You are on page 1of 3

Parecer Jurídico.

Araraquara, 10 de março de 2018.


Interessada: Empresa X
Referente à : Documento de Assunçã o de Responsabilidade.
Trata-se de consulta formulada pela empresa X acerca das consequências jurídicas do ato
de assinatura de documento que autoriza o faturamento, bem como a quitaçã o do contrato
de compra e venda de veículo pactuado entre a empresa Y e Fulano Ciclano da Silva, tendo
em vista sua atuaçã o como intermediadora financeira do negó cio pactuado.
É o relató rio, passo a opinar.
Fundamentaçã o
A interessada é pessoa jurídica unipessoal, atua como correspondente bancá ria, tendo
como atividade precípua a recepçã o e o encaminhamento de propostas de operaçõ es de
crédito à s instituiçõ es financeiras componentes do Sistema Financeiro Nacional - SFN, cujo
objeto social é a concessã o de empréstimos e financiamentos à s pessoas físicas e jurídicas,
tal como dispõ e a Resoluçã o 3.954/11 do Banco Central do Brasil.
Sendo classificada como correspondente, sua atuaçã o encontra-se perfeitamente delineada
nos termos do artigo 8º do referido ato normativo, que dispõ e sobre quais os objetos dos
contratos de correspondente, enquadrando-se, a interessada, no inciso V, in verbis:

Art. 8 [...]
V - recepção e encaminhamento de propostas referentes a operações de crédito e de arrendamento mercantil de
concessão da instituição contratante;

Assim, toda a atuaçã o da interessada no sentido de concretizar determinada operaçã o


financeira limita-se ao encaminhamento da proposta de crédito nos termos das
determinaçõ es da instituiçã o financeira a que a proposta será enviada, cabendo à
instituiçã o financeira a aná lise da viabilidade da concessã o do empréstimo e/ou
financiamento, bem como à s partes contratantes as questõ es relacionadas à negociaçã o
propriamente dita.
Daí infere-se que eventual assunçã o de obrigaçã o relacionada a fatos inerentes à
negociaçã o entre comprador e vendedor exorbita de sua atuaçã o profissional, vez que,
tendo sua atuaçã o limitada ao encaminhamento da proposta financeira à instituiçã o
bancá ria, passa a ser um terceiro estranho à dita negociaçã o.
No mesmo sentido, o artigo 10º da Resoluçã o 3954/11 do BC dispõ e que é vedado aos
correspondentes a prestaçã o de garantia, bem como à coobrigaçã o nas operaçõ es de
crédito, nestes termos:
Art. 10. O contrato de correspondente deve estabelecer:
[...]
VIII - vedação à prestação de garantia, inclusive coobrigação, pelo correspondente nas operações a que se refere o
contrato;

Por outro lado, eventual declaraçã o capaz de produzir efeitos jurídicos à s partes
contratantes foge aos poderes da interessada, já que a atribuiçã o de ampla quitaçã o a
negó cios jurídicos de terceiros depende de poderes específicos concedidos pelo terceiro a
ser representado, poderes que a interessada, na qualidade de intermediadora do negó cio
nã o possui.
Assim é a dicçã o do § 1º do artigo 661 do Có digo Civil:
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
[...]
§ 1 º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária,
depende a procuração de poderes especiais e expressos.

Conclusão

Ante o exposto, conclui-se que a assinatura do respectivo termo declaratório do modo em que
foi proposto foge aos poderes da interessada, de forma que a parte do documento que diz
respeito à negociação havida entre as partes contratantes, bem como à declaração de
quitação, deve ser readequada e/ou suprimida.

S.M.J
É o parecer.

Local, data.

Advogado
OAB

You might also like