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Literatura

Colonial Brasileira:

Arcadismo
(1768 – 1836)
Na pintura e escultura:

Temas clássicos: romanos


ou gregos
Figuras vistas de longe
Expressões frias e neutras
Equilíbrio na distribuição
dos elementos O rapto das Sabinas O Rapto das Sabinas, por Jacques
Louis David, 1796/99, óleo sobre tela, 330 X 425 cm

Arcadismo = Neoclassicismo
Na pintura e escultura:

Temas clássicos: romanos


ou gregos
Figuras vistas de longe
Expressões frias e neutras
Equilíbrio na distribuição
dos elementos O rapto das Sabinas O Rapto das Sabinas, por Jacques
Louis David, 1796/99, óleo sobre tela, 330 X 425 cm

Arcadismo = Neoclassicismo
Et in Arcadia ego “ Eu, aquele que está morto, também vivi
na Arcádia”

ou

“ Eu, a Morte, também estou na


Arcádia”

“Aproveite-se o tempo, antes que faça


O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.”

(Tomás Antônio Gonzaga)


O nome dessa escola é uma
referência à Arcádia, região
bucólica do Peloponeso, na Grécia,
tida como ideal de inspiração
poética.
LEMAS:
Carpe diem
Tempus Fugere
Inutilia Truncat
Aurea Mediocritas
Urbem Fugere
Locus Amoenus
● Iluminismo: movimento ideológico
que revelava as tendências
filosóficas e científicas
desenvolvidas no século XVIII =
Século das Luzes;

Arcadismo e
● Espírito investigativo e
experimental;
● Razão: busca pelo saber;
Iluminismo ● A Enciclopédia, obra em 28
volumes, publicada, entre 1751 e
1780, sob a coordenação dos
filósofos franceses Diderot e
D´Alembert, foi a expressão máxima
do Iluminismo;
● Voltaire : crítica a Igreja;
● Marquês de Pombal: déspota
português;
● Corrida do Ouro: Minas Gerais;

O Arcadismo ●

Vila Rica: sociedade do ouro;
Elite: dívidas com a Coroa

no Brasil e a
Portuguesa;
● Desejo de emancipação intelectual
e política;
Inconfidência ●

Inconfidência Mineira;
Literatura com função social:

Mineira ●
saraus;
Expulsão dos Jesuítas;

● Autores árcades: Tomás Antônio


Gonzaga, Silva Alvarenga,
Características Gerais do Arcadismo
● Simplicidade;
● Bucolismo;
● Valorização do estilo de vida campestre;
● Pastorialismo;
● Oposição cidade x campo ——> o campo é sinônimo de felicidade
——> Em Cláudio Manuel da Costa essa oposição se dá entre
Metrópole x Colônia;
● Referências mitológicas;
● Comedimento sentimental...
Análise de Questões
ESSENCIAIS 03

Torno a ver-vos, ó montes; o destino


Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Se o bem desta choupana pode tanto,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Que chega a ter mais preço, e mais valia
Pelo traje da Corte, rico e fino.
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,


Aqui descanse a louca fantasia,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
E o que até agora se tornava em pranto
Vendo correr os míseros vaqueiros
Se converta em afetos de alegria.
Atrás de seu cansado desatino.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos
inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
ESSENCIAIS 03

Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro,


assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.

a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja,
ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo
poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a
preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que
reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no
poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.
"Acaso são estes
os sítios formosos,
aonde passava
os anos gostosos?
São estes os prados,
aonde brincava,
PROPOSTAS 02 enquanto pastava,
o manso rebanho
que Alceu me deixou?"

Os versos acima, de Tomás Antônio Gonzaga, são expressão de um momento estético em que o poeta

a) buscava expressão para o sentimento religioso associado à natureza, revestindo freqüentemente o poema
do tom solene da meditação.
b) tentava exprimir a insatisfação do mundo contemporâneo, dava grande ênfase à vida sentimental, tornando
o coração a medida mais exata de sua existência.
c) buscava a "naturalidade". O que havia de mais simples, mais "natural", que a vida dos pastores e a
contemplação direta da natureza;
d) tinha predileção pelo soneto, exercitando a precisão descritiva e dissertativa, o jogo intelectual, a famosa
"chave de ouro";
e) acentuava a busca da elegância e do requinte formal, perdendo-se na minúcia descritiva dos objetos raros:
vasos, taças, leques.
"O ser herói, Marília, não consiste
Em queimar os impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o ma tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:
PROPOSTAS 05 E tanto pode ser herói o pobre,
Como o maior augusto"

O trecho acima exemplifica uma das características do homem ilustrado do século XVIII e pertence a um dos
poetas que conseguiu aliar a ideologia do Iluminismo com a sensibilidade poética própria do Arcadismo. O
autor do trecho e a característica aí patente são, respectivamente:

a) Cláudio Manuel da Costa e o repúdio do poder militar representado por César Augusto e por Alexandre, o
Grande, presentes em outras estrofes do poema.
b) Silva Alvarenga e o elogio do homem comum que, por sua bondade inata e sua vida justa, contrasta com os
grandes conquistadores militares.
c) Alvarenga Peixoto e o louvor do homem que consegue assimilar o social ao natural;
d) Tomás Antônio Gonzaga e a exaltação do homem comum que se forma e se constrói segundo um ideal de
bondade inata e de urbanidade;
e) Tomás Antônio Gonzaga e a construção ideal de um homem heróico cuja medida seria a bondade inata,
base de uma vida harmonizadora das disposições individuais e das vicissitudes sociais.
APROFUNDAMENTO 01

Soneto VII

Onde estou? Este sítio desconheço:


Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado; Árvores aqui vi tão florescentes
E em contemplá-lo tímido esmoreço. Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado: Eu me engano: a região esta não era;
Ali em vale um monte está mudado: Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Quando pode dos anos o progresso! Meus males, com que tudo degenera.

(COSTA, C.M. Poemas. Disponível em www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 7 jul 2012)


APROFUNDAMENTO 01

No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem


permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma

a) angústia provocada pela sensação de solidão.


b) resignação diante das mudanças do meio ambiente.
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.
CLÁUDIO
MANUEL DA
COSTA
(1729 - 1789)
Obras: Obras poéticas (1768),
Vila Rica (1839)
LXII
Torno a ver-vos, ó montes; ó destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei
grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino. Se o bem desta choupana pode tanto
Que chega a ter mais preço, e mais
valia,
Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto;
Os meus fieis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Aqui descanse a louca fantasia,
Atrás de seu cansado desatino.
E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.
TOMÁS
ANTÔNIO
GONZAGA
(1744-1810)
Marília de Dirceu (Parte I - 1792;
Parte II - 1799; Parte III - 1812),
Cartas Chilenas (1845)
Marília de
A devorante mão da negra morte
Dirceu acaba de roubar o bem que temos;
até na triste campa não podemos
zombar do braço da inconstante sorte
qual fica no sepulcro,
Minha bela Marília, tudo passa que seus avós ergueram, descansado;
a sorte deste mundo é mal segura, qual no campo, e lhe arranca os frios
se vem depois dos males a ventura ossos
vem depois dos prazeres a desgraça. ferro do torto arado.
Estão os mesmos deuses
sujeitos ao poder do ímpio fado:
Apolo já fugiu do céu brilhante,
Já foi pastor de gado.
A Felicidade Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota


De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece


A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim


Felicidade sim

A felicidade é como a pluma


Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
Precisa que haja vento sem parar
Precisa que haja vento sem parar
Tristeza não tem fim
Vilarejo Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutos em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for
Uma parte de mim
é todo mundo:
Uma parte de mim
outra parte é ninguém:

Traduzir-se
é permanente:
fundo sem fundo.
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é multidão:

Ecos Barrocos
Uma parte de mim
outra parte estranheza
é só vertigem:
e solidão.
outra parte,
na Literatura Uma parte de mim
Linguagem.

Moderna
pesa, pondera:
Traduzir uma parte
outra parte
na outra parte
delira.
— que é uma questão
de vida ou morte —
Uma parte de mim
será arte?
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Ferreira Gullar
Estrada

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,


Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.

Ecos Árcades
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
na Literatura Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.

Moderna E quanta gente vem e vai!


E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.

Manuel Bandeira
Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora
Soneto da
Mastigando um capim, o peito nu de fora intimidade
No pijama irreal de há três anos atrás.

Desço o rio no vau dos pequenos canais Vinicius de Moraes


Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
currai Entre as vacas e os bois que me olham sem
ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve

Seguida de um olhar não sem malícia e verve


Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.

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