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Tribunal de Justica do Estado da Bahia PODER JUDICIARIO SALVADOR 14" VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO) - PROJUDI PADRE CASIMIRO QUIROGA, 2403, 2° ANDAR (FORUM IMBUN), IMBUT - SALVADOR ssa-I4vsje-consumo(@tiba,jus.br - Tel: (71) 3372-7381 PROCESSO N.": 0118427-27.2023.8.05.0001 AUTORES JAIR CORNELIO DE OLIVEIRA FILHO REUS: ATIVOS S A SECURITIZADORA DE CREDITOS FINANCEIROS BANCO DO BRASIL SA SENTENCA 8 da lei 9099/95. Relatério dispensado na forma do art. Trata-se de uma ago de obrigagio ¢ fazer cumulada com indenizag&o por danos morais. DECIDO E FUNDAMENTO. Narra a parte autora que ¢ cliente © destinataria final dos servigos de crédito mantidos pela demandada (conta de pessoa fisica e PJ) e que se encontra adimplente junto a instituigdo crediticia ré. Assevera que, teve seu cartio de crédito bloqueado pela ré, ao tentar realizar uma compra, sem justo motivo e sem prévia notificagao. Pontua que, a suspensio da linha de crédito ¢ do bloqueio do plastico é por conta de ter sido vinculado débitos prescritos ¢ jé pagos mediante acordo. Assevera que, possuia diversos débitos junto a acionada, entio, firmou acordo com a ré ATIVO para garantir que seu nome fosse limpo. DA FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL Afasto tal preliminar, uma vez que presentes todos os elementos caracterizadores da lide, fazendo-se neces dria a intervengio judicial, a fim de que seja reconhecido o direito invocado pela parte acionante, insta salientar que seus fundamentos se confundem com o mérito da demanda, o qual sera analisado a seguir. DO MERITO A relagdo existente entre as partes é tipicamente de consumo, vez que a parte autora é destinataria final dos servigos de bancdrios prestados pela postulante. Plenamente possivel, portanto, a inversdo do énus da prova - meio de facilitagdo da defesa dos direitos do consumidor, quando preenchido um dos requisitos autorizadores da medida: a verossimilhanga das alegagdes ou a hipossuficiéncia do consumidor (artigo 6°, VIII, CDC). A autora comprova que & consumidora final dos servigos prestados pela acionada, Aduz que, tentar utilizar 0 seu cartio de crédito foi negado e ao procurar a ré foi informado que © bloqueio foi devido a uma restrigdo crediticia do seu nome no cadastro de protegdo ao crédito. A acionada nao nega ter promovido 0 bloqueio e defende sua conduta, alegando que se trata de mera liberalidade da empresa a concessio de crédito. Explica que quando é efetivado acordo com abatimento negocial é gerado automaticamente restrigdes referentes a operar com o BANCO DO BRASIL S.A. com crédito. Caso haja interesse do cliente em voltar a operar com limites, sera necessdria a regularizagéo do desconto aplicado no acordo. Os abatimentos geram restricdo impeditiva interna, ou seja, apenas no Banco do Brasil, que impede liberacao de créditos futuros, conforme critérios definidos pela Politica de Crédito do BB, elaborada conforme deliberasdo do Bacen as Instituigdes financeiras. Realmente assiste razo a acionada quanto defende que no ha a obrigatoriedade na manuteng’o do fornecimento do crédito, face a autonomia constitucional concedida as instituigdes privadas, quanto 4 contraprestagao dos servigos/eréditos prestados, visto que se adentra em esfera privativa da ré, nfio cumprindo ao Poder Judi rio interferir em sua autonomia de negociagdo, tratando-se, portanto, de questio a ser dirimida na via administrativa. Assim, o blogueio ou cancelamento, em regra, pode ser realizada pela instituiga0 bancdria credora, mas a propria norma contratual invocada pela ré exige previa ciéncia ao cliente, a qual no foi comprovada nos autos. Verifico que nao ha prova de que houve previa comunicagao. JUIZADO ESPECIAL C{VEL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE, CIVIL. INSTITUICAO, FINANCEIRA, BLOQUEIO DE CARTAO DE CREDITO SEM PREVIO AVISO AO CONSUMIDOR. INERCIA DO BANCO MESMO APOS DIVERSAS TENTATIVAS NO SENTIDO DE SOLUCIONAR O PROBLEMA. FALHA NA PRESTACAO DO SERVIGO. RESTRIGAO INDEVIDA AO CREDITO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUICAO BANCARIA. A MA PRESTACAO DO SERVICO CAUSA DANO MORAL AO CONSUMIDOR. REPARACAO DEVIDA. FIXAGAO EM OBSERVANCIA AOS PRINCIPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENCA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Aplicam-se as instituigées bancérias que prestam servigos de natureza ia 0 Cédigo de Defesa do Consumidor (artigo 3°, § 2°, da Lei n° 8,078/90). Na mesma linha, 0 fornecedor de servigos responde, independentemente da existéncia de culpa, pela credi reparago dos danos causados aos consumidores por defeitos atinentes a prestagdo dos servigos bancarios (artigo 14, do CDC). 2. Nao se trata de mero inadimplemento contratual, imune a reparago por danos morais, 0 bloqueio indevido do cartio de crédito, por varios dias, estando 0 consumidor em dia com seus pagamentos, niio tendo solicitado 0 bloqueio ou cancelamento dos servigos, mormente, quando ndo ha prévio aviso. Lado outro, inexistindo a comprovagdo material, no & razoavel a argumentagio que a propria consumidora teria requerido © cancelamento do cartio de crédito para depois tentar usé-lo, 3. Constatado o bloqueio indevido do cartio de crédito, e assim permanecendo por varios dias, apesar de insistentes reclamagdes de usuario adimplente, impdc-se o dever de reparar os danos morais sofridos, ante a deficiéncia na prestag&o dos servigos, sem qualquer motivo ou prévio aviso, ¢ também pela indevida restrigfo ao crédito (cancelamento do cartio de crédito/débito), causadora de constrangimento tomando evidente 0 dano moral, violador de atributo da personalidade do consumidor. 4. .... 5. .... Sentenga mantida por seus proprios e juridicos fundamentos, com stimula de julgamento servindo de acérdao, na forma do artigo 46 da Lei n° 9,099/95. 7. Custas pela recorrente. Sem honordtios, em razdo da inexisténeia de advogado constituido pela recorrida. (Recurso Inominado n° 032.2009.901.528-2, 2* Turma Recursal dos Juizados Especiais Civeis e Criminais/TO, Rel. Sandalo Bueno do Nascimento. unanime, DJ 09.03.2011). O art. 51 do CDC prevé que: Art, 51. Sao nulas de pleno direito, entre outras, as cldusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servigos que: (..) IV - estabelecam obrigagdes consideradas iniquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompativeis com a boa-fé ou a equidade; (2. § 1° Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: 1- ofende os principios fundamentais do sistema juridico a que pertence; II = restringe direitos ou obrigagdes fundamentais inerentes & natureza do contrato, de tal modo a ameagar seu objeto ou equilibrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e contetido do contrato, o interesse das partes e outras circunsténcias peculiares ao caso (...) No caso dos autos houve ma prestago do servigo e verifica-se a incidéncia do art. 14, do CDC que prevé a responsabilidade objetiva, pois a Ré alega ter bloqueado 0 cartéo de crédito do autor, porque o mesmo estava com restrigdo. Caracterizada esta, portanto, a mé qualidade do servigo A Lei 8078/90, em seu art. 14, estabelece: fornecedor de servigos responde, independentemente da existéncia de culpa, pela reparagiio dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos 4 prestagao dos servigos (...) § 1.°- O servigo é defeituoso quando nao fornece a seguranga que o consumidor dele pode esperar (..) No que diz respeito a corré, ATIVOS, a parte autora nao comprova qualquer ilegalidade ou conduta indevida, sequer consta qualquer cobranca extrajudicial formulada pela empresa apés 0 acordo firmado entre as partes. DO DANO MORAL ‘A méprestagiio do servigo, se causa ao consumidor constrangimento ilegal, manifesta perda de tempo, que transcende & esfera do mero aborrecimento, enseja reparacio por danos morais, como se verifica no caso presente. Para quantificagio do dano moral, deve-se, preferencialmente, utilizar critério bifisico, para evitar decisdes sem alicerce juridico. Na primeira ctapa, apuram-se parametros estabelecidos pela jurisprudéncia, em casos andlogos, extraindo uma "média" de valor. Em seguida, considerando-se as peculiaridades do caso, ajusta-se o quantum obtido: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. INSCRICAO INDEVIDA EM CADASTRO RESTRITIVO DE CREDITO. QUANTUM INDENIZATORIO.DIVERGENCIA JURISPRUDENCIAL. CRITERIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVOPELO JUIZ. METODO BIFASICO. VALORIZAGAO DO INTERESSE JURIDICO LESADO E DAS CIRCUNSTANCIAS DO CASO. 1. Discussdo restrita quantificago da indenizag&o por dano moral softido pelo devedor por auséncia de notificagao prévia antes de sua incluso em cadastro restritivo de crédito (SPC). 2, Indenizagdo arbitrada pelo tribunal de origem em R$ 300,00 (trezentos reais). 3. Dissidio jurisprudencial caracterizado com os precedentes das duas turmas integrantes da Segunda Secgiio do STJ. 4. Elevagiio do valor da indenizagao por dano moral na linha dos precedentes desta Corte, considerando as duas etapas que devem ser percorridas para esse arbitramento. 5. Na primeira etapa, deve-se estabelecer um valor basico para a indenizagio, considerando 0 interesse juridico lesado, com base em grupo de precedentes jurisprudenciais que apreciaram casos semelhantes. 6. Na segunda etapa, devem ser consideradas as circuns para fixagdo definitiva do valor da indenizagdo, atendendo a determinagdo legal de arbitramento equitativo pelo juiz. 7. Aplicag3o analégica do enunciado normative do pardgrafo Unico do art. 953 do CC/2002.8. Arbitramento do valor definitivo da indenizagio, ncias do caso, ho caso concreto, no montante aproximado de vinte salérios minimos no dia da sessio de julgamento, com atualizacao monetiria a partir dessa data (Samula 362/STJ).9. Doutrina c jurisprudéncia acerca do tema.10. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (STJ - REsp: 1152541 RS_2009/0157076-0, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 13/09/2011, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicagao: DJe 21/09/2011) DISPOSITIVO. Assim, ante 0 exposto ¢ tudo mais que dos autos consta: L-com resolugdo do mérito, na forma do inciso I do art. 487 do CPC, JULGO PROCEDENTES EM PARTE 0s pedidos, para: a) condenar a acionada BANCO DO BRASIL a indenizar 0 autor, pelos danos morais causados, pagando a esta a quantia de RS 5.000,00 (-), a ser devidamente acrescido de juros de 1% desde a citago (03/07/23) © corre¢do monetéria pelo INPC a partir deste preceito, Os demais pedidos restam indeferidos, conforme fundamentagao supra. IIl- JULGO IMPORCEDNETE OS PEDISS EM FACE DA EMPRESA ATIVOS Caso o(s) acionado(s) intimado(s) para efetuar 0 pagamento no prazo de 15 (quinze) dias nao efetue(m) deverd ser acrescida multa no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenagio, conforme dispde o art, $23 do CPC. Partes isentas do pagamento de custas processuais ¢ honorarios advocaticios nessa fase procedimental (art. 54 da lei n° 9.099/95). Havendo eventual interposigo de recurso inominado ¢, uma vez certificada a sua tempestividade ¢ preparo, recebo-o sem efeito suspensivo, intimando-se a parte recorrida para apresentar as suas contrarraz6es no prazo de 10 (dez) dias. Decorrido 0 prazo assinalado, subam os autos 4 Turma Recursal. Em caso de requerimento da gratuidade da justiga, a sua apreciagdo dar-se-d quando da interposigdo do recurso, bem como seu deferimento ficard condicionado a de recursos (DECORE, contra-cheque, declaragdo de IR, despesas ordindria de manutengdo da unidade familiar), os apresentagdo de documentos que comprovem a efetiva insuficiénc! quais devem instruir obrigatoriamente a petigdo de interposigao do recurso. Para que produza seus juridicos e legais efeitos, homologo a Sentenga do Juiz Leigo FLAVIA DOS SANTOS OLIVEIRA, na forma do art. 4°, da Resolugdo TJBA N. 7, de 28 de julho de 2010, publicada no DJE do dia 02 de agosto de 2010. PRI Salvador, data da assinatura eletr6nica. DALIA ZARO QUEIROZ Juiza de Direito em Exercicio de Substituigao Documento Assinado Eletronicamente sido eleroicamente por: DALIA ZARO QUEIROZ, Cok de aida do dsument: 91794068 ar valdado posto do PROJUDI TBA,

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