.

5º ESTÁGIO: PREDOMINÂNCIA FUNCIONAL: a partir dos nove anos, onde ocorre nova definição dos
contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal.
Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.

 Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de atividades e de interesses da criança,


denominada de “alternância funcional”, onde cada fase predominante (de dominância, afetividade,
cognição), incorpora as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num
permanente processo de integração e diferenciação.
 A pessoa é como se fosse a unidade na qual se articulam movimento, afetividade, inteligência, mas é
ao mesmo tempo uma unidade em si. Isto é, Wallon vai estudar como se constrói na criança a
consciência de si, a ideia de uma unidade diferenciada do outro. Ela se percebe como que fundida,
diluída, colada ao outro – quando dizemos outro, falam os tanto das pessoas significativas, como das
próprias condições mais concretas onde ela está inserida – e esta consciência de si, vai se construir
gradualmente por meio de processos interessantes.
 Na perspectiva de Wallon, não se dirá que a criança se socializa conforme se desenvolve, dirá o
contrário, que no início da vida, o estado de socialização é máximo, é tão grande que a criança é
justamente confundida no outro. Portanto, o percurso de desenvolvimento é um percurso de
progressiva individuação. É um percurso no qual, a criança vai tendo que se diferenciar do outro para
poder construir-se como uma unidade, como uma identidade diferenciada e com certa estabilidade.

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